filosofia 11 - descrição e interpretação da atividade cognoscitiva

21
1. Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva

Upload: rafael-cristino

Post on 05-Apr-2017

104 views

Category:

Education


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

1. Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva

Page 2: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

GNOSIOLOGIA

Origem, natureza, possibilidade e limites do conhecimento.

Estudo do conhecimento – estudo das relações entre o sujeito e o objeto, procurando esclarecer e analisar

criticamente os problemas que essas relações suscitam.

TEORIA DO CONHECIMENTO

Page 3: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

O que é o conhecimento?Que tipos de conhecimento existem?

Quais as fontes do conhecimento?Qual a origem do conhecimento?

Será que o conhecimento é possível?Qual o fundamento do conhecimento?

ALGUMAS QUESTÕES GNOSIOLÓGICAS

Page 4: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

Representar o objeto é também, em certa medida, construí-lo.

Aquele que conhece

Aquilo que é conhecido

CONHECIMENTO

Um SUJEITO apreende um OBJETO

CORRELAÇÃO: o sujeito só é sujeito em relação a um objeto e este só é objeto em relação a

um sujeito.

INTERAÇÃO: o sujeito interage com a realidade, e é desse processo que o conhecimento emerge.

Page 5: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

Exemplo: saber cozinhar.

Conhecimento prático ou

conhecimento de atividades.

Conhecimento direto de alguma

realidade.

TIPOS DE CONHECIMENTO

CONHECIMENTO POR CONTACTO

SABER-QUE (conhecimentoproposicional)

SABER-FAZER (conhecimento poraptidão ou saber-

como)

Conhecimento de proposições ou pensamentos verdadeiros.

Exemplo: saber que «2 + 2 = 4».

Exemplo: conhecer Paris.

O saber-que também se designa por

conhecimento factual, podendo ser expresso

com outras locuções: por exemplo, «sei onde»; «sei

quando»; «sei quem», etc.

Page 6: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

Relação adequada entre o sujeito cognoscente e a

realidade.

Atitude de adesão a uma determinada proposição,

tomando-a como verdadeira.

CONHECIMENTO PROPOSICIONAL (SABER-QUE)

Proposições falsasProposições verdadeiras

Saber é acreditar naquilo que se sabe.

CRENÇA OBJETOSUJEITO

O verdadeiro e o falso de qualquer crença dependem de algo exterior à

própria crença.

No conhecimento proposicional verifica-se uma relação entre um sujeito e um objeto.

A crença é uma condição necessária do conhecimento. Mas as crenças podem ser verdadeiras ou falsas.

Page 7: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

DEFINIÇÃO TRADICIONAL DE CONHECIMENTO

S acredita que P.

CRENÇA JUSTIFICAÇÃO

CONDIÇÕES DO CONHECIMENTO

VERDADE

P é verdadeira.S dispõe de

justificação ou provas para

acreditar que P.

S sabe que P se, e só se:

Page 8: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

CONHECIMENTO – DEFINIÇÃO TRIPARTIDA

CRENÇA VERDADEIRA JUSTIFICADA

PLATÃO – DIÁLOGO TEETETO

Crença, verdade e justificação:

condições necessárias e

suficientes para que haja

conhecimento.

Todas as três condições são

necessárias para que haja

conhecimento. Consideradas isoladamente,

nenhuma delas é suficiente.

Page 9: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

EDMUND GETTIER

Contraexemplos à definição de conhecimento como crença verdadeira justificada.

Pode haver crenças verdadeiras que são justificadas apenas acidentalmente, em resultado da sorte, do

acaso ou da mera coincidência.

Pode haver crenças verdadeiras justificadas sem que tais crenças equivalham a um efetivo conhecimento. É possível que alguém não possua conhecimento, ainda que sejam realizadas as três condições: crença, verdade e justificação.

Críticas à definição tradicional de conhecimento

Page 10: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

Podemos alegar que uma crença só estará adequadamente justificada se estiver apoiada por razões tão fortes que não exista a menor hipótese de ser falsa.Estipula-se então que, é preciso uma crença estar infalivelmente justificada.Esta é uma forma insatisfatória de evitar os problemas dado que, se dissermos que qualquer crença justificada tem que excluir toda a possibilidade de erro, teremos de concluir que quase nenhuma das nossas crenças está justificada, o que é muito implausível…Por exemplo, parece-nos que acreditamos justificadamente que Saturno é um planeta e que a água e H²O, etc, mas não é completamente impossível que estas crenças sejam falsas…O infalibilismo impõe demasiadas restrições ao conhecimento, pois só reconhece como conhecimento as crenças de que temos provas infalíveis de que são verdadeiras e é óbvio que as crenças que cumprem essa condição são, apesar de tudo, poucas.

Assim, a maior parte dos filósofos é da opinião de que a justificação das nossas crenças não deve ser infalível, mas falível.Admitimos então que podemos ter crenças falivelmente justificadas.Mas, é preciso não esquecer que isso não significa que toda e qualquer explicação (justificação) desde que seja falível, é conhecimento…Uma explicação falível, mas acidental ou má, não é conhecimento.Então:S sabe que P se, e só se:1. S acredita em P2. P é verdadeira3. S tem uma justificação falível para acreditar em P

Justificação falível vs infalível

Page 11: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

CONHECIMENTO PROPOSICIONAL

CONHECIMENTO A POSTERIORI Afirmações que ilustram: Estão 3 cadeiras nesta sala. Ontem estive profundamente

triste. O 25 de Abril pôs fim à guerra

colonial. Nem todos os cisnes são

brancos. Dói-me imenso o braço. A neve é branca. Nenhum objeto totalmente azul

é frágil.A justificação para acreditar nestas

afirmações é a experiência/nossos sentidos.

Um sujeito sabe que P a posteriori se e só se, sabe que P, através da experiencia.

CONHECIMENTO A PRIORI

Afirmações que ilustram: Os solteiros não são casados. Tudo aquilo que é branco tem

cor. 523 x 2 = 1046 a + b = b + a O Universo está em expansão

ou o Universo não está em expansão.

Nenhum objeto totalmente azul é vermelho.

A justificação para acreditar nestas afirmações é o pensamento/razão.

Um sujeito sabe que P a priori se e só se, sabe que P, independentemente da experiência, ou pelo pensamento apenas.

Page 12: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

CONHECIMENTO PROPOSICIONAL

CONHECIMENTO A POSTERIORI Conhecimento empírico. Depende da experiência, seja

sensorial (advém dos nossos sentidos -visão, audição …- que nos colocam em contacto com o mundo exterior) ou introspetiva (advém daquilo que encontramos dentro de nós – emoções, desejos, dores …).

Constituído por crenças que só podemos justificar se recorrermos a dados empíricos, isto é, à informação que nos é fornecida pelos sentidos ou introspeção.

Conhecimento facultado pelas Ciências da Natureza, Ciências Humanas e conhecimento que obtemos todos os dias é a posteriori.

CONHECIMENTO A PRIORI

Não depende da experiência empírica.

Constituído por crenças que podemos justificar recorrendo unicamente ao pensamento, sem nos basearmos em quaisquer dados empíricos.

As verdades da lógica e da matemática, bem como outras afirmações que possamos saber que são verdadeiras pensando apenas no seu significado, constituem conhecimento a priori.

Page 13: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

ORIGEM DO CONHECIMENTO

RACIONALISMO(Racionalismo do século XVII)

EMPIRISMO(Empirismo inglês do século XVIII)

Filósofos:René Descartes

(1596-1650)Gottfried Leibniz

(1646-1716)Bento de Espinosa

(1632-1677) Nicolas Malebranche

(1638-1715)

Filósofos:John Locke

(1632-1704)George Berkeley

(1685-1753)David Hume(1711-1776)

Será que todo o nosso conhecimento provém da

experiência?Ou será que provém também da razão?

Ou procederá de ambas estas fontes, mas tem

maior importância quando provém de uma

do que de outra?

Problemas do conhecimento:

Page 14: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

RACIONALISMO

A razão (entendimento) é a fonte principal do

conhecimento.

A razão é fonte de um conhecimento totalmente

independente da experiência sensível .

O sujeito impõe-se ao objeto através das noções

e princípios evidentes que traz em si.

Ideias inatas:As ideias

fundamentais já nascem

connosco.

Intuição e dedução:As ideias

fundamentais descobrem-se por intuição

intelectual. O conhecimento constrói-se de

forma dedutiva.

Desconfiança dos sentidos:Eles são fonte

de crenças confusas e,

muitas vezes, incertas.

Otimismo racionalista:

Há uma correspondência

entre pensamento e

realidade. Toda a realidade pode ser conhecida.

Page 15: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

EMPIRISMO

A experiência é a fonte principal do conhecimento.

Todas as ideias têm uma base empírica, até as mais

complexas. O conhecimento do mundo obtém-se através

de impressões sensoriais.

O objeto impõe-se ao sujeito.

Rejeição do inatismo:

Não existem ideias,

conhecimentos ou princípios

inatos. O entendimento assemelha-se a uma página em

branco.

Significado da experiência:É nela que o

conhecimento tem o seu

fundamento e os seus limites.

John Locke: O conhecimento

encontra-se limitado pela experiência

(externa ou interna), ao nível da sua:

Extensão: o entendimento é incapaz de

ultrapassar os limites

impostos pela experiência.

Certeza: as certezas de

que dispomos referem-se

apenas àquilo que se

encontra dentro dos limites da

experiência.

Page 16: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

RACIONALISMO EMPIRISMO

FUNDACIONALISMO

EXPERIÊNCIACombinação da RAZÃO e da

EXPERIÊNCIA

RAZÃO

Valorização do conhecimento a

priori (mas não se nega a existência

do conhecimento a posteriori).

Valorização do conhecimento a

posteriori (mas não se nega a existência do conhecimento a

priori).

O conhecimento deve ser concebido como uma estrutura que se ergue e se desenvolve a partir de fundamentos certos, seguros e indubitáveis.

Page 17: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

Corre-se o risco da regressão infinita da justificação.

A justificação é inferencial: a crença justificada infere-se daquela que a justifica.

Uma crença é justificada por outra, a qual por sua vez é justificada por outra e assim sucessivamente.

De acordo com a definição tradicional de conhecimento, uma crença encontra-se justificada se

tivermos razões para pensar que ela é verdadeira.

FUNDACIONALISMO

crenças básicas ou fundacionais

permitem evitar a

Page 18: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

Suportam o sistema do saber. Não necessitam de uma

justificação fornecida por outras crenças, porque se

justificam a si mesmas.

infalíveis – não podem estar erradas

FUNDACIONALISMO

Crenças básicas Crenças não básicas

incorrigíveis – não podem ser refutadas

indubitáveis – não podem ser postas em dúvida

São justificadas por outras crenças.

Page 19: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

DOGMATISMO CETICISMO

Possibilidade do conhecimento

Será que o sujeito apreende efetivamente o objeto? Será que o conhecimento é possível?

NÃOSIM

Page 20: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

É o dogmatismo ingénuo. Não

coloca o problema do conhecimento.

Não ocorre propriamente na

filosofia.

DOGMATISMO

Posição própria do realismo ingénuo – ausência de exame

crítico das aparências.

O conhecimento é possível. Esta

perspetiva opõe-se ao ceticismo.

Confiança de que a razão pode atingir

a certeza e a verdade.

Expressando uma ausência de

espírito crítico, o termo adquire

aqui um sentido pejorativo.

Submissão, sem exame pessoal, a certos princípios

ou à autoridade de que provêm.

Opõe-se ao criticismo (Kant).

Exercício da razão, em domínios

metafísicos, sem uma crítica prévia da sua capacidade.

QUATRO ACEÇÕES DO TERMO

Page 21: Filosofia 11 - Descrição e Interpretação da Atividade Cognoscitiva

Pirro de Élis (c. 365-275 a. C.)

Sexto Empírico (séculos II-III d. C)

CETICISMO

Ceticismo absoluto ou radical

Arcesilau (c. 315-241 a. C.)

Carnéades (c. 213- c. 128 a. C.)

Ceticismo mitigado ou moderado

Não é possível ao sujeito apreender, de um modo efetivo ou então de um modo rigoroso, o objeto.

Pode haver apenas um ceticismo

localizado, que incide sobre um conhecimento

determinado: por exemplo, o

conhecimento metafísico –

ceticismo metafísico.