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Informativo do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz Cris promove oficinas de capacitação e cooperação Criador do termo Bric, lord Jim O’Neill visita a Fundação dezembro 2015 21 Diretor do TDR/ONU: projetos contra doenças tropicais na Fiocruz Fiocruz e NIH juntos na pesquisa e no combate a arboviroses Mônica Mourão, Nathane Dovale e Valéria Farinola ntre 30 de novembro e 3 de dezembro, Manaus sediou o seminário internacional Desafios em saúde global e oportunidades de colaboração em pesquisa sobre arbovírus , promovido pela Fiocruz e pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid/NIH), uma das maiores instituições de pesquisa dos Estados Unidos em saúde. Cientistas brasileiros e americanos discutiram os avanços relacionados a diagnóstico, possibilidades terapêuticas e vacinas contra as principais arboviroses existentes no Brasil, em especial dengue, chikungunya e zika. O seminário faz parte de um convênio sobre arboviroses e a Amazônia assinado pela Fundação com o NIH em 2014. E CONTINUA NA PÁGINA 2 Zika, chikungunya e dengue são debatidos em seminário internacional PÁG. 11 PÁGs. 7 e 9 PÁG. 6

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Informativo do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz

Cris promove oficinas decapacitação e cooperação

Criador do termo Bric, lordJim O’Neill visita a Fundação

dezembro

2015

Nº21

Diretor do TDR/ONU: projetoscontra doenças tropicais na Fiocruz

Fiocruz e NIHjuntos napesquisa eno combatea arboviroses

Mônica Mourão, Nathane Dovalee Valéria Farinola

ntre 30 de novembro e 3 dedezembro, Manaus sediou oseminário internacionalDesafios em saúde global e

oportunidades de colaboração empesquisa sobre arbovírus,promovido pela Fiocruz e peloInstituto Nacional de Alergia eDoenças Infecciosas (Niaid/NIH),uma das maiores instituições depesquisa dos Estados Unidos emsaúde. Cientistas brasileiros eamericanos discutiram os avançosrelacionados a diagnóstico,possibilidades terapêuticas evacinas contra as principaisarboviroses existentes no Brasil, emespecial dengue, chikungunya ezika. O seminário faz parte de umconvênio sobre arboviroses e aAmazônia assinado pela Fundaçãocom o NIH em 2014.

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Zika, chikungunya edengue são debatidos emseminário internacional

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O recente surto de casos de micro-cefalia associados ao vírus zika no Bra-sil colocou o arbovírus como uma prio-ridade de saúde para o país e comouma área em potencial para a pesqui-sa colaborativa entre brasileiros e ame-ricanos. Na declaração que reúne asprincipais conclusões dos participantes,foram traçados alguns objetivos emrelação a esta arbovirose: “aprofundaras relações entre a infecção pelo víruszika e as anomalias congênitas e neu-rológicas; melhorar o controle do vetore a compreensão das patogêneses li-gadas ao vírus e desenvolver melhoresdiagnósticos e tratamentos e vacinacontra este agente viral”.

Como ação imediata, os partici-pantes recomendaram a criação de umgrupo de trabalho formado por cientis-tas americanos e brasileiros para tra-balhar em pesquisas colaborativas comfoco em arbovírus. A ideia é que até 4de fevereiro o grupo esteja estrutura-do e parta para a obtenção do financi-amento necessário junto às respecti-vas autoridades de ambas asinstituições e países. Como produto dassessões de trabalho decidiu-se aindacriar uma comissão mista para dar con-tinuidade às atividades de cooperaçãoentre as instituições que participaramdo seminário.

Para o diretor do Instituto Leôni-das e Maria Deane (ILMD/FiocruzAmazonas), Sérgio Luz, o evento éuma oportunidade para avançar em

projetos estratégicos. “Precisamos en-tender melhor a transmissão e a pa-togenicidade das arboviroses para jun-tos construirmos um resultadoeficiente”, explicou. A necessidade deestabelecer uma cooperação científi-ca no conhecimento dos arbovírustambém é compartilhada pela asses-sora de Questões Regionais do Niaid/NIH, Margarita Ossório.

EstaçãoRio Pardo

Dentro da programação do semi-nário, os participantes conheceram aEstação Rio Pardo, do ILMD/FiocruzAmazonas, onde são desenvolvidasatividades relacionadas a arbovírus há

oito anos. O projeto localiza-se em umassentamento do Incra no municípiode Presidente Figueiredo (AM), distan-te 180 quilômetros de Manaus, queabriga cerca de 600 pessoas. As ca-racterísticas da comunidade permitemà Fundação realizar um trabalho ím-par. “O fato de ser uma comunidadepequena, com pouco fluxo de pesso-as e baseada em uma economia pri-mária, facilita o estudo da transmis-são das frequentes doenças infecciosascirculantes na área, como malária,leishmaniose, diarreias agudas e ar-boviroses”, afirmou Luz. Assim, segun-do o diretor, é possível conhecer me-lhor as relações entre as dinâmicas detransmissão das doenças infecciosase o processo de modificação das pai-sagens pelo homem.

O coordenador-geral do Cris, Paulo Buss, na abertura do evento

O diretor da Fiocruz Amazonas, Sérgio Luz (ao centro), na visita dospesquisadores a Rio Pardo

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Claudia Lima e Danielle Monteiro

m auditório lotado ouvia aten-to a explicação de Henry Mint-zberg para o atual desequilí-brio político e econômico no

mundo e as alternativas para vencê-lo. O professor da McGill University, noCanadá, e autor de importantes obrasna área de administração foi o confe-rencista da abertura do Encontro deInovação na Gestão Fiocruz. O eventopara profissionais da área de gestãoaconteceu de 5 a 8 de outubro, no au-ditório do Museu da Vida, no campusde Manguinhos.

Para o professor, a origem do atualcontexto iniciou-se com a queda doMuro de Berlim, em 1989. O dito triun-fo do capitalismo sobre o socialismo e aincorporação deste modelo de merca-do como paradigma social levou ao atu-al desequilíbrio. “Nos Estados Unidos,por exemplo, antes dos anos 1980 ha-via um fantástico crescimento econô-mico e boa distribuição de renda. Hoje,

Henry Mintzbergparticipa do Encontrode Inovação naGestão Fiocruz

Em conferência para ostrabalhadores da Fundação, orenomado escritor e professorcanadense explicou como osmovimentos e iniciativas sociaispodem restaurar o equilíbriopolítico e econômico no mundoe como esta força pode serusada nas organizações

naquele país, há uma distribuição desi-gual de renda, altas taxas de impostos,fraca mobilização social, entre outrosgraves problemas”, apontou.

A solução, segundo Mintzberg,depende de uma mudança de perspec-tiva da análise da crise social. “É ne-cessário que a visão dualista esquerdaversus direita dê lugar ao setor plural”,explica o professor. Tido como um ter-ceiro pilar da sociedade - ao lado dossetores público e privado, o setor plu-ral é constituído por movimentos e ini-ciativas sociais, comunidades, TerceiroSetor, entre outras organizações dotipo. “Para vencer o atual desequilí-brio mundial, são necessários setoresprivados responsáveis, setores públicosrespeitáveis e setores plurais fortes”,explica ele.

A participação social em prol dorestabelecimento do equilíbrio no mun-do também é valorizada na esfera or-ganizacional. Para isso, é necessáriosubstituir o atual modelo heroico deliderança, no qual os dirigentes estão

longe daqueles que de fato produzemo produto, por uma gestão engajada.“Nesse modelo de gestão, a organi-zação é uma rede interativa, consti-tuída por pessoas engajadas que re-solvem pequenos problemas eencontram soluções que se tornamgrandes estratégias de liderança. Aliderança passa a ser uma confiançasagrada conquistada por meio do res-peito de outras pessoas”, defendeu.

O professor citou a Fiocruz comoexemplo de instituição que valoriza ainovação e o modelo de gerenciamen-to engajado. E o Brasil, para ele, é umexemplo de país em que há um equilí-brio entre os setores privado, público eplural. “O Brasil tem um setor pluralmuito forte e seria uma pena se isso seperdesse por conta da atual crise pelaqual o país está passando”, concluiu.

Mintzberg destacou ainda a atua-ção do setor plural brasileiro no ree-quilíbrio mundial através do ProgramaAnti-Aids, um modelo para outros paí-ses no combate à doença. “Esse tipo

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de ação mostra que não dependemosexclusivamente das empresas farma-cêuticas para produzir medicamentose que podemos contar com a ajuda dosetor plural na busca por soluções es-tratégicas”, disse.

A vice-presidente de Ensino, Infor-mação e Comunicação da Fiocruz, Ní-sia Trindade de Lima, saudou os parti-cipantes e discursou em nome de todosos vice-presidentes presentes à mesade abertura – Pedro Barbosa (Gestão eDesenvolvimento Institucional), ValclerRangel (Ambiente, Atenção e Promo-ção da Saúde) e Rodrigo Stabeli (Pes-quisa e Laboratórios de Referência). Emseguida, Barbosa, que coordenou oevento, salientou o papel de HenryMintzberg como pensador do campoda estratégia, da gestão empresarial edas instituições.

“O professor tem tratado, mais re-centemente, do quanto o campo dagestão, que olha para dentro das or-ganizações, não está imune ao campomais geral do desenvolvimento da so-ciedade e do desenvolvimento dos

modelos - que submetem muitas soci-edades a crises, em particular mode-los que não priorizam a produção, odesenvolvimento e, muitas vezes, mui-to auto referido às lógicas financistas”,detalhou Barbosa.

e no Estado, contribuindo para que elessejam mais democráticos e inclusivos;para que nosso modelo de desenvolvi-mento esteja centrado na perspectivada justiça, da superação da desigual-dade, e no aprimoramento das nossasforças produtivas, superando paradig-mas que só tenham o sentido da con-centração de renda e do ganho finan-ceiro”, discursou o vice-presidente.

O Encontro de Inovação na Ges-tão Fiocruz integra um conjunto de ini-ciativas adotadas pela Presidência,como o Programa de Desenvolvimen-to Gerencial (PDG), que tem como pro-posta oferecer ações de educação for-mal e não formal, em um ciclo contínuoe permanente para o desenvolvimen-to das competências gerenciais reque-ridas pela Instituição; o curso de De-senvolvimento de CompetênciasGerenciais (Fundação Dom Cabral); oMestrado em Política e Gestão de C&Tem Saúde (Ensp); a Especialização emGestão em Organizações de C&T emSaúde (Ensp); e o Mestrado em Admi-nistração Pública (FGV).

Para vencer o atualdesequilíbrio mundial,são necessáriossetores privadosresponsáveis, setorespúblicos respeitáveis esetores plurais fortes

Barbosa acrescentou ainda que oseminário é um momento de reflexãodos desafios e avanços da Fiocruz en-quanto instituição estratégica do Esta-do. “E não apenas na perspectiva dasua eficiência e da sua eficácia, masde seu posicionamento na sociedade

CRISCRISCRISCRISCRISINFORMA #21

DEZEMBRO DEZEMBRO DEZEMBRO DEZEMBRO DEZEMBRO DE 2015DE 2015DE 2015DE 2015DE 2015

ExpedienteExpedienteExpedienteExpedienteExpediente

Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/Fiocruz)

Edição e redação: Edição e redação: Edição e redação: Edição e redação: Edição e redação: CCS/Fiocruz, com apoio da Coordenaçãode Informação e Comunicação do Cris/Fiocruz

Projeto gráfico e edição de arte:Projeto gráfico e edição de arte:Projeto gráfico e edição de arte:Projeto gráfico e edição de arte:Projeto gráfico e edição de arte:Guto Mesquita e Rodrigo Carvalho

Fotografia:Fotografia:Fotografia:Fotografia:Fotografia:Peter Ilicciev e Arquivo CCS

Contato:Contato:Contato:Contato:Contato:Tel: (21) 2270-5343E-mail: [email protected]

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Danielle Monteiro e Anna CarolinaDüppre (Olimpíada Brasileira de Saúde

e Meio Ambiente/Fiocruz)

pesar da introdução dos anti-bióticos há mais de 70 anos,doenças infecciosas continu-am sendo uma das maiores

causas de morte no mundo. Com o au-mento da resistência a estes medica-mentos, a mortalidade ligada a infec-ções pode crescer significativamente nofuturo. Por isto, a descoberta de BruceBeutler, ganhador do Nobel de Medi-cina em 2011, é tão importante: o pes-quisador encontrou a chave de ativa-ção do sistema imunológico humano.Em outubro, Beutler ministrou palestrana Fiocruz sobre a relevância de seuachado científico.

Em sua pesquisa, o professor iden-tificou proteínas que reconhecem osmicro-organismos invasores e ativam osistema de defesa do corpo humano.Através de uma abordagem inovadoraem ratos, foi desenvolvida uma estra-tégia de mapeamento genético auto-matizado capaz de identificar em tem-po real mutações que prejudicam osistema imunológico.

Beutler e sua equipe descobriramuma família de dez receptores que aler-tam nosso sistema imunológico sobrea infecção por bactérias logo nos pri-meiros minutos do contato com os mi-cro-organismos. Chamados de TLR(Toll-like receptor), cada um deles re-conhece algo bem diferente em rela-ção ao invasor e as “assinaturas” dainfecção. A descoberta permite apro-fundar o entendimento sobre os me-canismos da imunidade e inaugura di-versas possibilidades, como a produçãode vacinas e medicamentos.

“Agora que conhecemos os recep-tores, é uma questão de tempo até queolhemos o sistema imunológico meca-nicamente, ou seja, como uma peque-na máquina interagindo como engre-nagens, porque é isso que realmenteele é”, vislumbra o pesquisador. Oobjetivo é identificar a maioria dos com-ponentes da “máquina” que nos pro-tege contra micróbios.

O Nobel acredita, inclusive, que oachado pode levar a aplicações no cam-po de doenças infecciosas como malá-

Ganhador do Nobel de Medicina falasobre sua descoberta na Fundação

ria e dengue. “Essas doenças são mui-to desafiantes no que diz respeito aodesenvolvimento de vacinas. Em rela-ção à dengue, uma das vacinas expe-rimentada fez a doença piorar. No casoda malária, ela é resistente a todas astentativas de restabelecer o sistemaimunológico. Isso não quer dizer que éimpossível, mas, claramente, é difícil.E requer alguns ‘truques’ que nós sim-plesmente não conhecemos até ago-ra. Nossa descoberta poderia ser apli-cada nessas doenças e, talvez, emoutras”, aposta Beutler.

Beutler destaca papelda Fiocruz e do Brasil

O professor ressaltou a importânciada Fiocruz no estudo das doenças tropi-cais. “A Fundação está no epicentro devárias doenças muito raras na Américado Norte. É mais fácil entender sobreelas, como se desenvolvem, como tra-tá-las e suas características. Pode-se di-zer que isso é muito oportuno; apostoque os estudantes da medicina aqui têmcontato com aspectos da medicina nãotão acessíveis na maioria dos outrospaíses do mundo”, arrisca ele.

Beutler aponta ainda a capacida-de de impacto do Brasil no cenário glo-bal da pesquisa: “Entendo que o Brasil

tem um grande papel a desempenhar.O país é o quinto maior do mundo emterritório e população e destina muitosrecursos para a educação. Sei que cadapaís tem um conjunto de problemas,mas o Brasil tem várias vantagens tam-bém. Estar próximo da ocorrência deuma série de doenças infecciosas, teracesso direto ao problema deveria servisto como oportunidade. O Brasil é umpaís já bastante desenvolvido que podeestar na liderança em pesquisas sobrea malária, por exemplo”.

O vice-presidente de Produção eInovação em Saúde da Fiocruz, JorgeBermudez, destacou a importância doevento. “Para a Fundação, é motivode grande satisfação receber a visitado Prêmio Nobel Bruce Beutler. Por suacarreira, seus estudos e suas descober-tas na área da imunologia – setor emque a Fiocruz também atua, a presen-ça de Beutler e o diálogo que mante-remos com ele será, sem dúvida, deimensa valia para conhecermos maisdetalhadamente a sua trajetória e tro-carmos experiências. Trata-se de umcientista renomado, que também re-cebeu os prêmios Shaw e Balzan. E,assim, a Fiocruz mais uma vez reforçao seu papel de interlocutora junto aospesquisadores de ponta em todo omundo”, afirma.

APerfilBruce A. Beutler nasceu em1957, em Chicago. É professorde genética e imunologia noInstituto de Pesquisa Scripps, nacidade de La Jolla, nos EstadosUnidos. Atualmente, Beutlercontinua com seu trabalho comoprofessor regente e diretor doCenter for Genetics of HostDefense na UT SowthwesternMedical Center em Dallas, EUA.

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Mônica Mourão

a última semana de novem-bro, o diretor do Programa Es-pecial para Pesquisa e Treina-mento em Doenças Tropicais

(TDR) da Organização das NaçõesUnidas (ONU), John Reeder, visitou ocampus de Manguinhos, no Rio de Ja-neiro, com o objetivo de conhecer osprojetos da Fiocruz relacionados aocombate a doenças ligadas à pobre-za e prospectar parcerias de colabo-ração científica na área.

Reeder apresentou o planejamen-to estratégico do TDR 2012-2017, des-tacando a necessidade de se reduzir alacuna entre pesquisa e inovação e

aplicação das descobertas, bem comodo uso de critérios consistentes para odirecionamento dos recursos do Progra-ma. O diretor apontou a pesquisa comouma das atividades essenciais do TDRe, consequentemente, a importânciade ações de capacitação dentro do Pro-grama. Reeder explicou também queo programa tem privilegiado a atua-ção de pesquisadores e implementa-dores de saúde pública em seus pró-prios países. O objetivo é assegurar afixação do conhecimento no local ondese necessita dele, em especial nas re-giões mais pobres e remotas.

Com base nos direcionamentos es-tratégicos apontados pelo TDR, a Fio-cruz sugeriu ações para concretizar aparceria. O foco concentra-se nasações de treinamento e capacitação.“Dentre as discussões preliminaresapontamos a possibilidade de realiza-ção de cursos rápidos e/ou cursos deverão com a chancela TDR e Fiocruzem Cali (Colômbia), local em que oprograma possui um centro regionalde treinamento. A Fundação poderátambém oferecer treinamentos naÁfrica para formação de mestres, vi-sando os países falantes de línguaportuguesa do continente, a partir desua experiência de cooperação com

Diretor de Programa em Doenças Tropicaisda ONU visita Manguinhos

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o Instituto Nacional de Saúde emMoçambique. Pensamos ainda emformatar workshops em áreas em quepossuímos expertise como mudançasclimáticas e saúde. Também avalia-mos oferecer cursos que permitam atranslação de conhecimento básico eaplicado para a implementação e aoperacionalização de políticas públi-cas para doenças negligenciadas”,explicou o coordenador adjunto depós-graduação da Vice-Presidência deEnsino, Informação e Comunicação daFiocruz, Milton Moraes.

Parceria delonga data

A colaboração entre a Fiocruz e oTDR data do nascimento do progra-ma, nos anos 1980, e foi decisiva parao surgimento e a modernização de di-versas áreas da ciência brasileira, emespecial na Fundação. O programaestá hospedado na ONU e é patroci-nado pelo Fundo das Nações Unidaspara a Infância (Unicef), pelo Progra-ma de Desenvolvimento das NaçõesUnidas (PNUD), pelo Banco Mundiale pela própria ONU.

A ministra de Assuntos Sociais,Saúde e Direitos das Mulheres daFrança, Marisol Touraine, visitou o Ins-tituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) du-rante missão de dois dias ao Brasil. Aagenda da ministra no país tambémincluiu o lançamento do Comitê Fran-co-Brasileiro de Saúde e uma reuniãocom a Presidência da FundaçãoOswaldo Cruz (Fiocruz). Escolhidopara a visita, o Laboratório de Pes-quisa sobre o Timo do IOC integra oLaboratório Internacional Associadosobre Terapia Celular e Imunoterapia,uma estrutura de pesquisa binacionalque une cientistas brasileiros e fran-ceses. Fundado há cinco anos, o la-

boratório internacional tem atividadesno Instituto e na universidade fran-cesa Pierre e Marie Curie (UPMC). Acoordenação é compartilhada peloimunologista Wilson Savino, atual di-retor do IOC, e pela pesquisadora daUPMC Gillian Butler Browne. O labo-ratório internacional conta com oapoio do Conselho Nacional de De-senvolvimento Científico e Tecnoló-gico (CNPq) do Brasil e do InstitutoNacional de Saúde e Pesquisa Médi-ca (Inserm) da França. Além do de-senvolvimento de estudos em conjun-to, a parceria entre Fiocruz, CNPq,Inserm e UPMC incentiva o intercâm-bio de estudantes e pesquisadores.

Fiocruz recebe ministra da Saúde da França

John Reeder e Paulo Gadelha no CasteloMourisco (foto: Peter Ilicciev/CCS)

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Ricardo Valverde

Palácio Itaboraí, em Petrópolis,na Região Serrana do Rio de Ja-neiro, sediou no fim de novem-bro uma oficina do Programa de

Fortalecimento da Cooperação para oDesenvolvimento Sanitário. O evento,instituído pela Organização Pan-Ameri-cana de Saúde (Opas), foi organizadopelo Cris/Fiocruz e reuniu 34 participan-tes de 27 países das Américas. Durantequatro dias eles discutiram a promoçãodo fortalecimento de capacidades entreos escritórios de relações internacionaisdos ministérios de Saúde do continente.A iniciativa foi lançada pela Opas emmarço, no Panamá, e teve agora suaprimeira reunião presencial. “As Améri-cas saem de um encontro como estemelhor preparadas para os desafios dasaúde global”, afirmou o coordenador-geral do Cris, Paulo Buss.

“Estamos convencidos do êxito doprojeto tendo em vista o grande nú-mero de participantes. Uma presençasignificativa, que permite uma fértil re-flexão intelectual conjunta e de trocade ideias entre os representantes, ten-do em vista a realidade de cada país,em um ambiente de liberdade. Nãohá países maiores ou menores. E as-sim ampliaremos o intercâmbio”, dis-se o diretor do Departamento de Re-

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lações Externas da Opas, Alberto Klei-man, ressaltando que o próximo en-contro presencial do grupo provavel-mente ocorrerá em maio de 2016.Antes, haverá reuniões virtuais, entredezembro e maio.

A reunião teve como objetivos prin-cipais analisar a situação sanitária decada país; facilitar as estratégias parafortalecer capacidades; e estruturar acooperação em saúde. Sempre commérito de avaliar experiências, com a co-laboração de todos os envolvidos. O en-contro teve sete módulos: Diplomacia eCooperação em Saúde: Desenvolvimen-to Conceitual, Saúde Global: GrandesDesafios Contemporâneos, Desenvolvi-mento e Saúde: Governança da SaúdeGlobal e Regional (1 e 2), Saúde no Pro-cesso de Integração Regional e Sub-re-gional das Américas, Cooperação e Co-operação em Saúde nas PolíticasExternas dos países das Américas e For-talecimento e Desenvolvimento Institu-cional das Oficinas de Relações Interna-cionais em Saúde (Oris). Os participantesforam divididos nos grupos América doSul (10 membros), América Central eMéxico (9 membros) e Caribe e Améri-ca do Norte (16 membros).

No total foram 140 horas de oficina(80 presenciais e 60 virtuais). O encon-tro virtual ocorreu no início de novembroe serviu também como preparação para

Opas e Fiocruz: cooperação em saúdenas Américas

a reunião de Petrópolis. A partir do quefoi debatido e apresentando no PalácioItaboraí, o grupo fará a análise e a des-crição dos perfis das Oris, seguindo me-todologia previamente acertada com acoordenação e validada por consenso.

Para Sebastián Tobar, coordenadorda iniciativa pela Fiocruz, “é fundamen-tal trabalharmos em rede para melhorare ampliar a cooperação. Os debates sãomuito ricos e contribuem imensamentepara fortalecermos a cooperação, a di-plomacia e as relações internacionais emsaúde. E desta maneira estamos cum-prindo as intenções das Opas, que é in-crementar essas relações em nosso con-tinente. Aqui em Petrópolis reunimos oschefes que coordenam esses setores emcada país. Pessoas que ajudam a mol-dar as políticas do setor, formulam vi-sões, enfim, são figuras-chave nesse pro-cesso de cooperação.

Segundo Tobar, a diplomacia dasaúde na arena multilateral pode serconsiderada um método para alcançarum compromisso e um consenso sobrequestões relacionadas à saúde. A diplo-macia da saúde é - como é toda a di-plomacia - essencialmente um proces-so político e desempenha um papelcada vez mais importante. “Há ques-tões de saúde que cruzam fronteirasnacionais, que são de natureza plane-tária e exigem acordos globais para se-rem resolvidas da melhor maneira”.

o Reino Unido

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Felix Rozenberg, Alberto Kleiman e Paulo Buss na abertura do evento, que contou com a participação de representantes de 27países americanos. Na foto à direita, os participantes nas escadarias do Palácio Itaboraí (fotos: Luiz Pistone)

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Tatiane Vargas (Ensp/Fiocruz)

om o objetivo de aprofundar osdebates sobre os determinan-tes sociais da saúde, o Centrode Estudos, Políticas e Informa-

ção sobre os Determinantes Sociais daSaúde (Cepi-DSS) da Escola Nacionalde Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), em parceria com a Organiza-ção Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) e o Centro de Relacionais Inter-nacionais da Fiocruz (Cris), realizou oSeminário Internacional DeterminantesSociais da Saúde, Intersetorialidade eEquidade Social na América Latina, de16 a 18 de novembro, no auditório doMuseu da Vida, em Manguinhos, noRio de Janeiro.

A cerimônia de abertura contou coma participação da coordenadora do Cepi-DSS, Patrícia Tavares, do gerente da Uni-dade de Desenvolvimento Sustentável eSaúde Ambiental da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS), LuizAugusto Galvão, da representante daSecretaria de Gestão Estratégica e Parti-cipativa do Ministério da Saúde (SGTES/MS), Isabel Maria Vilas Boas Senra, dodiretor da Escola Nacional de Saúde Pú-blica (Ensp/Fiocruz), Hermano Castro, docoordenador do Centro de Relações In-ternacionais da Fiocruz (Cris/Fiocruz), Pau-lo Buss, da representante da FaculdadeLatino-americana de Ciências Sociais(Flacso/Chile), Orielle Solar, e do coor-denador do Centro de Estudo, Pesquisae Documentação em Cidades Saudáveis(Cepedoc/USP), Marco Akerman.

De acordo com a coordenadora doCepi-DSS, ao longo de diversos encon-tros nacionais e internacionais nos últi-mos anos, duas questões assumiramgrande importância no debate sobre osdeterminantes sociais da saúde: a in-tersetorialidade e a governança, quedevem ser utilizadas como estratégiapara o enfrentamento de iniquidadesem saúde. “À necessidade de compre-ensão e apropriação das proposiçõesinternacionalmente formuladas, sesoma a necessidade de investimentono aprofundamento de cada realidaderegional, nacional ou local para a con-solidação de agendas próprias e co-muns, territorialmente contextualizadase emergentes da diversidade de situa-ções existentes em cada um de nossospaíses”, explicou Patricia Tavares.

Seminário discute determinantes sociaisda saúde na América Latina

Em sua apresentação, o coorde-nador-geral do Cris, Paulo Buss, lem-brou que a 1ª Conferência Mundial deDeterminantes Sociais da Saúde(CMDSS), promovida em 2011, no Riode Janeiro, foi realizada em um mo-mento importante, pois a crise eco-nômica havia se originado nos circui-tos centrais do mundo. “Temos quediscutir não apenas o impacto do queseriam os determinantes sociais em so-ciedades isoladas e sim dentro de umamplo quadro de dominação. Esse se-minário traz opções econômicas, so-ciais e, principalmente, políticas paraa construção de uma sociedade maishumana e equitativa. A expectativa éque o Centro de Estudos, Políticas eInformação sobre Determinantes So-ciais da Saúde retire daqui um posici-onamento do tema dos DSS e alter-nativas capazes de fortalecê-los”,defendeu Buss.

Mia Couto

Convidado especial da abertura doevento, o escritor moçambicano e biólo-go Mia Couto contou que as pessoassempre o questionam sobre como con-segue compatibilizar biologia e literatu-ra com ciência e poesia. Para ele, nãohá essa espécie de dicotomia. De acor-do com Mia Couto, “somos feitos dehistórias assim como somos feitos decélulas”. Ao falar sobre sua escolha pelabiologia, Couto admitiu que ela o deuuma espécie de renovada aptidão paraestar despido de certezas. Segundo oescritor, ele não está na biologia à pro-cura de certezas, e sim de interrogações.

“Eu quero renovar esse encontrocom o enigma, com o lado do mistérioe, acima de tudo, quero aprender ou-tras linguagens. Hoje acho que perce-bo na fala de uma ave a fala daqueles

Cque não falam. A ciência biológica medevolveu uma coisa fundamental paraque eu tenha saúde. Afinal, estamosaqui falando de saúde. Para eu sabero meu tamanho é importante saber queeu só existo sendo outro, e sendo par-te de algo bem maior. Eu, que cons-truo histórias, me encontrei em um ‘eupróprio’, dentro de uma história que éa mais bela possível, a história da vida,a história do porque estamos aqui”,constatou o escritor.

Desenvolvimentoterritorial

A relação entre saúde e desenvol-vimento territorial foi tema da mesa-redonda moderada pela coordenado-ra de mestrados profissionais da Capes,Eduarda Cesse, com a participação dodiretor da Ensp/Fiocruz, Hermano Cas-tro, do pesquisador da Fiocruz BahiaMaurício Barreto, do professor da Uni-versidade de Contestado Valdir Dalla-brida, das pesquisadoras do IfakaraHealth Institute, da Tanzânia, EvelineGeubbel e Masuma Mandami, e do re-presentante do Observatório de Terri-tórios Saudáveis e Sustentáveis da Bo-caina, Wagner do Nascimento. Oencontro debateu questões como aomissão dos determinantes sociais dasaúde nas políticas de saúde, o con-ceito de território, as invasões e danosno contexto territorial, além de apre-sentar experiências exitosas no âmbitoda saúde internacional.

Hermano Castro abordou em suafala os danos no contexto territorial,causados principalmente pelos grandesempreendimentos. Segundo ele, ocrescimento populacional humano, aglobalização e o livre comércio inter-continental são alguns dos fenômenosque fortalecem os mecanismos de in-trodução de modelos desenvolvimen-tista com grandes ameaças locais, re-gionais e globais. Castro citou, porexemplo, a evolução da dengue nasAméricas. Enquanto no século 20 ape-nas cinco países apresentavam casosda doença, atualmente, no século 21,aproximadamente trinta países contamcom este problema. Outro exemploapresentado foram as emissões de car-bono brasileiras provenientes 30% daqueima de combustíveis fósseis e 70%pela mudança de uso do solo.

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O escritor no Museu da Vida

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destaques

Mônica Mourão

Centro de Relações Internacio-nais em Saúde (Cris/Fiocruz)realizou em outubro dois mó-dulos de uma oficina de capa-

citação para os trabalhadores que atu-am em atividades internacionais naFundação. O programa, que é forma-do por sete módulos, surgiu de umarecomendação da Câmara Técnica deCooperação Internacional (CTCI/Fio-cruz) de ampliar as oportunidades de

capacitação na área de co-operação internacional esaúde para o público inter-no. Foram discutidos temasligados à diplomacia e à co-operação em saúde e aosdesafios contemporâneosda saúde global. Além dosencontros presenciais, osparticipantes contam comuma comunidade virtualpara compartilhamento detextos e materiais, troca deexperiências e continuidadedos debates. Os demais mó-dulos do programa serão

ministrados no primeiro semestre de2016.

Esta etapa da capacitação ocorreuem dois dias. No primeiro (22/10), ofoco das discussões centrou-se na di-plomacia e cooperação em saúde.Após a abertura e a apresentação doprograma, a professora da Escola Na-cional de Saúde Pública Sergio Arouca(Ensp/Fiocruz) Celia Almeida trouxereflexões sobre saúde global, diploma-cia da saúde e cooperação internacio-nal. Em seguida, o coordenador do Cris/

CTCI e Cris iniciam programa de capacitação

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Fiocruz, Paulo Buss, tratou do temacooperação sul-sul e cooperação estru-turante em saúde.

No dia 23, desafios contemporâ-neos da saúde global foram tema dasdiscussões. Pela manhã, o professorda Fiocruz Bahia e da UniversidadeFederal da Bahia (UFBA) Maurício Bar-reto abordou os problemas de saúdee as crises sanitárias internacionais.Em seguida, o vice-presidente da As-sociação Brasileira das Indústrias deQuímica Fina, Biotecnologia e suasEspecialidades (Abifina), ex-secretá-rio-geral do Ministério da Saúde e ex-vice-presidente da Fiocruz, ReinaldoGuimarães, discutiu sobre os desafi-os globais para pesquisa e C&T emsaúde. À tarde houve uma mesa so-bre desafios para os sistemas de saú-de composta pelas professoras daEnsp Celia Almeida e Lígia Giovane-lla e o assessor do Cris para a coope-ração com países da África e Comu-nidade dos Países de LínguaPortuguesa (CPLP), Augusto PauloSilva. Todas as mesas e conferênciasforam seguidas de debates e contri-buições dos participantes.

Danielle Monteiro

ela primeira vez em seu histó-rico de cooperação a Fiocruz vaifirmar parceria com uma insti-tuição da Holanda. O anúncio

foi feito em outubro, durante visita daprofessora do Departamento de Estu-dos Latino-Americanos da Universida-de de Leiden, Marianne Wiesebron, àFundação. O acordo, que deve ser as-sinado em março do ano que vem, vaicontemplar o intercâmbio de estudan-tes e professores e o desenvolvimentode pesquisas conjuntas entre pesqui-sadores das duas instituições.

Condecorada pelo governo brasilei-ro com a ordem do Rio Branco por suacontribuição cultural para a história dosPaíses Baixos no Brasil, Marianne con-tou que a ideia é desenvolver ações noscampos de medicina, farmacologia, his-tória da ciência e da saúde, ciência dacomputação e visualização de estrutu-ras biológicas. “A Fiocruz é uma insti-tuição respeitada na área da saúde eciência além de ser uma parceira óbvia

Fiocruz faz parceria inédita com instituição holandesapara a Universidade de Leiden. Pode-mos estabelecer uma cooperação mui-to ampla, que será proveitosa paraambas instituições”, afirmou.

A relação entre a universidade e aFiocruz começou em 2013, com a sele-ção do biólogo e cientista da computa-ção Fons Verbeek para o Programa dePesquisa Translacional do Centro deDesenvolvimento Tecnológico em Saú-de (CDTS/Fiocruz). Colaborador em pro-jetos de pesquisa no Instituto Leiden deCiências Avançadas da Computação,Verbeek sugeriu a parceria com a uni-versidade. “Ele tem muitas colaboraçõescom instituições universitárias brasileiras.Para a Fiocruz, a cooperação será muitointeressante, principalmente para a áreade pesquisas”, disse o diretor do CDTS,Carlos Morel. Está sendo desenvolvidoum memorando de entendimento e se-rão definidas as áreas de colaboraçãoentre as duas instituições.

Fundada em 1575, a Universidadede Leiden é a mais antiga universida-de dos Países Baixos. Ganhou especialnotoriedade durante o Século de Ouro

dos PaísesBaixos, perío-do compre-endido entre1584 e 1702,quando aca-dêmicos detoda a Euro-pa foramatraídos para a República das Sete Pro-víncias Unidas dos Países Baixos devi-do ao seu clima de tolerância intelec-tual e à reputação internacional dainstituição. Durante o período, foi abase de figuras como René Descartes,Rembrandt, Hugo Grotius e BaruchSpinoza. Membro do Grupo Coimbra,do Europaeum e da Liga das Universi-dades de Pesquisa Europeia, a univer-sidade possui seis faculdades e maisde 50 departamentos. Classificada peloTimes Higher Education World Univer-sity Rankings como a melhor da Euro-pa Continental na área das artes e hu-manidades, contempla mais de 40institutos de pesquisa nacionais e in-ternacionais.

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Mônica Mourão

m novembro, a subdiretora doInstituto de Higiene e Medici-na Tropical da UniversidadeNova de Lisboa (IHMT), Zulmi-

ra Hartz, visitou o Centro de RelaçõesInternacionais em Saúde (Cris/Fiocruz)para iniciar o planejamento das ativi-dades em comemoração à primeiradécada de parceria do Instituto com aFundação. Zulmira reuniu-se com co-ordenador técnico, José Roberto Ferrei-ra, e o responsável pelos assuntos re-lativos aos Países Africanos de LínguaOficial Portuguesa (Palop) do Cris, Au-

Uma década de parceriagusto Paulo da Silva. Entre as propos-tas destacou-se a ampliação da parce-ria através de uma aliança multilateralentre França, Portugal e Brasil envol-vendo esses países nas áreas de doen-ças tropicais e ciências, tecnologia, ino-vação e avaliação em saúde global.

Nascidas no início do século 20,IHMT e Fiocruz estão ligadas não so-mente pela história e língua comum,mas também pelas linhas convergen-tes de atuação e pelas diversas cola-borações que estabelecem desde 2008.Uma das mais importantes é o esforçocomum de elaboração e execução doPlano Estratégico de Cooperação In-ternacional em Saúde (PECS) no âm-bito da Comunidade dos Países de Lín-gua Portuguesa (CPLP), enquantoassessores técnicos do secretariadoexecutivo da CPLP. Além disso, as ins-tituições também desenvolvem proje-tos ligados à esquistossomose, leish-maniose e doença de Chagas.

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destaques

O vice-presidente do Escritório deEngajamento Global da Universidadede Chicago, Ian Solomon visitou a Fi-ocruz em novembro para prospectarparcerias, sobretudo nas áreas de saú-de ambiental e mudanças climáticas.O intercâmbio de estudantes foi apon-tado como uma das possíveis ações.No início de 2016 haverá uma reu-nião para dar sequência ao projeto.

LANÇAMENTO

Universidades americanas em ManguinhosEm setembro, a professora dos

departamentos de Saúde Global eAmbiental e Ciências da Saúde daOcupacional da Universidade de Wa-shington, Kristie Ebi, também estevena Fundação com o mesmo objetivo.Como resultado da visit, está previstaa assinatura de um memorando de en-tendimento entre a universidade e aEscola de Saúde Pública Sergio Arou-ca (Ensp/Fiocruz) na área de mudan-ças ambientais globais e saúde.

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Segurançaalimentar enutricional étema depublicação

Foi lançado em novembro,durante a 5ª Conferência Nacionalde Segurança Alimentar eNutricional, o livro Segurançaalimentar e nutricional nalusofonia. A publicação é fruto doevento Segurança Alimentar eNutricional na Lusofonia: NovosDesafios para o PECs, uma oficinaprévia ao Congresso Mundial deNutrição, realizado no Rio deJaneiro em 2012. No evento,participantes dos países daComunidade dos Países de LínguaPortuguesa (CPLP) - Angola, Brasil,Cabo Verde, Guiné-Bissau,Moçambique, Portugal, São Tomée Príncipe e Timor-Leste - puderamtrocar impressões sobre a questãonutricional e os artigos resultantesdo trabalho foram compilados naobra. Entre os seus autores estãoa pesquisadora do Departamentode Ciências Sociais da EscolaNacional de Saúde Pública SergioArouca (Ensp/Fiocruz) RosanaMagalhães, que também foiorganizadora do projeto, e LuizEduardo Fonseca, integrante doCentro de Relações Internacionaisda Fiocruz (Cris/Fiocruz).

Download:migre.me/smsGA

Augusto Paulo, José Roberto Ferreira e Zulmira Hartz em reunião no Cris

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Danielle Monteiro e Comunicaçãodo Consulado Britânico

presidente da Comissão de Re-sistência Antimicrobiana doReino Unido (AMR), JimO’Neill, e a conselheira chefe

do governo britânico para assuntos desaúde e membro do Conselho-Execu-tivo da Organização Mundial da Saú-de (OMS), Sally Davies, reuniram-secom gestores e pesquisadores da Fun-dação, em outubro, para apresentarestudos sobre os problemas relaciona-dos à resistência antimicrobiana. Oobjetivo da visita ao Brasil é alertarautoridades, empresas farmacêuticas eprodutores do setor agrícola-pecuáriosobre os riscos associados ao apareci-mento, à propagação e à contençãoda resistência aos medicamentos, alémde conhecer o que é feito no país emtermos de pesquisa e de políticas pú-blicas para enfrentar o problema.

Durante o encontro, os participan-tes discutiram uma possível parceriaentre a Fiocruz e a AMR para o desen-volvimento de ações em pesquisa eformação de recursos humanos quevisem à redução da resistência a anti-

microbianos. “Isso implica pesquisaspara a criação de ferramentas para odiagnóstico rápido de infecções porpatógenos resistentes, ações de con-trole do uso indiscriminado do solo evigilância de patógenos resistentes emesgoto”, explicou o coordenador-adjun-to de Pós-Graduação da Fiocruz e co-ordenador do encontro, Milton Mora-es. Segundo ele, a Fundação vaiorganizar um grupo para discutir a in-terlocução com a AMR.

Também conhecido por ter criadoem 2001 o termo Bric para denomi-nar as economias emergentes forma-da pelos países Brasil, Rússia, Índia eChina, O’Neill coordena a pesquisa en-comendada pelo governo britânicopara apurar o custo humano e finan-ceiro dos riscos de infecções resisten-tes a medicamentos. De acordo como primeiro relatório, publicado emdezembro de 2014, caso não sejamtomadas medidas, essas infecções,até 2050, poderão matar pelo menos10 milhões de pessoas anualmente,ao custo de US$ 100 trilhões. Até2016, o especialista e sua equipe re-comendarão um pacote de ações paraenfrentar a ameaça crescente da re-

Fundação e AMR reúnem esforços na lutacontra a resistência antimicrobiana

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destaques

sistência antimicrobiana. “Acreditoque o Brasil possa desempenhar umpapel global de liderança ao incluir aresistência antimicrobiana como tópi-co relevante de discussão em reuni-ões do G20 e na Assembleia-Geral daONU. Quero conhecer lideranças na-cionais para entender como o paíspode colaborar no desenvolvimento denovas drogas e métodos de diagnósti-co”, afirmou.

Sally Davies comparou o emergen-te tema da resistência antimicrobianaàs mudanças climáticas. “Isso nos afe-tará antes mesmo das alterações noclima, se não fizermos algo a respeito.As infecções resistentes a medicamen-tos são um problema global que pe-dem uma solução global”, comentou.

Atualmente as infecções de super-bactérias, associadas a doenças comoa tuberculose, matam cerca de 700mil pessoas por ano ao redor do mun-do. De acordo com as projeções doestudo de O’Neill, as mortes anuaisrelacionadas a casos de doenças re-sistentes a antibióticos poderão che-gar, em 2050, a 4,7 milhões na Ásia,4,1 milhões na África e 392 mil naAmérica Latina.

Jim O’Neill e Sally Daviesalertam autoridades,empresas farmacêuticase produtores do setoragrícola-pecuário sobreos riscos associados aoaparecimento, àpropagação e àcontenção da resistênciaaos medicamentos

Fotos: Peter Ilicciev/CCS

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O que é a AMR?

Milton Moraes: A AMR é umpainel independente constituído peloprimeiro ministro inglês, financiadopelo governo britânico e pela Wellco-me Trust – uma fundação de caridadeglobal independente sediada em Lon-dres, para avaliar o problema de saú-de pública emergente que é a resis-tência a antimicrobianos. A iniciativatem como líder o lorde Jim O´Neill, umimportante economista britânico quecunhou o termo Brics.

Quais os principais trabalhosrealizados pelo grupo?

Moraes: Nos primeiros documen-tos (ou papers) publicados pela AMRforam revelados dados alarmantes re-ferentes à lacuna na produção/gera-ção de novos antibióticos e ao nú-mero de mortes previstas para ospróximos anos se não houver mudan-ças. A AMR propõe algumas estraté-gias para alavancar e dar sustentabi-lidade na produção e distribuição denovos antibióticos, incluindo desde

parcerias público-privadas até a for-mação de fundos globais para inves-timento contínuo em pesquisas bási-cas, bem como a garantia de comprapor estoques regulatórios formadospor consórcios internacionais.

Como será seu trabalho no gru-po consultivo?

Moraes: Pretendo trabalhar como corpo de assessores da AMR, con-tribuindo na formulação das açõesjunto à iniciativa e ser um porta-vozdos projetos da Fiocruz relevantespara a iniciativa. Acredito que sejaimportante para eles (AMR) apren-der sobre o problema a partir daperspectiva do Brasil e da Fundação– instituição que conta com um timede pesquisadores importantíssimosna área, atuando inclusive como con-sultores do Ministério da Saúde, bemcomo laboratórios que são centrosde referência onde é feita a vigilân-cia da resistência e diversas pesqui-sas sobre o tema.

Milton Moraes é nomeado consultor daAMR e explica o que é a iniciativa

Philippe Matta (VPEIC)

m outubro, a iniciativa britânicaAntimicrobial Resistence (ResistênciaAntimicrobiana, ou AMR na sigla eminglês) nomeou o pesquisador e

coordenador adjunto da Coordenação-Geralde Pós-Graduação da Vice-Presidência deEnsino, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz), Milton Moraes, como membro doseu grupo de consultores. Em entrevista aoCrisinforma, o pesquisador explicou o queé a AMR, discorreu sobre os trabalhosrealizados pelo grupo e o que se podeesperar, além de explicar o funcionamentode sua parceria junto à iniciativa.

entrevista

O que se pode esperar dos pró-ximos trabalhos da AMR?

Moraes: o escopo de atuação daAMR é bem amplo. A iniciativa estádebatendo desde o desenvolvimentode novas ferramentas de diagnóstico,passando pela análise de barreiras eco-nômicas que retardam o desenvolvi-mento de soluções para a resistênciamicrobiana, até o uso de antibióticosna agricultura, entre outras iniciativas.

Qual o papel do Brasil e dosBrics na AMR?

Moraes: A AMR busca parceirosestratégicos e, neste contexto, os paí-ses que compõem o Brics são funda-mentais para a iniciativa. E nós (Fio-cruz) estamos em uma posiçãoestratégica, inclusive pela nossa posi-ção na América Latina. No próximoano, será realizada a reunião do G20na China e um dos objetivos da AMRé levar propostas para a resistênciaantimicrobiana para o encontro, apro-veitando a influência chinesa para agre-gar mais parceiros ao redor do mundo.

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