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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E BIOLÓGICAS DOS RESÍDUOS DE TANQUES SÉPTICOS COLETADOS POR CAMINHÕES LIMPA- FOSSAS NA CIDADE DE TUBARÃO-SC. Florianópolis 2008 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITRIA

    E AMBIENTAL

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM

    ENGENHARIA AMBIENTAL

    AVALIAO DAS CARACTERSTICAS FSICO-QUMICAS E BIOLGICAS DOS

    RESDUOS DE TANQUES SPTICOS COLETADOS POR CAMINHES LIMPA-

    FOSSAS NA CIDADE DE TUBARO-SC.

    Florianpolis

    2008

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  • ANTNIO ROGRIO MACHADO JNIOR

    AVALIAO DAS CARACTERSTICAS FSICO-QUMICAS E BIOLGICAS DOS

    RESDUOS DE TANQUES SPTICOS COLETADOS POR CAMINHES LIMPA-

    FOSSAS NA CIDADE DE TUBARO-SC.

    Dissertao apresentada ao Programade Ps Graduao em EngenhariaAmbiental da Universidade Federal deSanta Catarina, como requisito parcialpara obteno do Grau de Mestre emEngenharia Ambiental.

    Orientador: Prof. Flvio Rubens Lapolli, Dr.

    Florianpolis

    2008

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  • AVALIAO DAS CARACTERSTICAS FSICO-QUMICAS E BIOLGICAS DOS

    RESDUOS DE TANQUES SPTICOS COLETADOS POR CAMINHES LIMPA-

    FOSSAS NA CIDADE DE TUBARO-SC.

    ANTNIO ROGRIO MACHADO JNIOR

    Dissertao submetida ao corpo docente do Programa de Ps-Graduao em

    Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina como parte dos

    requisitos necessrios para a obteno do grau de

    MESTRE EM ENGENHARIA AMBIENTAL

    na rea de Tecnologias de Saneamento Ambiental.

    Aprovado por:

    __________________________________

    Prof. Carlos Jos de Carvalho Pinto, Dr.

    __________________________________

    Prof. Maria ngeles Lobo Recio, Dra

    __________________________________

    Prof. Rejane Helena Ribeiro da Costa, Dra

    ________________________________ __________________________________

    Prof. Sebastio Roberto Soares, Dr. Orientador: Prof. Flvio Rubens Lapolli Dr.

    (Coordenador)

    FLORIANPOLIS, SC BRASIL

    Agosto/2008

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  • Dedico este trabalho a toda a minhafamlia em gratido pela pacincia eapoio despendidos.

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  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus, a meu pai (in memoriam), minha me,

    minhas irms, minha querida esposa Luciana pela pacincia e dedicao, meu

    querido filhinho, ao meu sogro (in memoriam) e minha sogra e aos meus irmos por

    lei e afeto (cunhados) e suas respectivas esposas.

    Agradeo tambm aos professores, e ao meu orientador por ter aceitado

    o meu projeto de pesquisa, aos prezados colegas de turma, em especial, Lucila

    Adriani Coral, Fernanda Campello, Iracema Maia e Mariele Jungles.

    Arlete Medeiros e D.a Eliane do Laboratrio Integrado de Meio Ambiente

    LIMA pelo apoio, infra-estrutura e pacincia.

    Aos membros formadores da banca examinadora: Profa. Maria ngeles

    Lobo Recio, Profa. Rejane Helena Ribeiro da Costa e em especial ao Prof. Carlos de

    Carvalho Pinto do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFSC pelo

    apoio e considerao.

    Ao pessoal da UNISUL, especialmente ao Prof. Dr. Amilton de Bem,

    Mrcia Michels, Volnei Stpp, meu colega e amigo de infncia Prof. Dr. Rodrigo

    Rebelo Peters e, por fim, s empresas participantes do trabalho.

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  • RESUMO

    AVALIAO DAS CARACTERSTICAS FSICO-QUMICAS E BIOLGICAS DOS

    RESDUOS DE TANQUES SPTICOS COLETADOS POR CAMINHES LIMPA-

    FOSSAS NA CIDADE DE TUBARO-SC.

    A disposio inadequada dos resduos provenientes de tanques spticos no

    municpio de Tubaro, no estado de Santa Catarina, tem causado vrios danos

    ambientais no s comunidade local, como tambm aos municpios vizinhos. Por

    este motivo, foi desenvolvido um estudo no qual foram avaliadas as caractersticas

    fsico-qumicas e biolgicas de tais resduos, buscando desta maneira avaliar o

    potencial de poluio e proporcionar conhecimento de informaes primrias para

    alternativas de tratamento. Para tal finalidade, foram analisadas vinte e uma

    amostras de tanques spticos das cinco companhias que realizam a aspirao

    destes rejeitos originados tanto em residncias como em empreendimentos

    comerciais e industriais. Os parmetros analisados foram: pH, DBO, DQO, slidos

    totais, teores de nitrognio e fsforo, leos e graxas, coliformes, helmintos e metais

    como o cromo, cobre, mangans e zinco. Os resultados das anlises mostraram-se

    compatveis com os dados da literatura consultada referentes aos lodos de tanques

    spticos, comprovando as caractersticas poluidoras destes rejeitos. Foram

    encontrados, por exemplo, valores mdios de DBO na faixa de 3.500 mg/L,

    enquanto que a DQO mdia atingiu 19.600 mg/L. Para o nitrognio total e para o

    ortofosfato, as mdias foram de 114,84 mg/L e 70,12 mg/L, respectivamente. No

    caso do teor de leos e graxas, a mdia situou-se em 521 mg/L. Para os metais

    analisados foi obtido uma mdia de 3,56 mg/L para o cromo, 5,67 mg/L para o

    mangans, 3,82 mg/L para o cobre e 3,44 mg/L para o zinco. Todos os parmetros

    analisados ultrapassaram os valores limites para lanamento de efluentes

    estabelecidos tanto pela legislao de Santa Catarina como pelas leis federais.

    Palavras-chave: Caractersticas de resduos spticos. Tanques spticos.

    Caminhes limpa-fossas.

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  • ABSTRATCT

    EVALUATION OF PHYSICAL-CHEMICAL AND BIOLOGICAL

    CHARACTERISTICS WASTE OF SEPTICS TANKS COLLECTED BY SEPTAGE

    HAULER TRUCKS IN THE CITY OF TUBARO-SC.

    The improper disposal of waste from septic tanks in the municipality of Tubaro, in

    Santa Catarina state, has caused several environmental damages not only to the

    local community, but also to neighboring counties. For this reason, this study was

    conducted to assess the physical-chemical and biological characteristics of these

    wastes, attempting to evaluate pollution strength and provide primary data for

    alternatives for treatment. For this purpose, twenty-one septic tanks samples were

    analyzed from five companies that perform domestic septage aspiration. The

    parameters analyzed were: pH, BOD, COD, total solids, levels of nitrogen and

    phosphorus, oils and greases, coliform, helminths and metals such as chromium,

    copper, manganese and zinc. Test results have proved compatible with domestic

    septage consulted literature pointing out its pollution strength. In the parameters

    analysis were found, for example, average values of BOD in the range of 3.500 mg/L,

    while the average COD reached 19.600 mg/L. For the total nitrogen and the

    orthophosphate, the average was 114,84 mg/L and 70,12 mg/L respectively. In the

    case of the content of oils and greases, the average stood at 521 mg/L. For metals

    analyzed was obtained an average of 3,56 mg/L for chromium, 5,67 mg/L for

    manganese, 3,82 mg/L for copper and 3,44 mg/L for zinc. All parameters examined

    exceeded effluents releasing limits established by the legislation both of Santa

    Catarina state and by federal laws.

    Keywords: Domestic septage characteristics. Septic tanks. Septage hauler trucks.

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  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Esquema de funcionamento de um tanque sptico (Fonte: ABNT, 1993). .25

    Figura 2 Aspirao de tanque sptico e coleta de material.......................................51

    Figura 3 Distribuio do pH nas amostras analisadas. .............................................62

    Figura 4 Distribuio da alcalinidade total nas amostras analisadas. .......................63

    Figura 5 Distribuio da condutividade nas amostras analisadas.............................65

    Figura 6 Distribuio da concentrao de coliformes fecais nas amostras

    analisadas. ..................................................................................................66

    Figura 7 Distribuio da concentrao de DBO nas amostras analisadas................67

    Figura 8 Distribuio da concentrao da DQO nas amostras analisadas. ..............68

    Figura 9 Comparao de valores de DQO e DBO por amostras. .............................70

    Figura 10 Concentrao das diferentes formas de nitrognio...................................71

    Figura 11 Distribuio da concentrao do nitrognio amoniacal nas amostras

    analisadas. ................................................................................................72

    Figura 12 Distribuio da concentrao do nitrognio na forma de nitrato nas

    amostras analisadas. ................................................................................73

    Figura 13 Distribuio da concentrao do nitrognio total nas amostras analisadas.

    ..................................................................................................................................74

    Figura 14 Distribuio da concentrao do ortofosfato nas amostras analisadas.....75

    Figura 15 Distribuio da concentrao do teor de leos e graxas nas

    amostras analisadas. ................................................................................76

    Figura 16 distribuio da presena de helmintos nas amostras analisadas. ............78

    Figura 17 Ovos de Ascaris lumbricoides e de Trichuris trichiura, respectivamente,

    encontrados nas amostras n. 3 e 4. .........................................................78

    Figura 18 Distribuio dos slidos sedimentveis nas amostras analisadas. ...........80

    Figura 19 Grfico comparativo dos teores dos slidos totais, slidos fixos e

    slidos volteis nas amostras....................................................................80

    Figura 20 Distribuio dos valores dos slidos totais, slidos fixos e slidos

    volteis nas amostras................................................................................81

    Figura 21 Comparativo dos teores dos slidos suspensos, slidos suspensos

    fixos e slidos suspensos volteis nas amostras. .....................................83

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  • Figura 22 Distribuio dos valores dos slidos suspensos, slidos suspensos

    fixos e slidos suspensos volteis nas amostras. .....................................84

    Figura 23 Distribuio da concentrao do cromo nas amostras analisadas............86

    Figura 24 Distribuio da concentrao do cobre nas amostras analisadas.............87

    Figura 25 Distribuio da concentrao do mangans nas amostras analisadas.....88

    Figura 26 Distribuio da concentrao do zinco nas amostras analisadas. ............89

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  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Principal destino de fezes e urina por nmero de domiclios em 2006.......23

    Tabela 2 Caractersticas gerais dos lodos de tanques spticos................................27

    Tabela 3 Composio mdia da urina e concentraes de seus componentes........29

    Tabela 4 Concentraes de metais em mg/L encontrados em lodos spticos

    segundo Leite et al. e USEPA. ...................................................................31

    Tabela 5 Presena de patgenos em lodos de idades diferentes.............................32

    Tabela 6 Padres de lanamento de efluentes segundo legislaes Federal e

    Estadual (principais parmetros)................................................................45

    Tabela 7 Valores limites de concentrao de poluentes em lodos

    para uso agrcola........................................................................................48

    Tabela 8 Valores limite para quantidades anuais de metais pesados aplicados

    nos solos baseando-se em uma mdia de dez anos. ................................49

    Tabela 9 Nmero de amostras cedidas por empresa ...............................................50

    Tabela 10 Valores dos parmetros e suas principais caractersticas estatsticas.....58

    Tabela 11 Parmetros analisados por amostras.......................................................59

    Tabela 12 Anlise de slidos ....................................................................................60

    Tabela 13 Anlise de elementos-trao inorgnicos...................................................61

    Tabela 14 Valores limites de E. coli encontrados no presente estudo

    comparados a diferentes referncias. ......................................................66

    Tabela 15 Relao DQO/DBO ..................................................................................69

    Tabela 16 Valores estatsticos dos Slidos...............................................................81

    Tabela 17 Comparao de valores das amostras e valores da ................................82

    Tabela 18 Valores estatsticos dos Slidos...............................................................83

    Tabela 19 Comparao de valores das amostras e valores da USEPA ...................85

    Tabela 20 Concentraes mximas de metais permitidas pelo CONAMA e pelo

    estado de Santa Catarina nas emisses de efluentes por nmero de

    amostras que excederam este limite........................................................90

    Tabela 21 Valores encontrados pela USEPA comparados aos valores da

    amostras analisadas. ...............................................................................91

    Tabela 22 Teste Shapiro-Wilk de normalidade. ........................................................92

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  • Tabela 23 Matriz de correlao entre os principais parmetros atravs do

    coeficiente de Spearman R....................................................................93

    Tabela 24 Interpretao dos valores de correlao R. ...........................................93

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  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    APHA American Public Health Association

    AWWA AMERICAN WATER WORKS ASSOCIATION

    CEE Comunidade Econmica Europia

    CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

    CWRS Centre for Water Resources Studies

    DBO Demanda Bioqumica de Oxignio

    DNA cido Desoxirribonucleico

    DQO Demanda Qumica de Oxignio

    ETE Estao de Tratamento de Esgotos

    EUA Estados Unidos da Amrica

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IDH ndice de Desenvolvimento Humano

    LARA Laboratrio de Reuso de guas

    NTK Nitrognio Total Kjeldahl

    OPAS Organizao Pan-Americana de Sade

    pH Potencial Hidrogeninico

    PIB Produto Interno Bruto

    PMT Prefeitura Municipal de Tubaro

    PNADE Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclio

    PET Politereftalato de Etila

    RNA cido Ribonucleico

    SIAB Sistema de Informao da Ateno Bsica

    USEPA United States Environmental Protection Agency

    WEF World Economic Forum

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  • SUMRIO

    1 INTRODUO.....................................................................................131.1 OBJETIVOS.......................................................................................................15

    1.2 JUSTIFICATIVA.................................................................................................16

    2 REVISO BIBLIOGRFICA ...............................................................182.1 EVOLUO DO SANEAMENTO.......................................................................18

    2.2 SANEAMENTO NO BRASIL..............................................................................20

    2.3 SANEAMENTO NO ESTADO DE SANTA CATARINA......................................21

    2.4 SANEAMENTO NO MUNICPIO DE TUBARO ...............................................22

    2.5 TANQUES SPTICOS.......................................................................................24

    2.6 CARACTERSTICAS DOS LODOS SPTICOS ................................................26

    2.6.1 Caractersticas gerais dos lodos originados em decanto-digestores ......26

    2.6.2 Composio qumica ....................................................................................28

    2.6.2.1 Constituintes fecais ......................................................................................28

    2.6.2.2 Elementos-trao metlicos ...........................................................................29

    2.6.3 Caractersticas biolgicas............................................................................31

    2.6.3.1 Bactrias .....................................................................................................32

    2.6.3.2 Vrus..............................................................................................................33

    2.6.3.3 Protozorios .................................................................................................33

    2.6.3.4 Helmintos .....................................................................................................34

    2.7 ALTERNATIVAS PARA TRATAMENTO E DISPOSIO DE LODOS

    DE TANQUES SPTICOS.................................................................................34

    2.7.1 Tratamento em Estaes de Tratamento de Esgotos (ETEs)....................35

    2.7.2 Uso agrcola em reas de no contato pblico ..........................................37

    2.7.3 Processamento em unidades independentes de tratamento de lodo ......39

    2.7.3.1 Incinerao...................................................................................................41

    2.8 NORMAS TCNICAS e LEGISLAO APLICVEIS AOS

    TANQUES SPTICOS.......................................................................................42

    2.8.1 Normas da ABNT...........................................................................................43

    2.8.2 Legislao Federal e Estadual .....................................................................44

    2.8.3 Legislao internacional ..............................................................................46

    2.8.3.1 Legislao norte-americana .........................................................................46

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  • 2.8.3.2 Legislao europia .....................................................................................48

    3 MATERIAIS E MTODO .....................................................................503.1 PROCEDIMENTOS DE COLETA ......................................................................50

    3.2 PARMETROS E EQUIPAMENTOS.................................................................51

    3.3 MTODOS DE ANLISE...................................................................................52

    3.3.1 Determinao do pH e da condutividade....................................................52

    3.3.2 Determinao da alcalinidade total .............................................................52

    3.3.3 Determinao da Demanda Qumica de Oxignio DQO..........................53

    3.3.4 Determinao da Demanda Bioqumica de Oxignio DBO5 ...................53

    3.3.5 Determinao de nitrognio total, nitrognio amoniacal e

    nitrognio nitrato...........................................................................................53

    3.3.6 Determinao de ortofosfato........................................................................54

    3.3.7 Determinao dos slidos............................................................................54

    3.3.8 Determinao de leos e graxas..................................................................54

    3.3.9 Determinao de coliformes fecais e de Escherichia coli.........................55

    3.3.10 Anlise de helmintos ..................................................................................56

    3.3.11 Anlise de elementos-trao metlicos ......................................................56

    3.4 TRATAMENTO ESTATSTICO DAS AMOSTRAS.............................................57

    4 Resultados E Discusso ...................................................................584.1 AVALIAO QUALITATIVA DAS AMOSTRAS ANALISADAS..........................62

    4.1.1 pH...................................................... ..............................................................62

    4.1.2 Alcalinidade total...........................................................................................63

    4.1.3 Condutividade ...............................................................................................64

    4.1.4 Coliformes totais e Escherichia coli............................................................65

    4.1.5 Demanda bioqumica de oxignio DBO ...................................................67

    4.1.6 Demanda qumica de oxignio - DQO .........................................................68

    4.1.7 Nitrognio ......................................................................................................70

    4.1.7.1 Nitrognio amoniacal....................................................................................71

    4.1.7.2 Nitrato 73

    4.1.7.3 Nitrognio total .............................................................................................74

    4.1.8 Ortofosfato.....................................................................................................75

    4.1.9 Teor de leos e graxas - TOG ......................................................................76

    4.1.10 Presena de helmintos ...............................................................................77

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  • 4.1.11 Slidos .........................................................................................................79

    4.1.11.1 Slidos sedimentveis................................................................................79

    4.1.11.2 Slidos totais, slidos fixos e slidos volteis ............................................80

    4.1.11.3 Slidos suspensos, slidos suspensos fixos e slidos suspensos

    volteis..... ..................................................................................................82

    4.1.12 Elementos-trao metlicos.........................................................................85

    4.1.12.1 Cromo..... ...................................................................................................86

    4.1.12.2 Cobre...........................................................................................................87

    4.1.12.3 Mangans ..................................................................................................88

    4.1.12.4 Zinco...... ....................................................................................................89

    4.1.12.5 Concentraes limites dos metais encontrados .........................................90

    4.2 PRINCIPAIS CORRELAES ENTRE OS PARMETROS ANALISADOS .....92

    4.2.1 Avaliao dos parmetros correlacionados ...............................................93

    4.3 AVALIAO QUANTITATIVA DAS AMOSTRAS ..............................................95

    4.4 TRATAMENTO E DESTINAO FINAL DO LODO: SITUAO E

    SOLUO.........................................................................................................95

    5 CONCLUSES .................................................................................98

    6 RECOMENDAES.......................................................................100

    7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..............................................101

    8 APNDICES....................................................................................108

    9 ANEXOS .........................................................................................109

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  • 13

    1 INTRODUO

    Os tanques spticos ou decanto digestores tm a finalidade de proporcionar

    um tratamento primrio aos efluentes domsticos atravs da decantao dos slidos

    e da reteno de materiais graxos. Este processo promove uma estabilizao dos

    componentes do resduo, atenuando suas caractersticas nocivas no meio ambiente

    (JORDO; PESSOA, 1995). Porm, com o decorrer da utilizao, os tanques

    spticos passam a acumular materiais resultantes da degradao dos efluentes

    coletados at que sejam removidos em perodos de meses ou anos. Para efetuar

    este procedimento, utiliza-se o emprego de caminhes limpa-fossas que efetuam a

    suco do material contido nos tanques.

    Dados apresentados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclio

    (PNADE) realizada em 2006, demonstraram que 48,5% das residncias brasileiras

    apresentavam rede coletora de esgoto. No caso de Santa Catarina, apenas 11,49 %

    dos domiclios particulares permanentes possuam rede para coleta de esgotos

    (IBGE, 2006). No municpio de Tubaro, localizado no sul do Estado de Santa

    Catarina, no h redes de coleta ou unidades de tratamento de esgotos. Os

    sistemas de tratamento utilizados so individuais e 68,38% das famlias cadastradas

    no Sistema de Informao da Ateno Bsica (SIAB) possuem tanques spticos

    (SIAB, 2006). Os rejeitos retirados destas unidades acabam dispostos em locais no

    apropriados para esta finalidade, sendo muitas vezes destinados em valas abertas,

    margens de rios, redes pluviais ou terrenos baldios. Verificou-se, de acordo com as

    informaes das empresas coletoras, que aproximadamente 288 m3 de rejeitos

    spticos so aspirados mensalmente provenientes de residncias e dos mais

    diversos setores da economia local, tais como: fbricas, clnicas mdicas, hospitais,

    postos de combustveis e oficinas mecnicas.

    O impacto poluidor causado pelo lanamento desses rejeitos no meio

    ambiente deve ser avaliado buscando-se melhor conhecer a problemtica, bem

    como apontar solues para amenizar a situao. Neste contexto, esta pesquisa foi

    realizada com o intuito de avaliar as caractersticas fsico-qumicas e biolgicas dos

    lodos de tanques spticos coletados no municpio de Tubaro, por caminhes limpa-

    fossas, abrangendo os aspectos qualitativos e quantitativos de seus poluentes. Para

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  • 14

    tanto, foram analisados alguns parmetros como: DBO, DQO, nitrognio total,

    amoniacal e em forma de nitrato, porcentagem de slidos e de ortofosfato, teor de

    leos e graxas, alcalinidade total, pH, condutividade, alm dos metais cromo, cobre,

    mangans, zinco e magnsio. Quanto aos parmetros biolgicos, foram levantados

    os nmeros mais provveis de coliformes totais e fecais e tambm foi avaliada a

    presena de helmintos encontrados nas amostras.

    Foram analisadas vinte e uma amostras coletadas das cinco companhias

    atuantes no municpio. Estas empresas no realizam a segregao do material

    coletado e misturam, num mesmo caminho-tanque, resduos de origens

    diversificadas.

    Os estudos bibliogrficos permitiram avaliar e sugerir tecnologias de

    tratamento mais apropriadas para serem aplicadas ao cenrio estudado.

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  • 15

    1.1 OBJETIVOS

    Objetivo geral

    Avaliar as caractersticas fsico-qumicas e biolgicas do lodo de tanques

    spticos coletado por caminhes limpa-fossas, na cidade de Tubaro SC.

    Objetivos especficos

    Avaliar as caractersticas fsico-qumicas e biolgicas de lodos de caminhes

    limpa-fossas;

    Estimar a quantidade de lodo de tanque sptico coletada por caminhes

    limpa-fossas na cidade de Tubaro SC;

    Correlacionar parmetros relativos ao interesse da Engenharia Sanitria e

    Ambiental

    Apresentar alternativas de tratamento e destinao para lodos de tanques-

    spticos.

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  • 16

    1.2 JUSTIFICATIVA

    Muitas doenas que afetam o corpo humano podem ser causadas por

    microorganismos presentes na gua e no solo. A gua, se bebida diretamente de um

    rio, lago ou outra fonte natural, poder conter agentes patgenos responsveis pela

    manifestao de diarrias, verminoses intestinais ou doenas mais graves como a

    hepatite e a clera. Da mesma forma, o simples fato de se andar descalo pela terra

    em contato com microorganismos poder levar contaminao de germes capazes

    de penetrar no corpo humano atravs da pele (CAVINATTO, 2003).

    O ser humano, por sua vez, no consegue viver longe da gua que bebe e

    dos resduos que produz. Apesar de haver uma constante evoluo estabelecida na

    rea do saneamento, essa uma das preocupaes que insiste em acompanhar as

    civilizaes desde a era mais remota, tendo em vista o distanciamento do

    desenvolvimento urbano, diante das condies de infra-estrutura relacionadas ao

    saneamento bsico encontradas no pas.

    A disposio inadequada dos rejeitos coletados em tanques spticos na

    cidade de Tubaro SC agrava ainda mais a situao do saneamento no municpio,

    pois, em 2006, apenas 20,62% das famlias possuam esgotos canalizados,

    enquanto que 70,37% utilizavam fossa sptica como sistema de tratamento (SIAB,

    2006).

    Com relao origem dos resduos coletados nos tanques spticos, os

    mesmos so formados pela contribuio dos esgotos provenientes de residncias,

    indstrias, estabelecimentos comerciais e at hospitais. So constitudos de matria

    orgnica em decomposio, apresentando ainda restos de comida, fezes,

    detergentes e uma variedade de agentes patognicos. Ferreira et al. (1999) afirmam

    que tambm pode haver a ocorrncia de metais pesados, leos, graxas, defensivos

    agrcolas bem como traos de combustveis e de medicamentos.

    A falta de condies adequadas para o destino desse tipo de rejeito pode

    eventualmente expor a comunidade a uma srie de doenas infecciosas e

    parasitrias, podendo levar o homem inatividade ou reduzir sua potencialidade

    para o trabalho, transformando o indivduo produtivo em uma responsabilidade para

    a sociedade.

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  • 17

    Desta forma, uma abordagem que busque aprofundar o conhecimento dos

    rejeitos originados em tanques spticos recolhidos por caminhes limpa-fossas,

    estudando alternativas para a sua gesto e tratamento, poder, sobretudo, contribuir

    para a qualidade de vida dos habitantes e para a preservao do meio ambiente.

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  • 18

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 EVOLUO DO SANEAMENTO

    A busca incessante pela obteno de gua potvel que a humanidade tanto

    almeja compatvel com a necessidade de manter afastados os resduos que ela

    mesma produz. Embora tenha-se desenvolvido mtodos de coleta de gua e

    disposio de resduos durante a evoluo da espcie humana, o assunto

    permanece em estudo at os dias de hoje.

    O homem primitivo desenvolveu tcnicas simples de coleta de gua das

    chuvas, dos rios e dos lagos e, enquanto nmade, deixava restos de comidas e

    dejetos acumulados nas prprias habitaes. Posteriormente, quando comeou a se

    fixar em propriedades, houve a necessidade de se manter a moradia em nveis de

    higiene que tornassem possvel sua habitao, eliminando para o exterior os

    resduos resultantes de suas atividades que giravam em torno da caa e da pesca.

    No entanto, a quantidade de detritos produzidos ainda era insuficiente para causar

    algum dano ambiental devido ao fato dos hbitos da populao na poca, serem

    extremamente simples. O homem consumia somente o essencial a sua

    sobrevivncia, alm de haver um nmero muito reduzido de habitantes na poca. A

    partir do momento que o ser humano desenvolveu a agricultura, passando ento a

    praticar o desmatamento, houve o incio da modificao dos recursos naturais como

    o solo e a gua. Sendo assim, os locais propcios lavoura e criao de animais

    no eram mais abandonados, fixando definitivamente o homem a terra e atraindo

    cada vez mais indivduos para um determinado local, criando assim as primeiras

    aldeias e comunidades. Conseqentemente, o acmulo de lixo, esgotos e outros

    detritos favoreceram a proliferao de animais como ratos e insetos, contribuindo

    para a poluio de rios e lagos (CAVINATO 2003).

    Mesmo na antiguidade, algumas civilizaes como a egpcia j

    manifestavam alguns princpios de saneamento, existindo cidades que possuam

    canais para escoamento das guas servidas das habitaes, encaminhando-as para

    os rios. Na Roma antiga, de acordo com Leme (1982), havia um sistema de

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  • 19

    captao de gua atravs de aquedutos que visava ampliao do sistema de

    abastecimento pblico, uma vez que o Rio Tibre havia sido amplamente explorado,

    ao ponto de no ser mais possvel captar sua gua para consumo. Desta forma, o

    mencionado rio foi destinado como corpo receptor de toda a descarga de dejetos

    provenientes das galerias de esgoto da ento denominada cloaca mxima, assim

    chamado o canal tronco da imensa rede coletora de guas pluviais e de esgotos que

    se encontra ativa at os dias de hoje.

    Com uma crescente carga de dejetos sendo depositada em torno dos

    povoados, o aparecimento de certas doenas no tardou em surgir. Foi atravs do

    senso lgico que os povos das civilizaes greco-latinas conseguiram estabelecer

    uma analogia entre o surgimento de algumas enfermidades e a falta de saneamento.

    Os gregos foram os primeiros a estabelecer uma ligao entre os pntanos e as

    doenas. Esta relao ficaria, sculos mais tarde, conhecida como a Teoria dos

    Miasmas, na qual se baseava que emanaes malficas provenientes do solo

    seriam as causas do surgimento de certas doenas. O termo malria, que significa

    literalmente mal aire procede deste conceito, ou seja, o agente etiolgico ou

    causador da morbidade era proveniente dos miasmas. Esta teoria obteve aceitao

    geral como elemento causador das doenas, at ser substituda pela teoria dos

    germes no sculo XVII (HENRI; HEINKE, 1999).

    Na Idade Mdia, a remoo dos dejetos humanos e a higiene de modo geral

    eram extremamente precrias. As noes de higiene dos camponeses e senhores

    feudais ainda eram semelhantes s de seus antepassados. Pessoas defecavam a

    cu aberto e entre as casas espalhando mau cheiro e favorecendo a transmisso de

    doenas. Com o incio da Revoluo Industrial, em meados do sculo XVIII, a

    situao tornou-se ainda pior, pois as cidades necessitavam da mo-de-obra

    qualificada, concentrando a populao nos centros urbanos. As moradias ficavam

    superlotadas e as condies sanitrias no acompanhavam o desenvolvimento das

    indstrias. Os detritos eram, ento, acumulados durante o ms, sendo

    posteriormente depositados em reservatrios pblicos.

    J na Idade Moderna, alguns pases como a Frana e a Alemanha passaram

    a obrigar o uso de latrinas providas de fossa. Em Londres, no ano de 1830, os

    rejeitos domsticos eram despejados no Rio Tmisa, atravs de tubulaes

    instaladas pelas companhias de gua. Entretanto, com o aumento da populao e,

    apesar destes efluentes serem provenientes de fossas spticas, o rio j no

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  • 20

    apresentava nveis de autodepurao satisfatrios, levando proibio dos

    lanamentos de esgotos sem tratamento prvio, no ano de 1876 (DACACH, 1982).

    2.2 SANEAMENTO NO BRASIL

    As primeiras aes tomadas com relao ao saneamento no pas tiveram

    incio no perodo colonial, com a criao de leis que determinavam medidas de

    higiene como a limpeza das ruas e dos quintais. Com a vinda da famlia real

    portuguesa, em 1808, os portos eram obrigados a fiscalizar a entrada de navios com

    pessoas doentes, aumentando ainda mais os cuidados com as questes de higiene.

    O pas foi ainda uma das primeiras naes do mundo a instalar o sistema de coleta

    de gua de chuva, limitando-se, entretanto, zona aristocrtica da cidade do Rio de

    Janeiro (CAVINATTO, 2003). Todavia, mesmo as casas mais sofisticadas seguiam

    os costumes dos europeus, no possuindo sanitrios. Havia nas residncias barris

    de madeira denominados cubos, que permaneciam nos fundos do terreno para

    armazenamento das excretas. Depois de cheios, estes recipientes eram conduzidos

    noite para serem depositados em reas prximas e lavados para novamente

    serem utilizados. Este trabalho era efetuado por escravos que recebiam a

    denominao de tigres e eram evitados a todo custo pelos habitantes que tinham

    receio de se contaminar (DACACH, 1982).

    Com o crescente aumento da populao em torno das cidades, a situao

    no pas tenderia ainda a piorar. De acordo com Rezende e Heller (2002), a cidade

    do Rio de Janeiro tornara-se uma regio to insalubre que as elites mudavam-se

    para as regies serranas, durante o vero, fugindo da febre amarela que assolava a

    capital do Imprio. No sculo XX, apesar do desenvolvimento ser evidente na nao,

    a situao sanitria continuava precria a ponto de ser equacionada por Hochman

    (1998 apud REZENDE; HELLER, 2002) da seguinte forma: Brasil = Sertes +

    Hospital. Os sertes que comeavam nos arredores das cidades e se espalhavam

    pelo interior do pas, eram o lugar de origem de uma populao acometida por trs

    endemias: ancilostomase, malria e doena de Chagas. De outro lado, os hospitais

    eram representados pelas cidades insalubres e transmissoras de outro trinmio de

    epidemias: a febre amarela, a varola e a peste bubnica.

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  • 21

    Hoje, percebe-se que no pas as questes relacionadas ao saneamento so

    privilgios de poucos. Muitas vezes as valas, crregos e fossas que transbordam,

    acabam por ser as nicas alternativas que restam aos habitantes. Na verdade, a

    infra-estrutura de saneamento bsico necessria parar servir populao com gua

    potvel, recolhimento de lixo e esgoto nunca acompanhou a taxa de crescimento

    das reas urbanas (vide anexo A). De acordo com Lobo (2003), mais da metade das

    residncias urbanas onde a renda familiar variava entre meio e um salrio mnimo

    no possuam nenhum tipo sequer de servio de saneamento, no ano de 2003.

    Apenas 40% da populao do pas eram atendidas com a coleta de esgoto sanitrio,

    sendo que menos de 20% do que era coletado era tratado. Em 2006, os dados

    apresentados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclio (PNADE),

    demonstraram que 48,5% dos municpios brasileiros apresentavam rede coletora de

    esgoto (IBGE, 2006).

    Na realidade, a precariedade das condies de saneamento de alguns

    subrbios e muitos municpios to intensa, que as prioridades da populao

    recm-chegada s reas urbanas passam a ser a busca pelo fornecimento de gua

    e energia eltrica, em detrimento da coleta e disposio dos esgotos.

    2.3 SANEAMENTO NO ESTADO DE SANTA CATARINA

    Santa Catarina est localizada no sul do Brasil, possuindo como capital a

    cidade de Florianpolis. Sua rea territorial de 95.346.181 Km2 com uma

    populao de 5.866.568 habitantes. O estado apresenta uma economia

    diversificada, tendo como destaque a agricultura, a indstria e o turismo, ocupando o

    stimo lugar na participao do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, apresentando

    ainda um dos maiores ndices de Desenvolvimento Humano (IDH) do pas (IBGE,

    2005).

    De acordo com a Organizao Pan-Americana de Sade (OPAS), o acesso

    ao esgotamento sanitrio varia em funo do IDH e do PIB per capita. medida que

    o IDH decresce, tambm decresce a proporo da populao com esgotamento

    sanitrio (OPAS, 2005). No entanto, as questes relacionadas ao saneamento

    bsico ainda apresentam um desafio ao estado de Santa Catarina. Conforme o

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  • 22

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), em 2006 somente 11,49 % dos

    domiclios particulares permanentes possuam rede para coleta de esgotos,

    enquanto 8,9% despejavam esgoto em cu aberto (IBGE, 2006).

    O volume de esgotos sanitrios lanado em corpos dgua ou no solo

    constitui uma carga expressiva de organismos patognicos, excretados por

    indivduos infectados no meio ambiente, transmitindo aos seres humanos grande

    quantidade de bactrias, vrus, protozorios e helmintos patognicos (GONALVES

    et al., 2003). Segundo dados do Ministrio da Sade, em 2002 o nmero de

    internaes hospitalares por doenas relacionadas ao saneamento ambiental

    inadequado em Santa Catarina, era de 303 casos por 100.000 habitantes, ocupando

    o 17. lugar na classificao dos estados que mais apresentavam este tipo de

    ocorrncia. De acordo com Brasil (2002), o investimento em saneamento a nica

    forma de se reverter o quadro existente, pois, para cada R$1,00 (um real)

    empregado no setor de saneamento, economiza-se R$ 4,00 (quatro reais) na rea

    de medicina curativa.

    2.4 SANEAMENTO NO MUNICPIO DE TUBARO

    Tubaro encontra-se a 125 Km ao sul de Florianpolis, ocupando uma rea

    de 300 Km2 com uma populao de 92.569 habitantes (IBGE, 2007). A principal

    atividade econmica est voltada para a prestao de servios, seguida pelos

    setores comercial e industrial, sendo o segundo maior municpio do sul do estado

    (PMT, 2005). A bacia hidrogrfica na qual a cidade est inserida formada pelo Rio

    Tubaro e abrange um total de vinte municpios.

    Um dos principais problemas de degradao dos recursos hdricos em

    Tubaro proveniente do despejo do esgoto domstico. O municpio possui, para

    fins de coleta de esgoto, uma rede unitria que recebe as guas pluviais juntamente

    com as guas servidas com o esgoto proveniente das residncias. Conforme Rufino

    (2002), as redes pluviais contendo os efluentes domsticos acabam desaguando

    principalmente no Rio da Madre, que um dos afluentes do Rio Tubaro. As

    atividades de extrao e beneficiamento de carvo, suinocultura, plantio de arroz e

    indstrias cermicas nas cidades pertencentes bacia hidrogrfica do Rio Tubaro

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  • 23

    tambm tm contribudo para a degradao ambiental das guas (VIEIRA et al,

    2002).

    De acordo com o Sistema de Informao da Ateno Bsica (SIAB), em

    2006 a situao do saneamento em Tubaro se encontrava conforme a Tabela 1

    demonstra.

    Tabela 1 Principal destino de fezes e urina por nmero de domiclios em 2006.Destino de fezes e urina N. de domiclios* Porcentagem

    Rede pluvial 10.087 36,11

    Fossa 17.144 61,38

    Cu aberto 701 2,5

    Total 27.932 100

    *Domiclios cadastrados pelo SIABFonte: SIAB, 2006.

    Os dados (Tabela 1) apontam que a forma predominante de tratamento de

    esgotos do tipo individual, tendo a fossa sptica como principal alternativa. Assim,

    pelo municpio no possuir uma rede destinada coleta de esgotos, a Prefeitura

    Municipal de Tubaro (PMT) lanou o edital de outorga de concesso para

    prestao do servio pblico municipal de abastecimento de gua e esgotamento

    sanitrio, dando destaque para o primeiro pargrafo do prembulo:

    O Municpio de Tubaro torna pblico que se acha aberta licitao, namodalidade de concorrncia, cujo objeto a outorga de concesso paraprestao do servio pblico municipal de abastecimento de gua eesgotamento sanitrio, compreendendo o planejamento, a construo, aoperao e a manuteno das unidades integrantes dos sistemas fsicos,operacionais e gerenciais de produo e distribuio de gua potvel,coleta, afastamento, tratamento e disposio de esgotos sanitrios,incluindo a gesto dos sistemas organizacionais, a comercializao dosprodutos e servios envolvidos e o atendimento aos usurios (PMT, 2008).

    A construo da rede coletora de esgoto, em conjunto com a sua unidade de

    tratamento, diminuir a carga de poluentes despejada no Rio Tubaro. Esta medida

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  • 24

    trar benefcios no somente cidade de Tubaro, como tambm, s localizadas

    jusante do rio como o municpio de Capivari de Baixo e, especialmente, cidade

    litornea de Laguna, na qual est localizada a foz do Rio Tubaro.

    2.5 TANQUES SPTICOS

    Em 1872, na Frana, Jean Louis Mouras projetou um tanque em alvenaria

    para armazenar os esgotos da cozinha de sua residncia. Aps 12 anos de

    utilizao, Mouras percebeu que o volume de slidos acumulado era muito menor do

    que o esperado. Em colaborao com o Abade Moigne, que era autoridade cientfica

    da poca, Mouras registrou patente do modelo testado em 1881, aps uma srie de

    experincias. O prottipo consistia num tanque hermeticamente fechado onde o

    afluente era introduzido por uma tubulao submersa na parte lquida do material

    armazenado e o efluente descarregado por tubulao a jusante. Depois de

    amplamente utilizadas na Europa, as fossas spticas serviram de modelos para

    novos tanques desenvolvidos nos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha

    (ANDRADE NETO, 1997).

    Por definio, Jordo e Pessoa (1995), relatam que as fossas ou tanques

    spticos so cmaras construdas para a reteno, por tempo estabelecido, dos

    despejos domsticos e/ou industriais. Isto permite que ocorra a sedimentao dos

    slidos e a reteno de material graxo contido nos esgotos, transformando-os em

    compostos mais simples e estveis. Seu funcionamento est baseado nas seguintes

    fases do processo:

    a) Reteno do lodo: o esgoto retido no tanque por um perodo de 12 a 24h

    dependendo da vazo dos afluentes;

    b) Decantao do lodo: simultaneamente fase anterior, inicia-se a formao do

    lodo atravs da sedimentao de 60 a 70% dos slidos em suspenso. A parte

    no sedimentvel dos slidos, como os leos, as graxas e outros materiais

    misturados com gases, emerge e retida na superfcie do lquido;

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  • 25

    c) Digesto anaerbia do lodo: decomposio do lodo e da escuma por bactrias

    anaerbias, provocando a destruio parcial ou total de material voltil;

    d) Reduo do volume de lodo: converso da matria slida em gases e lquidos,

    com a conseqente diminuio do volume do lodo.

    A Figura 1 apresenta as diferentes etapas do funcionamento do tanque sptico.

    Figura 1 Esquema de funcionamento de um tanque sptico (Fonte: ABNT, 1993).

    Com o uso contnuo do tanque sptico, ocorre um acmulo de lodo em seu

    interior, isto reduz seu volume til e o tempo de deteno hidrulica, prejudicando o

    desempenho. Desta forma, torna-se necessria a remoo do lodo depositado em

    perodos regulares. Nos estudos realizados por Philippi (1992), com 42 tanques

    spticos, foi demonstrado que os valores da taxa de acumulao de lodo foram

    inferiores a 0,2 L/pessoadia. Este valor permite calcular um volume de tanque

    sptico para um intervalo de remoo do lodo, efetuado a cada cinco anos.

    Conforme as condies da pesquisa, este perodo entre as limpezas mostrou-se

    satisfatrio. A ABNT (1993) recomenda que a limpeza dos tanques spticos seja

    efetuada num perodo que pode variar de 1 a 5 anos, conforme os parmetros do

    projeto e instrui para que, aproximadamente, 10% do volume do lodo seja deixado

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  • 26

    no interior do tanque. Esta parte remanescente de lodo sptico dar incio ao

    tratamento dos esgotos depositados, aps a limpeza ter sido efetuada nos tanques

    spticos.

    vedado o encaminhamento ao tanque sptico de guas pluviais e de

    despejos que prejudiquem o processo de tratamento, bem como a contribuio de

    vazes excessivas do esgoto afluente, como os originados por piscinas e por

    lavagens de reservatrios de gua (ABNT, 1993).

    2.6 CARACTERSTICAS DOS LODOS SPTICOS

    2.6.1 Caractersticas gerais dos lodos originados em decanto-digestores

    O ponto de partida para o tratamento dos lodos spticos se caracteriza por

    ser efetivamente o decanto-digestor ou tambm denominado tanque sptico. De

    acordo com Jordo e Pessoa (1995), estes sistemas foram projetados de modo a

    receber todos os despejos domsticos, incluindo os originados na cozinha,

    lavanderias domiciliares, lavatrios, vasos sanitrios, bids, banheiros, chuveiros,

    ralos de piso de compartimentos interiores ou qualquer outro efluente, cujas

    caractersticas se assemelham ao domstico. Com o acmulo de lodo em seu

    interior, h a necessidade de remov-lo periodicamente para o perfeito

    funcionamento da unidade, utilizando-se para este procedimento o emprego de

    caminhes limpa-fossas.

    Os lquidos e slidos quando ento bombeados dos tanques spticos tm

    odor e aspectos repugnantes, tendncia em formar espumas, se submetidos

    agitao e resistncia a se sedimentar e a se desidratar. Sua composio inclui

    gua na maior parte, areia e matria orgnica fecal. Caracterizam-se ainda por

    serem pontos disseminadores de microorganismos como os vrus, bactrias e

    parasitas, resultando, portanto, em cuidados especiais no seu manuseio e

    tratamento.

    Dentre os fatores que afetam as caractersticas do lodo, esto: o clima,

    hbitos dos usurios, tamanho e tipo de tanque sptico, freqncia de limpeza,

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  • 27

    caractersticas da gua de abastecimento, disposio de restos de alimentos pelo

    ralo e agentes qumicos utilizados na limpeza das residncias (USEPA, 1999a). A

    Tabela 2 apresenta as caractersticas limites dos lodos spticos encontrados nos

    Estados Unidos de acordo com a United States Environmental Protection Agency

    (USEPA) e as caractersticas dos lodos spticos coletados por caminhes limpa-

    fossas, conforme os estudos realizados por Paula Jnior et al. (2003), no municpio

    de Florianpolis.

    Tabela 2 Caractersticas gerais dos lodos de tanques spticos.

    PARMETROS

    Concentrao (mg/L)

    USEPA Paula Jnior et al.

    Mnima Mxima Mnima Mxima

    Slidos totais 1.132 130.475 516 33.292

    Slidos volteis 353 71.402 224 18.454

    Slidos suspensos 310 93.378 145 27.500

    Slido suspensos volteis 95 51.500 79 18.000

    DBO 440 78.600 300 7.400

    DQO 1.500 703.000 528 29.704

    NTK 66 1.060 _ _

    Amnia 3 116 36 278

    Fsforo total 20 760 7,20 215,90

    Alcalinidade 522 4.190 228 3.854

    leos e graxas 208 23.368 18 6.982

    pH* 1,5 12,6 5,48 7,60

    Detergentes _ _ 0,20 225

    Coliformes totais** 107 109 _ _

    Coliformes fecais** 106 108 _ _

    Fontes: USEPA (1994a) e Paula Jnior et al. (2003)*Sem unidade**Valores de coliformes totais e fecais em NMP/100 mL

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  • 28

    2.6.2 Composio qumica

    A composio qumica dos lodos est relacionada sua origem,

    caracterizando, desta maneira, a parte orgnica e inorgnica dos mesmos. De

    acordo com Montangero e Strauss (2002), cerca de 83% da matria seca

    encontrada nos lodos de tanques spticos de origem orgnica, tendo ainda

    quantidades de fsforo, nitrognio e potssio provenientes em sua maioria de

    excretas humanas. Quando h a contribuio de despejos industriais, pode haver a

    ocorrncia dos componentes acima citados, numa concentrao muito maior, bem

    como apresentar ons metlicos e molculas orgnicas sintticas como surfactantes,

    fenis, tolueno, benzeno, xileno, etilbenzeno e defensivos agrcolas.

    2.6.2.1 Constituintes fecais

    O ser humano, de acordo com Seoanez Calvo (1977), produz por ano a

    quantia de 28 kg de matria orgnica, a qual composta por duas partes:

    a) Parte slida: composta normalmente por gua e material orgnico como

    celulose, lipdios, protenas e fezes. Estas, quando lanadas no ambiente,

    sofrem um processo de putrefao que tem lugar sobre as protenas

    originadas tanto pelos alimentos quanto s provenientes de secrees e restos

    da mucosa intestinal. Do mesmo modo, surgem as descarboxilaes de

    aminocidos como a lisina e tirosina originando as aminas, em conjunto com

    as desaminaes e o desprendimento de NH3.

    A produo de odores desagradveis deve-se formao de compostos

    fenlicos como o escatol e o paracresol, dentre outros, ocorrendo o mesmo

    processo com a decomposio das protenas e com a subseqente formao

    de gs sulfdrico e de mercaptanas.

    Alm disso, a matria fecal responsvel pela contribuio de 60 a 70%

    da carga total de cdmio, zinco, cobre e nquel nos esgotos domsticos,

    contendo, em mdia, por base seca: 250 mg/kg de zinco, 70 mg/kg de cobre, 5

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  • 29

    mg/kg de nquel, 2 mg/kg de cdmio e 10mg/kg de chumbo (EUROPEAN

    UNION, 2001).

    b) Parte lquida: formada pela urina, que tem sua composio varivel de acordo

    com a hora do dia, estado fsico, dieta e sade do indivduo. No entanto os trs

    maiores componentes da urina so: gua, uria e cloreto de sdio. Quase

    todas as substncias presentes na urina esto presentes no sangue, porm

    em quantidades diferentes. Geralmente, a urina apresenta pH em torno de 6 e

    sua colorao resultante da presena de pigmentos como o urocromo,

    urobilina e uroporfina. A Tabela 3 demonstra a composio mdia da urina.

    Tabela 3 Composio mdia da urina e concentraes de seus componentes.Ctions nions Compostos orgnicos

    Na+

    K+

    NH4+

    Ca++

    Mg++

    6 mg/L

    2,7 mg/L

    0,8 mg/L

    5,3 mg/L

    0,15 mg/L

    Cl-

    SO4--

    PO4--

    8,6 mg/L

    2.2 mg/L

    3,8 mg/L

    Uria

    cido hiprico

    Creatinina

    cido rico

    Bases pricas

    Aminocidos

    lcoois

    30 mg/L

    1,3 mg/L

    1,8 mg/L

    0,7 mg/L

    0,3 mg/L

    0,5 mg/L

    0,5 mg/L

    Fonte: Seoanez Calvo, 1977.

    2.6.2.2 Elementos-trao metlicos

    Conforme Manahan (2001), os elementos-trao so compostos ou

    substncias encontradas em concentraes extremamente baixas (partes por

    milho) em um dado sistema. Dentre estes elementos, destacam-se os metais que

    so encontrados naturalmente em quantidades-trao nas guas e,

    conseqentemente, nos lodos spticos, sendo considerados como constituintes

    importantes na composio de aqferos e tendo participao no desenvolvimento

    biolgico de animais e de plantas. Entretanto, a presena destes metais em

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  • 30

    quantidades excessivas eleva os nveis de toxidez do ambiente, ocasionando

    distrbios biolgicos ou mesmo tornando impossvel a manifestao de vida.

    A relao de metais e sua importncia nos organismos, segundo Metcalf e

    Eddy (2003), apresentada a seguir:

    a) Metais participantes no desenvolvimento biolgico: clcio, ferro, magnsio,

    potssio e sdio apresentados como macronutrientes. E os encontrados como

    elementos-trao: cromo, cobalto, cobre, mangans, molibdnio, nquel,

    selnio, tungstnio, vandio, chumbo e zinco.

    b) Metais que no possuem participao no desenvolvimento biolgico: arsnio,cdmio e mercrio.

    A principal fonte de elementos metlicos em esgotos provm de rejeitos

    industriais. Nos Estados Unidos, as companhias municipais de tratamento de

    esgotos que aceitam estes rejeitos so legalmente responsveis pelo seu

    processamento e, geralmente, o tratamento realizado diretamente na fonte poluidora

    o modo mais prtico para se minimizar a emisso destes poluentes (SAWYER et

    al., 2000).

    Com relao aos lodos de tanques spticos, os mesmos apresentam baixos

    teores de metais, tendo, de acordo com a European Union (2001), suas origens

    ligadas s contribuies de produtos de limpeza, cosmticos, xampus, desinfetantes,

    combustveis, medicamentos, amlgamas dentrios, termmetros clnicos, produtos

    alimentcios, tintas, lubrificantes, agentes de polimento, pesticidas e produtos de

    jardinagem, preservadores de madeira, fezes, urina, tubulaes metlicas e gua de

    abastecimento.

    Leite et al. (2006), quando analisaram os lodos de decanto-digestores da

    regio de Curitiba, detectaram a presena de 33 elementos qumicos, incluindo a

    presena de metais pesados como cdmio, chumbo, zinco, mercrio, cromo, cobre e

    nquel. Estes lodos apresentaram suas concentraes individuais de metais

    superiores quando comparados aos lodos spticos norte-americanos, embora seus

    valores mdios permanecerem dentro das concentraes limites das legislaes.

    A Tabela 4 apresenta as concentraes de metais em mg/L encontradas em

    lodos de tanques spticos segundo a USEPA (1994).

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  • 31

    Tabela 4 Concentraes de metais em mg/L encontrados em lodosspticos segundo Leite et al. e USEPA.

    Metal

    Concentrao em mg/L

    Leite et al. USEPAMdia Mnima Mxima Mdia Mnima Mxima

    Ferro 0,32 1,15 1,9 39,3 0,2 2.740

    Zinco 148 291 514 9,97

  • 32

    sem o tratamento prvio para reduo destes microorganismos, pode levar os seres

    humanos ou os animais a contrarem doenas.

    Para se avaliar as caractersticas sanitrias dos lodos de tanques spticos,

    freqentemente considerado o nmero de coliformes termotolerantes e o nmero de

    ovos viveis de helmintos. A Tabela 5 relaciona estes microorganismos com suas

    respectivas quantidades presentes em lodos spticos.

    Tabela 5 Presena de patgenos em lodos de idades diferentesMicroorganismo Lodo bruto Lodo digerido

    Coliformes totais (NMP/100mL) 4,3 x 109 a 5,0 x 109 3,0 x 104 a 7,0 x 107

    Coliformes fecais (NMP/100mL) 1,4 x 10 8 a 2 x 10 9 No detectado a 7,8 x 106

    Ovos de helmintos (ovos/100mL) 20 a 700 30 a 70

    Fonte: Fernandes e Souza (2001 apud LEITE et al., 2006).

    Em seguida, sero citadas as principais caractersticas dos agentes

    patognicos e suas principais conseqncias aos seres humanos.

    2.6.3.1 Bactrias

    So os organismos que esto presentes em maior nmero nos rejeitos

    spticos, sendo que a maioria faz parte da microbiota do trato intestinal dos seres

    humanos, como por exemplo, a Escherichia coli, Klebisiella spp. e Enterobacter spp.

    Inclui-se, neste caso, o grupo das bactrias coliformes fecais, tambm chamado de

    coliformes termotolerantes, os quais, por suas caractersticas, so considerados

    indicadores de contaminao das guas e esgotos em geral.

    Ressalta-se que, normalmente, tais organismos no so causadores de

    doenas. Entretanto, esto associados possvel existncia de organismos

    patognicos de origem fecal na gua, como as bactrias que causam doenas

    gastrointestinais em humanos, como a febre tifide, clera, diarria e disenteria

    (GONALVES et al., 2003).

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  • 33

    2.6.3.2 Vrus

    Os vrus so uma classe heterognea de agentes infecciosos, podendo

    variar em tamanho, morfologia, complexidade, hospedeiro e na forma como afetam

    seus hospedeiros. Entretanto, as caractersticas de possurem um genoma, que

    pode ser de DNA ou RNA, envolvido por uma camada protica (capsdeo) e o fato

    de serem considerados parasitas intracelulares obrigatrios, so comuns a todos.

    Em se tratando de rejeitos spticos, os vrus de maior interesse so os

    entricos, ou seja, aqueles que se multiplicam no trato gastrointestinal dos seres

    humanos, podendo ocasionar diversas doenas, como a hepatite A e E,

    gastroenterites e diarrias (GONALVES et al., 2003). So encontrados ainda os

    vrus de fcil contaminao, como o poliovrus (causador da poliomielite), o

    echovrus (causador de paralisias, meningites, miocardites) e os vrus da famlia

    parvoviridae (causadores de gastroenterite), salientando que estes agentes

    patognicos so mais resistentes aos processos de tratamento sanitrios.

    2.6.3.3 Protozorios

    Dentre os protozorios patgenos aos seres humanos encontram-se a

    Entamoeba histolytica (causadora da amebase), a Giardia lamblia (causadora da

    giardase), o Balantidium coli (causador da balantidiose, uma infeco do intestino

    grosso do homem) e o Criptosporidium sp. que tambm um agente causador de

    infeces intestinais.

    Nos esgotos, tais organismos tm um ciclo de vida dividido basicamente em

    duas etapas: uma fase onde se alimentam e se reproduzem no trato intestinal do

    hospedeiro e a outra onde se encistam, permitindo que os protozorios mantenham

    sua sobrevivncia mesmo estando fora do organismo do seu hospedeiro. Desta

    forma, os cistos excretados tanto por animais, como por seres humanos, podem

    infectar imediatamente um novo hospedeiro, devendo-se ressaltar que um nico

    cisto pode desencadear um processo infeccioso no ser humano. Esses organismos

    caracterizam-se por possuir uma resistncia maior que as bactrias e os vrus, no

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  • 34

    tocante atuao dos desinfetantes utilizados no tratamento de guas e esgotos,

    em especial, o cloro. No entanto, como tm um tamanho que varia entre 4 e 60

    milmetros, apresentam densidades que acabam por auxiliar na remoo dos

    mesmos, atravs da sedimentao e filtrao (GONALVES et al., 2003).

    2.6.3.4 Helmintos

    So organismos que vivem como parasitas nos seres humanos, encontrados

    no ambiente sob a forma de ovos e larvas, facilitando assim a contaminao de

    hospedeiros, uma vez que tal incidncia pode se dar atravs da ingesto dos ovos

    ou das larvas, como no caso do Ascaris lumbricoides (lombriga), Taenia saginata e

    Taenia solium (causadoras da tenase e da cisticercose) e at mesmo pela

    penetrao das larvas na pele ou nas mucosas, como por exemplo, o Ancylostoma

    duodenale e Schistosoma mansoni (causadora da esquistossomose). Gonalves

    (2003) acrescenta ainda que, normalmente, um ovo ou uma larva j suficiente para

    desencadear um processo infeccioso.

    Os principais meios de transmisso dos helmintos so o consumo de

    alimentos contaminados, o contato com o solo tambm contaminado e a

    transmisso entre pessoas (BASTOS et al., 2003).

    2.7 ALTERNATIVAS PARA TRATAMENTO E DISPOSIO DE LODOS DETANQUES SPTICOS

    Os tanques spticos, embora possuam muitas vantagens, no apresentam

    efluentes que atendam aos padres de lanamento exigidos pelas legislaes

    ambientais. Portanto, necessrio a realizao de tratamentos, buscando-se

    melhores eficincias em termos de remoo de matria orgnica e de constituintes

    pouco degradados no tratamento anaerbio, como por exemplo, o fsforo e

    nitrognio. De acordo com Chernicharo et. al (2001), estes constituintes, quando

    lanados, podem originar 111 kg de biomassa para cada quilograma de fsforo

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  • 35

    despejado. Do mesmo modo, o despejo de 1 kg de nitrognio pode originar 20 kg da

    DQO na forma de algas mortas. Em relao amnia, so consumidos cerca de 4

    kg de oxignio dissolvido nas guas para cada quilograma despejado deste

    nutriente.

    Ainda citando Chernicharo et. al (2001), com relao aos microorganismos

    patognicos, que possuem uma baixa porcentagem de remoo pela utilizao de

    decanto-digestores, torna-se muitas vezes necessria a desinfeco dos efluentes

    de acordo com a sua finalidade, a partir de uma avaliao criteriosa.

    Como exemplo de possibilidades de tratamento e disposio dos lodos de

    tanques spticos recomendadas por entidades internacionais, pode-se citar o co-

    tratamento em ETE, aplicao no solo e por fim, o processamento em unidades

    independentes de tratamento de lodo sptico, conforme instrues da Agncia

    Norte-Americana de Proteo ao Meio Ambiente (USEPA, 1994).

    J o Centre for Water Resources Studies (CWRS), rgo responsvel pelas

    pesquisas em guas da provncia de Nova Scotia no Canad, indica as medidas de

    tratamento acima citadas e aborda, mesmo que superficialmente, a utilizao dos

    processos de vermicompostagem e do Solar Aquatic Sistem SAS. Este ltimo

    processo est baseado no emprego de algas, arbustos e organismos como

    caramujos e camares de guas doces, como alternativa de tratamentos

    independentes de lodos spticos (CWRS, 1999).

    2.7.1 Tratamento em Estaes de Tratamento de Esgotos (ETEs)

    De acordo com Leite et al. (2006), os resduos de tanques spticos, por

    apresentarem uma elevada concentrao de poluentes em relao aos esgotos

    afluentes nas ETE, requerem certa dose de ateno. A prtica de sua disposio

    nas unidades de tratamentos de esgotos pode ocasionar choques de carga,

    comprometendo as etapas do processo. No entanto, esta opo ainda mostra-se

    vivel sob o ponto de vista econmico.

    Para esta alternativa, Jordo e Pessoa (1995) estabelecem que devem ser

    atendidas as seguintes caractersticas com relao s instalaes de tratamento:

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  • 36

    a) estar localizadas a distncias que tornem economicamente vivel o transporte

    do lodo;

    b) possuir capacidade disponvel de recebimento da carga excedente;

    c) controlar eficientemente a quantidade e a qualidade do material removido das

    fossas spticas.

    Leite et al. (2006) ainda comentam que a opo de disposio destes

    efluentes em unidades de tratamento de esgotos, mostra-se adequada no caso de

    grandes centros urbanos. Estas reas se caracterizam por apresentar estaes de

    tratamento de maior porte que atendem quase a totalidade da populao, tendo,

    portanto, uma maior facilidade em absorver o impacto pelo recebimento do lodo de

    tanques spticos.

    No entanto, os autores acima mencionados, orientam para esta opo,

    quando escolhida, que o resduo sptico seja despejado diretamente na entrada da

    estao de tratamento, iniciando o processo juntamente com o esgoto recebido, no

    necessitando, desta maneira, da construo de novos reatores ou sistemas. Porm,

    este procedimento pode antecipar as etapas futuras de expanso da estao e

    contribuir para maior quantidade na produo de lodo no final do tratamento.

    Uma outra opo sugerida a de misturar os resduos dos tanques spticos

    com o lodo da estao no tanque de adensamento, no havendo, assim, a

    necessidade dos lodos spticos passarem pelo processo de degradao biolgica

    novamente, pelo fato de j se apresentarem digeridos. Esta etapa evitaria os

    impactos da carga orgnica afluente ETE e evitaria tambm o assoreamento dos

    reatores; em seguida, o lodo seria desaguado, higienizado e devidamente disposto.

    Com relao aos custos de operao desta alternativa, Leite et al. (2006)

    realizaram um estudo comparativo entre os valores necessrios para o tratamento

    de lodos de tanques spticos em conjunto com os esgotos convencionais numa

    mesma unidade. Os autores tiveram como base a estao de tratamento de

    efluentes de Belm, localizada em Curitiba PR, que funciona pelo sistema de lodos

    ativados, atendendo a uma populao de 1.500.000 habitantes e possuindo um

    custo estimado de R$ 0,30 para cada quilograma de DQO removido. A unidade de

    tratamento processa 2.592.000 m de esgotos por ms e a simulao foi realizada

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  • 37

    com o intuito de se tratar mensalmente 3.301m de lodo sptico. A concluso que se

    obteve foi que os custos de operao aumentaram cerca de 6,17%. Porm, para

    cada metro cbico de esgoto a ser tratado, gastar-se-ia 36 vezes mais para se

    processar os lodos provenientes dos tanques spticos, na mesma estao.

    2.7.2 Uso agrcola em reas de no contato pblico

    De acordo com a Agncia de Proteo Ambiental dos Estados Unidos

    (USEPA, 1994), a aplicao dos lodos spticos no solo para uso agrcola um meio

    econmico e ecologicamente correto, que vem sendo aplicado em comunidades

    rurais norte-americanas que no possuam contato pblico, como em campos de

    agricultura, reas florestais e reas de recuperao ambiental. Isto se deve,

    principalmente, ao fato dos resduos spticos possurem nitrognio e fsforo como

    principais nutrientes e tambm apresentarem traos de elementos fertilizantes,

    conjuntamente com matria orgnica, que so fundamentais para o desenvolvimento

    dos vegetais.

    Para tal finalidade, a USEPA regulamentou a Lei Federal 40 CFR Part 503

    para a utilizao de lodo sptico em reas de no contato pblico e estabeleceu que

    os resduos aspirados por caminhes limpa-fossas sejam exclusivamente

    provenientes de tanques spticos de origem sanitria. Desta forma, esta medida

    veda quaisquer rejeitos de origem industrial e acrescenta outras condies que

    regulamentam a aplicao no solo destes rejeitos, tais como:

    a) o material a ser aplicado no solo deve ser formado exclusivamente por rejeitos

    spticos;

    b) a rea a ser aplicada no deve possuir contato pblico freqente (so

    recomendados os campos agrcolas, reas florestais e de recuperao

    ambiental);

    c) medidas de reduo de patgenos e de atrao de vetores devem ser

    efetuadas e seus respectivos registros arquivados por cinco anos;

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  • 38

    d) o proprietrio da rea deve se comprometer s restries impostas sobre

    colheita, pastagem de animais e acesso ao local;

    e) a quantidade de rejeitos spticos aplicada por rea no deve exceder s

    necessidades de nitrognio de cada cultivo;

    f) o responsvel pela aplicao do material ao solo deve seguir as condies

    vigentes de cada estado.

    A USEPA estabelece, ainda, medidas de reduo de contaminao de

    patgenos que devem ser tomadas. Entre elas, pode-se optar pela restrio de

    colheitas e acesso ao local, aps o lodo ser aplicado (conforme anexo B), ou, por

    intermdio de calagem, elevar o pH do lodo para 12 ou acima, nos prprios

    caminhes-tanques por um perodo, de no mnimo, 30 minutos antes de ser aplicado

    ao solo, em uma proporo de 2,4 kg de cal para cada 1000L de lodo sptico.

    J para a reduo de atrao de vetores, como pulgas, mosquitos e

    roedores que possam vir a transmitir doenas, a USEPA estipula que para a

    aplicao de lodos spticos em reas no pblicas, uma das seguintes opes deve

    ser acatada:

    a) injeo subsuperficial;

    b) incorporao (aplicao superficial seguido por lavragem do solo com absoro

    do material dentro de 6 horas);

    c) estabilizao com lcali (calagem na mesma proporo anteriormente citada).

    Um outro dado importante sobre a utilizao de lodo sptico em solos o

    volume mximo que pode ser aplicado anualmente, o qual est relacionado

    quantidade de nitrognio requerida pela espcie vegetal a ser cultivada.

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  • 39

    Este volume mximo calculado pela frmula abaixo, onde a Taxa Anual de

    Aplicao (TAA) representada por:

    0026,0)()//( vegetalpelorequeridonitrogniodelbquantidadeanoacregalesTAA =

    A Taxa Anual de Aplicao (TAA) representa o volume (em gales) de lodo

    de tanque sptico a ser aplicado por acre durante o perodo de um ano, conforme

    quantidade (em libras) de nitrognio exigida por vegetal, de acordo com o anexo C

    do presente trabalho. O valor 0,0026 do denominador um coeficiente estimado

    que relaciona a quantidade de nitrognio no solo tratado com lodo sptico a ser

    disponibilizada aos vegetais. Deve-se ressaltar que esta frmula limita tambm os

    valores de aplicao de poluentes inorgnicos presentes no lodo (USEPA, 1993).

    Todas as orientaes acima citadas foram estipuladas pelo governo federal

    norte-americano e estabelecem as condies essenciais exigidas para aplicao de

    lodo sptico para fins agrcolas, em reas de no contato pblico. Desta forma, cabe

    a cada estado regulamentar programas de monitoramento que incluam alguns

    parmetros a serem controlados em relao aos lodos, solos, aqferos e tecidos

    vegetais, bem como estabelecer os pontos e freqncias das amostragens.

    2.7.3 Processamento em unidades independentes de tratamento de lodo

    De acordo com a USEPA (1994), em situaes onde as unidades de

    tratamento de esgotos municipais estejam localizadas distantes ou que no sejam

    capazes de absorver uma carga orgnica adicional, a utilizao de unidades

    independentes de tratamento de lodos spticos torna-se justificvel.

    Apenas um pequeno nmero deste tipo de instalao existe nos Estados

    Unidos e tem como caracterstica ser mecanicamente complexa e incorporar muitos

    processos unitrios para lidar com as fraes lquidas e slidas do lodo.

    No Canad o uso de lagoas de estabilizao um fato comum, sendo estas

    unidades de tratamento extremamente variadas com relao ao projeto, operao e

    manuteno. Possuem a caracterstica de funcionar como um digestor facultativo ou

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  • 40

    anaerbio, que retm os slidos sedimentveis enquanto permitem que o

    sobrenadante seja removido para uma lagoa de polimento ou processado numa

    estao de tratamento de efluentes municipal. Isto caracteriza o processo como um

    sistema hbrido, uma vez que envolve, mediante autorizao, a utilizao de uma

    estao de tratamento de efluentes. Quanto aos slidos retidos na lagoa, os

    mesmos so estabilizados em condies anaerbias e devem ser removidos

    periodicamente.

    Outra abordagem bem sucedida utilizada em uma instalao privada na

    Pensilvnia (EUA) elevar o pH a 12 para alcanar a estabilizao do lodo,

    permitindo que os slidos se separem da frao lquida. Em seguida, o lodo

    desaguado atravs de filtros-prensa at atingir 40 a 45% de slidos e, a seguir,

    empilhado e revolvido mecanicamente para, posteriormente, ser aplicado em reas

    agrcolas, de acordo com as regulamentaes locais. Com relao parte lquida

    resultante do processo, a mesma descartada no sistema coletor de esgoto

    municipal, caracterizando este tratamento, assim como o anteriormente citado em

    um processo hbrido.

    A compostagem de lodos spticos tambm uma abordagem vivel para

    unidades independentes de tratamento em reas onde haja abundncia de agentes

    aglomerantes, como por exemplo, serragem ou cavacos de madeira e exista uma

    demanda na procura de produtos compostados, utilizados como condicionadores de

    solos. Neste processo, o lodo ento homogeneizado com materiais aglomerantes

    e disposto em pilhas estticas aeradas ou arranjado em leiras. No primeiro caso, o

    ar forado pela mistura lodo/agente aglomerante, usando um exaustor que,

    atravs de tubulaes, distribui o ar nas pilhas de material. Isto mantm as

    condies aerbias do sistema e auxilia no controle da temperatura e umidade. J

    no processo de compostagem por leiras, estes parmetros so controlados pelo

    revolvimento realizado por equipamentos especializados, onde a freqncia desta

    tarefa varia em funo das condies de oxignio, de temperatura e umidade do

    material, sendo revolvido de acordo com o caso, a cada um ou dois dias (USEPA,

    1994).

    O emprego de reatores anaerbios para a estabilizao de lodos de tanques

    spticos tambm tem se mostrado uma alternativa. Pinto (2006) realizou um trabalho

    de degradao biolgica de amostras de lodos spticos adicionadas a resduos

    slidos orgnicos da Central de Abastecimento de Florianpolis (SC), contendo

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  • 41

    restos de vegetais e um outro estudo contendo somente amostras de lodos de

    tanques spticos. Para o primeiro caso foi observada uma reduo de DQO de at

    69% e para os Slidos Volteis de at 88%. Enquanto que no estudo que envolvia

    apenas lodos de tanques spticos obteve-se uma reduo de 90% de DQO e de

    82% para os Slidos Volteis. Mesmo assim, os efluentes lquidos gerados

    necessitam de ps-tratamento para atender s exigncias legais.

    2.7.3.1 Incinerao

    O processo de incinerao envolve a queima de resduos a altas

    temperaturas na presena de oxignio, em que a frao orgnica voltil dos

    biosslidos ento reduzida, primariamente, a cinzas, representando

    aproximadamente 20% do volume original do lodo. Este procedimento destri

    praticamente todos os slidos volteis e agentes patgenos, degradando, assim, a

    maioria dos produtos txicos orgnicos, embora compostos como as dioxinas

    possam ser formados. Quanto aos metais, os mesmos no so degradados, e so

    concentrados nas cinzas e nas partculas em suspenso que esto contidas nos

    gases produzidos pelo processo.

    Nos Estados Unidos comum utilizar a incinerao como mtodo de

    assistncia para o processamento de biosslidos quando as demais alternativas de

    gerenciamento no podem ser implementadas, sendo geralmente utilizados os

    incineradores de mltiplas fornalhas e o de leito fluidizado. Este ltimo conhecido

    por possuir algumas vantagens quanto s emisses gasosas quando comparado ao

    incinerador de mltiplas fornalhas. Isto se deve a sua tecnologia mais avanada que

    resulta em uma combusto mais uniforme do material a ser incinerado.

    Antes de serem incinerados, os biosslidos devem, preferencialmente, ser

    desaguados, embora seja desnecessria a estabilizao dos mesmos, pois, tanto os

    processos anaerbios quanto os aerbios utilizados nesta etapa diminuem a poro

    voltil do lodo, aumentando, conseqentemente, o consumo de combustvel auxiliar

    no processo (USEPA, 1999).

    Um outro processo de combusto de biosslidos que merece destaque a

    coincinerao com resduos slidos municipais, que traz como maior vantagem a

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  • 42

    reduo de custos de operao. De acordo com Metcalf & Eddy (2005), este

    processo apresenta ainda o benefcio de gerar energia trmica necessria para se

    evaporar a gua do lodo, auxiliando, assim, a queima do material e fornecendo

    tambm um excesso de calor para a gerao de vapor sem o uso de combustveis

    fsseis. Para sistemas operando sem recuperao de calor, uma proporo de 1 kg

    de biosslidos desidratados para 4,6 kg de resduos slidos podem ser queimados

    em condies normais. Em casos onde requerido a recuperao de energia

    trmica, a proporo aproximadamente de 1 kg de biosslidos desidratados para 7

    kg de resduos slidos urbanos.

    No tocante ao impacto ambiental provocado pelos incineradores, este

    processo se caracteriza em apresentar um certo potencial poluidor com relao

    poluio atmosfrica, o qual pode ser dividido em emisso de odores e emisso de

    gases de combusto. Os primeiros so particularmente ofensivos aos sentidos

    humanos e uma ateno especial deve ser dirigida a fim de se minimizar seus

    incmodos. J a emisso dos gases produzidos pela combusto pode variar em

    funo do grau da tecnologia empregada e da natureza do lodo e do combustvel

    auxiliar utilizado. As emisses de especial interesse so os particulados, os xidos

    de nitrognio, alguns gases cidos e metais pesados.

    Portanto, dispositivos de controle de poluio atmosfrica, tais como

    depuradores de alta presso (scrubbers) ou precipitadores eletrostticos, so

    necessrios para proteger a qualidade do ar. Com relao s cinzas dos biosslidos,

    as mesmas podem ser dispostas em aterros sanitrios ou, de acordo com as

    disposies legais da regio, fazer parte da composio de agregados de concreto

    ou utiliz-las como fundente em usinas de beneficiamento de minrios

    (USEPA,1999).

    2.8 NORMAS TCNICAS E LEGISLAO APLICVEIS AOS TANQUESSPTICOS

    As instrues e preceitos legais aplicveis aos resduos originados em

    tanques spticos no estado de Santa Catarina resumem-se em:

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  • 43

    a) normas elaboradas pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT);

    b) orientaes legais fornecidas pela Resoluo Federal N. 357 de 17 de maro

    de 2005 e pelo Decreto Estadual N. 14.250 de 5 de junho de 1981.

    As normas da ABNT baseiam-se em projetos de sistemas spticos com a

    devida disposio dos efluentes lquidos gerados. J a Resoluo Federal 357 de

    17/03/05 foi estabelecida pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),

    enquanto que o Decreto Estadual n. 14.250 de 05/06/81 foi regulamentado pelo

    Governo do Estado de Santa Catarina. Estes dois ltimos documentos, embora no

    tenham sido desenvolvidos exclusivamente para o tratamento e disposio de

    rejeitos de tanques spticos, trazem a classificao e indicadores de manuteno

    dos corpos dgua em funo de seus usos preponderantes e estabelecem limites

    para os parmetros de lanamento de efluentes de qualquer fonte poluidora.

    2.8.1 Normas da ABNT

    Com relao s normas pertinentes aos tanques spticos, coube ABNT

    elaborar duas instrues: a NBR 7229/93 e a NBR 13969/97. Na primeira foram

    abordados essencialmente os temas relacionados aos parmetros de projetos,

    construo e operao dos tanques spticos com uma superficial abrangncia sobre

    a disposio dos efluentes e lodos gerados, tendo como indicao o tratamento em

    ETE, utilizao de leitos de secagem e disposio do lodo, quando seco, em aterros,

    usinas de compostagem e campos agrcolas. J a NBR 13969/97 trata de

    alternativas de procedimentos tcnicos de projetos, construo e operao de

    unidades de tratamento complementar e disposio final somente para efluentes

    lquidos de tanques spticos, havendo, portanto, uma lacuna sobre a disposio e

    tratamento de lodos spticos mais detalhada a ser preenchida pela prpria ABNT.

    De acordo com a mesma, ser elaborada uma terceira norma inicialmente nomeada

    com o seguinte ttulo: Tratamento e disposio final de slidos do sistema de

    tanque sptico, complementando o assunto e envolvendo, desta maneira, todos os

    procedimentos de tratamento do sistema de tanques spticos (ABNT, 1997).

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  • 44

    2.8.2 Legislao Federal e Estadual

    Em 29 de outubro de 2006 foi estabelecida pelo CONAMA a Resoluo N.

    375, que define os critrios e procedimentos para utilizao de lodos gerados em

    estaes de tratamento de esgotos sanitrios para fins agrcolas, desde que se

    obedea aos parmetros estabelecidos com relao : estabilizao do material,

    indicadores de agentes patgenos, concentraes de substncias inorgnicas e

    orgnicas potencialmente txicas, e finalmente, o devido potencial agronmico do

    lodo (BRASIL, 2006). Entretanto, ao contrrio da legislao europia e da

    americana, esta deliberao no contemplou, para tal finalidade, a utilizao dos

    lodos provenientes de tanques spticos, apesar de ser to ou mais restritiva que as

    normas internacionais citadas. Resta assim, como instrumento para orientao, a

    Resoluo N. 357 de 17/03/2005 tambm estabelecida pelo CONAMA (BRASIL,

    2005). Apesar de no possuir um carter especfico relacionado aos tanques

    spticos, esta resoluo traz consigo valores de emisso de efluentes observando-

    se a classificao do corpo dgua receptor, podendo, desta forma, nortear os

    lanamentos de resduos provenientes de sistemas decanto-digestores.

    Quanto legislao vigente no Estado de Santa Catarina, em 1981, foi

    elaborado o Decreto n. 14.250 regulamentando dispositivos referentes Proteo

    e Melhoria da Qualidade Ambiental instituindo, assim como a resoluo federal

    acima citada, a classificao dos corpos dgua de acordo com sua utilizao e

    fixando os limites mximos dos parmetros de lanamento de efluentes. Este

    decreto, apesar de no determinar valores de lanamento para a amnia, apresenta

    a concentrao limite de fsforo no caso de efluentes destinados a trechos de

    corpos dgua contribuintes de lagoas, lagunas e esturios. O Decreto acrescenta,

    ainda, o limite mximo de 60 mg/L para a DBO5, que ser eventualmente

    ultrapassado no caso de efluentes de sistemas de tratamento de guas residurias

    que reduzam a