fim do processo cautelar- trabalho

28
Fim do processo Cautelar Como marco de mudanças na busca da celeridade e da efetividade do processo, em 1994 ocorreu, por força da LEI nº 8.952, que em consonância com o Artigo 273 do vigente Código de Processo Civil, a previsão da antecipação da tutela no decurso da ação principal. A partir de então, se fez possível encontrar a figura de dois regimes distintos no sistema processual, de um lado o da tutela cautelar, com os requisitos de fumus boni juris e periculum in mora, e em contrapartida o da tutela antecipada, baseada na verossimilhança da alegação e no fundado receio de dano ou abuso do direito de defesa. Embora tenha gerado traços positivos, a mudança resultou em dificuldades de distinção entre os sistemas. Na busca da simplificação e da celeridade processual, além da maior efetividade do processo de forma menos burocrática, o Novo Código de Processo Civil apresenta diversas modificações, dentre elas o fim do Processo Cautelar. O novo projeto unifica o regime, e estabelece iguais requisitos para a concessão da tutela cautelar e da tutela satisfativa, sendo estes a probabilidade do direito e perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. Dessa maneira, por mais que se mantenha a diferenciação entre as tutelas, na prática os requisitos serão iguais. Assim prevê o parágrafo único do art. 294, que deixa claro que a tutela de urgência é gênero, o qual inclui as duas espécies, tutela

Upload: egidio-peres

Post on 11-Dec-2015

216 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

fim do processo cautelar

TRANSCRIPT

Page 1: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

Fim do processo Cautelar

Como marco de mudanças na busca da celeridade e da efetividade do

processo, em 1994 ocorreu, por força da LEI nº 8.952, que em consonância com o

Artigo 273 do vigente Código de Processo Civil, a previsão da antecipação da

tutela no decurso da ação principal. A partir de então, se fez possível encontrar a

figura de dois regimes distintos no sistema processual, de um lado o da tutela

cautelar, com os requisitos de fumus boni juris e periculum in mora, e em

contrapartida o da tutela antecipada, baseada na verossimilhança da alegação e

no fundado receio de dano ou abuso do direito de defesa. Embora tenha gerado

traços positivos, a mudança resultou em dificuldades de distinção entre os

sistemas.

Na busca da simplificação e da celeridade processual, além da maior

efetividade do processo de forma menos burocrática, o Novo Código de Processo

Civil apresenta diversas modificações, dentre elas o fim do Processo Cautelar. O

novo projeto unifica o regime, e estabelece iguais requisitos para a concessão da

tutela cautelar e da tutela satisfativa, sendo estes a probabilidade do direito e

perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. Dessa maneira, por mais

que se mantenha a diferenciação entre as tutelas, na prática os requisitos serão

iguais. Assim prevê o parágrafo único do art. 294, que deixa claro que a tutela de

urgência é gênero, o qual inclui as duas espécies, tutela cautelar e tutela

antecipada. Já o art. 300 estabelece as exigências para autorizar a concessão de

ambas, como visto a seguir:

“Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou

evidência.

Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada,

pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental.”

“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos

que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao

resultado útil do processo.

Page 2: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso,

exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte

possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente

hipossuficiente não puder oferecê-la.

§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após

justificação prévia.

§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida

quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.”

Não suficiente, além da unificação de um regime jurídico, há a exclusão de

um processo cautelar autônomo. O Novo Código permite que as medidas

provisórias sejam pleiteadas e deferidas nos autos da ação principal. Na busca da

antecipação ou da liminar cautelar, o autor terá prazo para juntar novos

documentos e formular o pedido de tutela definitiva. Ainda que os prazos sejam

diversos, 15 dias na antecipação e 30 dias na cautelar, em ambas as hipóteses o

pedido principal será formulado nos mesmos autos, sem necessidade de um novo

processo ou do pagamento de novas custas processuais.

Outra importante inovação a ser ressaltada é a possibilidade da

estabilização da tutela antecipada concedida em caráter antecedente, sempre que

não houver impugnação. Tal mudança vem prevista no art. 3049 do novo CPC.

Dessa maneira, se a tutela antecipada é concedida e o réu à ela não se

contrapõe, a decisão se estabiliza e autoriza desde logo a extinção do processo.

Assim, o réu só poderá rever, reformar ou invalidar a decisão estabilizada através

de um novo processo, mediante a propositura de ação autônoma e desde que isso

ocorra dentro do prazo de dois anos.

Com isto, tem-se a prestação de tutelas antecipada, de urgência ou de

evidencia, podendo ser de caráter cautelar ou satisfativo. Assim, busca o

legislador no Projeto do Novo Código de Processo Civil, regulamentar de maneira

uniforme as tutelas de urgência e da evidência, destinadas a evitar a inutilidade do

processo decorrente da morosidade na prestação jurisdicional.

Page 3: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

Nas palavras de Ovídio Batista da Silva:

“A tutela cautelar é uma forma de proteção jurisdicional que, em virtude da

situação de urgência, determinada por circunstâncias especiais, deve tutelar a

simples aparência do bom direito posto em estado de risco e dano iminente.”

Em outras palavras, define-se tutelas de urgência como aquelas que visam

providências que conservem a situação fática antes da sentença, de modo à

assegurar a tutela dos direitos em risco, ou ainda, antecipar efeitos práticos

quando o decurso do tempo do processo colocar em risco a prestação

jurisdicional.

A figura das tutelas de evidência, embora não textualizadas no CPC de

1973, fazia-se aplicável pelos operadores do Direito nos casos de verossimilhança

da alegação, propósito protelatório, natureza abusiva do réu, entre outros.

No Projeto do Novo CPC de 2015, trata-se a possibilidade de concessão da

tutela de evidência nas hipóteses em que a matéria for unicamente de direito e

houver jurisprudência consolidada em julgamento de recursos repetitivos,

incidentes de resolução de demandas repetitivas ou súmulas vinculantes.

Pode-se destacar como importante mudança do Novo Código, a junção da

tutela cautelar e tutela antecipada. Entende-se em sua previsão legal, que a

demonstração do fumus boni iuris e o periculum in mora são pressupostos

imprescindíveis para o pedido dessas, tornando desnecessárias as ações

cautelares nominadas, resultando na exclusão destas no novo CPC.

O combate aos efeitos da morosidade processual tornou-se o ponto crucial

para o desenvolvimento de instrumento que possibilitem sua diminuição

apontando como um dos grandes focos de estudo da processualística

contemporânea, tornando-se uma importância imensurável que o novo CPC em

tramitação no Congresso Nacional estruturou um procedimento próprio para as

tutelas de urgência.

Page 4: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

Simplificação dos processos e procedimentos

Em busca da celeridade processual, muitos foram os procedimentos

especiais extintos pelo Projeto do Novo Código Civil. Motivo que pode ser

destacado é o de que parte desses procedimentos tenham perdido seu caráter

especial, visto que após diversas alterações na legislação processual algumas

características deixaram de ser exclusivas à determinado procedimento passaram

a ser observadas também no procedimento comum.

Um dos procedimentos extintos no Novo CPC, é o da anulação e

substituição de títulos ao portador, previsto no art.907 e seguintes do Código de

Processo Civil de 1973. Tal procedimento já não era permitido pelo sistema a

partir da Lei 8.021/1990, e art. 907 do Código Civil de 2002, pois a obtenção da

posse do título ou sua anulação e substituição através do procedimento comum é

plenamente possível, inclusive de modo liminar, art, 273 CPC. Dessa maneira, não

há especialidade que justifique a manutenção deste procedimento frente a busca

de simplificação de procedimentos.

Outro procedimento especial extinto no novo CPC é o da ação de

usucapião de imóveis, visto que após a fase de citação a demanda passava a

seguir o rito comum. O ponto crucial que sustentava este procedimento como

especial era o da citação dos confrontantes e terceiros interessados, que se

extingue no Código de Processo Civil de 2015. A partir de sua vigência, todas as

espécies de ação de usucapião, inclusive as regidas por lei própria, art. 14 da Lei

10.257/2001, passarão a correr no rito comum, visto extintos ritos sumários e

especiais do CPC de 1973.

Cabe ressaltar que, ainda que inserido no ordenamento jurídico para ser

instrumento de dispensa de processo de conhecimento em diversas hipóteses,

apresenta-se grandes mudanças quanto à ação monitória no novo CPC.

Conforme autorizada doutrina, para que a tutela monitória seja eficaz

Page 5: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

indispensável “contar-se com a raridade normal das pretensões infundadas e de

oposições dilatórias, assim como esperar que seja exíguo o número das

impugnações em relação ao das ordens de pagamento expedidas. A não ser

assim, suposta, de um lado, a liberdade de provocar ordens e, de outro, a

liberdade de privá-las de valor com a simples impugnação, o processo monitório

pode transformar-se em fácil instrumento de vexames ou em causa de inúteis

complicações processuais” (CHIOVENDA, 1969, p. 259).

O novo CPC consolida alguns pontos que já haviam sido simulados pelo

STJ, como por exemplo, a possibilidade da citação por edital, anteriormente

prevista na Súmula 282 de 2004, e expressa no novo texto no § 7º do art. 700, a

reconvenção, antes presente na Súmula 292 de 2004, e a possibilidade de sua

interposição frente à Fazenda Pública, Súmula 339 de 2007, e presente no art.

700 § 6º do novo texto.

Ademais, o CPC/73 apenas previa a interposição de ação monitória para as

obrigações de dar coisas fungíveis e entrega de bem móvel determinado. O novo

CPC consagra a ação para todos os tipos de obrigações previstas no Código Civil,

quais sejam pagamento de quantia em dinheiro, entrega de coisa fungível ou

infungível ou de bem móvel ou imóvel e o adimplemento das obrigações de fazer,

positivas e negativas.

Em suma, o novo Código de Processo Civil traz à ação monitória, de

cognição sumária, novos instrumentos capazes de lhe emprestar maior celeridade

e eficácia, conforme foram apontadas as sumulas trazidas a partir da experiência

nos tribunais.

QUADRO COMPARATIVO

 

CPC 1973 CPC 2015

Art. 1.102.a - A ação monitória

compete a quem pretender, com

base em prova escrita sem eficácia

Art. 700.  A ação monitória pode ser

proposta por aquele que afirmar,

com base em prova escrita sem

Page 6: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

de título executivo, pagamento de

soma em dinheiro, entrega de coisa

fungível ou de determinado bem

móvel.(Incluído pela Lei nº 9.079,

de 14.7.1995)

eficácia de título executivo, ter

direito de exigir do devedor capaz:

I - o pagamento de quantia em

dinheiro;

II - a entrega de coisa fungível ou

infungível ou de bem móvel ou

imóvel;

III - o adimplemento de obrigação

de fazer ou de não fazer .

§ 1o A prova escrita pode consistir

em prova oral documentada,

produzida antecipadamente nos

termos do art. 381.

Sem correspondência no CPC § 2o Na petição inicial, incumbe ao

autor explicitar, conforme o caso:

I - a importância devida, instruindo-

a com memória de cálculo;

II - o valor atual da coisa

reclamada;

III - o conteúdo patrimonial em

discussão

ou o proveito econômico

perseguido.

§ 3o O valor da causa deverá

corresponder à importância prevista

no § 2o, incisos I a III.

§ 4o Além das hipóteses do art. 330,

a petição inicial será

indeferida quando não atendido o

Page 7: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

disposto no § 2o deste artigo .

§ 5o Havendo dúvida quanto à

idoneidade de prova documental

apresentada pelo autor, o juiz

intimá-lo-á para, querendo,

emendar a petição inicial,

adaptando-a ao procedimento

comum.

Art. 1.102-C. No prazo previsto no

art. 1.102-B, poderá o réu oferecer

embargos, que suspenderão a

eficácia do mandado inicial. Se os

embargos não forem opostos,

constituir-se-á, de pleno direito, o

título executivo judicial,

convertendo-se o mandado inicial

em mandado executivo e

prosseguindo-se na forma do Livro

I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei.

(Redação dada pela Lei nº 11.232,

de 2005)

Art. 702. Independentemente de

prévia segurança do juízo, o réu

poderá opor, nos próprios autos, no

prazo previsto no art. 701, embargos

à ação monitória.

§ 1o Os embargos podem se fundar

em matéria passível de alegação

como defesa no procedimento

comum.

§ 2o Quando o réu alegar que o

autor pleiteia quantia superior à

devida, cumprir-lhe-á declarar de

imediato o valor que entende

correto, apresentando

demonstrativo discriminado e

atualizado da dívida.

§ 3o Não apontado o valor correto

ou não apresentado o

demonstrativo, os embargos serão

liminarmente rejeitados , se esse

for o seu único fundamento, e, se

Page 8: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

houver outro fundamento, os

embargos serão processados, mas o

juiz deixará de examinar a alegação

de excesso.

§ 4o A oposição dos embargos

suspende a eficácia da decisão

referida no caput do art. 701 até o

julgamento em primeiro grau.

§ 5o O autor será intimado para

responder aos embargos no prazo de

15 (quinze) dias.

§ 6o É admissível ação monitória em

face da Fazenda Pública.

§ 7o Na ação monitória, admite-se

citação

por qualquer dos meios permitidos

para o procedimento comum.

Art. 701.  Sendo evidente o direito

do autor, o juiz deferirá a expedição

de mandado de pagamento, de

entrega de coisa ou para execução

de obrigação de fazer ou de não

fazer, concedendo ao réu prazo de

15 (quinze) dias para o cumprimento

e o pagamento de honorários

advocatícios de cinco por cento do

valor atribuído à causa.

§ 1o O réu será isento do pagamento

de custas processuais se cumprir o

mandado no prazo.

Page 9: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

§ 2o Constituir-se-á de pleno direito

o título executivo judicial,

independentemente de qualquer

formalidade, se não realizado o

pagamento e não apresentados os

embargos previstos no art. 702,

observando-se, no que couber, o

Título II do Livro I da Parte Especial.

Art. 1.102.b - Estando a petição

inicial devidamente instruída, o

Juiz deferirá de plano a expedição

do mandado de pagamento ou de

entrega da coisa no prazo de

quinze dias. (Incluído pela Lei nº

9.079, de 14.7.1995)

Art. 701.  Sendo evidente o direito

do autor, o juiz deferirá a expedição

de mandado de pagamento, de

entrega de coisa ou para execução

de obrigação de fazer ou de não

fazer, concedendo ao réu prazo de

15 (quinze) dias para o

cumprimento e o pagamento de

honorários advocatícios de cinco

por cento do valor atribuído à

causa.

§ 1o O réu será isento do pagamento

de custas processuais se cumprir o

mandado no prazo.

§ 2o Constituir-se-á de pleno direito

o título executivo judicial,

independentemente de qualquer

Page 10: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

formalidade, se não realizado o

pagamento e não apresentados os

embargos previstos no art. 702,

observando-se, no que couber, o

Título II do Livro I da Parte Especial.

§ 3o É cabível ação rescisória  da

decisão prevista no caput quando

ocorrer a hipótese do § 2o.

§ 4o Sendo a ré Fazenda Pública,

não apresentados os embargos

previstos no art. 702, aplicar-se-á o

disposto no art. 496, observando-se,

a seguir, no que couber, o Título II

do Livro I da Parte Especial.

§ 5o Aplica-se à ação monitória, no

que couber, o art. 916.

§ 6o Na ação monitória admite-se a

reconvenção, sendo vedado o

oferecimento de reconvenção à

reconvenção.

§ 7o A critério do juiz, os embargos

serão autuados em apartado, se

parciais, constituindo-se de pleno

direito o título executivo judicial em

relação à parcela incontroversa.

Page 11: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

§ 9o Cabe apelação contra a

sentença que acolhe ou rejeita os

embargos.

§ 10.  O juiz condenará o autor de

ação monitória proposta

indevidamente e de má-fé ao

pagamento, em favor do réu, de

multa de até dez por cento sobre o

valor da causa.

§ 11.  O juiz condenará o réu que

de má-fé opuser embargos à ação

monitória ao pagamento de multa

de até dez por cento sobre o valor

atribuído à causa, em favor do

autor.

§ 1o Cumprindo o réu o mandado,

ficará isento de custas e honorários

advocatícios. (Incluído pela Lei nº

9.079, de 14.7.1995)

Art. 701, § 1o O réu será isento do

pagamento de custas

processuais se cumprir o mandado

no prazo.

§ 2o Os embargos independem de

prévia segurança do juízo e serão

processados nos próprios autos,

pelo procedimento ordinário.

(Incluído pela Lei nº 9.079, de

14.7.1995)

Art. 702. Independentemente de

prévia segurança do juízo, o réu

poderá opor, nos próprios autos, no

prazo previsto no art. 701, embargos

à ação monitória.

Page 12: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

§ 3o Rejeitados os embargos,

constituir-se-á, de pleno direito, o

título executivo judicial, intimando-

se o devedor e prosseguindo-se na

forma prevista no Livro I, Título

VIII, Capítulo X, desta Lei.

(Redação dada pela Lei nº 11.232,

de 2005)

Art. 702, § 8o Rejeitados os

embargos, constituir-se-á de pleno

direito o título executivo judicial,

prosseguindo-se o processo em

observância ao disposto no Título II

do Livro I da Parte Especial, no que

for cabível.

Foram preservados no NCPC os procedimentos especiais mais úteis e que,

por motivos de especialidades relacionadas às partes ou ao direito debatido, e até

mesmo da incompatibilidade lógica de serem tutelados pelo procedimento comum,

necessitam uma tutela procedimental diferenciada, tais como a ação de

consignação em pagamento, a ação de prestação de contas, a ação de divisão e

demarcação de terras particulares, inventário e partilha, embargos de terceiro,

habilitação, restauração de autos, homologação de penhor legal e ações

possessórias.

Em meio Às mudanças, manteve-se a ação de exigir contas (art. 915

CPC/73 e art. 535 NCPC/Senado), que por conta do procedimento bifásico

demanda um procedimento especial que se difere do comum. Foi extinta pelo

Novo Código, entretanto, a ação de dar contas, com regência atual pelo art. 916

do CPC.

Manteve-se o procedimento de inventário e arrolamento presente nos art.

982 e ss. do CPC/73 e art. 596 e ss. NCPC, considerado como um dos mais

lentos, burocráticos e dispendiosos procedimentos em curso no Judiciário

brasileiro. Uma boa solução seria o código em busca de celeridade,

extrajudicializar, o procedimento do arrolamento, tornando obrigatória a sua

realização na esfera extrajudicial.

Page 13: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

Ressalta-se que os chamados procedimentos especiais foram realocados

no livro que trata dos processos de conhecimento, diferente do CPC de 1973 que

os separava como se distintos fossem.

Simplificação de recursos

No ramo dos recursos, primeiramente, pode-se destacar a alteração na

contagem e nos prazos recursais. No atual código em vigor, os prazos são

contados em sua forma corrida, isto é, em sua contagem são considerados finais

de semana, além da multiplicidade de prazos diferentes para distintos recursos. A

partir da vigência do Novo Código de Processo Civil, haverá a homogenização dos

prazos recursais, que passarão a ter sua interposição no prazo de 15 dias

contados da publicação, exceto somente os Embargos de Declaração, que

manterão o prazo já utilizado de 5 dias. No que diz respeito aos dias corridos, o

NCPC prevê em seu artigo 219 uma mudança significante, onde a partir de sua

vigência, os prazos serão computados apenas em dias úteis.

Quanto aos recursos, o CPC/73 prevê e admite a interposição de sete,

quais sejam a i) apelação; ii) agravo; iii) embargos infringentes; iv) embargos de

declaração; v) recurso ordinário; vi) recurso especial; e vii) recurso extraordinário.

Lembrando que para o agravo existem quatro modalidades: a) agravo retido; b)

agravo de instrumento; c) agravo na forma do artigo 544; e d) agravo na forma do

§1º do artigo 557.

Na busca incessante pela simplificação, o Novo Código de Processo Civil,

para um processo mais célere, econômico e efetivo, buscou o enxutamento dos

recursos, dessa maneira serão cabíveis apenas nove recursos, quais sejam a i)

apelação; ii) agravo de instrumento; iii) agravo interno; iv) embargos de

declaração; v) recurso ordinário; vi) recurso especial; vii) recurso extraordinário;

viii) agravo extraordinário; e ix) embargos de divergência.

Nota-se dessa forma, o desmembramento do Agravo, bem como a

Page 14: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

exclusão da modalidade “retido”. Cabe salientar também que as decisões

interlocutórias que não comportarem os agravos de instrumento não mais

precluirão, mas devem ser suscitadas por meio de apelação ou contrarrazões de

apelação.

No entanto, a mais notável alteração diz respeito ao agravo de instrumento,

que a partir do Novo CP, terá cabimento restrito apenas aos casos previstos em

lei. O agravo interno e o agravo extraordinário, embora verificados de forma

esparsa no CPC/73, na redação do Novo Código são alocados na categoria de

recursos.

Desaparece porém do ordenamento os chamados embargos infringentes. O

autor Alfredo Buzaid, em seu parecer sobre o tema, resume a opinião da maioria

dos juristas que apoiaram a exclusão do referido recurso, nos seguintes termos: “A

existência de um voto vencido não basta por si só para justificar a criação de tal

recurso; porque, por tal razão, se devia admitir um segundo recurso de embargos

toda vez que houvesse mais de um voto vencido; desta forma poderia arrastar-se

a verificação por largo tempo, vindo o ideal de justiça a ser sacrificado pelo desejo

de aperfeiçoar a decisão”.

A partir dessa mudança, as decisões que são compostas de julgamentos

versos terão a mesma eficácia daquelas decididas em unanimidade, apenas

podendo ser reformadas por aquele órgão que prolatou a decisão, por meio dos

embargos de declaração.

Quanto aos recursos mantidos ou inclusos no Novo Código de Processo Civil,

cabe breve consideração.

A Apelação é um recurso, pelo qual as partes insurgem contra sentença. Para

Barbosa Moreira, é o recurso cabível contra toda e qualquer sentença.

O Novo CPC manterá o agravo de instrumento e suas hipóteses de cabimento.

Isso porque as questões não acatadas por esse recurso poderão ser questionadas

no momento da apelação. Isto é, se a decisão resultar em dano à parte vencida,

Page 15: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

ela poderá ser discutida em preliminar de apelação. A celeridade, neste caso,

torna inexigível a interposição de um recurso, agravo retido, mantendo a

possibilidade de discussão em momento posterior.

O agravo de instrumento não sofreu alteração na forma, sendo que deve ser

direcionado diretamente ao tribunal competente, por meio de petição com os

requisitos de exposição do fato e do direito, as razões do pedido de reforma da

decisão e o próprio pedido, o nome e o endereço completo dos advogados

constantes do processo.

O novo código prevê o cabimento do agravo interno ao dispor:

“Art. 936. Ressalvadas as hipóteses expressamente previstas neste Código ou em

lei, das decisões proferidas pelo relator caberá agravo interno para o respectivo

órgão fracionário, observadas, quanto ao processamento, as regras dos

regimentos internos dos tribunais.

§ 1º. O recurso será dirigido ao órgão colegiado competente, e, se não houver

retratação, o relator o incluirá em pauta para julgamento colegiado, na primeira

sessão.

Quanto ao recurso ordinário, não houve qualquer mudança quanto seu

procedimento, salvo algumas alterações na sua escrita na forma da lei, o que não

implicará em alguma mudança na sua aplicação.

“Art. 981. Serão julgados em recurso ordinário:

I – pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e

os mandados de injunção decididos em única instância pelos tribunais superiores,

quando denegatória a decisão;

II – pelo Superior Tribunal de Justiça:

a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais

Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal e

Territórios, quando denegatória a decisão;

Page 16: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

b) as causas em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo

internacional e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

Parágrafo único. Nas causas referidas no inciso II, alínea b, caberá agravo das

decisões interlocutórias.

Art. 982. Ao recurso mencionado no art. 981 aplica-se, quanto aos requisitos de

admissibilidade e ao procedimento no juízo de origem, as disposições relativas à

apelação, observando-se, no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de

Justiça, o disposto nos seus regimentos internos”.

O novo código de processo civil mantém a possibilidade de interposição dos

recursos especiais, para o STJ, e extraordinários, para o STF.

O recurso especial é destinado a dar ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a

possibilidade de julgar questão federal de natureza infraconstitucional, que foi

decidida antes pelo Tribunal Regional Federal, Tribunais dos Estados, do Distrito

Federal e Territórios. Esse recurso tem a finalidade de garantir a autoridade das

leis federais e uniformização de seu entendimento e aplicação em todo território

nacional.

Já o recurso extraordinário é endereçado ao Supremo Tribunal Federal (STF) com

o intuito de combater decisão judicial contra a qual não caiba outro recurso. Esse

recurso tem como premissa a ofensa a normas constitucionais e a sua finalidade é

uniformizar, a interpretação ou aplicação da norma constitucional.

A hipóteses que poderão ser interpostos tais recursos são determinados pela

Constituição federal de 1988.

O recurso especial é cabível quando, conforme dispõe o artigo 105 da

Constituição, as causas decididas, em única ou última instância pelos tribunais

mencionados acima, contrariem:

1) tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

2) Se a decisão julgar valido ato do governo local contestado em face de lei

Page 17: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

federal; ou

3) der a lei federal interpretação divergente da que lhe tenha atribuído outro

tribunal.

As causas de cabimento do Recurso Extraordinário vêm elencadas no artigo 102,

III da Constituição do Brasil. Esse artigo dispõe que caberá o Recurso

Extraordinário contra as decisões proferidas em ultima instancia que:

1) contrariar dispositivo da Constituição;

2)declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

3) julgar válido lei ou ato local contestado em face da Constituição.

Em ambos os recursos para serem interpostos é necessário, para a sua

admissibilidade, que a matéria a ser discutida já tenha passado por um pré-

questionamento e tenha repercussão geral.

Foram acrescidas, no entanto, as determinações dos artigos 986 e 987 que

permite ao STJ, quando entender que a matéria do recurso é constitucional,

remeter os autos ao STF que os avaliará podendo julgá-los ou considerar o STJ

competente para o recurso. Nesse último caso o STF devolverá, por decisão

irrecorrível, os autos ao STJ que julgará o recurso.

A mudança que, entretanto, merece maior destaque com relação ao Recurso

Especial e o Recurso Extraordinário não referem-se apenas a esses dois recursos,

mas pode vir a causar grande impacto no número de processos que em sede

recursal chegam aos tribunais superiores. Trata-se do incidente de resolução de

demandas repetitivas.

Esse incidente permitirá a aplicação da mesma sentença a todas as causas que

tratem de questão jurídica idêntica. Pelo Código atual, as ações são analisadas de

maneira autônoma, o que majora o trabalho do juiz com casos iguais e multiplica

decisões diferentes sobre o mesmo direito. A instauração desse incidente permite

aos tribunais julgar os processos por amostragem, o que torna o trabalho do

Page 18: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

judiciário mais célere e diminui o número de recursos que chegam aos tribunais

superiores, pois uniformiza as decisões.

Em suma, não se pode considerar significativas inovações nos recursos. As

hipóteses de execução provisória continuam limitadas, artigo 1.025, NPCP, exclui-

se o agravo retido do sistema processual, mas exige-se “prévia apresentação de

protesto” sobre questões resolvidas na fase de conhecimento, artigo 1.022,

parágrafo 2º. Em relação às hipóteses de decisões monocráticas, somente se

substituiu o termo “jurisprudência dominante” para limitá-lo ao incidente de

resolução de demandas repetitivas e assunção de competência, artigo 945, III a V.

Diante de todas as mudanças propostas no Novo Código de Processo Civil, pode-

se afirmar a intenção dos legisladores de simplificar a sistemática recursal,

utilizando uma linguagem mais didática, inclusive, resolvendo dúvidas existentes,

e excluindo do ordenamento recursos cuja eficácia era discutida por grande parte

dos operadores do direito.

Leia mais: http://jus.com.br/artigos/37522/sistema-recursal-no-novo-codigo-de-

processo-civil#ixzz3kg5Fldwg

http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8926/O-sistema-recursal-no-Novo-

Codigo-de-Processo-Civil

apenas a decisão contenciosa em casos extremos.

[1] SILVA, Ovídio Batista da apud SAMPAIO JUNIOR, José Herval.

Entrevista-Tutelas de urgência no Novo CPC. Disponível

em:<http://www.cartaforense.com.br/conteudo/entrevistas/tutelas-de-urgencia-no-

novo-cpc/8275>; acessado em 07-04-2014.

Page 19: Fim Do Processo Cautelar- trabalho

http://www.ambito-juridico.com.br/site/?

n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12685

http://jus.com.br/artigos/36451/a-extincao-do-processo-cautelar-no-projeto-

do-novo-codigo-de-processo-civil

http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI218846,101048-

Tutela+Cautelar+e+Tutela+Antecipada+no+CPC+de+2015+Unificacao+dos

http://www.gianellimartins.com.br/artigos001.php?view=NTU=