fichamento - chang

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IntroduoOs pases em desenvolvimento veem sofrendo fortes presses desde a dcada de 1990, por parte das naes desenvolvidas e das polticas internacionais de desenvolvimento (Banco Mundial, FMI, BIRD, etc., para adotarem uma srie de polticas boas e instituies boas para que logrem sucesso na corrida do desenvolvimento econmico.Segundo essa agenda, boas so as polticas prescritas pelo chamado Consenso de Washington em geral. Entre elas figuram polticas macroeconmicas restritivas, a liberalizao do comrcio internacional e dos investimentos, a privatizao e a desregulamentao. Instituies boas so, essencialmente, as existentes nos pases desenvolvidos, sobretudo nos anglo-saxnicos. Entre as instituies-chave, incluem-se a democracia, a burocracia boa, o judicirio independente, a forte proteo aos direitos de propriedade privada e uma governana empresarial, transparente e orientada para o mercado, assim como instituies financeiras (inclusive um banco central politicamente independente). (CHANG, 2004, p. 11-12).[...] Mas, o curioso que numerosos crticos, que questionam a aplicabilidade de tais recomendaes, do como ponto pacfico que essas polticas e instituies boas foram efetivamente adotadas pelos pases desenvolvidos quando estes ainda estavam em processo de desenvolvimento. (CHANG, 2004, p. 12).Ser, no entanto, verdade que as polticas e instituies to recomendadas aos pases em desenvolvimento foram adotadas pelos desenvolvidos quando se achavam em processo de desenvolvimento?(CHANG, 2004, p. 13).A resposta mais sucinta que eles no seriam o que so hoje se tivessem adotados as polticas e as instituies que agora recomendam s naes em desenvolvimento. Muitos recorreram ativamente a polticas comerciais e industriais ruins, como a de proteo indstria nascente e a de subsdios exportao [...] Antes de se tornarem completamente desenvolvidos, eles possuam pouqussimas dessas instituies agora consideradas to essenciais aos pases em desenvolvimento, inclusive as mais bsicas como os bancos centrais e a responsabilidade limitada. (CHANG, 2004, p. 14).Se for esse o caso, as naes desenvolvidas no estaro se valendo do pretexto de recomendar polticas e instituies boas unicamente para dificultar o acesso dos pases em desenvolvimento s polticas e instituies que elas implementaram no passado a fim de alcanar o desenvolvimento econmico? Eis a questo que nos propomos a discutir. (CHANG, 2004, p. 14).Tirando lies da histriaO economista alemo do sculo XIX Friedrich List (1789-1846) geralmente considerado o pai do argumento da indstria nascente, ou seja, que, em face dos pases desenvolvidos, os mais atrasados no conseguem desenvolver novas indstrias sem a interveno do Estado, principalmente por meio de tarifas protecionistas. (CHANG, 2004, p. 14).List argumenta que a Gr-Bretanha foi, sem dvida alguma, o primeiro pas a aperfeioar a arte de promover a indstria nascente, arte essa que, a seu ver, o princpio em que se escora a maior parte dos pases que lograram prosperar. (CHANG, 2004, p. 15).Chega a afirmar que ns [que no estamos convencidos do argumento da indstria nascente] devemos primeiro estudar a histria da indstria inglesa. (LIST, 1985, p. 39).Chang destaca que enquanto as anlises clssicas (SMITH, SAY) apontavam a vocao dos EUA para agricultura e alertavam para os perigos das polticas de promoo da indstria naquele pas [...] estaro retardando o futuro crescimento do valor de seu produto anual, em vez de aceler-lo, e estaro obstruindo o progresso do pas [...] (SMITH, 1937, p. 347-8 Apud CHANG, 2004, p. 17).Duas geraes depois, enquanto List escrevia o seu livro, muito europeus continuavam concordando com a viso de Smith. Afortunadamente, argumentava List (1885, p.99-100), os norte-americanos rejeitaram essa anlise com firmeza e, preferindo o bom senso e a intuio do que era necessrio ao pas, passaram a proteger suas indstrias incipientes com grande sucesso a partir de 1816.A questo metodolgica necessrio frisar o mtodo histrico de List em suas anlises da economia.Essa anlise, quando feita adequadamente, no se restringe a compilar e catalogar fatos histricos na esperana de que isso venha a gerar naturalmente um modelo. Pelo contrrio, exige uma busca persistente de modelos histricos, a construo de teorias que expliquem e a aplicao dessa teorias a problemas contemporneos, ainda que sem deixar de levar em conta as circunstanciais alteraes tecnolgicas, institucionais e polticas. (CHANG, 2004, p. 18).