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FILOSOFIA, ÉTICA E

DESENVOLVIMENTO

HUMANO

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FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO

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IMES Instituto Mantenedor de Ensino Superior Metropolitano S/C Ltda.

William Oliveira Presidente

MATERIAL DIDÁTICO

Produção Acadêmica Produção Técnica George Sales | Autor Márcio Magno Ribeiro de Melo | Revisão de Texto

Equipe

Ana Carolina Paschoal, Andrei Bittencourt, Augusto Sansão, Aurélio Corujeira, Fernando Fonseca,

João Jacomel, João Paulo Neto, José Cupertino, Júlia Centurião, Lorena Porto Seróes, Luís Alberto Bacelar,

Paulo Vinicius Figueiredo, Roberto Ribeiro, Paulo Vinicius Figueiredo e Roberto Ribeiro.

Imagens Corbis/Image100/Imagemsource

© 2009 by IMES

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida

ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, tampouco poderá ser utilizado

qualquer tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem a prévia autorização, por escrito, do

Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia S/C Ltda.

2009

Direitos exclusivos cedidos ao Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia S/C Ltda.

www.ftc.br

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SUMÁRIO

TEMA 01 - A ORIGEM E EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO ............................................................. 4

TEMA 02 - A REFLEXÃO FILOSÓFICA E O PROCESSO DO CONHECIMENTO HUMANO ............................. 12

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TEMA 0TEMA 0TEMA 0TEMA 01111 ---- A ORIGEM E EVOLUÇÃO A ORIGEM E EVOLUÇÃO A ORIGEM E EVOLUÇÃO A ORIGEM E EVOLUÇÃO DO DO DO DO PENSAMENTO FILOSÓFICPENSAMENTO FILOSÓFICPENSAMENTO FILOSÓFICPENSAMENTO FILOSÓFICOOOO

Precisamos estar atentos aos desafios que a vida nos impõe, pois existe uma força maior que impulsiona a todos, alguns chamam de DEUS, outros, de NECESSIDADE. Acredito que não im-porta o nome, o que verdadeiramente importa é que tenhamos compreensão que somos de um planeta, e este mundo, necessita que nos ajudanemos em todos os níveis.

E da filosofia, tenho certeza que jamais iremos nos afastar, visto que o pensamento filosófico se encontra no seio da história, mergulhado dentro e fora do mundo, mesmo diante das fraquezas do ser humano por temor ou por sucumbir a alguns desejos dos que praticam a antifilosofia que, embora seja “filosofia”, está constantemente cavando o seu próprio fim.

Já se faz necessário buscarmos uma auto-educação, uma autonomia plena, começando a ten-tar compreender o que ainda não entendemos, esse é um caminho para desenvolvermos, por e-xemplo, uma competência.

Precisamos enquanto estudantes e seres humanos dotados de racionalidade nos jogarmos nos caminhos das descobertas, até para descobrirmos o que precisamos aprender.

O que precisamos conhecer.

O que precisamos descobrir.

O que precisamos fazer.

O que precisamos para vencer as dificuldades.

A origem e a evolução do pensamento filosófico ocidental iniciaram-se precisamente na GRÉCIA ANTIGA, (nesse momento vale reforçar que estamos falando do ocidente) com as narra-tivas mitológicas que especificamente nos apresentam concepções de um mundo, uma civilização ou uma época que destacam em seus relatos, aventuras de figuras imaginadas por pesquisadores e estudiosos dos mitos gregos também conhecidos como mitógrafos.

Os personagens de novelas e filmes executam aventuras brilhantes e demonstram uma co-ragem além do humano. Isso é o reflexo daqueles considerados os primeiros escritos da civilização ocidental, as epopéias homéricas, (A Odisséia e a Ilíada), em que grandes heróis travavam grandes batalhas e belos diálogos com os mitos gregos (Zeus “pai dos deuses e dos homens”, Atena “a rai-nha do céu, associada também ao relâmpago e à tempestade”).

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A partir dos contatos culturais com outros povos pelo processo da navegação e do comércio, os gregos perceberam a grande necessidade de uma justificativa mais aceitável que pudesse dar conta de suas relações intrapessoais, interpessoais, universais e institucionais, pois o mito já não satisfazia as necessidades existentes na época.

Se observarmos ao longo da tradição histórico-filosófica, iremos de fato ter conhecimento dessa considerada fase primeira da filosofia grega conhecida como período pré-socrático, intitula-do dessa forma por ter sido anterior ao filósofo Sócrates um dos maiores marcos da filosofia.

Cosmologia é uma palavra composta por duas outras: (Kosmos) que significa “ordem e organi-zação do mundo”, e (Logia) originada da palavra logos “pensamento ou discurso racional acerca do conhecimento” dando assim o considerado primeiro passo à grande aventura intelectual da filosofia como conhecimento racional da ordem, da natureza e do mundo.

Esse período abarca práticas filosóficas desenvolvidas desde (623-546 a.C.), com Tales de Mi-leto (nascido na cidade de Mileto, que fazia parte das cidades-estado gregas (polis) situada na Jô-nia, litoral ocidental da Ásia menor).

Entre alguns dos mais conhecidos filósofos do período cosmológico, destacam-se Tales, Ana-ximandro, Anaxímenes (das cidades da jônia), Pitágoras da cidade de Samos, Heráclito de Èfeso região jônica e Parmênides de Eléia, também situada na Magna Grécia. Esses três últimos, estuda-remos posteriormente.

Pitágoras nasceu na cidade de Samos e emigrou por volta de 531 a.C. para a cidade de Cró-tona no sul da Itália. Em Crótona, fundou uma comunidade na qual se primava pela autodisciplina e principalmente o sigilo, ensinando seus seguidores uma doutrina que intitulou metempsicose, ou seja, recordação das existências anteriores. Segundo Pitágoras, a alma tem sua própria divindade e se pode anteriormente ter existido como animal ou planta e que através de uma dedicação religio-sa pode-se atingir a libertação.

Seguindo essa reflexão sobre alguns filósofos pré-socráticos, veremos agora um pouco acerca do pensamento de Heráclito.

Representante do pensamento dialético dando fundamento a sua cosmologia e argumentan-do que o mundo e todas as coisas estão em constante movimento e transformação, uma de suas frases mais famosas nos diz que jamais podemos entrar duas vezes em um mesmo rio, porque no-vas águas estão sempre fluindo, pois tudo flui.

Dando sequência ao nosso trabalho, iremos conhecer um pouco da filosofia de Parmênides nascido em Eléia na Magna Grécia, litoral oeste da península Itálica 510 a.C.

Parmênides buscou atributos de um ser puro, ideal e lógico mesmo sabendo das dificuldades encontradas em um mundo que considerou ilusório nas aparências e nas sensações vividas pelos seres humanos no seu cotidiano, mas sempre os alertou para uma razão manifestada através dessa realidade, porém dentro de uma busca incessante pela essência, coerência e verdade dessa realida-de na qual do caos pudéssemos estabelecer a ordem.

Filosofar nessa perspectiva é ver os fenômenos do mundo naturalmente, e não como uma ameaça ou punição divina. Os fatos sociais passaram a ser encarados como relações humanas, e os

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valores da vida do viver e do relacionar vieram a orientar as pessoas, suas comunidades e suas famílias fugindo dessa forma da tradição mitológica e da determinação dos deuses.

Há quem diga que os filósofos pré-socráticos fracassaram na tentativa de resolver o proble-ma do UNO e do MULTIPLO, porém essas criaturas denominadas filósofos pré-socráticos viveram em humildes colônias gregas, e são de grande importância para todos os pensadores que vieram posteriormente, pois a partir daí, começaram a despertar e se voltar para o estudo das pessoas.

Mas afinal o que é filosofia? Será que já podemos arriscar uma resposta, ou até mesmo criar outras questões? Que tal antes de ler o próximo parágrafo tentar refletir e elaborar um texto sobre essas questões?

A Filosofia é um ramo do conhecimento que se caracteriza pelo conteúdo ou temas que a-borda, pela forma como trata tais temas e pela função que exerce na cultura.

É um estudo das características mais gerais e abstratas do mundo e das categorias com que sentimos, pensamos e agimos: mente, matéria, razão, demonstração, verdade etc. São os próprios conceitos através dos quais compreendemos o mundo que se torna tópico de investigação.

No sentido mais simples da palavra, tem sua significação derivada do grego e resulta da união de outras duas palavras: philia, que significa "amizade", "amor" –, e sophia, que significa "sabedo-ria", "conhecimento". Desse modo filosofia é amor – no sentindo ilimitado – ao conhecimento e busca pela sabedoria.

Estabelecer um conjunto de ideias e sistemas possibilitando uma melhor compreensão do mundo.

Através de deduções lógicas e racionais; de análise minuciosa dos fatos; da argumentação; do diálogo; em todas as ocasiões do viver em relação buscando a todo tempo despir o que possa estar encoberto pelo poder.

O filósofo quase sempre pesquisa, deduz, analisa, reflete os fatos em primeiro consigo mes-mo, posteriormente há um possível diálogo com alguém ou com um grupo de pessoas, sempre com recurso do diálogo, da argumentação, da reflexão, do pensar com auxílio da inteligência, da percepção, da meditação, entre outras atividades psíquicas que lhe deem possibilidades de dedu-ções lógicas.

A filosofia como saber prático vem influenciando nossas vidas desde a Grécia Antiga. Nossa forma de pensar e questionar tudo ao nosso redor, esse legado devemos agradecer aos filósofos gregos que nunca se conformaram com estruturas existentes como se fossem as únicas possíveis.

Eis que a reflexão é necessária em todas as coisas, pois o ser humano refletindo aprende a distinguir o verdadeiro caminho que deve seguir.

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Afinal ainda não sabemos muito, e enquanto não se sabe muito ou porque não dizer, tudo, não é possível viver sem errar.

Eis que, os erros de alguns de nós devem ser motivo de reflexão para todos.

Quero dizer nesse momento que todos nós temos condições plenas de transformarmos nossa realidade como seres SAPIENS-que sabem. E FABER- que fazemos ou fabricamos, e esses aspectos da nossa realidade nos dar indícios de que somos capazes de crescer com, e por nossos esforços, sem decrescer ninguém, ampliando em nós um bem pensar e agir, sempre mais belo, rico e significativo.

Ao ponto de podermos realizar, no mínimo, sempre mais.

Dizer sobre algo, estabelecer conceitos, ter um ponto de vista uma proposição provisória, um palpite, buscarmos caminhos e direções que possam nos trazer algumas soluções, se houver.

No ponto de vista filosófico o ceticismo é um seguimento ou uma corrente de pensamento que duvida acerca da possibilidade de se chegar ao conhecimento.

Porém não tenho dúvidas que existem aqueles seres humanos que se sentem impulsionados a indagar acerca do princípio, da origem e do sentido daquilo que cremos e apostamos.

É nesse sentido que começamos a perceber o porquê da necessidade da filosofia em nossas vidas, pois concebemos que os nossos interesses reais não são só materiais.

Percebam hoje, as grandes contradições e a incompatibilidade entre as crenças ampliando cada vez mais a crise coletiva já estabelecida entre nós seres humanos.

Diante deste fato e do advento da globalização aliado às novas tecnologias algumas pessoas ainda buscam fazer de conta que não existem problemas a serem resolvidos e levam suas vidas como se estivesse tudo muito bom e muito bem.

Desta forma, nos falta poder de argumentação, de idéias próprias. Às vezes nos fazendo es-quecer que ser humano é buscar saber ser não mais estranho ao conhecimento muito menos ao autoconhecimento, à verdade, e participar do íntimo de sua beleza, riqueza e significação; de sua sabedoria, atitude e força; enfim de sua eterna alegria.

Imaginem vocês o que os filósofos pensariam sobre o ensino de filosofia se este se mantivesse pautado em um amontoado de sistemas fechados e mecânicos.

Nesse sentido, o professor de filosofia seria apenas um mediador passivo entre ideias filosó-ficas que se acumulam ao longo dos tempos.

Mas já nos cabe refletir sobre nossa postura nesse mundo, nossa maneira de pensar, nossos an-seios, de nossas inquietudes e manifestá-las diante de algumas respostas que já nos trazem prontas.

É necessário ampliarmos nossas buscas, porque filosofia é antes de tudo uma atitude de vida, e quem a busca não corrompe a sua mente, muito menos distorce seus princípios.

Filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles, Epicuro e outros que com seus pensamentos e suas teorias superatuais após séculos, também enfrentaram grandes dificuldades, barreiras, guer-ras, tiranias, que até o hoje nos incomodam, mas quando esses filósofos se depararam com essas situações usaram de uma atitude de empenho e discernimento sobre a vida, o viver, e as relações que os rodeavam ampliando sempre o que podemos chamar de AMOR A SABEDORIA.

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Sabemos que todo tipo de trabalho acarreta em dificuldades e principalmente responsabili-dades, sobretudo no que se refere ao nosso conhecimento e a nossa sabedoria, não raro alguns em-pecilhos se transformaram em verdadeiras muralhas em função de toda essa correria desenfreada em busca da sobrevivência e de um lugar ao sol.

Mas sem dúvida, essas barreiras não são intransponíveis e poderão ser vencidas pela persis-tência e pelo esforço de nosso trabalho e consequentemente nossas realizações, revendo, reconstru-indo e resignificando ideias de grandes filósofos que pensaram criticamente sobre questões que costumamos ignorar em nosso dia a dia, e que obscurecem nossos raciocínios e reflexões fazendo com que para nós, muitas vezes não fique claro que o importante não é ficar preso ao passado, mas sim retomar algumas questões que um dia foram abandonadas ou até mesmo vistas como resolvi-das, e fazer delas um caminho no qual se possa trilhar abrindo novas possibilidades e novas ques-tões para presentes transformações e não simplesmente ser instrumento de dominação de quem quer que seja.

Iniciar-se em filosofia é uma tarefa que requer atitude e predisposição para os desafios, e as crí-ticas eventuais, porém crítica em filosofia quer dizer capacidade de julgar e decidir corretamente.

Assim, para a filosofia a crítica não tem o sentido de dizer que tudo vai mal, feio, ou desa-gradável. Afinal é dever de todo ser humano antes de lançar um comentário a qualquer outro sempre buscar olhar para si tentando ser prudente para que o conhecimento venha e, a partir de si, se pratique sem estranheza a verdade, participando do íntimo de sua beleza, riqueza e significação.

Esse desejo de refletir e buscar saber um pouco mais é costumamente chamado de atitude fi-losófica na qual nós começamos a perceber absurdos, contradições, incoerências, pois essa reflexão nos leva a trilhar um caminho que nos afaste de tantas decepções, dores e sofrimentos, fortalecen-do nossa paciência e honestidade principalmente para dar beleza àquilo que fazemos.

Se pesquisarmos e analisarmos a filosofia partindo da Grécia |Antiga iremos perceber um alastramento de ideias e pensamentos que perdura até nossos dias com diversos caminhos.

Apesar de todo esse cabedal de conhecimento, denota-se ao longo desse processo uma notável coerência em suas elaborações no sentido de que cada fase tem seu progresso em relação à anterior.

Um dos conceitos de história nos diz que esta é a interpretação da ação transformadora do homem no tempo, dessa forma podemos observar que o autoconhecimento e o conhecimento apa-recem como necessidade primeira num processo de preparação para o enfrentamento dos riscos de possíveis erros que estão permeando todos nós, mas que não raro são os pontos de partida para essa histórica transformação.

Se nossa sociedade está doente e pouco reflexiva, é bastante claro que estamos a todo instan-te sendo estimulados ao consumo desenfreado, e a competitividade exploradora, em uma econo-mia capitalista que fomenta sempre o individualismo.

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Nesse momento vamos refletir e tentar sistematizar um pouco mais.

O que você entende por analisar profundamente e ler por dentro? Qual a sua concepção acerca do que venha a ser reflexão filosófica? Analise e escreva um pouco sobre esta frase do filósofo Sócrates: “Uma vida que não é examina-da não merece ser vivida”. Que tal você dá sua opinião acerca do que venha a ser um ser humano criativo e criterioso. Será que temos a dimenção do que é um privilégio e uma obrigação. Que reflexão posso fazer sobre esse pensamento do filósofo Matthew Lipman: “A filosofia exa-mina modos alternativos de pensar dizer e agir”.

O conhecimento filosófico é um rever, reconstruir, resigni-ficar, um pensar crítico que leva o ser humano agir dentro de princípios que fundamentam um equilíbrio dinâmico, e levam a razão humana a descobrir os significados mais profundos da realidade em que vive.

É necessário para o profissional contemporâneo se tornar capaz de adaptar-se facilmente, absorver conhecimentos, ter ini-

ciativa e criatividade em qualquer que seja a sua atuação no mercado de trabalho.

A filosofia leva o ser humano a fazer não só uma leitura de mundo externa, mas ler por den-tro dos fatos acontecidos, e não raro algumas coisas que poderão vir a acontecer.

E isso não tem nenhum mistério, nem é coisa de outro mundo, é apenas um olhar diferencia-do para o todo, e para as partes, observando o alicerce e a base em que se sustenta, e a partir daí poder interpretar a dinâmica das coisas e do mundo.

Cabe ao filósofo refletir acerca do que venha a ser ciência, arte, ser humano, condição huma-na, trabalho, liberdade e outras coisas mais.

Desenvolver a capacidade de observador, a ponto de agir tentando não mais favorecer o so-frimento, pois toda ação desprovida de inteligência tende a favorecer o sofrimento.

Buscar compreender quais suas validades e limites, e até mesmo o que é essa objetividade que alguns falam, e buscam.

O desejo maior de alguns filósofos (acredito eu que a maioria) é o de encontrar a essência e o significado dos fenômenos.

Usando métodos que busquem decifrar estes, tendo como indispensável a busca de sermos humanos livres e principalmente responsáveis em nossas escolhas.

A ponto de sabermos que ser humano é buscar saber não mais alvejar, engessar e/ou fossilar sua inteligência, ser previdente, providor e preventivo a ponto de ganhar de absolutividade o que perde de relatividade.

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E poder através do diálogo, da comunicação, da linguagem, expandir o conhecimento adqui-rido a quem quer que seja.

O filósofo e sociólogo Karl Marx, nos mostra em seus escritos que muitas vezes o conhecimento aparece de forma distorcida, como ideolo-gia, ou seja, como conhecimento ilusório que tem por finalidade masca-rar os conflitos sociais e garantir a dominação de uma classe sobre outra.

Que lições e qual reflexão podem ser tiradas do pensamento de Marx?

É a forma pela qual os indivíduos são levados a sentir, pensar e agir de acordo com quem está no poder, quem detém o poder, quem está dominando, e quase sempre explorando e escravizando.

Não raro, uma forma de camuflar a realidade, os conflitos sociais, e o que é pior, expondo e apresentando para a sociedade uma aparente harmonia entre todos.

Será que aí se encontra uma visão da falsidade do que se chama de valores morais?

A ideologia privilegia a aparência, dificultando, encobrindo e retardando a verdade.

Será que é difícil enxergar que em nosso contexto social, muitos conflitos se escondem e se mascaram dentro de condições desiguais de trabalho e de vida da nossa população.

No sentido pejorativo a ideologia é isso, ideias deslocadas em relação aos fatos reais.

No sentido doutrinário será a influência feita através de ideias com o objetivo de convencer e atrair adeptos.

Partindo desse princípio, percebemos que o poder não é uma coisa qualquer, mas sim uma relação entre seres, que pode ter várias faces.

O poder nos envolve, mas não é uma manifestação solitária, é uma manifestação social, polí-tica, enfim uma manifestação relacional, até mesmo entre os pares de pessoas.

Quem detém o poder termina tendo a capacidade de direcionar, influenciar e não raro, con-seguir aquilo que deseja.

É um fenômeno do ser humano sobre outros seres, e há quem sustente que também é do homem sobre a natureza.

Existe o poder ideológico, talvez o mais perigoso, por estar se utilizando de ideias, doutrinas, valores para uma influência direta sobre a conduta de outros, o que alguns chamam também de alienação.

O poder econômico, diretamente ligado a posses e bens, que quase sempre induzem os me-nos favorecidos a determinados modelos de comportamento e realização de algum tipo de serviço.

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E o poder político usando a coerção social através dos mecanismos de estado, a força física considerada legítima e de direito.

Existe de fato uma relação direta entre essas formas de poder, estão conjuntamente contribu-indo, mantendo e ampliando a relação entre fortes e fracos com base no poder político, ricos e po-bres com base no poder econômico, e sábios e ignorantes com base no poder ideológico.

Nesse contexto vale trazer e lembrar-se do filósofo Platão:

“Conhecer e ter poder significa apreender O BEM, a ideia suprema e torná-la cada vez mais compreensível a todos. E dessa forma poder ter condição de conduzir e organizar uma cidade baseado não mais em opiniões, mas com um alicerce pautado em um conhe-cimento verdadeiro.

Para muitos, esse homem imaginou algo impossível uma cidade bela, mas para isso tentou estabelecer alguns caminhos nos quais se pudesse encontrar talvez esse sonho.

Suas concepções políticas e sociais avançaram por muitos anos e até séculos após sua morte, e quem pode afirmar que ainda não existam seres humanos que busquem esse sonho.

O que não se deve ocultar é que a maioria dos assuntos que ainda nos incomoda e nos aflige foi de fato abordada por esse mestre.

Todo esse empenho tinha como finalidade e objetivo ver o bem e a justiça reinarem sobre a terra, não só justiça para os cidadãos, mas também para o estado, onde criaturas como seu mestre Sócrates, em vez de serem condenadas e assassinadas fossem de fato enaltecidas, admiradas e pro-clamadas reis.

Sustento que: é da necessidade impulsionar, da vontade conhecer, da imaginação inventar, da inteligência descobrir, da verdade libertar, da consciência aproximar e da ciência identificar.

Acredito que toda relação favorece qualquer situação que provocará condutas. Se da compre-ensão vem a libertação, fatalmente da não compreensão veem a escravidão e a revolta que têm sido instrumento da violência e do desprezo, que infelizmente está sendo o maior caminho para reflexão.

Já se faz necessário revermos, reconstruirmos e resignificarmos nossa vida, nosso viver e nossas relações, pois quem é regulado pela consciência como retidão de conduta em prol de um equilíbrio entre todos, é atento aos conselhos, às advertências, bem como aos avisos, e já tem ciên-cia de que nossos atos são reflexos do que somos.

Sabemos que o mundo é um todo cultural que se ergue e se estabelece de acordo com os an-seios, necessidades e desejos dos que ali se encontram.

O que necessitamos dentro de nossa cultura é uma integração geral entre as pessoas e o am-biente, como meio de proporcionar a todos um exemplo de comportamento razoável e equilibrado exercitando a liberdade com responsabilidade.

Afinal cultura em seu sentido ANTROPOLÓGICO é a maneira que as pessoas e o meio em que vivem respondem as suas necessi-dades e desejos.

Suas ideias, suas crenças, seus costumes, sua arte, sua religião... Entre outras coisas que fazem parte da atividade humana.

Cabe-nos iniciativa, discernimento e realizações.

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TEMA 02 TEMA 02 TEMA 02 TEMA 02 ---- A REFLEXÃO FILOSÓFI A REFLEXÃO FILOSÓFI A REFLEXÃO FILOSÓFI A REFLEXÃO FILOSÓFICA E O CA E O CA E O CA E O PROCESSO DO CONHECIMPROCESSO DO CONHECIMPROCESSO DO CONHECIMPROCESSO DO CONHECIMENTO HUMANOENTO HUMANOENTO HUMANOENTO HUMANO

Falar sobre o filósofo Sócrates é para muitos falar sobre o processo do conhecimento humano uma grande interrogação. Alguns seguidores da filosofia de Sócrates dentre eles Xenofonte e seu discípulo Platão comentam em seus escritos que para eles as grandes ideias só poderiam ser entendidas pelos sá-bios, desta forma torna-se claro a sua preferência por um filósofo à frente do estado, esse seria o modelo de um perfeito governante. Assunto que iremos com certeza estudar em Platão e a sua república. Sócrates em sua época começou a representar uma ameaça à “democracia” ateniense, porque já observava a pouca participação da população. Mulheres e estrangeiros, não opinavam em decisões da polis, quem decidia os interesses de todos eram os detentores de proprieda-des e de escravos. Sua atitude era considerada sub-versiva desagradando os poderosos e dominadores que a todo tempo tentavam cooptá-lo, trazê-lo para o

seu lado, mas Sócrates sempre ao lado do povo sem distinção de classe social. As pesquisas tam-bém nos trazem uma grande passagem desse marco da filosofia. (É necessário nesse contexto es-clarecermos que ÓRACULO é uma palavra que vem do latim ORACULU e do grego ORAS que significa “VER”. Era um local frequentemente visitado onde “os grandes homens gregos” deseja-vam saber através do pronunciamento dos deuses sobre seus destinos).

Conta-se que o oráculo era do sexo feminino e fez a seguinte pergunta a Sócrates: o que você sabe? E ele como de costume respondeu, que o que sabia era que nada sabia “SÓ SEI QUE NADA SEI”, A partir desse momento, o oráculo confirmou que ele era o único homem que tinha reconhe-cido até aquele instante a sua própria ignorância, demonstrando com essa postura uma imensa sabedoria.

Sócrates viveu nos anos (470 – 399 a.C.) e intrigado com as revelações do oráculo constante-mente buscava sentido sobre tal afirmação. Foi considerado o homem mais sábio e deduziu que sua sabedoria só poderia ser fruto da grande percepção que tinha da sua própria ignorância investigan-do e questionando todo aquele que por vezes se considerasse dotado de grande sabedoria, Por esse e tantos outros motivos foi intitulado “PATRONO DA FILOSOFIA”. Sócrates lhe fazia perguntas a ponto de deixar seu povo confuso, embaraçado e pouco sabedor do que se diziam saber.

Como vimos anteriormente os grandes desafios do filósofo Sócrates não cessam e continuam sendo para nós motivo de grande atenção e reflexão.

Viveu esse grande pensador no apogeu ateniense, que influenciou toda a Grécia cultural-mente, seus grandes artistas, dramaturgos, historiadores.

Como o próprio Sócrates, que desenvolveu sua sabedoria em praça pública dialogando com a população ateniense, mas precisamente os jovens, despertando neles a necessidade de unir o saber ao fazer, (pesquisar, analisar e refletir muito antes de agir), ampliando assim sua consciência,

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buscando compreender as coisas em sua raiz desnudando dessa forma o que estava encoberto pe-las vicissitudes e pelo poder, esse também foi o grande desafio de Sócrates na relação com os sofis-tas, que eram grandes dominadores da arte da oratória (usavam com grande habilidade a palavra).

SOFISTA é uma palavra derivada do vocábulo grego, tem em seu nome a expressão minha querida SOFHIA que significa (sabedoria), ou seja, “SÁBIO”, mas virou sinônimo de discurso complexo e enganador.

Vejamos o porquê: os atenienses normalmente se reuniam na ÁGORA (praça usada para to-mada de decisões da polis), e se fazia necessário para que essas decisões fossem aceitas e aprova-das por todos, um grande poder persuasivo através do falar bem, convencendo com boa oratória a maioria que ali se encontrava, e essa necessidade favorecia aos SOFISTAS pela sua habilidade com as palavras nos discursos em público em troca de pagamento.

Dentre tantos, destacaremos um sofista que nos deixou uma celebre frase, que é seguida até os nossos dias por muitos: “O homem é a medida de todas as coisas”. Protágoras (485-410 a.C.). Os sofistas tinham uma maneira de viver suas vidas e seus interesses em conformidade com suas con-veniências individuais usando o seu discurso sempre em benefício próprio, e não da coletividade (quanta atualidade) esse tipo de argumento ficou conhecido como SOFISMA, o que importava era a satisfação dos desejos individuais e não uma busca pela verdade como primava SÓCRATES, que sempre direcionou seu filosofar e sua filosofia a estar concentrado na natureza humana, ampliando dia a dia seu conceito de valor e virtude propondo linhas de pensamentos e diálogos que levassem o ser humano, antes de tudo, a querer conhecer a si mesmo. “Conhece-te a ti mesmo”.Frase cons-tantemente usada por ele que um dia a observou gravado no templo do Deus Apolo em Delfos e tornou seu principal objeto de investigação (O AUTOCONHECIMENTO).

Eis porque esse período ficou conhecido como ANTROPOLÓGICO, voltado para o conheci-mento e principalmente, vale repetir, o autoconhecimento.

(ÁNTROPOS em grego significa HOMEM).

E Sócrates demonstrando consciência da própria ignorância buscou a todo instante um valor verdadeiro no qual o indivíduo se torne sábio e que embora tenha o direito de usar sua liberdade de imaginação, submeta-se sempre a autoridade de sua inteligência, refletindo e favorecendo a manifestação do novo, ampliando em grau significativo seu saber pensar e seu poder de interagir em prol do todo, pois insistia sempre em questões acerca do comportamento de alguns atenienses que se julgavam corretos e completos em suas decisões para si e por si mesmos.

Como vimos anteriormente, o filósofo Sócrates nos dá demonstrações do que venha a ser buscar a essência e a verdade das coisas, o valor real das relações e das virtudes.

Questão importantíssima em nossas vidas tanto no campo pessoal, quanto no profissional.

Essência essa, segundo Sócrates, encontrada através do pensamento, na busca de se estabele-cer um conceito, e não uma simples opinião que constantemente temos de tudo e de todos, opinião essa, mutável e instável.

Primou em toda sua vida em estabelecer conceitos como forma de encontrar um elemento universal no qual pudéssemos pautar nosso viver e nossas relações em uma verdade essencial e atemporal.

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Na visão deste filósofo, conhecer a verdade nos traz consequências inevitáveis, um agir equi-librado, por exemplo, sem gerar dor, decepção e sofrimento ao seu redor. Um dos fatores princi-pais do ser humano que prima em ser melhor a cada instante em se desenvolver eticamente, mo-ralmente, esteticamente (estética no que se refere à beleza nas ações) e politicamente, sob pena de viver na ignorância eterna e cometendo constantemente ações danosas a si e aos outros.

Conhecer o bem para Sócrates seria nesse contexto viver buscando saber cada vez mais, e se deixar encontrar pela verdade, pois todos nós buscamos libertação, mas poucos desprendem esfor-ços para tal fim.

A virtude aqui é adquirida através da busca pelo conhecimento, consequentemente ampliando sua sabedoria.

Este modo de ser foi a maior característica da moral socrática.

Percorrendo assim um caminho ou um objeto a ser desvendado até conseguir conhecê-lo e captá-lo através do seu pensamento e de sua profunda reflexão.

Com esforço desmedido e seguidas etapas em busca de um conceito para tal objeto de inves-tigação, jamais deixando de lado sua intuição, sua visão imediata do objeto de conhecimento, sem necessariamente provas e demonstrações de saber sobre este.

Afinal a palavra INTUIÇÃO deriva do latin – intuere (olhar atentamente, contemplar) e con-templar era uma de suas práticas constantes, pois como já vimos, sempre limitou sua sabedoria a própria ignorância acreditando que o erro era fruto de um desconhecimento qualquer.

Essas posturas lhes deram em particular ou simbolicamente o título de fundador da ciência MORAL com uma conduta ética impecável em racionalidade e temida por alguns.

Há quem comente em seus escritos, que dialogar com o filósofo Sócrates seria expor-se ao ri-dículo pela complexidade que tinha em sua linha de raciocínio usando habilmente as palavras fa-zia com que seus interlocutores ficassem perplexos.

O aperfeiçoamento do seu espírito, que lhe direcionava ao caminho da verdade consequente-mente ampliando suas virtudes, se posicionava sempre a favor dos homens mais sábios e virtuosos, não num sentido de dominação em massa, mas apostando que só os sábios deveriam governar, pois esses conseguiriam controlar seus impulsos gananciosos, sua violência e suas posturas antisociais.

Esse era o grande desafio de Sócrates, fazer com que os atenienses despertassem para a vir-tude, os valores e a verdade, proporcionando assim em todos uma consciência moral, na qual to-dos observassem sua própria conduta em seu dia a dia de relações acerca da realidade.

Sabia da sua fundamental importância no rumo da filosofia buscando fazer com que os ate-nienses a todo tempo parisem a verdade e a virtude moral olhando a todo instante para dentro de si primando e cuidando de suas almas, as quais para ele eram a morada da razão e dos valores, sendo a filosofia o caminho para a busca da verdade, e só através desse caminhar é que se conse-gue chegar à verdadeira felicidade.

Vale lembrar que Sócrates nunca deixou de lado o cuidado com a pólis (cidade) e seus habi-tantes, ainda que tenha sido um grande crítico da postura, dos costumes, dos valores e da cultura de sua época.

Para ele o exercício da virtude era também uma ação política, e observou certo desinteresse da maioria da população, pois sempre buscou alertá-los que a pólis (cidade estado) não seria so-mente uma instituição financeira, mas sim uma entidade social, e quem não estava observando

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desta forma estava perdendo a noção exata de alma e consciência, dessa maneira vivia impossibili-tado de compreender o valor real e significativo da sociedade, pois compreendia que política deve ser estendida à justiça social em qualquer lugar e a todos, permitindo aos indivíduos uma melhor formação moral, ética e estética, jamais colocando interesses pessoais sobrepostos aos coletivos, estabelecendo sempre um diálogo entre privado e público buscando incessantemente um equilí-brio entre as partes, primando pela sinceridade que é refletida em tudo que se pensa, bem como se pensar reflexivamente em tudo que se diz.

O Homem Sócrates desenvolveu sua filosofia ou seu método de filosofar no que se conven-cionou chamar de diálogos críticos, divididos em duas partes ou dois momentos: A IRONIA E A MAIÊUTICA. Para os gregos a palavra ironia tem um sentido interrogativo, e não como forma de gozação ou depreciação do outro como de costume interpretamos. Quero dizer nesse momento que essa busca não estava somente pautada numa verdade revelada e/ou experimentada, mas sim numa verdade absoluta ditada pela razão, justificada pela lógica e só aceita sendo conferida pela consciência, afinal,

(SOPHIA) “o ser humano refletindo aprende a distinguir o verdadeiro caminho que deve seguir, pois enquanto não se sabe tudo, não é possível viver sem errar. Após esse primeiro momento tendo extinguindo em seus discípulos a arrogância e a pretensão de que tudo sabiam este grande mestre da dialógica iniciava um processo de revisão, reconstrução e resignificação com seus se-guidores sugerindo-lhes questões muito bem elaboradas com o objetivo de ajudá-los a conceber seus próprios pensamentos e ideias, uma prática que aprendeu com sua mãe, FENARETA, que como parteira auxiliava a vinda de corpos ao mundo. Eis porque denominada essa parte do diá-logo socrático de maiêutica, que é um termo grego e tem como significado “A ARTE DE TRAZER A LUZ”. Como punição foi levado a julgamento e diante dos juízes replicou seus ar-gumentos se declarando inocente. Mesmo assim foi condenado à morte por envenenamento e obrigado a beber CICUTA, um veneno extraído de uma planta do mesmo nome, exceto se rene-gasse suas ideias diante do tribunal.

Entristecido com o mundo que condenou um homem como Sócrates por desmascarar com suas perguntas, o falso saber dos homens acerca dos valores humanos, mas determinado a dar sua parcela de contribuição para humanidade.

Seguindo alguns dos pensamentos de Sócrates, Platão não aceitava em hipótese alguma opini-ões e percepções sensoriais, pois as consideravam como caminho para o erro, para a mentira e falsi-dade, que considerou formas imperfeitas do conhecimento, que jamais poderiam levar a verdade.

Já Platão se difere um pouco da linha de construção de conhecimen-to de seu mestre Sócrates.

Não desfazendo do seu mestre ou da sua linha de construção.

Sempre afirmou que: “Os males não cessarão para os homens antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder”. Platão.

Esses pensamento e posicionamento de Platão ficaram conhecidos como SOFOCRACIA, “etimologicamente, o poder dos sábios”

Em sua visão, se confrontada a virtude com a vida política, deve-se ter como ponto de equilíbrio, a ética, que deve estar baseada na consciên-

cia, como compreensão de tudo e de todos, e dessa mesma forma na vida pública, ou seja, para

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Platão não teria possibilidade de haver política sem ética, como único caminho e prática da justiça e das virtudes.

Platão foi um grande crítico da política ateniense, até por que a usou quando da sua crise, como principal motivo de reflexão, procurando uma solidez nas ações dos homens que a direcio-navam.

Um dos pontos discutidos e tidos como de grande importância na filosofia de Platão foi a sua teoria das ideias na qual buscou demonstrar como o conhecimento humano pode ser desenvolvido.

Nesse ponto afirmou que processo do conhecimento se desenvolve de forma progressiva do mundo das aparências ou sombras, para o mundo das essências ou ideias.

Denominou sensível tudo que é perceptível aos sentidos, tudo que é material, que se possa trazer conhecimento por meio do nosso corpo e de nossa experiência.

Esse referencial da filosofia buscou um estilo agradável e poético para expressar seus senti-mentos colocando sempre em seus diálogos a figura do ser que mais observou e admirou seu mes-tre Sócrates.

Tal como seu mestre, Platão jamais aceitou o que chamou de conhecimento imperfeito, “o das opiniões”, buscou sempre a verdade dentro de um saber fortalecido em uma profunda pesqui-sa, análise e prática da virtude.

Como vimos anteriormente, o filósofo Platão se decepcionou com a condenação de seu mes-tre Sócrates, fato esse que acentuou seu descrédito com a “democracia”, tinha enquanto jovem o ideal de vida política, mas se convenceu que estava de fato sendo levado por um impulso sedutor pela sua pouca idade.

Sonhou em um dia governar e transformar Atenas num lugar ideal para seu povo, onde a in-justiça desse lugar a justiça, as ilusões dessem lugar a realidade e a mentira ou distorção desse lu-gar a verdade.

Em seu livro VII de A República, ilustra brilhantemente seu modo de pensar e ver o mundo com o famoso mito da caverna dando indícios fortes de que, quem consegue se libertar das falsas ilusões e correntes consegue contemplar a verdadeira realidade.

Segundo Platão, nesse mito a maioria dos seres humanos se encontra dentro de uma caverna e com as costas viradas para a abertura, onde de fato se encontra a verdadeira luz.

Olhando sempre para o fundo escuro de uma parede, e a-chando que de fato está vendo a realidade, não se dando conta de que naquela, só vê projeções ou sombras da verdadeira realidade.

E se conseguíssemos escapar dessa caverna, ai de fato esta-ríamos vendo a luz, o real, o mundo luminoso, e dessa forma es-taríamos livres da ilusão.

A partir desse momento, começaríamos a nos acostumar com a luz da realidade, e aos pou-cos perceber o real brilho do sol, pois só víamos até então, sombras.

Segundo esse filosofo, os atenienses viviam e permaneciam no nível das aparências, que se bem analisarmos, são de fato como as coisas, os fenômenos do mundo se apresentam a todos nós, e como os percebemos pelos nossos sentidos.

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Mas para esse filósofo, nesse mundo o que existe de fato são certezas particulares, não o co-nhecimento verdadeiro, é como cada um enxerga as coisas, opiniões diversas e divergentes.

Em suas reflexões concebeu que dessa forma fatalmente essas opiniões estariam recheadas de interesses particulares, logo, jamais poderiam proporcionar a quem quer que seja o conheci-mento verdadeiro, o conhecimento da essência.

Sempre acreditou na possibilidade real desse conhecimento, algo que pudesse ultrapassar a mera opinião.

Há quem afirme que por meio dos sentidos percebemos uma diversidade de coisas, de cadei-ras, por exemplo, com diversos tamanhos e formas, mas jamais nos enganamos sobre elas. São to-das cadeiras, ainda que em modelos e tamanhos diferentes, são em essência, cadeiras.

Dessa forma precisamos buscar a essência das coisas, há uma em todas as coisas, algo que possamos reconhecer como justo e de fato real.

Denominou de EIDOS – palavra que pode ser traduzida por idéia ou forma.

Se existem várias cadeiras diferentes, por outro lado existe também a idéia de cadeira, quem um dia pensou nesse objeto e o deu forma.

Segundo Platão, só existe uma idéia, isso é a essência, as diversas coisas existentes e suas transformações fazem parte do mundo sensível que é instável e não confiável.

Para ele toda idéia é imutável e existe de forma verdadeira em um mundo supra-sensível ou inteligível, antes de virar matéria existe em pensamento, em ideia, e essa é a forma que de fato po-deríamos chamar de real.

Aparentemente parece que Platão separa dois mundos, porém se analisarmos existe de fato uma interdependência entre estes, uma relação num sentido exato.

Observe: as coisas do mundo que chamou de sensível, de fato imitam as ideias ou o inteligí-vel, que lhes são correspondentes, como se fosse um artista plástico qualquer pintando um quadro do mar, estaria imitando a natureza.

Mas para ele por serem imitações jamais deixariam de ser imperfeitas. Com esse pensamento ele nos dá indício de que as coisas do mundo sensível são sempre imperfeitas e sempre estão em mutação.

Será que na mutabilidade não está de fato a imutabilidade. Vamos refletir, se eu afirmo que tudo muda, existe nessa afirmação algo imutável. O que: que tudo muda. Se para mim é uma AFIRMAÇÃO, automaticamente passa a ser para mim, imutável.

Mas nessa relação entre dois mundos trazidos por Platão é que de fato percebemos o quanto ele acreditou que o ser humano pudesse encontrar a verdade contida em tudo, sua essência, co-nhecer as ideias.

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Nesse contexto conhecer tem o sentido de lembrança, de reconhecimento de algo ou alguma coisa que um dia foi contemplada pela alma, mas por algum motivo foi esquecida pelo apego a materialidade, ao corpo, ao mundo sensível.

Segundo ele, a alma tem essa capacidade de reconhecer as ideias, por que de certa forma está ligada aos dois mundos, o sensível, dos sentidos, e o inteligível o das ideias.

No mundo inteligível como ideias – imateriais, e no mundo sensível na relação direta com o corpo físico, sendo este a ligação entre esses dois mundos.

E a função do filósofo é de despertar aos pouco essa alma para o mundo no qual se possa não só contemplar o que é o amor, o belo, mas sim desejar e buscar de fato a própria beleza, a própria riqueza e a própria significação de tudo.

E o que de fato pode haver de mais belo em nossas vidas e para o nosso ser e nossa inteligên-cia senão A VERDADE.

Como vimos anteriormente, para Platão a função primordial do filósofo é buscar e chegar à verdadeira realidade, sair da caverna buscando o mundo inteligível, porém tem como maior desa-fio e missão voltar a essa caverna e tentar compreender tudo e todos, mesmo que incompreendido.

Para ele aquele ser que consegue ver a luz que ilumina a realidade, que consegue desenvolver seu pensamento com inteligência, que consegue perceber que ser humano algum pode se dizer pro-veitoso para si mesmo, se não tem consciência do seu verdadeiro caminho, e a partir daí caminhar.

Conhecer para Platão significa apreender O BEM, a ideia suprema e torná-la cada vez mais compreensível a todos. E dessa forma poder ter condição de conduzir uma cidade, organizar uma cidade baseada não mais em opiniões, mas com um alicerce pautado em um conhecimento verdadeiro.

E a partir daí direcionar as necessidades básicas de uma cidade as funções reais de uma ci-dade que em sua visão são:

• A defesa de toda sua área.

• As necessidades de seus habitantes.

• E uma boa administração.

Para que isso acontecesse, sugeriu em seu livro que a cidade fosse dividida por funções se-gundo a habilidade de seus habitantes e suas aptidões.

Agricultores, guerreiros, artesãos, guardiões e os que se destacassem no processo de desen-volvimento do conhecimento, do pensar, deveriam dirigir a cidade.

Porém após os seus 50 anos de idade se passassem com sucesso por uma série de provas, a partir daí tornar-se-iam aptos para dirigir a cidade, pois para Platão a cidade é como um barco, uma nau, e necessita de alguém que dê direção segura a essa nau para que não fique à deriva.

Para muitos esse homem imaginou algo impossível, uma cidade bela, mas para isso tentou estabelecer alguns caminhos no qual pudesse encontrar talvez esse sonho.

Suas concepções políticas e sociais avançaram por muitos anos e até séculos após sua morte, e quem pode afirmar que ainda não existam seres humanos que busquem esse sonho.

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O que não se deve ocultar é que a maioria dos assuntos que ainda nos incomoda e nos aflige foi de fato abordado por esse mestre.

A igualdade entre as pessoas, a fraternidade universal, a comunidade das mulheres, a abolição da propriedade individual, a igualdade entre os sexos, a proibição, o amor livre, a censura de livros...

Esses foram apenas alguns problemas vistos e discutidos por ele em seus diálogos.

E mais cabedal de coisas.

Todo esse empenho tinha como finalidade e objetivo ver o bem e a justiça reinarem sobre a terra, não só justiça para os cidadãos, mas também para o estado, onde criaturas como seu mestre Sócrates, em vez de serem condenadas e assassinadas fossem de fato enaltecidas, admiradas e pro-clamadas reis.

Será que naquela época tínhamos um mundo preparado para essas ideias? Segundo Platão, o mundo ainda não estava preparado para um governo honesto. Será que em nossos dias estamos preparados para essas ideias?

Sustento que: é da necessidade impulsionar, da vontade conhecer, da imaginação inventar, da inteligência descobrir, da verdade libertar, da consciência aproximar e da ciência identificar.

Acredito que toda relação favorece qualquer situação que provocará condutas. Se da compre-ensão vem a libertação, fatalmente da não compreensão a escravidão e a revolta que tem sido ins-trumento da violência e do desprezo, que infelizmente está sendo o maior caminho para reflexão.

Já se faz necessário revermos, reconstruirmos e resignificarmos nossa vida, nosso viver e nossas relações, pois quem é regulado pela consciência como retidão de conduta em prol de um equilíbrio entre todos, é atento aos conselhos, às advertências, bem como aos avisos, e já tem ciên-cia de que nossos atos são reflexos do que somos.

Sabemos que o mundo é um todo cultural que se ergue e se estabelece de acordo com os an-seios, necessidades e desejos dos que ali se encontram.

Grupos de pessoas ou comunidade.

O que necessitamos dentro de nossa cultura é uma integração geral entre as pessoas e o am-biente, como meio de proporcionar a todos um exemplo de comportamento razoável e equilibrado exercitando a liberdade com responsabilidade.

Afinal cultura em seu sentido ANTROPOLÓGICO é a maneira que as pessoas e o meio em que vivem respondem as suas necessidades e desejos.

Suas ideias, suas crenças, seus costumes, sua arte, sua religião entre outras coisas que fazem parte da atividade humana.

Nesse sentido vejo cultura como uma cola, uma argamassa, um cimento que torna um grupo UNO, um grupo de pessoas que buscam os mesmos objetivos para todos: educação, valores, cos-tumes, hábitos.

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Agora vamos a uma curiosidade: conta a história que ao participar de uma festa aos 80 anos, in-comodado com o barulho gentilmente pediu licença e se retirou, foi para outra parte dessa casa e silenciosamente descansou. Os ruídos não mais o incomodavam, como em um sono profundo faleceu. Esse grande mestre tinha sido naquele instante chamado a comparecer ao mundo dos sábios, das ideias, que sempre buscou.

Como vimos anteriormente um dos aspectos mais importantes da filosofia de Platão é a teoria das ideias, como esta procura desenvolver e explicar acerca da evolução do conhecimento humano.

Vale alertar que a maioria de seus trabalhos, de seu pensamento foi passada em seus escritos por meio da fala de Sócrates, nos diálogos socráticos, escritos pelo próprio Platão.

Segundo ele, existem duas etapas para que se faça de fato o processo do conhecimento hu-mano, como vimos o mundo das aparências e o mundo das ideias.

Mas esse grande filósofo também desenvolveu o seu método dialético no qual se baseou em sua teoria das ideias, tendo como primeiro passo as sensações e as impressões que são adquiridas pelos sentidos, e que são responsáveis pela DOXA, opinião que todos têm da realidade.

Segundo ele, esse saber é imediato e sem uma devida busca metódica da verdade, não dando autenticidade ao conhecimento por permanecer na esfera sensorial.

Em sua visão o conhecimento para ser verdadeiro deve sair da esfera das impressões e dos sentidos e adentrar a esfera da sabedoria, a esfera do racio-nal, atingir o mundo das ideias.

E para que isso aconteça é necessário que o ser huma-no busque de fato o amor pela sabedoria, não se limitar a opiniões e impressões, ter vontade de sentimento, muita persistência em busca de um saber autêntico EPISTÉME – a relação entre o conhecimento e a certeza, a dialética.

Dialética essa que busca incessantemente contraposi-ções das constantes opiniões que temos visto de tudo, busca sempre através do diálogo uma maior clareza do que venha a ser de fato uma opinião para que possamos purificá-la, minimizando a possibilidade de erros.

Para Platão qualquer opinião tem seu alicerce em uma aparência e das várias situações que nos rodeiam, porém para se alcançar o conhecimento verdadeiro se faz necessário uma maior ela-boração do pensamento, na qual se possa alcançar o mundo inteligível.

Se realmente conseguir sair do mundo sensível é que de fato começaríamos a adentrar as portas da verdade, o domínio do absoluto e eterno.

Fora desse local, o máximo que podemos compreender pelos sentidos são pequenas partes do que de fato é o real, coisa que nos torna inseguro, incompleto e imperfeito.

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Incompletos, fatalmente cometeremos injustiças, em seu livro, a república, por exemplo, Pla-tão trata de um assunto altamente delicado, que são os marginais sociais.

Para Platão só a compaixão tem o poder de transformar alguém, se um homem comete um crime é por que não foi devidamente educado, é digno de piedade, pois não compreende nem a si, nem aos seus semelhantes.

Jamais poderemos transformar alguém em um ser social se o tratarmos com desleixo, desa-mor, violência.

Se alguém cometeu um crime por loucura deveríamos buscar tratar dessa loucura, se ignora algo, devemos instruí-lo, jamais punir alguém com o sentido de vingança.

Os incuráveis devem-se deixar morrer misericordiosamente, pois é preferível a morte que uma doença sem esperança de cura.

Com esse pensamento Platão nos deixa claro que o mundo é o nosso próprio reflexo, pois tudo aquilo que damos é o que recebemos e nossa lealdade e honestidade devem ser o princípio básico para o desenvolvimento de nossa própria consciência.

Afinal ser humano é buscar saber seguir os passos do seu mestre interior, que pode se manifestar tanto no sentimento quanto no sofri-mento.

Segundo Platão, em média IV séculos a.C. Uma educação apro-priada fatalmente eliminará a patologia social.

Observe que esse filósofo já desenvolvia uma quantidade imensa de ideias que para seu tempo e talvez para o nosso vão além do real, ou da compreensão humana.

A pessoa comum para ele vive acorrentada e dominada pelos sentidos e pelas paixões, dessa forma só conseguirá atrair para si a imperfeição, o conhecimento imperfeito da realidade, que de fato está limitado ou restrito ao mundo dos fenômenos.

Insiste que se torna impossível saber sem querer, ou seja, é impossível a quem deixou de cap-tar pela lógica da racionalidade agir contra a dinâmica que conduz ao Bem Supremo. Quem age imoralmente é porque não sabe, não entrou os caminhos da razão.

E esse mundo dos fenômenos está em eterno fluxo em eterna mudança, não nos dá uma di-mensão exata do bem supremo, uma concepção também abordada como já vimos pelo filósofo pré-socrático Heráclito.

Para muitos essa utopia de Platão pode representar uma forma ou um modelo aristocrático de poder, porém sustentou que um governo só deve ser confiado aos sábios, o poder da sabedoria, que não deve ser confundido em hipótese alguma com o governo do sabido.

Como vimos anteriormente, Platão foi um homem além de seu tempo, sua visão política foi também outro grande aspecto muito importante em sua vida.

Direcionou suas reflexões, pensamentos e preocupações, em como as pessoas se comporta-vam individualmente diante dos problemas sociais, pois para ele um projeto político digno deveria garantir o bem estar e a felicidade de todos os habitantes.

No campo individual tinha convicção que para se alcançar a verdadeira felicidade o caminho era o bem supremo com uma ação conjunta da alma humana.

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Tinha a concepção de alma como algo que se movimenta por si mesmo, independente do corpo físico.

E a alma racional deveria por necessidade reinar, com a ajuda da parte emocional, porém sempre em obediência a racional, não descartando a parte sensual que considerou necessária, po-rém deveria estar muito bem controlada.

Atribuiu às necessidades humanas como sede e fome atributos da alma sensual, eis por que a sua grande importância por se tratar das condições mínimas de sobrevivência.

A alma, no seu modo de ver, teria que está sempre se dirigindo ao supremo, à justiça, à con-templação das ideias.

Dessa forma a visão política estaria sempre direcionada em buscar a maneira mais justa e correta para direcionar a vida do indivíduo e de fato a polis (cidade estado) ser um modelo de se viver em grupo.

A própria palavra política em um termo grego que muitos dizem que surgiu com os sofistas e o próprio Platão quando se referiu à forma como Atenas era dirigida. Termo esse que significa cidade, e quando falamos em cidade nos remetemos logo à vida pública, ao poder, à dominação. Já estudamos anteriormente que política, força e poder andam juntos.

E quando se fala em poder político observamos logo a forma com que os governantes atuam revestidos desse poder imprimindo rumo para o que chamam de bem comum.

Vamos lá: para Platão quem de fato deveria governar a cidade seriam os filósofos, pois para governar era preciso conhecer o bem e estendê-lo a todos.

Dessa forma seriam os filósofos a parte racional da alma, se olharmos a cidade como um corpo.

Os guerreiros seriam a parte emocional da alma, defendendo sempre a cidade de possíveis inimigos. A esses eram negados os direitos privados, não podiam ser proprietários, nem constituir famílias e seu lazer deveria ser controlado pelo estado. E por fim as outras profissões como cons-trutores, artesãos, agricultores, formando a parte sensual da alma, por serem movidos pelo lucro e não pela busca do bem.

Todas as decisões da polis deveriam sempre passar por uma análise profunda dos filósofos, e a partir daí ser tomado qualquer tipo de posicionamento, criação de leis, normas, medidas provi-sórias, pacotes etc.

Essas coisas que falam e fazem por ai dizendo que é para melhorar nossas vidas.

Existe um particular sobre Platão, ele escreveu que a república nos deixou ensinamentos a-cerca da política, porém nunca conseguir detectar que ele tenha tentado de fato a carreira política.

Demonstrou afinidade enquanto jovem, e no início até certa intenção, mas como já foi dito, num local onde um homem como Sócrates é condenado à morte quando devia ser exaltado, é de grande risco tentar defrontar diretamente com quem está no poder.

Acho que já deve está claro que este filósofo dividiu o mundo em duas partes, acredito eu que para uma melhor compreensão como demonstra na alegoria da caverna que já foi vista.

Essa caverna de sombras seria o mundo como tal se apresenta pelos nossos sentidos.

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Mas será que depois de tantos séculos, com o avanço da ciência, da tecnologia nós conseguimos nos libertar dessa caverna?

Será que para muitas pessoas a televisão ainda não é de fato uma caverna?

Será que já conseguimos enxergar o que essa programação está querendo fazer conosco? E consegue de fato que algumas pessoas sejam cópias de seus modelos.

Moldando e adequando aos seus padrões.

Será que esses padrões estão com intenções de libertação de nossas mentes? Ou nos escravi-zando cada vez mais?

Será que os modelos expostos nas diversas programações diárias estão nos auxiliando no nosso dia a dia? Ou estão nos explorando?

Será que, o que estamos vendo e ouvindo no rádio e na televisão diariamente está nos unin-do? Ou cada vez mais nos separando.

Será que esse modelo midiático não é uma das causas da aceleração de toda degeneração humana?

Será que estamos atentos ao produto de nossas ações, não raro moldadas por todo esse bom-bardeio de informações disso que chamamos sistema?

O ser se exprime de muitos modos, mas nenhum modo exprime o ser.

O ser se diz em vários sentidos.

ARISTÓTELES.

Conhecido como o estagirita, comenta-se que Aristóteles foi juntamente com Platão um dos mais lido e enaltecido filósofo da Grécia Antiga.

Entre 17 ou 18 anos mudou-se para a Grécia, cidade de A-tenas, onde estudou durante muito tempo na academia de Platão só saindo após sua morte, por ter sido negado o direito de assu-mir a direção desta por ser considerado estrangeiro.

Filho de um médico de nome Nicômaco que trabalhou para a corte de Felipe II, rei da Macedônia que fez questão de confiar a

Aristóteles parte da educação de seu filho Alexandre, O Grande.

Passou por uma situação semelhante a do filósofo Sócrates, foi levado a julgamento e conde-nado ou por motivos religiosos, ou pela sua ligação com Alexandre, porém não seguindo a postura tomada por Sócrates e alegando que, seria o segundo grande pecado cometido pelos atenienses contra a filosofia. Preferiu partir em busca de outros horizontes, e não deixou de aproveitar essa oportunidade para ampliar seus conhecimentos.

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Fez muitas viagens após sua saída da academia de Platão e algum tempo depois foi convida-do por Felipe II para ser professor de Alexandre, relação que durou até Alexandre virar rei da Ma-cedônia e assumir aquele grande império.

Aristóteles regressou a Atenas por volta de 335 a.C. e fundou a sua própria escola de filosofi-a, próxima ao templo dedicado a Apolo, que intitulou LICEU uma homenagem ao deus Apolo.

Por também ser um grande admirador e observador da natureza enveredou pelos estudos da biologia buscando sempre uma visão científica da realidade.

Comenta-se que por ter por hábito dar aulas caminhando pelos jardins da escola, seus alunos e seguidores ficaram sendo conhecidos como peripatéticos, que significa os que caminham ao redor.

O Liceu era um centro de estudos que se ocupava com as ciências naturais e com os estudos aberto a todos, mas também com práticas secretas e restritas a alguns dos seus seguidores.

Conta a história, que durante a sua vida escreveu alguns diálogos nos quais buscou inspira-ção em seu mestre Platão, porém esses se perderam ao longo do tempo.

Buscou estudar e desenvolver o estudo da lógica para embasar seus argumentos e ter maior propriedade e direção de raciocínio.

Para esse filósofo, a maior finalidade da ciência era a busca da constituição dos seres como realidade sensível, já começamos a perceber que tomou um rumo diferente de seu mestre Platão.

Aristóteles não seguiu o mesmo rumo de linha de pensamento de seu mestre. Há quem diga que rejeitou a teoria das ideias, nas quais os dados dos sentidos são meras ilusões, porém acredito que não deixou de ser um caminho, um início, uma linha de pesquisa durante seus estudos.

Segundo Aristóteles, as coisas do mundo, os fenômenos não podem deixar de ser uma ob-servação para o aprofundamento do conhecimento, nossos sentidos de fato nos levam a constatar vários movimentos e coisas no mundo fenomênico.

O dicionário de filosofia OXFORD revela que enquanto Platão é o santo padroeiro das teorias transcendentais do conhecimento, e em especial da ética, Aristóteles defende o conhecimento do mundo plural e variado em que vivemos.

É essa realidade que nos dá o caminho, que permite à ciência buscar ele-mentos essenciais dos seres, sua existência, e a partir daí caminharmos para a busca de sua essência.

Os órgãos dos sentidos passam a ser elementos aceitos para o desvenda-mento da realidade tendo a ciência, o cientista/filósofo a função de buscar compreender o univer-sal, ou seja, a partir das estruturas da existência se chegar a uma essência aceita universalmente.

Observe que Aristóteles tem vocação naturalista, observação do concreto, o universal não se contrapõe ao particular, mas lhe é posterior.

Pela abstração da inteligência é que nós atingimos a essência das coisas.

Não há o Mundo das Ideias, como no pensamento de Platão, que analisa a realidade de for-ma material e imaterial, baseado num ser supremo e eterno.

Para Aristóteles, tudo que passa pelo sentimento, pensamento, pelo campo de atuação do SER, temos a capacidade e a possibilidade de trazer para a realidade física, para o concreto.

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O SER na visão de Aristóteles, trabalha com a realidade sensível e a realidade suprafísica, ou se-ja, as coisas do mundo que deu o nome de substância. Nesse contexto há uma eterna modificação desse SER. E o supra-sensível que seria na visão dele algo imutável e puro.

Observando por esse ângulo, se verifica que a filosofia de Aristóteles tem um caminho ONTOLÒGICO – o estudo do SER, e um caminho TEOLÒGICO – o estudo de Deus.

Esse pensador sempre buscou o que chamou de meio termo, sempre primou em seus traba-lhos evitar o caminho dos extremos, teve grande influência na filosofia medieval, e não deixou de ser o grande ponto de partida para as teorias de Galileu Galilei no séc. XVII.

Aristóteles procurou deixar claro que através dos sentidos é que de fato encontraremos uma essência e a partir daí o conhecimento real do mundo, coisa que iremos ver em breve.

Se não pudéssemos entender ou captar nada do mundo, como poderíamos percebê-lo e concebê-lo.

Com essa frase acho que fica claro para todos, Aristóteles mostra que para ele a percepção pelos sentidos é o alicerce do conhecimento humano, a sua base.

Para ele as criaturas são dotadas de grande sensibilidade e poder de observação, e isso nos faz capaz de perceber os fatos particulares dos objetos que estão no mundo, dessa forma nos tor-namos aptos para percebermos e distinguirmos o que nos rodeia, o que está no mundo exterior.

É a forma que temos de estar sempre guardando em nossa memória aquilo que percebemos pelos sentidos e podemos fazer comparações com percepções futuras.

Isso termina nos tornando capazes de fazer algumas generalizações no mundo dos fenômenos.

Vamos a um exemplo: o tempo fechou, acho que vai chover.

Seria um conhecimento imediato em relação ao tempo, pelo fato de termos observado que em várias vezes que o tempo fechou, choveu.

Não se trata de conhecimento científico, pelo fato de não explicar o fenômeno em si, mas tor-na-se um caminho para tal.

Para Aristóteles além da indução haveria um processo intuitivo nessa possibilidade de orde-nação do conhecimento científico através da experiência sensitiva.

Afinal como já vimos na filosofia de Sócrates, a palavra INTUIÇÃO deriva do latin – intuere (olhar atentamente, contemplar) e contemplar para esses grandes mestres sempre foi prática pri-mordial em suas vidas.

Como grande observador que foi, Aristóteles fundou a zoologia, usando de grande poder e observação para classificar as espécies dando indícios até ai de que usou o empirismo nesse pro-cesso, ou seja, o conhecimento adquirido pele experiência.

Alguns escritos revelam que esse grande mestre pensou que as ciências de-viam ter sua constituição com base num processo de observação muito bem orga-nizado e refinado pela generalização.

Existe de fato um desejo natural em nós seres humanos de buscarmos co-nhecer, a filosofia, por exemplo, emergiu da necessidade e curiosidade, na relação do ser humano com o mundo, daí surgem os mitos, de um espanto.

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Essa é a explicação para Aristóteles, que a busca do conhecimento vem a ser causa última das coisas.

Subdividiu essas causas em: material, eficiente, formal e final.

E esses seriam os princípios da origem de qualquer que seja o objeto existente no mundo.

E a causa final seria o término a que se destina o porquê de sua existência, seu propósito.

Podemos ilustrar isso, ou o significado dessas causas como se fosse uma obra de arte feita por alguém que queira explicitar o que foi feito, por exemplo: uma obra feita de argila, o que está presente nessa obra (a argila, sua causa material), que foi concebi-da pelo artista (causa eficiente), que representa um presidente (causa formal), que foi feita para comemorar um de seus feitos (causa final).

Segundo Aristóteles, para que possa existir o conhecimento científico é necessário que existam essas quatro causas necessá-rias, somente assim é possível fazer uma análise correta, concreta e completa de qualquer que seja o conhecimento.

Na concepção aristotélica, a causa de uma coisa qualquer é uma afirmação de sua essência, de seu princípio, de como veio a existir. Partindo da análise de elementos estáticos podemos cons-tituir uma resposta qualquer.

Por que uma coisa é o que é de fato.

Para Aristóteles, o indivíduo é o principal caminho para a verdade universal, não é apenas uma parte, mas sim um entre muitos.

E essa potencialidade é que torna capaz um objeto qualquer de passar de um estado para o outro, um ser humano em estado de adormecimento está de fato ou em potencialidade num estado de lucidez.

Um x qualquer pode se transformar em y, porque algumas das condições para ser isso, ou se-ja, um Y, já estão contidas nele.

Nesse contexto, Aristóteles nos mostra que a potencialidade é de fato necessária para a ocor-rência da mudança, o potencial está entrelaçado no atual e o pressupõe.

Se observarmos e contextualizarmos, perceberemos que se tenho um potencial para aprender ou conhecer um pouco mais do que conheço nesse momento, é porque de fato já conheço alguma coisa sobre determinado assunto que me predisponho a conhecer.

Conforme o livro Curso de Filosofia Grega de John Victor Luce, p. 121, para Aristóteles “O embrião é historicamente anterior ao adulto, mas se estamos considerando a natureza atual ou essencial de um objeto isolado de seu processo de desenvolvimento, olhamos primeiro, na ordem de pensamento, para a atualidade que ele incorpora.

O adulto é filosoficamente anterior ao embrião.

Essa é a abordagem teleológica bem característica de Aristóteles.

Para ele, “o fruto do carvalho, a glande, explica-se pelo carvalho, e a galinha com certeza vem antes do ovo”.

Com certeza iremos também encontrar em alguns escritos uma elaboração feita por Aristóteles sobre essa transformação contínua do mundo, ele nos trouxe o que chamou de ATO e POTÊNCIA.

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Sendo o ATO o estado atual do SER, como existe, como é.

E a POTÊNCIA a transformação desse SER.

Uma semente qualquer enquanto ato, é semente, mas como potência é uma planta ou uma arvore que daí surgirá, dependendo da semente, e esse movimento de semente para planta ou ár-vore é o processo de transformação, é o movimento desse ser que passa de potência a ato.

Vimos anteriormente que Aristóteles fala de uma mudança, um movimento que o ser passa.

Uma nova interpretação ontológica que denominou ATO (aquilo que já existe) e POTÊNCIA (o que pode vir a existir).

Porém vale alertar que não é uma passagem casual, é de fato efeito de uma causa que deno-minou: material, formal, motriz ou eficiente e final, coisa que já vimos anteriormente.

Para ele a causa é tudo aquilo que determina a realidade de um SER, o que esse ser é de fato.

Causa material, a matéria.

Causa formal, a forma que essa matéria irá tomar para ser reconhecida como objeto.

A causa motriz ou eficiente é quem dar forma a essa matéria.

Por fim, como causa final a passagem dessa matéria (potência) a (ato), um objeto qualquer, a causa final é quem direciona o movimento da realidade.

Se por um motivo qualquer isso não venha acontecer denominou ACIDENTE, algo que não ocorre sempre, por uma casualidade um possível acontecimento.

O acidente seria uma circunstância, não necessária para a natureza do ser.

Se as coisas do mundo têm um princípio, tem sua causa, é necessário imaginar um causa primeira que inicie esse ciclo.

Segundo Aristóteles, existe algo imóvel que não se transforma em ATO, não pode ser mate-rial e é algo altamente puro.

O chamou de MOTOR IMÒVEL.

Comenta-se que é um apelido carinhoso que deu a Deus, porém, esse Deus de Aristóteles não interfere em hipótese alguma nas coisas do mundo, por ser perfeito, é a pura sabedoria, inteli-gência, conhecimento por onde quer que se encontre, mas não tem acesso ao mundo das coisas, ao que lhe é exterior.

Quase não se assemelha com o Deus do cristianismo, fato que na idade média se forçou a barra para cristianizar Aristóteles.

Teoricamente o Deus de Aristóteles era incomunicável e satisfeito consigo mesmo.

E o ser humano tem que tentar ser feliz nesse mundo buscando a sua essência partindo deste mesmo mundo.

“Para o homem a vida conforme a razão é a melhor e a mais aprazível, já que a razão, mais que qualquer outra coisa, é o homem”

Aristóteles. Ética a Nicômaco volume 1, p. 97.

A conduta ética deve ser o ponto de partida para se chegar à razão e assim poder praticar a virtude.

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Tinha como virtude o equilíbrio, que chamou de meio termo entre o excesso e a falta de uma virtude ou um atributo qualquer.

Chamou de movimento essa passagem da potência para o ato e todos devem buscar seme-lhança como o ato puro Deus.

Segundo ele, pela imperfeição do mundo jamais seria possível alcançar a perfeição vindo en-tão a ter que manter seu eterno ciclo, seu eterno movimento em busca desta imobilidade.

Tinha como concepção do universo um algo eterno, esférico em sua forma, porém finito na sua extensão, e as espécies que vivem sobre a superfície, no globo terrestre tem em sua composi-ção, variados compostos que contêm em si os quatro elementos.

A alma vista por Aristóteles é como se fosse o formato de um corpo, a sua forma, daí passa a ter a vida como potência, nesse contexto à alma passa a ser para o corpo o seu movimento que per-corre o caminho do nascer ao morrer, surgindo daí um novo ser.

E a função da ciência em seu modo de ver, tinha por finalidade buscar a essência das coisas levando em conta todos os movimentos ocorridos no todo, suas mudanças e transformações cons-tantes.

Afinal, viver é ser estar em relação com tudo e com o todo que se é parte integrante, e a vida quer queiramos ou não, se prova pelo movimento, e já se é claro que necessitamos ganhar de abso-lutividade e cada vez mais perdermos de relatividade consciente e ciente.

Se é que queremos viver melhor, tenho dito que o mundo é o nosso próprio reflexo.

E quando a razão o bom senso e a boa intenção da humanidade são sistematicamente corrompi-dos, há indícios de que os riscos e perigos são necessariamente recursos para o seu crescimento, tanto individual quanto social.

Digo isso e levo como sugestão para a sua reflexão enquanto estudante, ser pensante porque percebo que esse caos geral se de fato enxergamos, então devemos ser rápidos para tentar solucio-ná-lo, porquanto todos os seres humanos são semelhantes, e viver isolado, ou seja, senão em socie-dade, não é possível.

E é difícil agirmos sem errar enquanto não se sabe muito.

Portanto, me parece que o maior problema da humanidade está no caos individual, porque um dos maiores desafios do ser humano está nele usar sua qualidade de pensar para agir sem caos criar.

Eis que a atenção e reflexão são necessárias, afinal os erros de um ser humano devem ser mo-tivo para a reflexão de todos.

Para esse grande mestre, conhecer era algo que necessitava ser muito bem examinado, sua proposição, os modos que pelos quais são feitos, buscar analisar o funcionamento da linguagem, do pensamento, evitar o máximo possível de equívocos.

A esse modo de buscar minimizar os erros ou se quisermos chamar de regra, ele deu o nome de ÓRGANON.

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Aristóteles faz uma investigação do que venha a ser lógica em sua obra ANALÌTICOS, nesta procura aprofundar o pensamento em uma análise de suas partes, esses e outros escritos, posteri-ormente ficaram sendo denominados como ÓRGANON, ou seja, instrumento que se possa pensar corretamente, pensar com lógica.

A palavra LÓGICA vem do grego LOGOS e significa (palavra, discurso, razão), também se diz que é o estudo dos métodos e princípios da argumentação.

Para Aristóteles, podemos dividir em duas partes: lógica formal e lógica material.

A lógica formal procura dar ao pensamento uma di-reção correta em suas análises, se tivermos de fato aplicado suas regras de forma certa, o raciocínio automaticamente é considerado aceito.

Já na lógica material se busca observar os caminhos do pensamento, suas operações diante do que se busca

conhecer, sua adequação ao real, o método de adaptação de cada ciência.

Deu grande importância as palavras, pois sempre acreditou que se de fato usamos as pala-vras para nos expressarmos, necessita-se olhar primeiro para essas.

Demonstrou com esse pensamento que para se encontrar a verdade em qualquer que seja a ciência se faz necessário o uso da lógica, é através dela que se consegue estruturar o pensamento e se buscar a maneira correta de pensar.

Sendo a lógica nesse sentido um caminho seguro para que se possa garantir que uma conclu-são tal venha a ser verdadeira.

Desta forma é que se pode analisar um raciocínio qualquer usando como base suas proposi-ções, suas afirmações sobre determinado fenômeno.

Vale nesse momento lembrar que proposição é um conteúdo qualquer de uma frase, que po-de ser suscetível de ser verdadeira ou falsa, afirmada ou negada.

Já se torna claro para nós que o princípio lógico deve ter como maior evidência sua irrefuta-bilidade, ou seja, uma afirmação qualquer não pode nem deve contradizer ela mesma.

Aristóteles estabeleceu uma regra que chamou de silogismo que vem do grego e significa “raciocínio, cálculo, argumento”.

Vamos a um exemplo de silogismo: todo ser humano é mortal; Lindenbergue é homem; logo, Lindenbergue é mortal.

Observe: de duas proposições que a verdade é conhecida conseguimos detectar uma terceira que tem o seu valor de verdade igual as que a antecedem.

Mas será que basta as duas proposições iniciais (denominadas premissas) serem verdadeiras para a conclusão ser de fato verdadeira?

Observe: “Alguns animais são ferozes”, “o cão pity bull é um animal”, será que podemos conclu-ir daí que todos os cães dessa raça são ferozes?

Perceba que as duas premissas são verdadeiras.

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Esse movimento de passagem de premissa para conclusão deve ser muito bem analisado e inferido, (INFERÊNCIA vem do latim inferre que significa levar para.

Cabe a quem vai analisar esse silogismo verificar se esta inferência está bem organizada com os diversos enunciados, e partir daí poder verificar se é de fato válido chegar a algum tipo de conclusão.

A lógica ou o pensamento lógico se destina a buscar ve-rificar se a estrutura da inferência pode ser considerada invá-lida ou válida.

Aproveitando esse tema reflexão, tenho dito que: “sin-ceridade não consiste em dizer tudo o que pensa, mas em re-fletir em tudo que se pensa, bem como pensar em tudo que se

diz, pois acredito que refletir no presente favorece a manifestação do novo, enfim, do futuro que, embora distinto, nunca esteve distante”.

Como vimos até aqui, para Aristóteles o homem deve sempre buscar extrair os conceitos da experiência, porém mediante as evidências.

Tudo que se encontra em nossas mentes de fato já passou de alguma forma pelos nossos sen-tidos.

Jamais poderíamos estabelecer um conceito sobre algo, se não tivermos pesquisado analisado colocado a provações lógicas.

Retorna ao método socrático no seu verdadeiro sentido ascendente, partindo da realidade dos indivíduos substanciais, concretos, múltiplos, móveis e contingentes do mundo físico, para construir sobre eles as ciências na ordem lógica e também para chegar eficazmente à única realida-de transcendente na ordem ontológica que é Deus

A partir daí internalizarmos e transformarmos em essência real do SER por saber e compre-ender que tudo aquilo que foi visto e revisto tem de fato o poder de contribuir com a felicidade de todos.

Aristóteles sempre buscou saber o porquê das coisas, concluiu que esse eterno movimento é de fato a realização, o ato como concretização da potência.

Sempre buscou um princípio imóvel, denominou Deus como ATO puro, como motor que re-ge o universo.

Em sua visão a existência do cosmo independe de Deus, sempre existiu, porém esse eterno movimento é sua grande obra.

O homem é um animal político afirma Aristóteles em “A política”. Quero lembrar que ani-mal político nesse contexto significa dizer que é o cidadão participante da polis (cidade estado) que vive em grupo, junto com outras pessoas.

Esse grande filósofo dedicou parte da sua vida buscando uma forma, uma maneira ou um jeito de direcionar o homem para a felicidade, um modo do ser humano ser feliz em grupo.

Em sua visão, a vida solitária seria algo inconcebível, ninguém, nenhum homem conseguiria resistir por muito tempo a esse tipo de situação, só para os animais ferozes, segundo ele.

Para Aristóteles, a pólis era o local em que se tinha a maior probabilidade de se viver bem, era a melhor forma de se organizar a vida em grupo, contanto que as pessoas que tivessem regendo-a, dando a direção desta tivessem a capacidade de saber o que é o bem comum, a justiça e a igualdade.

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Estabeleceu critérios para que isso fosse possível, iniciaremos falando de alguns destes.

Habitação, medicina, escultura, estratégias.

A habitação relacionou as ciências técnicas, tendo como objetivo maior proporcionar mora-dia a todos.

A medicina também relacionada com as ciências técnicas, com o objetivo de tratar da saúde de todos.

A escultura, ciências técnicas, para produção de obras de arte.

As estratégias, ciências técnicas, direcionada às guerras e às batalhas.

Depois estabeleceu alguns critérios e finalidades para as ciências teoréticas colocando-as com a finali-dade de produzir o saber a exemplo da geometria (estudando as medidas) e a metafísica (a essência de todas as coisas).

As ciências práticas tendo como objetivo maior o homem e o aprimoramento cada vez maior de seu saber.

Segundo Aristóteles, se buscássemos trabalhar em conjunto com esses critérios e a aplicação dessas ciências, haveria uma grande probabilidade de um maior desenvolvimento humano na di-reção de um mundo melhor, que para ele só existia se tivéssemos como direção dois caminhos: a ética e a política.

Com esse olhar já dá para termos uma visão da junção entre filosofia, ética e desenvolvimen-to humano que é o nome da nossa disciplina.

Para ele a ética trata diretamente da conduta e do caráter dos indivíduos e a política diretamen-te ligada à existência e ao desenvolvimento humano dentro da pólis, o estudo das regras que a regem.

Porém se deve observar que não há uma separação entre ética, política e humano, o ser ho-nesto, virtuoso de honra é o ser que deve direcionar uma comunidade.

ÉTICA é uma palavra que vem do grego ETHIKÒS que significa “costumes” é o estudo da con-duta humana em direção a um bem comum.

Se bem observarmos, a tal felicidade primada por Aristóteles não está ligada aos processos emocionais, está de fato ligada à prática das virtudes, em buscar ser melhor enquanto SER a cada instante, aperfeiçoando cada vez mais sua vida, seu viver e suas relações.

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Esse é o campo de atuação da ética, ampliar cada vez mais nos seres humanos uma postura digna para a vida em sociedade, sua compreensão de ser humano era pautada rigorosamente co-mo ser social.

Um ser que foi projetado para viver em sociedade em comunidade de natureza coletiva, não como animais que sempre se organizam uniformemente.

O homem deve buscar uma organização na qual possa haver diversos modos de pensar, de administrar, porém baseado na política, na pólis, na cidade, usando seu virtuosismo baseado na ética tendo como finalidade maior o bem comum.

Não deixando em momento algum de haver a participação em massa de todos que tivessem o ócio filosófico nas possíveis decisões tomadas em assembleias sobre o rumo e destino das leis que possivelmente irão reger a pólis.

Se essa pólis busca dar uma vida digna aos seus cidadãos, se essa é de fato sua finalidade maior, jamais poderá ser distinta ou separada da ética.

Esse modelo de administração deveria ter na opinião de Aristóteles a participação de todos os homens livres, e pelo diálogo decidirem coletivamente o melhor para todos.

Porém é possível termos certezas teóricas e errarmos no campo da práxis.

Existe neste setor uma complexidade muito maior.

E para que um homem se torne virtuoso de fato é necessário um despertar da vontade com a prática da repetição, disciplinando os seus sentimentos e instintos em busca de um equilíbrio de um meio termo como já vimos.

Se ética e política são um saber prático, jamais nossas ações se não pautadas numa ética dei-xarão de ser devastadoras.

Pois sabemos que só se adquire esse saber prático, agindo e esse agir infelizmente temos vis-to em nosso planeta não raro causar decepção, dor e sofrimento.

E jamais cansarei de falar que o mundo é o nosso próprio reflexo e as provocações nada mais são, senão a forma dos tolos nos alertarem e advertir quanto a possíveis desequilíbrios em nosso SER, ou ainda para que possamos detectar o nosso grau de consciência, e a partir daí agirmos.

Aristóteles sempre se destacou pela busca do bem pensar e seus ensinamentos viajaram até a Ásia. Segundo a história que reapareceu na biblioteca de Alexandria e daí foram levados para Roma.

Refletir significa buscar a experiência intuitiva.

Se observarmos bem, valorar e avaliar são um processo que está sempre rodeando o ser hu-mano, e se pensarmos com retidão e boa intenção, são de grande importância para que possamos direcionar melhor nossas vidas fazendo melhores escolhas.

Mas afinal, o que é valor? Se buscarmos referências e fizermos uma síntese entre opiniões de vários filósofos iremos perceber que a maioria trata como algo que se possa escolher, uma referên-cia que se possa tomar.

Um desejo.

Etimologicamente, a palavra valor vem do verbo latino valere, ser forte, que não raro atribu-ímos aos guerreiros valentes.

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Segundo o dicionário Aurélio, VALOR é a qualidade que faz estimável alguém ou algo, a importância de determinada coisa.

Porém é necessário estarmos sempre buscando uma ação que de fato seja prioritária em nossas vidas, algo que possamos chamar de valores positivos.

Ações pautadas na moral, ética e estética elevadas que orientam nossas vidas, evitar ações danosas com nós mesmos, com nosso semelhante e com o meio ambiente.

Exemplo: aquilo que pode parecer não nos afetar, se observarmos bem está de fato nos afe-tando, quando alguém inicia uma queimada, por exemplo, também está respirando o ar poluído.

Já deu para observar que a palavra ou o termo valor atinge vários campos do conhecimento, vai da matemática à medicina, da justiça à política e resultam do processo relacional estabelecido entre o ser humano e o todo que o rodeia.

Se atentos, iremos perceber que os valores são oriundos de um processo cultural e o absor-vemos de acordo com o meio em que vivemos e aquilo a que buscamos.

Porém não devemos nos esquecer que independentemente da cultura ou do modelo instituí-do pela força, pela ideologia ou pelo poder, nós temos de fato a capacidade de analisar e criticar o que possa estar vigente, e buscarmos novos rumos para nossas vidas sem deixar que alguém ou alguma coisa controle nosso pensamento.

Afinal ser humano é buscar saber ter motivos importantes, inclusive para lembrar-se de si mesmo, e além de si, buscar o trabalho, transformar suas ações.

Já se faz necessário reconhecermos o outro como se de fato fosse nós mesmos.

Isso é ser virtuoso, isso é ter sabedoria, força e beleza.

Acredito que somos muito mais que produto de uma grande explosão inexplicável ou um capricho de elétrons, mui-to mais que um aglomerado de átomos células e moléculas.

Segundo o consultor dinamarquês Clauss Moller, o futu-ro de uma carreira profissional depende da responsabilidade, lealdade e iniciativa, que se analisarmos são também valores e virtudes humanas.

Responsabilidade como elemento fundamental da empregabilidade, e para se tomar iniciativa.

Lealdade como orgulho de participar daquela determinada empresa ou organização, falando sempre positivamente.

Iniciativa como forma de assumir responsabilidades pela complementação e implementação de projetos.

Além destas existem uma série de outras coisas que temos de levar em conta se quisermos ser dignos de confiança na empresa que estivermos trabalhando, e digo com tranquilidade que não só na empresa, mas e principalmente se exercitarmos essas práticas no dia a dia.

Tais como: sigilo, competência, coragem, honestidade, prudência, compreensão, humildade, otimismo, imparcialidade.

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Evitar está comentando com quem não diz respeito sobre os planos da empresa, sempre bus-car desenvolver as atividades que lhe forem atribuídas com bastante seriedade, profissionalismo e competência, ter coragem para enfrentar as possíveis críticas.

Perseverar sempre quando as coisas ficam difíceis, dentro de qualquer atividade profissional.

É necessária bastante compreensão para que se possa sempre está primando pelo diálogo.

Está sempre se observando, ter humildade para admitir quando outras pessoas estiverem com outra linha de pensamento, compreender que ninguém é o dono da verdade, primar pelo e-quilíbrio.

Ficar atento nas tomadas de decisões primando sempre pela imparcialidade.

Acreditar sempre em sua capacidade de realização, não só na sua, mas também dos outros que compõem o grupo, em prol do crescimento da empresa.

Buscar estar sempre preservando as conquistas adquiridas porque não raro são frutos de grandes labutas e muito estudo.

E como já vimos em outras aulas, hoje se faz necessário uma visão global que possa abrir ca-da vez mais horizontes no qual o profissional possa transitar por diversos caminhos.

O profissional contemporâneo tem que estar sempre preparado para as possíveis mudanças, as crises mundiais, ter a capacidade de fácil adaptação às situações que possam ocorrer consigo e com o seu ambiente trabalho.

Será que de fato já compreendemos o que é valor, o conceito de valor, o que é a filosofia dos valores ou axiologia.

AXIOLOGIA – em grego o substantivo axia quer dizer “valor ou preço” e o adjetivo axios quer dizer “o que vale”, “o justo”.

Nesse contexto podemos dizer que axiologia é busca pela reflexão do que venha a ser o con-ceito de valor ou juízos de valor, em resumo podemos dizer que é o estudo dos valores.

É a partir da valoração que podemos fazer juízo de algo, aceitando ou não aceitando.

Se lembrarmos do estudo sobre a filosofia antiga, iremos perceber que já se abordava a ques-tão dos valores, a busca do bem, o que é a beleza e a verdade.

O filósofo Sócrates nos deixou lições maravilhosas dentre as quais já vimos em nossos estudos algumas, mas sempre é bom está revendo, lições essas contidas nos escritos de seu discípulo Platão.

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Vamos lembrar-nos de algumas.

Só iremos compreender sobre algo, primeiro observando nós mesmos para alcançar-mos uma pretensa autonomia, a partir dai passarmos a decidir por nós mesmos e isso não se dá sem uma prática constante nem tampouco é um processo automático, é necessário que busquemos uma conduta moral em nossas vidas superando nossas dificuldades através do esforço.

O filósofo Sócrates sabia da sua fundamental importância no rumo da filosofia buscando fazer com que os atenienses a todo tempo parisem a verdade e a virtude moral olhando a todo instante para dentro de si primando e cuidando de suas almas, nas quais para ele, era a morada da razão e dos valores sendo a filosofia o caminho para a busca da verdade, e só através desse cami-nhar é que se consegue chegar à verdadeira felicidade.

Aristóteles ainda que com outro caminho, mas sempre buscando o virtuosismo contido na natureza humana, a transformação da potência de cada ser em ato ampliando assim cada vez mais sua racionalidade.

Para esses grandes mestres os valores são universais independentes da nossa avaliação, algo que foi contestado pelo alemão Nietzsche (1844-1900), trazendo a tona sua concepção na qual se refere aos valores como algo surgido com os homens a partir de suas necessidades.

Para Nietzsche os valores são de fato algo enraizado na existência humana, são produtos da nossa história.

Se tomarmos a razão como ponto preponderante na descoberta dos valores, iremos concluir de fato sua relatividade, porque estaríamos tratando sobre forma de aceitar ou não aceitar algo.

Porém para alguns filósofos isso não seria motivo para se cair no relativismo, pois é nosso dever respeitar as opiniões dos outros, isso não nos impede de discordar.

A questão do gosto por um alimento, o processo político, religioso, o próprio futebol, cada um tem a sua preferência e o direito de defender aquilo que escolheu.

O que precisamos defender de fato é nossa postura reflexiva primando sempre pelo razoá-vel, pelo equilíbrio dinâmico estimulado pelo diálogo e pela flexibilidade de pensamento.

E isso como caminho para que possamos lançar um olhar diferente para o mundo e princi-palmente para nós mesmos, isso é de fato um processo e desalienação.

Observe, num mundo no qual estamos vendo cada vez mais as pessoas se distanciarem das outras, o individualismo crescendo cada vez mais, a sociedade mais tecnocrática, e menos humana, cabe uma reflexão.

O ser humano, enquanto se deixar escravizar pela cultura do TER pautado na manutenção do caos como temos visto, em graus exageradamente alarmantes e parecedores sem fins e sem pre-cedentes, demonstra, senão desprezar, dispensar o cérebro como órgão pensante.

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E digo mais! Para o ser humano, assim como o ar e o alimento para sua existência física, de-vemos ter como prática diária a reflexão para um equilíbrio psíquico.

E para que o ser humano busque como primordial em sua vida esses valores a filosofia nos presenteia com o que podemos chamar de consciência moral.

Capacidade que todos nós temos de observarmos nossa própria conduta, como nos compor-tarmos diante das regras estabelecidas, isso não significa dizer que estamos passíveis, nem concor-dando com tudo.

Isso significa dizer que podemos nos adaptar às normas vigentes em nossa sociedade, mas não quer dizer que não possamos propor caminhos de se estabelecer novos procedimentos.

Temos de fato que estar atentos ao tempo, ao contexto histórico do que se está sendo pro-posto.

Afinal, os possíveis erros de alguns seres humanos devem ser motivo de revisão, reconstrução e resignificação de muitos outros, para que possamos chegar quem sabe um dia a um equilíbrio.

Para se estabelecer um mundo moral se faz necessário uma consciência crítica, um grande poder de observação e de responsabilidade.

Um ato moral não raro traz consequências agradáveis ou desagradáveis a própria pessoa e àquelas pessoas que o cercam e consequentemente à comunidade que vive.

Temos visto que o comportamento moral tem variado de acordo com o contexto histórico conforme o modo de ser e de viver das pessoas inseridas nesse contexto.

Mas não devemos esquecer que a mente humana se torna livre quando tem liberdade, pelo contato e compreensão de sua condição de amoral.

A palavra virtude vem do latim VIR, que designa o homem, o varão. E VIRTUS – que quer dizer “poder”.

O dicionário de filosofia OXFORD nos diz que uma virtude é um traço de caráter merecedor de admiração, tornando seu portador melhor, quer seja no ponto de vista moral ou intelectual.

E o virtuoso é aquele que tem a capacidade de exercer alguma atividade na qual se destaca, como por exemplo, alguém que toca bem um instrumento qualquer, é nesse sentido que iremos falar um pouco nesse momento.

Temos visto, principalmente em nosso estado, manifestações artísticas maravilhosas, porém por outro lado algumas coisas que não estão razoáveis para os nossos olhos e ouvidos e não raro degenerando a figura humana.

E isso vai de encontro ao que podemos chamar de virtuosismo, pois a maioria dos conceitos encontrados nos diz que virtude é disposição para se querer o bem, e virtude moral como disposi-ção para realização dos deveres.

Ora mas será que é justo eu perder ou não ter a noção de moral, ética e estética e por esse motivo fazer tudo para me dar bem?

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