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FÍSICA MÁGICA: UMA MANEIRA DIVERTIDA DE APRESENTAR A FÍSICA
PARA ALUNOS DA ALFABETIZAÇÃO
NIVALDO MOREIRA DE OLIVEIRA
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação (Universidade Federal do Vale do São Francisco) no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.
Orientadora:
Prof.ªDra Letícia Maria de Oliveira
JUAZEIRO - BA
(Novembro 2017)
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FICHA CATALOGRÁFICA
Oliveira, Nivaldo Moreira de.
O48
Física mágica: uma maneira divertida de apresentar a física para alunos da alfabetização/ Nivaldo Moreira de Oliveira. -- Juazeiro-BA, 2017.
xi, 89f; iI; 29 cm.
Dissertação(Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física) - Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Juazeiro-BA, 2017.
Orientador: Maria Letícia de Oliveira.
1. Física –- Estudos e ensino. 2. Ensino Fundamental. I. Título. II. Oliveira,Maria Letícia de. III. Universidade Federal do Vale do São Francisco
CDD 530
Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca SIBI/UNIVASF Bibliotecário: Renato Marques Alves
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Dedico esta dissertação a minha filha Júlia Victória
Moreira de Oliveira fonte de inspiração para as
oficinas propostas neste trabalho, à minha esposa pela
paciência e apoio durante todo esse período, aos meus
filhos pelo incentivo e apoio e a minha mãe pelos
ensinamentos de uma vida.
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Agradecimentos
A todos que, de alguma forma, participaram e contribuíram para o desenvolvimento deste importante projeto de realização pessoal e profissional. A minhaprofessora e orientadora Dra. Letícia Maria de Oliveira, pela paciência e pelas valorosas orientações e por abraçar a minha ideia de pesquisa e se envolver, imensamente, junto comigo neste projeto. À Escola Joca de Souza Oliveira em Juazeiro-BA e ao Colégio Plenus em Petrolina-PE, pelo espaçocedido para a realização das Oficinas, aos professores e alunos do 10 ano (alfabetização) dessas escolas que apoiaram e auxiliaram na realização das Oficinas deste projeto de pesquisa aplicada. Aos professores: Dr. Aníbal Livramento da Silva Netto, Dra. Mariele Regina Pinheiro Gonçalves, Dr. Marco Antônio Moreira, Dr. José Américo de Sousa Moura, , Dr. Márcio Pazetti, Dr. Militão Vieira Figueredo e Dr. Telio Nobre Leite e a minha co-orientadora extraoficial Profa Dra. Katia Rose Silva Mariano pelo auxílio e incentivo. À CAPES, pelo apoio financeiro.
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" Não pode existir ciência sem fantasia. É por isso que a
ficção de boa qualidade contribui para estimular a nossa
imaginação e pode resultar em avanço tecnológico. O
pensamento humano é o único que pode conquistar o
tempo e o espaço e criar o que jamais existiu, expandindo
as fronteiras do conhecimento"
Alexander Kazantsev
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RESUMO
FÍSICA MÁGICA: UMA MANEIRA DIVERTIDA DE APRESENTAR A FÍSICA PARA ALUNOS DA ALFABETIZAÇÃO
MESTRANDO: NIVALDO MOREIRA DE OLIVEIRA ORIENTADORA: PROFa Dra LETÍCIA MARIA DE OLIVEIRA
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação (Universidade Federal do vale do São Francisco- UNIVASF) no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.
A intenção deste trabalho de pesquisa aplicada não é a de introduzir ou ensinar Física para crianças do primeiro ano do Ensino Fundamental, mas sim de abordar de forma lúdica alguns conteúdos e fenômenos físicos, aqui tratados como oficinas, as quais foram denominadas de “Mágicas da Física”, de maneira que, no formato de recreação, algumas ideias relativas às Ciências possam despertar a atenção e o interesse dessas crianças e dos seus professores e venham servir para o aproveitamento e aprimoramento futuro. Dentro da proposta deste trabalho, também se intenta que, por meio do produto educacional gerado, essas oficinas possam ser executadas e aplicadas pelos próprios professores responsáveis pela alfabetização desses alunos. A execução deste projeto se deu em dois momentos distintos. O primeiro deles aconteceu na rede particular de ensino em uma escola localizada na cidade de Petrolina-PE, para duas turmas formadas por alunos da alfabetização. Num segundo momento, algumas dessas oficinas foram também aplicadas para alunos da rede municipal de ensino, em uma escola localizada na cidade de Juazeiro- BA, para duas turmas de estudantes de alfabetização. Para atrair a atenção dos estudantes, utilizamos alguns experimentos simples, envolvendo material de baixo custo e, ao mesmo tempo, bastante acessível, tanto para os alunos quanto para seus professores, sendo que, de maneira divertida e interessante, foi possível abordar temas como: Eletrização, Pressão Atmosférica, Óptica e Princípio de Bernoulli, causando nas crianças um encantamento e despertando, nos alunos da alfabetização e em seus professores, um novo olhar sobre a Física. Palavras-chave: Ensino de Física, Física para crianças, Oficinas de Física, Física e recreação.
JUAZEIRO - BA
Novembro 2017
viii
ABSTRACT
MAGIC PHYSICS: A FUNNY WAY TO PRESENT PHYSICS FOR LITERACY STUDENTS
MASTERING: NIVALDO MOREIRA DE OLIVEIRA ADVISOR: PROFa Dra LETÍCIA MARIA DE OLIVEIRA Master's Dissertation submitted to the Graduate Program (Federal University of the San Francisco Valley-UNIVASF) in the Professional Master's Degree Course in Physics Teaching (MNPEF),as part of there quirements necessary to obtain a Master's Degree in Physics Teaching.
The intention of this work of applied research is not to introduce or teach physics for children of the first year of elementary school, but rather to approach in a playful way some physical contents and phenomena, here treated as workshops, which have been called "Magics of Physics" so that, in the format of recreation, some ideas related to the Sciences can arouse the attention and the interest of these children and their teachers and they will serve for the future use and improvement. Within the proposal of this work, it is also tried that, through the generated educational product, these workshops can be executed and applied by the teachers themselves responsible for the literacy of these students. The execution of this project occurred in two different moments. The first one happened in the private network of education in a school located in the city of Petrolina-PE, for two classes formed by literacy students. In a second moment, some of these workshops were also applied to students of the municipal school network, in a school located in the city of Juazeiro-BA, for two classes of literacy students. In order to attract students' attention we used some simple experiments, involving low cost material and at the same time quite accessible, both for the students and their teachers, and in a fun and interesting way, it was possible to approach themes such as: Electricity, Atmospheric Pressure, Optics and Bernoulli’s Principle, causing in the children a certain enchantment and awakening in the literacy students and in their teachers, a new look at Physics. Keywords: Science teaching, Physics for children, Physics workshops, Physics and recreation
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SUMÁRIO
Capítulo 1- INTRODUÇÃO…...................................................................................11
Capítulo 2- OBJETIVOS……………………….....………...………………………...….13
2.1- Objetivo Geral ...………......………………..……..…….………………….…13
2.2 – Objetivos Específicos..…...………….....……….…...……………...……….13
Capítulo 3- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ………………......…………………..…..14
Capítulo 4- MATERIAIS e MÉTODOS……. …………….....……………….……..…..18
Capítulo 5- OFICINAS…………..……………………………………...……..........……21
5.1. Oficina 1- Como um avião tão pesado pode voar.......................................21 5.1.1. Fundamentação teórica ..........................................................................21 5.1.2. Objetivo ...................................................................................................23 5.1.3.Descrição da Oficina: Relatos e Discussões ...........................................23 5.2. Oficina 2- Como a nossa visão pode nos surpreender ..............................25 5.2.1. Fundamentação teórica ..........................................................................25 5.2.2. Objetivo ...................................................................................................27 5.2. 3. Descrição da Oficina: Relatos e Discussões..........................................27 5.3. Oficina 3- Grudando um canudo na parede sem cola...............................32 5.3.1. Fundamentação teórica .......,,,.,,,............................................................32 5.3.2. Objetivo ...................................................................................................33 5.3. 3. Descrição da Oficina: Relatos e Discussões .........................................33 5.4. Oficina 4- A sugando um líquido usando dois canudos de plástico .........35 5.4.1. Fundamentação teórica ..........................................................................35 5.4.2. Objetivo ...................................................................................................36 5.4. 3. Descrição da Oficina: Relatos e Discussões..........................................36 Capítulo 6 AVALIANDO AS OFICINAS ..…......…………………………...…………..38
6.1. Avaliação das Oficinas pelas crianças........................................................38 6.2. Avaliação das Oficinas pelas Professoras .................................................43 ConsideraçõesFinais ................................................................................................46 ReferênciasBibliográficas .........................................................................................48 Apêndice A: Produto Educacional............................................................................52
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Apêndice B: Modelo de Questionário aplicado a professores e alunos visando avaliar a opinião dos mesmos acerca das oficina........................................80 Anexo: Fotos ilustrativas de alguns momentos das oficinas .....................................84
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1 - INTRODUÇÃO
Vivemos em um mundo cada dia mais dinâmico e tecnológico, em que
na maioria das vezes, os valores estão completamente invertidos e em
reconstrução, e o diálogo face a face vem sendo substituído pelos ambientes
virtuais. Trata-se de um momento da nossa história completamente diferente
de todos os outros, numa realidade em que o contato com o mundo tecnológico
acontece cada vez mais cedo e na grande maioria das vezes, hipnotizando e
seduzindo nossas crianças, a ponto de deixá-las a cada dia, mais distantes do
mundo real. E, cada vez mais distante, também se vai um tempo em que
tradições culturais, brincadeiras e atividades simples despertavam grande
interesse nos nossos pequenos.
Logo, humanizar e adequar os conteúdos escolares, sobretudo da Física
a esse novo momento educacional, poderá despertar um novo olhar do aluno
sobre essa ciência. Para Lorenzetti & Delizoicov (2001) quanto mais cedo essa
iniciação ocorrer, poderá gerar melhores resultados, inclusiveconstituindoum
potente aliado para o desenvolvimento da leitura e da escrita, uma vez que
contribuí para atribuir sentidos e significados às palavras e aos discursos.
Um dos propósitos deste trabalho é oferecer um contraponto ao
momento atual, excessivamente tecnológico, onde as crianças,cada vez mais
cedo, deslumbram-se com as diversas utilidades oferecidas pelos aparelhos
eletroeletrônicos. Portanto, o maior interesse é contribuir com o
desenvolvimento de algumas habilidades cognitivas por meio de experimentos
simples, na forma de oficinas, focando a introdução de conceitos e informações
básicas da Física de maneira lúdica e com baixo custo, que poderão ser
usadas como ferramenta de inclusão nas salas de aula ou em outros
momentos de reuniões de grupos.
A ideia deste trabalho surgiu após a experiência de assistir um show de
mágica durante as férias escolares com minha filha Júlia Victoria, na época
com cinco anos de idade. Fiquei contagiado com sua alegria e entusiasmo
diante de cada truque simples, realizado naquele momento pelo mágico
condutor do espetáculo.
Observei que aquelas demonstrações e truques prendiam
encantadoramentesua atenção. Como ela queria ser voluntária de todas as
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atividades que necessitassem da participação do público, a naturalidade
daquelas cenas e o envolvimento daqueles pequenos chamaram demais a
minha atenção e percebi, naquele momento, que seria perfeitamente possível
criar um ambiente lúdico, utilizando os fenômenos e a magia da Física. Além
do mais, nada melhor do que aproveitar a grande vitalidade e energia das
nossas crianças para lhes apresentar algo novo, que seja interessante e ao
mesmo tempo instigador, divertido e também que possa carregar no seu bojo
um toque científico; claro que tudo isso de maneira natural, como sugere o
fragmento a seguir extraído do Projeto Mão na Massa.
É preciso reconhecer a singularidade de cada criança, sua forma de
pensar e compreender o mundo, estar atento às suas necessidades e
desejos! Assim, construímos uma relação de respeito e reciprocidade,
onde a criança encontra um espaço propício para aprender e se
desenvolver. Mas será que nós - que nos dispomos a participar da
educação das crianças - no nosso dia a dia, não estamos fazendo
exatamente o mesmo que a senhora da figura 1? (MÃO NA MASSA,
2010).
Figura 1. A arte de se enquadrar.
(disponível em:www.criançaemquestao.com.br/2015/07/1-logica-de-se-enquadrar.html )
A figura 1 e o fragmento de texto acima merecem uma profunda reflexão
e nos remetem a situações que todos nós já vivenciamos ou ouvimos em
algum momento da nossa história. Contudo, como nos mostra Piaget(1996),
nossas crianças possuem um espaço mental especial e extremamente fértil
que precisa ser alimentado rotineiramente com os melhores exemplos e as
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informações mais apropriadas e adequadas ao momento social e emocional de
cada um.
Como já diziam nossos antepassados, podemos encher a cabeça de
uma criança com o que quisermos, seja bom ou ruim. Daí a grande
responsabilidade em tentar despertar a atenção delas para as demonstrações
experimentais de coisas simples de cunho científico, que podem aguçar
interesses diversos e a curiosidade, o que contribuirá para o despertarcientífico
de muitos dos nossos jovens. Ademais, o professor precisa ir além da forma de
ensino tradicional, que utiliza sempre as mesmas metodologias e buscar novas
maneiras que possam despertar nos seus alunos, um novo olhar sobre o
conteúdo abordado.
Diante dessa necessidade, o presente trabalho busca explorar uma
Física que seja capaz de encantar os alunos da alfabetização, nos anos iniciais
do ensino Fundamental, com uma “física mágica” que mostre os fenômenos
naturais de outro ponto de vista e que possa gerar a simpatia e despertar
nessas crianças o gosto pela ciência.
2- OBJETIVOS
2.1 Geral
• O objetivo deste trabalho de pesquisa aplicada é apresentar os
fenômenos físicos para crianças na fase de alfabetização, a partir de
materiais e métodos simples, de maneira a despertá-las para um
encantamento por esses fenômenos.
2.2 Específicos
• Desenvolver algumas habilidades cognitivas por meio de experimentos
simples, na forma de oficinas, focando a introdução de conceitos e
informações básicas da Física.
• Produzir, como produto educacional, uma cartillha ou manual informativo
voltado para orientar os professores do ensino fundamental na execução
de oficinas de Física nos anos iniciais da alfabetização.
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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A abordagem de Ciências para crianças dos anos iniciais do ensino
fundamental já acontece há algum tempo, merecendo a atenção e o interesse
de vários países do mundo. Segundo Fourez (1994) Apud Delizoicov &
Lorenzetti, o tema Alfabetização Científica designa “um tipo de saber, de
capacidade ou de conhecimento e de saber-ser que, em nosso mundo técnico-
científico, seria uma contraparte ao que foi a alfabetização no último século”.
Para Mozena (2008), movimentos e pesquisas, no mundo e, também, no Brasil,
têm apontado e orientado a implementação efetiva do ensino de ciências nas
séries iniciais, com maior relevância para o ensino de Física. Essa abordagem
pode ser fundamentada em trabalhos, como os de Schoroeder (2007),
Ostermann e Moreira (1999), Carvalho (1998), entre outros; ou, por exemplo,
no projeto ABC na Educação Científica – “Mão na Massa” que aborda de forma
diferenciada, o Ensino de Ciências no Ciclo I (crianças de 7 a 10 anos), por
meio de uma metodologia investigativa e indagadora, em que o aluno deixa de
ser um mero observador e receptor e passa a participar da construção do seu
conhecimento.
Segundo Chassot (2003) o ensino de Ciências deve proporcionar aos
cidadãos conhecimentos e oportunidades de desenvolvimento de capacidades
necessárias para se orientarem em uma sociedade complexa, compreendendo,
posicionando-se e intervindo na realidade.
Hoje não se pode mais conceber propostas para um ensino de ciências sem incluir nos currículos componentes que estejam orientados na busca de aspectos sociais e pessoais dos estudantes. Há ainda os que resistem a isso, especialmente quando se ascende aos diferentes níveis de ensino. Todavia, há uma adesão cada vez maior às novas perspectivas. (Chassot, 2003. Pág. 90).
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De acordo com Schoroeder (2005), por ser o mais básico dos ramos da
Ciência, a Física apresenta um aspecto extremamente produtivo. É possível
propor atividades experimentais que permitem crianças menores de dez anos
manipularem os materiais usados e não se limitar a contemplar fenômenos.
Atividades experimentais relativas à Física permitem que as crianças ajam
sobre os materiais utilizados, observem o resultado de suas ações e reflitam
sobre suas expectativas iniciais, reforçando ou revendo suas opiniões e
conclusões.
Diante dessa possibilidade, é bastante oportuno e estamos de acordo com recomendação dos Parâmetros Curriculares Nacionais(PCNs), os quais recomendam que:
Desde o início do processo de escolarização e alfabetização, os temas de natureza científica e técnica, por sua presença variada, podem ser de grande ajuda, por permitirem diferentes formas de expressão. Não se trata somente de ensinar a ler e escrever para que os alunos possam aprender Ciências, mas também de fazer usos das Ciências para que os alunos possam aprender a ler e a escrever. (PCNs BRASIL, 1997, p. 62),
Para Craidy e Kaercher (2001), a fase de alfabetização, por volta dos
seis anos de idade, figura, sem sombra de dúvidas, como um período mágico
na vida das crianças. A criança se expressa pelo ato lúdico e é por meio desse
ato que a infância carregaconsigo as brincadeiras. Elas perpetuam e renovam
a cultura infantil, desenvolvendo formas de convivência social, modificando-se
e recebendo novos conteúdos, a fim de renovar-se a cada nova geração. É
pelo brincar e pelo repetir a brincadeira que a criança saboreia a vitória da
aquisição de um novo saber fazer, incorporando-o a cada novo brincar.
Percebe-se, pois, que a introdução às informações básicas de ciências
tem, indubitavelmente, um campo de atuação muito vasto nas séries iniciais e
uma aceitação extraordinária por parte dos pequenos, tendo em vista que é
possível associar esses conceitos mais básicos à diversão; bem como às
ações de socializações, o que não significa serem menos importantes.
Segundo Jean Piaget(1996),“A infância é o tempo de maior criatividade
na vida de um ser humano”,e,de acordo com o poeta e escritor Carlos
Drummond de Andrade(1973), “Brincar com crianças não é perder tempo, é
ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los
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sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para
a formação do homem”.
É preciso, portanto, considerar que ensinar Ciências nos anos iniciais
exigirá do professor facilitador características e extratégias bemdiferentes das
apresentadas no ensino de jovens.
De acordo com Rosa, et al (2007) no trato da ensino de ciências para
crianças outras questões tão importantes como o aprendizado devem ser
consideradas
Ao ensinar ciências às crianças, não devemos nos preocupar com a precisão e a sistematização do conhecimento em níveis da rigorosidade do mundo científico, já que essas crianças evoluirão de modo a reconstruir seus conceitos e significados sobre os fenômenos estudados. O fundamental no processo é a criança estar em contato com a ciência, não remetendo essa tarefa a níveis escolares mais adiantados. O contato da criança com o mundo científico, mesmo que adaptado a sua linguagem, pode ser justificado em termos da necessidade de aproximação da criança com as situações vivenciadas por ela, cuja natureza curiosa e investigativa lhe permite explorar os fenômenos naturais, bem como os artefatos e produtos decorrentes do mundo tecnológico, os quais são fortemente identificados com a física. (Rosa,C.W.; Perez, A. S.; Drum, C. 2007, pág. 362).
Segundo Moreira (2015), a mente humana é uma estrutura cognitiva que
tende a funcionar em equilíbrio, aumentando, de forma permanente,seu grau
de organização e adaptação ao meio. Quando esse equilíbrio é quebrado por
experiências não assimiláveis, a mente tende a se reestruturar mediante a
construção de novos esquemas de assimilação, visando a atingir novo estado
de equilíbrio. Ainda de acordo com Moreira (2015), essa reestruturação
corresponde ao que Piaget chama de acomodação. A assimilação e a
acomodação são processos complementares que levam à adaptação, ou seja,
à tendência de o organismo se adaptar ao meio interagindo com ele. A
adaptação e organização são processos complementares inseparáveis.
O trabalho com crianças na faixa etária dos seis anos de idade foi
fundamentado nos argumentos sobre a importância de se ensinar ou mostrar
fenômenos físicos para esses alunos baseados nos estudos de Jean Piaget e
suas teorias no que diz respeito aos períodos cognitivos, respeitando as
limitações inerentes a esses períodos.
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Segundo Piaget (1996), é exatamente nessa fase, por ele caracterizada
como Pré- Operatório, em que a atenção da criança volta-se para os aspectos
mais atraentes e que lhes despertam maior interesse perceptualmente. Por
isso, a importância de atividades lúdicas que despertem o interesse desses
alunos.
Para Wadsworth, (1996) quando a criança tem novas experiências,
vendo coisas novas, ou ouvindo novidades, ela tenta adaptar esses novos
estímulos às estruturas cognitivas que já possui. Ainda segundo o autor, uma
criança, ao experienciar um novo estímulo (ou um estímulo velho outra vez),
tenta assimilar o estímulo a um esquema existente. Se ela for bem sucedida, o
equilíbrio em relação àquela situação estimuladora é alcançado no momento.
Se a criança não consegue assimilar o estímulo, ela tenta fazer uma
acomodação, modificando um esquema ou criando um esquema novo. Quando
isso é feito, ocorre a assimilação do estímulo e, nesse momento, o equilíbrio é
alcançado.
Desse modo, por ser a criança irriquieta e muito curiosa e pelo fato de
brincar ser algo inerente à sua personalidade, além de uma das suas
necessidades, foi pensado para este projeto de pesquisa algo lúdico que
pudesse apresentar conteúdos de Físca de maneira leve e acessível, de modo
que as crianças, brincando e participando das oficinas, conseguissem dar
significados a esses conceitos. Entretanto, Cerqueira (2004) argumenta que:
Não há uma fronteira fechada entre a fantasia e a realidade. Ele defende que existem diferentes formas de vinculação entre estas esferas da vida humana, fato que é, primeiramente, observado nos jogos e brincadeiras das crianças, que segundo ele, permite à elas reordenar o real em novas combinações. Esta atividade é marcada pela cultura, inicialmente passada à criança, por meio das pessoas com quem se relaciona. Quando a criança brinca, não há apenas uma repetição de eventos vistos ou ouvidos. A criança cria, combinando o antigo com o novo. Porém, a base da criação é a realidade da qual extrai elementos, pois a construção imaginária não parte do nada. Estes elementos da realidade podem ter sido adquiridos não só pela experiência direta do individuo, mas também pela experiência social adquirida por relatos e descrições. (Cerqueira, 2004, p.26).
Diante disso, acreditamos que a Física, apresentada na forma de
brincadeiras, por meio da realização de oficinas, pode ser uma ferramenta
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importante na apresentação de alguns conceitos dessa área da ciência para
crianças nessa fase escolar de alfabetização.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado mediante a aplicação de oficinas, com
alunos na faixa etária de seis anos de idade, pertencentes à 1a série do ensino
fundamental I de duas escolas, situadas nos municípios de Petrolina-PE e
Juazeiro- BA.
Inicialmente, as oficinas foram aplicadas em uma escola da rede particular de
ensino, localizada na cidade de Petrolina.O colégio PLENUS é uma tradicional
escola privada que atua desde o maternal até a 3a série do ensino médio. Fica
localizado na região central da cidade de Petrolina-PE efunciona há mais de 25
anos, sendo reconhecida na região do Vale do São Francisco como uma
escola de referência. Nessa escola, realizamos dois encontros com os alunos
da alfabetização, sendo um desses encontros no primeiro semestre de 2017
(mês de abril); e o segundo, no segundo semestre do mesmo ano (mês de
setembro). Em cada um desses encontros, foram aplicadas duas oficinas,
utilizando o tempo de 1h para cada encontro e de 30 min em média para cada
oficina.
O segundo momento de aplicação das oficinas planejadas para esse
trabalho de pesquisa aconteceuna Escola Joca de Souza Oliveira, uma escola
da rede Municipal, localizada no bairro do Maringá, na cidade de Juazeiro-BA,
que apresenta uma boa estrutura física.Nessa escola, só conseguimos aplicar
as oficinas no final do ano letivo (mês de outubro), e,em virtude disso, só foi
possível a realização de um encontro com os alunos. Desse modo, planejamos
para esse encontro a realização de três oficinas e utilizamos para realização
das mesmas um intervalo de tempo de quase 2 horas e um tempo de 30 min
para cada oficina..
As oficinas envolveram um total de sessenta e um alunos, sendo vinte
e nove alunos na rede particular (duas turmas de alunos alfabetização) e trinta
e dois na rede pública (também, duas turmas de alunos alfabetização), além da
participação de professores e de auxiliares, sendo dois da rede particular e dois
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da rede pública; e também de auxiliares: dois na rede particular e dois na rede
pública. Cabe aqui ressaltar a grande importância de todo esse pessoal de
apoio. No caso das professoras da alfabetização, tanto no que diz a respeito ao
controle da disciplina e organização e orientação das crianças, como também
na distribuição e confecção dos materiais utilizados nas oficinas. Já os
auxiliares contribuíram com filmagem, fotografias, além de, também, auxiliarem
na distribuição e confecção dos materiais utilizados.
Cabe destacar, ainda, a participação de três alunos portadores de
necessidades especiais, dois autistas e um aluno com síndrome de Down
durante a realização das oficinas na escola municipal. Apesar de algumas
limitações naturais, essas crianças,também, se envolveram, manuseando os
materiais utilizados, e participando ativamente das dinâmicas.
As oficinas foram realizadas, como já dito, em três momentos diferentes,
sendo dois deles com os alunos da escola pertencente à rede privada e o
terceiro dos encontros, com as crianças da escola municipal.
A razão principal da escolha de duas escolas, sendo uma da rede privada e
outra da rede municipal de ensino, se deu em princípio pela possibilidade de
poder estabelecer um comparativo entre as recepções, envolvimento e
aproveitamento das oficinas pelas crianças nos dois ambientes; além de
verificar se as oficinas selecionadas para esse trabalho poderiam ser aplicadas
independentemente da base escolar das crianças. Entretanto, a aplicação das
oficinas nessas duas escolas de alfabetização não revelou qualquer diferença
substancial que merecesse destaque relevante. As crianças responderam às
expectativas da mesma maneira; bem como as dificuldades com as oficinas
foram, praticamente, as mesmas, e todas dentro da normalidade quando se
trabalha com crianças de 6 anos de idade.
Outro fator que, também, poderia dificultar a comparação se deve ao fato de
que as oficinas não foram aplicadas do mesmo modo nos dois locais. Enquanto
que, na rede particular, as oficinas foram realizadas em dois encontros (2
oficinas por encontro de uma hora); na municipal aconteceu apenas um
encontro(3 oficinas em uma hora e 30 minutos). Desse modo, mesmo sem a
necessidade de efetuar um comparativo entre os dois ambientes de ensino,
notou-se que as oficinas selecionadas revelaram-se possíveis de aplicação em
qualquer um desses locais, desde que devidamente planejadas.
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Para a execução das oficinas planejadas resolvemos estabelecer e
seguir um cronograma e adotar algumas estratégias que possibilitassem uma
melhor compreenssão e participação das crianças.
Na primeira oficina, para os alunos do Colégio Plenus, foram executados
dois experimentos simples, denominamos de “mágicas”, visando a despertar o
interesse por parte das crianças: a primeira delas foi relacionada aos processos
de eletrização; a segunda, à pressão atmosférica. Para a segunda oficina,
realizada na escola da rede privada de ensino, foram planejadas mais duas
“mágicas”: a primeira envolvendo o fenômeno da persistência da retina (Óptica
da Visão); a segunda “mágica”, realizada nesse encontro com os alunos da
rede privada, fez referência ao princípio de Bernoulli e consistia em soprar ar
sobre um aviãozinho de papel e, também,em tentar separar duas bexigas de
gás soprando entre elas.Já para o encontro com as crianças da rede municipal,
foram planejadas e executadas três oficinas em um único dia de encontro com
as crianças. Foram elas: processos de eletrização, pressão atmosférica e o
princípio de Bernoulli.
Após o término das oficinas, foram aplicados questinários dirigidos aos
alunos e aos professores, a fim de se verificarem a aceitação e a internalização
dos assuntos abordados e de que maneira as oficinas puderam contribuir para
essepúblico infantil, além de permitir, também, a adequação e melhorias
dessas práticas em um momento posterior. Vale ressaltar que, também, por
uma questão de tempo, em decorrência do final do ano letivo, os questionários
só foram respondidos por 12 alunos da rede privada e 3 professoras, sendo 2
da rede privada e 1 da rede pública.
Para tornar mais claro como as oficinas aconteceram, elas serão
abordadas individualmente, contendo um pouco da Física fundamentando cada
assunto abordado em cada uma delas; além dos materiais usados, dos
objetivos de cada uma delas e dos seus resultados e discussões.
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5. AS OFICINAS: métodos, relatos e discussões
As quatro oficinas realizadas neste trabalho foram selecionadas visando
abordar temas capazes de atrair e prender a atenção das crianças. Por outro
lado, também foi pensando na praticidade da execução das mesmas, com a
utilização de materiais de baixo custo, além de respeitar o desenvolvimento
cognitivo e a capacidade de realização por parte de alunos desta fase de
educação escolar.
Para uma melhor compreensão dos procedimentos e dos resultados das
oficinas resolvemos apresentá-las de modo a torná-las mais didáticas, da
seguinte maneira: primeiro, abordamos e discutimos um pouco da Física
envolvida em cada oficina; em seguida, abordamos o objetivo a ser alcançado
e por fim, descrevemos, relatamos e discutimos como as oficinas aconteceram
e como as crianças as receberam.
5.1. OFICINA 1- COMO UM AVIÃO TÃO PESADO PODE VOAR
5.1.1. Fundamentação teórica
Desde os tempos mais remotos, o homem sempre admirou o voo suave
dos pássaros, uma habilidade e técnica natural, que sempre causaram inveja
no homem. Com o passar dos tempos, alguns aventureiros e sonhadores
tentaram, de alguma forma, imitar os seres de asas, mas não obtiveram
sucesso.
Segundo Keller (2013) Leonardo da Vinci foi uma figura que pesquisou
a anatomia dos pássaros e obteve informações do comportamento das asas
em relação ao ar. Alguns séculos depois tivemos a colaboração do brasileiro
Alberto Santos Dumont, que conseguiu voar por alguns metros com seu 14-
BIS, uma aeronave biplano, o que impulsionou o desenvolvimento da aviação.
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Contudo, foi com a infeliz ocorrência das guerras, no século XX, que a
indústria aérea teve um grande impulso, promovendo estudos e
pesquisas para o aperfeiçoamento dessas máquinas maravilhosas.
Fisicamente para que um avião levante voo, é necessário que algum
tipo de força consiga vencer ou equilibrar o seu peso. Muitas vezes, quando
alguma pessoa vê um grande avião, decolando ou pousando, não imagina
como aquela máquina tão pesada consegue ficar tão distante do solo, e é isso
o que provoca a curiosidade de todos, sendo assim um assunto muito curioso e
envolvente.
De acordo com Keller (2013), estudos e pesquisas feitos pelos cientistas
das várias épocas, verificou-se que o ar sofre alterações em grandezas como a
densidade, temperatura e pressão. Essas mudanças na atmosfera estão
relacionadas entre as diferenças de temperatura e pressão entre as várias
massas de ar, que circulam, originando deslocamentos das camadas,
originando as correntes de convecção (ventos), que poderão ser úteis ou
desfavoráveis ao vôo.
A Figura 2 nos mostra o deslocamento das partículas de ar, partindo do
bordo de ataque (frente do perfil) e chegando ao bordo de fuga (traseira do
perfil), que resultará no aparecimento de uma força, que compensará o peso da
aeronave.
Figura 2(Adaptada): Deslocamento das partículas de ar ao mesmo tempo em um corte de uma asa.
Disponível em: www.educarchile.cl/ech/pro/app/detalle
Ainda podemos reforçar, de acordo com Bonadiman (1989), que devido
ao formato da asa, a velocidade do ar na face superior é maior que na face
inferior. A maior concentração de linhas de corrente de ar na parte superior da
23
asa revela que ali a velocidade do ar é maior. De acordo com o princípio de
Bernoulli, a maior velocidade do fluido corresponde a uma menor pressão.
Desse modo, concluimos que a pressão na face inferior é maior que a pressão
na face superior.
A pressão na face inferior dá origem a uma força orientada para cima. A
pressão na face superior dá origem a uma força orientada para baixo. Sendo a
força orientada para cima maior que a força orientada para baixo, surge uma
força resultante orientada para cima, denominada Força de Sustentação, que
tem um importante papel na sustentação do avião.
5.1.2. Objetivo
Esta oficina teve como objetivo levar o aluno a conhecer melhor os
princípios físicos envolvidos no fenômeno da flutuação dos corpos, ajudando-
os a pensar sobre como um avião tão pesado pode se manter no ar.
5.1.3. Descrição da Oficina: Relatos e Discussões
Para execução da “mágica” do “vôo do avião” foram necessárias: folha
de papel ofício, lápis de cor, tesoura e duas bexigas de gás de cores diferentes
para cada criança.
Essa oficina foi dividida em dois momentos. No primeiro, sugerimos aos
estudantes soprar por cima de uma folha de papel disposta horizontalmente
abaixo da boca. Já o segundo momento consistiu em fazer com que os alunos
tentassemafastar dois balões de gás, ligeiramente separados, soprando ar
entre eles, como mostra a representação da Figura 3.
24
Figura 3: Fazendo o ar escoar rapidamente sobre uma folha e entre duas bexigas de gás, disponível em:http://www.educarchile.cl/ech/pro
Foram distribuídos para as crianças, desenhos de aviões de papel
recortados, como mostra a Figura 4 e, em seguida, os alunos e professores
foram convidados a fazer os aviõezinhos de papel levantar vôo soprando sobre
eles.Na execução dessa oficina, para despertar a atenção das crianças sobre
os princípios Físicos que tratam da sustentação de aviões pesados em pleno
ar, os conceitos abordados de maneira bastante simples e lúdica foram os de
força de sustentação e de força peso.
Figura 4: Modelo de avião de papel utilizado na oficina.
Disponível em : http://br.freepik.com/icones-gratis/aviao-voando_733148.htm
Após todos os alunos e também seus professores soprarem sobre os
aviõezinhos de papel, a felicidade e o entusiamo foi geral ao perceberem que,
soprando sobre eles, os aviõezinhos de papel conseguem “levantar vôo”. Foi
notável a surpresa dos alunos, já que eles não esperavam por isso. Desse
modo, pode-se dizer que se tratou de um momento de muita alegria e euforia.
Alguns até sopraram por baixo para verificar se subiam, e desistiram por não
conseguirem êxito.
Figura 6: Crianças fazendo os aviõenzinhos de papel levantar vôo soprando ar sobre eles
(Fonte: Acervodo autor)
25
Após acalmá-los e colocá-los sentados, com a contribuição dos
professores presentes, foi feita a explicação, usando termos bem simples e
acessíveis às crianças sobre a relação da pressão com a velocidade de
escoamento do ar e a força correspondente associada a essa pressão
dinâmica, e que essas grandezas servem de referência para explicar o
princípio de funcionamento de sustentação que garantem a manutenção no ar
de grandes aeronaves, que, apesar do enorme peso, conseguem levantar vôo
e se manterem estáveis em pleno ar.
Na realização da segunda atividade sobre o tema, foi entregue a uma
das crianças dois balões de ar, já inflados, e pedido que os separasse
soprando forte entre eles. Quão grande foi o espanto, pois por mais forte que
soprasse, elas não
se separavam.
Figura 5: Criança tentando separar os balões soprando ar entre eles
(Fonte: Acervo do autor)
Foi então convidado o professor de Educação Física, presente no
evento, para tentar separá-los, fazendo o mesmo que a criança, contudo,
mesmo soprando bem forte, ele não conseguia afastar os balões.
Por meio dessa oficina foi possível apresentar uma proposta simples às
crianças e instigá-las a pensarsobre como um avião tão pesado consegue voar
tão alto.
Portanto, a ideia é muito mais focada em chamar a atenção dos
pequenos, fazendo com que as crianças desde muito cedo tomem gosto pelas
atividades de ciências. Outro ponto positivo é a associação que elas fazem da
26
Física com algo prazeroso e divertido, tendo em vista o entusiasmo e a euforia
que demonstraram ao longo da atividade.
5.2. OFICINA 2- COMO A NOSSA VISÃO PODE NOS SURPREENDER
5.2.1. Fundamentação teórica
Em Ramalho et al (2007), encontramos que o olho humano é um
sistema óptico complexo, constituído por vários meios transparentes que são
atravessados pela luz. De modo simplificado, podemos considerar o olho
humano como constituído de uma lente biconvexa, denominada cristalino,
situada na região anterior do globo ocular. No fundo desse globo, está
localizada a retina, que funciona como um anteparo sensível à luz. As
sensações luminosas recebidas pela retina são levadas ao cérebro pelo nervo
ótico.
Quando olhamos para um objeto, o cristalino (atuando como uma lente
convergente) forma uma imagem real e invertida desse objeto, localizada
exatamente sobre a retina e, nessas condições, podemos enxergar com nitidez
o objeto. Embora a imagem formada na retina seja invertida, a mensagem
levada ao cérebro passa por processos complexos, fazendo com que
enxerguemos o objeto em sua posição correta.Em razão de uma propriedade
do olho denominada acomodação visual, conseguimos enxergar nitidamente
um objeto, quer ele esteja mais próximo ou mais afastado de nosso olho. Isso
ocorre porque a imagem está se formando sempre sobre a retina, qualquer que
seja a distância do objeto ao nosso olho. Em outras palavras, a distância da
imagem ao cristalino fica constante enquanto varia a distância do objeto a ele.
Para que isso ocorra, a distância focal do cristalino deve ser diferente para
cada posição do objeto. Esse efeito é produzido pela ação dos músculos do
olho que, atuando sobre o cristalino, provocam alterações em sua curvatura.
(RAMALHO, 2007)
27
Para Alvarenga e Máximo (2000), mesmo sem que percebamos, cada
um de nossos olhos formam, em nossas retinas, imagens ligeiramente
diferentes do mundo que nos rodeia. O cérebro superpõe a imagem formada
pelo olho esquerdo à formada pelo olho direito e combinam as duas imagens
para nos dar a sensação tridimensional. Com um olho apenas, você só percebe
duas dimensões (largura e altura de um objeto, como se ele fosse achatado).
Com os dois olhos, você consegue perceber a profundidade. Em outras
palavras, com os dois olhos, você consegue perceber onde o objeto se
encontra, sua distância e suas dimensões. Chama-se a esse fenômeno de
“visão binocular” ou “visão estereoscópica”(estéreo = relevo e escópio = visão).
Uma curiosidade muito antiga da óptica, abordada nas oficinas, é
conhecida como taumatrópico e foi inventado por Willian Fitton em 1825.Esse
aparelho consiste num disco de papelão onde em um lado há o desenho de
uma gaiola e no outro, o de um passarinho. Ao fazê-lo rodar sobre um fio
esticado, as duas imagens fundem-se dando a impressão de que o pássaro
está dentro da gaiola, ilustrado na Figura 6.
Figura 6 (adaptada). Modelo de taumatrópico. Disponível em:http://4.bp.blogspot.com/-9R7_bHONtR4/Tds3q5Ars3I/AAAAAAAAILQ/wYkV665LFlI/s1600/APRESE~1.JPG
O princípio físico que explica esse fenômeno é basicamente o mesmo
dos desenhos animados, chamado de persistência da retina, em que as
imagens projetadas a uma velocidade superior a 16 quadros por segundo,
associam-se na retina sem interrupção. Diante disso, ao fazer o disco girar
sobre um barbante esticado, as duas imagens fundem-se na percepção de
quem as vê, dando a impressão de que o pássaro estava dentro da gaiola.
28
A partir desses assuntos, dinâmicas foram realizadas com as crianças,
mostrando a elas a importância de nossos olhos e suas formas de enxergar o
mundo.
5.2.2. Objetivo
O objetivo dessa oficina sobre Óptica da visão foi despertar a atenção
das crianças e instigá-las sobre o papel da ciência por trás do funcionamento
do nosso olho.
5.2.3. Descrição da Oficina: Relatos e Discussões
Para realização dessa mágica foram utilizados os seguintes materiais:
cola branca, tesoura sem ponta, barbante, papelão e desenhos em papel ofício
de um pássaro e de uma gaiola vazia, como mostra a Figura 8. Esse desenho
também pode ser confeccionado pelo aluno, usando papel ofício e lápis de cor.
Figura 7: Materias utilizados na construção do brinquedo óptico(Fonte: Acervo do autor)
Essa oficina foi dividada em três partes e ficou assim organizada: 1)
com um olho fechado e o outro aberto, a criança deveria apontar o dedo
indicador para um ponto da sala e, em seguida, abrir o olho fechado e fechar o
que estava aberto. 2) com um olho fechado, a criança deveria acertar, de cima
para baixo, e bem rapidamente, o dedo indicador de um colega com o seu
dedo indicado. 3) construção e maniulação de um brinquedo óptico que
consistia em colocar um pássaro dentro de uma gaiola.
29
Para iniciar a discussão dos resultados acerca da oficina sobre Óptica,
adotamos a estratégia de abordar os alunos tentando extrair dos mesmos
algum conhecimento prévio sobre o assunto,indagando sobre o que sabiam
desse tema.
Nesse momento, tiveram muitas respostas; porém, nenhuma delas
apresentou alguma relação lógica ou diretamente ligada ao tema. Ao perguntar
sobre o objeto de estudo da Óptica, um deles respondeu: “é um monte de
coisas rodando sobre nossa cabeça”, o outro disse: “ já sei quando balançamos
bastante um lápis ele fica mole”.
Após esclarecer sobre o que se tratava a Óptica, foi o momento de falar
sobre o princípio de funcionamento do olho humano de como as informações
obtidas pelos nossos olhos são combinadas para a formação de uma imagem
final sobre a nossa retina e, ainda, como essa acomodação estimulava células
e de qual era o papel do cérebro nessa interpretação dos estímulos recebidos
através dos nervos ópticos, tudo isso de maneira bem superficial, mas de forma
lúdica e tentando sempre extrair alguns conhecimentos prévios das crianças.
Para iniciar a aplicação da oficina sobre Óptica foi discutido com as
crianças a importância do olho humano e um pouco do seu funcionamento. Em
seguida, partimos para discutir a questão da persistência retiniana e de como o
nosso cérebro pode ser iludido pelas imagens captadas pela nossa visão.
A seguir, os alunos foram convidados, juntamente com seus
professores, para a construção de um brinquedo óptico que seria utilizado
nessa tarefa. Para otimizar o tempo disponível na confecção do brinquedo
óptico (pássaro+gaiola), adiantamos um pouco o trabalho de recorte do
papelão, deixando para os alunos apenas a parte da colagem das imagens da
gaiola e do pássaro, que poderiam ter sido desenhados e pintados pelas
crianças. Também auxiliamos na colocação e amarração dos barbantes, uma
vez que quase todos apresentavam alguma dificuldade em executar essa
tarefa no momento da realização da oficina.
30
Figura 8: Brinquedo optico construido pelas crianças ( pássaro e gaiola: Fonte: Acervo do autor)
Na a execução da primeira dinâmica, as crianças foram orientadas a fecharem
um dos olhos e apontar o dedo indicador para um ponto da sala, com o braço
devidadamente esticado. A seguir, as crianças foram orientadas paraabrirem o
olho que estava fechado e fecharem o que estava aberto, de maneira bem
rápida e com o braço ainda esticado. Nesse momento, a confusão foi geral,
porém uma boa parte das crianças ficouimpressionada ao perceber o
deslocamento lateral do ponto para o qual apontavam o dedo indicador. Um
deles que apontava o dedo para um professor exclamou: “o professor mudou
de lugar”
Na sequência, foi pedido para que, em dupla, um deles colocasse o
dedo indicador levantado, enquanto o outro, com um olho fechado,levantasse a
mão a uma boa altura e tentasse, com seu dedo indicador, acertar o dedo do
outro colega já levantado. Após diversas tentativas e muita animação, a euforia
tomou conta da sala. Nesse instante, todos eles foram envolvidos pela
dinâmica e, mesmo tendo muita dificuldade em acertar o dedo do colega,
curtiram muito esse momento.
Figura 9: criança tentando, com
um os olhos fechados, acertar
com o dedo
indicador o dedo da colega
(Fonte: Acervo do autor)
31
A seguir, a turma foi re-colocada nos seus lugares e, após conseguir
silêncio, voltou-se à discussão para tratar um pouco da Física envolvida nessas
atividades.
O último momento dessa oficina sobre o olho humano foi o de colocar o
pássaro na gaiola, utilizandoo brinquedo óptico construido pelos alunos. Os
preparativos de amarração dos barbantes e colagem das imagens no papelão
duraram por volta de dez minutos, e envolveram toda a equipe de professores
e de todos os alunos presentes. A figura 11 mostra o envolvimento de toda
equipe na preparação dos brinquedos.
Figura 10: Colagem e montagem do brinquedo óptico, sob orientação e auxílio dos professores (Fonte: Acervo do
autor)
Utilizando um papelão amarrado por barbantes, com a imagem de um
pássaro de um lado e de uma gaiola do outro, como mostra a Figura 12, foi
realizada uma pequena demonstração de como proceder para colocar o
pássaro na gaiola.
32
Figura11: criança executando a mágica proposta, colocando o pássaro na gaiola (Fonte: Acervo do autor)
Em seguida, foi pedido para que tentassem reproduzir o experimento.
Antes, porém de orientá-los para que iniciassem a ativiade, muitos já haviam
começado, e como boa parte conseguiu sucesso, o envolvimento foi geral.
Além de se divertirem, tentavam ensinar e auxiliar os coleguinhas que
apresentavam alguma dificuldade. Foi realmente um momento prazeroso e
muito gratificante, pois as crianças ficaram eufóricas e querendo saber se
poderiam levar o seu objeto para casa para mostrá-lo à família.
De acordo com o que foi observado, atividades lúdicas como essas da
oficina, envolvendo a persistência retiniana, puderam deixar algum aprendizado
e despertar, quem sabe, o interesse nas crianças, que poderá vir a ser
aguçado em um momento futuro.
Para Lemes e Tavares (1994), o lúdico é uma necessidade humana que
proporciona a interação da criança com o ambiente em que vive, sendo
considerado como meio de expressão e aprendizado. As atividades lúdicas
possibilitam a incorporação de valores e o desenvolvimento cultural, além da
assimilação de novos conhecimentos edo desenvolvimento da sociabilidade e
da criatividade. Assim, a criança encontra o equilíbrio entre o real e o
imaginário e tem a oportunidade de se desenvolver de maneira prazerosa.
Falar de ciência enquanto se brinca com as crianças pode ser de grande
valia, pois como define Vygotsky (2007), a brincadeira cria uma “zona de
desenvolvimento proximal”, que funciona como um canal para aliar fantasia e
realidade resultando num processo de amadurecimento que será consolidado
em um nível de desenvolvimento real. Para Vygotsky (2007), no brinquedo, a
criança sempre se comporta além do comportamento habitual da sua idade,
além do seu comportamento diário; no brinquedo, é como se ela fosse maior do
que é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento.
Atividades recreativas criam um clima de entusiasmo perante o grupo. É
esse aspecto de envolvimento emocional que torna a ludicidade um forte teor
motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia que certamente
irão de alguma forma contribuir para uma melhor aceitação da proposta
33
abordada. Além de dar um melhor significado do ponto de vista do aprendizado
das informações transmitidas às nossas crianças.
5.3. OFICINA 3- GRUDANDO UM CANUDO NA PAREDE SEM COLA
5.3.1. Fundamentação teórica
De acordo com Halliday e Hesnick (2009), em períodos de baixa
umidade do ar, é possível produzir uma fagulha simplesmente caminhando em
certos tipos de tapetes e, depois, aproximando a mão de uma maçaneta,
torneira ou mesmo um amigo. Também podem surgir centelhas quando você
veste um casaco ou remove as roupas de uma secadora. As centelhas e a
“atração eletrostática” são, em geral, consideradas uma mera curiosidade.
Entretanto, se você produz uma centelha elétrica ao manipular um micro-
circuito de um computador, o componente pode ser inutilizado.
Esses exemplos revelam que existem cargas elétricas em nosso corpo,
nos suéteres, nos tapetes, nas maçanetas e nas torneiras. Na verdade, todos
os corpos contêm muitas cargas elétricas. A carga elétrica é uma prioridade
que algumas partículas fundamentais possuem de interagir eletricamente
sendo atraídas ou repelidas.
A grande quantidade de cargas que existem em qualquer objeto,
geralmente, não pode ser observada porque o objeto contém quantidades
iguais de dois tipos de cargas: cargas positivas e cargas negativas. Quando
existe essa igualdade (ou equilíbrio) de cargas, dizemos que o objeto é
eletricamente neutro, ou seja, sua carga total é zero. Quando as quantidades
dos dois tipos de cargas contidas em um corpo são diferentes, a carga total é
diferente de zero e dizemos que o objeto está eletricamente carregado. A
diferença entre as quantidades dos dois tipos de cargas é sempre muito menor
do que as quantidades de cargas positivas e de cargas negativas contidas no
objeto.
Ainda segundo Halliday e Hesnick (2009) os objetos eletricamente
carregados interagem exercendo forças uns sobre os outros. Para mostrar que
isso é verdade, podemos carregar um bastão de vidro, friccionando uma das
extremidades com um pedaço de seda. Nos pontos de contato, entre o bastão
34
e a seda, pequenas quantidades de cargas são transferidas de um material
para outro, quebrando a neutralidade elétrica de ambos. E assim como o
bastão e a seda, um canudo de refrigerante e um pedaço de papel tolha ou
higiênico também podem demonstrar de forma simples, como as cargas se
comportam.
5.3.2. Objetivo
O objetivo dessa oficina sobre processos de eletrização é destacar algumas
manifestações da eletricidade estática dos corpos e de como suas
manifestações podem ser notadas em fenômenos como descargas elétricas na
atmosfera, aparecimento de faíscas e, até mesmo, pequenos choques,
sentidos quando as crianças descem rapidamente em escorregador de
plástico, ou como os pelos ficam eriçados quando nos aproximamos de uma
tela de TV.
5.3.3. Descrição da Oficina: Relatos e Discussões
Para a realização dessa “mágica” foram utilizados elementos bem
simples. Foram eles: papel higiênico, com uma das faces áspera e canudos de
plástico.
Na execução dessa oficina sobre eletrização dos corpos, primeiramente,
conversamos com as crianças de como os corpos são constituidos de
partículas e que elas podem interagir entre si. Depois, foi entregue a todos eles
canudos de plástico e um pedaço de papel higiênico. Após a demonstração do
professor, foi pedido para que as crianças verificassem essa capacidade de
interação, tentando grudar um canudo na parede.
Ao longo da execução dessa oficina sobre processos de eletrização, foi
feita uma provocação, indagando as crianças sobre o que elas sabiam a
respeito da eletricidade, tentando, dessa forma, extrair dos mesmos algum
conhecimento prévio acerca do assunto, porém, sobre esse asunto, as crianças
pouco se manifestaram.
Diante dessa situação, esse momento foi aproveitado para se falar um
pouco sobre a importância da eletricidade no dia a dia e a sua utilização como
35
forma de melhorar a vida das pessoas. Em seguida, foi dedicado um espaço
para uma parte mais específica e foi uma ótima ocasião para falar como a
matéria é constituida, sempre utilizando uma linguagem simples, acessível às
crianças, a partir de metáforas e de comparações com o mundo macroscópico.
Após abordar que algumas dessas partículas possuiam a capacidade de
interagir, foi a hora de surpreendê-los com uma “mágica”, ou seja, com uma
demonstração sobre a eletrização por atrito. Utilizando-se um canudo de
plástico e um pedaço de papel higiênico, enquanto todos observavam
atentamente, o canudo foi eletrizado e ao ser encostado na parede da sala de
aula, o mesmo ficou grudado. O espanto e a admiração foi geral, inclusive por
parte dos seus professores de alfabetização que acompanhavam a atividade.
Em seguida, foi entregue a cada um deles um canudo de plástico e um pedaço
de papel higiênico, e solicitado que tentassem repetir a “mágica” realizada.
Essa oficina foi a que mais encantou e envolveu as crianças. A alegria e
euforia tomou conta do ambiente escolar durante sua realização, todos queriam
grudar o canudo na parede da sala. Alguns conseguiram e vibravam, porém
outros não, de modo que, com muita paciência, auxiliamos alguns deles a
conseguirem êxito nessa tarefa. Apesar da dificuldade e dos erros cometidos,
podemos considerar que o saldo dessa oficina foi extremamente proveitoso e
de grande valia inclusive para os professores dessas crianças, que muito
colaboraram e também se envolveram na realização da oficina.
Finalmente, para concluir esse momento, foi mais uma vez discutido
com as crianças que o processo responsável pela interação do canudo com a
parede se devia ao fato de o mesmo, após ser atritado com o papel, encontrar-
se eletrizado e não com uma cola, como alguns argumentaram inicialmente.
36
Figura 12 : Alunos do 10 ano realizando a atividade de grudar um canudo na parede a partir do
processo de eletrização estática (Fonte: Acervo do autor)
Sobre a importância da utilização de atividades lúdicas como
essas,visando motivar o ensino e aprendizagem, Lemes e Tavares (1994)
argumentam que:
Por meio do lúdico, a criança canaliza suas energias, vence suas dificuldades, modifica sua realidade, propicia condições de liberação da fantasia e a transforma em uma grande fonte de prazer. E isso não está apenas no ato de brincar, está no ato de ler, no apropriar-se da literatura como forma natural de descobrimento e compreensão do mundo, proporcionando o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração (Lemes e Tavares 1994, p. 231).
Além disso, são diversas as experiências difundidas na literatura que
evidenciam a validade dos aspectos lúdicos na aprendizagem dos alunos. E
não são poucos os educadores que têm afirmado ser a ludicidade uma
importante alavanca da educação para o terceiro milênio (SANTOS;
BOCCARDO; RAZERA, 2009).
5.4. OFICINA 4 – SUGANDO UM LÍQUIDO USANDO DOIS CANUDOS DE
PLÁSTICO
5.4.1. Fundamentação teórica
Segundo Hewitt (2015), a camada atmosférica que nos envolve é
constituida de gases e essa camada gasosa possui massa e, portanto, exerce
sobre nós um peso. A Pressão Atmosférica é resultado dessa força peso
sobre os nossos ombros. Diante disso, em grandes altitudes, onde o ar é mais
rarefeito, essa pressão é menor. Por outro lado, onde não há atmosfera como
na Lua, essa pressão é nula. A pressão atmosférica não é uniforme, além das
variações devido à altitude, a pressão atmosférica também varia de um lugar
para outro, e de dia para dia. Essas variações resultam em movimentos de
frentes frias e de tempestades que são responsáveis pela constituição do
nosso clima.
37
Asuperfície da Terra está envolvida por uma capa gasosa com uma altura
aproximada de 70 Km, chamada atmosfera. É nessa região que vivemos. Ela
dispõe degás carbônico necessário para a fotossíntese das plantas. Fornece
oxigênio para que respiramos, além de nos proteger das ardiações ultravioletas
oriundas do sol através da camada de ozônio. É a atmosfera que nos mantém
vivo e aquecidos e sem ela, morreríamos em minutos. (BONADIMAN , 1989).
De acordo com Hewitt (2015), da mesma maneira como a pressão da
água é causada por seu próprio peso, a pressão atmosférica é causada pelo
peso do próprio ar. Estamos tão adaptados ao ar totalmente invisível que não o
sentimos e, às vezes, esquecemos que ele também tem peso. Talvez um peixe
“se esqueça” do peso da água, de maneira análoga. A razão de não sentirmos
esse peso que aperta nossos corpos é que a pressão dentro deles equilibra a
pressão produzida pelo ar que nos rodeia. Como estamos equilibrados dentro
desse campo de forças, não existe uma resultante para a sentirmos. Algumas
demonstrações bem simples são capazes de mostrar a força dessa pressão
atmosférica sobre os objetos.
5.4.2. Objetivo
O objetivo dessa oficina foi destacar os efeitos da Pressão Atmosférica, e fazer
com que as crianças despertem sua atenção para esse fenômeno por meio de
atividades simples.
5.4.3. Descrição da Oficina: Relatos e Discussões
Utilizamos na realização dessa oficina, materiais bem simples e de fácil
acesso, comocanudos de plástico, copos descartáveis e suco em caixa.
Após tentar extrair alguns conhecimentos prévios das crianças acerca do
tema, adotamos a estratégia de entregar a cada aluno dois canudos e um copo
de plástico com suco e solicitamos que sugassem o líquido, colocando os dois
canudos na boca, mas apenas um dentro do copo com o suco. Após as
tentativas das crianças, partimos para a discussão dos efeitos da pressão
atmosférica.
38
Assim como nas oficinas anteriores, iniciou-se instigando os alunos
sobre os seus conhecimentos prévios a respeito das grandezas pressão e
força. Em seguida, foi perguntado se alguém já havia se aventurado em
mergulhar numa piscina ou mesmo no rio São Francisco, ao que os alunos
responderam que sim. Então, diante dessa experiência de mergulho
experimentada por alguns, foi solicitado que relatassem o que acontecia
quando mergulhavam um pouco mais profundo. A participação foi
entusiasmada e, de imediato, respondiam afirmando que o ouvido começava a
doer. Nesse momento, aproveitando a ocasião, foram apresentados alguns
conceitos práticos e interessantes envolvendo pressão de coluna de água e da
pressão do ar que nos rodeia e nos envolve. Além disso e de maneira sutil, foi
usado o termo “pressão atmosférica”, o que soou como algo inédito para todos
eles.
Essa curiosidade criada na cabeça das crianças, na abordagem do
tema, acabou sendo uma excelente oportunidade que foi aproveitada para
discutir e melhorar essa novidade face ao pequeno conhecimento dessas
crianças acerca do assunto. E para melhor entendimento acerca do tema
abordado, foi dado início à quarta “mágica”.
Com ajuda dos seus professores e dos auxiliares, foram entregues a
todos eles dois canudos de plástico, em seguida, foi solicitada muita atenção
para que aguardassem a autorização do professor condutor da oficna para
iniciarem o experimento. Em seguida, foi entregue aos alunos um copo de suco
e, mais uma vez, foi reforçado para que aguardassem e observassem as
instruções do professor.
Com todos atentos, em silêncio e ansiosos, iniciou-se a atividade, que foi
conduzida da seguinte forma: de posse dos canudos e do copo de suco
fornecido pelos auxiliares e pelos professores, foi solicitado que todos
colocassem os dois canudos na boca e nenhum no copo, ainda. Após tudo
pronto, foi orientado que colocassem um canudo no suco e o outro fora do
copo e com os dois na boca deveriam tentar sugar o líquido do copo.
Depois de muita tentativa e esforço, os alunos voltaram-se surpresos
para o professor, tentando entender como o líquido, simplemente, não subia,
pois eles não conseguiam entender o motivo. Para aplacar a curiosidade dos
alunos, eles foram liberados a tomarem seus sucos e esse momento foi dito a
39
eles que o responsável pela subida do suco até a boca era a pressão
atmosférica.
6. AVALIANDO AS OFICINAS
Para uma avaliação mais objetiva do trabalho realizado em sala de aula,
foi também aplicado um questionário acerca das oficinas. Desse modo, pôde-
se observar a recepção de cada momento e de cada uma das oficinas, em
avaliações feitas de duas maneiras:
10 – Avaliação das oficinas observando a opinião dos alunos.
20 – Avalição das oficinas observando a opinião das professoras que
trabalham com esses alunos.
A seguir, serão apresentadas e discutidas as respostas aos
questionamentos propostos junto aos alunos acerca das oficinas aplicadas.
1a Pergunta
As oficinas aplicadas tratavam de qual disciplina?
40
a. (0%) Biologia
b. (0%) Matemática
c. (0%) Português
d. (100%) Física
A primeira pergunta visava saber se os alunos entenderam a que
disciplina as oficinas estavam relacionadas. Todos os alunos participantes
responderam que se tratava de Física, muito provavelmente associando as
oficinas ao professor de Física que as executou e também pela associação e
memorização da palavra, que foi repetida várias vezes ao longo das oficinas.
2a Pergunta
Qual das oficinas aplicadas você achou mais interessante? (Pode ser
mais de uma resposta)
a. (58% ) Pássaro na gaiola
b. (17%) Movendo o dedo com o olho
c. (42%) Fazendo um avião levantar voo
d. (25%) Efeitos da pressão atmosférica
e. (58%) Grudando um canudo na parede
Essa pergunta admitia mais de uma resposta, nesse caso, cada uma
das alternativas podia ser escolhida ou não. Então, quando questionadas sobre
qual ou quais das oficinas acharam mais interessantes, grande parte dos
alunos, sendo 58% para cada uma delas, respondeu que foi a oficina
“Grudando um canudo na parede” e “Pássaro na gaiola”. A oficina “Grudando
um canudo na parede” talvez tenha sido muito apreciada pelas crianças porque
ela traz consigo características muito próximas à “magia” na visão fantasiosa e
imaginativa das crianças, chamando-lhe muito a atenção, ver um canudo
grudado à parede. Já a oficina “Pássaro na gaiola” pode ter sido bem recebida
pelas crianças pelo seu lado criativo e de interação. Outra oficina também
muito elogiada por eles foi a oficina “fazendo um avião levantar voo” (42%). A
oficina que tratou dos conceitos de pressão atmosférica teve uma aceitação de
25%, enquanto a do deslocamento lateral do dedo indicador teve 17% de
preferência.
41
3a Pergunta
O que mais você gostou das oficinas de Física?
a. (8%) das brincadeiras
b. (0%) do professor
c. (0%) de participar com a turma
d (0%) de aprender coisas novas
e. (92%) de tudo
Com respeito ao que mais as crianças gostaram das oficinas de Física,
92% das crianças responderam ter gostado de tudo e apenas 8% acharam
mais interessante a recreação. Essa resposta pode estar relacionada ao fato
das crianças demonstarem seu entusiasmo e o representarem na palavra
“tudo” para esboçarem que gostaram muito dessas atividades. Apenas uma
alternativa podia ser escolhida para responder essa questão.
4a Pergunta
Você gostaria que oficinas como essas fossem aplicadas mais vezes
durante o ano na sua sala?
a. (84%) Sim
b. (0%) Não
c. (16%) Talvez
A maioria dos alunos entrevistados (84%) aprovaram as oficinas e
gostariam que elas fossem aplicadas mais vezes ao longo do ano. Apenas 16%
dos alunos ficaram na dúvida, o que novamente demonstra a dificuldade que a
criança ainda sente para elaborar com mais precisão suas opiniões.
5a Pergunta
Com que frequência gostaria que essas oficinas acontecessem?
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a. (25%) uma vez por mês
b. (0%) uma vez a cada dois meses
c. (0%) uma vez em um semestre
d. (0%) três vezes ao ano
e. (75%) toda semana
Quando perguntadas sobre com que frequência as oficinas deveriam ser
realizadas, (75%) responderam que poderia ser toda semana e 25%
responderam uma vez por mês confirmando a aprovação dos pequenos às
oficinas realizadas e a dinâmica adotada para sua realização. Apenas uma
alternativa podia ser escolhida para responder as questões 3, 4 e 5.
6a Pergunta
Você considera que atividades como essas oficinas de mágicas da
Física também são interessantes para: (pode ser escolhida mais de uma
alternativa)
a. (75%) praticar em casa
b. (58%) praticar com os amigos
c. (0%) não servem para praticar em casa
e. (8%) em casa prefiro celular e TV
d. (0%) não servem para praticar com os amigos
Quando questionadas sobre a utilidade das oficinas, a maioria das
crianças (75%) revelou algo muito interessante, o fato de que as oficinas
extrapolariam o ambiente da sala de aula, podendo ser aplicadas em casa e
também entre amigos (58%). Apenas 8% delas reforçaram a preferência pelos
eletrônicos. Essa pergunta também admitia mais de uma resposta. Isso mostra
que as atividades foram bem recebidas e que as crianças visualizaram a
possibilidade de as utilizarem como brinadeiras também em casa,
independente delas estarema associadas à tecnologia.
7a Pergunta
Por que você acha que o canudo ficou grudado na parede?
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a. (15%) porque tinha cola na parede
b. (11%) porque o professor é mágico
c. (0%) por causa do vento
d. (74%) porque o canudo e a parede se atraem mutuamente
Quando perguntados sobre o porquê do canudo grudar na parede, 74%
delas perceberam que tinha relação com eletricidade dos corpos, 15% acharam
que tinha cola na parede e outros 11% acreditaram ser o professor um mágico.
Isso reflete, mais uma vez, a associação fantasiosa que as crianças tendem a
fazer ao se depararem com os fenômenos da ciência. Além disso, em alguns
casos, as crianças preferiram associar o fenômeno visto a algo palpável como
a cola.
8a Pergunta
Por que você acha que o avião de papel subiu ao soprar sobre ele?
a. (16%) porque ele é mágico
b. (0%) porque o papel é branco
c. (0%) porque soprando por cima, a força de baixo para cima fica maior
do que o peso do avião
d. (84%) porque ele era muito pesado
Perguntados sobre o voo dos aviões (84%), responderam que ele subiu
porque o aviãozinho de papel é pesado e 8% porque o avião é mágico. Uma
das razões para terem escolhido essa alternativa pode ter sido a simplicidade
da resposta, já que as crianças ainda sentem dificuldade de interpretar
enunciados maiores e mais elaborados. As repostas das questões 7 e 8
também mostram que as crianças na fase de alfabetização ainda não
distinguem bem o “mágico” do científico.
9a Pergunta
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Por que o objeto apontado com um dedo mudou de lugar depois de abrir
o olho que estava fechado e, em seguida, fechar rapidamente o olho que
estava aberto?
a. (7%) por causa do vento
b.(5%) porque o outro olho vê melhor
c.(83%) porque o nosso cérebro, para enxergar em três dimensões,
precisa dos dois olhos
d.(5%) porque tem mágica nos dedos
Observamos novamente que para 8% a causa foi novamente o fator
magia. Também para uma porcentagem das crianças o vento é que seria a
causa, mostrando que a criança faz uso de elementos materiais e não
abstratos para perceberem os fenômenos físicos. E muitos talvez tenham
escolhido a resposta c, pois nela há o termo “dois olhos”, e isso também é uma
associação material, e não abstrata, já que todas as crianças desse trabalho
sabem que temos dois olhos.
10a Pergunta
As oficinas aplicadas estão relacionadas com a Física. Em sua opinião,
quais outras coisas além dessas que foram vistas nas oficinas, estão
associadas com a Física?
a.(15%) o corpo humano
b.(10%) o crescimento das populações
c.(75%) os raios e os trovões
d.(0%) os vegetais
Questionados sobre outros fenômenos que também são abordados pela
Física, 75% responderam corretamente indicando raios e trovões. Essa
escolha também pode ter sido motivada na ênfase dada e na repetição do
termo física e fenomenos físicos ao longo das oficinas.
Analisando as respostas dadas a algumas perguntas, como, por
exemplo, por que o canudo grudou na parede, podemos perceber que, mesmo
a oficina tendo sido bem aceita por parte das crianças notamos que os
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conceitos físicos envolvidos ainda soam como algo estranho e distante para
muitos desses alunos. De qualquer modo, acreditamos que o mais importante é
que eles tenham se identificado com as oficinas, divertindo-se com elas, e que
isso lhes seja um estímulo capaz de despertá-los para as curiosidades da
ciência.
No segundo momento, serão apresentados, discutidos e analisados os
resultados obtidos com a aplicação do questionário dirigido às professoras da
alfabetização das escolas, que acompanharam a realização das oficinas.
QUESTIONÁRIO 2: DIRIGIDO ÀS PROFESSORAS DA
ALFABETIZAÇÃO
01. Você aplicaria alguma dessas oficinas como estratégias para
dinamizar e enriquecer as suas aulas?
a. (100%) Sim b. (0%) Não c. (0%) talvez
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02. É possível, mesmo fugindo um pouco do processo de alfabetização,
o professor se preparar e aplicar essas oficinas?
a. (33,33%) Sim b. (66,66%) Não c. (0%) talvez
Quando perguntadas se aplicariam essas oficinas como forma de
dinamizar e enriquecer suas aulas, todas as professoras responderam que sim.
Entretanto, quando indagadas se seria possivel se preparar e aplicar as
oficinas, 66,6% responderam que não. Essa resposta, muito provavelmente,
tenha surgido em virtude das oficinas tratarem de temas relativos à Física,
fugindo assim de suas rotinas e dos assuntos comumente trabalhados nessa
fase do ensino. Além disso, a Física sempre foi vista como uma área do
conhecimento difícil e bastante distante da prática dessas professoras, cuja
formação é na área de Pedagogia.
03. Quais das oficinas aplicadas você considerou mais interessante(s)?
a. (66,66%) Todas
b. (0%) Pássaro na gaiola e Óptica da Visão (Persistência retiniana)
c. (0%) Fazendo um avião levantar voo (Princípio de Bernoulli)
d. (33,33%) Tomar suco, usando dois canudos, os dois dentro da boca e
um fora e o outro dentro do copo (Pressão Atmosférica)
e. (33,33%) Grudando um canudo na parede (Eletrização)
04. E para as crianças, em sua opinião, qual(is) delas as crianças
acharam mais interessante(s)?
a. (0%) Todas
b. (66,66%) Pássaro na gaiola e Óptica da Visão (Persistência retiniana)
c. (0%) Fazendo um avião levantar voo (Princípio de Bernoulli)
d. (66,66%) Tomar suco, usando dois canudos, os dois dentro da boca e
um fora e o outro dentro do copo (Pressão Atmosférica)
e. (100%) Grudando um canudo na parede (Eletrização) (3 professoras)
As perguntas 3 e 4 mostram que as professoras acharam as oficinas
realmente interessantes, contudo, a oficina sobre eletrização dos corpos, que
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consiste em grudar um canudo na parede, foi a melhor segundo elas. Essa
preferência talvez se deva ao entusiasmo gerado por essa atividade, bem
como ao fato do canudo grudar na parede, pela ação da eletrostática, e não
pela ação de uma cola, o que naturalmente provoca a curiosidade e a euforia
de todos que presenciam essa demonstração, principalmente tratando-se de
crianças, que ainda tem uma relação lúdica com o mundo bastante aflorada.
05. Que reação você percebeu nas crianças durante as oficinas?
a. (0%) indiferença
b. (33%) euforia
c. (0%) medo
d. (66,66%) encantamento
06. Como você avalia o comportamento das crianças nessas oficinas?
a. (0%) indiferente
b. (0%) participativo
c. (100%) receoso
d. (0%) interessado
Para as professoras, a reação das crianças teve como princiapal
característica o encantamento, seguido da euforia. Contudo, ao apontarem qual
teria sido o principal comportamento, as professoras disseram que as crianças
mostraram-se “receosas” diante das novidades apresentadas. As respostas
das questões 05 e 06, apesar de bastante contraditórias, mostram que talvez
esse receio gerado possa ter sido em razão do assunto a ser trabalhado ser
algo relativo à Física, o que aos olhos delas pode parecer ainda bem estranha.
Outro ponto curioso, é que mesmo classificando como “receoso” o
comportamento das crianças diante das oficinas, todas as professoras
avaliaram como enriquecedora a abordagem de ciências, em especial da
Física, para crianças nessa fase da educação escolar, como se pode ver na
resposta da questão 07. Para as professoras avaliadas neste questionário o
ensino de ciências nesta fase da alfabetização também poderá contribuir para
interesses futuros dessas crianças pela área científica, conforme a resposta da
questão 08.
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07. Como você analisa a abordagem de Ciências (Física) para alunos
nessa fase escolar?
a(0%) desnecessária
b(100%) enriquecedora
c(0%) estimulante
d(0%) atrapalha o aprendizado das demais disciplinas
08. Você acredita que o ensino de Ciências nesta etapa do processo de
educação poderia contribuir para o interesse futuro dessas crianças por essa
disciplina?
a(100%) Sim
b(0%) Não
c(0%) Muito provável
d(0%) Não tenho certeza
09. Na sua opinião, a vivência com as oficinas, de certa maneira, pode
fazer as crianças se esquecerem um pouco dos eletrônicos e, de repente, se
interessarem por brinquedos científicos e mais lúdicos?
a(100%) Sim
b(0%) Não
c(0%) Muito provável
d(0%) Não tenho certeza
Para as professoras, a recreação infantil, utilizando Física como
estratégia, pode sim ser uma maneira interessante de prender a atenção e o
interesse das crianças e ainda pode despertar um pouco o cientista que existe
em cada uma delas, é o que nos revela as respostas dadas a perguntas 09.
A análise do questionário proposto às professoras da alfabetização,
tanto da rede particular quanto da rede municipal retrata, de maneira bastante
clara, a aceitação das mesmas pelas oficinas apresentadas. Eles de fato
reconhecem que essas oficinas aguçam e encantam as crianças envolvidas,
além de deixarem para elas um pouco de conhecimento científico.
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A professora da escola municipal demonstrou um grande encantamento
e se revelou disposta a aplicar as oficinas para suas crianças, preparando-se
adequadamente e planejando antecipadamente. Ela ainda revelou que gostou
demais dos experimentos, principalmente da “mágica” sobre eletrização e que
se encantou tanto quanto as crianças.
7- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim como a mágica tem o fascinante poder de atrair e encantar
nossas crianças, com a Física não foi muito diferente. As oficinas planejadas
neste trabalho de pesquisa aplicada, com foco em crianças com idade entre
seis e sete anos foram realizadas com muito êxito, tanto para alunos da rede
particular de ensino quanto para alunos da rede municipal, conseguindo aguçar
a curiosidade e a imaginação dos pequenos. Dessa forma, acreditamos que as
oficinas cumpriram seu papel de abrir caminho para um novo momento na
educação dos nossos jovens. Em outras palavras, uma semente foi plantada
nesse fértil terreno e esperamos desabrochar um novo jardim de flores de
conhecimento nos nossos pequenos. Cremos ainda que outra contribuição
deste trabalho foi o de ir na contramão deste momento da nossa história, no
qual os aparelhos eletrônicos permeiam todas as idades, contagiando e
atraindo cada vez mais a atenção das crianças.
O presente trabalho de pesquisa aplicada na sala de aula levou a
elaboração de um Produto Educacional e a confecção de uma Cartilha os quais
denominamos Manual de Instrução, contendo uma série de Oficinas (mágicas)
além do passo a passo com todas as instruções necessárias para sua
execução por professores do Ensino Fundamental I.
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