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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Políticas de Formação e Endogeneização de Capital Humano em Países em Desenvolvimento O caso da indústria petrolífera em Angola José Pereira da Costa Barroso Mangueira (Licenciado) Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia e Gestão de Tecnologia Orientador: Doutor Paulo Manuel Cadete Ferrão Co-orientador: Doutor Rui Manuel Leitão da Silva Santos Júri Presidente: Doutor Manuel Frederico Tojal de Valsassina Heitor Vogais: Doutor António Rui de Almeida Figueiredo Doutor Paulo Manuel Cadete Ferrão Doutor Rui Manuel Leitão da Silva Santos Julho de 2004

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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA

INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO

Políticas de Formação e Endogeneização de Capital Humano em Países em Desenvolvimento

O caso da indústria petrolífera em Angola

José Pereira da Costa Barroso Mangueira

(Licenciado)

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia e Gestão de

Tecnologia

Orientador: Doutor Paulo Manuel Cadete Ferrão

Co-orientador: Doutor Rui Manuel Leitão da Silva Santos

Júri Presidente: Doutor Manuel Frederico Tojal de Valsassina Heitor

Vogais: Doutor António Rui de Almeida Figueiredo

Doutor Paulo Manuel Cadete Ferrão

Doutor Rui Manuel Leitão da Silva Santos

Julho de 2004

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I

Título: “Políticas de Formação e Endogeneização de Capital Humano em Países em Desenvolvimento” – O caso da indústria petrolífera em Angola Nome: José Pereira da Costa Barroso Mangueira Curso de Mestrado em: Engenharia e Gestão de Tecnologia Orientador: Professor Paulo Cadete Ferrão Co-orientador: Professor Rui Santos Provas concluídas em: Resumo:

A presente dissertação analisa o processo de substituição dos trabalhadores estrangeiros por nacionais do sector dos petróleos de Angola, a angolanização. O principal objectivo é caracterizar os efeitos das políticas de formação e de integração de recursos humanos na indústria petrolífera angolana, utilizando a Argélia como termo de comparação privilegiado tendo em conta as semelhanças entre esse país e Angola e a Noruega como termo de comparação secundário pelas diferenças, tanto relativamente a Angola com à Argélia. Os resultados permitiram concluir que essas políticas têm sido proficientes e que a integração tem sido mormente difícil para as categorias de níveis superiores, técnico e administrativo, devido ao fraco nível e à deficiente resposta do sistema de ensino nacional, o que obriga o sector a recorrer ao exterior do país para a formação, principalmente superior, dos seus quadros, dispendendo elevados recursos financeiros que teriam resultados mais efectivos e duradouros se aplicados racionalmente nas instituições de ensino nacional.

Palavras-chave: conhecimento, políticas, formação, tecnologia, petróleo, recursos humanos

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Title: ‘Policies for human capital formation and endogeneization in Developing countries. – The Angolan oil industry case. Abstract: The present dissertation analyses the process of the replacement of the foreign labour by nationals in the Angolan petroleum industry, called as “angolanization”. The main objective é to characterise the effects of the education and integration policies of the human resources in the Angolan petroleum industry, using Algeria as comparison privileged term, taking into account the similarities between this country and Angola and Norway as a secondary comparison term taking account the differences to Angola and Algeria.

The results allowed to conclude those policies have been proficient and the integration has been mainly difficult to the high level categories, both technical and administrative, due to the very low level and defective answer of the national education system, what forces the petroleum sector to turn to abroad of the country looking for the education, mainly to the superior level, expending significant financial resources that would be more efficient and permanents if applied rationally in the education national institutions.

Key words: Knowledge, policy, education, technology, petroleum, human resources

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Agradecimentos

Queremos agradecer, especialmente, aos orientadores deste estudo, Professor Paulo Ferrão do Instituto Superior Técnico e Professor Rui Santos da Universidade Nova de Lisboa. Igualmente, queremos agradecer à ex-Ministra dos Petróleos Eng.ª Albina Assis Africano que nos incentivou à realização desta formação bem como ao actual Ministro Eng.º Desidério Costa, ao Director do Gabinete de Estudos e Planeamento Económico do Ministério dos Petróleos, Dr. Eleutério Mavela e à Direcção dos Recursos Humanos do mesmo Ministério pelo apoio e pela pronta disponibilização dos elementos necessários para a realização do trabalho. Os nossos agradecimentos a Sua Excia o Ministro da Energia e Minas da Argélia, Doutor Chakib Khelil, e ao Director Geral Dr. Saïd Akretche, pelo apoio incondicional prestado para a elaboração desta dissertação. Queremos, ainda, agradecer a todos os familiares e amigos que nos encorajaram e incentivaram na realização deste objectivo. Agradecemos particularmente à Victória e aos nossos filhos, José, Pedro e António, pelo apoio e a compreensão demonstrados durante este período, dedicando-lhes este trabalho.

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Índice Geral IV Índice de Tabelas VI Índice de quadros, gráficos e figuras VIII Introdução 1 I- O Problema de Investigação I.1 – A relevância do capital humano para o desenvolvimento económico das nações

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I.1.1 – Capital Humano 5 I.1.2 – Índice de Desenvolvimento Humano 8 I.1.3 -A capacidade tecnológica e a inovação em Países em Desenvolvimento 10 I.1.4 – As empresas multinacionais e o seu papel na transferência de tecnologia 11 I.1.5 – As fontes e tendências do IDE em países em desenvolvimento 13 I.1.5.1 – As fontes do IDE 13 I.1.5.2 – Tendências do IDE por sectores nos países em desenvolvimento 16 I.1.5.3 – Tendências na formação do capital Humano nos países em desenvolvimento

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Políticas para melhoria do desenvolvimento os recursos humanos 20 Tendências no capital humano 22 I.1.5.4 – O Sistema Nacional de Inovação 24 I.2 – Contextualização do caso Angolano 25 I.2.1 – Antecedentes históricos 25 I.2.2 – Características da força de trabalho no sector angolano dos Petróleos 27 I.3 – Análise do problema de investigação 28 I.4 – Metodologia 30 II – A Indústria Petrolífera II.1- Descrição Sumária 33 II.1.2 – A produção dos hidrocarbonetos e as reservas mundiais 35 II.1.2.1 – A produção dos hidrocarbonetos 36 II.1.3 – O Transporte 40 II.1.3.1 – O Petróleo 40 II.1.3.2 – O Gás Natural 41 II.1.4 - A refinação dos hidrocarbonetos 42 II.1.5 – A petroquímica 43 II.1.6 – Comercialização 44 II.2 – Identificação das actividades-chave e necessidades de conhecimento 45 III - Legislação, Políticas de Concessões e Tipos de Contrato III.1 - Aspectos Históricos 57 III.2 Análise comparativa 58 IV- O Processo de Angolanização dos Recursos Humanos IV.1 – A evolução histórica e níveis de concretização das metas políticas 75 IV.1.2 - Situação Actual do Processo de Angolanização 79

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IV.1.3 - Análise da Angolanização 80 IV.1.3.1 -Sector administrativo 83 IV.1.3.1.1 - Recursos Humanos 83 IV.1.3.1.2 – Sistemas Informáticos 83 IV.1.3.1.3 – Contabilidade e Finanças 84 IV.1.3.1.4 – Serviços Jurídicos 84 IV.1.3.1.5 – Serviços de Aprovisionamento 85 IV.1.3.1.6 – Serviços Administrativos 85 IV.1.3.2 – Sector técnico 87 V- O Desempenho do Sistema de Ensino e a Formação de Recursos Humanos Qualificados

V.1 - Ensino secundário, 1º nível 95 V.2 - Ensino superior 96 V.3 - As relações entre a sociedade, a formação de recursos humanos e a indústria petrolífera

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VI - Conclusões e recomendações VI.1- Quadro Resumo 105 VI.2 – Conclusões 105 VI.3 – Recomendações 111 Glossário 113 Fontes e Bibliografia 117 Anexos: Anexo I- História da Indústria Petrolífera Angolana Anexo II- História da Indústria Petrolífera Argelina Anexo III- História da Indústria Petrolífera Norueguesa Anexo IV- O Sistema de Ensino em Angola Anexo V- O Sistema de Ensino na Argélia Anexo VI- O Sistema de Ensino na Noruega

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VI

Índice de Tabelas Introdução 1 I- O Problema de Investigação I.1 – A relevância do capital humano para o desenvolvimento económico das nações

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Tabela I.1 – Indicadores de desenvolvimento Humano para Angola, Argélia e Noruega

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Tabela I.2 – Comparação entre fusões e aquisições relativamente a investimentos de raiz

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Tabela I.3 – Consumo de IDE nos países desenvolvidos e nos em via de desenvolvimento

14

Tabela I.4 – Repartição do consumo de IDE, por sector nos países em desenvolvimento

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Tabela I.5 – Repartição do consumo de IDE nos países em desenvolvimento 15 Tabela I.6 – Consumos de IDE nas maiores economias em 2001 e 2002 15 Tabela I.7 Distribuição dos consumos de IDE por sector e por região 16 Tabela I.8 – Consumos de IDE por sectores em 2001 17 Tabela I.9 – Taxa de matrículas no ensino primário 20 Tabela I.10 – Tendências da média de escolaridade por regiões 22 Tabela I.11 – Tendências de escolaridade em Angola, Argélia e Noruega 22 II – A Indústria Petrolífera Tabela II.1- Reservas e produção de petróleo bruto no Mundo 37 Tabela II.2 – Produção dos Países da OPEP 37 Tabela II.3 – Produção de petróleo bruto e gás natural de Angola, Argélia e Noruega

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Tabela II.4 – Reservas e produção de gás natural no Mundo 39 Tabela II.5 – Actividades principais na fase de pesquisa e exploração 46 Tabela II.6 - Actividades principais na fase de desenvolvimento dos campos 48 Tabela II.7 - Actividades principais na fase de produção de petróleo e gás 49 Tabela II.8 – Localização das actividades nos países 51 Tabela II.9 - Força de trabalho do sector petrolífero angolano (2002) 52 Tabela II.10 – Trabalhadores da Sonatrach Holding 53 Tabela II.11 – Trabalhadores das filiais da Sonatrach 53 Tabela II.12 – Trabalhadores do sector petrolífero norueguês 54 Tabela II.13 – Resumo dos recursos humanos por categoria profissional 54 III - Legislação, Políticas de Concessões e Tipos de Contrato IV- O Processo de Angolanização dos Recursos Humanos Tabela IV.1 - Evolução do número dos trabalhadores do sector dos petróleos 75 Tabela IV.2 - Força de trabalho em Angola em 1975 no sector dos petróleos 75 Tabela IV.3 – Objectivos a atingir com o processo de Angolanização 75 Tabela IV.4 – Evolução no processo de Angolanização, 1975-2000 77 Tabela IV.5 – Situação da Angolanização em 1990 77 Tabela IV.6 - Situação da força de trabalho 1990 versus 1999 78 Tabela IV.7 - Situação da força de trabalho/níveis de angolanização em 1999 79

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Tabela IV.8 - Quadro resumo da angolanização no sector 78 Tabela IV.9 – Total de mão de obra no sector em 2002 79 Tabela IV.10 – Trabalhadores por categorias profissionais 80 Tabela IV.11 – Trabalhadores por categorias ocupacionais 80 Tabela IV.12 - Trabalhadores por categorias ocupacionais para área administrativa

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Tabela IV.13 - Trabalhadores por categorias ocupacionais para a área técnica 82 Tabela IV.14 – Área dos Recursos Humanos 83 Tabela IV.15 – Área dos Sistemas de Informação 83 Tabela IV.16 – Área de Contabilidade e Finanças 84 Tabela IV.17 – Área de Serviços Jurídicos 84 Tabela IV.18 – Área de Serviços de Aprovisionamento 85 Tabela IV.19 – Área dos serviços Administrativos 85 Tabela IV.20- Grupo dos técnicos médios e superiores 86 Tabela IV.21- Técnicos médios e superiores nas actividades de apoio 87 Tabela IV.22- Quadros Técnicos licenciados e superiores 88 Tabela IV.23- Angolanização nas actividades de apoio 89 Tabela IV.24 - Técnicos a recrutar a partir de 2003 90 Tabela IV.25 - Licenciados a recrutar a partir de 2003 90 Tabela IV.26 - Quadros técnicos a formar nas instituições nacionais 91 Tabela IV.27 - Técnicos superiores a serem formados em Angola 91 V- O Desempenho do Sistema de Ensino e a Formação de Recursos Humanos Qualificados

Tabela V.1 – Despesas para a educação em percentagem do OGE 94 Tabela V.2 – Alunos, professores e taxas de aprovação no ensino geral 94 Tabela V.3 - Alunos, professores e taxas de aprovação no ensino médio profissional

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Tabela V.4 - Inscrições e licenciaturas no ensino Superior 96 VI - Conclusões e recomendações VI.1- Quadro Resumo 105 Glossário 113 Fontes e Bibliografia 117

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Índice de quadros, gráficos e figuras Introdução 1 I- O Problema de Investigação Gráfico I.1 - Índice de consumo de IDE no intervalo de 1999-2001 13 II – A Indústria Petrolífera Figura II.1 – Corte esquemático de um jazigo de petróleo 34 Figura II.2 – Aparelho de sondagem 35 Figura II.3- Esquema de um centro de produção 36 Figura II. 4 - Oferta e procura de petróleo bruto 40 Figura II. 5 - Principais rotas do comércio de gás natural 42 Gráfico II.1 – Força de trabalho do sector dos petróleos angolano por nacionalidade (2002) (técnicos)

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Gráfico II.2 – Força de trabalho do sector dos petróleos angolano por nacionalidade (2002) (administrativos)

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Gráfico II.3 – Recursos humanos por categorias profissionais 55 III - Legislação, Políticas de Concessões e Tipos de Contrato IV- O Processo de Angolanização dos Recursos Humanos Gráfico IV.1 – Total de trabalhadores por categorias operacionais 81 Gráfico IV.2 – Distribuição dos trabalhadores da área administrativa 82 Gráfico IV.3 – Distribuição dos trabalhadores para a área técnica 82 V- O Desempenho do Sistema de Ensino e a Formação de Recursos Humanos Qualificados

Gráfico V.1 – Noruega 102 Gráfico V.2 –Argélia 102 Gráfico V.3 –Angola 103 VI - Conclusões e recomendações Glossário 113 Fontes e Bibliografia 117

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Introdução Angola transformou-se após a independência, em 1975, num dos países maiores produtores de petróleo, cuja economia está fortemente dependente desta indústria.

A Argélia e a Noruega são, também, dois países grandes produtores de petróleo bruto e gás, embora com localização geográfica e estruturas políticas e económicas diferentes.

Tanto Angola como a Argélia foram colonizados por países diferentes, respectivamente Portugal e França, e as independências ocorreram com cerca de 14 anos de diferença.

Embora Angola tenha vivido um longo período de guerra colonial seguida de guerra civil, conseguiu um grande desenvolvimento no sector petrolífero que fez com que hoje esteja no conjunto dos grandes produtores mundiais de petróleo. A Argélia é dos maiores países produtores de gás e petróleo do mundo. Ambos exportam quase toda a produção de hidrocarbonetos.

Em ambos os países foram feitos esforços para que os nacionais controlassem, de facto, a indústria petrolífera a todos os níveis, pelo que foram elaboradas políticas para a formação de recursos humanos, para a transferência da tecnologia e do conhecimento necessários à operação e ao desenvolvimento do sector, para conseguir aumentar o conjunto de mais valias retidas nas economias nacionais.

Este trabalho caracteriza os efeitos das políticas de formação e de integração de recursos humanos na indústria petrolífera angolana, utilizando a Argélia como termo de comparação privilegiado, tendo em conta as semelhanças históricas entre esse país e Angola, e a Noruega como termo de comparação secundário pelas diferenças que apresenta, tanto relativamente a Angola com à Argélia.

Vamos tentar analisar e comparar as políticas adoptadas pelos dois países africanos no sector, nomeadamente através da gestão do poder de concessão, dos tipos de contrato, da gestão de reservas, da comercialização, da liberalização dos mercados ou criação de empresas estatais, privadas e mistas. São analisadas as suas implicações na transferência de tecnologia, na produção e na difusão do conhecimento, com destaque para a incorporação de recursos humanos nacionais de diferentes níveis de qualificação no conjunto da indústria petrolífera.

Para que esta questão seja colocada no devido contexto, caracteriza-se a indústria petrolífera nas suas diferentes dimensões, desde a pesquisa nos jazigos até à distribuição nas estações de serviço, identificando as competências e tipos de conhecimento associadas aos recursos humanos em cada uma dessas dimensões.

Assim, tentaremos identificar os conhecimentos e competências necessárias para se prospectar, explorar, tratar, transportar e refinar o petróleo bruto até se

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atingir os produtos refinados. Faremos a caracterização das políticas de concessão, especialmente no que toca à formação e à incorporação de quadros científicos e técnicos nacionais nas diferentes áreas de conhecimento identificadas, quantificando a formação e a incorporação nos três países a partir dos indicadores disponíveis.

Abordaremos, também, um pouco da história da indústria petrolífera de Angola e da Argélia, para se poder entender as dificuldades na transferência de tecnologia e conhecimento nos diferentes países: aspectos históricos, evolução da indústria, sistemas de concessões, tipos de contrato, quadro legislativo e legislação em curso, principais actores e desafios e papel da indústria petrolífera na economia.

Abordaremos, ainda, os sistema nacionais de educação de Angola e da Argélia, em geral e nas suas ligações com o sector dos petróleos. Procuraremos, a partir dos dados disponíveis, caracterizar as políticas educativas, especificando para as áreas de conhecimento identificadas (caracterização das políticas públicas de produção/difusão de conhecimento, gerais e específicas ao sector petrolífero, conducentes à formação dos recursos humanos para as necessidades de conhecimento identificadas).

Procuraremos descrever as estratégias dos diferentes actores (Governo, empresas públicas, empresas concessionárias, instituições de ensino e formação…) relativamente a estes objectivos, salientando os esforços do governo angolano para que o sector dos petróleos seja “angolanizado”, e traçando a evolução dos recursos humanos no sector petrolífero, processo e objectivo político correntemente designado como Angolanização.

Tentaremos caracterizar com dados estatísticos, obtidos através de publicações especializadas e de inquéritos nas empresas, como, de facto, se pode verificar a transferência de conhecimento e a que níveis ela existe, nomeadamente através de mapas de preenchimento efectivo por recursos humanos nacionais das necessidades de conhecimento da indústria petrolífera por áreas de conhecimento científico, tecnológico e técnico, para os 3 países.

A presente dissertação encontra-se organizada em 6 capítulos, com o seguinte conteúdo:

No capítulo I, “ O Problema de Investigação”, aborda-se a relevância do capital humano para o desenvolvimento económico-social das nações nomeadamente recorrendo ao indicador do Índice de Desenvolvimento Humano, abordam-se as perspectivas teóricas sobre a relação entre investimento directo estrangeiro e formação de capital humano nos países em desenvolvimento, e contextualiza-se o caso angolano, abordando-se os antecedentes históricos e caracterizando-se a força de trabalho no sector dos petróleos.

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No capítulo II, “ A Indústria Petrolífera” pretende-se dar uma ideia do que é a indústria petrolífera em todas as suas dimensões, desde a pesquisa nos jazigos até à distribuição nas estações de serviço, e identificam-se os conhecimentos e competências necessárias para se explorar, tratar, transportar e refinar o petróleo bruto até se atingir os produtos refinados; quantifica-se a formação e a integração dos Recursos Humanos nas áreas de conhecimento identificadas, nos 3 países.

No capítulo III, “Legislação, Políticas de Concessão e Tipos de Contrato”, caracterizam-se as políticas de concessão, especialmente no que toca à formação e integração de quadros científicos e técnicos nacionais (transferência de conhecimento e tecnologia).

No capítulo IV, “O processo de Angolanização dos Recursos Humanos”, aborda-se a evolução do processo de Angolanização dos recursos humanos e faz-se uma projecção das necessidades em recursos humanos, a curto prazo e da resposta das instituições nacionais em formação necessária para a actividade petrolífera.

No capítulo V, “ O desempenho do Sistema de Ensino e a Formação de Recursos Humanos” faz-se uma análise comparativa dos sistemas de ensino em Angola, Argélia e Noruega.

No capítulo VI,” Conclusões e Recomendações” – apresentam-se as conclusões e recomendações.

No glossário, pretende-se explicar alguns termos petrolíferos.

Na bibliografia apresenta-se a lista da literatura e sites da Internet utilizados para se poder elaborar este trabalho.

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I- O Problema de Investigação

I.1 – A relevância do capital humano para o desenvolvimento económico das nações

A ideia de que o capital humano e a educação, em particular, têm uma importância fundamental para o crescimento económico remonta ao início dos anos 60, com os trabalhos seminais do Prémio Nobel Theodore Schultz (1961) bem como dos exercícios de "growth accounting" de Edward Deninson (1962).

Neste contexto, abordam-se nos parágrafos seguintes os conceitos de capital humano, capacidade tecnológica, suas relações com o investimento estrangeiro directo (IDE) e com o sistema nacional de inovação (SNI).

I.1.1 – Capital Humano

O que é capital humano?

Utilizando uma definição literal (Sandroni 1994): Capital humano pode ser definido como: “o conjunto de investimentos destinados à formação educacional e profissional de determinada população”, ou ainda por: “aptidões e habilidades pessoais que permitem ao indivíduo auferir um rendimento”. Esse capital deriva de aptidões naturais ou adquiridas no processo de aprendizagem. Nesse sentido, o conceito de capital humano corresponde ao de capacidade de trabalho, assente em conhecimentos e competências relevantes para as operações produtivas.

De um modo geral, assume-se que o capital humano tem um importante papel na determinação tanto do nível de rendimento (efeito nível) como da taxa de crescimento económico (efeito taxa). Quando o capital humano entra na função de produção como apenas mais um input, o crescimento do produto é explicado como uma função do aumento do stock de capital humano, tal como quantificado por indicadores como, por exemplo, o número de estudantes matriculados num país nos diversos níveis, desde o ensino primário até às universidades. Assim, temos que o seu aumento resulta numa elevação do nível de rendimento. Quando o capital humano facilita a adopção de novas tecnologias ou é visto como um input para o processo de inovação e difusão tecnológica, está-se perante uma relação positiva entre o stock de capital humano e o crescimento da produtividade e do rendimento per capita.

Por exemplo, Richard Nelson (1959), Richard Nelson e Edmund Phelps (1966) e Paul Romer (1986) destacam que o capital humano afecta a velocidade da difusão e da convergência tecnológica entre as nações, pois a flexibilidade e a facilidade de aprendizagem dos indivíduos é afectada pelo nível de educação, que os capacita a

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adaptarem-se às mudanças tecnológicas. Assim, segundo eles, recursos humanos educados devem ser considerados como sendo um input tanto para os processos de inovação como de difusão tecnológicas. Segundo o modelo de Nelson-Phelps, o rendimento per capita de um país e a taxa de inovações deveriam aumentar com o nível de educação alcançado pela sua população e, em particular, com o nível de educação obtido nos níveis secundário e universitário, pois estes predizem melhor o número de potenciais investigadores e inovadores na economia.

Com base no que foi exposto acima, e pese embora a consciência de que este fenómeno não é linear, pode admitir-se que, tendencialmente, o capital humano afecta de modo positivo a taxa de crescimento económico e proporciona, a prazo, um nível de rendimento mais elevado.

Nos modelos neoclássicos de crescimento económico, o capital humano entra como sendo apenas mais um factor de produção, sendo a taxa de crescimento económico uma função da sua taxa de acumulação; ou seja, encontra-se um sinal positivo na relação entre a taxa de crescimento económico e a acumulação do stock de capital humano. A principal implicação política que resulta deste modelo é que os investimentos em educação são fundamentais para o aumento da taxa de crescimento económico.

Já nos modelos formulados por Robert Lucas (1988) e Paul Romer (1986), o capital humano entra como um input de um mecanismo do próprio processo de crescimento, na medida em que facilita a adopção de inovações tecnológicas, que são a chave para o crescimento económico e o aumento da produtividade, e tem um efeito permanente sobre o crescimento.

É plausível supor-se que ambas as teorias estejam correctas, pois o capital humano tanto pode aumentar o nível do produto e estabelecer um novo estágio ou patamar para o crescimento económico como aumentar a taxa de crescimento em si, sendo, portanto, as diferenças entre aquelas teorias, com relação ao capital humano, mais semânticas do que reais. Na realidade, podemos considerar que a segunda família de modelos vai mais longe na especificação dos mecanismos explicativos que permitem interpretar as correlações constatadas pela primeira.

Pode-se concluir que os investimentos em educação têm efeitos significativos tanto para um país como um todo, como para os indivíduos, pois são uma das fontes principais do crescimento económico, quer porque induzem um aumento da produtividade, quer porque contribuem de modo significativo para o processo de inovação e difusão tecnológica, para além de se constituírem como um investimento que produz em média retornos muito elevados para os indivíduos, o que se reflecte nos seus rendimentos.

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Uma vez que os investimentos em educação proporcionam elevadas "externalidades positivas", ou seja retornos que não são inteiramente captados por quem realiza os investimentos, temos que a intervenção governamental neste caso seria uma medida adequada. Segundo Milton Friedman (1962), uma sociedade democrática e estável só é possível com um grau mínimo de alfabetização e de conhecimento por parte da maioria dos cidadãos e com a ampla aceitação de algum conjunto de valores. A educação pode contribuir para esses dois objectivos. Deste modo, os ganhos potenciais de uma criança com a educação não são desfrutados apenas por ela ou pelos seus pais, mas por toda a sociedade; ou, em outras palavras, a educação do meu filho contribui para o aumento do bem-estar dos outros membros. Como não é possível identificarmos cada membro beneficiado, gera-se uma externalidade positiva, que justifica em algum grau de intervenção dos governos no mercado para garantir que este bem público não é provido de forma deficiente ou sub-óptima, se deixado à simples agregação das decisões dos actores privados.

As pesquisas mais recentes mostram que a educação – e a alfabetização em particular – constitui um motor para a expansão económica e, ao mesmo tempo, uma mola propulsora do desenvolvimento social e político, reunindo, assim, dimensões de um processo que hoje se caracteriza como o desenvolvimento humano (UNESCO 2003). A interdependência de tais dimensões distingue-se pelo facto de a expansão económica não se traduzir em desenvolvimento humano se os seus benefícios não se distribuem e não levam à participação e à consciencialização sociopolíticas. Por outro lado, os frutos não se distribuem sem serem gerados pela economia.

Pode-se afirmar que a educação pode contribuir tanto para dar frutos como para os distribuir. No primeiro caso, vários trabalhos recentes continuam a caracterizar o seu valor ao longo do tempo.

O Instituto de Estatística da UNESCO (2003), analisando os indicadores educacionais mundiais, mostra que o capital humano foi o factor mais importante para o crescimento dos países da OCDE nas três últimas 3 décadas. Por outro lado, as melhorias no capital humano foram responsáveis por cerca de 0,5% das taxas anuais de crescimento de quase todos os países do Programa Mundial de Indicadores Educacionais nos anos 80 e 90, comparados com as décadas anteriores. Cada ano de escolaridade média acrescentado à população adulta desses países traduzir-se-ia num aumento médio de 3,7% na taxa de crescimento económico de longo prazo.

Um conjunto de resultados de investigações empíricas mostra que as taxas médias de retorno da educação são altas, relativamente ao retorno dos investimentos

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noutros sectores. Por seu lado, elas são mais elevadas, tanto em termos de benefícios individuais quanto colectivos, para o nível primário ou fundamental de escolaridade. Por outras palavras, quanto mais perto da base, que deve ser universal e compartilhada igualmente por todos, maiores são os benefícios da educação.

Uma comparação de oito economias do Leste Asiático destaca que o maior determinante do seu desenvolvimento económico foi, de longe, a educação primária, Ritchie (2002). No caso da República da Coreia, o incremento da escolaridade básica tornou o rendimento per capita 30 a 40% mais elevado do que seria se a matrícula na escola primária fosse menor em 1960, quando a taxa de escolaridade era de 94%.

Pode-se reconhecer que pessoas mais educadas têm maior probabilidade de trabalhar e de permanecer empregadas, e de receber maiores salários. A produtividade da economia, em geral, tem grande acréscimo quando os seus empresários e trabalhadores adquirem mais e melhor escolaridade.

Estas evidências tratam do retorno económico mensurável. Há, ainda, benefícios educacionais difíceis de medir, que se localizam no campo social, porém com profundas repercussões económicas. Pessoas alfabetizadas e educadas são mais capazes de cuidar da sua saúde e nutrição, bem como são capazes de oferecer melhor nutrição, saúde e educação às suas crianças, criando uma geração com maiores oportunidades de viver bem, com menor pobreza e gerando menores custos sociais que a precedente.

A educação tem, assim, retorno económico palpável, pois subtrai despesas públicas e contribui para uma melhor distribuição dos benefícios.

I.1.2 – Índice de Desenvolvimento Humano

O Relatório sobre Desenvolvimento Humano do PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, constrói desde 1990 o índice de desenvolvimento humano, IDH, que mede os progressos efectuados por cada país tendo em conta uma selecção de parâmetros sociais e económicos fundamentais. Os três componentes essenciais para o seu cálculo são e a esperança de vida, a educação e o rendimento per capita. Em 2003, o IDH mostra que 21 países revelam um recuo nos anos 90. Na década de 80, só um quarto dos países avaliados por este indicador haviam experimentado um tal declínio (PNUD 2003).

No relatório de 2003, o Índice de Desenvolvimento de 2003 classifica 175 países, tendo em conta dados de 2001, o ano mais recente relativamente ao qual foi

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possível obter dados. O primeiro e o último do índice mantêm-se os mesmos do ano passado: respectivamente, a Noruega e a Serra Leoa. Segundo o mesmo relatório:

• Quase todos os países com “baixo desenvolvimento humano”, ou seja, classificados na categoria inferior do IDH, encontram-se na África, a sul do Sahara: 30 num total de 34.

• Cerca de metade dos países da América do Sul e das Caraíbas registaram um retrocesso ou uma estagnação durante a última década.

Na África a sul do Sahara, a devastação causada pela epidemia do VIH/SIDA é responsável pelo declínio registado no IDH 2003. A expectativa de vida diminuiu espectacularmente, com as taxas de incidência do VIH/SIDA elevadíssimas, de um em cinco, em alguns dos países desta zona. A África do Sul, por exemplo, desceu 28 lugares desde 1990, principalmente devido a um aumento de mortalidade de jovens devido a doenças ligadas à SIDA.

O quadro seguinte compara Angola, Argélia e Noruega relativamente ao índice de desenvolvimento humano, sendo a classificação de cada um dos países 164º, 106 e 1º, respectivamente.

Tabela I.1 – Indicadores de desenvolvimento Humano para Angola, Argélia e Noruega

Angola Argélia Noruega Esperança de vida em 2001 40.2 67.8 78.7

Literacia nos adultos maiores de 15 anos (%) 42.0

70.0

100

Taxa combinada de matrículas ensino primário, secundário e superior (%) em 2001 29

71

98 PIB per capita (USD) 2001 2,040 6,090 29,620 Índice de esperança de vida, 2001 0.25 0.74 0.90 Índice de educação, 2001 0.38 0.69 0.99 Índice do PIB 2001 0.50 0.69 0.95 Índice de desenvolvimento Humano 0.377 0.704 0.944

Ordem do PIB per capita menos ordem do IDH -32 -31

4 Classificação por IDH 164 106 1

O quadro anterior mostra que, dos 3 países em análise, é Angola o que apresenta o menor índice de desenvolvimento humano.

Dada esta posição na escala de desenvolvimento humano, o peso determinante, directo ou indirecto, da educação em várias das suas dimensões, e tendo em conta a importância relativa da indústria petrolífera na economia angolana e a sua exigência e potencial de incorporação de capital humano, é importante analisar as relações entre a capacidade tecnológica nacional, as empresas multinacionais e o

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investimento estrangeiro, e em que medida este se pode repercutir na transferência de tecnologia e de conhecimento e, por conseguinte, no crescimento de capital humano e de capacidade tecnológica.

I.1.3 -A capacidade tecnológica e a inovação em Países em Desenvolvimento

O capital tecnológico é determinante no comércio internacional de cada país, onde a competitividade é muito importante. Por seu lado, a competitividade depende cada vez menos dos factores tradicionais como o acesso aos recursos naturais e à mão-de-obra barata; pelo contrário, as novas indústrias são baseadas no conhecimento e dependem da geração contínua de inovações tecnológicas e na rápida transformação dessas inovações em produtos comerciais procurados pelos clientes, ou em processos produtivos que permitam aumentar o valor acrescentado por unidade de input dos diversos factores.

Devido ao seu papel crítico no crescimento económico e na competitividade internacional, a tecnologia deve receber uma especial atenção na elaboração de novas políticas económicas, o que se verificou nos países já industrializados e nos em via de industrialização. Pensamos que o facto de a mudança tecnológica não ter merecido a devida atenção por parte dos países em vias de desenvolvimento possa explicar o fosso que existe entre países ricos e pobres na área da ciência e tecnologia.

É verdade que os países em desenvolvimento podem beneficiar da transferência e difusão de tecnologia e conhecimentos, mas a literatura mostra a necessidade de aptidão para absorver e aplicar efectivamente as tecnologias disponíveis no exterior para o seu processo de desenvolvimento. Além disso, as análises empíricas que tem sido feita sobre empresas de países em desenvolvimento mostram que a sua aptidão para acesso aos mercados internacionais depende dos seus esforços tecnológicos internos (Kumar e Siddharthan 1994). Essa capacidade tecnológica de alguns países em vias de desenvolvimento foi a chave que possibilitou a exportação e o desenvolvimento de produtos tecnologicamente mais complexos e aumentou a sua competitividade no mercado. As políticas relativamente às tecnologias nos países em desenvolvimento têm como objectivo construir uma capacidade tecnológica. A questão central para o desenvolvimento destes países é adquirir a capacidade para utilizar a tecnologia existente para produzir de modo mais eficiente, para estabelecer melhores organizações produtivas e usar a experiência ganha na produção e no investimento para adaptar a melhor tecnologia em uso.

A capacidade tecnológica endógena é necessária não só para modificar, adaptar e melhorar a tecnologia original, mas também para filtrar e modificar os avanços tecnológicos estrangeiros e incorporar algum deles no uso local.

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A capacidade tecnológica pode ser considerada como tendo três componentes fundamentais e interdependentes:

• Indivíduos com habilidade, treino e experiência.

• Empresas e organizações com capacidade de aprendizagem e adaptação.

• Objectivos orientados para o investimento em conhecimento, inovação e produtividade.

Assim, a capacidade tecnológica requer um esforço necessário nos recursos humanos, nas instituições e na definição de objectivos.

Apesar de a experiência ser importante, a capacidade tecnológica não é adquirida somente pela experiência. Ela provém do esforço de monitorização e acompanhamento dos desenvolvimentos no mundo, ou seja, implicando a aquisição de novas aptidões e respostas a novas situações.

É necessário realçar a natureza dinâmica do esforço para construir a capacidade tecnológica, que é um conceito relativo e julgado segundo padrões internacionais, cuja expansão é muito rápida. Os países encontram vários graus de dificuldade para construir a capacidade tecnológica nos diferentes sectores da indústria, devido à natureza e ao número de mudanças que têm lugar. Por outro lado, a capacidade tecnológica nos diferentes ramos da indústria pode provocar diferentes externalidades ligadas a outros sectores, e esta sequência pode ser uma prioridade para definição de políticas.

A evolução da capacidade tecnológica requer um aumento do domínio tecnológico e dos conhecimentos aplicados na actividade económica.

I.1.4 – As empresas multinacionais e o seu papel na transferência de tecnologia

As empresas multinacionais dominam o mercado da tecnologia e controlam cerca de 85% das patentes. São responsáveis pela maior parte das transferências de tecnologia quer através do IDE (Investimento Directo Estrangeiro), quer pelo licenciamento e outros contratos.

O IDE não é somente um canal para transferência de tecnologia. Ao fazer-se um investimento, aumenta-se no país recipiente as poupanças disponíveis para o investimento. Para os países em desenvolvimento, onde a falta de recursos é muitas vezes um entrave para a saída da pobreza, os altos níveis de investimento possíveis através do IDE podem levar o país a níveis altos de capital per capita e acelerar transitoriamente o crescimento. Aumentando o rácio capital/trabalho na economia, maiores níveis de capital vão aumentar a produtividade e por consequência, melhorar os rendimentos do trabalho.

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As empresas multinacionais introduzem nos países em desenvolvimento capitais cujos efeitos se multiplicam. Atrás dos primeiros efeitos do aumento do capital, há os efeitos da introdução de novos produtos e de nova tecnologia no país recipiente. Esta actividade permite a introdução de novas tecnologias a custos mais baixos do que os suportados pelas empresas locais. Os investimentos das empresas estrangeiras contribuem mais para o desenvolvimento tecnológico do que os mesmos montantes de capital quando aplicados por empresas locais.

Contudo, o benefício do crescimento da transferência de tecnologia através do investimento estrangeiro só é conseguido se a economia do país recipiente possuir o capital humano capaz de absorver a tecnologia avançada. O investimento estrangeiro pode ser um veículo para a adopção de novas tecnologias, o que pode por sua vez afectar a acumulação de capital humano, uma vez que a sua incorporação nos processos produtivos vai obrigar ao aumento da capacidade tecnológica, via aprendizagem pela força de trabalho. Em que medida isso acontece depende, contudo, do grau de endogeneização dos recursos humanos, nas diferentes componentes da cadeia de valor e nos seu diferentes níveis hierárquicos e de competência tecnológica.

A mão-de-obra qualificada e treinada é uma mais-valia do país anfitrião para atrair e reter o investimento estrangeiro; os países em desenvolvimento têm a necessidade de atingir um patamar mínimo de desenvolvimento para poderem absorver novas tecnologias e optimizar a transferência de tecnologia e de conhecimento e a acumulação de capital humano.

Esse aumento de capital humano pode ter uma série de efeitos benéficos directos e indirectos para a empresa e para a economia nacional, como:

• O aumento da destreza dos trabalhadores, assim como a sua motivação;

• O aumento de produtividade e de rendimento, devido à maior facilidade dos trabalhadores em desempenhar as suas tarefas;

• Os melhores resultados podem levar as empresas à aplicação de novas tecnologias e de processos inovadores, uma vez que os trabalhadores estão progressivamente mais bem equipados para absorver e utilizar o conhecimento tácito e codificado, tirando melhor rendimento dos investimentos.

Esses efeitos serão benéficos para as empresas e para a economia em geral. Os benefícios para a economia advêm não só da maior contribuição das empresas para a receita nacional, mas também pela contribuição dos fornecedores. A nível das empresas, é necessário garantir que os benefícios do aumento de capital humano

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ficam no seio da empresa em vez de servirem a concorrência, pagando aos trabalhadores melhores salários relativamente às empresas locais.

I.1.5 – As fontes e tendências do IDE em países em desenvolvimento

I.1.5.1 – As fontes do IDE As fontes de financiamento podem ser públicas ou privadas. Estas podem ser do IDE e a dos mercados de capitais através dos bancos. Os financiamentos públicos são obtidos normalmente através das agências de desenvolvimento. A partir de 1993, o IDE tornou-se na maior fonte de recursos relativamente aos mercados de capitais e financiamentos oficiais. A figura e mostra que a partir de 1997 houve uma queda nos consumos de IDE que se acentuou de 2001 a 2002 devido ao fraco crescimento económico, à queda do mercado de capitais e ao abaixamento do ritmo de privatizações.

Figura I.1 - Fontes de financiamento para os países em desenvolvimento (biliões de USD)

In: World Investment Report 2003 –

A maior expansão do IDE deu-se sob as formas de fusões e aquisições e de investimentos de raiz.

As fusões e aquisições são feitas através de aquisições de acções e pela privatização das empresas públicas. Ao contrário das fusões e aquisições, que originam a reestruturação das empresas já existentes, os investimentos de raiz envolvem normalmente maiores capitais e originam a criação de empresas subsidiárias, tendo por isso maior impacto em termos da formação de recursos humanos e maior envolvimento local.

Estudos das Nações Unidas mostraram que nos últimos 15 anos houve um aumento do IDE em fusões e aquisições nos países industrializados em relação aos países

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em vias de desenvolvimento, onde ainda não há empresas capazes de atrair investidores, mas onde os governos estão interessados em grandes investimentos em infraestruturas e recursos humanos, investimentos de raiz que podem trazer grandes capitais que podem facilitar os sobre investimentos.

Tabela I.2 – Comparação entre fusões e aquisições relativamente a investimentos de raiz

In Koji Miyamoto Tabela I.3 – Consumo de IDE nos países desenvolvidos e nos em via de desenvolvimento.

In: Koji Miyamoto

Apesar do rápido crescimento do nível do IDE nas duas últimas décadas (vide tabela anterior), a sua distribuição regional não foi uniforme e a África foi o continente que menos conseguiu atrair o IDE, como mostra o quadro seguinte, tendo-o feito maioritariamente nos sectores de recursos primários nomeadamente a agricultura e as indústrias extractivas. O que distingue a situação africana é a fraca captação pela indústria transformadora, e sobretudo a maior concentração no sector primário e o facto de esta ter aumentado entre 1988 e 1997 em prejuízo dos serviços, ao contrário da tendência global. Tabela I.4 – Repartição do consumo de IDE, por sector nos países em desenvolvimento

In: Koji Miyamoto

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Tabela I.5 – Repartição do consumo de IDE nos países em desenvolvimento

In: Koji Miyamoto Uma das razões para essa disparidade é a concentração de IDE em certos países; de facto, os 10 maiores recebedores são responsáveis por 75% do IDE em 2001 e destes, seis países receberam 62% do total de IDE (UNCTAD, 2002).

Tabela I.6 – Consumos de IDE nas maiores economias em 2001 e 2002 em (Biliões de USD)

2001 2002 Mundo 823.8 651.2 Países Desenvolvidos 589.4 460.3 União Europeia 389.4 374.4 França 55.2 51.5 Alemanha 33.9 38 Luxemburgo 125,6 Reino Unido 62.0 24.9 Estados Unidos 144.0 30.0 Países em Desenvolvimento 209.4 162.1 África 18.8 11.0 Argélia 1.2 1.1 Angola 2.1 1.3 Nigéria 1.1 1.3 África do Sul 6.8 0.8 América Latina e Caribe 83.7 56.0 Argentina 3.2 1.0 Brasil 22.5 16.6 México 25.3 13.6 Ásia e Pacífico 106.9 95.1 China 46.8 52.7 Hong Kong, China 23.8 13.7 Índia 3.4 3.4 Singapore 10.9 7.7 Europa Central 25.0 28.7 República Checa 5.6 9.3 Polónia 5.7 4.1

In: World Investment Report 2003 - FDI Policies for Development: National and International Perspectives

A tabela I.6 mostra os valores dos influxos de IDE, registados nos anos de 2001 e 2002 por regiões do globo. Podemos observar uma queda geral de cerca de 21%, onde entre os maiores consumidores de IDE, somente o Luxemburgo, a Alemanha, a Nigéria, a China e a República Checa aumentaram os valores do IDE. Em África, o maior consumo de IDE concentra-se em Angola, Argélia, Nigéria e África do Sul, na indústria extractiva. Nos países desenvolvidos os Estados Unidos e o Reino Unido contribuíram com 54%, Nos países em desenvolvimento houve uma queda de 23%, tendo África sido responsável por 41% da mesma. Somente na Europa Central e do Leste houve um crescimento de consumo de IDE de 15%

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O IDE nos países em vias de desenvolvimento estava concentrado em três países: a China, a Nigéria e a Índia. A dimensão do mercado, os baixos custos dos recursos humanos e os lucros resultantes da exploração das matérias primas eram os factores determinantes na decisão de se investir nos mesmos. A estes três países juntaram-se o Vietnam, o Gana e o Blangladesh, que para além do baixo custo dos recursos humanos, apresentaram um fácil acesso aos mercados, e às matérias primas.

I.1.5.2 – Tendências do IDE por sectores nos países em desenvolvimento

A globalização alterou os modos de produção em todo o mundo, o que se reflectiu nas mudanças quer na tecnologia quer na informação, nas estratégias de produção e organização das empresas, comércio e políticas de liberalização do IDE, bem como nas novas regras do comércio internacional e investimentos.

Nas duas últimas décadas, as tendências para o IDE podem ser analisadas na tabela seguinte: Tabela I.7 Distribuição dos consumos de IDE por sector e por região

In: Koji Miyamoto

De assinalar que entre 1988 e 1997 os países em desenvolvimento atraíram mais de 50% do IDE. As tendências mais impressionantes do IDE durante esses 15 anos foram o declínio acentuado do investimento no sector primário e o aumento no sector de serviços, devido às fusões e aquisições neste sector. Segundo o Banco Mundial (World Bank 2003), o IDE relativo aos serviços era de longe superior aos das matérias-primas e manufacturação. A queda da contribuição nos bens de primeira necessidade foi compensada pela subida no sector de serviços. Entretanto, podemos notar que o sector da indústria transformadora continua a ser o maior consumidor de IDE.

Contra a tendência dos países em desenvolvimento, África continua a aumentar o IDE na exploração de matérias-primas. Na América latina, a uma queda na indústria transformadora tem correspondido um aumento no sector de serviços.

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O IDE em tecnologia tem-se tornado cada vez mais dominante, o que se reflecte na substituição na indústria baseada nas matérias-primas por indústrias de alta tecnologia.

A escassez de recursos naturais em condições de fácil acesso obriga à criação de uma componente tecnológica importante, o que pode explicar que tem havido uma deslocação relativa do IDE do sector primário para o secundário e o terciário e, também, pelo facto de muitas empresas terem gerado a criação de outras empresas, devido à necessidade de se recorrer muitas vezes ao outsourcing. É o caso de Angola, onde devido ao facto de os novos campos petrolíferos se encontrarem no offshore cada vez mais profundo, a indústria petrolífera tem procurado soluções tecnológicas para a exploração económica deste recurso natural. Essa evolução pode ser observada na tabela seguinte: Tabela I.8 – Consumos de IDE por sectores em 2001

In: UNCTAD 2003

O gráfico seguinte, elaborado pela UNCTAD, mostra o índice de consumo de IDE no intervalo de 1999-2001. Este índice classifica os países tendo em conta o seu consumo em IDE e o seu potencial económico. É uma razão entre a sua participação no consumo global de IDE e a sua participação no global do PIB. Quando o índice é superior a um, significa que o país recebe mais do que o seu valor económico relativo, se for inferior a um significa que houve um

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desinvestimento estrangeiro naquele período. De notar que Angola ocupa o segundo lugar, logo depois da Bélgica e Luxemburgo.

Gráfico I.1 - Índice de consumo de IDE no intervalo de 1999-2001

In: UNCTAD 2003

I.1.5.3 – Tendências na formação do capital Humano nos países em desenvolvimento

Houve uma melhoria no nível de capital humano nos últimos 30 anos, devido aos esforços dos países em aumentar não só a educação formal como a formação profissional, estimulando as empresas também a fazê-lo.

As tendências no capital humano estão reflectidas em vários indicadores, como a literacia em adultos e o nível educacional da população em idade laboral.

O nível de instrução da população em idade de laboral é o retrato do estado actual do capital humano, realçando o estado actual ensino normal e as actividades de formação dos trabalhadores da empresa, tendentes a aumentar o potencial do capital humano

Uma das características das economias ricas é a disponibilidade de força de trabalho com alto nível de capital humano. De notar que a evolução de recursos humanos e o crescimento da prosperidade económica parecem estar associados, o

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que também se pode verificar em alguns países em desenvolvimento. Embora muitos países possam ter tido a mesma tendência de desenvolvimento, tiveram maiores benefícios económicos os que puderam atrair melhor o IDE.

Uma situação de estabilidade política no país anfitrião é necessário para a atracção de investimentos estrangeiros, assim como a existência de factores de produção, mercado e acesso ao mesmo, a custos logísticos e riscos mínimos, para além de um nível mínimo de capital humano.

O nível de capital humano é fundamental para as empresas multinacionais, uma vez que há maior tendência para investimentos do tipo de elevada tecnologia e de serviços que necessitam de recursos humanos com preparação elevada com conhecimentos de engenharia, tecnologia, conhecimentos de organização e administração.

Segundo Koji Miyamoto (2003) estudos mostraram que pelo menos até os anos 60 e 70, o IDE tendia essencialmente para os países detentores de matérias-primas e recursos humanos de baixo custo, ao passo que nos anos 80 e 90 se verificou uma relação entre os influxos de IDE e o aumento de capital humano, tendo-se verificado que os primeiros eram dirigidos a empresas da indústria transformadora e dos serviços, em países onde era possível obter uma maior eficiência, quer utilizando recursos humanos especializados, quer subcontratando serviços que utilizam pessoal qualificado.

Um relatório da agência especializada das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento, UNCTAD (2002), mostra uma correlação entre as representações do capital humano – relação entre o total de matrículas a nível universitário e as matrículas dos ramos de ciências e engenharia – e o IDE entre 140 países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Utilizando a média dos anos da educação do total da população com mais de 15 anos em 28 países em desenvolvimento, (Nunnenkamp and Spatz 2002), concluíram que educação se foi tornando num factor cada vez mais determinante no crescimento do capital humano.

O capital humano é um factor determinante para o IDE, especialmente quando este procura eficiência e requer recursos humanos especializados. Por outro lado, um capital humano elevado parece não afectar directamente o IDE na procura de recursos e de mercados, mas pode contribuir para a melhoria das liberdades civis, da saúde, etc. Até aos anos 80, o ensino secundário parecia suficiente para atrair o IDE, mas actualmente devido a tendência que este tem pela produção de alta tecnologia e serviços em vez da procura de matérias-primas o ensino básico deve ser o mínimo absoluto que os países em desenvolvimento devem proporcionar. Os países que pretendem atrair empresas multinacionais para obtenção de maior valor acrescentado devem dispor de capital humano acima do nível escolar básico.

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Políticas para melhoria do desenvolvimento os recursos humanos

O ensino básico é o ponto de partida para uma política de recursos humanos. Sem um amplo acesso a um ensino de base com qualidade, os países em desenvolvimento não conseguem atrair empresas de transformação e também perdem a oportunidade de fazer crescer os conhecimentos dos seus recursos humanos.

Com o intuito de ajudar os países em desenvolvimento a aumentar os índices de escolaridade a todos os níveis, a Organização das Nações Unidas estabeleceu uma iniciativa a que denominou “Educação para Todos”, que teve o apoio de doadores internacionais, governos e várias organizações não governamentais. O objectivo era chamar a atenção dos agentes económicos interessados para a necessidade de planear e implementar medidas para a melhoria dos diversos factores e a redução dos constrangimentos que afectavam o sector da educação, nomeadamente o acesso e a qualidade do ensino de base e o ensino para adultos.

Embora os governos tenham feitos esforços nesse sentido, muitos destes objectivos não foram alcançados, especialmente na África sub-Sahariana e na Ásia Central, onde ainda se podem encontrar baixos índices de matrículas quer no ensino básico (vide tabela seguinte), quer no ensino para adultos e, ainda, na população do sexo feminino. Tabela I.9 -Taxa de matrículas no ensino primário

In: Koji Miyamoto

Como resultado da iniciativa Educação para Todos, no México em 1993 o ensino obrigatório passou da escola primária para e ensino preparatório e os esforços do governo e dos doadores provocaram uma melhoria na qualidade e acesso ao ensino, o que fez aumentar as taxas de matrícula no ensino de base em cerca de sete vezes e diminuir o índice de analfabetismo nos adultos de 40% para 12%. Outro exemplo é o Brasil, onde devido às mesmas medidas, a média de anos de escolaridade da população entre os 15 e os 64 anos de idade subiu de 5,9 em 1980 para 7,95 em 2000 (Cohen e Soto, 2001).

Em resumo, as experiências do Brasil e do México tiveram impacto positivo, mas cada país, dependendo da sua realidade, deverá procurar ultrapassar os seus

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constrangimentos para mobilizar o interesse das populações para a informação da ciência e da tecnologia.

Os níveis secundário e superior têm registado vários tipos de estímulos para a expansão, como a isenção do pagamento de propinas (caso da Irlanda), a equiparação dos estatutos entre os licenciados nas áreas liberais e os das áreas tecnológicas, (caso da Coreia do Sul). Em Singapura, por exemplo, tentou-se em 1997 moldar o sistema de ensino de modo a responder às necessidades da indústria, tendo-se recorrido à instalação de 10 universidades de renome mundial para ministrar os cursos mais solicitados pela indústria local.

Em 1997, com ajuda do Banco Mundial, alguns países africanos tentaram, através do projecto conjunto African Virtual University, ultrapassar as dificuldades de acesso e qualidade ao ensino superior. A criação deste projecto tem como objectivo ultrapassar as seguintes dificuldades:

1. A maior parte dos alunos que terminam o ensino secundário não têm acesso ao ensino superior devido à falta de vagas.

2. Os orçamentos dos governos têm outras prioridades.

3. Elevados custos do ensino superior.

4. Uma grande força de trabalho que requer especialização e formação constantes.

5. Isolamento constante de África da Sociedade do conhecimento.

O objectivo era levar o ensino superior de alta qualidade até zonas onde não existem nem infraestruturas nem cursos de qualidade.

Este projecto tinha formado até 2000 cerca de 24000 graduados nas áreas tecnológicas e serviços.

Esta iniciativa pode, a exemplo de Singapura, ter proporcionado a alguns países condições para poderem atrair IDE, embora se saiba que muitos desses graduados tenham deixado o continente (Koji Miyamoto, 2003).

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Tendências no capital humano A tabela seguinte mostra a evolução da escolaridade nos últimos quarenta anos e a tendência de desenvolvimento dos recursos humanos até 2010, por regiões. Tabela I.10 -Tendências da média de escolaridade por regiões

In: Cohen e Soto, 2001

Podemos verificar que, nos últimos 40 anos, tem havido um aumento na escolaridade de adultos. Contudo há disparidades regionais e inter regionais, estando África muito longe das outras regiões em desenvolvimento, o que faz prever que, no futuro, o desenvolvimento do capital humano no continente africano será muito fraco, tendo em conta não só os esforços desenvolvidos pelos países mas também pela empresas instaladas nos mesmos.

A tabela I.11 mostra as tendências da escolaridade nos três países da nossa análise e mostra que seguem as tendências regionais, onde podemos observar que o desenvolvimento global do capital humano em Angola tenderá a ser fraco até 2010.

Tabela I.11 – Tendências de escolaridade em Angola, Argélia e Noruega

In Cohen e Soto, 2001

Anos Médio Oriente e África do Norte

África Sub-

Sahariana

América Latina e Caraíbas

Ásia do Leste e Pacífico

Sudoeste asiático

Países ricos

Europa do Leste e Central

1960 0,9 1,4 3,8 2,3 1,2 8,7 5,3 1970 1,6 1,7 4,5 3,2 1,9 9,8 5,8 1980 2,7 2,1 5,3 4,3 2,6 10,9 6,5 1990 4,3 3,0 6,7 5,4 3,1 11,6 7,1 2000 5,9 3,9 7,6 6,4 4,3 12,1 7,8 2010 6,9 4,3 8,2 7,3 5,3 12,5 8,4 Mudança em anos de 1960 a 2000

5,0 2,5 3,7 4,1 3,1 3,4 2,6

Mudança em % por ano

4,8 2,7 1,7 2,6 3,2 0,8 1,0

Anos Angola Argélia Noruega 1960 0,10 1,21 9,05 1970 0,26 1,74 10,30 1980 0,93 3,15 11,56 1990 1,90 4,86 12,32 2000 2,38 6,36 12,48 2010 2,92 7,23 12,71

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Podemos concluir, segundo Koji Miyamoto (2003), que uma boa política de recursos humanos deve:

• Estar orientada no sentido de melhorar o acesso e a qualidade de ensino de base. Um fraco ensino de base só pode fornecer trabalhadores sub-qualificados, o que é um mau sinal para os investidores estrangeiros, ao passo que um bom ensino de base contribui para a melhoria do capital humano e possibilita o maior acesso aos ensinos secundário, médio técnico-profissional e superior, bem como à formação ao longo da vida. Um bom ensino de base pode ter efeitos duradouros que influenciam o clima de investimentos como a estabilidade sócio-política, saúde e direitos civis.

• Estar orientada para dar respostas ao mercado, daí que deve solicitar a contribuição das indústrias e das instituições académicas com fortes laços com a indústria de alta tecnologia.

Por outro lado, a análise teórica e os estudos empíricos permitem ainda concluir que:

• O IDE em tecnologia tem-se tornado cada vez mais dominante, o que se reflecte na substituição na indústria baseada nas matérias-primas por indústrias de alta tecnologia e, também, pelo facto de muitas empresas terem criado empresas devido à necessidade de se recorrer muitas vezes ao outsourcing.

• A evidência empírica indica que o capital humano é muito importante para atrair IDE e que o país hóspede precisa de pelo menos ter toda a população adulta com o ensino básico para criar um bom clima para atrair as empresas multinacionais. Países que procuram atrair investimentos de empresas para adicionar mais valia aos produtos de alta tecnologia e serviços precisam de desenvolver um bom ensino superior.

I.1.5.4 – O Sistema Nacional de Inovação

Devido à complexidade dos inputs e das externalidades inerentes à aplicação da capacidade tecnológica, os processos de inovação não decorrem por acção de empresas descontextualizadas, mas no seio de um sistema nacional de inovação, que pode ser definido como um conjunto de instituições cujas interacções determinam a performance inovativa das empresas nacionais (Lundvall 1992). Inclui, nomeadamente, todos os agentes privados ou públicos ligados ao ensino e à investigação, aos sistemas de produção, de Marketing e financeiros, incluindo

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empresas, laboratórios de investigação do Estado, Instituições de ensino superior, bem como os agentes e instituições de interface que promovem as relações entre todos os tipos de intervenientes e a redução dos seus custos de transacção.

Embora o Estado e as Empresas estejam muitas vezes associados em projectos, têm papéis diferentes no sistema de inovação, entre os quais podemos distinguir:

• O Estado tem um papel preponderante na construção da capacidade tecnológica local, através de diversos meios:

o Criando uma base de mão-de-obra qualificada;

o Criando uma boa estrutura de educação;

o Difundindo objectivos para as empresas relativamente à capacidade tecnológica e providenciando o seu comprometimento através de uma política capaz;

o Financiando e apoiando a investigação fundamental, a maior parte da qual não pode ser feita nas empresas por não ser economicamente viável;

o Criando uma infra-estrutura institucional para o desenvolvimento de tecnologia como a criação de centros de investigação e o apoio a instituições de interface e à mobilidade intersectorial dos recursos humanos;

o Encorajando, protegendo e apoiando o desenvolvimento tecnológico local nas empresas através de diferentes instrumentos de apoio directo ou indirecto;

o Garantindo um ambiente favorável às transacções de conhecimento, nomeadamente através da protecção dos direitos de propriedade intelectual.

• Por outro lado, as empresas (incluindo as estatais), têm um papel-chave na construção da capacidade tecnológica:

o Porque têm perspectiva e conhecimento da sua operação no dia-a-dia, das oportunidades para absorver os conhecimentos dos seus fornecedores e adaptar os seus produtos e processos aos requisitos dos clientes, estando a par e mantendo-se actualizadas dos desenvolvimentos pelo mundo na sua linha de actividade;

o Porque são os agentes que mais adequam a investigação aplicada, o desenvolvimento tecnológico e as actividades de inovação aos estímulos de mercado;

o Porque são os agentes que aplicam a capacidade tecnológica e os novos conhecimentos em processos produtivos que a exploram comercialmente, pelo que a realização do potencial do conhecimento para o crescimento económico

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se realiza em grande medida através da sua aplicação na actividade económica empresarial;

o Porque as empresas têm um papel insubstituível na produção, reprodução e difusão do conhecimento tecnológico, tanto codificado como tácito, através dos processos de aprendizagem formal e de leraning by doing que proporcionam aos seus recursos humanos

I.2 – Contextualização do caso Angolano

I.2.1 – Antecedentes históricos

Após a independência, o governo angolano decidiu alterar a política petrolífera do país (vide anexo I). Esta mudança pode ser resumida como se segue:

• A criação da Sociedade Nacional de Combustíveis, Sonangol (SNL), empresa 100% estatal,

• A criação do Ministério dos Petróleos, MINPET, (até aquela data, o órgão de tutela era a Direcção Nacional dos Petróleos, que era um organismo do Ministério da Indústria).

A criação de nova legislação de base – a Lei 13/78, Lei Reguladora das Actividades Petrolíferas – veio definir uma nova política para os Petróleos, com o objectivo de dinamizar o sector, através da racionalização das concessões e da diversificação das empresas investidoras. Com esta lei pretendeu-se fundamentalmente definir e regulamentar:

1. A propriedade dos jazigos de hidrocarbonetos,

2. A atribuição dos direitos mineiros à Sonangol,

3. A faculdade da mesma para se associar a empresas estrangeiras de reconhecida capacidade técnica e financeira e idoneidade para a pesquisa e produção de hidrocarbonetos, com poder para representar os interesses do Estado Angolano.

4. O direito das empresas estrangeiras quanto à recuperação dos capitais investidos e ao repatriamento dos lucros.

De realçar que houve a preocupação do governo em diversificar os operadores e negociar os blocos com base em concursos internacionais, cujos critérios de preferência para o operador têm sido: programa de trabalho, capacidade técnico-financeira, bónus de assinatura, e outros incentivos.

Nas Orientações Fundamentais para o Desenvolvimento Económico-Social de Angola para o sector dos petróleos, emanadas em 1980 do 1º Congresso

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Extraordinário do MPLA – Partido do Trabalho, tendo em conta a escassez de quadros com capacidade e experiência necessárias para gerir esta indústria de ponta e muito dependente da situação do mercado internacional, foi definido que o Ministério dos Petróleos deveria estudar e propor ao Ministério da Educação, para aprovação até 1981, a política global de formação de quadros para o sector, utilizando como suporte que as empresas estrangeiras deveriam, contratualmente, contribuir para esse esforço de formação.

Em 1982 foi elaborado e publicado o Decreto N.º. 20/82 do Conselho de Ministros, que determina a obrigatoriedade do recrutamento e formação de quadros nacionais pelas empresas estrangeiras do ramo petrolífero que operam em Angola. O mesmo decreto estabelece que cada empresa estrangeira contribua com USD 0.15/bbl (barris) de petróleo produzido para a formação de quadros nacionais do sector e estabeleceu um calendário para a substituição dos quadros estrangeiros por nacionais qualificados e capazes. Posteriormente, os Decretos executivos 124/84 e 125/84 estabeleceram as condições de contribuição para as companhias em actividade de pesquisa e em outras actividades no sector petrolífero.

Em 1983, foi criado no Kwanza Sul o Instituto Nacional de Petróleos, INP, uma unidade de ensino com dupla tutela dos Ministérios do Petróleo e da Educação e Cultura, com o objectivo de formar técnicos médios de petróleos e trabalhadores qualificados, e técnicos de nível superior com especializações nos diversos sectores da indústria petrolífera.

A lei do emprego em Angola concebe que o direito ao emprego, garantido pela lei constitucional, tem por princípios básicos a capacidade e aptidão profissionais do indivíduo e a igualdade de oportunidades na escolha da profissão ou género de trabalho; e por limites, os decorrentes da lei constitucional e das obrigações internacionais assumidas pelo Estado Angolano. Por outro lado, a mesma lei incumbe o Estado, através da aplicação de planos e programas de política económica e social, de assegurar a execução de acções dirigidas a realizar uma política de pleno emprego e a satisfação de condições de assistência material aos que involuntariamente se encontrem na situação de desemprego.

A Lei do Investimento Estrangeiro consagra a obrigatoriedade de as empresas estrangeiras admitirem nacionais nos seus quadros e levarem a cabo planos de formação e desenvolvimento.

Tomando em linha de conta as especificidades da indústria petrolífera, o Governo instituiu instrumentos legais que estabelecem a obrigatoriedade de recrutamento, integração, formação e desenvolvimento dos trabalhadores angolanos na indústria e estabelecem regras para aplicação das respectivas obrigações – o Decreto 20/82 e os Decretos executivos 124/84 e 125/84. Estes instrumentos foram ditados pela necessidade de se garantir a protecção e defesa do mercado de

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trabalho nacional, permitindo não só a integração da força de trabalho nacional, mas sobretudo a sua evolução técnica especializada em função do elevado grau científico e tecnológico da indústria, propenso à penetração de mão-de-obra estrangeira em detrimento da nacional. Ao processo assim iniciado convencionou-se chamar “Angolanização” do Sector Petrolífero. Veremos adiante o seu grau de concretização.

I.2.2 – Características da força de trabalho no sector angolano dos Petróleos

O mercado de recursos humanos do sector petrolífero angolano é caracterizado por um excesso de candidatos que concorrem para obter emprego, predispostos a aproveitar qualquer oportunidade mercê das condições remuneratórias.

O sector petrolífero angolano é exigente, em termos de qualidade e competências profissionais dos trabalhadores, que têm a oportunidade para usufruir salários cerca de dez vezes superiores aos que aufeririam, por exemplo, no Estado, o maior empregador do país.

Em contrapartida, o sector tem adoptado processos tecnológicos que dispensam o recurso à forte absorção de força de trabalho, levando mesmo em muitos países, a despedimentos massivos motivados pelo recurso às novas tecnologias e, com particular impacto, pelas fusões de empresas que se têm verificado nos últimos tempos (BP/AMOCO, ESSO/MOBIL, TOTAL/FINA/ELF).

Os efeitos directos desta situação levam as companhias a utilizar critérios de selecção muito rígidos e rigorosos. Assim, as práticas de angolanização das empresas petrolíferas estão fortemente condicionadas pelos objectivos de produção, pelos interesses comerciais, pelas estratégias, pelas políticas internas de desenvolvimento destas grandes empresas, segundo os níveis de evolução tecnológica e organizacional atingidos.

Contudo, estes aspectos podem ser geridos em função da estratégia de desenvolvimento definida para o sector petrolífero angolano, dos planos de negócios das empresas, tendo sempre em conta as características do mercado da força de trabalho na indústria dos petróleos, as quais têm carácter global e podem ser assim resumidas:

• Forte componente de expatriados, devido à necessidade imediata ou a curto prazo de peritos experientes nas tecnologias utilizadas (pouco disponíveis em quadros nacionais),

• Forte dinâmica de mudança e constante adaptação/evolução da força de trabalho especializada, quer na fase de pesquisa quer na de desenvolvimento, decorrente do risco técnico inerente às operações, da necessidade de

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actualização permanente dos conhecimentos tecnológicos, e da forte concorrência no mercado de serviços e preços dos produtos derivados do petróleo.

• Cada vez maior integração multinacional da indústria, com repercussão na diversidade do capital accionista das companhias e na gestão dos recursos humanos, o que facilita o recurso a especialistas onde quer que eles se encontrem, e mais facilmente permite tirar vantagens das experiências de várias culturas empresariais, com vantagens para a gestão global das empresas (actualmente as grandes empresas pretendem valorizar cada vez mais o conceito de “diversidade” para a optimização da sua gestão interna).

• Cada vez maior sub-especialização do sector, particularmente nas disciplinas do offshore profundo e ultra-profundo. Essa acentuada especialização exige longa experiência dos seus quadros técnicos e intervenientes mais determinantes no desenvolvimento da indústria; e isto a curto prazo, visto ser o petróleo um recurso que, quer as Companhias petrolíferas, quer os Estados produtores utilizam como fonte de investimento, ou ainda como recurso estratégico, não se compadecendo esse desenvolvimento com os longos prazos necessários para formar e desenvolver os quadros nacionais.

Estes factores, associados ao facto de o País não dispor imediatamente dos quadros necessários, levou a adoptar uma estratégia para viabilizar e orientar a formação, a incorporação e o desenvolvimento dos recursos humanos nacionais pelas companhias estrangeiras, tendo em vista a substituição gradual dos expatriados, em função da complexidade das tarefas por estes desempenhadas. Tal processo não deveria prejudicar o funcionamento normal da indústria, pelo que seria necessário monitorar a transição de forma eficaz e com espírito pragmático, salvaguardando a premissa da obrigatoriedade de as empresas formarem pessoal angolano de modo a que, progressivamente, a regra do emprego prioritário dos trabalhadores nacionais se pudesse aplicar a quase todos os níveis de hierarquia.

I.3 – Análise do problema de investigação

A indústria petrolífera em Angola é fundamentalmente estruturada em torno do investimento directo estrangeiro. Embora se trate de uma indústria predominantemente extractiva, distingue-se por um elevado grau de sofisticação tecnológica e pela exigência de recursos humanos qualificados.

Como vimos, as abordagens teóricas e a evidência empírica apontam para um papel crucial deste tipo de IDE na transferência de tecnologia e na acumulação de capital humano nos países em desenvolvimento. Reciprocamente, porém, a capacidade de absorção de tecnologia depende da existência no país de recursos

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humanos disponíveis para a indústria, ou da sua formação à medida das necessidades desta.

No caso de escassez destes recursos à partida, que como vimos é o de Angola, isso exige não só políticas públicas de formação que os produzam (ao nível do sistema educativo e do sistema de formação profissional) mas também de potenciação das empresas multinacionais, da sua rede de empresas nacionais prestadoras de serviços e de empresas petrolíferas estatais como agentes de um sistema nacional de inovação. Este papel pode subdividir-se em pelo menos quatro orientações de acção: contribuição para a definição de perfis de educação/formação necessários, contribuição financeira para o subsistema de educação/formação, endogeneização dos recursos humanos e das capacidades tecnológicas nacionais na cadeia de valor da indústria, através da incorporação de nacionais nos seus quadros, e fornecimento de formação específica e on the job promovendo a transferência de conhecimento técnico e tecnológico, tanto codificado como tácito.

Neste enquadramento, é importante questionar: que instrumentos de política pública do Estado angolano, relativamente à indústria petrolífera, têm visado a criação de recursos humanos qualificados no país e a sua incorporação na cadeia de valor da indústria? Em que medida tem sido concretizada a endogeneização dos recursos humanos (“angolanização”) da indústria petrolífera? Mais especificamente, destacamos os seguintes eixos problemáticos:

• Em que medida a gestão política das concessões tem favorecido a formação de recursos humanos técnicos e científicos angolanos? Em que domínios?

• Qual o grau de incorporação de quadros científicos e tecnológicos angolanos na indústria?

• Em que sectores, a que níveis hierárquicos, com que funções?

• Em que medida as políticas de formação (escolar, profissional) angolanas têm produzido os quadros técnicos e científicos necessários à operação da indústria petrolífera?

• Em que medida a arquitectura e o desempenho do sistema de educação e formação estão funcionalmente articulados com as outras componentes deste complexo industrial e tecnológico?

Ao longo deste estudo, exploraremos a informação pertinente para este problema, tendo como fio orientador a hipótese de que a política de endogeneização dos recursos humanos da indústria petrolífera estabelecida em Angola tem sido bloqueada, no que respeita aos níveis superiores de competência tecnológica, pela desarticulação entre as metas, os recursos efectivamente

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postos ao dispor do sistema nacional de educação/formação, e as instituições-chave de um hipotético sistema de inovação relevantes para o sector.

I.4 - Metodologia

Para responder a estas questões, nomeadamente em relação aos efeitos das políticas de incorporação e capacitação dos recursos humanos no sector petrolífero, contactámos as autoridades de Angola e da Argélia no sentido de fornecerem dados, quer através de consultas de documentação, quer através de entrevistas com responsáveis do sector.

Foi enviada às principais empresas nos dois países uma ficha de recolha de dados para preenchimento. Os resultados dos dados de Angola não foram os melhores, pois que das empresas seleccionadas, a ChevronTexaco e a Sonangol, os maiores empregadores, não responderam à solicitação.

Da Argélia, apesar de termos sido convidado por Sua Ex.ª o Ministro do Petróleo a visitar o país, de ter feito “in situ” algumas entrevistas e ter insistido junto do gabinete do Director Geral de Hidrocarbonetos, até este momento ainda não recebemos dados.

Assim, além de informação genérica colhida nas entrevistas exploratórias e do conhecimento pessoal do terreno, para efeitos deste trabalho vamos utilizar resultados de um levantamento feito por uma empresa contratada pelo Ministério de Petróleos de Angola no ano de 2002 sobre os recursos humanos existentes no sector, para além de documentação recolhida pessoalmente naquele Ministério, no Ministério da Educação e na Universidade de Agostinho Neto, bem como alguma disponível na Internet.

Relativamente à Argélia, as informações foram obtidas nas entrevistas e nos sites dos organismos ligados ao petróleo e à educação, da empresa nacional e da agência nacional de estatística. Para a Noruega utilizamos informação disponível na Internet dos organismos ligados à actividade petrolífera, o Ministério da Energia e Petróleos, o NPD, os serviços de estatística da Noruega, etc.

Para não tornar o documento fastidioso, resolvemos apresentar como anexos os resumos sobre: factos importantes na história da indústria petrolífera de Angola, da Argélia e da Noruega, e os resumos do sistema educacional de Angola, da Argélia e da Noruega. A partir dos dados estatísticos disponíveis, fizemos uma análise do estado de substituição dos técnicos expatriados por nacionais em Angola.

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Foi ainda feita uma análise relativa à evolução das concessões e dos tipos de contratos vigentes na indústria petrolífera mundial, e tentando particularizar e comparar os três países alvo do estudo.

Comparamos os modelos de ensino vigentes em Angola e Argélia para determinar a sua implicação no sector petrolífero.

Segundo a metodologia utilizada por Thor Egil Braadland in Keith Smith (2000), identificámos a actividades principais, as técnicas e os conhecimentos de base requeridos na indústria petrolífera, e as existentes em cada país. Para Angola, baseado nos dados existentes no relatório do Ministério dos Petróleos, tentámos determinar as percentagens de nacionais em cada actividade, para identificar aquelas onde é necessário intensificar os esforços de angolanização, e os eventuais bloqueios ao nível da formação de recursos humanos qualificados.

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II – A Indústria Petrolífera

II.1- Descrição Sumária

Neste capítulo, tentamos explicar resumidamente a cadeia de valorização do petróleo e identificar quais as actividades comuns aos países escolhidos.

Convém esclarecer que, quando nos referimos a petróleo, incluímos o petróleo bruto e/ou o gás natural, pois são energias fósseis que ocorrem normalmente juntas. As jazidas são formadas em condições geológicas idênticas, dependendo a formação de petróleo ou de gás das condições de temperatura e de pressão, e requerem os mesmos métodos de produção e instalações praticamente iguais. As principais diferenças estão nos modos de armazenamento, transporte e comercialização.

Pode-se dividir a indústria petrolífera nas seguintes fases:

• Exploração e pesquisa

• Produção

• Transporte

• Refinação

• Petroquímica

• Comercialização

Tentamos a seguir descrever resumidamente as fases supracitadas para se ter uma ideia da complexidade desta indústria

II.1.1 – A exploração e pesquisa dos hidrocarbonetos

Os hidrocarbonetos formaram-se a partir de sedimentos contendo restos de seres vivos que se acumularam há milhões de anos e que foram sendo cobertos por sucessivas camadas de sedimentos. Devido ao peso das camadas geológicas, o aumento de temperatura e de pressão transformaram os detritos fósseis em hidrocarbonetos.

Sendo mais leves que a água, esses hidrocarbonetos podem migrar para cima através de micro fissuras, falhas geológicas e caminhos permeáveis na rocha até encontrarem uma camada impermeável. Aí se mantêm contidos por essa barreira, formando reservatórios que se podem encontrar a diferentes profundidades.

As empresas petrolíferas têm equipas especializadas para localizar estes reservatórios de hidrocarbonetos, que podem ser jazidas de petróleo, de gás ou de ambos.

Apesar do desenvolvimento tecnológico que reduz significativamente o risco, a exploração do petróleo não é uma ciência exacta.

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Figura II.1 – Corte esquemático de um jazigo de petróleo onde se esquematiza uma operação sísmica – cortesia da Total

Tanto no mar como em terra, as técnicas sísmicas permitem desenhar os mapas geológicos. Elas envolvem a geração de ondas à superfície do mar ou da terra (1), usando camiões ou barcos (2) especialmente equipados para gerar ondas acústicas (3) que se reflectem nas várias camadas geológicas e são recolhidas por uma rede de microfones muito sensíveis, geofones e hidrofones (4). As ondas sonoras propagam-se

a velocidades diferentes, consoante as camadas geológicas que encontram.

Os hidrocarbonetos (5), são compostos de hidrogénio e carbono e podem ocorrer sob a forma líquida (óleo) ou gasosa (gás natural). Uma vez formados no subsolo migram da rocha mãe (6) para a superfície e vão preencher cavidades nas camadas da rocha reservatório (7). Esta rocha é como se fosse uma rocha esponjosa que pode conter até cerca de 50% do seu volume em óleo. Normalmente ela está coberta por uma rocha impermeável, a rocha cobertura (8). A superfície que retém petróleo é muitas vezes formada por areias e é delimitada superiormente por camadas contendo gás mais leve e, inferiormente, por camadas contendo água. Através dos levantamentos geológicos de superfície, os especialistas conseguem interpretar o subsolo. Os métodos físicos de pesquisa mais importantes utilizados são: gravimetria, magnetometria e sísmica.

O primeiro estágio no processo de exploração é o uso dos dados fornecidos pelos geólogos para a identificação das áreas mais promissoras (prospectos), aquelas onde há forte evidência de se encontrar petróleo em quantidades comercialmente aproveitáveis.

O passo seguinte é a imagem sísmica que permite visualizar a estrutura das camadas geológicas envolvidas nos prospectos. Esta técnica pode ser comparada a uma ecografia que permite a uma mãe ver o seu bebé no útero. Através da ligação em curvas isócronas de todas as ondas que regressam ao mesmo tempo, é possível desenhar um mapa das estruturas geológicas subterrâneas. Estes mapas sísmicos podem ser matematicamente modelizados em duas ou três dimensões para mostrar as armadilhas nas camadas mais potenciais. Os dados obtidos nas campanhas sísmicas permitem aos engenheiros avaliar quais os prospectos que

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podem justificar uma sondagem exploratória. A análise sísmica não mostra o óleo, mas permite mostrar as estruturas geológicas do subsolo onde é mais provável que este se encontre.

O passo final da exploração é a sondagem, utilizando-se para o efeito as sondas, que se pode resumir no seguinte: Figura II.2 – Aparelho de sondagem - cortesia da Total

As torres de perfuração, ou sondas (1) usam uma fiada de tubos de perfuração (4), guiados por cabeça rotativa, chamada mesa (2) para fazer um furo com cerca de 100 cm de diâmetro à superfície e cerca de 20 cm no final em profundidade. A cabeça de perfuração ou broca (3), que é um conjunto de 3 cones em aço para triturar a rocha, pode perfurar dezenas de metros por hora, e a fiada de tubos pode ter mais de 10 km de comprimento. Pela análise dos retornos das lamas de perfuração injectadas para consolidar e tapar as paredes do poço, através das amostras de testemunhos recolhidos em cada camada perfurada, e através da medição dos fluxos de petróleo e gás, pode-se determinar se o reservatório é ou não

comercialmente explorável.

Actualmente, na indústria petrolífera, utilizam-se dois grandes tipos de sondas, consoante se trabalha na terra ou no mar, que são as torres de perfuração ou sondas terrestres e as sondas marítimas.

Existem vários tipos de aparelhos de sondagem no mar: plataformas fixas, plataformas do tipo Jack-up, plataformas semi-submersíveis e barcos de posicionamento dinâmico.

Numa zona inexplorada, a taxa de sucesso é de 1/7, ou seja, por cada sete poços perfurados somente um revela petróleo ou gás em quantidades comerciais; em bacias petrolíferas já conhecidas a taxa de sucesso sobe para 1/4.

II.1.2 – A produção dos hidrocarbonetos e as reservas mundiais

II.1.2.1 – A produção dos hidrocarbonetos

Quando a campanha de exploração encontra reservatórios, o passo seguinte é a avaliação completa das características do depósito de hidrocarbonetos. Esta tarefa pode levar meses e requer a perfuração de um certo número de poços para determinar o método apropriado de produção. Ao mesmo tempo, deve-se fazer um estudo de impacto ambiental para identificar algum risco ao meio circundante e

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determinar as medidas necessárias para reduzir o impacto e reabilitar o local, uma vez terminada a produção.

As operações de produção envolvem uma série de técnicas para recuperar os hidrocarbonetos. Muitos depósitos têm pressão suficiente para fazer o petróleo ou gás fluírem naturalmente (produção por fluxo natural). Mas esta técnica só recupera, em média, cerca de entre 5% a 30% do volume do petróleo da jazida. Há então a necessidade de aplicar outras técnicas para aumentar a taxa de recuperação. A primeira é a técnica de produção assistida, que envolve a injecção de água ou gás no reservatório para aumentar a pressão e empurrar o petróleo para os poços. Outra técnica mais complexa é a injecção de vapor ou de água contendo aditivos químicos.

Entre a descoberta de um campo e a primeira produção decorre normalmente um intervalo de 2 a 4 anos, necessários para dimensionar e fabricar as instalações para a produção. Para produzir um reservatório, tanto em terra como numa plataforma marítima, são necessárias cerca de cem pessoas, todas vivendo no local e trabalhando por turnos para que a produção seja contínua, 24 horas por dia. É necessário um controlo rígido para prevenir de acidentes e riscos de poluição.

Figura II.3- Esquema de um centro de produção - cortesia da Total

Nos centros de produção, tanto em terra como no mar, quando os hidrocarbonetos atingem a cabeça do poço (1), são levados por tubagens à unidade de processamento (2) onde a água (3), o petróleo (4) e o gás (5) são separados. Nos centros de produção existem também tanques de armazenamento e bombas (6) para se exportar os produtos. Por razões de segurança, há sempre uma “flare” local onde se queimam os excedentes de gás (7) em caso de emergência. Durante toda a vida de produção dos campos existe um sistema autónomo de produção de

energia (8).

II.1.2.2 – Reservas de petróleo bruto e gás natural

As tabelas seguintes, obtidas da revisão mundial de energia feita pela British Petroleum, em “Statistical review of world Energy 2003 Oil – BP”, mostram como se distribuem no mundo as reservas de petróleo bruto e de gás natural. Dos dados relativos ao ano de 2002, podemos observar que as reservas provadas de

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petróleo bruto são mundialmente estimadas em 1047.7 biliões de barris, vide tabela que se segue:

Tabela II.1- Reservas e produção de petróleo bruto no Mundo Continentes Reservas provadas

(biliões de barris)

% Produção (milhões de barris)

%

América do Norte 49.9 4.8 14163 19.2

América do Sul e Central 98.6 9.4 6654 9.0

Europa e Euroásia 97.5 9.3 16222 21.9

Médio Oriente 685.6 65.5 20973 28.3

África 77.4 7.3 7937 10.7

Ásia e Pacífico 38.7 3.7 7987 10.8

Total 1047.7

100 73936 100

Fonte: BP (2003).

Parte dos principais países produtores de petróleo estão associados num cartel, a OPEP, Organização dos Países Produtores de Petróleo, que produziu no ano de 2002 cerca de 38.4% da produção mundial.

Tabela II.2 – Produção dos Países da OPEP

País Produção (barris/dia)

Argélia 720.000

Indonésia 1.270.000

Irão 3597.000

Kuwait 1.966.000

Líbia 1.312.000

Nigéria 2.018.000

Qatar 635.000

Arábia Saudita 7.963.000

Emiratos Árabes Unidos 2.138.000

Venezuela 2.819.000

Iraque não foi considerado por estar sob sanções das Nações Unidas. Fonte: BP (2003).

Fazem parte da OPEP os seguintes países: Argélia, Nigéria, Líbia, Arábia Saudita, Irão, Iraque, Qatar, Emiratos Árabes Unidos, Kuwait, Indonésia e Venezuela. Uma

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vez que os rendimentos do petróleo são vitais para o desenvolvimento económico destas nações, o seu objectivo é estabilizar o mercado do petróleo bruto, ajustando a sua produção de modo a garantir um equilíbrio entre a oferta e a procura nos níveis que melhor sirvam os seus interesses. Os ministros dos petróleos e da energia dos países membros da OPEP encontram-se duas vezes por ano, ou mais frequentemente se necessário, para decidir o nível da produção da organização e considerarem a necessidade de uma acção de ajuste da produção face aos desenvolvimentos e às previsões do mercado. Assim, decidem fixar quotas de produção por país. As últimas quotas aprovadas na reunião de 12 de Janeiro de 2003, encontram – se na tabela II.2.

Como o nosso trabalho é uma análise comparativa entre Angola, Argélia e Noruega, o quadro seguinte mostra os valores da produção em petróleo e gás natural nos três países em análise.

Tabela II. 3 - Produção de petróleo bruto e gás natural de Angola, Argélia e Noruega Angola (*) Argélia Noruega

Petróleo Petróleo Gás Petróleo Gás Anos

(milhar barris/dia) (milhar barris/dia) (biliões m3/ano) (milhar barris/dia) (biliões m3/ano)

nº índice nº índice nº índice nº índice nº índice

1994 557 100,00 1324 100,00 51,6 100,00 2693 100,00 26,8 100,00

1995 633 113,64 1327 100,23 58,7 113,76 2903 107,80 27,8 103,73

1996 716 128,55 1386 104,68 62,3 120,74 3233 120,05 37,4 139,55

1997 741 133,03 1421 107,33 71,8 139,15 3219 119,53 43 160,45

1998 731 131,24 1461 110,35 76,6 148,45 3139 116,56 44,2 164,93

1999 745 133,75 1515 114,43 86 166,67 3139 116,56 48,5 180,97

2000 746 101,34 1579 119,26 84,4 163,57 3346 124,25 49,7 185,45

2001 742 133,21 1562 117,98 78,2 151,55 3418 126,92 53,9 201,12

2002 905 162,48 1659 125,30 80,4 155,81 3330 123,65 65,4 244,03

(*) – Angola não produz gás natural, o gás produzido está associado à produção de petróleo e até há pouco tempo esse gás era queimado, hoje iniciou-se o seu aproveitamento na reinjecção nos campos para repressurização dos jazigos - Tabela elaborada a partir de BP-2003.

Angola e a Noruega são, dos três países, os que apresentam maior crescimento nos níveis de produção de petróleo bruto. A Argélia, pelo contrário, apresenta o menor crescimento, o que se deve ao facto de estar limitada às quotas da OPEP. Relativamente ao gás natural, nota-se um aumento constante da produção devido à procura do mercado, principalmente europeu, de um combustível cada vez mais

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limpo e pelo facto de a produção de gás não ser controlada internacionalmente. Apesar de o gás natural ser um produto petrolífero, a sua produção não é controlada pela OPEP, ou seja, os níveis de produção não são tidos em conta na fixação das quotas dos países membros.

As reservas mundiais provadas de gás natural são cerca 5.501.5 triliões de pés cúbicos, distribuídas percentualmente como se segue:

Tabela II.4 – Reservas e produção de gás natural no Mundo

Continentes Reservas provada(triliões de m3)

%

Produção (biliões de m3)

%

América do Norte 7.15 4.6 766 30.3 América do Sul e Centra 7.08 4.5 103 4.1

Europa e Euroásia 61.04(*) 39.2 989.1(*) 39.1 Médio Oriente 56.06 36 235.6 9.3

África 11.84 7.6 133.2 5.3 Ásia e Pacífico 12.61 8.1 301.7 11.9

Total 155.78

100 2527.6 100

As reservas da Federação Russa são 30.5% das reservas mundiais e a sua produção foi 22% da produção mundial. Fonte: BP (2003).

As reservas de gás natural são abundantes e parecem dispersar-se por todos os continentes.

Aos ritmos actuais de produção e consumo, as reservas de gás parecem poder vir a ter maior duração que as do petróleo. A maior razão para o ainda fraco consumo de gás relativamente ao petróleo e ao carvão, como energia primária, é o facto de as grandes reservas existirem longe dos maiores centros de consumo e o transporte de gás requerer investimentos elevados. Mas já se faz sentir a importância crescente, principalmente devido a ser um combustível fóssil limpo. A procura do gás natural crescerá com o aumento do seu uso como combustível para geração de energia. Os geradores a gás podem utilizar os avanços da cogeração e das técnicas de ciclo-combinado, que são mais eficientes em cerca de 35% do que as técnicas convencionais. Além disso estes geradores são mais baratos e fáceis de construir, o que torna mais competitiva a electricidade produzida por estas novas tecnologias.

Nesta fase, podemos separar Angola, que é um país essencialmente produtor e exportador de petróleo, da Argélia e Noruega, que são grandes produtores e exportadores de petróleo e de gás natural.

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II.1.3 – O Transporte

II.1.3.1 – O Petróleo

Como o petróleo é um líquido, o modo mais fácil de o transportar é bombeá-lo continuamente através de tubagens. Por um sistema de estações de bombagem de 60 a 100 km, seria possível bombear cerca de 1.8 a 2 metros cúbicos por segundo a distâncias que poderiam atingir milhares de quilómetros. Mas estas tubagens, quer no mar quer em terra, requereriam investimentos demasiado elevados e tornariam os sistemas muito pouco flexíveis. Embora as tubagens para transporte de petróleo (oleodutos) possam estar interligadas, elas só servem um número muito limitado de destinos.

Figura II. 4 - Oferta e procura de petróleo bruto –

Fonte: BP (2003)

A Europa importa 72% das suas necessidades em petróleo, os Estados Unidos cerca de 60% e o Japão 100%. A maior parte do petróleo utilizado nos países industrializados vem dos países do Médio Oriente, que produzem cerca de 5 vezes a mais do que consomem. A maior parte do petróleo necessário no mundo é transportada por mar em petroleiros. (OPEC 2002).

Por outro lado, se o petróleo é transportado por petroleiros, há muito mais flexibilidade de os destinos poderem ser mudados durante a viagem. Um petroleiro carregado demora da África ao Sul da Europa cerca de 15 dias, podendo atingir a capacidade de um milhão de barris, o que dá para alimentar uma refinaria de tamanho médio por uma ou duas semanas.

Devido ao facto de muitas refinarias se encontrarem muito afastadas dos campos de petróleo é necessário garantir que elas recebam em quantidades suficientes o

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petróleo específico para cada uma (leve ou pesado, com alto ou baixo teor de enxofre, etc.). Esta tarefa é desempenhada por equipas de comercialização que podem decidir vender o petróleo produzido pelas companhias e comprar um carregamento que se encontre próximo da refinaria. O seu trabalho é assegurar a flexibilidade de abastecimento ao menor custo possível.

II.1.3.2 – O Gás Natural

Uma vez o gás retirado dos campos, é necessário transportá-lo para onde estiverem os consumidores. O transporte do gás é mais dispendioso que o do petróleo e requer uma infra-estrutura tecnologicamente mais complexa. O maior obstáculo é ultrapassar a diferença de volumes, o volume de gás necessário para equivaler a energia dos hidrocarbonetos líquidos é milhares de vezes maior. Contudo, quando é possível as companhias distribuidoras de energia utilizam gasodutos para o transporte desde os campos até aos consumidores, como é o caso da Europa onde quer o gás produzido, quer no Mar do Norte, quer na Rússia é distribuído directamente aos consumidores.

Mas, em muitos casos, o gás tem de atravessar oceanos, por exemplo desde o Médio Oriente para os mercados do Sudoeste Asiático ou dos campos de África para os consumidores da Europa. Nestes casos a solução é a liquefacção do gás. Quando o gás natural é arrefecido a –163ºC torna-se líquido. O gás natural liquefeito (LNG) ocupa 600 vezes menos volume do que o gás, assim pode ser transportado em navios especialmente designados navios de LNG. No destino, o LNG é de novo aquecido e torna-se gasoso e então é distribuído em baixa ou alta pressão para as casas, fábricas, estações térmicas, etc.

Um dos pontos-chave na distribuição do gás é a capacidade de armazenamento. A procura do gás tem uma variação sazonal, o que obriga a que as companhias tenham de assegurar o abastecimento quando necessário, o que quer dizer que têm que saber calcular e gerir as suas reservas. O gás pode ser guardado na forma líquida em tanques, assim como em cavernas no subsolo com capacidades muito maiores. A grande desvantagem é que os locais geologicamente apropriados são raros e de desenvolvimento muito dispendioso.

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Figura II.5 – Principais rotas do comércio de gás natural -

Fonte: BP (2003)

II.1.4 - A refinação dos hidrocarbonetos

Uma vez o petróleo transportado para o país de destino, é processado em refinarias onde se utilizam técnicas cada vez mais complexas, com o objectivo de fabricar produtos de qualidade para satisfazer o mercado de distribuição dentro das condições ambientais cada vez mais exigentes.

O petróleo não pode ser utilizado tal como é extraído. É necessário ser refinado em produtos comerciáveis tais como o LPG, os combustíveis para automóveis, aviões, aquecimento doméstico, betumes e os chamados produtos de base para a petroquímica.

O ciclo clássico de refinação é formado de quatro operações, a saber:

• Destilação – Nesta fase o petróleo é aquecido até cerca de 380ºC para ser fraccionado em destilados. A este processo também se chama destilação atmosférica e é efectuado em torres de mais de 60 metros de altura.

• Transformação – Pela variação da qualidade de base dos destilados através de combinação de calor, pressão e catalisadores, pode-se aumentar a octanagem por “reforming” catalítico e por “cracking” catalítico pode-se converter o “fuel oil pesado” em gasóleo e gasolina.

• Purificações – Nas unidades de purificação (dessulfurização hídrica e tratamento hídrico), são eliminados os produtos indesejáveis como o enxofre e seus derivados.

• Mistura – (Blending) - Os produtos de base dos destilados podem ser misturados de modo a obterem-se produtos de acordo com as especificações do mercado.

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II.1.5 – A petroquímica

A petroquímica é uma indústria relativamente jovem, que começou nos anos trinta do século XX. A fabricação de produtos químicos a partir do petróleo permitiu às empresas petrolíferas obter mais valias consideráveis a partir dos combustíveis fósseis. A petroquímica usa somente cerca de 10% da produção mundial de petróleo, mas produz uma grande variedade de produtos de longa duração, (muitos dos quais são também recicláveis): plásticos, fibras têxteis, fertilizantes, solventes, etc.

Como matéria prima, a petroquímica utiliza uma série de produtos ligeiros provenientes do processo de refinação, especialmente a nafta, que passa por pirólise num cracker a vapor, produzindo uma série de “importantes intermediários” que são hidrocarbonetos leves com características moleculares que permitem diferentes combinações entre eles ou conjuntamente com outras moléculas. Estes produtos intermediários da primeira geração são conhecidos como olefinas (etileno, propileno, buteno) ou aromáticos (benzeno, tolueno, xileno).

Depois de uma série de transformações de complexidade variada, estes produtos intermediários geram um número de produtos mais valiosos. O etileno, que tem a molécula mais simples, requer somente uma operação de polimerização para originar o politileno termoplástico.

Dependendo do catalisador usado na polimerização, a densidade do politileno pode variar para fazer, por exemplo, películas de embrulho, condutas, garrafas e outros utensílios, incluindo tanques de gasolina para os carros. Ao combinar o etileno ao benzeno, obtém-se o estireno que quando polimerizado se transforma em poliestireno ou esferovite.

II.1.6 – Comercialização

Produtos e serviços

As várias fases industriais da cadeia do petróleo estão ligadas à produção de produtos. Para comercializar estes produtos são necessárias grandes redes de distribuição baseadas numa estratégia combinada de disponibilidade e proximidade.

Como mostra o envolvimento de todas as empresas petrolíferas no segmento da petroquímica, seria errado vê-las somente como produtoras e comercializadoras de combustíveis para automóveis. Elas também produzem e vendem uma grande variedade de produtos chamados especiais, porque envolvem o uso de tecnologia avançada na transformação do petróleo noutros produtos para a indústria ou para

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os consumidores, como por exemplo: lubrificantes, fluidos especiais, parafinas e asfaltos, betumes, combustíveis para a aviação, assim como gás de petróleo liquefeito (LPG butano e propano).

Por outro lado, as estações de serviço que vemos nas esquinas são de facto uma montra das empresas petrolíferas. Elas são um ponto final de uma cadeia de logística que envolve o armazenamento, o transporte, o condicionamento e a entrega aos consumidores.

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II.2 – Identificação das actividades-chave e necessidades de conhecimento.

Em secção anterior, apresentámos sucintamente as principais fases da indústria petrolífera. Neste capítulo, vamo-nos referir às actividades específicas de cada fase, os principais agentes responsáveis pela implementação das mesmas, as suas competências e os requisitos de conhecimento necessários para o seu desempenho.

A esse desempenho estão associados dois tipos de conhecimento, o conhecimento incorporado e o conhecimento incorpóreo. O conhecimento incorporado está relacionado com as máquinas e os equipamentos. O conhecimento incorpóreo engloba as capacidades e competências cognitivas, e é parcialmente transmitido e assimilado pela literatura técnica e científica, consultadoria, sistemas de educação, movimentação de pessoal, etc.

Devido ao avanço da ciência e dos meios tecnológicos, os processos de produção exigem aos recursos humanos cada vez mais qualificações genéricas de base e, ao mesmo tempo especializadas, que por sua vez originam processos cada vez mais complexos. Por exemplo, na aquisição de dados sísmicos, da passagem do onshore para o offshore, a exigência de conhecimentos para manobrar um camião e um navio são evidentes. Num navio, o maior número e variação de competências em virtude da complexidade da operação obriga a um alto nível de qualificações e de conhecimentos, tanto codificados como tácitos, na equipa para dominar e coordenar os diferentes métodos de actuação para finalizar a operação.

O facto de se tratar de uma indústria que requer grande capacidade financeira e tecnológica e com riscos associados muito grandes, derivados não só da própria pesquisa como, também, de se procurar constantemente ultrapassar novas barreiras e encontrar novas soluções, faz com que o empenho na investigação e o recurso a equipamentos cada vez mais sofisticados seja uma prática dominante no sector, onde as razões de ordem económica são as principais impulsionadoras do constante aperfeiçoamento dos equipamentos e das técnicas.

Ainda há poucos anos o limite da exploração no mar era de 200 metros de profundidade de água; o aperfeiçoamento dos equipamentos e das técnicas foi de tal modo grande que hoje já se exploram jazigos a mais de 1.500 metros de água. E brevemente atingir-se-ão os 2.000metros.

Naturalmente que os equipamentos cada vez mais sofisticados requerem técnicas de utilização, e recursos humanos de execução cada vez mais especializados, razão por que a formação especializada é contínua, exigente e rigorosa, exigindo não só perícia técnica como formação sólida de base e capacidade de novas aprendizagens.

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Para que se possam capacitar os técnicos na selecção adequada dos equipamentos, no seu manuseamento e na execução técnica dos trabalhos, é indispensável que estes tenham sólida formação superior para absorver todos os conhecimentos que constantemente lhe são transmitidos nas acções de formação sendo, normalmente necessário grande domínio das matemáticas, física, química, geologia, etc.

Resulta daqui que se houver deficiências nos ensinos secundário e universitário, será impossível ter formandos em quantidade e qualidade susceptíveis de poderem corresponder às exigências das especializações, o que se tornaria um factor condicionante da disponibilidade de quadros nacionais para o preenchimento de posições aos diversos níveis das empresas, particularmente aos que exigem maiores competências científicas, tecnológicas e de aprendizagem contínua. Veremos adiante até que ponto esta hipótese se adequa ao caso angolano.

Na fase de pesquisa, exploração e produção (vide tabela seguinte), podemos realçar as actividades principais como sendo: a colheita de dados geológicos e a análise dos mesmos.

Tabela II.5 – Actividades principais na fase de pesquisa e exploração

Adaptado de Thor Egil Braadland in Keith Smith (2000)

As técnicas a utilizar na colheita de dados geológicos podem ser realizadas através da operação de navios e/ou camiões, aquisição sísmica e perfuração ou sondagem. Na análise geológica de dados utilizam-se as interpretações sísmicas e geológicas.

Pesquisa e exploração

Actividade principal Técnica Conhecimento de base

Colheita de dados

geológicos

Operação de navios, camiões

Aquisição sísmica

Perfuração

Navegação

Sismologia

Engenharia

Física

Geologia

Análise dos dados

geológicos

Interpretação sísmica

Interpretação geológica

Sismologia

Geologia

Geofísica

Geoquímica

Análise económica dos

jazigos

Avaliação e valorização de reservas Geologia

Engenharia de reservatórios

Economia

Análise de decisão

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Para a realização destas actividades são necessários geólogos e geofísicos, licenciados em geociências de petróleos, engenheiros de sondagem licenciados em engenharia de petróleos, ou convertidos de outras especialidades de engenharia como a mecânica, electrotécnica, minas, etc. com aquisição de formação complementar específica.

Como pessoal de apoio, podemos encontrar estatísticos, controladores de dados, informáticos, topógrafos, geoestatísticos, engenheiros electrotécnicos, geógrafos, químicos, técnicos médios diferenciados nos diversos ramos de engenharia e outras actividades de apoio, chefes de campo logísticos, técnicos de restauração.

Normalmente, as actividades de colheita de dados geológicos e as do pessoal de apoio são executadas por empresas de serviço subcontratadas. A interpretação e geração de modelos geológicos é feita in house, dado que é aí que cada empresa

pode obter a sua mais valia, ou seja, a informação na qual pode basear a sua estratégia. Esta divisão de tarefas é feita essencialmente nas bases económica e de fiabilidade dos resultados a obter.

É a partir destes trabalhos de interpretação que se calculam as reservas dos jazigos. Quando o volume dos jazigos for economicamente interessante, elabora-se um plano de desenvolvimento dos campos, o que implica conhecimentos em gestão, análise económica e análise de decisão, em colaboração com a engenharia e a logística. Este plano consta de: um estudo das melhores alternativas para uma exploração económica das reservas, nomeadamente o número e disposição dos poços a perfurar, da necessidade ou não de injecção de água ou gás; do cálculo dos métodos e processamento de tratamento dos hidrocarbonetos; dimensionamento de instalações capazes para a produção, transporte, armazenamento e expedição de petróleo bruto.

Dependendo da localização dos campos, as instalações a ser construídas poderão ser para actividades onshore e/ou offshore.

O quadro seguinte mostra as actividades principais na fase desenvolvimento e as competências necessárias para a realização das mesmas.

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Tabela II.6 - Actividades principais na fase de desenvolvimento dos campos

Adaptado de Thor Egil Braadland in Keith Smith (2000)

Para a realização destas actividades, são necessários engenheiros de reservatórios, mecânicos, de produção, químicos, de construção civil, electrotécnicos, arquitectos navais, técnicos diferenciados incluindo os agentes de saúde, ambiente e segurança.

A maior parte destas actividades e técnicas são executadas pelas empresas de prestação de serviços.

As grandes empresas petrolíferas (operadoras) têm capacidades para acompanhar, fiscalizar e validar o estudo a ser implementado, uma vez que são elas quem encomenda os estudos. Ao contrário, as pequenas empresas recorrerem aos serviços de empresas especializadas e certificadas para consultadoria, de modo a poderem validar os estudos requeridos. Na fase de produção de petróleo há a realçar como actividades-chave a manutenção, a supervisão, a operação dos poços, a tecnologia de reservatórios e transportes, e a segurança e protecção ambiental.

Fase de desenvolvimento dos campos

Actividade principal Técnica Conhecimento de base Engenharia e fabrico de

instalações

Concepção (cibernética)

Construção, mecânica, electrónica electricidade

Técnicas de máquinas

Instrumentação industrial (cibernética) Engenharia,

Tecnologia de materiais, Física

Geologia Meteorologia

Mecânica Maquinaria

Engenharia mecânica Electrónica

Tecnologia de materiais, Geometria

Tecnologia submarina Optimização

Logística Engenharia mecânica

Electrónica Tecnologia submarina

Logística Instalação Ancoragem Cibernética

Geometria

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Tabela II.7 - Actividades principais na fase de produção de petróleo e gás

Adaptado de Thor Egil Braadland in Keith Smith (2000)

Fase de produção de petróleo e gás

Actividade principal Técnica Conhecimento de base Manutenção Construção

Mecânica Electrónica

Electricidade

Técnicas de máquinas

Engenharia Tecnologia de materiais

Geometria Tecnologia submarina

Optimização

Engenharia mecânica Electrónica

Tecnologia Submarina Cibernética

Controlo Monitorização Diagrafias de poços

Diagrafias de produção

Engenharia de tecnologia e informação

Imagem computorizada Electrónica

Matemática aplicada Óptica

Acústica Análise de ondas

Meteorologia

Manuseamento de poços, tecnologia de reservatórios e

transportes

Avaliação de reservatórios

Injecção de água e gás

Armazenamento

Processamento, separação

Transporte e condutas (oleodutos e gasodutos)

Refinação

Geologia Geofísica

Geoquímica

Engenharia geoquímica Simulação numérica

Engenharia e tecnologia de

materiais

Geoquímica

Engenharia Tecnologia de materiais

Geoquímica

Geoquímica

Segurança e ambiente Vida e protecção ambiental Engenharia de ambiente Direito Física

Biologia Geologia

Geoquímica

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Em manutenção é necessário dominar as técnicas de construção, mecânica, electricidade, electrónica e a tecnologia das máquinas.

Na actividade de superintendência fazem-se a monitorização, as diagrafias dos poços e as diagrafias de produção.

Relativamente à operação dos poços e à tecnologia de reservatórios e transportes, são necessárias boas competências em: avaliação de reservas; injecção de água e gás; armazenamento; processamento, separação; transporte oleodutos e gasodutos; refinação.

Nos aspectos de segurança e protecção ambiental são necessários bons conhecimentos sobre a vida e protecção ambiental.

O quadro seguinte mostra as actividades principais na fase de produção de petróleo e as competências necessárias para a realização das mesmas.

Para a realização destas actividades são necessários engenheiros de petróleos (reservatórios), de workovers e serviços de reparação de poços, químicos, de produção, de manutenção.

Para actividade de refinação são necessários químicos, engenheiros químicos, de instalações, de manutenção, (mecânicos, de sistemas industriais, etc.)

Na actividade de comercialização de petróleo bruto têm um papel importante os vendedores –traders, inspectores, operadores especializados, programadores, pessoal navegante.

Na actividade de transporte e comercialização de produtos refinados têm um papel de relevo os químicos, engenheiros químicos, de instalações, mecânicos, gestores de produtos, vendedores e agentes de venda, promotores de venda e produtos e os retalhistas.

Em toda a cadeia de valorização do petróleo e gás, os agentes de saúde, ambiente e segurança no trabalho também têm um papel importante.

Na generalidade, estas actividades chave são comuns na indústria petrolífera mundial e verificam-se tanto em Angola, como na Argélia ou na Noruega. A localização dos recursos petrolíferos condiciona a utilização das tecnologias, bem como o seu grau de desenvolvimento.

Assim, em Angola há um grande desenvolvimento das actividades de pesquisa, exploração, produção e exportação de petróleo bruto no mar, ao passo que na Argélia se regista um grande desenvolvimento das mesmas, mas em terra para o petróleo bruto e gás, para além de grandes desenvolvimentos em actividades de refinação e petroquímica.

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Tabela II.8 – Localização das actividades nos países

Por outro lado, a Noruega apresenta, tal como Angola, grande desenvolvimento em actividades no mar, mas à semelhança da Argélia as actividades-chave estão direccionadas para a exploração de petróleo bruto e gás, petroquímica e refinação, onde Angola comparativamente não tem expressão, pois possui apenas uma pequena refinaria e não tem indústria petroquímica.

Pelas informações obtidas na Argélia, todas as actividades da valorização dos hidrocarbonetos são desempenhadas por cidadãos nacionais. Isto poderia levar-nos à conclusão de que os argelinos estão tecnicamente capacitados para dominar a tecnologia, o que representaria a aquisição de conhecimento/recursos humanos de 100%. A experiência mostra-nos, porém, que na prática, aquando da implementação de novos projectos, há sempre a necessidade de recorrer a recursos humanos estrangeiros, pelo menos numa base temporária.

Olhando para a tabela II.8, a única diferença de Angola relativamente à Noruega e à Argélia é não ter gás nem petroquímica e a refinação ser pouco significativa, devido ao pequeno consumo local e porque razões históricas (descolonização) levaram a não ser construída no Lobito mais uma refinaria essencialmente para a exportação, como estava aprovado.

Na Noruega, os problemas da transferência de tecnologia e conhecimento têm outra dimensão. Os índices de alfabetização de 100%, com 34% da população activa com ensino secundário, médio e superior, bem como a proporção de 13% de envolvimento da população activa em actividades de formação (dados do European Trendchart on Innovation 2003) colocam-nos em presença de um país com a capacidade de absorver todo o tipo de conhecimento. De facto, a Noruega tem um grande parque de construção de todos os equipamentos utilizados na indústria petrolífera, desde equipamentos de tratamento até plataformas.

Os quadros seguintes mostram os recursos humanos necessários, por níveis ocupacionais, para levar a cabo as actividades petrolíferas nos países referenciados no nosso estudo.

Ambientes Actividades Terra Mar

Exploração e produção de petróleo bruto

Angola, Argélia Angola, Noruega

Exploração e produção de gás natural

Argélia Noruega

Refinação Angola, Argélia, Noruega Petroquímica Argélia e Noruega

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Em Angola, os dados obtidos a partir dos relatórios existentes no Ministério dos Petróleos estão resumidos no quadro seguinte:

Tabela II.9 - Força de trabalho do sector petrolífero angolano (2002)

Angolanos Expatriados Técnicos

Engenheiros 838 864 Técnicos 5565 1130

Trabalhadores 2054 129 Outros 474 100

Administrativos Sénior 465 260 Júnior 1380 24

Secretariado 350 0 Total 11126 2507

Fonte: IPEDEX (2002)

Gráfico II.1 - Força de trabalho do sector dos petróleos angolano, por nacionalidade (2002) (técnicos)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Engenheiros Técnicos Trabalhadores Outros

categorias

Nº d

e tr

abal

hado

res

Angolanos Expatriados

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Para a Argélia, obtivemos a partir do Relatório de 2002 da Sonatrach os seguintes dados:

Tabela II.10 – Trabalhadores da Sonatrach Holding

Quadros 11 956 (31%) 4 696 engenheiros Técnicos médios e superiores 16 212 (44%) 964 técnicos superiores

Operários 8 390 (25%)

Fonte: Sonatrach (2002)

Tabela II.11 – Trabalhadores das filiais da Sonatrach

Filiais a 100% Filiais a 51% Total Permanentes 34982 13649 48631 Temporários 12530 9847 22377 Estrangeiros 3 3 6

Total 47515 23499 71014 Fonte: Sonatrach (2002)

Só foram considerados as percentagens nos trabalhadores da Sonatrach Holding, uma vez que não conseguimos obter os relativos às suas subsidiárias.

As entidades argelinas entrevistadas informaram que não há trabalhadores estrangeiros em permanência no sector, estes só surgem no início da implementação de algum projecto sendo de imediato substituídos por cidadãos nacionais.

Gráf ico I I .2 - F o rça d e t rab alho d o sect o r p et ro lí f ero ang o lano p o r nacio nalid ad e , 2 0 0 2 ( ad minist rat ivo s)

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Senior Junior secretariado

categorias

Nº d

e tr

abal

hado

res

Angolanos

Expatriados

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Para a Noruega, obtivemos a partir do relatório dos serviços de estatística os números de trabalhadores como mostra o seguinte quadro:

Tabela II.12 – Trabalhadores do sector petrolífero norueguês

Grupos ocupacionais Número de trabalhadores Técnicos superiores e directores 2553

Profissionais 4275 Técnicos e profissionais associados 3861

Administrativos 1037 Operadores 2837

Operadores e condutores 5932 Outros 1477 Total 21972

Fonte: Statistics Norway (2003), Full-time employees in oil and gas extraction and mining

Para a Argélia, só foram considerados os dados relativos a Sonatrach Holding, uma vez que não conseguimos obter os relativos às suas subsidiárias. Este facto não é importante para a nossa comparação, pois que a maior parte delas estão ligadas a actividades downstream.

Para a Noruega, parece não existir a vontade de substituição dos estrangeiros por nacionais, talvez devido à obrigações relativas aos acordos que subscreveu com a União Europeia. Usando a mesma classificação que Angola utiliza para os recursos humanos por categorias profissionais, obtivemos o quadro e o gráfico seguintes.

Tabela II.13 – Resumo dos recursos humanos por categoria profissional

Argélia Noruega Angola

Categoria Ocupacional Total % Total % Total % Dos quais,

Nacionais %

Categorias XII e superiores 11956

33

2553 12

2427 18 1303 54

Categorias VII a XII 16212 44 13487 61 8099 59 6945 86

Categorias I a VI 8390 23 5932 27 3107 23 2878 93

Total 36558 100 21972 100 13633 100 11126 82

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Gráfico II.3 - Recursos humanos por categorias profissionais

0

10

20

30

40

50

60

70

Categorias XII esuperiores

Categorias VII aXI

Categorias I a 6

categorias profissionais

perc

enta

gem

ArgéliaNoruegaAngola

A hipertrofia nos quadros a nível superior que se nota na Argélia e em Angola relativamente à Noruega pode ser explicada pelo facto de nos dois países africanos as actividades de refinação, petroquímica e distribuição serem consideradas do sector petrolífero, ao contrário da Noruega, onde são consideradas actividades do sector da indústria transformadora. Estas actividades exigem muitos recursos humanos de elevada formação; a criação e a participação das empresas nacionais, a Sonatrach e a Sonangol, na maior parte das empresas de prestação de serviço, obrigaram à formação de quadros superiores em todos os sectores de negócios.

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III - Legislação, Políticas de Concessões e Tipos de Contrato

III.1 - Aspectos Históricos

Os acordos modernos na indústria petrolífera entre os Estados e as empresas multinacionais começaram nos anos vinte do século passado, no Médio Oriente, na base de contratos de concessão, em que eram garantidas pelas autoridades as obrigações contratuais de ambas as partes, que se podiam resumir no seguinte: à companhia de petróleo era concedido o direito de explorar, desenvolver, produzir, tratar e exportar o petróleo aos preços e débitos determinados por ela; por outro lado, o país anfitrião era compensado pelo pagamento de royalties e, em alguns casos, por bónus e rendas; a duração média da concessão era superior a 50 anos; a empresa tinha um poder dominante relativamente ao controlo dos recursos.

Depois de a Rússia ter nacionalizado a indústria petrolífera na sequência de revolução de 1917, nos anos trinta, alguns países começaram a tentar mudar a situação de parceiros passivos, como o México que, em 1938, nacionalizou os interesses estrangeiros no sector e criou a empresa estatal. Em finais dos anos quarenta, a Venezuela começou a cobrar impostos de 50% sobre os lucros das empresas. De igual modo, em 1950, a Arábia Saudita impôs o pagamento de taxas de 50% às empresas americanas, o que quase fez duplicar as receitas dos países e fez crescer o desejo de uma participação directa no negócio.

Nos anos cinquenta, o Irão criou a empresa estatal de petróleos, a NIOC, materializando o conceito da participação directa do Estado; esta empresa associou-se com a AGIP num contrato de risco joint venture.

Uma joint venture pode ser definida como um acordo pelo qual o Estado e uma empresa operam juntamente um jazigo comercial de petróleo descoberto pela empresa, com os seus meios financeiros e riscos mas com os direitos de os recuperar com a produção.

Em meados dos anos sessenta surgiram os contratos de partilha de produção, que aumentaram o controlo dos países sobre os ganhos das empresas relativamente à exploração e ao desenvolvimento.

Este tipo de contrato basicamente consagra que 50% da produção é petróleo-custo – “cost oil” para a recuperação dos investimentos e os restantes 50% são petróleo-lucro “profit oil” para repartir entre o Grupo Empreiteiro e a Concessionária em percentagens variáveis, consoante os interesses participativos e as perspectivas da área.

A partilha do petróleo-lucro rondava inicialmente os 65% e 35% respectivamente para a empresa e para o Estado, percentagens que se invertiam com o tempo e com o valor da produção acumulada.

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Entretanto, em 1961 foi criada a OPEP, com o fim de tentar controlar as produções e os preços do petróleo bruto.

Os anos sessenta foram anos de estabilidade, tanto as empresas como os governos estavam satisfeitos com os contratos, que eram respeitados.

Neste período, as empresas estavam a ser pressionadas em duas direcções, por um lado a OPEP e, por outro, lado pelos compradores que pretendiam uma baixa dos preços devido aos excedentes que havia no mercado, o que veio a acontecer.

Devido a este ambiente e à queda dos preços do petróleo, os países produtores não membros da OPEP, para obterem melhores receitas, viram-se obrigados a produzir mais, o que provocou um excesso de petróleo no mercado internacional.

Na década de setenta, os países da OPEP conseguem firmar o seu domínio relativamente às empresas e inverter a tendência de baixa nos preços, aumentando os impostos e os royalties e decidindo serem eles a fixar o preço do petróleo. A alta de preços e o crescente poder dos países da OPEP levaram a que estes persuadissem a indústria a aceitar mudanças nos contratos e, em último caso, a aceitar “voluntariamente” a nacionalização (David 1996 e Barrows 1985).

Estas acções tiveram influência nos países não membros desta organização, que começaram a ter receitas extras e foram persuadindo as empresas a alterar os contratos de modos a terem melhores benefícios.

Este ambiente levou a que nos anos setenta houvesse uma série de nacionalizações por actos unilaterais, casos da Argélia em 1971 e do Iraque em 1972 e 1975, ou através de negociações, como no Irão, no Kuwait, na Venezuela e na Arábia Saudita. Estes movimentos não evitaram que em países onde a indústria foi nacionalizada se contratassem frequentemente empresas de assistência técnica e financeira.

As empresas nacionais de petróleos (NOC), foram os meios escolhidos pelos países para representar os seus interesses no sector.

III.2 Análise comparativa

As histórias dos três países mostram como evoluíram as políticas dos mesmos relativamente ao poder de concessão e aos tipos de contratos neles vigentes. Dois dos três países da nossa análise, Angola e Argélia, os mais antigos na indústria, adoptaram ainda no tempo colonial o regime de contratos do tipo de concessão. Estes eram caracterizados pela cedência exclusiva de grandes áreas para a exploração, não havendo exclusividade na atribuição do poder de concessão, ou seja, as diferentes concessões podiam ser atribuídas a várias empresas.

Após as independências, verificaram-se mudanças assinaláveis.

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No caso de Angola, após 1975, o governo Angolano decidiu alterar a política petrolífera do país cujas alterações principais já referimos, nomeadamente a criação da Sonangol, empresa estatal, do Ministério dos Petróleos e nova legislação com o intuito de deter um maior controlo sobre os hidrocarbonetos.

De igual modo, decidiu renegociar todos os contratos ainda em vigor, na base da nova legislação:

• O contrato em joint venture com a CABGOC relativo ao offshore de Cabinda,

• O contrato em joint venture para as associações Petrangol/Sonangol/Texaco, Petrangol/Sonangol (para a bacia do Rio Congo e Rio Kwanza)

Decidiu-se, também, dividir a plataforma marítima continental em blocos, que mais tarde foram sendo negociados na base de Contratos de Partilha de Produção, PSA.

De assinalar que nos Contratos de Partilha de Produção dos Blocos de Águas Profundas se introduziu uma nova modalidade relativa aos Contratos dos Blocos de Águas Rasas, no que concerne a percentagem do Profit Oil a repartir, neste caso em função da taxa interna de rentabilidade, de modo a garantir aos investimentos uma rentabilidade adequada.

No intuito de incentivar os investimentos no desenvolvimento dos campos petrolíferos, os Contratos de Partilha de Produção consagram um incentivo, “Up Lift”, cujo valor varia entre 33% e 50%, consoante as áreas contratuais.

Normalmente, tem sido a partir do interesse manifestado aquando da participação nos concursos que são seleccionados o operador e as empresas associadas que constituem os grupos empreiteiros.

Por razões de ordem política e para satisfação de interesses nacionais, foram concedidos direitos de preferência a algumas empresas internacionais de grande nomeada, muitas vezes na base de acordos bilaterais entre Angola e os países onde as mesmas eram sedeadas, mas sempre respeitando as condições da melhor oferta dos concursos.

Assim, podemos verificar a presença em Angola das maiores empresas petrolíferas do mundo associadas nos diversos blocos, onde a concessionária é a Sonangol.

No caso da Argélia, na época colonial existiam os contratos de concessão com empresas de diversas origens, francesas, inglesas, americanas, etc. Mas as maiores concessões eram as das empresas francesas.

Nas discussões que levaram a cabo os acordos de Évian, as autoridades francesas, sabendo do potencial do sul da Argélia, tentaram separar esta região do resto do território do país nas negociações para a independência. Não tendo conseguido

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este objectivo, impuseram a presença das empresas nas concessões anteriormente distribuídas, em troca do pagamento de impostos.

Este quadro legal gerou o descontentamento por parte das autoridades argelinas, pois que a repartição dos lucros que advinham da actividade petrolífera era demasiado desigual com prejuízo para o país anfitrião, e não satisfaziam as aspirações argelinas. Assim se foi fortalecendo a ideia de recuperação da soberania total sobre as riquezas petrolíferas.

Era necessário criar instrumentos para que os argelinos tomassem o controlo destas riquezas e assim, os responsáveis decidiram criar a Sonatrach em Dezembro de 1963. À Sonatrach foram concedidos, em primeiro lugar, todos os recursos do gás, o controle sobre todos os oleodutos e gasodutos existentes e a posse do ponto estratégico de recolha e estabilização do petróleo do Haoud-El-Hamra, próximo de Hassi Messaoud, o centro principal e terminal do trânsito para todas as exportações de petróleo.

Os dois anos seguintes, 1964 e 1965 foram marcados por negociações árduas e longas, com dois grupos franceses, Elf-Erap e Total-CFPA, sobre investimentos mínimos não realizados. Um acordo franco-argelino de 29 Julho de 1965 aumentou ligeiramente a parte do estado argelino na produção local para 11,5%, ou 51.750 barris /dia, (b/d).

Em Setembro de 1966, o mandato original da Sonatrach para o transporte e o marketing dos hidrocarbonetos foi alargado a todos os restantes sectores da indústria petrolífera, transformando assim a empresa na Sociedade Nacional de Pesquisa, Exploração, Produção e Transporte de Hidrocarbonetos. O Estado argelino possuía então um meio para prosseguir a sua própria política de ampliar o controle sobre o sector nacional dos hidrocarbonetos.

Foi, então, concedida à Sonatrach uma área inicial de 21.000 km2, representando 12% da superfície com potencial petrolífero da Argélia. Em Junho do ano seguinte, a empresa obteve outras licenças de concessões de exploração num total de 46.000 km2 tornando-se operadora e aumentando o seu portfólio no upstream a 21% da superfície total (dez vezes mais relativamente a 1962).

As concessões de direitos de exploração de Junho de 1967 foram seguidas por um conjunto de outras medidas, incluindo uma compensação apropriada às empresas atingidas pela nacionalização:

• Em primeiro lugar, em 19 Outubro de 1968 foi assinado um acordo de risco, joint venture entre a companhia de petróleo americana Getty Oil e a Sonatrach, pelo qual a primeira cedeu 51% das interesses que detinha na Argélia.

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• Em segundo lugar, em 1969 a Sonatrach adquiriu a Sinclair, companhia americana, e comprou os interesses no upstream do gás natural da companhia El Paso na Argélia.

• Em terceiro lugar, em Junho 1970, o governo argelino decidiu nacionalizar as operações de todas as companhias de petróleo estrangeiras não francesas que trabalhavam sob o anterior regime de concessão, a saber, Shell, Phillips, Mobil e Newmont Mining.

Os decretos presidenciais de 24 de Fevereiro e de 12 de Abril de 1971 aboliram o regime de concessão existente. As companhias francesas ou foram inteiramente nacionalizadas ou tiveram 51% dos seus interesses e das suas operações transferidos para a Sonatrach. Como parte destes acordos, a Sonatrach adquiriu o controle total de todas as áreas em que tinha sido previamente associada, à excepção de dois blocos de exploração em que manteve um interesse minoritário de 49%. Em 1972, após menos de uma década, a Sonatrach passou a controlar 77% do petróleo, 850.000 b/d (42 milhões de toneladas por ano). Entretanto, as actividades do upstream incluíam toda a superfície disponível recuperada com a nacionalização, incluindo as áreas devolvidas como zonas não exploradas sob o antigo regime de concessão.

As linhas principais da política do petróleo permitiram às empresas estrangeiras que quisessem participar na pesquisa e na exploração de hidrocarbonetos líquidos na Argélia, a associarem-se em posição minoritária através de contratos do tipo joint-venture com a Sonatrach que teria, no mínimo 51%, de participação e seria também o operador da associação.

Entre 1978 e 1980, a subida significativa dos preços do petróleo provocou um aumento na actividade de sondagem, mas devido ao dinâmico crescimento da produção, as companhias de petróleo investiam mais no segmento da exploração, num contexto demasiado favorável ao país anfitrião. Apesar de diversas tentativas para estimular a indústria a aumentar os seus investimentos no upstream, as novas descobertas não foram suficientes para repor as reservas de petróleo produzidas. Por outro lado, quando havia descobertas de gás elas eram pertença do Estado, pois não existia provisão legal para seu desenvolvimento comercial nos acordos joint-venture.

Assistiu-se, então, a grandes esforços do governo argelino para atrair o investimento estrangeiro, incentivando as companhias estrangeiras a adquirir novas áreas: o governo argelino introduziu um prémio de USD3/barril sobre o preço oficial das suas vendas de petróleo bruto; foi aplicado um novo modelo de contrato que incluía elementos dos contratos de joint venture e dos de partilha de produção. Os empreendimentos eram associações do tipo joint venture com a Sonatrach, em que a participação do sócio estrangeiro poderia variar de 30% a um máximo de 49%, dependendo da superfície de exploração.

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A parte associada deveria suportar 100% dos custos da exploração (geralmente num período inicial de quatro anos, renovável por dois anos com renúncia de 50% da área), mais o custo de dois poços de delineação, se fosse feita uma descoberta. Neste caso, a Sonatrach tornar-se-ia então o operador e suportaria a sua parte dos custos do desenvolvimento, operação e de transporte, em proporção com a sua participação na produção comercial.

Parte da produção seria destinada à recuperação dos custos de exploração pela companhia estrangeira. A produção comercial seria partilhada entre a Sonatrach e as associadas estrangeiras em proporções que variavam de 58-42% a 65-35% para a companhia argelina. Esta fase de produção era de 12 anos e poderia ser renovada por mais cinco anos.

A queda nos preços de petróleo no mercado mundial obrigou a que se produzisse acima do previsto no plano quinquenal 1985-1989, o que levou à necessidade de melhorar a exploração.

Assim, foi introduzida em 1986, após aprovação do Parlamento em 19 de Agosto, nova legislação do sector. Esta nova legislação incluiu um número de medidas projectadas para dar um maior grau de flexibilidade aos acordos de exploração, assim como permitir que a companhia estrangeira fosse o operador. O objectivo era incentivar as empresas estrangeiras a recomeçarem a actividade de operadores de exploração, sob os termos dos acordos da concessão (CA), dos contratos de serviço (SC) ou de contratos de partilha de produção (PSA).

Apesar do desejo do governo de aumentar o nível da participação estrangeira na exploração, a nova lei preservou ainda o direito do governo de adquirir um interesse maioritário em todos os acordos de exploração. Poderia, também, adquirir um interesse maioritário em nome do Estado argelino em toda a associação e consórcios anteriormente estabelecidos com a finalidade de explorar para hidrocarbonetos na Argélia. O artigo 24 da lei estipulou que: "qualquer que seja a forma de associação escolhida, a participação da companhia estatal deve ser pelo menos de 51%".

A lei 86-14 de Agosto de 1986 constituiu a primeira mudança feita ao regime que regula as actividades de companhias de exploração estrangeiras, desde que a lei de Abril de 1971 das nacionalizações da indústria petrolífera do país foi promulgada. A nova legislação estabeleceu que os grupos que envolviam as companhias estrangeiras fossem estabelecidos em duas fases. A primeira compreendia um contrato assinado com a companhia de petróleo estatal e a segunda um protocolo de autorização do governo argelino. Outras cláusulas cobriam o reembolso dos custos da pesquisa que resultaram em descobertas do gás natural, incluindo um bónus de descoberta.

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Em 1991, o parlamento argelino aprovou a nova lei do petróleo que introduziu o conceito moderno de contratos de partilha de produção (PSA). A produção devia ser compartilhada entre a Sonatrach e os seus associados estrangeiros. Foi considerada pela indústria como proporcional aos riscos e como capaz de proporcionar o uso de tecnologia avançada, promover e desenvolver os campos maduros e novos. Introduziu, também, cláusulas especiais para os campos de gás, que eram inacessíveis às firmas estrangeiras.

Estas emendas favoráveis, que foram adicionadas à lei argelina dos hidrocarbonetos, eliminaram a dupla tributação e permitiram aos investidores estrangeiros adquirir interesses menores em campos em produção pela primeira vez. Estas emendas estipuladas nos contratos de partilha de produção abrangiam também os campos já em produção e as novas descobertas de gás.

Em finais de 1992 (Arrêté Interministériel du 6 Octobre 1992), o governo anunciou planos para implementar estímulos para programas de EOR (recuperação avançada) em 10 campos de óleo maduros e para o desenvolvimento de campos com poços fechados devido à produção de água.

Durante os anos que seguiram à introdução desta nova lei, a Argélia tornou-se numa das zonas mais atractivas da exploração e uma das mais prolíficas em termos de novas descobertas. Em 1994, ocupou o primeiro lugar no mundo, com 15 novas descobertas, tendo como resultado adicionado cerca de 1,9 biliões de barris às suas reservas. Esteve novamente no topo, em 1995, após ter adicionado 2,6 biliões de barris às suas reservas e outros 1,3 biliões nos anos de 1996 e de 1998.

Desde 1999 (Projecto de Lei apresentado em 3 de Setembro de 2002), que o governo pretende reestruturar o sector petrolífero de modo a torná-lo mais atractivo e competitivo e a retirar os papéis de regulador e de negociador da empresa nacional para o ministério, ou a criação de um corpo para controlar o investimento estrangeiro no sector do petróleo e gás. A nova lei de petróleos ora proposta pelo Ministério da Energia e Minas prevê a criação de duas agências do Estado: um agência nacional para fazer a promoção das riquezas petrolíferas e gasíficas, para gerir a exploração e responsável pela negociações e elaboração dos contratos, a “Alnaft”; a segunda agência, de carácter mais técnico, verifica os procedimentos relativos a exploração, sondagem, ambiente e segurança industrial e a rede de transporte do petróleo bruto, gás e refinados, a “Autoridade Reguladora dos Hidrocarbonetos”, e pretende tornar a Sonatrach numa empresa comercial capaz de competir com as empresas estrangeiras em igualdade de circunstâncias.

Na Noruega, o processo foi diferente. Desde o princípio que houve o cuidado, por parte das autoridades, de criar um sistema de controlo da actividade de exploração dos hidrocarbonetos, com a fiscalização estreita do Parlamento.

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Só depois de bem definidas as fronteiras marítimas com os países vizinhos e as normas que iriam regular a actividade petrolífera é que esta foi iniciada (Ministry of Petroleum and Energy 2000). No modelo de atribuição de concessões nesse país, não há concessionária exclusiva, ao contrário de Angola e da Argélia.

Houve, inicialmente, a aplicação de um contrato de concessão a uma empresa estrangeira, quando ainda não se conhecia o potencial petrolífero do país. Mas o desejo dos noruegueses de se envolverem e controlarem esta indústria levou a que este modelo fosse substituído pelo modelo de contrato do tipo joint venture.

Cada grupo empreiteiro negoceia um contrato de joint venture com as autoridades e torna-se concessionário dos blocos adquiridos. No início, por lei, a empresa estatal Statoil era obrigada a participar em todas associações com maioria de 51%.

A empresa operadora assume de facto o papel de concessionária e é a representante do grupo junto do governo. Mais tarde, a lei foi alterada de maneira a dar à empresa estatal a possibilidade de participar ou não nas associações, consoante os seus interesses comerciais.

É importante salientar o modo como a empresa Statoil se tornou operadora. Foi uma operação planeada desde as negociações com um grupo empreiteiro, que incluía a Mobil Oil e a Statoil, cuja operação ficou a cargo da primeira, mas com a condição de a passar mais tarde para a empresa estatal e tornar-se nessa altura em empresa de assistência técnica, mas mantendo-se sempre na associação.

Para se impedir que a empresa nacional se tornasse demasiado poderosa e difícil de controlar, o Estado decidiu em 1985 dividir os interesses que detinha na empresa, numa participação equitativa de capital para a companhia e na Participação Financeira Directa do Estado (SDFI). O SDFI está envolvido na maioria das licenças concedidas depois de 1985. Como resultado, o Estado tem agora interesses financeiros directos na maioria das operações offshore e no transporte de petróleo.

Para tentar separar o Estado da gestão e do controlo directo da actividade petrolífera, o parlamento norueguês decidiu criar um órgão de controlo, o NPD, com capacidade técnica para assessorar o governo sobre as matérias do sector. É na base das informações fornecidas por este órgão que o governo prepara toda a política do sector, incluindo as negociações, a adjudicação dos blocos, a recolha dos impostos, a política laboral do sector. Devido à sua vocação polivalente, este órgão, consoante as tarefas que desempenha, assim depende dos Ministério das Finanças, do Petróleo e Energia e do Trabalho.

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As Constituições dos três países analisados estabelecem que os recursos naturais do subsolo são pertença dos referidos povos. As leis reguladoras das actividades petrolíferas são diferentes e consagram o poder de concessão da seguinte forma:

1. Em Angola, pela Lei Reguladora das Actividades Petrolíferas no artigo 2, o Estado transmite os direitos mineiros à Sonangol, empresa estatal a quem autoriza associar-se a empresas estrangeiras de capacidade tecnológica económica e financeira para a pesquisa e produção de hidrocarbonetos. De igual modo lhe foi concedido o direito de negociar os termos da associação.

2. Na Argélia, pela Lei de Bases da Indústria Petrolífera, artigo 3, o Estado tem o monopólio das actividades de prospecção, pesquisa, exploração e transporte de hidrocarbonetos, podendo ceder esse exercício a empresas nacionais. Omite o nome da Sonatrach, mas o mandato da criação desta empresa estabelece que ela é de facto a concessionária, detendo também o poder de negociar e se associar com empresas estrangeiras.

3. Na Noruega, o poder de concessão é do Estado, que o negoceia com um grupo de empresas associadas em joint venture, que se mostre interessado na pesquisa e exploração de um bloco.

4. De realçar que neste país só existe um bloco que foi concessionado a uma única empresa, a Exxon.

5. Dos três países, somente a Noruega permitiu a existência de empresas de interesses nacionais privados e mistos nas operações petrolíferas que são, para além da Statoil, empresa estatal, os casos da SAGA Petroleum e da Norsk Hydro respectivamente. Esta é uma empresa integrada que opera nos sectores da agricultura e minas, em que os noruegueses têm cerca de 64% das acções das quais o Estado tem cerca de 44% e os privados nacionais cerca de 20%. Aqui, as participações do Estado são controladas pelo Ministério da Indústria. Muito recentemente a Norsk Hydro adquiriu a SAGA.

Nos três países podemos verificar que os governos inicialmente desejavam a participação maioritária de 51% da empresa estatal, mas com o decorrer do tempo e devido aos riscos e aos grandes investimentos que esta política acarretava, os governos decidiram que as companhias abdicassem da participação obrigatória dos 51% em todos os blocos e começassem a participar somente onde achassem interesse e na percentagem mais conveniente.

Dos três países, foi a Argélia quem teve mais necessidade de ajustar a sua legislação às necessidades do mercado, de modo a manter a sua indústria a

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um nível competitivo, porque a atitude extremamente protectora e nacionalista inicial coarctou a iniciativa privada e levou o sector à estagnação.

A inovação na Noruega da criação de uma agência de apoio estatal foi um precedente importante na indústria petrolífera mundial. Hoje, vários países produtores de petróleo resolveram seguir este exemplo, casos do Brasil e da Indonésia.

A Argélia, conforme foi dito antes, pretende na nova legislação criar duas agências, uma para os controlos dos procedimentos técnicos nas actividades e outra para responsável pela promoção dos recursos petrolíferos, pelas negociações, elaboração dos contratos, etc.

6. No regime de concessão, a participação e o controlo do Estado eram quase nulos, pois que ela se limitava a cobrança de impostos e royalties. Não havia um instrumento de controlo nem uma atitude participativa do mesmo. Com a criação das empresas nacionais de petróleos, os governos criaram um instrumento com cariz técnico e político com capacidade de controlar e acompanhar as operações. O papel de concessionário, quando exercido por essas empresas, confere-lhes um poder como que de veto, o que lhes permite, em caso de minoria, poder fazer vingar as posições do Estado que representam. As empresas nacionais de Angola, Argélia e Noruega começaram, pois, a associar-se em contratos de risco na base de maioria de 51%.

Em Angola, a actividade de concessionária nacional obrigou a um crescimento rápido da capacidade tecnológica da empresa nacional, que passou do controlo de 4 blocos em 1975 a cerca de 22 em 2002 e, em termos de produção, de 170 para cerca de 900 mil barris/dia.

A Sonangol começou a executar esse trabalho de controlo recorrendo, para além de trabalhadores nacionais com alguma experiência recrutados das empresas privadas, a técnicos estrangeiros de diversas nacionalidades, recrutados a nível individual, e a empresas especializadas em assistência técnica.

Entretanto, o Estado angolano orientou o Ministério dos Petróleos e a Sonangol para a necessidade de formação de quadros no sector. Assim, mesmo antes da promulgação do decreto 20/82, já a Sonangol e outras empresas enviavam trabalhadores para cursos de formação no exterior do país. Os custos destas actividades de formação eram considerados como custos operacionais, mas não havia obrigatoriedade na actividade de formação. O Decreto 20/82 veio a dar o carácter obrigatório à componente de formação, com o objectivo de substituição dos trabalhadores estrangeiros por nacionais. Assim se notou o aumento da participação de recursos humanos nacionais nas actividades petrolíferas.

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Dada a sua importância, vamo-nos referir ao projecto PROQUADROS que foi concebido pela Sonangol e estruturado com o apoio da Braspetro, para materializar o programa de angolanização da ESPA (Empresa Operadora do Bloco 4). O plano previa a formação e desenvolvimento de 100 especialistas angolanos (geólogos, geofísicos, engenheiros de petróleos e engenheiros de equipamentos), a repartir 50 para a ESPA e 50 para a Sonangol. O programa teve início em 1982 e foi interrompido em 1987, aquando da liquidação da ESPA, mas formou 73 dos 100 técnicos previstos. Nesse período foram investidos USD 2,42 milhões, financiados pelo Grupo Empreiteiro do Bloco 4, formado pela Sonangol, Petrobrás, Petrofina e British Petroleum.

A aplicação em Angola dos contratos do tipo PSA, onde está estabelecido que a empresa nacional tem o poder de controle e o Ministério dos Petróleos o de aprovação dos planos anuais de formação a serem custeados pelos fundos advindos das contribuições das empresa em função do decreto 20/82, teve um efeito importante, uma vez que os planos de formação devem ter em conta, dentro do possível, a capacitação de um nacional para a substituição de um expatriado, sem prejuízos da eficiência das operações.

Aliada a esta actividade de controlo, outra medida utilizada pelo governo angolano foi o controlo conjunto do Ministério dos Petróleos e dos Serviços de Emigração e Fronteiras na emissão de vistos de trabalho, cujo objectivo principal é obrigar as empresas a utilizar os recursos humanos disponíveis no mercado nacional.

Na Argélia, a Sonatrach tem tido um papel idêntico ao da Sonangol, como empresa concessionária e associada encarregue de representar o Estado e negociar perante as empresas estrangeiras. A Sonatrach tem tido desde a sua criação um papel fundamental na formação dos seus quadros.

Apesar da capacidade de formação de quadros na Argélia, este país tem recorrido ao estrangeiro para complementar a formação específica no sector dos petróleos, sobretudo ao nível de pós graduação de licenciados, ao contrário de Angola que recorre ao exterior para a formação universitária de base da maioria dos quadros superiores da áreas técnicas devido a falta de resposta do sistema de ensino nacional.

O relatório de actividades da Sonatrach mostra que no ano de 2002 a empresa efectuou cerca de 19000 actividades de formação dentro e fora do país. De salientar que cerca de 430 trabalhadores beneficiam de cursos de longa duração, dos quais 15% em cursos de especialização em organismos de investigação na Argélia e no estrangeiro.

É de presumir que o processo de formação de quadros para o sector tenha sido uma preocupação do Estado e da empresa desde a independência. Por outro lado, o facto de o Instituto Argelino dos Petróleos (IAP), que tinha formado, de 1965 até

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2002, cerca de 19000 alunos, se ter tornado numa instituição de ensino superior tutelada directamente pela Sonatrach, que achou que a sua intervenção mais directa seria mais benéfica para a formação tecnológica e científica dos estudantes, mostra o interesse da empresa na formação (Vide o anexo relativo ao sistema de ensino argelino).

O resultado deste processo contínuo de formação de quadros permitiu que hoje quase 100% dos quadros e técnicos do sector petrolífero sejam nacionais e que as empresas estrangeiras encontrem no mercado argelino o pessoal qualificado de que necessitam para implementarem os seus projectos.

III.3 – As empresas subsidiárias e a transferência de conhecimento.

Devido aos embargos políticos e comerciais, a que a Argélia e Angola estiveram sujeitos, devido às opções políticas assumidas aquando das suas independências, a Sonatrach e a Sonangol, na sua qualidade de concessionárias as duas empresas tiveram de criar as condições necessárias para o incremento da actividade petrolífera com a criação de empresas de prestação de serviços especializados, como via de importação de novas tecnologias.

Em Angola, paralelamente às iniciativas privadas e de investimento estrangeiro, a empresa estatal Sonangol tem procurado criar uma série de associações com empresas de serviço estrangeiras de renome mundial, criando empresas nacionais de modo a criar postos de trabalho para cidadãos nacionais, reduzir custos dos serviços e proporcionar crescimento local ou regional. A presença da parte estrangeira é a garantia de serviços de qualidade, o que pressupõe o interesse das empresas operadoras.

É de realçar que a lei angolana prevê que todos os serviços a partir de certo valor sejam obtidos através de concursos públicos, e que as empresas de direito nacional podem exceder em 10% o valor da melhor proposta estrangeira, invocando os custos relacionados com a mão de obra e muitas vezes com os transportes da matéria prima. Esta situação cria deliberadamente uma condição de preferência para o referido surgimento de empresas nacionais, entre as quais as empresas de serviços gravitando em torno da indústria petrolífera e da Sonangol. A participação nestas actividades de mais de uma dezena de empresas nacionais de prestação de serviços subsidiárias da Sonangol, com retorno para o País de parte das despesas inerentes às operações petrolíferas, pretende ser uma garantia para a transferência de tecnologia e de “know-how” e para maiores avanços no processo de angolanização.

Das subsidiárias e associações em que a Sonangol participa podemos considerar:

• BASE do KWANDA - localizada no Soyo, é uma base logística de apoio às operações petrolíferas (Sonangol 60% - De Long Hersent 40%)

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• BAI - (Banco Africano de Desenvolvimento) com sede em Luanda Sonangol (17.5%), o maior accionista.

• BCI – (Banco de Comercio e Indústria)

• BRICOMIL – empresa de construção civil (12.5%).

• ESSA – Empresa de Serviços de Sondagem de Angola (Sonangol 65% Global Marine 35%).

• MANUBITO – actividades principais agenciamento de navios e transitários, agência de viagens, armazenamento de mercadorias (Sonangol 33.3%).

• PETROMAR - empresa para a construção e manutenção de equipamentos petrolíferos para a produção e armazenamento e distribuição de produtos derivados da indústria petrolífera (Sonangol 10% e Bouygues Offshore 90%).

• SONILS – ( Sonangol Integrated Logistic Services) base de apoio logístico e de manutenção situada em Luanda (Sonangol 30% e Intels 70%).

• SODISPAL – actividade principal: o comércio geral e a prestação de serviços de apoio e assistência técnica e agro-pecuária, Sonangol 51% e Catermar 49%)

• SONAMER – actividade principal: perfuração de poços de petróleo e gás (Sonangol 49% - Foramer 51%).

• SBM Production – actividade: prestação de serviços de tratamento e armazenamento de petróleo bruto para exportação através de um FPSO (Floating Production Storage Offloadind) construído para o efeito (Sonangol 50%- SBM 50%).

• SONAMET – localizada no Lobito, a actividade principal é a fabricação de estruturas para as indústrias petrolíferas, de plataformas e de sistemas de transporte de hidrocarbonetos.

• SOBILOG – Com sede no Lobito, é uma base de apoio à indústria petrolífera e às actividades de perfuração, carga e descarga de navios, armazenamento e manutenção de produtos e equipamentos (Sonangol 29% - ETPM 51% - Intels 20%).

• SONAWEST – associação com a Western Geophysics, empresa de serviços de processamento de dados sísmicos, para as companhias petrolíferas interessadas em processar os seus dados sísmicos em Angola, a Sonangol detém uma participação de 49%.

• No ramo da distribuição de derivados de petróleo, podemos também considerar as seguintes associações:

• SOPOR – com sede em Lisboa e operação em Portugal (Sonangol 36% - Galp 64%).

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• SONANGALP – com sede em Luanda e operação em Angola (Sonangol 51% - Galp 49%).

• ENACOL – com sede e operação em Cabo Verde.

• ENCO – com sede em S. Tomé e operação em S. Tomé e Príncipe.

• SONANGOL Congo – com sede em Kinshasa e operação na República Democrática do Congo.

De igual modo, na Argélia, como foi dito antes, desde a sua fundação que a Sonatrach tem tido um papel fundamental na indústria petrolífera, estando hoje constituída em holding de um grupo de empresas nacionais e mistas prestadoras de serviços das quais salientamos:

Filiais nacionais

Tabela IV.1 – Filiais nacionais da Sonatrach

Upstream Downstream Transporte Comerciais

GCB (100%) NAFTEC (100%) ENAC (100%) NAFTAL (100%)

NTP (51%) ENIP (100%) COGIZ (100%)

ENSP (51%) HELIOS (51%) NTM-HYPROC (100%)

NAGEO (51%)

NAFOR (51%)

In Sonatrach- 2003

• GCB “ (Société Nationale de Génie civil et Bâtiment) ” - Filial vocacionada à construção e engenharia civil.

• ENTP (Entreprise Nationale des Travaux aux Puits) – empresa especializada na reparação de poços.

• ENSP (Entreprise Nationale des Services aux Puits) – empresa especializada na reparação de poços.

• ENAGEO – Filial dedicada à actividade sísmica.

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• ENAC (Entreprise nationale de canalisation) – vocacionada para a gestão das condutas de petróleo e gás.

• NAFTEC – dedicada à refinação e à produção de GPL e outros produtos refinados.

• ENIP (Entreprise Nationale de l'Industrie Pétrochimique) – empresa de petroquímica detentora dos complexos de Etileno e derivados (CP1K) situado em Skikda, e do complexo de Metanol e derivados (CP1Z).

• HELIOS (Entreprise Nationale de production des liquides d'hélium d'Arzew)

• NAFTAL – empresa encarregue da distribuição dos produtos petrolíferos no mercado nacional.

• COGIZ (Entreprise nationale de commercialisation des gaz industriels)

• SNTM-HYPROC (Société Nationale de Transport Maritime des Hydrocarbures et des Produits Chimiques)

Filiais internacionais

• TMPC – (La Trans-Mediterranean) - associação com a Sonatrach international numa empresa para exploração de oleodutos.

• SIPEX – é o instrumento de intervenção internacional na actividade do upstream

• CAMISEA – (TPG) -CAMISEA Associação num campo de gás na bacia de UCAYALI no Peru.

• MEDGAZ : (Gasoduto Argélia-Espanha) - companhia accionista MED GAZ, empresa de direito espanhol.

• SPIC (BV) - SONATRACH Petroleum Investment Corporation BV-(SPIC BV) companhia internacional baseada nos Países Baixos.

• PROPANCHEM – unidade de produção propylene em Taragona, Espanha

• REGANOSA – Terminal de armazenamento de GNL e de regazificação em Mugardos, e de um sistema de transporte de gás na Galiza (Espanha).

• SPC (BVI) – Sonatrach Petroleum Coopération (British Virgin Islands), sociedade com sede social nas Ilhas Virgens.

• SONATRADING AMSTERDAM BV – empresa destinada à comercialização internacional de hidrocarbonetos

• SPMC (BVI) – Sonatrach petroleum marine corporation (Iles Vierges Britanniques), destinada ao carregamento de GPL, sociedade com sede social nas Ilhas Virgens.

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Tabela IV.2- Filiais internacionais da Sonatrach Upstream Transporte

(*) Downstream Comerciais Finanças e

serviços SIPEX (100%)

SPICO (100%)

SPIC BV (99%)

SPC (100%)

SPC(NA) (100%)

IMPC (50%)

PROPANCHEM (49%)

SP Asia (100%)

SOPEC (100%)

TGP (11.09%)

REGANOZA (10%)

Sonatrading (100%)

SPI(BVI)C. (100%)

MED GAZ (22%)

ISGL (50%)

Mariconsult (50%)

SPMC (100%)

SAMCO (50%)

SGTC (100%)

SPTC (100%)

SGCC (100%)

ISGSL (50%)

SPOTC (100%)

MED LNG (50%)

In Sonatrach- 2003

• SGTC (BVI) – Sonatrach Gas Transportation Cooperation destinada ao carregamento de hidrocarbonetos, sociedade com sede social nas Ilhas Virgens.

• SGCC (BVI) – Sonatrach Gas Carrier Corporation, destinada ao carregamento de hidrocarbonetos, sociedade com sede social nas Ilhas Virgens.

• SPOTC (BVI) – Sonatrach Petroleum Overseas destinada ao carregamento de hidrocarbonetos, sociedade com sede social nas Ilhas Virgens.

• SPC (NA) N.V - Sonatrach Petroleum Corporation - (Antilles Néerlandaises) NV (SPC (NA)),

• SOPEC - Sonatrach Petroleum Corporation (SOPEC)

A criação das empresas de serviços tem sido, em ambos os países, uma via de integração de força de trabalho nacional, contribuindo deste modo para a redução do desemprego.

Por outro lado, a criação destas empresas foi uma forma de proporcionar e acelerar a formação local de técnicos que, devido a dificuldades económicas, não tinham acesso a formação no exterior do país. Normalmente, quando da criação destas empresas definiram-se metas de formação e contribuições financeiras

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para esse efeito que muito auxiliaram na formação e na incorporação de técnicos nacionais. O facto de a oferta local de serviços ser praticamente inexistente após a independência e ter havido rapidamente sucesso na pesquisa petrolífera, com a consequente necessidade de implementação de projectos de desenvolvimento, de produção e de transporte, conjuntamente com a sensibilidade e abertura das autoridades para o sector petrolífero, foram factores que catapultaram as multinacionais a fomentar e a colaborar na criação e proliferação de empresas de serviços locais.

Ao contrário das empresas nacionais angolana e argelina, a empresa nacional da Noruega, a Statoil, não necessitou de criar ou desenvolver empresas de prestação de serviços, pois o mercado nacional foi capaz de satisfazer as solicitações da indústria petrolífera, devido à existência de indústrias naval, pesada e ligeira muito desenvolvidas, e de uma população activa com níveis superiores de qualificação.

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IV – O Processo de Angolanização dos Recursos Humanos

IV.1 – A evolução histórica e níveis de concretização das metas políticas

A evolução do quadro de pessoal no sector dos petróleos pode ser apreciado através do estudo sobre Angolanização levado a cabo pela BPAmoco e dos dados mais recentes que o MINPET obteve das Companhias Operadoras e Refinaria

Tabela IV.1 - Evolução do número dos trabalhadores do sector dos petróleos

Anos 1975 1990 1998 1999 2000 2001 2002 Trabalhadores 2006 5064 9679 10061 10944 10385 10818

Fontes: Até 1998: Conselho Consultivo do MINPET (2000). A partir de 1998: MINPET (2003) (não considera as empresas prestadoras de serviço).

Por altura da independência, a força de trabalho no sector, em termos de origem, era a seguinte:

Tabela IV.2 – Força de trabalho em Angola em 1975 Ano 1975 Angolanos Expatriados Total das empresas estrangeiras 872 283 Refinaria 619 232 Total 1461 515 Percentagem (%) 74 26 Total 2006

Fonte: Conselho Consultivo do MINPET (2000)

Como referimos anteriormente, em 1982 foi elaborado e publicado o Decreto N.º 20/82 do Conselho de Ministros que determina a obrigatoriedade do recrutamento e formação de quadros nacionais pelas empresas estrangeiras do ramo petrolífero que operavam em Angola, cujas metas estão resumidas na tabela IV.3.

Tabela IV.3 – Objectivos a atingir com o processo de Angolanização

Fonte: Decreto-Lei 20/82

Categorias Profissionais

Exemplos de ocupações 1985 (1ª produção)

1987 (+ 2 anos)

1990 (+ 5 anos)

Categorias I a VI

Operários não qualificados, Ajudantes

100%

100%

100%

Categorias VII a XI

Operários II e Séniores Supervisores, Técnicos de manutenção II e Séniores Contabilistas, Técnicos superiores, Júniores, Secretárias

50%

60%

70%

Categorias XII e superior

Técnicos superiores Séniores, Chefes de equipe e superiores Oficiais administrativos Séniores Outros profissionais Séniores

-

50%

80%

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O progresso do programa de angolanização pode ser apreciado no quadros que se seguem, elaborados no ano de 2000, onde se pôde verificar, não só a evolução da mão de obra nacional, mas também a contribuição da parte estrangeira no sector.

Tabela IV.4 – Evolução no processo de Angolanização, 1975-2000

1975 1990 1999 Trabalhadores Angolanos Expat Angolanos Expat Angolanos Expat

Todas empresas Estrangeiras

872 283 2.940 858 2.454 850

Refinaria 619 (a) 232 (a) 1.150 (a) 116 (a) 347 12

Total 1.491 515 4.090 974 2.801 862

% 74 26 81 19 76 24

Total 2.006 5.064 3.663 (a) Na FINA-Petróleos os dados de pessoal da Pesquisa e Refinaria eram

processados internamente de forma consolidada até 1993. Deste modo, só os dados de 1999 se referem 100% à actividade de refinação.

(b) (b) O nr. de trabalhadores das Companhias de serviços não foi considerado por indisponibilidade de dados.

Fonte: Conselho Consultivo do MINPET (2000)

Os balanços do cumprimento do decreto 20/82, a que se referem os quadros com a situação em 1990 e 1999, exemplificam, igualmente, a evolução do processo de angolanização.

Tabela IV.5 - Situação da Angolanização em 1990

Número. de Trabalhadores Angolanos e % de Angolanização

1985 1987 1990 Graus I - VI VII – XII >= XII Metas 100 % 70 % 80 %

Número de Angol. % Angol. Angol. % Angol. Angol. % Angol. Angolanos 1.167 100 1.530 80 243 34

Fonte: Conselho Consultivo do MINPET (2000)

As metas do Dec. 20/82 foram atingidas em 1985 e ultrapassadas em 1987 para os respectivos grupos de categorias, à excepção do Grupo superiores à categoria XII onde se ficou muito aquém da meta de referência.

Os quadros seguintes mostram a evolução da mão de obra nas empresas do sector e do processo de angolanização registados em 1999.

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Tabela IV.6 - Situação da força de trabalho 1990 versus 1999

Empresas Angolanos Estrangeiros 1990 1999 1990 1999

Nac % Tot

% Nac

Nac % Tot

% Nac

CABGOC 1.103 29 72 1.695 17 77 436 541 ELF 556 15 82 390 3,9 76 125 125 TEXACO 143 1,1 67 195 1,9 68 72 92 FINA (Pesq. + Refin.) 1.094 29 92 432 4,3 96 102 21 AGIP 44 1,2 76 64 0,6 72 17 25 ESSO 31 0,30 66 16 ENERGY ÁFRICA 7 0,07 100 0 SHELL . 15 0,15 88 2 RANGERS 9 0,09 69 4 TOTAL 24 0,24 54 20 BP AMOCO 31 0,31 63 18 SONANGOL ? ? 6.343 62,7 99,7 ? ? 16 SUB TOTAL 2.940 77 9.236 91,30 91,30 858 880 Total 1990 3.798(*) TOTAL 1999 10.116

(*) Este número não inclui os trabalhadores da Sonangol

Fonte: Conselho Consultivo do MINPET (2000)

Tabela IV.7 - Situação da força de trabalho /níveis de angolanização em 1999

I a VI VII a XII >= XII Trabalhadores Ang Exp % Ang Exp % Ang Exp % CHEVRON 196 - - - 100 1269 70 95 230 471 33 TEXACO 53 - - - 100 101 3 97 41 89 32 FINA 8 - - - 100 64 - - - 100 13 9 59 ELF 72 - - - 100 294 74 80 24 51 32 AGIP 22 - - - 100 31 5 86 11 20 35 REFINARIA 101 - - - 100 203 3 99 43 9 83 TOTAL 12 - - - 100 8 4 67 4 16 20 ESSO 17 - - - 100 5 - - - 100 9 16 36 BPAMOCO 8 - - - 100 16 5 76 7 13 35 RANGERS 6 - - - 100 3 - - - 100 - - - 4 0 ENER AFRICA - - - - - - 100 4 - - - 100 3 - - - 100 Total 495 - - - 100% 1921 164 92% 385 698 36%

Fonte: Conselho Consultivo do MINPET (2000)

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Tabela IV.8 - Quadro resumo da angolanização no sector 1999

categorias I - VI VII – XII >= XII Angolanos Angolanos Angolanos Nº %

Estrang. Nº Nº %

Estrang Nº Nº %

Estrang.Nº

Todas as companhias Estrangeiras

394 100 0 1718 91 161 342 33 689

Refinaria 101 100 0 203 98.5 3 43 82.5 9

Totais 495 100 0 1921 92 164 385 36 698

Fonte: Conselho Consultivo do MINPET (2000)

Apesar de se registar um substancial aumento de trabalhadores nacionais na indústria petrolífera, importa entretanto chamar a atenção para o facto de as situações verificadas aquando da realização do V Conselho Consultivo Alargado do Ministério não terem conhecido alterações significativas.

Podemos concluir, sobre o estado de angolanização das empresas controladas do sector em 2000 (Operadoras, não Operadoras e Refinaria), com base nas metas do Dec. 20/82, que:

• A população do sector, (excluindo as prestadoras de serviços), tinha crescido 87% desde a independência até aquela data; tendo havido um decréscimo entre 1990 e 1999 de 26%, fundamentalmente devido à estratégia de “out-sourcing” das Operadoras.

• O nível global de angolanização das Companhias Operadoras do sector tinha atingido 74%;

• Na Refinaria de Luanda, o nível foi de 96,7 %.

• Foi atingido um nível de angolanização de 100% até às categorias do Grau VI (cumprimento integral da meta do Decreto)

• Foi cumprida integralmente a meta de 70% estabelecida para 1987 nos graus VII a XII; tendo o nível de angolanização nesta faixa atingido 92% em 1999. Não há metas de referência actualizadas para este Grupo de categorias

• Em relação às categorias XII e superiores, a taxa de angolanização mantinha-se praticamente estabilizada, muito abaixo da meta prevista.

• O facto de se constatar o aumento pontual de técnicos angolanos exercendo funções superiores e de chefia nos graus XII não era muito animador; segundo as conclusões do VI Conselho Consultivo do Ministério dos Petróleos, a maior parte dos nacionais ocupar áreas administrativas e sem grandes poderes decisórios.

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IV.1.2 - Situação Actual do Processo de Angolanização

Em 2002, o Ministério dos Petróleos de Angola, através de uma empresa de prestação de serviços, fez um levantamento da mão de obra do sector, com o objectivo de tentar determinar qual seriam as necessidades da indústria petrolífera em recursos humanos num futuro próximo, tendo em conta as perspectivas de desenvolvimento desta indústria devido ao aumento substancial da produção de petróleo bruto com a abertura de novos campos do offshore profundo e ultra profundo, a implementação dos projectos da nova refinaria, o aproveitamento de gás e os possíveis empreendimentos na área da petroquímica.

Pela primeira vez num estudo se conseguiu separar e classificar, em toda as actividades da cadeia de valor na indústria petrolífera angolana, desde o upstream ao downstream, (pesquisa, exploração, sondagem, desenvolvimento, produção, transporte, refinação e distribuição), os técnicos superiores, médios e básicos pelas diversas especialidades, por grau de experiência e por nacionalidades.

O quadro seguinte resume o levantamento efectuado nas empresas petrolíferas que operam no país, das quais 8 são operadoras e 21 prestadoras de serviços (upstream), uma empresa de refinação e outra de distribuição (downstream).

Tabela IV.9 -Total da mão de obra no sector em 2002

Upstream Downstream Total

Técnicos Angolanos Expatriados Angolanos Expatriados Operações 1550 273 338 5 2166 Opera marinhas 327 214 23 o 564 Mecânica 563 138 119 4 824 Electrci/instrumen 434 154 90 6 684 Soldadu/tubagem 2023 348 0 0 2371 Construção 476 20 0 0 496 Sub total 5373 1147 570 15 7105

Engenheiros Operações 71 190 59 3 323 Opera marinhas 7 85 3 0 95 Mecânica 62 77 11 1 151 Electrici/instrumen 97 81 13 2 193 Engenharia 171 94 265 Geologia/Geociênc 187 111 298 Sondagem e repara 100 145 245 Sub total 695 783 86 6 1570

Finanç e Adm 1631 183 336 2 2152 Sub Total 7899 2113 992 23 10827

Outros 3427 394 932 16 4769 Total 11126 2507 1924 39 15596 % Angolanização 82% 98% 84%

Fonte: IPEDEX (2002)

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IV.1.3 - Análise da Angolanização

O quadro seguinte mostra o resultado do levantamento dos recursos humanos existentes na indústria petrolífera angolana efectuado pela empresa consultora do Ministério dos Petróleos, relativo às empresas petrolíferas e de prestação de serviços estabelecidas em Angola.

Como foi dito anteriormente, a nossa análise vai debruçar-se somente sobre o upstream, em virtude de os dados obtidos dos três países serem só deste sector.

Assim, os quadros seguintes resumem as actividades, as categorias profissionais e os grupos ocupacionais neste segmento da indústria petrolífera.

Tabela IV.10 – Trabalhadores por categorias profissionais

Técnicos Angolanos (%) Expatriados (%) Engenheiros 838 49,24 864 50,76 Técnicos 5565 83,12 1130 16,88

Trabalhadores 2054 94,09 129 5,91 Outros 474 82,58 100 17,42 Administrativos Angolanos (%) Expatriados (%) Senior 465 64,14 260 35,86 Junior 1380 98,29 24 1,71 secretariado 350 100,00 0 - Total 11126 81,61 2507 18,39

Fonte: IPEDEX (2002)

Tendo como base o Decreto 20/82, podemos classificar por categorias ocupacionais a mão de obra do upstream como se segue:

Tabela IV.11 – Trabalhadores por categorias ocupacionais

Categoria Ocupacional Angolanos Expatriado Total % Angolanos Categorias XII e superior 1303 1124 2427 54 Categoria VI a XI 6945 1154 8099 86 Categoria I a VI 2878 229 3107 93 Total 11126 2507 13633 82

Fonte: IPEDEX (2002)

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Podemos registar que o número total de trabalhadores no sector aumentou de 10061 para 13633, ou seja, cerca de 26%. As percentagens de nacionais por categoria, comparativamente a 1999, diminuíram no grupo I a VI de 100 para 93%, nos grupos VII a XI de 91% para 86% e aumentaram nas categorias XII e superiores.

Gráfico IV.1 – Total de trabalhadores por categorias operacionais

020406080

100

Cat

egor

ias

XII

esu

perio

r

Cat

egor

iaV

I a X

I

Cat

egor

iaI a

VI

Tota

l

categorias

perc

enta

gem

% Angolanos%estrangeiros

Fonte: IPEDEX (2002)

Essas mudanças são devidas, essencialmente, à criação e ao estabelecimento no país de novas empresas operadoras e de prestação de serviços que trazem o seu pessoal numa fase inicial enquanto não formam técnicos nacionais e à mudança de tecnologia aplicada nos novos campos do offshore profundo.

Verificou-se um aumento nas categorias XII e superiores de 33% para 54%, que pensamos ser um reflexo do esforço de formação de quadros no sector, que em particular se faz sentir mais na área administrativa.

Este quadro pode ser dividido em dois, um para área administrativa e outro para a área técnica, para podermos comparar a evolução do processo de angolanização em cada uma. Assim: - Para a área administrativa:

Tabela IV.12 - Trabalhadores por categorias ocupacionais para área administrativa Área administrativa Nacionais Expatriados Total % Nac Categorias XII e superior 465 260 725 64 Categoria VI a XI 1380 24 1404 98 Categoria I a VI 350 0 350 100 Total 2195 284 2479 89

Fonte: IPEDEX (2002)

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Gráfico IV.2 – Distribuição dos trabalhadores da área administrativa

0

20

40

60

80

100

120

Categorias XII esuperior

Categoria VI a XI Categoria I a VI Total

categorias ocupacionais

perc

enta

gem

% Nac% Exp

Fonte: IPEDEX (2002)

- Para a área técnica:

Tabela IV.13 - Trabalhadores por categorias ocupacionais para a área técnica Área Técnica Nacionais Expatriados Total % Nac Categorias XII e superior 838 864 1702 49 Categoria VI a XI 5565 1130 6695 83 Categoria I a VI 2528 229 2757 92 Total 8931 2223 11154 80

Fonte: IPEDEX, 2002

Gráfico IV.3 – Distribuição dos trabalhadores para a área técnica

Fonte: IPEDEX, 2002

020

4060

80100

CategoriasXII e superior

Categoria VIa XI

Categoria I aVI

Total

categorias ocupacionais

perc

enta

gem

% Nac% Exp

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Podemos verificar que, a nível administrativo, a angolanização geral já atingiu 89%, embora a nível das categorias XII ou superiores ainda se esteja a 64%.

A nível técnico, a evolução foi mais lenta, os dados obtidos permitiram verificar que para as categorias de I a VI, se atingiu a taxa 92% de angolanização; o que falta é devido essencialmente a trabalhadores eventuais ou de companhias de prestação de serviços contratadas a título temporário. Nas categorias VII a XII, atingiu-se o nível de 83% e a nível das categorias XII e superiores somente se atingiu o nível de 49%.

Vamos agora analisar como se distribui a mão de obra nas actividades no sector administrativo: recursos humanos, serviços de informática, contabilidade e finanças, serviços jurídicos, aprovisionamentos e serviços de administração.

IV.1.3.1 -Sector administrativo IV.1.3.1.1 - Recursos Humanos

Tabela IV.14 – Área dos Recursos Humanos

Recursos Humanos Angolanos (%) Expatriados Categorias XII e superior 33 57,89 24 Categoria VI a XI 98 98,99 1 Categoria I a VI 92 100,00 0 Total 223 89,92 25

Fonte: IPEDEX (2002)

As taxas de angolanização são elevadas para as categorias inferiores. A nível da categoria XII e superiores, a taxa é só de 58%. É necessário verificar as causas e incentivar a formação e a admissão de especialistas nestas áreas. Entre as causas está certamente a precariedade do sistema de ensino em todo o país, sobretudo aos níveis secundário e universitário, que não permite formar em quantidade e qualidade um número suficiente de quadros para preencher os lugares mais elevados nas hierarquias das empresas.

IV.1.3.1.2 – Sistemas Informáticos

Tabela IV.15 – Área dos Sistemas de Informação

Sistemas informáticos Angolanos (%) Expatriados Categorias XII e superior 108 69,23 48 Categoria VI a XI 177 96,20 7 Total 285 83,82 55

Fonte: IPEDEX, 2002

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Esta especialidade exige conhecimentos de base elevados, pelo que não inclui as categorias de I a VI. O nível de angolanização é bom, mas a nível de gestão destes serviços será ainda necessário aumentar os esforços para melhorar as taxas de angolanização. Uma das razões porque a angolanização avançou mais nesta área é certamente a maior apetência dos jovens pela novas tecnologias e o facto de haver muita oferta de formação local nesta área, devido à procura por parte das empresas e ao facto de muitos dos jovens habilitados para esses cursos se encontrarem na capital, onde estão sedeadas as empresas petrolíferas, o que permite conjugar uma grande quantidade de quadros nacionais, detendo um nível razoável de conhecimentos, com as necessidades de recursos humanos das empresas, facilitando a consequente absorção.

IV.1.3.1.3 – Contabilidade e Finanças

Tabela IV.16 – Área de Contabilidade e Finanças

Contabilidade e Finanças Angolanos (%) Expatriados Categorias XII e superior 97 59,51 66 Categoria VI a XI 271 95,76 12 Total 368 82,51 78

Fonte: IPEDEX (2002)

Esta especialidade também exige conhecimentos de base, não incluindo as categorias de I a VI. O nível geral de angolanização é comparativamente excelente, mas a nível de gestão destes serviços será ainda necessário aumentar os esforços para melhorar as taxas de angolanização. É uma área onde se afigura relativamente fácil uma angolanização nos níveis mais elevados porque a especialização não exige formação muito longa. Todavia, há provavelmente uma oposição camuflada das empresas, porque confiam mais nos quadros estrangeiros e porque é uma área muito sensível onde as empresas querem ter indivíduos da sua estrita confiança. IV.1.3.1.4 – Serviços Jurídicos

Tabela IV.17 – Área de Serviços Jurídicos

Jurídicos Angolanos (%) Expatriados Categorias XII e superior 27 62,79 19 Categoria VI a XI 21 95,45 1 Total 48 73,85 17

Fonte: IPEDEX (2002)

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Especialidade de elevado nível de conhecimentos. O nível de angolanização não é tão elevado como o dos sistemas informáticos, pois as empresas recorrem muito ao “out sourcing” para complemento dos serviços executados pelos seus técnicos porque é mais cómodo e prático para a resolução de questões específicas que requerem grande especialização.

Por outro lado, o deficiente funcionamento da universidade e do ensino secundário juntamente com o muito tempo requerido na formação jurídica explicam a menor oferta de quadros para o preenchimento das vagas nas empresas.

É necessária maior especialização dos técnicos nacionais nestas matérias. IV.1.3.1.5 – Serviços de Aprovisionamento

Tabela IV.18 – Área de Serviços de Aprovisionamento

Aprovisionamento Angolanos (%) Expatriados Categorias XII e superior 86 62,77 51 Categoria VI a XI 413 99,52 2 Categoria I a VI 130 100,00 0 Total 629 92,23 53

Fonte: IPEDEX (2002)

Nesta actividade há elevada taxa de angolanização, a nível médio e baixo. É necessário melhor atenção para as causas e incentivar a formação e a admissão de especialistas nestas áreas. É uma área de serviços muito sensível nas empresas, que requer bons conhecimentos da indústria, dos materiais e equipamentos, e elevado grau de confiança da empresa nos quadros de topo, tanto mais que nas empresas multinacionais os aprovisionamentos são normalmente centralizados e comandados pelas chefias da sede da empresa, por razões de economia de escala, fidelização a determinados equipamentos e cruzamento de interesses da empresa mãe. IV.1.3.1.6 – Serviços Administrativos

Tabela IV.19 – Área dos serviços Administrativos

Serviços Administrativos Angolanos (%) Expatriados Categorias XII e superior 117 69,64 51 Categoria VI a XI 394 99,75 1 Categoria I a VI 123 100,00 0 Total 634 92,42 52

Fonte: IPEDEX (2002)

Nesta actividade também há elevada taxa de angolanização a nível médio e baixo. É necessário melhor atenção para as causas e incentivar a formação e a admissão de especialistas nestas áreas. A baixa disponibilidade de quadros nacionais com qualidade será certamente a causa principal para o fraco nível da angolanização nos níveis superiores. A responsabilidade será, sobretudo, do deficiente

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funcionamento do sistema de ensino secundário e universitário que prepara poucos quadros administrativos com qualidade para trabalhar num sector com a exigência e rigor dos petróleos.

IV.1.3.2 – Sector técnico

Para analisar a taxa de angolanização a nível técnico, criámos dois grandes grupos, os dos técnicos médios e superiores e dos técnicos licenciados e com formação pós universitária, que coincidem respectivamente com as categorias de VI a XI e XII e superiores, identificamos as actividades e dividimo-las em dois grandes grupos: operações e manutenção e as operações de apoio.

IV.1.3.2.1 - As actividades de operações e manutenção foram agrupadas como: operações; operações de marinha; mecânica; electricidade; instrumentação; automação, aquelas que estão directamente ligadas à pesquisa, exploração, produção, tratamento e transporte de petróleo bruto.

IV.1.3.2.2 - As actividades de apoio foram agrupadas em: actividades de qualidade, higiene e ambiente; inspecção, laboratórios e tratamento; logística marítima; engenharia; desenho; soldadura e tubagem; trabalhos de construção; Geologia e geociências.

Para o grupo dos técnicos médios e superiores (categorias VI a XI):

Num universo de 3653 trabalhadores com desempenho nas actividades de operações e manutenção, as taxas de angolanização por actividades de operações e manutenção, ao nível de técnicos era de 79%, como mostra o quadro seguinte:

Tabela IV.20- Grupo dos técnicos médios e superiores

Técnicos Angolanos (%) Expatriados (%)

Operações/manutenção

Operações de produção 1550 85,02 273 14,98

Operações Marinha 327 60,44 214 39,56

Mecânica 563 80,31 138 19,69

Electricidade 258 76,79 78 23,21

Instrumentistas 147 72,06 57 27,94

Automação 29 60,42 19 39,58

Total 2874 79 779 21

Fonte: IPEDEX (2002)

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A análise do quadro anterior mostra que os índices de angolanização variam muito por actividades, sendo maiores os relativos às operações de produção com cerca de 85% e menores os relativos a automação com 60%. À excepção das operações de marinha, a maior parte dos técnicos angolanos aqui reportados foram formados no Instituto Nacional de Petróleos, que é o principal responsável pela formação de quadros com qualidade correspondente aos padrões de exigência das empresas, que também colaboraram no ensino desses quadros.

A angolanização poderá avançar bastante mais nestas áreas, desde que o Instituto de Petróleos continue a funcionar com eficiência fornecendo bons quadros médios.

No quadro seguinte destacam-se os efectivos dos técnicos utilizados nas actividades de apoio:

Tabela IV.21- Técnicos médios e superiores nas actividades de apoio

Outros técnicos

Angolanos

(%)

Expatriados

(%)

Qual/higiene/ambiente 96 94,12 6 5,88 Inspec/ Lab/ tratamento 88 67,18 43 32,82 Logística marítima 184 92,93 14 7,07 Engenharia 58 76,32 18 23,68 Desenho 55 91,67 5 8,33 Soldadura e tubagem 2023 85,32 348 14,68 Trabalhadores de construção 476 95,97 20 4,03 Geologia/Geociência 41 78,85 11 21,15 Outros 27 44,26 34 55,74 Total 3048 86 499 14

Fonte: IPEDEX (2002)

Num total de 4547 trabalhadores, a taxa de angolanização nestas actividades é de cerca de 86%. Os níveis mais baixos são os relativos aos serviços de inspecção, laboratórios com 67%, engenharia com 76%, soldadura e tubagem 85%, geologia e geociências 78%. Destas especialidades, somente os cursos de soldadura e tubagem são administrados no Instituto Nacional de Petróleos. Os outros não especificados estão relacionados com actividades de carácter temporário.

Como foi referido no anexo relativo ao sistema de educação de Angola, os centros de formação no sector, privados e pertencentes às empresas administram alguns dos cursos que podem satisfazer as necessidades urgentes das mesmas.

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Quadros Licenciados e pós graduados (Categorias XII e superiores)

A análise relativa aos quadros licenciados e com cursos de pós graduação mostra taxas de angolanização muito baixas. O quadro seguinte mostra essa realidade por tipo de especialidade no sector.

Tabela IV.22- Quadros Técnicos licenciados e superiores

Engenheiros Angolanos (%) Expatriados Operações/manutenção Operações 71 27,20 190 Operações Marinhas 7 7,61 85 Mecânica 82 51,57 77 Electricidade 41 51,25 39 Instrumentistas 35 54,69 29 Automação 21 61,76 13 Total 257 37,00 433

Fonte: IPEDEX (2002)

A razão principal para a fraca angolanização ao nível dos licenciados e pós-graduados prende-se, essencialmente, com a limitada oferta de quadros nacionais com formação adequada devido às limitações já apontadas do ensino secundário e superior.

As necessidades da indústria em engenheiros, geofísicos, geólogos e outros licenciados será muito grande nos próximos anos, devido ao desenvolvimento contínuo de novos campos que requer muitos quadros superiores com boa formação específica, pelo que se afigura muito difícil alterar a situação da angolanização vigente.

Para as actividades de operações e manutenção; operações; operações de marinha; mecânica; electricidade; instrumentação; automação, aquelas que estão directamente ligadas à pesquisa, exploração, produção, tratamento e transporte de petróleo bruto, podemos observar que para um total de cerca de 690 trabalhadores há uma taxa geral de angolanização de 37%.

Os níveis de angolanização em todas as especialidades ainda estão muito longe das metas do governo, se tivermos em conta os objectivos do Decreto 20/82; em duas especialidades (operações e operações marinhas) os índices são ainda muito inferiores à média.

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No tocante à marinha, a situação é resultante da elevada especialização da actividade, da fraca oferta local e do facto de se tratar essencialmente de serviços de apoio que têm normalmente as suas equipas próprias para os respectivos equipamentos.

Nas restantes áreas, terá de haver um investimento muito grande na formação para se atingirem níveis aceitáveis de angolanização, pois são especialidades acessíveis aos angolanos.

O quadro seguinte mostra os efectivos e as taxas de angolanização nas actividades de apoio à indústria petrolífera.

Tabela IV.23 angolanização nas actividades de apoio. Engenheiros Angolanos (%) Expatriados Outras especialidades Qual/higiene/ambiente 35 46,05 41 Inspec/ Lab/ tratamento 43 59,72 29 Logística marítima 42 65,63 22 Engenharia 171 64,53 94 Soldadura e tubagem 33 63,46 19 Geologia/Geociência 187 62,75 111 Sondagem e serviços 100 40,82 145 Total 611 57,00 461

Fonte: IPEDEX (2002)

A taxa de angolanização média é de cerca de 57%. Inferiores a ela somente podemos destacar as relativas às especialidades de qualidade/higiene/ambiente e sondagem e serviços de poços.

Tal como relativamente às actividades de operações e manutenção, as taxas de angolanização não estão de acordo com os objectivos do Decreto 20/82.

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IV.2 – Prospectiva das necessidades de recursos humanos qualificados As últimas descobertas de petróleo bruto em águas profundas e ultra profundas fazem prever os desenvolvimentos e a entrada em produção dos campos aí existentes, e um aumento substancial das necessidades de mão-de-obra para as operações de produção e de apoio às unidades de produção no mar, bem como as actividades de apoio e logísticas em terra.

A pedido do Ministério dos Petróleos, a empresa consultora IPEDEX apresentou as projecções das necessidades de mão-de-obra num futuro próximo para a satisfação das necessidades das empresas petrolíferas, que estão resumidas nas tabelas seguintes:

Tabela IV.24 - Técnicos a recrutar a partir de 2003 Técnicos 2003 2004 2005 2006 2007 Operações de produção

229 369 229 509 229

Opera marinhas 73 117 95 161 73 Mecânica 131 163 107 155 91 Electrci/instrumen 79 127 103 175 79 Soldadu/tubagem 655 655 255 255 255 Construção 248 248 48 48 48 Sub total 1415 1679 907 1303 775

Fonte: IPEDEX (2002)

Tabela IV.25 - Licenciados a recrutar a partir de 2003 Engenheiros 2003 2004 2005 2006 2007 Operações 48 72 60 96 48 Opera marinhas 27 35 21 33 17 Mecânica 21 33 27 45 21 Electrici/instrumen 26 58 42 90 29 Engenharia 48 48 34 34 34 Geologia/Geociênc 38 38 38 38 38 Sondagem e repara 37 37 37 37 37 Sub total 245 321 259 373 221

Fonte: IPEDEX (2002)

Os dados que a empresa obteve no local, após contactos com os diferentes estabelecimentos de ensino, permitiram-lhe que fizesse uma previsão da formação de técnicos especializados pelas instituições nacionais:

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Tabela IV.26 - Quadros técnicos a formar nas instituições nacionais Especialidades 2003 2004 2005 2006 2007 Electricidade, electrónica e telecomunicações

988 1116 532 601 679

Mecânica 213 364 174 197 223 Sistemas informáticos 78 158 75 85 96 Química 393 359 171 193 218 Construção Civil 339 348 166 187 211 Petróleos 21 118 185 209 241 Total 2032 2464 1303 1472 1668 Quadros médios administrativos 1179 1326 1015 1089 1222

Fonte: IPEDEX (2002)

Tabela IV.27 - Técnicos superiores a serem formados em Angola Licenciaturas 2003 2004 2005 2006 2007 Geociências 10 11 12 13 14 Engenharia de Minas 1 2 2 2 2 Engenharia Química 4 5 5 5 5 Física 0 0 0 0 0 Matemáticas 0 0 0 0 0 Engenharia civil 4 4 5 5 5 Engenharia electrotécnica 1 1 2 2 2 Engenharia Mecânica 0 0 0 0 0 Engenharia Informática 0 0 0 0 0 Sub Total - Universidade A.Neto 20 23 26 27 30 Bacharelato em computadores 9 34 34 58 58 Licenciatura em computadores 0 0 7 32 32 Sub Total – Universidade Católica 9 34 41 90 90 Contabilidade 69 75 81 88 90 Economia 24 25 28 30 32 Sub Total - Universidade A.Neto 93 100 109 118 127 Bacharelato em economia 96 123 123 123 123 Licenciatura em economia 24 55 71 71 Sub total Uni. Católica e Lusíada 96 147 178 194 194 Direito 59 63 69 74 80 Sub Total - Universidade A.Neto 59 63 69 74 80 Total 277 467 492 504 521

Fonte: IPEDEX, 2002

A análise das tabelas permite concluir que, a nível médio as necessidades do sector relativamente à construção civil, mecânica e electricidade podem ser satisfeitas pelas escolas do ensino técnico profissional. Nas especialidades de operações de produção e soldadura, a resposta do INP não é suficiente, pelo que as empresas terão que utilizar os seus centros de formação para converter alunos que sairão do sistema técnico-profissional de ensino.

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A nível superior, a capacidade de ensino para formar quadros para as actividades de operações é inferior a 10% das necessidades, pelo que a curto prazo o sector vai ter de formar os seus quadros no estrangeiro, a não ser que consiga parcerias entre as Universidades nacionais e outras instituições do ensino superior no estrangeiro para organizarem cursos superiores da área tecnológica em Angola, o que beneficiaria não só a Universidade mas daria oportunidades a mais alunos de frequentarem uma universidade com melhor nível, dado que estamos certos, os docentes estrangeiros trariam mais valias à Universidade.

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V – O Desempenho do Sistema de Ensino e a Formação de Recursos Humanos Qualificados

(vide anexos relativos aos sistemas de ensino angolano, argelino e norueguês)

No World Factbook da CIA, de 2003, Angola, Argélia e Noruega estão reportados como tendo graus de alfabetização de 42%, 70% e 100%, respectivamente. Este indicador traduz de forma muito clara as diferenças de potencial para qualquer desenvolvimento assente no domínio de um mínimo de conhecimento codificado; e também a diferença de bases mínimas para o desenvolvimento de recursos humanos de nível médio, para não falar em superior. Por este facto, achámos não ser relevante fazer a comparação em profundidade entre os três países, mas sim entre Angola e Argélia; a distância entre Angola e a Noruega é tão grande que não faz grande sentido tomar a segunda como bitola para aferição de políticas da primeira. A ideia será comparar directamente Angola com a Argélia, mantendo a Noruega como pano de fundo de contraste.

A comparação directa de Angola e Argélia pode salientar as diferenças entre os dois países, o contraste de ambos com o Noruega e salientar as suas semelhanças, que justificam a tomada da Argélia como benchmark.

A lei angolana antiga, ainda em vigor, prevê um ensino gratuito e obrigatório até à 7ª classe, 12 anos de idade, ao passo que na Argélia o ensino é gratuito a todos os níveis e obrigatório até aos 16 anos de idade, e na Noruega o ensino obrigatório estende-se até ao 10º ano de escolaridade.

Tanto em Angola como na Argélia, o ensino pré-escolar é opcional e o que se pretende com ele é desenvolver nas crianças bons hábitos, favorecer o desenvolvimento físico, fazer crescer o sentimento patriótico, proporcionar a educação artística e a habituação aos trabalhos de grupo. A idade dos alunos vai dos 3 a 5 anos.

Em Angola, dos 6 aos 14 anos, os alunos frequentam o ensino básico do I ao II nível, o que equivale na Argélia ao ensino fundamental.

Entre os 14 e 17 anos, no ensino secundário geral, em ambos países se preparam os alunos para prosseguirem o ensino superior.

O ensino médio especializado e o ensino tecnológico profissional têm como objectivo a preparação de técnicos para ocuparem lugares no sector produtivo, assegurar a formação de operários qualificados que também podem aceder ao ensino superior.

Como resultado do processo contínuo de educação e de formação de quadros, na Argélia actualmente quase 100% dos quadros e técnicos do sector petrolífero são

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nacionais e as empresas estrangeiras encontram no mercado argelino o pessoal que necessitam para implementarem os seus projectos.

Em Angola, a capacidade de formação do sistema de ensino é muito inferior, pelo que ainda não se atingiram os níveis necessários para satisfazer as necessidades das empresas.

As percentagens dos orçamentos gerais do estado afectadas à educação nos três países são apresentadas na tabela seguinte.

Tabela V.1 – Despesas para a educação em percentagem do OGE (despesa do Estado) e do PIB (despesa total)

Fontes: - (1)- Lei nº1/03 de 7 de Janeiro ; (2)- Ministério da Educação Nacional da Argélia (3)- Ministério da Educação da Noruega ; (4)- Fonte: CIA Fact book (2003)

A análise do quadro permite concluir que o Estado angolano revela, dentro das suas limitações económicas, esforços para melhorar o seu sistema de ensino, porquanto dos 3 países é o que disponibiliza maior percentagem do OGE para a educação. No entanto, este investimento é fortemente constrangido pela debilidade do PIB e do OGE per capita, muito inferiores aos da Argélia e sem termo de comparação com os da Noruega. Os quadros seguintes apresentam os efectivos de discentes e docentes nos três países, para os diferentes níveis de ensino.

Como Ensino Geral consideramos, para Angola, até ao oitavo nível da formação regular e o 2º ciclo do Ensino Técnico Profissional. No caso da Argélia, consideramos a formação até ao 3º nível do Ensino Fundamental. Para o caso da Noruega, consideramos Ensino primário, médio e o Ensino secundário, 1º nível – até 10ª classe.

Tabela V.2 – Alunos, professores e taxas de aprovação no ensino geral Angola Argélia Noruega População 10,766,471 32,818,500 4,546,123 Ensino Geral Nº de alunos 1,509,485 6,807,957 580,000 Nº professores 53525 274328 50.700 Alunos/população (%) 14 21 12,8 Alunos/professores 42 20 11,4 Taxa de aprovação (%) 56 78 NA Fontes: Ministério da Educação Nacional da Argélia, Ministério da Educação e Cultura de Angola e Statistics Norway

Angola Argélia Noruega % do OGE na educação 6,24(1) 4,40(2) 4,3(3) % do PIB 5,3(1) 4,41(2) 6,8(3) OGE per capita (USD) em 2002 (4) 232 572 12670 PIB per capita (USD) em 2002 (4) 1600 5300 31800

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No ensino médio/profissional, a situação é a seguinte:

Tabela V.3 - Alunos, professores e taxas de aprovação no ensino médio profissional Angola Argélia Noruega População 10,766,471 32,818,500 4,546,123 Ensino Médio/profissional Nº de alunos 43000 1102043 164.200 Nº professores NA 63958 22.100 Alunos/professores NA 17,2 7,4 Alunos/população (%) 0,4 3,4 3,6 Taxa de aprovação 42 NA NA Fontes: Ministério da Educação Nacional da Argélia, Ministério da Educação e Cultura de Angola e Statistics Norway

A análise destes quadros mostra que cada professor do ensino geral em Angola ensina em média 42 alunos, o que é o dobro dos alunos na Argélia e o quádruplo na Noruega. Se associarmos a este número exagerado, os factos reportados nos documentos do Ministério da Educação referenciados no anexo relativo ao sistema de ensino de Angola, da má preparação da maioria dos professores e das péssimas condições das instalações escolares, não podemos esperar melhores resultados do que as taxas de aprovação de 56% e 42% nos ensinos geral e médio técnico-profissional, o que mostra a baixa qualidade e eficiência do sistema de ensino a estes níveis.

V.1 - Ensino secundário, 1º nível.

O estado geral de degradação das instalações escolares, associado à fraca qualidade dos docentes a todos os níveis, como reporta o relatório da Ministério da Educação, aos baixos salários que os mesmos auferem, para além do número elevado de alunos por professor que se verifica nas escolas angolanas, podem ser considerados causas do baixo rendimento expresso pela baixa taxa de aprovações relativamente à Argélia.

Tanto Angola como a Argélia têm um Instituto de Petróleos, mas de níveis diferentes. O de Angola é uma escola de nível médio/profissional, tutelada pelos Ministério dos Petróleos e da Educação e Cultura, que pode formar até quadros técnicos superiores não licenciados, que na classificação vigente no país podem atingir a categoria profissional XI. Na Argélia, o Instituto (IAP) é de nível superior, e está destinado a fazer cursos de conversão e pós-graduação, mestrados e doutoramentos em petróleos. É, desde há algum tempo, dependente da Sonatrach, empresa nacional de petróleos. De acordo com a informação recebida, cremos ser ideia da Sonatrach ligar o IAP aos seus laboratórios de

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modo a potenciar ainda mais os investigadores e dar uma formação bem dirigida à solução dos seus problemas de ordem técnica.

Não foi possível certificar da existência de uma instituição vocacionada exclusivamente para a formação de técnicos na área petrolífera na Noruega, mas dada a sua organização e extensão, é de crer que o sistema normal de educação forma quadros suficientes para não haver necessidade de escolas de formação específicas, como seria a dos petróleos.

V.2 - Ensino superior

A nível superior, regista-se uma grande diferença relativamente ao número de estabelecimentos de ensino e centros de investigação.

Em Angola existem os seguintes instituições de ensino superior: Universidade Agostinho Neto, Universidade Católica, Universidade Jean Piaget, Universidade Lusófona e o Instituto Superior Privado de Angola. À excepção da primeira, que é pública, as outras dedicam-se essencialmente às áreas sociais e administrativas, pois que as áreas tecnológicas e de investigação são dispendiosas.

Tabela V.4 - Inscrições e licenciaturas no ensino Superior Angola (*) Argélia Noruega 1998/9 2000/2001 2002 População 10,766,471 32,818,500 4,546,123 Alunos inscritos em licenciaturas 7865 466 084 347000 Inscrições/população (%) 0,73 1,42 7,63 Inscrições em pós-graduação NA 22 533 NA Diplomados 279 65 192 NA Diplomados/população (%) 0,003 0,19 Diplomados/inscritos (%) 3,5 14 Nº de Universidades e escolas superiores

5 55 10

(*) Só foram considerados os dados da Universidade Agostinho Neto, por indisponibilidade dos outros estabelecimentos de ensino. Fontes: Ministério do Ensino Superior e da Investigação Científica da Argélia Universidade de Agostinho Neto (1999) , Statistics Norway

Na Argélia existem cerca de cinco dezenas de estabelecimentos ligados ao ensino superior e cerca de uma dezena de instituições vocacionadas para a investigação e o desenvolvimento.

A nível geral em 1998/9, o ratio licenciados/matriculados no ensino superior foi para Angola de 3,5%, enquanto que na Argélia foi, em 2000/1, de 14%. Esta diferença mostra uma muito fraca eficiência comparativa do sistema de ensino superior angolano.

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A nível de cursos de engenharia, podemos observar a grande diferença entre a Faculdade de Engenharia da UAN de Angola e a Escola Politécnica Nacional Argelina. Esta última formou 7121 estudantes, nos diversos ramos de engenharia, desde 1965 a 1997, onde podemos salientar os ramos de engenharia civil e electrónica com 1564 e 1366, a uma média anual de 216 alunos. Em contraste, a UAN tem um índice de formação em engenharia muito baixo, tendo atingido um dos melhores índices em 1999 quando formou 18 alunos, o que mostra as grandes debilidades de que sofre o ensino superior angolano.

Actualmente, a capacidade de absorção de estudantes na Universidade Agostinho Neto responde apenas a 30% do, já de si baixo, número de estudantes que terminam o Ensino Médio. Ainda em parte devido à guerra, cerca de 25% da população estudantil de todos os níveis de ensino tem idades compreendidas entre os 16 e 25 anos.

Estes indicadores revelam que a população estudantil é maioritariamente envelhecida, relativamente aos níveis de ensino frequentados. Registam-se poucos jovens nos cursos tecnológicos que mais directamente poderiam contribuir para a angolanização dos níveis superiores do sector técnico da indústria do petróleo.

Enquanto que em Angola o órgão do Estado que tutela toda a educação é o Ministério da Educação e Cultura, na Argélia as actividades de Educação são controladas por dois organismos, o Ministério da Educação Nacional para o ensino geral e o Ministério do Ensino Superior e da Investigação Científica, o que revela a maior complexidade da gestão do sistema de ensino argelino e a atenção que o governo dedica à educação e particularmente à investigação científica.

A Noruega é um país independente há quase um século, onde o sistema de ensino estabilizou há já muito tempo. Estamos perante um país com um índice de literacia de 100%, onde se assistiu a um esforço muito grande do Estado na elevação dos níveis de ensino através do ensino de adultos e da formação contínua. O país tem dez centros de ensino superior, quatro Universidades e as 6 Escolas Superiores que são também centros excelentes de investigação para a formação de mestres e doutoramento em diferentes áreas, especialmente em matemáticas, ciências naturais e tecnologias.

A Norwegian University of Science and Technology NTNU (ex- Universidade de Trondheim) oferece cursos de mestrado e doutoramento em cursos de geociências, parece ser um potencial centro de investigação.

Dos três países em análise, somente a Noruega é citada no relatório da UNESCO (2003) como tendo dispendido em 1997 e 1999 verbas em investigação científica.

Este facto não quer dizer que não haja investigação na Argélia, uma vez que o governo tem apostado na formação no exterior aos níveis de pós-graduação universitária e o facto de ter criado o Ministério da Ensino Superior e da

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Investigação Científica levar a pressupor que há investigação no país, embora não seja divulgada em termos estatísticos.

Convém lembrar que a situação do Ensino Superior em Angola é, em parte, um reflexo do sistema colonial português. Até 1961, a maior parte da migração portuguesa para as colónias era feita por indivíduos dos estratos sociais mais baixos da população portuguesa, e não houve por parte de Portugal desenvolvimento de políticas para elevar o nível educacional nas colónias.

A França, pelo contrário, sempre teve um nível cultural elevado que se repercutiu nas suas colónias, particularmente na Argélia, pois a curta distância que separa os dois países favoreceu uma maior penetração do pais colonizador em todos os domínios incluindo a educação, para além de que a importância que a colónia teve na segunda guerra mundial terá, certamente, induzido a um maior desenvolvimento.

O grande eclectismo cultural francês terá influenciado, com toda a certeza um desenvolvimento significativo do ensino na Argélia daí haver uma grande expansão dos estabelecimentos de ensino universitário que muito contribuíram para a importante formação de quadros após a independência. Na altura da independência, a Argélia tinha três estabelecimentos universitários, as Universidades de Oran, Constantine e Argel. O primeiro núcleo de especialistas argelinos saiu destas universidades, onde os docentes eram cientistas franceses, principalmente na de Argel em que se formaram até geólogos franceses.

O início da guerra de libertação em Angola em 1961, o grande afluxo de jovens provocado pela guerra e a sua fixação no país, a par da pressão internacional sobre Portugal para promover o desenvolvimento e a independência das colónias forçou as autoridades coloniais a mudar a política de ensino naqueles territórios, levando à criação de escolas a todos os níveis. Foi na sequência desta nova política que foram criados em Angola os Estudos Gerais Universitários, que posteriormente deram origem à Universidade de Angola, actualmente Universidade Agostinho Neto.

Esta única Universidade, que tinha 10 anos aquando da independência, era frequentada principalmente por uma elite formada pelos filhos dos portugueses que viviam na colónia. O facto de a maior parte, quer dos docentes quer dos discentes, nas escolas e, principalmente, nos ensinos médio e superior serem de origem portuguesa e terem abandonado o país naquela altura, provocou um atraso no sistema educativo que nunca foi recuperado e que, pelo contrário, se agravou ainda mais ao longo dos anos.

É por demais evidente que o grau de desenvolvimento dos recursos humanos nos dois países está directamente relacionado com os antecedentes das respectivas independências, com o nível desenvolvimento dos países colonizadores, com as

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políticas destes países para com as suas colónias e, também, com aspectos culturais e étnicos de base totalmente diferentes. Os sistemas educativos herdados pela Argélia e por Angola são o reflexo do nível de desenvolvimento dos dois colonizadores e das suas políticas, mais progressista a francesa e mais retrógrada a portuguesa.

Quando da independência, Angola tinha uma elevadíssima taxa de analfabetismo. Com a deterioração do ensino por falta de docentes, com a deslocação das populações pela guerra e a mobilização dos jovens para essa mesma guerra, mais se agudizaram os problemas de ensino e formação de quadros válidos pois, como se referiu atrás, verifica-se que a população estudantil é demasiado envelhecida e esta realidade é sobretudo consequência da guerra, a mobilização de jovens durante muitos anos seguidos coarctou-lhes a possibilidade de aprenderem e de terem uma formação útil para o país.

Portugal foi um colonizador essencialmente voltado para a fixação de colonos, que atrofiou o progresso do país pela ausência de uma política de modernização e desenvolvimento e de criação de infra-estruturas de ensino para o desenvolvimento do conhecimento das populações, com o estigma de que essa política concorreria para o desenvolvimento da consciência nacional da população indígena e aceleraria as actividades nacionalistas para a independência. Todavia, o início da guerrilha para a independência forçou Portugal a uma mudança de política para com as suas colónias, no intuito de abrandar a crescente pressão política internacional e travar o ímpeto dos movimentos pela independência. Como resultado desta nova orientação foi criado o ensino superior em Angola em 1964 e acelerado o acesso ao ensino em geral.

Foi por esta política e visão retrógradas que a própria indústria petrolífera só após a independência adquiriu projecção mundial, pois até então estava condicionada às poucas empresas internacionais que apoiavam a política portuguesa, não havendo a concorrência entre empresas que se fomentou com a abertura da exploração petrolífera a todas as empresas com capacidade técnica e económica para a exploração.

Foi esta aposta na concorrência e na diversificação que esteve e está na base do sucesso do sector petrolífero em Angola.

Se, por um lado, a guerra de libertação contribuiu para o estabelecimento de infra-estruturas de ensino, a guerra civil em que o país esteve mergulhado desde 1975, teve, com certeza, uma contribuição negativa para o desenvolvimento do sistema de ensino em Angola, pois a destruição de instalações escolares, a concentração das populações nas cidades litorais e capitais de províncias obrigou ao superlotamento das escolas e à degradação gradual do nível de ensino.

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Passando deste nível geral do potencial de recursos humanos para uma aproximação à contribuição do ensino nacional para a indústria petrolífera, um estudo efectuado pela empresa BPAmoco com dados colhidos junto das instituições de ensino permitiu identificar as seguintes constatações e indicadores:

• As tendências dos alunos do ensino pré-universitário estão divididas entre 65% para ciências sociais e somente 35% para ciências exactas, naturais e tecnológicas;

• Como exemplo do Ensino Técnico-Vocacional, foi tomado o Instituto Médio Industrial de Luanda, IMIL, que apresenta os seguintes índices: (1) a taxa de graduação ronda os 10% (cursos de construção civil, electricidade, mecânica e química); (2) a taxa de aprovação dos finalistas é cerca de 65%; (3) a taxa de alunos nocturnos (trabalhadores estudantes) frequentando os dois últimos anos é de cerca de 38%. Normalmente, estes estudantes são de idade mais avançada, mostrando este indicador que o sistema tende a produzir quadros recém-formados com uma média de idade já elevada.

• A Universidade de Agostinho Neto, UAN, que explora o funcionamento de várias faculdades ao longo do Pais, apresenta os seguintes indicadores mais relevantes:

1. O ISCED, Instituto Superior de Ciências da Educação, absorve cerca de 47% da população da UAN, seguida da Faculdade de Economia (14%), Faculdade de Direito (12%), Ciências (8,5%), Medicina (7,5%) e, por fim, as Faculdades de Engenharia (6,5%) e Ciências Agrárias (3,6%).

2. As faculdades que preparam cursos de ciências exactas, naturais e de tecnologias só absorvem cerca de 25% dos alunos da UAN, e de entre estes só 25% estão na Faculdade de Engenharia e 33% na Faculdade de Ciências.

3. Todas as faculdades assumiram taxas de crescimento positivas entre 1998 e 1999, à excepção das Faculdades de Engenharia, que teve crescimento negativo de 31%, e de Ciências Agrárias também negativo de 3%.

4. Em 1998 e 1999, os testes de admissão na Faculdade de Engenharia seleccionaram somente entre 15 e 20% dos candidatos, tendo-se constatado fracos conhecimentos destes em matemáticas e língua portuguesa.

A grande procura de cursos relacionados com as ciências de educação estava ligada ao facto de que quer os professores quer os estudantes dos mesmos poderem beneficiar de isenção do serviço militar obrigatório.

A Universidade de Agostinho Neto, que é pública, é sem sombra de dúvida a mais importante do país tendo em conta o número de faculdades e institutos que comporta. O Instituto de Investigação Científica de Angola, que existia no tempo colonial e ficou adstrito à Universidade, foi entretanto gradualmente desactivado.

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A actividade científica e de investigação a que se reportou o relatório da Universidade de Agostinho Neto de 1999 consistia da participação em diversos encontros científicos e actividades no exterior do país dos quais resultaram 73 comunicações, 8 livros e 6 artigos científicos; a produção de teses de licenciatura com finalidade pedagógica.

Nesta altura havia 4 unidades de pesquisa e centros de investigação científica ligadas à Universidade e a formação pós-graduada associada:

• Centro de Estudos e Investigação em População (CEIP), suportado pela agência FNUAP das Nações Unidas

• Laboratório de Engenharia da Separação, da Reacção Química e do Ambiente (LESRA) que constitui uma Cátedra da UNESCO associada à Universidade do Porto e o grupo SANTANDER.

• Centro Nacional de Recursos Fitogénicos (CNRF) em parceria com o Ministério da Agricultura.

• Herbário de Luanda que integrava o Southern Africa Botanic Network (SABONET), uma rede regional da África Austral vocacionada para a preservação e estudo do património vegetal.

Neste momento, nenhum destes centros de formação está orientado para investigação no sector petrolífero, mas creio que será possível, dado o potencial de recursos humanos no sector, especialistas nacionais e estrangeiros que trabalham em Angola, haver cooperação entre as Universidades e a indústria petrolífera, a exemplo do programa PROQUADROS.

Em 1999, havia um elevado número de docentes no exterior do país em cursos de pós-graduação, e a Universidade procurava realizar acções locais de pós-graduação e avaliação do desempenho docente para a melhoria da actividade de docência.

Há a salientar a realização pela Faculdade de Ciências, em colaboração com as empresas do sector petrolífero, do congresso GeoLuanda 2000, actividade que pela sua especialidade despertou o interesse nesta indústria.

A melhoria das capacidades dos quadros da Universidade de Agostinho Neto é um processo que requer a criação e ou melhoria das condições materiais e financeiras necessárias à realização de pesquisas de qualidade.

Com o final da guerra civil, espera-se que a universidade consiga ampliar a formação de quadros angolanos capazes técnica e cientificamente, respondendo mais às necessidades dos sectores económicos, e promover com eles actividades de investigação e desenvolvimento para a melhoria dos índices de produtividade e qualidade e bem estar dos angolanos.

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V.3 - As relações entre a sociedade, a formação de recursos humanos e a indústria petrolífera

Os esquemas seguintes resumem as relações entre a sociedade, a formação de recursos humanos e a indústria petrolífera:

Gráfico V.1 – Noruega – não há interferência da indústria na formação dos recursos humanos, o sistema de educação normal fornece os quadros a todos os sectores da vida económica e social do país

Gráfico V.2 – Argélia – Apesar dos relativamente bons resultados do sistema geral de ensino, a indústria petrolífera intervém ainda na elaboração dos curricula dos cursos a nível superior de especialização na área petrolífera e pós-graduação a nível do IAP, para além do financiamento do mesmo.

Recursos Humanos

Recursos financeiros

Interferência nos curricula e financiamento

Sociedade

Ensino Geral

Ensino Médio técnico-profissional

Recursos Humanos

Recursos financeiros

Indústria Petrolífera

Sociedade

Ensino Geral

Ensino Médio técnico-profissional

Ensino superior

Indústria Petrolífera

Ensino superior

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Gráfico V.3 – Angola - A má qualidade do ensino em geral e os consequentes resultados obrigam a una interferência da indústria petrolífera no ensino desde o ensino técnico profissional, para a resolução imediata do problema dos recursos humanos o sector tem de recorrer ao ensino superior estrangeiro.

Recursos Humanos

Recursos Financeiros

Interferência nos curricula e financiamento

Recursos Financeiros

Indústria Petrolífera

Sociedade

Ensino Geral

Ensino Médio técnico-profissional

Ensino superior

Ensino Superior Estrangeiro

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VI - Conclusões e recomendações

VI.1- Quadro Resumo

Angola Argélia Noruega População 10.766.471 32.818.500 4.546.123 Literacia (%) 42 70 100 PIB (USD biliões) 16,9 167 143 PIB per capita (USD) 1,600 5300 31,000 % do PIB na Educação 5,3 4,41 6,8 Orçamento geral (USD biliões) Receitas 0,928 20,3 71,7 Despesas 2,5 18,8 57,6 % do OGE na educação 6,24 4,40 4,3 Alunos do ensino geral 1,509,485 6,807,957 580,000 Taxa de aprovação (%) 56 78 NA Nº professores 53525 274328 50.700 Ensino Médio/profissional 43.000 1.102.043 164.200 Taxa de aprovação 42 Nº professores NA 63958 22.100 Alunos inscritos em licenciatura 7865 466 084 347000 Inscrições em pós-graduação NA 22 533 NA Diplomados 279 65 192 NA Diplomados/inscritos (%) 3,5 14 Nº de Universidades e escolas superiores 5 55 10 Mão de obra nacional (milhões) 5 9,4 2,4 Categoria Ocupacional Categorias XII e superiores 2427 11956 2553

Categorias VII a XI 8099 16212 13487

Categorias I a VI 3107 8390 5932 Total 13633 36558 21972 Percentagem de nacionais 82 NA NA Produção de petróleo (1000 barris/dia) 905 1659 3330 Produção de gás natural (biliões m3/ano) - 80.4 65.4

No quadro VI.I, resumimos os principais dados, enquadram as seguintes conclusões e recomendações.

VI.2 – Conclusões

Os países analisados são grande produtores de petróleo e/ou gás, independentemente do ambiente onde se encontram os recursos petrolíferos. Os conhecimentos de base para o desempenho das actividades-chave não é

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fundamentalmente diferente quer se trabalhe onshore ou offshore, a única diferença significativa está a nível da aplicação das técnicas, que podem depender das características do ambiente onde se encontram os recursos petrolíferos.

Ao contrário de Angola, que praticamente só produz petróleo, a Argélia e a Noruega são grandes produtores e exportadores de gás e possuem indústria petroquímica assinalável.

A nível de políticas de concessão e contratos e dos seus reflexos na transferência de conhecimento, podemos registar que houve uma evolução em todos os países, pois passaram dos contratos de concessão, numa fase inicial, para outros tipos de contrato, os contratos de risco, joint ventures na Noruega e os contratos de partilha de produção em Angola e na Argélia.

A criação das empresas nacionais foi, também, o meio encontrado pelos três países para melhor controlarem os seus recursos petrolíferos, obterem maiores proveitos económicos e criarem o maior número de postos de trabalho para os cidadãos nacionais.

Enquanto os nacionais não foram capazes de controlar recursos petrolíferos, os países recorreram aos serviços de empresas especializadas.

Ao contrário da Noruega, onde o Estado negoceia com as empresas o licenciamento de concessões, em Angola e na Argélia as empresas nacionais ainda detêm o poder de concessão que lhe permite negociar contratos em nome do Estado, para ulterior aprovação pelo mesmo.

A consolidação da democracia e o sentido de transparência levaram, na Noruega, à criação duma instituição com autonomia económico-financeira e dotada de capacidade tecnológica e científica capaz de controlar toda a indústria petrolífera. Esta instituição responde directamente ao governo, a quem fornece todo o suporte de carácter técnico. De realçar que aqui não há formalmente tratamento privilegiado à empresa nacional, que é considerada comercial como as outras. Esta tendência tem-se desenvolvido pelo mundo e, neste momento, na Argélia, discute-se uma possível alteração nesse sentido.

Para colmatar a falta de quadros nacionais, Angola e Argélia adoptaram políticas de formação massiva e urgente de técnicos médios e superiores, recorrendo não só à capacidade do ensino nacional, que em muitos casos teve de ser ampliada, mas também a instituições de formação no exterior. A Noruega tem utilizado o sistema normal de educação para a formação dos técnicos do sector, embora também recorra a formação no exterior para cursos de pós-graduação universitária. O facto de a estrutura de ensino na Argélia ser mais antiga, expandida e consolidada contribuiu para que este país pudesse fornecer à indústria quadros em grande quantidade e qualidade, o que concorreu para que os argelinos controlassem desde o início da sua independência a indústria petrolífera.

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Angola, que na altura da independência tinha uma estrutura de ensino débil, com um ensino superior incipiente e com docentes e discentes de origem portuguesa que abandonaram o país nessa altura, não tinha quadros nem técnicos para fornecer às empresas petrolíferas, pelo que estas recorreram aos expatriados. Depois da independência, a incapacidade de melhorar significativamente a qualidade e a extensão do sistema de ensino, apesar das transferências de fundos para formação legalmente impostas às empresas do sector, constituiu provavelmente o obstáculo mais sério às metas de angolanização dos recursos humanos nos segmentos mais qualificados da hierarquia da indústria.

Apesar da forte aposta orçamental do Estado angolano em educação, relativamente aos fracos recursos de que dispõe, o facto de ter poucos nacionais com qualificação técnica e científica fez com que se prolongasse no tempo o recurso aos expatriados, que ainda hoje ocupam um grande número de postos de trabalho, os mais qualificados e importantes nas empresas, pelo que é ainda débil o controlo da indústria e a incorporação de quadros nacionais, ao contrário do que aconteceu na Argélia. No entanto, apesar das informações obtidas das autoridades argelinas sobre a não existência de trabalhadores estrangeiros em tempo integral, não é normal que na indústria petrolífera não haja expatriados, quando se está perante a presença de empresas multinacionais, dado que a existência de diversidade pode garantir melhores índices de rendimento e de transferência de conhecimento.

Por outro lado, a indústria petrolífera argelina estava num estádio de desenvolvimento mais avançado na altura da independência do que a indústria petrolífera angolana, que estava numa fase de arranque, o que se reflectiu no diferente controlo que os dois países assumiram à partida nas suas indústrias, e que ainda hoje se nota.

A formação de empresas de prestação de serviços, subsidiárias da empresa nacional, em associação com empresas de serviço estrangeiras de renome mundial, foi um modo de criar postos de trabalho para cidadãos nacionais, a garantia de serviços de qualidade e uma garantia para a transferência de tecnologia e de know-how.

Desde a independência que a política seguida pelo governo angolano, nomeadamente a da generalização dos contratos de partilha de produção, possibilitou o aumento do controlo por parte do país e o envolvimento, embora indirecto, da companhia nacional nas decisões de gestão das actividades petrolíferas.

Para responder à necessidade urgente da formação de quadros no sector para implementação de tal política, foi necessário recorrer-se a formação rápida,

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utilizando todos meios ao alcance, Universidades e outras instituições de formação no exterior. Inicialmente utilizaram-se também Escolas superiores especializadas na Argélia e Itália.

Numa primeira fase, tanto o Ministério dos Petróleos como a Sonangol tiveram de recorrer tanto a trabalhadores nacionais com alguma experiência recrutados das empresas privadas, como a técnicos estrangeiros de diversas nacionalidades a nível individual e a empresas especializadas em recrutamento e gestão de recursos humanos.

Paralelamente, foram tomadas medidas no sentido de incrementar a formação de quadros nacionais, de forma a corresponder às necessidades do sector petrolífero e para que a médio prazo houvesse um corpo técnico nacional capaz de assumir funções técnicas e de direcção nesta indústria. Assim, em 1982, foi elaborado e publicado o Decreto N.º. 20/82 do Conselho de Ministros, que determina a obrigatoriedade do recrutamento e formação de quadros nacionais pelas empresas estrangeiras do ramo petrolífero que operam em Angola. O mesmo decreto estabelece que cada empresa estrangeira contribui com USD 0.15/bbl produzido para a formação de quadros nacionais do sector e estabeleceu um quadro temporal para a substituição dos quadros estrangeiros por nacionais qualificados.

A obrigatoriedade, expressa no contrato de partilha de produção, da apresentação anual de um plano de formação, a ser aprovado pelo Ministério dos Petróleos, com o aval da Sonangol, permite a estes órgãos um controlo do processo dos planos de formação, uma vez que estes devem ter em conta, dentro do possível, a capacitação de um nacional para a substituição de um expatriado, sem prejuízos da eficiência das operações.

A funcionar de maneira quase independente do sistema normal de educação, embora seja tutelado duplamente pelos Ministério dos Petróleos e o da Educação, criou-se o Instituto Nacional de petróleos que é custeado pelas verbas obtidas a partir do decreto 20/82. Além disso, foi concebido pela Sonangol e estruturado com o apoio da Braspetro um programa de cooperação entre a Sonangol, as Companhias Associadas e a Universidade em prol da angolanização, o PROQUADROS, para materializar o programa de angolanização da ESPA (Empresa Operadora do Bloco 4).

. A oportunidade e eficácia da criação do Decreto 28/82 podem ser apreciadas na análise recente do efectivo de trabalhadores do sector feita em 2002 que mostra o estado de angolanização das empresas do sector (Operadoras, não Operadoras e Refinaria), como se segue:

• A taxa de angolanização no sector petrolífero (upstream e downstream) atingiu 84%, numa população de 15596 trabalhadores. Por altura da independência laboravam no sector 2006 trabalhadores e a taxa de angolanização era de 74%.

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• O nível global de angolanização das Companhias Operadoras do sector atingiu 82%, e, na Refinaria de Luanda, 98 %.

• Foi atingido um nível de angolanização de 100% até às categorias do Grau VI, para os serviços administrativos (cumprimento integral da meta do Decreto) e 92% para a área técnica.

• Foi cumprida integralmente a meta de 70% estabelecida para 1987 nos graus VII a XI, tendo o nível de angolanização nesta faixa atingido 98%, para os serviços administrativos e 83% para a área técnica.

• Em relação às categorias XII e superiores, o nível de angolanização atingiu 64% para a área administrativa e de 49% para a área técnica, consideravelmente abaixo das metas.

Apesar de não termos conseguido obter as estatísticas relativas à formação de quadros no exterior do país, os números de técnicos existentes no sector e as capacidades de formação local dos Ensinos Médio, Técnico profissional e Superior reportadas para os anos de 1998 e 1999, permitem inferir que muitos destes quadros se têm formado no exterior do país.

A debilidade e as carências do sistema de ensino angolano, juntamente com a guerra com que o país se debateu durante quase três décadas, não permitiram dispor de formandos em quantidade e qualidade susceptíveis de corresponder às necessidades das empresas, ao contrário do que se verificou na Argélia. Como consequência desta situação, a indústria petrolífera angolana tem uma forte componente de mão de obra estrangeira cuja substituição por angolanos é ainda problemática, tanto mais que esta situação agrada às empresas que preferem para as posições de maior relevo quadros do seu país de origem. Este facto tem bloqueado significativamente os efeitos teoricamente previstos do Investimento Directo Estrangeiro no sector sobre o desenvolvimento dos recursos humanos qualificados e a respectiva endogeneização.

A formação no exterior tem sido, por outro lado, muito dispendiosa para o país e não ajuda directamente o desenvolvimento do ensino nacional. Não se afigura, por isso, sustentável que o sector petrolífero possa continuar a ser “ilha”, isolada do contexto nacional a nível da formação de quadros.

A análise dos indicadores de desenvolvimento Humano para Angola, Argélia e Noruega mostram que: • A classificação é elucidativa sobre a escolaridade, a alfabetização, o ensino superior, a falta de estruturas de ensino. • Que a focalização do investimento na indústria petrolífera cria capital para o desenvolvimento do país mas também acentua as desigualdades na população

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• Que o grande desenvolvimento da área petrolífera atrofia os outros sectores de actividade, porque sendo estes de menor rendimento perdem projecção política e não se desenvolvem como seria natural se não houvesse o petróleo. • Que a enorme oferta de emprego por parte da indústria petrolífera faz com que exista uma grande apetência dos cidadãos pelo emprego nesta indústria, em prejuízo da formação para outras áreas de actividade. • Que a formação recorre excessivamente ao exterior, o que acarreta custos elevados para o país. • Que o petróleo induz a classe política e até a população a considerar que o seu país é muito rico, quando os índices e a realidade indicam o contrário, o que tem reflexos muito negativos na implementação de programas de desenvolvimento focalizados em outros sectores estratégicos para o desenvolvimento económico e social, como é o caso da agricultura, da construção e da indústria transformadora, dos serviços, etc. • O petróleo tem sido uma fonte de captação e de rotação de capital, não contribuindo para o desenvolvimento do país na proporção das receitas que gera.

O Estado Angolano pretende aplicar a partir de 2004 uma nova Lei de Ensino, e uma vez terminada a guerra e com maior disponibilidade orçamental para a educação pensamos que a longo prazo se consigam colher melhores resultados do que os actuais em geral, e para o sector em particular.

Em suma, como vimos, devido à existência de petróleo em grandes quantidades em Angola, as grandes empresas multinacionais do sector investem grandes capitais. Devido ao fraco índice de desenvolvimento humano, o governo de Angola criou instrumentos legais para obrigar as empresas a formar quadros no sector, no mínimo espaço de tempo possível, para poderem absorver as tecnologias.

Independentemente do aumento de capital humano no sector dos petróleos, sobretudo levado a cabo por via da formação no estrangeiro, não foram feitos investimentos significativos materiais e humanos no sector do ensino público desde o primário ao superior para se poder ter um stock de capital humano suficiente para alimentar o processo produtivo nacional.

Assim, assistimos à criação de uma “ilha” de quadros nacionais, a que todos os outros quadros qualificados querem aceder. Infelizmente o sector é capital intensivo. Podemos pôr a hipótese de a participação do Estado, através da sua empresa nacional como associada nas operações, ter usado enormes recursos com grandes custos de oportunidade sociais, dado que poderiam ser aplicados na educação, com a criação de escolas a todos dos níveis, universidades, formação de professores, hospitais rurais e centros de saúde, onde o retorno de capital seria a longo prazo mais benéfico do que a aplicação directa na indústria.

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VI.3 – Recomendações

Considerando o seu potencial de quadros e as suas exigências, o sector petrolífero deverá contribuir para o lançamento e implementação dos novos projectos de ensino, podendo entre outras tarefas:

• Contribuir para a mudança das tendências de concentração das escolhas dos alunos nas áreas de carácter social, para obter um maior afluxo de alunos, ainda a nível médio, para a área das ciências e da tecnologia, de modo a que a Universidade possa alimentar o sector petrolífero em quadros superiores. Esta mudança poderia ser feito através da atribuição de bolsas de estudo locais a estudantes ainda a nível médio de formação, com garantia de continuidade para a licenciatura.

• Contribuir para o desenvolvimento do ensino primário, secundário e universitário, a todos os níveis; Apoiar materialmente e na formulação de curricula, a nível médio e superior, na disponibilização de quadros superiores para a docência, no equipamento e manutenção de laboratórios, na disponibilização de estágios, na atribuição de bolsas de estudo, etc.

• Promover o estreitamento da relação entre os estabelecimentos de ensino e a indústria, de modo a assegurar uma formação de quadros consentânea com as necessidades da indústria.

• Reforçar a capacidade tecnológica e de ensino do INP de modo a poder satisfazer as necessidades das empresas operadoras e de serviços, bem com a vocação dos jovens, incluindo a formação universitária com o recurso a quadros docentes dentro do sector petrolífero.

• Relativamente ao processo de angolanização, é preciso repensar os objectivos para as categorias XII e superiores. É indispensável uma segmentação maior das categorias envolvidas nesses grupos, para facilitar a monitorização da angolanização a esses níveis.

As empresas têm alguma responsabilidade na fraca angolanização de alguns sectores, mas a maior responsabilidade na situação prevalecente é devida:

• Às grandes deficiências das condições do ensino a todos os seus níveis, primário, secundário e universitário que não tem capacidade para corresponder às necessidades dos cidadãos e da indústria;

• Às condições de guerra em que o país viveu até recentemente e, também, em grande parte, à herança do sistema colonial que durante muitos anos não criou as condições mínimas para proporcionar um ensino aceitável aos angolanos.

Quando da independência, o país começava a desenvolver o sistema de ensino em ritmo acelerado, mas as fragilidades que apresentava, associadas a um corpo docente na sua quase totalidade metropolitano, deixavam antever a situação de

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colapso que se veio a verificar pela degradação das estruturas e equipamentos e pelo regresso dos docentes ás suas origens.

É necessário um esforço enorme para pôr em funcionamento toda a estrutura de ensino, mas só com a concretização desse esforço, que deve ser o maior desígnio nacional, se poderá garantir aos angolanos a formação adequada para que possam assumir as posições de maior responsabilidade em todos os sectores da vida do país, em especial na indústria petrolífera que é, actualmente, a base da sua economia.

Paralelamente ao esforço para se melhorar o sistema de ensino e afim de se conseguir uma angolanização com a colaboração efectiva das empresas, será necessário que a nível legislativo se tomem medidas nesse sentido. Uma medida que achamos importante e está relacionada com o espaço de tempo de permanência da empresa no país é o estabelecimento de um programa de angolanização própria para cada empresa, tendo em conta as suas características, que deve ser acordado aquando ou da sua instalação ou na altura da assinatura dos contratos de exploração e pesquisa ou de prestação de serviços, conforme se trate de uma petrolífera ou uma de serviços. Neste programa estariam descritas as actividades necessárias para a substituição da recursos humanos estrangeiros, custos e proveniência dos recursos para a efectivação das mesmas. Este programa seria assinado pela empresa e pelo representante do governo e seria o documento de base para a implementação do processo nessa empresa.

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Glossário

Amerada Hess Corporation - empresa petrolífera americana.

Argo Petroleum Corporation - empresa petrolífera americana.

Associações FS - Associação Fina /Sonangol

Associações FST - Associação Fina /Sonangol/Texaco

Barril, (bbl) – medida de capacidade na indústria petrolífera igual a cerca de 159 litros.

Batimétrica – relativa a profundidade

Betume - mistura de hidrocarbonetos, sólidos e ou líquidos, que se encontra mais ou menos isolada na natureza.

BOPD, (bbl/dia) – barris de petróleo por dia.

BP/Amoco - empresa resultado da fusão ente a British Petroleum e Amoco, tendo hoje adoptado a sigla BP.

CABGOC – Cabinda Gulf Oil Company, actualmente é uma empresa do Grupo Chevron-Texaco.

Challenger Oil & Gas – empresa petrolífera americana.

Cities Service International Inc. - empresa petrolífera americana.

Contrato “Joint Venture” – Contrato de associação em participação.

Contrato de Partilha de Produção, (CPP) ou “ Production Sharing Agreement”, (PSA), tipo de contrato em que parte da produção é afecta ao pagamento das despesas (cost oil) e a outra parte é o petróleo lucro (profit oil).

Elf - empresa francesa , hoje parte do grupo Total.

Exxon – empresa americana, hoje parte do grupo Exxon-Mobil.

FPSO (Floating Production Storage Offloading) – Instalação marítima preparada para receber, tratar, armazenar e expedir para exportação o petróleo bruto.

Gravimetria – conjunto de técnicas que se destinam a determinar as variações da aceleração da gravidade.

Hydro Skiming –Consiste numa destilação atmosférica fraccionada, tratamento por corrente de água e um reforming catalítico para a nafta.

IOC - companhias de petróleo internacionais.

Kwanza – moeda nacional de Angola

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Magnetometria – conjunto de métodos que se ocupam a determinar as variações do campo magnético da terra.

NOC – empresa nacional de petróleos

Offshore – no mar

Onshore – em terra

Perfuração – realização de uma sondagem. Segundo o processo utilizado pode distinguir-se entre as perfurações por percussão ou rotação.

Petrofina- Empresa belga de petróleos, hoje fazendo parte do grupo Total.

Platina e Plutónio – Nome de campos de petróleo; podem derivar de nomes de flores (Bloco 17), instrumentos musicais (Bloco 15), cidades (Bloco14), etc.

Ramas – nome dado ao petróleo bruto. Em cada país é atribuída às ramas uma designação que normalmente é a da região (ou regiões) de maior produção ou de melhor qualidade de petróleo e que são tomadas como ramas de referência para efeitos de valorização, tendo em conta determinadas propriedades como a densidade em graus API (American Petroleum Institute), conteúdo de enxofre, salinidade, etc. As ramas de Angola são designadas Cabinda, Soyo, Palanca, Kiame, Kuito e Nemba. Normalmente são comparadas e vendidas em relação ao preço do “Brent” (petróleo do mar do Norte).

SACOR-SONAP – uma das empresas portuguesas que originou a Petrogal que hoje faz parte da Galp Energia.

Shell- empresa holandesa.

Sísmica 2D – Sísmica a 2 dimensões, medida em km.

Sísmica 3D – Sísmica a 3 dimensões, medida em Km2.

Sonangol U.E.E. – Companhia Nacional de Combustíveis Sonangol, empresa 100% do Estado Angolano, abreviadamente SNL.

Sonatrach – Sociedade Nacional de Transporte e Comercialização de Hidrocarbonetos, empresa 100% de Estado Argelino

Sonda “Jack-Up ” – sonda ou plataforma para actividade offshore que assenta as sapatas no fundo do mar

Sondas Semi-submersíveis, (semi-subs) – sondas ou plataformas para actividade offshore que flutuam.

Statoil - Statoil ASA -companhia de petróleo norueguesa actualmente uma participação do Estado de 67%.

Sun Oil International - empresa petrolífera americana.

Texaco- empresa americana fazendo parte do grupo Chevron-Texaco.

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Tm – Toneladas Métricas.

Total- empresa francesa hoje faz parte do grupo Total.

USD – dólares americanos.

Vendedores “spot” de crude- vendedores do mercado de ocasião.

Westates Petroleum – empresa petrolífera americana.

Workovers – Trabalhos de reparação para melhoria dos índices de produção dos poços

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ANGOLA

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• 1982 Decreto Executivo N.º 125/82, do Ministério dos Petróleos – Dá forma definitiva ao regulamento provisório previsto no artigo 15º do decreto N.º. 20/82, de 17 de Abril, que determina a obrigatoriedade de recrutamento de formação de quadros nacionais, pelas sociedades ou entidades estrangeiras do ramo petrolífero – DR. N.º. 306 – 1ª Série de 31/12/82.

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• 1982 Decreto N.º 20/82, do Conselho de Ministros – Determina a obrigatoriedade do recrutamento e formação de quadros nacionais pelas sociedades ou entidades estrangeiras do ramo petrolífero que operam na República Popular de Angola – revoga legislação em contrário – DR. N.º. 90 – 1ª Série de 17/4/82.

• 2003 Lei Nº 2/03, da Assembleia Nacional que aprova a estimativa da receita e fixa a despesa do Orçamento geral do Estado para o ano fiscal de 2003 – DR nº 1 - 1ª série de 7 de Janeiro de 2003

• Plano de Acção Nacional de Educação para Todos 2001-2015, (2001) Ministério da Educação e Cultura de Angola, http://www.mec-angola.com/estat_escola.htm. O link estava activo na altura da recolha dos dados

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ARGÉLIA

• 1976 Ordonnance du 16 Avril 1976 Portant Organisation de L'éducation et de la Formation.

• 1986 Loi n° 86-14 du 19 août 1986 modifiée et complétée relative aux activités de prospection, de recherche, d'exploitation et de transport, par canalisation, des hydrocarbures, p. 1019. (N° JORA: 035 du 27-08-1986)

• 1987 Décret N° 87-157 du 21 Juillet 1987 relatif a la classification des zones de Recherche et d'exploitation des hydrocarbures, P. 763. (N° JORA : 030 Du 22-07-1987).

• 1987 Décret N° 87-159 du 21 Juillet 1987 relatif a l'intervention des sociétés etrangères dans les activités de prospection, de recherche et d'exploitation d'hydrocarbures liquides, P. 768. (N° JORA : 030 Du 22-07-1987).

• 1992 Arrêté Interministériel du 6 Octobre 1992 portant tarification du transport par canalisation des hydrocarbures, P.1756. (N° JORA : 083 du 18-11-1992).

• 2002 Projecto de Lei apresentado em 3 de Setembro de 2002, que deve ser examinado pelo Governo, Conselho de Ministros, Senado e Assembleia Nacional para debate e aprovação.

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Anexo I – História da Indústria petrolífera Angolana

I – Introdução

A indústria petrolífera ocupa desde os primeiros anos após a Independência Nacional uma importância vital para a economia do País. Ela tem apresentado um crescimento anual médio de cerca de 25% desde o início dos anos 80. Partindo de uma produção média diária de cerca de 173 000 barris no limiar da independência, em 1975, Angola apresenta-se actualmente como o 2º produtor na África Sub-Sahariana com uma produção média diária em 1999 de cerca de 748 000 barris. Com a criação em 1976 da Sonangol, do Ministério dos Petróleos em 1978, e também com a publicação da Lei 13/78 que pôs termo a existência de várias concessionárias e consagra o início da actividade da Sonangol como concessionária exclusiva a indústria petrolífera, Angola passa a conhecer um desenvolvimento considerável como resultado dos novos desígnios introduzidos pela Lei Reguladora das Actividades Petrolíferas e de uma política correcta no domínio da formação de quadros. Apesar de grande desenvolvimento no domínio da pesquisa e produção, a indústria petrolífera angolana apresenta uma fraca evolução no domínio da refinação, petroquímica e distribuição. Assim sendo, o Governo angolano pretende liberalizar o mercado de distribuição e comercialização de produtos refinados de modo a fomentar a concorrência e melhorar a qualidade dos serviços. A construção de uma nova refinaria com uma capacidade de tratamento de 200 000 barris/dia e que alimentará em produtos refinados não só o mercado nacional como também os mercados da região é um dos objectivos imediatos do Governo. Paralelamente, estão em curso vários estudos para a implementação de projectos de aproveitamento do gás que permitirão uma racional utilização deste recurso natural e o fim da sua queima que representa desperdício e danos consideráveis ao ambiente.

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Anexo I História da Indústria Petrolífera Angolana

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II – Concessões Petrolíferas

II.1 – Período 1975-1978

Aquando da independência em 1975 o País encontrava-se num período de instabilidade e muitas empresas petrolíferas tinham, em consequência disso, cessado a sua actividade. A Cabinda Gulf Oil Company, que era já na altura a maior produtora do País, paralisou toda a sua actividade durante 4 (quatro) meses. O Governo, já nessa altura, considerou de importância estratégica o sector petrolífero e adoptou uma política de grande abertura que permitiu a intensificação da actividade. Tendo em conta esse objectivo, foi criada a Sonangol – Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola em 1976 e em 1978 publicou-se a Lei Reguladora das Actividades Petrolíferas – Lei 13/78, que veio consubstanciar os princípios fundamentais da nova política para o sector petrolífero. Com esta lei pretendeu-se fundamentalmente definir e regulamentar:

• A atribuição dos direitos mineiros à empresa estatal Sonangol;

• A administração ou gestão das concessões onde são conduzidas e executadas operações petrolíferas nos termos dos direitos mineiros concedidos, isto é, a gestão da propriedade estatal dos hidrocarbonetos líquidos e gasosos do País por parte da Sonangol;

• A faculdade da Sonangol de se associar a empresas estrangeiras de reconhecida capacidade técnica, financeira e idoneidade para a pesquisa e produção de hidrocarbonetos.

A publicação da Lei 13/78 pôs termo a existência de várias concessionárias e marcou o início da actividade da Sonangol como concessionária exclusiva. Nesta altura, existiam apenas em Angola, os contratos de associações em participação – joint venture, que vigoravam para Associação de Cabinda – Áreas A, B e C da Concessão do Bloco 0, para a Associação FST na Bacia do Congo e para a Associação FS na Bacia do Kwanza e Bacia do Baixo Congo. Estes contratos, que são uma herança do período colonial, foram renegociados após a independência nacional com vista a serem ajustados à Lei Reguladora das Actividades Petrolíferas e aos objectivos que Angola pretendia alcançar. Com a nova Lei, adoptou-se como contrato tipo o Contrato de Partilha de Produção usado na maioria dos Países produtores de petróleo.

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Anexo I História da Indústria Petrolífera Angolana

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Este contrato consagra basicamente que 50 % da produção é petróleo custo – cost oil - para a recuperação dos investimentos e que os restantes 50 % são petróleo lucro - profit oil - para repartir entre o Grupo Empreiteiro e a Concessionária em percentagens variáveis consoante os interesses participativos e as perspectivas da área. No ano de 1978, criou-se o Ministério dos Petróleos, órgão tutelar que intervém na definição da política do sector e na implementação das directrizes superiormente definidas velando pelo cumprimento das disposições legais e contratuais com vista a realização dos objectivos nacionais. Nesse mesmo ano, o offshore foi dividido em 13 Blocos com cerca de 4000 km2 cada, em áreas com uma profundidade máxima de 200 metros. O offshore passou a ter 14 Blocos incluindo a concessão de Cabinda. Estabeleceram-se contactos com inúmeras empresas de reconhecida capacidade técnica, financeira e idoneidade.

II.2 – Período 1979-1992

Em 1980, celebraram-se os primeiros Contratos de Partilha de Produção para os Blocos 2, 3 e 6, com os seguintes operadores: Texaco, Elf e Total. A actividade de pesquisa teve então um grande incremento e em 1981 teve lugar a 1ª descoberta no Bloco 3 a que seguiram outras de grandes dimensões. Assiste-se a partir desta data ao crescimento da indústria petrolífera em Angola e outros contratos foram sendo celebrados para os Blocos 9, 1, 4, 5, 8 e 7 com grupos empreiteiros liderados por algumas das maiores empresas petrolíferas mundiais. Foram realizadas várias descobertas no Bloco 0, 2 e 4. Em 1990, surgiu o interesse pelo offshore profundo que, em 1991, foi dividido em 17 Blocos com cerca de 5000 km2 cada, com profundidades que variam entre os 200 metros e os 1500 metros. De assinalar, que nos Contratos de Partilha de Produção dos blocos de águas profundas introduziu-se uma nova modalidade relativa aos Contratos dos blocos de águas rasas no que concerne a percentagem do profit oil a repartir, neste caso é função da taxa interna de rentabilidade, de modo a garantir aos investimentos uma rentabilidade adequada. No intuito de incentivar os investimentos no desenvolvimento dos campos petrolíferos, os Contratos de Partilha de Produção passam a consagrar um up lift, cujo valor varia entre 33 % e 50 % consoante as áreas contratuais. No final de 1992, celebra-se com a empresa Shell, o primeiro Contrato de Partilha de Produção no offshore profundo – Bloco 16.

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Anexo I História da Indústria Petrolífera Angolana

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Foi criada também, no final de 1992, a subsidiária Sonangol Pesquisa e Produção que representou um marco importante na história da Sonangol porque veio responder à necessidade de haver uma operadora nacional.

II.3 – Período 1993-2000

Em 1993, o Bloco 17 em águas profundas da Bacia do Baixo Congo foi adjudicado à Elf. Entre 1994 e 1996, celebraram-se vários contratos, para os Blocos 14, 15, 18 e 20, com grupos empreiteiros liderados respectivamente pela Chevron, Exxon, Amoco e Mobil. A par disso, foi também renegociado e adjudicado à Texaco o Bloco 9 em águas rasas (Bacia do Kwanza). Com a mudança de temática geológica na pesquisa, tiveram lugar a partir de 1996 grandes descobertas nos Blocos 14, 15, 17 e 18 de águas profundas. A Sonangol, através da sua subsidiária a Sonangol Pesquisa e Produção, passa a fazer parte dos grupos empreiteiros dos Blocos de águas profundas e Ultra Profundas com um interesse participativo de 20 % carry, bem como se torna operadora do Bloco 5. O interesse provocado por essas descobertas que transformaram Angola numa das mais importantes províncias petrolíferas no Golfo da Guiné e no mundo, obrigou à necessidade de diversificação dos parceiros da Sonangol. Assim, foram realizados novos Contratos entre 1997 e 1999 para os Blocos de águas profundas (19, 21, 22, 24 e 25) com grupos empreiteiros liderados respectivamente pela Petrofina, BHP, Texaco, Exxon e Agip. Ainda, devido ao grande interesse provocado pelas descobertas de jazigos gigantes, o offshore ultra profundo da Bacia do Baixo do Congo é dividido em 4 (quatro) Blocos 31, 32, 33 e 34 com cerca de 5000 km2 cada e uma profundidade entre os 1500 e os 2500 metros, tendo, ainda em 1999, sido negociados e adjudicados 3 (três) blocos de água ultra profundas (31, 32 e 33) a grupos empreiteiros respectivamente pela BP/Amoco, Elf e Exxon. Ainda em 1999, o offshore Ultra Profundo da parte norte da Bacia do Kwanza foi dividido em 6 (seis) Blocos de 5000 km2 e foi dado início ao estudo que visava dividir em blocos o offshore Ultra Profundo Oeste da Bacia do Baixo Congo. Foi analisada a possibilidade do relançamento da actividade nas Bacias interiores (Kassanje, Okavango e Etosha). Este relançamento inclui inicialmente um programa de rastreamento de imagem satélite seguido de uma companha aerogravimétrica e aeromagnométrica.

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Anexo I História da Indústria Petrolífera Angolana

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No âmbito da promoção das potencialidades da Bacia do Namibe foi assinado um acordo entre a Sonangol e a Namcor para a realização de um estudo conjunto sobre o offshore da referida bacia que é comum à Angola e à Namíbia. Este estudo conjunto que visava atrair o interesse das companhias petrolíferas relativamente à Bacia do Namibe comporta as seguintes fases:

• Inventariação dos dados e conhecimentos de base:

• Compilação dos resultados de interpretação existentes;

• Modelo de maturação da rocha mãe;

• Aquisição e interpretação adicional de dados de gravimetria e magnetometria (Angola);

• Análise de imagens de satélite e de testemunhos do fundo do mar.

III – Pesquisa, Desenvolvimento e Produção

III.1 – Período Pré Independência (1910-1975)

Nalgumas zonas de Angola, o betume e o crude viscoso são conhecidos e utilizados como combustíveis há vários séculos. Na região do Dande, onde foi realizado o primeiro poço de pesquisa, há uma área conhecida por “Matadi Mahusi” que significa pedra betuminosa. Há referência de terem sido exportados para Lisboa, em 1767, pelo então governador D. Francisco de Sousa Coutinho, 49 barris de petróleo recolhidos de afloramentos à superfície. Contudo, só em 1910 se iniciou de facto a actividade de exploração petrolífera em Angola com a primeira licença de concessão para a prospecção e pesquisa de hidrocarbonetos outorgada à firma Canha & Formigal, tendo como operador a Companhia de Pesquisas de Mineiras de Angola – PEMA. Esta concessão cobria uma área de 114000 km2, e compreendia a totalidade da parte terrestre das Bacias do Baixo Congo e Kwanza, entre as actuais cidades do Soyo, a Norte e do Sumbe, a Sul. O primeiro poço, Dande-1 foi realizado em 1915 e atingiu uma profundidade de 602 metros, mas sem resultados positivos. Apesar dos bons indícios de petróleo e gás encontrados na maioria dos poços realizados depois daquela data, só cerca de 40 anos depois, em 1955, ocorreu a primeira descoberta comercial de petróleo, na Bacia do Kwanza, nas imediações de Luanda. O jazigo de Benfica, descoberto pela Missão de Pesquisas de Petróleo, uma expedição do grupo belga Petrofina, produziu a partir dos calcários cretácicos da formação Binga.

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Em 1957, a Petrangol substitui a Missão de Pesquisa como operadora e alguns anos depois surgem as descobertas de Luanda, Cacuaco, Cabinda e Tobias, esta última em 1961 considerada a mais importante em termos comerciais. No mesmo ano de 1957, a Cabinda Gulf Oil Company assinou um contrato de exploração para o onshore e offshore de Cabinda. As actividades iniciaram em 1962 com o primeiro levantamento sísmico e o primeiro poço offshore, o 96-1X foi perfurado em 1966, tendo resultado na descoberta do Campo de Limba. Seguiram-lhe Malongo Norte, Sul e Oeste. Com base nestes resultados as autoridades portuguesas definiram uma nova política de exploração, dividindo as áreas livres onshore e offshore em blocos que foram negociados com diferentes companhias como Total, Exxon; Argo, Sun Oil Challenger Oil & Gas. Em 1968, foi formada a associação Petrangol-Angol e Texaco para levar a cabo actividades de exploração no onshore e offshore da Bacia do Baixo Congo. Este consórcio fez várias descobertas entre as quais Cabeça de Cobra em 1969 e Essungo em 1974. Outras descobertas importantes deste período foram o campo gigante de Takula e o Campo de Quinguila na Bacia do Baixo Congo e o Campo de Quenguela Norte na Bacia do Kwanza. Os resultados deste período Pré-Independência de 1910 a 1975 podem ser resumidos como se segue:

• 30.000km2 de sísmica 2D adquiridos nas áreas onshore e offshore das Bacias do Baixo Congo e Kwanza.

• Um total de cerca de 300 poços de exploração (pesquisa e avaliação) sendo 80 na Bacia do Kwanza e 220 em Cabinda e Baixo Congo onshore.

• A produção de petróleo negligenciável em 1955, atingiu um pico de produção de 172282 bopd em 1974, com Cabinda produzindo 150725 bopd.

Angola tornou-se num país exportador de petróleo a partir de Cabinda em 1968 e a partir do onshore do Baixo Congo (Cabeça de Cobra) em 1971. A produção acumulada atingiu os 360 milhões de barris e as reservas estavam estimadas em 1 bilião de barris de petróleo. III.2 – Período Pós Independência (1976-1999) Após a independência de Angola, a 11 de Novembro de 1975 e como consequência da situação de instabilidade que se gerou no País, a actividade de pesquisa paralisou por completo devido ao abandono da maior parte das companhias estrangeiras. Apenas foram mantidas as operações de produção nas três áreas

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com campos já desenvolvidos ou em fase de desenvolvimento, designadamente na Bacia do Kwanza, em Cabinda e no Baixo Congo onshore. Com a criação da Sonangol em 1976, do Ministério dos Petróleos em 1978 e a publicação também nesse mesmo ano da Lei 13/78 – Lei Reguladora das Actividades Petrolíferas, estavam criadas as condições para o relançamento da actividade de pesquisa e produção de hidrocarbonetos. A estratégia adoptada de aquisição de dados, avaliação do potencial e introdução do novo modelo de Contrato Partilha de Produção (CPP), deu-se início ao período mais brilhante do sector petrolífero em Angola, com os resultados espectaculares hoje conhecidos em termos de reservas descobertas, produção e perspectivas para o futuro. As três bacias sedimentares angolanas de margem atlântica, de idade Mesozóica, Baixo Congo, Kwanza e Namibe, registaram uma intensa actividade de exploração, desenvolvimento e produção, com níveis diferentes de bacia para bacia. Nas bacias interiores Paleozóicas, Kassanje, Okavango e Etosha, as condições de segurança não permitiram ir além da elaboração de programas de reconhecimento.

III.2.1 – Operações em terra - Onshore

Cabinda: Esta área não registou nenhuma actividade para além da sua divisão em três blocos, Norte, Centro e Sul e assinatura de 3 contratos de partilha de produção em 1992, com as empresas Ocidental, UMC e Fina como operadores, respectivamente. O início real das actividades tem sido retardado por questões de segurança. Baixo Congo: A partir de 1978 a Sonangol passou a ter uma participação de 51 % nas associações FS e FST com a Fina como operadores, que registaram principalmente uma actividade de desenvolvimento e manutenção das descobertas existentes. Durante o período foram adquiridos e processados 1279 km de sísmica 2D e perfurados 33 poços de exploração que resultaram nas 4 descobertas N’zombo Kitona, Lumueno, Luango e N’zombo Nordeste, elevando para 13 o número total de descobertas. Foram perfurados 90 poços de desenvolvimento e a produção atingiu um pico máximo de 43.620 bopd em 1977. A produção foi paralisada entre 1993 e 1995 devido à instabilidade militar destruição das instalações, tendo retomado em 1996 e mantendo-se em 1990 á volta dos 19000 bopd. Foram produzidos 237 milhões de barris, restando cerca de 42 milhões de barris de reservas por produzir. A razão reservas/produção é de 7 anos. A Sonangol tem preparado um pacote de dados que será oportunamente divulgado, com o objectivo relançar a actividade de exploração.

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Bacia do Kwanza: também nesta área a Sonangol começou a deter a partir de 1978, uma participação de 51 % na associação FS que manteve uma actividade de manutenção de produção dos campos existentes. Foram perfurados 3 (?) poços de exploração e três poços de desenvolvimento. A produção proveniente principalmente dos campos Quenguela Norte e Tobias, atingiu um máximo de 4869 bopd em 1983 e declinou gradualmente a partir daí. Os campos foram completamente abandonados em 1998 depois de se ter produzido cerca de 89 milhões de barris de petróleo. Tendo em vista o relançamento da actividade de exploração nesta área de cerca de 25000 km2, a Sonangol preparou em 1993 um pacote de dados que foi posto à disposição das companhias petrolíferas. Posteriormente, em 1998 foi realizado um estudo conjunto de avaliação do potencial petrolífero entre a Sonangol, Elf e Agip, que incluiu a cobertura de toda a área com um levantamento aerogravimétrico – magnetométrico de 13456 km. O relatório concluído em 1999, foi posto à disposição das companhias petrolíferas. Proximamente será feita a divisão do onshore do Kwanza em blocos de cerca de 5000 km2 para futuro licenciamento.

III.2.2 – Águas Rasas

É entendido como águas rasas em Angola, a faixa da plataforma continental até aos 200m de profundidade de água. Em 1978 e 1979 a Sonangol, com a participação das companhias de geofísica, organizou a realização de várias campanhas de aquisição e processamento sísmico totalizando mais de 13000kms de linhas sísmicas 2D, cobrindo a plataforma continental até à batimétrica dos 500m. Com estes e outros dados existentes foi levado a cabo um estudo de avaliação que levou a divisão das águas rasas em 13 blocos, nas três bacias sedimentares costeiras (figura 1). O offshore angolano passou a ter 14 Blocos, incluindo a concessão de Cabinda. Os primeiros contratos de partilha de produção foram assinados em 1980 nos Blocos 2, 3 e 6. Seguiram-se o Bloco 9, em 1981, Bloco 1 em 1982, Bloco 4 em 1984 e Bloco 8 em 1989. O contrato de associação das áreas B e C de Cabinda foi assinado em 1986. Durante as décadas de 80 e 90, as águas rasas registaram uma intensa actividade de pesquisa e produção, assim, foram celebrados 22 contratos nos Blocos 0 (Cabinda) a 9, incluindo várias renovações, tendo estado em actividade todos os Blocos do 0 ao 9, com a participação das maiores companhias de petróleo do mundo.

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As sucessivas descobertas na Bacia do Baixo Congo revelaram um potencial considerável, principalmente a nível do Pré-sal, Albiano (Pinda) e Cenomaniano (Vermelha), cujos reservatórios têm sustentado a produção actual do país. Na Bacia do Kwanza foram feitas apenas algumas descobertas marginais e os Blocos da Bacia do Namibe nunca foram adjudicados. As descobertas mais significativas deste período foram as de Takula (Pinda) em 1979 e Takula (Vermelha) em 1981 na área A de Cabinda; Palanca em 1981 e Pacassa em 1982 no Bloco 3; Lombo este em 1983 no Bloco 2 e N’Dola em 1979 na área C de Cabinda. • Os principais indicadores das águas rasas durante o período são os seguintes: • Foram adquiridos e processados 124,652 Km de sísmica 2D, dos quais

110,430Kms exclusivos; 14266 Km2 de sísmica 3d; 33154 Km de gravimetria e 29400Kms de magnetometria.

• A sísmica 3D que era tradicionalmente usada unicamente para o desenvolvimento, começou também a ser utilizada nas áreas de exploração a partir de 1995, com a cobertura total das áreas B e C e grande parte da área A de Cabinda.

• Foram perfurados 367 poços de exploração (pesquisa + avaliação) que resultaram em 89 descobertas de óleo e gás, assim distinguidas:

• Foram perfurados 590 poços de desenvolvimento dos quais 450 produtores e 98 injectores para a entrada em produção de novos campos e manutenção da produção dos campos existentes.

• Foram postos em produção 45 novos campos sendo 11 na áreas A de Cabinda, 5 nas áreas B e C de Cabinda, 1 no Bloco 1, 18 no Bloco 2, 8 no Bloco 3 e 2 no Bloco 4.

• As reservas médias descobertas nas águas rasas totalizam cerca de 5100 milhões de barris de óleo, dos quais 3355 milhões foram produzidos até final de 1999.

• Foram construídas e instaladas 13 plataformas de produção estando 5 em Cabinda, 3 no Bloco 2, 3 no Bloco 3 e 2 FPSO em actividade no Bloco 4.

A produção ultrapassou os 700 mil barris diários em 1998. A média anual de 1999 foi de 748162 bopd.

Os projectos de desenvolvimento mais importantes em curso são: • Projecto Sanha-Gás para aproveitamento dos condensados e reinjecção do

gás das áreas B e C, prevendo-se a eliminação da queima de gás em 2002.

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• O projecto de injecção de água de área A de Cabinda com o objectivo de aumentar substancialmente a recuperação de vários campos.

• O projecto de aproveitamento do gás nos Blocos a sul do rio Congo

Actualmente os Blocos 2 e 3 cessaram a actividade de exploração em 1999, o Bloco 1 termina o contrato em Abril de 2000 e o Bloco 0 está em fase de negociação do contrato das áreas B e C que termina no fim de Fevereiro de 2000. Existem nos blocos de águas rasas da Bacia do Baixo Congo 28 descobertas de óleo não desenvolvidas e 5 na Bacia do Kwanza.

III.2.3 – Águas profundas

Na segunda metade da década de 80 a área situada a Oeste dos Blocos de águas rasas, para além dos 200 m de profundidade de água, começou a suscitar o interesse das companhias petrolíferas. A Sonangol projectou então programas sísmicos não exclusivos, com o objectivo de fazer a divulgação da área, sua avaliação e divisão em blocos para futuro licenciamento. Foram adquiridos 15540 Km de sísmica 2 d na zona de águas profundas em três programas de 1984 a 1989, que juntamente com outra informação serviram de base para a realização de um estudo que culminou com a divisão, em 1991, do offshore profundo em 17 blocos de cerca de 5000 Km2. numerados de 14 a 30. Estes blocos situam-se em profundidades de águas entre 200 e 500 metros no limite Este, e entre 1500 à 2000m ou mais no limite Peste, com um aumento gradual da batimetria em direcção ao sul, estando os da Bacia do Baixo Congo numa faixa menos profunda e os da Bacia do Namibe numa faixa mais profunda (figura 1). Os primeiros contratos são celebrados em 1992, nos Blocos 16 e 17, com data efectiva em 1 de Janeiro de 1993. Seguiram-se os Blocos 15 (1994), 14 (1995) e 18 (1996), completando a Bacia do Baixo Congo, e o Bloco 20 (1996), foi o primeiro bloco adjudicado da Bacia do Kwanza. O primeiro poço, Bengo-1 foi perfurado no Bloco 16 em 1994 numa lâmina de água de 600m e resultou numa descoberta de óleo e gás, que embora de dimensões modestas e óleo pesado, representou um grande encorajamento para a comprovação de que o novo tema de pesquisa dos sistemas de canais arenosos do Terciário funcionava.

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A descoberta de Girassol no Bloco 17 em 1996, numa lâmina de água de 1400m e com reservas de óleo superiores a 500 milhões de barris consagrou definitivamente o tema Terciário das águas profundas. Seguiram-se as descobertas de Kuito no Bloco 14, Dália no Bloco 17 em 1997 e Kissanje no Bloco 15 em 1998, seguida de outras três. O Bloco 18 faz as suas primeiras descobertas Platina e Plutónio em 1999, completando o sucesso em todos os blocos de bacia do Congo. Na bacia do Kwanza o Bloco 20 obteve indicações de presença de quantidades consideráveis de óleo no poço Baleia-1 em 1998, mas num reservatório Albiano (Pinda) de má qualidade, não tendo sido testado o tema Terciário. A euforia das descobertas gigantes da Bacia do Baixo Congo estendeu-se à Bacia do Kwanza aonde foram adjudicados em finais de 1998, com data efectiva em 01/01/99, os Blocos 19, 21, 22, e 24, seguida do Bloco 25 em Março de 99. Estes blocos, beneficiando da experiência da bacia do Baixo Congo, foram os primeiros a ter sísmica 3D como programa obrigatório. Nos Blocos da bacia do Namibe foi realizada sísmica 2D não exclusiva. De 1992 a 1999 foram celebrados 11 contratos e estiveram em actividade todos os Blocos das Bacias do Baixo Congo e Kwanza. O novo tema petrolífero das areias terciárias de águas profundas provou ter reservas consideráveis e um grande potencial que lhe consagram um futuro muito promissor. Os principais indicadores das águas profundas são os seguintes: Foram adquiridos e processados 23599Kms de sísmica 2D exclusiva e 28069Kms de sísmica 2D não exclusiva. A sísmica 3D foi extensivamente utilizada, com cobertura completa da maioria dos blocos, tendo sido adquiridos e processados ou em vias de processamento 50131Km2. Foram perfurados 55 poços de exploração que conduziram a 26 descobertas distribuídas da seguinte forma: 5 no Bloco 14; 6 no Bloco 15; 3 no Bloco 16; 10 no Bloco 17; 2 no Bloco 18. As reservas provadas associadas a essas descobertas são da ordem de 6349 milhões de barris de óleo distribuídos da seguinte forma: 1000 milhões no Bloco 14; 2250 milhões no Bloco 15; 155 milhões no Bloco 16; 2600 milhões no Bloco 17; 344 milhões no Bloco 18. As reservas prováveis na Bacia do baixo Congo cifram-se em cerca de 11500 milhões de barris. A produção nas águas profundas teve início no dia 15 de Dezembro de 1999, a partir do Campo de Kuito no Bloco 14, com uma produção inicial com uma média de 25000 bopd. A produção deverá atingir 50000 bopd na primeira fase e um máximo de 100000 bopd com o desenvolvimento completo.

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III.2.4 – Águas Ultra Profundas e Ultra Profundas Oeste

A Oeste dos blocos de águas profundas atrás descritos, além dos 1500 – 2000 metros de profundidade de água foi definido o domínio das Águas Ultra Profundas, até 2500 a 3000 de profundidade de água. À Oeste deste domínio e até o limite da Planície Abissal, foi definida na parte Norte uma área de estudo designada águas Ultra Profundas Oeste – Norte. Em 1998 foram definidos 4 Blocos nas águas ultra profundas da Bacia do Baixo Congo, numeradas de 31 a 34. Os Blocos 31, 32 e 33 (figura 1), foram recentemente abjudicados a grupos liderados pela Bp – Amoco, Elf e Esso respectivamente. O Bloco 34 continua em negociações. Os programas de trabalhos prevêem a cobertura dos blocos com sísmica 3D, que iniciou em 1999. A parte das águas Ultra Profundas das Bacias do Kwanza está em fase de estudo para a sua divisão em Blocos, bem como a parte de Águas Ultra Profundas Oeste-Norte, tendo-se realizado vários programas de aquisição sísmica 2D e 3D não – exclusivos. Os principais trabalhos realizados nesta área são os seguintes: Foram adquiridos e processados 57248Kms de sísmica 2D e 25421Km2 de sísmica 3D não exclusiva, dos quais 5662Km2 no Bloco 34. Foi iniciada a aquisição no Bloco 31 com 1123Km2 de sísmica 3D exclusiva. Prossegue o estudo para divisão em Blocos das águas ultra profundas do Kwanza. Há fortes indicações de que o sucesso das águas profundas da Bacia do Baixo Congo se possa estender às águas profundas e Ultra Profundas Oeste. Onde se estimam reservas prováveis da ordem de 10 000 milhões de barris.

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IV - Comercialização de produtos petrolíferos

Exportações de Petróleo Bruto

É das exportações do petróleo bruto e seus derivados, donde provêm a maior parte das receitas cambiais do País, apesar de algumas vicissitudes em certas áreas de produção e serviços de apoio que foram impostas pela situação político-militar, e que tiveram como consequência a redução das quantidades exportadas. Aos 9 de Junho de 1976, pelo Decreto N.º 52/76 é criada a Sonangol com a missão de pesquisar, explorar, produzir, refinar, comercializar e distribuir todos os recursos hidrocarbonetos, a ela concedidos pelo Governo de Angola. A actividade de comercialização de petróleo e seus derivados era inicialmente desenvolvida pela “Trader” Marc Rich, como agente da Sonangol em Londres, devido sobretudo a falta de quadros nacionais com experiência para exercer as diferentes funções inerentes a referida actividade. Por este facto, até 1983, a Marc Rich desenvolveu todas as funções ligadas a comercialização. Entretanto, nessa data, como base nas orientações fundamentais para o desenvolvimento económico e social do 1º Congresso Extraordinário do MPLA, foi recomendado, que relativamente a comercialização externa, “a Sonangol deveria comercializar o seu petróleo eliminando agentes intermediários”. Nesta base, foi criado o Escritório da Sonangol em Londres, que absorveria toda a actividade exercida pela Marc Rich. Quanto aos destinos do crude angolano, destaca-se os estados Unidos da América que continua a ser o maior consumidor do nosso petróleo, seguidas da Coreia do Sul e China. As exportações por empresas são lideradas pela Sonangol seguidas da Cabgoc/Chevron e Total.

IV.1 – Exportações de Produtos Refinados

As exportações de Refinados são constituídas pelas exportações com destinos a diversos países e pelos abastecimentos locais à navegação marítima e aérea designados por bunkerings internacionais. Os produtos que normalmente se exportam são o jet A1, o gasóleo, a gasolina, a nafta, o fuel oil e o LPG. No âmbito de um acordo intergovernamental existente até meados do ano de 1992, a gasolina, o gasóleo e o jet A1, tinham como destino principal a República de S. Tomé. É de salientar que neste momento, ainda em relação a S. Tomé, a existência de dois contratos de compra e venda de jet A1, gasolina, gasóleo e de gás butano, asfalto, cut back, massas lubrificantes e materiais petrolíferos,

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respectivamente. O fuel oil continua a ser o produto com maior peso nas exportações.

IV.2 – Exportações de LPG

A produção de LPG é diminuta e exporta-se essencialmente para o Brasil.

IV.3 – Importações de Produtos Refinados

Com relação às importações de produtos, no período compreendido entre 1983 e 1994 importava-se principalmente, o avgás, jet A1, gasóleo, LPG e gasolina, para se fazer face às necessidades do País. Relativamente às importações, o ano de 1988 devido sobretudo à sabotagem ocorrida na Refinaria de Luanda e à situação de guerra em Angola, particularmente de jet A1, avgás, gasóleo e gasolina. Devido a várias paragens da Refinaria e a abertura das vias de comunicação terrestres, das fronteiras e do aumento da actividade pesqueira, haverá sempre necessidade de se recorrer à importação de alguns produtos enquanto só se mantiver em serviço a refinaria de Luanda e o pequeno topping de Cabinda. V- Comercialização Interna

V.1 - Mercado Interno

Período (1967-1974)

A distribuição e Comercialização de derivados de petróleo eram desenvolvidas até 1976 pelas companhias Shell, Mobil, Texaco, Fina e Angol (Empresa Pública Portuguesa). O consumo de produtos refinados antes da independência, (1967-1974), apresentava uma taxa média de crescimento anual de 11,8 %, atingindo a cifra de aproximadamente 1.159.149 toneladas métricas em 1974. A repartição do mercado era que a seguir se segue:

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Gráfico 1 - Repartição dos Consumos por Companhias no tempo colonial

Fina33%

Mobil27%

Shell16%

Angol13%

Texaco11%

Fonte: Minpet (2000)

Período (1975-1992)

Em 1975-1976, verificou-se uma quebra no consumo de produtos refinados e petróleo, como consequência dos seguintes factores: • Revolução Portuguesa de 25 de Abril de 1974.

• Independência de Angola em 11 de Novembro de 1975.

• Instabilidade político-militar.

• Fuga do País da classe (burguesia colonial) detentora das principais estruturas económicas.

Estes factores associados ao desinteresse em investir demonstrado por parte das companhias que ainda operavam na área de distribuição, levaram o Estado por intermédio da SONANGOL UEE, constituída em 1976, a tomar as seguintes iniciativas: Absorção de toda a actividade de distribuição e comercialização da Fina em 1979. Aquisição de blending de Lubrificantes da Shell em 1981. Compra da Mobil Oil Angola S.A.R.L., no primeiro trimestre de 1983. A partir de 1983 a Sonangol, investiu na construção e reabilitação de infra-estruturas, o que permitiu aumentar a oferta de produtos derivados de petróleo e o consumo destes em cerca de 63,2 % em finais de 1992, comparativamente a 1975. Durante o período de 1975-1992 verificou-se salvo algumas excepções, uma tendência de crescimento gradual do mercado.

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Período 1992-1999

Após as eleições, com o reacender da guerra, assistiu-se a uma excessiva concentração do consumo ao longo do litoral, mormente em Luanda. Como alternativas para o abastecimento às províncias sitiadas, fez-se recurso aos meios aéreos, com excepção do eixo sul (Namibe-Lubango-Cunene). Não obstante ter diminuído a livre circulação de pessoas e bens em toso o país, registou-se ao longo do período um aumento do consumo de derivados de petróleo. É de salientar que esta variação positiva está directamente relacionada com o aumento do consumo de gasóleo e jet A1, porque os restantes produtos de uma forma geral têm vindo a registar decréscimos no seu consumo. A taxa média de crescimento anual do consumo de derivados para o período 1975-1999 foi de aproximadamente 3.5 %. Em relação a 1974, no final do milénio registou-se um incremento na ordem nos 9,9 %. O gráfico e seguinte reflecte a título indicativo a evolução dos consumos no período 1975-1999.

Gráfico 2- Evolução dos consumos até 1999

Evolução dos Consumos

0200.000400.000600.000800.000

1.000.0001.200.0001.400.000

1975

1977

1979

1981

1983

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

*

TM

Fonte: MINPET (2000)

Produção Refinados

A tabela seguinte apresenta as quantidades em toneladas, produzidas anualmente no País, entre os anos de 1988 a 2002.

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Tabela 1 – Produções Anuais de Refinados

Anos 1998 1999 2000 2001 2002

Produção De Derivados 1,704,957.00 1,859,547.00 1,770,928.00 1,752,610.00 1,771,230.00

Gpl 28,521.00 30,483.00 29,604.00 31,487.00 34,340.00 Nafta 137,429.00 105,176.00 107,085.00 89,051.00 75,408.00

Gasolina 101,695.00 128,113.00 111,379.00 107,224.00 104,631.00 Jet-B 28,240.00 83,629.00 90,536.00 93,675.00 121,631.00 Jet-A1 256,552.00 254,836.00 230,207.00 237,201.00 230,858.00 Petrol.

Iluminante 28,311.00 30,394.00 30,249.00 31,177.00 36,857.00 Gasóleo 455,691.00 493,019.00 468,422.00 501,704.00 461,014.00

Extra Heavy 53,035.00 51,980.00 65,130.00 76,068.00 69,047.00 Ordoil 18,693.00 28,657.00 32,731.00 22,414.00 39,359.00

Cut Back Rc2 310.00 367.00 636.00 493.00 676.00 Fuel Oil Export. 591,073.00 646,819.00 595,253.00 552,820.00 590,676.00 Asfalto 5,407.00 6,074.00 9,696.00 9,296.00 6,733.00

Auto Consumo 69,034.00 67,663.00 63,267.00 62,733.00 64,455.00 Fuel Gás 13,454.00 15,998.00 11,344.00 11,738.00 13,237.00 Nafta P/ Turbina 11,063.00 14,997.00 12,573.00 13,752.00 12,164.00

Fuel Oil + Gasóleo 44,517.00 36,668.00 39,350.00 37,243.00 39,054.00 Variação

Stock Slops 4,000.00 Perdas 10,682.00 8,686.00 10,395.00 10,446.00 15,453.00

Fonte: MINPET (2003)

A produção total de refinados caracterizou-se por apresentar crescimento em patamares muito aquém dos níveis necessários para o suporte de uma economia em expansão. Esse comportamento se verificou, de uma maneira geral, em todos os produtos.

Dentro de uma perspectiva histórica recente, a análise da evolução da produção de refinados, permite que sejam assinaladas algumas evidências, entre outras: Há uma progressiva tendência para a estagnação dos níveis de consumo de refinados, fruto da situação vigente em Angola. Em consequência desta situação, a produção segue permanentemente a trajectória de crescimento do consumo de refinados. De facto, se, por um lado, a relação entre o crescimento da produção e crescimento do consumo de refinados, tem se acentuado nos últimos anos, indicando alterações estruturais, por outro, uma componente inercial da dinâmica do mercado de refinados explica o crescimento relativamente

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estacionário da produção. O primeiro aspecto é uma provável consequência da situação sócio-política vigente em Angola, sobretudo nos últimos anos. O segundo pode ser associado ao afrouxamento de certos sectores da economia, se atendermos ao facto que na presente década, a economia teve uma evolução instável. VI - Projectos para o Aproveitamento do Gás

VI.1 - Projecto de Gás (Angola LNG)

Em Novembro de 1997 teve início um estudo conjunto Sonangol-Texaco que visava avaliar o interesse de um Projecto LNG (Gás Natural Liquefeito) com o objectivo de encontrar alternativas para reduzir ou eliminar a queima de Gás nos Blocos à Sul da foz do rio Zaire, nomeadamente Blocos 2, 3, 15 e 17. Este projecto comporta várias fases. Durante a primeira fase que teve lugar entre Dezembro de 1997 e Abril de 1998 realizaram-se as seguintes acções:

• Durante Preliminares de Avaliação de Reservas de Gás.

• Estudos de Instalações Apropriadas.

• Análise de Mercado.

Após estes estudos preliminares concluiu-se que existe potencial para um Projecto de LNG em Angola e decidiu-se iniciar a fase 2. Pretendia-se que esta etapa fornecesse os seguintes resultados principais:

• Identificação de financiadores para o Projecto.

• Certificação das reservas de gás

• Escolha de um conceito de Projecto de Instalações.

• Estimativas de custos e análise económica actualizada.

• Etc.

O final desta etapa era um ponto de decisão para a continuação ou não do Projecto.

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Tabela 2 – Reservas de gás Reservas Provadas Prováveis Possíveis Gás natural (triliões de pés cúbicos) 3,924 9,478 26.025

Fonte: MINPET (2003)

Este projecto necessita de 520 Milhões de pés cúbicos/dia durante 25 anos. O Projecto de Alumínio que se pretende implementar na região necessita de 130 Milhões de pés cúbicos/dia. Da análise das reservas verificadas inferiu-se que existe quantidade suficiente de gás para a implementação dos dois projectos.

VI.2 – Projectos Bloco 0 (Cabinda) – Áreas A/B e C

Este Bloco que é operado pela CABGOC e tem reservas de gás associado na ordem de 5 triliões de pés cúbicos. Os planos do operador visam sobretudo reduzir a queima do gás reinventando-o nos reservatórios bem como utilizar gás associado para recuperação secundária, geração de electricidade e petroquímica.

Área A

Esta área que tem 1,4 triliões de reservas de gás associado, representando 28% do total do Bloco tem uma produção diárias de 200 milhões de pés cúbicos de gás sendo a injecção inferior à 20 milhões de pés cúbicos/dia. O défice em gas lift representou a não produção de 2700 barris/dia de petróleo em 1999 e representaria a não produção de 13500 barris/dia de petróleo em 2004. Existe neste momento um projecto para a instalação de uma unidade de Gás no Terminal do Malongo que visa os seguintes objectivos: Redução da queima de gás Aumentar o volume para gas lift e injecção Aumentar a capacidade de fornecimento de LPG à Cabinda

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Foi dado início um estudo em Fevereiro de 1999 com o objectivo de analisar e encontrar soluções para: Défice de gas lift Análise de Opções Downstream Geração de Electricidade/Parque de Futila GTL (conversão química de gás em líquidos) Petroquímica – produção de amónia e ureia

Áreas B e C

Estas áreas têm um total de reservas da ordem dos 3,6 trilhões de pés cúbicos equivalendo a 72% das reservas do Bloco 0.

VI.3 - Projecto Nemba/Lomba

Este projecto que se encontra actualmente na sua 3ª fase de implementação visa a reinjecção de todo o gás associado evitando-se assim a sua queima. A execução deste projecto só foi possível porque foram concedidos incentivos para desenvolver um campo de óleo.

VI.4 - Projecto de Sanha

Este projecto que terá uma duração de 30 anos de vida permitirá produzir óleo, condensado, LPG e eliminar a queima de gás a partir do ano 2003. De uma forma concreta este projecto ocupar-se-á de: Desenvolvimento da parte norte do Campo de Sanha (Óleo) Recuperação de condensados do “Gás Cap.” de Sanha e do Gás associado dos campos de Sanha, N’Dola, Kokongo e Bomboco Recuperação de LPG Reinjecção do Gás para o “Gás Cap.” de Sanha, após recuperação de LPG e condensado O custo global do projecto é de 1,6 biliões de dólares.

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Neste momento existem ainda questões comerciais e de financiamento a resolver, tais como:

• Discussão de eventuais incentivos fiscais • Plano de financiamento • Plano contratual

VI.5 - Outros Projectos

Opção GTW (Gás para Geração de Electricidade)

Para esta opção prevê-se a instalação de um gasoduto até (225Km) e montagem de uma central de 4 turbinas com capacidade de geração de electricidade na ordem de 1500 MW. As necessidades de Luanda são de 140 MW. Num estudo que foi realizado previu-se ainda a construção de uma linha de transporte até Windhoek (Namíbia) com uma extensão de 1700 Km com ligação à rede Sul Africana que absorveria 1200 MW. De assinalar que esta opção necessita de 211 milhões de pés cúbicos/dia de gás e que haja à partida o engajamento dos futuros compradores de electricidade.

Opção GTW (Gás para Fabrico de Hidrocarbonetos Sintéticos))

Esta opção consiste na conversão química do gás em líquidos (diesel, gasolina, etc.) com uma quantidade de 10 milhões de pés cúbicos de gás produz-se cerca de 1000 barris de líquidos. Esta opção só e economicamente rentável para preços não inferiores a 14-15 dólares/barril.

VI.6 - Projecto Nova Refinaria

Por decisão do Conselho de Ministros de 29 de Setembro de 1997 foi criada a Comissão Interministerial coordenada pelo Ministro dos Petróleos com o objectivo de implementar o Projecto de Construção da Nova Refinaria. Este projecto visa a construção de uma refinaria do tipo de conversão e com uma capacidade de tratamento de 200.000 barris/dia. Cerca de 80% da sua produção será encaminhada para a exportação, principalmente para os países da região que representam um excelente mercado para os produtos refinados.

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VII-. Investimentos

Os quadros seguintes mostram o volume de investimentos aplicado no sector nos últimos cinco anos. Podemos destacar os aumentos em investimentos em actividades de desenvolvimento, na distribuição e na participação da Sonangol nas actividades.

Tabela 3 – Investimentos no sector petrolífero (MM USD)

Fonte: MINPET (2003)

Gráfico 3 – Taxa média de crescimento dos investimentos

Fonte: MINPET (2003)

Designação 1998 1999 2000 2001 2002 Pesquisa 634,9 413,1 621,3 427,9 539,5 Desenvolvimento 1.019,5 1.629,2 1.155,8 1.688,7 2.269,5 Adm. & Serv. Cap. 50,5 31,4 22,1 26,2 44,9 Refinação 11,1 10,1 6,6 22,2 13,4 Distribuição 5,0 8,2 13,6 10,6 37,9 Diversos 20,0 10,0 22,9 16,4 43,4 Core Business (SNL) 0,0 0,0 0,0 1,9 50,5

TOTAL 1.741,0 2.102,0 1.842,3 2.193,9 2.999,1

Crescimento Médio anual - Investimentos

T.C.M.A14,6%

1,0

2,0

3,0

1998 1999 2000 2001 2002

MM

US$

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O início dos anos 80 marcou uma viragem significativa na indústria petrolífera nacional caracterizada pela introdução de um novo figurino de contratos, os Contratos de Partilha de Produção. A flexibilidade fiscal deste tipo de contratos aliada a cada vez mais promissoras estruturas geológicas de Angola, tornaram o País economicamente atractivo ao investimento estrangeiro no sector. Este tipo de investimentos tem a particularidade de mobilizar elevados recursos financeiros a nível das actividades de exploração e produção. O incremento do capital estrangeiro no sector tem sido uma constante, todavia o Estado Angolano tem também através da Empresa Pública Sonangol, contribuído para o aumento dos investimentos no sector. Durante o último quinquénio (1998-2002) assistiu-se a um acentuado aumento dos investimentos, com principal realce nos últimos 3 anos. As características particulares do “offshore Deep Water e Ultra Deep Waters” estão na base deste aumento.

Refinação

Este segmento apresenta-se em termos de volume de investimentos com um crescimento muito pouco significativo. Os investimentos dirigidos a este sector são na sua generalidade para manter o seu estado operacional e em alguns casos para sua ampliação. No quinquénio 1990-1994 os investimentos no sector permitiram a construção de uma Mini-Refinaria em Cabinda. Os investimentos nos últimos dois quinquénios estão ilustrados no quadro N.º. 3.

Distribuição

A comercialização de combustíveis e lubrificantes continua a ser monopólio estatal. Esta actividade foi afectada grandemente pela situação de instabilidade que se viveu no País.

Evolução Quinquenal da Produção de Petróleo Bruto

O quadro seguinte mostra a evolução da produção de petróleo bruto, onde se pode observar: A manutenção dos níveis de produção nos Bloco 0 e Bloco1.

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O decréscimo nos Blocos 2, 3 e 4 e bacia do Congo associações SFT e SF e devido a depleção normal dos jazigos. O crescimento da produção nos Blocos 3 – Canuku, 14 e 17. O abandono definitivo das actividades da associação SF na bacia do Kwanza.

Tabela 4 – Produção de petróleo bruto de 1998 a 2002

Fonte: MINPET (2003)

Mil BBLS Áreas 1998 1999 2000 2001 2002 TCMA

(%) Offshore 262,828 266,464 269,183 265,528 322,069 5.00 Bloco 0 153,621 167,775 162,543 162,324 157.338 1.00 Bloco 1 149 429 689 655 463 33.00 Bloco 2 35,899 30,181 26,360 23,321 18.432 -15.00 Bloco 3 70,272 63,381 54,161 53,487 46.919 -10.00 Bloco 3 Canuku 486 3.805 Bloco 4 P&P 2,887 4,163 3,081 254 Bloco 4 Ranger Oil 1,239 277 Bloco 14 0 535 22,339 22,179 24.803 Bloco 17 1,584 70.032 Onshore 6,759 5,914 4,000 4,782 4,662 9.00 Congo SFT/SF 6,454 5,914 4,000 4,782 4.662 -8.00 Kwanza SF 305 0 0 0 0 Total 269,587 272,378 273,183 270,309 326,731 5.00

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Evolução dos Recursos Humanos

O quadro seguinte mostra a evolução dos recursos humanos no sector nas principais empresas operadoras do sector

Tabela 5 – Evolução dos recursos Humanos

(*)FusãoChevron/Texaco, a partir de 2001.

(**) Fusão TotalFinaElf, a partir de 2001.

Estes números consideram as empresas de prestação de serviços.

Fonte: MINPET (2003)

E F E C T I V O ÁREAS 1998 1999 2000 2001 2002

MINPET 227 226 253 231 249 SONANGOL 4.922 5.650 6.162 5.762 6.082 CHEVRON (*) 2.390 2.390 2.721 2.778 2.778 ELF (**) 615 690 610 1.081 FINA (**) 630 453 450 1.125 TEXACO (*) 644 288 314 AGIP 85 89 94 89 88 SHELL 19 19 19 19 19 TOTAL (**) 17 44 44 VAN-LEER 106 103 103 105 105 CNR 20 19 ESSO 136 252 BP 110 124 BHP 10 10 OCEAN ENERGY

11

OUTRAS 24 109 174 T O T A L 9.679 10.061 10.944 10.385 10.818

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Sobre a Sonangol, empresa estatal

A Sonangol foi criada em 9 de Junho de 1976, pelo decreto 52/76,sob a forma de Empresas Pública, a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola – DR. N.º. 135 – 1ª Série de 9/6/76, como um instrumento adequado para o controlo directo do estado angolano sobre os hidrocarbonetos. O decreto definiu como objectivo da empresa “exercer toda as actividades ligadas ao ramo dos petróleos e de outros hidrocarbonetos, nomeadamente prospecção, pesquisa, produção, transporte, refinaria, armazenagem, distribuição e transformação daquelas substâncias conexas e a comercialização de todas as referidas substâncias.” O artigo 3º do decreto previa a possibilidade da empresa de criar filiais com seu capital, adquirir a participação no capital de empresas do ramo de petróleos e outros combustíveis mediante prévia autorização do governo. A lei 13/78, concede à Sonangol o direito de concessionária exclusiva nacional e poder de se associar a empresas estrangeiras com idoneidade técnica e financeira para a exploração dos hidrocarbonetos. Após a participação maioritária em cada concessão a que foi obrigada pela lei 13/78 a Sonangol mantém o papel de concessionária nacional. Hoje podemos encontrar a empresa como associada e fazendo parte dos grupos empreiteiros na maior parte dos blocos e como operadora. Como foi dito anteriormente a Sonangol controla praticamente o mercado da distribuição de produtos refinados desde a independência. O crescimento da actividade petrolífera do país obrigou a um crescimento da companhia de modos a poder responder às suas obrigações. Assim, foi obrigada a criar as muitas empresas de prestação de serviços e instalações de apoio no país, tendo-se transformado numa empresa do tipo holding.

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Produtos e Serviços do Grupo Sonangol O Grupo Sonangol, através das suas Subsidiárias e empresas, possui uma vasta gama de produtos e serviços de entre os quais se destacam: Petróleo Bruto e Gás A Sonangol desenvolve actividades de prospecção, pesquisa e produção de hidrocarbonetos líquidos e gasosos e de comercialização de petróleo bruto e gás. A comercialização de petróleo bruto é feita pelas unidades de trading em Londres e em Houston. Produtos Refinados ‘Ngol’ Os óleos e lubrificantes ‘NGOL’ são produzidos e comercializados pela Sonangol Distribuidora, assim como o material de queima Transporte Aéreo Actividade desenvolvida pela Sonair, que se destina fundamentalmente a servir os operadores do sector petrolífero, com aparelhos de asa fixa e rotativa. Oferece também serviços a clientes que procuram destinos internacionais em África, bem como um serviço de transporte directo de passageiros e carga entre Angola e os Estados Unidos da América (Houston Express). Transporte Marítimo (Petróleo Bruto e Derivados) Esta actividade é desenvolvida pela Sonangol Shipping, para o transporte marítimo de petróleo bruto, e pela Sonaship - Companhia de Navegação Limitada, para o transporte marítimo de produtos derivados de petróleo bruto e ao abastecimento às embarcações no interior e exterior dos portos de Angola. Telecomunicações Os serviços de telecomunicações são desenvolvidos pela Mercury, S.A.R.L., que explora três tipos de sistemas de comunicações: radiocomunicação, micro-ondas e transmissões via satélite – VSAT, para ligações nacionais e internacionais. Formação Profissional Através da Essa – Empresa de Serviços de Sondagens de Angola, a Sonangol oferece entre outros, serviços de formação de segurança industrial para o sector petrolífero. Base Logística de Apoio à Indústria Petrolífera Esta actividade é desenvolvida em Luanda e no Soyo através das empresas Sonils e Kwanda Suporte Logístico, respectivamente. Consiste na exploração e gestão de

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espaços e infra estruturas que são colocadas ao serviço das companhias e empresas de serviços para fins de fornecimento de equipamentos, produtos e materiais para as operações petrolíferas. Banca Presente neste sector através de dois bancos angolanos: BAI e BCI. Serviços Financeiros (Seguros, Gestão de Riscos…) A Sonangol possui um conjunto de serviços de natureza financeira, agrupado na empresa AAA – serviços Financeiros. Abarca os Seguros, Gestão de Riscos e Fundo de Pensão. Sondagem Petrolífera A Sonangol é um dos parceiros na Sonamer, empresa especializada em operações de Sondagem, particularmente em águas profundas e ultra – profundas. Fabricação de Estruturas Metálicas para a Indústria Petrolífera Localizada no Lobito, a Sonamet é a principal empresa em Angola vocacionada para a fabricação de estruturas metálicas (ex: plataformas) para a indústria petrolífera. Armazenamento e Processamento de Dados Sísmicos A Sonangol possui um projecto conjunto com a Western, designado por Sonawest, no domínio do armazenamento e processamento de dados sísmicos para a indústria petrolífera. Serviços de Engenharia A Technip Angola é a empresa, na qual a Sonangol participa, especializada na prestação de serviços de engenharia em projectos do sector petrolífero e outros. Manutenção e Assistência Técnica A Sonangol está associada à Dietsmann na Sonadiets e na Petromar, empresas vocacionadas para a manutenção e assistência técnica de infraestruturas e equipamentos da indústria petrolífera assim como na formação profissional. Fornecimento e Operação de "Supply Boats" Os "supply boats" rebocadores/barcos de apoio desempenham um papel fundamental nas operações de natureza logística em offshore. Também aqui à Sonangol está presente através das empresas Sonatide e Sonasurf.

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Figura 1

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Anexo I História da Indústria Petrolífera Angolana

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Fontes e Bibliografia

• Élio Amaral (1993), ‘E Assim Começou...’, artigos publicados na Revista “O Petróleo” por Élio Amaral – Edição do Ministério dos Petróleos, 1993.

• Henrique Bandeira Vieira (1970), ‘Breve História da Pesquisa do Petróleo de Angola’ – Extractos do trabalho de Henrique Bandeira Vieira no primeiro encontro de Engenharia de Petróleos de 15 a 27 de Janeiro de 1970.

• José Gomes Rebelo (1988), ‘Contribuição para a História da Industria Petrolífera em Angola 1910-1987’, – Trabalho apresentado na Reunião da SPE (Society of Petroleum Engineering of AIME), por José Gomes Rebelo, Abril 1988.

• MINPET (2000), VI Conselho Consultivo do Ministério dos Petróleos de Angola, Março 2000, Luanda, Ministério dos Petróleos

• MINPET (2003), Síntese do Relatório de Actividades do Sector Petrolífero, referente ao Ano de 2002, Luanda, GEPE-Ministério dos Petróleos.

• MPLA/Partido do Trabalho (1980), "Orientações Fundamentais para o Desenvolvimento Económico–Social, Período de 1981-1985", 1º Congresso Extraordinário do MPLA Partido do Trabalho, Luanda.

• Sonangol: https://www.sonangol.co.ao

Legislação angolana

• 1971 ACT – Acordo Colectivo de Trabalho assinado entre as empresas prospectoras, produtoras e refinadoras de petróleos de Angola e os sindicatos – SNECIPA, SNMFMPA E SNPEPA em 1971.

• 1978 Lei N.º 13/78, do Conselho da Revolução – Lei Reguladora das actividades petrolíferas – DR. N.º. 217 – 1ª Série de 13/9/78.

• 1982 Decreto Executivo Conjunto N.º 124/82, dos Ministérios dos Petróleos e das Finanças – Insere várias disposições respeitantes ao pagamento pelas sociedades ou entidades do ramo dos petróleos, das contribuições para a formação do pessoal angolano – DR. N.º. 306 – 1ª Série de 31/12/82.

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• 1982 Decreto Executivo N.º 125/82, do Ministério dos Petróleos – Dá forma definitiva ao regulamento provisório previsto no artigo 15º do decreto N.º. 20/82, de 17 de Abril, que determina a obrigatoriedade de recrutamento de formação de quadros nacionais, pelas sociedades ou entidades estrangeiras do ramo petrolífero – DR. N.º. 306 – 1ª Série de 31/12/82.

• 1982 Decreto N.º 20/82, do Conselho de Ministros – Determina a obrigatoriedade do recrutamento e formação de quadros nacionais pelas sociedades ou entidades estrangeiras do ramo petrolífero que operam na República Popular de Angola – revoga legislação em contrário – DR. N.º. 90 – 1ª Série de 17/4/82

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Índice I – Introdução ............................................................................................................................1 II – Concessões Petrolíferas .................................................................................................2 II.1 – Período 1975-1978 ....................................................................................................... 2 II.2 – Período 1979-1992....................................................................................................... 3 II.3 – Período 1993-2000 ...................................................................................................... 4 III – Pesquisa, Desenvolvimento e Produção ......................................................................5 III.1 – Período Pré Independência (1910-1975) ............................................................... 5 III.2.1 – Operações em terra - Onshore............................................................................ 7 III.2.2 – Águas Rasas ............................................................................................................. 8 III.2.3 – Águas profundas ....................................................................................................10 III.2.4 – Águas Ultra Profundas e Ultra Profundas Oeste ..........................................12 IV - Comercialização de produtos petrolíferos ............................................................... 13 Exportações de Petróleo Bruto ...........................................................................................13 IV.1 – Exportações de Produtos Refinados.......................................................................13 IV.2 – Exportações de LPG ...................................................................................................14 IV.3 – Importações de Produtos Refinados......................................................................14 V.1 - Mercado Interno ...........................................................................................................14 VI - Projectos para o Aproveitamento do Gás ................................................................. 18 VI.1 - Projecto de Gás (Angola LNG)..................................................................................18 VI.2 – Projectos Bloco 0 (Cabinda) – Áreas A/B e C ......................................................19 VI.3 - Projecto Nemba/Lomba............................................................................................20 VI.4 - Projecto de Sanha .....................................................................................................20 VI.5 - Outros Projectos ........................................................................................................21 VI.6 - Projecto Nova Refinaria............................................................................................21 VII-. Investimentos ...............................................................................................................22 Refinação ................................................................................................................................. 23 Distribuição ............................................................................................................................. 23 Evolução Quinquenal da Produção de Petróleo Bruto.....................................................23 Evolução dos Recursos Humanos.........................................................................................25 Sobre a Sonangol, empresa estatal ...................................................................................26 Fontes e Bibliografia.............................................................................................................30

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Anexo II -História da indústria petrolífera argelina

I – Introdução O desenvolvimento da indústria do petróleo e do gás argelino é uma ilustração da tendência geral dos anos 60, quando as nações recentemente independentes procuraram exercer a sua soberania sobre seus recursos naturais. Cada uma à sua própria maneira, tentava penetrar e dominar o negócio difícil e fechado do petróleo e do gás. A Argélia começou a sua movimentação para a recuperação do seu segmento “downstream” em meados dos anos 60, e pensou controlar o “upstream” na década seguinte, para um controlo completo da indústria petrolífera. Uma vez conseguido este último objectivo com a nacionalização dos recursos petrolíferos e contratos de “joint-venture”, o país aboliu o sistema da concessão em 1971, impedindo as companhias de petróleo internacionais (IOCs) de explorar e desenvolver as actividades petrolíferas por si só. Os esforços nacionais da exploração durante a década seguinte não atingiram os objectivos pretendidos tendo resultado numa escassez de descobertas de petróleo bruto para substituir as reservas produzidas. O desinteresse por parte das empresas internacionais e o declínio drástico dos preços do petróleo em 1985, obrigaram a Argélia a rever as leis dos hidrocarbonetos em 1986 e a melhorar os termos fiscais em 1991, para motivar o interesse das IOCs. A introdução dos contratos de partilha de produção (PSA) transformou radicalmente a estrutura institucional e legal do país. Os resultados destas mudanças foram duplos: em primeiro lugar, um aumento drástico na actividade de exploração e perfuração na Argélia, que em 1994 e em 1995, atingiu dos maiores índices no mundo em descobertas de petróleo bruto e de gás. Em segundo lugar, beneficiou o governo argelino uma vez que permitiu atrair investimento directo estrangeiro, eficácia de gestão e algum acesso à tecnologia de ponta, num campo em que se tinha auto excluído. Estes benefícios só puderam ser obtidos pela introdução dos novos termos fiscais oferecidos às companhias de petróleo para tornar o desenvolvimento dos hidrocarbonetos mais atractivo. A nova legislação passou a permitir a recuperação de custos de produção e a repartição dos custos de desenvolvimento entre a Companhia Nacional e as suas associadas estrangeiras.

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Em contrapartida, as IOCs passaram a ter acesso a outras áreas a leste do canal de Suez e a aumentar sua produção de petróleo e de gás de qualidade, muito perto de um dos maiores mercados de energia do mundo, a União Europeia. O gás natural, considerado até a altura propriedade do estado, começou a poder ser explorado e exportado devido à sua qualidade. Em consequência a produção de petróleo, de gás e de GNLs e a capacidade da exportação aumentaram significativamente na primeira década do século XXI o que deu à Argélia uma importância na indústria consentânea com o seu potencial. A década de 90, apesar dos elevados riscos associados a esta indústria foi a mais bem sucedida na história da pesquisa, desenvolvimento e produção de petróleo bruto e de gás neste país.

I.1 – Aspectos históricos

Durante o período de 1948 a 1962 a Argélia esteve envolvida numa luta armada de libertação nacional sangrenta que culminou com a independência, aspirando hoje a ser uma democracia moderna com um papel importante na indústria do petróleo e do gás. É um percurso marcado por decisões arrojadas, sucessos e insucessos, erros cometidos e corrigidos, um percurso feito etapa a etapa onde os objectivos principais de desenvolvimento dos recursos naturais da nação foram gradualmente alcançados. É, também, um percurso que ainda não terminou porque as leis e os regulamentos estão a ser progressivamente ajustados para se conciliarem com os objectivos da nação, à luz das novas forças do mercado internacional. É uma história sobretudo de perseverança, tendo em conta os objectivos a longo prazo e, ao mesmo tempo, de reconhecimento da importância que as forças de mercado têm nos planos de desenvolvimento do país. Ao contrário de muitas outras nações, esta consciencialização combinada com um ideal acentuadamente nacionalista, ajudou o país a ter êxito onde outras nações novas ainda se esforçam para encontrar um percurso apropriado para o seu desenvolvimento. Actualmente, a Argélia é um produtor importante de petróleo e de gás, um membro influente da OPEP, um centro de refinação de nível mundial e um grande fornecedor de gás natural liquefeito para a Europa ocidental e outros mercados de mundo.

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I.2 – Informações gerais

Argélia é o segundo maior país africano com uma superfície de 2,381,750 Km2. Ao norte é limitado pelo Mar Mediterrâneo numa extensão de 1200 Km. A sul, este e oeste tem fronteiras com, Niger, Mali, Mauritânia, Sahara Ocidental, Líbia, Tunísia e Marrocos numa extensão de 6.343Km. As planícies litorais e as terras altas perto da costa mediterrânea são separadas do sul pelas montanhas do Atlas sahariano. O deserto de Sahara, mais a sul, estende-se por mais de 2,000 km2 e nele existem as maiores jazidas de hidrocarbonetos e muitos outros recursos minerais. População: 32,277,942 (estimativas de Julho 2002). Sumário Económico: O sector dos hidrocarbonetos é o sustentáculo da economia, contribuindo com cerca de 60% das receitas orçamentadas, 30% do PIB e cerca de 95% das receitas com as exportações. A Argélia tem as quintas maiores reservas de gás natural do mundo e é o segundo maior exportador mundial de gás; é o 14º país no que concerne as reservas de petróleo bruto. Os indicadores económicos e financeiros da Argélia progrediram durante os anos noventa, em parte devido as políticas de reforma apoiadas pelo Fundo Monetário Internacional e o reescalonamento da dívida pelo Clube de Paris. As finanças argelinas em 2000 e 2001 beneficiaram temporariamente dos preços altos do petróleo e do rigor da política fiscal, o que originou uma a um grande aumento no excesso das trocas comerciais, aos elevados índices nas receitas em moeda estrangeira, e à redução da dívida externa. Os esforços continuados do governo em diversificar a economia atraindo o investimento estrangeiro e doméstico fora do sector de energia tiveram pouco sucesso em reduzir o elevado de desemprego e melhorar o nível de vida em geral. Em 2001, o governo assinou um tratado de associação com a União Europeia que eventualmente baixará tarifas e aumentará o comércio. PIB – USD 13.3 biliões (estimativas em 2001). PIB/ per capita: - USD 5,600 (estimativas em 2001). Composição do PIB por sector: agricultura: 17%,indústria: 33% serviços: 50% (estimativas em 2000). População abaixo da linha de pobreza: 23% (estimativas em 1999). Taxa de inflação: 3% (estimativas em 2001).

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Ocupação da força de trabalho: governo 29%, agricultura 25%, construção e obras públicas 15%, indústria 11%, outras 20% (estimativas em 1996). Taxa de desemprego: 34% (estimativas em 2001). Orçamento: Receitas: USD 20.3 biliões; – Despesas: USD 18.8 biliões, (incluindo USD 5.8 biliões de despesas de capital. A existência de petróleo e gás no norte da Argélia, já é conhecida há séculos, onde o petróleo pesado era usado para impermeabilizar os navios especialmente entre os séculos XVII e XIX nos estaleiros das cidades litorais de Bejaia e de Mers-El-Kebir. (ver mapa).

No princípio do século XX, a exploração inicial na complexa bacia do rio Chelif, perto da costa mediterrânea, resultou numa descoberta pequena, não comercial, de petróleo. Poucos esforços foram feitos no sentido de prosseguir as pesquisas até que nos anos quarenta o governo francês pediu às companhias nacionais francesas que explorassem sistematicamente a parte sul da Argélia. Em contrapartida, foram concedidos

os direitos quase exclusivos da exploração de petróleo na região, que incluía a parte oriental do deserto do Sahara, considerado então uma potencial província de hidrocarbonetos potencial, onde a maior parte da superfície em perspectiva tinha sido concedida. O primeiro petróleo comercial foi descoberto primeiramente em 1948 no norte, em Oued-Guetterini. Algumas jazidas de gás foram encontradas a sul, próximo de In – Salah, em 1954 e uma grande descoberta de petróleo perto de Edjeleh em 1955. Todavia só em 1956, com a descoberta do campo de petróleo gigante de Hassi Messaoud, no leste, seguido pelo campo gigante de gás e condensado de Hassi R'Mel no centro, é que Argélia entrou no mundo dos grandes produtores de petróleo e de gás. À excepção de algumas sondagens durante os anos 70 nas águas rasas na plataforma continental, no estuário do rio Chelif, o offshore pouco profundo, profundo e ultra profundo da Argélia mantêm-se inexplorados numa área de quase 250.000 km2.

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I.3 – Potencialidades petrolíferas da Argélia

A geologia complexa e as vastas regiões inexploradas do país contribuem para a incerteza sobre a verdadeira dimensão dos recursos de hidrocarbonetos de Argélia. As reservas iniciais provadas de petróleo da Argélia eram de 10.2 biliões de m3 (84 biliões de barris) dos quais somente 25% são recuperáveis como os métodos de produção hoje disponíveis, ou seja 2.3 biliões de m3 (21 biliões de barris), metade dos quais já foram produzidos. De acordo com as estimativas mais recentes as reservas prováveis e possíveis de petróleo bruto atingem de cerca de 400 milhões de m3 e as reservas prováveis em cerca de 18,5 biliões de barris. As reservas iniciais de gás provadas eram cerca de 4.6 triliões de m3, com 80% consideradas recuperáveis. Somente 15% do total das reservas de foi produzido. As novas estimativas sugerem um aumento adicional de 1 trilião de m3 nas reservas prováveis e possíveis. Segundo a Sonatrach, as acumulações de petróleo bruto constituem somente 20% dos recursos totais de hidrocarbonetos do país, sendo as restantes, de gás natural (70% ou 35 biliões de barris equivalentes de petróleo, Boe) e o de gás natural liquefeito (GNLs) (10% ou 6 biliões de Boe). A Argélia pode, portanto, ser considerada como uma província principalmente produtora de gás. Às taxas actuais de produção e com os compromissos de exportação de petróleo e gás a relação reserva/produção (R/P), é de 30 anos para o petróleo bruto e de 70 anos para o gás. As reservas de hidrocarbonetos da Argélia situam-se em quatro regiões localizadas na parte oriental (petróleo e gás), no centro (principalmente gás), e no Sahara ocidental (indícios de gás) assim como nas regiões do norte do país (petróleo e pequenas jazidas de gás). Actualmente possui 200 campos de petróleo e de gás principalmente nas regiões orientais e central do Sahara. A Argélia tem sido considerada, no que respeita a novas descobertas de petróleo, como uma das regiões mais atractivas para a exploração. Em 1994, a Argélia colocou-se no topo, dos países com maior sucesso, com as 15 descobertas novas que adicionaram mais de um bilião de barris nas reservas. No ano seguinte, em 1995, a Argélia classificou-se em quinto lugar, após ter adicionado meio bilião às reservas. Incentivada por estas descobertas, a Sonatrach tem planos para investir USD 18 biliões em 2004 para desenvolver estas reservas de petróleo e de gás.

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I.4 – A política económica para os hidrocarbonetos após independência até 1971

Na altura da independência a quota-parte do estado na produção de óleo doméstica não excedia 10,1%, representando 45,450, barris por dia (b/d), num total de 450.000 b/d (2,1 milhões toneladas num total de 20,7 milhões de toneladas/ano). Estas receitas eram resultado dos royalties e dos impostos pagos à Tesouraria local, que se transformou em propriedade do estado argelino, como ficou decidido nos acordos de paz de Evian de Março 1962, sobre a independência da Argélia em 5 de Julho de 1962. Em Dezembro de 1963, foi criada a Sonatrach com a finalidade de deter os interesses do estado no sector dos hidrocarbonetos. O decreto presidencial que estabelece a necessidade da criação da companhia de petróleo nacional da Argélia cria a Sociedade Nacional de Transporte e Comercialização de Hidrocarbonetos, cuja missão estava relacionada com o segmento do transporte do petróleo bruto e o sector do “downstream”, incluindo a rede da distribuição e do marketing. Nessa altura, 67,45% da bacia sedimentar em exploração estava ainda nas mãos de interesses franceses, 27,91% estavam divididos entre vários outros interesses estrangeiros e o governo argelino detinha somente 4,64%, tudo como estava previsto nos acordos de Evian. À Sonatrach foi concedido em primeiro lugar todos os recursos do gás, controle sobre todos ao oleodutos e gasodutos existentes e a posse do ponto estratégico de recolha e estabilização do petróleo do Haoud-EL-Hamra, próximo de Hassi Messaoud, o centro principal e terminal do trânsito para todas as exportações de petróleo. Os dois seguintes anos, 1964 e 1965 foram marcados por negociações árduas e longas, com dois grupos franceses Elf-Erap e Total-CFPA, sobre investimentos mínimos não realizados. Contrariamente aos acordos de Evian, as companhias de petróleo maximizavam a produção em vez dos investimentos a longo prazo, segundo entendia o lado argelino. Um acordo franco-argelino de 29 Julho de 1965 aumentou ligeiramente a parte do estado argelino na produção local para 11,5% ou 51.750 b/d. Em 1966 dá-se uma mudança significativa para inverter este desequilíbrio nos proveitos advindos dos hidrocarbonetos. Em 22 de Setembro desse ano um decreto presidencial estendeu o mandato original de Sonatrach do transporte e do marketing dos hidrocarbonetos, a todos os restantes sectores da indústria petrolífera, transformando assim a empresa na Sociedade Nacional de Pesquisa, Exploração, Produção e Transporte de Hidrocarbonetos. O estado argelino podia

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agora prosseguir a sua própria política para estender o controle sobre o “upstream” e “downstream” do sector nacional dos hidrocarbonetos. Foi então concedida à Sonatrach uma área inicial de 21.000 km2, representando 12% da superfície com potencial petrolífero da Argélia. Em Junho do ano seguinte, a empresa obteve outras licenças de concessões de exploração num total de 46.000 km2 tornando-se operadora e aumentando o seu portfólio no “upstream” a 21% da superfície total (dez vezes mais relativamente a 1962). As concessões de Junho de 1967 de direitos de exploração foram seguidas por um conjunto de outras medidas, incluindo uma compensação apropriada, às empresas atingidas pela nacionalização: • Em primeiro lugar, em 19 Outubro de 1968 foi assinado um acordo de risco,

“joint-venture” entre a companhia de petróleo americana Getty Oil e a Sonatrach, pelo qual a primeira cedeu 51% dos interesses que detinha na Argélia.

• Em segundo lugar, em 1969 a Sonatrach adquiriu a Sinclair companhia americana e comprou os interesses no upstream do gás natural da companhia EL Paso na Argélia. Esta empresa tornou-se, mais tarde por um curto período, de 1978 a 1982, o principal cliente e transportador de GNL.

• Em terceiro lugar, em Junho 1970, o governo argelino decidiu nacionalizar, as operações de todas as companhias de petróleo estrangeiras não francesas que trabalhavam sob o anterior regime de concessão a saber Shell, Phillips, Mobil e Newmont Mining.

I.5 – Os contratos de 1971-1979 – A nacionalização da indústria petrolífera

Os decretos presidenciais de 24 de Fevereiro e de 12 de Abril de 1971 aboliram o regime de concessão existente. As companhias francesas ou foram inteiramente nacionalizadas ou tiveram 51% dos seus interesses e das suas operações transferidos para a Sonatrach. Nesse mesmo ano em 30 de Junho e 15 de Dezembro, foram assinados contratos com as companhias francesas Total-CFPA e Elf-Erap respectivamente. Como parte destes contratos, a Sonatrach adquiriu o controle total de todas as áreas em que tinha sido previamente associada, à excepção de dois blocos de exploração em que manteve um interesse minoritário de 49%. Em 1972, após menos do que uma década a Sonatrach passou a controlar 77% do petróleo 850.000 b/d (42 milhão toneladas por o ano). Entretanto, as actividades do upstream incluíam toda a superfície disponível recuperada com a

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nacionalização, incluindo as áreas devolvidas como zonas não exploradas sob o antigo regime de concessão.

I.6 – A era dos contratos de risco

As linhas principais da política do petróleo da Argélia a que se seguiram aos decretos da nacionalização de 1971 foram materializadas na Lei No. 71-72 de 12 de Abril de 1971, que estipulava que toda a companhia estrangeira que quisesse participar na pesquisa e na exploração de hidrocarbonetos líquidos na Argélia, teria que se associar em minoria com a Sonatrach que teria no mínimo 51% de participação. Segundo estes contratos, a Sonatrach seria também o operador da associação. Os contratos assinados após o período da nacionalização envolveram as empresas: a AGIP, a Amoco, a Braspetro, a CFP-Total, a Copex, a Deminex, a Elf-Erap, a Hispanoil, a Sunoil e o grupo Veba/Wintershall/URB. Entre 1978 e 1980, com a subida significativa dos preços do petróleo, foram completados 260 poços, um aumento de 50% relativamente aos dois anos precedentes. Mas devido ao dinâmico crescimento da produção, as companhias de petróleo investiam mais no segmento da exploração, num contexto demasiado favorável ao país de anfitrião. Apesar de diversas tentativas em estimular a indústria a aumentar os seus investimentos no “upstream” as novas descobertas não foram suficientes para contrabalançar as reservas de petróleo produzido. Por outro lado quando havia descobertas de gás elas eram pertenças do estado, pois não existia provisão legal para seu desenvolvimento comercial nos contratos “joint-venture”.

I.7 – Os contratos dos anos 80: um período para correcções

O plano quinquenal 1980-1984 Era óbvio que nos anos que se seguiram às nacionalizações de 1971, as actividades de exploração tinham declinado drasticamente e também se tornava evidente que os objectivos preconizados para o desenvolvimento da indústria petrolífera argelina não seriam atingidos.

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Para inverter esta tendência e reiniciar a exploração, o governo decidiu em 1980 conceder licenças novas de exploração sob termos novos, mais atractivos. Estas licenças novas compreenderiam 450.000 km2 e incluiriam um programa de trabalhos de exploração avaliado em um bilião de dólares no período 1980-1984. Porém, o declínio dos preços de petróleo obrigou que se fizesse um ajuste na estratégia. A fim incentivar as companhias estrangeiras a adquirir novas áreas, o governo argelino introduziu um prémio de USD3/barril sobre o preço oficial das suas vendas de petróleo bruto. As companhias que não tinham assinado de exploração com a Sonatrach até 31 de Outubro de 1980, foram notificadas que o prémio de USD3/bbl seria creditado à companhia mas transformar-se-ia propriedade de governo argelino. Em meados de 81, cerca de 12 companhias tinham assinado novos contratos de exploração sob os novos termos, mas igual número de empresas recusou-se a participar. A fórmula para os novos contratos incluía elementos dos contratos de “joint-venture” assim como dos de partilha de produção. Os empreendimentos eram associações do tipo “joint-venture” com a Sonatrach, em que a participação do sócio estrangeiro poderia variar de 30% a um máximo 49%, dependendo da superfície de exploração. A parte associada deveria suportar 100% dos custos da exploração (geralmente num período inicial de quatro anos, renovável por dois anos com renúncia de 50% da área), mais o custo de dois poços de delineação, se fosse feita uma descoberta. Neste caso a Sonatrach tornar-se-ia então o operador e suportaria a sua parte dos custos do desenvolvimento, operação e de transporte, em proporção com a sua participação na produção comercial. Parte da produção seria destinada, à recuperação dos custos de exploração pela companhia estrangeira. A produção comercial seria partilhada entre a Sonatrach e associadas estrangeiras em proporções que variavam de 58-42% a 65-35% para a companhia argelina. Esta fase de produção era de 12 anos e poderia ser renovada por mais cinco anos. Além disso a companhia estrangeira seria obrigada a fornecer 6% da produção ao mercado doméstico a um preço especial descontado, podendo vender o remanescente no exterior ao preço do mercado. Entretanto todas as descobertas de gás, deveriam pertencer 100% à Sonatrach, e o sócio estrangeiro seria reembolsado somente dos custos do poço de descoberta. A Sonatrach definia como poço de gás, aquele que tivesse

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uma relação de Gás/Petróleo (GOR) de 1 milhão pés cúbicos de gás para menos de 180 barris de petróleo. Os contratos argelinos estipulavam que a parte dos hidrocarbonetos levantados pelo associado estrangeiro estaria sujeita ao sistema de imposto do petróleo da Argélia. As empresas não produtoras que comprassem petróleo bruto argelino e tivessem assinado contratos de exploração, poderiam financiar as suas despesas de exploração deduzindo o prémio de USD 3/bbl que tinham pago nos carregamentos efectuados entre Janeiro de 1980 e a data de assinatura dos contratos da exploração. A Sonatrach reservava o prémio para esta finalidade.

I.8 – O plano Quinquenal de 1985-1989: Reversão da nacionalização e nova legislação

A queda nos preços de petróleo no mercado mundial obrigou a que se produzisse acima do previsto no plano quinquenal 1985-1989, o que levou à necessidade de melhorar a exploração. O sucesso limitado das mudanças nos regulamentos do petróleo propostos à indústria petrolífera internacional, conforme os planos anteriores, representou uma mensagem forte ao governo, que compreendeu claramente que não poderia exigir das companhias petrolíferas estrangeiras investimentos sem incentivos económicos suficientes. A necessidade de melhorar as condições contratuais e os termos fiscais sob os quais a exploração seria conduzida dentro do país, foram realçadas e novas directivas foram emitidas para este efeito. Assim, foi introduzida em 1986, após aprovação do Parlamento em 19 de Agosto, nova legislação do sector. Esta nova legislação incluiu um número de medidas projectadas para dar um maior grau de flexibilidade aos contratos de exploração, assim como permitir que a companhia estrangeira fosse o operador. O objectivo era incentivar as empresas estrangeiras a recomeçarem a actividade de operadores de exploração, sob os termos dos contratos da concessão (CA), dos contratos de serviço (SC) ou de contratos de partilha de produção (PSA). Apesar do desejo do governo em melhorar o nível da participação estrangeira na exploração, a nova lei preservou ainda o direito do governo adquirir um interesse maioritário em todos os contratos de exploração. Poderia também adquirir um interesse maioritário em nome do estado argelino em toda a associação e consórcios anteriormente estabelecidos

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com a finalidade de explorar para hidrocarbonetos na Argélia. O artigo 24 da lei estipulou que: "qualquer que seja a forma de associação escolhida, a participação da companhia estatal deve ser pelo menos de 51%". A lei 86-14 de Agosto de 1986 constituiu a primeira mudança feita ao regime que regula as actividades de companhias de exploração estrangeiras desde que a lei de Abril de 1971, das nacionalizações da indústria petrolífera do país foi promulgada. A nova legislação estabeleceu que os grupos que envolviam as companhias estrangeiras fossem estabelecidos em duas fases. A primeira compreendia um contrato assinado com a companhia de petróleo estatal e a segunda um protocolo de autorização do governo argelino. Outras provisões cobriam o reembolso dos custos da pesquisa que resultaram em descobertas do gás natural, incluindo um bónus de descoberta. A produção a que tinha direito o contratante estrangeiro foi limitada ainda a 49% da produção total. As novas provisões do imposto do petróleo ajustaram a taxa básica do royalties em 20% e a taxa de imposto em 85%, como antes. Relativamente a determinadas zonas da pesquisa que são particularmente dispendiosas de explorar e de desenvolver, a taxa do royalty foi reduzida a 16,25% para a zona A (sul prolífico) e a 12,5% para áreas da zona B (sul profundo inexplorado). As taxas correspondentes de imposto foram reduzidas também de 85% para 75% e 65%, respectivamente. Aos contratantes estrangeiros foi permitido também repatriar todos seus lucros, visto que até aquela data era exigido que na Argélia retivessem metade dos mesmos. Estas provisões novas aplicaram-se somente aos campos descobertos após a lei de Agosto 1986. Os decretos de execução foram promulgados em 1987 para complementar a lei 86-14 de Agosto de 1986. Os decretos definiram zonas de exploração e de produção (decreto 87-157), os meios para identificar companhias estrangeiras candidatas para contratos de exploração e produção de petróleo e de monitorar a sua posse (decreto 87-158), e a participação de companhias estrangeiras no sector de petróleo (decreto 87-159). Um quarto decreto emitido no fim de 1987 indicava as condições de obtenção dos direitos mineiros, abandono e retirada de empresa estrangeira.

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I.9 – Diferenciação de regimes fiscais para campos de produção já existentes (decreto 87-157)

• O Decreto 87-157 classificou os campos descobertos antes da lei 86-14 e

especificou os perímetros dos mesmos, que se situavam em Amenas, Tin Fouye, Rhourde Nouss, Hassi Messaoud e Hassi R'Mel como a zona N (a que foram fixados os royalties em 20% e imposto de renda em 85%).

• Os perímetros localizados em Assekaifaf, a sul de Tin Fouye, a norte de Tin Fouye-Ohanet, em norte de Hassi R'Mel, Guerrara, norte de Ouargla, em EL Gassi e em EL Agreb são classificados como a zona A (royalties fixados em 16,25% e em imposto de renda em 75%).

• Todos restantes perímetros, incluindo os do offshore, são classificados como a zona B (royalties em 12,5% e imposto de renda em 65%).

A Zona A incluiu todos os campos cuja a exploração necessita a utilização de técnicas secundárias ou avançadas de recuperação, tais como o “gas lift” e bombagem, injecção da água e a reinjecção do gás, na condição de que pelo ao menos 50% da produção anual do campo se prove ter resultado da execução destas técnicas. A zona B cobriu aqueles campos cuja a exploração requer o uso da recuperação avançada que utiliza técnicas tais como a reinjecção de gás miscível, gás seco reciclado ou injecção de água melhorada com aditivos químicos. A inclusão de um campo neste regime fiscal melhorado da zona B era devido ao facto de estes meios avançados de recuperação poderem gerar 50% da produção anual do petróleo bruto e que pelo menos 30% do gás associado produzido fosse reciclado. Tipos de Contrato (Decreto Lei 87-159) As leis 86-14 e 87-159 estabeleceram quatro tipos de contrato que podem ser acordados entre Sonatrach e companhias estrangeiras que eram:

• - Participação sem posição legal (caso A); • - Criação de uma companhia comercial mista sob a lei argelina (caso B); • - Contrato de partilha de produção (caso C); • - Contrato de prestação de serviços (caso D).

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Em todos os casos, um contrato tinha que ser assinado entre Sonatrach e a companhia estrangeira, enquanto um protocolo adicional devia ser assinado entre a companhia e o estado. Os contratos deviam especificar uma fase da exploração, precedida por um período de prospecção, assim como uma fase da exploração que pudesse também incluir um estágio piloto preliminar. A duração destas diferentes fases e das provisões que gerem a sua possível renovação deveriam também ser especificadas no contrato. As participações e/ou os pagamentos a serem recebidos anualmente pelas companhias não poderia exceder 49% da produção. O decreto permitia aos associados estrangeiros ser operador durante as fases da exploração e da produção, mas Sonatrach e o estado argelino mantinham o direito de indicar a maior parte dos membros do conselho de administração. A lei tornou a ser alterada em finais de 1991 para novos ajustes.

I.10- A era moderna: A Lei 1991 do Petróleo

Em 1991, o parlamento argelino aprovou a nova lei do petróleo que introduziu o conceito moderno de contratos de partilha de produção (PSA), em que a produção devia ser compartilhada entre Sonatrach e seus associados estrangeiros. A Lei foi considerada pela indústria como proporcional aos riscos e como capaz de proporcionar o uso de tecnologia avançada, promover e desenvolver campos maduros e novos. Introduziu também provisões especiais para os campos de gás, que eram inacessíveis às firmas estrangeiras. Estas emendas favoráveis, que foram adicionadas à lei do hidrocarbonetos de Argélia, eliminaram a dupla tributação e permitiu aos investidores estrangeiros adquirir interesses menores em campos em produção pela primeira vez. Estas emendas estipuladas nos PSAs, contratos de partilha de produção, abrangiam também os campos já em produção e às novas descobertas de gás. Em finais de 1992, o governo anunciou planos para implementar estímulos para programas de EOR (recuperação avançada) em 10 campos de óleo maduros e para o desenvolvimento de campos com poços fechados devido à produção de água. Estes projectos incluíram, Hassi Messaoud, Haoud Berkaoui, Ben Kahla e Rhourde EL-Baguel. Consequentemente 42 contratos do tipo “joint-venture” foram assinados desde a promulgação da lei nova.

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Durante os anos que seguiram à introdução desta nova lei, a Argélia tornou-se numa das zonas mais atractivas da exploração e uma das mais prolíficas em termos de novas descobertas. Em 1994, Argélia ocupou o primeiro lugar no mundo, com 15 novas descobertas tendo como resultado adicionado cerca de 1,9 biliões de barris às suas reservas. Esteve novamente no topo, em 1995 após ter adicionado 2,6 biliões de barris às suas reservas e outros 1,3 biliões nos anos de 1996 e de 1998. Hoje, há aproximadamente cerca de 200 campos de petróleo e gás identificados, principalmente na região oriental e central do (ver mapa seguinte). Entre 1999 e 2004, Sonatrach projectava investir cerca de USD 20 biliões para desenvolver as reservas de petróleo e de gás natural da Argélia. A legislação de 1991, permite as companhias estrangeiras que operam na Argélia comercializar entre 20% e 25%. da sua produção internamente, esta medida tem um impacto importante uma vez que essas empresas, tais como Agip, Anadarko, Cepsa, PetroCanada, e Repsol implementam projectos de oleodutos e terminais para escoarem a sua quota-parte para o mercado. Do ponto de vista qualitativo os hidrocarbonetos argelinos demoram menos de um dia para chegar às refinarias no Sul da Europa, o que é uma vantagem comparativa do transporte, ou um "diferencial" positivo em relação aos petróleos da OPEC e da maioria dos outros similares africanos ou do Médio Orientes. Outro diferencial positivo é o facto de o petróleo argelino ser doce, pouco denso, 43ºde densidade API em média, sem enxofre e parafinas e poder gerar rendimentos mais elevados no processo de refinação, com melhor corte dentro produtos valiosos tais como a gasolina, o querosene se enxofre e combustíveis leves. Os condensados estão em média acima dos 60º API e partilham com o GNL da maioria destas características positivas. Estes factos são de se ter em conta, na análise custo-benefício para o potencial explorador, antes de financiar algum trabalho de E&P. A quota-parte do petróleo de IOC associadas pode ser transportada através de uma rede extensiva de oleodutos à costa, para processamento em refinarias locais com os 22 milhões de barris de capacidade, pode também ser enviada para a exportação, a partir de um dos quatro terminais de exportação em Bejaia, la Skhira, Skidka e Arzew, os últimos dois capazes de receber VLCCs e ULCCs. As recentes dificuldades e tentativas mal sucedidas em desenvolver a actividade petrolífera na Ásia Central realçam ainda mais esta vantagem positiva à segurança da indústria na origem.

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I.11 – A nova posição da Argélia no mundo petrolífero

Hoje, a Sonatrach controla a maior parte dos campos produtivos do país. Em 1999 a companhia tinha uma capacidade de produção instalada de cerca de 900.000 b/d. O maior campo na Argélia continua a ser Hassi Messaoud, que produzia ainda cerca 400.000 b/d do petróleo bruto de 46º API. As reservas na região de Hassi Messaoud estimam-se em 6,4 biliões de barris ou seja cerca de 70% das reservas provadas de petróleo do país.

I.12- O papel da gás Natural

As reservas provadas de gás natural da Argélia são cerca 128 triliões de pés cúbicos (Tcf), tornando-se numa das cinco maiores fontes do mundo do gás. A Sonatrach estima que o potencial final do gás de Argélia seja de cerca de 204 Tcf, dos quais 135,5 Tcf são recuperáveis. A produção total do gás em 1998 atingiu os 12,5 biliões cft/d dos quais 46% foi reinjectado para a manutenção da pressão dos reservatórios, métodos avançados de recuperação (EOR) ou reciclado para a produção de GNL. Da produção diária 6,8 biliões cft/d, 25% é consumido no mercado doméstico e o remanescente de 75% é exportado. O mercado doméstico absorve 1,6 biliões cft/dia. Cerca de 40% deste é consumido na distribuição doméstica e o sector industrial e os restantes de 60% são consumidos inteiramente na geração de energia eléctrica. O maior campo de gás da Argélia é o super gigante Hassi R'Mel, cujas reservas prováveis e possíveis eram cerca de no meio 95-105 Tcf e reservas provadas de aproximadamente 85 Tcf. O gás molhado que continha inicialmente 4 g de C1-C4/CM e de 200g de C5+/CM) tornou-se na maior fonte de GPL e da produção condensados do país. As restantes reservas de gás de Argélia encontram-se na região de Salah no sudeste do país. As reservas provadas na região de Rhourde Nouss são de 13 Tcf, nos campos de Rhourde Nouss, de Rhourde Nouss Sul-Sudeste, de Rhourde Adra, de Rhourde Chouff, e de Rhourde Hamra. Existem reservas menores de gás na região de

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Salah (5-10 Tcf), Tin Fouye Tabankort (TFT; 5,1 Tcf), Alrar (4,7 Tcf), Ouan Dimeta (1,8 Tcf), e de Oued Noumer. Em 1996 começaram os trabalhos da construção gaseduto GR-2 que liga os campos de gás de Rhourde Nouss, Hamra, e Alrar à central de tratamento de Hassi R'Mel. Hassi R’Mel transformou-se na principal estação de recolha, processamento e armazenamento de gás na Argélia. É também o principal centro da expedição para o norte, para todo o consumo doméstico assim como as exportações de GNL.

I.13 – Exportações de gás e GNL

A Argélia espera incrementar as suas exportações de gás natural de 3,6 Bcf/d actuais a 5,8 Bcf/d em 2010, o que vai igualar a quota da Holanda e da Noruega no comércio internacional de gás na União Europeia. Nessa altura, Itália e França deverão manter-se como os maiores consumidores do gás argelino, com 47% e 20% respectivamente. As exportações do GNL são feitas essencialmente pelo complexo Arzew-Bethioua que produz 2/3 do gás natural liquefeito, o remanescente vem de Skikda a estação comercial a mais velha do GNL de nível mundial (1964), a estação de Camel de Arzew. O GNL é vendido na sua maior parte numa base fob à Europa e aos Estados Unidos e enviado em seis navios de GNL da subsidiária National Shipping Corporation SNTM-HYPROC.

I.14 – Gás Líquido Natural

Para além do petróleo bruto e do gás natural, Argélia produz uma quantidade significativa de GNLs, que inclui o condensado e o GPL. O condensado e o GPL (principalmente propano e butano) são produzidos com o gás seco dos campos de gás natural não associado e são cerca de 10 % dos hidrocarbonetos da Argélia e quase 20 por cento da produção total dos líquidos. As reservas de GNLs estimadas rondam os 10.3 biliões de barris dos quais 6.6 biliões são recuperáveis. Em 1999 as produções de condensados de GPL foram de 430,000 b/d e de 150,000 b/d respectivamente. A maior parte do GNL argelino, provém do gás associado que após limpeza ou é reinjectado para repressurizção dos jazigos ou é transportado

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via gasoduto para uso doméstico, gás seco ou para exportação de GNL. Espera-se que a produção de condensado se mantenha estável, em cerca de 400.000 b/d até 2010 Em meados de 1995, a Total começou a produzir o projecto de Hamra, que foi o primeiro projecto de reciclagem de gás a ser implementado por uma empresa estrangeira. Contudo a capacidade total de 530 Mmcf/d do gás seco, dos 13.000 b/d do GPL e, 40.000 b/d de condensado não foi atingida devido a atrasos na conclusão da estação de tratamento.

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II-A estrutura actual do sector

O sector do petróleo e do gás tem sido dominado pela empresa estatal, a Sonatrach, que tem tido um papel regulador e negociador relativamente aos projectos que incluem empresas estrangeiras. A empresa opera instalações do upstream e do downstream através das suas subsidiárias. O presidente da república nomeia o presidente da Sonatrach sob recomendação do ministro da Energia e Minas.

O conselho de administração é composto por 12 membros – 4 representantes do estado (2 pelo Ministério Energia e das Minas e dois pelo Ministério das Finanças), um indicado pelo Banco Nacional da Argélia, 2 representantes da empresa, 4 membros do Comité executivo, indicados pelo presidente da empresa e 1 indicado pelo Ministro da Energia e das Minas.

O conselho de administração aprova orçamentos, associações e operações no exterior da empresa de modos a assegurar que a Sonatrach observa todas as disposições legais. Os contratos com as empresas estrangeiras seguem um processo de duas fases: inicialmente o contrato é concluído com a Sonatrach e depois vai à aprovação do governo. Em 1998, a Sonatrach foi convertida numa empresa de acções, sendo o Estado Argelino o único detentor das acções, que não são transferíveis. O objectivo desta mudança foi o de poder ter mais acessos às mais fontes de financiamentos.

A indicação do ministro Chakib Khelil, para Ministro da Energia e Minas em 1999, tinha como objectivo propor mudanças na estrutura do sector. Os investidores estrangeiros queixavam-se do longo tempo necessário para a conclusão das negociações com a Sonatrach e o facto de a empresa insistir muitas vezes na renegociação dos contratos. Assim era objectivo do governo retirar os papéis de regulador e de negociador da empresa para o ministério ou a criação de um corpo para controlar o investimento estrangeiro no sector do petróleo e gás. A nova lei de petróleos proposta, pelo Ministério da prevê a criação de duas agências do estado. Um agência nacional para fazer a promoção das riquezas petrolíferas e gasificas, e para gerir a exploração e responsável pela negociações e elaboração dos contratos, a “Alnaft”. A segunda agência que é de carácter mais técnico verifica os procedimentos relativos a exploração, sondagem, ambiente e

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segurança industrial e a rede de transporte do petróleo bruto, gás e refinados, a “Autoridade reguladora dos Hidrocarbonetos”. Ao ministério caberá o papel de elaboração das políticas e estratégias do sector e a empresa nacional deverá tornar-se uma operadora como as outras. Esta lei ainda não aprovada devido a discordância por parte dos sindicatos, que opõem à aplicação pura dos princípios de racionalismo económico, o que pode acarretar a uma perda de privilégios por parte dos trabalhadores do sector.

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III- Algumas informações sobre a Sonatrach Como foi dito antes, desde a sua fundação esta empresa do estado tem tido um papel fundamental na indústria petrolífera, estando hoje constituída em holding de um grupo de empresas nacionais e mistas ligadas prestadoras de serviços das quais salientamos:

III.1- Filiais nacionais

Quadro I – Filiais nacionais da Sonatrach Fonte: Sonatrach Relatório de actividades 2002 GCB “ (Société Nationale de Génie civil et Bâtiment) ” - Filial vocacionada à construção e engenharia civil. ENTP “ (Entreprise Nationale des Travaux aux Puits”) – empresa especializada na reparação de poços. ENSP “ (Entreprise Nationale des Services aux Puits) ” – empresa especializada na reparação de poços. ENAGEO - Filial dedicada a actividade sísmica. ENAC “ (Entreprise nationale de canalisation) ” – vocacionada a gestão das condutas de petróleo e gás. NAFTEC – dedicada à refinação e a produção de GPL e outros produtos refinados. ENIP “ (Entreprise Nationale de l'Industrie Pétrochimique) ” – empresa de pertoquímica detebtora dos cmplexos de Etileno e derivados (CP1K) situado em Skikda e o complexo de Metanol e derivados (CP1Z).

Upstream Downstream Transporte Comerciais GCB (100%) NAFTEC (100%) ENAC (100%) NAFTAL (100%) NTP (51%) ENIP (100%) COGIZ (100%)

ENSP (51%) HELIOS (51%) SNTM-HYPROC (100%) ENAGEO (51%) ENAFOR (51%)

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HELIOS “ (Entreprise Nationale de production des liquides d'hélium d'Arzew) ” NAFTAL – empresa encarregue da distribuição dos produtos petrolíferos no mercado nacional. COGIZ “ (Entreprise nationale de commercialisation des gaz industriels”) SNTM-HYPROC “ (Société Nationale de Transport Maritime des Hydrocarbures et des Produits Chimiques) ”

III.2- Filiais internacionais

Quadro II – Filiais internacionais da Sonatrach

Fonte: Sonatrach Relatório de actividades 2002 SIPEX – é a empresa de intervenção internacional na actividade do upstream.

Upstream Transporte (*) Downstream Comerciais Finanças e serviços

SIPEX (100%) SPICO (100%)

SPIC BV (99%)

SPC (100%)

SPC(NA) (100%)

IMPC (50%)

PROPANCHEM (49%)

SP Asia (100%)

SOPEC (100%)

TGP (11.09%)

REGANOZA (10%) Sonatrading (100%)

SPI(BVI)C. (100%)

MED GAZ (22%)

ISGL (50%)

Mariconsult (50%)

SPMC (100%)

SAMCO (50%)

SGTC (100%)

SPTC (100%)

SGCC (100%)

ISGSL (50%)

SPOTC (100%)

MED GNL (50%)

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TMPC – “ (La Trans-Mediterranean) ” - associação com da Sonatrach international numa empresa para exploração de oleodutos CAMISEA – “ (TPG) ” -CAMISEA Associação num campo de gás na bacia de UCAYALI no Peru. MEDGAZ : “ (Gasoduto Argélia-Espanha) ” - companhia acionista MED GAZ, empresa de direito espanhol. SPIC (BV) - “SONATRACH Pétroleum Investment Corporation BV-(SPIC BV”) companhia internacional baseada nos Países Baixos. PROPANCHEM – unidade de produção propylene em Taragona, Espanha REGANOSA – Terminal de armazenamento de GNL e de regazificação em Mugardos, e de um sistema de transporte de gás na Galiza (Espanha). SPC (BVI) – “Sonatrach Petroleum Copération (British Virgin Islands) , SPC- (BVI) ”, sociedade com sede social nas Ilhas Virgens. SONATRADING AMSTERDAM BV – “Sonatrading Amsterdam BV” – empresa destinada à comercialização internacional de hidrocarbonetos

SPMC (BVI) – “Sonatrach petroleum marine corporation” (Iles Vierges Britanniques) », destinada ao carregamento de GPL, sociedade com sede social nas Ilhas Virgens.

SGTC (BVI) – “Sonatrach gas transportation coopération” destinada ao carregamento de hidrocarbonetos, sociedade com sede social nas Ilhas Virgens.

SGCC (BVI) – “Sonatrach Gas Carrier Corporation”, destinada ao carregamento de hidrocarbonetos, sociedade com sede social nas Ilhas Virgens.

SPOTC (BVI) – “Sonatrach Pétroleum Overseas” destinada ao carregamento de hidrocarbonetos, sociedade com sede social nas Ilhas

SPC (NA) N.V - “Sonatrach Pétroleum corporation” - (Antilles Néerlandaises) NV (SPC (NA)),

SOPEC - “La Sonatrach pétroleum corporation (SOPEC)”

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IV- Recursos Humanos

Os quadros seguintes mostram os recursos humanos da empresa mãe assim como o das empresas filiais (Dados contidos no Relatório de actividades 2002 da Sonatrach)

Tabela I – Distribuição dos recursos humanos da Sonatrach Holding

Trabalhadores da Sonatrach Holding referentes a 2002 Quadros 11 956 (31 %) 4 696 Engenheiros Técnicos médios e superiores 16 212 (44 %) 3 964 Técnicos superioresOperários 8 390 (25%)

Fonte: Sonatrach Relatório de actividades 2002 Tabela II - Trabalhadores das filiais da Sonatrach em 2002

Trabalhadores das filiais referentes a 2002 Filiais a 100% Filiais a 51% Total

Permanentes 34982 13649 48631 Temporários 12530 9847 22377 Estrangeiros 3 3 6 Total 47515 23499 71014

Fonte: Sonatrach Relatório de actividades 2002 Actividades de formação no ano de 2002 Tabela III – Resumo das actividades de formação em 2002

Na empresa No país Estrangeiro Total (%) Curta duração 15267 3229 464 18969 98 Longa Duração 347 51 32 439 2 Total 15614 3280 496 19390 100 Percentagem 80 17 3 100

Fonte: Sonatrach Relatório de actividades 2002 Podemos verificar que a maior parte da formação 98%, são acções de curta duração e visam o aperfeiçoamento nas profissões de base. Para as profissões de natureza administrativas os cursos destinam-se ao aperfeiçoamento de línguas, gestão de recursos humanos, finanças e planificação. Por outro lado 430 trabalhadores beneficiam de cursos de

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longa duração dos quais 15% em cursos de especialização em organismos de pesquisa na Argélia e no estrangeiro.

V- Reservas, produções e exportações

Apresentamos de seguida algumas tabelas indicativas das reservas, produções, exportações de petróleo bruto e gás dos últimos anos, assim como as capacidades de refinação e processamento de gás. Tabela IV – Reservas de petróleo bruto por campos (milhões de barris) Fonte: Sonatrach

Produções de petróleo bruto e gás natural

A tabela seguinte mostra os valores das produções anuais de petróleo bruto e gás natural da última década

Tabela V- Produções de petróleo bruto e gás natural

Anos Produção de Petróleo (milhões de m3)

Produção de gás (biliões de m3)

1992 56.5 55.3 1994 56.4 51.6 1996 59.3 62.3 1998 61.8 76.6 2000 66.8 84.4 2001 65.8 78.2 2002 70.2 80.4

Fonte: BP (2003)

Campos Reservas Hassi Messaoud 5980

Rhourde El Baguel 644 Berkine 1288

Tin Fouye Tabankort 368 Haoud Berkaoui 370

In Amenas 276 Other Fields 274

Total 9200

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Devido à situação geográfica e económica privilegiada a Sonatrach desenvolveu uma relação comercial muito forte com o sul da Europa e os Estados Unidos e tem um particular interesse nos países mediterrâneos e da região do Maghreb, assim as maiores exportações do país vão para esses países.

Exportações de produtos petrolíferos

As exportações, em milhões de toneladas de petróleo equivalente da Argélia podem ser observadas no quadro seguinte:

Tabela VI - Exportações de produtos petrolíferos

Produtos 1995 1996 1997 1998 1999 2000

Petróleo brutol 15.42 18.17 17.35 19,3 19,3 21,4 GNL (condensado) 17.44 18.16 17.85 17,3 17,1 17,7 Produtos refinados 14.64 13.91 15.81 14,1 14,9 14,9

Gás natural 18.58 20.08 22.88 26,4 32,1 32,9 Gás natural liquefeito 17.59 19.63 24.07 24,5 26,0 26,6

Gás de petróleo liquefeito 4.03 4.52 5.82 6,8 7,8 8,5

Total 87.70 94.47 103.78 108,3 117,2 122,1 Fonte: Sonatrach* Phases I & II Tabela VII - Capacidade instalada de liquefacção e processamento

Liquefacção e instalações de processamento Complexo Capacidade (milhões

tons por ano) Trens Produção de 1999 (Bcm)

GL1Z (Arzew) 8.8 6 9.1 GL2Z (Arzew) 8.8 6 12.0 GL1K (Skikda)* 5.8 6 4.4 GL4Z (Arzew) 1.1 1 0.8

Fonte: Sonatrach* Phases I & II

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Tabela VIII - Capacidade de refinação em 2001 (bpd)

Refineria capacidade

Algiers 63,323 Arzew 58,632

Hassi Messaoud 28,910 Skikda 351,800 TOTAL 502,665

Fonte: Sonatrach

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Fontes e bibliografia:

Akretche, Saïd (1996), Le Partenariat avec les Companies Pètrolières Etrangèeres dans les Activités d´Exploration et d´Exploitation des Hydrocarbures, Comité Algérien de L´Energie APPA (2003) - ´Annuaire Officiel- 2003’ -Association dês Producteurs de Pétrole Africains – Éditions SAD Paris. Belguedj, Mourad (1999), The business of international exploration: 50 years of Algeria´s oil and gas. AAPG Annual Conference Book, 1999 Bencheikh, A. (1971), Les Instruments Juridiques de la Politique Algeriennne des Hydrocarbures BP (2003), Statistical Review of World Energy, June 2003 -http://www.ieicenter.com/energy/BP_Statistics.asp Global Energy Review – Volume1, January 2003, CWC Publishing Limited – The CWC Group Office National des Statistiques de l'Algérie: http://www.ons.dz. Mbendi Information Services, Algeria - Oil And Gas Industry: Exploration & Production: Overview, Capetown – Ministério da Energia e Minas da Argélia: http://www.mem-algeria.org OPEC (2002), Annual Statistical Bulletin http://www.opec.org/Publications/AB/AB.asp - Sonatrach: http://www.sonatrach-dz.com

Legislação Argelina

1976 Ordonnance du 16 Avril 1976 Portant Organisation de L'éducation et de la Formation. 1986 Loi n° 86-14 du 19 août 1986 modifiée et complétée relative aux activités de prospection, de recherche, d'exploitation et de transport, par canalisation, des hydrocarbures, p. 1019. (N° JORA: 035 du 27-08-1986) 1987 Décret N° 87-157 du 21 Juillet 1987 relatif a la classification des zones de Recherche et d'exploitation des hydrocarbures, P. 763. (N° JORA : 030 Du 22-07-1987). 1987 Décret N° 87-159 du 21 Juillet 1987 relatif a l'intervention des sociétés etrangères dans les activités de prospection, de recherche et d'exploitation d'hydrocarbures liquides, P. 768. (N° JORA : 030 Du 22-07-1987).

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Anexo II História da Indústria Petrolífera Argelina

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1992 Arrêté Interministériel du 6 Octobre 1992 portant tarification du transport par canalisation des hydrocarbures, P.1756. (N° JORA : 083 du 18-11-1992). 2002 Projecto de Lei apresentado em 3 de Setembro de 2002, que deve ser examinado pelo Governo, Conselho de Ministros, Senado e Assembleia Nacional para debate e aprovação.

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Anexo II História da Indústria Petrolífera Argelina

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Índice I – Introdução 1 I.1 – Aspectos históricos 2 I.2 – Informações gerais 3 I.3 – Potencialidades petrolíferas da Argélia 5 I.4 – A política económica para os hidrocarbonetos após independência até 1971 6 I.5 – Os contratos de 1971-1979 – A nacionalização da indústria petrolífera 7 I.6 – A era dos contratos de risco 8 I.7 – Os contratos dos anos 80: um período para correcções 8 I.8 – O plano Quinquenal de 1985-1989: Reversão da nacionalização e nova legislação 10 I.9 – Diferenciação de regimes fiscais para campos de produção já existentes (decreto 87-157) 12 I.10- A era moderna: A Lei 1991 do Petróleo 13 I.11 – A nova posição da Argélia no mundo petrolífero 15 I.12- O papel da gás Natural 15 I.13 – Exportações de gás e GNL 16 I.14 – Gás Líquido Natural 16 II-A estrutura actual do sector 18 III- Algumas informações sobre a Sonatrach 20 III.1- Filiais nacionais 20 III.2- Filiais internacionais 21 IV- Recursos Humanos 23 Trabalhadores da Sonatrach Holding referentes a 2002 23 V- Reservas, produções e exportações 24 Produções de petróleo bruto e gás natural 24 Tabela V- Produções de petróleo bruto e gás natural 24 Exportações de produtos petrolíferos 25 Tabela VI - Exportações de produtos petrolíferos 25 Produtos 25 Refineria 26 Fontes e bibliografia: 27

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Anexo III – História da Indústria Petrolífera Norueguesa.

A descoberta de Petróleo no Mar do Norte e a partilha da Plataforma Continental. Em 1959 foram descobertos depósitos de gás em Groeningen na Holanda, este facto fez reavaliar os estudos feitos pelos geólogos relativamente ao potencial petrolífero no Mar do Norte. As investigações feitas na Holanda demonstravam que as rochas sedimentares em que se encontravam os depósitos de gás se estendiam pelo mar; assim, aceitava-se considerar a hipótese de que estas se podiam estender até ao território norueguês.

Após investigações, os cientistas verificaram que se poderia encontrar petróleo no fundo do mar, a profundidade de 2000 metros. Na altura, o Estado Norueguês não dispunha nem da tecnologia nem dos recursos exigidos para este tipo de explorações. Assim, era necessário atrair companhias estrangeiras com tecnologia, experiência no sector petrolífero e poder económico. Desde muito cedo, o Estado determinou os princípios fundamentais da sua política petrolífera: "apesar da necessidade de atrair meios estrangeiros para a exploração dos recursos submarinos, o controlo nacional era essencial" (Ministry of Petroleum and Energy (2000). A soberania norueguesa sobre a Plataforma Continental Norueguesa, relativamente à exploração e à produção de recursos naturais submarinos, foi proclamada em 31 de Maio de 1963. Um estatuto novo determinava agora que o Estado Norueguês seria dono de qualquer recurso natural da Plataforma Continental Norueguesa e que somente a Coroa teria autorização para ceder licenças para exploração e produção petrolíferas no Mar do Norte. No mesmo ano, as companhias eram autorizadas a fazer investigações preparatórias. Estas licenças de reconhecimento permitiram aos agentes em questão a realização de exames sísmicos, não autorizando, no entanto, a perfuração do solo. As descobertas petrolíferas no Mar do Norte iniciaram uma fase com novas exigências para a exploração de petróleo e de gás. Era agora necessário desenvolver novas tecnologias e novos acordos para regulamentar águas

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Anexo III História da Indústria Petrolífera Norueguesa

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internacionais e novas regras de exploração do fundo do mar. A convenção de Genebra de 1958 estabelecia que os estados costeiros tinham o direito de explorar o mar até 200 metros de profundidade ou até onde fosse possível explorar recursos. Esta decisão fez com que dificilmente se pudesse determinar o limite entre direitos territoriais noruegueses e britânicos. Uma sugestão britânica alvitrava que estes mesmos deveriam usufruir da zona a leste do oceano nórdico que tivesse até 200 metros de profundidade. A área em questão situa-se muito perto da costa norueguesa e, se assim fosse, os britânicos iriam usufruir de 90% do Mar do Norte. Consequentemente, negociadores noruegueses, britânicos e dinamarqueses desenvolveram novos acordos sobre a divisão do mar, determinando as fronteiras da Plataforma Continental Norueguesa segundo princípios diversos daqueles que tinham sido estabelecidos na Convenção de Genebra. Os acordos sobre a divisão do Mar do Norte segundo o princípio da linha mediana foram elaborados entre a Noruega e o Reino Unido em Março de 1965 e entre a Noruega e a Dinamarca em Dezembro do mesmo ano. (A divisão através da linha mediana é válida para os territórios situados no lado sul do 62º paralelo de latitude). Estes acordos demonstraram-se bastante favoráveis para a Noruega, já que lhe foi atribuído o controlo sobre cerca de 40% da plataforma do Mar do Norte. A exploração era, na fase inicial, dominada por companhias estrangeiras, que descobriram os primeiros campos de petróleo e de gás do país. Foi determinado muito cedo que estas multinacionais iriam desempenhar um papel importante na criação da comunidade petrolífera norueguesa. Foi a companhia americana Phillips Petroleum que primeiro se dirigiu ao governo norueguês em 1962. No Outono de 1962, a companhia solicitou permissão para levar a cabo investigações geológicas em território norueguês. No entanto, só depois de ter sido esclarecida a questão da divisão da Plataforma Continental se começaram a conceder licenças para exploração. O primeiro licenciamento "offshore" foi anunciado em 13 de Abril de 1965, pela qual foram concedidas 22 licenças de produção incluindo 78 blocos. Destas, Phillips ficou com três licenças sobre onze blocos (Ministry of Petroleum and Energy (2000). Em 1964 o Conselho da Plataforma Continental, que tinha sido criada há pouco tempo, propôs ao estado encorajar todas as iniciativas de empresas que se

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Anexo III História da Indústria Petrolífera Norueguesa

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quisessem envolver na procura de petróleo. Assim, foi criada a companhia de Nocoto, que mais tarde se transformou em Saga Petroleum.

A partir desse momento, agentes de todos os sectores da indústria e da navegação mobilizaram-se para apoiar a iniciativa da Saga com investimentos de centenas de milhares de milhões de coroas. Nunca na história do país tinha havido um investimento comum de tal dimensão. Estes recursos não foram suficientes para a empresa para atingir os seus objectivos pelo que se se juntou à companhia americana Amoco. No entanto, apesar da fusão com os americanos, a Saga Petroleum teve de desistir das suas operações no Mar do Norte, um dos motivos foi o do navio de sondagem não ter capacidades para suportar as águas violentas do Mar do Norte. Em 1969 a Phillips Petroleum fez a primeira grande descoberta de petróleo na Noruega: Ekofisk. O que significou uma grande mudança na vida do país. Com a descoberta de Ekofisk começou o que se chamou de "aventura do petróleo" na Noruega. A área em questão tinha capacidades de exploração de mais de 30 milhões de toneladas de petróleo por ano e assim foi, até hoje, a maior descoberta petrolífera de sempre na Plataforma Continental Norueguesas.

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Anexo III História da Indústria Petrolífera Norueguesa

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Organização Estatal das Operações Petrolíferas Estrutura estatal interveniente no sector petrolífero Ministério dos Petróleos e Energia Ministério do Trabalho e Administração Governativa Ministério das Finanças Directorado Norueguês do Petróleo

Quadro I – Estrutura do sector estatal no sector dos petróleos

Fonte: Ministry of Petroleum and Energy, (2002)

Desde o início dos anos setenta, os objectivos principais na política petrolífera norueguesa, têm sido a gerência e o controlo nacionais, a criação de uma comunidade petrolífera norueguesa e uma forte participação estatal. Para atingir estes objectivos foram criadas novas estruturas e novos instrumentos no sistema político do país.

O Parlamento (Storting) Norueguês, o Governo, o Ministério de Petróleo e Energia e uma nova instituição estatal: a Direcção Geral de Petróleo Norueguesa (NPD) iria ter a responsabilidade sobre a administração das operações petrolíferas. Resumidamente eis as responsabilidades de cada um dos agentes principais pelo desenvolvimento do sector petrolífero: a) - O Parlamento (Storting) O Parlamento determina as condições em que as operações petrolíferas devem ser executadas. Projectos de desenvolvimento de grande importância e questões de princípio têm de ser considerados e aprovados pelo Parlamento.

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b) - O Governo

O Parlamento pode delegar os seus poderes no governo quando se trata de projectos de desenvolvimento menores. Cabe também ao governo atribuir licenças para operações petrolíferas.

c) - O Ministério de Petróleo e Energia (MPE).

O Ministério dos Petróleos e Energia, (MPE) está dividido em quatro departamentos, cobrindo exploração e produção (E&P) e mercado, petróleo, recursos da energia e de água, e administração, orçamentos e contabilidade respectivamente. A responsabilidade das actividades petrolíferas recai nos departamentos de E&P e de mercado e de petróleo. É de realçar as de entre outras as principais actividades importantes do MPE:

• Controlar as actividades relativas ao desenvolvimento, às operações e ao transporte e comercialização do petróleo e do gás natural liquefeito, NGL.

• Controlar o plano de resposta da emergência no sector petrolífero, incluindo o armazenamento de produtos petrolíferos nas crises. Contribuir para a fixação dos impostos do sector.

• Coordenar a preparação e a execução de políticas da exploração, tais como a abertura de novas áreas offshore, de concessões de licenças, e supervisionar operações da exploração.

• Coordenar a preparação e a execução de políticas da exploração, tais como a abertura de novas áreas offshore, de concessões de licenças, e supervisiona operações da exploração.

• É responsável pelas questões relacionadas com o desenvolvimento, à operação e ao transporte para campos de gás, incluindo o exercício do papel de proprietário da Gassco AS assim como as questões relativas ao mercado do gás natural.

• Responsável pela coordenação das questões ambientais, incluindo questões climáticas. Também responsável pelo cumprimento dos acordos internacionais relativos às emissões no ar.

• Tratar das questões relacionadas com a indústria de prestação de serviços. Assegurar os esforços para a internacionalização da indústria

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Anexo III História da Indústria Petrolífera Norueguesa

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petrolífera norueguesa e questões relacionadas com a pesquisa e desenvolvimento.

• É responsável pelos interesses do Estado na Statoil, nas Participações

Directas do Estado (SDFI) e do fundo de seguros para o sector petrolífero estatal.

• Realizar análises económicas do sector do petrolífero para suportar a preparação de políticas do governo, incluindo o sistema de fixação de impostos no sector.

• Tratar todas as questões legais, tais como preparar leis e regulamentos e outras estruturas legais. Também responsável pelo aconselhamento jurídico relativo às actividades petrolíferas.

O Ministério do Trabalho e da Administração Governativa, é o responsável por todo o ambiente de trabalho no sector petrolífero assim como pelas respostas de emergência e aspectos de segurança do sector. Directorado norueguês do petróleo - NPD, o Parlamento decidiu em 2 Junho de 1972 criar o Directorado Norueguês do Petróleo (NPD) em Stavanger. Esta agência é administrativa subordinada ao MPE. Contudo nas questões relacionadas ao ambiente de trabalho, às respostas de emergência, à segurança reporta ao Ministério do Trabalho e da Administração Governativa. Entre outras são de salientar as seguintes actividades para o NPD:

• Exercer o controle administrativo e financeiro para assegurar que a exploração para e a produção do petróleo estejam realizadas de acordo com a legislação, regulamentos, decisões, termos de licenciamento.

• Assegurar-se de que a exploração para e a produção do petróleo estivessem perseguidas em todas as vezes de acordo com os orientações emanadas pelo MPE.

• Assessorar o MPE nas questões relativas à exploração para e à produção dos recursos naturais submarinos.

• O NPD é sediado em Stavanger, e tem um escritório de filial no porto norueguês norte de Harstad.

e) - Participação Estatal (Ministry of Petroleum and Energy, 2002) A lei estabelece que o petróleo e o gás de Noruega da pertencem à comunidade norueguesa e devem ser controlados para o máximo benefício das gerações

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actuais e vindouras. Um objectivo geral da política petrolífera do estado é no sentido de assegurar que a maior parte dos rendimentos provenientes da exploração petrolífera beneficie a comunidade. Participação Financeira Directa do Estado (SDFI) A participação financeira directa do (SDFI) no sector do petrolífero foi estabelecida a 1 de Janeiro de 1985, quando a maioria das participações da Statoil no offshore norueguês foram divididas em duas partes sendo uma a componente financeiro directo para o estado (SDFI) e a outra em componente para a companhia. Este arranjo é um instrumento específico para cada campo e está adaptado ao potencial das reservas e rendimentos de cada licença da produção. De 1985 até ao 14º turno licenciando em 1993, o SDFI recebeu uma percentagem em cada licença da produção concedida. Nas concessões feitas após o14º turno, a participação á baseada nas reservas potenciais e no rendimento nos turnos respectivos por altura das concessões. A percentagem da SDFI é ajustada a zero em algumas licenças da produção. Em 2001, o Parlamento decidiu reestruturar a participação do estado no sector do petrolífero. Assim vendeu 15% dos seus interesses à Statoil e mais 6.5% a outras companhias em 2002.

Statoil ASA

O Parlamento decidiu em 2 de Junho 1972 criar uma companhia de petróleo estatal. O objectivo da Statoil é, per si ou em associação com outras companhias, realizar a exploração, a produção, o transporte, a refinação e a comercialização do petróleo bruto e seus derivados, assim como outros negócios. A Statoil foi parcialmente privatizada e listada nas bolsas de valores de Oslo e Nova York em 18 de Junho de 2001, com 18,2 por cento da companhia vendida aos accionistas anónimos em Noruega e no exterior. O estado possuía 81,7 por cento das acções da empresa em 1 Janeiro de 2003. O Parlamento pretende reduzir a participação do Estado até 67%. A privatização parcial da Statoil provocou mudanças no papel e nas tomadas de decisão do estado relativamente a empresa. As cláusulas previstas na Lei das Empresas Publicas e os regulamentos especiais para as empresas estatais, (Public

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Anexo III História da Indústria Petrolífera Norueguesa

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Limited Companies Act) deixaramde ser relevantes , mas o estado continua a ter uma grande influência uma vez que detém a maioria das acções. O governo, através do MPE, age como um proprietário profissional a par com outros accionistas. No prospecto de oferta pública para a Statoil, o governo indicou que como um de muitos accionistas concentraria nas questões relacionadas com o retorno no capital e nos dividendos, com a ênfase no desenvolvimento a longo prazo de operações rentáveis e com mais valia para todos os accionistas. A Statoil continuará a ser a responsável pela comercialização do petróleo bruto e do gás estatais.

Petoro AS

Petoro AS controla o SDFI em nome do estado, que continua a ser o proprietário do portfólio de SDFI. O objectivo a longo prazo total ao controlar o portfólio é criar, numa base comercial, o maior valor económico possível do SDFI tendo em conta os interesses do estado. São funções da empresa: • Controlar os interesses do estado nas • Monitorar as vendas da Statoil relativas ao petróleo bruto do SDFI, de acordo

com as orientações dadas à Statoil. • Exercer a gerência financeira do SDFI, incluindo o acompanhamento das

contas. Petoro é financiada por dotações governamentais, e não recebe nenhum rendimento dos recursos de SDFI. Estes recursos serão controlados contas do governo. As receitas e as despesas que relativas ao SDFI serão suportadas pelo orçamento de governo central.

Gassco AS

Ligada a privatização parcial da Statoil o Parlamento resolveu criar uma companhia separada para o transporte do gás natural, a Gassco AS que foi estabelecido em 14 de Maio de 2001.

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A intenção do governo ao criar a Gassco é que: • as facilidades do transporte e do tratamento do gás sirvam a todos os

produtores e contribuir para uma utilização total eficiente dos recursos do offshore.

• a companhia agirá neutra para todos os usuários dos sistemas do transporte do

gás ao operar estas infraestructuras. • a companhia jogará um papel importante em futuros desenvolvimentos no

sistema de transportes. Gassco tornou-se em 1 Janeiro 2002 como o operador de todos os gasodutos para a terra assim como de todas as instalações terrestres. A companhia é completamente estatal e está baseada em Bygnes no norte da autoridade local de Karmøy de Stavanger.

Breve historia da produção de hidrocarbonetos O campo de gás North-East Frigg foi o primeiro desenvolvimento no mar da Noruega a cessar a produção em Maio de 1993. Um total de 12 campos foi fechado até Janeiro de 2002. A produção norueguesa de petróleo bruto e do gás aumentou substancialmente nos últimos 10 anos e o país tornou-se no terceiro maior exportador do mundo o terceiro de petróleo bruto após a Arábia Saudita e a Rússia. As operações petrolíferas têm uma importância significativa na economia de Noruega, contribuindo consideravelmente para as receitas do estado.

Mar do Norte

O campo de Balder foi descoberto em 1967. O campo de Ekofisk que foi descoberto em Dezembro de 1969, foi declarado grande descoberta em 1970. Ainda nesse ano, diversos descobertas foram feitas na mesma área. A produção de petróleo do mar norte do norueguês começou em 1971 no campo de Ekofisk na extremidade sul. Este petróleo erra carregado em petroleiros até 1975 altura em que o oleoduto Norpipe ao Reino Unido foi terminado. A linha de gás seco do sistema de Norpipe de Ekofisk a Emden na Alemanha entrou em operação em 1977, iniciando exportações norueguesas do gás natural a Europa continental

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O campo de Frigg foi descoberto em Maio 1971 e começou a produzir seis anos mais tarde. Um gasoduto para exportação de gás seco foi construído em direcção a St Fergus em Grã-bretanha. O campo de Statfjord descoberto em 1974 é partilhado entre Noruega e o Reino Unido tem todas as três estruturas de base em no sector norueguês. A primeira plataforma entrou em produção em Novembro de 1979 O primeiro gás do mar norte foi transportado para a Noruega veio do de Statfjord para Kårstø, ao norte de Stavanger em 1985, onde o condensado é removido e o gás seco é conduzido para a Europa continental. Statfjord foi a primeira operação importante Statoil. A zona abrangendo Statfjord, Gullfaks, Snorre e diversos campos menores, Tampen transformou-se na mais importante região produtora de petróleo da plataforma norueguesa durante os anos 80 e 90´s. As exportações são feitas por um sistema vai e vem de para enviar o óleo da área. O desenvolvimento do campo de Oseberg foi aprovado em 1984, com o início de produção em 1988. O óleo deste campo é conduzido a Sture perto de Bergen. Oseberg foi o primeiro campo norueguês para receber o gás de injecção de outro reservatório, usando as instalações de Togi em Troll. Os desenvolvimentos East Sleipner e o da fase I de Troll foram aprovados pelo Parlamento em 1986, o que pode ter sido um reflexo da importância que o gás começou a ter no conjunto da indústria petrolífera norueguesa. O projecto de desenvolvimento do campo de Troll tornou-se num dos maiores projectos de energia do mundo. Envolvendo a produção de zonas finas de petróleo, a segunda fase foi aprovada em 1992 e colocou Troll entre os principais campos de petróleo de Noruega. Entrou em produção em 1995. O petróleo bruto de Troll é conduzido a Mongstad perto de Bergen.

Mar da Noruega

As primeiras três licenças de produção acima do paralelo 62 a foram concedidas em 1980. No ano seguinte, foi descoberto petróleo no campo de Midgard no Halten Bank (agora parte do campo de Åsgard). Desde então uma série de descobertas têm ocorrido. O primeiro projecto de desenvolvimento aprovado na área foi o do campo de Draugen em 1988 tendo entrado em produção em 1993, tendo se seguido os campos de Heidrun, Njord, Norne e o Åsgard. Os planos de desenvolvimento e operações de Kristin e Mikkel foram aprovados em 2001

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O Parlamento aprovou a construção de um gasoduto para transporte do gás, Haltenpipe de Heidrun a Tjeldbergodden a meio da Noruega em Fevereiro 1992. Heidrun entrou em produção em 1995, e o gás associado deste campo é matéria-prima para a produção de metanol em Tjeldbergodden desde 1997. Em relação ao desenvolvimento de Åsgard, foi dada a aprovação para um novo gasoduto para Kårstø. Este sistema Åsgard Transport aprovado em 1998, e tornou-se operacional em Outubro 2000. É o único gasoduto de exportação do gás do Halten Bank. de. Há duas pequenas linhas ligadas no Åsgard transporte - os sistemas da exportação do gás de Norne e de Heidrun que ficaram operacionais em Fevereiro 2001.

As águas profundas do mar norueguês, foram postas em concurso pela primeira vez no 15º turno de licenciamento. Sete das 18 licenças concedidas no turno de 1995 situam-se nas águas profundas de Møre e de Vøring. Duas descobertas grandes feitas nestas licenças durante 1997, confirmaram que a área tem grande potencial. Uma destes foi Ormen Lange, a segunda maior descoberta do gás na plataforma continental, com 400 milhões scm do gás. As licenças novas da produção foram concedidas nestas águas no 16º turno.

Mar de Barents

Um total de 39 licenças da produção foi concedido no mar de Barents desde 1980. Daí resultaram uma série de pequenas e médias descobertas de gás. Os planos de desenvolvimento e a operação para o projecto do LNG de Snøhvit foram submetidos às autoridades em Setembro 2001 e aprovados pelo Parlamento em Março de 2002. Estes são baseados em instalações submarinas ligadas por um gasoduto multifásico a um terminal de recepção em Melkøya fora de Hammerfest no norte da Noruega. O gás será aí processado, liquefeito e exportado através de metaneiro de gás natural liquefeito. A descoberta do campo de petróleo de Goliat foi feita em 2000. Diversas opções diferentes do desenvolvimento têm sido avaliadas, e as empresas continuam os esforços para conseguir a base económico-financeira para implementação do projecto.

Investimentos

Os investimentos na extracção de petróleo bruto e gás natural e transportes por condutas de gás e petróleo em Milhões de coroas Norueguesas

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Tabela I- Investimentos no sector petrolífero nos últimos anos em milhões de coroas

Anos 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Total 48 583 47 878 62 494 79 216 69 096 53 589 57 114 54 000

Fonte: Statistics Norway (2003)

Os investimentos no sector têm tido resultados favoráveis e a produção petrolífera têm aumentado progressivamente.

Produção de petróleo bruto e gás natural

Os quadros seguintes apresentam em resumo as produções totais de petróleo bruto e gás natural da última década, assim como o número de trabalhadores que estão afectos ao sector petrolífero do país.

Tabela II - Produções anuais de petróleo e gás

Anos Petróleo bruto (1000 tones)

Gás natural (biliões ft3)

1993 114 477 28 862 1994 129 330 30 610 1995 138 650 31 290 1996 156 816 41 825 1997 156 175 47 172 1998 149 742 48 146 1999 149 822 51 617 2000 158 597 53 076 2001 163 087 57 463 2002 157 262 68 881

Fonte: Statistics Norway (2003)

Recursos humanos do sector

O quadro seguinte mostra a evolução dos recursos humanos no sector petrolífero, desde 1995 a 2002 e inclui as empresas petrolíferas, de apoio logístico, catering, construção e manutenção de plataformas, construção e operação de instalações.

Tabela III – Recursos Humanos no sector petrolífero

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Fonte: Intsok (2003)

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O relatório dos serviços de Estatística da Noruega mostrou o quadro seguinte relativo aos recursos humanos das companhias de exploração de petróleo e gás e minas, do qual extraímos a parte ligada às empresas do sector petrolífero.

Tabela IV – Distribuição dos recursos humanos por grupos operacionais

Fonte: Statistics Norway (2003)

Montly earnings

Occupational group

Employees covered by the census

Total Basic paid

salary

Variable additional allowances

Bonuses, gratuity,

commission etc.

Payment for

overtime work

Employees, total 21 972 40 429 34 239 5 386 804 3 155

Of which Senior officials and managers

2 553 62 906 53 635 7 799 1 472 2 053

Professionals 4 275 46 780 42 602 3 021 1 157 2 325

Technicians and associate professionals

3 861 41 106 34 400 5 525 1 181 2 581

Clerks 1 037 28 604 26 248 1 773 582 2 411 Craft workers

2 837 33 648 27 891 5 325 433 3 677

Operators and drivers

5 932 34 116 27 255 6 518 342 4 428

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Os quadros seguintes mostram os resultados das adaptações do quadro anterior aos grupos ocupacionais e categorias profissionais adoptados por Angola.

Tabela V –

Distribuição dos recursos humanos por grupos ocupacionais

Tabela VI – Distribuição dos recursos humanos por categorias profissionais, adaptado ao decreto 20/82

Grupos ocupacionais Número de trabalhadores Técnicos superiors e

directores 2553

Profissionais 4275 Técnicos e profissionais

associados 3861

administrativos 1037 operadores 2837

Operadores e condutores

5932

outros 1477 Total 21972

Categories profissionais

Número de trabalhadores

Percentagem (%)

Grupo I a VI 5932 27 Grupo VII a

XI 13487 61

Grupo XII e superior

2553 12

Total 21972 100

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Os quadros seguintes mostram os resultados económicos relativos ao sector petrolífero (receita bruta, valores das exportações, investimentos e número de trabalhadores no sector) e a sua contribuição na economia norueguesa.

Tabela VII – Dados chave do sector petrolífero (biliões de coroas norueguesas)

Years 1994 1995 1996 1998 1999 2000 2001 2002

Gross product 114.2 121.6 167.5 131.6 178.6 341.6 325.8 294.1

Export value 108.6 115.5 159.8 122.9 164.9 312.0 307.5 281.5

Accrued investment 53.6 47.9 51.3 80.3 68.2 59.7 56.2 59.0

Employment (thousands) 18.7 17.7 17.0 16.1 16.1 16.5 16.1 16.4

Fonte: Statistics Norway (2003) Tabela VIII – As operações petrolíferas na economia norueguesa

Fonte: Statistics Norway (2003)

O Petróleo como factor de Crescimento Económico

Years 1994 1995 1996 1998 1999 2000 2001 2002

Share of gross product 13.1 13.1 16.3 11.6 14.5 23.2 21.3 19.2

Share of export value 32.6 32.4 38.1 28.8 33.9 45.5 44.0 44.1 Share of total employment 0.9 0.8 0.8 0.7 0.7 0.7 0.7 0.7

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Anexo III História da Indústria Petrolífera Norueguesa

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A divisão da Plataforma continental através da linha mediana mostrou-se bastante favorável para a Noruega, tomando em conta que as descobertas petrolíferas mais importantes foram feitas perto desta linha, em território norueguês. Nos primeiros tempos depois da divisão da Plataforma, o preço do petróleo rondava os dois dólares por barril. Tomando em consideração que uma actividade petrolífera no Mar do Norte exigia grandes despesas devido às condições climatéricas difíceis, este preço era baixo. Com preços baixos e com prognósticos incertos acerca do potencial real de extracção, o Governo demonstrou um grande cepticismo nas suas considerações sobre eventuais investimentos no sector. Em 1970, no entanto, com as grandes descobertas petrolíferas no Mar do Norte e com a crise do petróleo de 1973, a situação mudou dramaticamente. A partir de então, a Noruega ganhou o estatuto de país produtor de petróleo e, consequentemente, ao longo dos anos setenta tornou-se evidente que o novo recurso iria mudar a sociedade Norueguesa. Esta nova fonte de riqueza iria, em grande parte, ser utilizada para melhorar as condições sociais do Estado de Previdência: a idade de reforma desceu dos setenta para os sessenta anos, os subsídios para as famílias foram aumentados e foram desenvolvidas novas políticas para assegurar altos níveis de emprego e para aumentar os salários. Portanto, enquanto os outros países europeus se encontravam numa situação económica difícil devido à subida do preço de petróleo, a situação da Noruega era a de crescimento económico e melhores condições sociais. Devido aos rendimentos vindos principalmente do petróleo, mas também de outros recursos, a Noruega tem vindo a tomar se diferente dos outros países industrializados. A estrutura económica da Noruega está baseada na exportação de recursos naturais que constituem cerca de 70% de toda a exportação do país. A Noruega tem evitado estes problemas graças aos rendimentos vindos do sector petrolífero, nomeadamente através do Fundo de Petróleo. Neste fundo, o Estado tem conseguido criar um fundo de riqueza vindo do sector e que é utilizada para manter o bem estar dos cidadãos através do Estado de Previdência. Durante trinta anos, as actividades na plataforma continental têm constituído um verdadeiro motor de crescimento na economia norueguesa. Altos níveis de investimento durante esta época têm gerado emprego e consequentemente uma competência qualificada na indústria petrolífera. Os investimentos petrolíferos

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têm çontribuído fortemente para o crescimento económico. Sem contar com três anos na década de oitenta e no ano de 1998, a Noruega tem apresentado uma balança de Pagamentos positiva devido à exportação de petróleo. O rendimento líquido do Estado, vindo do sector petrolífero entre 1970 e 2000, foi de 1100 milhares de milhões de coroas.

O Fundo do Petróleo

Sendo um dos maiores exportadores de petróleo do mundo, a Noruega tem gozado de condições favoráveis. Cientes de que o petróleo é uma riqueza não renovável, as autoridades decidiram em 1990, criar o Fundo do petróleo, através do qual o Estado pretende assegurar-se que as futuras gerações posam tirar proveito da fortuna petrolífera através do sistema de “welfare”. Hoje em dia as receitas do fundo atingem os 400 biliões de coroas norueguesas. A função do fundo é da extracção da riqueza petrolífera originária, que são o petróleo e o gás, transformar parte da mesma em meios financeiros, como depósitos bancários, acções títulos. As transferências para o fundo correspondem ao “cash flow” líquido das actividades petrolíferas bem como aos lucros dos investimentos. As despesas do fundo correspondem às transferências para o Estado que são determinadas pelo Parlamento na elaboração do Orçamento do Estado. O banco da Noruega administra o Fundo sob a direcção do Ministério das Finanças.

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Fontes e Bibliografia

Ministry of Petroleum and Energy (2000) Fact Sheet 2000: Norwegian Petroleum Activity - http://www.dep.no/oed/engelsk/p10001563/026031-120003/dok-bn.html Ministry of Petroleum and Energy, (2002), Fact Sheet 2002: Norwegian Petroleum Activity - http://www.dep.no/oed/engelsk/p10002017/p10002019/026031-990013/dok-bu.html Intsok, Norwegian Oil and Gas Partners, http://www.intsok.no/home/index.html Statistics Norway - Http://www.ssb.no/english/

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Anexo III História da Indústria Petrolífera Norueguesa

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ÍNDICE

A descoberta de Petróleo no Mar do Norte e a partilha da Plataforma Continental. 1 Organização Estatal das Operações Petrolíferas 4 O Storting (Parlamento) 4 a) - O Parlamento 4 b) - O Governo 5 c) - O Ministério de Petróleo e Energia (MPE). 5 O Ministério do Trabalho e da Administração Governativa 6 Directorado norueguês do petróleo - NPD 6 e) - Participação Estatal ( 6 Statoil ASA 7 Petoro AS 8 Gassco AS 8 Breve historia da produção de hidrocarbonetos 9 Mar do Norte 9 Mar da Noruega 10 Mar de Barents 11 Investimentos 11 Produção de petróleo bruto e gás natural 12 Recursos humanos do sector 12 O Petróleo como factor de Crescimento Económico 16 O Fundo do Petróleo 18 Fontes e Bibliografia 19

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Anexo IV – O sistema de ensino em Angola Análise do sistema educacional de Angola

Em 1977, dois anos depois da independência, Angola adopta um novo Sistema de Educação e Ensino caracterizado essencialmente por uma maior oportunidade de acesso a educação e a continuidade de estudos, pela gratuitidade do ensino, e do aperfeiçoamento permanente do pessoal docente.

Em consonância com o sistema político, económico e social instaurado em 1975 foi definida a política educativa em 1977 de forma a corresponder às necessidades do País, à consolidação da Independência Nacional. Esta política é marcada essencialmente pelos princípios de igualdade de oportunidades no acesso à escola e à continuação de estudos, da gratuidade, no seu sentido mais amplo – inicialmente nem o estudante nem o seu agregado familiar pagavam quaisquer despesas com a educação e no ensino obrigatório nem o material didáctico era pago – e a laicidade do ensino, princípios esses, consubstanciados no Sistema de Educação da República de Angola, aprovado em 1977 e implementado a partir de 1978.

O Sistema de Educação compreende a estrutura de ensino seguinte:

• Ensino Geral de Base de 8 Classes, estruturado em 3 níveis, o primeiro do qual de 4 classes (obrigatório) e cada um dos dois com duas classes, que se deveriam tornar igualmente, à medida que as condições o permitissem, obrigatórios;

• Ensino Pré-Universitário, inicialmente concebido como o “módulo de transição” entre a fase terminal do Ensino Secundário do sistema colonial e a do novo sistema, para acesso ao Ensino Superior. Estruturado em 4 semestres lectivos, evoluiu, em 1986, para 6 semestres lectivos;

• Ensino Médio, com a duração de 4 anos e dois ramos fundamentais: o Técnico e o Normal, o primeiro destinado à formação de técnicos intermédios para o sector produtivo e o segundo destinado à formação de professores para o Ensino de Base;

• Ensino Superior, estruturado em Faculdades, com a duração de 5/6 anos, prevendo-se a existência de dois níveis de formação, solução implementada apenas a nível do Instituto Superior de Ciências da Educação. Esta, a “organização vertical” do Sistema.

Horizontalmente, o Sistema de Educação organiza-se em Subsistemas: o do Ensino de

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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Base, com duas estruturas de formação (Regular e de Adultos); o do Ensino Técnico-Profissional, que compreendia o Ensino Médio Técnico e a Formação Profissional e o Subsistema do Ensino Superior. (Vide seguidamente o fluxograma do sistema de educação vigente). Quadro I – Fluxograma do sistema de educação vigente

Fonte: Ministério da Educação e Cultura 2000 A partir do relatório do Ministério da Educação de 2000, vamos tentar resumir os aspectos mais importantes do sistema Educativo nacional. Ensino de Base Regular

O Ensino de Base está estruturado em (3) três níveis de ensino e 8 classes sendo: o I Nível da 1ª a 4ª classe tendo como limites etários os 6 e 9 anos; o II Nível com duas

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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classes (5ª e 6ª) tendo como limites etários os 10 e 12 anos; e o III Nível com duas classes (7ª e 8ª) tendo como limites etários os 13 e 15 anos.

Este subsistema tem como objectivo geral a formação integral do cidadão, através de uma série de conhecimentos gerais preparando o jovem para a continuação de sua formação a nível médio e superior ou permitir a aquisição de habilidades e saberes que lhe permitam a inserção na vida activa. Este subsistema tem ainda uma classe de iniciação com o objectivo de adaptar a criança à escola antes do ingresso na 1ªclasse.

O I Nível do Ensino de Base Regular

O I Nível de escolaridade ocupava em 1998, cerca de 73% do total dos alunos matriculados no Ensino de Base Regular. É constituído pelas 4 primeiras classes; Verificou-se a nível nacional que a taxa bruta de escolarização era de 79,4% da população estimada para a faixa etária dos 6 aos 9 anos.

De classe para classe, o número de alunos baixa abruptamente. Como resultado, 38,1% do total de alunos do I Nível estão matriculados na 1ª classe enquanto que na 4ª classe, essa proporção atinge os 12,2%.

As províncias, de Luanda, Benguela e Huíla, só por si, contaram com 51% das matrículas no I Nível de Ensino de Base Regular.

A província de Luanda controla cerca de 91% das matrículas do Ensino Particular a nível nacional.

Baseando nas estimativas do Instituto nacional de Estatística sobre a população angolana por idade, pode-se deduzir que a taxa bruta de escolarização para as primeiras quatro classes de Ensino e Base Regular, calculada na base do grupo etário dos seis aos nove anos era de 79,4%. A este respeito, é de assinalar que a taxa líquida de escolarização era de 55% significativamente abaixo da média de África Sub-Sahariana (60%).

Nas províncias de Lunda-Sul, Cunene, Huíla, Cabinda, Luanda, Kwanza-Sul, Benguela, Namibe e Bengo verificam-se valores superiores à média de 79,4%. Nessas últimas sete províncias, os valores obtidos são superiores à 100% devido a presença dum número importante de alunos matriculados fora da idade oficial. Portanto, nas restantes províncias, os valores obtidos não ultrapassam a média nacional. Nas

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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províncias mais afectadas pela guerra, as taxas não chegam aos 25%, tais como Bié e Malange.

A baixa taxa de escolarização na idade de 6 anos é sinal do ingresso tardio no sistema. Dos 332.309 alunos que no ano lectivo 1998, ingressaram pela primeira vez na 1ª classe, apenas cerca de 44,2% fizeram com 6 anos. A província da Huíla que ocupa a sexta posição em número de habitantes, é a segunda província com o maior número de alunos matriculados no I Nível do Ensino de Base Regular.

Corpo Docente (I Nível)

Para o enquadramento dos alunos da classe de Iniciação e I Nível registaram-se cerca de 42.135 docentes. Dos quais a maior parte não possui as habilitações adequadas. (Exemplos: na província de Luanda essa taxa é de 50,2%, na província da Huíla é de 93,0% e na província de Cabinda taxa atinge 87,7%.

Infra-estruturas Físicas (Escolas - Salas de aulas)

No ano lectivo de 1998, a média nacional do rácio alunos/professor era de 42. É possível encontrar nas zonas urbanas um professor a frente de 70 alunos. A situação das salas de aulas no País é lamentável sobretudo no I Nível de Ensino de Base Regular, onde a oferta educativa é inferior a procura, podendo estimar-se que apenas um em cada dois candidatos à inscrição na 1ª classe consegue lugar nos estabelecimentos de ensino existentes.

Rendimento Escolar - I Nível

De acordo com os dados consolidados de onze províncias do ano lectivo 1998/99, cerca de 27% dos alunos matriculados no I Nível abandonaram à escola ao longo do ano escolar, 26,8% reprovaram nos exames finais e apenas 46,7% aprovaram. Quanto aos alunos que abandonaram á escola no decurso do ano lectivo, ou os que reprovaram

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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nos exames pode não se matricular no ano seguinte devido a falta de vagas, circunstâncias familiares ou outros factores.

As taxas de repetência e abandono são bastante elevadas, acima de 20% em todas as classes do I Nível. De cada 1.000 alunos que ingressam na 1ª classe, cerca de 27,0% atingem a 4ªclasse. Assim, a retenção é pois extremamente baixa comparando com a média de África Sub-Sahariana onde 71% dos alunos sobrevivem até à 4ª classe.

Ensino do II e III Níveis de Ensino de Base Regular

O Ensino do II e III Níveis corresponde ao 1º Ciclo do Ensino secundário geral conforme o manual de classificação internacional tipo de educação da UNESCO. Este tipo de ensino é oficialmente destinado às crianças na faixa etária dos 10 aos 13 anos com a duração de quatro anos. Com efeito, registava-se uma taxa bruta de escolarização de 16,9%.A maior taxa era registada na província de Luanda e a taxa mais baixa na província do Kuando-Kubango assim criando um intervalo que oscila em todas as províncias entre 61,8% à 6,5%. A diferença entre as duas taxas mostrava que as disparidades geográficas eram significativas.

Corpo Docente (II e III Níveis)

Para os 237.475 alunos matriculados no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral (II e III Níveis) em 1998, existiam cerca de 11.391 docentes cuja maioria (62,9%) pertenciam ao Ensino do II Nível. Em províncias tão importantes como Kwanza-Norte, Huíla e Kuando-Kubango, a maioria dos docentes têm as habilitações correspondentes ao III Nível, inferior ao desejado (curso médio normal) para leccionar no II Nível. No III Nível, mais de 50% dos docentes aparecem com curso médio e superior.

Infra-Estruturas (Escolas - Salas de aula)

Totalizando 2.226 salas de aula para o II Nível, 933 para o III Nível, a rede escolar dos II e III Níveis tem uma utilização mais intensiva a nível nacional de que a rede do I Nível. Com efeito, a relação alunos/sala de aula era em média de 71 no II Nível e 84 no III Nível funcionando em dois turnos diários. Se a maioria dos edifícios se

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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destina apenas ao II Nível e III Níveis de Ensino de base Regular, outros há que albergam em simultâneo alunos do II e III Níveis ou I, II e III Níveis. O número de carteiras é insuficiente e a degradação desses edifícios é preocupante.

Eficácia (Rendimento Escolar)

Quanto ao rendimento escolar, a taxa de promoção era inferior à 50% nas 5ª e 6ª classes e à medida que se avança na 8ª classe, a taxa oscila a volta de 55,9%.

A tabela seguinte resume a actividade do Ensino de Base Regular no ano de 1998/9

Tabela I – Resumo da actividade do ensino de base regular no ano de 1998/9

Nível I II III Alunos 1272007 158742 78733 Salas 30280 2.226 933 Alunos por sala 42 71 84 Taxa de aprovação (%) 46,7 50 55,9 Docentes 42135 7160 4230

Fonte: Ministério da Educação e Cultura 2000

Ensino Médio (Normal e Técnico-profissional)

O Ensino Médio (Normal e Técnico-Profissional), constitui o subsistema de Ensino Técnico Profissional, bem assim como as escolas técnicas profissionais, e têm como objectivo a formação da mão-de-obra qualificada e de técnicos de nível médio de que o País necessita para o seu desenvolvimento económico e social.

O Ensino Médio tem a duração de 4 anos (9ª., 10ª, 11ª, e 12ª. classes) e tem duas modalidades. Uma denominada normal que tem como objectivo a formação de professores para os 1º. e 2º. Níveis de Ensino de Base (1ª. a 6ª classe). Este tipo de ensino é feito em instituições denominadas Institutos Médios Normais (INE).

A segunda modalidade de Ensino Médio, o Ensino Médio Técnico tem como objectivo a formação de técnicos de nível médio, (técnico intermédio entre o técnico superior e o

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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trabalhador qualificado) para os seguintes ramos e/ou especialidades: Indústria, Agricultura, Saúde, Petróleos, Pescas, Administração e Serviços, telecomunicações, Serviços Sociais, também têm a duração de 4 anos (9ª, 10ª, 11ª e 12ª. classes). Este tipo de ensino é feito em instituições de ensino denominadas Institutos Médio Técnicos. Estes níveis de ensino têm como limites etários os 14 e 18 anos de idade. Este nível de ensino regista uma taxa de escolarização bruta muito baixa, cerca de 5%.

O Ensino Médio Técnico

No ano lectivo 1998/99 estavam matriculados no Ensino Médio Técnico 23.119 alunos sendo 8.635 na 9ª classe; 6.550 da 10ªclasse; 4.839 da 11ª classe; e 3.095 da 12ª classe dos seguintes ramos: Económico; Industrial; Saúde; Agrário; e Especializados (Jornalismo, IGCA - Área Social; Pescas; Petróleos; Educadores Sociais; e INFAC - Formação Artística Cultural).

Concluíram nos diversos ramos do Ensino Médio Técnico 2.048 alunos quando estavam matriculados na 9ª. Classe (1º. Ano dos cursos) 8.635 alunos. Neste nível e subsistema de ensino a eficácia é semelhante a do Ensino de Base Regular verificando-se um rácio de 1 diplomado por cada 4 alunos matriculados na 9ª. Classe. A actual taxa de escolarização ou cobertura do Ensino Médio 5%, leva a que cerca de 100.000 jovens nas faixas etárias compreendidas entre os 13 e 17 anos de idade fiquem todos os anos sem possibilidade de prosseguir os seus estudos e formação, conclui-se que a actual rede do Ensino Técnico é insuficiente, não dá resposta ás necessidades do País.

Esta situação para além de criar sérios e graves problemas sociais compromete seriamente o desenvolvimento tecnológico, económico e social do País a curto, médio e longo prazo, comprometendo-se de forma grave a valorização dos recursos humanos nacionais, e colocando o País sempre na dependência técnica exterior.

No ano de 2000 estavam inscritos no ensino técnico profissional ligado à actividade industrial (electricidade, electrónica, mecânica, construção civil e telecomunicações)

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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7.250 alunos. Nos Institutos especializados (Pescas 415, Petróleos 835) e no ramo Agrário 1.204.

De 1994 a 1998 o Ensino Técnico Profissional formou no total 7.671 técnicos a uma média anual de 1.534/ano para todos os ramos e especialidades, a saber: Ramo Económico – 3.000; Indústria – 1.252; Saúde – 2.516; Agrário – 341; Especializado (Pescas, Petróleos e Assistência Social) – 562.

A agravar ainda mais esta situação, a base técnico material de ensino, (equipamentos e meios de ensino) actual, ou não existe, ou se existe é insuficiente e na maioria dos casos obsoleta, logo, em nada contribui para a formação técnica dos alunos.

Para além destes factores exógenos ao processo, existem factores endógenos, ligados ao currículo dos actuais cursos, aos planos de estudo e formação aos conteúdos programáticos das disciplinas curriculares que tornam os actuais cursos em vigor no Ensino Médio Técnico demasiado teóricos, distantes das profissões, distanciados da realidade laboral, que dificultam a inserção dos recém-formados na vida profissional. Para além destes factores, o índice de rentabilidade deste nível de ensino é muito baixo cerca de 42% o que limita os fluxos de saída dos alunos, reduzindo a capacidade de absorção de alunos neste nível de ensino.

Por último, face ás condições salariais, e de trabalho actuais do nosso sistema de ensino, a qualidade do corpo docente do Ensino Técnico Profissional é baixa, e aqui o problema coloca-se com maior acuidade pois o profissional da área prefere desenvolver a sua actividade no ramo privado do que optar pela carreira docente.

O Ensino Médio Normal (Formação de Professores)

O sistema de formação de professores realiza-se actualmente através de dois regimes sendo um de Formação Inicial e outro de Formação Contínua isto é, em serviço.

A formação para o Ensino Primário é assegurada pelos cursos básicos de formação docente cujos candidatos ingressam com a 6ª classe e tem uma duração de dois anos, e pelos Institutos Médios Normais, com a duração de quatro anos após a 8ª classe,

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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sendo a maioria dos formados nestas instituições absorvida para a docência nos Actuais II e III Níveis de Ensino de Base.

Para o Ensino Médio Normal, o Ministério não dispunha de dados de diplomados, contudo podia salientar que se registaram apenas na 12ª classe 1.931 finalistas quando no 1º ano estavam matriculados 7.135 alunos, o que dá um rácio de 27 finalistas para 100 alunos.

Na caracterização de Ensino Médio Normal e para uma melhor compreensão dos constrangimentos com que o mesmo se confronta, é pertinente que se tomem em consideração dois elementos de referência, sendo, nomeadamente, a implantação dos Institutos Médios Normais (IMN) em termos de rede escolar e o modelo de formação adoptado dos mesmos.

A maior parte dos Institutos Médios Normais funcionavam em instalações que à data da proclamação da independência eram propriedade da Igreja Católica, tendo passado à tutela do Estado por força da Lei da Nacionalização do Ensino.

Com a devolução de tais infraestruturas à Igreja acordado em 1990 e que não correspondeu qualquer investimento para reposição da capacidade até então existente, a problemática da rede dos IMN agravou-se e as soluções ou medidas alternativas encontradas têm sido, em muitos casos, de carácter extremamente precário.

Apesar disso, de 1990 a esta data verificou-se a criação de novos Institutos Médios Normais, instalados em edifícios adaptados ou em escolas de Ensino Secundário já existentes, o que de certo modo se ficou a dever à pressão manifestada pela crescente procura de acesso ao Ensino Médio.

Essa pressão desenfreada contribuiu para descaracterizar de forma ainda mais acentuada o ideário e projecto pedagógico iniciais dos Institutos Médios Normais, em que cujos cursos nem sempre correspondem às expectativas sócio profissionais da maioria dos seus alunos e que fazem deles apenas uma via alternativa de prosseguimento de estudos para acesso ao Ensino Superior, nas diversas faculdades da UAN.

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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Tabela II- Dados estatísticos relativos ao Ensino Médio (Normal e Técnico-profissional) – 9ª a 12ª Classe no ano de 1998/9

Fonte: Ministério da Educação e Cultura 2000 (*) -Para o Ensino Médio Normal, o Ministério não dispunha de dados de diplomados, contudo podia salientar que se registaram apenas na 12ª classe 1.931 finalistas quando no 1º ano estavam matriculados 7.135 alunos, o que dá um rácio de 27 finalistas para 100 alunos.

Tabela III- Alunos matriculados a todos os níveis de ensino no período 1994 – 1998

Níveis 1994-95 1995-96 1996-97 1997-98 1997-98 (Ens. Privado)

Iniciação 100778 109265 157493 239807 I nível (1ª-4ª classe) 966622 835760 853658 1272007 70.109 II nível (5ª-6ª classe) 131278 129879 132336 158742 19552 III nível (7ª-8ª classe) 61025 63002 69797 78733 10372 Pré-Universitário Médio 23342 34285 38101 43040 NA Superior *5405 7125 7916 8337 NA

Fonte: Ministério da Educação e Cultura 2000 Faltam ISCED e faculdade de ciências agrárias. Os números relativos aos alunos do ensino Pré-Universitário não estão disponíveis, ou estão incluídos no grupo dos alunos do ensino médio

Cursos Alunos matriculados

Alunos

Diplomados Ensino Médio Normal

INE (formação de professores) (*)

Ensino médio Profissional (formação de técnicos de nível médio)

Económico; Industrial; Saúde; Agrário; e Especializados (Jornalismo, IGCA - Área Social; Pescas; Petróleos; Educadores Sociais; e INFAC - Formação Artística Cultural).

23.119 2.048

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Ensino Superior

O Ensino Superior é o subsistema e nível de ensino terminal do Sistema de Ensino e tem por objectivos a formação superior de quadros técnicos, e a investigação científica.

Primeiro nível universitário: Bacharel O título de bacharelato, bacharel é obtido após 3 anos de estudo. É um grau terminal que pode ser seguido por 2 anos para se obter a licenciatura.

Segundo nível universitário.

O título de licenciado obtém-se após 5 anos de estudo. Terceiro nível universitário: Pós-graduação Corresponde aos cursos de mestrado e aos cursos de doutoramentos. A falta de laboratórios não permite que os estudantes prossigam os estudos de mestrados e doutoramentos nas áreas técnicas, tendo por isso os poucos estudantes que desejem frequentar estes cursos de se ausentar para o estrangeiro.

Actualmente este nível de ensino é realizado na Universidade Agostinho Neto (U.A.N.) única universidade estatal e em universidades privadas implantadas no País, (apenas em Luanda), a Universidade Lusíada e a Universidade Católica que têm somente 5 anos de experiência, a Universidade Jean Piaget e o Instituto Superior Privado de Angola há dois anos, e estas preferencialmente para cursos de áreas sociais.

A Universidade de Agostinho Neto

A Universidade António Agostinho Neto tem 6 faculdades, nomeadamente: Faculdade de Ciências, Faculdade de Ciências Agrárias, Faculdade de Direito, Faculdade de Economia, Faculdade de Engenharia, Faculdade de Medicina e um Instituto Superior

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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de Ciências da Educação, sediado no Lubango e com os núcleos nas províncias de Luanda, Benguela, Huambo e Huíla.

O universo de recursos humanos da Universidade Agostinho Neto no ano académico de 1999 foi de 10.313 pessoas, entre corpo discente (80,8%), corpo docente e auxiliar (7,6%) e de funcionários (11,6%), distribuído pelos serviços centrais e dez unidades orgânicas localizadas em Cabinda, Uíge, Luanda, Benguela, Huambo e Lubango. Deste universo 60% são do sexo masculino e 40% do sexo feminino.

Este nível de Ensino como aliás todos os outros, atravessa uma grave situação de carência de infra-estruturas, equipamentos, meios técnicos de ensino e investigação, carência de pessoal docente, bibliografia técnica e estruturas de apoio.

Os principais problemas que o Ensino Superior enfrenta em Angola são:

• A procura de acesso ao Ensino Superior é muito superior à oferta e essa diferença tende a acentuar-se;

• O Ensino Superior está instalado essencialmente na cidade de Luanda, capital do País;

• Os programas de formação oferecidos nem sempre se ajustam às necessidades da actividade económico-social e do mercado de trabalho;

• O Ensino é muitas vezes “livresco” com fracas componentes prática e de investigação;

• A disponibilidade de recursos financeiros é muito variável, incerta e, dum modo geral, insuficiente.

Acesso e Mobilidade ao Ensino Superior

Actualmente a capacidade de absorção de estudantes na Universidade Agostinho Neto responde apenas a 30% do número de estudantes que terminam o Ensino Médio.

A população estudantil foi de 8.337 estudantes sendo 41% do sexo feminino. O ISCED absorveu o maior número de alunos cerca de 55%. Segundo os dados apurados nalgumas faculdades e núcleos do ISCED, cerca de 25% da população estudantil tem idades compreendidas entre os 16 e 25 anos.

Estes indicadores indicam que a população estudantil é maioritariamente velha e se regista poucos jovens nos cursos que contribuem para o desenvolvimento económico e sustentável.

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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Durante o período em análise inscreveram-se nos exames de acesso dos cursos da UAN 8.289 candidatos. Destes compareceram aos exames de aptidão 7.502, tendo ficado apurados apenas 1.291, sendo 689 do sexo masculino 3 602 do sexo feminino. Os candidatos apurados representam 17% do total dos que comparecem aos exames de aptidão.

Em termos de evolução dos estudantes, constatamos que o número de alunos matriculados no Ensino Superior evolui positivamente passando de 7.125 alunos em 1996, para 8.337 alunos em 1998 e 1.865 em 1999.

Tabela IV – Evolução dos alunos da Universidade Agostinho Neto, 1999

Ano Lectivo 1996 1997 1998 1999 Estudantes 7.125 7.916 8.337 7.865

Fonte: Universidade de Agostinho Neto (2000)

Nos anos civis de 1998 e 1999, licenciaram-se pela Universidade Agostinho Neto 163 e 279 candidatos respectivamente. O quadro anexo mostra, para o ano de 1999 a estrutura orgânica da Universidade de Agostinho Neto, os cursos nela ministrados, o universo estudantil e número de licenciados daquele ano.

Corpo Docente e Auxiliar

Em 1999, o número total de docentes e auxiliares, era de setecentos e setenta e seis (776), dos quais 736 (95%) docentes e 40 (5%) auxiliares. A Faculdade de Medicina com 18% e a de Engenharia com 17% eram as que possuem maior número de docentes.

A distribuição percentual do corpo docente por categoria é a seguinte: 40% são assistentes, 21%professores auxiliares, 21% assistentes estagiários, 11% professores titulares e 7% professores associados.

Em relação ao grau académico dos docentes, 78% são licenciados, 8% com grau de mestrado e 14% doutores. Além disso, 112 docentes encontram-se a fazer pós-graduação no estrangeiro, dos quais 74 são do sexo masculino e 38 do sexo feminino. Existem também 3 técnicos dos serviços centrais em pós-graduação, dos quais 2 são do sexo masculino e um do sexo feminino.

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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A baixa formação do corpo docente (só cerca de 25% dos docentes tem pós-graduação) tem sido uma das mais notórias deficiências da U.A.N., condicionando negativamente a qualidade do ensino ministrado e a capacidade de investigação científica e desprestigiando a nossa Universidade e o País no contexto internacional.

Na Universidade Católica de Angola ministram-se os cursos de licenciatura de Direito, Economia e Gestão de Empresas e Engenharia Informática

A Universidade Jean Piaget de Angola surge no âmbito do acordo de cooperação, celebrado a 8 de Julho de 1998, entre o Ministério da Educação e Cultura da República de Angola e o Instituto Piaget de Portugal. As áreas de formação propostas são as seguintes: - Ciências Sociais e da Educação, Ciências e Tecnologia e Saúde.

Instituto Superior Privado de Angola ministra cursos de saúde nomeadamente licenciaturas em Odontologia, Fisioterapia, Ciências Farmacêuticas, Enfermagem e Psicologia, licenciaturas e bacharelatos em Gestão e Contabilidade, Informática, Arquitectura e Urbanismo e Comunicação Social.

Na generalidade todas as universidades exigem as seguintes condições de acesso

• Ter frequentado com aproveitamento a 12ª classe, o Ensino Médio, o Puniv ou qualquer curso equivalente reconhecido pelo Ministério da Educação e Cultura.

• Exame de aptidão exclusivo de cada universidade dependendo do curso a ser seguido.

A análise da situação do Ensino, pelo Ministério da Educação em 1999, foi caracterizada por:

• Uma taxa de escolarização muito baixa (55% no 1º. Nível; 16,5% no 2º. e 3º. Níveis; 5% no Ensino Médio; e 0,7% no Ensino Superior).

• Elevadas taxas de abandono escolar (em média superior a 30%). • Baixa taxa de promoção (apenas 52% no Ensino de Base Regular). • Elevadas taxas de reprovação (em média superior a 35%). • Baixa taxa de retenção (alunos que se mantêm no sistema com aproveitamento -

apenas 30%).

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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• Devido a inoperância das estruturas educativas, à sua organização institucional e sobretudo a qualidade e quantidade de recursos nelas envolvidos, leva às seguintes conclusões:

• Ineficácia do Sistema de Ensino - produzida pelos elevados índices ou taxas de reprovação e abandono escolar, e baixas taxas de promoção e retenção.

• Baixa qualidade de ensino - traduzida pelo nível de conhecimentos adquiridos pelos alunos após conclusão de um ciclo ou nível de ensino, devido aos desajustes dos programas de ensino, sistema de avaliação e qualidade do corpo docente.

• Inadequação entre o nível de investimentos feitos no Sector e as necessidades reais do sistema - traduzido pela insuficiente rede de infra-estruturas escolares, fraca cobertura do sistema (cerca de 1.000.000 de crianças em idade escolar fora do sistema) e pela falta de meios de ensino, equipamentos e mobiliário.

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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Para se ter uma ideia dos valores das despesas em educação vide os quadros seguintes em que se mostra a proporção da despesa da Educação no orçamento geral do Estado

Tabela V – Proporção da despesa da Educação no orçamento geral do Estado

Fonte:(*) – Programação do governo para 2002 (Lei 2/03) A despesa pública geral prevista para o ano de 2003 é de cerca de 358 biliões de Kwanzas (1 USD=80,00) e as despesas com a educação previstas são de 22 biliões de Kwanzas ou seja 6,24%, que se distribuem como se segue: Tabela VI- Distribuição das despesas previstas com a educação

Orçamento geral do Estado 100,00% Educação 6,24% Ensino primário 0,78% Ensino secundário 0,14% Ensino técnico profissional 0,44% Ensino de adultos 0,15% Ensino superior 0,74% Outros serviços de Educação 3,99%

Fonte:(*) – Programação do governo para 2002 (Lei 2/03) A nível de investimentos públicos a percentagem destinada à educação é de 1,82%. O Orçamento de despesas para ciência e tecnologia é de 178 milhões de Kwanzas ou seja 0,05 %.

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002(*) % Educ/ O.G.E

8,0 17,5 9,5 6,8 6,8 7,6 6,4 6,4 4,7 5,8 5,6 5,8 6,24

% PIB 4,1 6,1 3,9 3,8 1,8 2,5 2,4 2,6 2,7 5,3

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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Quadro II- Institutos Médios em Funcionamento no Paíse os Respectivos cursos ministrados (1998) PROVÍNCIA INSTITUIÇÃO CURSOS

Instituto Médio industrial de Luanda

* Electricidade * Química * Mecânica * Construção Civil * Electrónica e Telecomunicações * Informática

Instituto Médio industrial do Prenda * Electricidade Electrónica e Telecomunicações * Informática

Instituto Médio de Economia de Luanda * Contabilidade e Gestão * Administração Pública * Jornalismo

Instituto Médio de Economia do K.Kiaxi * Contabilidade

Instituto Médio Comercial de Luanda * Contabilidade * Secretariado

Instituto Médio de Saúde de Luanda

* Enfermagem * Laboratório * Radiologia * Farmácia

Instituto Médio de Telecomunicações * Telecomunicações * Informática

Instituto de Ciências Religiosas Curso de Educadores Sociais Escola Nacional de Artes Plásticas * Curso de Artes Plásticas Instituto Médio de Gestão do Kikolo * Gestão Instituto de Geodesia e Cartografia * Curso de Geodesia e Cartografia

Luanda

Instituto de Formação Bancária de Angola * Curso Bancário

Benguela Instituto Médio Industrial

* Construção * Civil Electricidade * Electrónica e Telecomunicações * Informática Mecânica

Instituto Médio de Saúde Enfermagem

Instituto Politécnico

* Construção Civil * Electricidade Electrónica e Telecomunicações * Mecânica * Informática

Cabinda

Instituto Médio de Saúde * Enfermagem Moxico Instituto Médio de Saúde * Enfermagem

Instituto Médio de Economia de Lubango * Administração Pública * Contabilidade e Gestão * Estatística

Instituto Médio Agrário * Pecuária * Agricultura

Huíla

Instituto Médio de Saúde * Enfermagem Bié Instituto Médio de Saúde * Enfermagem

Instituto Médio de Saúde Huambo

Instituto Médio Agrário

* Enfermagem * Agricultura * Pecuária

Uíge Instituto Médio Agrário * Agricultura * Pecuária

Cunene Instituto Politécnico * Administração Pública

Lunda Norte Instituto Politécnico * Electricidade * Mecânica * Química

Bengo Instituto Polivalente * Administração Pública Malange Instituto Médio de Saúde * Enfermagem

K. Sul Instituto Nacional de Petróleos * Perfuração e Produção * Mecânica * Geologia

Namibe Instituto Nacional de Pescas

* Máquinas e Motores Navais * Tecnologia do Pescado * Máquinas e Instalações Frigoríficas * Electricidade Naval

Os Institutos Médio Industrial de Benguela e de Luanda e o Instituto Nacional de Petróleos são potenciais fornecedores de técnicos ao sector petrolífero.

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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Quadro III- estrutura orgânica da Universidade de Agostinho Neto, os cursos nela ministrados, o universo estudantil e número de licenciados no ano de 1999.

Unidade Orgânica Curso matriculados (%) licenciados (%)

Faculdade de Ciências Biologia

Geociencias

Física

Química

Matemática

Engenharia Geográfica

114

269

88

121

119

86

3

9

4

Sub Total 797 10,3 16 5,73

Faculdade de Ciências Agrárias Agronomia

Medicina Veterinária

8

12

Sub Total 0,25 0 0,00

Faculdade de Direito 1753

Sub Total 1753 22,29 51 18,26

Faculdade de Economia Ciclo básico

Gestão

Economia

871

156

36

54

18

Sub Total 1063 13,52 72 25,81

Faculdade de engenharia Arquitectura

Civil

Electrónica

Informática

Mecânica

Minas

Química

175

154

150

50

94

209

101

9

4

1

2

2

Sub Total 933 11,86 18 6,45

Faculdade de Medicina Medicina 583

Sub Total 583 7,41 60 21,51

ISCED (Benguela, Luanda e

Lubango)

Pedagogia

Psicologia

Psico-Pedagogia

História

Filosofia

Biologia

Geografia

Matemática

Física

Química

Português

Inglês

Francês

251

524

49

329

150

72

162

320

37

54

125

236

254

7

35

6

1

3

2

2

6

Sub Total 2716 34,23 62 23,23

Total 7865 100,00 279 100,00

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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Dado a importância que a Universidade de Agostinho Neto tem para o país, consideramos importante citar qual era e por como se distribuía o seu corpo docente no ano de 2000:

Tabela VI- Distribuição do quadro docente da UAN

Docentes

Estrangeiros

Unidades Orgânicas Docentes

nº (*) (%)

Disciplinas Docentes

Por disciplina

Fac. de Ciências 94 24 26 263 0,4 Fac de Direito 86 1 1 60 1,4 Fac de Economia 63 4 6 71 0,9

Fac de Engenharia 135 19 14 123 1,1

Fac de Medicina 133 1 0,8 42 3,2

ISCED Benguela 65 10 15 131 0,5

ISCED Luanda 121 1 0,8 167 0,7

ISCED Lubango 77 1 1,3 408 0,2

TOTAL 774 63 8 1265 1,6 (*) dos quais somente 12 são residentes.

Fonte: Universidade de Agostinho Neto (2000)

Tabela VII- Alunos matriculados a todos os níveis de ensino no período 1994 – 1998

Níveis 1994-95 1995-96 1996-97 1997-98 1997-98 (Ens. Privado)

Iniciação 100778 109265 157493 239807

I nível (1ª-4ª classe) 966622 835760 853658 1272007 70.109

II nível (5ª-6ª classe) 131278 129879 132336 158742 19552

III nível (7ª-8ª classe) 61025 63002 69797 78733 10372

Pré-Universitário Médio 23342 34285 38101 43040 NA Superior *5405 7125 7916 8337 NA

Faltam ISCED e faculdade de ciências agrárias. Os números relativos aos alunos do ensino Pré-Universitário ou não estão disponíveis ou estão incluídos no grupo dos alunos do ensino médio

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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Nova Lei de Bases do Sistema de Educação

Tendo em conta os fracos resultados obtidos, as mudanças profundas no sistema sócio-económico, nomeadamente a transição da economia de orientação socialista para uma economia de mercado e com vista a responder as novas exigências da formação de recursos humanos, necessários ao progresso sócio-económico da sociedade angolana o governo de Angola anunciou, em 31/12/01, uma reforma para melhorar o acesso e a qualidade do ensino. Assim foi adoptada uma lei estabelecendo o novo sistema educacional cujo início se prevê em 2004.

A nova lei define a Educação como um processo que visa preparar o indivíduo para as exigências da vida política, económica e social do País e que se desenvolve na convivência humana, no circulo familiar, nas relações de trabalho, nas instituições de ensino e de investigação cientifico-técnica, nos órgãos de comunicação social, nas organizações comunitárias, nas organizações filantrópicas e religiosas e através de manifestações culturais e gimno-desportivas. Cabendo ao Ministério da Educação e Cultura a sua coordenação, as iniciativas da Educação podem pertencer ao Poder Central e Local do Estado ou a outras pessoas singulares ou colectivas, públicas ou privadas, competindo ao Ministério da Educação e Cultura a definição das normas gerais, de educação, nomeadamente nos seus aspectos pedagógicos, técnicos, de apoio e fiscalização do seu cumprimento e aplicação.

A lei define como objectivos:

• O desenvolvimento harmonioso das capacidades físicas, intelectuais, morais, cívicas, estéticas e laborais da jovem geração, de maneira continua e sistemática, e a elevação o seu nível cientifico, técnico e tecnológico, afim de contribuir para o desenvolvimento sócio-económico do País;

• A formação um indivíduo capaz de compreender os problemas nacionais, regionais e internacionais de forma crítica e construtiva para a sua participação activa na vida social, a luz dos princípios democráticos;

• A promoção do desenvolvimento da consciência pessoal e social dos indivíduos em geral e da jovem geração em particular, o respeito pelos valores e símbolos nacionais, pela dignidade humana, pela tolerância e cultura de paz, a unidade nacional, a preservação do ambiente e a consequente melhoria da qualidade de vida;

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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• O fomento do respeito devido aos outros indivíduos e aos superiores interesses da Nação Angolana na promoção do direito à vida, à liberdade e à integridade pessoal;

• O desenvolvimento do espírito de solidariedade entre os povos em atitude de respeito pela diferença de outrem, permitindo uma saudável integração no mundo.

O sistema de educação é integral pela correspondência entre os objectivos da formação e os de desenvolvimento do país e que se materializam através da unidade dos objectivos, conteúdos e métodos de formação, garantindo a articulação horizontal e vertical permanente dos Subsistemas, Níveis e Modalidades de Ensino, é laico e tem carácter democrático pelo que, sem qualquer distinção, todos os cidadãos Angolanos têm iguais direitos no acesso e na frequência aos diversos níveis de ensino e de participação na resolução dos seus problemas.

Ensino Primário é gratuito, quer no Subsistema de Ensino Geral quer no Subsistema de Ensino de Adultos. O pagamento da inscrição, da assistência às aulas, do material escolar e do apoio social nos restantes níveis de ensino, constituem encargos para os alunos, que podem recorrer, se reunirem as condições exigidas, à bolsa de estudos interna, cuja criação e regime devem ser regulados por diploma próprio.

O Ensino Primário é obrigatório para todos os indivíduos que frequentem o Subsistema do Ensino Geral.

A Educação realiza-se através de um Sistema Unificado, constituído pelos seguintes Subsistemas de Ensino.

• Subsistema de Educação Pré-Escolar; • Subsistema de Ensino Geral; • Subsistema de Ensino Técnico-Profissional; • Subsistema de Formação de Professores; • Subsistema de Educação de Adultos; • Subsistema de Ensino Superior;

O Sistema de Educação estrutura-se em três níveis:

• Primário; • Secundário • Superior

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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No domínio da formação de quadros para vários sectores económicos e sociais do país, sob a responsabilidade dos Subsistemas do Ensino Técnico-Profissional e da Formação de Professores, a Formação Média Técnica e Normal, corresponde ao 2º Ciclo do Ensino Secundário, com a duração de mais um ano dedicado a profissionalização, num determinado ramo com carácter terminal.

Subsistema de Ensino Geral é o fundamento do Sistema de Educação para conferir uma formação integral, harmoniosa e uma base sólida e necessária a continuação dos estudos em Subsistemas subsequentes.

Estrutura-se em: Ensino Primário e Ensino Secundário, sendo os principais objectivos:

• Cancelar a formação integral e homogénea que permita o desenvolvimento harmonioso das capacidades intelectuais, físicas, morais e cívicas;

• Desenvolver os conhecimentos e as capacidades que favoreçam a auto-formação para um saber-fazer eficazes que se adaptem as novas exigências;

• Educar a juventude e outras camadas sociais de forma a adquirirem hábitos e atitudes necessários ao desenvolvimento da consciência nacional.

• Promover na jovem geração e outras camadas sociais o amor ao trabalho e potenciá-las para uma actividade laboral, socialmente útil e capaz de melhorar as suas condições de vida.

O Ensino Primário, unificado por 6 anos, constitui a base do Ensino Geral, tanto para a Educação Regular como para a Educação de Adultos e é o ponto de partida para os estudos a Nível Secundário e tem os seguintes objectivos:

• Desenvolver e aperfeiçoar o domínio da comunicação e da expressão; • Aperfeiçoar hábitos e atitudes tendentes à sociialização; • Proporcionar conhecimentos e capacidades de desenvolvimento das faculdades

mentais; • Estimular espírito estético com vista ao desenvolvimento da criação artística; • Garantir a prática sistemática de educação física e de actividades gimno-

desportivas para o aperfeiçoamento das habilidades psico-motoras.

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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O Ensino Secundário, tanto para a educação de jovens, quanto para a Educação de Adultos, como para Educação Especial, sucede ao Ensino Primário e compreende dois ciclos de três classes:

• - 1º Ciclo do Ensino Secundário que compreende as 7ª, 8ª e 9ª Classes; • - 2º Ciclo do Ensino Secundário, organizado em áreas de conhecimentos de acordo

com a natureza dos cursos superiores a que dá acesso e que compreende as 10ª, 11ª e 12ª Classes.

São objectivos específicos do 1º Ciclo:

• Consolidar, aprofundar e ampliar os conhecimentos e reforçar as capacidades, os hábitos as atitudes e as habilidades no Ensino Primário;

• Permitir a aquisição de conhecimentos necessários ao prosseguimento dos estudos em níveis de ensino e áreas subsequentes;

São objectivos específicos do 2º Ciclo:

• Preparar o ingresso no mercado de trabalho e/ ou no Subsistema de Ensino Superior;

• Desenvolver o pensamento lógico e abstracto e a capacidade de avaliar a aplicação de modelos científicos na resolução de problemas da vida prática.

O Subsistema de Ensino Técnico-Profissional é definido como a base da preparação técnica e profissional dos jovens e trabalhadores começando, para o efeito, após o Ensino Primário. É objectivo fundamental do mesmo a formação técnica e profissional dos jovens em idade escolar candidatos a emprego e trabalhadores, preparando-os para o exercício de uma profissão ou especialidade, de forma a responder às necessidades do País e a evolução tecnológica. Compreende: Formação Profissional Básica e a Formação Média Técnica

A Formação Profissional Básica é o processo através da qual jovens e adultos adquirem e desenvolvem conhecimentos gerais e técnicos, atitudes, e práticas

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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relacionadas directamente com o exercício duma profissão, visa a melhor integração do indivíduo na vida activa, podendo contemplar vários níveis e desenvolver-se por diferentes modalidades e eventualmente complementar a formação escolar no quadro da educação permanente. Realiza-se após a 6ª Classe, nos Centros de Formação Profissional públicos e privados.

A Formação Média Técnica consiste na formação técnico-profiisional dos jovens e trabalhadores e visa proporcionar aos alunos conhecimentos gerais e técnicos para os diferentes ramos de actividades económica e social do país, permitindo-lhes a inserção na vida laboral e, mediante critérios, o acesso ao Ensino Superior.A Formação Média Técnica realiza-se após a 9ª Classe com a duração de quatro anos em Escolas Técnicas.Pode-se organizar formas intermédias de formação técnico-profissional após a 12ª Classe do Ensino Geral com a duração de um a dois anos de acordo com a especialidade.

O Subsistema de Formação de Professores consiste em formar docentes para a Educação Pré-Escolar e para o Ensino Geral, nomeadamente a Educação Regular, a Educação de Adultos e a Educação Especial.

Realiza-se após a 9ª Classe com duração de quatro anos em Escolas Normais e após estes, em Escolas e Institutos Superiores de Ciências de Educação. Podendo-se organizar formas intermédias de Formação de Professores após a 9ª e a 12ª Classes com a duração de um a dois anos, de acordo com a especialidade.

O Subsistema de Educação de Adultos visa a recuperação do atraso escolar mediante processos e métodos educativos intensivos e não intensivos, estrutura-se em classes e realiza-se em escolas oficiais, particulares, de parceria, nas escolas polivalentes, em unidades militares, em centros de trabalho e em cooperativas ou associações agrícolas, pastoris, destinando-se a integração sócio- educativa e económica do indivíduo a partir dos 15 anos de idade. Estrutura-se em: Ensino Primário que compreende a Alfabetização e a Pós-Alfabetização.

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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São Objectivos Específicos do Subsistema de Educação de Adultos entre outros:

• Aumentar o nível de conhecimentos gerais mediante a eliminação do analfabetismo juvenil e adulto, literal e funcional;

• Permitir a cada indivíduo aumentar os seus conhecimentos e desenvolver as suas potencialidades, nas duplas perspectiva de desenvolvimento integral do homem e da sua participação activa no desenvolvimento social, económico e cultural, desenvolvendo a capacidade para o trabalho através de uma preparação adequada às exigências da vida activa;

• Assegurar o acesso da população adulta à educação, possibilitando-lhes a aquisição de competências tecno-profissionais para o crescimento económico e o progresso social do meio que a rodeia, reduzindo as disparidades exigentes em matéria de educação entre a população rural e a urbana numa perspectiva do género;

• Contribuir para a preservação e desenvolvimento da cultura nacional, a protecção ambiental, a consolidação da paz, a reconciliação nacional, a educação cívica, cultivar o espírito de tolerância e respeito pelas liberdades fundamentais;

• Transformar a Educação de Adultos num pólo de atracção e de desenvolvimento comunitário e rural integrados, como factor de actividades sócio-económica e para a criatividade do indivíduo.

O Subsistema do Ensino Superior visa a formação de quadros de alto nível para os diferentes ramos de actividade económica e social do país, assegurando-lhes uma sólida preparação científica, técnica, cultural e humana, e os objectivos são:

• Preparar os quadros de nível superior com formação científico-técnica, cultural num ramo ou especialidade correspondente a uma determinada área do conhecimento;

• Realizar a formação em estrita ligação com a investigação científica, orientada para a solução dos problemas postos em cada momento pelo desenvolvimento do país e inserida no processo dos progressos da ciência, da técnica e da tecnologia;

• Preparar e assegurar o exercício da reflexão crítica e da participação na produção;

• Realizar cursos de Pós-Graduação ou especialização para a superação científico-técnica dos quadros do nível superior em exercício nos distintos ramos e sectores da sociedade;

• Promover a pesquisa e a divulgação dos seus resultados para o enriquecimento e o desenvolvimento multifacético do país.

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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Estrutura-se em: Graduação e Pós-Graduação.

A Graduação estrutura-se em: Bacharelato e Licenciatura.

O Bacharelato corresponde a cursos de ciclo curto, com a duração de três anos e tem por objectivo permitir ao estudante a aquisição de conhecimentos científicos fundamentais para o exercício de uma actividade prática no domínio profissional respectivo, em área a determinar, com carácter terminal.

A Licenciatura corresponde a cursos de ciclo longo, com a duração de quatro a seis anos e tem como objectivo a aquisição de conhecimentos, habilidades e práticas fundamentais dentro do ramo do conhecimento respectivo e a subsequente formação profissional ou académica específica.

A Pós- Graduação tem duas categorias: Pós- Graduação académica e Pós- Graduação profissional, tendo a académica dois níveis: Mestrado e Doutoramento. A Pós-Graduação profissional compreende a especialização.

O Mestrado, com a duração de dois a três anos, tem como objectivo essencial o enriquecimento da competência técnico-profissional dos licenciados.

A especialização corresponde a cursos de duração mínima de 1 ano e tem por objectivo o aperfeiçoamento técnico-profissional do licenciado.

O Doutoramento, com a duração de quatro a cinco anos, visa proporcionar formação científica, tecnológica ou humanista, ampla e profunda aos candidatos diplomados em curso de Licenciatura e/ou Mestrado.

As Instituições de Ensino classificam-se nas seguintes categorias:

• Universidades; • Academias; • Institutos Superiores; • Escolas Superiores.

O Estado propõe-se a fomentar e apoiar as iniciativas a colaboração entre entidades públicas e privadas no sentido de estimular o desenvolvimento da ciência, da técnica e da tecnologia e criar condições para a promoção de investigação científica e para a

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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realização de actividades de investigação no ensino superior e nas outras instituições vocacionadas para o efeito.

Esta nova lei de bases do ensino ainda não foi implementada por dificuldades diversas algumas motivadas pela guerra que assolou o país, financeiras, pela falta de recursos humanos e infra-estruturas.

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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Quadro IV- Diagrama da estrutura do sistema educacional

Lei Geral do Ensino de 31/12/01

17 anos 12° 12° Educação secundária 16 anos 11 ° 11 °

Segundo ciclo 15 anos 10° 10° curso geral curso técnico

14 anos 9° 9° Educação secundária 13 anos 8° 8°

Primeiro ciclo 12 anos 7° 7° curso geral curso técnico

11 anos 6°

10 anos 5°

Educação básica 9 anos 4°

8 anos 3°

7 anos 2° 6 anos 1°

5 anos

Educação pré-primária 4 anos

3 anos

22 anos 5°

21 anos 4°

Universidade 20 anos 3°

19 anos 2°

18 anos 1°

Licenciatura

Bacharelato

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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Para cada nível de diploma, indicamos os correspondentes níveis de qualificações profissionais, conforme previstos na lei do Ensino de 31/12/01 Quadro V níveis de qualificações profissionais, conforme lei do Ensino de 31/12/01

Níveis de escolaridade

Estrutura escolar e idades

Diploma Nível de qualificação profissional

Funções habilitadas

Educação primária Da 1ª à 6ª classe

Escola Primária 6-11

Certificado de educação primária

1 Trabalhadores casuais capazes de efectuar actividades simples e rotineiras

1ª Ciclo da educação secundária Da 7ª a 9ª classe

Ensino médio técnico Centros de treinamento privados Ensino geral 12-14

Certificado de técnico e profissional básico Certificado do 1º ciclo secundário

2 Trabalhador capaz de executar tarefas de certa complexidade não rotineiras baseadas em critérios específicos e conhecimento.

2ª Ciclo da educação secundária Da 10ª a 12ª classe

Ensino médio técnico Centros de treinamento privados Ensino geral 15-16

Certificado de técnico e profissional Certificado do 2º ciclo secundário

3 Trabalhador de alto nível. Chefe de equipa, ou técnico capaz de executar tarefas de alto nível técnico executadas de maneira autónoma, baseadas em procedimentos gerais e orientações de responsabilidades, o que pressupõe o domínio do processo de trabalho.

Educação superior Universidade e institutos superiores 18-21

Bacharel 4 Gestores de nível médio, capazes de organizar e planear tarefas, adaptarem a sua execução de maneira autónoma.

Educação superior Universidade e institutos superiores 22-23

Licenciaturas 5 Gestores de alto nível, capazes de organizar e planear tarefas, adaptar a sua execução de maneira autónoma, participando na definição das políticas gerais da empresa, relativas aos aspectos técnicos, científicos e métodos e processos

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

29

Comentários sobre a qualificação profissional e o sistema educativo O 2º nível (9ª classe) consiste na aquisição de prática e conhecimento teóricos e aptidões numa actividade específica de incluindo o manuseamento de equipamento e de normas de trabalho. O 3º nível (12ª classe) consiste na aquisição de prática e conhecimento teóricos e aptidões numa actividade profissional específica e requer a frequência com sucesso de um estágio. Os estudantes que passarem no terceiro nível do curso geral, têm a possibilidade de fazer uma especialização de 1 a 2 anos nas Escolas Superiores Vocacionais, Institutos Médios e ou Institutos Especializados: petróleos, pescas, agrários. O 4º nível, consiste na aquisição pratica e teórica de conhecimentos de nível superior e aptidões de carácter profissional. É complementado pela frequência de um estágio com sucesso de um ano. Pressupõe a criação de Institutos Superiores. O 5º nível requer estágios de pós graduação a ser realizado em Universidades e Institutos e Escola Superiores. Envolve o domínio dos conhecimentos científicos e os fundamentos teóricos da função. A reforma do ensino médio oferece aos estudantes a escolha da especialização. No anterior sistema os estudantes têm de escolher, antes de entrar para a Universidade a sua especialidade técnica sem conhecimento de como funciona a indústria. Os curricula propostos eram genéricos. (Por exemplo um futuro electricista seguia cursos em telecomunicações, electrónica e electrotecnia). No final dos estudos não tinham um conhecimento profundo num domínio particular. A reforma do ensino técnico criou novas especialidades correspondendo às necessidades do mercado de trabalho e a evolução tecnológica, por exemplo:

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

30

O antigo diploma de Electricidade agora chama-se Electricidade, electrónica e telecomunicações. Novas especialidades:

- técnicos de electricidade e de energia - técnicos de electrónica e telecomunicações - técnicos de industria electrónica e automatização

O antigo diploma de Mecânico Novas especialidades:

- técnicos de manutenção industrial - técnicos de ar condicionado - técnicos de maquinas rotativas - metalomecânica

O antigo diploma de Sistemas de informação Novas especialidades:

- técnicos de sistemas de informação - técnicos de sistemas de hardware

O antigo diploma de Química Novas especialidades:

- técnicos de química industrial - técnicos de petroquímica - técnicos de ambiente e controlo de qualidade

O antigo diploma de Construção civil Novas especialidades:

- técnicos de construção civil - desenhador de construção civil.

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

31

Sobre o Instituto Nacional de Petróleos, INP Aquando da independência de Angola, foi preocupação do governo a formação de quadros para que o sector petrolífero fosse gradualmente ocupado e dirigido por angolanos. Assim, foi decidido que vários estudantes e quadros superiores fossem frequentar no estrangeiro universidades e institutos superiores no estrangeiro de reconhecido mérito internacional no sector, para terminarem os seus cursos de licenciatura e pós-graduação. De igual modo foi decidido criar, no país, uma instituição de ensino médio especializado para a formação operários e técnicos especializados. O Decreto Executivo Conjunto nº 84/83, de 15 de Setembro, dos Ministros da Educação e dos Petróleos, criou o INSTITUTO NACIONAL DOS PETRÓLEOS, instituição de ensino, e extinguiu o Instituto Médio dos Petróleos e a Escola Central dos Petróleos, ambos localizados no Sumbe. O Instituto Nacional dos Petróleos (INP), pela sua natureza, é uma unidade de ensino, dotada de personalidade e capacidade jurídicas e autonomia administrativa e financeira. Tem dupla tutela dos Ministérios da Educação e Cultura e dos Petróleos que, no geral, asseguram o seu funcionamento e a elevação dos cursos a administrar, nomeadamente, na determinação dos objectivos da formação, elaboração dos curricula, planificação do processo e formação, avaliação dos alunos e passagem de certificados e diplomas. Em especial, o Ministério dos Petróleos intervém, em exclusivo, na esfera administrativo-financeira, nomeadamente quando à aquisição da base material e técnica necessária ao processo de formação, organização e gestão do INP e recrutamento, selecção e contratação do pessoal docente, dirigente e auxiliar.

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

32

Os objectivos do INP são os seguintes:

• Formação de técnicos médios dos petróleos e trabalhadores qualificados. • Formação de técnicos dos petróleos de nível superior (não licenciados que podem

atingir até a categoria XI do ACT). • Especialização em ramos profissionais dos petróleos ligados ao sector a todos os

níveis bem como a promoção da sua actualização, reciclagem, aperfeiçoamento científico e cultura.

• Realização de cursos de instrução e treino e promoção no domínio de tecnologia dos petróleos.

• Organização de conferências, seminários, grupos de estudos e de outras iniciativas tendentes a complementar os cursos e especializações.

• Execução de outras funções que concorram para a promoção dos objectivos do INP.

O mesmo diploma que cria o INP aprovou o seu Estatuto Orgânico, instrumento que

regula a sua organização e funcionamento. Sobre o corpo docente • Os dados de 1999, mostram que existiam no local 36 professores angolanos, dos

quais 81% técnicos superiores, 19% técnicos médios. Dos técnicos superiores, 50% tinham formação pedagógica e 82% experiência profissional.

• Entre os professores nacionais, 12 leccionavam cadeiras de formação específica, 20 cadeiras de formação geral nos cursos médios e 4 davam aulas na formação profissional (electricidade, mecânica, segurança industrial e física).

• Relativamente aos cursos médios havia 6 professores cooperantes que leccionavam as seguintes disciplinas: técnicas de laboratórios, levantamento geológico, pesquisa e prospecção, geologia aplicada, tecnologia de prospecção, jazigos minerais, tecnologia de máquinas, mecânica aplicada, motores e combustão interna e Língua inglesa.

• Para os cursos de informação profissional existia um contrato de assistência técnica com uma equipa de 13 formadores estrangeiros, dos quais 4 prestavam a sua colaboração no Ensino Médio nas cadeiras de inglês, turbo-bombas, tecnologia de produção, máquinas e instalações eléctricas e electrónica.

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

33

Sobre o corpo discente

Os critérios de acesso ao nível médio são definidos pelo ministério da Educação e Cultura e, consistem fundamentalmente no seguinte:

• Conclusão da 8ª Classe com aproveitamento, sem deficiência nas disciplinas de

matemática, física e química. • Realização de provas e selecção nas disciplinas nucleares, com a avaliação final

positiva.

Embora estes sejam critérios conhecidos, há vários anos que não têm sido respeitados, estando a Direcção da Instituição sujeita a variadas, frequentes e irrecusáveis pressões no sentido de serem aceites alunos sem os referidos pré-requisitos, o que levava a exceder as vagas existentes e tem arrastado consigo as evidentes consequências do uso demasiado das infra-estruturas concebidas para um universo de 360 pessoas que na realidade estão ocupadas por cerca de 600 alunos no ensino médio e 120 na formação profissional. De notar que o INP ainda é a única escola no país não sujeita às greves habituais dos professores devido a salários baixos e em atraso, que garante um regime de internato gratuito e ainda o apoio escolar, daí a procura à formação na instituição como uma boa oportunidade no mercado de trabalho. As despesas de operação do Instituto são suportadas pelo Ministério dos Petróleos com verbas que provêm das companhias petrolíferas através do Decreto 20/82.

As tabelas seguintes mostram a frequência de alunos prevista para o ano de 1999,

Tabela VIII- Cursos médios

Electricidade 287 Geologia e Minas 199 Mecânica de Manutenção 180 TOTAL 666

Fonte: MINPET (2000)

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

34

Tabela IX- Cursos de formação profissional Electricidade 12 Instrumentação 24 Mecânica da Manutenção 40 Refrigeração e Climatização ------- Operadores de produção 49 TOTAL 125

Fonte: MINPET (2000) Curricula, programas, métodos e procedimentos didácticos e pedagógicos Inicialmente, os curricula existentes dos cursos médios foram elaborados pela equipa técnica da Comerint com a participação da Faculdade de Ciências (Departamento de Geologia), pelo Instituto Nacional de Geologia e pelos professores do INP. Ao longo dos anos foram feitas alterações/adaptações pontuais, conforme a colaboração dos utilizadores dos técnicos médios. Actualmente a estrutura dos curricula é a que conta nos anexos. Para a formação profissional os curricula são padronizados mas flexíveis em função dos interesses expressos dos utilizadores. Quanto aos programas, quer os do nível médio, bem como os da formação profissional são elaborados pelos professores do INP com a participação das principais Empresas operadoras e a apreciação formal do Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento do Ministério da Educação e Cultura (INID). Resultados Escolares: Infelizmente não nos foi possível obter resultados escolares do INP.

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

35

Centros de formação das companhias petrolíferas Para além do INP, como centro de formação de quadros, o sector petrolífero possui neste momento quatro centros de formação associados à actividade especificamente petrolífera (MTC, ESSA, Petromar e WAPO, dedicados a formação em matérias especificamente direccionadas a actividades produtivas das empresas que não são ministradas no INP e/ou carentes da componente prática), e ainda minicentros (Sonangol, Total, ESSO, Pride Foramer) que ministram essencialmente cursos administrativos nas áreas de informática, secretariado e línguas. Os centros de formação das empresas operadoras destinam-se a formação e superação técnico profissional dos trabalhadores das mesmas sendo por isso restritos ao seu pessoal, porém abertos a trabalhadores do Ministério dos Petróleos e da Sonangol. Os centros das empresas prestadoras de serviço são abertos aos trabalhadores do sector e administram de carácter geral, nas áreas de informática, secretariado e línguas, de sobrevivência no mar, etc. A sua existência justifica-se porque constitui, sem sombra de dúvidas, uma forma de rentabilizar os custos com a formação, uma vez que as empresas são obrigados a formar quadros angolanos, e nem todos justificam os custos de irem para fora do País. Por outro lado, evitam o pagamento a outras empresas de uma formação que por ser específica é cara. De igual modo é possível fazer-se um controlo de qualidade da formação ministrada de acordo com as conveniências e necessidades das empresas.

Criando os seus próprios centros, não só se auto financiam quanto à formação neles ministrada, como também podem lançar os custos respectivos nas suas despesas internas que têm que apresentar ao Minpet. Importa entretanto chamar a atenção particular para alguns cursos técnicos ministrados no MTC, cujos perfis de entrada (nível de exigência) e de saída (competências adquiridas) são equiparados aos do INP. Tal situação fica a dever-se fundamentalmente aos problemas já referenciados que conduziram à perda de credibilidade daquela importante Instituição de formação do sector petrolífero.

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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• MTC – Malongo Training Center pertencente ao grupo empreiteiro do bloco 0, cujo operador é a

ChevronTexaco. • ESSA – empresa mista subsidiária da Sonangol vocacionada para a área de sondagem. • Petromar – empresa mista subsidiária da Sonangol, de prestação de serviços na área de manutenção nas

operações petrolíferas e que explora a base logística do Kwanda. • WAPO – empresa de prestação de serviços de geral de âmbito geral, associada da Sonangol. • Sonangol – Sociedade Nacional de Combustíveis – empresa pública, 100% estatal e vocacionada para a

exploração, produção, refinação, petroquímica e distribuição de petróleo e produtos refinados. • Total – empresa multinacional vocacionada para a exploração, produção, refinação, petroquímica e distribuição

de petróleo e produtos refinados. • ESSO – empresa multinacional vocacionada para a exploração, produção, refinação, petroquímica e

distribuição de petróleo e produtos refinados. • Pride Foramer – empresa mista subsidiária da Sonangol vocacionada para a área de sondagem em águas

profundas.

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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Fontes e bibliografia • Plano de Acção Nacional de Educação para Todos 2001-2015. • Lei de Base do Sistema de Educação. • Estratégia Integrada para Melhoria do Sistema de Educação. • Quadro de Acção Mundial de Educação para Todos.

• Ministério de Educação e Cultura de Angola: http://www.mec-angola.com/estat_escola.htm

• MINPET (2000), VI Conselho Consultivo do Ministério dos Petróleos de Angola, Março 2000, Luanda, Ministério dos Petróleos

• Universidade de Agostinho Neto (2000), Relatório do Ano Civil de 1999, Luanda.

• Lei 2/03 de 7 de Janeiro de 2003, que aprova o Orçamento Geral do Estado

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Anexo IV O Sistema de Ensino em Angola

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ÍNDICE Anexo IV - O sistema de ensino em Angola ........................................................................ 1 Análise do sistema educacional de Angola........................................................................... 1 O Sistema de Educação compreende a estrutura de ensino seguinte: ......................... 1 Ensino de Base Regular............................................................................................................ 1 O I Nível do Ensino de Base Regular ....................................................................................2 Corpo Docente (I Nível) ..........................................................................................................3 Infra-estruturas Físicas (Escolas - Salas de aulas) .........................................................3 Rendimento Escolar - I Nível .................................................................................................3 Ensino do II e III Níveis de Ensino de Base Regular.......................................................4 Corpo Docente (II e III Níveis) ...........................................................................................4 Infra-Estruturas (Escolas - Salas de aula).........................................................................4 Eficácia (Rendimento Escolar) ...............................................................................................5 Ensino Médio (Normal e Técnico-profissional)...................................................................5 O Ensino Médio Técnico ..........................................................................................................6 O Ensino Médio Normal (Formação de Professores) ........................................................7 Ensino Superior .......................................................................................................................10 A universidade de Agostinho Neto .....................................................................................10 Acesso e Mobilidade ao Ensino Superior ........................................................................... 11 Corpo Docente e Auxiliar ......................................................................................................12 Instituto Superior Privado de Angola ................................................................................13 Proporção da despesa da Educação no orçamento geral do Estado.............................15 Nova Lei de Bases do Sistema de Educação .....................................................................19 Comentários sobre a qualificação profissional e o sistema educativo ....................... 30 Sobre o INP ............................................................................................................................ 32 Centros de formação das companhias petrolíferas........................................................ 35 Fontes:...................................................................................................................................... 38

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Anexo V – O sistema de Ensino na Argélia

De igual modo, analisamos o sistema de ensino argelino, estabelecido por lei em 16 de Abril de 1976, cujos aspectos principais a seguir sintetizamos.

O ensino é obrigatório para todas as crianças dos 6 aos 16 anos de idade. O estado garante todas as condições de acesso a todos os cidadãos, sem limitações, a não ser as aptidões pessoais e os meios e as necessidades da sociedade. O ensino é gratuito a todos os níveis em qualquer tipo de estabelecimento. O sistema de ensino está inserido no plano global de desenvolvimento, estando estreitamente ligado à vida activa e aberto para o mundo das ciências e das técnicas, e é obrigatório que se mantenha ligada aos trabalhos produtivos, económica e socialmente úteis.

Neste sistema, que é exercido em estabelecimentos apropriados existem quatro níveis de ensino: pré-preparatório, fundamental, secundário e superior.

Os estabelecimentos de ensino e formação nos diferentes níveis incluem instituições e órgãos de apoio para a formação pedagógica, pesquisa pedagógica, orientação escolar e profissional, a acção social.

I – Ensino pré-preparatório

É destinado às crianças que ainda não têm idade escolar obrigatória com o fim de lhes incutir os bons hábitos, favorecer o desenvolvimento físico, fazer desenvolver o sentimento patriótico, proporcionar educação artística e habituação no trabalho em grupo.

II – Ensino fundamental

Tem como objectivo assegurar uma educação de base contínua a todos os alunos. A escola fundamental é uma unidade de educação caracterizada pelos princípios de organização, homogeneidade dos conteúdos e identidade dos fundamentos dos seus métodos. Está dividida em 3 fases: 1ª fase – da 1ª classe à 3ª classe ; 2ª fase – da 4ª classe à 6ª classe; 3ª fase – da 7ª classe à 9ª classe.

Vide os quadros seguintes que esquematizam o disposto na lei relativa ao ensino em vigor.

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Anexo V O sistema de ensino na Argélia

2

No final da 9ª classe os alunos recebem um certificado de habilitações do ensino médio (brevet d'enseignement fondamental). Diagrama da estrutura do sistema de ensino Argelino

Quadro I- Estrutura do sistema de ensino argelino segundo a lei

(l'ordonnance) de 16 de Abril de 1976

17 anos 12° 12°

Ensino secundário 16 anos 11 ° 11 °

15 anos 10° 10° curso curso técnico geral

14 anos 9° Ensino médio 13 anos 8°

12 anos 7° curso geral

11 anos 6°

10 anos 5°

Ensino primário 9 anos 4°

8 anos 3°

7 anos 2° 6 anos 1°

5 anos

Ensino pré-primário 4 anos 3 anos

brevet d'enseignement fondamental (equivalente ao exame do 9ª ano de Angola-** Un diplôme ou certificat sanctionne la fin des études de l'enseignement secondaire (equivalente ao exame do 3º ano do ensino pré-universitário do ensino regular ou 12ºano do ensino técnico profissional de Angola)

22 anos 5°

21 anos 4°

Universidade 20 anos 3°

19 anos 2°

18 anos 1°

Licenciatura

Exame baccalauréat (**)

Exame bef (*)

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Anexo V O sistema de ensino na Argélia

3

Quadro II -níveis de qualificações profissionais, conforme previstos na Lei do Ensino de 16 de Abril de 1976

Níveis de escolaridade

Estrutura escolar e idades

Diploma Nível de qualificação profissional

Funções habilitadas

Ensino primária Da 1ª à 6ª classe

Escola Primária 6-11

Exame, com sucesso para passagem ao nível médio (com nota superior em 10/20)

1 Trabalhadores casuais capazes de efectuar actividades simples e rotineiras

1ª Ciclo de educação fundamental - médio

Da 7ª a 9ª classe

Ensino médio técnico

Ensino geral

12-14

Certificado de técnico e profissional básico, certificado de ensino fundamental

2 Trabalhador capaz de executar tarefas de certa complexidade não rotineiras baseadas em critérios específicos e conhecimento.

2ª Ciclo de ensino fundamental

Da 10ª a 12ª classe

Ensino médio técnico

Ensino geral 15-16

Certificado de técnico e profissional Certificado do 2º ciclo secundário (baccalaureat)

3 Trabalhador de alto nível. Chefe de equipa, ou técnico capaz de executar tarefas de alto nível técnico executadas de maneira autónoma, baseadas em procedimentos gerais e orientações de responsabilidades, o que pressupõe o domínio do processo de trabalho.

Ensino superior

Pós graduação para doutoramento e

pesquisa

Universidade e institutos superiores

18-23

Licenciaturas Mestrados

4 Gestores de alto nível, capazes de organizar e planear tarefas, adaptar a sua execução de maneira autónoma, participando na definição das políticas gerais da empresa, relativas aos aspectos técnicos, científicos e métodos e processos.

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Anexo V O sistema de ensino na Argélia

4

Tabela I – Evolução do número de alunos matriculados, de professores e de escolas no ensino fundamental.

Ensino fundamental

1995/6 1996/7 1997/8 1998/9 1999/0 2000/1 2001/2

1º e 2º ciclos

% aprovações

4.617.728

79,54

4.674.947

77,51

4.719.137

74,47

4.778.870

72,99

4.843.313

66,27

4.720.950

77,42

4.691.870

78,94

Professores 169010 170956 170460 169519 170562 169559 170039

Nº de escolas 113452 116778 117031 11940 121015 122867 125137

3º ciclo

% aprovações

1.691.561

53,54

1.762.761

52,16

1 837 631

52,13

1.898.748

51,64

1.895.751

48,60

2.015.370

53,44

2 116 087

56,96

Professores 98187 99004 99907 100595 101261 102137 104289

Nº de escolas 2921 3038 3145 3224 3315 3414 3526

As percentagens de frequência à escola dos 6 aos 15 anos são de cerca de 88%

III – Ensino Secundário

Tem como objectivo prosseguir os conhecimentos adquiridos no ensino fundamental e a especialização progressiva nos diferentes domínios de acordo com as aptidões dos alunos e as necessidades da sociedade. O ensino secundário compreende:

• O ensino secundário geral que tem como objectivo preparar os alunos para prosseguir os estudos no ensino superior.

• O ensino secundário especializado que tem objectivos mais amplos que o ensino secundário geral, onde os alunos tem treinamento em várias disciplinas em que têm de ter resultados tangíveis.

• O ensino secundário tecnológico-profissional que tem por objectivo preparar os jovens para ocuparem lugares nos sectores produtivos.

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Anexo V O sistema de ensino na Argélia

5

Assegura a formação de operários qualificados e também acede a formações superiores.

O ensino secundário é dado em escolas secundárias, nas escolas técnicas e nos centros de formação profissional. No final do ensino secundário os alunos recebem um diploma ou um certificado.

A tabela seguinte mostra a evolução do número de alunos matriculados, professores e de escolas no ensino secundário geral e tecnológico.

A tabela seguinte mostra a evolução do número de alunos matriculados no ensino secundário, professores e salas de aula

Tabela III- Ensino Secundário Geral

Tabela IV- Ensino secundário tecnológico e profissional

1996/1997 1997/1998 1998/1999 1999/2000 2000/2001 2001/2002

Alunos 64888 64988 62725 57749 58319 60996

Professores 6788 6253 6450 6478 6637 6684

Nº de escolas

223 229 232 237 246 249

No ensino médio e fundamental havia um enquadramento médio efectivo de 17 alunos por professor que aumentou para 20 em 2002.

1996/1997 1997/1998 1998/1999 1999/2000 2000/2001 2001/2002

Alunos 855481 879090 909927 921959 975862 1041047

Professores 52944 53343 54033 54761 55588 57274

Nº de escolas

877 903 951 981 1013 1040

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Anexo V O sistema de ensino na Argélia

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As taxas reais de escolarização nos anos lectivos desde 1996/7 a 1999/00, relativamente a alunos de idades entre os 6 e 15 anos de idade, foram respectivamente:

Tabela V- Taxas de escolarização entre os 6 e 15 anos

1996/7 1997/8 1998/9 1999/00 87,82 87,69 87,45 86,50

Convém assinalar os esforços do governo argelino na formação de professores até ao ensino Médio técnico profissional, que pode ser verificada no quadro seguinte onde podemos observar um aumento de professores da ordem dos 330% no total, com a diminuição dos professores estrangeiros a quase 100%

Tabela VI- Evolução do nº de professores nacionais Anos Total Evolução

(%) Professores Nacionais

(%) Professores Estrangeiros

(%)

1963/4 38782 - 26582 68,5 12200 31,5 1970/1 55608 43 43656 79,5 11952 21,5 1980/1 94078 142 85499 90,9 8579 9,1 1990/1 148168 282 144945 97,8 3223 2,18 2001/2 170277 339 170039 99,9 238 0,14

IV – Ensino superior

O ensino superior é administrado nas universidades, institutos superiores, e escolas especializadas. A sua duração varia entre os 4 e 5 anos conforme os cursos.

O acesso às universidades é feito utilizando o critério das médias mais elevadas e tendo em conta as diferentes escolhas dos alunos.

O acesso às grandes escolas e Institutos (ex: Escola Politécnica) é feito sob concurso nacional e também tem em conta as médias do ensino geral.

Por lei, o ensino público, a todos os níveis, é gratuito e o estado argelino ainda proporciona bolsas de estudo à maior parte dos estudantes do ensino superior.

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Anexo V O sistema de ensino na Argélia

7

Têm surgido escolas privadas para o ensino técnico e profissional para apoio em caso de reprovação.

O Ministério do Ensino Superior e da Pesquisa Superior, M.E.S.R.S, é o órgão do governo responsável, como o seu nome indica, pelo ensino superior e investigação. Estabelecimentos de ensino superior e centros de investigação científica na Argélia. Universidades Université d'Alger Université de Blida Université de Batna Université de Béjaïa Université M'hamed Bouguerra (Boumerdès) Université d'ES-SENIA Université Des Sciences et Technologies Houari Boumedien Université Abou Bekr Belkaid (Tlemcen) Université Dillali Liabès (S.B.A) Université Badji Mokhtar de Annaba Université de Mostaganem Université de la Formation Continue (UFC) Université des Sciences Islamiques de Constantine Université Ferhat Abbas (Sétif) Centre universitaire de Ouargla Centros de Investigação Centre de Développement des Technologies Avancées Centre de Recherche en Astronomie, Astrophysique et Géophysique Centre de Recherche en Anthropologie Sociale et Culturelle Centre National de Recherche appliquée en Génie Parasismique Centre de Développement des Energies Renouvelables

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Anexo V O sistema de ensino na Argélia

8

Escolas e institutos superiores Ecole Militaire Polytechnique Ecole Nationale des Travaux Publics Ecole Nationale Polytechnique d'Alger Ecole Nationale d'Administration Ecole Nationale Supérieure de l'Hydraulique Ecole Normale Supérieure d'Enseignement Technique d'Oran Ecole Supérieure de banque Instiut National d'Informatique

Associações e agências ligadas a investigação científica Agence Africaine de Biotechnologie Agence Nationale pour le Développement de la Recherche Universitaire Agence Nationale de la Documentation de la Santé Association Algérienne de l'Industrie et du Gaz Association des Biologistes Algériens Association pour la Promotion de l'Eco-efficacité en Entreprise Réseau de Laboratoires d'Essais et d'Analyse de la qualité As tabelas seguintes mostram como tem evoluído a capacidade de ensino na Argélia a nível de infra estruturas e docência a nível superior o que demonstra o empenho das autoridades neste campo.

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Anexo V O sistema de ensino na Argélia

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Tabela VII- Evolução do número de estabelecimentos do ensino superior nos últimos anos

1999/0 2000/01 2001/02

Universididades 17 17 25

Centros Universitários 13 13 14 Ins. Nac. de Ensino Sup 6 6 2 Esc Normal Superior 3 3 3 Esc Normal Sup do Ensino Técnico 1 1 1 Escolas e Institutos 12 12 10

Tabela VIII- Número de professores no ensino superior 1999/00 2000/01 2001/02 Total de professores 18560 19052 20329 Nos estabelecimentos universitários 17460 17780 19275 estrangeiros 73 76 67 Nos estabelecimentos da UFC 1970 2004 1552 permanentes 28 28 61 associados 1942 1976 1491 Nos estabelecimentos fora do MESRS 1072 1244 993 estrangeiros 8 4 5

A tabela seguinte mostra a evolução do número de alunos matriculados no ensino superior.

Tabela IX- Ensino superior normal

1999/00 2000/01 2001/02 Alunos inscritos em licenciatura 407 995 466 084 543 869 Inscrições em pós-graduação 20 846 22 533 26060 Diplomados pelo Ministério de educação

52 804 65 192 NA

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Anexo V O sistema de ensino na Argélia

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Tabela X- Universidade de Formação Contínua

1999/00 2000/01 2001/02 Alunos inscritos em pré-graduação 32425 33043 23271 Alunos inscritos em graduação 18332 19783 24760 Diplomados pela U.F.C. 3326 NA NA

Considerando o potencial de formação de técnicos que podem ser utilizados no sector petrolífero é de se assinalar que a Escola Politécnica Nacional formou 7121 estudantes nos diversos ramos de engenharia, desde 1965 a 1997, onde podemos salientar os ramos de engenharia civil e electrónica com 1564 e 1366.

Tabela XI- Alunos formados pela Escola Politécnica Nacional de 1965 a 1997 Spécialité Nombre de diplômés

Automatique 281 Econométrie 91 Electronique 1366

Electrotechnique 689 Génie Chimique 571

Génie Civil 1564 Génie de l'Environnement 145

Génie Industriel 244 Génie Mécanique 845

Génie Minier 119 Génie Sanitaire 87

Hydraulique 736 Métallurgie 151

Mines et Géologie 44 Mines et Métallurgie 93 Télécommunication 94

Total 7121

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Anexo V O sistema de ensino na Argélia

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A tabela seguinte mostra a evolução da relação das despesas com educação relativamente ao orçamento geral do estado a partir de 1994. Relação entre o orçamento geral do estado e o orçamento para a educação.

Tabela XII - evolução da relação das despesas com educação relativamente ao orçamento geral do estado

Anos % das despesas de equipamento do OGE

para a educação

% das despesas de funcionamento do

OGE para a educação

1994 7,85 21,56 1995 4,12 19,84 1996 5,17 19,48 1997 6,54 17,39 1998 9,66 16,15 1999 7,44 15,66 2000 7,58 13.75 2001 7,17 16,43 2002 4,40 15,01

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Anexo V O sistema de ensino na Argélia

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Sobre o Instituto Argelino dos Petróleos – IAP

A criação do IAP em 1965 respondeu às preocupações particulares da época, após a criação da Sonatrach em 1963, que se podem resumir no seguinte:

• Dotar o sector de mão-de-obra qualificada e rapidamente disponível. • Cobrir as necessidades urgentes provocadas pelo rápido desenvolvimento da

actividade petrolífera.

Na altura havia necessidade de responder às necessidades de pessoal qualificado para:

• Exploração do Oleoduto de Haoud El Hamra. • O gasoduto de Hassi-Rmel-Skikda. • O complexo de azotados d`Engrais de Arzew. • A gestão dos aparelhos de sondagem existentes.

Como resposta a estas necessidades operacionais, o sector petrolífero dotou-se de institutos especializados no domínio dos hidrocarbonetos e da química (IAP e INHC).

Estes institutos de formação nasceram devido às insuficiências do sistema educativo da época conjugados com a explosão económica.

O IAP foi criado pelo decreto nº65-269 de 29/11/1965. Em 29/02/73, pelo decreto 73-51, tornou-se no Instituto Argelino do Petróleo, do Gás, da Química, da Petroquímica, das Matérias Plásticas e dos Motores (modelo francês do IFP).

Sob a tutela do Ministério da Energia, o IAP tinha por missão:

• A formação superior pela via da graduação e pós-graduação no domínio dos hidrocarbonetos.

• A formação industrial pelo aperfeiçoamento e reciclagem. • A pesquisa científica e técnica nos domínios da pesquisa, exploração dos

jazigos e transformação de hidrocarbonetos.

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Anexo V O sistema de ensino na Argélia

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Fases de desenvolvimento de evolução do IAP

• 1965 - Início de um ciclo de cursos de pós graduação de curta duração cujo público alvo eram engenheiros que trabalhavam para o estado em Dar-el-Beida (transferido para Boumerdès em 1979)

• 1971 – Início dos cursos de longa duração para engenheiros em Boumerdès .

Cursos de técnicos superiores e engenheiros técnicos

• 1966 em HMD, tornou-se na Naftogaz em 1991 • 1967 em Es-Sénia, transferido para o MERS em 1993 • 1974 em Arzew • 1975 em Annaba, transferido para o MERS em 1986 • 1982 em Skikda

(MERS= Ministério do Ensino Superior e da Pesquisa Superior)

Início dos Cursos de pós graduação

• Em1986, em engenharia de Plásticos et engenharia de Gás em Boumerdès • Em 1994, alargamento deste ciclo à química industrial e às goeciências.

O conjunto de ciclos de formacao foi iniciado com o apoio das seguintes identidades:

• Francesa (IFP/BEICIP) para os cursos de engenharia de petróleos e geociências. • Americana (IGT/SIT) para os cursos de engenharia de gás e plásticos • Alemã (GTZ) para os cursos de química industrial (IFP) - Institut Français du Pétrole - instituição independente de pesquisa e desenvolvimento, educação e treinamento active no sector dos petróleos, gás natural e motores. (BEICIP) - Beicip-Franlab – firma de consultoria e de software de geociências especialmente dedicada a indúdria de petróleo e gás. GTI – (Gas Technology Institute) – organização de pesquisa, desenvolvimento e treinamento ligada a energia e ambiente. ois SIT - (School for International Training) - organismo dedicado a formação de liderança GTZ – (Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit) – agência alemã de cooperação intenacional

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Anexo V O sistema de ensino na Argélia

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Balanço da formação

Até aos finais de 2002 o IAP, tinha formado milhares de quadros técnicos para o sector petrolífero distribuídos como se segue:

1. Formação superior : (14 700)

• Post-graduação :70 • Engenheiros especializados : 64 • Engenheiros técnicos (300 estrangeiros) : 3 246 • Técnicos superiores (200 estrangeiros) : 11 320

2. Formação específica: (4250)

• Engenheiros técnicos : 808 • Mestres : 142 • Técnicos : 3 300

O Balanço mostra que o IAP respondeu à missão principal que lhe foi confiada no aspecto de formação de quadros, o que contribuiu significativamente para a Argélia tomar as rédeas da sua indústria do petróleo e do gás. Nos anos 70 e 80, o IAP, sob a tutela do Ministério das Minas e Energia, engajou-se num processo de mudança estrutural por forma a responder às novas necessidades de sector de energia tendo em conta a rápida evolução em termos tecnológicos.

Em Junho de 1988 a Sonatrach integrou o IAP na sua estrutura com o objectivo de redistribuir as suas actividades e criar a Universidade de petróleo e gás e um o centro de investigacao a nivel internacional. Assim, o Instituto Argelino dos Petróleos pertence a Sonatrach, empresa pública argelina de petróleos e é formado pela Escola de Engenheiros em Boumerdès e dois centros técnicos situados em Arzew e Skikda, zonas industrias.

No dia 31 de Julho de 1999 o IAP ficou subordinado à direcção geral da Sonatrach e sob a tutela do do sector dos recursos humanos depois de Abril de 2001

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Anexo V O sistema de ensino na Argélia

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A formação é assegurada por um corpo docente de 170 investigadores. Os trabalhos efectuados no IAP são essencialmente trabalhos de teses de mestrado e projectos de investigação.

A investigação é orientada de acordo com o plano nacional de investigação tendo em conta as preocupações do sector energéticos.

É de se pressupor uma boa relação com as universidades, pelo menos com a de Boumerdes, dado a proximidade entre as duas instituições e pelo facto de ambas terem em comum muitos professores.

Domínios de actividade do IAP

Assegurar a formação operacional de nível internacional e adaptando as necessidades da industria nos seguintes sectores:

Exploração de hidrocarbonetos, refinação e petroquímica, economia de petróleo, ambiente e energia.

• Formação académica superior à nível de pós graduação em todo o segmento parapetrolífero e também minas, oferecendo formação em: exploração (geologia, geoquímica e geofísica), engenharia (sondagem, reservatório e produção; refinação e petroquímica; motores e aplicações; engenharia de gás, plásticos, química de hidrocarbonetos, instrumentação e mecânica petrolífera; ambiente, economia petrolífera e gestão estratégica e minas. Esta actividade desenvolve-se em Boumerdès.

• Formação académica pós-graduação nos domínios de engenharia de

plásticos, gás, química industrial, geociências e engenharia de petróleos, ambiente e gestão estratégica. Esta actividade desenvolve-se em Boumerdès.

• Investigação científica e técnica de acordo com o plano nacional de

investigação e as preocupações do sector de energia e minas. Esta actividade desenvolve-se em Boumerdès.

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Anexo V O sistema de ensino na Argélia

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• Consultoria, análises, estudos e interpretações. Esta actividade desenvolve-se em Boumerdès.

• Formação académica de técnicos médios e formação industrial de técnicos operários e prestação de serviços nos domínios de: refinação e petroquímica, engenharia de plásticos, química industria, mecânica petrolífera, electromecânica, electrotécnica, instrumentação e segurança industrial, transporte e distribuição de gás e mecânica de gás. Esta actividade desenvolve-se em dois centros técnicos situados em Arzew e Skikda.

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Anexo V O sistema de ensino na Argélia

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Fontes e bibliografia:

• Ministério da Educação Nacional da Argélia: http://www.meducation.edu.dz/ • Ministério do Ensino Superior e da Investigação Científica da Argélia:

http://www.mesrs.edu.dz • Ministério da Energia e Minas da Argélia: http://www.mem-algeria.org • Sonatrach: http://www.sonatrach-dz.com • Office National des Statistiques da Argélia: http://www.ons.dz/

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Anexo V O sistema de ensino na Argélia

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ÍNDICE

I – Ensino pré-preparatório................................................................................. 1 II – Ensino fundamental ....................................................................................... 1 III – Ensino Secundário ....................................................................................... 4 IV – Ensino superior .............................................................................................. 6 Estabelecimentos de ensino superior e centros de investigação científica na Argélia.............................................................................................. 7 Sobre o Instituto Argelino dos Petróleos – IAP .......................................... 12 Fases de desenvolvimento de evolução do IAP ............................................. 13 Início dos Cursos de pós graduação ................................................................ 13 Balanço da formação ........................................................................................... 14 Domínios de actividade do IAP ......................................................................... 15 Fontes e bibliografia:.......................................................................................... 17

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Anexo VI - O sistema de Ensino na Noruega

O ensino e o desenvolvimento das aptidões têm sido uma prioridade na política do país. O objectivo é ter um sistema de instrução que combinem os padrões académicos mais elevados alargado que possa incluir o máximo da população, para se obter um padrão educacional geral elevado e melhorar assim a qualidade de vida da população. É também uma das condições principais para o aumento da produtividade e para assegurar o progresso e o bem-estar da sociedade norueguesa. Um dos princípios básicos da política educacional norueguesa é que todas as crianças direito à igual instrução e ao treinamento independentemente da origem, do sexo, condição social ou cultural e das aptidões físicas. O ensino é gratuito, a todos os níveis. As reformas recentes reformas do ensino foram no sentido de o tornar mais flexível de modo a proporcionar um maior espectro de competências e preparar a população para mudanças em curso a nível mundial e manutenção de um sistema descentralizado do sistema escolar tendo em conta as particularidades do país. As despesas de ensino na Noruega atingem 6.8 por cento do produto doméstico bruto, quando a média do OECD for 4,9 por cento (2000). Numa população de 4.5 milhões de pessoas, cerca de 900 000, novecentos frequentam algum tipo de ensino e cerca de um milhão frequentam o ensino para adultos.

No ano lectivo 1999-00 - havia aproximadamente:

• 580.300 alunos na escola primária e primeiro nível do ensino secundário; • 177.000 no segundo nível do ensino secundário superior, (incluindo o

treinamento vocacional) • Cerca de 83 % da população de idades entre os 25 e 64 anos frequentou

para além do primeiro nível do ensino secundário. • Cerca de 54% frequentou o ensino secundário. • Cerca de 26% tem curso superior. (O número estudantes no ensino superior

subiu cerca de 70% nos últimos entre 1988 e 1998).

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Anexo VI O sistema de ensino na Noruega

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O Ensino Primário e primeiro nível do ensino Secundário

A estatística para estes níveis mostrava:

• Escolas - 3,300 • Alunos - 479,000 • Professores – 50.700

O ensino é obrigatório desde Julho de 1997 e começa com a idade de 6 anos e estende-se por um período de 10 anos está dividido em três fases:

• Ensino primário – até 4 ª classe • Ensino médio – até 7ª classe • Ensino secundário, 1º nível – até 10ª classe

Muitas escolas são combinadas e albergam turmas das 10 classes. É comum na Noruega crianças de classes diferentes compartilhar a sala de aula. Isto devido a pouca densidade e dispersão populacional do país. Metade das escolas primárias está nesta condição.

O Ensino secundário, 2º nível

O Ensino secundário – 2ºnível engloba toda ensino e treinamento entre uma escola secundária e o ensino superior.

No ano lectivo 1999/2000 havia no ensino secundário - 2ºnível:

• Alunos 164.200 • Escolas 505 • Professores 22.100.

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Anexo VI O sistema de ensino na Noruega

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O Ensino Superior

- Havia no total cerca de 170,000 estudantes no ensino superior (o número de estudantes cresceu 70% entre 1988 1998),

Dados relativos ao ano lectivo 2000

• 4 Universidades: (University of Oslo, University of Bergen, Norwegian University of Science and Technology NTNU (formerly the University of Trondheim and the Norwegian Institute of Technology) e University of Tromsø.

• 6 Escolas superiores de nível universitário – para agricultura em Ås, Economia, Negócios e Administração em Bergen, Medicina Veterinária, Educação Física e Desporto, Academia de Música e Academia de Arquitectura em Oslo.

• 2 Escolas de Artes em Oslo • 26 Escolas Regionais, especializadas na formação de professores,

engenharia, ciências sociais e saúde, etc. Os cursos são de cerca de 2 a 3 anos.

As quatro universidades e as 6 Escolas são também centros excelentes de investigação para a formação de mestres e doutoramento em diferentes áreas especialmente em matemáticas, ciências naturais e tecnologias.

Ensino para adultos

A Noruega dá uma especial atenção ao ensino para adultos. Em 1995 havia cerca de 1000000 alunos.

O órgão do estado que tutela a área da educação é o Ministério da Educação, Investigação e Assuntos Religiosos.

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Anexo VI O sistema de ensino na Noruega

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Fontes e Bibliografia

• Ministério da Educação da Noruega (2002), Budget of the Ministry of national Education – http://www.meb.gov.tr/stats/apk2002ing/apage341_354.htm

• Ministério da Educação da Noruega -http://odin.dep.no/ufd/engelsk/index-b-n-a.html.

• Ministério da Educação da Noruega, (2003), Facts and Figures -http://odin.dep.no/ufd/engelsk/publ/veiledninger/014081-990077/dok-bn.html

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Anexo VI O sistema de ensino na Noruega

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ÍNDICE:

Anexo VI - O sistema de Ensino na Noruega.............................................................................................. 1 O Ensino Primário e primeiro nível do ensino Secundário ....................................................................... 2 •Ensino primário – até 4 ª classe ................................................................................................................... 2 •Ensino médio – até 7ª classe ......................................................................................................................... 2 •Ensino secundário, 1º nível – até 10ª classe .............................................................................................. 2 O Ensino secundário, 2º nível.......................................................................................................................... 2 O Ensino Superior .............................................................................................................................................. 3 Ensino para adultos............................................................................................................................................ 3 A Noruega dá uma especial atenção ao ensino para adultos. Em 1995 havia cerca de 1000000 alunos................................................................................................................................................... 3 Fontes ................................................................................................................................................................... 4