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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnPPRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEaD

Finanças EmpresariaisLivro-texto EaD

Natal/RN2011

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.seraoS otnasirC ,oriebiR f484R Finanças empresariais / Crisanto Soares Ribeiro. – Natal: EdunP, 2011. 296p. : il. ; 20 cm

Ebook – Livro eletrônico disponível on-line. ISBN 978-85-61140-93-9

1. Finanças empresariais. I.Título.

31.633 UDC FSCB/PnU/NR

DIRIGENTES DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP

ReitoriaSâmela Soraya Gomes de Oliveira

Pró-Reitoria de Graduação e Ação ComunitáriaSandra Amaral de Araújo

Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-GraduaçãoAarão Lyra

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIADA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP

Coordenação Geral Barney Silveira Arruda

Luciana Lopes Xavier

Coordenação PedagógicaEdilene Cândido da Silva

Coordenação de Produçãode Recursos Didáticos

Michelle Cristine Mazzetto Betti

Coordenação de Produção de VídeosBruna Werner Gabriel

Coordenação de Logística Helionara Lucena Nunes

Revisão de Linguageme Estrutura em EaDPriscilla Carla Silveira MenezesThalyta Mabel Nobre BarbosaÚrsula Andréa de Araújo Silva

Apoio AcadêmicoFlávia Helena Miranda de Araújo Freire

Assistente AdministrativoEliane Ferreira de SantanaGabriella Souza de Azevedo Gibson Marcelo Galvão de SousaGiselly Jordan Virginia Portella

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Crisanto Soares Ribeiro

Finanças Empresariais1a Edição

Natal/RN2011

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EQUIPE DE PRODUÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS DA UnP

Coordenação de Produção de Recursos Didáticos

Michelle Cristine Mazzetto Betti

Revisão de Linguagem e Estrutura em EaD

Úrsula Andréa de Araújo Silva

Ilustração do Mascote

Lucio Masaaki Matsuno

EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO

Delinea - Tecnologia Educacional

Coordenação Pedagógica

Margarete Lazzaris Kleis

Coordenação de Editoração

Charlie Anderson OlsenLarissa Kleis Pereira

Coordenação de Revisão e Linguagem em EaD

Simone Regina Dias

Revisão Gramatical e Linguagem em EaD

Eduard Marquardt

Coordenação de Diagramação

Cristina Assumpção

Diagramação

Valdir Siqueira

Ilustrações

Alexandre Beck

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CRISANTO SOARES RIBEIRO

Sou graduado em Ciências Econômicas pela Associação

Educacional Dom Bosco (AEDB), de Resende (RJ), 1985. Em 1989

concluí minha primeira especialização, Engenharia Econômica,

também pela AEDB, e em 1998 me especializei em Gestão

Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas.

Atuo como docente desde 1998, primeiro na Universidade do

Extremo Sul de Santa Catarina, em disciplinas como Mercado de

Capitais e Economia Brasileira. A partir de 2001 passei a lecionar

na Universidade do Vale do Itajaí as disciplinas de Administração

Financeira e Orçamentária I e II, Mercado de Capitais e Projetos

Organizacionais, na graduação, e os módulos de Análise Financeira

do Setor Público em cursos de pós-graduação. Desde 2002 atuo

como consultor da ABACE – Associação Brasileira de Bancos

Estaduais e Regionais, hoje ATP, que desenvolve tecnologia em

programas de certificação de agentes autônomos de investimentos

junto a instituições financeiras, como o Banco da Amazônia, do

Estado do Pará, de Sergipe, do Piauí, do Espírito Santo e no Sicoob

(SC). Neste programa atuei tanto na modalidade presencial quanto

a distância. Em 2009 iniciei as atividades de consultoria financeira

e projetos de viabilidade econômica que desenvolvo até os dias

atuais. Além das atividades de docência, completei 21 anos como

profissional da Caixa Econômica Federal, atuando há mais de 14

anos na área de análise de risco de crédito empresarial.

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FINANÇAS EMPRESARIAIS

O que vem a ser esta disciplina? Qual a razão de ela estar

inserida neste curso? Será só teoria ou terei de enfrentar “o

pavor” de inúmeros cálculos? – Estas questões provavelmente

habitam a sua cabeça neste momento, mas temos que buscar neste

ambiente de riscos e incertezas informações que nos permitirão

tomar decisões de forma mais acertada.

Se observar com cuidado, você verá que todas as suas ações,

como as de qualquer pessoa, apresentam repercussões financeiras:

casar, descasar, ter ou não filhos, estudar ou não estudar, comprar

ou locar um carro ou um apartamento, fazer um concurso público

ou trabalhar na iniciativa privada, ou, ainda, montar seu próprio

negócio. Suas decisões poderão apresentar resultados positivos ou

negativos, a curto, médio ou longo prazo, e o que está em jogo

aqui é relação custo-benefício, bem como seus valores.

Ao optar por um curso superior, seja desenvolvido na forma

presencial ou a distância, você já deve, mesmo que de forma elementar,

ter traçado cenários nos quais objetiva mudanças no estágio em que

sua vida atualmente se encontra. É claro que esta sua primeira decisão

o remeterá a outras, abandonar algumas práticas em benefício de

outras, e dentre elas destaco algumas que entendo serem essenciais

para você alcançar êxito: tornar-se uma pessoa ávida pela leitura,

pesquisar sempre (a informação no ambiente financeiro é a diferença

entre o sucesso e o fracasso), fazer os exercícios solicitados e, por fim,

questionar sempre. O nosso ambiente permitirá a você uma interação

constante com este professor.

Mas voltemos à nossa disciplina. Convido você para buscarmos a

construção de um conhecimento que possibilite não só compreender

a dinâmica financeira de uma empresa, mas habilitar a utilização

das inúmeras ferramentas e estratégias inerentes ao processo de

planejamento de curto e longo prazo. Por meio de proposta interativa,

veremos os conceitos de finanças, o papel dos profissionais que atuam

nesta área, os documentos e relatórios que embasam o processo de

decisões financeiras, ou seja, todo o processo de gestão financeira.

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Aceite este convite para explorar um campo de inúmeras oportunidades

que se abrem a partir deste momento. Está lançado o desafio, e se quiser me

acompanhar, comece agora conhecendo a minha proposta de trabalho.

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Capítulo 1 - Função fi nanceira ................................................................... 13

1.1 Contextualizando .......................................................................................................... 131.2 Conhecendo a teoria .................................................................................................... 13 1.2.1 Função fi nanceira – conceito ........................................................................... 13 1.2.2 Objetivos das fi nanças empresariais ............................................................. 25 1.2.3 As tomadas de decisão fi nanceiras ................................................................ 28 1.2.4 O papel do gestor fi nanceiro e a importância da postura ética em suas ações e decisões ................................................................................ 361.3 Aplicando a teoria na prática .................................................................................... 401.4 Para saber mais .............................................................................................................. 401.5 Relembrando .................................................................................................................. 411.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................ 42Onde encontrar ..................................................................................................................... 43

Capítulo 2 - Planejamento e controle fi nanceiro ..................................... 45

2.1 Contextualizando .......................................................................................................... 452.2 Conhecendo a teoria .................................................................................................... 45 2.2.1 Planejamento fi nanceiro – conceito ............................................................. 45 2.2.2 Planejamento fi nanceiro de curto prazo ..................................................... 51 2.2.3 Planejamento fi nanceiro de longo prazo .................................................... 53 2.2.4 Instrumentos de planejamento fi nanceiro – orçamento ...................... 56 2.2.5 Métodos de controle fi nanceiro ..................................................................... 682.3 Aplicando a teoria na prática ..................................................................................... 712.4 Para saber mais .............................................................................................................. 732.5 Relembrando .................................................................................................................. 742.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................ 75Onde encontrar ..................................................................................................................... 76

Capítulo 3 - Mercado fi nanceiro ................................................................ 81

3.1 Contextualizando .......................................................................................................... 813.2 Conhecendo a teoria .................................................................................................... 82 3.2.1 Mercado fi nanceiro – conceito ........................................................................ 82 3.2.2 Estrutura do mercado fi nanceiro .................................................................... 85 3.2.3 Política econômica .............................................................................................. 99 3.2.4 Operações ativas e passivas ..........................................................................103 3.2.5 Taxas de juros ......................................................................................................1093.3 Aplicando a teoria na prática ...................................................................................1123.4 Para saber mais ............................................................................................................1133.5 Relembrando ................................................................................................................1143.6 Testando os seus conhecimentos ..........................................................................114Onde encontrar ...................................................................................................................115

SU

RIO

SU

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Capítulo 4 - Demonstrações fi nanceiras e balanço patrimonial ..............................117

4.1 Contextualizando .................................................................................................................................1174.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................118 4.2.1 Exigência legal .............................................................................................................................119 4.2.2 Balanço patrimonial ...................................................................................................................121 4.2.3 Demonstração de resultado....................................................................................................126 4.2.4 Demonstração de mutações do patrimônio líquido ......................................................128 4.2.5 Demonstração de valor adicionado .....................................................................................130 4.2.6 Demonstração de fl uxo de caixa ...........................................................................................133 4.2.7 Relatório de administração, notas explicativas e parecer de auditoria ...................1374.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................1424.4 Para saber mais .....................................................................................................................................1454.5 Relembrando .........................................................................................................................................1464.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................146Onde encontrar ............................................................................................................................................148

Capítulo 5 - Análise estratégica das demonstrações fi nanceiras ..............................151

5.1 Contextualizando .................................................................................................................................1515.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................151 5.2.1 Análise horizontal .......................................................................................................................154 5.2.2 Análise vertical .............................................................................................................................156 5.2.3 Análise de liquidez .....................................................................................................................157 5.2.4 Análise de estrutura e fi nanciamento..................................................................................161 5.2.5 Análise de lucratividade e rentabilidade ............................................................................165 5.2.6 Análise de atividade ou ciclo ..................................................................................................170 5.2.7 Análise de necessidade fi nanceira ........................................................................................1735.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................1765.4 Para saber mais .....................................................................................................................................1785.5 Relembrando .........................................................................................................................................1795.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................180Onde encontrar ............................................................................................................................................182

Capítulo 6 - Fluxo de caixa ...........................................................................................185

6.1 Contextualizando .................................................................................................................................1856.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................185 6.2.1 Fluxo de caixa – objetivos ........................................................................................................190 6.2.2 Método direto ..............................................................................................................................194 6.2.3 Método indireto ..........................................................................................................................2006.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................2136.4 Para saber mais .....................................................................................................................................2156.5 Relembrando .........................................................................................................................................2166.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................217Onde encontrar ............................................................................................................................................218

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Capítulo 7 - Análise de viabilidade, rentabilidade e risco ..........................................221

7.1 Contextualizando .................................................................................................................................2217.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................222 7.2.1 Valor presente líquido ...............................................................................................................222 7.2.2 Taxa interna de retorno .............................................................................................................225 7.2.3 Prazo de retorno do investimento ........................................................................................227 7.2.4 Ponto de equilíbrio .....................................................................................................................231 7.2.5 Retorno – conceitos e metodologia de avaliação ..........................................................232 7.2.6 Risco – conceitos, tipologia e metodologia de avaliação .............................................2337.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................2457.4 Para saber mais .....................................................................................................................................2477.5 Relembrando .........................................................................................................................................2487.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................249Onde encontrar ............................................................................................................................................250

Capítulo 8 - Estratégias comerciais de compra e venda .............................................253

8.1 Contextualizando .................................................................................................................................2538.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................253 8.2.1 Estratégias aplicadas às compras ..........................................................................................257 8.2.2 Estratégias aplicadas às vendas .............................................................................................2588.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................2768.4 Para saber mais .....................................................................................................................................2788.5 Relembrando .........................................................................................................................................2798.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................279Onde encontrar ............................................................................................................................................281

Referências ....................................................................................................................285

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Capítulo 1

13Finanças Empresariais

FUNÇÃO FINANCEIRA

CAPÍTULO 11

1.1 Contextualizando

Conhecer a origem do que estudamos permite uma melhor visualização

para o aprendizado, situando-nos no conteúdo. Este capítulo ajudará você a

compreender a função financeira da empresa e o campo geral de atuação do

administrador financeiro.

O texto mostrará que o campo de atuação das finanças empresariais

é muito mais amplo do que se pode imaginar, e quanto maior a nossa

compreensão, maior será o nosso desafio.

O capítulo 1 apresentará noções da função financeira, sua evolução

histórica, seus objetivos, como ela se processa no contexto de uma sociedade

empresarial e, por fim, o papel do gestor financeiro e suas implicações éticas.

Você perceberá quão abrangente é o campo de atuação do profissional da

área financeira e os desafios que ele enfrenta no seu dia a dia.

Espera-se que, ao final do estudo, você seja capaz de descrever o processo

financeiro, seus desdobramentos e, principalmente, consiga visualizar porque

este assunto é apresentado nesta disciplina.

1.2 Conhecendo a teoria

1.2.1 Função financeira – conceito

Quando alguém começa a falar sobre assuntos da área financeira, tais

como crédito, juros, câmbio, ações, inflação, nível de produção e emprego,

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Capítulo 1

14 Finanças Empresariais

tributação, lucro ou prejuízo, concentração de mercado e fusões, qual a sua

primeira impressão? Caso você pense apenas em números, cálculos complicados,

deverá rever as suas ideias, pois a função financeira envolve mais que isso. Ela

envolve estratégias que podem determinar a continuidade ou não de uma

sociedade empresarial.

Mas primeiramente temos que entender alguns conceitos, tais como

função e finanças.

CONCEITOCONCEITO

Função, segundo Michaelis (2008, p. 404), “é a ação de um órgão, aparelho ou máquina”. Se portanto entendermos uma sociedade empresarial desta forma, perceberemos que a empresa, por analogia, é um conjunto de órgãos, constituído por diferentes departamentos ou setores, cada um com responsabilidades definidas: Recursos Humanos, Marketing, Produção, Pesquisa e Desenvolvimento, Comercial, Administrativo e Financeiro. A integração das ações destes setores ou funções é que proporciona o equilíbrio necessário à perpetuação da vida de uma empresa.

Na concepção de Gitman (2001), as finanças podem ser definidas como

“a arte e a ciência de gerenciamento de fundos”. Já para Gropelli e Nikbakht

(2001), o termo finanças concerne à aplicação de uma série de princípios

econômicos para maximizar a riqueza ou o valor total dos negócios. Pois bem,

a função financeira, como veremos a seguir, é muito mais que isso e passou

por diversas transformações ao longo do tempo.

Segundo Archer e D’Ambrosio (1969, p. 367),

(...) a função financeira compreende os esforços dispendidos objetivando a formulação de um esquema que seja adequado à maximização dos retornos dos proprietários das ações ordinárias da empresa, ao mesmo tempo em que possa propiciar a manutenção de um certo grau de liquidez.

O campo de atuação de seus profissionais ampliou-se consideravelmente

ao longo das últimas décadas, assim como os instrumentos financeiros também

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Capítulo 1

15Finanças Empresariais

foram aperfeiçoados, exigindo cada vez mais dos que adentram esta área de

conhecimento.

Segundo Lemes Junior, Miesa e Cherobim (2005, p. 4) o profissional de

finanças se envolve com atividades que incluem o processo financeiro, os

mercados, os instrumentos e as instituições financeiras, podendo ainda se

dedicar às áreas que envolvem as questões de natureza pessoal e pública, além

é claro da corporativa, que será o foco de seu estudo.

Silva (2006, p. 32) afirma que

o papel do administrador financeiro depende também do porte da empresa. Numa empresa pequena, não há um órgão especifico responsável pelo gerenciamento das operações financeiras, ficando estas atribuições distribuídas entre a contabilidade e o proprietário. À medida que a empresa cresce ,torna-se necessária a profissionalização do gerenciamento das funções financeiras.Nas grandes organizações normalmente há separação entre finanças e controladoria .

Agora que você já compreende que uma empresa é este conjunto de

atividades e/ou funções, funções estas que guardam uma interdependência,

não há como se tomar uma decisão na área comercial sem que a mesma

tenha implicações financeiras, da mesma forma que não se pode adotar

procedimentos na área de recursos humanos ou produção sem observar as

questões de natureza financeira.

Mas o que vem a ser a função financeira?

Leia a seguinte explicação: Braga (1989) afirma que a função financeira

compreende um conjunto de atividades relacionadas à gestão dos recursos

financeiros utilizados pelas diferentes áreas de uma organização. Segundo

o mesmo autor, a função financeira desempenha papel importantíssimo

no desenvolvimento das atividades operacionais, podendo suas ações

determinarem o sucesso ou insucesso de um empreendimento.

De acordo com Braga (1989, p. 27), a função financeira engloba diversos

aspectos, tais como

Fluxo de fundos: elementos da administração financeira que requer investimentos em bens que constituem os meios de produção, dos quais são geradores dos produtos a serem colocados no mercado;

Marteson
Realce
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Capítulo 1

16 Finanças Empresariais

Investimentos: neste caso, representam a preocupação primordial no que diz respeito à avaliação e escolha de alternativas para a aplicação de recursos nas atividades da empresa;

Financiamento: esta área compreende o que se deseja definir e alcançar para obter uma estrutura ideal em termos de fontes de recursos da composição de investimentos.

Utilização (destinação) do lucro líquido: significa uma área de decisões, também comumente conhecido como política do dividendo, a qual se preocupa com a destinação dado aos recursos financeiros que a empresa gera em suas atividades gerenciais extra-operacionais e operacionais.

Lemes Junior, Miesa e Cherobim (2005, p. 4) entendem que a função

financeira envolve um conjunto de ações que objetivam a criação de valor e a

maximização de riqueza. Estas ações basicamente acarretam em decisões ora

de investimentos, ora financiamentos ou de dividendos.

Os mesmos autores apresentam um quadro que resume as principais

funções financeiras, destacando que estas podem ser segregadas em dois

grupos, de acordo com a responsabilidade da gestão: as de tesouraria e as de

controladoria. Vejamos:

FUNÇÕES FINANCEIRAS

TESOURARIA CONTROLADORIA

• Administração do caixa;

• administração de crédito e cobrança;

• administração de risco;

• administração de câmbio;

• decisões de financiamento;

• planejamento e controle financeiro;

• proteção de ativos;

• administração de câmbio;

• relações com acionistas e investidores;

• relações com os bancos.

• Administração de custos e preços;

• auditoria Interna;

• contabilidade;

• orçamento;

• patrimônio;

• planejamento Tributário;

• relatórios gerenciais;

• desenvolvimento e acompanhamento de sistemas de gestão financeira.

Quadro 1 - Funções fi nanceirasFonte: Adaptado de Lemes Junior, Miesa e Cherobim (2005, p. 5).

Marteson
Realce
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Capítulo 1

17Finanças Empresariais

Como você pode constatar, existe uma diferença clara entre as funções

financeiras desenvolvidas pelo profissional que ocupa a tesouraria e o que

ocupa a controladoria. Se observar atentamente o quadro 1 apresentado, as

funções desempenhadas pelo primeiro se ocupam de decisões que afetam as

organizações no curto prazo. Por exemplo, quando há um descasamento entre

os prazos de recebimentos e pagamentos, a empresa terá de captar recursos

no mercado financeiro para fazer face as suas necessidades operacionais.

Já as funções de controladoria envolvem decisões estratégicas e, portanto,

assumem um caráter de longo prazo.

Busque identificar em sua empresa ou na de alguém conhecido se todas estas funções são desenvolvidas.

DESAFIO

Mas será que as funções financeiras não podem ser apresentadas de

outras formas?

Assaf Neto (2003, p. 29) buscou agrupá-las em quatro grandes grupos:

• planejamento financeiro, que envolve decisões que visam avaliar as

necessidades de recursos das empresas para seus planos de expansão,

bem como evitar percalços futuros;

• controle financeiro, que trata do acompanhamento e avaliação do

desempenho da empresa, objetivando a correção de rumos;

• administração de ativos, sejam estes de giro (envolvem a manutenção das

atividades operacionais) ou fixos, tendo como principal objetivo buscar a

estrutura que melhor rentabilize os investimentos e minimize riscos;

• administração de passivos, que busca a evidenciação das fontes de

recursos próprios ou de terceiros, possibilitando menor custo de

captação e menores riscos financeiros.

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Capítulo 1

18 Finanças Empresariais

Mas até aqui, a função financeira já percorreu um longo caminho. Que tal

viajarmos juntos no tempo?

O estudo das finanças se ajustou aos diferentes momentos da economia, e

nos ateremos aqui ao período de 1920 até os dias atuais, quando se percebem as

alterações mais significativas neste campo do conhecimento.

No período anterior ao que enfatizo, as obras de finanças, segundo Archer

e Ambrósio (1969), foram caracterizadas pela abordagem tradicional, focando os

principais acontecimentos da vida financeira das empresas, ao invés dos problemas

administrativos rotineiros.

Na década de 1920, segundo Weston (1975 apud ASSAF NETO, 2003), a

expansão industrial se acentuou, presenciando-se uma avalanche de fusões de

empresas para ampliar suas linhas de produtos. A lucratividade era grande, mas nem

tudo era um mar de rosas, os preços oscilavam muito e os recursos eram escassos, o

que exigia das empresas uma análise mais precisa de suas estruturas financeiras, ou

seja, onde captavam os recursos e onde estes eram alocados. No final desta década,

mais precisamente, o mundo atravessou uma primeira grande crise, também

chamada de Grande Depressão de 1929. A preocupação da função financeira passou

a ser os estudos que envolvem a recuperação financeira das empresas.

Passado este momento de turbulência, o que você acha, será que a situação

dos gestores financeiros melhorou?

Não. A 2.ª Grande Guerra desestabilizou o mundo financeiro. A função

financeira neste período se preocupava basicamente com a obtenção de recursos

para a manutenção da atividade empresarial. Cinco anos após o término da guerra,

a economia mundial ainda caminhava a passos lentos e o foco passou a ser a

reestruturação interna das empresas. As empresas tiveram de conviver com recursos

financeiros escassos e perda de rentabilidade.

Neste período, segundo Assaf Neto (2003 p. 27), duas correntes de estudiosos

lançaram as bases das chamadas “Finanças modernas”: a primeira, iniciada por

Hewry Markowitz (1952), introduziu os estudos de carteira e o trade-off (risco

X retorno). Já sobre a segunda, denominada “Finanças corporativas”, Miller e

Modigliani (1958) buscam demonstrar que o valor de uma empresa não está

atrelado à estrutura de capital. Aliás, anos mais tarde, seriam eles os ganhadores do

Prêmio Nobel de Economia.

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Capítulo 1

19Finanças Empresariais

Merton H. Miller (1923-2000), economista norte-americano, professor da Universidade de Chicago, obteve o Prêmio Nobel de Economia em 1990, compartilhado com Harry M. Markowitz e William F. Sharpe, por seu trabalho pioneiro sobre a teoria da economia financeira. Nascido em Boston, estudou em Harvard, onde foi estudante junto com Robert M. Solow. Obteve seu doutorado em 1952 na Johns Hopkins University, em Baltimore,

sendo discípulo de Fritz Machlup. Trabalhou na London School of Economics 1952-53 e na Carnegie-Mellon University, iniciando sua colaboração sobre finanças corporativas com Franco Modigliani. Em 1961 mudou-se para a Universidade de Chicago, tendo sido também professor visitante na Universidade de Lovaina, na Bélgica, em 1966-67.

BIOGRAFIA

Saiba que o estudo de Modigliani e Miller (1958) pode ser dividido em

três proposições, as quais contestam a Teoria Tradicional, ou seja, a existência

de um ponto (ou intervalo) ótimo na estrutura de capital, onde o valor da

empresa é maximizado.

A Proposição I de Modigliani e Miller (1958) define a essência de sua

teoria sobre a estrutura de capital afirmando que o valor de mercado de

qualquer empresa é independente de sua estrutura de capital e é dado pela

capitalização de seu retorno esperado à taxa apropriada a sua classe de risco.

A Proposição II de Modigliani e Miller (1958) afirma que o retorno

esperado de uma ação é igual ao retorno esperado de uma empresa sem

dívidas acrescido de um prêmio pelo risco financeiro.

Já na Proposição III, Modigliani e Miller (1958) afirmam que tendo como

base suas proposições acerca do custo de capital e estrutura financeira, uma

regra simples para a política ótima de capital da empresa seria a seguinte

situação: o retorno mínimo exigido para determinado investimento independe

de como ele é financiado. Além disso, a taxa mínima de atratividade para um

investimento seria tal que haveria uma completa separação entre as decisões

de investimento e as decisões de financiamento.

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Capítulo 1

20 Finanças Empresariais

Na década seguinte, a contribuição mais representativa foi

desenvolvida por Sharpe (1964 apud Assaf Neto, 2009, p. 7), que apresentou

seu modelo de precificação de ativos, mais popularmente conhecido como

modelo CAPM – Capital Asset Pricing Model, baseado na identificação

dos retornos mínimos exigidos para o nível de risco incorrido.

Na década de 70, as sucessivas crises do petróleo e a nova crise da

Bolsa de Nova York aumentaram ainda mais os riscos e as incertezas do

ambiente econômico, fazendo com que métodos quantitativos fossem

resgatados. Nesta época, a maior contribuição, segundo Assaf Neto

(2003, p. 8), foi o surgimento do modelo APT – Arbitrage Pricing Theory,

enunciado por Ross em 1976.

Saiba também que o CAPM busca evidenciar, de maneira objetiva,

a relação entre a rentabilidade esperada de um ativo qualquer num

mercado em equilíbrio, e o risco não diversificável demonstrado pelo

coeficiente beta.

Para Damodaran (2003), o CAPM é construído sobre a premissa de

que a variância de retornos é a medida de risco apropriada, mas somente

a variação que é não- diversificável é recompensada. O CAPM mede essa

variância não-diversificável utilizando uma estimativa beta; ou seja,

no CAPM mede-se o investimento em duas dimensões: o rendimento

esperado sobre o investimento que nada mais é do que a recompensa

por essa aplicação, e a variância nos ganhos esperados, que reflete o risco

existente no investimento.

O modelo pressupõe que os retornos sobre ativos sejam gerados por

uma série de fatores de âmbito setorial ou macroeconômico.

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Capítulo 1

21Finanças Empresariais

Franco Modigliani (1918-2003), economista italiano, nacionalizado norte-americano em 1946, Modigliani foi professor de Economia nas Universidades de Columbia, Illinois, Carnegie I.T., Northwestern e do Massachussets I.T. Aluno de Jacob Marschak, em sua tese doutorado de 1944 elaborou o que veio a ser o núcleo da síntese neokeynesiana da macroeconomia do pós-guerra. Contribuiu na teoria do dinheiro com o teorema Modigliani-Miller, de 1958, que afirma que um investidor racional considera somente a rentabilidade futura da empresa, não o montante da sua dívida, nem sua estrutura.

BIOGRAFIA

No decorrer da nossa disciplina, estudaremos de forma mais aprofundada

as ideias desses estudiosos da ciência financeira. E vamos em frente!

Os anos 80, para muitos, foram considerados “a década perdida”. Com

o aumento considerável das taxas de juros internacionais, fez com que muitos

países em desenvolvimento não tivessem condições de honrar os empréstimos

tomados anteriormente, o que acarretou em vários processos de rolagem

de dívida e moratórias. Como exemplos, cite-se o Brasil (1983, 1987 e 1988),

México (1982), Venezuela (1985), Chile (1983-84) e Bolívia (1985).

Uma moratória consiste no “adiamento dos vencimentos das dívidas, com a suspensão dos pagamentos e da ação na justiça, decretada pelo governo quando o país enfrenta circunstâncias excepcionalmente graves”? (MICHAELIS, 2008, p. 587).

SAIBA QUE

Agora, se você imagina que a década seguinte foi mais fácil, está

redondamente enganado. O maior fluxo de capitais internacionais

decorrente da exacerbação do processo de globalização da economia trouxe

consequências desastrosas. Várias instituições financeiras encerraram suas

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Capítulo 1

22 Finanças Empresariais

atividades, com destaque para o Banco Barings, em 1995, e para o fundo de

Investimento Long Term Capital Management, em 1998. Estas ocorrências

motivaram a revisão de vários procedimentos de supervisão bancária no

mundo, o que se convencionou no mercado financeiro como Acordo da

Basileia II. Mas, por outro lado, ocorreram também vários aprimoramentos,

com destaque para a técnica desenvolvida por Kaplan e Norton, denominada

BSC – Balanced Scorecard.

Observe a explicação de Kaplan e Norton (1997, p. 56):

O Balanced Scorecard é basicamente um mecanismo para a implementação da estratégia, não para sua formulação [...]. qualquer que seja a abordagem utilizada [...] para a formulação de sua estratégia, o Balanced Scorecard oferecerá um mecanismo valioso para a tradução dessa estratégia em objetivos, medidas e metas específicos [...].

Kaplan e Norton (1997) sugerem, em seu modelo, a adoção de quatro

perspectivas de análise, as quais têm se revelado adequadas em diversas

empresas e setores de mercado. São elas: financeira, dos clientes, dos processos

internos e do aprendizado e crescimento.

A perspectiva financeira busca avaliar a lucratividade da estratégia, a

partir de diversos indicadores, que serão objeto de estudo em outra unidade.

Entre os indicadores financeiros que podem ser considerados, constam

retornos sobre o investimento, o valor econômico agregado, a lucratividade, o

aumento de receitas, redução de custos e outros objetivos de cunho financeiro

que estejam alinhados com a estratégia da organização. Na perspectiva

financeira, as medidas financeiras indicam se a empresa está obtendo êxito

com as estratégias definidas, implementadas e executadas.

Vejamos também outra consideração de Kaplan e Norton (1997): a

perspectiva do cliente permite aos gestores identificar segmentos de clientes

e de mercado nos quais as unidades de negócio possam competir, bem como

definir as medidas de desempenho das unidades nos seus segmentos-alvo.

Em sua proposição, os autores orientam que a perspectiva do cliente

deve estruturada de forma a apreciar aos seguintes pontos-chave:

• Participação de mercado: representação da proporção de vendas

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Capítulo 1

23Finanças Empresariais

da unidade de negócio no mercado em que atua determinada em

termos de número de clientes, capital investido, unidades vendidas ou

instaladas.

• Retenção de clientes: acompanhamento, em números absolutos ou

relativos, do percentual de clientes com os quais a unidade de negócio

continua mantendo relações comerciais.

• Captação de clientes: medição, em termos absolutos ou relativos,

do percentual de clientes novos ou de novos negócios ganhos pela

organização.

• Satisfação dos clientes: registro do nível de satisfação dos clientes

em relação a critérios preestabelecidos de desempenho ou de valor

agregado.

• Lucratividade do cliente: medição da lucratividade da empresa no

negócio ou nos negócios com um cliente ou com um segmento de

mercado, depois de levantar as despesas específicas requeridas para

atender esse cliente ou esse mercado.

As medidas de processo interno, segundo Kaplan (1997), devem ser

voltadas para aqueles que terão maior impacto na satisfação do cliente e na

consecução dos objetivos financeiros da empresa que inclui três processos

principais:

• Inovação: devem ser pesquisadas as necessidades reais e futuras dos

clientes-alvos. Em seguida são desenvolvidos os produtos e/ou serviços

que deverão satisfazer as necessidades identificadas.

• Operação: as principais medidas operacionais genéricas são custo,

qualidade e tempo de resposta. Esta etapa tem início com o

recebimento de um pedido e termina com a entrega do produto ou

prestação de serviço.

• Serviço pós-venda: tem grande influência no processo de criação

de imagem e reputação da organização na cadeia de valor do

cliente, incluindo treinamentos, garantias, consertos, devoluções e

processamento de pagamentos.

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Capítulo 1

24 Finanças Empresariais

Então, temos a seguinte situação: o aprendizado e o crescimento

da organização vêm de três principais fontes – as pessoas, os sistemas e os

procedimentos organizacionais. É a base para a obtenção dos objetivos das

outras perspectivas e representa o maior interesse do executivo principal e

dos arquitetos do plano de negócios de longo prazo. Identifica também as

capacidades de que a empresa deve dispor para conseguir processos interno

capazes de criar valor para clientes e acionistas.

Como indicadores importantes, podem ser considerados: nível de

satisfação dos funcionários, rotatividade dos funcionários, lucratividade por

funcionário, capacitação e treinamento dos funcionários e participação dos

funcionários com sugestões para redução de custos ou aumento de receitas.

Em 1998, foi lançada uma produção inglesa intitulada Rogue Trader (A fraude), que narra a história da quebra do Banco Barings, decorrente de operações com mercados derivativos na filial de Singapura, por meio de um de seus empregados, Nick Leeson. O filme tem como protagonista Ewan McGregor, em ótima atuação. Assista!

CURIOSIDADE

Um novo século se inicia. Parece que os sobressaltos do mercado

financeiro acabaram. Ledo engano. Escândalos envolvendo empresas norte-

americanas, reconhecidas internacionalmente, ENRON (2001), XEROX (2002),

WORLDCOM (2002), abalaram a confiança dos mercados. Nos Estados Unidos

a mobilização proporcionou alterações significativas, a principal delas foi a Lei

SOX, Sarbanes Oxley, que estabeleceu maior proteção aos investidores ao exigir

que as empresas adotassem melhores práticas de governança corporativa.

Segundo o IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2010),

“Governança corporativa é o sistema que assegura aos sócios-proprietários o

governo estratégico da empresa e a efetiva monitoração da diretoria executiva. A

relação entre propriedade e gestão se dá por meio do conselho de administração,

a auditoria independente e o conselho fiscal, instrumentos fundamentais para

o exercício do controle. A boa governança corporativa garante equidade aos

sócios, transparência e responsabilidade pelos resultados (accountability)”.

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Capítulo 1

25Finanças Empresariais

Mais recentemente, em 6 de setembro de 2008, o mundo viveu – e ainda

vive – os reflexos uma nova crise financeira mundial. Para se ter uma noção do

estrago, somente nos Estados Unidos mais de uma centena bancos quebraram

desde o início da crise. Tudo isso reforça a necessidade de continuar a aprimorar

seus conhecimentos sobre finanças, pois este ambiente exige cada vez mais

profissionais qualificados.

1.2.2 Objetivos das finanças empresariais

Após conhecermos as funções financeiras, você saberia identificar qual ou quais são os objetivos das finanças empresariais?

DESAFIO

São diversas as opiniões sobre o objetivo, ou objetivos, das finanças

empresariais. Vejamos algumas delas.

Lemes Junior, Cherobim e Miesa (2005, p. 4) afirmam que “o objetivo da

administração financeira é a maximização da riqueza dos acionistas”.

Ross (1998), em outra perspectiva, informa que o objetivo é a maximização

do valor de mercado do capital dos proprietários existentes.

Na percepção de Assaf Neto (2009, p. 16), o objetivo deve estar voltado

“para a satisfação do retorno exigido pelos seus proprietários ou por algum

parâmetro de desempenho mais abrangente, que incorpore o bem-estar de

toda a sociedade”.

Algumas considerações devem ser realizadas:

• Primeiramente, quem são os acionistas? Em uma economia de mercado

mais madura, muitos de nós, de forma a potencializarmos nossas

economias, investimos na participação em empresas por meio da

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Capítulo 1

26 Finanças Empresariais

compra de ações, pois as próprias empresas entendem que o mercado

de capitais é uma fonte de recursos menos onerosa que empréstimos

e financiamentos tradicionais.

• Você conhece Adam Smith? Não? Deveria! Smith, ao escrever o livro A

riqueza das nações, trouxe as bases da economia liberal e o principio

da Mão Invisível, pelo qual considerava que as empresas ao buscarem

a satisfação de seus interesses acabariam por satisfazer os interesses

da sociedade como um todo.

Em perspectiva complementar, Assaf Neto (2003, p. 34) assevera que na

atualidade as questões econômicas consideradas como essenciais – o que, como

e para quem produzir – são respondidas pelas forças do mercado. O autor

observa também que esta abordagem está presente nos objetivos das finanças

empresariais ou corporativas que priorizam as decisões de investimento,

financiamento e dividendos. Estas decisões objetivam a promoção da riqueza

dos acionistas de forma mais eficaz e com riscos menores.

Verificamos então que as diferentes percepções do objetivo ou objetivos

podem ser sintetizados, conforme Assaf Neto (2009), da seguinte forma:

• maximizar o lucro;

• maximizar o valor de mercado;

• maximizar a riqueza do acionista e sustentabilidade.

Adam Smith nasceu em Kirkcaldy, Escócia. Seu pai, inspetor de alfândegas, morreu pouco antes de seu nascimento. Aos 14 anos ingressou na Universidade de Glasgow, onde se converteu em discípulo do professor de filosofia moral F. Hutchison. Depois ingressou na Universidade de Oxford, onde permaneceu por seis anos. Em 1748 ocupou um posto de professor de literatura na Universidade de Edimburgo, e em 1751 foi à Universidade de Glasgow para substituir Hutchison

na cátedra de filosofia moral. A publicação do livro Investigação sobre a natureza e causas da riqueza das nações, em 1776, é considerada a origem da economia como ciência.

BIOGRAFIA

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Capítulo 1

27Finanças Empresariais

Mas o que vem a ser o lucro empresarial?

O precursor da definição de lucro como sendo o montante que pode

ser consumido sem a redução do capital é Adam Smith, que você acabou de

conhecer.

Segundo Araújo e Assaf Neto (2004, p. 44),

no contexto empresarial, o lucro pode ser entendido como o resultado obtido com o uso do capital. Avançando esse raciocínio, a empresa não visa somente interesses próprios, busca também, um fluxo de riqueza aos seus acionistas. O capital é o estoque de riqueza capaz de gerar resultados futuros e o lucro é o fluxo de riqueza superior ao necessário para manter o capital constante.

De acordo com Copeland, Koller e Murrin (2000), o lucro econômico é o

resultado entre o valor do capital investido, multiplicado pelo retorno sobre o

capital investido, menos o custo de oportunidade do capital.

Segundo Helfert (2000), a geração de lucro para o acionista, em última

instância, depende de uma administração apropriada dessas áreas básicas de

decisão, comuns a todas as organizações.

Contudo, independente da percepção que você possa entender como a

melhor, lembre-se que qualquer objetivo deve ser mensurado. Preliminarmente,

já que aprofundaremos estes itens ao longo de nossa disciplina, apresento os

principais instrumentos de mensuração dos objetivos.

A maximização do lucro, segundo Assaf Neto (2009), representa a medida

de eficácia econômica, todavia o lucro apresentado não necessariamente

corresponde à efetiva capacidade financeira de pagamento de uma empresa,

pois, como sabemos, a demonstração dos resultados (DRE) registra os fatos

pelo regime de competência e não de caixa. Cabe ainda considerar como

restrições a não consideração dos riscos envolvidos da atividade e a forma de

distribuição dos resultados.

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Capítulo 1

28 Finanças Empresariais

Você saberia diferenciar regime de competência do regime de caixa?

DESAFIO

A maximização, no conceito de valor de mercado, se constitui no melhor

critério para a tomada de decisões financeiras, pois contempla a elaboração de

fluxo de caixa descontada uma taxa mínima de atratividade, que embute os riscos

associados à atividade (ASSAF NETO, 2009). Os riscos podem ser classificados em:

• econômicos – também denominados operacionais, são inerentes à

própria atividade da empresa e às características do mercado em que

opera, independente das fontes de recursos que financiam a empresa;

• financeiros – refletem o risco associado às decisões de financiamento,

buscando evidenciar a capacidade de pagamento que a empresa tem

ou terá para arcar com os compromissos assumidos.

1.2.3 As tomadas de decisão financeiras

Como você já pode perceber, as finanças empresariais se ocupam de

decisões que envolvem investimentos, financiamentos e dividendos, e envolvem

riscos ora inerentes à própria atividade, ora financeiros.

Lunkes (2007) destaca que um modelo de tomada de decisões deve

apresentar pelo menos quatro etapas, a saber: a definição do problema, a

formulação do objetivo e as alternativas de ação; identificar e avaliar as diversas

opções e, por fim, selecionar a melhor opção.

A partir de agora, você aprofundará os seus conhecimentos, percebendo

que toda e qualquer decisão em uma empresa apresenta reflexos financeiros

positivos ou negativos. A concepção de Assaf Neto (2009) é evidenciada na

figura apresenta a seguir.

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Capítulo 1

29Finanças Empresariais

LucroOperacional

Recursos deTerceiros

Custo de Captação

Custo doCapitalPróprio

Recursos dePróprios

Investi-mentosRiscos XRetornos

Risco

Econômico

Risco

Financeiro

Decisões de Financiamentos

Decisões de Investimentos

Figura 1 – Representação gráfi ca das decisões fi nanceiras Fonte: adaptado de Assaf Neto (2009).

Decisões de investimentos

As decisões de investimentos envolvem as atividades operacionais (caixa,

clientes, estoques), bem como os investimentos permanentes (máquinas,

equipamentos, imóveis e pesquisas), dentre outros. Você pode notar que

nem sempre estes itens têm seu valor percebido materialmente falando.

Este conjunto de bens e direitos de qualquer empresa nos remetem a várias

questões. Vejamos algumas.

• Os recursos financeiros encontram-se disponíveis para utilização imediata

ou estão alocados em aplicações financeiras que apresentam carência?

• Os saldos em caixa atendem às necessidades operacionais da empresa

ou estão sendo subutilizados?

• A conta clientes que representa as vendas a prazo que tenho a receber

contemplam retorno adequado. Não seria melhor vender à vista com

algum desconto?

• Ainda nesta linha, a política de crédito que adoto contempla a

avaliação da inadimplência?

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Capítulo 1

30 Finanças Empresariais

• Os níveis de estoque são compatíveis com minhas operações? – Lembre

que a falta ou excesso são prejudiciais a qualquer empresa.

• Minha produção será própria ou terceirizada?

• Os investimentos em máquinas, equipamentos e instalações atendem

às necessidades operacionais da empresa ou são subutilizados?

Lembre-se que todas estas decisões estão atreladas às atividades da

empresa; não podemos tratar uma empresa industrial da mesma forma

que uma empresa comercial ou uma prestadora de serviços. Tenha em

vista também que o porte das empresas pode influenciar nas decisões.

As decisões de investimento, segundo Brealey e Myers (1997, p.

3) estão relacionadas a quanto a empresa pretende investir e em quais

ativos. Acrescenta Van Horne (1995, p. 5) a essas ponderações a decisão

de realocar capital, bem como a necessidade de considerar os riscos

relacionados ao investimento desejado.

Santos (2006) afirma que a decisão de fazer investimento de capital

é parte de um processo que envolve a geração e avaliação das diversas

alternativas que atendam às especificações técnicas do investimento.

Numa decisão de investimento, Ramos (1996, p. 109) ressalta que os

“aspectos financeiros devem ser analisados, cuidadosamente, a fim de que

a decisão de realizar ou não o determinado investimento não contrarie o

objetivo de maximização da riqueza dos acionistas”.

Assaf Neto (2009, p. 12) afirma que as decisões financeiras são tomadas

de forma contínua e inadiável. O autor considera as decisões de investimentos

como as mais importantes, pois envolvem todo um processo que inicia na

identificação, se estende pela avaliação, e finaliza na seleção das alternativas

de aplicação dos recursos. Como estamos falando de resultados futuros, os

níveis de risco e incerteza são maiores.

Você pode, então, concluir que todo e qualquer investimento só será

viável aos olhos da empresa quando gerarem os retornos esperados. No

decorrer da disciplina aprofundaremos isso.

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Capítulo 1

31Finanças Empresariais

99,52% das empresas brasileiras são classificadas como micro e/ou pequenas empresas, com faturamento não superior a R$ 2.400.000,00, e por adotarem o regime simplificado de tributação, descuidam do registro de suas informações contábeis e financeiras, sem qualquer planejamento de suas atividades e/ou investimentos (SEBRAE, 2010).

CURIOSIDADE

Decisões de financiamento

Você já deve ter se perguntado inúmeras vezes se deveria comprar

uma TV, um carro ou um imóvel à vista ou a prazo, não? Quanta inquietação.

E você está certo, se esta decisão já é difícil para muitos de nós, imagine

numa empresa, onde os valores envolvidos são bem mais expressivos.

As decisões de financiamento, segundo Hoji (2008, p. 8), são

tomadas para captação de recursos para o financiamento das atividades

operacionais ou não, levando-se em conta a combinação dos empréstimos

e financiamentos de curto e longo prazo, bem como a estrutura de capital,

ou seja, o quanto empregarei de recursos próprios e de terceiros.

Van Horne (1995, p. 5) afirma que o gestor financeiro está preocupado

em determinar a melhor estrutura de capital, buscando a composição

ótima entre o capital próprio e de terceiros.

Na mesma direção, Assaf Neto (2003, p. 30) afirma que as decisões

de financiamento se preocupam com a escolha das melhores ofertas de

recursos e a melhor proporção entre o capital próprio e o de terceiros.

O mesmo autor objetivamente afirma que a decisão de financiamento

deverá não só preservar a capacidade de pagamento do tomador, mas

também ser realizado a custos reduzidos. Não basta viabilidade financeira;

ela deverá apresentar viabilidade econômica.

As decisões de financiamento podem ser classificadas, conforme

Lemes Junior, Miesa e Cherobim (2005), em operacionais e financeiras

(onerosas). Quando uma empresa efetua compras a prazo, ela está

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Capítulo 1

32 Finanças Empresariais

sendo financiada pelo seu fornecedor; os salários, os encargos sociais

e tributários, também se constituem em outras fontes operacionais de

recursos para as empresas.

Você já se perguntou como isso ocorre? Simples, vamos ao exemplo do

salário: um trabalhador trabalha ao longo do mês e somente receberá o salário

no quinto dia útil do mês seguinte. Durante este período, a empresa utiliza

estes recursos para realizar as suas atividades.

Em relação aos fornecedores ocorre a mesma coisa: imagine que eu

compro uma mercadoria para pagá-la em 30, 60 e 90 dias. Dependendo do

giro do meu estoque e dos prazos que concedo aos meus clientes, se forem

menores dos obtidos junto aos fornecedores, quem estará financiando minhas

vendas é o próprio fornecedor.

Percebe-se que uma empresa pode obter recursos sem recorrer às

instituições financeiras caso o ciclo de sua atividade operacional esteja

adequado. Mas esta ação não é tão simples, por isso as empresas buscam no

mercado financeiro os recursos necessários ao seu funcionamento.

As fontes de recursos podem ser assim classificadas:

• empréstimos;

• financiamentos.

Os empréstimos são recursos captados normalmente em curto prazo, e

não apresentam destinação específica. Já os financiamentos são operações de

maior prazo e apresentam sim destinação específica.

O mercado financeiro oportuniza uma série de instrumentos financeiros que possibilitam às empresas o financiamento de suas necessidades operacionais e permanentes. Você consegue identificar duas opções existentes no mercado, sendo uma de empréstimo e outra de financiamento?

REFLEXÃO

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Capítulo 1

33Finanças Empresariais

Conseguiu identificar? Parabéns! Se não, isso não é motivo de desânimo,

pois oportunamente, no decorrer da disciplina, apresentarei a você as principais

operações existentes no mercado.

Mas voltemos às decisões de financiamento, a uma questão primordial:

o custo de capital. Lembre-se: não basta ter acesso ao dinheiro, devemos nos

preocupar com o custo dele.

O custo de capital pode ser apurado de acordo com a fonte de recursos.

E como você já percebeu, as empresas se utilizam de recursos próprios e de

terceiros. Um grande engano de muitas empresas é achar que o capital próprio

não tem custo. O que você acha?

Pois bem, na opinião de Assaf Neto (2003), o custo do capital próprio

revela o retorno desejado pelos acionistas de uma empresa em decorrência

das decisões de alocação dos recursos próprios.

Por exemplo:

Imagine que você aplicou R$ 100.000,00 para montar a sua empresa e ao final de um ano tenha retirado R$ 13.000,00. Isso representa uma taxa de retorno de 13% ao ano.

A conclusão é de que os acionistas estão exigindo uma remuneração de

13% ao ano. Se encontrarmos no mercado financeiro uma operação com uma

taxa menor que essa, é melhor utilizar o capital de terceiros.

Ainda conforme Assaf Neto (2003), o custo de capital de terceiros é

definido de acordo com as fontes onerosas, sejam elas representadas por

empréstimos ou financiamentos. Além das taxas de juros, devemos analisar

os impactos dos prazos de carência e amortização, as garantias exigidas. Algo

que poucas empresas avaliam na análise das operações é o benefício fiscal –

redução do imposto de renda a pagar, decorrente do impacto das despesas

financeiras nos seus resultados.

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Capítulo 1

34 Finanças Empresariais

Decisões de dividendos

Hoji (2008) e Assaf Neto (2009), dentre muitos outros, ressaltam que as

decisões anteriores se integram a uma terceira, as decisões de dividendos. Mas

antes de prosseguir, você sabe o que são dividendos?

Na opinião de Lemes Junior, Miesa e Cherobim (2005, p. 298), dividendo é

a distribuição parcial ou total em dinheiro do lucro auferido por uma empresa

em um determinado período, ou, ainda, dos lucros acumulados ao longo de

sucessivos períodos.

Na percepção de Van Horne (1995, p. 6), o valor dos dividendos deve ser

comparado ao custo de oportunidade de reter os lucros, ou seja, a política de

dividendos interfere nas decisões de financiamentos. Em outra perspectiva,

Kayo (1997, p. 2) ressalta que a decisão de reter o lucro “afeta o nível do

fluxo de caixa da empresa e, portanto, determina a quantidade de recursos

disponíveis para novos investimentos”, relacionando-a, dessa forma, às

decisões de investimentos.

Agora que você já sabe o que significam dividendos, responda: caso estivesse na condição de um empresário, o que faria com os resultados auferidos?

DESAFIO

Se você respondeu que faria a distribuição total, faz parte de um grupo

de empresários que carecem de uma melhor gestão financeira. Você inclusive

já deve ter ouvido a expressão “A empresa vai mal, mas os empresários muito

bem, graças a Deus”. Observo, ao longo da minha carreira, seja na condição

de docente ou de profissional de mercado, que muitas empresas não avaliam

adequadamente suas ações financeiras e acabam muitas vezes por sucumbirem

diante das primeiras crises.

Se você respondeu que distribuiria uma parte e outra reinvestiria na

empresa, você pode ter escolhido um caminho melhor. Mas por quê?

Marteson
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Capítulo 1

35Finanças Empresariais

Como já viu anteriormente, os recursos para investimentos na empresa

podem ser obtidos na forma de capital próprio ou de terceiros, e que um e

outro apresentam um custo que pode se revelar maior ou menor em dado

momento. Portanto, a definição de uma política de investimentos torna-se um

imperativo para qualquer empresa.

Na percepção de Assaf Neto (2009, p. 588), uma política de investimentos

deve contemplar duas situações: uma primeira, na qual pode restringir a

atual distribuição na expectativa de futuras distribuições em valores mais

representativos; numa outra, pode optar por uma maior taxa de distribuição

e, consequentemente, a postergação de seus investimentos.

Em linha com Assaf Neto, Lemes Junior, Miesa e Cherobim (2005, p. 306)

afirmam ser complexa a escolha da melhor política de dividendos, e consideram

ainda que esta deva atender às seguintes recomendações:

• priorizar a implementação de todos os projetos de investimentos que

possam resultar em agregação de valor;

• buscar estruturar o capital necessário aos investimentos que

representem o menor custo total do capital;

• respeitar as preferências dos investidores em relação ao fluxo de

pagamentos dos dividendos;

• evitar alterações constantes e relevantes, pois estas podem aumentar

a percepção de incerteza e risco dos investidores.

Os mesmos autores ainda consideram que as variáveis liquidez, acesso

às fontes externas de financiamento e o comportamento da inflação e das

taxas de juros são importantes no processo de definição de uma política de

dividendos consistente.

Marteson
Realce
Marteson
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Capítulo 1

36 Finanças Empresariais

1.2.4 O papel do gestor financeiro e a importância da postura ética em suas ações e decisões

Saiba que o gestor financeiro é o principal responsável pela criação

de valor para o acionista ou proprietário da empresa.

Sanvicente (1997, p.17) ressalta que:

O administrador financeiro é um indivíduo ou grupo de indivíduos preocupados com a obtenção de monetários para que a empresa desenvolva suas atividades correntes e expanda sua escala de operações, se assim for desejável, e com a análise da eficiência com a qual os recursos são utilizados pelos diversos setores e áreas de atuação da empresa. O administrador financeiro é membro de um grupo assessor da alta direção em qualquer empresa.

Sobre o assunto, Silva (2008) acrescenta que o gestor financeiro, na

busca por alcançar o objetivo da maximização da riqueza aos acionistas,

deverá observar as seguintes variáveis: perspectiva de longo prazo,

valorização do dinheiro no tempo, retorno do capital próprio, análise de

risco e política de distribuição de dividendos.

Em perspectiva complementar, Gropelli e Nikbakth (2001) enfatizam

que a responsabilidade do gestor financeiro reside em conciliar as

necessidades ambientais e sociais com o objetivo fim de qualquer

organização, que é o lucro, contudo, afirmam os autores, a observância

dessas necessidades pode implicar menor grau de eficiência dos recursos

financeiros, sendo, no entanto, compensados pelos ganhos de imagem da

organização, que sofre mudanças significativas ao longo do tempo: mas

seu campo de atuação fica maior.

O gestor financeiro é o principal responsável pela criação de valor

para o acionista ou proprietário da empresa. O papel deste sofreu

significativas mudanças ao longo do tempo: seu campo de atuação ficou

maior. Gitman (2001) demonstra que este profissional poderá atuar como

analista financeiro, gerente de orçamento de capital, gerente de projetos

de investimentos, gerente de caixa, analista ou gerente de crédito e

gerente de fundos de pensão, sem falar no surgimento nos últimos anos

do “personal finance”. Do gestor, ainda são requeridos conhecimentos

sobre economia, contabilidade, dentre outros.

Marteson
Realce
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Capítulo 1

37Finanças Empresariais

Vejamos então alguns dos principais conceitos de cada uma destas

áreas.

Na percepção de Gitman (2001), o gestor financeiro deve entender

o quadro geral da economia, conhecer as estruturas de mercado, noções

de macroeconomia, tais como taxa de juros, nível de emprego, inflação e

câmbio. A contabilidade contribui com a elaboração de relatórios, como

balanços patrimoniais, demonstrações de resultado e fluxo de caixa.

Em qualquer das situações anteriormente expostas, e ainda revendo o

que já estudamos no item 1.2.1, o gestor financeiro também mantém relação

com inúmeras organizações lucrativas ou não e opera com informações de

naturezas fiscais, financeiras, contábeis, cadastrais, dentre outras.

Estas informações, dependendo do porte da empresa, estão acessíveis

a qualquer pessoa em sites como o da Comissão de Valores Mobiliários,

Bolsa de Valores de São Paulo, Banco Central do Brasil, além dos sites das

próprias empresas, que mantêm uma página de relação com investidores.

Neste contexto, surgem inúmeros questionamentos sobre a postura

ética. Mas o que vem a ser isso, ética?

Segundo Michaelis (2009, p. 365), a ética pode ser entendida de duas

formas: uma primeira a preconiza como parte da filosofia que se dedica

ao estudo os valores morais e os princípios ideais de conduta humana.

Ainda segundo o mesmo autor, pode ser considerada como um conjunto

de princípios morais que devem ser respeitados no exercício de qualquer

profissão.

Dobson (1993, p. 57), buscando demonstrar o papel da ética em finanças,

diz que

a teoria econômico-financeira promulgou seu tipo particular de hedonismo. Ressaltando ainda que a única motivação razoável para o comportamento humano é a maximização da riqueza pessoal, sancionou e promoveu tal comportamento entre a comunidade financeira.

Sob esse prisma, ressalta o autor que a ética em finanças tende a ser

vista apenas dentro do rígido conceito da teoria financeira, e que, por

isso, assume o papel ambíguo e subserviente de legitimar alguns objetivos

Marteson
Realce
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Capítulo 1

38 Finanças Empresariais

materialistas. Afirma ainda que a atual concepção de ética, como uma

restrição ao comportamento, é ilógica, pois sanciona comportamentos

não éticos se estes levarem a ganhos financeiros; nessa mesma linha de

raciocínio, critica os que afirmam que o comportamento ético é uma

restrição necessária e desejável por manter o nível de confiança no

mercado.

Segundo Gropelli e Nikbakht (1998), observa-se que a administração

financeira é uma área desafiadora e compensadora, sendo estimulante

pelo fato de aos gestores financeiros ser atribuída a responsabilidade

de planejar o crescimento e a direção futuros de uma empresa, o que

pode afetar de forma considerável a sociedade na qual ela está inserida.

Portanto, os deveres para com a sociedade podem interferir nos lucros das

empresas.

Nessa relação devem ser observados os aspectos sociais, morais,

ambientais e éticos, pois estes fazem parte do processo de decisão de

investimento e não podem ser ignorados pelos gestores financeiros.

Gitman (2001, p. 45) retrata que em virtude de inúmeras ações

tomadas em grandes negócios que passaram a figurar nas coberturas da

mídia, ações estas que envolveram praticamente todos os setores (bancos,

fábricas de confecções e cigarros são alguns exemplos citados pelo autor),

foram adotados padrões de comportamentos éticos pela comunidade

financeira e de negócios.

Os marcos legais, por meio de leis, regulamentações e instruções,

passaram a nortear todas as ações e práticas profissionais.

O mesmo autor (2001) relata ainda que, em pesquisa realizada com

empresários, representantes do congresso dos Estados Unidos e reitores

de cursos de administração, 63% das respostas afirmaram que a maior

competitividade estava relacionada à adoção de padrões elevados de ética.

O resultado da pesquisa foi determinante na implantação de códigos de

ética formais em muitas empresas. No Brasil, várias empresas públicas e

privadas já adotam estes códigos.

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Capítulo 1

39Finanças Empresariais

EXPLORANDOEXPLORANDO

Busque em revistas, jornais e na própria internet cinco empresas no Brasil, entre públicas e privadas, que possuam o código de ética formalizado.

O gestor financeiro deverá sempre avaliar as seguintes questões,

conforme Robert A. Cooke (1991 apud ASSAF NETO, 2009), para determinar

a viabilidade ética de uma ação proposta:

• Trata-se de uma ação arbitrária ou extravagante? Ela aponta de

forma injusta para um indivíduo ou grupo?

• Essa ação viola a moral ou os direitos legais de algum indivíduo

ou grupo?

• A ação está de acordo com padrões morais aceitáveis?

• Existem cursos alternativos de ação que teriam menos

probabilidade de causar dano real ou potencial?

Caccese (1997) indica algumas possíveis razões para o crescente

interesse por ética tanto em finanças como em outras empresas voltadas

para o lucro:

• pressão dos consumidores;

• melhorar a produtividade e o serviço aos clientes;

• competitividade (ser ético é uma estratégia de marketing);

• mudanças nos valores da sociedade (pessoas primeiro, lucro

depois);

• temor de dano monetário e na reputação por procedimento não

ético.

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Capítulo 1

40 Finanças Empresariais

1.3 Aplicando a teoria na prática

A seguir, apresento um caso rotineiro, usando um nome fictício para

narrar uma situação em que você pode se reconhecer.

A empresa Alpha Três, que atua há mais de 10 anos no segmento de

móveis, comercializando seus produtos para clientes no mercado interno e

também externo, percebeu uma elevação significativa dos pedidos nos últimos

meses. Preocupada em atender a demanda crescente por seus produtos, que

se caracterizam pelo excelente padrão de qualidade, identificou que seriam

necessários investimentos na ampliação de sua planta industrial da ordem de

R$ 1 milhão de reais, exclusivamente em máquinas e equipamentos. O gerente

financeiro apresentou diversas propostas de financiamento: uma primeira

pela FINAME PSI, com prazos de carência de 24 meses e outros 96 meses de

amortização da dívida, a uma taxa de 5,5% ao ano. Outra, na forma de leasing

com prazo de 48 meses, com prestações fixas mensais de R$ 26.500,00. Os

donos da empresa, no entanto, não são favoráveis à captação de recursos

junto a bancos, e como eles dispõem deste recurso em aplicações financeiras,

julgam melhor resgatar as aplicações e realizar os investimentos.

Considerando os estudos que realizou, identifique, no caso apresentado,

aspectos relacionados aos assuntos abordados neste capítulo. Lembre: você

estudou a função financeira, os objetivos das finanças empresariais, o processo

de tomada de decisão, o papel do gestor financeiro e as implicações éticas. É

possível, portanto, que em uma determinada situação você encontre relação

com mais de um tópico do estudo.

E aí? Conseguiu?

Ao apresentar uma solução para o caso, destaco os principais

aspectos encontrados. É possível que você encontre outras informações que

complementarão a resposta.

Em relação à situação apresentada, a mesma envolve inicialmente uma

discussão a respeito das decisões de investimento (ampliar a planta industrial)

em decorrência de questão de natureza econômica (aumento da demanda).

Este último item evidencia a necessidade do profissional que atua como gestor

financeiro ser um conhecedor do mercado de atuação da empresa.

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Capítulo 1

41Finanças Empresariais

Num segundo momento, o gerente financeiro se viu envolvido na análise

de alternativas de financiamento. Ele procurou verificar as opções existentes

no mercado, de forma a atingir o objetivo, que era rentabilizar o investimento

da empresa por meio de operação que representasse o menor custo.

1.4 Para saber mais

Sugiro algumas leituras para que você se atualize sobre o tema estudado

neste capítulo.

Site: RAUSP - Revista de Administração da USP

URL: <http://www.rausp.usp.br/>.

O periódico apresenta artigos sobre a administração em suas diversas áreas.

Título: Administração fi nanceira nas empresas de pequeno porte

Autor: Matias, A.B. Editora: Manole, SP Ano: 2002

Nesta obra, principalmente no capítulo 2, você pode ampliar os conhecimentos e a aplicabilidade das funções financeiras no âmbito de empresas de menor porte.

1.5 Relembrando

O capítulo 1 apresentou:

• noções de função financeira, em que elencamos os principais conceitos,

sua evolução histórica, identificando a sua correlação com a economia.

Foi possível vislumbrar vários estudiosos considerados relevantes para

o desenvolvimento da área;

• objetivos da função financeira: a fim de situá-lo e auxiliar na

compreensão das finanças empresariais, foram apresentadas as

diferentes visões sobre o assunto;

• as tomadas de decisão financeiras: a compreensão de que o processo

de decisões financeiras é complexo, envolvendo constantes avaliações

de origem e destinação de recursos, riscos e retornos;

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Capítulo 1

42 Finanças Empresariais

• o papel do gestor financeiro e suas implicações éticas: a compreensão

do contexto ético deve imperar nas relações do gestor financeiro e os

diferentes agentes, sejam eles econômicos, políticos ou sociais.

1.6 Testando os seus conhecimentos

1) Ética pode ser entendida como:

a) uma série de proibições ligadas ao sexo.

b) um sistema ideal de grande nobreza na teoria, mas inaproveitável na

prática.

c) algo entendível apenas no contexto da religião.

d) algo relativo ou subjetivo, ou seja, depende exclusivamente da

situação.

e) nenhuma das afirmativas anteriores.

2) Quais são os riscos da empresa associados às decisões financeiras? Explique.

3) A dinâmica das decisões financeiras impõe às empresas a análise de três

padrões. Discorra sobre eles.

4) A função financeira pode ser agrupada em quatro grandes grupos. Das

atividades relacionadas, qual está relacionada ao grupo administração de passivos?

a) Gestão de contas a receber.

b) Controle do estoque.

c) Captação de recursos.

d) Gestão do fluxo de caixa.

e) Administração do imobilizado.

Marteson
Realce
Marteson
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Capítulo 1

43Finanças Empresariais

Onde encontrar

ARCHER, S. H.; D’AMBROSIO, E. C. Administração financeira: teoria e

aplicação. São Paulo: Atlas, 1969.

ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.

______; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. São Paulo: Atlas, 2009.

BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo:

Atlas, 1989-1995.

BREALEY, R. A.; MYERS, S. C. Princípios de finanças empresariais. Lisboa:

McGraw-Hill. 5. ed, 1997.

CACCESE, M. S. Ethics and the financial analyst. Financial Analysts Journal, v.

53, n. 1, p. 9-14, jan./fev. 1997.

COPELAND, T.; KOLLER, T.; MURRIN, J. Avaliação de empresas – Valuation.

São Paulo: Makron Books, 2000.

DOBSON, J. Ethics in finance II. Financial Analysts Journal, v. 53, n. 1, p. 15-

25, jan./fev. 1997.

GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira essencial. São Paulo:

Bookman, 2001-2002.

GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Administração financeira. São Paulo: Saraiva,

2001.

HELFERT, E. A. Técnicas de análise financeira. Porto Alegre: Bookman Cia.

Editora, 2000.

HOJI, M. Administração financeira e orçamentária: matemática financeira

aplicada, estratégias financeiras e orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 2008.

KAYO, E. K. Estrutura de capital e oportunidades de crescimento: uma

análise dos determinantes do endividamento em diferentes contextos

empresariais. Dissertação de mestrado, FEA- USP, São Paulo, 1997.

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Capítulo 1

44 Finanças Empresariais

LEMES JÚNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração

financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras. Rio de Janeiro:

Elsevier; Campus, 2005.

MARTINS, E. Administração financeira. São Paulo: Atlas, 1996.

MICHAELIS. Dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos,

2008.

RAMOS, C. F. Decisões de investimento de capital: a consideração de aspectos

estratégicos. 20º ENANPAD, 1996.

ROSS, S. A.; JAFFE, J. F.; WESTERFIELD, R. Administração financeira. São Paulo:

Atlas, 2002.

SANTOS, José Odálio dos. Avaliação de empresas. São Paulo: Saraiva, 2006.

SANVICENTE, A. Z. Administração financeira. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1997.

SILVA, J. P. Análise financeira das empresas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

VAN HORNE, J.C. Financial Management and Policy. New Jersey: Prentice

Hall, 1995.

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Capítulo 2

45Finanças Empresariais

PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO

CAPÍTULO 22

2.1 Contextualizando

Este capítulo ajudará você a compreender o processo de planejamento

e controle financeiro na empresa e o uso de ferramenta para a confecção do

orçamento empresarial.

O texto mostrará que o planejamento financeiro nos dias atuais se revela

de extrema importância não só para as empresas, mas também para as pessoas

físicas, e quanto maior a nossa compreensão, maior será o nosso desafio.

Serão apresentadas noções de planejamento financeiro, suas aplicações

em curto e longo prazo, o orçamento como principal instrumento de

planejamento e, por fim, os métodos de controle financeiro. Você perceberá

quão abrangente é o campo de aplicação das informações contidas neste

capítulo e os desafios que o administrador financeiro enfrenta no seu dia a

dia para pô-las em prática.

Espera-se que, ao final do estudo, você seja capaz de descrever o

planejamento financeiro, seus desdobramentos e, principalmente, consiga

visualizar por que este assunto é apresentado nesta disciplina.

2.2 Conhecendo a teoria

2.2.1 Planejamento financeiro – conceito

É comum o ato de planejar em todas as atividades do nosso dia a dia,

já pensou nisso? Quando pensamos em nossos atos dentro de uma empresa

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Capítulo 2

46 Finanças Empresariais

ou mesmo em nossa vida pessoal, sempre estamos a analisar objetivos, traçar

cenários e avaliar resultados. Isso envolve diferentes estratégias ao longo do

tempo, que pode ser de curto, médio ou longo prazo.

Para visualizar esse processo, vejamos antes alguns conceitos, tais como

o processo de gestão e os níveis de planejamento.

CONCEITOCONCEITO

Os termos gestão e administração estão presentes no dia a dia das pessoas. Você já avaliou que muitos de nós usamos estas palavras como se apresentassem o mesmo significado?

Gestão, segundo Michaelis (2008, p. 417), é o ato de gerir, administrar e/ou dirigir. O mesmo autor (2008, p. 18) afirma que administração é o ato de administrar, governar, exercer cargo.

Dias (2002, p. 10), por sua vez, afirma que administrar é “planejar, organizar, dirigir e controlar pessoas para atingir de forma eficiente e eficaz os objetivos de uma organização”. Já em relação à gestão, Dias considera como lançar mão de todas as funções e conhecimentos necessários por meio de pessoas, a fim de atingir os objetivos de uma organização, de forma eficiente e eficaz.

Uma boa leitura, neste momento, é o artigo de Emerson de Paulo Dias, “Conceitos de gestão e administração. Uma revisão crítica”. Acesse: <http://www.facef.br/rea/edicao01/ed01_art01.pdf>.

Na concepção de Padoveze (2005), o processo de gestão é definido

como um conjunto de atividades administrativas dispostas em sequência

para a gestão dos objetivos de uma entidade. Ele envolve um ciclo que

começa com o planejamento, segue na execução e finaliza no controle. A

figura 1 representa o que acabamos de mencionar.

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Capítulo 2

47Finanças Empresariais

Figura 1 - Processo de gestãoFonte:Adaptada de Lunkes (2007).

Controle

Planejamento

Execução

Neste primeiro momento, o planejamento será a nossa maior preocupação.

Segundo Hoji (2010, p. 6), o planejamento é “a função administrativa

que determina com antecedência as ações a serem executadas dentro de

cenários e condições preestabelecidas para atingir os objetivos fixados”. Ele

pode ser classificado, segundo o mesmo autor, em três níveis: estratégico,

tático e operacional.

Hoji (2010, p.7) considera que o planejamento estratégico é de longo

prazo e de responsabilidade dos gestores que ocupam os níveis mais altos

da entidade. Já o planejamento tático é uma derivação do primeiro e tem

por objetivo a otimização de determinada área de resultado, não a entidade

como um todo, pois seu horizonte de tempo é mais curto. Finalmente, o

planejamento operacional objetiva maximizar os recursos alocados nas

operações da entidade, num determinado período de tempo.

Para Mintzberg (1995), o planejamento estratégico é um processo

formalizado que leva em conta as oportunidades e ameaças do ambiente,

bem como os pontos fortes e fracos da organização, para produzir os

resultados, estabelecendo os objetivos, as estratégias e as ações na forma

de um sistema integrado de decisões.

Marteson
Realce
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Capítulo 2

48 Finanças Empresariais

Segundo Maximiano (2000), o processo de planejamento é uma

estratégia que as pessoas e organizações recorrem para administrar

suas relações com o futuro, sendo considerada uma forma específica de

aplicação do processo decisório. Portanto, numa organização inovadora,

a adoção de técnicas de planejamento permite elevar seu grau de controle

sobre o futuro dos sistemas internos e das relações com o ambiente.

Esse processo formalizado é composto por etapas e, segundo Oliveira

(1991), as principais incluem a formulação da missão, a análise dos ambientes

externos e internos, a avaliação estratégica, a definição das áreas estratégicas

e os processos de acompanhamento, o controle e a avaliação do plano.

Para Oliveira (1999, p. 35), o planejamento estratégico constitui-se

de três momentos:

• planejamento estratégico – que pode ser entendido como um

processo gerencial que possibilita ao gestor estabelecer o rumo a

ser seguido pela empresa;

• tático – tem por objetivo aperfeiçoar determinada área de resultado

e não a empresa como um todo; e

• operacional – entenda-se como sendo a formalização, principalmente

por meio de metodologias de desenvolvimento e implantação

estabelecidas.

Em perspectiva similar, Bateman e Snell (1998) abordam que o contexto

estratégico retrata os objetivos e ações de longo prazo, o tático, as áreas

funcionais e o operacional, os procedimentos e processos dos níveis hierárquicos

inferiores de uma organização.

Agora que você já compreende o que é planejamento, questiono: o que

vem a ser, de forma específica, o planejamento financeiro?

Assaf Neto (2003, p. 29) afirma que o planejamento financeiro envolve

decisões que visam avaliar as necessidades de recursos das empresas para seus

planos de expansão, bem como evitar percalços futuros.

Na percepção de Padoveze (2005), o planejamento financeiro envolve

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Capítulo 2

49Finanças Empresariais

decisões de investimento e estruturação do ativo, decisões de financiamento

e estruturação do passivo, política de dividendos e gestão de capital de giro.

Hoji (2010) vai mais além e afirma que o planejamento financeiro é parte

essencial da atividade empresarial. Subestimá-lo pode ser a diferença entre a

falência e o êxito.

Ross, Westerfield e Jaffe (2002) ponderam que o planejamento financeiro

estabelece diretrizes de mudanças na empresa. Para que este seja viabilizado,

é necessário que a empresa defina metas e que estas possam ser confrontadas

com a situação corrente da empresa.

O planejamento econômico-financeiro, na concepção de Lemes Junior,

Rigo e Cherobim (2005, p. 405) é “a ferramenta adequada para os estudos

de viabilidade do planejamento da empresa”. Os autores ainda asseveram

que por meio dele são avaliados os resultados relativos a objetivos, decisões

e alternativas constantes do planejamento da empresa, indicando ou não um

investimento, sob o prisma financeiro.

Gitman (2001) complementa e afirma que o planejamento financeiro é “um

aspecto importante das operações da empresa, porque ele mapeia os caminhos

para guiar, coordenar e controlar as ações das empresas para atingir seus objetivos”.

Segundo Brealey e Myers (1997), o planejamento financeiro é

necessário porque as decisões de investimento e de financiamento são

interdependentes e não devem ser tomadas isoladamente. Em outras

palavras, o todo pode ser maior ou menor do que a soma das partes. Estes

autores ressaltam que o resultado final do processo de planejamento

financeiro é o plano financeiro. O plano financeiro de uma pequena

empresa contém os mesmos elementos de uma grande empresa, porém,

menos pormenorizadas e documentadas podendo estar totalmente na

cabeça do proprietário. O plano apresenta balanços, demonstrações de

resultados, demonstrativos de origens e aplicações de recursos pro forma

(isto é, projetados/previsionais).

Halloran (1994, p. 22), sobre o planejamento financeiro presume a sua

elaboração e resume: “embora as projeções financeiras sejam apenas uma

estimativa, elas tornam-se mais concretas à medida que você colhe um numero

maior de informações”. Tal estimativa, segundo Zdanowicz (1998, p. 22), leva a

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Capítulo 2

50 Finanças Empresariais

projeção financeira ser procedida de atitudes dentro da empresa, de projeção

para o futuro – a apresentação do orçamento determinará as novas condições

de trabalho assim como as estimativas (das vendas, dos custos de aquisições de

matéria prima, das contratações de mão de obra, dos demais custos indiretos

de fabricação e das despesas operacionais da empresa).

Segundo Weston (2000, p. 342), “O planejamento financeiro

envolve a realização de projeções de vendas, renda e ativos baseados

em estratégias alternativas de produção e de marketing, seguidas pela

decisão de como atendes às necessidades financeiras previstas”. Diz

também o autor que “o processo de planejamento financeiro começa

com a especificação dos objetivos da empresa, após o que a administração

divulga uma série de previsões e orçamentos para cada área significativa

da empresa” (2000, p. 343).

Silva (2006, p. 48), por sua vez, atenta que “o planejamento envolve

decisões em relação ao futuro, visando identificar e avaliar as melhores

alternativas e suas consequências”.

O plano financeiro permite determinar o tipo e a natureza das

necessidades de financiamento. O uso eficiente de um plano financeiro é

resumido por Cherry (1977, p. 35) como

estreitamente associado com a aquisição eficiente de fundos e seu uso adequado está o planejamento da função financeira. O planejamento financeiro ajuda a garantir a disponibilidade de fundos suficientes quando necessários, informa com antecedência as necessidades de fundos de maneira que as negociações sejam eficientes e aumentem as possibilidades de rendimento.

Para Braga (1992, p. 230), o planejamento financeiro compreende a

programação avançada de todos os planos da administração financeira e a

integração e coordenação destes com os planos operacionais de todas as áreas

da empresa.

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Capítulo 2

51Finanças Empresariais

Para Groppelli e Nikbakht (1998, p. 364),

planejamento financeiro é o processo de estimar a quantia necessária para continuar as operações de uma companhia e decidir quando e como a necessidade de fundos seria financiada. Sem um procedimento confiável para estimar as necessidades de financiamento, uma companhia pode acabar não tendo fundos suficientes para pagar seus compromissos, tais como juros sobre empréstimos, duplicatas a pagar, despesas de aluguel e as despesas de luz e telefone.

Como você pode constatar, diversos autores ressaltam a importância do

planejamento financeiro, que pode ser desenvolvido em horizontes de tempos

diferenciados: quando se tratar do curto prazo, estamos nos remetendo a

aspectos operacionais; quando de longo prazo, estarão envolvidas questões

mais estratégicas.

Na sequência deste capítulo veremos o detalhamento destas abordagens.

Mas antes de prosseguir, vamos a um desafio.

Procure identificar duas empresas que elaborem seus planejamentos financeiros. Caso tenha acesso autorizado às informações, procure descrever detalhadamente o processo de elaboração, quais seus facilitadores e dificuldades para elaborá-lo.

DESAFIO

2.2.2 Planejamento financeiro de curto prazo

Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005, p. 406) afirmam que

as atividades desenvolvidas pela empresa para a preparação do planejamento econômico-financeiro de curto prazo visam preparar quatro demonstrativos financeiros que serão utilizados para a análise de viabilidade do planejamento das empresas e, se aprovados, seus conteúdos constituirão os objetivos financeiros a serem perseguidos.

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Capítulo 2

52 Finanças Empresariais

Os mesmos autores apontam que os quatro demonstrativos são:

• o orçamento de capital, também denominado orçamento de

investimentos;

• a projeção do fluxo de caixa, também denominado orçamento de caixa;

• a demonstração de resultados projetada, ou orçamento operacional;

• os balanços patrimoniais projetados.

Segundo Gitman (2001), o planejamento financeiro de curto prazo

também pode ser denominado operacional, e busca especificar as ações

financeiras em curto prazo, bem como o possível impacto dessas ações.

No entendimento de Gitman, o planejamento de curto prazo implica

em períodos de um a dois anos. O autor ainda descreve o processo de

planejamento financeiro pelo fluxograma, representado pela figura 2.

Balanço patrimonial do período atual

Previsão de Vendas

Planos de Produção

Demonstração de Resultados projetada

Balanço patrimonial projetado

Plano de financiamento a longo prazo

Orçamento de Caixa

Plano de dispêndio de

Capital

Informação necessária

Saídas para análise

Figura 2 - Planejamento fi nanceiro de curto prazoFonte: Gitman (2001).

A principal metas do planejamento a curto prazo, segundo Gitman

(1997, p. 588) é a previsão de vendas juntamente com os dados operacionais

e financeiros. Como resultado da análise do planejamento a curto prazo têm-

se como mais importantes os orçamentos operacionais, orçamento de caixa e

demonstrações financeiras projetadas.

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Capítulo 2

53Finanças Empresariais

Segundo Ross (1998, p. 609), “as finanças a curto prazo consistem em

uma análise das decisões que afetam os ativos e passivos circulantes, com

efeitos sobre a empresa dentro do prazo de um ano”. As finanças a curto

prazo fazem a empresa ter uma abordagem mais técnica sobre aspectos no que

dizem respeito ao nível de caixa a ser mantido num banco para pagamento

de contas, quanto de matéria prima deve-se encomendar e quanto de crédito

deve ser concedido aos clientes.

Para Brealey (1992, p. 839),

O planejamento financeiro a curto prazo preocupa-se com gestão do ativo a curto prazo, ou circulante, e do passivo de curto prazo da empresa. Os elementos mais importantes do ativo circulante são as disponibilidades, os títulos negociáveis, as exigências e as contas a receber. Os elementos mais importantes do passivo de curto prazo são empréstimos bancários e as contas a pagar. A diferença entre o ativo circulante e o passivo de curto prazo e chamado de fundo de maneio.

Você já deve estar pensando “lá vem complicação...”, mas não se preocupe.

Com o avançar do conteúdo, você irá gradativamente obtendo as informações

necessárias para elaborar projeções desses diferentes demonstrativos.

2.2.3 Planejamento financeiro de longo prazo

A maioria das empresas tem como componente básico de seu

planejamento financeiro de longo prazo uma taxa de crescimento global e

explícita. Portanto, há uma interação direta entre a taxa de crescimento e

sua política financeira (ROSS, 1998, p. 589).

Gitman (2001) ressalta que os planos de longo prazo compreendem

decisões estratégicas e buscam antecipar o impacto das ações financeiras

das empresas por um período superior a dois anos, sendo o seu alcance

limitado a dez anos. Envolvem ainda, na percepção do autor, investimentos

em pesquisas e desenvolvimento de novos produtos, ações de marketing,

estrutura de capital e fontes de recursos.

Já Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005) atestam que a maioria das

empresas cobrem um período entre dois e cinco anos, embora tenham

identificado empresas que projetaram para vinte e cinco anos.

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Capítulo 2

54 Finanças Empresariais

Padoveze (2005, p. 102) retrata que a “terminologia orçamento de

capital é muito utilizada em finanças sem a existência de uma definição

apropriada”. O autor afirma também que o “orçamento de capital é o

procedimento para o planejamento financeiro de longo prazo”. Envolve

conceitos e técnicas que permitirão a você avaliar projetos de investimentos

de uma empresa. No capítulo 7 desta disciplina você aplicará os conceitos

e técnicas de avaliação.

As decisões de investimentos têm origem, segundo Assaf Neto (2003, p.

276), nas seguintes modalidades:

• ampliação ou expansão do volume de atividade – ocorre quando

a capacidade instalada se mostra insuficiente ao atendimento da

demanda pelos produtos ou serviços de uma empresa;

• reposição e modernização de ativos fixos – ocorre quando os

equipamentos ficam obsoletos ou desgastados pelo uso;

• arrendamento ou aquisição – a empresa em alguns momentos

tenderá pelos custos envolvidos a optar por arrendar uma máquina

ou equipamento ao invés de adquiri-la.

O mesmo autor afirma que os investimentos podem ser tipificados em

cinco padrões:

• economicamente independentes – dois ou mais projetos são

considerados independentes quando a aceitação de um deles não

implica na aceitação dos outros;

• restrição orçamentária – muitos investimentos podem estar acima da

capacidade de financiamento da empresa, seja por recursos próprios

ou de acesso a recursos de terceiros, o que obriga a empresa a buscar

priorizar um projeto;

• mutuamente excludentes – a aceitação de um projeto obrigatoriamente

rejeita o outro;

• dependência estatística – envolvem a análise de indicadores de

mercado, juros, inflação, dentre outras variáveis macroeconômicas.

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Capítulo 2

55Finanças Empresariais

PRATICANDOPRATICANDO

Busque exemplificar situações em que os projetos de investimentos são enquadrados como mutuamente excludentes e restrição orçamentária.

Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005) afirmam que o planejamento

econômico-financeiro de longo prazo tem por objetivo determinar os

resultados futuros em face das decisões da empresa tomadas no presente.

Um dos principais instrumentos se constitui no orçamento de capital,

que na opinião dos referidos autores contempla cinco fases:

• geração de propostas;

• a determinação das alternativas viáveis;

• tomada de decisão;

• implantação;

• avaliação de desempenho.

O orçamento de capital envolve as estimativas de investimentos tanto

em capital fixo (instalações, máquinas e equipamentos, veículos, gastos

com pesquisas, dentre outros) quanto em capital de giro (investimentos na

atividade operacional).

O quadro a seguir traz um modelo de orçamento de capital, também

denominado “quadro de usos e fontes”, utilizado pelo BNDES – Banco

Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social nos pleitos direcionados

pelas empresas. Ele busca detalhar não só a destinação dos recursos, se já

realizados ou a realizar, bem como as possíveis fontes destes.

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Capítulo 2

56 Finanças Empresariais

DATA BASE R$ MIL

ITENS DISCRIMINAÇÃOREALIZADO

ATÉ.../...

TOTAL A

REALIZAR

TOTAL

PROJETO

% SOBRE

PROJETO

USOS

INVESTIMENTOS FINANCIÁVEIS

1. Itens gerais

1.1 Estudos, projetos e tecnologia

1.2 Obras civis

1.3 Montagem e instalações

1.4 Móveis e utensílios

1.5 Treinamento

1.6 Despesas pré-operacionais

1.7 Capital de giro

1.8 Outros

2. Máquinas e equipamentos nacionais

Investimentos não-financiáveis

3. Terrenos

4. Máquinas e equipamentos usados

5. Máquinas e equipamentos importados

6. Outros

FONTES

Recursos próprios

Recursos de terceiros

Outros

Quadro 1 - Exemplo de orçamentoFonte: <http://www.bndes.gov.br>.

2.2.4 Instrumentos de planejamento financeiro – orçamento

Você já deve ter ouvido ou mesmo utilizado o termo orçar várias vezes

ao longo de sua vida – a reforma da casa, a cozinha por fazer, o conserto

do carro –, todavia numa empresa este termo se amplia, como você poderá

constatar daqui para frente.

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Capítulo 2

57Finanças Empresariais

Padoveze (2005, p. 235) afirma que o orçamento “é a ferramenta de

controle por excelência de todo o processo operacional da empresa, pois

envolve todos os seus setores”. Na mesma linha, Hoji (2010, p. 19) ressalta que

o “orçamento é um excelente instrumento de controle de todos os processos

operacionais da empresa”. O autor ainda retrata que o orçamento revela

a estratégia da empresa no curto prazo, e por meio de relatórios evidencia

quantitativamente as ações e políticas em relação a um período futuro.

No ambiente empresarial, Welsch (1986) afirma que planejar

significa estabelecer sistematicamente os objetivos relevantes da empresa

e formular estratégias e planos realistas para alcançar tais objetivos de

curto e longo prazo.

Horngren (2000) afirma que os orçamentos são a expressão quantitativa

de um plano de ação. Nesse contexto, o orçamento deve abranger a empresa

como um todo, proporcionando diversas tomadas de decisões presentes sob a

visão do futuro.

De acordo com Tavares (2000), o orçamento abrange funções e operações

que envolvem todas as áreas da empresa com necessidade de alocação de

algum tipo de recurso financeiro, para fazer face às despesas de suas ações;

assim o orçamento se constitui na etapa do processo de planejamento

estratégico em que se estima e determina a melhor relação entre os resultados

e despesas para atender às necessidades, características e objetivos da empresa

no período esperado.

Figueiredo e Caggiano (1997, p. 36) definem orçamento como

um instrumento direcional. Constitui-se de planos específicos em termos de datas e de unidades monetárias, visando orientar a administração, para atingir os fins específicos em mente, ou seja, os objetivos empresariais.

Nakagawa (1993) entende que os orçamentos refletem a necessidade que

a empresa tem de comunicar aos gerentes os planos de ação, e que se forem

executados de acordo com as políticas e diretrizes nele embutidos, deverão

dar origem a resultados operacionais eficientes e eficazes que mensurados

em termos econômicos e financeiros corresponderão às metas e objetivos que

possibilitarão à empresa atingir sua missão e propósitos básicos.

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Capítulo 2

58 Finanças Empresariais

Frezatti (2000) observa que, embora importantes, o planejamento, a

execução e o controle do negócio, em muitas empresas, se constituem em

ações que ainda não são adequadamente entendidas pelos executivos.

Para Parsloe e Wright (2001, p. 11), “um orçamento é um plano financeiro

que estabelece, de forma mais precisa possível, como se espera que transcorram

os negócios de um departamento ou de uma empresa, geralmente num prazo

mínimo de um ano”.

Sá e Moraes (2005) ressaltam que o orçamento é a expressão do

planejamento estratégico em números, compatibilizando as diferentes

políticas pulsantes em uma organização (de concessão de crédito a clientes,

de reposição de estoques, de imobilização, de financiamento, de pagamento

de dividendos etc.).

Veja só o que Oliveira, Perez Junior e Silva (2009, p.105 apud HOJI, 2010)

nos informam:

O orçamento é a expressão quantitativa e formal dos planos da Administração, e é utilizado para apoiar a coordenação e implementação desses planos. O orçamento geral resume os objetivos de todas as subunidades de uma organização (vendas, produção, logística de suprimentos de matérias-primas, distribuição dos produtos acabados, finanças, investimentos em tecnologias de informação etc.

Padoveze (2005, p. 237) afirma que “não existe uma única maneira de

estruturar o orçamento”. Hoji (2010, p. 23), de forma complementar, apresenta

estrutura de um sistema orçamentário, composto pelo orçamento geral e

específicos, podendo ser segregado em três níveis:

• operacional;

• investimentos;

• financiamentos.

O orçamento operacional busca evidenciar as atividades do dia a dia

da empresa e engloba diferentes áreas tais como: produção, vendas e de

administração.

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Capítulo 2

59Finanças Empresariais

Na opinião de Hoji (2010, p. 25), o orçamento operacional é composto

por orçamentos detalhados de vendas, produção, compras e faturamento e

despesas.

Orçamento de vendas

O orçamento de vendas se constitui como o primeiro a ser realizado,

devendo especificar as quantidades, preços e receitas de cada produto ou serviço

que a empresa pretende comercializar ou prestar. Normalmente, é elaborado

pelas áreas de marketing ou comercial. Ele poderá ser apresentado de diferentes

formas, tais como: produtos, matriz e filiais, regiões, dentre outras.

Sanvicente e Santos (2000) indicam que o orçamento de vendas constitui

um plano de vendas futuras da empresa, para um determinado período de

tempo. Neste orçamento são estimadas as quantidades de cada produto que

a empresa planeja vender e o preço pretendido. É a base para todas as outras

peças orçamentárias.

PRATICANDOPRATICANDO

Considerando o orçamento de vendas para uma fábrica de sorvetes, elabore uma planilha que contemple as variáveis apresentadas. Que fatores externos e internos devem ser apreciados, a seu ver, para a construção do orçamento?

Se você apresentou algo similar à representação a seguir, está no caminho

certo. Se não, não se desespere, você está tendo apenas um primeiro contato

com a prática orçamentária.

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Capítulo 2

60 Finanças Empresariais

VENDA DA FILIAL 1 JAN FEV MAR

PRODUTO: TRADICIONAL

1. Quantidade

2. Preço unitário de venda 0,00 0,00 0,00

3. Valor de venda 0 0 0

PRODUTO: MODERNO

4. Quantidade

5. Preço unitário de venda 0,00 0,00 0,00

6. Valor de venda 0 0 0

7. Total da venda da filial 1 0 0 0

VENDA DA FILIAL 2

PRODUTO: TRADICIONAL

1. Quantidade

2. Preço unitário de venda 0,00 0,00 0,00

3. Valor de venda 0 0 0

PRODUTO: MODERNO

4. Quantidade

5. Preço unitário de venda 0,00 0,00 0,00

6. Valor de venda 0 0 0

7. Total da venda da filial 2 0 0 0

Fonte: adaptado de Hoji (2008).

Tabela 1 - Modelo de orçamento de vendas

Vamos em frente que você ainda precisa conhecer os outros tipos de orçamento.

Orçamento de produção

O orçamento de produção objetiva quantificar o volume de produção e

insumos necessários ao processo. São estimados os custos de matéria-prima,

mão-de-obra direta e gastos gerais de fabricação. A seguir, serão apresentadas

as estruturas do orçamento de produção:

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Capítulo 2

61Finanças Empresariais

ORÇAMENTO DE PRODUÇÃO

QUANTIDADES A PRODUZIR

JAN FEV MAR

PRODUTO: TRADICIONAL

Produtos acabados

1. Vendas orçadas 0 0 0

2. (-) Estoque inicial 0 0 0

3. (=) Estoque final 0 0 0

4. Quantidade a acabar 0 0 0

Produtos em elaboração

5. (-) Estoque inicial 0 0 0

6. (=) Estoque final 0 0 0

7. Quantidade a iniciar 0 0 0

8. Quantidade iniciada e acabada 0 0 0

Fonte: adaptado de Hoji (2008).

Tabela 2 - Orçamento de quantidades a produzir

Como você pode observar, o orçamento da produção tem como ponto

de partida o orçamento de vendas, que determinará os níveis de estoque

necessários ao processo como um todo.

Na sequência, temos de definir os demais itens que compõem o processo

produtivo. O primeiro passo é orçarmos a matéria-prima a ser utilizada, bem

como os custos inerentes à sua aquisição.

Preste bem atenção: o processo orçamentário envolve várias etapas.

Pense que neste momento que estamos dentro de uma indústria de

embalagens plásticas e que você é o responsável pela elaboração do orçamento,

sua vida será facilitada, pois a empresa já tem estruturado em planilhas todo o

processo. Vamos percorrer o caminho das planilhas apresentadas nos quadros

a seguir:

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Capítulo 2

62 Finanças Empresariais

ORÇAMENTO DE MATÉRIAS-PRIMAS

QUANTIDADE DE MATÉRIAS-PRIMAS A CONSUMIR

CONSUMO POR

UNIDADE

JAN FEV MAR

PRODUTO: TRADICIONAL

Quantidade a produzir 0 0 0

1. Matérias-primas a consumir

2. Papel 0,00 0 0 0

3. Plástico 0 0 0 0

PRODUTO: MODERNO

4. Quantidade a produzir 0 0 0

Matérias-primas a consumir

5. Papel 0,00 0 0 0

6. Resina 0,00 0 0 0

RESUMO DE MATÉRIAS-PRIMAS A CONSUMIR

7. Papel (t) 0 0 0

8. Plástico (Kg) 0 0 0

9. Resina (peça) 0 0 0

Fonte: adaptado de Hoji (2008).

Tabela 3 - Orçamento de matérias-primas a consumir

PRATICANDOPRATICANDO

Na primeira planilha, você pode constatar a necessidade de identificar algumas variáveis. O que você destaca como relevante neste momento?Lembre-se que o orçamento pretende atender aos objetivos de cada empresa, então não se prenda nunca a fórmulas preestabelecidas.

Um próximo passo é a definição dos custos inerentes ao processo.

Dentre estes, um dos primeiros envolve o aspecto tributário sobre a

atividade empresarial; em face do setor de atuação incidem impostos,

taxas e contribuições diversos, ora cobrados pelo governo federal, ora

estadual, ora municipal. São cobrados de forma direta ou indireta. Dentre

os principais, podemos destacar:

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Capítulo 2

63Finanças Empresariais

• ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. Apresenta

alíquotas diferenciadas, normalmente são cobrados 17% nas operações

internas (dentro do próprio estado) e 12% quando da realização de

operações com outros estados;

• PIS – Programa de Integração Social. Apresenta alíquota de 0,65%;

• COFINS – Contribuição Financeira sobre a Seguridade Social. A alíquota

pode variar de 3% a 7,8%.

Em exemplo adaptado de Hoji (2008, p. 435), apresentaremos no

quadro a seguir apenas o impacto do ICMS. Foi utilizada pelo autor uma

alíquota de 18%.

Tabela 4 - Orçamento de matéria-prima

ORÇAMENTO DE MATÉRIAS-PRIMAS

PROJEÇÃO DE CUSTOS UNITÁRIOS DE MATÉRIAS-PRIMAS

BASE:

DEZ/19X6 JAN FEV MAR

Matéria-prima: papel

1. Custo unitário com ICMS 0,0000 0,0000 0,0000

2. (-) ICMS - 18% 0,0000 0,0000 0,0000

3. (=) Custo unitário líquido 0,0000 0,0000 0,0000

4. Matéria-prima: plástico

Custo unitário com ICMS 0,0000 0,0000 0,0000

5. (-) ICMS - 18% 0,0000 0,0000 0,0000

6. (=) Custo unitário líquido 0,0000 0,0000 0,0000

Matéria-prima: resina

7. Custo unitário com ICMS 0,0000 0,0000 0,0000

8. (-) ICMS - 18% 0,0000 0,0000 0,0000

9. (=) Custo unitário líquido 0,0000 0,0000 0,0000

Fonte: adaptado de Hoji (2008).

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Capítulo 2

64 Finanças Empresariais

Hoje as empresas devem cumprir 3.422 normas, ou 38.429 artigos, 89.540 parágrafos, 286.296 incisos e 37.660 alíneas, ou o equivalente a 5,9 quilômetros de normas tributárias, caso impressas em papel A4. Em decorrência desta quantidade de normas, as empresas gastam cerca de R$ 42 bilhões por ano para manter pessoal, sistemas e equipamentos no acompanhamento das modificações da legislação. Quer saber mais? Acesse <http://www.ibpt.com.br>.

CURIOSIDADE

Ainda dentro dos orçamentos específicos da área de produção temos os

orçamentos que envolvem os custos de mão-de-obra direta. Lemes Junior, Rigo

e Cherobim (2005, p. 417) ressaltam que a mão-de-obra direta é classificada

como custo variável, sendo necessário fazer projeções de horas trabalhadas

por produto e, de forma complementar, o custo de cada hora.

Vejamos o exemplo que os referidos autores trazem em sua obra.

Tabela 5 - Orçamento de mão-de-obra direta

PRODUTOPRODUÇÃO

UNIDADE

Nº HORAS

PADRÃO/UNIDADE

CUSTO HORA

PADRÃO

VALOR ORÇADO

EM R$

A 1.600 1,50 4,00 9.600,00

B 1.800,00 1,25 5,00 11.250,00

Total 20.850,00

Fonte: Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005).

O final do processo de orçamentação da área de produção envolve, na

opinião de autores como Padoveze (2005), Assaf Neto (2003), Lemes Júnior,

Rigo e Cherobim (2008) e Hoji (2010), uma das etapas mais complexas. Entram,

na concepção destes autores, gastos como mão-de-obra indireta, seguros,

depreciações, aluguéis, energia elétrica, combustíveis, dentre outros.

O modelo de Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2008) apresenta uma

simplificação do processo, vejamos a representação.

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Capítulo 2

65Finanças Empresariais

CUSTOS TOTAL PRODUTO A PRODUTO B

Mão de obra indireta 12.000,00 5.647,00 6.352,94

Materiais indiretos 5.000,00 2.352,94 2.647,06

Seguros 1.000,00 470,59 529,41

Aluguéis 4.000,00 1.882,35 2.117,65

Depreciação 15.000,00 7.058,82 7.941,18

Energia elétrica 8.000,00 3.764,71 4.235,29

Água 2.500,00 1.176,47 1.323,53

Outras 1.500,00 705,88 794,12

Total 49.000,00 23.058,82 25.941,18

Fonte: Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005).

Tabela 6 - Orçamentos de custos indiretos de fabricação

Como disse anteriormente, você é o responsável pela elaboração do orçamento. Ao analisar os dados contidos nos quadros, a que constatação você chega quanto ao critério de alocação dos custos indiretos de fabricação adotados pela empresa?

REFLEXÃO

Orçamento de despesas operacionais

O orçamento de despesas operacionais compreende, na percepção de

Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005), todas as despesas necessárias para a

venda dos produtos e/ou serviços de uma empresa. Os autores estratificam em

quatro níveis:

• administrativas;

• vendas, também chamadas de comerciais;

• tributárias;

• financeiras.

Vamos entender um pouco mais de cada uma destas despesas?

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Capítulo 2

66 Finanças Empresariais

As despesas administrativas estão associadas à manutenção da estrutura

fixa da empresa. São classificados nesta rubrica os gastos com salários do pessoal

administrativo, material de expediente, seguros e depreciação da área administrativa.

Lembre-se de que também podemos ter depreciação alocada como custo – esta

parte refere-se às instalações, máquinas e equipamentos da área produtiva.

As despesas com vendas ou comerciais consideram todos os gastos

envolvidos no esforço de venda dos produtos ou serviços, tais como: salários

e comissões dos vendedores, gastos com promoção e publicidade, expedição,

fretes, assistência técnica dentre outros.

As despesas tributárias, aqui consideradas, não envolvem os tributos e

demais encargos que tenham como base de cálculo o faturamento da empresa,

mas sim a propriedade.

As despesas financeiras envolvem o pagamento de juros, descontos

concedidos, variações monetárias e cambiais.

Mas se você acredita já ter visto tudo sobre orçamento, está enganado.

Há ainda outras classificações na literatura financeira.

Padoveze (2005) traz dois conceitos importantes: o orçamento de

tendências e o de base zero. O autor afirma que o orçamento de tendências

é uma pratica orçamentária muito comum que se caracteriza por utilizar

dados passados para projeções das situações futuras, comumente produzindo

bons resultados, uma vez que os eventos passados decorrentes de estruturas

organizacionais já existem, tendo forte tendência de tais eventos se repetirem.

De igual modo, Atkinson et al. (2000, p. 495) afirma que o orçamento

baseia-se no nível das despesas de um período, de forma incremental,

diminuindo ou aumentando a alocação de recursos para as mesmas despesas

previstas para o próximo período; para determinado item, sobre a quantia

gasta pelo mesmo item durante o período anterior. Contudo, também ressalta

as críticas acerca deste tipo de orçamento, porque ele não requer justificativas

para as metas organizacionais quanto às despesas discricionárias, não incluindo

provisões para reduzir ou eliminar despesas à medida que a empresa sofre por

mudanças, nem fornece apoio aos itens que renderão benefícios significativos

à organização.

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Capítulo 2

67Finanças Empresariais

Já o orçamento de base zero vem justamente na contramão do anterior,

pois despreza as informações precedentes. Padoveze (2005) afirma que a

questão fundamental permanente para este orçamento é a seguinte: não é

porque aconteceu que deverá acontecer. Sendo assim, o orçamento base zero

rediscute toda a empresa sempre que se elabora o orçamento, questionando

cada gasto e cada estrutura, repensando sua real necessidade, onde

independente dos valores de cada atividade, mas sim de sua razão de existir,

cada atividade da empresa é rediscutida. Partindo da definição da existência

da atividade, elabora-se um estudo, a partir do zero, de quanto devem ser

os gastos para estruturação e manutenção desta atividade e quais serão suas

metas e objetivos.

Atkinson et al. (2000) também considera que para cada período de

planejamento o ponto de partida para cada atividade ou item orçado é zero,

sendo de responsabilidade dos gestores justificar a manutenção de cada

despesa, desta forma fazendo com que o orçamento base zero deva ter como

foco combater orçamentos de tendência indiscriminados que resultam em má

alocação de recursos.

“O objetivo do orçamento base zero é o de viver de acordo com os

recursos disponíveis; e corresponde a um meio de analisar, reestruturar e

eliminar despesas, programas e projetos não econômicos” (PREMCHAND;

ANTONAYA, 1998, p. 78).

Os orçamentos podem ainda ser classificados em estáticos, flexíveis,

ajustados ou corrigidos.

• Estático – consiste na elaboração a partir de um certo volume de produção

ou vendas. É utilizado mais frequentemente por grandes empresas com

atuação em diversos países. Cabe considerar que se houver alterações

significativas de volume, perde sentido a sua utilização.

• Flexível – na concepção de Hongren (1985 apud PADOVEZE, 2005), é

definido como um conjunto de orçamentos que podem ser ajustados

a qualquer nível de atividades, caracterizadas pela identificação

adequada dos custos fixos e variáveis.

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Capítulo 2

68 Finanças Empresariais

• Ajustado – na opinião de Padoveze (2005), configura-se pelo ajuste

efetuado nos volumes planejados dentro do conceito de orçamento

estático ou inicial.

• Corrigido – consiste no impacto de possíveis variações de preços ou

câmbio ao orçamento original.

Agora que conhecemos os diferentes padrões de orçamento, de nada

adianta termos os registros das informações se não as utilizarmos no processo

decisório, promovendo os ajustes de rumo, quando necessários.

2.2.5 Métodos de controle financeiro

Na concepção de Hoji e Silva (2010), a função controle é a coordenação

de meios e recursos para atingir os objetivos ou metas, monitorando o que foi

traçado no planejamento da empresa.

Portanto, não temos como dissociar planejamento de controle. Figueiredo

e Cagiano (2006 apud HOJI, 2010) afirmam que o controle efetivamente é

um sistema de feedback das informações que possibilita a confrontação dos

desempenhos traçados com os realizados.

Zdanowicz (1998, p. 124) assevera, de maneira mais específica, que

o controle orçamentário é a técnica que procurará acompanhar, avaliar e analisar o planejamento financeiro em suas várias etapas, verificando as defasagens entre os valores orçados e realizados, para sugerir as medidas saneadoras que deverão ser implementadas na próxima proposta orçamentária da empresa.

Gomes e Salas (2001, p. 22), assim definem:

O controle, seja muito ou pouco formalizado, é fundamental para assegurar que as atividades de uma empresa se realizem de forma desejada pelos membros da organização e contribuam para a manutenção e melhoria da posição competitiva e a consecução das estratégias, planos, programas e operações, consentâneos com as necessidades identificadas pelos clientes. Para alcançar estes objetivos, a administração se assegura de obter a informação e influenciar o comportamento das pessoas para atuar sobre as variáveis internas e externas de que depende o funcionamento da organização.

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Capítulo 2

69Finanças Empresariais

Segundo Antony e Govindarajan (2001), um sistema de controle gerencial

deve estar sincronizado com as necessidades de qualquer organização,

objetivando a convergência de atividades e tarefas de todos os elementos

da estrutura produtiva numa mesma direção, de forma sinérgica, dentro da

ideia de congruência dos objetivos. Como instrumento para o controle, as

organizações requerem uma estrutura sistêmica básica onde comportamentos

e desempenhos desejados constituem um padrão a ser atingido; quando

confrontados com os efetivamente realizados poderão ensejar revisões. Este

processo, entretanto, não ocorre de forma automática e/ou precisa, uma

vez que os limites da definição de comportamento e desempenho correto

dependem da subjetividade das decisões humanas. O processo de gestão

e controle exige, portanto, negociações permanentes, pois não se pode

desconsiderar o jogo de forças existente na organização, e a busca por conciliar

os objetivos estabelecidos pela administração deve convergir com os anseios

dos profissionais dos demais níveis hierárquicos.

Frezatti (2006, p. 80) afirma que controle orçamentário “é um instrumento

da contabilidade gerencial que deve permitir à organização identificar quão

próximos estão os resultados em relação ao que planejou para dado período”.

No ponto de vista de Sanvicente e Santos (2000), controlar é

essencialmente, acompanhar a execução de atividades da maneira mais rápida

possível, e comparar o desempenho efetivo com o planejado.

Através da sistematização do processo de planejamento e controle, graças ao uso de orçamentos, isto introduz o hábito do exame prévio e cuidadoso de “todos” os fatores antes da tomada de decisões importantes, além de obrigar a administração da empresa a dedicar atenção adequada e oportuna aos efeitos eventualmente causados pelo surgimento de novas condições externas (SANVICENTE; SANTOS 2000, p. 23).

Cabe considerar que o ambiente em que as empresas operam atualmente

exige destas desenvolverem sistemas de informações gerenciais cada vez mais

eficazes. E por isso vale reafirmar que um planejamento sem controle e nada

são a mesma coisa.

A empresa deverá, por meio de relatórios sistematizados, monitorar

todos os aspectos relevantes de seu planejamento. A inobservância deste

preceito poderá ser determinante no êxito ou no fracasso de uma estratégia.

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Capítulo 2

70 Finanças Empresariais

Um sistema integrado de informações permitirá às empresas a flexibilidade

e o dinamismo exigidos do planejamento nos dias atuais. Nakagawa (1993

apud HOJI; SILVA, 2010) representa graficamente o processo de estruturação

de um sistema. Observe.

Planejamento

Sostema de Custo-padrão

Fichas-padrão

Sistema de orçamentos

Orçamento aprovado

Relatório de desempenho

Sistema contábil

(real)

Execução Controle

Sist

ema

de

info

rmaç

ões

Pro

cess

o d

e to

mad

a d

e d

ecis

ões

Figura 2 - Planejamento fi nanceiro de curto prazoFonte: Gitman (2001).

A partir da estrutura de sua empresa ou de alguma a que você tenha acesso, procure identificar se a mesma utiliza de algum sistema de informação e se este é compatível com a estrutura proposta por Nakagawa.

DESAFIO

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Capítulo 2

71Finanças Empresariais

2.3 Aplicando a teoria na prática

A empresa ABC resolveu investir na ampliação de suas atividades com a

aquisição de máquina injetora avaliada em R$ 100.000,00. Considerando os

dados a seguir, elabore uma demonstração de resultado:

• o capital social da empresa devidamente integralizado é de R$

100.000,00;

• o valor do financiamento importará em 90% do valor total da máquina

a ser pago, num período de cinco anos;

• o equipamento será depreciado durante estes cinco anos de forma linear;

• as projeções de receitas dos produtos oferecidos pela empresa são:

PRODUTOS ANO I ANO II ANO III ANO IV ANO V

Garrafas 150.000 180.000 200.000 230.000 250.000

Potes 200.000 220.000 240.000 260.000 280.000

• os custos com matéria-prima representam 40% das receitas projetadas;

os custos com mão-de-obra direta, 12%, e os demais custos de

produção representam 8%;

• as despesas com vendas representam 5% das receitas e a despesas

administrativas, hoje em R$ 15.000,00, segundo planejamento da

empresa, deverão ser reduzidas em 10% a partir do segundo ano;

• a empresa apresenta uma alíquota de 12% de impostos sobre vendas;

• as despesas financeiras representam em termos anuais uma taxa

fixa de 5% sobre o saldo devedor. Lembre-se que a cada ano você

amortiza R$ 20.000,00. Para fins do nosso exercício, os juros são pagos

uma única vez no ano.

Para auxiliá-lo nesta primeira atividade de projeção de resultados,

apresento a estrutura que você deve observar na resolução do caso prático.

Ao final da demonstração, pergunto: Na condição de gestor financeiro da

empresa, você realizaria o investimento? Justifique.

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Capítulo 2

72 Finanças Empresariais

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

ANO I ANO II ANO III ANO IV ANO V

Receita bruta de vendas

Dedução de impostos

Resultado líquido das vendas - - - - -

Custo da produção - - - - -

Lucro bruto - - - - -

Despesas com vendas - - - - -

Despesas administrativas

Despesas com depreciação

Resultado operacional - - - - -

Despesas financeiras

Resultado operacional líquido

- - - - -

E aí? Conseguiu? Vejamos como fica.

A partir da estrutura apresentada, temos como demonstração de resultado

final para os cinco anos de atividade da empresa a representação a seguir:

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

ANO I ANO II ANO III ANO IV ANO V

Receita bruta de vendas 350.000 400.000 440.000 490.000 530.000

Dedução de impostos 42.000 48.000 52.800 58.800 63.600

Resultado líquido das vendas 308.000 352.000 387.200 431.200 466.400

Custo da produção 210.000 240.000 264.000 294.000 318.000

Lucro bruto 98.000 112.000 123.200 137.200 148.400

Despesas com vendas 17.500 20.000 22.000 24.500 26.500

Despesas administrativas 15.000 13.500 13.500 13.500 13.500

Despesas com depreciação 20.000 20.000 20.000 20.000 20.000

Resultado operacional 45.500 58.500 67.700 79.200 88.400

Despesas financeiras 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000

Resultado operacional líquido 40.500 54.500 64.700 77.200 87.400

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Capítulo 2

73Finanças Empresariais

As receitas brutas de vendas foram apuradas ano a ano a partir do somatório

das receitas dos dois produtos vendidos pela empresa, as garrafas e os potes plásticos.

As deduções de impostos foram calculadas aplicando a alíquota de 12%

sobre as vendas totais da empresa.

Os custos de produção perfazem, entre matéria-prima, mão-de-obra e

demais custos, um total de 60% sobre as receitas.

As despesas administrativas apresentam uma redução de 10% sobre os

valores atualmente conhecidos, portanto passam a ser de R$ 13.500,00 a partir

do segundo ano.

As despesas financeiras foram calculadas aplicando 5% sobre o saldo

devedor ao final de cada ano, considerando que a cada ano temos uma

redução de R$ 20.000,00 no saldo devedor, os juros são decrescentes.

Em relação à condição do investimento ser viável ou não, pode-se afirmar

que a partir da demonstração o projeto é viável, sendo os resultados gerados

suficientes para a cobertura dos encargos do financiamento.

2.4 Para saber mais

Sugiro algumas leituras para que você se atualize sobre o tema estudado

neste capítulo:

Título: Manual de orçamento

Autor: LUNKES, R.J. Editora: Atlas, SP Ano: 2007

Este livro aborda o processo de planejamento e controle de uma empresa, detalhando as formas como esse sistema pode ser gerenciado. Apresenta ainda os métodos orçamentários (orçamento empresarial, orçamento contínuo, orçamento base zero, orçamento flexível, orçamento por atividades e orçamento perpétuo), além de englobar tipos de orçamentos mais adaptados a necessidades de gestores, como flexibilidade, capital intelectual, intangíveis, valorização dos clientes internos e externos, entre outras contribuições.

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Capítulo 2

74 Finanças Empresariais

Título: Planejamento e controle fi nanceiro: fundamentos e casos práticos de orçamento empresarialAutor: HOJI, M.; SILVA, H.A. Editora: Atlas, SP Ano: 2010

Nesta obra, principalmente no capítulo 2, você pode ampliar os conhecimentos e a aplicabilidade do processo de elaboração dos orçamentos empresariais. Nos capítulos 3 e 5 constam exemplos de casos práticos no setor industrial e de prestação de serviços.

Título: Planejamento fi nanceiro e orçamento

Autor: ZDANOWICZ, J.E. Editora: Sagra-Luzzatto, RS Ano: 2001

O livro apresenta a metodologia de elaboração do sistema de planejamento financeiro.

2.5 Relembrando

O capítulo 2 apresentou:

• noções de planejamento financeiro, em que elencamos os principais

conceitos e a influência do tempo na construção do mesmo;

• o planejamento financeiro de curto e longo prazo, a fim de situá-

lo e auxiliar na compreensão do processo de planejamento, foram

apresentadas as diferentes visões sobre o assunto. Ficou claro que

os planos financeiros de curto prazo não são elaborados em prazo

superior a dois anos; já os de longo prazo atingem até dez anos,

segundo diferentes autores;

• o orçamento: foram detalhados os principais modelos de orçamentos e

suas implicações no processo de planejamento financeiro de uma empresa;

• os métodos de controle financeiro: foi ressaltada a importância dos

sistemas de gestão e sua representação gráfica.

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Capítulo 2

75Finanças Empresariais

2.6 Testando os seus conhecimentos

1) A empresa Olhos Felinos atua na comercialização de produtos da linha pet

shops. Estima o crescimento de suas vendas em 5% a cada ano, considerando

que a empresa fatura hoje R$ 50.000,00 por mês, distribuídos em mais de 200

itens. Considerando os dados apresentados, estamos retratando um orçamento:

a) estático.

b) flexível.

c) dinâmico.

d) tendências.

e) base zero.

2) Com base nos dados apresentados na demonstração de resultados da

Empresa MCT – Equipamentos Eletrônicos, pede-se apurar o custo de

matéria-prima incorrido, sabendo-se que os custos com mão de obra direta

representam 10% da receita total da empresa, e que os demais custos de

fabricação representam 8%.

DEMONSTRAÇÃO DE

RESULTADOS

ANO I

Receita bruta de vendas 500.000

Dedução de impostos 12.000

Resultado líquido das vendas 488.000

Custo da produção 300.000

Lucro bruto 188.000

Despesas com vendas 25.000

Despesas administrativas 10.000

Despesas com depreciação 15.000

Resultado operacional 138.000

Despesas financeiras 20.000

Resultado operacional líquido 118.000

a) 90.000,00

b) 120.000,00

c) 210.000,00

d) 25.000,00

e) 50.000,00

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Capítulo 2

76 Finanças Empresariais

3) Considerando a demonstração de resultados do item anterior, pede-se apurar

o percentual total das despesas operacionais incorridas pela empresa MCT.

a) 25.000,00

b) 35.000,00

c) 20.000,00

d) 12.000,00

e) 50.000,00

Você pode ao longo deste capítulo observar a existência de diferentes

tipos de orçamentos. Dos itens a seguir, qual melhor se enquadra para a

utilização da programação de investimentos?

d) Orçamento de vendas.

e) Orçamento de custos de produção.

f) Orçamento de capital.

g) Orçamento estático.

h) Orçamento corrigido.

Onde encontrar

ANTHONY, R N.; GOVINDARAJAN, V. Sistemas de controle gerencial. São

Paulo: Atlas, 2001.

ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.

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BATEMAN, T. S.; SNELL, S. A. Administração: construindo vantagem

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Capítulo 2

80 Finanças Empresariais

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Capítulo 3

81Finanças Empresariais

MERCADO FINANCEIRO

CAPÍTULO 33

3.1 Contextualizando

Este capítulo apresentará a estrutura do mercado financeiro, seus

principais agentes, as principais operações ativas e passivas e a aplicação dos

conceitos de taxas de juros inerentes a essas operações.

O texto mostrará como o mercado financeiro nos dias atuais se revela

de extrema importância, tanto para empresas quanto para pessoas físicas. É

sempre bom lembrar que quanto maior a nossa compreensão, maior será o

nosso desafio.

Serão apresentadas noções da dinâmica do mercado financeiro, de que

modo as decisões da política econômica interferem na dinâmica do mesmo,

e também uma visão geral das operações mais utilizadas pelas empresas,

sejam elas na ponta ativa, sejam na ponta passiva. Você perceberá quão

abrangente é o campo de aplicação das informações contidas neste capítulo

e os desafios que o administrador financeiro enfrenta no seu dia-a-dia para

pô-las em prática.

Espera-se que, ao final do estudo, você seja capaz de descrever o

mercado financeiro e suas implicações na gestão financeira das empresas.

Principalmente, que você consiga visualizar por que este assunto é apresentado

nesta disciplina.

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Capítulo 3

82 Finanças Empresariais

3.2 Conhecendo a teoria

3.2.1 Mercado financeiro – conceito

O que vem a ser o mercado financeiro? Antes de responder a esta

pergunta, você precisa viajar pelo túnel do tempo. Vamos lá!

Pinheiro (2008) descreve o processo de origem e evolução da moeda em

cinco fases, conforme apresentado na figura 1.

Era da troca de mercadorias

Era da mercadoria moeda

Era da moeda metálica

Era da moedapapel

Era da moeda escritural

Figura 1 - Origem e evolução da moedaFonte: adaptada de Pinheiro (2008).

Nem sempre as trocas entre os agentes econômicos se deram com

utilização da moeda. Nos primórdios da humanidade, as operações eram

pautadas em processos de troca direta de produtos, denominados “escambo”,

que objetivam atender às necessidades de consumo imediato. Todavia,

segundo Pinheiro (2008), o escambo trazia alguns inconvenientes:

• o custo para se manter em estoque os ativos reais;

• dificuldade de especialização e divisão do trabalho;

• perda da eficiência na alocação dos recursos.

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Capítulo 3

83Finanças Empresariais

Você já se imaginou vivendo num mundo sem moeda, sem cartão de

débito ou crédito? Numa fase seguinte, imagine então trocar alguns bois por

sacas de arroz ou sal. Qual era a base, a referência de valores? Complicado,

não é? Segundo Securato (2007), existem registros na história da utilização

de outras mercadorias, tais como conchas, pérolas, chá, couro, açúcar e fumo.

Os primeiros registros do uso de moedas metálicas datam do século

VII a.C., quando eram cunhadas na Lídia, reino da Ásia Menor, e também na

região do Peloponeso, ao sul da Grécia.

O dinheiro de papel foi utilizado primeiramente na China, durante a

Dinastia Ming. Durante muitos anos o dinheiro de papel foi lastreado em

reservas de ouro – “padrão ouro”, que em 1973 foi descartado. Em qualquer

país, somente o Banco Central tem autorização para emitir papel-moeda.

Nos dias atuais, como os bancos apresentam a capacidade de criar moeda,

ou seja, do total dos depósitos recebidos pelo banco, uma parte os bancos

empresta para outros clientes cobrando juros. Essa condição é denominada

moeda escritural.

De 1º de novembro de 1942 até os dias atuais, o Brasil teve oito padrões monetários: cruzeiro, cruzeiro novo, cruzeiro, cruzado, cruzado novo, cruzeiro, cruzeiro real e, por fim, o real. Se você quiser saber mais sobre a história da moeda em nosso país, acesse o site do Banco Central: <http://www.bcb.gov.br/?MUSEU>.

CURIOSIDADE

Voltemos ao mercado financeiro.

Para muitos autores, o mercado financeiro é considerado como sendo o

conjunto de operações financeiras que são realizadas em um ou entre vários

países, tendo por objeto dinheiro, capitais, moedas e seguros. Securato (2007)

entende que o mercado não diz respeito apenas às operações, mas também ao

conjunto de instituições ocupadas com o fluxo de recursos monetários entre

os agentes econômicos.

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Capítulo 3

84 Finanças Empresariais

Como qualquer mercado, o mercado financeiro também tem suas figuras

básicas, que são os compradores (tomadores de empréstimos), vendedores

(poupadores) e os intermediários financeiros (instituições financeiras). A

representação expressa no esquema a seguir detalha isso:

Figura 2 - Representação da dinâmica do mercado fi nanceiro

Oferta de recursos

Setoressuperavitários

Intermediários financeiros

Demanda de recursos

Setores deficitários

Como você leu anteriormente, o mercado financeiro envolve operações

com diferentes ativos, e da mesma forma que outros mercados, é necessário

segmentá-lo para melhor compreendê-lo.

Securato (2007) afirma que o processo de intermediação financeira

contempla cinco subdivisões:

• mercado monetário;

• mercado de crédito;

• mercado de câmbio;

• mercado de capitais;

• outros mercados (seguros).

O mercado monetário envolve operações de curto e curtíssimo prazos,

proporcionando um rápido controle da liquidez da economia e das taxas básicas

de juros, conforme as metas estabelecidas pelas autoridades monetárias para

a execução da política econômica.

O mercado de crédito é constituído basicamente por bancos comerciais e

sociedades financeiras, que realizam operações de financiamento de curto e médio

prazos, direcionados aos ativos permanentes e ao capital de giro das empresas.

O mercado cambial contempla operações que envolvem a troca de

moeda de um país pela de outro, com a finalidade de suportar as transações

inerentes ao comércio internacional de bens e serviços, bem como as operações

de empréstimos e financiamentos de agentes econômicos de um país para os

agentes econômicos de outros países.

Marteson
Realce
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Capítulo 3

85Finanças Empresariais

O mercado de capitais contempla as operações com ações que em geral têm

prazo indeterminado e operações financeiras de médio e longo prazos, especialmente

as de financiamento do capital de giro e do investimento das empresas.

O mercado de seguros é um segmento surgido pela necessidade que

as pessoas e as empresas têm de se associar para suportar de forma coletiva

as perdas individuais. Integra o mercado financeiro porque as seguradoras

captam recursos coletivamente junto aos agentes, com a finalidade de ressarcir

as perdas que vierem a acontecer.

Para que estes mercados funcionem adequadamente, é necessária a

atuação de órgãos regulamentadores, com leis específicas que visam resguardar

os direitos e estabelecer os deveres de cada agente econômico. A esse conjunto

de órgãos, entidades e empresas dá-se o nome Sistema Financeiro Nacional.

3.2.2 Estrutura do mercado financeiro

Histórico

O Sistema Financeiro Nacional teve sua primeira experiência com a vinda

da Família Real para o Brasil em 1808, quando D. João VI criou o 1° Banco

do Brasil, falido logo em seguida, em virtude do monarca ter levado para

Portugal, quando do seu retorno, todo o lastro de ouro nele depositado.

Após a independência, foram criados vários bancos pelo Brasil, iniciando-se

pelo Banco do Ceará (1836) e prosseguindo por bancos no Rio de Janeiro, Maranhão

e Pernambuco. Em 1845 foi fundado o 3° Banco do Brasil (o 2° não chegou a entrar

em funcionamento). A partir de então, houve um acentuado crescimento da

intermediação financeira, inclusive com a instalação de bancos estrangeiros.

Já no século XX, no período entre guerras, houve um grande aumento do

número de matrizes e agências bancárias. A captação de recursos e os empréstimos

concedidos pelos bancos comerciais cresceram de forma bastante acentuada.

No período compreendido entre 1945 e 1964, o sistema financeiro

foi objeto de diversas transformações. Como principal inovação, ocorreu a

implantação de um órgão normativo de assessoria, controle e fiscalização

do sistema financeiro: a Superintendência da Moeda e do Crédito, SUMOC,

precursor do Banco Central. Outra criação importante foi o Banco Nacional de

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Capítulo 3

86 Finanças Empresariais

Desenvolvimento Econômico, BNDE, que passou a exercer a função de fomento,

suprindo a demanda por crédito a longo prazo. Foram criadas instituições

destinadas ao apoio a regiões carentes, ou seja, o Banco do Nordeste do Brasil,

o Banco de Crédito da Amazônia e o Banco Regional de Desenvolvimento

do Extremo-Sul. Os anos de 1964-65 foram os anos das reformas no sistema

financeiro, com a promulgação de três leis:

• Lei n. 4.380/64, que instituiu a correção monetária nos contratos

imobiliários de interesse social e institucionalizou o Sistema Financeiro

de Habitação, criando o Banco Nacional de Habitação;

• Lei n. 4.595/64, que foi a base de uma verdadeira reforma bancária,

criando o Banco Central do Brasil e o Conselho Monetário Nacional;

• Lei n. 4.728/65, que disciplinou o funcionamento do mercado de

capitais e estabeleceu medidas para seu desenvolvimento.

Com essas alterações, o sistema financeiro brasileiro ampliou e diversificou

o número de intermediários financeiros, com áreas de atuação específicas e

determinadas, abrindo-se um novo leque de opções de ativos financeiros.

Na década seguinte, ocorreu grande mudança no mercado de capitais

com a promulgação das Leis n. 6.385/76 e 6.404/76. A primeira criou a

Comissão de Valores Mobiliários, órgão normativo do mercado de capitais,

que substituiu o Departamento de Mercado de Capitais do Banco Central do

Brasil. A segunda estabeleceu a nova legislação das sociedades anônimas. Em

2001 foi promulgada a Lei n. 10.303, que consolidou dispositivos das leis da

CVM e das S/A, melhorando a proteção aos minoritários.

Estrutura atual

A estrutura atual do Sistema Financeiro Nacional resulta essencialmente

da estrutura criada a partir de 1964, não modificada com a aprovação da nova

constituição, em 1988. A norma constitucional estabeleceu em seu artigo 192

que lei complementar regulamentaria o sistema financeiro – esta, porém, não

foi aprovada até hoje. No momento atual, existem alguns projetos de lei em

tramitação no Congresso Nacional que, quando aprovados, deverão modificar

substancialmente o sistema financeiro.

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Capítulo 3

87Finanças Empresariais

O Sistema Financeiro Nacional é constituído por um subsistema normativo

e por outro operativo (intermediação).

COMPOSIÇÃO

ORGÃOS

NORMATIVOS

ENTIDADES

SUPERVISORASOPERADORES

Conselho

monetario

nacional – CMN

Banco Central do

Brasil – Bacen

Instituições

financeiras

captadoras de

depósitos à vista

Demais

instituições

financeiras

Outros intermediários

financeiros e administradores

de recursos de terceiros

Bancos de

câmbio

Comissão de Valores

Monetários – CVM

Bolsas de

mercadorias e

futuros

Bolsas de

valores

Conselho

Nacional de

Seguros Privados

– CNSP

Superintendência

de Seguros Privados

– Susep

ResseguradorasSociedades

seguradoras

Sociedades de

capitalização

Entidades

abertas de

previdência

complementar

Conselho

Nacional de

Previdência

Complementar –

CNPC

Superintendência

Nacional de

Previdência

Complementar –

PREVIC

Entidades fechadas de previdência complementar

(fundos de pensão)

Quadro 1 - Estruturas do SFNFonte: Bacen (2010).

Você deve estar se perguntando o que são estes subsistemas. Acalme-

se. Você conhecerá a partir de agora cada um deles de forma detalhada.

O subsistema normativo regula e controla o subsistema operativo por

meio de normas legais. No quadro 2 estão destacados os órgãos. Num primeiro

nível estão o CMN, o CNSP e o CNPC, e num segundo nível tem-se o BACEN, a

CVM, A SUSEP e a PREVIC.

O subsistema operativo é constituído pelas instituições públicas

e privadas, que atuam no mercado financeiro, tendo como atividade

principal, ou acessória, a coleta, a intermediação ou a aplicação de recursos

financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira,

ou ainda a custódia de valor de propriedade de terceiros, conforme o art.

17 da Lei n. 4.595/64.

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Capítulo 3

88 Finanças Empresariais

EXPLORANDOEXPLORANDO

Conheça um pouco mais sobre cada uma dessas organizações. As informações aqui contidas estão acessíveis no site do BACEN. Acesse: <www.bcb.gov.br>.

Conselho Monetário Nacional

O CMN é o conselho de política econômica do país, responsável pela

fixação das diretrizes da política monetária, creditícia e cambial. Atualmente,

seu presidente é o próprio Ministro da Fazenda.

A partir da implementação do Plano Real, em 1994, criado pela medida

provisória n. 542, foi simplificada a composição do CMN, que passou a ser

integrado pelos seguintes membros:

• Ministro da Fazenda (Presidente);

• Ministro do Planejamento;

• Presidente do BACEN.

Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP

Órgão responsável por fixar as diretrizes e normas da política de

seguros privados. É composto pelo Ministro da Fazenda (presidente),

representante do Ministério da Justiça, representante do Ministério da

Previdência Social, Superintendente da Superintendência de Seguros

Privados, representante do Banco Central do Brasil e representante da

Comissão de Valores Mobiliários.

Conselho Nacional de Previdência Complementar – CNPC

É um órgão colegiado que integra a estrutura do Ministério da Previdência

Social, cuja competência é regular o regime de previdência complementar operado

pelas entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão). Mais

informações podem ser encontradas no endereço <www.previdenciasocial.gov.br>.

Como você pode perceber, estes órgãos são auxiliados em suas atividades

por outras entidades públicas. Conhecer um pouco mais do papel destas é

Marteson
Realce
Marteson
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Capítulo 3

89Finanças Empresariais

importante para uma melhor compreensão da dinâmica do mercado financeiro.

Normalmente, são chamadas de instituições auxiliares ou supervisoras.

A primeira delas você deve ter mais familiaridade, é o Banco Central do

Brasil, também chamado de BACEN, responsável pela execução das normas

que regulam o SFN. Suas atribuições são agir como:

• banco dos bancos;

• gestor do SFN;

• executor da política monetária;

• banco emissor;

• banqueiro do governo.

Uma segunda entidade é a CVM – Comissão de Valores Mobiliários. É

também uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, instituída pela

Lei n. 6.385, de 7 de dezembro de 1976. É responsável por regulamentar,

desenvolver, controlar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários do país.

Mais informações poderão ser encontradas no endereço <www.cvm.gov.br>.

EXPLORANDOEXPLORANDO

Acesse o site <www.portaldoinvestidor.gov.br>. Lá, entre no menu ”Desafios“. São cinco. De uma forma divertida, você poderá testar seus conhecimentos sobre o mercado. Peço a você que faça o nível iniciante neste momento e ao final deste módulo, busque resolver o nível avançado.

Uma terceira entidade é a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP),

autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, responsável pelo controle e

fiscalização do mercado de seguros, previdência privada aberta e capitalização.

Uma quarta e última entidade é a Superintendência Nacional de

Previdência Complementar (PREVIC), autarquia vinculada ao Ministério da

Previdência Social, responsável por fiscalizar as atividades das entidades

fechadas de previdência complementar (fundos de pensão). A Previc atua

observando as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional

e pelo Conselho Nacional de Previdência Complementar. Mais informações

podem ser encontradas no endereço <www.previdenciasocial.gov.br>.

Marteson
Realce
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Capítulo 3

90 Finanças Empresariais

Agora que você já sabe quem são os xerifes do mercado financeiro,

deverá conhecer um pouco mais sobre as instituições que interagem no

mercado e afetam o seu dia-a-dia de forma mais direta. Trata-se do subsistema

operativo. Você com certeza já deve ter tido contato com pelo menos duas

ou mais instituições. Na hora de contratar um empréstimo pessoal, um

cheque especial, um cartão de crédito, um seguro, um financiamento de

veículo ou imóvel, você provavelmente acessou algumas delas. Então vamos

lá, pois o caminho é longo. O primeiro grupo concentra as instituições que

são captadoras de depósitos à vista.

Alexandre Beck

Figura 3 - Instituições fi nanceiras

Os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou públicas que

têm como objetivo principal proporcionar suprimento de recursos necessários

para financiar, a curto e médio prazos, o comércio, a indústria, as empresas

prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral.

Os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou públicas

que realizam as operações ativas, passivas e acessórias das diversas instituições

financeiras, por intermédio das seguintes carteiras: comercial, de investimento

e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil

e de crédito, financiamento e investimento. A carteira de desenvolvimento

somente poderá ser operada por banco público.

Segundo dados do BACEN, conforme a tabela a seguir, temos mais de

uma centena só de bancos comerciais e múltiplos.

Marteson
Realce
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Capítulo 3

91Finanças Empresariais

Veja:

Banco Central do Brasil

Diretoria de Normas e Organização do Sistema Financeiro

Departamento de Organização do Sistema Financeiro

QUANTITATIVO DE INSTITUIÇÕES AUTORIZADAS A FUNCIONAR

TIPO2006

DEZ

2007

DEZ

2008

DEZ

2009

DEZ

Banco Múltiplo 137 135 140 139

Banco Comercial1/ 21 20 19 18

Banco de Desenvolvimento 4 4 4 4

Caixa Econômica 1 1 1 1

Banco do Investimento 18 17 17 16

Sociedade de CFI 51 52 55 59

Sociedade Corretora de TVM 116 107 107 105

Sociedade Corretora do Câmbio 48 46 45 45

Sociedade Distribuidora de TVM 133 135 135 125

Sociedade de Arrendamento Mercantil 41 38 36 33

Sociedade de Crédito Imobiliário, Associação de Poupança e Empréstimo e Sociedade de Crédito Imobiliário Repassadora2/

18 18 16 16

Companhia Hipotecária 6 6 6 6

Agência de Fomento3/ 12 12 12 14

subtotal 606 591 592 591

Tabela 1 - Quantitativo de instituições autorizadas a funcionar

Fonte: Unicad/Bacen (2010).

A Caixa Econômica Federal, criada em 1861, está regulada pelo

Decreto-Lei n. 759, de 12 de agosto de 1969, como empresa pública vinculada

ao Ministério da Fazenda. Trata-se de instituição semelhante aos bancos

comerciais, podendo captar depósitos à vista, realizar operações ativas e

efetuar prestação de serviços. Ela detém os monopólios do empréstimo sob

penhor de bens pessoais e sob consignação e da venda de bilhetes de loteria

federal. Além de centralizar o recolhimento e posterior aplicação de todos

os recursos oriundos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS),

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Capítulo 3

92 Finanças Empresariais

integra o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o Sistema

Financeiro da Habitação (SFH). Mais informações podem ser encontradas

no endereço <www.caixa.gov.br>.

As cooperativas de crédito observam, além da legislação e normas do

sistema financeiro, a Lei n. 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que define a

política nacional de cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades

cooperativas. Atuando tanto no setor rural quanto no urbano, as cooperativas

de crédito podem se originar da associação de funcionários de uma mesma

empresa ou grupo de empresas, de profissionais de determinado segmento,

de empresários ou mesmo adotar a livre admissão de associados em uma área

determinada de atuação, sob certas condições.

Tabela 2 - Instituições autorizadas a funcionar no Brasil

QUANTITATIVO DE INSTITUIÇÕES AUTORIZADAS A FUNCIONAR

TIPO2006

DEZ

2007

DEZ

2008

DEZ

2009

DEZ

Cooperativa de Crédito 1.452 1.465 1.453 1.405

Sociedade de Crédito ao Microempreendedor4/

56 52 47 45

subtotal 2.114 2.108 2.092 2.031

Consórcio 333 329 317 308

Total 2.447 2.437 2.409 2.339

Fonte: Unicad/Bacen (2010).

1/ Inclui as Filiais de bancos estrangeiros2/ Inclui Sociedades de Crédito Imobiliário Repassadoras (SCIR) que não podem captar recursos junto ao público3/ Em Jan/1999 foi constituída a primeira Agência de Fomento, nos termos da Resolução 2.574/984/ Em Out/1999 foi constituída a primeira SCM, nos termos da Resolução 2.627/99

Um segundo grupo é composto por diferentes instituições, umas atuam

na área de crédito e financiamento, outras no fomento e desenvolvimento

econômico. Você tinha conhecimento de tamanha diversificação do sistema?

Se a resposta for negativa, não se preocupe, isso não é privilégio seu. Vamos

então conhecê-las.

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Capítulo 3

93Finanças Empresariais

As associações de poupança e

empréstimo são constituídas sob a forma

de sociedade civil, sendo de propriedade

comum de seus associados. Suas operações

ativas são, basicamente, direcionadas

ao mercado imobiliário e ao Sistema

Financeiro da Habitação (SFH).

Os bancos de câmbio são instituições

financeiras autorizadas a realizar,

sem restrições, operações de câmbio

e operações de crédito vinculadas às

de câmbio, tais como financiamentos à exportação e importação e

adiantamentos sobre contratos de câmbio, e ainda receber depósitos em

contas sem remuneração, não movimentáveis por cheque ou por meio

eletrônico pelo titular, cujos recursos sejam destinados à realização das

operações citadas.

Ainda no segmento cambial, temos as sociedades corretoras de

câmbio, constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de

responsabilidade limitada, devendo constar na sua denominação social

a expressão “Corretora de Câmbio”. Têm por objeto social exclusivo a

intermediação em operações de câmbio e a prática de operações no

mercado de câmbio de taxas flutuantes.

Os bancos de investimento são instituições financeiras privadas

especializadas em operações de participação societária de caráter temporário,

de financiamento da atividade produtiva para suprimento de capital fixo, de

giro e de administração de recursos de terceiros. As principais operações ativas

são financiamento de capital de giro e capital fixo, subscrição ou aquisição

de títulos e valores mobiliários, depósitos interfinanceiros e repasses de

empréstimos externos (Resolução CMN 2.624, de 1999).

No segmento de fomento ao desenvolvimento regional e nacional,

temos a presença de três entidades representativas. As agências de fomento

têm como objeto social a concessão de financiamento de capital fixo e de

giro associado a projetos na Unidade da Federação onde tenham sede.

Alexandre Beck

Figura 4 - A poupança

Marteson
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Capítulo 3

94 Finanças Empresariais

Você conhece a agência de fomento de seu Estado? Procure se informar!

Os bancos de desenvolvimento são instituições financeiras controladas

pelos governos estaduais, e têm como objetivo proporcionar o suprimento

oportuno e adequado dos recursos necessários ao financiamento, em

médio e longo prazos, de programas e projetos que visem a promover o

desenvolvimento econômico e social do respectivo Estado.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),

criado em 1952 como autarquia federal, foi enquadrado como uma

empresa pública federal, com personalidade jurídica de direito privado

e patrimônio próprio, pela Lei 5.662, de 21 de junho de 1971. Suas

linhas de apoio contemplam financiamentos de longo prazo e custos

competitivos, para o desenvolvimento de projetos de investimentos e

para a comercialização de máquinas e equipamentos novos, fabricados no

país, bem como para o incremento das exportações brasileiras. Contribui,

também, para o fortalecimento da estrutura de capital das empresas

privadas e desenvolvimento do mercado de capitais.

Mais informações podem ser encontradas no endereço <www.bndes.

gov.br>.

EXPLORANDOEXPLORANDO

No site do BNDES, acesse o link trein@bndes. Nele você terá acesso a um curso on-line sobre as principais operações do banco. Ao concluir, você com certeza perceberá que o seu conhecimento financeiro foi enriquecido.

Mas se você acha que são apenas esses os agentes do mercado, está

enganado. Temos muito caminho pela frente.

As companhias hipotecárias são instituições financeiras constituídas

sob a forma de sociedade anônima, que têm por objeto social conceder

financiamentos destinados à produção, reforma ou comercialização de

imóveis residenciais ou comerciais aos quais não se aplicam as normas do

Marteson
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Capítulo 3

95Finanças Empresariais

Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Tais entidades têm como operações

especiais a administração de créditos hipotecários de terceiros e de fundos de

investimento imobiliário (Resolução CMN 2.122, de 1994).

As sociedades de crédito imobiliário são instituições financeiras criadas pela

Lei 4.380, de 21 de agosto de 1964, para atuar no financiamento habitacional.

Constituem operações passivas dessas instituições os depósitos de poupança,

a emissão de letras e cédulas hipotecárias e depósitos interfinanceiros.As

sociedades de crédito, financiamento e investimento, também conhecidas

por financeiras, foram instituídas pela Portaria do Ministério da Fazenda 309,

de 30 de novembro de 1959. São instituições financeiras privadas que têm

como objetivo básico a realização de financiamento para a aquisição de bens,

serviços e capital de giro. Tais entidades captam recursos por meio de aceite

e colocação de Letras de Câmbio (Resolução CMN 45, de 1966) e Recibos de

Depósitos Bancários (Resolução CMN 3.454, de 2007).

As sociedades de crédito ao microempreendedor, criadas pela Lei 10.194,

de 14 de fevereiro de 2001, são entidades que têm por objeto social exclusivo

a concessão de financiamentos e a prestação de garantias a pessoas físicas,

bem como a pessoas jurídicas classificadas como microempresas, com vistas a

viabilizar empreendimentos de natureza profissional, comercial ou industrial

de pequeno porte.

No segmento de mercado de capitais, as entidades representativas são: as

bolsas de mercadorias e futuros, as bolsas de valores, as sociedades corretoras

e as distribuidoras de valores mobiliários.

As bolsas de mercadorias e futuros são associações privadas civis,

com objetivo de efetuar o registro, a compensação e a liquidação, física e

financeira, das operações realizadas em pregão ou em sistema eletrônico.

Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa e são fiscalizadas

pela Comissão de Valores Mobiliários.

As bolsas de valores são sociedades anônimas ou associações civis,

com o objetivo de manter local ou sistema adequado ao encontro de seus

membros e à realização entre eles de transações de compra e venda de títulos

e valores mobiliários, em mercado livre e aberto, especialmente organizado

e fiscalizado por seus membros e pela Comissão de Valores Mobiliários.

Marteson
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Capítulo 3

96 Finanças Empresariais

No Brasil, em 2008, a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF) e a Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) fundiram-se em única bolsa, que está estruturada na forma de companhia de capital aberto? Hoje é a única bolsa de valores, mercadorias e futuros em operação no país. Ela oferece uma série de cursos gratuitos pela internet. Visite o site: <www.bovespa.com.br>.

SAIBA QUE

As sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários são

constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de

responsabilidade limitada. Dentre seus objetivos, destacam-se: operar em

bolsas de valores, subscrever emissões de títulos e valores mobiliários no

mercado; comprar e vender títulos e valores mobiliários por conta própria

e de terceiros; encarregar-se da administração de carteiras e da custódia

de títulos e valores mobiliários; instituir, organizar e administrar fundos e

clubes de investimento; emitir certificados de depósito de ações e cédulas

pignoratícias de debêntures; operar em bolsas de mercadorias e de futuros

por conta própria e de terceiros. São supervisionadas pelo Banco Central

do Brasil (Resolução CMN 1.655, de 1989). A normatização, concessão de

autorização, registro e a supervisão dos fundos de investimento são de

competência da Comissão de Valores Mobiliários.

As sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários

são constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de

responsabilidade limitada, devendo constar na sua denominação social

a expressão “Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários”. Algumas de

suas atividades: intermedeiam a oferta pública e distribuição de títulos e

valores mobiliários no mercado; administram e custodiam as carteiras de

títulos e valores mobiliários; instituem, organizam e administram fundos

e clubes de investimento; operam no mercado acionário, comprando,

vendendo e distribuindo títulos e valores mobiliários, inclusive ouro

financeiro, por conta de terceiros; fazem a intermediação com as bolsas

de valores e de mercadorias; São supervisionadas pelo Banco Central do

Brasil (Resolução CMN 1.120, de 1986).

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Capítulo 3

97Finanças Empresariais

No segmento de seguros, previdência privada e capitalização,

encontramos algumas instituições. Primeiramente, os resseguradores são

entidades constituídas sob a forma de sociedades anônimas, que têm por

objeto exclusivo a realização de operações de resseguro e retrocessão. O

Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) é empresa resseguradora vinculada

ao Ministério da Fazenda.

As sociedades seguradoras são

também entidades constituídas sob a forma

de sociedades anônimas, especializadas em

pactuar contrato, por meio do qual assumem

a obrigação de pagar ao contratante

(segurado), ou a quem este designar, uma

indenização, no caso em que advenha o risco

indicado e temido, recebendo, para isso, o

prêmio estabelecido.

As entidades abertas de previdência

complementar são entidades constituídas

unicamente sob a forma de sociedades anônimas e têm por objetivo instituir

e operar planos de benefícios de caráter previdenciário concedidos em forma

de renda continuada ou pagamento único, acessíveis a quaisquer pessoas

físicas. São regidas pelo Decreto-Lei 73, de 21 de novembro de 1966, e pela Lei

Complementar 109, de 29 de maio de 2001. As funções do órgão regulador e

do órgão fiscalizador são exercidas pelo Ministério da Fazenda, por intermédio

do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e da Superintendência de

Seguros Privados (SUSEP).

As entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão) são

organizadas sob a forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos e são

acessíveis, exclusivamente, aos empregados de uma empresa ou grupo de empresas

ou aos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, entes

denominados patrocinadores ou aos associados ou membros de pessoas jurídicas de

caráter profissional, classista ou setorial, denominadas instituidores. As entidades

de previdência fechada devem seguir as diretrizes estabelecidas pelo Conselho

Monetário Nacional, por meio da Resolução 3.121, de 25 de setembro de 2003, no

que tange à aplicação dos recursos dos planos de benefícios. Também são regidas

pela Lei Complementar 109, de 29 de maio de 2001.

Figura 5 - Sociedades seguradoras e o segurado

Alexandre Beck

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Capítulo 3

98 Finanças Empresariais

As sociedades de capitalização são entidades, constituídas sob

a forma de sociedades anônimas, que negociam contratos (títulos de

capitalização) que têm por objeto o depósito periódico de prestações

pecuniárias pelo contratante, o qual terá, depois de cumprido o prazo

contratado, o direito de resgatar parte dos valores depositados corrigidos

por uma taxa de juros estabelecida contratualmente, conferindo, ainda,

quando previsto, o direito de concorrer a sorteios de prêmios em dinheiro.

As administradoras de consórcio são pessoas jurídicas prestadoras

de serviços relativos à formação, organização e administração de grupos

de consórcio, cujas operações estão estabelecidas na Lei 5.768, de 20 de

dezembro de 1971. Ao Banco Central do Brasil (BACEN), por força do

disposto no art. 33 da Lei 8.177, de 1º de março de 1991, cabe autorizar

a constituição de grupos de consórcio a pedido de administradoras

previamente constituídas sem interferência expressa da referida autarquia,

mas que atendam a requisitos estabelecidos, particularmente quanto à

capacidade financeira, econômica e gerencial da empresa. Também cabe

ao BACEN fiscalizar as operações da espécie e aplicar as penalidades

cabíveis.

As sociedades de arrendamento mercantil são constituídas sob

a forma de sociedade anônima, devendo constar obrigatoriamente

na sua denominação social a expressão “Arrendamento Mercantil”. As

operações passivas dessas sociedades são emissão de debêntures, dívida

externa, empréstimos e financiamentos de instituições financeiras. Suas

operações ativas são constituídas por títulos da dívida pública, cessão de

direitos creditórios e, principalmente, por operações de arrendamento

mercantil de bens móveis, de produção nacional ou estrangeira, e bens

imóveis adquiridos pela entidade arrendadora para fins de uso próprio do

arrendatário. São supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Resolução

CMN 2.309, de 1996).

Pois bem, agora que você conhece os principais agentes normativos

e operativos, precisará saber identificar os principais instrumentos da

política econômica que influenciam o dia-a-dia do mercado financeiro.

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Capítulo 3

99Finanças Empresariais

3.2.3 Política econômica

Cavalcante e Misumi (2001) ressaltam que o Estado tem a seu dispor

uma série de instrumentos que envolvem uma série de variáveis econômicas,

que têm por finalidade a promoção do desenvolvimento econômico, além do

atendimento das necessidades de bens e serviços da sociedade. Respondem

ainda pela garantia do emprego e pela estabilidade dos preços. A este conjunto

de instrumentos denominamos política econômica.

Em perspectiva complementar, Fortuna (2005) afirma que além dos

objetivos enunciados por Cavalcante e Misumi, devem ser considerados o

controle da inflação e a distribuição da riqueza e renda.

Sintetizando, pode-se afirmar que é a ação governamental que envolve o

complexo sistema de aspirações da sociedade, incluindo itens como segurança

nacional e política. Seus objetivos, portanto, são o crescimento econômico, a

estabilidade econômica e a equitatividade.

Os principais instrumentos de política econômica podem ser segregados

em outras políticas, a saber:

• política monetária;

• política fiscal;

• política cambial;

• política de rendas.

A partir deste momento, espero que você perceba como estes diferentes

instrumentos impactam a economia de um país em diferentes horizontes de tempo.

Política monetária

A política monetária envolve, segundo Fortuna (2005), o controle da oferta

da moeda e das taxas de juros de curto prazo, tendo por premissa a garantia da

liquidez da economia. A responsabilidade da condução da política monetária

compete ao BACEN, que poderá adotar quatro instrumentos. Vejamos.

Cavalcante e Misumi (2001), Assaf Neto (2001) e Fortuna (2005) ressaltam

que os recolhimentos compulsórios se constituem em percentual cobrado

sobre os depósitos à vista e/ou a prazo pela rede bancária.

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Capítulo 3

100 Finanças Empresariais

Se a autoridade monetária desejar expandir o volume de recursos

na economia, promoverá a redução do percentual. Caso contrário, se ela

expandir o percentual, objetiva controlar a demanda agregada. É um

instrumento utilizado em horizontes de tempo mais longos.

Segundo Assaf Neto (2001), o Banco Central costuma realizar diversos

empréstimos de assistência à liquidez ou redesconto às instituições

financeiras. Normalmente, estas operações somente são realizadas em caso

mais graves, pois em princípio o próprio mercado financeiro, por meio de

operações no mercado interbancário, atende às necessidades momentâneas

de caixa das instituições. O redesconto, portanto, tem uma característica

punitiva.

Você deve compreender que uma taxa de redesconto mais elevada

desestimula os bancos comerciais a tomarem empréstimos, reduzindo

a oferta de moeda. De modo contrário, uma taxa de redesconto menor

incentiva os bancos a tomarem empréstimos e aumenta a quantidade de

oferta de moeda na economia.

Em essência, as operações de mercado aberto consistem em vendas ou

compras, por parte do Banco Central, de títulos governamentais no mercado

de capitais. Para aumentar a oferta de moeda na economia, o BC realiza a

compra de títulos do governo nos mercados de títulos do país.

Cada novo real mantido como moeda corrente aumenta a oferta de

moeda em exatamente um real. Cada novo real depositado em um banco

comercial aumenta a oferta de moeda numa magnitude maior, devido à

ação do multiplicador monetário.

Para reduzir a oferta de moeda, o BACEN faz justamente o contrário:

vende títulos do governo ao público, que paga em moeda corrente ou por

meio dos depósitos bancários que possui, reduzindo diretamente a oferta de

moeda da economia.

Um último instrumento utilizado pelo BACEN constitui-se em

intervenção direta deste no mercado de crédito, por meio do controle e

seleção dos recursos. Nesse sentido, é um instrumento de controle da oferta

monetária que se diferencia do trinômio “reservas, redesconto e mercado

aberto” em pelo menos três aspectos:

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Capítulo 3

101Finanças Empresariais

• alcança as operações de empréstimos de todo o sistema financeiro;

• condiciona diretamente, e não por vias indiretas, o volume e os custos

dos empréstimos do setor financeiro;

• atua sobre o conceito mais abrangente da oferta monetária, M4.

Política fiscal

Refere-se ao manejo das finanças públicas, isto é, às várias categorias

de receitas e de dispêndio das diferentes esferas do governo. As receitas

do governo provêm de tributos que incidem sobre diferentes atividades

econômicas: a produção e a circulação de mercadorias, a geração de

rendas, a transferência de propriedades, operações financeiras etc. As

despesas são com custeio da máquina burocrática, investimentos em

infra-estrutura, subsídios, juros da dívida pública, transferências etc.

Exercida essencialmente pelo Ministério da Fazenda, a política

fiscal refere-se aos instrumentos de que o governo dispõe para arrecadar

tributos (política tributária) e controlar suas despesas (política de gastos).

O quadro a seguir apresenta as principais medidas de política fiscal

passíveis de serem adotadas por um governo.

QUESTÕES A

ENFRENTARDECISÕES CONSEQUÊNCIA

Combate à

inflação

Aumenta a carga tributáriaRetração e/ou inibição do consumo

Diminuição dos gastos públicos

Estímulo à

economia

Redução da carga tributáriaExpansão do nível de emprego e maior consumo

Expansão dos gastos públicos

Distribuição

de renda

Seletividade

Expansão econômica de regiões menos

favorecidas e aumento do consumoImpostos progressivos

Programas assistenciais

Quadro 2 - Medidas fi scais

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Capítulo 3

102 Finanças Empresariais

Você saberia dizer quantos impostos, taxas e contribuições temos no Brasil hoje? Procure listar pelo menos três impostos, taxas e/ou contribuições. Caso você não saiba identificar, acesse o site <www.receita.fazenda.gov.br>, nele você identificará os tributos da esfera federal. Se desejar conhecer os de seu estado, acesse o site da Secretaria Estadual da Fazenda.

DESAFIO

Política cambial

As relações econômicas internacionais envolvem diferentes unidades

monetárias nas transações realizadas. A exemplo, se dois países efetuam

transações econômicas entre si, necessariamente entram em jogo duas moedas,

havendo a necessidade de se fixar a relação de troca entre ambas. A isso se

chama taxa de câmbio.

A política cambial está baseada, segundo Assaf Neto (2001), na

administração das taxas de câmbio, e busca promover as alterações das

cotações das moedas. Normalmente, as operações que envolvem o mercado

são balizadas no dólar norte-americano e no euro.

Um conceito importante que você deve assimilar refere-se ao regime

cambial. Securato (2007) afirma serem três os regimes cambiais: fixo, flexível

e de bandas cambiais.

Caso você queira ampliar seu conhecimento, visite o site do Bacen:

<www.bcb.gov.br/?cambio>.

No site do BACEN, você pode fazer a conversão de reais para 163 moedas de diferentes países. Basta acessar o link e se divertir com os resultados:<www4.bcb.gov.br/pec/conversao/conversao.asp?idioma=P>.

CURIOSIDADE

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Capítulo 3

103Finanças Empresariais

Política de rendas

Cavalcante e Misumi (2001) definem política de rendas como os

instrumentos de controle dos fatores de produção, tais como salários, encargos,

distribuição de lucros, dentre outros. Fortuna (2005) complementa dizendo ser

o exercício do controle direto sobre todo e qualquer fator de produção pelo

governo. Afirma ainda que a melhora dos níveis de renda é condição para

expansão do sistema financeiro nacional.

Agora que você já sabe como funciona a atuação das autoridades

monetárias na gestão do sistema financeiro, que tal aprofundar seus

conhecimentos sobre as principais operações existentes no mercado?

3.2.4 Operações ativas e passivas

Como você estudou no início do nosso módulo, as instituições

financeiras fazem o repasse dos recursos captados dos agentes econômicos

superavitários aos agentes econômicos deficitários.

Tem-se no mercado financeiro uma enorme variedade de produtos

disponíveis que se diferenciam em face de prazos, taxas, formas de

pagamento e garantias.

São identificadas nesta categoria as operações financeiras de

empréstimos e financiamentos de diferentes prazos, também chamadas de

operações ativas.

Por outro lado, existem as operações passivas das instituições

financeiras, que se constituem nas captações de recursos juntos às pessoas

físicas e jurídicas, financeiras ou não, para posterior empréstimo aos clientes

nas chamadas operações ativas.

Existem normas estabelecidas pelo Banco Central para essas

captações, que variam em função do depositante e do depositário.

Operações ativas

Como você pôde observar no item anterior, as operações ativas são

classificadas em empréstimos e financiamentos.

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Capítulo 3

104 Finanças Empresariais

Você saberia diferenciar uma operação de empréstimo de uma operação de financiamento?

DESAFIO

Pois bem, se não souber estabelecer a diferenciação, vou ajudá-lo.

Empréstimos são operações sem destinação específica; já os financiamentos

estão atrelados à aquisição de um bem, por exemplo: a compra de sua casa

própria ou a aquisição de uma máquina por parte de sua empresa.

Agora que você já sabe a diferença, serão apresentados os conceitos das

principais operações existentes no mercado. Cabe ressaltar que as definições

aqui expressas têm por referência Fortuna (2005).

Hot-Money – são operações de empréstimos de curtos e curtíssimos

prazos, normalmente de um a dez dias, utilizadas na cobertura de necessidades

mais perenes de caixa, por parte das empresas.

Por ser uma operação de curto prazo, o hot-money tem a vantagem de

permitir uma rápida mudança de posição no caso de uma variação brusca nas

taxas de juros para baixo. É também conhecida, conforme Fortuna (2005, p.

185), como o “seguro dos executivos financeiros contra o desemprego”.

Desconto de títulos – é uma operação de crédito típica do sistema

bancário, que envolve principalmente duplicatas, notas promissórias,

fatura de cartão de crédito e cheques pré-datados. A instituição concede

empréstimo mediante a garantia de um título representativo de um crédito

futuro.

Contas Garantidas/Cheques Especiais – consistem na abertura de uma

conta com limite de crédito garantido pela instituição financeira. O tomador

ou mutuário da operação saca recursos até o limite contratado, objetivando

suprir suas necessidades mais imediatas de caixa.

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Capítulo 3

105Finanças Empresariais

Sua movimentação é efetivada geralmente mediante a utilização de

cheques, podendo ser admitidos depósitos para cobrir ou reduzir o saldo

devedor existente. Os encargos financeiros são calculados sobre o saldo

que permanecer a descoberto e cobrados dos clientes, normalmente, ao no

primeiro dia útil do mês seguinte ao de movimentação.

Créditos rotativos – são linhas de crédito abertas pelas instituições

financeiras que objetivam o financiamento das necessidades de curto

prazo (capital de giro) das empresas e são movimentadas por meio de

cheques. Diferenciam-se das operações de conta garantida, por serem

operadas normalmente com garantias de duplicatas (caução). O limite é

definido com base num percentual calculado sobre o valor caucionado e

conforme as duplicatas são resgatadas pelos sacados, o cedente deverá

providenciar a substituição destas por outras de forma a manter o limite

e a rotatividade de crédito concedido. Os encargos (juros e IOF) são

cobrados de acordo com a utilização dos recursos, da mesma forma que

nas contas garantidas.

Leasing – a operação de leasing ou arrendamento mercantil pode

ser compreendida como uma forma especial de financiamento. Consiste

na celebração de um contrato de arrendamento (aluguel) efetuado entre

um cliente (arrendatário) e uma sociedade de arrendamento mercantil

(arrendadora), objetivando a utilização, por parte do primeiro, do bem

especificado no contrato durante prazo determinado, cujo pagamento

é efetuado na forma de “aluguel”. Diferencia-se conceitualmente do

aluguel em virtude de possibilitar ao arrendatário a opção de adquirir

o bem, de forma definitiva ao final do contrato, mediante o pagamento

de valor residual garantido (VRG). Pode ser realizado em três diferentes

modalidades.

O leasing operacional constitui-se na locação de um bem. A empresa,

manifestando interesse em adquirir o bem, pagará pelo mesmo o seu

preço de mercado.

O leasing-back, modalidade praticada por empresas carentes

de recursos de longo prazo para investimentos em giro. A empresa

tomadora de recursos, proprietária de um bem, por meio de um único

contrato de arrendamento, vende para a sociedade de leasing o ativo e

simultaneamente o arrenda.

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Capítulo 3

106 Finanças Empresariais

O leasing financeiro, ou modalidade clássica, caracteriza-se pelo

pagamento de prestações ou contraprestações mensais, iguais e sucessivas,

embora não haja impedimento de outras formas de pagamento. O valor

residual garantido é uma constante nesta modalidade.

Vendor – é uma operação de crédito em que uma instituição financeira

paga à vista a uma empresa os direitos relativos às vendas realizadas e

recebidos em cessão, em troca de uma taxa de juros de intermediação, pré-

fixada. A figura 3 retrata o fluxo de uma operação de vendor.

Empresa vendedora

Empresa compradora

Empresa compradora

Bancos

Empresa vendedora

Sem o vendorà vista R$ 100,00

oua prazo R$ 110,00

Com o vendor

à vista R$ 100,00 a prazo R$ 108,00

Figura 3 - Fluxo de operação de vendorFonte: adaptada de Fortuna (2005).

Compror – consiste em operação inversa ao vendor que se efetiva no

momento em que pequenas indústrias vendem para grandes lojas comerciais.

Neste caso, em vez do vendedor (indústria) ser o fiador do contrato, o próprio

comprador é que funciona como tal.

A operação consiste na abertura de um limite para o financiamento do

estoque de sua empresa. Por meio desse limite, você efetua suas compras,

negociando as melhores condições de preço. O fornecedor recebe à vista, e

você escolhe o prazo mais adequado para pagamento junto ao Banco.

Empréstimos de capital de giro – são operações tradicionais de

empréstimos vinculadas a um contrato específico que estabeleça prazo, taxas,

valores e garantias necessárias e que atendem às necessidades de capital de

giro das empresas.

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Capítulo 3

107Finanças Empresariais

Entende-se por necessidade de capital de giro, os recursos necessários

à cobertura do ciclo operacional da empresa. O pagamento das parcelas

será mensal e igual, contendo o valor do principal financiado mais juros,

normalmente prefixados.

Financiamentos para investimentos – são operações aplicadas no longo

prazo, em nosso país, de forma preponderante realizadas com entidades e

instituições financeiras governamentais. Dentre elas, destaca-se o BNDES,

como o grande financiador das empresas no longo prazo. Convém destacar as

modalidades mais acessadas pelas empresas brasileiras:

BNDES Automático – financiamentos de até R$ 10 milhões para a

realização de projetos de implantação, expansão e modernização, incluída

a aquisição de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional,

credenciados pelo BNDES, e capital de giro associado, através de instituições

financeiras credenciadas.

FINAME – financiamentos, sem limite de valor, para aquisição isolada

de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, credenciados

pelo BNDES, através de instituições financeiras credenciadas. Você encontrará

esta modalidade na forma tradicional, agrícola, leasing e concorrência

internacional.

INTERAGINDOINTERAGINDO

Acesse o site do BNDES <www.bndes.gov.br> e realize uma pesquisa sobre quais itens são passíveis de financiamento. Houve alguma surpresa? Caso tenha ocorrido, procure discutir com os demais alunos e perceber se a sua percepção foi a mesma que eles tiveram.

Agora que você já é um expert em linhas de empréstimos e financiamento,

que tal conhecer a outra ponta, as operações passivas disponibilizadas pelo

mercado financeiro?

Operações passivas, como você percebeu no início deste capítulo,

representam as diferentes formas de captação de recursos pelas instituições

financeiras. Veja:

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Capítulo 3

108 Finanças Empresariais

Depósitos à vista – a captação de depósitos à vista, livremente

movimentáveis, é atividade típica e distintiva dos bancos comerciais, o

que os configura como instituições financeiras monetárias. É a chamada

captação a custo zero. Assim, o depósito à vista, para o banco, é um

dinheiro gratuito.

A conta corrente é o produto básico da relação entre o cliente e o banco,

pois com ela são movimentados os recursos do cliente, via depósito, cheques,

ordens de pagamento, DOC ou TED (Transferência Eletrônica Disponível).

Podem ser pessoais ou conjuntas. A conta corrente conjunta pode, por sua

vez, ser simples ou solidária.

Com a implantação do SPB – Sistema de Pagamentos Brasileiro, as movimentações com valor superior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) passaram a ser efetivadas por meio da TED, que garante a transferência em tempo real dos recursos de uma conta para outra, independente do banco ser ou não o mesmo.

CURIOSIDADE

• Depósitos a prazo – as modernas instituições financeiras criaram

o conceito de mesa de operações, que centralizam a maioria das

operações de suas áreas de mercado, ou seja, que envolvam a

definição de taxas de juros e, portanto, o conceito de spread,

que é a diferença entre o custo do dinheiro tomado e o preço do

dinheiro vendido, como, por exemplo, na forma de empréstimo.

Diversos são os instrumentos que possibilitam ao investidor aplicar

seus recursos disponíveis em troca de alguma rentabilidade. Ao procurar

uma instituição financeira, você encontrará: uma Caderneta de Poupança,

um Certificado ou Recibo de Depósito Bancário (CDB/RDB), Letras

Hipotecárias (LH), Letras de Câmbio (LC), Letras de Crédito Imobiliário

(LCI), dentre outros. O que os diferencia são a rentabilidade, os níveis de

risco, a isenção ou não de imposto de renda.

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Capítulo 3

109Finanças Empresariais

Elabore um quadro resumo com as principais aplicações financeiras citadas no parágrafo anterior, apresentando a definição de cada uma, os prazos de aplicação, riscos envolvidos e a rentabilidade equivalente.

DESAFIO

Agora que você conhece as operações ativas e passivas das instituições

financeiras, verá que estas se utilizam das taxas de juros para numa ponta cobrarem os

recursos emprestados e, na outra, ponta remunerarem os investidores ou aplicadores.

3.2.5 Taxas de juros

Toda operação que envolva uma remuneração de juros identifica a

participação de dois agentes econômicos: o poupador e o tomador. A taxa de

juro é o resultado das interações das ações de mercado executadas pelos agentes

econômicos, servindo de balizador de suas decisões de consumo e poupança.

São as leis da oferta e procura que definem sua taxa. No Brasil, o spread

bancário é medido pela diferença entre o custo de um empréstimo e a

remuneração paga ao poupador. Pode ser representado pela fórmula a seguir:

1 + iSPREAD = 1 + iAPLICAÇÃO

1 + iCAPTAÇÃO

Diversos são os fatores que compõem o spread:

• taxa de captação do banco, incluso o custo do depósito compulsório;

• impostos e contribuições (IR, CSLL, PIS, COFINS, IOF e FGPC-FGC –

Fundo Garantidor do Empréstimo, calculado por meio de percentual

incidente sobre o saldo mensal de captação);

• despesas administrativas;

• inadimplência;

• margem de lucro.

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Capítulo 3

110 Finanças Empresariais

O mercado financeiro se utiliza de taxas padrão na remuneração das

diversas aplicações financeiras. Fortuna (2005) destaca como principais as

relacionadas a seguir:

• Taxa Básica Financeira – TBF;

• Taxa Referencial – TR;

• Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP;

• Taxa Over Selic.

Serão apresentadas a partir de agora as principais características destas

que, na opinião de Fortuna (2005), são as taxas mais utilizadas no mercado.

Taxa Básica Financeira – TBF

Essa taxa foi criada pela Resolução n. 2.171, de 30 de junho de 1995, pelo

Conselho Monetário Nacional (CMN), com a finalidade de estimular os investidores

a alongar o perfil das aplicações em títulos de renda fixa. É calculada diariamente

pelo BACEN por meio do DEPEC – Departamento de Política Econômica, sempre

com quatro casas decimais e com base nos rendimentos médios mensais oferecidos

pelos CDB/RDB pré-fixados de 30 a 35 dias corridos, dos 30 maiores conglomerados

financeiros do país. A amostra é revista por ocasião da realização dos balanços

semestrais, um ou dois participantes são substituídos. É utilizada para:

• servir como projeção ou estimativa das taxas de juros futuros para 30 dias;

• atuar, como indexador, para operações ativas e passivas dos bancos,

desde que obedecido o prazo mínimo de dois meses;

• servir de balizador, no curto prazo, para a tomada de decisões

domésticas e comerciais;

• servir de base de cálculo da TR.

Taxa Referencial – TR

Criada pelo Plano Collor 11 (1991) para ser utilizada como uma taxa

básica referencial dos juros. Atualmente, é calculada a cada dia, tendo como

base o dia anterior. Para cálculo da TR do mês deduzido, da taxa média de

captação dos bancos, um redutor que deve refletir a tributação incidente

sobre os CDB/RDB e a taxa real de juros da economia. O redutor reflete a

taxa de real de juros admitida pelo governo nos próximos 30 dias, e pode ser

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Capítulo 3

111Finanças Empresariais

entendida ainda como a taxa esperada de inflação, embutida pelos agentes

econômicos na remuneração dos títulos de renda fixa. Seve como indexador:

• da caderneta de poupança;

• das contas do FGTS;

• dos financiamentos habitacionais;

• das operações ativas e passivas com prazo mínimo de um mês;

• das NTN-H (Notas do Tesouro Nacional).

Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP

A Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP foi instituída pela Medida Provisória

n. 684, de 31.10.94, publicada no Diário Oficial da União em 03 de novembro

de 1994, sendo definida como o custo básico dos financiamentos concedidos

pelo BNDES. Posteriores alterações ocorreram por meio da Medida Provisória

n. 1.790, de 29 de dezembro de 1998 e da Medida Provisória n. 1.921, de 30

de setembro de 1999, convertida na Lei n. 10.183 de 12 de fevereiro de 2001.

Essa taxa é aplicada para remunerar o PIS/PASEP, o FAT (Fundo de

Amparo ao Trabalhador) e o Fundo de Marinha Mercante. Também é aplicada

nos empréstimos de longo prazo do BNDES.

O prazo de vigência da TJLP é de três meses, sendo divulgada pelo Banco

Central como taxa nominal anual, no primeiro dia útil do período de aplicação.

Taxa SELIC

Essa taxa é divulgada nas reuniões mensais do Comitê de Política

Monetária (COPOM), podendo ser alterada pelo presidente do Banco

Central entre as reuniões mensais do CMN caso o Conselho defina um viés

de alta ou de baixa.

A taxa overnight do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC),

expressa na forma anual, é a taxa média ponderada pelo volume das operações

de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e

realizadas no SELIC na forma de operações compromissadas. É a taxa básica

utilizada como referência pela política monetária.

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Capítulo 3

112 Finanças Empresariais

A denominada taxa over é uma taxa de juros nominal com capitalização

diária, porém válida somente para dias úteis, ou seja, sua capitalização

ocorre unicamente em dia de funcionamento do mercado financeiro. A

taxa costuma ser expressa ao mês, obtida pela simples multiplicação da

taxa ao dia por 30.

Admita, assim, que em determinado mês a taxa over esteja fixada em

2,75%, sendo computados 22 dias úteis no período. Logo, a taxa de juro a ser

considerada em cada dia útil é a proporcional de 0,0917%, ou seja, 2,75% ao

mês/30 dias. Estando definidos 21 dias úteis no prazo de referência da taxa

over, a taxa efetiva apurada por capitalização composta atinge:

T efetiva = -21 1 + over30

du

T efetiva = -1

T efetiva = 1,9427% a.m.

1 + 0.027530

21

3.3 Aplicando a teoria na prática

A empresa Radical Surf, que atua no mercado de produtos relacionados

a essa modalidade esportiva, vem realizando investimentos ao longo dos

últimos anos em modernização de seu espaço comercial e em tecnologia, o

que resultou nos últimos 12 meses num volume de vendas considerável. Ao

apurar seus resultados finais, os proprietários, após procederem à distribuição

dos lucros, identificaram ainda uma sobra de caixa significativa, da ordem de

R$ 125.000,00. Procuraram então o gerente do banco, que lhes ofereceu um

CDB a uma taxa efetiva (já descontadas todas as demais taxas e impostos)

de 12,5% ao ano, ou 0,99% ao mês. Se a Radical Surf mantiver os recursos

aplicados por dois meses, qual será o retorno alcançado na operação. Lembre

que o mercado financeiro atua com juros compostos.

E aí? Chegou à resposta? É simples, acompanhe.

Considere a fórmula básica de juros compostos apresentada a seguir:

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Capítulo 3

113Finanças Empresariais

S = P (1+i)n

S = 125.000 (1+0,99/100)²

S = 127.487,25

J = 127.487,25-125.000,00 = 2.487,25

O rendimento alcançado, portanto, será de R$ 2.487,25 ao final do

período de dois meses.

3.4 Para saber mais

Sugiro algumas leituras para que você se aprofunde no tema estudado

neste capítulo:

Título: Mercado fi nanceiro

Autor: BRITO, O. S. Editora: Saraiva, SP Ano: 2005

Este livro aborda em suas 400 páginas o mercado financeiro como um ambiente bastante complexo, composto por agentes orientados à obtenção de resultado, órgãos reguladores do controle de risco sistêmico e agentes econômicos, responsáveis pela gestão maior da economia.

Título: Negócios em bolsas de valores

Autor: LAMEIRA, V. Editora: Bovespa, SP Ano: 2003

Esta publicação traz uma abordagem sobre a estrutura do mercado financeiro e procedimentos de análise a serem observados por quaisquer investidores.

Site: Andima

URL: http://www.andima.com.br

Neste site você encontrará artigos sobre o mercado financeiro, seus produtos, oportunidades de curso, dentre outras informações.

Site: BCB

URL: http://www.bcb.gov.br

Site obrigatório para qualquer profissional da área financeira. Traz estatísticas, artigos sobre o mercado, toda a legislação da área financeira, bem como calculadoras diversas.

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Capítulo 3

114 Finanças Empresariais

3.5 Relembrando

O capítulo 3 apresentou:

• a caracterização do mercado financeiro, sua estrutura de

funcionamento, bem como seu contexto histórico;

• os principais instrumentos de política econômica, destacando-se o

impacto das ações monetárias, fiscais, cambiais e creditícias;

• as principais operações ativas e passivas realizadas pelo conjunto de

instituições financeiras;

• os conceitos de taxas de juros, como elas são formadas e ainda as mais

utilizadas pelo mercado.

3.6 Testando os seus conhecimentos

1) Assinale qual a taxa de juros utilizada em operações com prazos mínimos

de um mês e ainda nos financiamentos habitacionais.

a) TBF.

b) SELIC.

c) TR.

d) TJLP.

e) TBAN.

2) A política monetária envolve, segundo Fortuna (2005), o controle da oferta

da moeda e das taxas de juros de curto prazo, tendo por premissa a garantia

da liquidez da economia. O Banco Central poderá se utilizar de instrumentos

diversos, dentre eles:

a) linhas de redescontos.

b) aumento dos impostos.

c) redução da taxa de câmbio.

d) aumento de salários.

e) redução de impostos.

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Capítulo 3

115Finanças Empresariais

3) Autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, instituída pela Lei 6.385,

de 7 de dezembro de 1976. É responsável por regulamentar, desenvolver,

controlar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários do país:

a) Bacen.

b) CMN.

c) Bovespa.

d) CVM.

e) BNDES.

4) Operação de crédito típica do sistema bancário, que envolve principalmente

duplicatas, notas promissórias, fatura de cartão de crédito e cheques pré-

datados. A instituição concede empréstimo mediante a garantia de um título

representativo de um crédito futuro.

a) Compror.

b) Leasing.

c) Finame

d) Desconto de títulos.

e) Vendor.

Onde encontrar

ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Manual de títulos e valores mobiliários. 4. ed.

Brasília, 1997.

CAVALCANTE, F.; MISUMI, J.Y. Mercado de capitais. São Paulo: Campus, 2001.

FORTUNA, E. Mercado financeiro: produtos e serviços. 16. ed. Rio de Janeiro:

Qualitymark, 2005.

PINHEIRO, J. L. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. 4. ed. São Paulo:

Atlas, 2008.

SECURATO, J. R. Mercado financeiro e análise de investimentos. São Paulo:

Saint Paul Editora, 2007.

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Capítulo 3

116 Finanças Empresariais

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Capítulo 4

117Finanças Empresariais

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

CAPÍTULO 44

4.1 Contextualizando

Este capítulo apresentará a você as chamadas “demonstrações

financeiras”, ou contábeis, em seu contexto legal. No mercado

financeiro, tudo está respaldado em leis, normas, instruções, resoluções e

pronunciamentos.

O texto mostrará a estrutura das demonstrações exigidas pelas normas

brasileiras, destacando que algumas, como você poderá observar ao longo

do capítulo, não são obrigatórias para todas as empresas, podendo variar

de acordo com a estrutura patrimonial ou os seus resultados.

Você perceberá quão abrangente é o campo de aplicação das

informações contidas neste capítulo e os desafios que o administrador

financeiro enfrenta no seu dia-a-dia para pô-las em prática, principalmente

em decorrência da falta de valorização por parte das empresas em relação

à elaboração das demonstrações. A ideia aqui não é ensinar você a

elaborar as demonstrações, mas sim evidenciar a importância das mesmas

no cotidiano do gestor financeiro.

Espera-se que, ao final do estudo, você seja capaz de descrever a

estrutura das demonstrações financeiras, as implicações na gestão das

empresas e, principalmente, consiga visualizar por que este assunto é

apresentado nesta disciplina.

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Capítulo 4

118 Finanças Empresariais

4.2 Conhecendo a teoria

As demonstrações contábeis ou financeiras, segundo Assaf Neto e

Lima (2009, p. 188), equivalem a um conjunto de informações apuradas

e divulgadas pelas empresas, que visa espelhar o desempenho destas ao

longo de um período ou exercício social, normalmente equivalente a um

ano.

As informações contidas nas demonstrações financeiras são objeto de

análises internas e externas. Internamente, elas municiam os gestores no

processo de tomada de decisão; externamente, são utilizadas por governos,

instituições financeiras, empresas de classificação de risco, fornecedores,

acionistas – para citar apenas alguns stakeholders.

Stakeholder (em português, parte interessada ou interveniente) é um termo usado em administração referente às partes interessadas que devem estar de acordo com as práticas de governança corporativa executadas pela empresa. O termo foi usado pela primeira vez pelo filósofo Robert Edward Freeman. Segundo este autor, os stakeholders são elementos essenciais ao planejamento estratégico de negócios.

De maneira mais ampla, compreende todos os envolvidos em um processo, que pode ser de caráter temporário (como um projeto) ou duradouro (como o negócio de uma empresa ou a missão de uma organização).Uma organização que pretende ter uma existência estável e duradoura deve atender simultaneamente as necessidades de todas as suas partes interessadas. Para fazer isso, ela precisa “gerar valor”, isto é, a aplicação dos recursos usados deve gerar um benefício maior do que seu custo total.

<http://www.businessdictionary.com>

SAIBA QUE

Após esta breve introdução, você precisa conhecer as principais leis que

regem a apresentação das demonstrações financeiras. Elas são relativamente

recentes em se tratando do nosso país.

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Capítulo 4

119Finanças Empresariais

4.2.1 Exigência legal

Até 1976, com o advento da Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, a

denominada “Lei das Sociedades por Ações”, os aspectos de ordem contábil,

para elaboração das demonstrações contábeis das empresas, eram regidos

pelo Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940.

O texto original da Lei n. 6.404/76 foi alterado em 5 de maio de 1997

pela Lei n. 9.457 no que dispõe sobre as sociedades por ações e pela Lei

n. 10.303, de 31 de outubro de 2001, principalmente no que tange aos

dispositivos de matéria societária e do direito dos acionistas

O advento da Lei n. 6.404/76, à época e até fins de 2007, representou

um avanço na técnica de elaboração das demonstrações contábeis e na

forma de avaliação dos elementos componentes do patrimônio contábil das

empresas.

Cumpriu, também, seu papel no acompanhamento dos mercados

de capital e financeiro, fornecendo elementos valiosos, pela forma de

apresentação das demonstrações contábeis, a analistas financeiros e aos

diversos interessados nas informações contábeis.

Ao final de 2007, foi promulgada a Lei n. 11.638, que altera e revoga a

Lei das Sociedades por Ações (Lei n. 6.404/76). Publicada no Diário Oficial da

União de 28 de dezembro de 2007, passou a vigorar para as demonstrações

contábeis do exercício social iniciado a partir de 1º de janeiro de 2008.

Portanto, as alterações contidas na Lei n. 11.638/07 deverão produzir

seus efeitos nas demonstrações contábeis, cujo exercício se iniciou

a partir de 1º de janeiro de 2008, independentemente da data do seu

encerramento, em atendimento ao art. 176, da Lei n. 6.404/76, que regula

as demonstrações contábeis elaboradas ao final do exercício social das

empresas. Esse entendimento foi manifestado pela Comissão de Valores

Mobiliários - CVM.

A Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009 (antiga medida provisória n. 449),

alterou a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de

débitos tributários, concedeu remissão nos casos em que especifica, instituiu

o regime tributário de transição (RTT), assim como a Lei n. 6.404/76.

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Capítulo 4

120 Finanças Empresariais

A promulgação da Lei n. 11.638/07 constitui marco importante da história

brasileira para os mercados de capital e financeiro, de forma a direcionar

a harmonização das práticas contábeis adotadas no Brasil com as normas

contábeis internacionais, permitindo a inserção das empresas brasileiras no

processo de convergência contábil internacional e contribuindo para agregar

maior grau de transparência às demonstrações contábeis em geral.

Com o advento da Lei n. 11.638/07, um novo ciclo se inicia e demandará,

certamente, a concentração de esforços das empresas, dos auditores, dos

diversos organismos e profissionais de contabilidade e finanças e da Comissão

de Valores Mobiliários no processo de regulação, disseminação, orientação e

aprendizado das modificações produzidas pela nova Lei e das matérias dela

decorrentes, cuja normatização é requerida.

Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC

A Lei n. 11.638/07 reforçou o entendimento de que a regulação contábil

no Brasil pode ser baseada em trabalhos desenvolvidos por organismo

multirepresentativo, que tenha por objeto o estudo e divulgação de padrões

contábeis e de auditoria.

Nesse sentido, a lei introduziu a possibilidade de a CVM, do BACEN e dos

demais reguladores firmarem convênios com esse tipo de organismo, ficando

então reforçados o papel e a importância do Comitê de Pronunciamentos

Contábeis – CPC, já em atividade.

EXPLORANDOEXPLORANDO

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado a partir da união de esforços e comunhão de objetivos das seguintes entidades: ABRASCA, APIMEC NACIONAL, BOVESPA, Conselho Federal de Contabilidade, FIPECAFI e IBRACON. Visite o site <www.cpc.org.br> para saber mais sobre a dinâmica do CPC.

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Capítulo 4

121Finanças Empresariais

Sociedades de grande porte

A Lei n. 11.638/07 estendeu às sociedades de grande porte a

obrigatoriedade de manter escrituração e de elaborar demonstrações

contábeis com observância das disposições da lei societária.

São consideradas de grande porte as sociedades que, individualmente

ou sob controle comum, possuam ativo total superior a R$ 240 milhões ou

receita bruta superior a R$ 300 milhões.

Agora que você conhece o contexto legal, precisa saber quais as principais

demonstrações financeiras utilizadas, ou as que as empresas brasileiras

deverão, em algum momento, apresentar. Uma primeira demonstração é o

balanço patrimonial.

4.2.2 O balanço patrimonial – BP

O balanço patrimonial é como uma fotografia da situação financeira da

empresa em uma determinada data. Trata-se da demonstração contábil destinada

a evidenciar, qualitativa e quantitativamente, a posição patrimonial e financeira

da entidade. Os elementos diretamente relacionados com a mensuração da

posição patrimonial financeira são ativos, passivos e patrimônio líquido.

Sua estruturação, conforme Santos, Schmidt e Martins (2006), deve

atender aos preceitos da lei das sociedades anônimas e aos princípios

fundamentais da contabilidade.

Segundo Hendriksen e Breda (1999, p. 282), o balanço patrimonial é

“um resumo dos recursos e das obrigações de uma empresa aos acionistas e

outros investidores, a intervalos regulares, sob a forma de uma demonstração

da posição financeira”, ou seja, é uma demonstração contábil estática, que

informa em um determinado momento, a posição financeira e patrimonial de

uma empresa.

Crepaldi (1999) corrobora com Hendriksen e Breda ao afirmar que o

balanço patrimonial é um demonstrativo contábil que, em dado momento,

evidencia de forma sintética e ordenada as contas patrimoniais, agrupadas de

acordo com a natureza dos bens e direitos (ativos) ou obrigações (passivos), e

busca retratar a situação patrimonial no período analisado. Ele reflete, conforme

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Capítulo 4

122 Finanças Empresariais

Silva (1999) a posição financeira em determinado momento, normalmente no

encerramento do exercício ou ainda podendo ser apresentado, no caso das

sociedades anónimas de capital aberto, trimestralmente. É a demonstração

que encerra a sequência dos procedimentos contábeis, apresentando de

forma ordenada os três elementos componentes do patrimônio, de acordo

com Marion (1998, p. 65): ativo, passivo e patrimônio líquido.

Os Princípios fundamentais da contabilidade, também denominados Princípios contábeis geralmente aceitos, em nosso país são estabelecidos pelo IBRACON – Instituto Brasileiro de Contabilidade e pela CVM – Comissão de Valores Mobiliários. Faça uma pesquisa e busque identificar quantos e quais são esses princípios.

DESAFIO

Figura 1 - O balançoFonte: <www.freedigitalphotos.net>.

O balanço patrimonial apresenta, ao lado esquerdo, contas ativas e, ao

lado direito, contas passivas.

O balanço compõe-se em três partes essenciais: ativo, passivo e patrimônio líquido. Cada uma dessas partes apresenta suas diversas contas classificadas em grupos, os quais, por sua vez, são dispostos em ordem decrescente de grau de liquidez para o ativo e em ordem decrescente de exigibilidade para o passivo (ASSAF NETO, 2006, p. 65).

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Capítulo 4

123Finanças Empresariais

Segundo Iudícibus (1995, p. 29), o balanço patrimonial corresponde a

um dos mais importantes demonstrativos contábeis, destinado a evidenciar a

situação patrimonial e financeira de uma organização em determinado período.

O ativo, segundo Santos, Schmidt e Martins (2006, p. 27), compreende

“os recursos controlados pela empresa capazes de gerar fluxo futuros de caixa

e são representados por bens e direitos”. Já o passivo retrata, conforme os

referidos autores, as obrigações de uma empresa tanto para com terceiros

quanto para com seus sócios ou acionistas.

As contas do ativo devem ser dispostas em ordem decrescente de liquidez

dos elementos nela registrados e as contas do passivo devem ser dispostas

em ordem crescente dos prazos de exigibilidade, estabelecidos ou esperados,

observando-se iguais procedimentos para os grupos e os subgrupos.

São classificados em grupos do circulante os ativos e passivos desde que

os prazos esperados de realização dos direitos e os prazos das obrigações,

estabelecidos ou esperados, situem-se até o término do exercício subsequente

à data do balanço patrimonial.

Assaf Neto e Lima (2009, p. 191) apresentam a composição do ativo

circulante de forma mais detalhada. Segundo os autores, as contas mais

representativas deste grupo são:

• disponibilidades que englobam os saldos de caixa e bancários, além

das aplicações financeiras de liquidez imediata;

• créditos que englobam principalmente os valores a receber de clientes,

impostos a recuperar, etc.;

• estoques, que de acordo com o setor de atuação da empresa, podem

ser segregados em mercadorias, produtos acabados, produtos em

elaboração e matéria-prima;

• despesas antecipadas que se referem a valores pagos a título de

seguros, assinaturas de jornais e revistas, dentre outros.

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Capítulo 4

124 Finanças Empresariais

Em relação à composição do passivo circulante, Santos, Schmidt e Martins

(2006) afirmam que deve constar, no mínimo, os seguintes subgrupos:

• empréstimos e financiamentos que, por sua exigibilidade, deverão ser

saldados em até 360 dias;

• fornecedores que englobam as compras a prazo efetuadas pela

empresa para a manutenção de suas atividades operacionais;

• obrigações sociais, trabalhistas e tributárias que englobam contas

como: salários a pagar, FGTS a recolher, INSS a recolher, PIS, COFINS,

imposto de renda a pagar, contribuição social a pagar, dentre outras.

Incluem-se aqui as provisões de pagamentos de férias e 13º salário.

São classificados, respectivamente, nos grupos ativo não circulante

e passivo não circulante os ativos e passivos cujos prazos esperados

de realização dos direitos e os prazos das obrigações estabelecidos ou

esperados situem-se após o término do exercício subsequente à data do

balanço patrimonial.

Conforme Assaf Neto e Lima (2009), a composição do ativo não circulante

agrega as seguintes contas:

• realizável a longo prazo – operações de créditos junto a pessoas ligadas,

sejam elas pessoas físicas ou jurídicas, depósitos em caução, dentre outras;

• permanente – contas de investimentos, imobilizado, intangível e diferido.

Hendriksen e Breda (1999, p. 388) destacam que “a palavra intangível

vem do latim tangere, ou ‘tocar’. Os bens intangíveis, portanto, são bens que

não podem ser tocados, porque não têm corpo. Mais formalmente, diz-se que

os ativos intangíveis são incorpóreos”.

Hoji (2008), por sua vez, ressalta que o passivo não circulante

é composto principalmente pelo exigível a longo e tem por contas os

empréstimos de financiamentos, as debêntures e as provisões para

imposto de renda e riscos fiscais.

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Capítulo 4

125Finanças Empresariais

Assaf Neto e Lima (2009) acrescentam neste grupo a conta de resultados

de exercícios futuros. Mas o que são resultados de exercícios futuros?

Ainda do lado direito, temos a representação do patrimônio líquido

que, de acordo com Hoji (2008), é a representação dos recursos próprios da

empresa. Sua constituição engloba os seguintes subgrupos:

• capital social – reflete o investimento realizado pelos sócios ou acionistas;

• reservas de capital – constituem os valores recebidos pela empresa de

sócios ou acionistas, mas também de terceiros;

• reservas de lucro – constituídas pela apropriação dos lucros gerados pela

empresa. Podem ser classificadas em: legal, estatutária, contingências e

incentivos fiscais;

• prejuízos acumulados.

A Lei n. 11638/2007 agregou um novo grupo, “ajustes de avaliação

patrimonial”, que representam as variações positivas e/ou negativas dos

elementos do ativo e passivo, decorrentes, por exemplo, das variações

monetárias ou cambiais.

A Lei n. 11.638/2007, em seu artigo 178, exclui o subgrupo lucros acumulados. A partir dos demonstrativos contábeis do exercício de 2008, os lucros existentes deverão ser obrigatoriamente destinados às demais contas do patrimônio líquido e/ou distribuídos aos sócios ou acionistas. Constate em <www.planalto.gov.br>.

SAIBA QUE

A partir da vigência da Lei n. 11.638, o balanço patrimonial apresenta a

seguinte estrutura:

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Capítulo 4

126 Finanças Empresariais

ATIVO PASSIVO

Ativo Circulante Passivo Circulante

Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante

• Realizável a Longo Prazo Patrimônio Líquido

• Investimentos • Capital Social

• Imobilizado • Reservas de Capital

• Intangível • Reservas de Lucros

• (-) Ações em Tesouraria

• Ajuste de Avaliação Patrimonial

• Prejuízos Acumulados

Quadro 1 - Balanço patrimonialFonte: Brasil (2007).

Agora que você já conhece a principal demonstração financeira elaborada

pelas empresas, apresentarei a você outra demonstração cujo papel é relevante

dentro de qualquer empresa, a demonstração de resultados, que busca

identificar os desempenhos operacional e líquido da empresa em questão.

4.2.3 Demonstração de resultado do exercício – DRE

Segundo Hoji (2008) a Demonstração de Resultado do Exercício se

constitui na representação contábil que detalha o fluxo de receitas e despesas,

operacionais ou não; tem como consequência final o aumento ou a redução

do patrimônio líquido no período observado.

Mota e Calôba (2006) destacam que a DRE compreende todo o processo de

dedução de custos operacionais, despesas operacionais ou não e impostos incidentes

sobre a receita, tendo como resultante desse processo a apuração do lucro ou prejuízo.

Na mesma perspectiva, Iudícibus (1998) a DRE apresenta de uma forma

estruturada, os componentes que provocaram a alteração na situação líquida

patrimonial em determinado período, e mostra se a empresa auferiu lucros ou

incorreu prejuízos em determinado período.

Reis (2003) ressalta que a demonstração do resultado pode ser considerada

como uma demonstração de origem e aplicação de recursos, na qual as origens

são representadas pelas receitas e as aplicações configuradas em despesas. A

demonstração do resultado, observado o princípio de competência, resultará

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Capítulo 4

127Finanças Empresariais

na formação dos vários níveis de resultados mediante confronto entre as

receitas, e os correspondentes custos e despesas operacionais ou não.

Segundo Crepaldi (1999), a demonstração de resultado é um resumo que

apresenta, de forma ordenada, a movimentação das contas operacionais e

não operacionais de uma empresa.

Esta demonstração, diferentemente do balanço, representa uma

situação “dinâmica”, pois acumula as receitas e despesas de um determinado

período de tempo. É a demonstração contábil destinada a evidenciar a

composição do resultado formado em determinado período de operações

da entidade. Assaf Neto e Lima (2009, p. 195) afirmam que a DRE tem por

finalidade exclusiva “apurar o lucro ou prejuízo do exercício”.

A demonstração de resultado do exercício apresenta a seguinte estrutura:

RECEITAS BRUTAS DE VENDAS

- Impostos sobre vendas

= Receita líquida de vendas

- Custo de produtos vendidos

= Lucro bruto

- Despesas operacionais

+ Outras receitas operacionais

- Outras despesas operacionais

= Lucro operacional antes do resultado financeiro

+ Receitas financeiras

- Despesas financeiras

= Lucro operacional

+ Receitas não operacionais

- Despesas não operacionais

= Lucro antes do IRPJ, CSLL e Participações

- IRPJ e CSLL

- Participações

= Lucro líquido

Quadro 2 - Demonstração de resultadoFonte: Assaf Neto e Lima (2009).

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Capítulo 4

128 Finanças Empresariais

4.2.4 Demonstração de mutações do patrimônio líquido – DMPL

Conforme Borinelli e Pimentel (2010), a demonstração de mutações

do patrimônio líquido é um relatório que apresenta, de forma resumida,

as variações ocorridas nas diversas contas que compõem o patrimônio

líquido de uma empresa durante um determinado exercício social.

A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido é uma

demonstração facultativa e, de acordo com o parágrafo 2º do artigo

186 da Lei n. 6.404/1976, poderá incorporar a Demonstração de Lucros

ou Prejuízos Acumulados (DLPA). Entretanto, a Comissão de Valores

Mobiliários (CVM), por meio da Instrução CVM n. 59/1986, tornou de

caráter obrigatório a elaboração e publicação desta demonstração para

as companhias abertas, em substituição à demonstração dos lucros ou

prejuízos acumulados.

Reis (2003) afirma que a DMPL tem por objetivo evidenciar as

variações ocorridas em cada uma das contas integrantes do grupo

patrimônio líquido, assim englobando a Demonstração de Lucros e

Prejuízos Acumulados, tornando desnecessária a sua elaboração.

A demonstração de mutações do patrimônio líquido apresenta

a seguinte estrutura, conforme orientações estabelecidas pela CVM –

Comissão de Valores Mobiliários:

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Capítulo 4

129Finanças Empresariais

DESCRIÇÃO

DA CONTA

CAPITAL

SOCIAL

RESERVAS

DE

CAPITAL

RESERVAS DE

REAVALIAÇÃO

RESERVAS

DE LUCRO

LUCROS OU

PREJUÍZOS

ACUMULADOS

AJUSTES DE

AVALIAÇÃO

PATRIMONIAL

TOTAL DO

PATRIMÔNIO

LÍQUIDO

Saldo inicial

Ajustes exercícios anteriores

Saldo ajustado

Lucro/Prejuízo do período

Destinações

Dividendos

Juros sobre capital próprio

Outras destinações

Realização de reservas de lucros

Ajustes de avaliação patrimonial

Ajustes acumulados de conversão

Ajustes de combinação de negócios

Constituição/realização de reservas de capital

Ações em tesouraria

Outras transações de capital

Outros

Saldo final

Quadro 3 - Demonstração de mutações do patrimônio líquidoFonte: adaptado de CVM (2010).

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Capítulo 4

130 Finanças Empresariais

Como você pôde constatar na estrutura apresentada, a DMPL se constitui

em fonte de informações para os proprietários e/ou acionistas, bem como para

potenciais investidores sobre a evolução ou retração do desempenho da empresa.

4.2.5 Demonstração do Valor Adicionado – DVA

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é o informe contábil que

evidencia, de forma sintética, os valores correspondentes à formação da riqueza

gerada pela empresa em determinado período e sua respectiva distribuição.

A riqueza gerada pela empresa, medida no conceito de valor adicionado,

é calculada a partir da diferença entre o valor de sua produção e o dos bens e

serviços produzidos por terceiros utilizados no processo de produção.

Na concepção de Borinelli e Pimentel (2010, p. 286), a DVA é um dos

componentes elementares para a elaboração do Balanço Social de uma

organização, pois ela evidencia de forma específica o seu contexto econômico.

A Demonstração do Valor Adicionado fornece uma visão mais

abrangente sobre a efetiva capacidade de uma empresa gerar riqueza,

e como ela é distribuída entre os diversos fatores da produção. Por isso, se

constitui em instrumento auxiliar na elaboração do Balanço Social, em virtude

de evidenciar para a sociedade qual a efetiva contribuição da empresa para

a geração de riqueza no país e como as parcelas agregadas são distribuídas

pelos diversos agentes econômicos que participaram o processo de produção

(NEVES; VICECONTI, 2002).

Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 31) afirmam que a Demonstração

de Valor Adicionado objetiva evidenciar a contribuição social da empresa para

o desenvolvimento econômico-social da região onde está instalada. Discrimina

o que a empresa agrega de riqueza à economia local e, em seguida, a forma

como distribui tal riqueza.

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Capítulo 4

131Finanças Empresariais

Santos (2003) afirma que a DVA é a criação da contabilidade que melhor

auxilia na mensuração e evidenciação da capacidade de geração de riqueza e

sua distribuição por uma empresa.

Kroetz e Cosenza (2003) indicam os principais usuários das informações

contidas na DVA, que são os seguintes: empregados, administradores,

proprietários e acionistas, governo, sindicatos, associações de moradores,

entidades de classe, financiadores e credores.

Seu processo de elaboração é relativamente simples, sendo a maioria

dos dados obtida a partir da demonstração de resultados. Santos (2007, p.

13) assevera que a DVA

objetiva evidenciar a contribuição da empresa para o desenvolvimento econômico-social da região em que está instalada, discriminando o que a empresa agrega de riqueza à economia local e, em seguida, a forma como distribui tal riqueza.

A demonstração de valor adicionado está estruturada conforme

orientações da CVM na forma seguinte:

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Capítulo 4

132 Finanças Empresariais

Quadro 4 – Demonstração do valor adicionadoFonte: adaptado de CVM (2010).

Receitas

Vendas de mercadorias, produtos e serviços

Outras receitas

Receitas refs. à construção Ativos próprios

Provisão/Reversão de créditos liquidação duvidosa

Insumos adquiridos de terceiros

Custos de produtos, mercadorias e serviços vendidos

Materiais –energia – serviços de terceiros – outros

Perda/recuperação de valores ativos

Outros

Valor adicionado bruto

Retenções

Depreciação, amortização e exaustão

Outras

Valor adicionado líquido

Valor adicionado recebido em transferência

Resultado da equivalência patrimonial

Receitas financeiras

Outros

Valor adicionado total a distribuir

Distribuição do valor adicionado

Pessoal

Remuneração direta

Benefícios

FGTS

Outros

Impostos, taxas e contribuições

Federais

Estaduais

Municipais

Remuneração de capitais de terceiros

Juros

Aluguéis

Outras

Remuneração capital próprio

Juros sobre capital próprio

Dividendos

Lucro ou prejuízo do exercício

Outros

DESCRIÇÃO DA CONTA 2009 2008

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Capítulo 4

133Finanças Empresariais

PRATICANDOPRATICANDO

Como você pode perceber, a DVA apresenta apenas o enfoque econômico do balanço social. Solicito que você busque em jornais, revistas ou sites, um balanço social publicado e descreva os demais enfoques, o texto deverá ser elaborado em pelo menos uma página. Não esqueça de observar os aspectos metodológicos requeridos na apresentação dos trabalhos acadêmicos.

4.2.6 Demonstrativo de fluxo de caixa – DFC

Conforme Santos, Schmidt e Martins (2006, p. 93), a demonstração dos

fluxos de caixa passou a ser exigida no Brasil a partir dos exercícios sociais

iniciados em 2008, em razão da nova redação dada ao inciso IV do art. 176 da

Lei das S. A. pela Lei n. 11.638/2007, e substituiu a demonstração das origens e

aplicações de recursos (DOAR). A obrigatoriedade de elaboração e divulgação

da DFC não se aplica às companhias fechadas com patrimônio líquido, na data

do balanço, inferior a dois milhões de (§ 6º do art. 176 da Lei das S. A.).

Chamamos de fluxo de caixa ao método de captura e registro dos fatos e valores que provoquem alterações no saldo de caixa e sua apresentação em relatórios estruturados, de forma a permitir sua compreensão e análise. Para efeitos desta definição, a expressão “caixa” significa “moeda” e todos os valores que possam ser prontamente convertidos em moeda, tais como depósitos bancários, cheques que possam ser depositados irrestrita e imediatamente, e aplicações de curtíssimo prazo” (SÁ, 2006, p. 11).

Segundo Marion (1998, p. 380), “a Demonstração de Fluxo de Caixa

(DFC) indica a origem de todo o dinheiro que entrou no Caixa, bem como a

aplicação de todo o dinheiro que saiu do Caixa em determinado período, e,

ainda o Resultado do Fluxo Financeiro”.

Iudícibus e Marion (1999, p. 218) afirmam que a DFC “demonstra a

origem e a aplicação de todo o dinheiro que transitou pelo caixa em um

determinado período e o resultado desse fluxo”, devendo ser ressaltado

que caixa são considerados todos os recursos disponíveis da empresa, isto é,

os valores em espécie mantidos pela empresa e os recursos depositados em

instituições financeiras.

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Capítulo 4

134 Finanças Empresariais

Segundo Pinho (1996, p. 9),

A demonstração dos fluxos de caixa para um determinado período deve apresentar o fluxo de caixa líquido oriundo ou aplicado nas atividades operacionais, de investimentos e de financiamentos e o seu efeito líquido sobre os saldos de caixa, conciliando seus saldos no início e no final do período.

Para Zdanowicz (1998, p. 19), “o fluxo de caixa é o instrumento que

permite ao administrador financeiro planejar, organizar, coordenar, dirigir

e controlar os recursos financeiros de sua empresa para um determinado

período.”

Matarazzo (1995) ressalta que a DFC é uma das demonstrações financeiras

mais úteis, em face de ela evidenciar problemas de insolvência ou falta de

liquidez em decorrência da ausência de administração do fluxo de caixa.

“Muitas empresas vão à falência por não saberem administrar seu fluxo de

caixa” (MATARAZZO, 1995, p. 370).

Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 351) afirmam que a Demonstração

do Fluxo de Caixa é uma demonstração financeira destinada a fornecer

informações relevantes sobre os pagamentos e recebimentos em dinheiro,

ocorridos durante determinado período. A referida demonstração possui

ainda dois métodos de apresentação, a saber:

• direto: apresenta entradas e saídas de recursos dos principais

componentes das atividades operacionais; e

• indireto: que apresenta uma conciliação entre o resultado do exercício

e o caixa gerado pelas operações da empresa.

Trata-se da demonstração acerca das alterações históricas de caixa

e equivalentes de caixa de uma entidade por meio de demonstrativo que

classifique os fluxos do período por atividades operacionais, de investimento

e de financiamento.

Basicamente, a DFC é elaborada por meio de dois métodos: direto e

indireto.

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Capítulo 4

135Finanças Empresariais

O método direto

São apresentadas nesse método as três atividades (operacionais,

investimento e financiamento), porém a atividade operacional tem

característica diferente se comparada ao método indireto. No método

direto, são consideradas as entradas e saídas brutas que fazem parte da

operação, como, por exemplo, os recebimentos de vendas de produtos,

mercadorias e serviços e, por consequência, os pagamentos a fornecedores

e funcionários.

O método direto, chamado por Marion (2003, p. 431) de “Fluxo de

Caixa no Sentido Restrito” ou “verdadeiro fluxo de caixa”, descreve todas

as entradas e saídas de caixa que efetivamente provocaram a variação

das disponibilidades do período. A exigência de controles para a devida

evidenciação da movimentação financeira, devidamente segregada, torna

sua apuração mais trabalhosa, contudo, ela possibilita um maior nível de

compreensão dos usuários externos.

O método indireto

São incluídos nesse método os saldos apresentados na demonstração

do resultado do exercício, enviando pelo lucro líquido e ajustando pelos

fatos que não afetam o caixa (depreciação, amortização, etc.), fatos que

não pertencem à atividade operacional (ganho ou perda na venda de ativo

imobilizado). Somam-se as reduções ou subtraem-se os acréscimos do ativo

circulante e do ativo não circulante (apenas o realizável a longo prazo) e

subtraem-se as reduções dos saldos do passivo circulante e do passivo não

circulante (apenas o exigível a longo prazo). A seguir, são apresentadas as

estruturas da DFC pelos dois métodos.

O método indireto, chamado por Marion (2003, p. 431) de “Fluxo de

Caixa no Sentido Amplo”, descreve de forma menos detalhada as entradas e

saídas de caixa se confrontadas com o método direto. A sua estrutura é similar

a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), o que possibilita

a sua apuração de forma mais ágil. Sua construção é baseada na evidenciação

das variações das contas que afetam o caixa.

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Capítulo 4

136 Finanças Empresariais

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

PELO MÉTODO DIRETO

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

PELO MÉTODO INDIRETO

Fluxo de caixa de atividades operacionais Fluxo de caixa de atividades operacionais

• Recebimento de clientes

• Pagamento a fornecedores e empregados

• Caixa gerado de operações

• Juros pagos

• Imposto de renda e contribuição social pagos

• Imposto de renda e contribuição social sobre dividendos recebidos

• Lucro líquido antes do imposto de renda e contribuição social

• Ajustes por:

• Depreciação

• Perda Cambial

• Renda de investimentos

• Despesas de juros

Caixa líquido proveniente das atividades operacionais

• Aumento nas contas a receber de clientes e outros

• Diminuição dos estoques

• Diminuição nas contas a pagar – fornecedores

• Caixa proveniente das operações

• Juros pagos

• Imposto de renda e contribuição social pagos

• Imposto de renda e contribuição social sobre dividendos recebidos

Fluxo de caixa das atividades de investimentos

Fluxo de caixa das atividades de investimentos

• Aquisição de controlada x líquido de caixa incluído na aquisição

• Compra de ativo imobilizado

• Juros recebidos

• Dividendos recebidos

• Aquisição de controlada x líquido de caixa incluído na aquisição

• Compra de ativo imobilizado

• Juros recebidos

• Dividendos recebidos

Caixa líquido usado nas atividades de investimento

Caixa líquido usado nas atividades de investimento

Fluxo de caixa das atividades de financiamentos

Fluxo de caixa das atividades de financiamentos

• Recebidos pela emissão de ações

• Recebido por empréstimos de longo prazo

• Pagamento de passivo por arrendamento

• Dividendos pagos

• Recebidos pela emissão de ações

• Recebido por empréstimos de longo prazo

• Pagamento de passivo por arrendamento

• Dividendos pagos

Caixa líquido usado nas atividades de financiamento

Caixa líquido usado nas atividades de financiamento

Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa

Caixa e equivalentes de caixa no início do período Caixa e equivalentes de caixa no início do período

Caixa e equivalentes de caixa no fim do período Caixa e equivalentes de caixa no fim do período

Quadro 5 - Demonstração do fl uxo de caixa

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Capítulo 4

137Finanças Empresariais

Busquei apresentar a você apenas a estrutura desta demonstração, pois

no capítulo 6 aprofundaremos esta abordagem.

Podemos considerar como demonstrativos contábeis acessórios os

seguintes relatórios: da administração, as notas explicativas e os pareceres de

auditoria. Na sequência, constam as principais características de cada um deles.

4.2.7 Relatórios de administração, notas explicativas e parecer de auditoria

Conforme explicitado anteriormente, as S.A.s (sociedades anônimas)

são obrigadas a publicar suas demonstrações financeiras em jornal de grande

circulação, acompanhadas de relatórios diversos. Atualmente, as empresas

disponibilizam em seus sites todas estas informações. Um exemplo é a AMBEV,

que traz um link para investidores: <www.ambev.com.br>.

Relatório de administração

O relatório de administração, segundo Iudícibus (1995), representa

um necessário e importante complemento às demonstrações financeiras

publicadas por uma empresa, em termos de permitir o fornecimento de dados

e informações adicionais úteis aos usuários no seu julgamento e processo de

tomada de decisões. Caracteriza-se por ser orientado para o futuro, ou seja,

ao fornecer projeções e operações previstas e análises do passado, apresenta

indicativas de tendências futuras.

Outra característica relevante na percepção do mesmo autor é o caráter

descritivo e menos técnico que permite a uma gama maior de usuários o seu

entendimento. Sua estrutura básica retrata as atividades globais do grupo ou

empresa em questão (a análise setorial e a posição financeira e de resultados).

Na primeira parte são normalmente abordados a estratégia corporativa,

eventos não recorrentes, recursos humanos, responsabilidade social, atividades

de pesquisa e desenvolvimento, além de programas de investimentos e projeções

futuras. Na segunda parte, a análise setorial deve contemplar os mercados internos

e externos, tendências futuras, dentre outras informações julgadas oportunas. Na

terceira e última parte são apresentados os resultados operacionais, os indicadores

de liquidez e fontes de capital e a avaliação de ativos.

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Capítulo 4

138 Finanças Empresariais

O Relatório da Administração, em sua essência, tem o objetivo de descrever a

situação econômica, financeira e patrimonial de uma organização. Pode-se afirmar,

após anos de estudos, que nenhuma outra peça contábil proporciona a narrativa dos

fatos contábeis de maneira tão peculiar às necessidades de cada empresa quanto

este relatório. Por isso, o Relatório da Administração deve fornecer aos usuários

dados que lhes permitam analisar o contexto em que a organização está inserida,

ou seja, prover aos usuários “demonstrações e análises de natureza econômica,

financeira, física e de produtividade” (PADOVEZE, 2007, p. 47).

Dias Filho (2001) considera que o enfoque central não está em

apresentar os percentuais encontrados nas demonstrações financeiras,

e sim em possibilitar aos seus a efetiva comparação de dados e permitir a

realização de projeções em relação ao futuro da organização. Portanto,

além de procurar demonstrar a real situação da empresa, o Relatório da

Administração busca, ainda, enunciar quadro completo da postura e

de desempenho da administração no que se refere a aspectos tais como:

alocação de recursos, seu desempenho operacional, os investimentos em

recursos humanos, atividades sociais e ambientais.

A divulgação das notas explicativas, normalmente exigidas das sociedades

anônimas, pode evidenciar finalidades diversas, tais como: descrever as

práticas contábeis utilizadas pelas empresas, fornecer informações adicionais

sobre determinadas contas ou operações. A utilização de quadros, tabelas

e gráficos facilitam a visualização objetiva das informações. O pressuposto

básico da divulgação dessas é municiar tanto a administração quanto a outros

interessados como: bancos, governos e investidores. “Ocultar informações

ou fornecê-las de forma demasiadamente resumida é tão prejudicial quanto

fornecer informação em excesso” (IUDÍCIBUS, 1997, p. 115). Por isso, a

utilização das notas explicativas se constitui em exercício de transparência

por parte da empresa que se dispõe a fornecer informações relevantes e de

qualidade aos seus interessados.

EXPLORANDOEXPLORANDO

Acesse o site e veja a configuração de um relatório de administração. Você perceberá a riqueza de detalhes apresentados. Confira!<www.ambev.com.br/media/29728/ambev_ra_2009_pt.pdf>.

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Capítulo 4

139Finanças Empresariais

Notas explicativas

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações contábeis.

As informações contidas nas notas explicativas devem ser relevantes,

complementares e/ou suplementares àquelas não suficientemente evidenciadas

ou não constantes nas demonstrações contábeis propriamente ditas.

As notas explicativas incluem informações de natureza patrimonial,

econômica, financeira, legal, física e social, bem como os critérios utilizados na

elaboração das demonstrações contábeis e eventos subsequentes ao balanço.

Assaf Neto e Lima (2010, p. 199) enumeram como aspectos relevantes o

seguinte conteúdo para as notas explicativas.

CONTEÚDO DAS NOTAS EXPLICATIVAS

• Ramo de atividade da empresa, objeto social, localização, etc.;• Sumário das práticas contábeis, com a explicação resumida dos critérios de avaliação dos

estoques, ativo, permanente, das aplicações financeiras, das exigibilidades dos créditos, das provisões para retificações de ativos e do registro dos riscos e das contingências, dos critérios de apropriação das receitas e despesas, etc.;

• Detalhamento dos investimentos relevantes em outras empresas, com dados sobre o nome, capital, patrimônio líquido, porcentagem de participação, receitas e despesas intercompanhias, saldos a receber e a pagar;

• Reavaliações realizadas no exercício e seu tratamento contábil• Ônus que gravem ativos da empresas, garantias prestadas a terceiros, fianças, avais e

outras contingências;• Detalhamento das dívidas de longo prazo com o perfil quanto às épocas de vencimento,

taxas de encargos, tipos de indexação;• Detalhamento do capital social quanto ao número, espécies e classes de ações;• Ajustes de exercícios anteriores realizados no exercício;• Eventos subseqüentes à data do balanço que possam alterar significativamente a

posição financeira e patrimonial futuras da empresa;• Detalhamento das contas agrupadas no balanço, tais como despesas financeiras

líquidas, ativo imobilizado, etc.;• Cálculo do lucro e do dividendo por ação e do dividendo mínimo obrigatório.

Quadro 6 - Conteúdo das notas explicativasFonte: Assaf Neto e Lima (2009, p. 199).

Relatório e parecer de auditoria

Franco e Marra (2001, p. 28) afirmam que o objetivo da auditoria

compreende o exame de documentos, livros e registros, inspeções e obtenção

de informações e confirmações, internas e externas, relacionados com o

controle do patrimônio, objetivando mensurar a exatidão desses registros

e das demonstrações contábeis deles decorrentes. Os exames são efetuados

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Capítulo 4

140 Finanças Empresariais

de acordo com as normas de auditoria usualmente aceitas e incluem os

procedimentos que os auditores julgarem necessários, em cada circunstância,

para obter elementos de convicção, com o objetivo de comprovar se os registros

contábeis estão em consonância com princípios fundamentais e normas de

contabilidade, se as demonstrações contábeis deles decorrentes refletem

adequadamente a situação econômico-financeira, os resultados do exercício

auditado e outras situações nelas evidenciadas.

O relatório de auditoria tem por finalidade evidenciar a observância dos

princípios contábeis geralmente aceitos e serve de base para a elaboração do

parecer, que poderá ser emitido com ou sem ressalvas.

O parecer de auditoria consiste em manifestação de opinião,

fundamentada nas evidências e provas que o auditor reúne ao longo

da execução dos trabalhos, as quais são obtidas por determinados

procedimentos, definidos como “um conjunto de técnicas que o auditor

utiliza para colher as evidências sobre as informações das demonstrações

financeiras” (ALMEIDA, 2003, p. 55).

O parecer emitido pelo auditor independente compõe-se, basicamente,

de três parágrafos:

• o referente à identificação das demonstrações contábeis e definição

das responsabilidades da administração e dos auditores;

• o relativo à extensão dos trabalhos;

• o que expressa a opinião sobre as demonstrações contábeis.

Em condições normais, o parecer é dirigido aos acionistas, cotistas ou

sócios, ao conselho de administração, à diretoria da entidade ou outro órgão

equivalente, segundo a natureza. Em circunstâncias próprias, o parecer é

dirigido ao contratante dos serviços e deve identificar as demonstrações

contábeis sobre as quais o auditor está expressando sua opinião, indicando,

outrossim, o nome da entidade, as datas e os períodos a que correspondem.

Para você compreender melhor, segue o parecer emitido pela KPMG

Auditores Independentes em relação às demonstrações financeiras da Petrobras

referentes aos exercícios de 2008 e 2009. Ressalto que estas informações,

bem como as demonstrações financeiras, notas explicativas, relatório de

administração da referida empresa podem ser acessados no site da própria

Petrobras: <www.petrobras.com.br>.

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Capítulo 4

141Finanças Empresariais

Parecer dos Auditores Independentes

Ao Conselho de Administração e aos Acionistas daPetróleo Brasileiro S.A. - Petrobras

Rio de Janeiro - RJ

1. Examinamos os balanços patrimoniais da Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobr as (“Companhia”) e os balanços patrimoniais consolidados dessa Companhia e suas controladas, levantados em 31 de dezembro de 2009 e 2008, e as respectivas demonstrações dos resultados, das mutações do patrimônio líquido, dos fluxos de caixa e do valor adicionado correspondentes aos exercícios findos naquelas datas, elaborados sob a responsabilidade de sua Administração. Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas demonstrações contábeis.

2. Nossos exames foram conduzidos de acordo com as normas de auditoria aplicáveis no Brasil e compreenderam: a) o planejamento dos trabalhos, considerando a relevância dos saldos, o volume de transações e os sistemas contábil e de controles internos da Companhia e suas controladas; b) a constatação, com base em testes, das evidências e dos registros que suportam os valores e as informações contábeis divulgados; e c) a avaliação das práticas e das estimativas contábeis mais representativas adotadas pela Administração da Companhia e suas controladas, bem como da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto.

3. Em nossa opinião, as demonstrações contábeis acima referidas representam, adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras e a posição patrimonial e financeira consolidada dessa Companhia e suas controladas em 31 de dezembro de 2009 e 2008, os resultados de suas operações, as mutações de seu patrimônio líquido, os seus fluxos de caixa e os valores adicionados referentes aos exercícios findos naquelas datas, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil.

4. Nossos exames foram conduzidos com o objetivo de formarmos uma opinião sobre as demonstrações contábeis acima referidas, tomadas em conjunto. As demonstrações da segmentação de negócios e das informações contábeis contidas no balanço social, referentes aos exercícios findos em 31 de dezembro de 2009 e 2008, representam informações complementares a essas demonstrações, não são requeridas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil e estão sendo apresentadas para possibilitar uma análise adicional. Essas informações complementares foram submetidas aos mesmos procedimentos de auditoria aplicados às demonstrações contábeis e, em nossa opinião, estão apresentadas, em todos os aspectos relevantes, adequadamente em relação às demonstrações contábeis referidas no primeiro parágrafo, tomadas em conjunto

19 de março de 2010.

KPMG Auditores IndependentesCRC-SP-14428/O-6-F-RJ

Manuel Fernandes Rodrigues de SousaContador CRC-RJ-052.428/O-2

Figura 2 - Parecer AuditoriaFonte: Petrobrás (2010).

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Capítulo 4

142 Finanças Empresariais

O parecer apresentado na apostila se enquadra em relatório sem

ressalva, isto é, quando o auditor opina que os exames das demonstrações

contábeis têm perfeita aderência aos princípios fundamentais da

contabilidade. Mas nem sempre é assim. Os pareceres podem ser classificados

de acordo com a natureza da opinião: sem ressalva; com ressalva; adverso;

e com abstenção de opinião.

Franco e Marra (2001) asseveram que o auditor, ao identificar que

as demonstrações não expressam corretamente a situação patrimonial e

financeira, os resultados do exercício e as alterações no capital circulante da

empresa em consonância com os princípios fundamentais de contabilidade,

deve emitir o parecer adverso.

De acordo com Franco e Marra (2001, p. 557), a abstenção de opinião

geralmente é adequada quando o auditor não teve condições de realizar um exame que compreendesse o alcance necessário para que ele pudesse reunir os elementos de juízo suficientes para permitir-lhe formar uma opinião sobre as demonstrações contábeis objeto de seu exame.

Agora, vamos resolver um pequeno estudo de caso!

4.3 Aplicando a teoria na prática

A Marmoraria Pedra Alta precisa de auxílio na elaboração do seu

balanço.

A partir dos dados que seguem, identifique a quais grupos pertencem

cada conta e a partir desta identificação elabore o balanço da empresa,

tendo por base o modelo apresentado neste capítulo.

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Capítulo 4

143Finanças Empresariais

CONTAS VALORES

Caixa e bancos 1.000,00

Fornecedores 5.000,00

Empréstimos de capital de giro 5.000,00

Capital social 15.000,00

Reservas de capital 6.800,00

Contas a receber 10.000,00

Impostos a recuperar 3.000,00

FGTS a recolher 200,00

Estoque de produtos acabados 5.000,00

Imobilizado 12.000,00

Salários a pagar 2.000,00

Intangível 3.000,00

Para fins de classificação, utilize as siglas a seguir:

• AC – Ativo Circulante

• ANC – Ativo Não Circulante

• PC – Passivo Circulante

• PNC – Passivo Não Circulante

• PL – Patrimônio Líquido

Lembre-se de que na estruturação do balanço patrimonial você deverá

relacionar as contas do ativo, passivo e patrimônio líquido respeitando a

ordem de liquidez para o ativo e exigibilidade para os demais grupos.

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Capítulo 4

144 Finanças Empresariais

Então, como ficou?

Para resolver o problema da Marmoraria Pedra Alta, primeiramente você

deve ter classificado as contas conforme a tabela a seguir.

CONTAS VALORES EM R$

Caixa e bancos 1.000,00 AC

Fornecedores 5.000,00 PC

Empréstimos de capital de giro 5.000,00 PC

Capital social 15.000,00 PL

Reservas de capital 6.800,00 AC

Contas a receber 10.000,00 AC

Impostos a recuperar 3.000,00 AC

FGTS a recolher 200,00 PC

Estoque de produtos acabados

5.000,00 AC

Imobilizado 12.000,00 ANC

Salários a pagar 2.000,00 AC

Intangível 3.000,00 ANC

Na sequência, você deve ter estruturado o balanço seguindo o modelo

apresentado em nosso capítulo. Desta forma, a solução final apresentada é:

ATIVO 34.000,00 PASSIVO 34.000,00

Ativo circulante 19.000,00 Passivo circulante 12.200,00

Caixa e bancos 1.000,00 Empréstimos de capital de giro

5.000,00

Contas a receber 10.000,00 Fornecedores 5.000,00

Estoques produtos acabados 5.000,00 FGTS a recolher 200,00

Impostos a recuperar 3.000,00 Salários a pagar 2.000,00

Ativo não circulante 15.000,00 Patrimônio líquido 21.800,00

Imobilizado 12.000,00 Capital social 15.000,00

Intangível 3.000,00 Reservas de capital 6.800,00

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Capítulo 4

145Finanças Empresariais

4.4 Para saber mais

Título: Administração fi nanceira: princípios, fundamentos e

práticas brasileiras

Autor: CHEROBIN, A. P. M. S.; LEMES, A. B.; RIGO, C. M. Editora: Campus, SP Ano: 2005

Este livro aborda, no capítulo 3, as demonstrações financeiras como instrumentos complementares de gestão.

Título: Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as

sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC

Autor: IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; GELBCKE; E. R.; SANTOS, A. Editora: Atlas, SP Ano: 2010

Este livro é leitura obrigatória para quem deseja atuar no mercado financeiro. Traz, de forma detalhada, toda a regulamentação contábil utilizada em nosso país, convergindo com as normas internacionais e as mudanças recentes da legislação.

Site: Balanço social

URL: http://www.balancosocial.org.br

Neste site, você conhecerá o histórico do balanço social, os modelos sugeridos e ainda acessa uma base de dados que contém os balanços sociais de inúmeras organizações.

Site: Comissão de valores mobiliários

URL: http://www.cvm.gov.br

Neste site, você tem a oportunidade de acessar dados sobre empresas de capital aberto, toda a legislação necessária ao pleno entendimento do mercado, dentre outras informações relevantes.

Site: Portal da Contabilidade

URL: http://www.portaldacontabilidade.com.br

Neste site, além de encontrar textos sobre as demonstrações financeiras, você poderá acessar planilhas de cálculo, tabelas de impostos e encargos sociais, dentre outras informações.

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Capítulo 4

146 Finanças Empresariais

4.5 Relembrando

O capítulo 4 apresentou:

• as implicações legais das demonstrações, as alterações ao longo do

tempo, e que estas caminham para a convergência com as normas

internacionais da contabilidade;

• a estrutura das principais demonstrações financeiras, suas aplicações

no ambiente financeiro e, de forma preliminar, informações que

evidenciam os níveis de desempenho de uma empresa;

• os diversos relatórios que acompanham as demonstrações financeiras,

que visam informar não só aos acionistas, mas também investidores e

outros agentes envolvidos na atividade da empresa. Por meio destes

relatórios, você tem acesso às principais estratégias e procedimentos

contábeis adotados.

4.6 Testando os seus conhecimentos

1) É o informe contábil que evidencia, de forma sintética, os valores

correspondentes à formação da riqueza gerada pela empresa em determinado

período e sua respectiva distribuição.

a) Balanço patrimonial.

b) Demonstração do fluxo de caixa.

c) Demonstração do valor agregado.

d) Demonstração de resultado.

e) Demonstração de origens e aplicações de recursos.

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Capítulo 4

147Finanças Empresariais

2) Demonstrativo que funciona como uma espécie de fotografia da situação

financeira da empresa, em uma determinada data. É a demonstração contábil

destinada a evidenciar, qualitativa e quantitativamente a posição patrimonial

e financeira da entidade em um período específico. Os elementos diretamente

relacionados com a mensuração da posição patrimonial financeira são ativos,

passivos e patrimônio líquido. Qual é este demonstrativo?

a) Balanço patrimonial.

b) Demonstração do fluxo de caixa.

c) Demonstração do valor agregado.

d) Demonstração de resultado.

e) Demonstração de origens e aplicações de recursos.

3) Passou a ser exigida no Brasil a partir dos exercícios sociais iniciados em

2008, em razão da nova redação dada ao inciso IV do art. 176 da Lei das S. A.

pela Lei n. 11.638/2007, e substituiu a demonstração das origens e aplicações

de recursos (DOAR).

a) Balanço patrimonial.

b) Demonstração do fluxo de caixa.

c) Demonstração do valor agregado.

d) Demonstração de resultado.

e) Demonstração de origens e aplicações de recursos.

4) A Lei n. 11.638/07 estendeu às sociedades de grande porte a obrigatoriedade

de manter escrituração e elaborar demonstrações contábeis com observância

das disposições da lei societária. São consideradas de grande porte as empresas

que, individualmente ou sob controle comum, apresentem:

a) faturamento de até R$ 240 mil ao ano.

b) faturamento igual o inferior a R$ 25 milhões.

c) ativos superiores a R$ 10 milhões.

d) ativos totais superiores a R$ 240 milhões ou receita bruta superior a

R$ 300 milhões.

e) ativos superiores a R$ 50 milhões em mais de um exercício.

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Capítulo 4

148 Finanças Empresariais

Onde encontrar

ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 6. ed. São Paulo:

Atlas, 2003.

AMBEV (BRASIL). Desenvolvido por AmBev. Disponível em: <www.ambev.

com.br>. Acesso em: 26 nov. 2010.

ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-

financeiro. 8. ed. São Paulo, Atlas, 2006

______; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. São Paulo: Atlas, 2009.

BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C.; Curso de contabilidade para gestores,

analistas e outros profissionais: São Paulo: Atlas, 2010.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (BRASIL). Desenvolvido por

CPC. Disponível em: <www.cpc.org.br>. Acesso em: 26 nov. 2010.

CREPALDI, S. A Curso básico de contabilidade. 2 ed. São Paulo: Atlas.1999

DIAS FILHO, J. M. Características qualitativas da informação contábil: o

problema da compreensibilidade à luz da teoria semiótica e da comunicação.

Dissertação (Mestrado). Faculdade de Economia, Administração e

Contabilidade da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.

FRANCO, H.; MARRA, E. Auditoria contábil. 4. ed. São Paulo: Editora Atlas,

2001.

HENDRICKSEN, E, BREDA M. F. V. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas.

1999.

HOJI, M. Administração financeira e orçamentária: matemática financeira

aplicada, estratégias financeiras e orçamento empresarial. São Paulo: Atlas,

2008.

IUDÍCIBUS, S. Manual de contabilidade. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995.

______. Teoria da contabilidade. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1997.

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Capítulo 4

149Finanças Empresariais

______, MARTINS, E. e GELBCKE E R. Manual de contabilidade das sociedades

por ações. São Paulo: Atlas, 2000.

KROETZ, C. E. S.; COSENZA, J. P. Considerações sobre a eficácia do valor

adicionado para a mensuração do resultado econômico e social. IX

Convenção de Contabilidade do Rio Grande do Sul, Gramado. Anais. 2003.

MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços. 3. ed. São Paulo: Atlas,

1995.

MOTTA, R. R.; CALÔBA, G. M. Análise de investimentos: tomada de decisão

em projetos industriais. São Paulo: Atlas, 2006.

NEVES, S., VICECONTI, P. E. Contabilidade avançada e análise das

demonstrações financeiras. 11. Ed. São Paulo: Frase Editora, 2002.

PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

PETROBRAS. Desenvolvido por Petrobras. Disponível em: <www.petrobras.

com.br>. Acesso em: 26 nov. 2010.

PINHO, A. D. Demonstração dos fluxos de caixa. São Paulo: Boletim do

Ibracon, n. 220, set. 1996.

REIS, A. C. R. Demonstrações contábeis: estrutura e análise. São Paulo:

Saraiva, 2003.

SÁ, C. A. Fluxo de caixa: a visão da tesouraria e da controladoria. São Paulo:

Atlas, 2006.

SANTOS, J. L.; SCHMIDT, P.; MARTINS, M. A. Fundamentos de análise das

demonstrações contábeis. São Paulo: Atlas, 2006.

SILVA, J. P Análise financeira das empresas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

ZDANOWICZ, J. E. Fluxo de caixa: uma decisão de planejamento e controle

financeiros. 7. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1998.

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Capítulo 4

150 Finanças Empresariais

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Capítulo 5

151Finanças Empresariais

ANÁLISE ESTRATÉGICA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

CAPÍTULO 55

5.1 Contextualizando

Este capítulo apresentará as principais técnicas de análise estratégica das

demonstrações financeiras que você conheceu no capítulo anterior.

O texto mostrará os aspectos teóricos e práticos do processo de análise,

e você perceberá que não consiste em meramente transcrever os dados dos

demonstrativos para uma planilha, pois a crítica dos dados é a primeira etapa,

e muitas vezes reclassificações das informações serão necessárias, o que exige

do profissional uma boa dose de leitura de revistas e jornais especializados. Um

número não pode ser visto de forma isolada, mas sempre integrado aos demais.

Espera-se que, ao final do estudo, você seja capaz de desenvolver uma

análise econômico-financeira e as suas implicações na gestão estratégica das

empresas. Principalmente, que você consiga visualizar por que este assunto é

apresentado nesta disciplina. E aí, pronto?

5.2 Conhecendo a teoria

O mercado financeiro se utiliza das informações contidas nas

demonstrações financeiras para o processo de tomada de decisão. Uma

instituição financeira, por exemplo, busca analisar os dados para a concessão

ou não de crédito para esta ou aquela empresa. Os investidores, em razão dos

números apresentados, poderão se sentir estimulados a comprar ações desta

ou daquela companhia. O que o mercado busca, seja numa condição ou outra,

é a análise dos fundamentos de uma empresa. Apresentarei a você alguns

conceitos deste processo na percepção de diferentes autores.

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Capítulo 5

152 Finanças Empresariais

A análise econômico-financeira ou das demonstrações contábeis visa fundamentalmente ao estudo do desempenho econômico-financeiro de uma empresa em determinado período passado, para diagnosticar, em consequência, sua posição atual, e produzir resultados que sirvam de base para a previsão de tendências futuras. Na realidade, o que pretende são os reflexos que as decisões tomadas por uma empresa determinam sobre sua liquidez, estrutura patrimonial e rentabilidade (MARTINS, 1993, p. 234-235).

Padoveze (2005, p. 215) ratifica o conceito de Martins ao afirmar que a

análise financeira ou de balanço “trata-se de um processo de meditação sobre

os demonstrativos contábeis, objetivando uma avaliação da situação da empresa

em seus aspectos operacionais, econômicos, patrimoniais e financeiros”.

Na percepção de Borinelli e Pimentel (2010, p. 352), “as demonstrações

contábeis são importante instrumento de comunicação entre uma empresa e

seus acionistas, credores, financiadores, clientes, funcionários, governo, além

do público em geral”.

Sanvicente (1987, p. 172), por sua vez, explicita:

Entende-se por análise de demonstrações financeiras o acompanhamento da evolução, no tempo, de um dado item de uma demonstração. Consequentemente ele envolve o cálculo de percentagens de variação de cada item considerado, entre um ano (ou período) e outro, quando se trata de Balanço Patrimonial e Demonstrações de Resultado.

A análise de balanços envolve a avaliação das diversas demonstrações

financeiras legalmente exigidas e demais informações fornecidas pelas

empresas, não se limitando exclusivamente ao Balanço Patrimonial e à

Demonstração de Resultado do Exercício (SCHRICKEL, 1999, p. 118).

Iudícibus (2008, p. 89) enfatiza que “a análise de balanços encontra seu ponto

de maior expressividade no cálculo e avaliação do significado de quocientes com

o objetivo de extrair tendências e compará-los com padrões já preestabelecidos”.

Borinelli e Pimentel (2010, p. 376), na mesma linha, destacam que

a análise das demonstrações contábeis está quase que exclusivamente baseada em comparações. Tais comparações podem ser entre uma empresa específica e outras do mesmo setor ou comparações, na mesma empresa de valores obtidos em determinado período com valores de períodos anteriores, ou ainda como valores projetados.

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Capítulo 5

153Finanças Empresariais

A análise de balanços é considerada uma arte, apesar de utilizar fórmulas

matemáticas e métodos científicos para extrair dados, pois depende, segundo

Hoji (2008, p. 275), do grau de conhecimento teórico, conhecimento do ramo,

experiência prática, sensibilidade e intuição do analista.

A análise na concepção de diversos autores é precedida de etapa na

qual os dados são criticados e reclassificados. Hoji (2008, p. 276) resume os

principais itens:

• no ativo existem contas retificadoras do subgrupo contas a

receber, tais como: duplicatas descontadas e adiantamentos de

contratos de exportação, que na realidade são considerados como

empréstimos. Portanto, embora estas sejam apresentadas no

balanço da empresa no ativo circulante deverão ser reclassificadas

como empréstimos e financiamentos de curto prazo, no passivo.

Logo, você pode concluir que o ativo e o passivo terão seus valores

corrigidos para cima;

• as contas do ativo circulante e passivo circulante deverão ser

separadas em operacionais e não operacionais. Como exemplo de

contas não operacionais, posso mencionar: os parcelamentos de

impostos e demais obrigações sociais e trabalhistas, o imposto de

renda e a contribuição social, os empréstimos e financiamentos, as

disponibilidades e as aplicações financeiras. Como operacionais:

contas a receber, fornecedores, os impostos sobre as vendas (ICMS,

PIS, COFINS), o FGTS, o INSS e os salários.

Você deve estar se perguntando: qual a necessidade destes procedimentos?

A não adequação destes itens interfere, segundo Assaf Neto (2010), Santos,

Schmidt e Martins (2006) e Borinelli e Pimentel (2010), na análise do capital de

giro necessário à manutenção das atividades da empresa.

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Capítulo 5

154 Finanças Empresariais

PRATICANDOPRATICANDO

Busque identificar numa demonstração financeira publicada em jornais, revistas ou mesmo na internet, as contas operacionais e não operacionais. Lembre-se que a necessidade desta segregação somente é exigida nos ativos e passivos circulantes.

Agora que você já compreendeu o objetivo da análise das demonstrações

financeiras, convido você a aprofundar o seu conhecimento por meio do

estudo dos diferentes processos de análise. Os diversos autores aqui já citados

concordam na existência de três processos principais:

• análise horizontal;

• análise vertical;

• análise de indicadores.

5.2.1 Análise horizontal

Matarazzo (2003, p.249) afirma que a análise horizontal “baseia-se

na evolução de cada conta de uma série de demonstrações financeiras em

relação à demonstração anterior e/ou em relação a uma demonstração

financeira básica, geralmente a mais antiga da série”.

Segundo Borinelli e Pimentel (2010, p. 381), pela análise horizontal é

identificado e analisado o desempenho na gestão de determinadas áreas

das empresas, bem como expansões ou retrações das atividades ao longo do

tempo. Ressaltam ainda a necessidade de mensurar os efeitos inflacionários.

Santos, Schmidt e Martins (2006, p. 110) ressaltam que a análise

horizontal das demonstrações contábeis evidencia a variação ocorrida a

cada período, em termos percentuais, de uma rubrica de determinada

demonstração em relação a determinado ano. Hoji (2008, p. 281),

na mesma linha, afirma que “a análise horizontal tem a finalidade

de evidenciar a evolução dos itens das demonstrações contábeis, por

períodos”. Ela permite que se avalie a evolução nominal dos vários itens

de cada demonstração contábil apresentada em intervalos sequenciais de

te mpo. Como exemplo, veja a variação da conta caixa:

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Capítulo 5

155Finanças Empresariais

Tabela 1 - Análise horizontal

CONTA 2008 2009ANÁLISE

HORIZONTAL

Caixa 150 200 1,33

Análise: o saldo da conta caixa apresentou expansão de 33% no exercício

de 2009 se comparado ao de 2008.

Observe outro exemplo:

CONTA 2008 2009ANÁLISE

HORIZONTAL

Caixa 200 150 0,75

Tabela 2 - Análise horizontal

Análise: neste caso, a conta Caixa apresentou retração de 25% no período

analisado.

PRATICANDOPRATICANDO

Considerando os dados apresentados na tabela a seguir, peço a você que calcule a retração dos resultados obtidos pela empresa.

CONTA 2008 2009ANÁLISE

HORIZONTAL

Lucro/prejuízo operacional

2500 -1500

Se você respondeu 160% está correto, se não, veja a observação a seguir.

Quando o valor base for negativo e o valor posterior for positivo, o

número índice será matematicamente negativo e vice-versa. Assim, quando o

valor base for negativo, deve-se adotar um número índice igual a -100.

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Capítulo 5

156 Finanças Empresariais

5.2.2 Análise vertical

A análise vertical, na percepção de Hoji (2008, p. 281), “facilita a avaliação

da estrutura do ativo e do passivo, bem como a participação de cada item da

demonstração de resultado na formação do lucro ou prejuízo”.

Santos, Schmidt e Martins (2006, p. 110) ressaltam que a análise

vertical “evidencia a participação em termos percentuais de cada rubrica de

determinada demonstração em relação a um totalizador, a exemplo do total

do ativo, receita líquida”. A análise vertical permite ao analista identificar os

itens mais relevantes da estrutura patrimonial ou ainda projetar uma tendência

futura quando da realização da análise por mais de um período.

O objetivo da análise vertical, segundo Matarazzo (2003), é demonstrar

a importância de cada conta em relação à demonstração financeira a que

pertence e, pela comparação das contas do demonstrativo em relação a

empresas concorrentes do mesmo ramo de atividades ou com percentuais da

própria empresa em anos anteriores, a análise possibilita ao gestor inferir se

há contas fora dos padrões.

Segundo Borinelli e Pimentel (2010, p. 376), “a análise vertical concentra-

se na verificação da estrutura de composição dos itens dos demonstrativos

e a sua evolução no tempo, com enfoque especial, também, ao estudo de

tendências”.

Em síntese, a análise vertical permite que se avalie de forma comparativa

a estrutura de uma mesma demonstração contábil, qual o comportamento de

cada subgrupo contábil. Observe o exemplo apresentado na tabela.

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Capítulo 5

157Finanças Empresariais

Tabela 3 - Análise vertical

31-12-X0 AV 31-12-X1 AV 31-12-X2 AV

($) (%) ($) (%) ($) (%)

Ativo circulante 4.585 50 3.922 46 3.732 44

Realizável a longo prazo

739 8 872 10 952 11

Ativo permanente 3.936 42 3.783 44 3.826 45

Ativo/passivo total 9.260 100 8.577 100 8.510 100

Passivo circulante 4.012 43 3.624 42 3.917 46

Exigível a longo prazo

2.102 23 2.031 24 1.629 19

Patrimônio líquido 3.147 34 2.923 34 2.964 35

Fonte: adaptada de Assaf Neto (2009).

Outra forma de se analisar as demonstrações financeiras é a utilização

de indicadores econômico-financeiros. Esses podem ser agrupados em face da

natureza da informação que se deseja obter, tais como:

• liquidez;

• estrutura;

• rentabilidade;

• atividade;

• necessidade financeira.

Você verá com detalhes cada um destes grupos de indicadores a partir de agora.

5.2.3 Análise de liquidez

Hoji (2008, p. 286) afirma que “os indicadores de liquidez mostram a situação

financeira da empresa”. Borinelli e Pimentel (2010, p. 404) complementam, ressaltando

que estes indicadores têm como preocupação fundamental revelar como está a

situação da empresa em determinado período, para fazer frente às suas obrigações.

Os indicadores de liquidez têm por objetivo medir a capacidade de

pagamento de uma empresa, ou seja , sua habilidade em cumprir corretamente

as obrigações contratadas.

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Capítulo 5

158 Finanças Empresariais

Na percepção de diferentes autores aqui citados, a capacidade de

pagamento ou solvência da empresa é classificada em quatro níveis. Vejamos.

“A análise, por meio de índices financeiros, é usada para comparar o

desempenho e a situação de uma empresa com outras empresas, ou consigo

mesma ao longo do tempo” (GITMAN, 1997, p. 102).

Borinelli e Pimentel (2010, p. 403) afirmam que um índice econômico-

financeiro é a representação da relação entre contas ou grupos de contas

contábeis que sinalizam a condição satisfatória ou não em termos econômicos

(geração de lucros) e financeiros (gestão de caixa).

Iudícibus (2008) enfatiza que as análises baseadas em indicadores deverão

ser realizadas considerando a relevância dos mesmos, pois não adianta apurar

uma infinidade de índices se com um grupo menor você obtém o mesmo

resultado.

Liquidez geral

Na concepção de Iudícibus (1998), Silva (2001) e Matarazzo (2003), o índice

de liquidez geral evidencia de forma quantitativa a representatividade do ativo

circulante acrescido com o realizável a longo prazo (não circulante) em relação ao

passivo deduzido de seu patrimônio líquido. Esse índice demonstra a capacidade de

pagamento total das dívidas, representadas pelo curto e longo prazo.

Evidencia a relação entre os valores classificados no ativo circulante (AC)

(disponível, clientes, estoques) e realizável a longo prazo (ARLP) com os valores do

passivo circulante (empréstimos, fornecedores, obrigações sociais e fiscais) PN e PNC.

LGAC ARLPPC PNC

=++

O resultado dessa equação indica a liquidez, ou seja, a solvência da

empresa, considerando o impacto dos valores totais (a curto e a longo prazos).

Quando esse resultado for maior que 1, de modo geral, a situação da empresa

pode ser considerada favorável (contas a receber são maiores que as contas a

pagar no curto e no longo prazo).

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Capítulo 5

159Finanças Empresariais

Já em caso contrário, ou seja, se o resultado for menor que 1, a liquidez

da empresa está comprometida.

Segundo Borinelli e Pimentel (2010, p. 406), a análise do indicador de

liquidez geral, como de qualquer outro indicador, não pode ser realizada de

forma isolada. O fato de a empresa apresentar um quociente menor que 1,0

não significa que ela apresente situação financeira insatisfatória, esta condição

será confirmada a partir da análise dos demais indicadores de liquidez,

principalmente, o corrente.

Liquidez corrente

Demonstra a relação entre os valores classificados no ativo circulante

com os classificados no passivo circulante.

LCACPC

=

O resultado dessa equação indica a situação da empresa a curto prazo

(até 360 dias). Quando esse resultado for maior que 1, de modo geral, a

situação da empresa pode ser considerada favorável, somente no curto prazo.

Já em caso contrário, ou seja, se esse resultado for menor que 1, podemos dizer

que a empresa está comprometida a curto prazo. Devemos, então, analisar o motivo

dessa discrepância, que pode ser momentânea ou já indicar um sinal de deterioração.

Matarazzo (2003, p. 286) relata que “quanto maior o índice de liquidez

corrente, maior a independência da empresa em relação aos credores e maior

a sua capacidade de enfrentar crises e dificuldades inesperadas”.

O índice mais utilizado para avaliar a exposição à dívida representada

no balanço patrimonial é o índice de liquidez corrente, segundo Helfert

(2000) e Silva (2001). Em publicações como Valor 1000, do jornal Valor

Econômico, e Maiores e Melhores, da revista Exame, você encontrará,

dentre outros, esse indicador.

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Capítulo 5

160 Finanças Empresariais

Borinelli e Pimentel (2010, p. 407) comentam que este indicador, para

apresentar um índice mais acurado, deve excluir as despesas antecipadas,

tais como: seguros e aluguéis, que figuram no ativo circulante por serem

direitos – direitos de uso e não realização de dinheiro.

Liquidez seca

Retrata a relação anterior com a exclusão dos estoques (E) e despesas

antecipadas (DA), que na maioria das vezes não se constituem como valores

de fácil conversão para valores disponíveis.

LSAC E DA

PC=

− −

O resultado dessa equação indica a capacidade da empresa em honrar

seus compromissos a curto prazo, apenas com o montante disponível, acrescido

das duplicatas a receber.

Segundo Borinelli e Pimentel (2010, p. 407), o índice liquidez seca

assemelha-se ao de liquidez corrente; eles se diferenciam pelo fato de

serem deduzidos de seu cálculo os valores contabilizados em estoques e

despesas antecipadas. Seu quociente definirá o grau de dependência da

realização dos estoques para que a empresa cumpra com o pagamento de

suas obrigações nos prazos acordados.

Liquidez imediata

Revela a relação entre os valores disponíveis (D) com os classificados no

passivo circulante. É calculado por meio da seguinte fórmula:

LIDPC

=

Borinelli e Pimentel (2010, p. 407) afirmam que quanto maior for o valor

apurado deste indicador, melhor será o nível de solvência imediata, e, ainda,

na prática, este índice tende a ser baixo, em virtude de que o potencial de

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Capítulo 5

161Finanças Empresariais

rentabilidade dos ativos operacionais (investimentos em clientes e estoques)

tende a ser superior ao das disponibilidades.

Vale ressaltar que um “índice” isolado não traduz a situação real

da empresa. Uma série de outros fatores deve ser considerada como

complementação para que se tenha uma situação real da empresa. Dentre

eles, destaca-se:

• evolução histórica do índice na própria empresa (deverá ser comparado

pelo balanço, 3 anos, mais balancete recente);

• comparação desses índices, com os índices de outras empresas, do

mesmo ramo;

• análise da qualidade dos ativos a serem convertidos (ativo corrente

maior que passivo corrente), sendo necessária, portanto, a análise do

ciclo operacional, pois definirá o montante a ser emprestado ou não

à empresa.

5.2.4 Análise de estrutura e endividamento

Os índices de estrutura, conforme apresentado por Perez Junior e

Begalli (2009, p. 252), expressam o nível de participação de capital de

terceiros na atividade da empresa, evidenciando sua situação financeira

e servindo de norteador para as decisões, sejam de investimento ou

financiamento, bem como demonstram o atual nível de endividamento

da empresa.

Este grupo de índices, conforme ressaltam Borinelli e Pimentel (2010,

p. 411), evidencia a situação patrimonial da empresa, demonstrando os

caminhos adotados em termos de obtenção e aplicação de recursos.

Os indicadores de estrutura de capital, na percepção de Hoji (2008,

p. 285), são “índices calculados relacionando-se as fontes de capital entre

si e com o ativo permanente. Indicam ainda o grau de dependência da

empresa em relação à capital de terceiros e o nível de imobilização do

capital”. Portanto, os indicadores de estrutura e de endividamento têm

por objetivo aferir a composição das fontes passivas de recursos de uma

empresa. Podem ainda demonstrar como os recursos obtidos junto a

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Capítulo 5

162 Finanças Empresariais

terceiros são alocados dentro da empresa e qual o nível de participação

destes. Destaco a seguir os principais indicadores.

Imobilização do capital próprio (ICP)

Revela a porcentagem dos recursos passivos em longo prazo (de

natureza permanente) que se encontra imobilizada em itens ativos, também

de natureza permanente. Este índice mede o grau de comprometimento dos

recursos próprios com a imobilização da empresa.

ICPAPPL

=

As aplicações dos recursos do Patrimônio Líquido são mutuamente exclusivas do Ativo Permanente e do Ativo Circulante. Quanto mais a empresa investir no Ativo Permanente, menos recursos próprios sobrarão para o Ativo Circulante e, em consequência, maior será a dependência a capitais de terceiros para o financiamento do Ativo Circulante (MATARAZZO, 2003, p. 162).

Na mesma perspectiva, Borinelli e Pimentel (2010, p. 414) destacam

que a imobilização de recursos é considerada o inverso da liquidez geral,

em face de que uma alta imobilização repercute em menor valor aplicado

nas atividades operacionais, e, por consequência, menor capital de giro e

menor liquidez.

Participação de capitais de terceiros

Busca identificar o nível de dependência da empresa em relação aos

recursos próprios investidos. Este indicador mede o grau de risco financeiro da

empresa, em decorrência do grau de utilização de recursos de terceiros (PC e

PNC) em sua estrutura financeira.

PCTPC PNC

PL=

+

Marteson
Realce
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Capítulo 5

163Finanças Empresariais

O índice de participação de capitais de terceiros relaciona, portanto, as duas fontes de recursos da empresa, ou seja, capitais próprios e capitais de terceiros. É um indicador de risco ou de dependência a terceiros por parte da empresa. Também pode ser chamado índice de grau de endividamento. Do ponto de vista estritamente financeiro, quanto maior a relação capitais terceiros/patrimônio líquido, menor a liberdade de decisões financeiras da empresa ou maior a dependência a esses terceiros, e do ponto de vista de obtenção de lucro, pode ser vantajoso para a empresa trabalhar com capitais de terceiros, se a remuneração paga a esses capitais de terceiros for menor do que o lucro conseguido com a sua aplicação nos negócios (MATARAZZO, 2003, p. 160).

Borinelli e Pimentel (2010, p. 412) corroboram com Matarazzo (2003) ao

enfatizarem que “sob o prisma financeiro, pode-se afirmar que quanto menor

este índice, melhor, isso porque quanto maior ele for maior será a dependência

da empresa, junto a terceiros e menor será, então, a sua liberdade de decisões

financeiras”.

Composição do endividamento

A composição do endividamento revela qual a porcentagem das dívidas

financeiras, ou não, alocadas no curto prazo em relação ao endividamento

total da empresa.

CEPC

PC PNC=

+

Logo após conhecer o grau de participação de capitais de terceiros é saber qual a composição dessas dividas, uma coisa é ter dívidas de curto prazo que precisam ser pagas com recursos possuídos hoje; outra situação é possuir dívidas a longo prazo, pois a empresa dispõe de tempo para gerar recursos para pagá-las (MATARAZZO, 2003, p. 161).

Borinelli e Pimentel (2010, p. 412) enfatizam que a composição de

endividamento com perfil de concentração no longo prazo possibilita à

empresa um maior prazo para gerar os recursos necessários à liquidação dos

compromissos; por outro lado, a concentração no curto prazo poderá resultar

em dificultadores, principalmente no que se refere à captação de recursos que

apresentam taxas mais elevadas.

Marteson
Realce
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Capítulo 5

164 Finanças Empresariais

Endividamento oneroso ou financeiro

O endividamento oneroso ou financeiro revela a porcentagem

dos recursos financeiros – empréstimos (EMP) e financiamentos (FIN) –

captados no curto prazo e longo prazo em relação aos recursos próprios da

empresa. Este indicador mede exclusivamente os empréstimos bancários

sobre o patrimônio líquido.

EFEMP FIN

PL=

+

Imobilização dos recursos não correntes

Este índice informa quanto dos recursos permanentes (PL) e de longo

prazo (PNC) está alocado no ativo permanente.

IRNCAP

PNC PL=

+

O índice de imobilização dos recursos não correntes apresenta, na

opinião de Borinelli e Pimentel (2010, p. 412), uma particularidade:

os elementos do ativo permanente possuem vida útil que pode variar de 5 até 50 anos. Dessa feita, desde que a firma possua recursos no exigível , cujos prazos sejam compatíveis com a duração dos elementos, ou suficientes para a empresa gerar recursos capazes de resgatar as dívidas de longo prazo. É perfeitamente possível que não se financie todo o ativo não circulante permanente somente com recursos próprios.

Alavancagem financeira

Revela a capacidade que os recursos de terceiros apresentam de expandir

a rentabilidade dos proprietários da empresa. O grau de alavancagem

financeira (GAF) pode ser calculado pela fórmula:

Marteson
Realce
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Capítulo 5

165Finanças Empresariais

GAFRPLRSA

=

A alavancagem financeira, segundo Gitman (1997), resulta da presença

de encargos financeiros fixos no fluxo de lucros da empresa, isto é, a capacidade

da empresa usar os encargos financeiros fixos a fim de maximizar os efeitos de

variações no lucro antes dos juros e impostos (LAJIR) sobre os lucros.

Índice de cobertura de juros

Revela a o número de vezes que os resultados operacionais da empresa

cobrem a remuneração (despesas financeiras – juros) devido ao capital de

terceiros. É calculado pela fórmula:

Gitman (1997, p. 118) afirma que “o índice de cobertura de juros mede

a capacidade da empresa para realizar pagamentos contratuais.” Geralmente,

quanto maior for este número índice, maior é a capacidade da empresa para

liquidar suas obrigações com juros

ICJLOARF

DF=

Na percepção de Hoji (2008), Assaf Neto (2009) e Borinelli e Pimentel

(2010) estes indicadores devem apresentar valores menores que 1, excetuando-se

os indicadores de cobertura de juros e alavancagem financeira, pois quanto

maiores os resultados, melhores são estes indicadores.

5.2.5 Análise de lucratividade e rentabilidade

Hoji (2008, p. 292) afirma que os indicadores de rentabilidade objetivam

avaliar os resultados auferidos por uma empresa em relação a parâmetros

que melhor revelem suas dimensões. São índices que têm por base de

comparação o ativo total, o patrimônio líquido e as receitas. Evidenciam

a condição de sucesso ou insucesso empresarial. A seguir, apresento os

principais indicadores deste grupo.

Marteson
Realce
Marteson
Realce
Marteson
Realce
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Capítulo 5

166 Finanças Empresariais

Ross, Westerfield e Jaffe (2007) destacam que a visualização e mensuração

da rentabilidade de uma empresa são extremamente complexas. Segundo os

autores, não há como afirmar seguramente que uma companhia é rentável,

uma vez que as afirmações somente podem ser realizadas a partir de dados

históricos ou correntes, porém, nunca futuros. Cabe ainda salientar que

muitas oportunidades empresariais exigem o sacrifício de lucros no momento

presente na expectativa de resultados futuros.

Estes quocientes apurados mensuram o quanto uma determinada

empresa está sendo lucrativa ou não, pelo do capital investido, pelo

rendimento dos investimentos e pelo resultado econômico. Normalmente,

quanto maiores os índices de rentabilidade, melhor para a empresa

(CAMELO et al., 2007).

Segundo Matarazzo (2003), os índices de rentabilidade mostram qual o

grau de retorno dos capitais investidos, demonstrando a eficiência econômica

da empresa. Em perspectiva complementar, Gitman (2004, p. 52) destaca que

existem inúmeras medições de rentabilidade:

Como grupo, essas medições permitem ao analista avaliar os lucros da empresa em relação a certo nível de vendas, a certo nível de ativos ou ao volume de capital investido pelos proprietários. Sem lucros uma empresa não poderia atrair capital externo. Os proprietários, credores e administradores preocupam-se muito com lucro, pois isso é visto como algo muito importante no mercado.

Na opinião de Borinelli e Pimentel (2010, p. 417), os índices de

lucratividade e rentabilidade buscam evidenciar qual foi a rentabilidade dos

capitais investidos na empresa e a lucratividade das operações realizadas.

Ressaltam ainda que o valor alto ou baixo dependerá de variáveis, tais como:

segmento de mercado, porte da empresa, tempo de atividade, dentre outras.

Margem bruta

A margem bruta identifica o desempenho dos custos de produção ou

comercialização. Dado que o lucro bruto (LB) é obtido pela diferença entre

as vendas líquidas e o custo dos produtos vendidos ou das mercadorias

vendidas, o aumento ou diminuição deste índice significa uma melhor ou

pior eficiência produtiva da empresa no que se refere aos seus custos. É

dada pela fórmula:

Marteson
Realce
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Capítulo 5

167Finanças Empresariais

MBLB

ROL=

Margem operacional

Identifica o desempenho operacional da empresa computando o

resultado financeiro (RF) mais o resultado da equivalência patrimonial. É

dada pela fórmula:

MOLOPROL

=

Margem operacional antes do resultado financeiro

Identifica o desempenho operacional da empresa em função de

valores efetivamente utilizados em sua atividade operacional. É dada

pela fórmula:

MOARFLOP RF

ROL=

Margem líquida

Representa a percentagem de cada real que permaneceu na empresa

sob a forma de lucro após os pagamentos de todas as despesas, inclusive

financeiras e tributárias. É dada pela fórmula:

MlLl

ROL=

A Margem Liquida (ML) indica o quanto a empresa obtém de lucro

para cada cem unidades monetárias vendidas, ou seja, para cada cem reais

provenientes de venda, o quanto a empresa recebe como lucro (MATARAZZO,

2008; SILVA, 2001).

Marteson
Realce
Marteson
Realce
Marteson
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Capítulo 5

168 Finanças Empresariais

Demonstra, conforme Camelo et al. (2007), o lucro puro adquirido em

cada unidade monetária provinda de venda, considerando para tal somente

os lucros aferidos pela empresa, desconsiderando despesas financeiras ou

obrigações.

Retorno sobre o patrimônio líquido

Revela a relação entre o lucro líquido e o patrimônio líquido médio (PLM)

da empresa. Busca mensurar o retorno produzido dos recursos aplicados pelos

sócio-acionistas da empresa. Exerce influência a médio e longo prazo sobre o

valor de mercado das ações. É dado pela fórmula:

RPLLL

PLM=

PLMPL PLx x=

+2 1

2

Lembre-se de que o saldo final de uma conta patrimonial é o saldo inicial

do ano seguinte.

Borinelli e Pimentel (2010, p. 421) destacam que a rentabilidade do

patrimônio líquido é “um índice que retrata quanto vai para o acionista

do lucro gerado pelo uso do ativo, quaisquer que tenham sido as fontes de

recursos, próprias ou de terceiros.”

Sabendo que pode obter uma remuneração em aplicação financeira de renda fixa à taxa SELIC atualmente em 10,75%, você investiria seus recursos se o retorno do capital investido numa empresa fosse inferior a essa taxa?

REFLEXÃO

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Capítulo 5

169Finanças Empresariais

Se você respondeu afirmativamente ao desafio proposto, deve ter

ponderado que os recursos de que dispõe não obtém esta taxa no mercado

financeiro. Portanto, você teria tomado a decisão correta em investir. Mas se

você consegue esta taxa para os valores que dispõe, reflita sobre a sua decisão.

Retorno sobre o ativo total

Revela a relação entre o lucro líquido e o ativo total médio (ATM) da

empresa. Busca mensurar o retorno produzido pelo total de aplicações

realizadas pela empresa em seus ativos. É dado pela fórmula seguinte:

RATLL

ATM

ATMAT ATx x

=

=+2 1

2

Retorno sobre o ativo operacional

Revela a relação entre o lucro operacional e o ativo operacional médio

(AOM) da empresa. Busca mensurar o retorno produzido pelo total de

aplicações realizadas pela empresa em seus ativos operacionais (clientes e

estoques). É dado pela fórmula seguinte:

RSALOPAOM

AOMAO AOx x

=

=+2 1

2

Giro do ativo

O giro do ativo revela o número de vezes que o ativo total da empresa

girou em determinado exercício em função das vendas realizadas. É dado pela

fórmula seguinte:

GAROPATM

=

Marteson
Realce
Marteson
Realce
Marteson
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Capítulo 5

170 Finanças Empresariais

Giro do ativo operacional

O giro do ativo operacional revela a relação entre as vendas líquidas

e as aplicações de natureza operacional (clientes e estoques). É dado pela

fórmula seguinte:

GAOROLAOM

=

Na percepção de Hoji (2008), Assaf Neto (2009) e Borinelli e Pimentel

(2010) estes indicadores devem apresentar valores positivos e quanto maiores,

melhor. Podem ainda serem expressos em termos unitários ou percentuais.

A rentabilidade do ativo é apurada quando se pretende ter uma

noção do desempenho econômico de um empreendimento como um todo,

independente da origem dos recursos (BORINELLI; PIMENTEL, 2010, p. 420).

5.2.6 Análise de atividade ou ciclo

Segundo Gitman (1997, p. 112), “os índices de atividade são usados para

medir a rapidez com que as várias contas são convertidas em vendas ou caixa”.

Buscam auferir os ciclos operacionais e financeiros, a partir da identificação dos

prazos médios de contas a receber e/ou clientes, prazos médios de renovação

de estoques e prazos médios de pagamento de fornecedores.

Borinelli e Pimentel (2010, p. 423) afirmam que os índices de gestão,

também conhecidos como de atividade ou ciclo, mensuram a eficiência da

empresa em gerir seus ativos e passivos circulantes.

Prazo médio de duplicatas a receber (PMDR)

Busca identificar o tempo entre a venda dos produtos e/ou serviços até

o efetivo recebimento. É dado pela relação entre os valores classificados em

contas a receber e a receita operacional bruta.

O prazo médio de recebimento de vendas (PMRV), segundo Borinelli

e Pimentel (2010, p. 428), “é uma média arbitrária, porém útil, que mede o

número médio de dias que a empresa demora para receber de seus clientes.

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Capítulo 5

171Finanças Empresariais

Quanto menor o prazo, melhor para a empresa, pois ela recebe mais

rapidamente de seus clientes”.

PMDRSMDRROB

= ×360

SMDRDR DRx x=

+2 1

2

Prazo médio de renovação de estoques

Busca identificar o tempo compreendido entre a compra dos produtos e/

ou serviços até a venda dos produtos e/ou serviços. É dado pela relação entre

os valores classificados em estoques e os custos dos produtos vendidos.

PMRESMECMV

SMEE Ex x

= ×

=+

360

22 1

Na concepção de Borinelli e Pimentel (2010, p. 427) “o prazo médio de

renovação de estoques (PMRE) expressa a velocidade com que eles se renovam.

É uma medida do número em dias que, em média, os produtos e mercadorias

ficam em estoque até serem vendidos”.

Prazo médio de pagamento de fornecedores

Busca identificar o tempo compreendido entre a compra dos produtos

e/ou serviços até o efetivo pagamento. É dado pela relação entre os valores

classificados em fornecedores e os custos dos produtos vendidos.

Marteson
Realce
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Capítulo 5

172 Finanças Empresariais

PMPFSMFCMV

SMFF Fx x

= ×

=+

360

22 1

Segundo Borinelli e Pimentel (2010, p. 428), “esse indicador mostra

quantos dias, em média, a empresa leva para pagar seus fornecedores. Quanto

maior o prazo, melhor para a empresa, pois ela demora mais para pagar seus

fornecedores, ganhando fôlego adicional em suas contas”.

Na percepção de Gitman (1997), Hoji (2008), Assaf Neto (2009) e Borinelli

e Pimentel (2010), a interação destes indicadores é geradora de outros dois

indicadores: o ciclo operacional e o ciclo financeiro ou de caixa.

Segundo Schrickel (1999, p. 175), “o ciclo operacional é basicamente

o processo através do qual a empresa produz dinheiro mediante aplicação de

dinheiro em suas atividades sociais”.

Borinelli e Pimentel (2010, p. 424), em linha com Schrickel (1999), afirma

que o “ciclo operacional de uma empresa tem início com a recepção dos materiais

(ou de mercadorias para revenda) e termina com a entrada de dinheiro em caixa,

derivada do recebimento das vendas”.

O ciclo financeiro ou de caixa compreende, na percepção de Borinelli e

Pimentel (2010, p. 426),

o prazo entre as saídas de caixa relativas aos pagamentos dos fornecedores e as entradas de caixa provenientes das vendas. Quanto maior o ciclo financeiro, mais recursos próprios e de terceiros estarão temporariamente aplicados nas operações, provocando custos financeiros e afetando a rentabilidade. O ciclo financeiro corresponde, portanto, ao período da necessidade de capital de giro.

O ciclo operacional é resultante do somatório dos prazos médios de duplicatas

a receber e renovação de estoques; já o ciclo financeiro é resultante da diferença

entre o ciclo operacional e o prazo médio de pagamento a fornecedores. Caso

este último resulte negativo, a empresa está sendo financiada pelos fornecedores;

na situação inversa, a empresa terá necessidade de buscar outras fontes não

operacionais, ou seja, financeiras, para suprir a necessidade de capital de giro.

Marteson
Realce
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Capítulo 5

173Finanças Empresariais

Mas pergunto: qual o valor necessário para suprir o capital de giro

de uma empresa? A resposta será apresentada na sequência, quando você

conhecerá o último grupo de indicadores: os de necessidade financeira.

5.2.7 Análise de necessidade financeira

Uma das maiores preocupações de qualquer gestor financeiro em

uma empresa é mensurar adequadamente a necessidade dos recursos para

investimento em giro, ou seja, se a empresa gera internamente os recursos

necessários à cobertura destes investimentos.

Necessidade de capital de giro ou investimento em giro

A necessidade de capital de giro ou investimento em giro demonstra

qual o capital de giro mínimo que a empresa precisa ter, de modo que, por

meio do giro do seu ativo circulante operacional (ACO), ela possa gerar

recursos suficientes para pagar as suas dívidas de curto prazo de natureza

operacional (PCO), sem precisar incorrer em empréstimos onerosos de curto

prazo. É representada pela fórmula:

IOG = ACO - PCO

Fleuriet, Kehdy e Blanc. (2003, p. 6) indicam que a necessidade de

capital de giro ocorre quando, no ciclo financeiro, as saídas de caixa

acontecem antes das entradas, ocasionando uma necessidade de aplicação

permanente de fundos.

Santos, Schmidt e Martins (2006, p. 181) afirmam que o investimento

operacional em giro (IOG) representa

as aplicações de recursos que, embora pertencentes ao ativo circulante, têm conotação de aplicações permanentes. Tais aplicações estão relacionadas de forma direta com a atividade operacional da empresa, como duplicatas a receber, estoques, adiantamento a fornecedores (ativo cíclico). Há por outro lado, algumas fontes de recursos que estão relacionadas diretamente as atividades da empresa e se renovam espontaneamente à medida que suas operações se desenvolvem (passivo cíclico). São exemplos: fornecedores, salários e encargos a pagar, impostos a recolher e adiantamentos de clientes.

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Capítulo 5

174 Finanças Empresariais

Capital de giro (CDG)

Trata-se da primeira fonte de recursos da empresa. Representa a parcela

dos recursos próprios que se encontra disponível para aplicações. Portanto, é

possível afirmar que é a variável empresarial que indica existência ou falta de

capital de giro próprio.

CDG = PL - AP

Santos, Schmidt e Martins (2006, p. 182) enfatizam que a análise dos

fatores que atuam sobre o capital de giro é fundamental, pois operações

como prejuízos, aquisição de itens do imobilizado, investimentos, intangíveis,

pagamento de dividendos promovem reduções do capital de giro, ao passo

que as despesas com depreciação, amortização e exaustão, lucros, vendas

de itens do imobilizado e novos aportes de capital promovem aumentos do

capital de giro da empresa.

Quando os recursos de capital de giro próprio não são suficientes à

cobertura da necessidade de capital de giro, a empresa terá de recorrer a

recursos financeiros. O salutar é que ela busque recursos no longo prazo.

Fluxo de longo prazo

O fluxo de longo prazo consiste em uma variável empresarial que indica

no horizonte superior a um ano a fonte ou aplicação de recursos em exercícios

futuros. É determinado a partir da diferença entre financiamentos dados e

financiamentos recebidos.

Representa a diferença entre o passivo não circulante prazo e o ativo

realizável a longo prazo. É representado pela fórmula:

FLP = PNC - ARLP

Tesouraria

A soma dos recursos de capital de giro e do fluxo de longo prazo

pode se revelar insuficiente à cobertura integral da necessidade de capital

de giro. Nessa situação, a empresa terá de recorrer a recursos financeiros

Marteson
Realce
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Capítulo 5

175Finanças Empresariais

de curto prazo. Esse quadro será evidenciado pelo indicador denominado

por Santos, Schmidt e Martins (2006, p. 184) como tesouraria. Este índice

é representado pela fórmula:

TES = ACF - PCF

Se a tesouraria resultar em condição negativa, a empresa está captando

recursos onerosos e de curto prazo para financiar suas atividades; se for o

contrário, os excedentes de recursos de capital de giro estão sendo investidos

pela empresa.

Espero que você tenha compreendido a essência de cada um dos

indicadores. No entanto, é bom ressaltar que os indicadores não podem

ser analisados de forma isolada, já que podem mascarar os resultados da

análise.

Um primeiro exemplo: se a carteira de clientes apresenta expansão sem

o devido acréscimo das receitas e possíveis alterações na política de crédito

da empresa, principalmente no que se refere aos prazos praticados, pode

evidenciar inadimplência.

Outro exemplo de equívoco por parte do analista é analisar o

endividamento apenas pela ótica dos indicadores de estrutura, sem atentar

que o índice de cobertura de juros demonstra que a empresa cobre os

encargos das dívidas financeiras contratadas várias vezes.

EXPLORANDOEXPLORANDO

Hoje existem diversos sites e revistas que trabalham a divulgação de indicadores econômico-financeiros de diversas empresas, dentre eles, podemos destacar as edições anuais das Melhores e Maiores, da revista Exame, e Valor 1000, do jornal Valor Econômico. Se você se cadastrar no site <www.infomoney.com.br>, poderá acessar os principais indicadores das empresas com ações listadas na BOVESPA.

Marteson
Realce
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Capítulo 5

176 Finanças Empresariais

5.3 Aplicando a teoria na prática

A empresa Alpha buscou o banco Betha para atualizar o seu cadastro, tendo

por objetivo a definição de limites de crédito para possíveis operações tanto de

investimento fixo quanto de capital de giro, caso necessário. Foi informada que

deveria apresentar os demonstrativos contábeis dos dois últimos anos, o que foi

prontamente atendido pela empresa. O analista de risco de crédito do banco

Betha, deverá proceder de forma preliminar à reclassificação dos dados para,

em seguida, alimentar a planilha para posterior digitação no sistema interno do

banco. A partir dos demonstrativos apresentados a seguir, você deve:

a) identificar as contas operacionais do ativo e passivo circulante;

b) apurar os indicadores de liquidez corrente, participação de capital

de terceiros, margem líquida, retorno de patrimônio líquido para

o exercício de 2009;

c) responder ao seguinte questionamento: você concederia crédito à

empresa Alpha?

Importante: os cálculos deverão utilizar apenas duas casas decimais.

SUB-TÍTULO 1 2009 2008 2009 2008

Ativo circulante 23256 19915 Passivo circulante 24362 17470

Disponibilidades 1021 3008 Fornecedores 12843 4713

Duplicatas a receber 7284 8818 Obrigações trabalhistas 3186 6293

Estoques 12048 6589 Empréstimos 6706 4732

Aplicações financeiras 2903 1500 Obrigações fiscais 1627 1732

Ativo não circulante 23648 23113 Passivo não circulante 2500 6000

Realizável a longo prazo 627 63 Financiamentos 3500 6000

Investimentos 518 300 Patrimônio líquido 20042 19558

Imobilizado 22503 22750 Capital 18000 18000

Reservas 2042 1558

Total ativo 46904 43028 Total passivo 46904 43028

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Capítulo 5

177Finanças Empresariais

SUB-TÍTULO 1 2009 2008

Receita operacional líquida 54875 35535

(-) Custo de mercadorias vendidas 40828 25230

Lucro bruto 14047 10305

Despesas administrativas 5780 4191

Despesas comerciais 5496 2881

Despesas tributárias 125 1154

Lucro operacional antes do resultado

2646 2079

Despesas financeiras 1109 2020

Lucro operacional 1537 59

Receitas não operacionais 500 150

Lucro líquido do exercício 2037 209

E aí? Chegou a uma conclusão?

A solução da questão a – identificar as contas operacionais do ativo e passivo

circulante – é: as contas duplicatas a receber e estoques são contas de natureza

operacional; com relação ao passivo circulante operacional, são enquadradas as

contas de: fornecedores, obrigações trabalhistas e obrigações fiscais.

A questão b envolveu uma série de cálculos a partir da aplicação das

fórmulas apresentadas ao longo deste capítulo.

A liquidez corrente, como você viu anteriormente, é a representação da

relação entre as contas do ativo e passivo circulante.

LCACPC

LC= = =23 25624 362

0 95..

,

A participação de capital de terceiros busca evidenciar a relação entre os

recursos obtidos junto a fontes onerosas, ou não, pela empresa e os recursos

próprios, representados pelo patrimônio líquido.

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Capítulo 5

178 Finanças Empresariais

PCTPC PNC

PLPCT=

+=

+=

24 362 2 50020 042

1 34. .

.,

A margem líquida evidencia a relação entre o lucro líquido do exercício

e a receita operacional líquida.

MLLL

ROLML= = = ⇔

2 03754 875

0 03 3..

, %

O retorno sobre o patrimônio líquido mensura a relação entre o lucro

líquido e o patrimônio da empresa.

RPLLLPL

RPL= = = ⇔2 037

20 0420 10 10

..

, %

Em relação à questão c, se considerarmos apenas os indicadores

apurados, a resposta mais adequada é você não conceder crédito à empresa

Alpha em virtude de o indicador liquidez corrente ser menor do que 1, a

participação de capital de terceiros ser superior a 1, as margens serem

reduzidas e o retorno do patrimônio líquido ser inferior ao rendimento

das aplicações financeiras baseadas na taxa SELIC.

5.4 Para saber mais

Título: Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileirasAutor: CHEROBIN, A. P. M. S.; LEMES, A. B.; RIGO, C. M. Editora: Campus, SP Ano: 2005

Este livro aborda, no capítulo 3, os principais indicadores de análise e a importância destes como instrumentos de gestão.

Título: Administração financeiraAutor: GROPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Editora: Saraiva, SP Ano: 2006

Este livro aborda, no capítulo 18, os principais indicadores de análise e as limitações dos mesmos.

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Capítulo 5

179Finanças Empresariais

Título: Finanças básicas

Autor: MAYO, H. B. Editora: Cengage Learning, SP Ano: 2008

Este livro trata, no capítulo 9, dos principais indicadores de análise, das limitações dos dados contábeis e ainda do papel da internet no processo de análise.

Site: Comissão de valores mobiliáriosURL: http://www.cvm.gov.br

Neste site você tem a oportunidade de acessar dados sobre empresas de capital aberto, toda a legislação necessária ao pleno entendimento do mercado, dentre outras informações.

Site: InfomoneyURL: http://www.infomoney.com.br

Neste site você tem a oportunidade de acessar análises das empresas listadas na bolsa e ainda assistir vídeos sobre finanças, participar de chats, dentre outras funcionalidades.

5.5 Relembrando

O capítulo 5 apresentou que:

• as informações divulgadas pelas empresas na forma de demonstrações

financeiras são utilizadas por bancos, governos, fornecedores, clientes,

dentre outras entidades;

• a análise busca evidenciar o desempenho econômico-financeiro de

uma empresa num determinado período de tempo;

• enquanto a análise horizontal busca evidenciar a evolução ou retração

do desempenho de uma empresa de uma período em relação a outro,

a análise vertical evidencia a composição das contas patrimoniais e de

resultado num determinado ano;

• a análise econômico-financeira se utiliza de diversos indicadores:

liquidez, estrutura e endividamento, atividade ou ciclo, lucratividade

e rentabilidade e por fim, necessidade financeira;

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Capítulo 5

180 Finanças Empresariais

• a análise deve contemplar uma visão integrada dos indicadores

buscando sempre o comparativo com dados setoriais; estes, por sua

vez, são anualmente divulgados por revistas especializadas ou sites de

informações financeiras.

5.6 Testando os seus conhecimentos

1) Tem por objetivo aferir a composição das fontes passivas de recursos

de uma empresa. Pode ainda demonstrar como os recursos obtidos junto

a terceiros são alocados dentro da empresa e qual o nível de participação

destes.

a) Rentabilidade.

b) Necessidade financeira.

c) Atividade ou ciclo.

d) Liquidez.

e) Estrutura.

2) Revela a capacidade que os recursos de terceiros apresentam de expandir a

rentabilidade dos proprietários da empresas.

a) Margem líquida.

b) Lucro operacional.

c) Retorno do patrimônio líquido.

d) Retorno sobre o ativo total.

e) Alavancagem financeira.

3) Demonstra qual o capital de giro mínimo que a empresa precisa ter,

de modo que, pelo seu ativo circulante operacional, ela possa gerar

recursos suficientes para pagar as suas dívidas de curto prazo de natureza

operacional, sem precisar incorrer em empréstimos onerosos de curto

prazo.

a) Fluxo de longo prazo.

b) Capital de giro próprio.

c) Necessidade de capital de giro.

d) Caixa gerado de operações.

e) Margem operacional líquida.

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Capítulo 5

181Finanças Empresariais

4) Considerando os dados apresentados nos demonstrativos a seguir, o valor

representativo dos prazos médios de recebimento de duplicatas a receber e

estoques em 2009 são, respectivamente:

OBS.: Como se trata de prazos, os valores encontram-se arrendados.

SUB-TÍTULO 1 2009 2008 2009 2008

Ativo circulante 24547 19915 Passivo circulante 24362 17470

Disponibilidades 1021 3008 Fornecedores 12843 4713

Duplicatas a receber 8575 8818 Obrigações trabalhistas 3186 6293

Estoques 12048 6589 Empréstimos 6706 4732

Aplicações financeiras 2903 1500 Obrigações fiscais 1627 1732

Ativo não circulante 23648 23113 Passivo não circulante 2500 6000

Realizável a longo prazo 627 63 Financiamentos 3500 6000

Investimentos 518 300 Patrimônio líquido 21333 19558

Imobilizado 22503 22750 Capital 18000 18000

Reservas 3333 1558

Total ativo 48195 43028 Total passivo 48195 43028

SUB-TÍTULO 1 2009

Receita operacional bruta 57.225

(-) Deduções de vendas 2.350

Receita operacional líquida 54875

(-) Custo de mercadorias vendidas 40828

Lucro Bruto 14047

Despesas administrativas 5780

Despesas comerciais 5496

Despesas tributárias 125

Lucro operacional antes do resultado 2646

Despesas financeiras 1109

Lucro operacional 1537

Receitas não operacionais 500

Lucro líquido do exercício 2037

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Capítulo 5

182 Finanças Empresariais

a) 35 e 70.

b) 82 e 51.

c) 55 e 82.

d) 75 e 45.

e) 22 e 104.

Onde encontrar

ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. São

Paulo:Atlas, 2009.

BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Curso de contabilidade para

gestores,analistas e outros profissionais. São Paulo: Atlas, 2010.

CAMELO, E. P. S. et al. Análise das demonstrações contábeis em empresas da

área comercial de embalagens. FCV Empresarial. Maringá, v. 1, 2007, p. 167-193.

FLEURIET, M.; KEHDY, R; BLANC, G. A dinâmica financeira das empresas

brasileiras: um método de análise, orçamento e planejamento financeiro. 3.

ed. São Paulo: Campus, 2003.

GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. Trad. Jean Jacques

Salim; João Carlos Douat. 7. ed. São Paulo: Harbra, 1997.

______. Princípios de administração financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson,

2004.

HELFERT, E. A. Técnicas de análise financeira. Porto Alegre: Bookman, 2000.

HOJI, M. Administração financeira e orçamentária: matemática financeira

aplicada, estratégias financeiras e orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 2008.

IUDÍCIBUS, S. Análise de balanços. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

______. Análise de balanços. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

MARTINS, E. Administração financeira: as finanças das empresas sob

condiçõesinflacionárias. São Paulo: Atlas, 1993.

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Capítulo 5

183Finanças Empresariais

MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços. 6. ed. São Paulo: Atlas,

2003.

PADOVEZE, C. L. Introdução à administração financeira: texto e exercícios.

São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

PEREZ JUNIOR, J. H., BEGALLI, G. A. Elaboração e análise das demonstrações

contábeis. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira. 2. ed.

São Paulo: Atlas, 2007.

SANTOS, J. L.; SCHMIDT, P.; MARTINS, M. A. Fundamentos de análise das

demonstrações contábeis. São Paulo: Atlas, 2006.

SANVICENTE, A. Z. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1987.

SCHRICKEL, W. K. Demonstrações financeiras: abrindo a caixa preta. Como

interpretar balanços para a concessão de empréstimos. 2. ed. São Paulo:

Atlas, 1999.

SILVA, J. P. Análise financeira das empresas. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

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Capítulo 5

184 Finanças Empresariais

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Capítulo 6

185Finanças Empresariais

FLUXO DE CAIXA

CAPÍTULO 66

6.1 Contextualizando

Neste capítulo, mostrarei a você como funciona a ferramenta fluxo de

caixa, indispensável à gestão financeira de qualquer empresa, seja qual for o

seu porte ou forma de organização societária.

O texto mostrará os diferentes métodos de elaboração do fluxo de caixa,

os principais fatores que afetam o mesmo e as implicações no dia a dia de

uma empresa. Também serão apresentados os principais requisitos de sua

implantação, e você aprenderá a diferenciar fluxo de caixa da demonstração

do fluxo de caixa, que consiste numa visão contábil e não financeira.

Espera-se que, ao final do estudo, você domine a ferramenta e visualize

as implicações na gestão estratégica das empresas. Vamos lá?

6.2 Conhecendo a teoria

Segundo Santos, Schmidt e Martins (2006, p. 91),

em razão da maior utilidade e simplicidade da demonstração de fluxo de caixa, ela foi substituindo gradativamente a demonstração de origens e aplicações de recursos em nível internacional, iniciando-se com os Estados Unidos em 1988, com o pronunciamento SFAS 95, o Reino Unido, em 1991, como o FRS1, o qual foi substancialmente alterado em 1996, e as normas internacionais em 1992, com a revisão do IAS7.

Convido você a uma leitura atenta, pois a partir de agora, mostrarei a

percepção de diferentes autores sobre o tema.

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Capítulo 6

186 Finanças Empresariais

Gitman (1997, p. 81) apresenta o fluxo de caixa estruturado inicialmente

em atividades operacionais, que são os fluxos de caixa (entradas e saídas)

diretamente relacionados à produção e vendas dos produtos e serviços da

empresa. Esses fluxos captam a demonstração do resultado e as transações

das contas circulantes ocorridas durante um período. Na sequência,

apresenta em sua estrutura a parte inerente aos fluxos de investimentos,

que são fluxos de caixas associados à compra e venda de ativos imobilizados

e participações societárias; por fim, detalha os fluxos de financiamento

resultantes de operações de empréstimo e capital próprio, incluindo a

obtenção e a quitação de empréstimos, entradas de caixa por venda de

ações e saídas de caixa por recompra de ações ou pagamentos de dividendo

em dinheiro.

Assaf Neto e Silva (1997, p. 10), na mesma linha de Gitman, sintetizam

que o fluxo de caixa, de maneira ampla, é um processo pelo qual a empresa

gera e aplica seus recursos de caixa determinados pelas várias atividades

desenvolvidas, que se dividem em operacionais, de investimentos e de

financiamento.

Uma das tarefas mais árduas da área financeira é dimensionar o fluxo de caixa da empresa, composto basicamente por Contas a Receber, que é o direto que a empresa possui, correspondente a venda de mercadorias, prestação de serviços ou vendas de bens do ativo permanente, e Contas a Pagar que são as obrigações assumidas pela empresa, derivadas de compras de mercadorias para revender ou industrialização, impostos e outros custos variáveis, despesas fixas, investimentos e outros. O fluxo de caixa também mede as necessidades futuras de recursos, a capacidade de pagamento pontual dos compromissos assumidos, bem como a disponibilidades para investimentos (ASSAF, 1999, p. 1).

Zdanowicz (2000, p. 19) afirma, por sua vez, que fluxo de caixa é “um

instrumento que permite ao administrador financeiro planejar, organizar,

coordenar, dirigir e controlar os recursos financeiros de sua empresa para

determinado período”.

O objetivo básico da função financeira é prover a empresa de recursos de caixa suficientes de modo a respeitar os vários compromissos assumidos e promover a maximização de seus lucros. Nesse contexto o autor destaca o fluxo de caixa como um instrumento que possibilita o planejamento e o controle dos recursos financeiros de uma empresa. Gerencialmente é indispensável ainda em todo o processo de tomada de decisões financeiras (ASSAF NETO; SILVA, 2002, p. 39).

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Capítulo 6

187Finanças Empresariais

Sá (2009, p. 11) define fluxo de caixa como sendo o método de

captura e registro dos fatos e valores que promovam variações no saldo

de caixa e, ainda, que relatórios são apresentados para fins de análise e

tomada de decisão.

Para Ross, Westerfield e Jordan (2002), o fluxo de caixa é definido como

a diferença entre a quantidade de dinheiro que entra e a quantidade que

sai. Permite que, a partir das diferentes transações que afetam o fluxo, seja

apurada a real situação financeira da empresa.

O instrumento básico de gestão do capital de giro na tesouraria de uma empresa é o fluxo de caixa, que representa a diferença, em regime de caixa, entre as saídas e entradas. O fluxo de caixa deve ser elaborado em períodos diários e projetar posições futuras (diárias, semanais, mensais, etc.), em função das necessidades de planejamento da empresa, a fim de propiciar acompanhamento e planejamento constante do capital de giro (DI AGUSTINI, 1999, p. 53).

Segundo Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003, p. 398), o objetivo

principal da DFC é “prover informações relevantes sobre pagamentos

e recebimentos, em dinheiro, de uma empresa, ocorridos durante um

determinado período”. Diante dessas informações, os usuários internos e

externos da empresa têm como avaliar o desempenho do fluxo financeiro

da empresa.

Hendriksen e Van Breda (1999, p. 173) destacam que as informações

constantes atendem aos objetivos perseguidos pela contabilidade, que é

“fornecer aos investidores e outros indivíduos informações úteis para avaliar

o nível, a distribuição no tempo e a incerteza dos fluxos de caixa futuros”.

Hoji (2003, p.143) ainda destaca que “a apuração correta do fluxo de

caixa por unidade de negócios traz vantagens significativas na avaliação do

desempenho empresarial, pois é possível avaliar o retorno sobre o investimento

de forma adequada”.

O fluxo de informações para a gestão de caixa, diz Frezzati, é algo

que deve ser adequadamente planejado pela empresa. Afinal, “trata-se de

elemento de grande importância qualitativa e de otimização de resultados

com diminuição dos riscos” (FREZATTI, 2006, p. 56).

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Capítulo 6

188 Finanças Empresariais

Santos (2001, p. 57), em linha com Zdanowicz, ressalta que “o fluxo de

caixa é um instrumento de planejamento financeiro que tem por objetivo

fornecer estimativas da situação de caixa da empresa em determinado período

de tempo à frente”.

Matarazzo (1998, p. 369) ressalta, em concordância com Santos e

Zdanowicz, que o fluxo de caixa é “peça imprescindível na mais elementar

atividade empresarial e mesmo para pessoas físicas que se dedicam a algum

negócio”. Na opinião de diferentes autores, o fluxo de caixa pode e dever ser

utilizado por quaisquer empresas independente do porte e ainda por pessoas

físicas que se dediquem ao desenvolvimento de alguma atividade que envolva

a necessidade de controle.

PRATICANDOPRATICANDO

Se o fluxo de caixa é tão importante, por que sua aplicação é pequena na maioria das empresas? Pesquise junto a três empresas e questione se elas adotam o fluxo de caixa como instrumento de decisão financeira. Em caso positivo, pergunte há quanto tempo; se negativo, tente identificar o motivo.

Vamos evidenciar, a partir de agora, o processo de implantação

e ainda os principais fatores que afetam o fluxo de caixa na opinião de

diversos autores.

Pondera Zdanowicz (2000, p. 133) que a implantação do fluxo de

caixa consiste em aprimorar os valores fornecidos pelas várias áreas da

empresa de acordo com o regime de caixa, isto é, com os períodos em que

efetivamente deverão ocorrer os ingressos e desembolsos de caixa. Assim, o

principal aspecto a ser levado em consideração é quanto à apropriação dos

valores, conforme as épocas em que irão ocorrer os efetivos recebimentos

e pagamentos de caixa pela empresa. O importante é considerar todos

aqueles itens que alterarão a posição de caixa da empresa. A implantação

do fluxo de caixa consiste, essencialmente, em estruturar as estimativas

de cada unidade monetária em dois grandes itens: o planejamento dos

ingressos e o planejamento dos desembolsos, que poderão ser subdivididos

em fluxo operacional e fluxo extra operacional.

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Capítulo 6

189Finanças Empresariais

Para Andreolla (1992, p. 131), a implantação do fluxo de caixa não

sobrecarrega a empresa nem torna necessário destinar uma grande equipe

para a realização das funções orçamentárias. Pouca coisa precisa ser criada, já

que a maioria das informações já existe. O problema é sua falta de organização;

basta alguém coordená-las e transformá-las em fluxo de caixa.

Perceba que novamente os diferentes autores asseveram ser de natureza

simples a elaboração. Neste momento, você deve buscar identificar que

variáveis afetam positivamente ou não o fluxo de caixa.

Marion (1993, p. 401) agrupou estes fatores em dois grupos, como pode

ser verificado no quadro a seguir.

FATORES POSITIVOS FATORES NEGATIVOS

• integralização do capital pelos sócios e acionistas, que são os investimentos realizados pelos proprietários da empresa;

• empréstimos bancários e financiamentos, que são os recursos oriundos das instituições financeiras;

• venda de itens do ativo permanente;

• vendas à vista e recebimentos de duplicatas a receber, que são a principal fonte de recursos do caixa;

• outras entradas, tais como juros recebidos, dividendos recebidos de outras empresas, indenizações e seguros recebidos, etc.

• pagamentos de dividendos aos acionistas;

• pagamentos de juros, correção monetária da dívida e amortização da dívida;

• aquisição de item do ativo permanente;

• compras à vista e pagamentos de fornecedores;

• pagamento de despesa, custo, conta a pagar e outros.

Quadro 1 - Fatores que afetam o caixaFonte: adaptado de Marion (1993).

Zdanowicz (2000, p. 45-49) também segrega em dois grupos os fatores

que influenciam o fluxo de caixa, porém os classifica como internos e externos.

Observe o quadro 2.

FATORES INTERNOS FATORES EXTERNOS

• alteração na política de vendas;

• decisões na área de produção;

• política de compras;

• política de pessoal.

• quedas nas vendas;

• atraso dos clientes;

• nível de preços;

• atrasos na entrega.

Quadro 2 - Fatores que afetam o caixaFonte: Zdanowicz (2000, p. 45).

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Capítulo 6

190 Finanças Empresariais

O fluxo de caixa tem sido objeto de discussão ao longo dos últimos anos. Com o advento da estabilidade econômica, não há mais espaço para amadorismo. Erros cometidos na gestão financeira das empresas ou mesmo das pessoas físicas podem ser fatais. Você sabia que se pesquisar no site acadêmico do Google encontrará mais de 2000 registros só no ano de 2010?

CURIOSIDADE

6.2.1 Fluxo de caixa – objetivos

Agora que você conhece um pouco mais sobre o fluxo de caixa, seu

processo de implantação e os possíveis fatores que influenciam seu resultado,

irá estudar a partir de agora os objetivos desta ferramenta de gestão.

Para Silva (2002, p. 53-4), o objetivo básico do fluxo de caixa é, na realidade,

“projetar as disponibilidades da empresa, produzindo informações necessárias

à programação da captação de recursos financeiros, (...) à avaliação do impacto

de variações de custos e preços, dentre outras decisões”. Assaf Neto e Silva

(2002, p. 38) consideram que o objetivo fundamental para o gerenciamento

dos fluxos de caixa é “atribuir maior rapidez às entradas de caixa em relação

aos desembolsos ou, da mesma forma, otimizar a compatibilização entre a

posição financeira da empresa e suas obrigações correntes”.

Matarazzo (2003) destaca como principais objetivos do fluxo de caixa,

avaliar alternativas de investimento, avaliar e controlar ao longo do tempo as

decisões importantes que são tomadas na empresa, com reflexos monetários,

avaliar as situações presente e futura do caixa na empresa, posicionando-a

para que não chegue a situações de iliquidez, e certificar que os excessos

momentâneos de caixa estejam sendo devidamente aplicados.

De nada adianta projetar o fluxo de caixa, se o mesmo não for considerado um auxiliar do processo decisório. A projeção de necessidade futura poderá indicar a escassez ou o excedente de recursos. No caso de insuficiência de recursos, o controle do fluxo de caixa permitirá que se tomem providencias em tempo hábil, permitindo assim a escolha de alternativas mais viáveis à empresa. A prática de buscar recursos depois de ter surgido à necessidade, denota a falta de planejamento e controle financeiros na empresa (ZDANOWICZ, 2000, p. 177).

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Capítulo 6

191Finanças Empresariais

Para Braga e Marques (2001), o fluxo de caixa possui como uma de suas

finalidades, servir de instrumento para avaliação da liquidez da organização,

ou seja, sua capacidade e garantia de pagamento das dívidas nas datas

de vencimento, por meio das medidas de desempenho. Estas podem ser

classificadas como avaliadoras do grau de suficiência ou eficiência do negócio,

ou ainda medidoras da capacidade de pagamento e do nível de retorno

associado a um determinado elemento patrimonial.

Frezatti (2006) corrobora com Braga e Marques ao afirmar que o fluxo

de caixa de uma empresa deve conter todo o detalhamento possível, de forma

a permitir a adequada análise das informações apuradas. Um fluxo de caixa

sem a devida estruturação dificultará o processo de análise sobre os impactos

na liquidez da mesma.

Frezatti (2006, p. 28) complementa:

Considerar o fluxo de caixa de uma organização um instrumento gerencial não significa que ela vai prescindir da contabilidade e dos relatórios gerenciais por ela gerados. Ao contrário, com o fortalecimento dos relatórios gerenciais gerados pela contabilidade se pretende aliar a potencialidade do fluxo de caixa para melhor gerenciar suas decisões. Trata-se de considerar que o fluxo de caixa também deva ser arrolado como instrumento que traga subsídios para o processo de tomada de decisões. Na verdade, o simples reconhecimento disso já é um grande passo para que os gestores do negócio possam dispor de informações adequadas.

Mas o fluxo de caixa, como você já pode observar, torna-se uma

ferramenta importante na definição de horizontes futuros de uma empresa,

portanto vamos nos aprofundar e verificar alguns outros conceitos associados.

Segundo Assef (2003, p. 1), “o fluxo de caixa mede as necessidades

futuras de recursos, a capacidade de pagamento pontual dos compromissos

assumidos, bem como a disponibilidade para investimentos”.

Zdanowicz (2004, p. 38) destaca que o fluxo de caixa é um instrumento

que permite demonstrar as operações financeiras que serão realizadas pela

empresa, facilitando a análise de decisão, de comprometer os recursos, de

selecionar o uso das linhas de crédito menos onerosas, de determinar o quanto

a empresa dispõe de capitais próprios, bem como utilizar as disponibilidades

da melhor forma possível.

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Capítulo 6

192 Finanças Empresariais

Segundo Frezatti (1997, p. 28), um dos principais objetivos do fluxo de

caixa é o fornecimento de relatórios gerenciais, para que o administrador da

empresa possa analisar a potencialidade do fluxo de caixa, e assim gerenciar

melhor suas decisões. Trata-se de considerar que o fluxo de caixa também

deva ser classificado como instrumento que traga subsídios para o processo de

tomada de decisões.

Em complemento, Zdanowicz (2004, p. 41) afirma que o fluxo de caixa

tem como objetivo dar uma visão das atividades desenvolvidas e operações

financeiras realizadas diariamente no grupo do ativo circulante, dentro das

disponibilidades, e que representam o grau de liquidez da empresa.

Zdanowicz (2004, p. 41) complementa que, dentre os mais importantes

objetivos do fluxo de caixa, estão:

• facilitar a análise e o cálculo na seleção de linhas de crédito a serem

obtidas junto às instituições financeiras;

• programar os ingressos e os desembolsos de caixa de forma criteriosa,

permitindo determinar o período em que deverá ocorrer carência de

recursos e o montante, havendo tempo suficiente para as medidas

necessárias;

• permitir o planejamento dos desembolsos de acordo com as

disponibilidades de caixa, evitando-se o acúmulo de compromissos

vultosos em época de pouco encaixe;

• determinar quanto de recursos próprios a empresa dispõe em dado

período, e aplicá-los de forma mais rentável possível, bem como analisar

os recursos de terceiros que satisfaçam à necessidade da empresa;

• proporcionar o intercâmbio dos diversos departamentos da empresa

com a área financeira;

• desenvolver o uso eficiente e racional do disponível;

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Capítulo 6

193Finanças Empresariais

• financiar as necessidades sazonais ou cíclicas da empresa;

• providenciar os recursos para atender os projetos de implantação,

expansão, modernização ou relocalização industrial e comercial;

• fixar o nível de caixa, em termos de capital de giro;

• auxiliar na análise dos valores a receber e estoques, para que se possa

julgar a conveniência em aplicar nesses itens ou não;

• verificar a possibilidade de aplicar possível excedente de caixa;

• estudar um programa saudável de empréstimo ou financiamentos;

• projetar um plano efetivo de pagamento de débitos;

• analisar a viabilidade de serem comprometidos os recursos pela empresa;

• participar e integrar todas as atividades da empresa, facilitando assim

os controles financeiros.

Na mesma perspectiva, Pivetta (2005, p. 4) menciona que o objetivo

básico do fluxo de caixa é a projeção das entradas e saídas de recursos

financeiros para determinado período, visando acertar a necessidade de

captar empréstimos ou aplicar o excedente de caixa em operações rentáveis

para a empresa, proporcionando um fluxo de caixa equilibrado e otimizando

a aplicação de recursos próprios e de terceiros nas atividades mais rentáveis

da empresa.

Agora que você se inteirou dos objetivos dessa ferramenta de gestão,

vamos estudar os dois métodos de elaboração do fluxo de caixa, começando

pelo método direto.

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Capítulo 6

194 Finanças Empresariais

6.2.2 Método direto

A literatura financeira trata das diferentes formas ou métodos de

elaboração do fluxo de caixa. Mas antes de verificarmos esses métodos,

vamos analisar as afirmações de Zdanowicz (2004, p. 132) quanto aos

requisitos necessários à elaboração de um fluxo de caixa. São listados

pelo autor dez itens:

• apoio da cúpula diretiva da empresa;

• organização da estrutura funcional da empresa com definição clara

dos níveis de responsabilidade de cada área;

• integração dos diversos setores e departamentos da empresa ao

sistema de fluxo de caixa;

• definição do sistema de informações, quanto à qualidade e aos

formulários a serem utilizados;

• treinamento do pessoal envolvido para implantar o fluxo de caixa na

empresa;

• criação de um manual de operações financeiras;

• comprometimento dos responsáveis pelas diversas áreas, no sentido

de alcançar os objetivos e as metas propostas no fluxo de caixa;

• controles financeiros adequados, especialmente na movimentação

bancária;

• utilização do fluxo de caixa para avaliar com antecedência os efeitos

da tomada de decisões que tenham impacto financeiro da empresa;

• fluxograma das atividades na empresa, ou seja, definir as atividades

meio e as atividades fins.

Segundo Frezatti (1997, p. 35), o fluxo de caixa de uma organização deve

ser elaborado com um detalhamento que permita a análise das informações

nele contidas. Um fluxo de caixa deve ser bem elaborado e estruturado, caso

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Capítulo 6

195Finanças Empresariais

contrário, a empresa poderá não entender as informações e isso leva a um

controle financeiro ruim.

De forma mais abrangente, Zdanowicz (2004, p. 131) conclui que,

para elaborar o fluxo de caixa, é necessário receber informações dos

diversos departamentos, setores, seções da empresa, de acordo com o

cronograma anual, mensal ou diário de ingressos e desembolsos, remetido

ao departamento ou gerenciamento financeiro. Destaca como úteis as

seguintes informações:

• projeção de vendas, considerando-se as prováveis proporções entre as

vendas à vista e a prazo da empresa;

• estimativa das compras e as respectivas condições oferecidas pelos

fornecedores;

• levantamento das cobranças efetivas com os créditos a receber dos

clientes;

• determinação da periodicidade do fluxo de caixa, de acordo com as

necessidades, tamanho, organização da empresa e ramo de atividade;

• orçamento dos demais ingressos e desembolsos de caixa para o

período em questão.

Para Assaf (1999, p. 122), a elaboração do fluxo de caixa requer duas

contas básicas, as contas a receber e as contas a pagar. Contas a receber é

o direito que a empresa possui, correspondente à venda de mercadorias,

prestação de serviços ou vendas de bens do ativo permanente (móveis,

veículos, máquinas, etc.). Para melhor retratar as expectativas de fluxo, devem

ser computadas também as vendas estimadas, ainda não realizadas. As contas

a pagar, por sua vez, são as obrigações assumidas pela empresa, derivadas de

compra de mercadorias para revenda ou industrialização, impostos e outras

variáveis, despesas fixas, investimentos, etc.

A elaboração do fluxo de caixa pelo método direto, segundo Yoshitake

e Hoji (1997, p. 152), deve demonstrar efetivamente as movimentações de

recursos financeiros ocorridos no período. Os principais valores podem ser

apurados por meio da análise das contas patrimoniais e de resultados.

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Capítulo 6

196 Finanças Empresariais

Veja, no quadro 3, o modelo de fluxo de caixa pelo método direto.

INGRESSOS DE RECURSOS

• Recebimentos de clientes

• Pagamentos de fornecedores

• Despesas administrativas e comerciais

• Despesas financeiras

• Impostos

• Mão de obra direta

• Ingressos de recursos provenientes das operações

• Recebimento por vendas do imobilizado

• Total dos ingressos dos recursos financeiros

DESTINAÇÃO DE RECURSOS

• Aquisição de bens do imobilizado

• Pagamento de empréstimos bancários

• Total das destinações de recursos financeiros

• Variação líquida de Disponibilidades

• Saldo de Disponibilidades em 31-12 X0

• (=) Saldo de Disponibilidades em 31-12-X1

Quadro 3 - Modelo de fl uxo de caixa diretoFonte: Yoshitake e Hoji (1997, p. 151).

De forma mais abrangente, Zdanowicz (2004, p. 145) observa que a

elaboração do fluxo de caixa deverá detalhar todos os valores a serem recebidos

e pagos pela empresa. Quanto mais especificado for o fluxo de caixa, melhor

será o controle sobre as entradas e saídas de caixa, verificando-se assim as

suas defasagens e determinando as medidas corretivas ou saneadoras para os

períodos subsequentes. Observe a tabela apresentada a seguir.

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Capítulo 6

197Finanças Empresariais

Tabela 1 - Modelo de fl uxo de caixa segundo Zdanowicz

PERÍODOS JAN. FEV. ... TOTAL

ITENS P R D P R D P R D P R D

1. INGRESSOS

Vendas à vista

Cobrança em carteira

Cobranças bancárias

Descontos de duplicatas

Vendas de itens do ativo permanente

Aluguéis recebidos

Aumentos de capital social

Receitas financeiras

OutrosSoma2. DESEMBOLSOS

Compra à vista

Fornecedores

Salários

Compra de itens do ativo permanente

Energia elétrica

Telefone

Manutenção de máquinas

Despesas administrativas

Despesas com vendas

Despesas tributárias

Despesas financeiras

OutrosSoma

3. DIFERENÇA DO PERÍODO (1-2)

4. SALDO INICIAL DO CAIXA

5. DISPONIBILIDADE ACUMULADA (+ – 3+4)

6. NÍVEL DESEJADO DE CAIXA PROJETADO

7. EMPRÉSTIMO A CAPTAR

8. APLICAÇÕES NO MERCADO FINANCEIRO

9. AMORTIZAÇÕES DE EMPRÉSTIMOS

10. RESGATES DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS

11. SALDO FINAL DE CAIXA PROJETADO

P = projetado; R = realizado; D = defasagemFonte: Zdanowicz (2004, p. 145).

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Capítulo 6

198 Finanças Empresariais

Conclui-se que, para a elaboração do fluxo de caixa pelo método

direto, conforme tratam os autores Assaf (1999, p. 122), Frezatti (1997, p.

35) e Zdanowicz (2000, p. 131), é fundamental realizar um levantamento

de todas as necessidades e obrigações da empresa para que esta possa

cumprir com todos os seus compromissos financeiros.

Em complemento à afirmação, Frezatti (1997, p. 67) destaca que

para a elaboração de um bom fluxo de caixa, é importante que se tenha

em primeiro lugar o enfoque, que serve para a organização entender sua

utilidade para o processo de tomada de decisão. Ele deve trazer benefícios,

facilitando e suportando o processo decisório. Após definir o enfoque, o

autor destaca que é fundamental para a elaboração do fluxo de caixa

o plano de contas. Normalmente, o plano de contas é um importante

motivo para os desvios encontrados na empresas, quando confrontado

com o fluxo de caixa.

Conclui-se que, para a utilização dos modelos apresentados, é

necessário que o administrador financeiro elabore uma série de mapas

paralelos, auxiliando assim nas informações necessárias que se buscam no

fluxo de caixa, em termos de planejamento e controle financeiro.

PRATICANDOPRATICANDO

A partir dos modelos apresentados, estruture uma planilha para a coleta de dados para a elaboração do fluxo de caixa de uma pequena empresa. Lembre-se que o fluxo de caixa contempla os ingressos e desembolsos efetivamente realizados. A contabilidade é orientada pelo regime de competência que você estudou no capítulo das demonstrações contábeis.

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Capítulo 6

199Finanças Empresariais

Assaf Neto e Lima (2009, p. 198) ressaltam que a demonstração do

fluxo de caixa (DFC) na forma direta é elaborada a partir das movimentações

ocorridas no caixa da empresa, e são classificadas em três categorias:

• as atividades operacionais, que envolvem as entradas e saídas

envolvem os bens e serviços disponibilizados pela empresa, tais como:

recebimento de clientes a vista , pagamento de salários, impostos,

contas de água, telefone e energia elétrica, dentre outros;

• as atividades de financiamento, que envolvem as operações de

empréstimos e financiamentos, tais como: empréstimos de capital de

giro, amortização de financiamento de máquinas e equipamentos e

outros imobilizados, debêntures, pagamentos de dividendos e juros

e ainda, na outra ponta os empréstimos concedidos pela empresa a

pessoas físicas ou jurídicas ligadas. Aqui também são considerados os

aportes ou reduções do capital social;

• as atividades de investimentos, que contemplam a aquisição de

bens móveis ou imóveis necessários às atividades da empresa e

investimentos em outras empresas.

Para sua melhor visualização, resgato o quadro apresentado no capítulo

4 que demonstra de forma clara as afirmações de Assaf Neto e Lima expostas

no parágrafo anterior.

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Capítulo 6

200 Finanças Empresariais

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA - MÉTODO DIRETO

FLUXO DE CAIXA DE ATIVIDADES OPERACIONAIS

Recebimento de clientes

Pagamento a fornecedores e empregados

Caixa gerado de operações

Juros pagos

Imposto de renda e contribuição social pagos

Imposto de renda e contribuição social sobre dividendos recebidos

CAIXA LÍQUIDO PROVENIENTE DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS

FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS

Aquisição de controlada x líquido de caixa incluído na aquisição

Compra de ativo imobilizado

Juros recebidosCAIXA LÍQUIDO USADO NAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO

FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS

Recebidos pela emissão de ações

Recebido por empréstimos de longo prazo

Pagamento de passivo por arrendamento

Dividendos pagosCAIXA LÍQUIDO USADO NAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO

AUMENTO LÍQUIDO DE CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA

CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA NO INÍCIO DO PERÍODO

CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA NO FIM DO PERÍODO

Quadro 4 - Demonstração do fl uxo de caixa

Nem sempre temos acesso às informações e ainda a disponibilidade

de tempo para organizá-las de maneira a elaborar na forma direta

o fluxo de caixa, principalmente quando tratamos de uma micro ou

pequena empresa, onde o empresário é um “faz tudo”, e as informações

são repassadas à contabilidade para o cumprimento de requisitos legais.

Nesta condição, será apresentado a você outro método de elaboração do

fluxo de caixa, o método indireto.

6.2.3 Método indireto

Na percepção de Motta e Calôba (2002, p. 190), a elaboração do fluxo de

caixa obedece a uma sequência lógica, iniciando na chamada demonstração

de resultado do exercício (DRE). A DRE corresponde a todo o processo de

deduções de custos, tributos e impostos incidindo sobre a receita, chagando

ao lucro após o imposto de renda.

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Capítulo 6

201Finanças Empresariais

Uma vez encerrado a DRE, calcula-se o chamado fluxo de caixa projetado,

que corresponde à soma de todas as entradas ou disponibilidades de caixa

com as saídas. Subtraindo-se as saídas das entradas, encontra-se o fluxo de

caixa anual. Sobre esse conjunto de valores, calculados ano a ano, compondo

o fluxo de caixa para todos os anos do projeto, deverão ser calculados os

indicadores do projeto, tais como a taxa interna de retorno, o custo anual

equivalente e o valor líquido presente descontado a uma taxa de juros.

Pela forma de apresentação pelo método indireto, os autores Yoshitake e

Hoji (1997, p. 150) destacam que o fluxo de caixa também é conhecido como

demonstração do fluxo líquido de caixa. É uma complementação da demonstração

das origens e aplicações de recursos (DOAR), pois os recursos provenientes das

atividades operacionais são demonstrados com base no lucro líquido, sendo

ajustados para itens que não afetam o capital circulante líquido, considerado

pelas mutações do capital circulante líquido, exceto disponibilidades.

O quadro a seguir apresenta um modelo de fluxo de caixa pelo método

indireto. Veja.

ORIGENS

• Lucro líquido do exercício

• Mais:

• Depreciações

• Aumento do imposto de renda a pagar

• Aumento em fornecedores

• Menos:

• Aumento em clientes

• (=) Caixa gerado pelas operações

• Venda do imobilizado

• (=) Total de ingresso de disponibilidades

APLICAÇÕES

• Pagamento de empréstimos bancários

• Aquisições de Imobilizados

• (=) Total das aplicações de disponibilidades

• Variações líquidas das disponibilidades

• (+) Saldo inicial

• (=) Saldo final das disponibilidades em 31-12-X1

Quadro 5 - Modelo de fl uxo de caixa indireto segundo Yoshitake e HojiFonte: Yoshitake e Hoji (1997, p. 151).

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Capítulo 6

202 Finanças Empresariais

Para Matarazzo (1998, p. 367), a demonstração do fluxo de caixa é

imprescindível na mais elementar atividade empresarial e mesmo para

pessoas físicas que se dedicam a algum negócio, visto que ele serve para

se saber se a empresa foi autossuficiente no financiamento do seu giro

e qual sua capacidade de expansão com recursos próprios gerados pelas

operações, ou seja, a independência financeira da empresa é posta em

cheque.

O autor menciona ainda que o fluxo de caixa serve para avaliar

alternativas de investimentos, controlar ao longo do tempo as decisões

importantes que serão tomadas na empresa, posicionando-se para que

não se chegue a situações de liquidez; serve também para certificar que

os excessos momentâneos de caixa estão sendo devidamente aplicados.

Na mesma perspectiva, Iudícibus e Marion (1999, p. 218) ressaltam que

a demonstração do fluxo de caixa mostra a origem e a aplicação de todo o

dinheiro que transitou pelo caixa em um determinado período, assim como

o resultado desse fluxo, sendo que o caixa engloba as contas caixa e bancos,

evidenciando as entradas e saídas de valores no decorrer das operações que

ocorrem ao longo do tempo nas organizações.

Assaf Neto e Lima (2009, p. 198) ressaltam que a demonstração do fluxo

de caixa (DFC) na forma indireta é elaborada a partir do resultado, isto é, lucro

ou prejuízo, conforme pode ser visualizado no quadro a seguir.

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Capítulo 6

203Finanças Empresariais

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA - MÉTODO INDIRETO

FLUXO DE CAIXA DE ATIVIDADES OPERACIONAIS

Lucro líquido antes do imposto de renda e contribuição social

Ajustes por:

Depreciação

Perda cambial

Renda de investimentos

Despesas de juros

Aumento nas contas a receber de clientes e outros

Diminuição dos estoques

Diminuição nas contas a pagar – fornecedores

Caixa proveniente das operações

Juros pagos

Imposto de renda e contribuição social pagos

Imposto de renda e contribuição social sobre dividendos recebidos

CAIXA LÍQUIDO PROVENIENTE DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS

FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS

Aquisição de controlada x líquido de caixa incluído na aquisição

Compra de ativo imobilizado

Juros recebidos

Dividendos recebidosCAIXA LÍQUIDO USADO NAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO

FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS

Recebidos pela emissão de ações

Recebido por empréstimos de longo prazo

Pagamento de passivo por arrendamento

Dividendos pagosCAIXA LÍQUIDO USADO NAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO

AUMENTO LÍQUIDO DE CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA

CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA NO INÍCIO DO PERÍODO

CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA NO FIM DO PERÍODO

Quadro 6 - Demonstração do fl uxo de caixa Fonte: Elaborado pelo autor.

Sá (2009, p. 151) enuncia que todo o processo de construção do fluxo

de caixa pelo método indireto está consubstanciado no Pronunciamento

Técnico CPC 03. O CPC 3 estabelece a segregação em atividades operacionais

(agrupa neste grupo a geração interna de caixa e a geração operacional), de

investimentos e financiamentos.

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Capítulo 6

204 Finanças Empresariais

A geração de caixa operacional ou caixa líquido proveniente das

atividades operacionais, segundo Sá (2009, p. 138), evidencia a variação das

contas cíclicas ativas e passivas, portanto, a geração de caixa nada mais é do

que a variação da necessidade líquida do capital de giro.

A necessidade líquida de capital de giro, conforme você estudou no

capítulo 5, demonstra qual o capital de giro mínimo que a empresa precisa

ter, de modo que, através do giro do seu ativo circulante operacional (ACO),

ela possa gerar recursos suficientes para pagar as suas dívidas de curto

prazo de natureza operacional (PCO), sem precisar incorrer em empréstimos

onerosos de curto prazo.

A geração de caixa não operacional envolve as atividades de

financiamento e investimentos e são apuradas, segundo Sá (2009, p. 138), pela

variação das contas ativas e passivas classificadas como não cíclicas e erráticas.

As contas não cíclicas são as classificadas no ativo e passivo não circulante,

e no patrimônio líquido, as contas erráticas são as de natureza financeira,

classificadas no ativo e passivo circulante, dentre as quais, destaco: caixa,

bancos e aplicações financeiras, de natureza ativa, e empréstimos, duplicatas

descontadas, distribuição de dividendos, de natureza passiva.

Como se pode constatar, existem dois métodos de elaboração do fluxo

de caixa. Observe o que alguns autores ressaltam sobre a utilização deste ou

daquele, suas vantagens e desvantagens.

Segundo Sá (2006, p. 120), “é evidente que, sendo os fluxos de caixa

obtidos pelo método direto e indiretos retratos de uma mesma realidade,

apenas vistos através de prismas diferentes, os dois métodos não podem se

contradizer”. Independente das fontes de dados a serem utilizados na sua

construção (demonstrações contábeis ou relatórios gerenciais), os resultados

apurados deverão ser os mesmos. Ressalta ainda o autor que na utilização do

método direto é obrigatório, segundo os pronunciamentos contábeis FASB

95 e NPC 20, a conciliação do lucro líquido apresentado na Demonstração do

Resultado do Exercício (DRE) com caixa líquido das atividades operacionais.

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Capítulo 6

205Finanças Empresariais

Carmo et al. (1997) esclarece que o método indireto “consiste na

demonstração dos recursos provenientes das atividades operacionais a partir

do lucro líquido, ajustado pelos itens que afetam o resultado, mas que não

modificam o caixa da empresa”, enquanto o método direto demonstra “os

recebimentos e pagamentos derivados das atividades operacionais da empresa

em vez do lucro líquido ajustado”.

Mas se ambos proporcionam a mesma resposta, que método deve ser

adotado?

Campos Filho (1999, p. 47) afirma que, antes de tudo, deve-se “enfatizar

o mérito dos dois métodos, que é o de gerar informações de caixa”.

Ainda Campos Filho (1999), de forma particular, assume que o método

direto gera mais benefícios em função da conjuntura enfrentada pela

maioria das empresas brasileiras, principalmente em face da necessidade de

redução dos custos financeiros, mas alerta que cada empresa deve observar

a sua realidade e escolher o método que lhe for mais adequado. De forma

específica, por exemplo, as empresas do setor de construção civil, pelo ciclo

operacional demasiadamente longo, deveriam optar pelo método direto,

“porque os números de competência têm pouco significado para essa

atividade” (CAMPOS FILHO, 1999, p. 49).

Segundo Santos, Schmidt e Martins (2006, p. 101), “a principal vantagem do

método direto é a de que ele permite melhor compreensão, por parte do usuário,

do relacionamento entre o resultado da entidade e o seu fluxo de caixa”. Os

mesmos autores, entretanto, afirmam que o método indireto é o mais utilizado

devido à simplicidade de sua elaboração. Ressaltam ainda que são enfatizadas as

mudanças ocorridas nas principais contas correntes ativas e passivas.

Sá (2009, p. 131) reconhece que “o fluxo de caixa obtido pelo método

direto fornece algumas importantes informações a respeito do processo

de formação do caixa da empresa”. O autor ressalta ser um instrumento

insubstituível quando se trata de fazer o planejamento financeiro para obter

diariamente as informações de entradas e saídas.

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Capítulo 6

206 Finanças Empresariais

Entretanto, Sá (2009, p. 131) alerta que captar apenas os valores que

circulam pelo disponível se constitui em caráter limitante do método direto,

relaciona que diversos eventos podem ampliar ou reduzir os recursos do fluxo

de caixa que não são percebidos pelo método. O método apenas evidencia se

a geração de caixa está melhorando ou piorando, mas não identifica a causa.

Ainda Sá (2009, p. 131) relaciona o fluxo de caixa indireto como o obtido

a partir dos dados das demonstrações contábeis. Ele é apurado a partir das

variações percebidas num determinado exercício. A análise permite identificar

os fatos que podem ocasionar alterações positivas e/ou negativas nos saldos

das contas evidenciadas no fluxo.

Independente da forma de apresentação do fluxo de caixa, um

relatório não interpretado ainda não se constitui em uma informação,

é meramente um dado. Segundo Sá (2009, p. 201), “a riqueza do fluxo

de caixa obtido pelo método indireto reside no fato de fornecer uma

radiografia do processo de formação do caixa na empresa e da forma como

está sendo administrada”. O autor recomenda, num primeiro momento, a

realização da análise vertical do fluxo, também conhecida como “análise

dinâmica das demonstrações financeiras”.

Sá (2009, p. 202) recomenda ainda que para que a análise vertical

espelhe a realidade do desempenho do fluxo de caixa há uma série de ajustes,

apresentados em quadro-resumo a seguir:

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Capítulo 6

207Finanças Empresariais

FATOS CONTÁBEIS AJUSTES A SEREM PROCEDIDOS

Juros sobre Capital Próprio Valores devem ser revertidos e incluídos na DMPL como dividendos pagos

Honorários – Pró-Labore Quando configurados como distribuição de lucros, deverão ser revertidos e debitados como Despesas Operacionais e incluídos na DMPL como dividendos pagos.

Empréstimos e Financiamentos vinculados a novos projetos

Reclassificados para o Passivo Não Circulante

Empréstimos ou Adiantamentos dos acionistas para financiar capital de giro

Reclassificados para o Passivo Circulante independente do prazo

Reavaliações de Ativos Devem ser revertidas tanto as positivas (Imobilizado) quanto as negativas (estoques e contas a receber)

Demonstração de Resultado Adoção do método de custeio variável, os custos fixos deverão ser debitas na DRE e creditas ao estoque (BP)

Juros – Empréstimos, Financiamentos e Aplicações Financeiras

Devem ser destacados na DRE após a apuração do lucro operacional

Despesas financeiras – Empréstimos de curto prazo

Devem ser apresentados em separado das de longo prazo

Atrasos de pagamentos (Fornecedores, Impostos, etc.)

Devem ser revertidos e reclassificados como empréstimos de curto prazo.

Pesquisas, Reestruturações, ágios em aquisições, despesas pré-operacionais

Devem ser registradas no Ativo Não Circulante

Recebíveis (cheques, duplicatas) incobráveis

Lançar na DRE como prejuízo

Prejuízos diferidos no exercício Devem ser revertidos

Estoque de Matérias-Primas Devem ser destacados no ativo circulante

Fornecedores Devem ser segregados em fornecedores de matérias-primas e diversos

Vales de caixa Valores devem ser revertidos e incluídos na DMPL como dividendos pagos

Quadro 7 – Ajustes demonstrações contábeis – fl uxo de caixa – método indireto.Fonte: Sá (2009).

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Capítulo 6

208 Finanças Empresariais

Após os efetivos ajustes e a consolidação do fluxo de caixa pelo método

indireto, você poderá efetivamente analisá-lo. Sá (2009, p. 204) classifica os

índices de fluxo de caixa em três grupos:

• índices de cobertura – ou liquidez/suficiência;

• índices de eficiência financeira ou de rentabilidade;

• índices de consolidação ou estrutura;

A seguir, apresento os principais índices, conforme a percepção de Sá

(2009).

O índice de cobertura do passivo circulante, que evidencia a capacidade

da empresa em liquidar seus compromissos de curto prazo, é a resultante do

somatório do Fluxo de Caixa Operacional (FAO), Custos Variáveis (CV) e Gastos

Fixos (GF) divididos pelo Passivo Circulante. Deve ser ressalvado que nos gastos

fixos, devem ser consideradas as despesas financeiras dos empréstimos de

curto prazo. Sua equação é:

ICPC = + + FAO CV GFPC

Segundo Sá (2009, p. 210), quando este índice resultar em quociente

menor do que 1, a empresa está ilíquida.

Um segundo indicador de cobertura, segundo Sá (2009, p. 211) é

denominado índice de cobertura de juros de curto prazo, que busca mensurar

a capacidade da empresa por meio de seu fluxo de atividades operacionais

em liquidar os juros dos financiamentos de curto prazo, contratados junto a

instituições financeiras, ou seja, resultantes de atrasos junto a fornecedores e

impostos. Sua equação é:

ICJCP = + FAO JPJP

Sua análise é de que quanto maior for o indicador, melhor para a empresa.

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Capítulo 6

209Finanças Empresariais

Um terceiro indicador que busca evidenciar a capacidade do fluxo de

atividades operacionais em liquidar os empréstimos financeiros de curto

prazo (PFCP), independente da fonte dos recursos. Sua equação é:

ICPFCP = FAOPFCP

Um quarto e último indicador de cobertura, segundo Sá (2009, p. 215), é

o índice de cobertura do serviço da dívida de curto prazo, que busca evidenciar

a capacidade da empresa de amortização do principal do passivo financeiro de

curto prazo.

ICSDCP =+

ICPFCP *ICJCPICPDCP ICJCP

Como expus anteriormente, Sá (2009, p. 216) apresenta indicadores de

eficiência financeira que buscam evidenciar o grau de eficiência da empresa

na geração de caixa, bem como sua capacidade em agregar valor aos seus

acionistas. Dentre os índices mais utilizados, destacam-se:

MOLA – Margem Operacional Líquida, que representa a relação entre

o FAO e a Receita Bruta (RB). Cabe acrescer ao FAO os valores pagos a título

de dividendos (D) e excluir os valores de depreciação, amortização e exaustão

(DAE). Sua equação é:

MOLA = + FAO D-DAERB

Em tempo, Sá (2009, p. 217) pondera que este índice se utiliza da receita

bruta e não da receita líquida, pelo fato de esta poder encobrir a ineficiência

da empresa decorrente de devoluções e cancelamentos da vendas.

MOLC – Margem Operacional Líquida Capital Empregado, se diferencia

da MOLA por mensurar o impacto das despesas financeiras (JP). É representada

pela equação:

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Capítulo 6

210 Finanças Empresariais

MOLC = + + FAO JP D-DAERB

ROLC – Índice de Rentabilidade Operacional. Busca mensurar o grau de

eficiência dos recursos que financiam as atividades da empresa num período,

normalmente anual. Os recursos são a resultante do somatório do patrimônio

líquido e o endividamento financeiro de curto e longo prazo. Sua representação

é dada pela equação:

ROLC = + + FAO JP D-DAECI

Da mesma forma que você apurou a MOLC, pode ser evidenciado o

indicador de rentabilidade, considerando apenas o patrimônio líquido da

empresa (ROBPL). Sua representação passa a ser:

ROBPL = + + FAO JP D-DAEPL

Os indicadores aqui descritos. ROLC e ROBPL, demonstraram o nível de

retorno dos capitais utilizados pela empresa e a geração de valor aos acionistas

no período.

IEFL – Índice de Eficiência Financeira do Lucro. É, segundo Sá (2009, p.

222), a “relação entre o fluxo das atividades operacionais e o lucro líquido”. É

representado pela equação:

IEFL = FAOLL

Na percepção de Sá (2009, p. 222), este indicador deverá sempre ser

superior a 100%. Caso isso não ocorra, as prováveis justificativas, segundo o

autor, são: política de crédito expansionista, inadimplência crescente, compras

equivocadas e por fim, o efeito tesoura.

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Capítulo 6

211Finanças Empresariais

IEFCG – Índice de Eficiência Financeira do Capital de Giro. Busca evidenciar

a relação entre o fluxo das atividades operacionais e o capital de giro médio

(CGM). Sua análise compreende que se o indicador resulta em 100% da

utilização dos recursos de capital de giro, é eficiente; caso contrário, se 0%

ou próximo a este, a empresa apresenta grau de ineficiência na utilização dos

recursos. É representado pela equação:

IEFCG = FAOCGM

VEA – Valor Econômico Agregado. Segundo Sá (2009, p. 226) trata-se de

“um conceito criado por uma empresa de consultoria americana, Stern Stewart

& Co., e que mede o valor que foi (ou que será) agregado ao valor da empresa

devido ao fato de sua rentabilidade exceder o custo médio ponderado de

capital (CMPC)”. É representado pela equação:

VEA = (ROLC - CMPC) *CI

Por fim, o último grupo de indicadores descritos por Sá (2009, p. 227) são

os de consolidação. Na percepção do autor, uma empresa estará consolidada

quanto maior for a sua capacidade de superar crises. Ele apresenta três

indicadores. Veja:

Um primeiro é o GEFCP – Grau de Consolidação do Disponível. Uma

empresa está consolidada quando ela consegue liquidar suas obrigações

de curto prazo sem recorrer a empréstimos financeiros. É a resultante da

relação entre o Passivo Financeiro de Curto Prazo (PFCP) e a Capacidade de

Endividamento de Curto Prazo. É representado pela equação:

GEFCP = 1 - PFCPCECP

A CECP é apurada da relação entre o fluxo de atividades operacionais

acrescidos dos juros pagos e a taxa média de juros das operações contratadas

pela empresa.

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Capítulo 6

212 Finanças Empresariais

Um segundo indicador é o Prazo Médio de Recebíveis – PMR , que apura

a relação entre os saldos médios dos recebíveis no final de um período e os

valores recebidos dos clientes. Sá (2009, p. 231) afirma que se o prazo médio de

recebimento de clientes for mantido e o prazo médio de recebíveis apresentar

expansão, isto pode significar inadimplência crescente.

PMR = SRFPRC

*365

O último indicador apresentado por Sá (2009, p. 231) é o Grau de

Consolidação dos Estoques – GCE. Este índice busca avaliar o descasamento

entre a variação do saldo dos estoques e a variação do saldo da conta

fornecedores.

GCE = - ( EF

ΔΔ

)

Segundo Sá (2009, p 233) se este indicador resultar superior a 1, a relação

entre estoques e fornecedores está equilibrada.

No site da Comissão de Valores Mobiliários, seu velho conhecido de outros capítulos, você poderá acessar o demonstrativo de fluxo de caixa das empresas listadas na BOVESPA. Navegue pelo acesso rápido, opção DFP, digite o nome de uma empresa qualquer; ao aparecer o nome, clique nele, selecione novamente DFP e a opção consulta. Abrirá uma plataforma no Windows. Nela você encontrará todos os demonstrativos financeiros já estudados anteriormente e o demonstrativo do fluxo de caixa.

CURIOSIDADE

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Capítulo 6

213Finanças Empresariais

6.3 Aplicando a teoria na prática

A empresa Alpha Empreendimentos Turísticos pretende reorganizar o seu setor

financeiro. Em reunião com os diretores da empresa, ficou determinada a apresentação

na próxima reunião do fluxo de caixa. De posse dos dados, que representam as

variações ocorridas no último ano, você deverá elaborar o demonstrativo de fluxo de

caixa segregando nas três categorias, ou seja, atividades operacionais, atividades de

investimento e financiamento. Inicialmente, sugiro identificar as contas por categoria

para depois elaborar o fluxo de caixa. Utilize na solução as seguintes convenções: OP

para as contas operacionais, INV para investimentos e FIN para financiamentos.

O fluxo de caixa poderá resultar em condição positiva ou não. Você, na

condição de gestor financeiro, deverá apresentar os resultados e possíveis

medidas de ajuste do fluxo de caixa.

CONTAS VALORES

Lucro líquido do exercício 5.047

Venda de imobilizado 4.475

Fornecedores 9.319

Outros investimentos 144

Contas a receber 4.809

CONTAS VALORES

Amortização de empréstimos 28.407

Estoques 64

Impostos a recolher 40.336

Depreciação e amortização 6.318

Salários e contribuições 14.443

Resultado de equivalência patrimonial 1.147

Outras receitas operacionais 32.290

Impostos a recuperar 341

Aumento de capital 25.738

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Capítulo 6

214 Finanças Empresariais

Lembre-se que os valores positivos representam entradas de recursos, e

os negativos, saídas.

Fez? Compare.

Primeiramente, você deve ter identificado a natureza de cada conta, se

operacional, financiamento ou investimento.

CONTAS VALORES

Lucro líquido do exercício 5.047 OP

Venda de imobilizado 4.475 INV

Fornecedores 9.319 OP

Outros investimentos 144 INV

Contas a receber 4.809 OP

Amortização de empréstimos 28.407 FIN

Estoques 64 OP

Impostos a recolher 40.336 OP

Depreciação e amortização 6.318 OP

CONTAS VALORES

Salários e contribuições 14.443 OP

Resultado de equivalência patrimonial 1.147 OP

Outras receitas operacionais 32.290 OP

Impostos a recuperar 341 OP

Aumento de capital 25.738 FIN

Agora que você já identificou a característica de cada conta, fica mais

simples agrupá-las por categoria. Assim, fica fácil elaborar o fluxo de caixa.

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Capítulo 6

215Finanças Empresariais

CONTAS VALORES

Lucro líquido do exercício 5.047

Fornecedores 9.319

Contas a receber 4.809

Estoques 64

Impostos a recolher 40.336

Depreciação e amortização 6.318

Salários e contribuições 14.443

Resultado de equivalência patrimonial 1.147

Outras receitas operacionais 32.290

Impostos a recuperar 341

Fluxo de caixa de atividades operacionais 4.428

Aumento de capital 25.738

Amortização de empréstimos 28.407

Fluxo de caixa de atividades de financiamento 2.669

Venda de imobilizado 4.475

Outros investimentos 144

Fluxo de caixa de atividades de investimento 4.331

Fluxo de caixa final 2.572

6.4 Para saber mais

Título: Introdução à administração financeira

Autor: PADOVEZE, C. L. Editora: Pioneira Thomson Learning, SP Ano: 2005

Este livro aborda, no capítulo 1, os principais conceitos de fluxo de caixa, sua integração com as demais demonstrações financeiras e procedimentos de análise.

Título: Análise do demonstrativo de fluxo de caixa

Autor: SANTI FILHO, A. Editora:Armando Santi Filho Ano: 2002

Este livro consiste em leitura obrigatória para quem deseja aprofundar os conhecimentos sobre o processo de análise do fluxo de caixa.

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Capítulo 6

216 Finanças Empresariais

Site: Comissão de valores mobiliáriosURL: http://www.cvm.gov.br

Neste site, você tem a oportunidade de acessar as demonstrações do fluxo de caixa das sobre empresas de capital aberto, dentre outras informações.

Site: InfomoneyURL: http://www.infomoney.com.br

Neste site, você pode acessar análises das empresas listadas na bolsa e ainda assistir vídeos sobre finanças, participar de chats, dentre outras funcionalidades.

6.5 Relembrando

O capítulo 6 apresentou:

• os conceitos de fluxo de caixa na opinião de diversos autores, as

principais variáveis que devem conduzir o processo de implantação,

a começar pelo engajamento da alta administração da organização

e ainda os fatores que podem afetar o fluxo de caixa positiva ou

negativamente, sejam eles controlados pela empresa ou não;

• os objetivos do fluxo de caixa, podendo-se constatar a importância da

elaboração deste pelas empresas e os seus impactos nos processo de

tomada de decisão;

• que o método direto é a forma mais adequada de elaboração do fluxo

de caixa; ele preconiza a construção de tabelas, mapas auxiliares que

permitem a empresa o efetivo controle do caixa;

• que o método indireto consiste numa alternativa a dificuldade de

acesso e tempo para a elaboração do fluxo de caixa, principalmente

em se tratando de micro e pequenas empresas. O ponto de partida

são as demonstrações financeiras: o balanço patrimonial e a

demonstração de resultado.

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Capítulo 6

217Finanças Empresariais

6.6 Testando os seus conhecimentos

1) Das operações listadas a seguir, indique a que não tem como consequência

alteração positiva ou negativa do fluxo de caixa.

a) Diminuições de financiamentos por amortizações.

b) Novos investimentos de longo prazo.

c) Aumento de imobilizados por reavaliações.

d) Créditos concedidos a coligadas e controladas.

e) Operações com debêntures conversíveis em ações.

2) Ao longo da apostila, você pode perceber que o processo de implantação

requer a observância de diversos aspectos. Qual a alternativa incorreta

apresentada a seguir?

a) Não engajamento da cúpula diretiva da empresa.

b) Organização da estrutura funcional da empresa com definição clara

dos níveis de responsabilidade de cada área.

c) Integração dos diversos setores e departamentos da empresa ao

sistema de fluxo de caixa.

d) Definição do sistema de informações, quanto à qualidade e aos

formulários a serem utilizados.

e) Criação de um manual de operações financeiras.

3) Constituem-se como objetivos do fluxo de caixa, exceto:

a) impossibilitar a análise e o cálculo na seleção de linhas de crédito a

serem obtidas junto às instituições financeiras.

b) programar os ingressos e os desembolsos de caixa, de forma criteriosa,

permitindo determinar o período em que deverá ocorrer carência de recursos

e o montante, havendo tempo suficiente para as medidas necessárias.

c) permitir o planejamento dos desembolsos de acordo com as

disponibilidades de caixa, evitando-se o acúmulo de compromissos

vultosos em época de pouco encaixe.

d) determinar quanto de recursos próprios a empresa dispõe em dado

período para aplicá-los da forma mais rentável possível, bem como

analisar os recursos de terceiros que satisfaçam a necessidade da empresa;

e) proporcionar o intercâmbio dos diversos departamentos da empresa

com a área financeira.

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Capítulo 6

218 Finanças Empresariais

4) O demonstrativo de fluxo de caixa, segundo Gitman (1997), está estruturado

em três grandes grupos de contas: as atividades operacionais, as atividades de

investimento e as atividades de financiamento. Dos itens a seguir, quais se

enquadram nas atividades de financiamento?

a) Clientes, impostos a pagar e despesas financeiras.

b) Aquisição de imobilizado, salários a pagar e dividendos.

c) Aumento de capital, despesas de juros e pagamento de dividendos.

d) Depreciação, amortização e exaustão.

e) Clientes, depreciação e aumento de capital.

Onde encontrar

ANDREOLLA, N. Manual do fluxo de caixa. Porto Alegre: Feplam, 1992.

ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. São Paulo:

Atlas, 2009.

______; SILVA, C. A. T. Administração de capital de giro. 2. ed. São Paulo: Atlas,

1997.

______; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. 3. ed. São Paulo: Atlas,

2002.

ASSAF, R. Guia prático de administração financeira. 2. ed. Rio de Janeiro:

Campus, 1999.

BARBIERI, G. Fluxo de caixa: modelo para bancos múltiplos. Tese de

doutorado. São Paulo: FEA/USP, 1995.

BRAGA R; MARQUES, J. A. V. C. Avaliação da liquidez das empresas através

da análise da demonstração de fluxos de caixa. Revista de Contabilidade e

Finanças. FIPECAFI – FEA/USP. São Paulo, v. 14, 2001.

CAMPOS FILHO, A. Demonstração dos fluxos de caixa: uma ferramenta

indispensável para administrar sua empresa. São Paulo: Atlas, 1999.

Page 221: Finanças Empresariais...Ebook – Livro eletrônico disponível on-line. ISBN 978-85-61140-93-9 1. Finanças empresariais. I.Título. RN/UnP/BCSF CDU 336.13 DIRIGENTES DA UNIVERSIDADE

Capítulo 6

219Finanças Empresariais

CARMO, A. B. G. et al. Fluxo de Caixa. Revista Brasileira de Contabilidade do

CRC-SP. São Paulo, a. I, n. 3, dez. 1997.

FASB. Statement of Financial Accounting Standards, n. 95. Disponível em:

<http://fasb.org>. Acesso em: 13 mar. 2011

FREZATTI, F. Gestão de fluxo de caixa diário. São Paulo: Atlas, 1997.

______. Gestão do fluxo de caixa diário: como dispor de um instrumento

fundamental para o gerenciamento do negócio. São Paulo: Atlas, 2006.

GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 7. ed. São Paulo: Harbra,

1997.

HENDRIKSEN, E. S.; VAN BREDA, M. F. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas,

1999.

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por ações: aplicável também às demais sociedades. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

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Capítulo 6

220 Finanças Empresariais

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Capítulo 7

221Finanças Empresariais

ANÁLISE DE VIABILIDADE, RENTABILIDADE E RISCO

CAPÍTULO 77

7.1 Contextualizando

Este capítulo apresentará a você as principais técnicas de análise

de viabilidade de investimentos, ferramenta fundamental para qualquer

empresário que deseja manter uma relação saudável com o mercado.

O texto mostrará os vieses teóricos e práticos da análise, e você perceberá

que o processo não consiste meramente na realização de cálculos matemáticos

e estatísticos; pelo contrário, ele exige do profissional uma boa dose de leitura

de revistas e jornais especializados, pois um número não pode ser visto de

forma isolada, mas sempre integrada aos demais.

Espera-se que, ao final do estudo, você seja capaz de desenvolver a

análise de viabilidade econômico-financeira de um projeto e suas implicações

na gestão estratégica das empresas.

Principalmente, espera-se que você consiga visualizar por que este

assunto é apresentado nesta disciplina.

Pronto para mais esta etapa?

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Capítulo 7

222 Finanças Empresariais

7.2 Conhecendo a teoria

Nada melhor do que já começar com um conceito.

CONCEITOCONCEITO

A análise de projetos de investimentos é o conjunto de procedimentos utilizados para avaliação e comparação de projetos de investimentos alternativos fundamentados em princípios econômicos básicos. (ASSAF NETO; LIMA, 2009)

Como fase preliminar ao processo de avaliação e análise de projetos, é

necessário computar estimativas de desembolso e receitas (em outras palavras,

custos e benefícios) que deverão ocorrer ao longo da vida útil do projeto.

A análise de projetos de investimento considera a elaboração de

indicadores associados ao desempenho econômico do projeto calculado a

partir de seu fluxo de benefícios e custos, medidos em unidades monetárias.

A análise econômica de investimentos, segundo Assaf Neto e Lima (2009,

p. 378), é estruturada em dois segmentos:

• determinista – estratégia mais comumente utilizada para avaliação de

projetos; pressupõe conhecimento exato dos valores que irão compor

o fluxo de, o que se constitui numa simplificação do problema real;

• análise em condições de risco – possibilita a incorporação de

conhecimentos incertos a respeito de variáveis que irão compor o fluxo

de caixa do projeto com o auxílio de distribuições de probabilidade.

A partir de agora, apresentarei os principais métodos de análise de

viabilidade de investimentos, começando pelo Valor Presente Líquido (VPL)

ou também conhecido pela sigla NPV, Net Present Value.

7.2.1 Valor presente líquido

O método do valor atual é também denominado de valor presente ou,

ainda, valor atual líquido. Consiste na determinação do valor atual dos futuros

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Capítulo 7

223Finanças Empresariais

ingressos e desembolsos de caixa, descontados a uma taxa equivalente ao

custo de capital da empresa.

Padoveze (2005, p. 107) afirma que o critério do valor presente líquido

é o modelo clássico para a decisão de investimentos, compreendendo as

seguintes variáveis:

• o valor do investimento;

• o valor dos fluxos futuros de benefícios;

• a quantidade de períodos futuros;

• a taxa de juros referencial.

A taxa de juros pela qual os futuros ingressos e desembolsos de caixa

podem ser financiados ou captados por empréstimo é também denominada

de taxa mínima de atratividade (TMA), normalmente os projetos utilizam na

prática as taxas de juros da caderneta de poupança ou a taxa SELIC.

Ao acessar o site do Banco Central <www.bcb.gov.br>, você encontrará o histórico da taxa SELIC desde a sua criação, em 1996, e ainda ler todas as atas do COPOM – Comitê de Política Monetária, nas quais são apresentadas as justificativas para possíveis expansões ou reduções da taxa.

SAIBA QUE

O método do valor atual de um projeto é o máximo que uma empresa

estará disposta a pagar pela oportunidade de realizar uma alternativa de

investimento, sem ter prejuízos de ordem financeira. Compara-se o valor atual

ao custo do projeto.

Destaque-se que se o valor atual for superior ao investimento líquido,

o retorno será evidentemente maior do que o custo do capital, e assim a

empresa terá vantagens financeiras na consecução do projeto. Entretanto,

se o valor atual for inferior ao investimento líquido, o retorno será menor

do que o custo do capital, e nesse caso, a empresa deverá descartar

a realização da proposta de investimento, pois resultará em prejuízo

financeiro à organização.

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Capítulo 7

224 Finanças Empresariais

O valor atual dos fluxos líquidos de um projeto é obtido por:

NPV FCL i i

i

n= ( ) +( )

=∑ / 1

0

em que FCL é o fluxo de caixa líquido, e i a taxa de juros considerada.

Exemplo 1

A tabela apresenta fluxo líquido de capitais de um determinado

investimento, considerando um custo de capital de 10% ao ano para fins de

verificação da viabilidade da operação.

ANOS CAPITAIS

0 -2500

1 350

2 450

3 500

4 750

5 750

6 800

7 1000

Tabela 1 - Fluxo líquido de capitais

Usando a fórmula apresentada anteriormente, temos em valores

arrendondados um VPL de 508.

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Capítulo 7

225Finanças Empresariais

Pode-se recorrer também a uma calculadora financeira:

TECLAS VISOR

F CLX 0

2500 CHS g CFo -2500

350 g CFj 350

450 g CFj 450

500 g CFj 500

750 g CFj 750

2 g CFj 2

800 g Nj 800

1000 g CFj NPV 1000

10 i f IRR 508

Tabela 2 - Calculadora fi nanceira

Ao identificar uma série constante de fluxos, não é necessário alimentar cada fluxo individual a partir da tecla Cj de sua calculadora financeira, basta digitar o valor, em seguida, o número de vezes que o valor se repete e apertar as teclas g e Nj.

A rejeição de projetos pelo NPV ou VPL pode ser realizada comparando-se

o valor do indicador obtido ao custo de oportunidade do capital com a unidade.

O projeto será descartado por esse critério, caso se verifique a condição.

7.2.2 Taxa interna de retorno

Segundo Padoveze (2005, p. 109), trata-se de uma variação do critério do

VPL, em que se busca identificar a taxa de juros que iguala o total dos fluxos

futuros descontados a esta taxa, com o valor do investimento inicial.

De forma complementar, Assaf Neto e Lima (2009, p. 382) afirmam que

para a avaliação de propostas de investimento é requerido o conhecimento

dos montantes de dispêndio de capital e dos fluxos de caixa líquidos

incrementais gerados num determinado período, decorrentes da decisão

tomada pela empresa.

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Capítulo 7

226 Finanças Empresariais

TIR FCL i i

i

n= ( ) +( )

=

=

∑ / 11

0

Em que ¡ é a taxa de desconto e FCL são os fluxos de caixa líquidos no

período n.

Exemplo 2

Utilizando o mesmo fluxo do exemplo 1, você terá uma TIR de quanto?

TECLAS VISOR

F CLX 0

2500 CHS g CFo -2500350 g CFj 350

450 g CFj 450

500 g CFj 500

750 g CFj 750

2 g Nj 2

800 g CFj 800

1000 g CFj 1000

10 i f NPV 508

0 i f IRR 15

Tabela 3 - TIR

Como a TIR encontrada foi de 15%, e a taxa de mercado é de 10%, o

projeto é viável.

Dentre todos os indicadores mais utilizados, a TIR é o que ao primeiro

exame aparenta as menores limitações. Isso se deve, possivelmente, à

independência de informações exógenas ao projeto para a sua obtenção. Em

particular, não depende da definição a priori de um custo de oportunidade

do capital para sua elaboração, como ocorre com os outros indicadores

considerados.

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Capítulo 7

227Finanças Empresariais

Todavia, essa vantagem é apenas aparente, pois a TIR somente será um

indicador consistente na situação em que um investidor que dispuser de um

capital para aplicação de valor K, tendo como alternativas de investimento

projetos mutuamente exclusivos, não puder aplicar o valor residual de

seu capital inicial após o investimento no projeto escolhido, o que é uma

situação bem pouco realista.

Outra dificuldade na utilização da TIR como indicador está associada

à possibilidade de ocorrência de múltiplas TIR para o mesmo fluxo de caixa.

A rejeição de projetos pela TIR pode ser realizada comparando-se o valor do

indicador obtido ao custo de oportunidade do capital com a unidade. O projeto

seria descartado por esse critério, caso se verificasse que o valor da TIR (positivo)

de um projeto fosse inferior ao valor do custo de oportunidade do capital.

7.2.3 Prazo de retorno do investimento

Outro método de avaliação de investimentos é o prazo de retorno. Todos

nós temos um objetivo, e as empresas não são exceção. Elas também fazem

projeções de tempo para seus resultados. Se o prazo de retorno estiver em

linha com as expectativas, os investimentos sairão do papel; do contrário, não.

Assaf Neto e Lima (2009, p. 378) afirmam que o payback, ou prazo

para recuperação do capital, é um indicador que evidencia o tempo

necessário para que um projeto recupere o capital investido, a partir do

fluxo de caixa estimado. Existem três métodos de avaliação: o efetivo, o

médio e o descontado, também chamado “econômico”.

O método de payback efetivo (PBE) compara o tempo necessário para

recuperar o investimento com o máximo de tempo tolerado pela empresa para

o tipo de investimento. Esse método não leva em conta a dimensão tempo do

dinheiro e pode ser expresso matematicamente assim:

PBE ki

kfi i

=

≥ =∑ 0 0 e k fi i∑ − ⟨ =1 0 0

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Capítulo 7

228 Finanças Empresariais

Esta expressão demonstra que:

• a soma dos capitais do fluxo de caixa do projeto de investimento da

data zero até a data PBE é igual a zero;

• a data PBE é a incógnita do problema.

• O método PBE requer que sejam observados certos preceitos:

• o primeiro capital do fluxo de caixa deverá ser um investimento;

• os capitais do fluxo de caixa do investimento deverão apresentar uma

única mudança de sinal, ou seja, um fluxo simples ou convencional;

• o TMT (tempo máximo tolerado) deve ser definido pela empresa para

recuperar o capital investido (este é um valor arbitrado, pois surge de

considerações práticas).

A rejeição de projetos pelo PBE pode ser realizada comparando-se o valor

do indicador obtido ao tempo máximo tolerado. O projeto seria descartado

por esse critério caso se verificasse que o valor PBE de um projeto era superior

ao valor do TMT; se o valor PBS for igual ao TMT, o projeto poderá ou não ser

aceito; se o PBE for inferior ao TMT, deverá ser aceito.

No exemplo mencionado, se o TMT arbitrado for de três anos, o projeto

deverá ser aceito. Se menor, deverá ser rejeitado.

ANOS CAPITAIS ACUMULADO

0 -2.000 -2.000

1 850 -1.150

2 850 -300

3 850 550

4 850 1.400

5 850 2.250

Tabela 4 - TMT arbitrado

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Capítulo 7

229Finanças Empresariais

PB nos= ++

=2300

300 5502 35, a

Dentre os pontos fortes do PBE, destacam-se:

• é um método de avaliação fácil de ser aplicado;

• apresenta um resultado de fácil interpretação;

• é uma medida de risco do projeto;

• é uma medida de liquidez do projeto.

No entanto, apresenta desvantagens:

• não considera o valor do dinheiro no tempo;

• não considera todos os capitais do fluxo de caixa;

• não é medida de rentabilidade do investimento.

O método de retorno médio é baseado, conforme Assaf Neto e Lima

(2009, p. 379), na relação entre o valor do investimento e o valor médio dos

fluxos esperados de caixa.

ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4

FCO (145) 71 74 80 50

Tabela 5 - Método de retorno médio

O cálculo do prazo médio será dado, portanto, por:

P,

,RM anos=+ + +

= =145

71 74 80 504

14568 75

2 11

O método do payback econômico ou descontado (PRD) busca contornar

a deficiência do PBE em não considerar o valor do dinheiro no tempo. A

ideia é simples: como os fundos alocados no investimento apresentam

um custo, devemos incluí-lo ao longo do prazo de análise do projeto de

investimento.

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Capítulo 7

230 Finanças Empresariais

Podemos incluir os custos de duas formas diferentes:

• acumulação do NPV em cada ano do projeto;

• saldo do projeto com carregamento anual dos juros.

O processo de cálculo, considerando a acumulação dos valores presentes

de cada item do fluxo, é evidenciado conforme a tabela a seguir. A outra forma

de cálculo do PRD considera o saldo do projeto também como exemplificado,

sendo que a taxa considerada foi de 12% ao ano.

ANOS CAPITAIS VP ACUMULADO

0 -600 -600 -600

1 120 -107 -493

2 150 120 -373

3 200 142 -231

4 220 140 -91

5 150 85 -6

6 180 91 85

7 80 36 121

Tabela 6 - Cálculo do PRD

BE anos= ++

=56

6 855 0659

A rejeição de projetos pelo PRD pode ser realizada comparando-se o valor

do indicador obtido ao tempo máximo tolerado. O projeto seria descartado

por esse critério caso se verifique que o valor PRD de um projeto seja superior

ao valor do TMT. Se o valor PRD for igual ao TMT, o projeto poderá ou não ser

aceito. Se o PRD inferior ao TMT, deverá ser aceito.

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Capítulo 7

231Finanças Empresariais

7.2.4 Ponto de equilíbrio

Padoveze (2005, p. 141) ressalta que o ponto de equilíbrio ou break-even

point evidencia o nível de atividade ou volume operacional quando a receita

das vendas se iguala aos custos totais (variáveis e fixos). Pode-se afirmar tratar-

se da demonstração da capacidade mínima de operação de uma empresa.

Padoveze (2005, p. 353) afirma ainda que o ponto de equilíbrio pode ser

apurado em três dimensões: operacional, econômica e financeira.

Na dimensão operacional, o ponto de equilíbrio será alcançado quando

as quantidades produzidas ou vendidas (R) forem suficientes à cobertura tanto

dos custos variáveis (CV) quanto fixos (CF). Representa-se pela fórmula:

PEOCF

R CV=

+

Na dimensão econômica, é a quantidade que iguala a receita total com

a soma dos custos e despesas, acrescidas de uma remuneração mínima (custo

de oportunidade), sobre o capital investido pela empresa.

PEECF LR CV

=+

Por fim, na dimensão financeira, deduz-se da dimensão anterior as

depreciações e amortizações (DA), ou seja, são considerados apenas os custos

efetivamente desembolsados.

PEFCF L DA

R CV=

+ −−

Mas a nossa viagem está apenas no meio do caminho. Outros indicadores

passaram a ser utilizados pelo mercado para a análise de viabilidade de um

investimento. O trade-off retorno versus risco se constitui em uma destas

ferramentas de análise que veremos a seguir.

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Capítulo 7

232 Finanças Empresariais

7.2.5 Retorno – conceitos e metodologia de avaliação

O retorno está relacionado aos fluxos incertos de caixa do investimento,

sendo determinado, conforme conceituam Assaf Neto e Lima (2009, p. 423),

pela ponderação entre os valores financeiros esperados e suas respectivas

probabilidades de ocorrência.

E R R P Rk Kk

n( ) = = ×

=∑

1

Em que:

E(R) = R = retorno (valor) esperado

PK = probabilidade de ocorrência de cada evento

RK = valor de cada resultado considerado

300 500 700 800 1.100

ResultadosEsperados ($)

Investimento A

Pro

bab

ilid

ades

Investimento B

Figura 1 - Retornos esperadosFonte: Assaf Neto (2001).

Mas como você percebeu, o retorno está associado ao nível de incerteza

ou risco, e por isso mensurar os riscos de um investimento se torna cada vez

mais necessário em um mundo onde os recursos financeiros são escassos.

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Capítulo 7

233Finanças Empresariais

7.2.6 Risco – conceitos, tipologia e metodologia de avaliação

A capacidade de mensurar o estado de incerteza de uma decisão

mediante o conhecimento das probabilidades associadas à ocorrência de

determinados resultados ou valores constitui o risco. Portanto, o risco está

associado à possibilidade de perda.

O risco é, na maioria das vezes, representado pela medida estatística

do desvio-padrão (ASSAF NETO, 2001, p. 255). Seu conceito pode ser

entendido de diversas forma, dependendo do contexto da pessoa que o

está avaliando.

A avaliação de risco pode ser delimitada aos componentes econômico

e financeiro. No que se refere ao componente econômico, os riscos estão

associados aos aspectos conjunturais, de mercado e do próprio planejamento

e gestão da empresa ou ativo. Já em relação ao componente financeiro

são analisados aspectos inerentes à estrutura de capital e capacidade de

pagamento de uma empresa.

A partir deste conceito, podemos afirmar que o risco total de qualquer

ativo é definido pelas partes sistemática (ou econômica) e não sistemática

(ou específica).

Fortuna (2005, p. 259) define risco sistemático como sendo inerente a

todos os ativos negociados no mercado, sendo determinado por eventos de

natureza política, econômica e social.

O risco não sistemático, também denominado intrínseco, inerente ao

próprio ativo, caracteriza-se por não contaminar os demais ativos da carteira.

A sua substituição se dá por outros ativos que não possuam correlação

positiva entre si.

Comumente, as carteiras dos fundos de investimentos apresentam em

sua composição ativos de renda fixa com renda variável. Estes apresentam

comportamento diferenciado em relação às variações cambiais, oscilações de

juros e demais agregados macroeconômicos.

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Capítulo 7

234 Finanças Empresariais

A mensuração do risco de um investimento adota mecanismos

probabilísticos objetivos ou subjetivos. Os critérios de apuração objetivos são

definidos a partir de séries históricas de dados e informações, frequências

relativas e experiências observadas ao longo do período. O contexto subjetivo

tem por base a intuição, o conhecimento, a experiência do investimento e,

conforme Fortuna (2005, p. 260), “até mesmo um certo grau de crença da

unidade tomadora de decisão”.

O risco, portanto, é representado pelos desvios previsíveis dos fluxos de

caixa futuros, decorrentes dos investimentos realizados, estando associados

a situações consideradas de natureza incerta. Podem ser definidos como a

dispersão dos resultados esperados em relação à média.

σ = × ( )−−

=∑P R Rk kk

n2

1

s = símbolo grego (sigma) representando o desvio-padrão

A postura do investidor em relação ao risco é pessoal. A teoria da

preferência tem por pressuposto básico demonstrar o posicionamento do

investidor diante de investimentos que apresentem diferentes relações de risco

e retorno. Do ponto de vista racional, acredita-se que o investidor seja capaz

de elaborar escalas de preferência, em que coexistam inúmeras possibilidades

de investimentos igualmente atraentes, com graus idênticos de satisfação em

relação aos riscos e retornos esperados.

A escala de preferência pode ser expressa de forma gráfica, sendo denominada

curva de indiferença. Essa curva é compreendida como um reflexo da atitude que

um investidor assume diante do conflito risco/retorno de um investimento.

A regra básica de uma decisão racional é selecionar os ativos que

apresentem menor risco e o maior retorno esperado. Para um mesmo

nível de risco, o investidor sempre selecionará o ativo de maior retorno.

Todavia, se houver dois ou mais ativos que apresentem o mesmo retorno,

a escolha penderá para aquele que apresente menor risco. Assaf Neto

(2001, p. 265) apresenta ilustração que demonstra o processo de seleção

racional do investidor.

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Capítulo 7

235Finanças Empresariais

AC

E (R) Retorno Esperado)

BD

σ (Risco)

Figura 2 - Seleção racional de um ativoFonte: Assaf Neto (2001).

O critério racional de decisão descortina que os investidores de uma

forma geral procuram o retorno em suas decisões demonstrando um certo

grau de aversão ao risco. Suas ações diante do trade-off risco x retorno são

melhor reproduzidas por meio de um mapa de curvas de indiferença.

As figuras a seguir demonstram os diferentes perfis de investidor em

relação ao risco.

E (R) Retorno Esperado)

R3

R2

R1

σ (Risco)

Figura 3 - Investidor ousadoFonte: Assaf Neto (2001).

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Capítulo 7

236 Finanças Empresariais

E (R) Retorno Esperado)

R3 R2 R1

σ (Risco)

Figura 4 - Investidor conservadorFonte: Assaf Neto (2001).

INTERAGINDOINTERAGINDO

Os sites de diversas instituições financeiras disponibilizam ferramentas de API – Análise de Perfil de Investidores. Acesse o site de seu banco, realize o teste e, depois do resultado, discuta com seus colegas no ambiente virtual de aprendizagem.

Gitman (2001, p. 205) define risco como “a chance de perda financeira”.

A atividade bancária, por sua natureza, implica a exposição a uma variada

gama de riscos. Os supervisores bancários precisam entender tais riscos e

assegurar-se de que os bancos os avaliam e administram adequadamente.

Os riscos mais relevantes enfrentados pelos bancos são discutidos a seguir.

Cabe ressaltar que embora Gitman referencie a atividade bancária, qualquer

atividade empresarial ou mesmo pessoal envolve riscos.

As quatro dimensões dos riscos envolvem os riscos de mercado, crédito,

riscos operacionais e riscos legais, como veremos a seguir.

Risco de mercado

As empresas também enfrentam riscos de perdas em suas posições intra

e extrabalanço, em decorrência de movimentos nos preços de mercado.

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Capítulo 7

237Finanças Empresariais

Os princípios de contabilidade geralmente aceitos tornam esses riscos

mais evidentes em suas atividades mercantis, tanto nas que envolvem capital

de terceiros como nas que envolvem capital próprio, ou nas posições referentes

aos mercados de câmbio ou de commodities.

Uma modalidade específica do risco de mercado é o risco de câmbio.

Os bancos atuam como indutores do mercado de moedas estrangeiras ao

estabelecerem suas cotações junto aos clientes e ao assumirem posições abertas

em moedas. Os riscos inerentes às operações de câmbio, particularmente na

condução de posições abertas em moedas estrangeiras, crescem durante os

períodos de instabilidade das taxas de câmbio.

Os riscos de mercado podem ser segregados em outros riscos, tais como

riscos de taxas de juros, cambiais, commodities, ações, liquidez, derivativos,

hedge e concentração.

Risco de crédito

A concessão de crédito é a atividade básica da maioria das organizações

financeiras ou não financeiras. Para desenvolverem suas atividades, as

empresas precisam fazer avaliações da capacidade de crédito dos tomadores.

Essas avaliações nem sempre são acuradas e a capacidade de crédito de um

tomador pode se reduzir ao longo do tempo devido a uma série de fatores.

Consequentemente, um risco

importante que as empresas enfrentam é

o de crédito ou falha de uma contraparte

no desempenho de compromissos

contratuais. Este risco se aplica não apenas

a empréstimos, mas também a outras

operações intra e extrabalanço, tais como

garantias, aceites e investimentos em títulos.

Sérios problemas em empresas

financeiras e não financeiras têm

ocorrido em razão de deficiências destas

no reconhecimento de ativos inválidos,

na criação de reservas para a baixa contábil desses ativos e na interrupção da

apropriação de receitas de juros quando recomendável.

Figura 5 - Atenção aos riscos operacionais!

Alexandre Beck

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Capítulo 7

238 Finanças Empresariais

Exposições excessivas a um único tomador ou a um grupo de

tomadores inter-relacionados são causas comuns de problemas, pois

representam concentração do risco de crédito. Grandes concentrações

podem surgir também com relação a determinados segmentos industriais,

setores econômicos, regiões geográficas, ou por meio da utilização

excessiva de modalidades de empréstimos cujas características os tornam

vulneráveis aos mesmos fatores econômicos (p. ex., transações altamente

alavancadas).

No Brasil, o sistema de classificação de riscos de crédito e de

regras de provisionamento sofreu mudanças radicais em março de 2000

em função da Resolução 2682 do Banco Central. Os bancos passaram a

classificar obrigatoriamente o risco de seus empréstimos – e a estabelecer

correspondentes provisões para perdas – sob critérios mais amplos e

conservadores que os vigentes anteriormente. Antes, os parâmetros

diziam respeito apenas ao atraso na liquidação e à existência ou não de

garantias. Os riscos de crédito podem ser segregados em outros riscos, tais

como inadimplência, degradação de crédito, degradação de garantias,

soberano, financiador e concentração.

Risco operacional

As modalidades mais relevantes de risco operacional envolvem o

colapso de controles internos e do domínio corporativo. Tais colapsos

podem acarretar perdas financeiras por meio de erros, fraudes ou

deficiência no desempenho oportuno de atividades, podendo ainda

causar, de alguma outra forma, comprometimento dos interesses do

banco. Por exemplo, seus representantes (dealers), agentes de concessão

de crédito ou outros componentes administrativos, mediante excessos no

uso de suas competências e atribuições, ou pela condução dos negócios

de maneira aética ou arriscada.

Outras formas de risco operacional incluem deficiências graves nos

sistemas tecnológicos de informação, eventos como grandes incêndios ou

outros desastres. Os riscos operacionais podem ser segregados em outros

riscos, tais como: overload, obsolescência, presteza e confiabilidade,

equipamentos, erro não intencional, fraudes, qualificação e serviços,

regulamentação, imagem, modelagem, catástrofe, segurança e

concentração.

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Capítulo 7

239Finanças Empresariais

Risco legal

Os bancos, como quaisquer outras empresas, estão sujeitos a várias formas

de risco legal. Aí se encontra incluso o risco de desvalorização de ativos ou de

valorização de passivos em intensidades inesperadamente altas por conta de

pareceres ou documentos legais inadequados ou incorretos.

Adicionalmente, a legislação existente pode falhar na solução de questões

legais envolvendo um banco. Um processo judicial envolvendo um determinado

banco pode ter amplas implicações para todo o segmento bancário e acarretar

custos, não somente para a organização diretamente envolvida, mas também

para muitos ou todos os outros bancos. Ademais, pode haver mudanças nas

leis que afetem bancos ou outras empresas comerciais.

Os bancos são particularmente suscetíveis a riscos legais quando adotam

novos tipos de transações e quando o direito legal de uma contraparte numa

transação não está estabelecido. Os riscos legais podem ser segregados em

outros riscos, tais como legislação, tributário e contrato.

Agora que você já é um expert em risco – pelo menos em teoria! –, que

tal observar o processo de mensuração de risco que é utilizado tanto por

instituições financeiras e não financeiras?

Medindo o risco

A área de finanças é rica em metodologias de medição de risco. A ênfase é sempre

em métodos estatísticos, geralmente com base em dados históricos. Segundo Sá (1999,

p. 181), “em geral, os modelos para o gerenciamento de risco são desenvolvidos para

gerenciar o risco de mercado e utilizam-se de diferentes indicadores, todos de origem

estatística, para sua quantificação”. Os métodos apontados pelo autor são variância

(desvio-padrão) dos retornos dos títulos, down side risk (semivariância) dos retornos

dos títulos, shortfall probability e V@R (Value at Risk).

Securato (1996, p. 34) e Brigham e Houston (1999, p. 165) adicionam

o conceito de coeficiente de variação. Brito (2005, p. 99-108) também trata

os métodos da volatilidade, duration e valor de mercado, todos voltados

à medição do risco de mercado. Também são apresentados pelo autor

os conceitos de simulação, englobando simulação de Monte Carlo, Stress

Testing e análise de cenários – também abordado por Securato (1996).

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Capítulo 7

240 Finanças Empresariais

Assim, os conceitos de medição de riscos levantados são:

• métodos estatísticos – variância (desvio-padrão) dos retornos,

coeficiente de variação, down side risk (semivariância) dos retornos

dos títulos, shortfall probability, volatilidade, duration, valor de

mercado, value at risk (VAR);

• simulação – simulação de Monte Carlo, Stress Testing e análise de cenários.

Informações para avaliação de riscos

A função econômica dos sistemas financeiros traduz-se na viabilização

do fluxo de recursos entre agentes superavitários e deficitários. O papel de

exigir informações fidedignas, tempestivas e amplas não é exclusividade dos

órgãos reguladores; os investidores também exercem pressão na direção de

maiores informações no intuito de minimizar os riscos.

O Banco Central, para corrigir as distorções inerentes ao ambiente

econômico, estabelece critérios de apresentação das informações, que são:

dados consolidados da carteira de crédito, características dessas carteiras, os

riscos a que as instituições estão expostas e os retornos observados.

Volatilidade

É uma função estatística que mede o grau de dispersão dos preços do

ativo-objeto. Para Chew (apud BRITO, 2005, p. 260),

volatilidade é a medida em termos de desvios-padrão do retorno dos ativos, e a regra do mercado é expressar a volatilidade de um ativo como um desvio-padrão da variação dos preços. Assim, se um ativo tem uma volatilidade de 15%, significa que o preço do ativo deverá variar numa faixa de 15% para cima ou para baixo, em relação ao preço fixo.

Quanto maior a volatilidade, maior a instabilidade de comportamento

do mercado, em que se transaciona o ativo-objeto. A fórmula a seguir expressa

o conceito de volatilidade:

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Capítulo 7

241Finanças Empresariais

σ =−

−⎛

⎝⎜

⎠⎟ ÷

⎜⎜

⎟⎟

−∑252

1

2

1

12

NR Rt

n

n

em que

N = tamanho da amostra

Rt = Log (St / St - 1)R = média de Rt”s

St = preços do ativo-objeto

Segundo Tostes (1997), quanto mais volátil o preço de um ativo, maior

o seu risco. Certos tipos de ativos são mais voláteis do que outros, e como

se espera que os preços dos ativos variem aleatoriamente, presume-se

assumirem a forma de uma distribuição estatística logonormal (ao invés de

uma distribuição normal, porque o preço de mercadorias e ativos não pode

ser menor que zero).

Exemplificando: se a volatilidade do dólar é 0,5%, e o valor do dólar

corresponde a R$ 2,00, utilizando-se intervalo de confiança de 95%, pode-se

pressupor que o valor do dólar será de R$ 2,01, com 95% de probabilidade.

Value at risk

Figueiredo (2005) afirma que o value at risk (VAR) é um esforço de

proporcionar à alta administração números que sumarizem o risco total

utilizado por tesoureiros e administradores de fundos, como também por

instituições financeiras.

O VAR é uma medida probabilística de valores que uma empresa,

um investidor ou uma instituição financeira podem perder em virtude da

volatilidade do mercado.

Ao usar o VAR, o administrador responsável por um portfólio de ativos

financeiros busca afirmar que existe X% de certeza de que não haverá perdas

maiores que V reais nos próximos N dias.

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Capítulo 7

242 Finanças Empresariais

Fica claro que o VAR tem dois parâmetros: N o horizonte de tempo

medido em dias, e X, o intervalo de confiança. Segundo Hull (2005, p. 413), os

analistas estabelecem N = 1 no primeiro momento.

VAR p N dias VAR para dia n= ×1

Os principais métodos utilizados no cálculo do VAR são:

• simulação histórica;

• model-building, também denominado modelo de variância e covariância;

• simulação de Monte Carlo.

Simulação histórica

A simulação histórica é um meio popular de estimar o VAR, pois envolve

o uso de dados passados de forma mais direta, como um guia para estabelecer

o que pode acontecer no futuro.

Para se calcular o VAR pelo método da simulação histórica, considera-se a

carteira do dia em que se está apurando a medida e aplicam-se os percentuais

de variações dos preços dos ativos que a compõem em um período passado.

Figueiredo (2005, p. 146-147) apresenta o este exemplo: suponhamos a

seguinte carteira de investimentos de um investidor.

ATIVOPOSIÇÃO

(COTAS)

PREÇO UNITÁRIO

ATUAL (R$)VALOR TOTAL (R$)

A 2.000 5 10.000

B 1.000 8 8.000

18.000

Tabela 7 - Carteira de investimentos de um investidor

As variações diárias observadas dos preços dos ativos A e B nos últimos

100 dias úteis foram:

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Capítulo 7

243Finanças Empresariais

DATAVARIAÇÃO %

ATIVO A

VARIAÇÃO %

ATIVO B

-100 - 2 - 1,5

- 99 - 0,5 0,2

- 98 0,8 0,4

-1 1,3 0,9

Tabela 8 - Carteira de investimentos de um investidor: variações

Com isso, os valores dos ganhos e perdas nos últimos 100 dias úteis,

considerando a carteira atual e os percentuais de variações, foram:

Tabela 9 - Carteira de investimentos de um investidor: variações (II)

DATAVARIAÇÃO EM R$

ATIVO A

VARIAÇÃO EM R$

ATIVO B

VARIAÇÃO EM R$ DA

CARTEIRA

-100 -0,02*10.000 = - 200 -0,015*8.000 = -120 -320

-99 -0,05*10.000 = -50 0,02*8.000 = 16 -34

-98 0,08*10.000 = 80 0,04*8.000 = 32 112

-1 0,013*10.000 = 130 0,09*8.000 = 72 202

O primeiro procedimento é ordenar de forma crescente os valores de

variação em reais da carteira de maior perda para o maior ganho. Suponhamos

que os valores obtidos sejam os seguintes:

Tabela 10 - Carteira de investimentos de um investidor: procedimentos

DATA ORDEMVARIAÇÃO EM R$ DA

CARTEIRA

-53 1 -430

-42 2 -409

-76 3 -375

-100 4 -320

-22 5 -296

-35 10 396

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Capítulo 7

244 Finanças Empresariais

Com base nos dados apurados, os valores do VAR por simulação histórica são:

VAR 95% = R$ 296,00

VAR 99% = R$ 430,00

Model-building – Modelo de variância e covariância

O método da covariância procura, inicialmente, estimar o risco da carteira,

a partir dos riscos individuais de cada ativo da carteira e da covariância ou

correlação entre seus retornos.

A principal vantagem desse método para o cálculo do VAR é a de que representa

uma solução analítica fechada. Todavia, apresenta como desvantagem a hipótese de

distribuição normal dos retornos dos ativos, o que nem sempre é possível.

O VAR pode ser expresso na seguinte forma:

VAR Z Rp% $= × ×σ

Observe o exemplo a seguir:

Tabela 11 - VAR

ATIVOPOSIÇÃO

(R$ MILHÕES)

VOLATILIDADE (EM %

POR DIA ÚTIL)

A 6 1,9

B 4 2,5

Admitindo que a correlação entre os dois ativos seja de 0,3. Devemos

inicialmente apurar o risco da carteira:

σp = ( ) × ( ) + ( ) × ( ) + × × ( )× ( )× ( )×0 6 1 9 0 4 2 5 2 0 6 0 4 0 3 1 9 2 52 2 2 2, , , , , , , , ,(( )( )⎡⎣⎢

⎤⎦⎥

=12 1 727, %

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Capítulo 7

245Finanças Empresariais

A partir daí, pode-se estimar os valores do VAR:

VAR 95% = 1,65 * 1,727% * 10.000.000 = 284.955

VAR 99% = 2,33 * 1,727% * 10.000.000 = 402.391

Simulação de Monte Carlo

A simulação de Monte Carlo utiliza-se da mesma hipótese do método

anterior, a partir do valor da carteira na data de apuração do VAR e do valor

de seu desvio-padrão. Com a utilização de softwares, gera-se a distribuição do

valor da carteira.

7.3 Aplicando a teoria na prática

A empresa Seletiva Empreendimentos Ambientais Sustentáveis estuda

no presente momento três alternativas de projetos. Você, na condição de

consultor financeiro da diretoria, deverá emitir seu posicionamento sobre a

viabilidade dos mesmos e, ciente da limitação orçamentária, deverá também

hierarquizar os projetos. O uso da calculadora financeira é oportuno.

ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5

Projeto A = I -1800 300 700 1000 600 800

Projeto II -1800 400 500 600 1100 1300

Projeto III -3200 800 700 500 2000 4500

Para tanto, você deverá:

a) calcular o payback médio e efetivo de cada proposta;

b) determinar a taxa interna de retorno (IRR) de cada proposta;

c) admitindo-se uma taxa de retorno requerida de 18% a.a., calcular o

valor presente líquido de cada proposta.

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Capítulo 7

246 Finanças Empresariais

Já fez? Vamos lá.

Para resolver o payback médio, você apurou inicialmente o somatório

dos fluxos de cada projeto e, em seguida, apurou a média destes. Compare:

a) Payback

Projeto I = 300 + 700 + 1000 + 600 + 800 = 3400

Média = 3400/5 = 680,00

Projeto II = 400 + 500 + 600 + 1100 + 1300 = 3900

Média = 3900/5 = 780

Projeto III = 800 + 700 + 500 + 2000 + 4500 = 8500

Média = 8500/5 = 1700

Payback médio

Projeto I = 1800/680 = 2,64 anos

Projeto II = 1800/780 = 2,30 anos

Projeto III = 3200/1700 = 1,88 anos

Para cálculo do payback efetivo, recomenda-se a elaboração de uma tabela.

PERÍODOS PROJETO I PROJETO II PROJETO III

0 -1800 -1800 -1800 -1800 -3200 -3200

1 300 -1500 400 -1400 800 -2400

2 700 -800 500 -900 700 -1700

3 1000 200 600 -300 500 -1200

4 600 800 1100 800 2000 800

5 800 1300 2100 4500 5300

PBE anos

PBE anos

PBE

I

II

II

= ++

=

= ++

=

2800

200 8002 80

3300

300 8003 27

,

,

II anos= ++

=31200

1200 8003 60,

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Capítulo 7

247Finanças Empresariais

b) para cálculo da TIR

Ii i i i i

IRR i

− =( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) =

1 8003001

700

1

1 000

1

600

1

800

1

22

2 3 4 5.

.

,, %

.. .

77

1 8004001

500

1

600

1

1 100

1

1 300

12 3 4 5II

i i i i i

I

− =( ) ( ) ( ) ( ) ( )

RRR i

IIIi i i i

( ) =

− =( ) ( ) ( ) ( )

25 52

3 2008001

700

1

500

1

2 000

1

42 3 4

, %

.. .5500

1

29 64

5i

IRR i

( )( ) = , %

c) para fins de cálculo do VPL, tem-se:

I NPV− =( ) ( ) ( ) ( ) ( )

300118

700

118

1 000

118

600

118

800

1182 3 4 5, ,

.

, , ,

11 800 224 76

400118

500

118

600

118

1 100

112 3

. $ ,

, , ,

.

,

=

− =( ) ( ) ( )

II NPV88

1 300

118

1 800 398 86

800118

700

118

4 5

2

( ) ( )− =

− =( ) ( )

.

,

. $ ,

, ,III NPV

5500

118

2 000

118

4 500

118

3 200 1 283 58

3 4 5,

.

,

.

,

. $ . ,

( ) ( ) ( )− =

Portanto, o projeto que gera maior retorno, menor tempo médio e maior

valor presente líquido é o Projeto III.

7.4 Para saber mais

Título: Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileirasAutores: CHEROBIN, A. P. M. S.; LEMES, A. B.; RIGO, C. M. Editora: Campus Ano: 2007

Este livro aborda, no capítulo 6, os principais indicadores de análise e a importância destes como instrumentos de gestão.

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Capítulo 7

248 Finanças Empresariais

Título: Administração financeira

Autores: GROPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Editora: Saraiva Ano: 2006

Este livro aborda, no capítulo 7, os principais indicadores de análise de investimentos e as limitações dos mesmos.

Título: Finanças básicas

Autores: MAYO, H. B. Editora: Cengage Learning Ano: 2008

Este livro trata, nos capítulos 8, 19 e 22, dos principais métodos de análise de análise e as limitações de cada método.

Título: Finanças corporativasAutores: ABREU FILHO, J. C. F. et al. Editora: FGV Ano: 2007

Este livro aborda, nos capítulos 2, 4 e 5, de forma resumida, os principais métodos de análise e suas respectivas limitações. Consulte!

Título: Projetos de investimento: construção e avaliação do fluxo de caixaAutores: LAPPONI; J. C. Editora: Lapponi Ano: 2000

Este livro é leitura obrigatória para quem deseja aprofundar não só sobre os métodos de análise, mas também aprender os primeiros passos de modelagem financeira.

7.5 Relembrando

O capítulo 7 apresentou:

• os conceitos dos principais indicadores de análise de viabilidade

econômica de um investimento, a saber: VPL, TIR, payback, ponto de

equilíbrio, bem como suas limitações;

• que os principais métodos têm um perfil determinístico; se favoráveis,

os projetos em avaliação serão aceitos;

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Capítulo 7

249Finanças Empresariais

• o ponto de equilíbrio é apurado em três dimensões, sendo a dimensão

financeira a mais conservadora por contemplar a cobertura dos custos

fixos, dos custos financeiros desembolsáveis e a margem de lucro do

investidor;

• os riscos associados à empresa são estratificados em riscos de crédito,

mercado, operacionais e legais. Negligenciar qualquer um deles pode

redundar no fracasso do projeto ou de uma empresa.

7.6 Testando os seus conhecimentos

Considere para a resolução das questões 1 e 2 o seguinte investimento e

seus fluxos de caixa esperados:

Investimento ANO I ANO II ANO III ANO IV ANO V

5.300 700 1400 1600 2400 3400

Admitindo uma taxa de atratividade de 15% a.a., responda aos

questionamentos.

1) O valor líquido presente do fluxo de caixa é:

a) -470,13

b) 481,93

c) 500,12

d) 425,30

e) 352,30

2) A taxa interna de retorno apurada é:

a) 15,25%

b) 14,13%

c) 17,98%

d) -20,12%

e) 10,35%

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Capítulo 7

250 Finanças Empresariais

3) Em geral, os modelos para o gerenciamento de risco utilizam-se de diferentes

indicadores, todos de origem estatística, para sua quantificação. Dos itens a

seguir, qual não se enquadra em modelo estatístico?

a) Variância (desvio-padrão) dos retornos.

b) Coeficiente de variação.

c) Volatilidade.

d) Value at risk.

e) Simulação histórica.

4) Os bancos, como quaisquer outras empresas, estão sujeitos a várias formas

de risco legal. Aí se encontra incluso o risco de desvalorização de ativos ou de

valorização de passivos em intensidades inesperadamente altas por conta de

pareceres ou documentos legais inadequados ou incorretos. Dos itens a seguir,

quais se enquadram em riscos legais?

a) Degradação do crédito, degradação de garantias e inadimplência.

b) Cambial, concentração e taxa de juros.

c) Overload, fraudes, presteza e agilidade.

d) Contratos e tributários.

e) Cambial, overload e inadimplência.

Onde encontrar

ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2001.

______; LIMA, F. G.Curso de administração financeira. São Paulo: Atlas, 2009.

BRIGHAM, E. F.; HOUSTON, J. F. Fundamentos da moderna administração

financeira. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

BRITO, O. S. Mercado financeiro. São Paulo: Saraiva, 2005.

FIGUEIREDO, A. C. Introdução aos derivativos. São Paulo: Pioneira Thomson

Learning, 2005.

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Capítulo 7

251Finanças Empresariais

FORTUNA, E. Mercado financeiro: produtos e serviços. 16. ed. Rio de Janeiro:

Qualitymark Editora, 2005.

GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira: essencial. 2. ed. Porto

Alegre: Bookman, 2001.

SÁ, G. T. Administração de investimentos, teoria de carteiras e gerenciamento

de risco. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999.

SECURATO, J. E. Decisões financeiras sob condições de risco. São Paulo: Atlas, 1996.

TOSTES, F. P. Gerenciamento de risco e derivativos: um estudo comparativo entre

o enfoque financeiro e contábil de gerência de riscos em instituições financeiras.

São Paulo, 1997. Tese de Doutorado – FEA – Universidade de São Paulo, 1997.

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Capítulo 7

252 Finanças Empresariais

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Capítulo 8

253Finanças Empresariais

ESTRATÉGIAS COMERCIAIS DE COMPRA E VENDA

CAPÍTULO 88

8.1 Contextualizando

Este capítulo apresentará a você as principais estratégias financeiras que

envolvem as operações de compra e venda em uma organização empresarial,

estratégias estas aplicáveis à gestão de qualquer empresa, independente de

seu porte ou forma de organização societária.

O texto mostrará o processo de identificação das estratégias mais

adequadas à realidade de cada empresa e os principais requisitos a serem

observados na implementação das mesmas.

Você perceberá que a decisão de comprar ou vender à vista ou a prazo

não é tão simples, que muitas empresas sucumbem por não darem a devida

atenção aos ciclos de atividades que você estudou no capítulo 5.

Espera-se que, ao final do estudo, você seja capaz de identificar, analisar

e avaliar as estratégias utilizadas pelas empresas.

8.2 Conhecendo a teoria

Convido você a uma leitura atenta a partir de agora. Mostrarei a

percepção de diferentes autores sobre o que vem a ser estratégia para, depois,

embrearmos pelas estratégias empresariais ou comerciais.

A palavra estratégia apresenta uma gama variada de definições, sendo

possível afirmar serem tão numerosas quanto os autores que as referem.

Embora possa existir convergência em alguns aspectos que estão na base do

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Capítulo 8

254 Finanças Empresariais

conceito, o conteúdo e os processos de formação da estratégia são objeto de

abordagens muito diversas que assentam na forma como os autores percebem

a dinâmica das operações de uma organização. Hambrick (1980) afirma que a

estratégia é um conceito multidimensional e situacional, o que dificulta uma

definição consensual.

Mas para começar, vamos voltar no tempo e buscar compreender um

pouco mais sobre estratégia.

Um dos primeiros usos do termo “estratégia” foi utilizado há

aproximadamente três mil anos pelo chinês Sun Tzu (2000, p. 7), o qual

afirmava que “todos os homens podem ver as táticas pelas quais eu conquisto,

mas o que ninguém consegue ver é a estratégia a partir da qual grandes

vitórias são obtidas”.

O vocábulo estratégia teve sua origem na Grécia Antiga, significando inicialmente “arte do general” e adquirindo, posteriormente, uma conotação voltada para a guerra, significando a arte e a ciência de conduzir um exército por um caminho. O termo assumiu o sentido de habilidade administrativa na

época de Péricles (450 a.C.), quando passou a significar habilidades de gestão (administrativas, liderança, oratória, poder). Mais tarde, no tempo de Alexandre (330 a.C.), adquiriu o significado de habilidades empregadas para vencer um oponente e criar um sistema unificado de governo global.Fonte: Steiner e Miner (1977)

CURIOSIDADE

A estratégia teve várias fases e significados; os conceitos iniciais ligados

à área militar cedem ao longo do tempo espaço para os conceitos da área

empresarial.

Na percepção de Chandler (1962), estratégia é definida como a

determinação dos objetivos básicos de longo prazo de uma empresa,

adoção das ações adequadas e afetação de recursos para atingir esses

objetivos.

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Capítulo 8

255Finanças Empresariais

Para Lodi (1969, p. 6), “estratégia é a mobilização de todos os

recursos da empresa no âmbito nacional ou internacional visando atingir

objetivos a longo prazo (...) Seu objetivo é permitir maior flexibilidade

de resposta às contingências imprevisíveis”. Castro et al. (1996, p.139)

enfatizam a importância, dizendo que

são as estratégias competitivas utilizadas pelas firmas em seu processo de enfrentamento no mercado, ou seja, como conquistam e/ou mantêm suas posições competitivas e, principalmente, como constroem e renovam seus potenciais competitivos ao longo do tempo, que passam a ocupar um lugar de destaque na formulação do discurso econômico. Na base destas estratégias, a existência de diferentes capacitações, graus de competência e objetivos ocupam uma posição fundamental para a explicação dos fenômenos econômicos.

Para Ansoff (1977), é um conjunto de regras de tomada de decisão

em condições de desconhecimento parcial. As decisões estratégicas dizem

respeito à relação entre a empresa e o seu ecossistema.

Na mesma linha de Chandler, Learned (1965) define estratégia como

o padrão de objetivos, fins ou metas, principais políticas e planos para

atingir esses objetivos, estabelecidos de forma a definir qual o negócio

em que a empresa está e o tipo de empresa que é ou vai ser.

Para Steiner e Miner (1977), estratégia é o forjar de missões da

empresa, estabelecimento de objetivos à luz das forças internas e externas,

formulação de políticas específicas e estratégias para atingir objetivos

e assegurar a adequada implantação, de forma que os fins e objetivos

sejam atingidos.

Ao discorrer sobre estratégia, não é possível deixar de mencionar

Porter. Observe o que este guru tem a dizer: “Estratégia competitiva são

ações ofensivas ou defensivas para criar uma posição defensável numa

indústria, para enfrentar com sucesso as forças competitivas e assim obter

um retorno maior sobre o investimento” (PORTER, 1986, p. 14).

Percebeu a inserção de um novo termo qualificativo de estratégia?

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Capítulo 8

256 Finanças Empresariais

Vamos continuar no caminhar histórico!

Mintzberg (1988) define estratégia como uma força mediadora

entre a organização e o seu meio envolvente: um padrão no processo de

tomada de decisões organizacionais para fazer face ao meio envolvente.

Meirelles e Gonçalves (2001, p. 7) definem estratégia como a “disciplina da

administração que se ocupa da adequação da organização ao seu ambiente”.

Dependendo do contexto no qual é empregada, a estratégia pode ter

o significado de políticas, objetivos, táticas, metas, programas, entre outros,

numa tentativa de exprimir os conceitos necessários para defini-la (MINTZBERG;

QUINN, 1988).

Thompson Jr. e Strickland III (2000, p. 3) definem estratégia como um

conjunto de mudanças competitivas e abordagens comerciais que os gerentes executam para atingir o melhor desempenho da empresa. [...] é o planejamento do jogo de gerência para reforçar a posição da organização no mercado, promover a satisfação dos clientes e atingir os objetivos de desempenho.

Para Bertero (1995), a estratégia empresarial ao longo da história foi

denominada de diferentes normas: diretrizes de negócios, planejamento

estratégico, diretrizes administrativas, gestão ou administração estratégica, até

atingir a forma atual de um aspecto da administração ou de uma abordagem do

gerenciamento integrado da empresa.

De forma específica, a estratégia focada nas compras e vendas

envolve um campo de conhecimento da administração financeira que é

a administração de capital de giro, que por sua vez envolve basicamente

as decisões de compra e venda tomadas pela empresa, assim como suas

atividades operacionais e financeiras. A importância do capital de giro

varia em função das características da empresa, do desempenho da

economia e da relação risco/rentabilidade desejadas.

Agora que você conhece um pouco mais sobre estratégia, irá estudar

sua aplicabilidade em relação às compras realizadas pelas organizações.

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Capítulo 8

257Finanças Empresariais

8.2.1 Estratégias aplicadas às compras

Você deve, em um primeiro momento, estar se perguntando: o que tem

a ver estratégia e as compras realizadas pela empresa, não? Como você deve

ter percebido ao longo do nosso curso, o gestor financeiro está sempre às

voltas com decisões que podem resultar em melhor ou pior performance, pois

comprar bem à vista ou a prazo requer a análise de diversos fatores.

A aquisição de matérias-primas, mercadorias e demais itens representa

um fator decisivo na atividade de uma empresa. Ballou (2001) ressalta que as

atividades relacionadas a compras envolvem diversos fatores, dentre eles seleção

de fornecedores, qualificação dos serviços, determinação de prazos de vendas,

previsão de preços e alterações na demanda, por exemplo. Pode-se dizer que a

gestão de compras é de vital importância para o sucesso da empresa.

Gaither e Frazier (2001) asseveram que o departamento de compras tem

papel de destaque no alcance dos objetivos da empresa. Sua missão é perceber

as necessidades competitivas dos produtos e serviços, tornando-se responsável

pela entrega no tempo certo, custos, qualidade e outros elementos na

estratégia de operações. É necessário que os gestores envolvam-se em diversas

atividades, tais como a manutenção de base de dados, o processo de seleção

de fornecedores, a negociação dos contratos com estes e, fundamentalmente,

ser o interlocutor entre a empresa e seus fornecedores.

Para Moraes (2005), o perfil do profissional de compras vem mudando ao

longo do tempo, a exigência da busca constante por informações é condição

primeira, além da necessidade de desenvolver habilidades interpessoais

(poder de negociação, trabalho em equipe, boa comunicação e capacidade de

gerenciamento de conflitos).

Segundo Dias (1997), a evolução da função compras nas organizações

mostra que é fundamental a atenção a ser dada a este setor.

Atualmente as empresas se preocupam muito com o processo de compras, pois este sendo executado com sucesso pode ser motivo de redução de custos para a empresa. Neste sentido cabe aos responsáveis por tal processo estarem atentos a preço, prazo, volume e qualidade para se beneficiarem da execução eficaz deste processo (DIAS, 1997).

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Capítulo 8

258 Finanças Empresariais

Conforme você pode perceber, a negligência em relação à função

compras numa empresa pode resultar em sucesso ou insucesso da mesma.

Oportunamente, analisaremos que nem sempre o maior prazo obtido junto

aos fornecedores pode resultar em condições favoráveis à empresa.

PRATICANDOPRATICANDO

A partir da afirmação do parágrafo anterior, busque enumerar as outras variáveis que podem afetar a gestão de compras de uma empresa. Após realizar este mapeamento, procure trocar impressões com os demais alunos no ambiente virtual de aprendizagem. Busque identificar as convergências e as divergências.

8.2.2 Estratégias aplicadas às vendas

Você deve estar se perguntando agora: o que tem a ver estratégia e as

vendas realizadas pela empresa? Vamos lá!

A administração de contas a receber envolve processo de concessão de

crédito, que para muitos se inicia na hora da assinatura da nota promissória

ou ainda no momento da venda. O que você acha?

Se você respondeu afirmativamente, acaba de cometer um grande erro.

O processo do crédito se inicia no momento em que a empresa toma a decisão

de operar com vendas a prazo. Vou demonstrar o porquê.

Segundo Assaf Neto e Lima (2009, p. 680), os investimentos em contas a

receber representam uma parcela significativa dos ativos circulantes de uma

empresa, e, em consequência, afetam a rentabilidade da mesma. A estratégia

de investir neste item envolve o comportamento geral das vendas e ainda as

diretrizes que permeiam a definição da política global de crédito.

As empresas – sejam elas financeiras ou não – que pretendam aplicar

os recursos em giro, devem observar o atendimento a três elementos básicos

da teoria de investimentos: segurança, liquidez e rentabilidade. Surge, então,

neste momento, a figura do crédito.

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Capítulo 8

259Finanças Empresariais

Crédito é todo ato de vontade ou disposição de alguém destacar ou ceder, temporariamente, parte do seu patrimônio a um terceiro, com a expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente, após decorrido o tempo estipulado (SCHRICKEL, 1995, p. 25).

O crédito visa sobretudo impulsionar o desenvolvimento econômico, por

meio da ampliação das escalas e da aceleração dos sistemas produtivos.

DEFINIÇÃODEFINIÇÃO

Crédito é a obtenção de recursos financeiros e/ou materiais, embasados numa relação de confiança existente entre uma instituição financeira e os clientes/ proponentes. (SCHRICKEL, 1995)

Princípios do crédito

O processo decisório do crédito envolve a análise de cinco variáveis, na

percepção de Assaf Neto e Lima (2009, p. 680): caráter, capacidade, capital,

condições e colateral (garantia). Os dois primeiros representam aspectos

pessoais, os demais representam aspectos financeiros.

O caráter se constitui no mais importante e crítico dos “C’s” em qualquer

concessão de crédito, não importando os valores incorridos nas transações. É a

determinação de pagar do tomador, em resumo, vontade de pagar.

O conhecimento do caráter do proponente e seus avalistas permitirá ao

gerente formar um opinião preliminar, com relação à intenção dos mesmos em

vir a cumprir com todos os compromissos assumidos, e nas condições estipuladas.

Analisar as experiências anteriores em operações de crédito com a

própria empresa é uma forma de se avaliar o caráter.

Ferreira (2005, p. 72), em perspectiva similar a Assaf Neto e Lima, ressalta

que a variável caráter deve contemplar a apreciação do histórico do cliente

quanto ao cumprimento de suas obrigações financeiras. Gitman (1997, p. 696)

complementa, orientando para que sejam avaliadas causas judiciais ativas ou

não existentes em nome do pretendente ao crédito.

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Capítulo 8

260 Finanças Empresariais

Schrickel (1995), em perspectiva ampliada, afirma que na análise da

variável caráter o analista deverá:

reunir o máximo que possa sobre sua cultura, seus hábitos, maneira de vida, hobbies e passatempos, suas associações no universo cultural e profissional, ambições e posturas éticas familiares, seu profissionalismo e honestidade e tudo o mais que o convença (o emprestador) de que o tomador tem e terá sempre a honesta intenção de saldar suas obrigações, quaisquer que sejam os eventuais impedimentos ou constrangimentos de momento.

No Brasil, é comum as empresas e instituições financeiras firmarem

convênios com empresas de informações cadastrais, tais como: SERASA,

SCI-EQUIFAX e CDL. As instituições financeiras podem em seus processos

de avaliação de crédito solicitar das empresas, ou mesmo pessoas físicas,

certidões negativas junto a diversos órgãos da administração pública federal,

estadual e municipal.

A capacidade busca analisar as informações pertinentes aos ganhos

líquidos do tomador, bem como aquelas relativas aos compromissos já

assumidos pelos mesmos, junto ao comércio e demais instituições. Assim,

na análise da capacidade, especial atenção deverá ser dada à situação de

liquidez que envolve necessariamente a avaliação dos fluxos de caixa

gerados que buscam identificar e avaliar as prováveis fontes de liquidação

do empréstimo.

Gitman (1997, p. 696) esclarece que a variável capacidade tem por

base a análise dos demonstrativos contábeis ou financeiros, com ênfase na

verificação dos indicadores de liquidez e endividamento que você estudou

anteriormente.

Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005, p. 359) complementam que deve

ser considerado se os resultados ou o desempenho operacional e financeiro

da empresa possibilitarão a esta a geração de recursos suficientes à cobertura

do principal e dos encargos inerentes à operação solicitada.

Na análise da capacidade, deve-se ter em conta não apenas a capacidade

de pagamento, mas também a competência, a competitividade e os aspectos

técnicos do negócio a ser financiado, o valor, a origem, a previsão do

recebimento, entre outros fatores.

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Capítulo 8

261Finanças Empresariais

Nas empresas, é visível o conceito de capital. Em primeira instância,

identificamos a figura do capital social. Todavia, não devemos nos ater

a apenas essa faceta, o conceito deve se estender a toda estrutura

econômico-financeira. Esta variável é determinante na fixação dos limites

de crédito a serem estipulados aos proponentes.

A variável capital, segundo Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005, p. 359),

deve se preocupar com o comprometimento do patrimônio líquido, com os

valores exigíveis da empresa, bem como seus indicadores de lucratividade

e rentabilidade. Gitman (1997, p. 696) enfatiza que na análise dos exigíveis

devem ser consideradas as operações tanto de curto quanto longo prazo.

As condições referem-se ao contexto em que o proponente está inserido,

tanto micro quanto macroeconomicamente. Fatores econômicos e setoriais

podem aumentar ou diminuir o risco do proponente/cliente. São informações

complementares, relativas à qualificação geral do proponente e avalistas.

As condições econômicas e empresariais vigentes, bem como circunstâncias particulares que possam afetar qualquer das partes envolvidas na negociação. Por exemplo, caso a empresa tenha estoques excessivos de um item que o solicitante deseje comprar a crédito, a empresa poderá propor vendas em condições mais favoráveis ou vender para clientes com menos condição de obter crédito. Enfim, a análise das condições econômicas e empresariais, assim como circunstâncias especiais, que possam afetar tanto o cliente como a empresa vendedora, fazem parte da avaliação das condições. (GITMAN, 1997, p. 697).

Na mesma perspectiva, Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005, p. 359)

asseveram que neste aspecto devem ser avaliados “o grau de exposição aos

possíveis efeitos de ocorrências exógenas sobre a capacidade do cliente para

pagar suas dívidas”. Como exemplos, podem ser citados: o nível de atividade

econômica, as taxas de juros referenciais de mercado e perfil do mercado

consumidor, dentre outros.

No Brasil, conforme Santos (2000), as fontes de pesquisa são extremamente

questionáveis quanto à veracidade das informações disponibilizadas, em

muitos casos não refletindo a exata situação financeira e patrimonial dos

clientes. Isto se deve ao fato de que os proponentes podem manipular e/ou

omitir suas informações financeiras com o propósito de obter aprovação em

suas propostas de crédito.

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Capítulo 8

262 Finanças Empresariais

O colateral, ou garantia, refere-se a uma espécie de complementação

às variáveis anteriores; o enfraquecimento de qualquer uma delas seria

coberta pela garantia. Constitui-se em ativos que o proponente oferece

à empresa, que em princípio deverão ser superiores ou iguais ao valor

pretendido. O organismo financeiro selecionará de acordo com os critérios

de liquidez, depreciabilidade, capacidade de comercialização, localização,

manutenção e as despesas de venda do bem ofertado.

A variável colateral, segundo Gitman (1997, p. 696), deve analisar

o montante de ativos ofertados pelo tomador em garantia à operação

desejada. Ferreira (2005, p. 72) afirma ainda ser necessário não só avaliar

o montante, mas principalmente a qualidade dos ativos ofertados.

Você sabe diferenciar uma garantia pessoal ou fidejussória de uma

garantia real? Aval e fiança são termos utilizados no cotidiano de muitos

brasileiros, você sabe a diferença? Se você já financiou algum imóvel e

ainda não liquidou, ele se encontra hipotecado ao banco, e se você tem

um financiamento de veículo, sabe que ele está alienado fiduciariamente.

Vamos aprofundar.

As garantias pessoais ou fidejussórias são garantias nas quais pessoas

físicas ou jurídicas assumem, como avalistas ou fiadores, a obrigação de

honrar os compromissos referentes a uma operação de crédito, caso o

cliente não o faça.

Mas o que vem a ser o aval?

Aval, segundo o Código Civil Brasileiro (CCB) (2002), é a promessa

que alguém faz de cumprir obrigação de terceiros, realizada por meio de

um título de crédito, caso o obrigado não vier a cumprir. O avalista é quem

concede o aval. Avalizado é a pessoa que recebe o aval. Não existe aval em

contrato, somente em títulos de crédito. O aval é uma garantia pessoal e

deve ser aceita desde que se possa constatar sua capacidade econômica e

financeira e sua idoneidade moral, além de capacidade jurídica (se é maior

de idade ou se não está interditado). O aval não pode ser limitado nem

condicionado. O avalista responde pelo título como um todo.

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Capítulo 8

263Finanças Empresariais

Já a fiança, também segundo do CCB (2002), é considerada uma

garantia cujo fiador, seja pessoa física ou pessoa jurídica, constitui o principal

responsável pelo pagamento das obrigações assumidas pelo afiançado, pessoa

física ou pessoa jurídica, caso esta não cumpra as obrigações contratadas.

A fiança é sempre estabelecida em relação a um contrato. Na fiança de

pessoa física, é importante a outorga uxória, a assinatura do cônjuge do

contratante, a fim de co-obrigar a responsabilidade pelo contrato. Fiança é

garantia contratual e não cambial, o que significa ser uma garantia sempre

dada em contratos.

Você percebeu, portanto, que o aval é somente válido para títulos, e a

fiança, para contratos. Mas ainda há muito a saber sobre garantias. Saímos das

garantias pessoais e agora aprofundaremos sobre as garantias reais.

As garantia reais, segundo o CCB (2002), são bens ou direitos de

recebimentos dados em garantia de obrigações relativas a operações de

crédito. Apresentam a seguinte classificação: alienação fiduciária, anticrese,

caução, hipoteca e penhor mercantil.

A alienação fiduciária é o contrato no qual o devedor transfere ao

credor a propriedade de bens móveis para garantir pagamento de dívida

com a condição de tornar a ter a propriedade do bem quando liquidar o

montante. São considerados bens alienáveis veículos, aeronaves, barcos,

máquinas, equipamentos e outros bens móveis. A principal característica

desse tipo de garantia é que a instituição financeira passa a ter o domínio e

a posse indireta do bem alienado fiduciariamente, enquanto que o cliente

mantém a posse direta, sem poder desfazer-se dos bens. Outra característica

importante é o fato de possibilitar execução “rápida”, através de ação de

busca e apreensão.

Posse, no caso, é o exercício de um dos poderes inerentes à propriedade. Na alienação, por exemplo, o veículo está na posse do devedor, nas sua propriedade é do credor (CCB, 2002).

SAIBA QUE

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Capítulo 8

264 Finanças Empresariais

O contrato de alienação fiduciária deve ser registrado no Cartório de

Registro de Títulos e Documentos, sob pena de não valer perante terceiros. Os

bens entregues em alienação fiduciária devem ser de propriedade do cliente,

ou seja, adquiridos antes da data da contração do empréstimo.

A anticrese é um contrato pelo qual o devedor entrega ao credor

um imóvel, dando-lhe o direito de receber os frutos e rendimentos como

compensação da dívida. É uma consignação de rendimentos. Esse contrato

deve ser lavrado por escritura pública e transcrito no Registro Geral de Imóveis.

A caução é o penhor de um direito não material. Exemplo: o crédito. Para

haver uma distinção entre o penhor de títulos e direitos creditórios do penhor

tradicional, em que existe a transferência do bem móvel, ele é denominado de

caução, que acarreta um direito sobre outro direito. Daí ser essencial haver a

entrega dos títulos para caracterizar este tipo de garantia. Os direitos cedidos

podem ser penhor, hipoteca, depósito em dinheiro, valores e títulos (letras de

câmbio, notas promissórias, ações, duplicatas).

Hipoteca trata-se da vinculação de um bem dado em garantia pelo

tomador de um empréstimo, sem no entanto haver transferência de sua

posse ao credor; é a colocação de bens imóveis e móveis como garantia de

pagamento de uma dívida. O devedor detém a propriedade e a posse do

imóvel, que poderá ser tomado pelo credor por meio de execução judicial ou

execução extrajudicial.

É uma garantia normalmente utilizada para operações de longo prazo,

tendo como objetivo dar segurança à instituição/empresa ao ter bens imóveis

lastreando a operação de crédito. A segurança que procuramos ao obter a

hipoteca de um imóvel como garantia só será conseguida se tivermos certos

cuidados com sua formalização.

Chamamos de penhor mercantil a garantia na qual o bem empenhado

faz parte integrante do negócio comercial. O penhor mercantil pode abranger

tanto os estoques de matérias-primas quanto os estoques de produtos acabados

da empresa-cliente, devendo sempre ser dada a preferência aos produtos

acabados, pois estes já estão prontos para a comercialização e oferecem maior

liquidez.

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Capítulo 8

265Finanças Empresariais

Figura 1 - Concessão de créditoFonte: <www.gettyimages.com>.

A concessão de crédito é um processo que se inicia no momento em que

uma instituição financeira define critérios de atuação (política de crédito), e

na sequência, estabelece procedimentos adequados à formalização da mesma

(análise, contratação, acompanhamento e cobrança).

A política de crédito, segundo Assaf Neto e Lima (2009, p. 680), é o que

norteia as tomadas de decisão em um ambiente macro da instituição financeira,

dependendo das condições internas e externas, a administração pode alterar

os prazos de captação e aplicação dos recursos, as garantias, as taxas de juros

e os critérios de análise de crédito.

A política de crédito tem como objetivo definir parâmetros de atuação,

não devendo descer a detalhes operacionais, que serão instrumentados por

meio de manuais, normas de serviços, que servirão para refletir e reforçar

seus princípios. Não devem ser considerados como imutáveis, embora figurem

como permanentes, já que devem estar compatíveis com o mercado.

Segundo Santos (2001, p. 36), “as diretrizes de uma política de crédito

comercial têm por objetivo atingir determinadas metas financeiras e comerciais.

Desse modo, a política de crédito comercial da empresa está subordinada as

suas estratégias de marketing e de finanças”.

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Capítulo 8

266 Finanças Empresariais

Alguns aspectos se constituem relevantes na definição de uma política

de crédito:

• definição dos responsáveis pela condução dos assuntos relativos à

aplicação dos ativos;

• segregação das funções de crédito (risco) das funções operacionais

(negócios);

• administração da carteira de ativos, desde a definição dos critérios

de gestão do risco, tais como priorização de clientes, negócios, até a

composição e ao acompanhamento da carteira;

• critérios de risco, traçando diretrizes, definindo parâmetros para

aplicações que garantam a lucratividade esperada, o retorno dos

capitais e mantenham a credibilidade da instituição no mercado;

• limites de crédito, que definirão o limite máximo que a empresa ou

banco admite emprestar a um cliente, ou seja, delimita o risco máximo

da empresa por cliente;

• garantia, tem como objetivo aumentar a probabilidade de recebimento

do crédito, caso o cliente se torne inadimplente. As garantias devem

ser priorizadas de acordo com o seu nível de liquidez. Nesse item,

ressalta-se o raciocínio de muitos bancários, que defendem a concessão

de empréstimos caucionados em fundos de aplicação, por exemplo,

independente do nível de risco do tomador, com o entendimento de

que esta é uma operação sem risco. Sempre existe o risco de eventual

falência ou concordata da empresa, que deverá ser avaliado, uma vez

que, nessas hipóteses, o fundo, embora seja de liquidez imediata, não

será destinado exclusivamente à liquidação da dívida, compondo o

montante aos bens do falido para rateio entre os credores;

• encargos financeiros da operação, diferenciam as diversas classes de

risco, modalidades operacionais e condições de mercado;

• estrutura e documentação das operações asseguram os requisitos

legais e de segurança, devendo ainda manter a confidencialidade;

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Capítulo 8

267Finanças Empresariais

• alçadas decisórias, prevêem até onde vai a responsabilidade de

cada escalão decisório e critérios que nortearão os limites de sua

competência.

Análise de crédito

A decisão do crédito diz respeito quanto a conceder ou não a operação,

e é realizada por quem possui poder para decidir. É precedida de estudos e

análise para fundamentar a decisão, com a estrita observância das diretrizes

definidas na política de crédito da empresa.

O que se pretende no processo de análise é mensurar os riscos envolvidos na

operação em estudo. Recomendo aqui uma releitura do nosso capítulo anterior.

Pode-se, segundo alguns autores, dividir a análise em subjetiva e objetiva.

Observe a seguir.

A análise subjetiva, ou caso a caso, é baseada na experiência adquirida dos analistas de crédito, no conhecimento técnico, no bom senso e na disponibilidade de informações (internas e externas) que lhes possibilitem diagnosticar se o cliente possui idoneidade e capacidade de gerar receita para honrar o pagamento das parcelas dos financiamentos (SANTOS, 2003, p. 46).

Securato (2002, p. 59) destaca que a análise subjetiva de crédito

depende de um conjunto de informações contidas em um dossiê (ou pasta de

crédito). Dentre elas, cita as informações cadastrais, financeiras, patrimoniais,

de idoneidade e de relacionamento. A subjetividade deve evidenciar a

capacidade ou visão de cada analista de crédito em identificar fatores de risco

que comprometam a capacidade de pagamento.

Conforme Ross, Westerfield e Jordan (1998, p. 372),

os analistas de crédito utilizam, frequentemente, informações relacionadas ao caráter, capacidade, capital, colateral e condições como importantes condutores de valor para a decisão de concessão de crédito.

A seguir, apresento um fluxo-resumo dos C’s do crédito na visão de

Santos (2003).

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Capítulo 8

268 Finanças Empresariais

C’s do créditoDados do cliente

Caráter

Capacidade

Capital

Colateral

Condições

Idoneidade no mercado de crédito (situação na Serasa, Equifax, SPC, etc.).

Habilidade/conhecimento em converter negó-cios em renda.

Situação financeira e capacidade de paga-mento.

Disponibilidade de bens móveis, imóveis e financeiros.

Impacto de fatores externos na geração de fluxos de caixa.

Figura 2 - C’s de créditoFonte: Santos (2003).

A análise objetiva busca centrar-se nas metodologias estatísticas, com

a finalidade de apurar resultados matemáticos que atestem a capacidade de

pagamento dos tomadores.

Essa análise está amparada em pontuações estatísticas de riscos,

conforme mencionado por Thomas (2000, p. 150): “A pontuação de crédito

é um instrumento estatístico desenvolvido para que o analista avalie a

probabilidade de que determinado cliente venha a tornar-se inadimplente no

futuro”. Dentre as técnicas objetivas de gestão do risco de crédito, destacamos

o credit scoring.

O avanço da tecnologia e a informatização dos processos nas últimas

décadas possibilitou a incorporação de técnicas estatísticas avançadas para

análise de crédito, de tal forma que pode ser considerada nos dias atuais como

o mais importante suporte para tomada de decisões frente ao enorme volume

de propostas de crédito (SANTOS, 2000).

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Capítulo 8

269Finanças Empresariais

Caouette, Altman e Narayanan (1999, p.1) destacam que o risco de

crédito é a possibilidade de que esta expectativa não se cumpra. De forma

mais específica, o risco de crédito é entendido como a possibilidade de o credor

incorrer em perdas, em razão de as obrigações assumidas pelo tomador não

serem liquidadas nas condições acordadas.

Bessis (1998, p. 81) define risco de crédito como as perdas geradas por

um evento de default do tomador ou pela deterioração da sua qualidade

de crédito. Há diversas situações que podem caracterizar um evento de

default de um tomador, dentre elas destacam-se: atrasos nos pagamentos,

descumprimento de acordos e contratos e processo de recuperação judicial .

Conforme Cauoette, Altman e Narayanan (1999), as instituições

financeiras e não financeiras, no processo de avaliação do risco de crédito,

utilizam-se de modelos conceituais. Veja.

• Credit scoring – é uma ferramenta muito útil para a avaliação da

qualidade de crédito de pessoas físicas e jurídicas. Pela ponderação

de diversos fatores, o sistema classifica as pessoas físicas em duas

categorias principais: as que potencialmente têm condições para

honrar o empréstimo concedido, e as que potencialmente não

reúnem tal condição. Mediante a inclusão de diversas informações

no sistema, ele em poucos segundos dá uma resposta quanto à

aprovação ou não do crédito.

• Behaviour scoring – são modelos aplicados à tomada de decisão de

um novo empréstimo a um cliente, que servem para determinar o

produto mais adequado para cada perfil de consumidor; para rever o

valor do limite, para avaliar o risco de sinistralidade de um segurado

quando este muda de comportamento e para determinar a propensão

a financiar, a comprar, a cancelar voluntariamente seu produto.

Servem também para mensurar aquilo que as empresas de crédito mais

temem: o risco de o cliente não honrar suas obrigações! No campo da

cobrança, os modelos de behaviour servem para segmentar carteiras

a fim de aplicar estratégias, bem como, pela de sua movimentação,

medir os resultados das mesmas.

• Risk rating – é basicamente uma metodologia que avalia uma série de

fatores, atribuindo nota a cada quesito e uma nota final ao conjunto

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Capítulo 8

270 Finanças Empresariais

destes quesitos analisados. Com base na nota final é atribuído um Risk

Rating. O conceito dado a determinada empresa é que irá determinar

o valor (risco de crédito) que a instituição financeira deverá liberar ao

tomador. A classificação de risco é uma das várias ferramentas que podem

ser utilizadas pelas áreas de análise de crédito para a tomada de decisões.

• Cadastro e renda – metodologia que utiliza informações dos rendimentos

mensais do cliente em conjunto com o histórico de seu comportamento

interno e externo, como, por exemplo, média das aplicações financeiras e

depósitos em poupança, média de utilização de limite de crédito rotativo,

registro de cheque sem fundo, excesso sobre o limite, inadimplência e

registros em cadastro de restrição de crédito, para atribuir um conceito

de risco. É também denominado de modelo especialista.

Para sua melhor compreensão dos modelos, apresento a você a partir

de agora as percepções de diversos autores sobre os dois principais modelos

utilizados por empresas e instituições financeiras no Brasil, o credit scoring e

o behaviour scoring.

Na percepção Santos (2000), credit scoring, ou pontuação de crédito,

[...] é um instrumento estatístico desenvolvido para que o analista avalie a probabilidade de que determinado solicitante de empréstimo venha a ser um mau pagador no futuro. O sistema consiste em proceder de acordo com uma fórmula para avaliação de cada solicitação de crédito, levando em conta um conjunto de características que a experiência de cada banco tem evidenciado como relevantes na previsão de reembolso.

Em linha com Santos, Blatt (1999) decreve o credit scoring como uma

técnica de tratamento estatístico de dados aplicável a todos os processos que

impliquem decisões que envolvam classificações: bom/mau, sucesso/fracasso,

excesso/falta, etc. Em síntese, o modelo é construído a partir da coleta de dados

históricos e do devido tratamento destes, de forma a encontrar a aderência

necessária ao processo de tomada de decisões.

Credit scoring pode ser definido, conforme Vicente (2001, p. 49), como o

processo de atribuição de pontuação às variáveis decisórias do crédito mediante

técnicas estatísticas. Trata-se de processo que busca definir a probabilidade de

que um cliente com determinadas características pertença ou não a um grupo

possuidor de outras determinadas características.

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Capítulo 8

271Finanças Empresariais

A respeito do behaviour scoring, ou escore comportamental, Blatt (1999,

p.128) afirma tratar-se de

um calculador de risco semelhante ao credit scoring, mas que usa para seus dados de desenvolvimento o comportamento atual dos tomadores de crédito (quer dizer, o modo pelo qual o indivíduo usou o seu crédito, quanto ele usou, o que usou, se ele mostra qualquer história de atrasos, e outras afirmações disponíveis no registro da fatura principal) em lugar da informação fornecida no pedido original.

Segundo Vicente (2001, p. 47), o behavioural scoring é uma ferramenta

utilizada para prever eventos associados ao risco de crédito, como a

inadimplência e pagamentos em dia, entre outros eventos. Considera diversos

aspectos comportamentais e de relacionamento com a instituição financeira.

Thomas (2000) ressalta que a diferença entre os dois modelos é que

no behaviour scoring a instituição financeira mantém internamente base

de informações sobre o cliente, enquanto no modelo de credit scoring, de

aprovação de crédito, a instituição financeira não conhece o cliente.

A análise de risco de crédito é precedida por algumas etapas que, se bem

realizadas, melhor qualificarão o processo.

A coleta de informações se dá inicialmente pelo preenchimento da ficha

cadastral. Toda proposta de crédito deve ser iniciada com o preenchimento

correto e adequado de um formulário desenvolvido de acordo com as

especificações de cada empresa.

As informações coletadas na ficha cadastro são conferidas com os

documentos originais obrigatórios e respectivos documentos de comprovação

de renda. As cópias e/ou originais dos documentos apresentados devem ser

anexados à ficha cadastro e arquivados na empresa.

A ficha cadastral normalmente possui validade de 12 meses, a contar da

data de sua assinatura.

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Capítulo 8

272 Finanças Empresariais

LEMBRETELEMBRETE

O não preenchimento adequado da ficha cadastral pode influenciar o processo de cobrança.

Após a recepção da documentação, as empresas procedem à

realização de pesquisas cadastrais, tanto de natureza interna quanto

externa. Internamente, implica em busca nos sistemas corporativos,

informações quanto ao relacionamento; se já cliente, procura identificar

o comportamento deste quanto às operações anteriormente contratadas.

Externamente, firmam-se convênios com empresas e/ou instituições, tais

como SERASA (Centralização dos Serviços dos Bancos S/A), BACEN (Banco

Central do Brasil) e CDL (Clube dos Dirigentes Lojistas), objetivando

identificar a existência de restrições cadastrais.

No SERASA, a empresa obterá informações quanto a protesto de

títulos, cheques sem fundos, concordatas ou falências, pendências e/

ou renegociações financeiras, ações judiciais, participação em insucessos

empresariais e dívidas vencidas.

EXPLORANDOEXPLORANDO

No site do SERASA <www.serasa.com.br>, você encontra diversas informações sobre crédito, inclusive uma revista eletrônica. Outro detalhe é que hoje um profissional que atue na área de crédito pode obter uma certificação nacional realizando uma prova promovida pela instituição. Navegue pelo site e conheça um pouco mais sobre crédito.

No BACEN, em consulta ao sistema Cadastro Informativo dos Créditos Não

Quitados de Órgãos e Entidades Federais – CADIN, poderão ser constatados

débitos não honrados junto à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, Receita

Federal, Previdência Social, dentre outros órgãos públicos. Já no Central de

Risco de Crédito – CERIC, pode ser constatada a existência de dívidas a vencer

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Capítulo 8

273Finanças Empresariais

e vencidas junto a todas as instituições financeiras credenciadas no país.

Os valores informados referem-se a saldos devedores acumulados em valor

superior a R$ 1.000,00.

No CDL, poderão ser constatados apontamentos junto ao Serviço de

Proteção de Crédito – SPC.

São passíveis ainda a realização de pesquisas em sites da internet, no que

se refere à Previdência Social, Receita Federal, Procuradoria Geral da Fazenda

Nacional, Receita Estadual, Caixa Econômica Federal (FGTS), Tribunais de

Justiça Federal e Tribunais Regionais de Trabalho.

Se constatadas ocorrências restritivas e/ou impeditivas, a empresa

num primeiro momento buscará junto ao proponente/cliente a solução das

ocorrências identificadas. Não sendo possível a regularização das mesmas,

encerra-se o processo.

Figura 3 - Conceder crédito ou não?Fonte: Steve Allen <www.gettyimages.com>.

A terceira etapa consiste na análise propriamente dita, que você já

estudou no capítulo 5.

A formalização, seguindo a análise, compreende a observância dos

aspectos jurídicos pertinentes e o preenchimento adequado dos documentos

que compõem o processo de crédito. É etapa fundamental para o sucesso do

retorno do crédito.

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Capítulo 8

274 Finanças Empresariais

Dentre os aspectos jurídicos mais significativos, destacam-se:

• contratos devidamente assinados pelos tomadores e avalistas;

• notas promissórias devidamente assinadas;

• registros nos organismos competentes, principalmente no tocante às

garantias.

EXPLORANDOEXPLORANDO

No site do BACEN <www.bcb.gov.br>, você encontra diversas informações sobre o mercado financeiro. Para acessar alguns sistemas do banco, é necessário se cadastrar, pois algumas informações envolvem sigilo bancário, e portanto, você só poderá acessá-las se estiver devidamente autorizado. Navegue pelo site e conheça um pouco mais sobre crédito.

Após a concessão crédito, não podemos esquecer do cliente. A essa

etapa denomina-se acompanhamento. Em se constatando algum sinal de

dificuldades do proponente/cliente, adotam-se medidas preventivas, tais

como reforço de garantias e/ou repactuação da dívida, quanto esta for

possível. Lembre-se: toda empresa disponibiliza de forma impressa ou

digital relatórios que permitem ao gestor o devido controle das operações

de crédito ativas.

O controle constitui-se na etapa seguinte: faz-se necessário a

existência de controles internos em relação aos créditos concedidos,

com o intuito de indicar o momento certo de agir nos casos de atraso e

inadimplência.

A finalidade de se manter controle sobre os créditos concedidos é

detectar sinais de deterioração e tomar medidas proativas, como, por

exemplo, uma renegociação com garantia real de alta liquidez.

A cobrança é a última etapa do processo de crédito, porém não

menos importante que as anteriores. O processo só se completa e o êxito

de uma operação de crédito só acontece quanto retornam às instituições

financeiras os empréstimos concedidos.

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Capítulo 8

275Finanças Empresariais

A partir destes conceitos é que se deve mensurar os impactos das decisões

que venham a ser adotadas. Assaf Neto e Lima (2009, p. 684-685) ressaltam

que as principais medidas financeiras de controle são:

• despesas com devedores duvidosos, que na opinião dos autores

referem-se à probabilidade definida pela empresa do não recebimento

de determinado volume de crédito em momento futuro;

• despesas gerais de crédito, que envolvem gastos com o setor, tais

como despesas de pessoal e convênios com CDL, SERASA;

• despesas de cobrança, que podem envolver desde a chamada cobrança

administrativa até as judiciais;

• custo do investimento marginal em valores a receber, obtido a

partir da confrontação dos investimentos em valores a receber

e uma taxa de retorno mínimo exigida pela empresa (custo de

oportunidade ou taxa mínima de atratividade, que você estudou

no capítulo anterior).

Assaf Neto e Lima (2009, p. 686) também ressaltam que a política de

crédito pode admitir duas situações, uma restritiva e outra mais liberal, ou

frouxa. Evidenciam-se por meio de quadro os impactos das referidas alterações

na dinâmica da política de crédito sobre as quatro variáveis financeiras que

você acabou de conhecer.

Medidas Financeiras

PADRÕES DE

CRÉDITO

PRAZO DE

CONCESSÃO

DESCONTOS

CONCEDIDOS

POLÍTICA DE

COBRANÇA

Frouxa Restritiva Ampliação Redução Ampliação Redução Liberal Rígida

Volume de vendas

+ - + - + - + -

Despesas gerais de crédito

+ - + - - + + -

Investimentos em contas a receber

+ - + - - + + -

Quadro 1 - Política de crédito e variáveis fi nanceiras Fonte: adaptado Assaf Neto e Lima (2009).

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Capítulo 8

276 Finanças Empresariais

Vou, neste momento, apresentar a você um exemplo numérico para

facilitar a compreensão. Imagine que uma empresa resolveu flexibilizar sua

política de crédito pela concessão de maior prazo, e os resultados obtidos

foram uma expansão das receitas em R$ 400,00. Para isso, foram necessários

investimentos da ordem de R$ 1.600,00. Se dividir a expansão do resultado

pelo investimento realizado, terá um percentual de 25%. Mas o que este

número representa?

Representa que o custo de oportunidade de implementação de uma nova

política deverá ser de no máximo 25%; acima deste percentual a empresa não

deverá promover novas alterações em sua política. Lembre-se do conceito de taxa

interna de retorno assimilado no capítulo anterior; a interpretação é a mesma.

8.3 Aplicando a teoria na prática

Suponha que a empresa ABF Celulose SA projetou para o exercício de

2011 um incremento em suas vendas de 15%, atingindo uma estimativa de R$

2 milhões mensais, dos quais 50% a prazo, ou seja, R$ 1 milhão. Esteja ciente

de que o gestor financeiro prevê os seguintes custos:

• custos variáveis 30% das vendas totais;

• custos fixos de R$ 500 mil;

• despesas administrativas 4% das vendas totais;

• provisão para devedores duvidosos: 2% das vendas a prazo;

• demais despesas de crédito: 1% das vendas a prazo;

• prazo médio de cobrança de 45 dias ou 1,5 meses.

A partir dos números apresentados, apure:

a) a margem de contribuição por modalidade de venda (a vista e a prazo)

e o resultado final da empresa;

b) os mesmos indicadores, considerando que em virtude de afrouxamento

da política de crédito as vendas a prazo apresentariam expansão de

15% em relação à situação original.

Para a resolução das questões, utilize a estrutura proposta a seguir:

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Capítulo 8

277Finanças Empresariais

VENDAS À VISTA VENDAS A PRAZO VENDAS TOTAIS

Receitas de vendas

- Custos e despesas variáveis

Custos de produção

Despesas administrativas variáveis

Provisão para devedores duvidosos

Despesas de cobrança

= Margem de contribuição

- Custos e despesas fixas

Resultado operacional

E então, já fez? Compare.

A questão A apresenta uma margem de contribuição das vendas à vista

de R$ 660 mil, e de R$ 630 mil em vendas a prazo. O resultado operacional

total é de R$ 790 mil.

VENDAS À VISTA VENDAS A PRAZO VENDAS TOTAIS

Receitas de vendas 1.000.000 1.000.000 2.000.000

- Custos e despesas variáveis 340.000 370.000 710.000

Custos de produção 300.000 300.000 600.000

Despesas administrativas variáveis

40.000 40.000 80.000

Provisão para devedores duvidosos

20.000 20.000

Despesas de cobrança 10.000 10.000

= Margem de contribuição 660.000 630.000 1.290.000

- Custos e despesas fixas 500.000

Resultado operacional 790.000

Em relação à questão B, com a expansão em 15% das vendas a prazo

em relação à situação original, a margem de contribuição das vendas à vista

permanece inalterada, e a das vendas a prazo passa a ser de R$ 724,5 mil. O

resultado operacional é de R$ 884,5 mil.

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Capítulo 8

278 Finanças Empresariais

VENDAS À VISTA VENDAS A PRAZO VENDAS TOTAIS

Receitas de vendas 1.000.000 1.150.000 2.150.000

- Custos e despesas variáveis 340.000 425.500 765.500

Custos de produção 300.000 345.000 645.000

Despesas administrativas variáveis

40.000 46.000 86.000

Provisão para devedores duvidosos

23.000 23.000

Despesas de cobrança 11.500 11.500

= Margem de contribuição 660.000 724.500 1.384.500

- Custos e despesas fixas 500.000

Resultado operacional 884.500

8.4 Para saber mais

Título: Introdução à administração fi nanceira

Autor: PADOVEZE, C. L. Editora: Pioneira Thomson Learning Ano: 2005

Este livro aborda no capítulo 8 os principais conceitos de gestão de capital de giro, seus mecanismos de mensuração e os principais fatores que influenciam na necessidade deste recurso.

Título: Administração fi nanceira: princípios, fundamentos e práticas brasileirasAutores: CHEROBIN, A. P. M. S.; LEMES, A. B.; RIGO, C. M. Editora: Campus Ano: 2005

Este livro aborda no capítulo 12 o papel do crédito, os custos envolvidos, e trata da administração internacional de crédito, além de exercícios sobre a gestão dos valores a receber.

Título: Administração fi nanceira

Autores: GROPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Editora: Saraiva Ano: 2006

Este livro aborda o financiamento do capital de giro com exemplos práticos de administração de contas a pagar, estoques e valores a receber.

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Capítulo 8

279Finanças Empresariais

8.5 Relembrando

O capítulo 8 apresentou:

• conceitos de estratégia, que partiram de uma conotação militar para

a empresarial, envolvendo a definição de metas, objetivos e ações a

serem desenvolvidas por quaisquer organizações;

• a mutação da função compras dentro das organizações e as diferentes

variáveis a serem observadas, tais como prazos, demanda, preços,

qualidade, dentre outras;

• que vender a prazo não é tarefa simples, requer da organização

a definição de uma política de crédito que envolva a alçada de

decisões, prazos a serem concedidos, descontos envolvidos ao bom

pagador, limites mínimos e máximos;

• o processo de concessão de crédito, envolvendo diversas etapas:

a definição da política geral de crédito, a análise de crédito, a

formalização, o acompanhamento, o controle e a cobrança;

• a análise de crédito, que pode ser desenvolvida de forma subjetiva e

objetiva, a fim de minimizar os riscos e avaliando os C’s: caráter, capacidade,

condições, capital e garantias (collateral) por meio de diferentes modelos;

• os principais instrumentos de mensuração financeira das alterações

da política de crédito adotada por uma empresa, política esta que

pode assumir uma condição mais ou menos flexível ou rígida.

8.6 Testando os seus conhecimentos

1) O processo decisório do crédito envolve a análise de cinco variáveis, na

percepção de diferentes autores. São consideradas variáveis financeiras, exceto:

a) capacidade.

b) caráter.

c) condições.

d) garantias.

e) nenhuma das respostas anteriores.

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Capítulo 8

280 Finanças Empresariais

2) Metodologia que avalia uma série de fatores, atribuindo nota a cada

quesito e uma nota final ao conjunto destes quesitos analisados. O conceito

dado à determinada empresa é que irá determinar o valor (risco de crédito)

que a instituição financeira deverá liberar ao tomador. A classificação de risco

é uma das várias ferramentas que podem ser utilizadas pelas áreas de análise

de crédito para a tomada de decisões.

a) behaviour scoring.

b) cadastro renda.

c) risk rating.

d) credit scoring.

e) modelo especialista.

3) O processo de concessão de crédito envolve diversas etapas, desde a observância

dos aspectos jurídicos pertinentes ao preenchimento adequado dos documentos

que o compõem. É etapa fundamental para o sucesso do retorno do crédito:

a) cadastro.

b) análise de crédito.

c) acompanhamento e controle.

d) formalização.

e) cobrança.

4) Modelos aplicados à tomada de decisão de um novo empréstimo a um cliente para

determinar o produto mais adequado para cada perfil de consumidor, para rever o

valor do limite, para avaliar o risco de sinistralidade de um segurado quando este

muda de comportamento e para determinar a propensão a financiar, a comprar e a

cancelar voluntariamente seu produto. Servem também para mensurar aquilo que

as empresas de crédito mais temem: o risco de o cliente não honrar suas obrigações.

a) behaviour scoring.

b) cadastro renda.

c) risk rating.

d) credit scoring.

e) modelo especialista.

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Capítulo 8

281Finanças Empresariais

Onde encontrar

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Fonte:RIBEIRO, Crisanto Soares. Finanças empresariais. Natal: EdUnP, 2011. 299 p. E-book.