fichamento - cap. ius personarum - direito romano

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CAPÍTULO I IUS PERSONARUM 1. PERSONA 1.1.1. Noção: Persona na visão de Gaio não era somente o homem livre, mas até o escravo que em face do direito privado era considerado res. O termo tem origem etimológica em per (através de) + somare (soar). 1.1.2. Pessoa Física e Personalidade: O nascimento e a morte sinalizam o inicio e o fim da pessoa física, do homem na sua individualidade. 1.1.2.1. Condições da Personalidade Jurídica: No direito coevo, toda pessoa é dotada de personalidade, que adquire ao nascer com vida. Mas, segundo o direito romano, era preciso, primitivamente, para ter personalidade, além do nascimento perfeito, satisfazer três requisitos: ser livre, cidadão romano e chefe de família. Esses requisitos deixam de existir no direito justinianeu. Para ser considerada pessoa física, e, consequentemente, ter personalidade jurídica, isto é, sujeito de direitos e obrigações, o romano deveria preencher, portanto, duas condições: uma condição natural que era o nascimento perfeito e outra civil que era o status.

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Page 1: Fichamento - CAP. Ius Personarum - Direito Romano

CAPÍTULO I

IUS PERSONARUM

1. PERSONA

1.1.1. Noção:

Persona na visão de Gaio não era somente o homem livre, mas até o escravo

que em face do direito privado era considerado res. O termo tem origem etimológica

em per (através de) + somare (soar).

1.1.2. Pessoa Física e Personalidade:

O nascimento e a morte sinalizam o inicio e o fim da pessoa física, do homem

na sua individualidade.

1.1.2.1. Condições da Personalidade Jurídica:

No direito coevo, toda pessoa é dotada de personalidade, que adquire ao

nascer com vida. Mas, segundo o direito romano, era preciso, primitivamente, para

ter personalidade, além do nascimento perfeito, satisfazer três requisitos: ser livre,

cidadão romano e chefe de família. Esses requisitos deixam de existir no direito

justinianeu.

Para ser considerada pessoa física, e, consequentemente, ter personalidade

jurídica, isto é, sujeito de direitos e obrigações, o romano deveria preencher,

portanto, duas condições: uma condição natural que era o nascimento perfeito e

outra civil que era o status.

Nascimento perfeito: era o nascimento com vida, apresentando forma humana

e perfeição orgânica necessária para continuar a viver.

A condição civil, “status”: era a qualidade em razão da qual o romano tinha

direitos.

1.1.2.2. Capitis Deminutio:

É a perda de uma das situações ou status, ou seja, mudança de capacidade.

Page 2: Fichamento - CAP. Ius Personarum - Direito Romano

Capitis Deminutio Maxima: Era a destruição plena da personalidade jurídica,

dos direito patrimoniais do capite minutus que são adquiridos pelo Estado.

Capitis Deminutio Média: Era quando acarretava a perda da capacidade civil

e, consequentemente, o status familiae.

Capitis Deminutio Mínima: Era quando dissesse respeito ao status familiae,

como, por exemplo, no casamento cum manu, na ad-rogação, na adoção, na

emancipação, e na situação de pessoa in mancipio.

1.1.2.3. Capacidade:

Capacidade é o limite da personalidade. Há duas espécies de capacidade, de

direito e de fato.

Capacidade de direito ou jurídica: É a personalidade, a aptidão, reconhecida

pela lei, para ter direitos e contrair obrigações.

Capacidade de fato: É a capacidade de exercício ou de agir. É a aptidão para,

pessoalmente, exercer os próprios direitos, ou seja, praticar ou realizar os atos

jurídicos que dizem respeito à aquisição, à perda ou modificação de direitos.

1.1.2.4. Incapacidade Jurídica:

Incapacidade Jurídica é a impossibilidade de praticar atos jurídicos, ou seja,

assumir direitos e obrigações. Eram fatores determinantes da incapacidade: o sexo,

a idade, os problemas físicos e mentais, a prodigalidade, a condição social, a

religião e a capitis deminutio

O sexo: Era um fator determinante de distinção entre o homem e a mulher. A

mulher não podia exercer nenhuma função publica, não tinha o exercício da tutela,

com exceção da mãe e da avó; não podia participar em juízo em favor de alguém;

não podia fazer testamento; não podia adotar nem receber, por meio de testamento,

mais de dez mil asses. Não podia litigar em juízo, tampouco servir de testemunha, e,

ainda, ser chefe de família, estando sempre sujeita à potestade doméstica.

Quanto à idade: 14 anos para o homem e 12 para a mulher. Justiniano

estabeleceu uma idade fixa, uniforme para todos.

Page 3: Fichamento - CAP. Ius Personarum - Direito Romano

No que se refere aos problemas físicos e mentais: Estavam enquadrados os

impotentes, os eunucos, os surdos, os mudos e os surdos-mudos.

Quanto aos pródigos: Constatada a prodigalidade, o magistrado decretava

sua internação, visando proteger o patrimônio familiar, e se limitava aos bens

adquiridos por herança paterna.

No que concerne à classe social: A sociedade romana apresentava uma

estratificação de classes que repercutiu no direito. No início, eram os cidadãos e os

clientes e na republicana, os patrícios e os plebeus.

A religião: Com o tempo, influenciou a capacidade de agir.

A situação jurídica da pessoa in mancipio: Também gerava a incapacidade,

porquanto era uma condição de semiliberdade.

A capitis deminutio: Ocorria quando o cidadão perdia uma das três condições

chamadas status (libertatis, civitatis e familiae). Sua capacidade jurídica não existia

ou era restringida.

1.1.2.5. Absolutamente incapazes e relativamente incapazes:

A lei decenviral previa os seguintes tipos de incapacidade de fato: os pupili,

isto é, os impúrberes de ambos os sexos, homens até 14 anos e mulheres até 12

anos; as feminae, ou seja, as mulheres, em razão do sexo e da mente; os furiosi e

os prodigi, furiosos e pródigos.

Eram:

Absolutamente incapazes: Os pupilos ou infantes até os 7 anos; ou

mentecaptos ou dementes, bem como os furiosos; os surdos-mudos e aos

perpetuamente inválidos era dado curador.

Relativamente incapazes: As mulheres, os pródigos e os pupilos, maiores de

7 e menores de 14 anos.

1.1.2.6. Extinção da Pessoa Física:

A pessoa física, o homem, se extingue com a morte.

Page 4: Fichamento - CAP. Ius Personarum - Direito Romano

1.1.3. Pessoa Jurídica:

Pessoa jurídica é toda organização considerada pela lei, como sujeito de

direito na órbita patrimonial. A concepção de pessoa jurídica surgiu no direito

clássico, quando se admitia que ao lado da pessoa física, havia certas entidades

abstratas que também eram titulares do direito subjetivo.

As pessoas jurídicas, no direito romano, estavam classificadas em dois

grupos: universitas personarum e universias rerum, que se distribuíam em públicas e

privadas.

Universitas Personarum:

Eram agrupamentos de pessoas: as corporações e associações. De direito

público: o Estado Romano, o fisco, as províncias, as colônias, as cidades, os

municípios. De direito privado: os colégios de operários, as associações religiosas

ou recreativas e as sociedades dos publicanos.

Universitas Rerum:

Eram as fundações, massa patrimonial ou conjunto de bens, destinadas a

determinados objetivos, que também podiam ser públicas e privadas.

1.2. DOMICÍLIO

Domicílio era o lugar onde o cidadão tinha o seu lar e a soma de seus bens e

negócios, de onde não se ausentava a não ser que algum negócio exigisse.

Encontramos no Ius Romanum dois tipos de domicílio: voluntário, escolhido

pelo cidadão; necessário, determinado em razão de função pública que se ocupa,

incapacidade ou restrição à liberdade, é o atribuído pela lei.

1.3. NOME

O nome do cidadão romano era composto de três elementos: o prenome, o

nome gentílico e o cognome.

Page 5: Fichamento - CAP. Ius Personarum - Direito Romano

1.4. COMPARAÇÃO COM O CÓDIGO CIVIL

Direito Romano

O sujeito de direitos é aquele a quem a ordem jurídica atribui direitos e

deveres.

A personalidade jurídica do cidadão começava a partir do nascimento perfeito.

Eram fatores determinantes da incapacidade: o sexo, a idade, problemas

físicos e mentais, a prodigalidade, condição social, a religião e a capitis

deminutio. À época clássica, eram absolutamente incapazes: os infantes até

os 07 anos; os mentecaptos ou dementes; os loucos na fase de crise; os

surdos-mudos, os perpetuamente inválidos e os ausentes.

A puberdade era alcançada pelo homem quando completava 14 anos e a

mulher aos 12 anos. Enquanto o paterfamilias estivesse vivo todos estavam

sujeitos à sua potestade, ou seja, eram alieni iuris. O paterfamilias, contudo,

podia emancipar o filho, filha ou neto, mediante a venda simbólica, por três

vezes, como determinava a Lei Decenviral.

A existência da pessoa física terminava com a morte.

À luz do direito clássico, se duas pessoas falecerem num mesmo acidente,

não sendo possível provar quem morreu primeiro, se considerava que ambas

morreram ao mesmo tempo.

O nome do cidadão romano era composto de três elementos (tria nomina),

assim constituído: prenomen, nomen et cognomen.

As pessoas jurídicas estavam compreendidas em dois grupos: universitas

personarum e universitas rerum, divididas em públicas e privadas.

Pessoas jurídicas de direito público (universitas personarum):

- Corporações e associações;

- O Estado Romano, o fisco;

- As províncias;

- As colônias;

- As cidades;

- Os municípios.

Universitas rerum: fundações.

Pessoas jurídicas de direito privado: colégio de operários, associações

religiosas ou recreativas e as sociedades do publicanos, fundações.

Page 6: Fichamento - CAP. Ius Personarum - Direito Romano

Para a existência da pessoa jurídica, fazia necessário: três ou mais pessoas,

estatuto (lex colegii ou lex municippi).

Conjunto de pessoas (Universitas personarum), que se reúne para fins

recreativos, pois, religiosos.

Domicilio era o lugar onde o cidadão tinha o seu lar e a soma de seus bens e

negócios. Era de dois tipos: voluntários, escolhido pelo cidadão. Necessário,

em razão de função pública, incapacidade ou restrição à liberdade, ou seja,

atribuído pela lei.

O domicilio de pessoa instalada da mesma maneira e dois lugares, sem

permanecer menos em um que em outro.

As pessoas jurídicas extinguiam-se pela morte, renúncia ou deliberação de

todos os sócios; quando se tornava impossível seu objetivo; pelo termino do

prazo dessa duração, ou, ainda, pela cassação pelo Estado a autorização de

seu funcionamento, por julgar nociva sua atividade.

Código Civil Brasileiro

Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas

a lei põe a salvo desde a concepção, os direitos do nascituro.

Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da

vida civil:

I – os menores de 16 anos;

II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário

discernimento para a prática desses atos;

III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade;

Art. 5º A menoridade cessa aos 18 anos, quando a pessoa fica habilitada à

prática de todos os atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará para os menores a incapacidade:

I – Pela concessão dos pais ou de um deles na falta do outro, mediante

instrumento público, independente de homologação judicial, ou por sentença

do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 (dezesseis) anos completos.

II – Pelo casamento;

Page 7: Fichamento - CAP. Ius Personarum - Direito Romano

III – Pelo exercício de emprego público efetivo;

IV – Pela colação de grau em curso técnico de ensino superior;

V – Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de

emprego, desde que, fique em função deles, o menor com 16 (dezesseis)

anos completos tenha economia própria.

Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta,

quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de secessão

definitiva.

Art. 8 º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não

podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-

se-ão simultaneamente mortos.

Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendendo o prenome e

o sobrenome.

Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público interno, ou externo, e de

direito privado.

Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:

I – A União;

II – Os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;

III – Os Municípios;

IV – As autarquias;

V – As demais entidades de caráter público, criadas por lei.

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:

I – As associações; (art. 16, I)

II – As Sociedades; (art. 16, I e II).

III – As fundações. (art. 16, I).

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado

com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando

necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se

no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. (remete-se

ao art. 18, caput, e parágrafo único).

Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se

organizem para fins não econômicos.

Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabeleceu a sua

residência com ânimo definitivo. Obs.: domicilio voluntário.

Page 8: Fichamento - CAP. Ius Personarum - Direito Romano

Art. 73. Ter-se-á por domicilio da pessoa natural, que não tenha residência

habitual, o lugar onde for encontrada.

Art. 2.034. A dissolução e a liquidação das pessoas jurídicas referidas no

artigo antecedente, quando iniciadas antes da vigência deste Código,

obedecerão ao disposto das leis anteriores.