folha 199 rendimento e custo na poda de esqueletamento em cafeeiros.pdf

4
Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 Varginha, MG CEP: 37026-400 35 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br RENDIMENTO E CUSTO NA PODA DE ESQUELETAMENTO EM CAFEEIROS J.B. Matiello, e André L. Garcia, Engs Agrs Fundação Procafé e J. Renato Dias e Lucas Franco- Engs Agrs Fdas Sertãozinho. O uso da poda de esqueletamento ou desponte em cafeeiros vem crescendo muito nos últimos anos. Esse tipo de poda drástica tem 3 finalidades principais A 1ª é a de recuperar a ramagem lateral, produtiva, necessária na condição em que os ramos se encontram muito longos e finos ou embatumados. A 2ª é a recuperação da copa como um todo, para isto a poda devendo ser efetuada mais baixa e conduzida a brotação ortotrópica. A 3ª, a mais buscada atualmente, consiste em zerar a safra, facilitando os tratos e a colheita. Uma vez definida a poda, quanto à época, a altura e largura de corte das plantas, resta definir como realizar a operação, ou seja, qual o tipo de equipamento a utilizar, o que vai influenciar no rendimento e no custo. Tem-se 3 modos principais para executar a poda de esqueletamento a) de forma mecanizada, com implemento acoplado a trator, b) mecanizada de operação manual, com máquina motorizada, e c) manual, com uso de foice. O equipamento tratorizado para esqueletar/despontar é composto por um conjunto de discos de serra circular ou de facas triangulares, dispostos em uma haste, que caminha lateralmente e em posição oblíqua à linha de cafeeiros, efetuando o corte dos ramos laterais, em forma cônica. Primeiro trabalha de um lado, depois do outro lado da linha, finalizando com outra passada, agora com a decotadeira, para o corte alto da haste principal. Neste caso, são 3 passadas. Por isso, existe boa vantagem na combinação de implementos, colocando o de esqueletamento na frente do trator e o de decotar na traseira, permitindo, inclusive, o repasse do decote. O uso dessa combinação viabiliza, ainda, o esqueletamento mecanizado em lavouras mais adensadas ou fechadas, pois o corte da ramagem na frente promove a abertura, para o transito mais fácil do trator na rua. Na poda a velocidade deve ser adequada em função do volume e da dureza do material a ser cortado, devendo ser mais lenta em lavouras mais lenhosas. No esqueletamento, igualmente, depende do volume a ser cortado, normalmente a velocidade variando de 700-2700 m/h. No decote pode variar de 1,3 a 2,7 km/h. Assim, considerando uma velocidade média de 1500 m no esqueletamento e 2000 m no decote teríamos, com eficiência de 85%, e para uma lavoura com espaçamento de 3,8x 0,5 m, um rendimento de poda de 1 hectare com 4 a 6 horas de trabalho do trator + implemento, dependendo do uso de um ou de outro equipamento. Deste modo, para o uso de maquinário próprio (R$50,00/h) ou alugado (70,00/h), teríamos um custo variando de 250,00 420,00 por ha. Pode haver necessidade de um pequeno repasse com equipamento manual, para corte de alguns ramos que sobraram. O material fino, podado, composto de ramos e folhas, deve ser deixado no próprio local, passando-se, em seguida, uma trincha ou uma roçadeira para triturá-lo, para efetuar a redução do tamanho dos resíduos da poda, de modo a permitir os tratos. Para a passagem da trincha pode-se acrescer mais 2-4 hs por há, dependendo da largura da trincha e da rua. As máquinas podadeiras motorizadas, de operação manual, do tipo costal ou lateral, possuem um pequeno motor que aciona, na terminal, o elemento cortante, que pode ser um disco, uma pequena corrente (igual da moto-serra) ou um pente ou segadeira. A máquina é a mesma comumente usada para roçar, ervas ou grama. Existe, ainda, um kit para adaptar a máquina derriçadeira, para, também, efetuar poda. Para o esqueletamento o sistema mais adequado é aquele que usa o pente acoplado no terminal da haste da máquina, isto para o corte de ramos laterais. Um outro trabalhador vai atrás operando outra máquina, esta com um disco, para fazer o corte alto da(s) haste(s) principal(is), complementando o trabalho. O normal são 4 trabalhadores operando no corte lateral das plantas, para um trabalhador cortando o terminal(decote). Nesta modalidade 5 pessoas podem fazer cerca de 1-1,3ha por dia, com custo de cerca de 400,00 por ha. Quando o serviço é terceirizado, o pagamento é feito por planta, o custo podendo variar de R$ 0,10 a 0,30 por planta. Neste tipo de trabalho, onde as pessoas possuem suas próprias máquinas podadeiras, o serviço fica mais caro e chega a custar na faixa de 600,00 a 800,00 por ha. É preciso lembrar que, se o pessoal não for capacitado, as máquinas quebram facilmente e o rendimento cai.. Desta forma, trabalhando

Upload: rede-social-do-cafe

Post on 24-May-2015

230 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Folha 199   rendimento e custo na poda de esqueletamento em cafeeiros.pdf

Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400

35 – 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br

RENDIMENTO E CUSTO NA PODA DE ESQUELETAMENTO EM CAFEEIROS

J.B. Matiello, e André L. Garcia, Engs Agrs Fundação Procafé e J. Renato Dias e Lucas Franco-

Engs Agrs Fdas Sertãozinho.

O uso da poda de esqueletamento ou desponte em cafeeiros vem crescendo muito nos últimos

anos. Esse tipo de poda drástica tem 3 finalidades principais – A 1ª é a de recuperar a ramagem lateral,

produtiva, necessária na condição em que os ramos se encontram muito longos e finos ou embatumados. A 2ª é a recuperação da copa como um todo, para isto a poda devendo ser efetuada mais baixa e conduzida a

brotação ortotrópica. A 3ª, a mais buscada atualmente, consiste em zerar a safra, facilitando os tratos e a

colheita.

Uma vez definida a poda, quanto à época, a altura e largura de corte das plantas, resta definir como realizar a operação, ou seja, qual o tipo de equipamento a utilizar, o que vai influenciar no rendimento e no

custo.

Tem-se 3 modos principais para executar a poda de esqueletamento – a) de forma mecanizada, com implemento acoplado a trator, b) mecanizada de operação manual, com máquina motorizada, e c) manual,

com uso de foice.

O equipamento tratorizado para esqueletar/despontar é composto por um conjunto de discos de serra circular ou de facas triangulares, dispostos em uma haste, que caminha lateralmente e em posição

oblíqua à linha de cafeeiros, efetuando o corte dos ramos laterais, em forma cônica. Primeiro trabalha de

um lado, depois do outro lado da linha, finalizando com outra passada, agora com a decotadeira, para o

corte alto da haste principal. Neste caso, são 3 passadas. Por isso, existe boa vantagem na combinação de implementos, colocando o de esqueletamento na frente do trator e o de decotar na traseira, permitindo,

inclusive, o repasse do decote. O uso dessa combinação viabiliza, ainda, o esqueletamento mecanizado em

lavouras mais adensadas ou fechadas, pois o corte da ramagem na frente promove a abertura, para o transito mais fácil do trator na rua.

Na poda a velocidade deve ser adequada em função do volume e da dureza do material a ser

cortado, devendo ser mais lenta em lavouras mais lenhosas. No esqueletamento, igualmente, depende do volume a ser cortado, normalmente a velocidade variando de 700-2700 m/h. No decote pode variar de 1,3 a

2,7 km/h. Assim, considerando uma velocidade média de 1500 m no esqueletamento e 2000 m no decote

teríamos, com eficiência de 85%, e para uma lavoura com espaçamento de 3,8x 0,5 m, um rendimento de

poda de 1 hectare com 4 a 6 horas de trabalho do trator + implemento, dependendo do uso de um ou de outro equipamento. Deste modo, para o uso de maquinário próprio (R$50,00/h) ou alugado (70,00/h),

teríamos um custo variando de 250,00 – 420,00 por ha. Pode haver necessidade de um pequeno repasse

com equipamento manual, para corte de alguns ramos que sobraram. O material fino, podado, composto de ramos e folhas, deve ser deixado no próprio local,

passando-se, em seguida, uma trincha ou uma roçadeira para triturá-lo, para efetuar a redução do tamanho

dos resíduos da poda, de modo a permitir os tratos. Para a passagem da trincha pode-se acrescer mais 2-4

hs por há, dependendo da largura da trincha e da rua. As máquinas podadeiras motorizadas, de operação manual, do tipo costal ou lateral, possuem um

pequeno motor que aciona, na terminal, o elemento cortante, que pode ser um disco, uma pequena corrente

(igual da moto-serra) ou um pente ou segadeira. A máquina é a mesma comumente usada para roçar, ervas ou grama. Existe, ainda, um kit para adaptar a máquina derriçadeira, para, também, efetuar poda.

Para o esqueletamento o sistema mais adequado é aquele que usa o pente acoplado no terminal da

haste da máquina, isto para o corte de ramos laterais. Um outro trabalhador vai atrás operando outra máquina, esta com um disco, para fazer o corte alto da(s) haste(s) principal(is), complementando o

trabalho. O normal são 4 trabalhadores operando no corte lateral das plantas, para um trabalhador

cortando o terminal(decote). Nesta modalidade 5 pessoas podem fazer cerca de 1-1,3ha por dia, com custo

de cerca de 400,00 por ha. Quando o serviço é terceirizado, o pagamento é feito por planta, o custo podendo variar de R$ 0,10 a

0,30 por planta. Neste tipo de trabalho, onde as pessoas possuem suas próprias máquinas podadeiras, o

serviço fica mais caro e chega a custar na faixa de 600,00 a 800,00 por ha. É preciso lembrar que, se o pessoal não for capacitado, as máquinas quebram facilmente e o rendimento cai.. Desta forma, trabalhando

Page 2: Folha 199   rendimento e custo na poda de esqueletamento em cafeeiros.pdf

Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400

35 – 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br

com mão de obra da própria fazenda é indicado usar um sistema de empreita e de gratificação extra por

rendimento.

Equipamento motorizado de operação manual, mostrando o pente de corte dos ramos laterais,

no final da haste da máquina.

O

acoplamento,

ao trator, de

implemento

dianteiro para

esqueletar e

atrás, para

decotar,

permite

economia no

tempo de

realização da

operação de

poda

mecanizada.

Page 3: Folha 199   rendimento e custo na poda de esqueletamento em cafeeiros.pdf

Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400

35 – 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br

Trabalhador efetuando apenas a poda dos ramos laterais.

Outro trabalhador vai atrás, com equipamento munido de disco de corte, para efetuar sómente o

corte da haste principal(decote), mais grossa. Um dá conta de decotar as plantas esqueletadas por

4 outros.

Page 4: Folha 199   rendimento e custo na poda de esqueletamento em cafeeiros.pdf

Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400

35 – 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br

Planta com topo já podado, com detalhe mostrando a possibilidade de cortar

mais alto do que o corte anterior(2 anos atrás), visando aproveitar maior área de

ramos laterais.