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Físicos Arteiros: quando outras linguagens invadem o laboratório 1 Zuleika Stefânia Sabino Roque 2 Introdução A escola do início do século XXI precisa se reinventar e quebrar paradigmas debruçando- se sobre novas abordagens para dinamizar o processo de ensino e aprendizagem, exercício válido tanto para alunos, quanto para professores. O presente trabalho apresenta uma experiência interdisciplinar, de um colégio de ensino médio da rede pública paulista 3 , pautada na relação entre a História da Ciência e do Ensino de Ciência com o uso de múltiplas linguagens conectadas às formas de sociabilidade dos adolescentes e jovens do ensino médio, considerando dimensões culturais do viver urbano na era da informação. Não temos dúvidas do quanto a globalização confere novas realidades à educação. Talvez, para uma facilitação, pudéssemos dirigir nosso olhar para duas direções. Primeira, o quanto são diferentes as múltiplas entradas do mundo exterior na sala de aula; e a outra direção, o quanto essa sala de aula se exterioriza, atualmente, de uma maneira diferenciada” (CHASSOT, 2003:89) Observando-se o cotidiano escolar, os celulares, tablets e smartphones estão presentes de tal modo que resistir a presença desses aparelhos significa criar um hiato entre os alunos e professores. Se, por um lado, o uso indiscriminado desse material tem provocado tensões na escola, interpretadas pelos docentes como indisciplina ou desinteresse; por outro, a proibição dos mesmos não garante a aprendizagem nem a disciplina muitas vezes idealizada por docentes. 1 Trabalho apresentado ao Simpósio Temático do 15. Simpósio da Sociedade Brasileira de História da Ciência e Tecnologia, na Universidade Federal de Santa Catarina, de 16 a 18 de novembro de 2016. Este artigo integra a pesquisa sobre alfabetização científica, vinculada ao Programa de Extensão Caravana da Ciência, desenvolvido no ICT Unifesp Campus de São José dos Campos. 2 Doutora em História (PUCSP). Docente do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de São Paulo. E-mail: [email protected] 3 A atividade foi desenvolvida o segundo semestre de 2015 na Escola Estadual de Ensino Integral Professor Nelson do Nascimento Monteiro, como disciplina eletiva da parte diversificada do currículo, proposta pelo Programa de Ensino Integral da Rede Pública Estadual, implementado em 2013 em algumas escolas da Rede e que fora expandido nos últimos anos.

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Físicos Arteiros: quando outras linguagens invadem o laboratório1

Zuleika Stefânia Sabino Roque2

Introdução

A escola do início do século XXI precisa se reinventar e quebrar paradigmas debruçando-

se sobre novas abordagens para dinamizar o processo de ensino e aprendizagem,

exercício válido tanto para alunos, quanto para professores. O presente trabalho apresenta

uma experiência interdisciplinar, de um colégio de ensino médio da rede pública

paulista3, pautada na relação entre a História da Ciência e do Ensino de Ciência com o

uso de múltiplas linguagens conectadas às formas de sociabilidade dos adolescentes e

jovens do ensino médio, considerando dimensões culturais do viver urbano na era da

informação. “Não temos dúvidas do quanto a globalização confere novas realidades à

educação. Talvez, para uma facilitação, pudéssemos dirigir nosso olhar para duas

direções. Primeira, o quanto são diferentes as múltiplas entradas do mundo exterior na

sala de aula; e a outra direção, o quanto essa sala de aula se exterioriza, atualmente, de

uma maneira diferenciada” (CHASSOT, 2003:89)

Observando-se o cotidiano escolar, os celulares, tablets e smartphones estão presentes

de tal modo que resistir a presença desses aparelhos significa criar um hiato entre os

alunos e professores. Se, por um lado, o uso indiscriminado desse material tem provocado

tensões na escola, interpretadas pelos docentes como indisciplina ou desinteresse; por

outro, a proibição dos mesmos não garante a aprendizagem nem a disciplina muitas vezes

idealizada por docentes.

1 Trabalho apresentado ao Simpósio Temático do 15. Simpósio da Sociedade Brasileira de História da

Ciência e Tecnologia, na Universidade Federal de Santa Catarina, de 16 a 18 de novembro de 2016. Este

artigo integra a pesquisa sobre alfabetização científica, vinculada ao Programa de Extensão Caravana da

Ciência, desenvolvido no ICT Unifesp Campus de São José dos Campos. 2 Doutora em História (PUCSP). Docente do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de

São Paulo. E-mail: [email protected]

3A atividade foi desenvolvida o segundo semestre de 2015 na Escola Estadual de Ensino Integral Professor

Nelson do Nascimento Monteiro, como disciplina eletiva da parte diversificada do currículo, proposta pelo

Programa de Ensino Integral da Rede Pública Estadual, implementado em 2013 em algumas escolas da

Rede e que fora expandido nos últimos anos.

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O momento atual, perante às Tecnologias da Informação e Comunicação requer

construção de contratos didáticos que apontem para a corresponsabilidade tanto de

alunos, como de professores e de responsáveis, elucidando sobre os objetivos da escola

e sobre as diversas formas de aprender, de modo que todos saiam ganhando e que o tempo

seja utilizado em prol da construção do conhecimento e não para desgastes.

A experiência de desenvolver uma disciplina eletiva no Ensino Médio que levasse em

conta essa relação com as Tecnologias da Informação e do Conhecimento respaldou-se

na observação sobre o comportamento dos adolescentes. Outros prismas de observação

foram levados em conta, nesse sentido, verificou-se também que alguns grupos eram

adeptos de leituras de mangás4 e de eventos de cosplay5. Mais do que um hobby, esses

elementos constituem novas formas de sociabilidade, dando origem a eventos e festivais

que têm se espalhado por diversas regiões e são pouco compreendidos por aqueles que

não os frequenta.

A respeito dos mangás, Linsingen observou que se trata de um exemplo de literatura de

entretenimento com discursos cotidianos de fácil identificação entre leitor e personagem

justificando seu emprego como ferramenta pedagógica: “trata-se de um material já

familiar a muitos estudantes, escrito de forma obrigatoriamente fácil, dinâmica e

acessível, o que a torna agradável, e uma vez que é um tipo de HQ, usa padrões

linguísticos que visam a catarse (queda do estresse por parte do leitor)”. (LINSINGEN,

2007).

4 Os mangás apresentam certas características que as HQs ocidentais não oferecem quanto à manipulação

das imagens, ao design dos quadrinhos, à narrativa e ao enredo e ao enfoque diferenciado de acordo com o

tipo de público. A narrativa é elaborada como se fosse um livro, com começo, meio e fim, mas chega ao

público de maneira segmentada, em tomos (LINSINGEN, 2007). 5 A grosso modo pode se definir cosplay como a junção de duas palavras. No entanto, desse universo

cosplay surgiu uma nova forma de sociabilidade, bastante complexa, nas quais se identificam “convenções

que oferecem inúmeras atrações como os concursos de cosplay, apresentações de bandas de animês,

concursos de animekês (karaokê de trilhas sonoras de animês) salas temáticas voltadas a produtos culturais

consumidos pelo público jovem, constituindo-se em verdadeiras salas da memória ao atualizarem as

personagens e narrativas midiáticas: salas de ficções televisivas e cinematográficas, tokusatsus , cards ,

videogames, objetos e atividades medievais; exposições de mangás, fanzines, quadrinhos, e contam com

espaços onde estandes de empresas comercializam toda sorte de mercadorias referentes à cultura pop”

(NUNES, 2014)

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Oriundo do mesmo universo dos mangás, o Cosplay tem se tornado objeto de pesquisa e

revelado uma gama de possibilidades de interpretação6; sendo interpretados como

geradores de sentidos, como forma de sociabilidade e, também, de memória. Alguns

autores também identificam relações entre cosplays e rolezinhos7. (HELLER, 2016)

Portanto, a experiência descrita nesse trabalho, combinou alguns elementos da cultura

jovem, urbana, de classe média, da zona sul do município de São José dos Campos, a

saber: redes sociais (Facebook), aplicativos de celular (WhatsApp) e o Cosplay; para a

partir da História da Ciência, promover a construção de conhecimentos de física de forma

interativa e colocando os alunos como protagonistas do processo ensino-aprendizagem.

A rede social e aplicativo acima mencionados, foram utilizados como forma de manter a

comunicação entre o grupo de alunos, professores e parceiros. Através do WhatsApp foi

possível organizar os encontros a partir de lembretes, ajustes de cronograma, auxílio para

aquisição de materiais para experimentos através de trocas constantes entre os alunos,

compartilhamento de experimentos principalmente que “não davam certo”, promovendo

intercâmbio de conhecimento entre os participantes no sentido de resolver o problema.

O Facebook serviu como um diário de bordo do grupo, documentando as pautas

trabalhadas, as pendências e registros tanto fotográficos como os de vídeo produzidos

semanalmente.

Na construção da proposta, que se trata da oferta de uma disciplina eletiva, levou-se em

conta também a necessidade de discutir e apresentar o Ensino Médio como meio e não

como fim da Educação. Incentivando os alunos a continuarem seus estudos, levando em

conta suas competências e habilidades. Dentro desse modelo de escola, denominado

6 A esse respeito vide: Cena Cosplay: comunicação, consumo, memória nas culturas juvenis, organizado

por Monica Rebecca Ferrari Nunes.

7 Os rolezinhos são encontros de jovens, geralmente de periferia; organizados através de redes sociais e

tendo majoritariamente como ponto de encontro shoppings, esses eventos tornaram-se motivo de polêmica

entre administradores de estabelecimentos, seguranças e responsáveis pelos jovens, tendo sido enfoque de

muitas manchetes no início de 2014. Sobre essa relação entre cosplay e rolezinhos “enquanto o segundo

escolhe a roupa como fator de distinção social, o primeiro pensa-a como elemento lúdico”

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PEI8, a parte diversificada do currículo oferece Projeto de Vida, Preparação Acadêmica,

Mundo do Trabalho como disciplinas voltadas para a inserção do jovem no mercado de

trabalho e no Ensino Superior. Na parte diversificada do currículo, as disciplinas eletivas

são oferecidas semestralmente e orienta-se que o aluno opte sempre por aquelas que

estejam correlacionadas ao seu Projeto de Vida. No entanto, observa-se que, como nessas

disciplinas o agrupamento de alunos mistura tanto ingressantes quanto concluintes, os

alunos levam mais em conta outras razões, bastante subjetivas na hora de elegerem suas

eletivas, como por exemplo: afinidade com o docente que ofertará a disciplina, validação

dos alunos que já cursaram a disciplinas (caso ela já tenha sido ofertada anteriormente),

possibilidade de formar uma turma com colegas de outras séries e turmas, provocando

um fluxo combinado entre os alunos.

Na oferta de disciplinas eletivas do modelo Programa de Ensino Integral, essas são

disciplinas semestrais e que os alunos devem alinhar aos seus respectivos Projetos de

Vida. Mediante a uma demanda desproporcional entre Humanidades, Biológicas e

Exatas, os professores das áreas de Linguagens, Códigos e suas tecnologias, assim como

os de Ciências Humanas, enfrentam dificuldades de adesão às suas propostas de

disciplinas eletivas, em contrapartida, os docentes das Ciências Naturais e Matemática,

ficam sobrecarregados e isso exige plasticidade e adesão de metodologias diferenciadas

para que as opções de eletivas acomodem a todos os alunos matriculados e

preferencialmente levem em conta suas preferências.

Mediante tal problema docentes de áreas distintas optaram por realizar um piloto,

ministrando uma eletiva que adentrasse na seara das Ciências Naturais e Matemática sem

8 Programa de Ensino Integral, instituído pela Lei Complementar nº 1.164, de 4 de janeiro de 2012, alterada

pela Lei Complementar nº 1.191, de 28 de dezembro de 2012. Esse Programa foi iniciado em 2012, em 16

Escolas de Ensino Médio, e a partir de 2013 expandido para 22 escolas de Ensino Fundamental Anos Finais

e 29 escolas de Ensino Médio, e 2 escolas de Ensino Fundamental e Médio. Basicamente, pode se dizer que

o Programa Ensino Integral tem como aspectos : 1) jornada integral de alunos, com currículo integralizado,

matriz flexível e diversificada; 2) escola alinhada com a realidade do jovem, preparando os alunos para

realizar seu Projeto de Vida e ser protagonista de sua formação; 3) infraestrutura com salas temáticas, sala

de leitura, laboratórios de ciências e de informática e; 4) professores e demais educadores em Regime de

Dedicação Plena e Integral à unidade escolar

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deixar de lidar com seus referenciais teóricos e metodológicos próprios, no caso Letras e

História, respectivamente das Linguagens e das Humanidades.

Na versão provisória da ementa, que é apresentada a todos os alunos antes das inscrições,

pontuou-se que o escopo do trabalho seria atender as expectativas de alunos cujos

projetos de vida fossem pautados em Humanidades e/ou Exatas, porém com uma

perspectiva que utilizassem linguagens plurais para a construção e sistematização dos

conhecimentos, visando a partir da História da Física, eleger um grupo de inventores e

de experimentos, sobre os quais fossem trabalhadas: biografias, caricaturas e cosplays,

de modo que aprimorassem suas técnicas de pesquisa, de desenho, de produção e de

representação, uma vez que deveriam estabelecer a ponte entre o conceito e a aplicação

do mesmo em situações cotidianas, preferencialmente com materiais de baixo custo e

que dispensassem o uso do laboratório, espaço esse muito disputado pelos alunos e de

preferência da maioria deles.

As escolas pertencentes ao PEI possuem laboratório de secos e molhados equipados e

os professores da área de Ciências da Natureza e Matemática recebem treinamento

diferenciado. No currículo dos alunos, constam aulas experimentais para as disciplinas

de biologia, física, química e matemática semanalmente. A expectativa gerada nos alunos

para as aulas práticas é grande, as disciplinas eletivas que estão relacionadas diretamente

ao uso desses espaços físicos geram uma demanda para a qual não se consegue suprir.

Levando isso em conta, optou-se por uma ressignificação de laboratório, no sentido de

compreenderem que as atividades experimentais podem e devem ser realizadas em

diferentes espaços. A analogia sobre como as áreas de Humanas e de Linguagens

realizam seus “laboratórios” a partir de pesquisas de campo, foi uma das justificativas

apresentadas aos alunos, somada ao desafio lançado de integrar as áreas de

conhecimento, ampliar o significado de laboratório, promovendo atividades

experimentais diversificadas, de baixo custo e sobretudo sustentáveis. Apresentando a

Ciência como “uma linguagem construída pelos homens e pelas mulheres para explicar

o nosso mundo natural” (CHASSOT,2000)

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Objetivos

O objetivo geral da proposta foi o de promover a alfabetização científica9 a partir de

atividades lúdicas e da arte, utilizando gêneros textuais e atividades culturais populares

entre os jovens do ensino médio (caricatura e cosplay); desse modo pôde-se valorizar a

pesquisa como fator determinante para a construção do conhecimento não só sobre a

História da Ciência como também a apropriação de conceitos importantes da grade

curricular de ciência para o Ensino Médio, de forma contextualizada e tendo o aluno

como protagonista desse processo.

A História da Ciência é pouco trabalhada na Educação Básica. Muitas vezes o professor

de História trabalha, por exemplo, o contexto da Revolução Industrial, quase que ao

mesmo tempo em que o professor de Física trabalha a Termodinâmica (no caso da grade

curricular do 2.º ano do Ensino Médio da Rede Pública Estadual de São Paulo) e essas

conexões não são feitas de forma planejada, elucidando-se aos alunos e desse modo

potencializando ambas as situações de aprendizagem com abordagem contextualizada e

em perspectiva interdisciplinar. São inúmeros os exemplos de links que poderiam ser

estabelecidos ao longo do currículo que não são aproveitados.

A eletiva “Físicos Arteiros” tendo à sua frente uma professora de História, sinalizou

desde o início que a História da Ciência seria contemplada e da mesma forma, a

professora de Português (componente curricular que possui um grande número de aulas

semanais) enfatizou que abordaria outras linguagens, não só as textuais, como

metodologia, relacionando-as à História da Ciência. Essas estratégias de trabalho a partir

da História da Ciência, mostraram-se um caminho possível e atraente para a alfabetização

científica, propondo a desconstrução de uma abordagem sobre ciência

descontextualizada e fragmentada.

9 A alfabetização científica, segundo Chassot “pode ser considerada como uma das dimensões para

potencializar alternativas que privilegiam uma educação mais comprometida (...) a ciência é uma

linguagem; ser alfabetizado cientificamente é saber ler a linguagem em que está escrita a natureza. É um

analfabeto científico aquele incapaz de uma leitura do universo” (CHASSOT, 2007:91).

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Sabe-se que material didático específico sobre a História da Ciência, destinado ao Ensino

Médico é escasso, existem fragmentos nos livros didáticos de vários componentes

curriculares e títulos paradidáticos. Para o desenvolvimento desse trabalho, utilizou-se

de um material digital, intitulado: “História da Física”, disponibilizado pela Divisão de

Astrofísica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) de autoria de Luiz Carlos

de Lima, como material de apoio e a partir dele os próprios alunos elegeriam temas de

interesse dentro da História da Ciência, fazendo valer suas preferências, motivadas

sobretudo pela curiosidade de cada um. Como elucida Silva: “Muitos professores já têm

uma imagem positivista da ciência como produto acabado e não como um processo que

envolve pessoas comuns, contextos concretos e debates. Assim, um correto entendimento

da estrutura e dinâmica científica é essencial no ensino de ciência, pois contextualiza o

ensino historicamente, permitindo ao aluno a compreensão da dinâmica da ciência e da

produção do conhecimento científico, já que o desenvolvimento “da ciência dá-se tanto

por fatores internos à própria ciência quanto por fatores externos ou extracientíficos”

(SILVA, et al., 2008, p.498).

Constituiu um dos objetivos específicos deste trabalho, suscitar a reflexão sobre as

mulheres na ciência. No próprio quadro docente da Unidade Escolar, na área de Ciências

da Natureza, Matemática e suas tecnologias, o total de professores era de 8, distribuídos

igualmente 50% homens e 50% mulheres. No entanto, essa proporção não corresponde

à maioria dos cursos, principalmente quando não são de licenciatura. A necessidade de

se incentivar meninas para que continue a quebra de paradigmas sobre a atuação das

mulheres em determinados espaços e carreiras deve permear inclusive o cotidiano escolar

da Educação Básica, de modo que os alunos observem que tal situação não deve ser

naturalizada, ela é complexa, histórica e cultural10.

10 Segundo Chassot, “Não só a Ciência, mas (quase) toda a produção intelectual é predominantemente

masculina (...) Isso parece não ser diferente quando se fala nas Artes. Quais as mulheres proeminentes que

aparecem na constelação de grandes compositores, pintores ou escultores? Também na Filosofia,

encontramos nomes poucas mulheres, se comparado com os de homens. A Teologia é uma área de domínio

dos homens. Na Igreja católica há muitas ordens religiosas femininas fundadas por homens.

Preliminarmente parece que se possa concluir que não é apenas a Ciência que é predominantemente

masculina, mas nossa civilização, já há alguns milênios” (CHASSOT, 2007)

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A metodologia utilizada nos encontros semanais foram: Rodas de Conversa, Aulas

expositivas dialogadas, Socialização de Pesquisas, Exibição de Vídeos, Palestras com

parceiros (organizadores de evento, desenhistas e adeptos de cosplay), Monitoria dos

próprios alunos segundo suas habilidades pessoais levantadas durante a sondagem,

Oficina de criação de personagens e de produção de caricaturas, Leitura Compartilhada

de Biografias de Cientistas.

A atividade realizada após a apresentação da ementa na aula inaugural, seguida da

sondagem das expectativas dos alunos e do levantamento dos seus conhecimentos

prévios a respeito da História da Ciência, foi o sorteio de nomes de físicos. A partir deste

nome, cada aluno trouxe a biografia que foi lida de forma compartilhada e também trouxe

um experimento ou ideia de experimento a partir de um conceito do respectivo cientista.

Detectou-se dificuldade por parte dos alunos de transpor a teoria para a prática e soluções

foram pensadas coletivamente, de modo de ficasse claro ao grupo que conceitos estavam

explícitos, implícitos e sobretudo de que forma ambos faziam-se presentes em situações

cotidianas. Às vezes esses elementos não estavam claros para o aluno que estava

apresentando e o grupo que estava assistindo, através de perguntas, conseguiam demarcar

quais explicações ainda encontravam-se fragilizadas e/ou colegas que estavam assistindo

estabeleciam relações com os experimentos que já haviam ou ainda seriam apresentados

incentivando o intercâmbio de conhecimentos científicos e a aplicação dos mesmos em

circunstâncias diversas.

Em alguns casos, houve a necessidade de eleger outros físicos e experimentos, cujas

invenções estivessem aos olhos dos alunos mais fáceis de serem contextualizadas, pois o

fato das docentes responsáveis pela disciplina terem formação em outra área do

conhecimento, não constituía uma necessidade o domínio de um outro conceito

específico e sim a promoção da construção do conhecimento (de ciência) dos alunos a

partir de outras linguagens, oportunizando-os não só o emprego de outra metodologia,

mas, reforçando conhecimentos que lhes eram próprios do seu “métier”, no caso História

da Ciência e domínio da linguagem através da descrição, argumentação, expressão,etc.

Sendo decidido pelos alunos a escolha do que contemplasse em partes a subjetividade

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dos envolvidos, a objetividade das docentes sobre essas questões; o que poderia ter outro

contexto, se um professor de Ciência estivesse como proponente da atividade.

No percurso, percebeu-se que entre os alunos inscritos havia uma grande parte que

dominava técnicas de desenho, esses tornaram-se monitores de oficinas de produção de

caricaturas, socializando seus conhecimentos nos encontros. As caricaturas foram sendo

aprimoradas e a versão final, validada pelos seus autores, foi emoldurada, dando origem

ao primeiro produto final da disciplina.

Oficina de Caricatura 24/09/2015

Uma vez familiarizados com a biografia e a caricatura dos cientistas, os alunos foram

orientados a aprofundarem suas pesquisas, observando elementos que envolviam a

subjetividades dos cientistas e a trajetória acadêmica dos mesmos, colecionando desse

modo, elementos para a descrição de seus respectivos personagens. Até esse momento,

as técnicas de cosplay eram desconhecidas pela maior parte do grupo. Momento então

em que o grupo de alunos que eram cosplayers entraram em cena, explicando aos demais

a história do cosplay, os principais eventos no Brasil e no mundo, elucidaram sobre a

questão da sustentabilidade, criatividade e inclusive premiações em viagens e em

dinheiro que são atrativas dentro dessa forma de sociabilidade. Houve nesse estágio da

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disciplina, a presença de um cosplayer de reconhecida importância regional, que trouxe

alguns de seus personagens, fotografias e realizou uma roda de conversa, a partir da qual

os alunos foram desafiados a juntarem o que já tinham produzido até então (biografia e

caricatura), esboçando um croqui de como poderia ser seu personagem “vivo”.

Roda de Conversa com o Cosplayer Rafael Oliveira e Oficina das alunas Cosplayers

A escolha dos físicos que seriam os personagens criados para a apresentação final, podem

ser analisadas do ponto de vista da semiótica da cultura para refletir tanto sobre a

memória, o consumo como a constituição da cena do cosplay; nesse sentido considera-

se a escolha uma espécie de texto cultural, uma vez que nele comparecem elementos de

sua vivência cultural. “Isso quer dizer que um cosplayer, antes de assumir um

determinado personagem, precisou, primeiro, acessar sua memória para, depois,

selecioná-lo. Não importa se esse processo foi consciente, mas, isso sim, reconhecer que

o resultado final, muito mais que uma “fantasia” ou um “modismo” ou uma “mera

brincadeira” (HELLER)

Saber lidar com as resistências a algumas propostas e contornar tais situações de aparente

desinteresse pela temática, revertendo-as a favor da aprendizagem, é uma necessidade da

escola contemporânea. A ideia de produção de um vídeo sobre a história da física,

contemplou não só aos alunos que dominavam as técnicas de desenho, como também

aqueles que possuíam domínio de informática, principalmente no que diz respeito à

edição de imagens e vídeos.

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Com vistas ao momento de apresentação dos resultados finais produzidos durante o

semestre, além das biografias, caricaturas, croquis e do vídeo, os alunos tinham ainda

pela frente o desafio de realizar o experimento primeiramente para a turma, para depois

socializa-lo e de no dia da apresentação final, caracterizarem-se utilizando aquilo que se

apropriaram sobre cosplay.

Durante ao que denominou-se de primeira rodada de apresentação dos experimentos,

verificou-se a dificuldade em explicar o(s) conceito(s) e mediante a isso, a intervenção

pedagógica realizada foi a confecção de relatórios durante as apresentações. Eram claras

as dificuldades de domínio de referencial teórico e inclusive de domínio sobre o gênero

textual relatório, o que exigiu a apresentação de modelo padrão e inferências a fim de

superar as dificuldades; levando à segunda rodada de apresentações.

Apresentações dos experimentos e ilustração de conceitos com produção simultânea de relatórios

individuais e coletivos

O critério de avaliação foi acordado com os alunos, de modo que tudo o que fora

produzido no semestre fosse contemplado, ou seja, as habilidades de investigação e

compreensão, a representação e comunicação, a contextualização sociocultural,

habilidades essas relacionadas à Português e à História, disciplinas de formação das

docentes à frente da eletiva. No entanto, os conhecimentos teóricos e práticos

proporcionados a partir da História da Ciência, em especial da física, fizeram com que

os alunos desenvolvessem muito mais do que isso previsto, adquirindo e aprimorando

habilidades da área de ciências da natureza, matemática e suas tecnologias; que não

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foram aferidas nessa disciplina pela ausência de um professor da referida área. Os

conhecimentos adquiridos sobre a Física e a História da Ciência.

Conclusão

Além de promover a descoberta da Física no cotidiano dos alunos, estreitando as relações

entre teoria e prática, foi possível a partir de experimentos práticos, trabalhar alguns eixos

cognitivos e habilidades diversas, tais como investigação e compreensão; representação

e comunicação e contextualização sociocultural.

Os conteúdos trabalhados contaram com a caracterização de gêneros textuais

diversificados como: biografia, artigos científicos, caricatura; técnicas básicas de

desenho, História da Física, Física no Cotidiano, Cosplay. A oralidade foi bastante

contemplada e à medida em que os alunos apresentaram experimentos para a turma, a

explicação que no ponto de vista deles, estava pronta; passou a mostrar-se limitada,

exigindo ajustes que passaram a ficar mais claros com o estabelecimento de uma

avaliação coletiva.

Em grupo, decidiu-se que para que ao final da eletiva, os personagens criados (cosplay)

e a mostra de experimentos obtivesse sucesso, as apresentações durante os encontros das

eletivas precisariam de um rigor, de objetividade e não apenas a performance e

curiosidade deveriam estar em foco. Sendo assim, optou-se pela apresentação com

elaboração de relatório individual e ao término redação coletiva, de modo que durante as

apresentações os alunos tomavam nota dos seguintes itens: Título do experimento,

Físico; Local, Data, Aluno responsável, Objetivo, Materiais, Procedimento, Dados

obtidos, Análise dos dados e Conclusão (quando os alunos identificavam a fragilidade de

algum desses itens, realizavam inferências ao colega que estava à frente e ficou acordado

com o grupo que outros colegas poderiam auxiliar na explicação, compartilhando

conhecimentos e do mesmo modo as docentes realizavam intervenções no sentido de

substituir a linguagem informal pela formal e de validar as iniciativas dos alunos).

A partir da experiência desenvolvida ao longo de quase cinco meses de trabalho,

observou-se que a disciplina eletiva “Físicos Arteiros” permitiu com que não só aspectos

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conceituais da ciência fossem trabalhados, como também procedimentais e atitudinais,

pois foram desenvolvidas paralelamente habilidades tais como: negociação de soluções

coletivas para problemas comuns, propostos em sala de aula e reconhecimento do direito

do outro de manifestar-se e apresentar suas ideias.

Em relação aos conhecimentos sobre História da Ciência, os alunos demonstraram

interesse, estabeleceram conexões interessantes entre cientistas de épocas remotas e da

contemporaneidade, os principais ganhos observados nesse sentido foi a descoberta da

interdisciplinaridade (embora o nome da eletiva fosse Físicos Arteiros, os alunos

identificaram que os fenômenos científicos são complexos e as ciências dialogam entre

si de forma natural, o nosso sistema de ensino é que tende a fragmentar a ciência e

infelizmente reforçar e exigir a assimilação de conceitos e fórmulas, esvaziando o sentido

e dinâmica presente nesse universo que é a ciência) e um intercâmbio contínuo, que

extrapolaram as reuniões semanais, tendo o Facebook e o WhatsApp como ferramentas

para a divulgação de canais do YouTube com temática científica, livros, filmes e séries

que passaram a enriquecer as discussões de todos os envolvidos, não sendo aproveitado

esse material em toda sua potencialidade por questões como tempo e logística do espaço

escolar.

Dentre muitos aspectos relevantes da História da Ciência sobre a qual os alunos se

debruçaram, ressalta-se a contribuição das pesquisas de mulheres, aqui representadas

pelo trio: Rosalind Franklin, Mária Telkes e da brasileira Márcia Cristina Bernardes

Barbosa, que, recentemente foi reconhecida pela sua pesquisa sobre anomalia da difusão

de água e concedeu inúmeras entrevistas, que revelam aspectos culturais e históricos da

questão de gênero na produção do conhecimento científico, que foram discutidas em sala:

“Eu vivo em um país no qual o reconhecimento do cientista não é muito grande, em

particular o reconhecimento das cientistas mulheres (...) As mulheres não querem ir para

um ambiente que pareça hostil (...) As meninas têm uma tendência de, ao escolherem

uma carreira, buscarem alguma que tenha cara de lar”.11

11 https://noticias.terra.com.br/ciencia/pesquisa/fisica-brasileira-recebe-premio-mundial-e-quer-mais-

mulheres-na-ciencia,27f345034e8ad310VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html acesso em 14.08.2016

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Utilizando-se da concepção de aprendizagem de dialógica, interdisciplinar e com

metodologia ativa, conferindo espaço de protagonismo aos alunos, pode-se dizer que os

mesmos aceitaram o desafio de transformar as informações pesquisadas em diferentes

suportes e apresentá-las a outros colegas, desse modo, tiveram de explicar, resumir,

estruturas, definir, generalizar, elaborar, ilustrar, exigindo-se muito mais deles e com isso

ampliando seu repertório tanto do aprender a aprender, quanto do aprender a fazer. Como

afirmou Paulo Freire: “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao

aprender.” (FREIRE, 1997).

O produto final da sequência de atividades desenvolvidas na eletiva “Físicos Arteiros”

foi a produção de um vídeo sobre a História da Física, uma galeria de inventores12 com

caricaturas feitas pelos alunos, a criação de personagens “vivos”, que foram os cosplays,

apresentando experimentos simultâneos, na bancada do laboratório (sim, nesse dia

invadimos finalmente o laboratório da escola!) originando uma feira de ciência e arte

simultaneamente; reforçando a possibilidade de que, quando se permite a invasão de

outras linguagens no laboratório, consegue-se muito mais do que a transmissão de

conhecimentos científicos; “Hoje não se pode mais conceber propostas para um ensino

de ciências sem incluir nos currículos componentes que estejam orientados na busca de

aspectos sociais e pessoais dos estudantes” (CHASSOT,2003).

Agradecimento

Agradeço imensamente à amiga e professora Ana Paula de Cássia Gama, que, assim

como eu, não possui formação em Ciência e Tecnologia, mas, trazemos em nossa história

de vida, familiares que fizeram suas trajetórias pessoais e de trabalho (anônimas, sem

documentação no lattes, nem por isso menos importantes) em institutos de pesquisa

renomados, (ITA e INPE) dos quais nos orgulhamos por tabela... cada uma a seu modo,

12 Leonardo Da Vinci,Roger Bacon, Michael Faraday, Marcelo Gêiser, Erwin Schrodinger, Nikola Tesla,

Alexander Graham Bell, Carl Friedrich Gauss, Albert Einstein, Alessandro Volta, Benjamin

Franklin,Márcia Barbosa, Pascal, Stephen Hawking, James Watt, Luigi Galvani, Isaac Newton, Bartolomeu

de Gusmão, Mário Schenberg, Maria Telkes, Rosalind Franklin, Hervé This.

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nas Letras ou na História, temos acreditado que a Ciência deve estar a serviço de todos e

sempre auxiliando na construção de um mundo melhor, nas pequenas coisas, inclusive.

Bibliografia

CHASSOT, Attico. A Ciência é masculina? São Leopoldo: Editora UNISINOS, (2007,

3ed) 2003.

_______________. A Ciência é masculina. É, sim senhora! Contexto e Educação.

Editora UNIJUÍ – Ano 19- n.º 71/72 – Jan/Dez 2004 p.9-28

______________Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. Ijuí:

Editora Unijuí. 2000.

_______________. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social.

Revista Brasileira de Educação, Nº 22, Jan/Fev/Mar/Abr, 2003

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 9.ª

edição. São Paulo: Paz e Terra, 1997

HELLER, B. Cosplay e cosplayers: quando a cultura pop é levada a sério. Galáxia (São

Paulo, Online), n 32, p. 216-220, ago. 2016.

Lei Complementar Nº 1.191, de 28 de dezembro de 2012. Dispõe sobre o Programa

Ensino Integral em escolas públicas estaduais e altera a Lei Complementar nº 1.164, 4

de janeiro de 2012, que institui o Regime de Dedicação Plena e Integral – RDPI.

LIMA, Luiz Carlos de. História da Física.

http://www.das.inpe.br/~alex/Ensino/cursos/historia_da_ciencia/artigos/Historia_da_Fi

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LINSINGEN, Luana Von. Mangás e sua utilização pedagógica no ensino de ciências sob

a perspectiva CTS. Ciência & Ensino, vol. 1, número especial, novembro de 2007.

NUNES. M. R. F. (org.). Cena cosplay: comunicação, consumo, memória nas culturas

juvenis. Porto Alegre: Sulina, 2015.

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NUNES, Mônica Rebecca Ferrari. A Emergência da cena cosplay nas culturas juvenis.

Significação. Revista Brasileira de Semiótica. USP 014, v.41, n. 41, 14

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Imprensa Oficial, SE.

SILVA, C. P. et al. Subsídios para o uso da História das Ciências no Ensino: Exemplos

Extraídos das Geociências. Ciência & Educação, v. 14, n.3, p.497-517, 2008