fisiologia aplicada ao trabalho

112
Av. do Café, 298 CEP 04311-000 São Paulo SP Brasil Tel.: (11) 5017-0697 Fax: (11) 5017-2910 [email protected] www.sp.senac.br/ambiental Fisiologia Aplicada ao Trabalho Márcia Di Giovanni Mariá Vendramini Castrignano de Oliveira

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Tema importante ligado a Ergonomia

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Av. do Café, 298CEP 04311-000

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Fisiologia Aplicada ao Trabalho

Márcia Di GiovanniMariá Vendramini Castrignano de Oliveira

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Fisiologia Aplicada ao Trabalho

Márcia Di GiovanniMariá Vendramini Castrignano de Oliveira

Page 2: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

2

Gerência Tatiana Pincerno Ribeiro

Coordenação Técnica Liria Aparecida Pereira

Edição Centro de Educação Ambiental do Senac São Paulo

SOBRE AS AUTORAS

Márcia Di Giovanni

Pós-graduada em Enfermagem do Trabalho pela Fundacentro / UFPR (Universidade Federal do

Paraná) com formação e habilitação em Enfermagem do Trabalho pela UFPR.

Docente do Senac nos cursos de Especialização em Auxiliar e Técnico de Enfermagem do Trabalho e

Técnico em Segurança do Trabalho.

Enfermeira do Trabalho na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) São Paulo.

Mariá Vendramini Castrignano de Oliveira

Graduada em Enfermagem pela Universidade do Sagrado Coração de Bauru/SP, com especialização

em Enfermagem do Trabalho pela União Camiliana de São Paulo e licenciatura em Enfermagem pela

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, graduada em Direito pela Faculdade de Direito da

Universidade São Marcos – São Paulo.

Docente e coordenadora do curso de Especialização em Auxiliar e Técnico de Enfermagem do

Trabalho do Centro de Educação Ambiental do Senac.

Novembro/2004

Page 3: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

3

SUMÁRIO

PARTE I

1. O Corpo Humano ............................................................................................ 06

1.1. Definição de Anatomia e Fisiologia ................................................................... 06

1.2. Níveis de organização ...................................................................................... 06

2. O Sistema Neuromuscular-esquelético .............................................................. 08

2.1. Sistema nervoso central................................................................................... 08

2.2. Sistema muscular ............................................................................................ 13

2.3. Sistema esquelético ........................................................................................ 18

3. Sistema cardiovascular .................................................................................... 22

4. Sistema respiratório ........................................................................................ 27

5. Órgãos sensoriais ........................................................................................... 32

5.1. Visão ............................................................................................................. 33

5.2. Audição .......................................................................................................... 34

PARTE II

1. Biótipo – influências no trabalho ...................................................................... 37

2. Preconceitos e discriminações no trabalho ........................................................ 42

2.1. O idoso e o trabalho ....................................................................................... 43

2.2. A mulher e o trabalho ..................................................................................... 45

2.3. Os portadores de necessidades especiais e o trabalho ....................................... 50

Page 4: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

4

2.4. O negro e o trabalho ....................................................................................... 53

3. Metabolismo corpóreo e hábitos alimentares ..................................................... 55

4. Trabalho muscular estático e dinâmico ............................................................. 64

5. Fatores humanos no trabalho .......................................................................... 67

5.1. A memória ..................................................................................................... 67

5.2. A motivação ................................................................................................... 70

5.3. A monotonia ................................................................................................... 72

5.4. Uso de substâncias estimulantes para driblar a monotonia.................................. 75

6. Ritmo circadiano e o trabalho noturno .............................................................. 78

7. Jornada de trabalho e pausas .......................................................................... 84

8. Ergonomia ...................................................................................................... 90

9. Fadiga ............................................................................................................ 99

9.1. Fadiga somática, física ou orgânica .................................................................. 99

9.2. Fadiga psíquica ou mental...............................................................................102

10. Estresse.........................................................................................................104

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS.................................................................................112

Page 5: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

5

INTRODUÇÃO

Fisiologia aplicada ao trabalho consiste no estudo da capacidade física do ser humano em

relação aos diferentes tipos e condições de trabalho. O objetivo principal deste estudo é

proporcionar aos profissionais da saúde do trabalhador conhecimentos específicos para

oferecerem aos trabalhadores uma visão das condições práticas de realização de suas tarefas

sem um desgaste físico exagerado, para que, após a jornada de trabalho, eles ainda tenham

condições e disposição física suficiente para aproveitar as horas de lazer.

O uso da máquina, da automação e a criação de outros dispositivos externos poupam trabalho

ao homem, contribuindo assim para a diminuição do trabalho físico pesado.

A fisiologia e a psicologia aplicadas ao trabalho proporcionam a adaptação dos processos de

trabalho à capacidade funcional e psíquica do ser humano, fazendo com que ele apresente

maior rendimento produtivo sem que isso lese sua integridade e dignidade.

A primeira parte deste trabalho procura mostrar, resumidamente, as principais funções do

organismo humano e sua influência sobre o desenvolvimento do trabalho, qualquer que seja

ele. São elas: funções neuromuscular-esquelética, cardiovascular, respiratória, visão e

audição. O conhecimento dessas funções é essencial para a compreensão da segunda parte

do material, onde poderemos entender melhor certas proposições e fazer a escolha de

métodos de trabalho mais adaptados, apropriados e menos desgastantes ao funcionamento

do organismo humano.

Page 6: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

6

PARTE I

ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA

1. O CORPO HUMANO

1.1 Definição de Anatomia e Fisiologia

As estruturas e as funções do corpo humano são estudadas através das ciências da anatomia

e da fisiologia.

A anatomia (anatome = cortar em partes, cortar separando) refere-se ao estudo da estrutura

e das relações entre estas estruturas.

A fisiologia (physis + lógos + ia) lida com as funções das partes do corpo, isto é, como elas

trabalham.

A função nunca pode ser separada completamente da estrutura, por isso você aprenderá

sobre o corpo humano estudando a anatomia e a fisiologia, em conjunto. Você verá como

cada estrutura do corpo está designada para desempenhar uma função específica e, como a

estrutura de uma parte, muitas vezes, determina sua função. Por exemplo, os pêlos que

revestem o nariz filtram o ar que inspiramos. Os ossos do crânio estão unidos firmemente

para proteger o encéfalo. Os ossos dos dedos, em contraste, estão unidos mais frouxamente

para vários tipos de movimentos.

O corpo humano consiste de vários níveis de organização estrutural que estão associados

entre si.

1.2 Níveis de organização

O nível químico inclui todas as substâncias químicas necessárias para manter a vida. As

substâncias químicas são constituídas de átomos, a menor unidade de matéria, e alguns

deles, como o carbono (C), o hidrogênio (H), o oxigênio (O), o nitrogênio (N), o cálcio (Ca), o

potássio (K) e o sódio (Na) são essenciais para a manutenção da vida. Os átomos combinam-

Page 7: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

7

se para formar as moléculas. As moléculas são dois ou mais átomos unidos. Exemplos

familiares de moléculas são as proteínas, os carboidratos, as gorduras e as vitaminas.

As moléculas, por sua vez, combinam-se para formar o próximo nível de organização: o nível

celular. As células são as unidades estruturais e funcionais básicas de um organismo. Entre

os muitos tipos de células existentes em nosso corpo estão as células musculares, as nervosas

e as sangüíneas. Cada célula tem sua função específica.

O terceiro nível de organização é o nível tecidual. Os tecidos são grupos de células

semelhantes que, juntas, realizam uma função particular. Os quatro tipos básicos de tecidos

são tecido epitelial, tecido conjuntivo, tecido muscular e tecido nervoso.

Quando diferentes tipos de tecidos estão unidos, eles formam o próximo nível de organização:

o nível orgânico. Os órgãos são compostos de dois ou mais tecidos diferentes, têm funções

específicas e, geralmente, apresentam uma forma reconhecível. Exemplos de órgãos: o

coração, o fígado, os pulmões, o cérebro, o estômago e outros.

O quinto nível de organização é o nível sistêmico. Um sistema consiste de vários órgãos

relacionados que desempenham uma função comum. O sistema digestório, que funciona na

digestão e na absorção dos alimentos, é composto pelos seguintes órgãos: boca, glândulas

salivares, faringe (garganta), esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, fígado,

vesícula biliar e pâncreas.

O mais alto nível de organização é o nível de organismo.

Todos os sistemas do corpo funcionando como um todo, formando um organismo – o ser

humano.

Os principais sistemas do organismo, entre outros, são: nervoso, muscular, esquelético,

respiratório e cardiovascular.

Page 8: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

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2. SISTEMA NEUROMUSCULAR-ESQUELÉTICO

Como o próprio nome diz, é composto pelos sistemas nervoso central (SNC), muscular e

esquelético. Iniciaremos a abordagem do tema proposto pelo SNC.

2.1 Sistema nervoso central

Os sistemas envolvidos na coordenação e na regulação das funções do corpo são os sistemas

nervoso e o endócrino.

O sistema nervoso humano é o mais complexo entre os animais. Sua função básica é de

receber informações sobre as variações externas e internas e produzir respostas a essas

variações através dos músculos e glândulas. Desta forma ele contribui, juntamente com o

sistema endócrino, para a homeostase do organismo. Além disso, o sistema nervoso humano

possui as chamadas funções superiores que inclui: a memória, que corresponde à capacidade

de armazenar informações e depois resgatá-las, o aprendizado, o intelecto, o pensamento e a

personalidade.

As mensagens nervosas podem ser grosseiramente comparadas com correntes elétricas que

caminham por células especiais: os neurônios. Essas mensagens são os impulsos nervosos.

Os neurônios contam com duas propriedades fundamentais para as funções que exercem:

ü a excitabilidade (capacidade de reagir aos estímulos), e

ü a condutibilidade (uma vez alterados pelos estímulos, os neurônios transmitem essa

alteração por toda sua extensão, em grande velocidade).

O tempo decorrido entre um estímulo e a resposta que ele promove é sempre muito pequeno.

Os neurônios são os constituintes fundamentais do sistema nervoso. É uma célula composta

de um corpo celular, onde está o núcleo, e de finos prolongamentos celulares, que são os

dendritos e o axônio.

Page 9: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

9

Fonte: Sistema nervoso, disponível em <http:www.afh.bio.br>

Os dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que atuam como

receptores de estímulos. Os axônios atuam como condutores dos impulsos nervosos e só

possuem ramificações na extremidade.

O percurso do impulso nervoso no neurônio é sempre no sentido dendrito è corpo

celular è axônio. A região de passagem do impulso nervoso de um neurônio para a

célula subseqüente chama-se sinapse.

Fonte: Sistema nervoso, disponível em <http:www.afh.bio.br>

Transmissão do estímulo

Ao receber um estímulo, a membrana do neurônio que é revestida por uma bainha de

mielina se despolariza, isto é, sofre inversão das cargas elétricas: externamente, ficam as

cargas negativas, e internamente, as positivas – que é chamado de potencial de ação. Uma

vez que um ponto em qualquer lugar do nervo se torne despolarizado, um impulso nervoso

propaga-se a partir dele em cada direção, e cada impulso é assim mantido, propagando-se

até atingir as extremidades da fibra.

Page 10: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

10

Imediatamente após a onda de despolarização ter-se propagado ao longo da fibra nervosa, o

interior da fibra torna-se carregado positivamente, porque um grande número de íons sódio

se difundiu para o interior. Essa positividade determina a parada do fluxo de íons sódio para

o interior da fibra, fazendo com que a membrana se torne novamente impermeável a esses

íons. Por outro lado, a membrana torna-se ainda mais permeável ao potássio, que migra

para o meio interno. Devido à alta concentração desse íon no interior da membrana, muitos

íons se difundem, então, para o lado de fora. Isso cria novamente eletronegatividade no

interior da membrana e positividade no exterior – processo chamado repolarização, pelo qual

se restabelece a polaridade normal da membrana.

A repolarização normalmente se inicia no mesmo ponto onde se originou a despolarização,

propagando-se ao longo da fibra. Após a repolarização, a bomba de sódio bombeia

novamente os íons sódio para o exterior da membrana, criando um déficit extra de cargas

positivas no interior da membrana, que se torna temporariamente mais negativo do que o

normal. A eletronegatividade excessiva no interior atrai íons potássio de volta para o interior

(por difusão e por transporte ativo). Assim, o processo traz as diferenças iônicas de volta aos

seus níveis originais.

Na sinapse, região de contato entre dois neurônios, existe, geralmente, uma pequena

distância entre as duas células envolvidas, não há continuidade entre a membrana de

ambas. A passagem do impulso nervoso nessa região é feita por substâncias químicas: os

neuro-hormônios, também chamados mediadores químicos ou neurotransmissores.

Desta forma, a transmissão do impulso ocorre sempre do axônio de um neurônio para o

dendrito ou corpo do neurônio seguinte.

Um processo semelhante ocorre nas junções entre as terminações dos axônios e os

músculos; essas junções são chamadas placas motoras ou junções neuro-musculares.

Por meio das sinapses, um neurônio pode passar mensagens (impulsos nervosos) para

centenas ou até milhares de neurônios diferentes.

Page 11: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

11

Os corpos celulares são geralmente encontrados em áreas restritas do sistema nervoso, que

formam o Sistema Nervoso Central (SNC), ou nos gânglios nervosos, localizados próximo da

coluna vertebral.

Do sistema nervoso central partem os prolongamentos dos neurônios, formando feixes

chamados nervos, que, juntamente com os gânglios nervosos, constituem o Sistema

Nervoso Periférico (SNP).

Os nervos que levam informações da periferia do corpo para o SNC são os nervos

sensoriais (nervos aferentes ou nervos sensitivos), que são formados por prolongamentos

de neurônios sensoriais (centrípetos). Aqueles que transmitem impulsos do SNC para os

músculos ou glândulas são nervos motores ou eferentes, feixe de axônios de neurônios

motores (centrífugos).

Existem ainda os nervos mistos, formados por axônios de neurônios sensoriais e por

neurônios motores.

A ligação de vários neurônios constitui verdadeiras cadeias para a transmissão de sinais,

entre o SNC e o músculo comandado.

A sinapse tem as seguintes propriedades:

ü Sentido único: os impulsos são conduzidos num único sentido, entrando pelos

dendritos e saindo pelo axônio;

ü Fadiga: caso haja condução muito freqüente de impulsos, as sinapses reduzem a

capacidade de transmissão;

ü Efeito residual: a aplicação do mesmo estímulo rapidamente um após o outro,

nota-se que na segunda vez o estímulo passa mais facilmente, fazendo supor que os

neurônios são capazes de armazenar informações (memória);

Page 12: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

12

ü Desenvolvimento: a estimulação repetida e prolongada pode alterar fisicamente as

sinapses, facilitando a estimulação destas. Acredita-se que dessa forma ocorra a

aprendizagem e a memória;

ü Acidez: estudos mostram que o aumento da alcalinidade do sangue aumenta a

excitabilidade, enquanto o aumento da acidez tende a diminuir a excitabilidade, isto

é, a atividade dos nervos.

Podemos agora entender como o trabalhador pode adaptar-se melhor ao trabalho quando

seu organismo está em equilíbrio. Cabe às sinapses o papel de orientar a corrente nervosa e

determinar, assim, os movimentos musculares, as reações diante de estímulos, o

aprendizado, o automatismo e a memorização.

Naturalmente existe na sinapse certo grau de resistência à passagem de corrente. Essa

resistência pode aumentar e impedir a condução do impulso nervoso. Uma situação em que

podemos observar o bloqueio do impulso elétrico é quando o trabalhador enfrenta situações

que podem desencadear o estado de fadiga. A corrente nervosa, que até então podia vencer

os obstáculos, não pode mais, enquanto permanecerem as causas da fadiga. Portanto, os

trabalhadores que vivem em condições estressantes, ambientes de trabalho não propícios e

outras situações similares, estão sujeitos a comprometer seu rendimento, principalmente

com relação à produtividade.

As sinapses são tidas como a sede da fadiga nervosa. Sua sensibilidade aos produtos tóxicos

e à má oxigenação é extrema. Por esse e outros motivos é importante que o trabalhador

seja treinado, ao iniciar uma nova atividade, sempre observando suas condições físicas e

psíquicas, evitando assim sobrecargas de informação ou de trabalho físico, comprometendo

sua aprendizagem e desempenho.

A passagem repetida de impulsos elétricos através da sinapse pode ter como efeito a fadiga

ou a facilitação. Se ela for feita intensamente, sobrevém a fadiga. Se, porém, os impulsos

Page 13: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

13

não se repetem em demasia o efeito de cada um deles é diminuir a resistência à passagem

do impulso seguinte, facilitando assim a reação e processando o aprendizado.

2.2 Sistema muscular

Os músculos são responsáveis por todos os movimentos do corpo através de sua própria

contração.

São compostos por órgãos que tem a propriedade de se contrair. São formados por tecido

muscular e se prendem às extremidades dos ossos por tendões, são envolvidos por uma

membrana chamada fascia muscular e neles encontramos inseridas as artérias, veias,

nervos e vasos sanguíneos. Compõem 40 a 45% do peso total do corpo humano.

Podem ser classificados quanto:

Forma - - longos (prevalece o comprimento)

- planos (largura = comprimento)

- curtos (largura = comprimento = espessura)

Situação - esqueléticos

- cutâneos

Estrutura - fibras estriadas

- fibras lisas

- músculo do coração (miocárdio)

Dentro da fisiologia do trabalho a classificação que representa maior importância é sem

dúvida a estrutural.

Page 14: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

14

ü Músculos estriados ou esqueléticos – São músculos de controle consciente,

inervados pelo SNC através das fibras cranianas e espinhais. Realizam os trabalhos

externos do organismo humano. Representam 40% dos músculos do corpo e têm

uma parte envolvida na postura e nos movimentos corporais

ü Músculos lisos – caracterizam-se por não serem voluntariamente controlados pelo

homem, mais sim pelo SNA (Sistema Nervos Autônomo). Entre eles podem ser

citados os músculos das paredes dos intestinos, dos vasos sanguíneos, da bexiga e

do sistema respiratório.

ü Músculo do coração – também de ação involuntária e controlado pelo SNA, os

músculos do coração são diferentes de todos os outros existentes no corpo, pois têm

a capacidade inerente de iniciar seu próprio impulso de contração,

independentemente do sistema nervoso.

Os músculos estriados

Por estarem envolvidos na postura e nos movimentos globais do corpo, os músculos

estriados são de maior interesse para nosso estudo, razão pela qual merecem ser estudados

com maior detalhamento.

A musculatura estriada ou esquelética é formada por dois tipos de fibras:

ü Fibras brancas – de encurtamento e relaxamento rápido, de coloração rósea;

ü Fibras vermelhas – de encurtamento e relaxamento lentos, de coloração vermelha.

De acordo com o quanto sejam solicitados, os músculos estriados podem ter mais ou menos

fibras brancas ou vermelhas, tendo assim uma coloração mais clara ou mais escura.

Cada fibra muscular contém número muito grande de miofibrilas. E cada miofibrila possui,

colocados lado a lado, filamentos de miosina e actina, que são grandes moléculas de

proteínas, responsáveis pela contração muscular.

Page 15: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

15

Na contração muscular ocorre uma sobreposição entre os filamentos de actina e miosina,

isto é, um deslizamento entre esses filamentos protéicos.

Os músculos são fixados aos ossos, cartilagens, órgãos ou outras estruturas por meio dos

tendões. Os tendões são formados pela união de todas as fibras que compõem o músculo.

Contração muscular

O tecido muscular é excitado por meio dos vários tipos de estímulos externos existentes:

elétricos, térmicos, mecânicos e químicos. São eles que desencadeiam a contração muscular.

A contração muscular tem como fonte de energia o glicogênio que, ao ser metabolizado,

leva à formação de ATP (trifosfato de adenosina).

A quebra do glicogênio, chamada glicogenólise, pode ocorrer de duas formar:

ü Na presença de oxigênio – a chamada glicogenólise aeróbica, com grande

produção de energia:

Glicogênio glicose 38 moléculas de ATP

Page 16: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

16

ü Na ausência de oxigênio – a chamada glicogenólise anaeróbica, com produção

de energia muito menor:

Glicogênio glicose 3 moléculas de ATP

Além de produzir menor quantidade de energia, a reação química na falta de oxigênio leva a

produção do ácido lático, cujo aumento provoca dor e, conseqüentemente, fadiga

muscular.

Um músculo completamente fatigado entra em contratura (cãibra). A cãibra consiste na

contração do músculo por vários minutos independentemente de estímulo.

Funções do ATP

ü Contração muscular;

ü Crescimento das células e do organismo;

ü Produção de hormônios e secreções;

ü Participação na excitabilidade e condutividade neuromuscular.

Sistema muscular e trabalho

Quando exigimos demais o trabalho de um músculo ou de um grupo de músculos, estes

podem entrar em fadiga, isto é, eles não se contraem mais quando exigidos. Podemos dizer

que esgotaram as fontes de energia (glicogênio, compostos fosforados) ou houve acúmulo

excessivo de ácido lático.

Irrigação adequada dos músculos

Glicogenólise aeróbica

Aumento da produção de ATP

Redução da produção de ácido lático

Page 17: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

17

Quando o trabalho muscular é prolongado, com no caso de horas extras, carga horária acima

da permitida, períodos de trabalho pesado sem folgas ou pausas, as reservas de glicogênio se

esgotam e o músculo passa consumir suas próprias proteínas, prejudicando o tecido e

determinando sua atrofia. Normalmente o organismo humano não chega a este extremo,

porém, a situação de muitos trabalhadores é delicada, já que não recebem alimentação da

empresa e não têm condições de alimentar-se quantitativa e qualitativamente bem, podendo

chegar à desnutrição e ao emagrecimento por aproveitando de suas reservas sem que elas

sejam repostas.

Nestes casos, notamos que o estado de fadiga instala-se mais rapidamente e a produtividade

do trabalhador diminui sensivelmente. A fadiga é a verdadeira defensora do músculo, pois

obriga diminuir ou a cessar oportunamente a atividade que a está causando.

Atividade muscular

A atividade muscular de um indivíduo pode ser classificada como deficiente, moderada ou

excessiva. Devido ao valor prático inerente, examinaremos a seguir essas três condições.

Os músculos que permanecem em repouso excessivo atrofiam-se, tornam-se frouxos e

infiltrados de gorduras. Diminuem assim, a força muscular, a capacidade de desintoxicação e

a resistência à fadiga. O organismo elimina mal os resíduos do metabolismo e, ao menor

esforço o indivíduo tem acelerado seu ritmo respiratório.

Portanto, as pessoas sedentárias ou com trabalho de atividade muscular muito pequeno têm

dificuldades e necessitam de maior tempo de treinamento para atividades que exijam grande

esforço muscular.

Durante o treino, que deve ser gradual e progressivo, a gordura deposita entre as fibras

musculares tende a desaparecer, o tecido muscular aumenta de volume, ou seja, ocorre

hipertrofia muscular. O afluxo sanguíneo é uma condição essencial para a produção da

hipertrofia muscular. Para que isso ocorra são necessários movimentos que obriguem os

músculos a executar grandes excursões e ativar assim, a circulação sanguínea.

Page 18: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

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Movimentos pequenos não levam à hipertrofia muscular. Portanto, trabalhadores que

executam trabalhos braçais, carregamento de peso e outros, desenvolvem com facilidade os

músculos exigidos em suas atividades.

As modificações que ocorrem nos músculos são essencialmente duas: o aumento de força e

maior resistência à fadiga.

O aumento de força se dá devido ao aumento da massa muscular e a resistência à

fadiga explica-se pela melhor coordenação dos movimentos e pela eliminação dos

metabólitos nocivos resultantes da contração.

O trabalhador corretamente treinado, mesmo que exija muito de sua musculatura, não sofrerá

conseqüências desastrosas, pois atingiu certo nível de eficiência no trabalho muscular e não é

prejudicado durante o esforço.

O trabalho diário é um treino permanente que permite ao trabalhador um rendimento alto em

produtividade. Mantendo-se dentro dos limites fisiológicos do esforço ele conserva sua

capacidade de trabalho, sem prejuízo para a saúde. Infelizmente são muitas as circunstâncias

que o levam ao excesso:

ü Horários prolongados de trabalho;

ü Cargas demasiadas;

ü Desejos de ganhar mais quando o trabalho é por produção, e outros.

Dessa forma, o treino é excessivo e prejudicial. O operário que insiste em sua atividade

produtiva quando já está fatigado não só produz menos trabalho efetivo, como também, sofre

maiores danos em seu organismo.

2.3 Sistema esquelético

O sistema esquelético é formado por um conjunto de órgãos denominado ossos, que por

sua vez são constituídos por tecido ósseo.

Page 19: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

19

Os ossos proporcionam ao corpo estrutura de sustentação, capacitando o homem à postura

ereta e permitindo-lhe movimentos complexos.

Os ossos são esbranquiçados, duros, unidos por articulações. O ser humano possui 206

ossos (eventualmente 208 para os que possuem um par a mais de costelas), servem de

sustentação para as partes moles e também de alojamento e proteção de elementos mais

nobres como a caixa torácica, caixa craniana e cavidade orbital. Também atuam como

elementos formadores de células sangüíneas – tecido hematopoiético. São elementos

passivos em nossa movimentação global.

Coluna vertebral

Dentro da saúde ocupacional este conjunto de ossos possui grande valor para a saúde do

trabalhador merecendo atenção especial em certas atividades. A coluna vertebral é

constituída de 33 vértebras sobrepostas, classificadas da seguinte maneira:

ü Cervicais – sete vértebras localizadas no pescoço;

ü Torácicas ou dorsais – doze vértebras localizadas na região do tórax;

ü Lombares - cinco vértebras localizadas na região do abdome;

ü Sacrais - cinco vértebras localizadas na região sacral;

ü Coccígeas - quatro vértebras localizadas na região do cóccix.

As sacrais e coccígeas, em conjunto, são

chamadas de sacrococcígeanas.

As vértebras cervicais e lombares são as que têm

maior flexibilidade, dando assim movimentação

ampla à região do pescoço e à região abdominal,

respectivamente. As últimas vértebras,

sacrococcígeanas são fixas e maiores, destinadas

a dar sustentação a todo o peso do corpo acima

delas. Alem da movimentação do corpo a coluna

vertebral tem a função de proteger a medula

espinhal (SNC).

Page 20: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

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Entre uma vértebra e outra existe um disco cartilaginoso, composto de massa

gelatinosa. Esses discos não possuem vasos sanguíneos próprios e recebem substâncias

nutritivas por meio dos tecidos vizinhos. Quando comprimidos, perdem água, quando

descomprimidos ganham água e nutrientes. A compressão prolongada é prejudicial, pois

pode provocar a degeneração desses discos.

Muitos trabalhadores apresentam degeneração dos discos intervertebrais (a chamada

hérnia de disco), pois alguns serviços que executam ou posições de trabalho que

assumem, levam a interrupção do processo nutricional dos discos.

As deformidades da coluna podem ser agrupadas em dois tipos:

ü Congênitas – as que existem desde o nascimento da pessoa;

ü Adquiridas – as que se manifestam por diversas causas, como:

- esforço físico excessivo;

- má postura no trabalho;

- deficiência dos músculos de sustentação;

- infecções;

- outras.

Entre as principais deformidades da coluna podemos citar:

ü Escoliose - desvio lateral da coluna. A pessoa vista de frente ou de costas, pende

para a esquerda ou para a direita.

ü Cifose – acentuação da curvatura da região torácica para frente, normalmente

chamada de corcunda.

ü Lordose – inclinação acentuada dos quadris para frente.

As anormalidades descritas não impedem a execução do trabalho. No entanto, caso sejam

acentuadas, os esforços físicos exagerados devem ser evitados.

Page 21: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

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Page 22: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

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3. SISTEMA CARDIOVASCULAR

O sistema cardiovascular ou circulatório é composto por uma grande rede de tubos de

vários calibres denominado vasos sanguíneos e do coração. Dentro desses tubos

circula o sangue, impulsionado pelas contrações rítmicas do coração.

A circulação sanguínea permite que várias atividades sejam executadas com eficiência:

ü Transporte de gases (oxigênio e gás carbônico principalmente);

ü Transporte de nutrientes para todas as células do organismo;

ü Transporte de hormônios e metabólitos provenientes do metabolismo celular;

ü Transporte do calor;

ü Facilita o intercâmbio de substâncias entre as células;

ü Distribuição de mecanismos de defesa e das demais células que compõem o

sangue.

Coração

O coração é um órgão muscular oco que se localiza na região central do tórax, sob o osso

esterno, ligeiramente deslocado para a esquerda. Em uma pessoa adulta, tem o tamanho

aproximado de um punho fechado e pesa cerca de 400 gramas. É formado por tecido

muscular denominado miocárdio. Ele possui em seu interior quatro cavidades ou

câmaras cardíacas:

ü dois átrios – cavidades superiores

ü dois ventrículos – cavidades inferiores

Os dois átrios e os dois ventrículos estão separados entre si, respectivamente, pelos

septos interatrial e interventricular, as suas funções podem ser assim resumidas:

ü Átrio direito (AD) - as veias Cava superior e Cava inferior chegam ao AD,

trazendo sangue venoso de todo o organismo;

Page 23: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

23

ü Ventrículo direito (VD) - possui musculatura mais espessa que a dos átrios, e

dele parte a artéria Pulmonar, levando sangue venoso para ser oxigenado nos

pulmões;

ü Átrio esquerdo (AE) - nele desembocam as quatro veias Pulmonares, vindas duas

do pulmão direito e duas do pulmão esquerdo, trazendo sangue arterial (sangue

rico em oxigênio);

ü Ventrículo esquerdo (VE) - possui parede hipertrofiada, recebe o sangue arterial

do AE e o distribui através da artéria Aorta para todo o organismo.

Entre o AD e o VD existe uma válvula chamada válvula Tricúspide, entre o AE e o VE

existe uma outra válvula chamada válvula Bicúspide ou Mitral.

Ciclo cardíaco

As câmaras cardíacas contraem-se e dilatam-se alternadamente 70 vezes por minuto, em

média. O processo de contração de cada câmara do miocárdio (músculo cardíaco)

denomina-se sístole. O relaxamento, que acontece entre uma sístole e a seguinte, é a

diástole.

Inervação cardíaca

O coração é inervado pelo SNA simpático e parassimpático, que trabalham de forma

antagônica, na maioria de suas funções, afetando o funcionamento cardíaco, alterando a

sua freqüência (FC) ou modificando a força de contração do miocárdio.

Ação do SNA simpático

O SNA simpático através da ação da acetilcolina no nervo Vago acelera a origem e

aumenta a transmissão de estímulos, causando assim:

ü aceleração do batimento cardíaco;

ü aumento da força de contração do miocárdio;

ü aumento da quantidade de sangue expulso pelo coração.

Page 24: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

24

O SNA parassimpático através da ação da noradrenalina nos nervos cardíacos atuam

de forma inversa ao SNA simpático, diminuindo o batimento cardíaco através da diminuição

da excitabilidade e da transmissão de estímulos.

Através do diminui a provocando

Através dos aumenta a provocando

A principal função deste trabalho antagônico é adaptar e coordenar o trabalho cardíaco nas

diferentes situações a que o coração é submetido, como estresse, grandes esforços,

trabalho em ambientes adversos (frio ou calor) ou em altitudes elevadas e outros.

Vasos sanguíneos

Os vasos sanguíneos compõem um sistema fechado de tubos que transportam o sangue do

coração para todo o organismo e vice e versa.

Eles se dividem em veias e artérias.

ü As veias são responsáveis pelo transporte do sangue para o coração, e

ü As artérias levam o sangue para as diferentes partes do corpo.

As artérias e veias são inervadas pelo nervo simpático, que age como vasoconstritor, isto é,

diminui o calibre dos vasos, e pelo nervo parassimpático, que é vasodilatador, isto é,

aumenta o calibre dos vasos. A ação conjunta desses dois feixes nervosos mantém o

calibre e o tônus muscular dos vasos sanguíneos.

SNP

SNS

Nervo vago acetilcolina

Nervos cardíacos noradrenalina

FC

FC

bradicardia

taquicardia

Page 25: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

25

Sangue

Em um adulto o volume de sangue varia em torno de 5 litros, sendo 44% parte sólida -

leucócitos, eritrócitos e plaquetas e o restante, parte líquida – o plasma.

O sangue tem como funções:

ü Transportar oxigênio para as células através da hemoglobina;

ü Transportar substâncias energéticas;

ü Transportar as excretas do metabolismo celular para serem eliminadas;

ü Transportar e manter o equilíbrio do calor corpóreo;

ü Transportar elementos de defesa e desintoxicação;

ü Transportar hormônios.

Trabalho cardíaco

A freqüência cardíaca (FC) é o número de contrações que o coração realiza no espaço

de um minuto. Uma pessoa, ao nascer tem uma freqüência cardíaca em torno de 130

batimentos por minuto (bpm). Ao chegar à fase adulta, ele deverá estar com a FC em

torno de 70 bpm.

A quantidade de sangue ejetada pelo coração para a Aorta por minuto é suficiente para

suprir a intensidade do metabolismo do organismo em condições normais de vida.

A cada contração cardíaca, o VE ejeta para a Aorta mais ou menos 70 ml de sangue.

Considerando que o coração contraia 70 vezes durante um minuto, podemos dizer que

passam por ele e são ejetados para a Aorta cerca de 4.900 ml/minuto, isto é, o débito

cardíaco ou volume minuto do coração é igual a 4.900 ml.

DC = FC X volume ventricular

DC = 70 bpm X 70 ml

DC = 4.900 ml

Page 26: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

26

Algumas situações podem alterar a FC, aumentando ou diminuindo conforme ocorrem

processos patológicos (febre, hemorragias), exercícios musculares, exposição à

temperatura alta e outras.

No caso de aumento da FC não necessariamente ocorrerá um aumento do débito cardíaco,

porque a aceleração dos batimentos cardíacos leva a uma redução do volume ventricular,

devido a uma menor capacidade captadora do ventrículo.

Uma pessoa em repouso necessita de 200 a 250 ml de oxigênio/minuto, e a maior parte

desse oxigênio é utilizada pelo cérebro, fígado e rins, uma pequena parte, pelos músculos.

Quando a mesma pessoa realiza trabalho intenso, ocorre uma inversão da necessidade de

oxigênio, os músculos passam a necessitar de maior quantidade, portanto, o O2 é desviado

para atender essa necessidade.

A resposta ao trabalho dos músculos depende principalmente dos mecanismos de controle

nervoso. Através da estimulação do simpático (acetilcolina) ocorre uma diminuição do fluxo

sanguíneo dos rins, fígado, pâncreas e da pele. Conseqüentemente, o sangue dirige-se

para a musculatura solicitada através da diminuição da resistência periférica seguida de

vasodilatação.

Todas as alterações circulatórias que acompanham o trabalho físico têm como

objetivo fornecer oxigênio às células.

Page 27: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

27

4. SISTEMA RESPIRATÓRIO

O funcionamento adequado dos pulmões durante a sobrecarga do organismo é importante

para que o indivíduo execute o trabalho em boas condições físicas.

O sistema respiratório é composto por dois pulmões: direito e esquerdo e pelas vias

respiratórias (fossas nasais, faringe, laringe, traquéia, brônquios e bronquíolos).

ü Fossas nasais (passagem nasal) - servem para filtrar o ar quando ele entra no

corpo.

ü Faringe - onde se localiza a epiglote cuja função é impedir que o alimento chegue

aos pulmões.

ü Laringe - faz o ar vibrar as cordas vocais.

ü Traquéia - é a continuação da laringe e bifurca-se em dois tubos menores

chamados brônquios.

ü Brônquios - penetram nos pulmões e ramificam-se em tubos menores chamados

bronquíolos.

ü Bronquíolos - têm diâmetro de aproximadamente 1 mm.

ü Alvéolos pulmonares - onde ocorre à troca do oxigênio por gás carbônico.

Em cada pulmão, o ar continua o seu trajeto através de tubos. Os tubos maiores são

chamados brônquios. Os dois brônquios (direito e esquerdo) principais se originam na

traquéia e, dentro dos pulmões, dividem-se em brônquios menores, que por sua vez

dividem-se num grande número de bronquíolos menores ainda. Os bronquíolos

dividem-se em ductos alveolares, que contém os alvéolos, comumente chamados de

sacos de ar.

Os alvéolos são formados por uma parede muito fina ou membrana que separa o sangue

e o ar contido nos alvéolos. Esta fina membrana permite que o oxigênio e o nitrogênio

passem do ar para o sangue. Desta forma, o sangue leva oxigênio para todo o corpo.

Quando o sangue retorna aos alvéolos, o dióxido de carbono e outros gases passam do

sangue para os alvéolos. Estes gases são eliminados do corpo com o ar expira.

Page 28: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

28

Vias respiratórias

Elas têm por função conduzir o ar do meio ambiente para os pulmões e, por meio do

processo respiratório, fornecer O2 às células, eliminando o gás carbônico formado nas

oxidações celulares.

Pulmões

Os pulmões são envolvidos por duas membranas sobrepostas chamadas pleuras: uma é

interna, chamada pleura visceral e a outra é externa , pleura parietal, ficando em

contato com a cavidade torácica.

Mecânica respiratória

O ar contido nos pulmões é renovado através dos movimentos respiratórios Inspiração e

Expiração. O movimento inspiratório é ativo e o expiratório é passivo. Durante o esforço,

ambos são ativos.

A capacidade funcional dos pulmões, que indiretamente mede a capacidade de trabalho e

avalia os efeitos dos riscos profissionais aos quais os trabalhadores estão expostos, pode

ser avaliada através de aparelhos como o espirômetro.

Testes espirométricos ou Prova de Função Pulmonar em indivíduos aparentemente

saudáveis, em grupos de alto risco devem ser considerados parte de um exame regular.

Como por exemplo, nos indivíduos com alto risco de desenvolverem doenças pulmonares,

ou seja, os grandes fumantes e aqueles sujeitos expostos a riscos inalatórios no trabalho.

Quando a espirometria é realizada de forma rotineira (exames médicos periódicos) temos

como vantagens tornar o indivíduo consciente de seu estado de "saúde respiratória",

alertar o médico para pequenas mudanças que podem representar uma tendência de perda

acelerada na função pulmonar e estabelecer dados basais para comparações posteriores,

se mudanças marcadas ocorrerem na função pulmonar.

Page 29: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

29

A Espirometria é um teste que auxilia na prevenção e permite o diagnóstico precoce dos

distúrbios ventilatórios, constitui-se no principal exame das propriedades pulmonares

mecânicas dinâmicas, sendo fundamental para a quantificação da anormalidade funcional.

ü Volume corrente (VC): corresponde ao ar inspirado e expirado normalmente em

cada ciclo respiratório. A quantidade média registrada é de 500 ml.

ü Volume minuto (VM): volume de ar inspirado e expirado durante um minuto

(VM= VC x FR)

ü Volume residual (VR): volume de ar que permanece nos pulmões após uma

expiração forçada (entre 1000 e 1500ml)

ü Capacidade Vital (CV): corresponde à maior quantidade de ar que pode ser

expirada depois de uma inspiração forçada. Nos indivíduos normais é cerca de 4500

ml, sendo que nos atletas essa quantidade pode chegar a 6500 ml.

Em cada minuto são consumidos normalmente 250 ml de oxigênio e eliminados 200 ml de

gás carbônico.

A ventilação pulmonar está também relacionada com o metabolismo, ou seja, quando o

metabolismo é acelerado em função do aumento de atividades físicas (trabalhos

musculares) ou patologias, febre e outros fatores, há um aumento do consumo de oxigênio

e na produção de gás carbônico e, conseqüentemente, uma ventilação pulmonar mais

intensa.

O oxigênio é transportado de duas maneiras:

ü Dissolvido no plasma, e

ü Combinado com a hemoglobina.

A quantidade de O2 transportada depende da:

ü Temperatura do sangue;

ü Taxa de hemoglobina;

ü Taxa de pO2 arterial;

ü Taxa de pCO2 do sangue;

Page 30: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

30

ü Do débito cardíaco;

ü Associação arteriovenosa.

Tome-se como exemplo uma situação de trabalho intenso, na qual a capacidade do

trabalhador chegue ao limite. O sistema circulatório e a ventilação não podem oferecer aos

músculos a quantidade de O2 necessária para manter o metabolismo aeróbico; parte do

metabolismo torna-se então anaeróbico, fazendo assim aumentar a produção de

metabólitos ácidos, com esgotamento das reservas de glicose.

Esta situação é revertida quando o trabalhador é colocado em repouso ou quando está

fisiologicamente adaptado a essa condição de trabalho.

Quando devidamente treinados, os sistemas cardiovascular e respiratório dão ao

trabalhador melhores condições de adaptação ao trabalho, diminuem sensivelmente a

possibilidade de fadiga física, contribuindo assim, para um desempenho melhor e uma

produtividade maior.

O exercício físico, principalmente quando intenso, é a condição mais estressante que os

sistemas circulatório e respiratório podem enfrentar. Isso ocorre porque o fluxo sanguíneo

dos músculos pode aumentar até 20 vezes.

Durante o repouso, a circulação sanguínea da musculatura esquelética permanece em

torno de 3 a 4 ml/100 g de tecido muscular. Com o exercício, esses níveis podem atingir

de 50 a 80ml/100g de tecido. Portanto, o coração e os pulmões têm a responsabilidade de

receber e enviar quantidades adequadas de sangue oxigenado para a musculatura

solicitada. O débito cardíaco é em geral proporcional ao metabolismo global do organismo.

Isso significa que quanto maior a atividade dos músculos e de outros órgãos, maior o

débito cardíaco. Esse dado pode ser observado em indivíduos que tiveram uma adaptação

gradual ao trabalho, dando tempo ao organismo para que atingisse as modificações

necessárias.

Page 31: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

31

A FC também se altera durante o exercício muscular. Sabe-se que a simples mudança de

posição pode modificá-la, a pessoa sentada pode apresentar uma FC em torno de 70 bpm;

em pé 80 bpm e deitado 66 bpm, aproximadamente.

Em exercícios leves, como o digitar o teclado de um microcomputador tão depressa quanto

possível, eleva a freqüência de 70 para 100 bpm; trabalhos pesados aceleram o coração

de 150 pulsações a até 180 pulsações.

Da mesma forma, a freqüência respiratória (FR) que, em condições normais, é de

aproximadamente 20 mrpm (movimentos respiratórios por minuto) pode sofrer aumentos

em condições variadas como esforço muscular, período digestivo, emoções fortes,

elevação da temperatura do ambiente e outras.

Todas essas alterações que os sistemas cardiovascular e respiratório sofrem durante o

trabalho de média e forte intensidade, poderão ser minimizados, caso o trabalhador seja

treinado fisicamente de forma lenta e progressiva, levando em conta as diferenças

individuais de cada um. Dessa forma, o desgaste físico e mental será menor e a

produtividade e o bem estar serão maiores.

Page 32: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

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5. ORGÃOS SENSORIAIS

Os sentidos fundamentais do corpo humano - visão, audição, tato, gustação ou

paladar e olfato constituem as funções que propiciam o nosso relacionamento com o

ambiente. Por meio dos sentidos, o nosso corpo pode perceber muita coisa do que nos

rodeia, contribuindo para a nossa sobrevivência e integração com o meio ambiente.

Existem determinados receptores, altamente especializados, capazes de captar estímulos

diversos. Tais receptores, chamados receptores sensoriais, são formados por células

nervosas capazes de traduzir ou converter esses estímulos em impulsos eletroquímicos que

serão processados e analisados pelo sistema nervoso central (SNC), onde será produzida

uma resposta (voluntária ou involuntária). A estrutura e o modo de funcionamento destes

receptores nervosos especializados são diversos.

Em geral, os receptores sensitivos podem ser simples, como uma ramificação nervosa;

alguns são mais complexos, formados por elementos nervosos interconectados ou órgãos

complexos, providos de sofisticados sistemas funcionais.

Dessa maneira, através do(a):

è Tato - sentimos o frio, o calor, a pressão atmosférica etc - pela pele;

è Gustação - identificamos os sabores - utilizando a língua;

è Olfato - sentimos o odor ou cheiro - pelas fossas nasais;

è Audição - captamos os sons - pelas orelhas;

è Visão - observamos as cores, as formas, os contornos etc - com os olhos.

Entre os órgãos sensoriais, os olhos e os ouvidos sem dúvida são os de maior

importância no desenvolvimento do trabalho e na vida diária. Por esse motivo,

vamos nos limitar ao estudo desses dois sentidos.

Page 33: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

33

5.1 Visão

Na sua forma mais simples, é a capacidade de um organismo detectar a luz. Numa

abordagem mais ampla, a visão é o sentido que permite a discriminação de padrões,

formas, cores, movimentos e profundidades, contribui para que tenhamos um

conhecimento detalhado do ambiente que nos cerca.

No ser humano, o olho é formado por dois globos lubrificados, instalados sobre órbitas,

que se situam no crânio. São movimentados em todas as direções através de músculos.

O olho é protegido por uma capa lubrificada e é envolto por uma espessa cápsula fibrosa

que na parte da frente é um disco transparente, a córnea.

Embaixo dela encontra-se um anel de músculo ajustável chamado íris, que pode se abrir

quando a luz é fraca e se fechar quando é forte ou brilhante.

A lente do olho (cristalino ) situa-se atrás da íris e é controlada por um músculo que pode

se contrair, fazendo com que a lente fique fina para olhar objetos distantes, ou relaxar,

deixando-a mais grossa, para ver objetos próximos.

Dentro do fundo do olho há uma camada de células de dois tipos sensíveis à luz.

Um tipo (cone) pode detectar luz colorida e o outro (bastonete) é responsável pelas

imagens em preto e branco. No crepúsculo, as cores não podem ser vistas porque os cones

precisam de uma alta intensidade de luz para funcionar corretamente. Nessas condições,

os bastonetes, que respondem por níveis mais baixos de luz, são usados para distinguir as

formas e os objetos que se movem.

Entre a lente e a retina há uma geléia transparente (humor vítreo). No homem, a luz que

vem de fora passa pela lente e pela geléia transparente, para ser focalizada na retina.

O nervo óptico é o que transmite o estímulo luminoso (em forma de estímulo

eletroquímico) ao cérebro para que possamos visualizar os objetos e os seres.

Page 34: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

34

O tempo de adaptação da passagem de um ambiente claro para um ambiente escuro é

mais demorado, podendo ser aproximadamente 30 minutos ou mais e varia

consideravelmente de um indivíduo para outro. Por isso, trabalhadores que, por força das

circunstâncias necessitem trabalhar em ambientes mal iluminados devem sempre iniciar o

processo de adaptação com ao menos meia hora de antecedência, usando óculos escuros.

Fonte: Os sentidos, disponível em <http:www.drgate.com.br>

5.2 Audição

As orelhas têm por função captar e converter as ondas de pressão em sinais elétricos que

são transmitidos ao cérebro para produzir as sensações sonoras.

Cada orelha é dividida em três partes:

ü Orelha externa;

ü Orelha média;

ü Orelha interna.

O som é captado pela orelha externa em forma de ondas mecânicas (vibração do ar). As

ondas mecânicas são transmitidas para a orelha média através da membrana timpânica,

esta por sua vez, transmite as ondas mecânicas através de três ossículos, o martelo, a

bigorna e o estribo. Passando pela janela redonda o estimulo (onda mecânica) é levado

Page 35: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

35

à cóclea (orelha interna) que transformará a onda mecânica em estímulo eletroquímico, só

então é que o nervo auditivo conduzirá até o cérebro para que possamos ouvir.

Freqüência do som

A freqüência do som é determinada pelo número de vibrações por segundo que é capaz de

produzir e, sua expressão científica é dada em Hertz (Hz), conhecida popularmente como

“altura” do som.

O ouvido humano é capaz de perceber sons de freqüência de 20 a 20 mil Hz. Normalmente

as pessoas têm diferentes graus de sensibilidade para cada freqüência de som e, essa

sensibilidade varia também de acordo com a idade.

Intensidade do som

A Intensidade do som é definida pela amplitude da vibração. Pequenas amplitudes

correspondem a sons fracos e, grandes amplitudes a sons fortes. A amplitude dos sons é

medida em decibéis (dB).

O ouvido humano é capaz de captar sons de 20 dB a 120 dB. Os sons normalmente

encontrados no lar, no tráfego, nos escritórios e fábricas estão na faixa de 50 a 80 dB.

Sons acima de 120 dB causam desconforto e, quando atingem 140 dB provocam uma

sensação dolorosa.

Duração do som

A duração do som é medida em segundos. Os sons de curta duração são difíceis de

perceber e aparentam ser diferentes daqueles de longa duração.

Efeitos do ruído no trabalho

É bastante conhecida a ação prejudicial do ruído industrial sobre o aparelho auditivo do

trabalhador. Para desempenhar corretamente várias atividades os operários necessitam de

Page 36: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

36

uma audição normal. Conseqüentemente, uma diminuição da acuidade auditiva interfere na

comunicação, predispõe a erros, danos e até acidentes do trabalho. A situação agrava-se

quando trabalhador já é portador de distúrbios auditivos.

Para algumas funções específicas como telefonista, a acuidade auditiva é essencial. Em

outras situações, em que os níveis sonoros ambientais são agressivos, a integridade do

aparelho auditivo fica ameaçada levando em consideração que os protetores auriculares

dão uma proteção de no máximo 30% ou atenuam 30 a 35 dB do ruído industrial.

O ruído excessivo pode ter efeitos nocivos não somente sobre o aparelho auditivo, mas

também provocar reações como irritabilidade, ansiedade, desconforto e outros, além de

alterações fisiológicas como as endócrinas (aumento de catecolaminas no sangue), a

vasoconstrição e taquicardia, levando conseqüentemente, a um aumento de pressão

arterial (hipertensão arterial).

Pesquisas mostram que muitos trabalhadores apresentam decréscimo de produtividade em

função do alto nível de ruído no ambiente de trabalho.

Page 37: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

37

PARTE II

FISIOLOGIA APLICADA AO TRABALHO

1. BIÓTIPO – INFLUÊNCIAS NO TRABALHO

A população humana em geral é composta por indivíduos de diferentes tipos físicos ou

biótipos. Existem pequenas diferenças nas proporções do corpo desde o nascimento, que

tendem a acentuar-se durante o crescimento até a fase adulta.

Biótipos humanos

O homem pode ser classificado basicamente em três grupos principais de biótipos:

ü Normolíneos

ü Longilíneos

ü Brevilíneos

Devemos lembrar, que a maioria das pessoas não pertence rigidamente a nenhum desses

tipos básicos e misturam características dos três tipos, essa variabilidade de formas físicas

deve-se principalmente à miscigenação de raças que ocorreu e, ainda ocorre em nosso

país. Mediante estudos realizados constatou-se que as diferenças de comportamento de

cada grupo podem influenciar até mesmo na escolha da profissão.

Normolíneos ou Mediolíneos

Também chamados de atléticos, os indivíduos deste grupo possuem ombros largos, ossos

fortes e musculatura é bem desenvolvida quando treinada. São pouco intelectuais e têm

reações lentas e pouca afetividade. Porém, são práticos.

Longilíneos

Os longilíneos possuem corpo delgado, com ombros e tronco estreitos, rosto fino e

alongado, pescoço e extremidades longas, musculatura fraca e pouco desenvolvida, mas

Page 38: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

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intelecto desenvolvido. Em geral são inibidos, introvertidos, pouco comunicativos e têm

reações imprevisíveis e variáveis.

Brevilíneos

Os brevilíneos possuem corpo atarracado e grosso, pescoço e extremidades curtas, mãos

e articulações finas e musculatura bastante desenvolvida, quando treinada. Têm tendência

a engordar e adquirir barriga. São sociáveis, realistas, extrovertidos e bons oradores. Em

geral, são bons organizadores e têm preferência pelas ciências naturais.

Fatores que influenciam o biótipo

Certos fatores têm influência decisiva na definição do biótipo humano. São eles: sexo,

idade, raça, época e clima.

ü Sexo

Existem diferenças antropométricas entre o sexo masculino e feminino. Os homens em

geral são de estatura mais alta que as mulheres. Os homens têm os membros superiores

mais compridos.

As mulheres normalmente têm mais tecido gorduroso em todas as idades, enquanto os

homens possuem mais musculatura.

ü Idade

O corpo sofre mudanças na forma e nas proporções nas diversas fases da vida. Há

diferenças visíveis na velocidade de crescimento entre uma pessoa e outra, e nas taxas

anuais de crescimento, provando que algumas pessoas crescem mais rapidamente que

outras.

Page 39: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

39

ü Raça

Sabe-se que sempre houve grande movimento migratório no mundo, com deslocamentos

de povos inteiros de um lugar para outro, hábitos alimentares e culturas diferentes, os

quais produziram mudanças em medidas antropométricas.

ü Época

As medidas antropométricas podem variar num mesmo povo em épocas diferentes. As

modificações de hábitos alimentares e de saúde e a prática de esportes podem fazer as

pessoas crescerem. Tal crescimento depende da qualidade de vida melhor adquirida por

um povo, no curso de sua história.

ü Clima

Os indivíduos de povos que vivem em regiões quentes têm, em geral, o corpo mais

delgado e os membros superiores e inferiores relativamente mais longos. Já os indivíduos

de regiões frias têm, em geral, os corpos mais cheios, volumosos e arredondados.

Essas diferenças resultam de vários séculos de adaptação desses povos ao clima: os corpos

magros têm facilidade na troca de calor com o ambiente, enquanto os mais cheios têm

maior capacidade de armazenar calor no corpo.

Influência do biótipo no trabalho

As diferenças individuais determinadas pela influência de vários fatores, comentados

anteriormente, leva-nos a concluir que ocorram muitas dificuldades no momento de

dimensionar os ambientes de trabalho, os postos de trabalho, devido à grande variação do

trabalhador, no que diz respeito principalmente a medidas antropométricas, força física e

capacidade intelectual.

A indústria moderna equipada com tecnologia avançada e preocupada com a melhor

adaptação do trabalhador, procura desenvolver equipamentos, instrumentos, produtos e

postos de trabalho que tornem as atividades dos operários mais prazerosas e menos

desgastantes.

Page 40: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

40

É justificável, portanto, que se verifiquem as medidas antropométricas, tomando uma

amostra significativa dos que irão usar ou consumir os objetos a serem projetados.

Exemplo: para dimensionar cabines de ônibus deve-se avaliar as medidas dos motoristas

que serão seus usuários.

Vale lembrar que a aquisição de tecnologia e instrumentos de trabalho importados para

serem utilizados por nossos trabalhadores, nem sempre é adequada, pois existem

diferenças marcantes entre o homem brasileiro e o europeu/americano. Fato ainda mais

significativo quando se trata da mulher brasileira.

O fato de o Brasil estar ainda no início da normalização quanto às medidas antropométricas

da população, dificulta a comparação com as medidas dos indivíduos estrangeiros. Algumas

comparações feitas mostraram algumas semelhanças entre os brasileiros e os europeus do

mediterrâneo (portugueses, espanhóis e italianos), que são menores que os nórdicos

(suecos e dinamarqueses) e maiores que os asiáticos em geral.

Muitas vezes, podemos comprovar as diferenças pelas máquinas e equipamentos

importados aos quais nossos operários não se adaptam. Por exemplo: no caso de alcance

vertical o problema pode ser resolvido, em parte, usando-se estrados e banquetas para

compensar as diferenças de estatura. No caso de alcance horizontal, a resolução fica mais

difícil. O trabalho realizado com dificuldade de alcance horizontal exige mais flexões do

tronco, provocando fadiga.

Os problemas com os equipamentos de segurança individual (luvas, botas, macacões e

outros) também são bastante freqüentes. Ao usar, por exemplo, uma luva muito grande

para sua mão, o trabalhador fica entre duas opções: usá-las e correr o risco de sofrer

algum acidente de trabalho ou descartá-las.

Portanto, ao se projetar uma ferramenta/instrumento ou um posto de trabalho deve-se ter

o cuidado de testá-los com a população usuária, fazendo os ajustes necessários, antes de

passar ao projeto definitivo.

Page 41: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

41

Concluímos que as diferenças físicas e intelectuais existentes entre os indivíduos, muitas

vezes, podem facilitar sua adaptação nos diversos ambientes de trabalho; por outro lado,

muitas vezes, as características físicas tendem a dificultar essa adaptação, pois as

condições já existentes (ambiente e/ou instrumentos) não se ajustam ao trabalhador.

Page 42: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

42

2. PRECONCEITOS E DISCRIMINAÇÕES NO TRABALHO

Apesar do avanço tecnológico que vem ocorre no mundo, visualiza-se com certa freqüência

a existência de preconceitos e discriminações no trabalho em relação, principalmente, às

pessoas idosas, as mulheres, aos portadores de necessidades especiais e aos negros.

Existem leis que protegem estes grupos de pessoas e tentam diminuir e mesmo acabar

com as discriminações, mas ainda nota-se forte resistência por parte dos empregadores

para contratar mão-de-obra proveniente desses grupos.

Estudos mostram que a força de trabalho proveniente desses quatro grupos será cada vez

maior.

No caso dos idosos, isso ocorrerá tendo em vista a diminuição da taxa de natalidade e o

aumento da expectativa de vida das pessoas com o passar dos anos. O diagnóstico precoce

de doenças, os métodos de rejuvenescimento e tratamento de beleza cada vez mais

sofisticados contribuem diariamente para manter as pessoas por mais tempo no mercado

de trabalho. Assim, a tendência é aumentar o número de idosos produtivos em todos os

países.

As mulheres, por sua vez, deixaram de se ocupar apenas com as tarefas domésticas e a

criação dos filhos. A cada dia aumenta o número de mulheres que busca um trabalho fora

dos limites da casa.

O comportamento social dos homens e das mulheres mudou. O homem não está mais tão

disposto a sustentar sozinho a família, os relacionamentos já não são tão duradouros, a

mulher necessita ter independência pessoal e financeira, o poder econômico das famílias

está em queda, as dificuldades de conseguir emprego é um fato constante na vida do

homem, o custo de vida nas cidades é muito alto, enfim, todos esses fatores levaram as

mulheres a procurar trabalho fora de casa, muitas satisfazendo suas necessidades pessoais

e, outras, as necessidades econômicas.

Page 43: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

43

Os portadores de necessidades especiais estão cada vez mais aptos para ingressarem

no mercado de trabalho. As técnicas de reabilitação, as cirurgias reparadoras e

reabilitadoras e os materiais e equipamentos especiais permitem, muitas vezes, que os

deficientes tenham um desempenho muito além do esperado, em determinadas funções.

A legislação vigente no país também procura incentivar a contratação dessas pessoas,

oferecendo benefícios fiscais aos empregadores.

Quanto aos negros, como herança de um passado não muito remoto - a escravidão -

nota-se que o desenvolvimento sociocultural e econômico dessa raça ainda está

comprometido. O negro não conseguiu atingir no nosso país o mesmo “status social” do

branco. Portanto, o número de negros fora das escolas é maior que o número de brancos,

os salários recebidos pelos negros são menores se comparados com os dos brancos,

exercendo as mesmas funções, os negros geralmente estão empregados em funções

consideradas de menor complexidade, importância e remuneração, enfim, decorrente de

uma marginalização que perdura há séculos e que deixou marcas bastante profundas,

temos ainda que conviver com a desigualdade e discriminação da raça negra.

2.1 O idoso e o trabalho

Com a perspectiva do futuro, na qual os idosos aparecem ocupando o mercado de trabalho

mais intensamente, convém conhecer melhor esse tipo de trabalhador. Nesse sentido,

serão abordados os aspectos mais importantes em termos de antropometria,

psicomotricidade, visão, audição e memória.

Antropometria

As pessoas tendem a diminuir a estatura gradativamente após os 50 anos: os homens

podem perder até três centímetros e as mulheres até dois e meio centímetros dos 50 aos

80 anos. Porém, o que mais chama atenção é a perda da antropometria dinâmica, isto

é, dos alcances e da flexibilidade, em especialmente, as dos braços.

Page 44: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

44

Quanto à força muscular, cumpre lembrar que ela começa a declinar após os 40 anos.

Entretanto, esse declínio é diferente para as distintas partes do corpo, isto é, os braços e

as mãos não sofrem tanto quanto o tronco e as pernas.

ü Psicomotricidade

Com o avançar da idade, os movimentos tornam-se mais lentos. O tempo de reação de

uma pessoa idosa é 20% maior que o de um jovem de 20 anos. Esse tempo tende a

aumentar de acordo com a complexidade da tarefa.

ü Visão e audição

A acuidade visual começa a sofrer decréscimo a partir dos 20 anos, bem como a visão de

cores e a adaptação ao escuro.

A diminuição da acuidade auditiva também é notada principalmente para os sons agudos.

Levando as pessoas idosas a terem maior dificuldade para entenderem a fala.

ü Memória

A memória de fatos recentes é pouco afetada. Porém, a de informações que devem ser

retidas por muito tempo é facilmente perturbada. O problema pode se tornar grave quando

as pessoas muito idosas esquecem o objetivo da ação, durante a fase de execução de uma

tarefa.

A despeito do quadro apresentado, é essencial lembrar que, apesar da perda das

habilidades físicas, o idoso não está incapacitado para o trabalho.

As pessoas idosas acumulam experiências durante muitos anos e, desde que não sejam

exigidas acima de suas capacidades, podem ter bom desempenho no trabalho.

É importante lembrar que os sintomas de senilidade devem ser vistos como uma das

diferenças individuais entre as pessoas. Existem pessoas de 60 anos que têm tanta força e

capacidade para o trabalho quanto uma de 20 anos.

Page 45: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

45

Pessoas que durante o envelhecimento se mantém ativas, física e mentalmente,

permanecem capazes para o trabalho por mais tempo.

A situação do mercado de trabalho brasileiro é preocupante, visto que uma pessoa acima

de 40 anos de idade muitas vez é considerada “velha” para assumir um posto vago de

trabalho. Além do mais, pesquisas mostram que a aposentadoria dos brasileiros se torna

mais precoce a cada dia que passa, levando ao colapso do sistema previdenciário.

Estes fatos contribuem assustadoramente para tirar do idoso o “sonho” de continuar uma

vida ativa e produtiva, leva-os à depressão, às doenças senis, ao isolamento e muitas vezes

à morte prematura.

Existem projetos no Senado e na Câmara dos Deputados que prevêem incentivos fiscais às

empresas que admitirem trabalhadores acima de 50 anos nos seus quadros de

funcionários, talvez assim, possam reintegrar os chamados idosos ao mercado de trabalho

e proporcionar-lhes uma expectativa de vida mais longa, além de contribuir com a

melhora da qualidade de vida, uma vez que, aumenta a renda familiar.

O Estatuto do Idoso (Lei nº. 10.741/2003) nos artigos 26 e 27 procurou proteger o idoso

quanto ao exercício de atividades profissionais, respeitando as condições físicas,

intelectuais e psíquicas de cada um, proibindo a discriminação e a fixação de limite

máximo de idade para contratação, excepcionalmente, quando a natureza do trabalho o

exigir.

2.2 A mulher e o trabalho

Apesar da mão-de-obra feminina ter aumentado muito nas últimas décadas, este número

ainda é pequeno e a marginalização profissional da mulher é bastante visível.

A mulher, na maioria das vezes, ocupa o mercado de trabalho exercendo atividades de

média e baixa qualificação profissional. Os salários pagos são inferiores aos do homem e

acabam sendo razão para algumas empresas darem preferência à mão-de-obra feminina.

Page 46: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

46

Além disso, as mulheres são vítimas de preconceitos, como por exemplo: o de

“inferioridade” do sexo feminino em relação ao masculino e abusos, como o assédio sexual

no trabalho, o que demonstram o tratamento desigual a que são submetidas. A sociedade

brasileira continua sendo ainda uma sociedade patriarcal e machista.

A mulher deixou parcialmente o trabalho doméstico para o trabalho externo, sobretudo

pela necessidade de aumentar o orçamento da família, participando ativamente, e, às

vezes, solitariamente, da sua manutenção financeira e também da família.

Sua participação no mercado de trabalho tem-se concentrado nas áreas de educação,

saúde, comércio e empresas prestadoras de serviços. Nas indústrias, sua maior presença

está nas áreas de alimentos, têxteis, eletrônica, brinquedos, automotivas e outras.

ü Antropometria

Em termos de altura, as mulheres são geralmente, cerca de 12 centímetros mais baixas

que os homens. Neste sentido, o maior problema é quando necessitam trabalhar em

máquinas e postos de trabalhos ou com acessórios individuais projetados para homens. A

incompatibilidade de altura nesses casos torna o trabalho difícil e mais fatigante para elas.

As empresas fabricantes de materiais e equipamentos individuais, muitas vezes, esquecem-

se das dimensões do corpo da mulher no momento da fabricação desses materiais.

ü Capacidade Física

Em termos de capacidade muscular, a mulher tem aproximadamente dois terços da

normalmente apresentada pelo homem. Também sua capacidade pulmonar em relação à

do homem é de 70%.

Em geral, o coração da mulher é menor e a taxa de hemoglobina no sangue também,

tendo ela, portanto, menor suprimento de oxigênio para os músculos. O limite de

levantamento manual de peso para as mulheres deve ser fixado em 20 quilogramas, no

máximo.

Page 47: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

47

Tudo isso não torna a mulher inapta para o trabalho. Existem muitas tarefas que não

exigem grandes esforços musculares e, o trabalho em uma empresa pode ser planejado

de forma que as tarefas que exijam maior força física fiquem para os homens.

ü Capacidade intelectual

Não existem diferenças significativas entre homens e mulheres. Estudos mostram que eles

perdem 10% de sua inteligência não-verbal entre os 20 e 60 anos e elas, 20%. Porém, isso

é explicado atualmente pelo fato de grande parte das mulheres viverem ainda somente em

ambientes domésticos, terem menor índice de escolaridade, trabalharem em funções com

baixa exigência mental, poucos desafios e excitabilidade.

ü Menstruação

O ciclo menstrual tem duração, em média, de vinte e oito dias. As cólicas de leve

intensidade, com duração de um a dois dias podem aparecer, poucos dias antes ou no

início da menstruação.

Um dos principais motivos das cólicas é a presença da substância denominada

prostaglandina, produzida no útero e quando em dosagem acima do normal, leva às

contrações intensas do útero, bastante semelhantes à dor do parto. A menstruação

acompanhada de dor é denominada dismenorréia, ou seja, menstruação difícil.

Além da dismenorréia a mulher pode sofrer de tensão pré-menstrual (TPM),

considerada recentemente como doença, é comum entre as mulheres, mas não deve ser

considerada normal. Pode ocorrer desde a primeira menstruação até o climatério,

independente de cor, raça, nível cultural ou econômico.

A tensão pré-menstrual pode trazer conseqüências sócio-econômicas bastantes sérias, pois

é fator desencadeante de acidentes no trabalho e no trânsito, decorrente da falta de

atenção, baixa concentração, cefaléia intensa, reações lentas e falta de coordenação.

Page 48: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

48

Dentre os mais de 150 sintomas relacionados a TPM os mais importantes são:

ü cefaléia,

ü enjôo, diarréia,

ü dores na parte inferior das costas e nas pernas,

ü tontura,

ü fadiga,

ü nervosismo,

ü agressividade,

ü baixa produtividade,

ü ansiedade, depressão,

ü ganho de peso,

ü hostilidade,

ü instabilidade,

ü choro fácil e

ü esquecimento.

A TPM está dividida em quatro tipos predominante:

ü no primeiro grupo estão as mulheres que apresentam como sintomatologia

dominante a ansiedade e a agressividade,

ü no segundo grupo estão aquelas que apresentam maiores alterações emocionais e

afetivas,

ü no terceiro se classificam as mulheres com maior número de queixas de ordem

física, geralmente por apresentar aumento no acúmulo de líquidos corpóreos, e

ü no último grupo estão as mulheres que passam a ter compulsão por determinado

tipo de alimento ou então, a falta de apetite.

Segundo pesquisas um grande número de mulheres que sofrem de TPM ficam

incapacitadas por períodos de um a dois dias por mês para o trabalho, apresentam

produtividade abaixo da média, o que significa muitas horas perdidas de trabalho,

conseqüentemente, diminuição do ganho por baixa produção.

Além disso, estudos mostram que ocorre um aumento do nível de criminalidade feminina

durante as crises da TPM.

Page 49: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

49

A TPM não atinge nenhum órgão específico do organismo da mulher, não é diagnosticada

através de exames laboratoriais ou outros, e por isso, as mulheres, muitas vezes, são

desacreditadas ou ridicularizadas quando apresentam os sintomas da TPM. As pessoas

desinformadas vêem a TPM como um meio da mulher livrar-se do trabalho, criando

desculpas para justificar a antecipação da saída ou as faltas.

O tratamento da TPM não é padronizado deve ser de acordo com os sintomas

apresentados pela pessoa, normalmente os médicos aconselham o repouso, dietas leves,

com pouco sal e açúcar, bolsas de água quente na região hipogástrica e o uso da

analgésicos, anti-inflamatórios e terapia hormonal.

Além disso, algumas medidas preventivas podem ser tomadas como: ginástica e atividade

física, terapias alternativas (acupuntura, terapia floral), lazer e psicoterapia de apoio para a

autopercepção e o auto conhecimento ajudam a superar os transtornos que ocorrem neste

período.

Existem estudos ainda, que mostram que o ciclo menstrual pode sofrer desorganização por

atividades físicas pesadas. Atletas podem ter seu rendimento comprometido durante o

período menstrual. Embora, nesse caso, as exigências físicas são extremas. Aconselha-se

que, durante a menstruação, na menopausa e na gravidez, as mulheres não sejam

submetidas a transportes de carga e levantamento de peso acima de 20 kilogramas nos

seus trabalhos.

Enfim, a TPM causa problemas para a mulher, seja na sua vida afetiva, profissional ou

social, todos os estudos e tratamentos têm o objetivo de minimizar os sintomas e melhorar

a qualidade de vida de todos os envolvidos, ou seja, da mulher, do marido, dos filhos, do

namorado, dos amigos e do chefe.

No trabalho aconselha-se não exigir demais da mulher neste período, deixar o ambiente de

trabalho tranqüilo e, se possível, com música em volume baixo, incentivando-a a realizar

atividades físicas; no lar, procurar evitar discussões, críticas e brincadeiras barulhentas,

dispensar ajuda nos afazeres domésticos e fazer elogios para aumentar a alto estima.

Page 50: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

50

Todo esse quadro, porém, não deve servir para discriminar as mulheres, porque diz

respeito a sintomas normais. Além disso, os homens também sofrem alterações cíclicas de

humor e de disposição para o trabalho, ficando em certos dias mais propenso a erros e

acidentes.

Podemos concluir que homens e mulheres podem e devem integrar-se no trabalho,

executando tarefas adequadas à sua capacidade física. Os homens são mais aptos àquelas

que exigem força física, enquanto as mulheres adaptam-se com facilidade às que exigem

pequenos detalhes e às repetitivas, que necessitam de paciência.

2.3 Os portadores de necessidades especiais e o trabalho

Os portadores de necessidades especiais são todos aqueles indivíduos que, por doença ou

acidente, não possuem a capacidade física normal.

De modo geral, podemos classificá-los da seguinte forma:

ü Os dependentes de cadeira de roda;

ü Os portadores de próteses mecânicas ou não;

ü Os usuários de bengalas e muletas;

ü Os parcialmente ou totalmente cegos;

ü Os parcialmente ou totalmente surdos;

ü Os surdos-mudos;

ü Os que apresentam lesões em nível de sistema nervoso central;

ü Os portadores de outras necessidades especiais.

Aos portadores de necessidades especiais devem ser garantidas condições mínimas de

participação influente na vida ativa da sociedade brasileira. Cabe aos políticos, legislador,

governantes, empresários e sociedade em geral criarem condições para minorar as

desigualdades sociais existentes diante das peculiaridades que envolvem estes

trabalhadores.

Page 51: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

51

O portador de necessidades especiais, nas relações laborais, deve estar habilitado e

qualificado para desempenhar a atividade pretendida, dessa forma, poderá pleitear a

igualdade de tratamento.

Caso não esteja capacitado ou mesmo, limitado para realizar alguma tarefa que a função

exija, não poderá pretender assumir a atividade oferecida. Em contra partida, atendidas as

premissas, ou seja, compatibilidade entre a necessidade especial apresentada, a

função pretendida e capacitação, deve ser aplicado o princípio da igualdade, visando

garantir as mesmas oportunidades para todos os indivíduos.

Os portadores de necessidades especiais devem ser reabilitados para o trabalho ou devem

ser assistidos?

Por muitas décadas esta pergunta pairou no ar, o assistencialismo predominou e essas

pessoas ficaram marginalizadas, afastadas da vida social e impossibilitadas de participar e

influenciar nos destinos do país.

No mundo, principalmente Estados Unidos e Europa houve certa preocupa e avanço em

relação aos PNEs quanto a inserção social e condições de trabalho. A OIT publicou as

Recomendações nº. 99/55 e 168/83 e a Convenção nº 159/83 referentes à proteção do

portador de necessidade especial, muitas organizações e entidades foram criadas com o

intuito de defender e proteger os seus interesses.

No Brasil a preocupação é mais recente e somente começou a surgir na metade do século

passado. Em 1978, a Emenda nº 12 estabeleceu algumas normas como: educação especial

e gratuita, reabilitação e reinserção na vida econômica, proibição de discriminação,

inclusive quanto à admissão no trabalho e em serviços públicos, salários e possibilidade de

acesso a edifícios e logradouros públicos.

Com a Constituição de 1988 houve mais avanços, entretanto, os PNEs têm enfrentado,

ainda, muitas barreiras culturais e estruturais para serem aceitos no mercado de trabalho.

Page 52: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

52

A discriminação na admissão do PNE foi tipificada como crime, punível com reclusão, a lei

de benefícios da previdência social determinou o sistema de quotas no preenchimento de

vagas, ou seja:

ü até 200 empregados – 2% de PNEs,

ü de 201 a 500 empregados – 3% de PNEs,

ü de 501 a 1000 empregados – 4% de PNEs, e

ü de 1001 empregados em diante - 5% de PNEs.

A dispensa do PNE só poderá ocorrer após contratação de substituto de condição

semelhante, e no descumprimento da lei será aplicada multa.

Todas essas medidas não apenas beneficiou os PNEs no sentido de conseguirem uma vaga

no mercado de trabalho, mas também a reintegrá-los na sociedade, melhorar seu

potencial de trabalho através do aperfeiçoamento e da busca de novos conhecimentos.

Por outro lado, foram constatados casos de empregadores que pagavam para os PNEs

ficarem em casa, mantendo-os na folha de pagamento, numa tentativa de burlar a lei.

Outros, preferiam pagar a multa imposta a admitirem os PNEs, deixando o interesse

econômico sobrepor-se ao social.

Além disso, outras formas discriminatórias impostas aos PNEs são as barreiras que

obstruem ou impedem a circulação dessas pessoas.

As barreiras arquitetônicas quando se encontram nos edificações e as barreiras

urbanísticas ou ambientais quando estão nas ruas, praças, calçadas, nos equipamentos

e mobiliários impedindo a integração das pessoas portadoras de necessidades, já que

tornam os ambientes inacessíveis, retirando a independência e a autoconfiança dos PNEs.

Os portadores de necessidades especiais devem ser vistos e tratados como pessoas

normais que perderam uma habilidade. Normalmente desenvolvem um mecanismo de

compensação altamente eficaz para realização de artes ou tarefas. Como por exemplo: os

cegos, muitas vezes, têm maior poder de concentração nas sensações táteis, auditivas e

Page 53: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

53

cinestésicas; os paraplégicos dependentes de cadeira de rodas desenvolvem força e

habilidade com as mãos etc.

Através de avaliação médica e psicológica cuidadosa, o portador de necessidades especiais

pode ser corretamente colocado no posto de serviço que melhor se adaptar. Muitas

empresas já estão aptas para recebê-los, tanto do ponto de vista das máquinas como

também, na estrutura física, cabendo apenas assumir verdadeiramente sua

responsabilidade social.

2.4 O negro e o trabalho

A discriminação social do negro, em especial no mercado de trabalho, decorre de longa

data. Após a abolição do regime escravista, o negro, sem nenhuma condição econômica e

cultural, ficou a mercê da sua força braçal para conseguir sustento. Não tinha mais local

para morar, trabalhar e meios para sobreviver.

Sem nenhuma qualificação profissional passou a ser usado como mão-de-obra em serviços

pesados, e, embora assalariado, não teve ascensão social por não ter cultura e

conhecimentos específicos.

Até hoje, o preconceito racial se exterioriza em maior ou menor escala nas regiões

brasileiras. O passado do negro, como escravo, marcou seu futuro para os olhos de muitas

pessoas como um ser inferiorizado, mantendo-os nos setores mais pobres da sociedade.

Dados de pesquisas revelam que a maior taxa de desemprego atinge diretamente os

negros.

Os negros normalmente ocupam postos de trabalhos que dependem de pouca qualificação

e acabam recebendo salários inferiores aos dos brancos. Os trabalhos domésticos são

exercidos na sua maioria por mulheres negras e mulatas.

Apesar do Brasil ser um dos países com a maior população de negros no mundo, a

discriminação e o preconceito vigente é muito grande. Poucos negros têm acesso ao

mercado de trabalho digno, às escolas privadas e faculdades públicas. As famílias negras

Page 54: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

54

são marginalizadas no processo produtivo, conseqüentemente, seus descendentes também

o serão. Muitas vezes, acabam caminhando para o mercado das drogas e do crime.

A situação da mulher negra é ainda mais grave, pesquisas mostram que a taxa de

analfabetismo entre as mulheres negras chega ao dobro das mulheres brancas. As

mulheres negras, em torno de 79% estão envolvidas com trabalhos domésticos, como

cozinheira, arrumadeira, lavadeiras, serviços gerais; em atividades de secretariado,

recepção e vendas apenas 7% das negras, e um número ainda menor, de 5 % nas funções

técnicas, administrativas e artísticas.

O negro é o primeiro a ingressar no mercado de trabalho e o último a sair.

Para acabar com a exclusão social os únicos meios são a educação e o respeito à

igualdade, observando as mesmas oportunidades no mercado de trabalho,

conscientizando a todos que as qualidades individuais de cada pessoal significam e

impõem respeito, independente da cor da pele.

Page 55: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

55

3. METABOLISMO CORPÓREO

O ser humano necessita de energia para desenvolver todas suas atividades. Em

situações normais o indivíduo fornece, através dos alimentos que ingere e do ar que

respira, a energia que o organismo necessita.

O ar e os alimentos são fontes de energia de origem física, biológica e química que o

organismo humano transforma, através de reações bioquímicas, em fontes de energia

térmica e mecânica. A energia térmica e a mecânica permitem o funcionamento do

organismo humano tanto no aspecto físico como psíquico.

Todo processo de fornecimento dos alimentos e do ar para o organismo, a

transformação e degradação desses elementos, liberando calor e energia e produzindo

na musculatura a energia mecânica é denominado metabolismo.

A figura mostra o esquema de Grandjean, que compara o metabolismo a uma lenta

queima de produtos.

Page 56: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

56

Fonte: Grandjean, 1998

Chama-se metabolismo basal a quantidade de energia necessária para manter o

indivíduo em repouso, sem executar qualquer atividade externa. Os valores do

metabolismo basal em homens e mulheres dependem, normalmente, do peso e tamanho

da pessoa, mas podemos dizer que varia aproximadamente de 1800 Kcal/dia para

homens e 1600 Kcal/dia para mulheres.

Os principais nutrientes, fontes de energia para o organismo humano são os lipídeos

(gorduras), os carboidratos (açucares) e as proteínas. Todos são formados pelos

elementos carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O), sendo que as proteínas têm ainda

na sua composição o nitrogênio (N).

Calor Energia mecânica

Estômago Intestino

Pulmões

Fígado

Metabolismo

NUTRIENTES OXIGÊNIO

Page 57: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

57

As proteínas participam da atividade metabólica fornecendo ao organismo humano uma

pequena quantidade de energia. Em situações consideradas anormais, como por

exemplo, na presença de patologias, no jejum prolongado, em estado de subnutrição e no

aumento excessivo da produção do hormônio hidrocortisona, as proteínas contribuem

com uma parcela maior no fornecimento de energia.

As proteínas são decompostas pelo organismo em aminoácidos e hidrocarbonetos.

Os aminoácidos, compostos de nitrogênio, são utilizados na formação dos tecidos e os

hidrocarbonetos que são energéticos, ligam-se aos carboidratos e gorduras.

Entretanto, as maiores fontes de energia são os lipídios e os carboidratos, que ao

sofrerem a quebra quando metabolizados, fornecem moléculas de trifosfato de

adenosina (ATP).

Os carboidratos e gorduras transformam-se em glicogênio que é armazenado nos

músculos e fígado. Os carboidratos e gorduras podem ainda ser armazenados em forma

de gorduras, nos tecidos, para serem utilizados posteriormente.

O glicogênio tem relação direta na capacidade dos músculos realizarem exercícios mais

pesados e prolongados. Quanto mais glicogênio armazenado nos músculos, maior será

sua capacidade para o trabalho pesado, porque sua reposição é mais lenta que o

consumo.

Alimentos ricos em carboidratos tendem a armazenar mais glicogênio nos músculos que

proteínas e gorduras, o que leva a um aumento da capacidade de trabalho.

O metabolismo dos carboidratos pode ocorrer de duas formas: por via aeróbica (na

presença de oxigênio) ou por via anaeróbica (sem a presença de oxigênio), como já foi

estudo na parte I desse material.

Page 58: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

58

üPor via aeróbica, uma molécula de glicose fornece 38 ATP e como principais

metabólitos o CO2 e H2O;

üPor via anaeróbica, a mesma molécula de glicose fornece 2 ATP e principa l

metabólito o ácido lático.

Quanto aos lipídios só podem ser metabolizados por via aeróbica, portanto, para a sua

transformação há necessidade de grande quantidade de oxigênio.

Assim pode-se dizer que, quanto mais capaz fisicamente for o indivíduo, ou seja, maior

capacidade pulmonar com alta oxigenação das células, por mais tempo utilizará os

lipídios na execução de tarefas, enquanto que, pessoas menos treinadas, com menor

capacidade pulmonar e, conseqüentemente, baixa oxigenação das células tenderão a

utilizar maior quantidade de carboidratos para realizar as tarefas.

O treinamento físico leva o indivíduo a uma maior capacitação pulmonar, melhorando a

circulação sanguínea através do aumento da capilarização, beneficiando os músculos com

um volume maior de sangue, elevando o fornecimento de oxigênio às células e à rápida

excreção dos subprodutos do metabolismo.

Além disso, o treinamento físico proporciona ao indivíduo uma máxima capacidade de

captação de oxigênio, denominada volume máximo de O² (VO² máx.).

As adaptações cardiorrespiratórias decorrentes do treinamento levam:

üa melhora da capacidade funcional dos pulmões para captar o oxigênio, com

conseqüente melhora da capacidade da membrana alveolar em difundir o oxigênio

para o sangue,

üaumenta a quantidade e a qualidade das hemáceas e hemoglobina na realização do

transporte sangüíneo do oxigênio,

ümelhora a capacidade cardiovascular de bombear quantidades adequadas de sangue

em tempo hábil,

Page 59: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

59

üeleva a pressão arterial e dilata os vasos dos tecidos em trabalho, facilitando a

difusão do sangue para eles, permitindo assim, que o oxigênio chegue aos pontos

do metabolismo aeróbico.

Assim sendo, podemos afirmar que a capacidade aeróbica poderá ser aumentada em até

15 % através da prática de exercícios regulares durante 30 a 40 minutos, de 3 a 4 vezes

por semana, o que leva também o coração a aumentar sua capacidade de bombeamento

do sangue para os pulmões e restante do corpo.

O gasto de energia para o trabalho

Como foi visto anteriormente, o metabolismo basal é a quantidade de energia necessária

para o ser humano manter-se vivo, em repouso. Entretanto, o homem realiza atividades

de trabalho e extra-trabalho quase continuamente, com exceção nos períodos de sono.

Estudiosos comentam que o total de energia consumido pelo homem é composto pelo

metabolismo basal, por calorias de lazer e por calorias de trabalho, distribuídos conforme

gráfico a seguir:

1000

2000

3000

4000

5000

1000 1600 2000 3000

Calorias de Trabalho

Calorias de lazer

Metabolismo basal

Calorias-trabalho/24h

Trabalho:leve

Meio Pesado

Pesado Muito Pesado

Consumo total de energia/24h

Fonte: Grandjean,1998

Page 60: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

60

Apresentamos no quadro abaixo a relação de algumas profissões e o gasto médio de

energia, para homens, em kcal/dia:

Tipo de Profissional Necessidades calóricas

Trabalhadores de escritórios 2.500 kcal/dia

Motoristas 2.800 kcal/dia

Operários de trabalho leve 3.000 kcal/dia

Mecânicos de autos e carpinteiros 3.500 kcal/dia

Grande parte de operários industriais 2.800 a 4.000 kcal/dia

Estivadores até 4.500 kcal/dia

Os valores citados anteriormente representam a média da população, existem casos em

particular, onde ocorrem variações desses valores de acordo com o sexo, a massa

copórea, a idade e fatores ligados a atividade glandular de cada indivíduo.

Quanto a diferença do gasto de energia entre homens e mulheres, temos que os homens

gastam cerca de 20% de energia a mais que as mulheres para executar as mesmas

tarefas, ou seja, se uma mulher gasta 2.500 kcal para executar determinada tarefa, o

homem gastará 3.000 kcal na execução da mesma tarefa. Observe a tabela abaixo:

GASTO ENERGIA/

HOMENS

GASTO ENERGIA/

MULHERES

Em escritórios 2070 a 2530 kcal/dia 1755 a 2145 kcal/dia

Ativ/industrial leve 2630 a 3200 kcal/dia 2230 a 2720 kcal/dia

Ativ/indust.moderada 2880 a 3520 kcal/dia 2450 a 3000 kcal/dia

Ativi/ indust. pesada 3600 a 4400 kcal/dia 3060 a 3750 kcal/dia

Os trabalhadores experientes desenvolvem uma tarefa gastando menos energia que os

aprendizes. A prática faz com que os trabalhadores experientes executem uma tarefa

realizando um número menor de movimentos, o que os leva a gastar menos energia, além

do mais, a prática permite que errem menos.

Page 61: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

61

Como já vimos a alimentação adequada é o fator mais importante no fornecimento de

energia para o homem. Uma alimentação correta e equilibrada supre o organismo humano

com a quantidade de energia necessária para o desempenho das atividades laborais. Caso

o trabalhador alimente-se de forma inadequada e insuficiente para repor os gastos,

apresentará uma redução de peso e queda no rendimento, além de ficar mais vulnerável

às doenças.

Em média, a população ingere em torno de 3.000 kcal/dia de alimentos, tendo assim um

rendimento máximo de 100% no trabalho. Caso a ingestão em kcal/dia diminua, o

rendimento também diminuirá, o que nos leva a concluir que a subnutrição de um povo,

acarreta resultados desastrosos ao país do ponto de vista econômico, uma vez que diminui

acentuadamente a produtividade.

É interessante frisar que trabalhadores que apresentam cansaço e desatenção, muitas

vezes, considerados preguiçosos ou desmotivados, podem estar em estado de

subnutrição, acompanhado de patologias, como por exemplo, verminoses, levando-os a

baixa produtividade e desinteresse. Um bom controle da saúde desses trabalhadores e

adequada alimentação poderá tirá-los desse metabolismo deficitário e, conseqüentemente,

aumentar a produtividade.

Estudos mostram que os baixos salários pagos nos países subdesenvolvidos contribuem

para a baixa produtividade, uma vez que, entre outros motivos, esses trabalhadores não

conseguem proporcionar uma alimentação adequada para si e seus familiares. Nessa

condição de subnutrição o trabalhador tende a trabalhar num ritmo bastante lento para

poder suportar a carga horária diária de trabalho, caso contrário, suportaria, num ritmo

maior, em média, apenas 2 horas de trabalho por dia.

O aumento da remuneração dos trabalhadores, muitas vezes, não contribui para o

aumento da produtividade, pois nem sempre a diferença nos ganhos será aplicada numa

alimentação mais adequada e equilibrada.

Page 62: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

62

Vale lembrar que apenas a alimentação fornecida pela empresa (almoço ou jantar) não é

suficiente para repor as perdas calóricas decorrentes do trabalho. O trabalhador necessita

de condições econômicas adequadas para alimentar-se bem, também em sua casa.

O trabalhador não necessita apenas da energia proveniente dos alimentos, há necessidade

de líquidos para manutenção do equilíbrio do metabolismo corpóreo. Os alimentos, na sua

maioria, têm na sua composição grande quantidade de água, contudo, o organismo

precisa do fornecimento extra de líquidos, que pode varia de pessoa para pessoa ou

ainda, devido às condições climáticas.

A ingestão de líquidos além de promover a hidratação do organismo, auxilia na excreção

de inúmeros produtos finais do metabolismo corpóreo, através dos rins e das glândulas

sudoríparas.

O trabalhador deve estar atento e orientado para a reposição contínua dos líquidos

orgânicos, principalmente em dias muito quentes e quando o trabalho estiver sendo

executado diretamente sob o calor do sol. O consumo de líquidos varia de pessoa para

pessoa mas, em média, uma pessoa deve ingerir de 1,5 a 2 litros de líquidos/dia podendo

ser água, chás, sucos, leite, caldos etc.

Hábitos alimentares para evitar as doenças e melhorar as produtividade

üEvitar ingestão excessiva de carboidratos na refeição servida na empresa. Os

carboidratos em grande quantidades provocam fermentação intestinal o que leva a

formação de gases, com conseqüente desconforto abdominal.

üEvitar a ingestão excessiva de gorduras, são de difícil digestão e contribuem para a

diminuição do rendimento do trabalho. Além de contribuir para o aumento do

colesterol no sangue e levar a obesidade.

üNão ingerir a refeição rapidamente, evitando assim, o desconforto pós-prandial.

üNão realizar as refeições no próprio local de trabalho, podem ocorrer intoxicações

digestivas decorrentes da contaminação das mãos ou dos alimentos e utensílios.

üAumentar a ingestão de carnes brancas, peixes, verduras e legumes, são de fácil

digestão e fornecem nutrientes adequados à necessidade do trabalhador.

Page 63: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

63

üEvitar uso de bebidas gasosas para diminuir o desconforto gastrintestinal.

üNão ingerir grande quantidade de café, evitando a produção excessiva de ácido

clorídrico, reduzindo a possibilidade de desconforto gástrico, como por exemplo

gastrites e úlceras. O ideal são dois cafezinhos por dia, um de manhã e outro a

tarde.

üOs trabalhadores do período noturno devem evitar alimentar-se excessivamente

durante a noite, principalmente, quando as atividades desenvolvidas são leves ou

moderadas. A alimentação excessiva pode levar à obesidade.

üRepor a alimentação em horários adequados, ou seja, a refeição principal (almoço)

deve ser servida após 3 ou 4 horas do início do período. As pausas para o lanche

devem ser em número de duas, uma no meio do turno da manhã e outra no meio

do turno da tarde.

üA higiene pessoal pré e pós-alimentação contribuem para o bom estado da saúde do

trabalhador. O hábito de lavar as mãos e os antebraços contribui para evitar

contaminações por parasitas intestinais e intoxicações por produtos utilizados no

processo industrial. A escovação dos dentes pós alimentação contribui com a

saúde bucal, levando a uma melhora da mastigação dos alimentos e,

conseqüentemente, melhor aproveitamento dos mesmos. A troca do uniforme

sujo antes das refeições auxilia na prevenção de contaminações.

üA empresa deve utilizar-se de um programa de educação alimentar, com o auxílio de

um nutricionista, para esclarecer aos trabalhadores a necessidade de variar os

alimentos e saber apreciar alimentos que a princípio não fazem parte da dieta, mas

têm alto valor nutritivo, incentivando a mudança dos hábitos alimentares.

Page 64: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

64

4. TRABALHO MUSCULAR ESTÁTICO E TRABALHO MUSCULAR DINÂMICO

O homem ao realizar seu trabalho utiliza-se de duas formas de esforço muscular:

üo esforço dinâmico (trabalho muscular dinâmico – trabalho rítmico)

üo esforço estático (trabalho muscular estático – trabalho postural).

O tipo de esforço é determinado pelo comportamento dos músculos de acordo com as

exigências do trabalho executado.

Trabalho Dinâmico

No trabalho dinâmico os músculos apresentam-se numa rítmica seqüência de contração

e descontração, ou seja, ocorre o tensionamento e o afrouxamento da musculatura que

está trabalhando.

Quando os músculos estão em trabalho dinâmico eles agem como uma verdadeira bomba

propulsora sobre a circulação sanguínea, a contração expulsa o sangue para fora dos

músculos e a descontração (relaxamento) permite a entrada do sangue renovado para

dentro das células musculares. Assim, no trabalho dinâmico os músculos recebem uma

quantidade aumentada de sangue, de 10 a 20 vezes mais, que no trabalho estático,

caracterizado pelo repouso.

O aumento da circulação sanguínea dos músculos no trabalho dinâmico contribui para

trazer maior quantidade de açúcar e oxigênio às células, conseqüentemente, aumenta a

produção de energia, levando embora os resíduos (os metabólitos) produzidos, para

serem excretados.

Trabalho Muscular Estático

No trabalho muscular estático ocorre o oposto, ou seja, há um estado de contração

prolongada da musculatura visto, principalmente, em trabalhos que exigem a manutenção

de determinadas posturas.

Page 65: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

65

A musculatura em tensão contínua por longos períodos provoca sobre os vasos

sanguíneos uma pressão externa, dificultando o fluxo de sangue e, conseqüentemente,

levando a uma diminuição da oferta de sangue para os músculos.

A diminuição da chegada de sangue para os músculos tem como conseqüência a

diminuição da oferta de açúcar e oxigênio, fazendo com que os músculos realizem grande

parte do seu trabalho estático usando apenas as próprias reservas de energia. Além do

mais, os metabólitos não são excretados adequadamente, acumulam-se nos músculos

causando dor aguda seguida de fadiga muscular.

O trabalho muscular estático não pode ser suportado por longos períodos, a dor acaba

por obrigar a sua interrupção. Conclui-se que, quanto maior for a força exercida ou maior

a tensão dos músculos envolvidos, mais rápido será o aparecimento da fadiga muscular.

Em contra partida, o trabalho muscular dinâmico pode ser suportado por períodos

longos e, quando exercido em um ritmo adequado, não provoca fadiga muscular.

Conclui-se, ao comparar o trabalho muscular dinâmico ao trabalho muscular estático,

exercidos em condições normais, que este último provoca um aumento do consumo de

energia, aumento da freqüência cardíaca e necessita de longos períodos para

restabelecer o funcionamento normal do organismo humano.

Tudo isso pode ser explicado pelo fato de que, o metabolismo do açúcar quando ocorre

na presença de baixa quantidade de oxigênio, libera menos energia, ou seja, menos ATP,

produzindo maior quantidade de metabólitos (ácido lático). O ácido lático é acumulado nos

músculos levando à fadiga muscular e a dor.

A falta de fornecimento de quantia adequada de oxigênio aos músculos, que acontece

normalmente no trabalho estático, deprime o grau de eficiência do trabalho dos músculos.

Contudo, o trabalho estático, ou seja, em condições anaeróbicas não deve ser visto como

algo negativo para o ser humano. Este tipo de trabalho é de grande utilidade desde que

Page 66: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

66

utilizado sob duas condições: quando há necessidade de esforços de grande intensidade,

porém, em períodos de curtíssima duração.

TRABALHO ESTÁTICO

TRABALHO DINÂMICO

TRABALHO ESTÁTICO = PRESSÃO INTRAMUSCULAR ELEVADA

Compressão dos vasos sangüíneos com diminuição acentuada da irrigação muscular

HIPÓXIA Acúmulo de substâncias provenientes do metabolismo do organismo

Fadiga muscular = dor

Acúmulo de CO2

Bomba muscular

CONTRAÇÃO E DESCONTRAÇÃO RÍTMICA DOS MÚSCULOS

Contração Descontração

Aumento da pressão intramuscular Diminuição da pressão intramuscular

Compressão dos vasos, redução da irrigação muscular.

Dilatação dos vasos, aumento da irrigação muscular.

Proporciona boas condições para nova contração

Page 67: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

67

5. FATORES HUMANOS NO TRABALHO

O ser humano é dotado de certas características que podem influenciar no

desenvolvimento das atividades laborais.

Normalmente, quando um corpo está em repouso ou acostumado a certas atividades, ao

ser exigido com outras atividades diferenciadas ou mais pesadas deve sofrer

transformações, a fim de, adaptar-se ao novo processo.

Estas transformações serão gradativas e ocorrerão devido ao treinamento que deve ser

proporcionado ao organismo. Contudo, nem sempre as transformações geradas pelo

treinamento frente a uma determinada atividade laboral, gera condições favoráveis ao

organismo humano. Muitas vezes, podem produzir resultados desfavoráveis pelo próprio

tipo de atividade ou por falta de capacidade/ interesse da pessoa envolvida.

Problemas de memória, fadiga, falta de motivação, monotonia, estress e outros são

fatores importantes e necessitam ser analisados, sob todos os aspectos, sempre

procurando minimizar, controlar, substituir ou mesmo eliminá-los quando possível.

5.1 A memória

A memória é a “caixa” que concentra as informações recebidas pelo cérebro. Ocorre com

certeza uma seleção das informações a serem armazenadas no cérebro. Podemos dizer

que a relevância da informação fornecida para a pessoa tem fundamental importância no

seu armazenamento. Portanto, o homem na maioria das vezes determina o que é

relevante ou não, ou seja, o que será ou não armazenado.

O papel da memória no trabalho é de fundamental importância. A execução das tarefas

exige do homem a restituição de informações, após um certo tempo, quando a fonte de

informação já não está mais presente.

O homem tem a capacidade de fazer o reconhecimento, ou seja, de reencontrar, na sua

percepção, elementos memorizados há certo tempo. Tem a capacidade ainda, de

Page 68: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

68

reconstruir uma organização memorizada que sofreu alguma mudança, por exemplo,

reorganizar as peças de um jogo de quebra-cabeça, seguindo a ordem anterior à sua

desmontagem. Finalmente, o homem tem a capacidade de lembrar de forma integral,

fatos anteriormente vividos, sem estarem presentes os elementos desses fatos.

Existem dois tipos de memória:

ü Memória de curta duração ou recente;

ü Memória de longa duração.

ü A memória de curta duração consiste na lembrança de fatos que acabaram de

acontecer, dentro de um período de minutos ou horas.

ü A memória de longa duração, ao contrário, engloba lembranças de

acontecimentos de meses ou anos atrás.

As informações armazenadas normalmente podem ser recuperadas, embora nem sempre

tão completas como se pode desejar.

As informações quando armazenadas deixam um “rastro” no cérebro, como se uma rede

de neurônios recebesse uma marca. Quando um estímulo percorre este caminho marcado,

trás de volta para o indivíduo a informação desejada.

A memória de curta duração é apagável, o que explica a perda de memória para fatos

imediatamente ocorridos antes de um traumatismo craniano. Supõe-se que existe um

período de gravação ou consolidação da memória, e se ocorrer algum problema durante

este período os “rastros” podem sofrer prejuízos e não serem armazenados na memória

de longo prazo. Com o passar do tempo, os “rastros”, não ocorrendo nenhum percalço, se

tornarão estáveis e resistentes e serão então armazenados na memória de longa duração.

O número de células nervosas que compõem o sistema nervoso humano gira em torno de

10 bilhões de células e a capacidade total da memória humana é cerca de 108 (cem

milhões) bits, valor inimaginável que ultrapassa a capacidade de memória dos

computadores.

Page 69: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

69

São bastante freqüentes os erros de memória, contudo, podem ser evitados ou corrigidos,

através do conhecimento dos mecanismos que levam à sua ocorrência.

A memória de curta duração embora seja rapidamente deletada e tenha capacidade

bastante reduzida, tem grande importância quando se quer transformar instruções

fornecidas em ações.

Assim, deve ser utilizada da melhor forma possível. Lançar mão de artifícios pode ajudar

na utilização da memória de curta duração, como por exemplo dar informações em bloco,

relacionando itens entre si; usar letras em lugar de números, as letras são

automaticamente relacionadas com palavras e estas são mais facilmente memorizadas;

utilizar a diferenciação entre as informações, como por exemplo letras com sons distintos

ou formas distintas (usar X,Q,H,T, evitando O,C,G,Q que têm formas parecidas) e, por fim,

utilizar a verbalização para transmitir as informações, são mais facilmente retidas que

quando passadas por escrito.

Quanto a memória de longa duração, também pode ser estimulada e sua capacidade

aumentada independemente das características individuais de cada pessoa.

Através de esforços conscientes e aplicação de alguns artifícios é plenamente possível

atingir alto nível de armazenamento de informações. Podem ser citados como exemplos:

proceder a limpeza da memória, eliminando fatos que já não são importantes, que

congestionam a memória e não permitem que novas informações sejam armazenadas; dar

significados às informações, relacionando-as a outros fatos que tenham significado para a

pessoa, como por exemplo usar o número de sua casa, a data de nascimento de parente

etc; formar palavras nmemônicas, ou seja, criar uma frase com o início de várias palavras

a serem memorizadas e memorizar a frase, o que torna a memorização muito mais

simples e por último, associar as informações com imagens visuais, dando preferência às

imagens estereotipadas , marcantes ou figuras conhecidas.

Podemos concluir que todas as pessoas são capazes de aprender e de tornar menos

traumatizante o processo ensino-aprendizagem do trabalho.

Page 70: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

70

O trabalhador necessita de orientação e alerta para atitudes e procedimentos que facilitam

a tarefa de memorizar o que foi ensinado. Vale lembrar, que os mecanismos de

aprendizado e a memória funcionam quando o indivíduo está em estado de alerta, ou

seja, quando a ativação cerebral é alta, o que diretamente está ligada à motivação.

5.2 A motivação

Um trabalhador motivado certamente produzirá mais peças que normalmente produz.

Não há como observar diretamente a motivação, somente será percebida através dos

resultados apresentados pelo trabalhador.

Estar motivado é buscar, perseguir um determinado objetivo, por um período de tempo,

que pode ser curto ou longo. Determinar-se a alcançar “algo” e manter-se empenhado a

atingi-lo, executando procedimentos para esse fim é estar motivado.

Podemos afirmar que a motivação para o trabalho aliado aos conhecimentos técnicos

específicos para executar determinada tarefa resultará, sem dúvida, no aumento da

produção.

Considera-se uma tarefa motivadora quando se tem metas a serem alcançadas, quando a

tarefa é desafiadora e quando, durante a realização do trabalho o trabalhador for

informado, com freqüência, sobre os resultados alcançados por seu trabalho e de seus

colegas.

Situações onde o trabalhador não tenha os objetivos ou metas bem traçadas e/ou não

ocorram situações de desafio, tornará o trabalho infindável e pouco competitivo. As metas

bem claras e as situações de desafio levam o trabalhador a querer se superar,

principalmente se houver recompensas.

Dentre algumas teorias de conteúdo em motivação a mais plausível foi o trabalho de

Herzberg (1959), que ao entrevistar em torno de 1600 trabalhadores, pode perceber que

Page 71: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

71

existiam duas situações bastante distintas, uma agindo de forma positiva e chamada de

motivadora e outra, que agia de forma negativa, levando o trabalhador ao aborrecimento.

Nem sempre esses fatores se opõem uns aos outros, ou seja, se eles não existirem, são

fontes desmotivadoras, mas se existirem, podem ou não ser fontes de motivação ou

satisfação.

São fontes de motivação:

ü O trabalho propriamente dito;

ü Realização pelo trabalho;

ü Reconhecimento pela realização;

ü Responsabilidade que o trabalho representa;

ü Avanço e crescimento profissional que o trabalho proporciona.

Podem ser fontes desmotivadoras:

ü Problemas com a supervisão;

ü Relacionamento difícil com a chefia e/ou colegas;

ü Más condições de trabalho;

ü Baixa remuneração;

ü Política e administração da empresa inadequadas;

ü Segurança pessoal ameaçada;

ü Falta de status pessoal;

ü Dificuldade no relacionamento com os funcionários;

ü Problemas na vida pessoal.

Como dissemos anteriormente, um trabalhador produz mais e melhor quando motivado,

além disso, consegue superar mais facilmente os efeitos da monotonia e da fadiga. A

motivação dispensa, na maioria das vezes, a supervisão, pois o trabalhador por si mesmo,

procura superar as dificuldades, resolvendo os problemas e atingindo os objetivos

propostos.

Motivar o trabalhador não é tarefa simples para o empregador, devemos lembrar que um

dos principais fatores de maior motivação é o salário, em especial, para aqueles

Page 72: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

72

trabalhadores que têm menor renda. Contudo, nem sempre é possível proporcionar um

salário que seja considerado justo, em decorrência da política vigente no país.

Outro fator importante de motivação que deve ser citado é o reconhecimento e, deve

estar fundamentado em um relacionamento franco e de confiança entre a administração

da empresa e o trabalhador. A empresa deve estabelecer claramente os critérios de

remuneração e promoção de seus trabalhadores e, sempre que possível, pautá-los no

bom desempenho do trabalho e no aperfeiçoamento pessoal e profissional.

Provavelmente, não gerará nenhuma insatisfação nos seus funcionários, quando alguém

que se destacou na produção e/ou atingiu níveis de conhecimentos superiores aos demais,

receber promoção ou aumento em seus ganhos.

5.3 A monotonia

A monotonia é a reação do organismo a uma situação uniforme, pobre ou com poucas

variações de estímulos. Caracteriza-se por sintomas, entre outros, sensação de fadiga,

cansaço, sonolência, morosidade, falta de disposição, diminuição da atenção e stress.

Tarefas repetitivas na empresa, tráfego moroso e rotineiro, professores que mantém o

mesmo tom e intensidade de voz podem provocar monotonia.

Outras situações contribuem para o aparecimento da monotonia em trabalhadores:

ü Atividades de longa duração, com necessidade de alto nível de observação, porém,

sem a ocorrência de estímulos para aguçar essa observação;

ü Operações com ciclos de duração muito pequenos e/ou de repetição prolongada;

ü Tarefas que restrinjam a movimentação corporal;

ü Estimulação sensorial ambiental muito baixa;

ü Locais pouco iluminados, ventilados e ruidosos;

ü Locais de trabalho isolados, sem contato com outras pessoas;

ü Organização do trabalho que impõe ritmo constante ao trabalhador.

Page 73: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

73

Não só as condições de trabalho levam à monotonia, devemos analisar também as

condições pessoais que podem influenciar de forma bastante significativa a vulnerabilidade

à monotonia, ou seja, podem aumentar ou diminuir o seu aparecimento.

A monotonia aumenta nas pessoas:

ü em estado de cansaço;

ü que trabalham no período noturno, principalmente quando não estão adaptadas;

ü com alto nível de formação, conhecimento e capacidade, executando tarefas de

baixa complexidade;

ü com alto nível de produtividade e prontas para assumir grandes responsabilidades;

ü com baixa motivação/satisfação no trabalho;

ü extrovertidas.

Em situação contrária, podemos dizer que alguns fatores levam o indivíduo apresentar

resistência à monotonia:

ü pessoas que se encontram descansadas;

ü pessoas no período de aprendizagem tendem a prestar maior atenção às tarefas,

mesmo que sejam monótonas;

ü pessoas que realizam tarefas repetitivas, mas fazem disso um meio para atingir

alguma meta maior.

Do ponto de vista fisiológico o organismo humano sofre alterações quando não recebe

estímulos ou não é desafiado, ou seja, quando o homem realiza tarefas monótonas e

repetitivas os impulsos sensoriais aferentes se esgotam, levando então à desativação

cerebral, conseqüentemente, reduzindo o estado funcional de todo o organismo.

Além disso, podemos dizer que dois outros fenômenos fisiológicos decorrentes da falta de

estímulos podem ser colaboradores no desencadeamento da monotonia: a adaptação e

a indiferença.

Page 74: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

74

A adaptação

Os órgãos dos sentidos adaptam-se às características do meio ambiente, ou seja, se

existem novos estímulos no ambiente os órgãos são sensibilizados e reagem a eles, caso

os estímulos sejam repetitivos e se prolonguem por longos períodos os órgãos tornam-se

insensíveis.

O cérebro é ativado pela grande variação dos estímulos externos, por outro lado, a

repetição constante dos mesmos estímulos provoca uma certa inativação cerebral.

Quando o trabalho apresenta características de monotonia e de repetição e o ambiente

encontra-se empobrecido de estímulos novos, os órgãos dos sentidos diminuem o envio

dos estímulos por parte dos órgãos receptores ao sistema nervoso, com a finalidade de

protegê-lo contra a estimulação sensorial excessiva. Assim, podemos dizer que houve uma

adaptação do organismo às condições de trabalho e do ambiente.

A indiferença

O trabalho monótono e repetitivo provoca a eliminação de reações frente aos estímulos,

uma vez que eles deixam de ter um significado para o indivíduo, levando-o a

indiferença.

Da mesma forma que a adaptação aos estímulos repetitivos, a indiferença tem o objetivo

de proteger o córtex cerebral e o organismo em geral, de uma série de estímulos sem

significados.

Assim, podemos concluir que tarefas pobres em estímulos ou ricas em estímulos

repetitivos somadas aos mecanismos neurofisiológicos da adaptação e da indiferença são

fatores fundamentais no desencadeamento da monotonia.

A diminuição do nível de excitação cerebral reflete sobre todo organismo, que diminui de

maneira geral todas as suas reações.

Page 75: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

75

Entre outras alterações podemos citar a produção diminuída do hormônio adrenalina pelas

glândulas supra-renais. A produção desse hormônio está diretamente ligada aos estímulos

e desafios proporcionados ao homem. Quando ocorre diminuição dos níveis de adrenalina

no organismo há uma queda no nível de atividade do homem.

Podemos comparar o desenvolvimento de duas crianças, uma criada com todas as

condições de aprendizagem, estímulos, jogos, brincadeiras etc e outra, sem qualquer

mecanismo de desenvolvimento, seja mental, físico ou psíquico. Provavelmente a primeira

se desenvolva de forma adequada e evolua satisfatoriamente, tendo facilidades para se

desvencilhar dos desafios propostos; a segunda, no entanto, terá certamente muitas

dificuldades para realizar as tarefas, resolver os problemas ou criar soluções para os

desafios que aparecerem.

O trabalhador que executa tarefas repetitivas e monótonas por longos períodos da sua

vida sofre as mesmas conseqüências da criança que se desenvolve de forma inadequada,

sem os recursos necessários. Sua capacidade física e mental fica comprometida, ocorre

uma certa atrofia cerebral, por falta de desafios e estímulos novos. Ambientes de trabalho

com novos desafios e estímulos levam a uma excitação cerebral e provoca o

desenvolvimento do homem no aspecto físico, mental e psíquico.

No entanto, tudo deve ser equilibrado, estudos mostram que exagerar no fornecimento

dos estímulos e desafios ao homem pode desencadear doenças e levá-lo ao estresse,

assunto que será tratado em capítulo a parte.

5.4 O uso de substâncias estimulantes para driblar a monotonia

Os trabalhadores muitas vezes lançam mãos de substâncias estimulantes com o objetivo

de diminuir a monotonia e provocar o aumento da atenção. Entre elas, as mais usadas

são: cafeína, fumo e álcool.

Cafeína

ü Ingerida em doses moderadas(0,3 a 0,5g):

Page 76: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

76

- aumenta a vigilância;

- reduz a inibição;

- alivia a fadiga;

- provoca a diminuição do apetite.

ü Alterações fisiológicas:

- aumenta a temperatura corporal;

- aumenta o ritmo cardíaco;

- aumenta o consumo de O2.

ü Excedendo-se a dose de tolerância, podem ocorrer:

- indigestão;

- nervosismo;

- insônia.

Fumo

ü Contém monóxido de carbono (CO), que apresenta maior afinidade com a

hemoglobina (Hg) do sangue;

ü A Hemoglobina circulante carrega o oxigênio (O2) dos pulmões para os músculos;

ü Nos fumantes a hemoglobina se junta com o monóxido de carbono (CO) circulante,

assim torna-se incapaz de carregar o oxigênio para as células.

ü As pessoas que fumam em média 20 cigarros diários apresentam taxa de 6,3% de

Hg combinada com o CO, o que diminui de 5 a 10% da sua capacidade aeróbica,

dificultando e diminuído a performance física.

Álcool

ü Em doses moderadas pode ser benéfico ao desempenho, pois:

- Aumenta o ritmo cardíaco;

- Acelera a transmissão de impulsos através das células

nervosas, diminuindo o tempo de reação.

Page 77: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

77

ü Em doses superiores a 0,25g por Kg de peso corporal ( para uma pessoa de 70 kg

equivale a 17,5g de álcool) é prejudicial ao desempenho, pois:

- aumenta o tempo de reação;

- aumenta a incidência de erros;

- diminui a capacidade de discriminação de sinais.

ü Em doses ainda maiores, provoca:

- perda da memória;

- dores de cabeça;

- vômitos;

- perda de apetite.

Observe a tabela abaixo onde relacionamos algumas bebidas alcoólicas, dosagens e,

respectivas quantidades de álcool ingeridas.

Analisando os efeitos das substâncias citadas é interessante orientar os trabalhadores para

os prejuízos que estas causam ao organismo. Lembrando ainda, que pouco contribuírem

para o aumento da produtividade e do desempenho no trabalho, não evitam e nem

minimizam os efeitos causados pela monotonia sem trazerem riscos de acidentes aos

trabalhadores.

Bebida Dosagem (ml)

Quant. Álcool (gramas)

Carboidratos (gramas)

Calorias

Cerveja 300 13 13,7 151 Vinho rose 120 11,6 1,3 88

Vinho branco 120 11,3 0,4 80 Vinho doce 120 11,5 4,9 102 Champagne 120 11,9 3,6 98

Whisky, rum, gim, vodka, cachaça

45 15,3 Traços 107

Cherry 60 9,5 1,2 72 Vermouth 120 12,2 13,9 141

Licor 20 4 a 10 4 a 7 50 a 180 Sidra doce 240 25 traços 100

Sidra fermentada 120 01 05 40

Page 78: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

78

6. O RÍTMO CIRCADIANO E O TRABALHO NOTURNO

Atualmente o processo de trabalho exige do homem cada vez mais esforços. Se nos

séculos passados o homem trabalhava de 12 a 16 horas diárias, hoje, o trabalho em

muitas empresas não sofre interrupção durante o período de 24 horas.

As exigências do mercado econômico e as leis que protegem os trabalhadores dos

abusados ocorridos no passado, obrigaram os empregadores a criar alternativas, entre

elas os turnos de trabalho e de revezamento para atender ao processo de produção. A

legislação trabalhista e também a necessidade de manter o caro maquinário em uso

ininterrupto, compensando os altos investimentos, levaram os trabalhadores a

desempenhar suas tarefas nos mais variados períodos do dia.

As funções do organismo humano seguem ritmos que podem ser longo, médio ou curto.

Como exemplos podemos citar a gravidez com ritmo biológico longo, pelo qual o corpo

da mulher sofre alterações físicas e hormonais freqüentes até estar pronto para o parto; o

ciclo menstrual se caracteriza por ser um ritmo biológico de média duração, que ao final

de mais ou menos vinte e oito se completa e termina na menstruação e, por fim, a

vigília-sono representa um ciclo de curta duração, que se completa em 24 horas.

Para o presente estudo fisiológico é interessante deter-nos no ciclo de variação diária,

denominado ritmo circadiano (em latim, circa dies = cerca de um dia).

Ocorre no organismo humano um processo endógeno que funciona como um relógio

interno, definindo a produção de substâncias e hormônios em função das necessidades do

corpo e dos acontecimentos externos. Podemos citar entre outros sinalizadores: o

trabalho, o período do dia e da noite (o claro/escuro), o reconhecimento da hora do dia e

os contatos sociais.

Existem funções que sinalizam o ritmo circadiano, entre as mais importantes temos: a

vigília-sono, a capacidade de produção, a temperatura corpórea, a freqüência cardíaca e a

pressão arterial, a secreção dos hormônios do córtex das glândulas supra-renais (ex:

esses hormônios têm produção máxima por volta do meio-dia e mínima entre 4 e 6 horas

Page 79: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

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da manhã), a secreção dos hormônios da medula das glândulas supra-renais ( adrenalina

e noradrenalina são hormônios que estimulam o sistema circulatório, preparando o

organismo para as atividades de trabalho ou outras atividades) e a secreção do hormônio

de crescimento (hormônio somatotrófico).

A tabela reproduzida abaixo mostra algumas alterações que ocorrem no organismo em

decorrência do período do dia (dia/noite).

Ritmos circadianos FUNÇÕES ALTERAÇÕES

Durante o dia Durante a noite

Temperatura corpórea Aumenta Diminui Freqüência cardíaca Aumenta Diminui Pressão arterial Aumenta Diminui Produção de adrenalina Aumenta Diminui Capacidade produtiva Aumenta Diminui Produção mental Aumenta Diminui Produção hormonal Aumenta Diminui

Como podemos notar no quadro acima, o organismo humano está preparado para

produzir durante o dia, com todos os seus órgãos e funções no ápice produtivo, em

compensação, durante a noite, as atividades e a produção da maioria dos órgãos está

anestesiada, o organismo está pronto para diminuir o ritmo de funcionamento, com o

objetivo de descansar e de recompor as reservas de energia.

Estudos do ritmo circadiano mostram sua importância para o homem frente as suas

atividades de trabalho, a nível de desempenho, produção e estado de alerta.

Alguns estudos mostram que em certos horários o organismo apresenta menor índice de

alerta, com um maior número de acidentes e erros registrados nestes períodos.

Além disso, através do ritmo circadiano podem ser diagnosticadas doenças, com base em

certas medidas como a pressão arterial da temperatura corpórea e na composição dos

líquidos do organismo, como urina e sangue.

Page 80: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

80

Ainda, através do ritmo circadiano, demonstrou-se a existência de pessoas que se

caracterizam por apresentar maior produtividade no período diurno, estão mais dispostos

para o trabalho no período da manhã, são mais eficientes neste período para detectar

falhas ou erros, costumam dormir mais cedo e acordar mais cedo e com mais facilidade,

são chamados de matutinos.

Enquanto, os vespertinos são mais ativos na parte da tarde e início da noite, sua

temperatura corporal sobe lentamente durante a manhã e atinge o ápice por volta da 18

horas, normalmente tendem a acordar mais tarde ou ter dificuldade para despertar muito

cedo. Em compensação são os indivíduos que melhor se adaptam ao trabalho noturno.

Indivíduos que são tipicamente vespertinos ou matutinos são raros, normalmente as

pessoas apresentam características intermediárias entre os dois tipos.

O trabalho noturno

Como dissemos anteriormente a expansão das fontes de trabalho, as necessidades do

mercado econômico, a exigência de maior produtividade aumentaram a contratação de

trabalhadores para o período noturno e intensificaram o revezamento de turnos.

Em média um indivíduo adulto necessita dormir em torno de 8 horas diárias, podendo

variar de 2 a 3 horas a mais ou a menos.

A idade é um fator que influencia esta variação, crianças recém-nascidas tendem a dormir

em média 20 horas diárias. Este número de horas vai diminuindo à medida que o indivíduo

cresce e envelhece.

O sono normal é a principal fonte de recuperação das energias do organismo. O sono em

quantidade e qualidade deficientes pode provocar sofrimento e distúrbios ao indivíduo.

Trabalhadores que realizam sua atividade durante o período da noite ou em turnos

noturnos freqüentemente podem apresentar perturbações do sono, além de outras

manifestações como:

ü Irritabilidade psíquica;

ü Tendência à depressão;

Page 81: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

81

ü Problemas de estômago e intestino (alimentação fora dos horários habituais, sem o

convívio da família);

ü Lesões gastrintestinais (úlceras);

ü Baixa motivação e disposição para o trabalho;

ü Dificuldade para dormir durante o dia;

ü Fadiga;

ü Relacionamento interpessoal difícil (falta de sincronia do tempo com os membros

da família ou amigos);

ü Cansaço físico e mental (lazer fica prejudicado).

Todas estas manifestações são decorrentes do desajuste entre o ritmo biológico do

organismo com o ambiente social que o cerca.

O fato de não haver luz, de ser noite e o contato social ser diferente do costume causa ao

organismo uma confusão, pois os sinalizadores estão em conflito, ou seja, o trabalho está

ocorrendo em sentido contrário ao sinal claro e escuro e ao contato social.

Com o tempo o organismo do trabalhador sofre adaptações e acontecem os ajustes, o

organismo muda sua orientação da noite para a produção e a do dia para o

descanso/sono. Contudo, o ajuste orgânico sempre é parcial. A conseqüência disso é que

a quantidade e a qualidade do sono será insuficiente e a capacidade de recuperação ficará

prejudicada, podendo levar à fadiga crônica.

Outro fato a ser lembrado é a intolerância, inaptidão e falta de resistência que as pessoas

com mais idade têm ao trabalho noturno. O trabalhador mais velho tem maior dificuldade

de recuperar as energias, seu período de sono está diminuído devido à idade, tornando-o

mais cansado e suscetível às doenças profissionais do trabalhador noturno.

Turnos de trabalho

As atividades laborais de muitas empresas estão divididas em dois ou três turnos de

trabalho. Muitas são as possibilidades de divisão desses turnos, citamos apenas dois

exemplos mais comuns, ou seja, a empresa de três turnos de trabalho (6 às 14 horas; 14

às 22 horas e 22 às 6 horas) ou empresas de dois turnos de trabalho ( 6 às 15 horas e

15 às 24 horas).

Page 82: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

82

O trabalho em turnos leva o trabalhador ao revezamento de horários e podemos afirmar

que não existe um sistema ideal de revezamento, existem sistemas mais facilmente

adaptáveis ou mais toleráveis para o trabalhador.

Muitos fatores devem ser considerados quando se discute o melhor sistema de

revezamento de turnos:

ü O tipo do indivíduo, ou seja, pessoas matutinas têm grandes dificuldades para

adaptar-se ao trabalho noturno, em contra partida, as vespertinas, adaptam com

facilidade;

ü Fatores sociais e idade são fatos importantes a serem considerados. Pessoas com

mais idade têm dificuldade para o trabalho noturno, enquanto, pessoas jovens não

toleram o trabalho vespertino, em decorrência do prejuízo social que ocorre;

ü Pessoas que estudam, preferem ter um turno fixo, assim terão um período livre

para o estudo;

ü Pessoas que visualizam melhores ganhos com o trabalho noturno, provavelmente

não vão gostar de ter turnos fixos durante o dia;

ü O revezamento de turno pode prejudicar a vida social, uma vez que a pessoa

depende de uma escala para programar a sua vida social;

ü Pessoa que tem um parceiro em horário fixo de trabalho, também não vai gostar

de trabalhar no sistema de revezamento de turnos;

ü A distância entre o local de trabalho e a residência, pode ser empecilho para o

revezamento, principalmente durante o turno da noite;

ü As variações biológicas dos indivíduos, algumas pessoas não conseguem boa

qualidade de vida no sistema de revezamento de turnos.

Assim, a melhor maneira de se chegar ao tipo de revezamento de turnos, que melhor se

adapte aos trabalhadores de uma empresa é basear-se numa pesquisa que envolva a

população em foco.

Alguns aspectos devem ser considerados quando se organizam turnos de revezamento

numa empresa:

ü Diminuir o número de noites trabalhadas, sempre que possível;

Page 83: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

83

ü Ter um sistema de rotação mais rápida (menos dias trabalhados por períodos),

embora a rotação prolongada seja fisiologicamente mais vantajosa, os prejuízos

psicossociais que ela causa são maiores;

ü Diminuir o quanto possível o desajuste social, ou seja, permitir folgas nos finais de

semanas;

ü Estabelecer as horas do turno de acordo com a dificuldade das tarefas realizadas,

tarefas muito difíceis e desgastantes pedem turnos com menor número de horas;

ü Procurar ouvir os trabalhadores, muitas vezes o que é bom e adequado para um

não o será para o outro. Tentar dividir eqüitativamente as vantagens e

desvantagens de cada um dos turnos entre as turmas de trabalho.

ü Estabelecer um horário de revezamento que não prejudique o sono, por exemplo,

no turno de 8 horas, deve-se procurar revezar às 7, 14 e 22 horas.

Page 84: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

84

7. JORNADA DE TRABALHO E PAUSAS A legislação brasileira estabelece uma jornada de trabalho de oito horas diárias, num total

máximo de quarenta e quatro horas semanais. Isso tem por base um critério de caráter

social, segundo o qual, o trabalhador teria assim a seu dispor oito horas para o lazer e

convívio com a família e mais oito horas para o repouso.

Entretanto, nos grandes centros comerciais e industriais o tempo gasto com o transporte,

muitas vezes, subtrai do trabalhador duas a três horas do seu tempo livre, além disso, o

gasto energético e o grau de esforço exercido no trabalho deixam o trabalhador sem

energias para qualquer outra atividade de lazer.

Estudos mostram que a modificação do tempo das jornadas de trabalho pode ser positiva

ou negativa, quando se trata do rendimento do trabalhador.

Trabalhar oito horas diárias têm sido considerado o ideal para o aumento da

produtividade, pois leva a solução mais rápida do trabalho e diminui as pausas

voluntárias. Inúmeros casos mostram que um aumento para dez horas de trabalhos

diários pode levar a uma diminuição da produtividade, uma vez que, ocorre o aumento da

velocidade da produção aliada à fadiga, causado pelo aumento do tempo de trabalho.

Nota-se que horas extras também são prejudiciais ao processo produtivo. Após oito horas

de trabalho o prolongamento por mais uma ou duas horas, tem demonstrado que nas

horas excedentes o nível de produção diminui, trazendo ainda, aumento do absenteísmo,

aparecimento de doenças e maior número de acidentes.

Quando há necessidade de horas extras, o ideal seria que fossem executados trabalhos

mais leves que o habitual nessas horas e que pausas planejadas ocorressem durante o

processo produtivo.

A redução de seis dias semanais de trabalho para cinco dias em um grande número de

empresas dos setores industriais, de serviços e comerciais teve influência positiva sobre a

produtividade, houve um aumento na produção horária. Nem tanto na produção geral,

Page 85: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

85

contudo, diminuiu o número de ausências no trabalho, uma vez que o final de semana de

dois dias (sábado e domingo) proporcionou aos trabalhadores, especialmente às

mulheres, maior disponibilidade de tempo para organizarem e executarem atividades

particulares ou da família.

Entretanto, muitas empresas ainda permanecem com quarenta e quatro horas semanais,

o que leva o trabalhador a realizar em média quatro horas de atividades aos sábados.

Flexibilização do horário de trabalho

Uma experiência relativamente nova e que ocorre em poucas empresas é a flexibilidade

na organização da jornada de trabalho. O próprio trabalhador ajusta seu horário em

função das necessidades do trabalho e de suas próprias necessidades.

Contudo, esse esquema é delicado e necessidade muita confiança entre empregadores e

empregados. A hora de entrada e de saída da empresa é liberada, podendo o trabalhador

controlar sua carga horária diária conforme as necessidades.

Esse tipo de organização exige maior coordenação dos funcionários, principalmente, se

uns dependem do serviço do outro, caso contrário, não haverá sinergismo no trabalho e,

conseqüentemente, a produtividade ficará prejudicada.

As vantagens deste esquema são, entre outras:

ü Maior pontualidade e compromisso dos empregados;

ü Aumento da autonomia;

ü Diminuição do absenteísmo;

ü Diminuição de horas extras;

ü Diminuição do tempo gasto no transporte, pois acaba evitando os horários de pico

do trânsito;

ü Adaptação do ritmo biológico do trabalhador e do trabalho; e

ü Adaptação do trabalho e das atividades pessoais.

Page 86: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

86

Algumas desvantagens são apontadas:

ü Maior gasto de material, energia elétrica e outros devido aos horários variados,

ü Dificuldade de controle do serviço e da disciplina,

ü Contato reduzido entre as pessoas etc.

Contudo, estudos mostram que as vantagens superam as desvantagens, e a produtividade

aumenta quando este esquema é introduzido em setores que o comportam.

Certas atividades, entretanto, não permitem o uso da flexibilização do horário de trabalho,

como por exemplo: telefonistas, atendimento ao público, linha de produção e outras.

Rodízio de funcionário

O rodízio de funcionários no mesmo posto de trabalho é bastante utilizado, principalmente

nos serviços de longa duração, como por exemplo, as viagens de longa distância com

transporte de carga ou passageiros (maquinistas de trens, pilotos de aviões, motoristas de

ônibus e caminhões).

Nota-se nesse tipo de serviço, onde se exige atenção constante e tempo de reação curto e

rápido, que o trabalhador fica mais propenso a sofrer acidentes, em função da longa

jornada, do cansaço e do estresse. Muitas empresas adotam o revezamento do

trabalhador por outro, durante o percurso desenvolvido.

Pausas

As pausas são intervalos de tempo, curtos ou longos, proporcionados ao organismo

humano, possibilitando a ele alternância entre o esforço e o repouso.

Todo organismo necessita períodos para recuperar as energias e as forças para o trabalho.

A musculatura do corpo exige que ocorram freqüentes intervalos de tempo não

Page 87: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

87

trabalhados para que possa reabilitar-se e adquirir novamente condições fisiológicas e

manter a capacidade produtiva.

O cansaço apresentado pelo trabalhador é interpretado pelo acúmulo de metabólitos ou

pela diminuição de substâncias energéticas no organismo.

Entretanto, deve ser considerada também a interferência da disposição (sistema neuro-

hormonal) e da vontade (motivação) do trabalhador, de modo que o ambiente e as

condições de trabalho podem ter influência na produtividade.

É possível reduzir o tempo de ocupação mediante a organização racional das pausas

obrigatórias, da seguinte forma:

=

Com esse tipo de organização de pausas, mantém-se a duração total do trabalho efetivo e

o trabalhador chega ao fim da jornada menos cansado.

Tipos de pausas

As pausas são criadas de diferentes maneiras e necessidades, podendo ser distinguidas

da seguinte forma:

ü Pausas fisiológicas – é o período de tempo gasto entre a contração

muscular(trabalho) e a descontração muscular (recuperação). A relação de tempo

ideal entre a contração e a descontração, em um trabalho normal é de 1:1. Em

trabalhos pesados a relação deve ser de 1:1,5. Em relação ao trabalho muscular

estático, extremamente fatigante, este deve ser evitado.

Jornada de trabalho normal

Período de trabalho + pausas

Page 88: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

88

ü Pausas furtivas ou mascaradas - são aquelas de iniciativa do trabalhador, que

compreendem atividades colaterais, que inicialmente não seriam necessárias para

a realização do trabalho, mas que são realizadas, para o descanso, mascarado por

tarefas paralelas, como limpar uma peça da máquina, regular uma polia, apanhar

alguma ferramenta, ordenar balcão de trabalho, buscar ajuda de um colega etc.

Normalmente são mais longas e não produzem descanso, visto que o trabalhador

fica preocupado em ser descoberto ou ser chamado a atenção.

ü Pausa curtíssima – representada pelo tempo entre a passagem de uma peça e

outra, em uma linha de produção.

ü Pausa curta ou voluntária – são aquelas visíveis, feitas pelo trabalhador para

descanso, normalmente são períodos de três a cinco minutos após cada hora

trabalhada em atividade moderada ou leve. São utilizadas principalmente em

trabalhos repetitivos, com pressão de tempo e altas exigências de atenção. Em

trabalhos pesados devem ser mais freqüentes.

ü Pausa de limitação - Período de tempo que o empregado deixa de fazer o seu

trabalho por falta de condições físicas. Pode exercer sua função, porém

executando outra atividade. Não está impedido de trabalhar. Quem determina o

tempo da limitação é o médico do trabalho.

ü Pausas longas ou obrigatórias – determinadas pelas empresas são

representadas geralmente pelos períodos de alimentação.

ü Pausa diária – ocorre entre uma jornada de trabalho (um dia de trabalho) e

outra, deve ter no mínimo onze horas de repouso entre um dia e outro.

ü Pausa semanal - é aquele descanso de 24 horas e que preferencialmente deve

coincidir com o domingo.

ü Pausa anual – é representada pelo período de férias, com duração mínima de

duas semanas, ao final de onze meses trabalhados.

ü Pausa de recuperação – é a organizada de forma a compensar o trabalho em

certos lugares insalubres, como temperatura elevada ou baixa, ruído excessivo ou

em certos tipos de trabalho caracterizados como monótonos, de vigilância, pesados

e outros. Devem ser calculadas por médicos especialistas em medicina do trabalho.

Normalmente são períodos não trabalhados, variando de acordo com o tipo e local

de trabalho. Também podem acontecer em outros locais de trabalho, onde não

Page 89: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

89

ocorram os mesmos problemas. O trabalhador continua trabalhando, porém, em

local menos inóspito. É importante observar que esse tipo de pausa deve ocorrer

fora do ambiente normal de trabalho.

O planejamento das pausas leva em conta alguns fatores como os períodos de disposição

(elevada ou baixa) do trabalhador, bem como o tipo e o local de trabalho. Por exemplo:

ü No período de disposição elevada do trabalhador, as pausas devem ser evitadas;

ü Nos períodos de menor disposição do trabalhador, devem ser mais longas.

Hoje em dia é bastante comum nas fábricas, escritórios, setores administrativos e outros

a adoção de ao menos uma pausa de dez a quinze minutos no período da manhã e,

muitas vezes, também no período da tarde. Essas pausas têm como objetivo principal a

prevenção da fadiga, a alimentação e a oportunidade para manter-se o contato social.

Page 90: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

90

8. ERGONOMIA

A palavra ergonomia tem origem nas palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (regras,

leis naturais).

É o nome dado ao conjunto de estudos sobre a adaptação do trabalho ao homem, sobre o

relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamentos e ambiente, em particular,

sobre a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos

problemas surgidos desse relacionamento.

É um estudo sobre a busca da sintonia entre o homem e os objetos de sua criação. Pode

ser definida como a ciência do conforto (com segurança e eficiência).

Histórico

Teve início na pré-história: onde o homem escolhia uma pedra de formato melhor que se

adaptasse à forma e movimento de sua mão, para usá-la como instrumento de caça.

ü Europa - Por volta de 1900 (Alemanha, França e outros) surgiram pesquisas na

área de Fisiologia do Trabalho. Em Estocolmo e Copenhagem foram criados

Laboratórios de Treinamento e coordenação muscular para o desenvolvimento de

aptidões;

ü Estados Unidos - foi criado o Laboratório de Fadiga Muscular e aptidão física;

ü Inglaterra - na 1ª Guerra Mundial aconteceu a criação da Comissão de Saúde dos

Trabalhadores na Indústria de Munições.

No esforço de guerra, na segunda Guerra Mundial, a ciência e tecnologia se voltam ao

desenvolvimento de equipamentos militares complexos, com preocupação nas

características anatômicas, fisiológicas e psicológicas.

Page 91: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

91

No período pós-guerra cresce rapidamente o interesse pela Ergonomia na Europa e nos

Estados Unidos. Em 1961 é criada a Internacional Ergonomics Association (IEA), na

Inglaterra.

NR 17 - Ergonomia

“Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação

das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a

proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.

As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e

descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do

posto de trabalho e à própria organização do trabalho.

Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos

trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a

mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho conforme estabelecido nesta Norma

Regulamentadora.” (Norma Regulamentadora 17)

Propostas da Ergonomia

ü Aperfeiçoamento da relação entre o homem e a máquina

ü Organização do Trabalho

ü Melhoria das condições de trabalho

a) Aperfeiçoamento da relação entre o Homem e a máquina

É a adaptação de máquinas, equipamentos e postos de trabalho, na fase do projeto

destes, bem como, das modificações de sistemas (interação homem X máquina) já

existentes, adaptando-os às capacidades e limitações do organismo humano.

Page 92: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

92

b) Organização do Trabalho

O arranjo físico (layout) é a distribuição espacial dos diversos elementos que compõem o

posto de trabalho e são necessárias às realizações de tarefas. O principal aspecto deste

arranjo é a funcionalidade imediata e também a médio e longo prazos.

Tem em vista a diminuição dos ritmos mecânicos impostos ao trabalhador, reduzir a fadiga

e tornar o trabalho menos repetitivo e monótono. Visa também aumentar a participação

dos trabalhadores nas decisões que dizem respeito ao seu próprio trabalho.

c) Melhoria das condições de trabalho

É a análise das condições físicas como temperatura, iluminação, ruídos, vibrações e gases

tóxicos presentes no posto de trabalho. Essas melhorias ambientais contribuem para a

melhoria da eficiência, confiabilidade e qualidade das operações industriais e tarefas de

quaisquer níveis.

A aplicação da Ergonomia pode ser dividida em três etapas:

ü Etapa da concepção

ü Etapa da correção

ü Etapa da conscientização

Etapa da concepção

É a fase inicial do projeto do produto, da máquina ou do ambiente de trabalho. Nela

podemos analisar amplamente as alternativas, porém, exige-se maior conhecimento e

experiência, porque as decisões são tomadas com base em situações hipotéticas e

conhecimentos adquiridos anteriormente.

Page 93: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

93

Etapa da correção

Nesta etapa a ergonomia é aplicada em situações reais, postos de trabalho já existentes,

procurando corrigir os problemas relacionados à segurança, fadiga excessiva, doenças do

trabalhador ou com a quantidade e qualidade da produção. Em muitas situações a solução

para determinados problemas não é satisfatória, exigindo muitos gastos. Em outras,

podem ser adotadas melhorias como: mudança de postura, dispositivos de segurança e

aumento de iluminação com relativa facilidade, eficiência e economia.

Etapa da conscientização

Muitas vezes, os problemas não são solucionados nas etapas de concepção e de correção.

É necessária então a conscientização do trabalhador, através de cursos de treinamento e

freqüentes reciclagens, nos quais ele aprende a trabalhar de forma segura, reconhecendo

os fatores de risco que possam surgir a qualquer momento no ambiente de trabalho e as

medidas a serem tomadas. Essa conscientização pode ser individual, quando o problema

afeta um ou alguns poucos trabalhadores, ou coletiva quando o problema é geral no

ambiente de trabalho.

Postura do corpo e a ergonomia

O corpo humano assume em geral três posturas básicas: deitada, sentada e em pé.

ü Posição deitada é a posição anatômica, confortável e relaxante. Permite

descanso muscular e bom fluxo sanguíneo. No trabalho, por exemplo, os

mecânicos de automóveis necessitam sustentar a cabeça que pesa de 4 a 5 Kg

com a musculatura do pescoço, causando desconforto e dor.

ü Posição em pé o corpo todo fica apoiada na região plantar. É altamente

fatigante quando o indivíduo permanece parado por longos períodos (trabalho

estático). Em trabalhos dinâmicos a fadiga é menor.

Page 94: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

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ü Posição sentada nesta posição são exigidos os músculos do dorso e do ventre.

Usada para trabalhos que necessitam pouco movimento ou exercícios físicos.

A postura ligeiramente inclinada para trás é mais natural e menos fatigante que a ereta.

O assento deve permitir mudanças frequentes de postura, para retardar o aparecimento

de fadiga.

Condições ergonômicas que devem ser observadas em relação à cadeira, à

mesa e ao equipamento de trabalho.

1- Altura do assento e da mesa reguláveis: Pessoas com biótipos diferentes irão

trabalhar neste ambiente, sendo assim, é necessário um mecanismo para regular mesas e

cadeiras quanto a altura e a distância do objeto de trabalho.

2- Ângulo de leitura para vídeo

3- Posicionamento e suporte para membros superiores

4- Apoio para o tronco: Deve-se usar um apoio para o tronco (encosto) para diminuir

a pressão do peso na coluna lombar.

ü apoio lombar

ü meio apoio

ü apoio de todo o dorso

5- Ângulo tronco-coxas / coxa-perna:

ü Tronco-coxas--- >100 graus - O ideal é 110graus pois diminui a pressão no

disco cervical e a atividade muscular na região lombo-sacro.

ü Coxa-perna ---> 100 graus a 110 graus

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95

6- Sentar-se sobre toda a extensão do assento: Aproveitar todo o conforto que o

mobiliário projetado oferece.

7- Borda anterior do assento arredondada: Evita a compressão do plexo

vaso/nervoso, que se localiza na parte posterior do joelho.

8- Apoio para os pés: Dependendo da altura do trabalhador pode-se ou não, adaptar

apoios para os pés, apoio este regulável em altura e ângulo.

9- Possibilidade de virar-se sem torcer o corpo

10- Conforto do mobiliário (espumas nos assentos e encostos)

11- Espaço para as nádegas

12- Espaço para as pernas

13- Espaço para girar o corpo

Conforto Ambiental

ü Organização do local de trabalho - acessórios ao alcance do trabalhador, gavetas,

objetos, utensílios etc.

ü Ambiente de trabalho limpo, arejado, iluminado, organizado de acordo com as

exigências do tipo de serviço realizado.

Page 96: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

96

ü Distribuição de tarefas de acordo com a capacidade, o treinamento e condições

físicas de cada trabalhador.

A Ergonomia no local de trabalho tem como prioridade otimizar a qualidade de vida do

trabalhador, diminuindo as intercorrências tais como: lombalgias, cervicalgias, bursites,

tendinites e tenossinovites, bem como, outras doenças profissionais que surgem em

decorrência de um ambiente de trabalho inadequado.

A Ergonomia também interfere no ambiente psicológico, pois de nada adiantaria um local

ergonomicamente planejado se o trabalhador não encontrar neste ambiente harmonia.

Somado a todos estes fatores estudado na Ergonomia deve-se diminuir o stress no local

de trabalho, evitando-se: pressões para execução de tarefas, cobranças indevidas de

realização de trabalho, movimentos viciosos e desnecessários, promover orientação e

treinamento de trabalhadores, bom relacionamento social criando assim, um ambiente

harmonioso, confortável e produtivo.

A ergonomia e o levantamento e transporte de carga

Os trabalhadores têm sofrido traumas constantes devidos ao manuseio errôneo de cargas

pesadas. É necessário conhecer a capacidade humana máxima para levantar e transportar

cargas, para que as tarefas e as máquinas sejam corretamente dimensionadas dentro

desses limites.

As situações quanto ao levantamento de peso podem ocorrer das seguintes formas:

levantamento esporádico de carga e trabalho repetitivo com levantamento de cargas. No

primeiro caso, está envolvida a capacidade muscular para levantar carga e, no segundo,

incluem-se a capacidade energética do trabalhador e a fadiga física.

A musculatura das costas é a que mais sofre com o levantamento de peso. A coluna

vertebral é composta de discos superpostos, sendo pouco resistente a forças que não

tenham a direção de seu eixo. Portanto, é indicado que, na medida do possível, a carga

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97

seja levantada com a coluna vertebral no sentido vertical, evitando-se as cargas com as

costas curvadas. ( ver demonstração na figura abaixo)

Os trabalhadores mais atingidos por traumas na coluna por levantamento excessivo de

peso são os estivadores (trabalhadores dos portos), trabalhadores da construção civil, da

agricultura, de transportadoras e outros.

Recomendação para o levantamento de cargas

As recomendações práticas para o levantamento de cargas são as seguintes:

ü Manter a coluna reta, usando a musculatura das pernas, como fazem os

halterofilistas;

ü Manter a carga o mais próxima do corpo;

ü Procurar manter cargas simétricas;

ü Remover os obstáculos que possam atrapalhar o levantamento do peso;

ü Fazer uso de meios auxiliares para o carregamento de cargas grandes e pesadas;

ü Trabalhar em equipe, quando a carga for excessiva para uma só pessoa;

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Os problemas mais comuns ligados ao levantamento errôneo ou excessivo de peso pelo

trabalhador são:

ü Espondilopatias – qualquer processo patológico das vértebras;

ü Lombalgias – dores na região lombar;

ü Hérnia de disco – degeneração da substância gelatinosa existente entre as

vértebras;

ü Cifose, lordose e escoliose (já explicadas);

ü Bursite – processo inflamatório das bolsas serosas;

ü Artrose de joelho e quadril – afecção crônica degenerativa e não-inflamatória

das articulações;

ü Hérnias abdominais e inguinais – entende-se por hérnia a saída, parcial ou

total, de uma estrutura anatômica através de um orifício natural ou acidental, de

sua localização normal para outra, anormal;

ü Prolapsos de vísceras abdominais – queda ou deslocamento de órgãos

abdominais ou pélvicos, principalmente órgãos genitais da mulher;

ü Partos prematuros e abortos.

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99

9. FADIGA

A fadiga resulta de um trabalho continuado que provoca uma redução reversível da

capacidade do organismo e uma degradação qualitativa desse trabalho.

O termo “fadiga” é aplicado a várias condições que vão desde um declínio na curva de

trabalho até um estado de colapso total do organismo.

Podemos reconhecer dois tipos de fadiga:

ü Somática (física ou orgânica)

ü Psíquica (mental)

Podem ser desencadeadas por fatores fisiológicos, ambientais e psicológicos.

9.1 Fadiga somática ou física ou orgânica

É o estado de desequilíbrio orgânico decorrente do tipo de trabalho, de suas condições

organizacionais e do ambiente físico em que se processa. Pode ser revertido com

descanso (repousar ou dormir).

Alterações orgânicas

Certos tipos de trabalhos, em vista das condições e dos ambientes físicos em que são

realizados, podem provocar alterações orgânicas que, isolada ou combinadamente levam a

um quadro de fadiga somática. Essas alterações são, entre outras:

Em resumo a fadiga é o cansaço REVERSÍVEL físico ou mental

Page 100: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

100

ü Alterações da circulação sanguínea e do equilíbrio hídrico-salino dos líquidos

corporais, principalmente quando o trabalho é realizado em ambientes de

temperatura elevada.

ü Abastecimento insuficiente de oxigênio, por exemplo, em trabalhos realizados em

localidades de altitude elevada, como é o caso da aviação.

ü Aumento dos metabólitos ácidos no sangue, decorrente de trabalho muscular

pesado e exaustivo. O acúmulo de ácido lático nos músculos é devido à atividade

muscular muito intensa. Existem casos nos quais a produção desse ácido é tão

grande que o sistema circulatório não tem tempo para fazer sua remoção, o que

provoca desequilíbrio orgânico (trabalho em construção civil, em mineração,

pedreiras e outros).

ü Redução das reservas de energia, verificada em trabalhos pesados, se manifesta

por baixo teor de açúcar no sangue e pode ser compensada com ingestão de

glicose ou outra substância que possa ser facilmente utilizada pelo organismo.

ü Alterações do sistema hormonal, que ainda não foram suficientemente estudadas,

decorrentes de trabalho mental atento e de trabalho muscular que embora leve, é

realizado mediante repetição contínua de movimentos, obrigando o uso constante

dos mesmos trajetos nervosos.

Fatores desencadeantes

A fadiga pode ser desencadeada por diversos fatores:

ü Fisiológicos - fadiga somática, decorrente do trabalho e das condições de

trabalho;

ü Ambientais - fadiga psíquica, decorrente conflito das relações entre o indivíduo e

a situação;

ü Psicológicos - fadiga cognitiva, decorrente da rapidez, da memorização, das

tomadas de decisões, das necessidades de processamento.

No caso do trabalho noturno a fadiga é decorrente da incapacidade de adaptação a

trabalhos em horários distintos daqueles em que o indivíduo está habituado ou no qual

Page 101: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

101

ele não funciona adequadamente. É sabido que o organismo humano não funciona

uniformemente durante as 24 horas do dia e que existem diferenças de capacidade

funcional de um indivíduo para outro, em certos horários.

Cada organismo possui um relógio interno (ritmo circadiano, estudado anteriormente) que

regula o nível de suas atividades fisiológicas, e estas podem ser mais intensas durante o

dia e menos intensas durante a noite, ou vice versa.

Algumas pessoas adaptam-se com mais facilidade ao trabalho noturno. Outras, porém,

não conseguem adaptar-se, o que pode gerar uma situação estressante, levando o

indivíduo à fadiga.

Prevenção

ü Planejamento de pausas – durante a jornada de trabalho devem ser

programadas pausas que permitam a recuperação da capacidade funcional,

diminuindo a monotonia e preservando o funcionamento normal do organismo.

ü Planejamento ergonômico do posto de trabalho - promover um layout

planejado do posto de trabalho, com dimensionamento correto dos elementos que

o compõe, estabelecer equilíbrio entre o trabalhador, a máquina e o ambiente de

trabalho gerando assim o bem estar do trabalhador.

ü Adaptação ao trabalho ou automação das atividades – a mecanização das

atividades deve ser pensada sempre que possa reduzir a fadiga, diminuindo

movimentos e transportes de cargas.

ü Seleção profissional – colocar o trabalhador certo no trabalho certo, ou seja,

selecionar o trabalhador que mais se adapte as condições específicas de cada tipo

de trabalho.

ü Racionalização do trabalho – a divisão de tarefas de acordo com a capacidade

de cada trabalhador em sua função específica, contribui para a redução do gasto

de energia.

ü Dieta do trabalhador - visando à reposição de energia gasta com o trabalho

através de uma alimentação racional e devidamente balanceada, levando em conta

cada tipo de trabalhador.

Page 102: Fisiologia Aplicada Ao Trabalho

102

ü Redução da jornada de trabalho – estudos mostram que essa redução ajuda

muito na diminuição da fadiga, sem prejuízo da produção. O indivíduo descansado

produz mais, em menor espaço de tempo. A flexibilidade de horários para a

realização de tarefas também auxilia na prevenção da fadiga.

ü Motivação para o trabalho – a administração participativa onde o trabalhador

tem poder de decisão, quanto à forma de realizar suas atividades, a

responsabilidade na distribuição do tempo das tarefas entre o grupo e o

treinamento nos diversos postos visando a polivalência podem ser formas de

motivar os trabalhadores e evitar a fadiga.

9.2 Fadiga psíquica ou mental

Também conhecida como “fadiga nervosa”, apresenta um quadro predominantemente

psíquico, podendo produzir repercussões orgânicas. Pode ser revertida com lazer (higiene

mental), que é variável para cada pessoa.

Sintomatologia

Os sintomas da fadiga mental são variáveis, destacando-se:

ü Cefaléias, tonturas, anorexias, tremores de extremidades, adinamia, dificuldade de

concentração e crises de choro;

ü Alterações do sono – o indivíduo dorme por curtos períodos um sono pesado e sem

sonhos e, em seguida, surgem sonhos angustiantes e ele acorda, sem conseguir

dormir mais durante a madrugada;

ü Diminuição da libido – redução do apetite sexual e muitas vezes com impotência

(homem) e frigidez (mulher);

ü Neuroses depressivas – diminuição da memória, tendência à hipocondria,

alterações na visão, depressão do humor;

ü Neuroses de angústia – ansiedade anormal, palpitações, vertigens, dores gerais e

precordiais, sudorese facial e diarréias.

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103

Um trabalhador em estado de fadiga mental representa perdas econômicas importantes,

podendo apresentar queda de sua eficiência pela diminuição da quantidade ou má

qualidade das peças produzidas, cometer mais erros, aumentando o desperdício de

material e de tempo ocioso da máquina, diminuição da produção devido ao aumento do

absenteísmo principalmente por doenças, chegando até ao abandono do emprego.

Fatores desencadeantes

Estes fatores podem estar ligados à vida extraprofissional ou a vida profissional.

Os fatores extraprofissionais podem estar relacionados com baixo padrão de vida

como: alimentação, habitação, vestuário, educação, saúde, problemas familiares,

condições precárias de transporte, alcoolismo e uso de drogas.

Os fatores profissionais estão ligados à vida profissional: as condições ambientais,

organização do trabalho, chefia insegura, níveis hierárquicos, bloqueio de carreira,

responsabilidades mal delegadas, conflito entre chefias, falta de plano de cargos e salários

e falta de comunicação entre os trabalhadores.

Prevenção

A fadiga psíquica é de mais difícil prevenção que a física, pois envolve o comportamento

humano.

Em muitos casos a prevenção depende de um trabalho intenso de um grupo de

profissionais da empresa, o que não é muito freqüente.

Algumas medidas de prevenção podem amenizar a fadiga mental:

ü Motivação para o trabalho;

ü Flexibilidade de horário;

ü Música ambiente;

ü Salas de repouso e recreação.

Na prevenção da fadiga psíquica deve-se levar em conta, antes demais nada a

individualidade de cada trabalhador, a fim de detectar suas particularidades.

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10. ESTRESSE

ESTRESSE ou STRESS é a resposta do organismo a um acúmulo de pressões externas e

internas e está geralmente relacionado a um ritmo de vida desgastante.

Fatores que colaboram no aparecimento do estresse

Pressões profissionais

Pressões sociais e políticas

Pressões econômicas ESTRESSE

Pressões familiares

Pressões individuais

Reação do organismo

às pressões

Todos podem ser atingido pelo estresse: homens, mulheres, adolescentes e crianças

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Situações extremas levam ao estresse

Dificuldade

Ansiedade

Estresse

Fluir

Desafios

Desinteresse

Estresse

Habilidade

Um trabalho que apresente desafios, à medida que estes desafios vão sendo superados

tarefa por tarefa, dia-a-dia traz satisfação ao trabalhador, não o conduzindo ao estresse.

Os desafios provocam um estresse positivo no trabalhador, ou seja, estimulam o

desenvolvimento do trabalho.

Alguns fatores existentes no ambiente de trabalho podem conduzir o trabalhador mais

facilmente ao estresse.

Fontes de insatisfação mais comuns

ü Ambiente físico

ü Ambiente profissional

ü Remuneração

ü Plano de carreira

ü Jornada de trabalho

ü Valores pessoais

ü Medo de errar

ü Necessidade de ser perfeito

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Como essas pressões agem no organismo

TIREÓIDE (tiroxina, triiodotironina)

HIPÓFISE SUPRA-RENAL (cortisol, aldosterona)

OVÁRIOS (progesterona)

TESTÍCULOS (testosterona)

“PRESSÕES” alteram a produção hormonal desencadeiam

desorganização fisiológica levam ao desequilíbrio psíquico e físico

“ESTRESSE”

Fisiopatologia do estresse

A glândula pituitária ou hipófise produz hormônios que exercem efeitos sobre outras

glândulas (tireóide, supra-renal, ovários e testículos). Essas glândulas produzem seus

respectivos hormônios mantendo o organismo em equilíbrio.

À medida que um indivíduo enfrenta uma situação de “perigo” desencadeia o estresse

pela alteração do funcionamento da hipófise e, conseqüentemente, altera a liberação de

hormônios, desencadeando uma desorganização fisiológica. Essa desorganização se

mantida por períodos prolongados pode desenvolver patologias graves como: doenças

cardiovasculares, distúrbios menstruais, gastrintestinais, sexuais e outros.

Etapas:

ü reação de luta ou fuga

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ü resistência

ü adoecimento

ü exaustão e morte

A sociedade moderna vive cada vez mais em condições estressantes, como medo de

perder o emprego, competição, dificuldades pessoais e outras. As pessoas estressadas

perdem principalmente a auto-estima e a autoconfiança, relaxando, primeiramente, com

os cuidados pessoais de higiene e saúde. Sofrem de insônia, tornam-se agressivas e

podem fazer uso abusivo de cigarros, bebidas e drogas.

As alterações endócrinas e fisiológicas tornam o indivíduo mais suscetível às dores,

problemas gastrintestinais e doenças cardiovasculares, levando a desequilíbrios físicos e

mentais.

Desequilíbrios físicos

Início:

ü Tensão muscular (dores)

ü Vertigens e tonturas

ü Alterações gastrintestinais

ü Alterações cardiovasculares

ü Alterações respiratórias

Evolução:

ü Hipertensão arterial

ü Angina/infarto

ü Doenças gastrintestinais

ü Disfunções sexuais

ü Obesidade/emagrecimento

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As doenças são o apelo final do nosso corpo. Elas tiram as pessoas de circulação por

algum tempo. Fazem-nos refletir sobre o nosso estilo de vida e cobram-nos mudanças

radicais.

Desequilíbrios psíquicos

ü Diminuição da concentração

ü Distúrbio da memória

ü Hesitação na tomada de decisões

ü Diminuição da criatividade

ü Sentimento de perda, tédio, culpa e apatia

ü Ansiedade, tensão e irritação

ü Medo, tristeza e negativismo

ü Visão pessimista do futuro

ü Diminuição da autoconfiança

ü Depressão, neurose, doença mental e suicídio

Mudanças comportamentais por estresse

Geral:

ü Uso excessivo de café, cigarros, álcool e medicamentos;

ü Mudança de hábitos alimentares;

ü Distúrbios do sono;

ü Negligência nos exercícios físicos;

ü Tendência a estar doente;

ü Mudanças no estilo de vida em geral;

ü Distúrbios interpessoais e na vida sexual;

ü Suicídio.

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No trabalho:

ü Queda na produtividade;

ü Queda na qualidade do serviço;

ü Aumento de acidentes de trabalho;

ü Aumento de absenteísmo;

ü Aumento da rotatividade de trabalhadores;

ü Diminuição da vigilância;

ü Aumento da ansiedade e da depressão;

ü Adiamento de tarefas.

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Não existe uma forma única para a redução do estresse, pois as causas são variadas e ele

afeta de formas diferentes as pessoas. Algumas medidas podem ser adotadas para

prevenir ou combater o estresse, elas podem ser individuais ou coletivas.

Medidas Individuais propostas para diminuir o estresse

Ø Organize sua vida, não queira fazer tudo ao mesmo tempo;

Ø Delegue tarefas a outras pessoas;

Ø Planeje adequadamente o que irá fazer;

Ø Utilize bem o seu tempo;

Ø Reconheça seus limites;

Ø Procure rever seus valores de vida;

Ø Aprenda a administrar conflitos;

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Ø Não sofra por problemas que não merecem sua atenção;

Ø Pratique atividades físicas regularmente;

Ø Realize atividades que lhe dão prazer;

Ø Repouse o suficiente;

Ø Seja cuidadoso com sua alimentação, evite excessos e respeite horários;

Ø Reserve uma parte do dia para o lazer;

Ø Evite tomar medicamentos por conta própria para aliviar o estresse, quando

sentir necessidade, procure ajuda de um terapeuta.

Medidas propostas para diminuir o estresse no trabalho

Ø Bloqueios de engenharia para evitar acidentes de trabalho;

Ø Melhoria ergonômica dos postos de trabalho;

Ø Adequação física e mental do indivíduo a seu posto de trabalho;

Ø Enriquecimento de tarefas;

Ø Integração do grupo de trabalho;

Ø Melhoria na troca de informações;

Ø Plano de cargos e salários;

Ø Treinamento e reeducação dos trabalhadores;

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Ø Lazer democrático;

Ø A gerência deve ter com o trabalhador: compromisso ético e meios de incentivo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia aplicada ao Trabalho: o manual técnico da máquina humana. Belo Horizonte: ERGO Editora, 1995. Vol. 1 e 2. GRANDJEAN, Etienne. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. trad. João Pedro Stein. Porto Alegre: Artes Gráficas, 1998. GUYTON, Arthur C. Tratado de fisiologia médica. 8. ed. Rio de Janeiro; Guanabara Koogan, 2002. LIDA, Itiro. Ergonomia: Projeto e Produção.. São Paulo: Edgard Blücher, 2001. MENDES, René. Medicina do trabalho e doenças profissionais. São Paulo: Sarvier, 1980. ____________. Patologia do trabalho. 2. ed. atual. e ampl.São Paulo: Atheneu, 2003. QUEIROZ, Maria de Fátima F. O que é ergonomia? Apresentando a ergonomia São Paulo: Centro de Educação em Saúde do SENAC, 1999. RIO, Rodrigo P. e PIRES, Licínia. Ergonomia: fundamentos da Prática Ergonômica. 3. ed., São Paulo:LTr, 2001. SABOTTA, Johannes. Atlas de anatomia humana. Editores R.Putz e R.Pabst. 21. ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. SANTOS, Neri e FIALHO, Francisco A. P.. Manual de análise ergonômica no trabalho. 2 ed. Curitiba:GENESIS Editora, 1997. SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO. 52. ed. São Paulo:Atlas, 2004. Sistema nervoso, disponível em, <http:www.afh.bio.br>. Os sentidos, disponível em, <http:www.drgate.com.br>.