florianópolis 2008 easy pdf creator is professional ... · caso do teor de óleos e graxas, a...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITRIA
E AMBIENTAL
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM
ENGENHARIA AMBIENTAL
AVALIAO DAS CARACTERSTICAS FSICO-QUMICAS E BIOLGICAS DOS
RESDUOS DE TANQUES SPTICOS COLETADOS POR CAMINHES LIMPA-
FOSSAS NA CIDADE DE TUBARO-SC.
Florianpolis
2008
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ANTNIO ROGRIO MACHADO JNIOR
AVALIAO DAS CARACTERSTICAS FSICO-QUMICAS E BIOLGICAS DOS
RESDUOS DE TANQUES SPTICOS COLETADOS POR CAMINHES LIMPA-
FOSSAS NA CIDADE DE TUBARO-SC.
Dissertao apresentada ao Programade Ps Graduao em EngenhariaAmbiental da Universidade Federal deSanta Catarina, como requisito parcialpara obteno do Grau de Mestre emEngenharia Ambiental.
Orientador: Prof. Flvio Rubens Lapolli, Dr.
Florianpolis
2008
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AVALIAO DAS CARACTERSTICAS FSICO-QUMICAS E BIOLGICAS DOS
RESDUOS DE TANQUES SPTICOS COLETADOS POR CAMINHES LIMPA-
FOSSAS NA CIDADE DE TUBARO-SC.
ANTNIO ROGRIO MACHADO JNIOR
Dissertao submetida ao corpo docente do Programa de Ps-Graduao em
Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina como parte dos
requisitos necessrios para a obteno do grau de
MESTRE EM ENGENHARIA AMBIENTAL
na rea de Tecnologias de Saneamento Ambiental.
Aprovado por:
__________________________________
Prof. Carlos Jos de Carvalho Pinto, Dr.
__________________________________
Prof. Maria ngeles Lobo Recio, Dra
__________________________________
Prof. Rejane Helena Ribeiro da Costa, Dra
________________________________ __________________________________
Prof. Sebastio Roberto Soares, Dr. Orientador: Prof. Flvio Rubens Lapolli Dr.
(Coordenador)
FLORIANPOLIS, SC BRASIL
Agosto/2008
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Dedico este trabalho a toda a minhafamlia em gratido pela pacincia eapoio despendidos.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo primeiramente a Deus, a meu pai (in memoriam), minha me,
minhas irms, minha querida esposa Luciana pela pacincia e dedicao, meu
querido filhinho, ao meu sogro (in memoriam) e minha sogra e aos meus irmos por
lei e afeto (cunhados) e suas respectivas esposas.
Agradeo tambm aos professores, e ao meu orientador por ter aceitado
o meu projeto de pesquisa, aos prezados colegas de turma, em especial, Lucila
Adriani Coral, Fernanda Campello, Iracema Maia e Mariele Jungles.
Arlete Medeiros e D.a Eliane do Laboratrio Integrado de Meio Ambiente
LIMA pelo apoio, infra-estrutura e pacincia.
Aos membros formadores da banca examinadora: Profa. Maria ngeles
Lobo Recio, Profa. Rejane Helena Ribeiro da Costa e em especial ao Prof. Carlos de
Carvalho Pinto do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFSC pelo
apoio e considerao.
Ao pessoal da UNISUL, especialmente ao Prof. Dr. Amilton de Bem,
Mrcia Michels, Volnei Stpp, meu colega e amigo de infncia Prof. Dr. Rodrigo
Rebelo Peters e, por fim, s empresas participantes do trabalho.
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RESUMO
AVALIAO DAS CARACTERSTICAS FSICO-QUMICAS E BIOLGICAS DOS
RESDUOS DE TANQUES SPTICOS COLETADOS POR CAMINHES LIMPA-
FOSSAS NA CIDADE DE TUBARO-SC.
A disposio inadequada dos resduos provenientes de tanques spticos no
municpio de Tubaro, no estado de Santa Catarina, tem causado vrios danos
ambientais no s comunidade local, como tambm aos municpios vizinhos. Por
este motivo, foi desenvolvido um estudo no qual foram avaliadas as caractersticas
fsico-qumicas e biolgicas de tais resduos, buscando desta maneira avaliar o
potencial de poluio e proporcionar conhecimento de informaes primrias para
alternativas de tratamento. Para tal finalidade, foram analisadas vinte e uma
amostras de tanques spticos das cinco companhias que realizam a aspirao
destes rejeitos originados tanto em residncias como em empreendimentos
comerciais e industriais. Os parmetros analisados foram: pH, DBO, DQO, slidos
totais, teores de nitrognio e fsforo, leos e graxas, coliformes, helmintos e metais
como o cromo, cobre, mangans e zinco. Os resultados das anlises mostraram-se
compatveis com os dados da literatura consultada referentes aos lodos de tanques
spticos, comprovando as caractersticas poluidoras destes rejeitos. Foram
encontrados, por exemplo, valores mdios de DBO na faixa de 3.500 mg/L,
enquanto que a DQO mdia atingiu 19.600 mg/L. Para o nitrognio total e para o
ortofosfato, as mdias foram de 114,84 mg/L e 70,12 mg/L, respectivamente. No
caso do teor de leos e graxas, a mdia situou-se em 521 mg/L. Para os metais
analisados foi obtido uma mdia de 3,56 mg/L para o cromo, 5,67 mg/L para o
mangans, 3,82 mg/L para o cobre e 3,44 mg/L para o zinco. Todos os parmetros
analisados ultrapassaram os valores limites para lanamento de efluentes
estabelecidos tanto pela legislao de Santa Catarina como pelas leis federais.
Palavras-chave: Caractersticas de resduos spticos. Tanques spticos.
Caminhes limpa-fossas.
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ABSTRATCT
EVALUATION OF PHYSICAL-CHEMICAL AND BIOLOGICAL
CHARACTERISTICS WASTE OF SEPTICS TANKS COLLECTED BY SEPTAGE
HAULER TRUCKS IN THE CITY OF TUBARO-SC.
The improper disposal of waste from septic tanks in the municipality of Tubaro, in
Santa Catarina state, has caused several environmental damages not only to the
local community, but also to neighboring counties. For this reason, this study was
conducted to assess the physical-chemical and biological characteristics of these
wastes, attempting to evaluate pollution strength and provide primary data for
alternatives for treatment. For this purpose, twenty-one septic tanks samples were
analyzed from five companies that perform domestic septage aspiration. The
parameters analyzed were: pH, BOD, COD, total solids, levels of nitrogen and
phosphorus, oils and greases, coliform, helminths and metals such as chromium,
copper, manganese and zinc. Test results have proved compatible with domestic
septage consulted literature pointing out its pollution strength. In the parameters
analysis were found, for example, average values of BOD in the range of 3.500 mg/L,
while the average COD reached 19.600 mg/L. For the total nitrogen and the
orthophosphate, the average was 114,84 mg/L and 70,12 mg/L respectively. In the
case of the content of oils and greases, the average stood at 521 mg/L. For metals
analyzed was obtained an average of 3,56 mg/L for chromium, 5,67 mg/L for
manganese, 3,82 mg/L for copper and 3,44 mg/L for zinc. All parameters examined
exceeded effluents releasing limits established by the legislation both of Santa
Catarina state and by federal laws.
Keywords: Domestic septage characteristics. Septic tanks. Septage hauler trucks.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Esquema de funcionamento de um tanque sptico (Fonte: ABNT, 1993). .25
Figura 2 Aspirao de tanque sptico e coleta de material.......................................51
Figura 3 Distribuio do pH nas amostras analisadas. .............................................62
Figura 4 Distribuio da alcalinidade total nas amostras analisadas. .......................63
Figura 5 Distribuio da condutividade nas amostras analisadas.............................65
Figura 6 Distribuio da concentrao de coliformes fecais nas amostras
analisadas. ..................................................................................................66
Figura 7 Distribuio da concentrao de DBO nas amostras analisadas................67
Figura 8 Distribuio da concentrao da DQO nas amostras analisadas. ..............68
Figura 9 Comparao de valores de DQO e DBO por amostras. .............................70
Figura 10 Concentrao das diferentes formas de nitrognio...................................71
Figura 11 Distribuio da concentrao do nitrognio amoniacal nas amostras
analisadas. ................................................................................................72
Figura 12 Distribuio da concentrao do nitrognio na forma de nitrato nas
amostras analisadas. ................................................................................73
Figura 13 Distribuio da concentrao do nitrognio total nas amostras analisadas.
..................................................................................................................................74
Figura 14 Distribuio da concentrao do ortofosfato nas amostras analisadas.....75
Figura 15 Distribuio da concentrao do teor de leos e graxas nas
amostras analisadas. ................................................................................76
Figura 16 distribuio da presena de helmintos nas amostras analisadas. ............78
Figura 17 Ovos de Ascaris lumbricoides e de Trichuris trichiura, respectivamente,
encontrados nas amostras n. 3 e 4. .........................................................78
Figura 18 Distribuio dos slidos sedimentveis nas amostras analisadas. ...........80
Figura 19 Grfico comparativo dos teores dos slidos totais, slidos fixos e
slidos volteis nas amostras....................................................................80
Figura 20 Distribuio dos valores dos slidos totais, slidos fixos e slidos
volteis nas amostras................................................................................81
Figura 21 Comparativo dos teores dos slidos suspensos, slidos suspensos
fixos e slidos suspensos volteis nas amostras. .....................................83
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Figura 22 Distribuio dos valores dos slidos suspensos, slidos suspensos
fixos e slidos suspensos volteis nas amostras. .....................................84
Figura 23 Distribuio da concentrao do cromo nas amostras analisadas............86
Figura 24 Distribuio da concentrao do cobre nas amostras analisadas.............87
Figura 25 Distribuio da concentrao do mangans nas amostras analisadas.....88
Figura 26 Distribuio da concentrao do zinco nas amostras analisadas. ............89
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Principal destino de fezes e urina por nmero de domiclios em 2006.......23
Tabela 2 Caractersticas gerais dos lodos de tanques spticos................................27
Tabela 3 Composio mdia da urina e concentraes de seus componentes........29
Tabela 4 Concentraes de metais em mg/L encontrados em lodos spticos
segundo Leite et al. e USEPA. ...................................................................31
Tabela 5 Presena de patgenos em lodos de idades diferentes.............................32
Tabela 6 Padres de lanamento de efluentes segundo legislaes Federal e
Estadual (principais parmetros)................................................................45
Tabela 7 Valores limites de concentrao de poluentes em lodos
para uso agrcola........................................................................................48
Tabela 8 Valores limite para quantidades anuais de metais pesados aplicados
nos solos baseando-se em uma mdia de dez anos. ................................49
Tabela 9 Nmero de amostras cedidas por empresa ...............................................50
Tabela 10 Valores dos parmetros e suas principais caractersticas estatsticas.....58
Tabela 11 Parmetros analisados por amostras.......................................................59
Tabela 12 Anlise de slidos ....................................................................................60
Tabela 13 Anlise de elementos-trao inorgnicos...................................................61
Tabela 14 Valores limites de E. coli encontrados no presente estudo
comparados a diferentes referncias. ......................................................66
Tabela 15 Relao DQO/DBO ..................................................................................69
Tabela 16 Valores estatsticos dos Slidos...............................................................81
Tabela 17 Comparao de valores das amostras e valores da ................................82
Tabela 18 Valores estatsticos dos Slidos...............................................................83
Tabela 19 Comparao de valores das amostras e valores da USEPA ...................85
Tabela 20 Concentraes mximas de metais permitidas pelo CONAMA e pelo
estado de Santa Catarina nas emisses de efluentes por nmero de
amostras que excederam este limite........................................................90
Tabela 21 Valores encontrados pela USEPA comparados aos valores da
amostras analisadas. ...............................................................................91
Tabela 22 Teste Shapiro-Wilk de normalidade. ........................................................92
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Tabela 23 Matriz de correlao entre os principais parmetros atravs do
coeficiente de Spearman R....................................................................93
Tabela 24 Interpretao dos valores de correlao R. ...........................................93
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
APHA American Public Health Association
AWWA AMERICAN WATER WORKS ASSOCIATION
CEE Comunidade Econmica Europia
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CWRS Centre for Water Resources Studies
DBO Demanda Bioqumica de Oxignio
DNA cido Desoxirribonucleico
DQO Demanda Qumica de Oxignio
ETE Estao de Tratamento de Esgotos
EUA Estados Unidos da Amrica
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IDH ndice de Desenvolvimento Humano
LARA Laboratrio de Reuso de guas
NTK Nitrognio Total Kjeldahl
OPAS Organizao Pan-Americana de Sade
pH Potencial Hidrogeninico
PIB Produto Interno Bruto
PMT Prefeitura Municipal de Tubaro
PNADE Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclio
PET Politereftalato de Etila
RNA cido Ribonucleico
SIAB Sistema de Informao da Ateno Bsica
USEPA United States Environmental Protection Agency
WEF World Economic Forum
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SUMRIO
1 INTRODUO.....................................................................................131.1 OBJETIVOS.......................................................................................................15
1.2 JUSTIFICATIVA.................................................................................................16
2 REVISO BIBLIOGRFICA ...............................................................182.1 EVOLUO DO SANEAMENTO.......................................................................18
2.2 SANEAMENTO NO BRASIL..............................................................................20
2.3 SANEAMENTO NO ESTADO DE SANTA CATARINA......................................21
2.4 SANEAMENTO NO MUNICPIO DE TUBARO ...............................................22
2.5 TANQUES SPTICOS.......................................................................................24
2.6 CARACTERSTICAS DOS LODOS SPTICOS ................................................26
2.6.1 Caractersticas gerais dos lodos originados em decanto-digestores ......26
2.6.2 Composio qumica ....................................................................................28
2.6.2.1 Constituintes fecais ......................................................................................28
2.6.2.2 Elementos-trao metlicos ...........................................................................29
2.6.3 Caractersticas biolgicas............................................................................31
2.6.3.1 Bactrias .....................................................................................................32
2.6.3.2 Vrus..............................................................................................................33
2.6.3.3 Protozorios .................................................................................................33
2.6.3.4 Helmintos .....................................................................................................34
2.7 ALTERNATIVAS PARA TRATAMENTO E DISPOSIO DE LODOS
DE TANQUES SPTICOS.................................................................................34
2.7.1 Tratamento em Estaes de Tratamento de Esgotos (ETEs)....................35
2.7.2 Uso agrcola em reas de no contato pblico ..........................................37
2.7.3 Processamento em unidades independentes de tratamento de lodo ......39
2.7.3.1 Incinerao...................................................................................................41
2.8 NORMAS TCNICAS e LEGISLAO APLICVEIS AOS
TANQUES SPTICOS.......................................................................................42
2.8.1 Normas da ABNT...........................................................................................43
2.8.2 Legislao Federal e Estadual .....................................................................44
2.8.3 Legislao internacional ..............................................................................46
2.8.3.1 Legislao norte-americana .........................................................................46
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2.8.3.2 Legislao europia .....................................................................................48
3 MATERIAIS E MTODO .....................................................................503.1 PROCEDIMENTOS DE COLETA ......................................................................50
3.2 PARMETROS E EQUIPAMENTOS.................................................................51
3.3 MTODOS DE ANLISE...................................................................................52
3.3.1 Determinao do pH e da condutividade....................................................52
3.3.2 Determinao da alcalinidade total .............................................................52
3.3.3 Determinao da Demanda Qumica de Oxignio DQO..........................53
3.3.4 Determinao da Demanda Bioqumica de Oxignio DBO5 ...................53
3.3.5 Determinao de nitrognio total, nitrognio amoniacal e
nitrognio nitrato...........................................................................................53
3.3.6 Determinao de ortofosfato........................................................................54
3.3.7 Determinao dos slidos............................................................................54
3.3.8 Determinao de leos e graxas..................................................................54
3.3.9 Determinao de coliformes fecais e de Escherichia coli.........................55
3.3.10 Anlise de helmintos ..................................................................................56
3.3.11 Anlise de elementos-trao metlicos ......................................................56
3.4 TRATAMENTO ESTATSTICO DAS AMOSTRAS.............................................57
4 Resultados E Discusso ...................................................................584.1 AVALIAO QUALITATIVA DAS AMOSTRAS ANALISADAS..........................62
4.1.1 pH...................................................... ..............................................................62
4.1.2 Alcalinidade total...........................................................................................63
4.1.3 Condutividade ...............................................................................................64
4.1.4 Coliformes totais e Escherichia coli............................................................65
4.1.5 Demanda bioqumica de oxignio DBO ...................................................67
4.1.6 Demanda qumica de oxignio - DQO .........................................................68
4.1.7 Nitrognio ......................................................................................................70
4.1.7.1 Nitrognio amoniacal....................................................................................71
4.1.7.2 Nitrato 73
4.1.7.3 Nitrognio total .............................................................................................74
4.1.8 Ortofosfato.....................................................................................................75
4.1.9 Teor de leos e graxas - TOG ......................................................................76
4.1.10 Presena de helmintos ...............................................................................77
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4.1.11 Slidos .........................................................................................................79
4.1.11.1 Slidos sedimentveis................................................................................79
4.1.11.2 Slidos totais, slidos fixos e slidos volteis ............................................80
4.1.11.3 Slidos suspensos, slidos suspensos fixos e slidos suspensos
volteis..... ..................................................................................................82
4.1.12 Elementos-trao metlicos.........................................................................85
4.1.12.1 Cromo..... ...................................................................................................86
4.1.12.2 Cobre...........................................................................................................87
4.1.12.3 Mangans ..................................................................................................88
4.1.12.4 Zinco...... ....................................................................................................89
4.1.12.5 Concentraes limites dos metais encontrados .........................................90
4.2 PRINCIPAIS CORRELAES ENTRE OS PARMETROS ANALISADOS .....92
4.2.1 Avaliao dos parmetros correlacionados ...............................................93
4.3 AVALIAO QUANTITATIVA DAS AMOSTRAS ..............................................95
4.4 TRATAMENTO E DESTINAO FINAL DO LODO: SITUAO E
SOLUO.........................................................................................................95
5 CONCLUSES .................................................................................98
6 RECOMENDAES.......................................................................100
7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..............................................101
8 APNDICES....................................................................................108
9 ANEXOS .........................................................................................109
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1 INTRODUO
Os tanques spticos ou decanto digestores tm a finalidade de proporcionar
um tratamento primrio aos efluentes domsticos atravs da decantao dos slidos
e da reteno de materiais graxos. Este processo promove uma estabilizao dos
componentes do resduo, atenuando suas caractersticas nocivas no meio ambiente
(JORDO; PESSOA, 1995). Porm, com o decorrer da utilizao, os tanques
spticos passam a acumular materiais resultantes da degradao dos efluentes
coletados at que sejam removidos em perodos de meses ou anos. Para efetuar
este procedimento, utiliza-se o emprego de caminhes limpa-fossas que efetuam a
suco do material contido nos tanques.
Dados apresentados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclio
(PNADE) realizada em 2006, demonstraram que 48,5% das residncias brasileiras
apresentavam rede coletora de esgoto. No caso de Santa Catarina, apenas 11,49 %
dos domiclios particulares permanentes possuam rede para coleta de esgotos
(IBGE, 2006). No municpio de Tubaro, localizado no sul do Estado de Santa
Catarina, no h redes de coleta ou unidades de tratamento de esgotos. Os
sistemas de tratamento utilizados so individuais e 68,38% das famlias cadastradas
no Sistema de Informao da Ateno Bsica (SIAB) possuem tanques spticos
(SIAB, 2006). Os rejeitos retirados destas unidades acabam dispostos em locais no
apropriados para esta finalidade, sendo muitas vezes destinados em valas abertas,
margens de rios, redes pluviais ou terrenos baldios. Verificou-se, de acordo com as
informaes das empresas coletoras, que aproximadamente 288 m3 de rejeitos
spticos so aspirados mensalmente provenientes de residncias e dos mais
diversos setores da economia local, tais como: fbricas, clnicas mdicas, hospitais,
postos de combustveis e oficinas mecnicas.
O impacto poluidor causado pelo lanamento desses rejeitos no meio
ambiente deve ser avaliado buscando-se melhor conhecer a problemtica, bem
como apontar solues para amenizar a situao. Neste contexto, esta pesquisa foi
realizada com o intuito de avaliar as caractersticas fsico-qumicas e biolgicas dos
lodos de tanques spticos coletados no municpio de Tubaro, por caminhes limpa-
fossas, abrangendo os aspectos qualitativos e quantitativos de seus poluentes. Para
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14
tanto, foram analisados alguns parmetros como: DBO, DQO, nitrognio total,
amoniacal e em forma de nitrato, porcentagem de slidos e de ortofosfato, teor de
leos e graxas, alcalinidade total, pH, condutividade, alm dos metais cromo, cobre,
mangans, zinco e magnsio. Quanto aos parmetros biolgicos, foram levantados
os nmeros mais provveis de coliformes totais e fecais e tambm foi avaliada a
presena de helmintos encontrados nas amostras.
Foram analisadas vinte e uma amostras coletadas das cinco companhias
atuantes no municpio. Estas empresas no realizam a segregao do material
coletado e misturam, num mesmo caminho-tanque, resduos de origens
diversificadas.
Os estudos bibliogrficos permitiram avaliar e sugerir tecnologias de
tratamento mais apropriadas para serem aplicadas ao cenrio estudado.
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15
1.1 OBJETIVOS
Objetivo geral
Avaliar as caractersticas fsico-qumicas e biolgicas do lodo de tanques
spticos coletado por caminhes limpa-fossas, na cidade de Tubaro SC.
Objetivos especficos
Avaliar as caractersticas fsico-qumicas e biolgicas de lodos de caminhes
limpa-fossas;
Estimar a quantidade de lodo de tanque sptico coletada por caminhes
limpa-fossas na cidade de Tubaro SC;
Correlacionar parmetros relativos ao interesse da Engenharia Sanitria e
Ambiental
Apresentar alternativas de tratamento e destinao para lodos de tanques-
spticos.
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16
1.2 JUSTIFICATIVA
Muitas doenas que afetam o corpo humano podem ser causadas por
microorganismos presentes na gua e no solo. A gua, se bebida diretamente de um
rio, lago ou outra fonte natural, poder conter agentes patgenos responsveis pela
manifestao de diarrias, verminoses intestinais ou doenas mais graves como a
hepatite e a clera. Da mesma forma, o simples fato de se andar descalo pela terra
em contato com microorganismos poder levar contaminao de germes capazes
de penetrar no corpo humano atravs da pele (CAVINATTO, 2003).
O ser humano, por sua vez, no consegue viver longe da gua que bebe e
dos resduos que produz. Apesar de haver uma constante evoluo estabelecida na
rea do saneamento, essa uma das preocupaes que insiste em acompanhar as
civilizaes desde a era mais remota, tendo em vista o distanciamento do
desenvolvimento urbano, diante das condies de infra-estrutura relacionadas ao
saneamento bsico encontradas no pas.
A disposio inadequada dos rejeitos coletados em tanques spticos na
cidade de Tubaro SC agrava ainda mais a situao do saneamento no municpio,
pois, em 2006, apenas 20,62% das famlias possuam esgotos canalizados,
enquanto que 70,37% utilizavam fossa sptica como sistema de tratamento (SIAB,
2006).
Com relao origem dos resduos coletados nos tanques spticos, os
mesmos so formados pela contribuio dos esgotos provenientes de residncias,
indstrias, estabelecimentos comerciais e at hospitais. So constitudos de matria
orgnica em decomposio, apresentando ainda restos de comida, fezes,
detergentes e uma variedade de agentes patognicos. Ferreira et al. (1999) afirmam
que tambm pode haver a ocorrncia de metais pesados, leos, graxas, defensivos
agrcolas bem como traos de combustveis e de medicamentos.
A falta de condies adequadas para o destino desse tipo de rejeito pode
eventualmente expor a comunidade a uma srie de doenas infecciosas e
parasitrias, podendo levar o homem inatividade ou reduzir sua potencialidade
para o trabalho, transformando o indivduo produtivo em uma responsabilidade para
a sociedade.
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17
Desta forma, uma abordagem que busque aprofundar o conhecimento dos
rejeitos originados em tanques spticos recolhidos por caminhes limpa-fossas,
estudando alternativas para a sua gesto e tratamento, poder, sobretudo, contribuir
para a qualidade de vida dos habitantes e para a preservao do meio ambiente.
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18
2 REVISO BIBLIOGRFICA
2.1 EVOLUO DO SANEAMENTO
A busca incessante pela obteno de gua potvel que a humanidade tanto
almeja compatvel com a necessidade de manter afastados os resduos que ela
mesma produz. Embora tenha-se desenvolvido mtodos de coleta de gua e
disposio de resduos durante a evoluo da espcie humana, o assunto
permanece em estudo at os dias de hoje.
O homem primitivo desenvolveu tcnicas simples de coleta de gua das
chuvas, dos rios e dos lagos e, enquanto nmade, deixava restos de comidas e
dejetos acumulados nas prprias habitaes. Posteriormente, quando comeou a se
fixar em propriedades, houve a necessidade de se manter a moradia em nveis de
higiene que tornassem possvel sua habitao, eliminando para o exterior os
resduos resultantes de suas atividades que giravam em torno da caa e da pesca.
No entanto, a quantidade de detritos produzidos ainda era insuficiente para causar
algum dano ambiental devido ao fato dos hbitos da populao na poca, serem
extremamente simples. O homem consumia somente o essencial a sua
sobrevivncia, alm de haver um nmero muito reduzido de habitantes na poca. A
partir do momento que o ser humano desenvolveu a agricultura, passando ento a
praticar o desmatamento, houve o incio da modificao dos recursos naturais como
o solo e a gua. Sendo assim, os locais propcios lavoura e criao de animais
no eram mais abandonados, fixando definitivamente o homem a terra e atraindo
cada vez mais indivduos para um determinado local, criando assim as primeiras
aldeias e comunidades. Conseqentemente, o acmulo de lixo, esgotos e outros
detritos favoreceram a proliferao de animais como ratos e insetos, contribuindo
para a poluio de rios e lagos (CAVINATO 2003).
Mesmo na antiguidade, algumas civilizaes como a egpcia j
manifestavam alguns princpios de saneamento, existindo cidades que possuam
canais para escoamento das guas servidas das habitaes, encaminhando-as para
os rios. Na Roma antiga, de acordo com Leme (1982), havia um sistema de
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captao de gua atravs de aquedutos que visava ampliao do sistema de
abastecimento pblico, uma vez que o Rio Tibre havia sido amplamente explorado,
ao ponto de no ser mais possvel captar sua gua para consumo. Desta forma, o
mencionado rio foi destinado como corpo receptor de toda a descarga de dejetos
provenientes das galerias de esgoto da ento denominada cloaca mxima, assim
chamado o canal tronco da imensa rede coletora de guas pluviais e de esgotos que
se encontra ativa at os dias de hoje.
Com uma crescente carga de dejetos sendo depositada em torno dos
povoados, o aparecimento de certas doenas no tardou em surgir. Foi atravs do
senso lgico que os povos das civilizaes greco-latinas conseguiram estabelecer
uma analogia entre o surgimento de algumas enfermidades e a falta de saneamento.
Os gregos foram os primeiros a estabelecer uma ligao entre os pntanos e as
doenas. Esta relao ficaria, sculos mais tarde, conhecida como a Teoria dos
Miasmas, na qual se baseava que emanaes malficas provenientes do solo
seriam as causas do surgimento de certas doenas. O termo malria, que significa
literalmente mal aire procede deste conceito, ou seja, o agente etiolgico ou
causador da morbidade era proveniente dos miasmas. Esta teoria obteve aceitao
geral como elemento causador das doenas, at ser substituda pela teoria dos
germes no sculo XVII (HENRI; HEINKE, 1999).
Na Idade Mdia, a remoo dos dejetos humanos e a higiene de modo geral
eram extremamente precrias. As noes de higiene dos camponeses e senhores
feudais ainda eram semelhantes s de seus antepassados. Pessoas defecavam a
cu aberto e entre as casas espalhando mau cheiro e favorecendo a transmisso de
doenas. Com o incio da Revoluo Industrial, em meados do sculo XVIII, a
situao tornou-se ainda pior, pois as cidades necessitavam da mo-de-obra
qualificada, concentrando a populao nos centros urbanos. As moradias ficavam
superlotadas e as condies sanitrias no acompanhavam o desenvolvimento das
indstrias. Os detritos eram, ento, acumulados durante o ms, sendo
posteriormente depositados em reservatrios pblicos.
J na Idade Moderna, alguns pases como a Frana e a Alemanha passaram
a obrigar o uso de latrinas providas de fossa. Em Londres, no ano de 1830, os
rejeitos domsticos eram despejados no Rio Tmisa, atravs de tubulaes
instaladas pelas companhias de gua. Entretanto, com o aumento da populao e,
apesar destes efluentes serem provenientes de fossas spticas, o rio j no
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apresentava nveis de autodepurao satisfatrios, levando proibio dos
lanamentos de esgotos sem tratamento prvio, no ano de 1876 (DACACH, 1982).
2.2 SANEAMENTO NO BRASIL
As primeiras aes tomadas com relao ao saneamento no pas tiveram
incio no perodo colonial, com a criao de leis que determinavam medidas de
higiene como a limpeza das ruas e dos quintais. Com a vinda da famlia real
portuguesa, em 1808, os portos eram obrigados a fiscalizar a entrada de navios com
pessoas doentes, aumentando ainda mais os cuidados com as questes de higiene.
O pas foi ainda uma das primeiras naes do mundo a instalar o sistema de coleta
de gua de chuva, limitando-se, entretanto, zona aristocrtica da cidade do Rio de
Janeiro (CAVINATTO, 2003). Todavia, mesmo as casas mais sofisticadas seguiam
os costumes dos europeus, no possuindo sanitrios. Havia nas residncias barris
de madeira denominados cubos, que permaneciam nos fundos do terreno para
armazenamento das excretas. Depois de cheios, estes recipientes eram conduzidos
noite para serem depositados em reas prximas e lavados para novamente
serem utilizados. Este trabalho era efetuado por escravos que recebiam a
denominao de tigres e eram evitados a todo custo pelos habitantes que tinham
receio de se contaminar (DACACH, 1982).
Com o crescente aumento da populao em torno das cidades, a situao
no pas tenderia ainda a piorar. De acordo com Rezende e Heller (2002), a cidade
do Rio de Janeiro tornara-se uma regio to insalubre que as elites mudavam-se
para as regies serranas, durante o vero, fugindo da febre amarela que assolava a
capital do Imprio. No sculo XX, apesar do desenvolvimento ser evidente na nao,
a situao sanitria continuava precria a ponto de ser equacionada por Hochman
(1998 apud REZENDE; HELLER, 2002) da seguinte forma: Brasil = Sertes +
Hospital. Os sertes que comeavam nos arredores das cidades e se espalhavam
pelo interior do pas, eram o lugar de origem de uma populao acometida por trs
endemias: ancilostomase, malria e doena de Chagas. De outro lado, os hospitais
eram representados pelas cidades insalubres e transmissoras de outro trinmio de
epidemias: a febre amarela, a varola e a peste bubnica.
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Hoje, percebe-se que no pas as questes relacionadas ao saneamento so
privilgios de poucos. Muitas vezes as valas, crregos e fossas que transbordam,
acabam por ser as nicas alternativas que restam aos habitantes. Na verdade, a
infra-estrutura de saneamento bsico necessria parar servir populao com gua
potvel, recolhimento de lixo e esgoto nunca acompanhou a taxa de crescimento
das reas urbanas (vide anexo A). De acordo com Lobo (2003), mais da metade das
residncias urbanas onde a renda familiar variava entre meio e um salrio mnimo
no possuam nenhum tipo sequer de servio de saneamento, no ano de 2003.
Apenas 40% da populao do pas eram atendidas com a coleta de esgoto sanitrio,
sendo que menos de 20% do que era coletado era tratado. Em 2006, os dados
apresentados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclio (PNADE),
demonstraram que 48,5% dos municpios brasileiros apresentavam rede coletora de
esgoto (IBGE, 2006).
Na realidade, a precariedade das condies de saneamento de alguns
subrbios e muitos municpios to intensa, que as prioridades da populao
recm-chegada s reas urbanas passam a ser a busca pelo fornecimento de gua
e energia eltrica, em detrimento da coleta e disposio dos esgotos.
2.3 SANEAMENTO NO ESTADO DE SANTA CATARINA
Santa Catarina est localizada no sul do Brasil, possuindo como capital a
cidade de Florianpolis. Sua rea territorial de 95.346.181 Km2 com uma
populao de 5.866.568 habitantes. O estado apresenta uma economia
diversificada, tendo como destaque a agricultura, a indstria e o turismo, ocupando o
stimo lugar na participao do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, apresentando
ainda um dos maiores ndices de Desenvolvimento Humano (IDH) do pas (IBGE,
2005).
De acordo com a Organizao Pan-Americana de Sade (OPAS), o acesso
ao esgotamento sanitrio varia em funo do IDH e do PIB per capita. medida que
o IDH decresce, tambm decresce a proporo da populao com esgotamento
sanitrio (OPAS, 2005). No entanto, as questes relacionadas ao saneamento
bsico ainda apresentam um desafio ao estado de Santa Catarina. Conforme o
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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), em 2006 somente 11,49 % dos
domiclios particulares permanentes possuam rede para coleta de esgotos,
enquanto 8,9% despejavam esgoto em cu aberto (IBGE, 2006).
O volume de esgotos sanitrios lanado em corpos dgua ou no solo
constitui uma carga expressiva de organismos patognicos, excretados por
indivduos infectados no meio ambiente, transmitindo aos seres humanos grande
quantidade de bactrias, vrus, protozorios e helmintos patognicos (GONALVES
et al., 2003). Segundo dados do Ministrio da Sade, em 2002 o nmero de
internaes hospitalares por doenas relacionadas ao saneamento ambiental
inadequado em Santa Catarina, era de 303 casos por 100.000 habitantes, ocupando
o 17. lugar na classificao dos estados que mais apresentavam este tipo de
ocorrncia. De acordo com Brasil (2002), o investimento em saneamento a nica
forma de se reverter o quadro existente, pois, para cada R$1,00 (um real)
empregado no setor de saneamento, economiza-se R$ 4,00 (quatro reais) na rea
de medicina curativa.
2.4 SANEAMENTO NO MUNICPIO DE TUBARO
Tubaro encontra-se a 125 Km ao sul de Florianpolis, ocupando uma rea
de 300 Km2 com uma populao de 92.569 habitantes (IBGE, 2007). A principal
atividade econmica est voltada para a prestao de servios, seguida pelos
setores comercial e industrial, sendo o segundo maior municpio do sul do estado
(PMT, 2005). A bacia hidrogrfica na qual a cidade est inserida formada pelo Rio
Tubaro e abrange um total de vinte municpios.
Um dos principais problemas de degradao dos recursos hdricos em
Tubaro proveniente do despejo do esgoto domstico. O municpio possui, para
fins de coleta de esgoto, uma rede unitria que recebe as guas pluviais juntamente
com as guas servidas com o esgoto proveniente das residncias. Conforme Rufino
(2002), as redes pluviais contendo os efluentes domsticos acabam desaguando
principalmente no Rio da Madre, que um dos afluentes do Rio Tubaro. As
atividades de extrao e beneficiamento de carvo, suinocultura, plantio de arroz e
indstrias cermicas nas cidades pertencentes bacia hidrogrfica do Rio Tubaro
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tambm tm contribudo para a degradao ambiental das guas (VIEIRA et al,
2002).
De acordo com o Sistema de Informao da Ateno Bsica (SIAB), em
2006 a situao do saneamento em Tubaro se encontrava conforme a Tabela 1
demonstra.
Tabela 1 Principal destino de fezes e urina por nmero de domiclios em 2006.Destino de fezes e urina N. de domiclios* Porcentagem
Rede pluvial 10.087 36,11
Fossa 17.144 61,38
Cu aberto 701 2,5
Total 27.932 100
*Domiclios cadastrados pelo SIABFonte: SIAB, 2006.
Os dados (Tabela 1) apontam que a forma predominante de tratamento de
esgotos do tipo individual, tendo a fossa sptica como principal alternativa. Assim,
pelo municpio no possuir uma rede destinada coleta de esgotos, a Prefeitura
Municipal de Tubaro (PMT) lanou o edital de outorga de concesso para
prestao do servio pblico municipal de abastecimento de gua e esgotamento
sanitrio, dando destaque para o primeiro pargrafo do prembulo:
O Municpio de Tubaro torna pblico que se acha aberta licitao, namodalidade de concorrncia, cujo objeto a outorga de concesso paraprestao do servio pblico municipal de abastecimento de gua eesgotamento sanitrio, compreendendo o planejamento, a construo, aoperao e a manuteno das unidades integrantes dos sistemas fsicos,operacionais e gerenciais de produo e distribuio de gua potvel,coleta, afastamento, tratamento e disposio de esgotos sanitrios,incluindo a gesto dos sistemas organizacionais, a comercializao dosprodutos e servios envolvidos e o atendimento aos usurios (PMT, 2008).
A construo da rede coletora de esgoto, em conjunto com a sua unidade de
tratamento, diminuir a carga de poluentes despejada no Rio Tubaro. Esta medida
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trar benefcios no somente cidade de Tubaro, como tambm, s localizadas
jusante do rio como o municpio de Capivari de Baixo e, especialmente, cidade
litornea de Laguna, na qual est localizada a foz do Rio Tubaro.
2.5 TANQUES SPTICOS
Em 1872, na Frana, Jean Louis Mouras projetou um tanque em alvenaria
para armazenar os esgotos da cozinha de sua residncia. Aps 12 anos de
utilizao, Mouras percebeu que o volume de slidos acumulado era muito menor do
que o esperado. Em colaborao com o Abade Moigne, que era autoridade cientfica
da poca, Mouras registrou patente do modelo testado em 1881, aps uma srie de
experincias. O prottipo consistia num tanque hermeticamente fechado onde o
afluente era introduzido por uma tubulao submersa na parte lquida do material
armazenado e o efluente descarregado por tubulao a jusante. Depois de
amplamente utilizadas na Europa, as fossas spticas serviram de modelos para
novos tanques desenvolvidos nos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha
(ANDRADE NETO, 1997).
Por definio, Jordo e Pessoa (1995), relatam que as fossas ou tanques
spticos so cmaras construdas para a reteno, por tempo estabelecido, dos
despejos domsticos e/ou industriais. Isto permite que ocorra a sedimentao dos
slidos e a reteno de material graxo contido nos esgotos, transformando-os em
compostos mais simples e estveis. Seu funcionamento est baseado nas seguintes
fases do processo:
a) Reteno do lodo: o esgoto retido no tanque por um perodo de 12 a 24h
dependendo da vazo dos afluentes;
b) Decantao do lodo: simultaneamente fase anterior, inicia-se a formao do
lodo atravs da sedimentao de 60 a 70% dos slidos em suspenso. A parte
no sedimentvel dos slidos, como os leos, as graxas e outros materiais
misturados com gases, emerge e retida na superfcie do lquido;
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c) Digesto anaerbia do lodo: decomposio do lodo e da escuma por bactrias
anaerbias, provocando a destruio parcial ou total de material voltil;
d) Reduo do volume de lodo: converso da matria slida em gases e lquidos,
com a conseqente diminuio do volume do lodo.
A Figura 1 apresenta as diferentes etapas do funcionamento do tanque sptico.
Figura 1 Esquema de funcionamento de um tanque sptico (Fonte: ABNT, 1993).
Com o uso contnuo do tanque sptico, ocorre um acmulo de lodo em seu
interior, isto reduz seu volume til e o tempo de deteno hidrulica, prejudicando o
desempenho. Desta forma, torna-se necessria a remoo do lodo depositado em
perodos regulares. Nos estudos realizados por Philippi (1992), com 42 tanques
spticos, foi demonstrado que os valores da taxa de acumulao de lodo foram
inferiores a 0,2 L/pessoadia. Este valor permite calcular um volume de tanque
sptico para um intervalo de remoo do lodo, efetuado a cada cinco anos.
Conforme as condies da pesquisa, este perodo entre as limpezas mostrou-se
satisfatrio. A ABNT (1993) recomenda que a limpeza dos tanques spticos seja
efetuada num perodo que pode variar de 1 a 5 anos, conforme os parmetros do
projeto e instrui para que, aproximadamente, 10% do volume do lodo seja deixado
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no interior do tanque. Esta parte remanescente de lodo sptico dar incio ao
tratamento dos esgotos depositados, aps a limpeza ter sido efetuada nos tanques
spticos.
vedado o encaminhamento ao tanque sptico de guas pluviais e de
despejos que prejudiquem o processo de tratamento, bem como a contribuio de
vazes excessivas do esgoto afluente, como os originados por piscinas e por
lavagens de reservatrios de gua (ABNT, 1993).
2.6 CARACTERSTICAS DOS LODOS SPTICOS
2.6.1 Caractersticas gerais dos lodos originados em decanto-digestores
O ponto de partida para o tratamento dos lodos spticos se caracteriza por
ser efetivamente o decanto-digestor ou tambm denominado tanque sptico. De
acordo com Jordo e Pessoa (1995), estes sistemas foram projetados de modo a
receber todos os despejos domsticos, incluindo os originados na cozinha,
lavanderias domiciliares, lavatrios, vasos sanitrios, bids, banheiros, chuveiros,
ralos de piso de compartimentos interiores ou qualquer outro efluente, cujas
caractersticas se assemelham ao domstico. Com o acmulo de lodo em seu
interior, h a necessidade de remov-lo periodicamente para o perfeito
funcionamento da unidade, utilizando-se para este procedimento o emprego de
caminhes limpa-fossas.
Os lquidos e slidos quando ento bombeados dos tanques spticos tm
odor e aspectos repugnantes, tendncia em formar espumas, se submetidos
agitao e resistncia a se sedimentar e a se desidratar. Sua composio inclui
gua na maior parte, areia e matria orgnica fecal. Caracterizam-se ainda por
serem pontos disseminadores de microorganismos como os vrus, bactrias e
parasitas, resultando, portanto, em cuidados especiais no seu manuseio e
tratamento.
Dentre os fatores que afetam as caractersticas do lodo, esto: o clima,
hbitos dos usurios, tamanho e tipo de tanque sptico, freqncia de limpeza,
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caractersticas da gua de abastecimento, disposio de restos de alimentos pelo
ralo e agentes qumicos utilizados na limpeza das residncias (USEPA, 1999a). A
Tabela 2 apresenta as caractersticas limites dos lodos spticos encontrados nos
Estados Unidos de acordo com a United States Environmental Protection Agency
(USEPA) e as caractersticas dos lodos spticos coletados por caminhes limpa-
fossas, conforme os estudos realizados por Paula Jnior et al. (2003), no municpio
de Florianpolis.
Tabela 2 Caractersticas gerais dos lodos de tanques spticos.
PARMETROS
Concentrao (mg/L)
USEPA Paula Jnior et al.
Mnima Mxima Mnima Mxima
Slidos totais 1.132 130.475 516 33.292
Slidos volteis 353 71.402 224 18.454
Slidos suspensos 310 93.378 145 27.500
Slido suspensos volteis 95 51.500 79 18.000
DBO 440 78.600 300 7.400
DQO 1.500 703.000 528 29.704
NTK 66 1.060 _ _
Amnia 3 116 36 278
Fsforo total 20 760 7,20 215,90
Alcalinidade 522 4.190 228 3.854
leos e graxas 208 23.368 18 6.982
pH* 1,5 12,6 5,48 7,60
Detergentes _ _ 0,20 225
Coliformes totais** 107 109 _ _
Coliformes fecais** 106 108 _ _
Fontes: USEPA (1994a) e Paula Jnior et al. (2003)*Sem unidade**Valores de coliformes totais e fecais em NMP/100 mL
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2.6.2 Composio qumica
A composio qumica dos lodos est relacionada sua origem,
caracterizando, desta maneira, a parte orgnica e inorgnica dos mesmos. De
acordo com Montangero e Strauss (2002), cerca de 83% da matria seca
encontrada nos lodos de tanques spticos de origem orgnica, tendo ainda
quantidades de fsforo, nitrognio e potssio provenientes em sua maioria de
excretas humanas. Quando h a contribuio de despejos industriais, pode haver a
ocorrncia dos componentes acima citados, numa concentrao muito maior, bem
como apresentar ons metlicos e molculas orgnicas sintticas como surfactantes,
fenis, tolueno, benzeno, xileno, etilbenzeno e defensivos agrcolas.
2.6.2.1 Constituintes fecais
O ser humano, de acordo com Seoanez Calvo (1977), produz por ano a
quantia de 28 kg de matria orgnica, a qual composta por duas partes:
a) Parte slida: composta normalmente por gua e material orgnico como
celulose, lipdios, protenas e fezes. Estas, quando lanadas no ambiente,
sofrem um processo de putrefao que tem lugar sobre as protenas
originadas tanto pelos alimentos quanto s provenientes de secrees e restos
da mucosa intestinal. Do mesmo modo, surgem as descarboxilaes de
aminocidos como a lisina e tirosina originando as aminas, em conjunto com
as desaminaes e o desprendimento de NH3.
A produo de odores desagradveis deve-se formao de compostos
fenlicos como o escatol e o paracresol, dentre outros, ocorrendo o mesmo
processo com a decomposio das protenas e com a subseqente formao
de gs sulfdrico e de mercaptanas.
Alm disso, a matria fecal responsvel pela contribuio de 60 a 70%
da carga total de cdmio, zinco, cobre e nquel nos esgotos domsticos,
contendo, em mdia, por base seca: 250 mg/kg de zinco, 70 mg/kg de cobre, 5
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mg/kg de nquel, 2 mg/kg de cdmio e 10mg/kg de chumbo (EUROPEAN
UNION, 2001).
b) Parte lquida: formada pela urina, que tem sua composio varivel de acordo
com a hora do dia, estado fsico, dieta e sade do indivduo. No entanto os trs
maiores componentes da urina so: gua, uria e cloreto de sdio. Quase
todas as substncias presentes na urina esto presentes no sangue, porm
em quantidades diferentes. Geralmente, a urina apresenta pH em torno de 6 e
sua colorao resultante da presena de pigmentos como o urocromo,
urobilina e uroporfina. A Tabela 3 demonstra a composio mdia da urina.
Tabela 3 Composio mdia da urina e concentraes de seus componentes.Ctions nions Compostos orgnicos
Na+
K+
NH4+
Ca++
Mg++
6 mg/L
2,7 mg/L
0,8 mg/L
5,3 mg/L
0,15 mg/L
Cl-
SO4--
PO4--
8,6 mg/L
2.2 mg/L
3,8 mg/L
Uria
cido hiprico
Creatinina
cido rico
Bases pricas
Aminocidos
lcoois
30 mg/L
1,3 mg/L
1,8 mg/L
0,7 mg/L
0,3 mg/L
0,5 mg/L
0,5 mg/L
Fonte: Seoanez Calvo, 1977.
2.6.2.2 Elementos-trao metlicos
Conforme Manahan (2001), os elementos-trao so compostos ou
substncias encontradas em concentraes extremamente baixas (partes por
milho) em um dado sistema. Dentre estes elementos, destacam-se os metais que
so encontrados naturalmente em quantidades-trao nas guas e,
conseqentemente, nos lodos spticos, sendo considerados como constituintes
importantes na composio de aqferos e tendo participao no desenvolvimento
biolgico de animais e de plantas. Entretanto, a presena destes metais em
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quantidades excessivas eleva os nveis de toxidez do ambiente, ocasionando
distrbios biolgicos ou mesmo tornando impossvel a manifestao de vida.
A relao de metais e sua importncia nos organismos, segundo Metcalf e
Eddy (2003), apresentada a seguir:
a) Metais participantes no desenvolvimento biolgico: clcio, ferro, magnsio,
potssio e sdio apresentados como macronutrientes. E os encontrados como
elementos-trao: cromo, cobalto, cobre, mangans, molibdnio, nquel,
selnio, tungstnio, vandio, chumbo e zinco.
b) Metais que no possuem participao no desenvolvimento biolgico: arsnio,cdmio e mercrio.
A principal fonte de elementos metlicos em esgotos provm de rejeitos
industriais. Nos Estados Unidos, as companhias municipais de tratamento de
esgotos que aceitam estes rejeitos so legalmente responsveis pelo seu
processamento e, geralmente, o tratamento realizado diretamente na fonte poluidora
o modo mais prtico para se minimizar a emisso destes poluentes (SAWYER et
al., 2000).
Com relao aos lodos de tanques spticos, os mesmos apresentam baixos
teores de metais, tendo, de acordo com a European Union (2001), suas origens
ligadas s contribuies de produtos de limpeza, cosmticos, xampus, desinfetantes,
combustveis, medicamentos, amlgamas dentrios, termmetros clnicos, produtos
alimentcios, tintas, lubrificantes, agentes de polimento, pesticidas e produtos de
jardinagem, preservadores de madeira, fezes, urina, tubulaes metlicas e gua de
abastecimento.
Leite et al. (2006), quando analisaram os lodos de decanto-digestores da
regio de Curitiba, detectaram a presena de 33 elementos qumicos, incluindo a
presena de metais pesados como cdmio, chumbo, zinco, mercrio, cromo, cobre e
nquel. Estes lodos apresentaram suas concentraes individuais de metais
superiores quando comparados aos lodos spticos norte-americanos, embora seus
valores mdios permanecerem dentro das concentraes limites das legislaes.
A Tabela 4 apresenta as concentraes de metais em mg/L encontradas em
lodos de tanques spticos segundo a USEPA (1994).
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Tabela 4 Concentraes de metais em mg/L encontrados em lodosspticos segundo Leite et al. e USEPA.
Metal
Concentrao em mg/L
Leite et al. USEPAMdia Mnima Mxima Mdia Mnima Mxima
Ferro 0,32 1,15 1,9 39,3 0,2 2.740
Zinco 148 291 514 9,97
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32
sem o tratamento prvio para reduo destes microorganismos, pode levar os seres
humanos ou os animais a contrarem doenas.
Para se avaliar as caractersticas sanitrias dos lodos de tanques spticos,
freqentemente considerado o nmero de coliformes termotolerantes e o nmero de
ovos viveis de helmintos. A Tabela 5 relaciona estes microorganismos com suas
respectivas quantidades presentes em lodos spticos.
Tabela 5 Presena de patgenos em lodos de idades diferentesMicroorganismo Lodo bruto Lodo digerido
Coliformes totais (NMP/100mL) 4,3 x 109 a 5,0 x 109 3,0 x 104 a 7,0 x 107
Coliformes fecais (NMP/100mL) 1,4 x 10 8 a 2 x 10 9 No detectado a 7,8 x 106
Ovos de helmintos (ovos/100mL) 20 a 700 30 a 70
Fonte: Fernandes e Souza (2001 apud LEITE et al., 2006).
Em seguida, sero citadas as principais caractersticas dos agentes
patognicos e suas principais conseqncias aos seres humanos.
2.6.3.1 Bactrias
So os organismos que esto presentes em maior nmero nos rejeitos
spticos, sendo que a maioria faz parte da microbiota do trato intestinal dos seres
humanos, como por exemplo, a Escherichia coli, Klebisiella spp. e Enterobacter spp.
Inclui-se, neste caso, o grupo das bactrias coliformes fecais, tambm chamado de
coliformes termotolerantes, os quais, por suas caractersticas, so considerados
indicadores de contaminao das guas e esgotos em geral.
Ressalta-se que, normalmente, tais organismos no so causadores de
doenas. Entretanto, esto associados possvel existncia de organismos
patognicos de origem fecal na gua, como as bactrias que causam doenas
gastrointestinais em humanos, como a febre tifide, clera, diarria e disenteria
(GONALVES et al., 2003).
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2.6.3.2 Vrus
Os vrus so uma classe heterognea de agentes infecciosos, podendo
variar em tamanho, morfologia, complexidade, hospedeiro e na forma como afetam
seus hospedeiros. Entretanto, as caractersticas de possurem um genoma, que
pode ser de DNA ou RNA, envolvido por uma camada protica (capsdeo) e o fato
de serem considerados parasitas intracelulares obrigatrios, so comuns a todos.
Em se tratando de rejeitos spticos, os vrus de maior interesse so os
entricos, ou seja, aqueles que se multiplicam no trato gastrointestinal dos seres
humanos, podendo ocasionar diversas doenas, como a hepatite A e E,
gastroenterites e diarrias (GONALVES et al., 2003). So encontrados ainda os
vrus de fcil contaminao, como o poliovrus (causador da poliomielite), o
echovrus (causador de paralisias, meningites, miocardites) e os vrus da famlia
parvoviridae (causadores de gastroenterite), salientando que estes agentes
patognicos so mais resistentes aos processos de tratamento sanitrios.
2.6.3.3 Protozorios
Dentre os protozorios patgenos aos seres humanos encontram-se a
Entamoeba histolytica (causadora da amebase), a Giardia lamblia (causadora da
giardase), o Balantidium coli (causador da balantidiose, uma infeco do intestino
grosso do homem) e o Criptosporidium sp. que tambm um agente causador de
infeces intestinais.
Nos esgotos, tais organismos tm um ciclo de vida dividido basicamente em
duas etapas: uma fase onde se alimentam e se reproduzem no trato intestinal do
hospedeiro e a outra onde se encistam, permitindo que os protozorios mantenham
sua sobrevivncia mesmo estando fora do organismo do seu hospedeiro. Desta
forma, os cistos excretados tanto por animais, como por seres humanos, podem
infectar imediatamente um novo hospedeiro, devendo-se ressaltar que um nico
cisto pode desencadear um processo infeccioso no ser humano. Esses organismos
caracterizam-se por possuir uma resistncia maior que as bactrias e os vrus, no
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tocante atuao dos desinfetantes utilizados no tratamento de guas e esgotos,
em especial, o cloro. No entanto, como tm um tamanho que varia entre 4 e 60
milmetros, apresentam densidades que acabam por auxiliar na remoo dos
mesmos, atravs da sedimentao e filtrao (GONALVES et al., 2003).
2.6.3.4 Helmintos
So organismos que vivem como parasitas nos seres humanos, encontrados
no ambiente sob a forma de ovos e larvas, facilitando assim a contaminao de
hospedeiros, uma vez que tal incidncia pode se dar atravs da ingesto dos ovos
ou das larvas, como no caso do Ascaris lumbricoides (lombriga), Taenia saginata e
Taenia solium (causadoras da tenase e da cisticercose) e at mesmo pela
penetrao das larvas na pele ou nas mucosas, como por exemplo, o Ancylostoma
duodenale e Schistosoma mansoni (causadora da esquistossomose). Gonalves
(2003) acrescenta ainda que, normalmente, um ovo ou uma larva j suficiente para
desencadear um processo infeccioso.
Os principais meios de transmisso dos helmintos so o consumo de
alimentos contaminados, o contato com o solo tambm contaminado e a
transmisso entre pessoas (BASTOS et al., 2003).
2.7 ALTERNATIVAS PARA TRATAMENTO E DISPOSIO DE LODOS DETANQUES SPTICOS
Os tanques spticos, embora possuam muitas vantagens, no apresentam
efluentes que atendam aos padres de lanamento exigidos pelas legislaes
ambientais. Portanto, necessrio a realizao de tratamentos, buscando-se
melhores eficincias em termos de remoo de matria orgnica e de constituintes
pouco degradados no tratamento anaerbio, como por exemplo, o fsforo e
nitrognio. De acordo com Chernicharo et. al (2001), estes constituintes, quando
lanados, podem originar 111 kg de biomassa para cada quilograma de fsforo
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despejado. Do mesmo modo, o despejo de 1 kg de nitrognio pode originar 20 kg da
DQO na forma de algas mortas. Em relao amnia, so consumidos cerca de 4
kg de oxignio dissolvido nas guas para cada quilograma despejado deste
nutriente.
Ainda citando Chernicharo et. al (2001), com relao aos microorganismos
patognicos, que possuem uma baixa porcentagem de remoo pela utilizao de
decanto-digestores, torna-se muitas vezes necessria a desinfeco dos efluentes
de acordo com a sua finalidade, a partir de uma avaliao criteriosa.
Como exemplo de possibilidades de tratamento e disposio dos lodos de
tanques spticos recomendadas por entidades internacionais, pode-se citar o co-
tratamento em ETE, aplicao no solo e por fim, o processamento em unidades
independentes de tratamento de lodo sptico, conforme instrues da Agncia
Norte-Americana de Proteo ao Meio Ambiente (USEPA, 1994).
J o Centre for Water Resources Studies (CWRS), rgo responsvel pelas
pesquisas em guas da provncia de Nova Scotia no Canad, indica as medidas de
tratamento acima citadas e aborda, mesmo que superficialmente, a utilizao dos
processos de vermicompostagem e do Solar Aquatic Sistem SAS. Este ltimo
processo est baseado no emprego de algas, arbustos e organismos como
caramujos e camares de guas doces, como alternativa de tratamentos
independentes de lodos spticos (CWRS, 1999).
2.7.1 Tratamento em Estaes de Tratamento de Esgotos (ETEs)
De acordo com Leite et al. (2006), os resduos de tanques spticos, por
apresentarem uma elevada concentrao de poluentes em relao aos esgotos
afluentes nas ETE, requerem certa dose de ateno. A prtica de sua disposio
nas unidades de tratamentos de esgotos pode ocasionar choques de carga,
comprometendo as etapas do processo. No entanto, esta opo ainda mostra-se
vivel sob o ponto de vista econmico.
Para esta alternativa, Jordo e Pessoa (1995) estabelecem que devem ser
atendidas as seguintes caractersticas com relao s instalaes de tratamento:
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a) estar localizadas a distncias que tornem economicamente vivel o transporte
do lodo;
b) possuir capacidade disponvel de recebimento da carga excedente;
c) controlar eficientemente a quantidade e a qualidade do material removido das
fossas spticas.
Leite et al. (2006) ainda comentam que a opo de disposio destes
efluentes em unidades de tratamento de esgotos, mostra-se adequada no caso de
grandes centros urbanos. Estas reas se caracterizam por apresentar estaes de
tratamento de maior porte que atendem quase a totalidade da populao, tendo,
portanto, uma maior facilidade em absorver o impacto pelo recebimento do lodo de
tanques spticos.
No entanto, os autores acima mencionados, orientam para esta opo,
quando escolhida, que o resduo sptico seja despejado diretamente na entrada da
estao de tratamento, iniciando o processo juntamente com o esgoto recebido, no
necessitando, desta maneira, da construo de novos reatores ou sistemas. Porm,
este procedimento pode antecipar as etapas futuras de expanso da estao e
contribuir para maior quantidade na produo de lodo no final do tratamento.
Uma outra opo sugerida a de misturar os resduos dos tanques spticos
com o lodo da estao no tanque de adensamento, no havendo, assim, a
necessidade dos lodos spticos passarem pelo processo de degradao biolgica
novamente, pelo fato de j se apresentarem digeridos. Esta etapa evitaria os
impactos da carga orgnica afluente ETE e evitaria tambm o assoreamento dos
reatores; em seguida, o lodo seria desaguado, higienizado e devidamente disposto.
Com relao aos custos de operao desta alternativa, Leite et al. (2006)
realizaram um estudo comparativo entre os valores necessrios para o tratamento
de lodos de tanques spticos em conjunto com os esgotos convencionais numa
mesma unidade. Os autores tiveram como base a estao de tratamento de
efluentes de Belm, localizada em Curitiba PR, que funciona pelo sistema de lodos
ativados, atendendo a uma populao de 1.500.000 habitantes e possuindo um
custo estimado de R$ 0,30 para cada quilograma de DQO removido. A unidade de
tratamento processa 2.592.000 m de esgotos por ms e a simulao foi realizada
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com o intuito de se tratar mensalmente 3.301m de lodo sptico. A concluso que se
obteve foi que os custos de operao aumentaram cerca de 6,17%. Porm, para
cada metro cbico de esgoto a ser tratado, gastar-se-ia 36 vezes mais para se
processar os lodos provenientes dos tanques spticos, na mesma estao.
2.7.2 Uso agrcola em reas de no contato pblico
De acordo com a Agncia de Proteo Ambiental dos Estados Unidos
(USEPA, 1994), a aplicao dos lodos spticos no solo para uso agrcola um meio
econmico e ecologicamente correto, que vem sendo aplicado em comunidades
rurais norte-americanas que no possuam contato pblico, como em campos de
agricultura, reas florestais e reas de recuperao ambiental. Isto se deve,
principalmente, ao fato dos resduos spticos possurem nitrognio e fsforo como
principais nutrientes e tambm apresentarem traos de elementos fertilizantes,
conjuntamente com matria orgnica, que so fundamentais para o desenvolvimento
dos vegetais.
Para tal finalidade, a USEPA regulamentou a Lei Federal 40 CFR Part 503
para a utilizao de lodo sptico em reas de no contato pblico e estabeleceu que
os resduos aspirados por caminhes limpa-fossas sejam exclusivamente
provenientes de tanques spticos de origem sanitria. Desta forma, esta medida
veda quaisquer rejeitos de origem industrial e acrescenta outras condies que
regulamentam a aplicao no solo destes rejeitos, tais como:
a) o material a ser aplicado no solo deve ser formado exclusivamente por rejeitos
spticos;
b) a rea a ser aplicada no deve possuir contato pblico freqente (so
recomendados os campos agrcolas, reas florestais e de recuperao
ambiental);
c) medidas de reduo de patgenos e de atrao de vetores devem ser
efetuadas e seus respectivos registros arquivados por cinco anos;
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d) o proprietrio da rea deve se comprometer s restries impostas sobre
colheita, pastagem de animais e acesso ao local;
e) a quantidade de rejeitos spticos aplicada por rea no deve exceder s
necessidades de nitrognio de cada cultivo;
f) o responsvel pela aplicao do material ao solo deve seguir as condies
vigentes de cada estado.
A USEPA estabelece, ainda, medidas de reduo de contaminao de
patgenos que devem ser tomadas. Entre elas, pode-se optar pela restrio de
colheitas e acesso ao local, aps o lodo ser aplicado (conforme anexo B), ou, por
intermdio de calagem, elevar o pH do lodo para 12 ou acima, nos prprios
caminhes-tanques por um perodo, de no mnimo, 30 minutos antes de ser aplicado
ao solo, em uma proporo de 2,4 kg de cal para cada 1000L de lodo sptico.
J para a reduo de atrao de vetores, como pulgas, mosquitos e
roedores que possam vir a transmitir doenas, a USEPA estipula que para a
aplicao de lodos spticos em reas no pblicas, uma das seguintes opes deve
ser acatada:
a) injeo subsuperficial;
b) incorporao (aplicao superficial seguido por lavragem do solo com absoro
do material dentro de 6 horas);
c) estabilizao com lcali (calagem na mesma proporo anteriormente citada).
Um outro dado importante sobre a utilizao de lodo sptico em solos o
volume mximo que pode ser aplicado anualmente, o qual est relacionado
quantidade de nitrognio requerida pela espcie vegetal a ser cultivada.
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Este volume mximo calculado pela frmula abaixo, onde a Taxa Anual de
Aplicao (TAA) representada por:
0026,0)()//( vegetalpelorequeridonitrogniodelbquantidadeanoacregalesTAA =
A Taxa Anual de Aplicao (TAA) representa o volume (em gales) de lodo
de tanque sptico a ser aplicado por acre durante o perodo de um ano, conforme
quantidade (em libras) de nitrognio exigida por vegetal, de acordo com o anexo C
do presente trabalho. O valor 0,0026 do denominador um coeficiente estimado
que relaciona a quantidade de nitrognio no solo tratado com lodo sptico a ser
disponibilizada aos vegetais. Deve-se ressaltar que esta frmula limita tambm os
valores de aplicao de poluentes inorgnicos presentes no lodo (USEPA, 1993).
Todas as orientaes acima citadas foram estipuladas pelo governo federal
norte-americano e estabelecem as condies essenciais exigidas para aplicao de
lodo sptico para fins agrcolas, em reas de no contato pblico. Desta forma, cabe
a cada estado regulamentar programas de monitoramento que incluam alguns
parmetros a serem controlados em relao aos lodos, solos, aqferos e tecidos
vegetais, bem como estabelecer os pontos e freqncias das amostragens.
2.7.3 Processamento em unidades independentes de tratamento de lodo
De acordo com a USEPA (1994), em situaes onde as unidades de
tratamento de esgotos municipais estejam localizadas distantes ou que no sejam
capazes de absorver uma carga orgnica adicional, a utilizao de unidades
independentes de tratamento de lodos spticos torna-se justificvel.
Apenas um pequeno nmero deste tipo de instalao existe nos Estados
Unidos e tem como caracterstica ser mecanicamente complexa e incorporar muitos
processos unitrios para lidar com as fraes lquidas e slidas do lodo.
No Canad o uso de lagoas de estabilizao um fato comum, sendo estas
unidades de tratamento extremamente variadas com relao ao projeto, operao e
manuteno. Possuem a caracterstica de funcionar como um digestor facultativo ou
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anaerbio, que retm os slidos sedimentveis enquanto permitem que o
sobrenadante seja removido para uma lagoa de polimento ou processado numa
estao de tratamento de efluentes municipal. Isto caracteriza o processo como um
sistema hbrido, uma vez que envolve, mediante autorizao, a utilizao de uma
estao de tratamento de efluentes. Quanto aos slidos retidos na lagoa, os
mesmos so estabilizados em condies anaerbias e devem ser removidos
periodicamente.
Outra abordagem bem sucedida utilizada em uma instalao privada na
Pensilvnia (EUA) elevar o pH a 12 para alcanar a estabilizao do lodo,
permitindo que os slidos se separem da frao lquida. Em seguida, o lodo
desaguado atravs de filtros-prensa at atingir 40 a 45% de slidos e, a seguir,
empilhado e revolvido mecanicamente para, posteriormente, ser aplicado em reas
agrcolas, de acordo com as regulamentaes locais. Com relao parte lquida
resultante do processo, a mesma descartada no sistema coletor de esgoto
municipal, caracterizando este tratamento, assim como o anteriormente citado em
um processo hbrido.
A compostagem de lodos spticos tambm uma abordagem vivel para
unidades independentes de tratamento em reas onde haja abundncia de agentes
aglomerantes, como por exemplo, serragem ou cavacos de madeira e exista uma
demanda na procura de produtos compostados, utilizados como condicionadores de
solos. Neste processo, o lodo ento homogeneizado com materiais aglomerantes
e disposto em pilhas estticas aeradas ou arranjado em leiras. No primeiro caso, o
ar forado pela mistura lodo/agente aglomerante, usando um exaustor que,
atravs de tubulaes, distribui o ar nas pilhas de material. Isto mantm as
condies aerbias do sistema e auxilia no controle da temperatura e umidade. J
no processo de compostagem por leiras, estes parmetros so controlados pelo
revolvimento realizado por equipamentos especializados, onde a freqncia desta
tarefa varia em funo das condies de oxignio, de temperatura e umidade do
material, sendo revolvido de acordo com o caso, a cada um ou dois dias (USEPA,
1994).
O emprego de reatores anaerbios para a estabilizao de lodos de tanques
spticos tambm tem se mostrado uma alternativa. Pinto (2006) realizou um trabalho
de degradao biolgica de amostras de lodos spticos adicionadas a resduos
slidos orgnicos da Central de Abastecimento de Florianpolis (SC), contendo
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restos de vegetais e um outro estudo contendo somente amostras de lodos de
tanques spticos. Para o primeiro caso foi observada uma reduo de DQO de at
69% e para os Slidos Volteis de at 88%. Enquanto que no estudo que envolvia
apenas lodos de tanques spticos obteve-se uma reduo de 90% de DQO e de
82% para os Slidos Volteis. Mesmo assim, os efluentes lquidos gerados
necessitam de ps-tratamento para atender s exigncias legais.
2.7.3.1 Incinerao
O processo de incinerao envolve a queima de resduos a altas
temperaturas na presena de oxignio, em que a frao orgnica voltil dos
biosslidos ento reduzida, primariamente, a cinzas, representando
aproximadamente 20% do volume original do lodo. Este procedimento destri
praticamente todos os slidos volteis e agentes patgenos, degradando, assim, a
maioria dos produtos txicos orgnicos, embora compostos como as dioxinas
possam ser formados. Quanto aos metais, os mesmos no so degradados, e so
concentrados nas cinzas e nas partculas em suspenso que esto contidas nos
gases produzidos pelo processo.
Nos Estados Unidos comum utilizar a incinerao como mtodo de
assistncia para o processamento de biosslidos quando as demais alternativas de
gerenciamento no podem ser implementadas, sendo geralmente utilizados os
incineradores de mltiplas fornalhas e o de leito fluidizado. Este ltimo conhecido
por possuir algumas vantagens quanto s emisses gasosas quando comparado ao
incinerador de mltiplas fornalhas. Isto se deve a sua tecnologia mais avanada que
resulta em uma combusto mais uniforme do material a ser incinerado.
Antes de serem incinerados, os biosslidos devem, preferencialmente, ser
desaguados, embora seja desnecessria a estabilizao dos mesmos, pois, tanto os
processos anaerbios quanto os aerbios utilizados nesta etapa diminuem a poro
voltil do lodo, aumentando, conseqentemente, o consumo de combustvel auxiliar
no processo (USEPA, 1999).
Um outro processo de combusto de biosslidos que merece destaque a
coincinerao com resduos slidos municipais, que traz como maior vantagem a
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reduo de custos de operao. De acordo com Metcalf & Eddy (2005), este
processo apresenta ainda o benefcio de gerar energia trmica necessria para se
evaporar a gua do lodo, auxiliando, assim, a queima do material e fornecendo
tambm um excesso de calor para a gerao de vapor sem o uso de combustveis
fsseis. Para sistemas operando sem recuperao de calor, uma proporo de 1 kg
de biosslidos desidratados para 4,6 kg de resduos slidos podem ser queimados
em condies normais. Em casos onde requerido a recuperao de energia
trmica, a proporo aproximadamente de 1 kg de biosslidos desidratados para 7
kg de resduos slidos urbanos.
No tocante ao impacto ambiental provocado pelos incineradores, este
processo se caracteriza em apresentar um certo potencial poluidor com relao
poluio atmosfrica, o qual pode ser dividido em emisso de odores e emisso de
gases de combusto. Os primeiros so particularmente ofensivos aos sentidos
humanos e uma ateno especial deve ser dirigida a fim de se minimizar seus
incmodos. J a emisso dos gases produzidos pela combusto pode variar em
funo do grau da tecnologia empregada e da natureza do lodo e do combustvel
auxiliar utilizado. As emisses de especial interesse so os particulados, os xidos
de nitrognio, alguns gases cidos e metais pesados.
Portanto, dispositivos de controle de poluio atmosfrica, tais como
depuradores de alta presso (scrubbers) ou precipitadores eletrostticos, so
necessrios para proteger a qualidade do ar. Com relao s cinzas dos biosslidos,
as mesmas podem ser dispostas em aterros sanitrios ou, de acordo com as
disposies legais da regio, fazer parte da composio de agregados de concreto
ou utiliz-las como fundente em usinas de beneficiamento de minrios
(USEPA,1999).
2.8 NORMAS TCNICAS E LEGISLAO APLICVEIS AOS TANQUESSPTICOS
As instrues e preceitos legais aplicveis aos resduos originados em
tanques spticos no estado de Santa Catarina resumem-se em:
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a) normas elaboradas pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT);
b) orientaes legais fornecidas pela Resoluo Federal N. 357 de 17 de maro
de 2005 e pelo Decreto Estadual N. 14.250 de 5 de junho de 1981.
As normas da ABNT baseiam-se em projetos de sistemas spticos com a
devida disposio dos efluentes lquidos gerados. J a Resoluo Federal 357 de
17/03/05 foi estabelecida pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),
enquanto que o Decreto Estadual n. 14.250 de 05/06/81 foi regulamentado pelo
Governo do Estado de Santa Catarina. Estes dois ltimos documentos, embora no
tenham sido desenvolvidos exclusivamente para o tratamento e disposio de
rejeitos de tanques spticos, trazem a classificao e indicadores de manuteno
dos corpos dgua em funo de seus usos preponderantes e estabelecem limites
para os parmetros de lanamento de efluentes de qualquer fonte poluidora.
2.8.1 Normas da ABNT
Com relao s normas pertinentes aos tanques spticos, coube ABNT
elaborar duas instrues: a NBR 7229/93 e a NBR 13969/97. Na primeira foram
abordados essencialmente os temas relacionados aos parmetros de projetos,
construo e operao dos tanques spticos com uma superficial abrangncia sobre
a disposio dos efluentes e lodos gerados, tendo como indicao o tratamento em
ETE, utilizao de leitos de secagem e disposio do lodo, quando seco, em aterros,
usinas de compostagem e campos agrcolas. J a NBR 13969/97 trata de
alternativas de procedimentos tcnicos de projetos, construo e operao de
unidades de tratamento complementar e disposio final somente para efluentes
lquidos de tanques spticos, havendo, portanto, uma lacuna sobre a disposio e
tratamento de lodos spticos mais detalhada a ser preenchida pela prpria ABNT.
De acordo com a mesma, ser elaborada uma terceira norma inicialmente nomeada
com o seguinte ttulo: Tratamento e disposio final de slidos do sistema de
tanque sptico, complementando o assunto e envolvendo, desta maneira, todos os
procedimentos de tratamento do sistema de tanques spticos (ABNT, 1997).
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2.8.2 Legislao Federal e Estadual
Em 29 de outubro de 2006 foi estabelecida pelo CONAMA a Resoluo N.
375, que define os critrios e procedimentos para utilizao de lodos gerados em
estaes de tratamento de esgotos sanitrios para fins agrcolas, desde que se
obedea aos parmetros estabelecidos com relao : estabilizao do material,
indicadores de agentes patgenos, concentraes de substncias inorgnicas e
orgnicas potencialmente txicas, e finalmente, o devido potencial agronmico do
lodo (BRASIL, 2006). Entretanto, ao contrrio da legislao europia e da
americana, esta deliberao no contemplou, para tal finalidade, a utilizao dos
lodos provenientes de tanques spticos, apesar de ser to ou mais restritiva que as
normas internacionais citadas. Resta assim, como instrumento para orientao, a
Resoluo N. 357 de 17/03/2005 tambm estabelecida pelo CONAMA (BRASIL,
2005). Apesar de no possuir um carter especfico relacionado aos tanques
spticos, esta resoluo traz consigo valores de emisso de efluentes observando-
se a classificao do corpo dgua receptor, podendo, desta forma, nortear os
lanamentos de resduos provenientes de sistemas decanto-digestores.
Quanto legislao vigente no Estado de Santa Catarina, em 1981, foi
elaborado o Decreto n. 14.250 regulamentando dispositivos referentes Proteo
e Melhoria da Qualidade Ambiental instituindo, assim como a resoluo federal
acima citada, a classificao dos corpos dgua de acordo com sua utilizao e
fixando os limites mximos dos parmetros de lanamento de efluentes. Este
decreto, apesar de no determinar valores de lanamento para a amnia, apresenta
a concentrao limite de fsforo no caso de efluentes destinados a trechos de
corpos dgua contribuintes de lagoas, lagunas e esturios. O Decreto acrescenta,
ainda, o limite mximo de 60 mg/L para a DBO5, que ser eventualmente
ultrapassado no caso de efluentes de sistemas de tratamento de guas residurias
que reduzam a