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Fluxo de informações pessoais no governo eletrônico Danilo Doneda [email protected] www.doneda.net

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Page 1: Fluxo de informações pessoais no governo eletrônicoinfojur.ufsc.br/egov/encontro_05/danilo.pdf · investigação criminal ou instrução processual penal; Constituição (1988)

Fluxo de informações pessoais no governo eletrônico

Danilo Doneda

[email protected] www.doneda.net

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Paradigmas

• Transparênca• Segredo

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Privacidade

• Tecnologias da informação

• Proteção de dados pessoais

• Da privacidade à proteção de dados pessoais

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Proteção de dados pessoais

Alan Westin

Arthur Miller

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Proteção de dados pessoais

•National Data Center

•Safari (Système Automatizé pour les Fichiers Administratifs et le Répertoire des Individus)

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Proteção de dados pessoais

National Data Center

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Proteção de dados pessoais

Sentença do Tribunal Constitucional Alemão de 1983 sobre a Lei do Censo

Autodeterminação informativa (Informationelle Selbstbestimmung)

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Proteção de dados pessoais

da privacidade ao controle

não é mais o direito a ser deixado só (right to be let alone)

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Proteção de dados pessoais

Dados sensíveis:

Exemplo: Constituição de Portugal, art. 35, 3:

3. A informática não pode ser utilizada para tratamento de dados referentes a convicções filosóficas ou políticas, filiação partidária ou sindical, fé religiosa, vida privada e origem étnica, salvo mediante consentimento expresso do titular, autorização prevista por lei com garantias de não discriminação ou para processamento de dados estatísticos não individualmente identificáveis.

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Privacidade na Sociedade da Informação

A privacidade torna-se essencial para garantir o equilíbrio de poderes entre o cidadão e o Estado; entre o indivíduo e as corporações

um “fim da privacidade” não é somente o fim de uma liberdade individual, porém o fim da própria democracia

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Privacidade na Sociedade da Informação

Privacidade: breve parêntese da modernidade? (The Economist)

transparência total - o “homem de vidro”

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Proteção de dados pessoais“Fair Information Principles”

"1. Não deve existir um sistema de armazenamento de informações pessoais cuja existência seja mantida em segredo.

2. Deve existir um meio para um indivíduo descobrir quais informações a seu respeito estão contidas em um registro e de qual forma ela é utilizada.

3. Deve existir um meio para um indivíuo evitar que a informação a seu respeito colhida para um determinado fim seja utilizada ou disponibilizada para outros propósitos sem o seu conhecimento.

4. Deve existir um meio para um indivíduo corrigir ou retificar um registro de informações a seu respeito.

5. Toda organização que estruture, mantenha, utilize ou divulgue registros com dados pessoais deve garantir a confiabilidade destes dados para os fins pretendidos e deve toar as devidas precauções para evitar o mau uso destes dados "

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Proteção de dados pessoais“Fair Information Principles”

•Princípio da publicidade (ou da transparência);

•Princípio da exatidão:

•Princípio da finalidade;

•Princípio do livre acesso;

•Princípio da segurança física e lógica.

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Proteção de dados pessoais

• Convenção n. 108 do Conselho da Europa (Convenção para a Proteção de Indivíduos com Respeito ao Processamento Automatizado de Dados Pessoais)

• Diretiva 95/46/CE (relativa à proteção das pessoas singulares no que diz respeito ao tratamento de dados pessoais e à livre circulação destes dados)

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Proteção de dados pessoais no Brasil

• Constituição (1988)

• Lei de Habeas Data (1997)

• Código de Defesa do Consumidor (1990)

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Constitução (1988)

Título II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais Capítulo I - Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

...

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

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Constituição (1988) - Habeas Data

Artigo 5.

LXXII - conceder-se-á "habeas-data":a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do

impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

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Origens do Habeas Data

• Comissão Afonso Arinos / José Afonso da Silva (1987)

• Firmín Morales Plat (1984)

• Vittorio Frosini (1981)

• Stefano Rodotà (1973)

• Alan Westin / Steven Webber (1970)

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Alan Westin

“(...) Perhaps the greatest legal device to facilitate the movement from subject to citizen in England was the writ of habeas corpus - the command issued by the courts to the Crown to produce the body of the person being held, and to justify his imprisonment. Perhaps what we need now is a kind of a writ of ‘habeas data’ - commanding government and powerful private organizations to produce the data they have collected and are using to make judgements about an individual, and to justify their using it” .

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Habeas Data no Brasil - problemas

Ênfase na via judicial;

•Obrigatoriedade do recurso à via administrativa

•Caráter remedial

•Necessidade de advogado

•Fudamentos políticos

•“Uma garanta para o passado” (Dalmo de Abreu Dallari)

•Eficácia simbólica (Luís Roberto Barroso

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Proteção de dados pessoais no Brasil

Perspectivas para a utilização, tratamento e proteção de dados pessoais pelo governo

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Biometria

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• chips Rfid em todos os automóveis brasileiros

• Banco de dados central

SINIAV Sistema de Identificação Automática de Veículos

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www.vonbraunlabs.org/siniav/

SINIAV Sistema de Identificação Automática de Veículos

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SINIAV Sistema de Identificação Automática de Veiculos

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Registro único de identificação civil

Lei 9.454/97

ausência de regulamentação

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Registro único de identificação civil

Constituição de Portugal

Artigo 35.º(Utilização da informática)

(...)

5. É proibida a atribuição de um número nacional único aos cidadãos.

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e-Government e cidadania

necessidade de compreender a nova dinâmica de poder proposta pela Sociedade da Informação

e-Democracy

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Direito fundamental?

• A proteção de dados pessoais é raramente tratada como um direito fundamental em nosso ordenamento

•Em uma recente decisão, o STF declarou não exisir uma garantia constitucional de inviolabilidade dos dados registrado em um computador (HC 83.168-1, rel. Sepúlveda Pertence, DJ 02.02.2007.)

• Esta decisão baseou-se na opinião de Tércio Sampaio Ferraz Júnior, segundo a qual a Constituicão protegeria o sigilo das comunicações de dados, porém não os dados em si

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Direito fundamental?

Superior Tribunal de Justiça - STJRESP N 22.337-8-RS –voto

O SR. MINISTRO RUY ROSADO DE AGUTAR (RELATOR):

1. A inserção de dados pessoais do cidadão em bancos de informações tem se constituído em uma das preocupações do Estado moderno, onde o uso da informática e a possibilidade de controle unificado das diversas atividades da pessoa, nas múltiplas situações de vida, permite o conhecimento de sua conduta pública e privada, aténos mínimos detalhes, podendo chegar à devassa de atos pessoais, invadindo área que deveria ficar restrita à sua intimidade; ao mesmo tempo, o cidadão objeto dessa indiscriminada colheita de informações, muitas vezes, sequer sabe da existência de tal atividade, ou não dispõe de eficazes meios para conhecer o seu resultado, retificá-lo ou cancelá-lo. E assim como o conjunto dessas informações pode ser usado para fins lícitos, públicos ou privados, na prevenção ou repressão de delitos, ou habilitando o particular celebrar contratos com pleno conhecimento de causa, também pode sesta ou ao particular, para alcançar fins contrários àmoral ou ao Direito, como instrumento de perseguição política ou opressão econômica.A importância do tema cresce de ponto quando se observa o número imenso de atos da vida humana praticados através da mídia eletrônica ou registrados nos disquetes de computador. Nos países mais adiantados, algumas providências já foram adotadas. Na Alemanha, por exemplo, a questão está posta no nível das garantias fundamentais, com o direito de autodeterminação informacional (o cidadão tem o direito de saber quem sabe o que sobre ele), além da instituição de órgãos independentes, à semelhança do ombudsman, com poderes para fiscalizar o registro de dados informatizados, pelos órgãos públicos e privados, para garantia dos limites permitidos na legislação (Hassemer, Proteção de Dados, palestra proferida na Faculdade de Direito da UFROS, 22.11.93).

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Conclusão

do Habeas Corpus ao Habeas Data

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Obrigado

Danilo Doneda

[email protected] Faculdade de Direito de Campos

UniBrasil

[email protected] www.doneda.net

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