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filosofia contemporânea carlos joão correia 2018-2019 1ºSemestre

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Page 1: filosofiacontemporânea - Carlos João Correia's ... · carlos joão correia 2018-20191ºSemestre. 1. A teoria da evolução de Darwin visa explicar como surgiram as diferentes espécies

filosofia contemporânea

carlos joão correia 2018-2019 1ºSemestre

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1. A teoria da evolução de Darwin visa explicar como surgiram as diferentes espécies vivas a partir de um antepassado comum, no limite, LUCA (“Last universal common ancestor”).

2. O principal mecanismo dessa evolução é, segundo Darwin, a selecção natural (em analogia com a “artificial”) cuja ideia central consiste em afirmar que, a partir das variações acidentais no seio de uma população de seres vivos, só aqueles [seres vivos] que estiverem adaptados ao seu ambiente conseguem sobreviver e, como tal, reproduzirem-se.

3. Em face da objecção do que actualmente é conhecido como a “deriva genética” (homogeneização tendencial das características das populações), Darwin sugere a hipótese da ”pangénese”, tese próxima do lamarkismo, segundo a qual características adquiridas seriam transmitidas através de “gémulas” aos gâmetas. Deste modo, não só a homogeneização seria retardada, como novas qualidades adquiridas revelar-se-iam úteis à sobrevivência. O neo-darwinismo abandona a teoria da pangénese porque considera que a selecçãonatural das mutações úteis é suficiente. Logo, a evolução passa a ser definida como a mudança na estrutura genética de uma população de seres vivos.

4. O terceiro grande mecanismo da evolução é, segundo Darwin, a selecção sexual (ex.cauda do pavão), hipótese assumida pelo neo-darwinismo (a selecção sexual seria um dos impacto do ambiente na reprodução).

5. A primeira grande dificuldade do darwinismo é explicar as variações bruscas, “explosivas”, como as que aconteceram, a título de exemplo, na chamada exposição ou radiação cambriana. Este problema levou Stephen Jay Gould a defender a evolução como um “equilíbrio pontuado” ou Stephen C. Meyer a sustentar que um mecanismo acidental não é suficiente nem para explicar a origem da vida nem as ”variações bruscas”.

5. Análise do argumento do “Boeing 747” apresentado pelo matemático e astrónomo Fred Hoyle. No seu livro, Evolution from Space (1982), Fred Hoyle calculou que a probabilidade do surgimento acidental do conjunto de enzimas necessários à existência dos seres vivos mais simples seria de 1040000, um número inimaginável.

6. Análise da resposta do neo-darwinista Richard Dawkins (“gâmbito do 747”), segundo o qual se tivermos em conta o número igualmente inimaginável de anos da vida na Terra (3.500 milhões de ano) o surgimento de novas espécies e de órgãos complexos torna-se perfeitamente inteligível tendo como base a selecção natural (o “relojoeiro cego”).

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7. Segundo Bergson, a tese darwinista da “causa externa negativa” (selecção) não é plausível na explicação de órgãos complexos, cujas partes se exigem mutuamente para que o todo funcione.

8. Mas a principal objecção de Bergson prende-se com o surgimento em momentos diferentes dos mesmos órgãos complexos (ex. olhos) em filos com evolução muito diferenciada. Tal facto implicaria “o concurso de um número quase infinito de causas infinitesimais”.

9. Segundo Bergson, a teoria das variações bruscas acidentais exigiria algo tão improvável matematicamente como as variações insensíveis, a saber, o surgimento brusco de sistemas complexos, implicando uma coordenação de partes imprescindíveis ao funcionamento do todo.

10. Segundo Bergson, as teorias lamarckianas não são suficientes na medida em que a transmissão hereditária de caracteres adquiridos são, se forem verdadeiras, excepção e não a regra, o que dificilmente explicaria o surgimento de órgãos complexos.

11. Para Bergson, todas as explicações inteligíveis falham porque a vida faz parte do que os biólogos chamam “instinto”. O elã vital é a expressão da Duração (tempo qualitativamente experienciado) e traduz, no caso da evolução da vida, o impulso interior de resolução das dificuldades inerentes à transformação da energia material em factor não só de sobrevivência, mas de criatividade. A evolução da vida é imprevisível e não obedece nem a um desígnio nem é o efeito de causas mecânicas acidentais e exteriores. Duração (tempo vivido) e Matéria conjugam-se no processo infinito de diferenciação e de heterogeneidade criativa. Como diz, Deleuze: “a Duração chama-se vida quando aparece nesse movimento” de diferenciação.12. Análise da hipótese de Sal (Salman) Khan, segundo a qual a teoria darwinista da evolução da vida e o argumento do desígnio não são necessariamente incompatíveis, mostrando analogamente como fractais derivam de equações simples e elegantes.

13. Como conclusão, citação do final da obra de Bergson, As Duas Fontes da Moral e da Religião, onde surge um vislumbre de desígnio: “A humanidade geme, meio esmagada sob o peso do progresso que conseguiu. Ela não sabe suficientemente que o seu futuro depende dela. Cabe-lhe primeiro ver se quer continuar a viver. Cabe-lhe indagar depois se quer apenas viver ou fazer, além disso, um esforço para que se realize, neste nosso planeta refractário, a função essencial do universo, que é o de ser uma máquina de fazer deuses.” (MR, 1245).

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Paul Ricoeur 1913-2005

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Paul Ricœur 1913-2005

Philosophie de la volonté. Tome I: Le volontaire et l'involontaire. Paris: Aubier, 1950. Philosophie de la volonté. Tome II: Finitude et culpabilité. Paris: Aubier, 2 volumes, 1960.De l'Interprétation. Essai sur Freud. Paris: Seuil, 1965.Le Conflit des interprétations. Essais d'herméneutique I. Paris: Seuil, 1969.La Métaphore vive. Paris: Seuil, 1975.Temps et récit. Tome I: L'intrigue et le récit historique. Paris: Seuil, 1983; Temps et récit. Tome II: La configuration dans le récit de fiction. Paris: Seuil, 1985.Temps et récit. Tome III: Le temps raconté, Paris: Seuil, 1985.Du Texte à l'Action. Essais d'herméneutique II. Paris: Le Seuil, 1986.Lectures on Ideology and Utopia. New York: Columbia Univ.Press, 1986.Le Mal. Un défi à la philosophie et à la théologie. Genève:Labor & Fides, 1986.“L’Identité narrative”. Esprit 7-8 (1988) 295-304.Soi-même comme un autre. Paris: Seuil, 1990.Autrement. Lecture d'Autrement qu'être ou au-delà de l'essence d'Emmanuel Levinas. Paris: PUF. 1997.Le Juste I. Esprit, 1995; Le Juste II. Paris: Esprit, 2001.Ce qui nous fait penser. La nature et la règle (c/Jean-Pierre Changeux). Paris: Odile Jacob, 1998.Lectures. Tome I : Autour du politique. Paris: Seuil , 1999; Lectures. Tome II: La contrée des philosophes. Paris: Seuil, 1999; Lectures. Tome III : Aux frontières de la philosophie. Paris: Seuil, 1999.La Mémoire, l'histoire, l'oubli. Paris: Seuil, 2000.Parcours de la reconnaissance. Trois études. Paris: Stock, 2004.Écrits et Conférences. Autour de la Psychanalyse. Paris: Seuil.2008; Écrits et Conférences 2. Herméneutique. Paris: Seuil. 2010; Anthropologie Philosophique. Écrits et Conférences 3. Paris: Seuil. 2013. Politique, économie et société. Écrits et Conférences 4. Paris: Seuil. 2019.

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University of Chicago Press. 1995 São Paulo. Martins Fontes. 2014

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1988

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1. A experiência de si [Selfhood]. O que é o “si” [Sentimento de Si]?

II. O que é uma Pessoa?

III. O Problema da Identidade Pessoal

IV. O que é a Identidade Narrativa?

V. O que é a Ipseidade?

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“Se depois de eu morrer,quiserem escrever a minha biografia,Não há nada mais simples.Tem só duas datas - a da minhanascença e a da minha morte.Entre uma e outra todos os dias sãomeus.”Fernando Pessoa/Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos (escrito entre1913-15; publicado em Atena nº 5, Fevereiro de 1925.)

I - A Experiência de Si

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Clarice Lispector .Água viva. São Paulo: Círculo do Livro. 1973, 41Água Viva. Rio de Janeiro: Rocco.1973, 41

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“As imagens que correspondem às suas percepções externas e àspercepções daquilo que recorda ocupam quase toda a extensão da suamente, mas não ocupam a sua totalidade. Para além destas imagens,existe igualmente uma outra presença que o significa a si (…) Se estapresença não existisse, como poderia saber que os seus pensamentos lhepertencem? Quem poderia afirmá-lo? Esta presença é calma e subtil e porvezes é pouco mais do que uma alusão meio aludida e um dom meiocompreendido (…). Nesta perspectiva, a presença do si é o sentir daquiloque acontece quando o seu ser é modificado pela acção de apreenderalguma coisa. Essa presença tenaz nunca desiste”.

António Damásio. O Sentimento de Si. Lisboa: Europa-America. 2000, 29.