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DIREITO constitucional Aula 01 Profª Alessandra Vieira www. concursovirtual .com.br

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DIREITO constitucional

Aula 01

Profª Alessandra Vieira

www.concursovirtual.com.br

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direito constitucional

AULA 01

Bom pessoal em primeiro lugar bom dia a todos, para quem não me conhece meu nome é Alessandra Vieira sou professora de Direito Constitucional aqui do curso e vou trabalhar com vocês dois encontros é para o concurso enfim que vocês pretendem prestar. Eu vou trabalhar a matéria nacionalidade hoje, e na quinta-feira a matéria direitos políticos. A outra parte da matéria quem trabalha é o professor André Vieira, não sei se tem mais algum outro professor que trabalha direito condicional aqui com vocês porque a gente divide o conteúdo, então como eu falei pra vocês dentro daquilo que eu trabalho são apenas dois pontos dentro do edital, da expectativa de edital que vocês têm para o concurso. Eu só peço desculpas a vocês, eu estou bem ruim da garganta então a voz não vai ser a quinta maravilha do mundo mas, enfim, a gente vai dando um jeito.

Então vou botar aqui o que agente vai estudar na matéria nacionalidade(...), que é uma matéria que cai bastante em concurso público. Nós vamos estudar quem são os brasileiros natos, quem são os brasileiros naturalizados, se nato e naturalizado é tudo a mesma coisa ou se tem diferenças, como que uma pessoa se torna um brasileiro nato no nosso país, se ela pode perder essa condição. Eu sempre comento em aula, quase lá no fim do nosso conteúdo, se um brasileiro nato pode perder essa condição, e quando eu pergunto isso em aula eu recebo muito como resposta “não, não tem como um brasileiro nato perder essa condição” e na verdade tem, então a gente tem que ter algum cuidado porque é uma matéria que tem ali algum detalhezinho que com certeza pode ser objeto de questionamento na prova. É uma matéria que eu digo para vocês parece complicada mas ela é muito gostosa de se trabalhar e uma vez que vocês dominem as regras, vocês vão observar que vocês respondem qualquer questão que apareça a respeito da matéria nacionalidade.

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Então nós temos aqui na nossa apostila o conceito de nacionalidade, que que é a nacionalidade. Como diz então aqui, nacionalidade é o vínculo jurídico político que liga um indivíduo a um certo e determinado Estado, fazendo deste indivíduo um componente do povo da dimensão deste Estado, capacitando esta pessoa a exigir uma proteção, mas também se subordinando ao cumprimento de deveres. Então quando nós somos nacionais de um país, no caso aqui do nosso Brasil, a gente tem a prerrogativa de exigir a proteção mas, em contrapartida, nós temos uma série de cumprimento de deveres que nos são impostos, certo?:

Bom, que que nós vamos então ver agora. Quando a gente fala na matéria nacionalidade, a primeira questão que nós temos que ter presente é que o Brasil adota duas classes de nacionalidade, significa dizer: ou nós somos brasileiros natos ou nós somos brasileiros naturalizados. Então classes de nacionalidade são apenas duas: ou tu é brasileiro nato ou tu é brasileiro naturalizado. A pergunta é: nato a naturalizado é tudo a mesma coisa ou tem diferenças? Tem diferenças. Vocês saberiam me dizer alguma diferença que nós temos entre natos e naturalizados? Brasileiro naturalizado, ele tem acesso a todos os cargos políticos do Brasil? Não tem. O brasileiro nato, por sua vez, ele pode concorrer a qualquer cargo, naturalizado não, a gente vai estudar o porquê. Brasileiro naturalizado não pode concorrer a Presidente do país, dentro daquela ideia de que se ele pudesse ocupar um cargo dessa natureza, ele poderia acabar beneficiando interesses do país de origem dele. Então nós vamos estudar que alguns cargos são, por sua natureza, reservados apenas aos brasileiros natos. Outra diferença que a gente vai estudar: brasileiro naturalizado, pessoal, pode ser extraditado? O naturalizado ele pode né, o brasileiro nato não, dentro daquela ideia: vamos mandar o brasileiro nato para onde? Embora a gente bem que gostaria mandar alguns, mas não tem essa possibilidade, então nós vamos ver que brasileiros natos e naturalizados não são a mesma coisa, tem diferenças e a gente vai estudar então a partir de agora como que a pessoa adquire essa condição.

Então vou colocar um esqueminha aqui no quadro que é basicamente esse esquema que vocês têm na apostila mas que eu acho mais fácil para que eu me organize para explicar para vocês.

(...)

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Bom, vamos lá então. Pessoal, como eu estava dizendo para vocês, quando a gente fala da matéria nacionalidade nós temos que ter em mente que nós temos duas classes de nacionalidade, como eu falei para vocês, ou nós somos brasileiros natos ou nós somos naturalizados, toda pessoa que é brasileira nata no nosso país ela possui o que se denomina nacionalidade brasileira primária ou originária; então se lá no concurso de vocês aparece uma questão dizendo assim: “com relação à nacionalidade brasileira primária, é possível afirmar.” Essa questão ela trata de brasileiros natos. Então sempre a expressão “primário” ou “originário” significa brasileiro nato. A pergunta é: como que alguém se torna brasileiro nato no nosso país. Para que alguém se torne brasileiro nato, 3 critérios são levados em consideração: o critério sanguíneo, que eu já vou explicar para vocês, que é chamado ius sanguinis; o critério territorial, que é conhecido por ius soli; e por fim o critério misto , então pessoal, procurem não anotar nada agora, só prestem atenção, depois vocês finalizam o que vocês estão escrevendo.

Então o que que seria o critério sanguíneo que pode nos tornar um brasileiro nato no nosso país. Para o Brasil, será brasileiro nato toda pessoa nascida de pais brasileiros, independentemente do local de nascimento, então o critério sanguíneo, repetindo, para o Brasil, será brasileiro nato toda pessoa nascida de pais brasileiros, não importando o local de nascimento.

Então eu vou fazer uma pergunta para vocês agora, depois vocês vão observar que a resposta ela vai ser diferente, mas a gente vai entender o porque. Então nesse momento eu pergunto para vocês: nasce uma criança nos Estados Unidos filho de pais brasileiros, o que que essa criança seria? A princípio, ela seria brasileira nata, concordam comigo? Pelo critério sanguíneo. Só que vocês vão observar que quando o brasil adota o critério sanguíneo acaba exigindo um algo a mais, então, na verdade, não basta apenas ser filho de pais brasileiros quando a gente nasce no exterior, para ser brasileiro nato, além de ter pais brasileiros, a gente tem que ter um algo a mais, que vocês já vão ver o que que é. Tranquilo?

Que que é o critério territorial? Para o Brasil, será brasileiro nato toda pessoa nascida em território brasileiro, não importando a nacionalidade dos pais. Então repito, critério territorial: para o Brasil, será brasileiro nato toda pessoa nascida em território brasileiro, não importando a nacionalidade dos pais.

Então a minha pergunta é: nasce uma criança no Brasil, filho de um casal de japoneses, qual a nacionalidade dessa criança para o Brasil? A princípio, ela é brasileira nata, pelo critério territorial. Mas vocês vão observar que também no critério territorial a Constituição exige um algo a mais, tranquilo? Depois a gente vai ver isso melhor.

Por fim, nós temos o critério misto, o critério misto ele não é propriamente dito, a única função do critério misto é dizer que o Brasil adota as duas modalidades, como o Brasil adota tanto o critério sanguíneo e como o Brasil adota também o critério territorial, a gente diz que o nosso critério no nosso país ele é misto, nós temos as duas modalidades, só que vocês devem tomar um cuidado: nunca uma pessoa será brasileira nata por ter o critério misto, por exemplo: eu, Alessandra eu nasci no Brasil e eu sou filha de pais brasileiros, então eu tenho tanto a questão sanguínea como eu tenho a questão territorial, concordam comigo? Eu tenho as duas coisas ao mesmo tempo. Vocês poderiam dizer: “Ah professora, a senhora é brasileira nata por ter o critério misto”. Não. Sempre que os dois critério estiverem presentes na mesma pessoa, ela é brasileira nata pelo critério territorial. O critério territorial ele é a regra do nosso país, ao contrário do que a gente costuma imaginar. Nós temos a tendência de pensar que a questão sanguínea é o que manda, mas é o contrário, no nosso país o que manda é o território então, como eu falei para vocês, no meu caso, que tenho as duas coisas ao mesmo tempo, tanto a

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questão sanguínea como a questão territorial, eu, Alessandra sou brasileira nata pelo ius soli por ter nascido em território brasileiro. Entendido pessoal?

Como é que isso pode cair em termos de concurso público, uma vez eles perguntaram assim: “em que consiste o critério misto?” E a resposta da prova era: “na união do critério sanguíneo com o critério territorial” era só isso porque, como eu falei para vocês, o misto ele não é um critério, ele só existe para dizer que o Brasil tem as duas modalidades. Tranquilo até aqui? Certo? Depois a gente vai explorar mais isso daqui.

Nós vamos estudar também os brasileiros naturalizados que são as pessoas que têm uma nacionalidade secundária, não é originária. A gente também encontra expressões do tipo: nacionalidade adquirida né, ou ela é secundária ou ela é adquirida.

Nós vamos observar que uma pessoa, para se naturalizar no Brasil, além, obviamente, dos requisitos legais, nós temos vários requisitos para a pessoa poder se naturalizar, ela tem que ter vontade em se naturalizar, não basta apenas preencher requisitos e essa vontade ela vai demonstrar através de um pedido, através de um requerimento. Parece uma bobagem o que eu estou dizendo mas não é; pode, por exemplo, um holandês vir para o Brasil e ele preenche todos os requisitos para se naturalizar brasileiro, a pergunta é: “é certo que ele vai se naturalizar?” Não, não é certo, porque ele tem que querer se naturalizar, o fato da pessoa estar aqui e preencher os requisitos legais não significa dizer que ela deseja a naturalização, então ela vai ter que fazer o pedido e esse pedido vai ser avaliado e será aceito ou não. Então é isso que a gente vai ver a partir de agora.

Aqui na apostila está exatamente o que eu coloquei aqui no quadro para vocês: o Brasil adota duas classes de nacionalidade: ou tu é brasileiro nato ou tu é naturalizado. Brasileiro nato se torna brasileiro nato ou pela questão sanguínea ou pela questão territorial; o misto só serve para dizer que o Brasil tem as duas formas. Naturalizado é quem adquire a naturalização por vontade própria, sempre através de um pedido, sempre através de um requerimento.

Então vamos agora estudar todas as hipóteses de brasileiros natos, então peguem aí o artigo 12, inciso I para a gente estudar nossa primeira situação.

Então o artigo 12, inciso I, alínea a) ele diz assim:

Art. 12. São brasileiros:

I – natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

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Então pessoal, minha primeira questão é: na alínea a, a criança nasceu na República Federativa do Brasil, ainda que os pais delas sejam estrangeiros, qual é o critério adotado na alínea a, ius sanguinis ou ius soli? Ela nasceu na República Federativa do Brasil, então de qual critério a gente está falando, ius sanguinis ou ius soli? Ius soli. Nós estamos falando de um critério territorial.

Aí, a primeira pergunta que eu faço a vocês é: nasce uma criança no Brasil, filho de um casal de chineses que estavam a passeio. Pelo que vocês acabaram de estudar, o que que essa criança é para o Brasil? Ela é brasileira nata. Por que que ela é brasileira nata? Porque a Constituição diz que para ser estrangeira, os pais deveriam estar no Brasil a serviço do seu país. No exemplo que eu dei não fala nada disso, diz que os pais estavam aqui a passeio e a criança nasceu no Brasil, nesse caso, então a criança é brasileira nata. Entendido? Podem marcar na prova sem ter medo.

Nasce uma criança no Brasil, filho de um casal de chineses, cujos pais estavam a serviço da China, qual a nacionalidade dessa criança para o Brasil? Olha só, eu sempre falo isso, sempre faço essa provocação, nunca digam que a criança é chinesa ou sei lá, dependendo do país, japonesa, americana...sempre digam que ela é estrangeira porque para saber se ela é chinesa nós teríamos que conhecer o critério adotado na China que o concurso público não vai nos perguntar. Sempre a pergunta é: “o que que essa criança é para o Brasil?” E para o brasil, a certeza que eu tenho é que ela é estrangeira, tranquilo?

Nasce uma criança no Brasil, filho de um casal de Chineses, cujos pais estavam a serviço dos Estados Unidos, qual a nacionalidade dessa criança para o Brasil? Ela é brasileiro nata, e por que que ela é brasileira nata? Porque a nossa Constituição diz que para ser estrangeira os pais devem estar a serviço do seu país. Esse é o pega ratão que aparece nos concursos, que a gente tem que cuidar, botar um destaque ali no seu país. Sempre que os pais estiverem a serviço de outro país que não é o seu, a criança é brasileira nata, entendido?

Então eu vou falar isso aqui de novo e depois eu vou trazer algumas outras informações. Minha pergunta é: nasce uma criança no Brasil, filho de um casal de mexicanos que estavam a passeio, qual a nacionalidade dessa criança para o Brasil? Brasileira nata.

Nasce uma criança no Brasil, filho de um casal de mexicanos , cujos pais estavam a serviço da Argentina, que que essa criança é? Brasileira nata.

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Nasce uma criança no Brasil, filho de um casal de mexicanos , cujos pais estavam a serviço do México, que que essa criança é? Estrangeira. Por que que ela é estrangeira? Porque os pais estavam a serviço do seu país. Entendido? então esse é o detalhe do critério territorial, a criança quando nasce em território brasileiro, ela será brasileira nata desde que os pais não estejam a serviço do seu país; primeira questão importante, tranquilo pessoal?

Outro detalhe: o que que é território brasileiro? Porque a Constituição diz que a criança que nascer em território brasileiro será brasileira nata, o que que é território brasileiro? Território brasileiro são só essas terras delimitadas pelas fronteiras? Ou território é um conceito que vai além disso? O que que vocês acham? Ele é um conceito que vai além. Na verdade, território brasileiro é todo local em que o país exerce a sua soberania então, por exemplo, um navio brasileiro, uma aeronave brasileira são considerados extensões do nosso território, não importando onde estejam. Os rios, os lagos, as baías, os golfos, o mar territorial, tudo é considerado uma extensão do território brasileiro. Eu sempre digo em aula pessoal -eu já dou aula dessa matéria há 18 anos, então tenho muita experiência no que que eles perguntam em concurso público- e eu digo para vocês que algumas vezes, mas é raro, algumas vezes eles fazem questões envolvendo navio e aeronaves, mas eu posso dizer assim para vocês que dos 18 anos que eu dou aula dessa matéria, dá para contar nos dedos de uma mão a quantidade de vezes que eu vi perguntas com relação a isso, mas eu sempre comento porque vai que caia, então eu digo assim: se aparecer para vocês uma questão dizendo “nasce uma criança a bordo de um navio brasileiro, bandeira brasileira. Esse navio está em águas internacionais, o casal, os pais da criança é um casal de chilenos que está a bordo desse navio a passeio” então o casal é chileno, a criança nasceu dentro do navio, mas o navio ele é brasileiro, e a questão disse para vocês que o navio é brasileiro, aí botaram as águas internacionais que é para dar uma confundida na cabeça. O que que está dizendo ali? Que a criança nasceu dentro de um navio brasileiro e que os pais estavam passeando, ou seja, essa criança nasceu numa extensão de um território brasileiro, por isso ela é brasileira nata. Entendido? É aquilo que eu falei, não é comum aparecer, apostaria assim, quase 100% que não vai cair para vocês, mas eu acho importante comentar porque se cai, o aluno ele fica confuso porque ele olha...são questões enfeitadas né “nasce a criança a bordo de uma aeronave brasileira; espaço aéreo internacional” então eles fazem uma história assim, cheia de elementos, o que interessa, pessoal é que está dizendo a questão que é um navio ou que é uma aeronave brasileira e que os pais brasileiros não estavam, naquele momento, representando seu país, então essa criança é brasileira nata.

Como eu falei não é algo comum de acontecer mas o que eu vou falar agora, essa segunda observação essa cai, e cai muito. Quando nós olhamos a alínea a nós ficamos com a impressão de que os dois pais estrangeiros devem estar a serviço dos seus países, porque diz ali “desde que estes não estejam a serviço de seu país” então nós ficamos com a impressão de que para a criança ser estrangeira, ambos os pais devem estar a serviço de seu país. Pessoal, não é necessário. O que precisa, o que é obrigatório é que os dois sejam estrangeiros, mas se apenas um deles estiver a serviço de seu país, essa criança, para o Brasil, já é considerada estrangeira. Entendido pessoal? Então eles poderiam colocar assim: “nasce uma criança no Brasil, filho de um casal de americanos, cujo pai é um embaixador a serviço dos Estados Unidos, qual a nacionalidade da criança para o Brasil?” Ela é estrangeira, entendido pessoal? Porque se entende que, em que pese, digamos assim, só o pai ser embaixador americano e a, digamos a esposa, nada mais faz do que acompanhá-lo, ela leva também uma extensão daquela função do seu marido, ela tem, se ele é embaixador então ela é embaixatriz, ela tem uma extensão daquela função e, portanto, ela também está representando o país dela e, portanto, a criança ela é estrangeira, entendido, ficou claro?

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Esse detalhe vocês têm que cuidar, porque eu sempre digo, eu brinco em aula dizendo que quem faz concurso, e com muita razão, é um ser desconfiado porque a gente sempre está procurando na questão qual é o pega ratão e eu digo para vocês: nesse caso, se o aluno olha e só tem um a serviço, ele poderia lembrar “não, eu me lembro porque eu li na Constituição ‘desde que estes estejam a serviço do seu país’. Não é necessário, é o que eu falei para vocês, basta que os dois sejam estrangeiros e um deles, pelo menos, esteja a serviço de seu país, entendido, pessoal?

Agora vamos para a próxima possibilidade de brasileiros natos, a alínea b diz assim: São brasileiros natos

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

Na alínea b, a criança nasceu no estrangeiro mas ela é filha de pai brasileiro ou mãe brasileira ou os dois brasileiros, qual foi o critério adotado na alínea b, ius sanguinis ou ius soli? Ius sanguinis né porque não tem como ser ius soli, ela nasceu no estrangeiro, então nós estamos falando de um critério sanguíneo como está ali na apostila de vocês, essa hipótese da alínea b trata do critério sanguíneo.

Bom, aí pessoal o que que vocês devem cuidar: como eu disse para vocês no início da aula, quando a criança nasce no exterior, filho de pais brasileiros, para ser brasileiro nato a Constituição exige algo a mais, esse algo a mais é que obrigatoriamente o pai brasileiro ou a mãe brasileira devem estar a serviço da República Federativa do Brasil, então o que que vocês devem cuidar? Se eles colocassem na prova só assim: “nasce uma criança nos Estados Unidos, filho de pais brasileiros, que estavam a passeio, o que que essa criança é para o Brasil? Ela é estrangeira porque para ser brasileira nata o pai brasileiro ou a mãe brasileira obrigatoriamente deve estar a serviço do nosso país, esse é o algo a mais que eu tinha dito para vocês antes, entendido?

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Bom, algumas questões importantes: não é obrigatório que os dois sejam brasileiros, eles podem colocar assim para vocês: “nasce uma criança na Alemanha, filho de pai alemão e mãe brasileira, mãe brasileira a serviço da República Federativa do Brasil, o que que essa criança é para o Brasil? Brasileira nata. E outro detalhe: eles podem dizer que a mãe brasileira é naturalizada, é só para tipo confundir a cabeça porque nato ou naturalizado, é brasileiro, então não importa se ele é naturalizado “ah, então quer dizer que o filho do naturalizado pode ser nato?” Pode, se esse naturalizado estiver a serviço do Brasil, o filho dele é nato, entendido pessoal?

Então primeira questão importante é que não precisam os dois ser brasileiros, basta que um seja brasileiro e este que é brasileiro esteja a serviço do nosso país. E a segunda questão é: que tipo de serviço é considerado serviço do Brasil? A gente não tem como dizer o que que...por exemplo, lá na alínea a que o casal de chineses teriam que estar a serviço do seu país, só vai aparecer isso na prova porque a gente não tem como saber o que que a China considera como serviço deles, agora, para nós, nós precisamos saber, então o que que nós consideramos como serviço dos brasileiros? São 3 tipos de serviço, se vocês quiserem anotar, não está escrito aqui (...)

Então quero que você anotem aí: serviço diplomático, os diplomatas brasileiros, os embaixadores; serviço consular e o serviço público de qualquer natureza. Então como eu falei para vocês, 3 tipos de serviço: serviço diplomático que são os embaixadores; serviço consular, os cônsules; e o serviço público de qualquer natureza, certo?

Ok, visto isso aqui então, aí eu retomo aquela pergunta que eu tinha feito a vocês antes: nasce uma criança, por exemplo, na França, filho de pais brasileiros que estavam a passeio, qual a nacionalidade dessa criança para o Brasil? Só aparece isso na prova, que que essa criança é? Estrangeira porque para ser brasileira nata, pelo menos um dos pais teria que estar a serviço do nosso país. Agora a pergunta que eu faço a vocês é: será que existe possibilidade dessa criança se tornar um brasileiro nato? Existe, e a resposta está então na alínea c, vamos dar uma olhada o que que diz a alínea c, a alínea c diz assim:

São brasileiros natos

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007)

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Então pessoal, eu vou explicar para vocês bem essa alínea c porque ela é fruto de uma emenda constitucional que nós tivemos em 2007 e que alterou a redação desta alínea c, então a gente precisa entender o que que aconteceu com a alínea c, por que que ela foi alterada, prestem bem atenção: até 2007, toda criança que nascesse no exterior, filho de pais brasileiros que não estivessem a serviço do Brasil, essa criança para o Brasil ela era estrangeira, como ela é até hoje, nisso não tem nenhuma novidade. Agora a pergunta é: até 2007, o que que os pais deveriam fazer para tornar o seu filho um brasileiro nato? Quando a criança, por exemplo, nasce no exterior e eles não estão a serviço do nosso país e, portanto ela é estrangeira, a resposta é: a criança tinha que vir morar no Brasil, tá pessoal, não tinha outra possibilidade, ela tinha que vir morar no Brasil e após a maioridade, ela faria uma opção pela nacionalidade brasileira, então até 2007, toda criança que nascesse no exterior, filho de pais brasileiros que não estivessem a serviço do país, para ser brasileiro nato, a criança teria que vir morar no brasil, isso que eu estou dizendo para vocês é bem complicado, e criava, até então, um grande problema para quem nascia no exterior porque, vou colocar um exemplo aqui que é um exemplo que mata todas, vocês sabem pessoal que muitos casais de brasileiros vão embora do nosso país para tentar a vida no exterior e, eu tenho observado, através até das pessoas que eu conheço agora eu tenho observado que é uma grande leva de brasileiros que estão indo embora, agora principalmente para portugal, eu conheço pessoas das minhas relações que foram embora para tentar a vida lá em Portugal. Mas os brasileiros escolhem diversos países e um dos países escolhidos é o Japão porque em que pese o problema da língua, o Japão é um país muito desenvolvido e é um país que tem muita oportunidade em termos de trabalho, então é um dos países que os brasileiros escolhem para morar, quando vão tentar a vida lá fora. Até aí nada demais, só que o problema é o seguinte: imaginem que eu vou para o Japão para tentar a vida lá fora e aí eu acabo no Japão...fui com meu marido, engravidei e acabo tendo um filho no Japão. O Japão é um país que adota apenas o critério sanguíneo, então o que que o meu filho é para o Japão? Estrangeiro, ficou claro? Ele é estrangeiro. Para o Brasil, como a gente não estava a serviço do nosso país, essa criança também era estrangeira, então a pergunta é: o que que essa criança é? Se ela não é japonesa, se ela não é brasileira, o que que ela é? Ela é apátrida, ela não tem nacionalidade porque para ter nacionalidade ela tinha que vir morar no Brasil, vocês entenderam? Então enquanto ela não viesse a residir no Brasil ela não era brasileira, e lá no Japão não era japonesa,

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então ela não é nada, como eu falei para vocês, ela era o que a gente chama de apátrida é uma pessoa que não tem nacionalidade e isso é muito ruim, vocês imaginem uma pessoa que …”qual é tua nacionalidade?” “Não tenho” então é uma pessoa que não tem praticamente proteção em nenhum local porque tu não é de lugar nenhum. Então o que que acontece? Essa comunidade de brasileiros que moram fora, que é uma comunidade significativa em termos de quantidade começou a pressionar o governo, começou a dizer: “olha, é um absurdo que as crianças que nascem fora do Brasil não possam se tornar brasileiras natas sem ter que vir morar no Brasil” e aí o nosso governo da época resolveu então modificar, atendeu a esse pedido, e modificou a nossa Constituição. Então desde 2007 toda a criança que nasce no exterior, filho de pais brasileiros que não estejam a serviço do país, para que essas crianças se tornem brasileiras natas, basta pessoal, que elas sejam registradas em repartição brasileira competente. É muito fácil, é só levar a registro numa embaixada brasileira ou no consulado brasileiro situado no exterior. Se registrar o filho na embaixada ou no consulado, não precisa fazer mais nada, essa criança já é brasileira nata, pode ficar a vida inteira morando lá fora, pode nem falar português, mas ela já será considerada brasileira nata, deu para entender? Então isso facilitou muito a vida desses casais de brasileiros que moram fora, só que a nossa Constituição ela nos traz uma segunda possibilidade, pode acontecer, e eu vou explicar para vocês o porque disso, de os pais não registrarem o filho na embaixada ou no consulado, aí vocês poderiam olhar para mim e pensar: “mas quem é o louco que não vai registrar o filho, que vai ficar apátrida?” Pessoal, não é uma questão de loucura, é uma questão que tem a ver com o país em que a criança nasceu. Eu vou ser bem clara, acho que vai ficar bem compreensível a explicação. Vamos supor que eu e meu marido nós vamos embora para os Estados Unidos e lá nós temos um filho, os Estados Unidos adota um critério territorial então como meu filho nasceu em solo americano ele é considerado americano, entendido? Eu não vou arriscar pessoal, porque eu estou morando lá, eu não vou arriscar de registrar meu filho na embaixada brasileira, no consulado brasileiro e de repente correr o risco de ele perder a nacionalidade americana. Como eu estou morando nos EUA eu quero que ele tenha todos os direitos do país onde ele está, entendido pessoal? Então ele vai ser registrado mas vai ser registrado só como cidadão americano. Tudo bem, tranquilo, ele não é apátrida, então eu estou feliz. Aí, por exemplo, 10 anos depois, nós resolvemos voltar para o Brasil, e agora eu quero que meu filho se torne um brasileiro nato. Vocês devem estar pensando: “que mulher interesseira, quando ela estava lá queria que fosse americana, agora veio morar aqui e quer que seja brasileira” pessoal, claro, eu estou morando no Brasil, eu gostaria que ele fosse brasileiro nato. O que que a nossa Constituição diz? Que sim, ele pode ser brasileiro nato, como é que funciona isso? Quando a criança vem morar aqui é feito o registro dela também aqui no Brasil, na verdade é o registro americano que é feito o traslado para o Brasil, então ele também vai ser registrado aqui. Até 18 anos ele é considerado brasileiro nato porque ele veio morar aqui, então ele tem até 18 anos o que a gente chama de nacionalidade provisória, como ele é uma criança pode ter 10 anos, pode ter 5, pode ter 15, ele não tem como optar porque ele não tem capacidade para isso, então o Brasil diz: “até 18 anos a gente te concede, só que com 18 anos tu vai ter que fazer uma opção” entendido, pessoal? Tu vai ter que procurar a justiça federal e tu vai ter que dizer se tu realmente quer ser brasileiro nato. Então que que a Constituição diz? Ela diz que tem duas possibilidades para que a pessoa seja brasileira nata quando ela nasce no exterior e os pais não estão a serviço do Brasil: ou ela é registrada numa embaixada brasileira ou no consulado; ou, se não for registrada nem na embaixada nem no consulado, ela tem que vir morar no Brasil e após a maioridade, ela tem que fazer uma opção.

Duas perguntas: tem prazo para vir morar no Brasil? Que que vocês devem cuidar: em concurso eles colocam que tem que vir morar antes da maioridade. Está escrito ali que tem que vir morar

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antes da maioridade? Não, tu pode vir morar com qualquer idade, com 10, com 15, com 30, com 50, com 90, não importa a idade que tu tenha.

Segunda pergunta: tem prazo para fazer a opção? Não tem prazo mas ela só pode ser feita após a maioridade, só pode ser feita a partir dos 18 anos ou antes se a pessoa for emancipada, entendido pessoal? Então o que vocês devem gravar é exatamente isso: ou tu é brasileiro nato por ter sido registrado numa embaixada brasileira ou num consulado brasileiro, se não tiver o registro tu tem que vir morar no Brasil e após a maioridade tu faz uma opção. Eu tenho certeza de que muitos de vocês devem estar pensando assim: ”tá, e quando faz a opção perde a nacionalidade americana?” Muitos devem estar pensando nisso, não perde porque nós vamos estudar que quando outro país te reconhece como cidadão nato naquele local, o Brasil permite que tu fique com dupla nacionalidade, então se para os EUA eu sou uma americana nata porque eu nasci em território americano, mesmo que eu venha morar no Brasil e que eu faça uma opção pela nacionalidade brasileira, eu não vou perder a americana, entendido? Porque é um direito que eu tenho em outro país. Tranquilo? (...)

Então minha pergunta é: nasce uma criança no Brasil, filho de um casal de uruguaios que estavam a passeio, qual a nacionalidade dessa criança para o Brasil? Brasileira nata.

Nasce uma criança no Brasil, filho de um casal de uruguaios, cujos pais estavam a serviço do Uruguai, que que a criança é para o Brasil? Estrangeira.

Nasce uma criança no Brasil, filho de um casal de uruguaios, cujos pais estavam a serviço da Argentina que que a criança é para o Brasil? Brasileira nata. E por que que ela é brasileira nata? Porque os pais não estavam a serviço do seu país.

Nasce uma criança dos EUA, filho de mãe americana, pai brasileiro, pai brasileiro a serviço da República Federativa do Brasil, que que essa criança é para o Brasil? Brasileira nata.

Nasce uma criança nos EUA, filho de pais brasileiros que estavam a passeio, o que que essa criança é? Estrangeira. Existe possibilidade dessa criança se tornar um brasileiro nato? Existe. Desde que a criança seja registrada onde? Embaixada brasileira ou consulado brasileiro situado no exterior, se ela não for registrada nem na embaixada nem no consulado, ela ainda pode se tornar um brasileiro nato? Sim, desde que a criança venha morar no Brasil e que após a maioridade faça a devida opção. Tem prazo para vir morar no Brasil? Não. Tem prazo para fazer a opção? Não, mas opção só pode ser feita após a maioridade, após a maioridade é a qualquer tempo, entendido pessoal?

Visto isso aqui, nós vamos estudar agora os brasileiros naturalizados.

Como eu disse para vocês quando coloquei aqui o esquema da nossa matéria, o brasileiro naturalizado ele tem uma nacionalidade secundária, adquirida, não é uma nacionalidade que nasceu com ele, é uma nacionalidade que veio depois e quem é que pode se naturalizar? Na verdade, qualquer estrangeiro, desde que preencha os requisitos legais e também o apátrida, porque a naturalização ela é uma forma de concessão de nacionalidade, então uma pessoa que é apátrida, para não ficar nessa condição, ela pode se naturalizar num determinado país, obviamente seguindo os critérios daquele país. Tem um filme pessoal, falando na questão do apátrida que é “O terminal” alguns de vocês já devem ter assistido. E aquele filme que é com o Tom Hanks, que é um filme, como eu falei para vocês, que é antigo, que conta a história...não me lembro agora o lugar dele porque é um nome complicado, mas ele desembarca no aeroporto e o país dele, momentaneamente deixa de existir, então ele não tem mais a nacionalidade do

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país que ele nasceu e ele não tem a nacionalidade do país que ele desembarcou, então ele tem que ficar morando no aeroporto porque ele não tem mais proteção. Aquele filme ele é baseado numa história real, claro que eles adaptaram para o cinema, mas ele é baseado numa história real. Realmente uma pessoa desembarcou num aeroporto, eu acho que foi num aeroporto francês, se eu não estou equivocada, aí tem que procurar no Google, e quando desembarcou o país dele que tinha recém entrado em guerra, deixou momentaneamente de existir porque foi absorvido por um outro país e ele não tinha nacionalidade em nenhum local e ele teve realmente que ficar morando no aeroporto por um determinado tempo, até que a situação dele fosse resolvida. E eu digo para vocês, por isso que eu comentei que ser apátrida é complicado porque tu não tem proteção de lugar nenhum, aí vocês poderiam dizer: “mas por que o aeroporto, o que o aeroporto tem a ver com isso?” O aeroporto tem muito a ver com isso porque o aeroporto ele é um território neutro, ele é um território onde todas as pessoas de todas as nacionalidades podem circular e naquele ambiente há uma proteção, ele é um território livre, então ali ele se sentia protegido. Então quem tiver interesse, eu digo é um filme aí que deve ter no YouTube, não sei se tem no Netflix porque ele é um filme já antigo, mas vale a pena assistir, quando a gente estuda a matéria nacionalidade, vocês vão observar por exemplo em livros que esse filme é citado como exemplo de situação de apátrida e que, através de uma naturalização a pessoa poderia tentar sair daquela situação em que ela se encontra.

Então o que que a gente vai ver agora? Quando a gente fala em naturalizado, eu vou apagar aqui e colocar um esqueminha aqui no quadro, a gente tem que entender que existem duas formas de naturalização: que é a naturalização expressa pela via ordinária, que é a via comum, a via normal, que qualquer estrangeiro passa para se naturalizar no Brasil por isso que ela é chamada ordinária, porque ela é a comum; e nós temos uma outra modalidade que é a extraordinária, que o nome já diz: ela é fora do comum e a gente vai ver o porquê, então vou colocar aqui no quadro para poder comentar com vocês.

Antes de falar para vocês sobre naturalização, só um detalhe que eu esqueci de comentar: aquela nacionalidade, a última que nós estudamos, que é aquela que o filho de um casal de brasileiros tem que morar no Brasil e, após a maioridade, tem que fazer a opção, ela também é chamada de nacionalidade potestativa porque ela depende de um ato de vontade, se a pessoa nunca procurar a Justiça Federal para dizer que ela quer se tornar brasileira nata, ela não vai ser brasileira porque a nossa legislação entende que tu é brasileiro nato mas de forma provisória até 18 anos, para que tu realmente te torne brasileiro nato tu tem que procurar a Justiça e dizer: quero me tornar um brasileiro nato. Então depende de um ato de vontade da pessoa, por isso que ela se chama potestativa. Eu acho que está na apostila de vocês mas eu comento, porque se no concurso aparecer “nacionalidade potestativa” “bah, não me lembro da Alessandra falando isso” é essa terceira opção que nós estudamos agora.

Bom, vamos falar agora então de naturalização. A naturalização, como vocês já anotaram, ela é uma forma então secundária, adquirida, não é de origem, não é pelo nascimento que essa pessoa adquire, então, a condição de brasileira.

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Eu coloquei aqui no quadro duas formas de naturalização: a naturalização tácita, que não existe mais, ela já está revogada, mas eu quero comentar porque se cia na prova vocês vão saber que isso está errado. E a naturalização expressa, que é a que nós adotamos, que é dividida nessas duas modalidades, ordinária e extraordinária.

A naturalização tácita- a gente tem que saber porque se cair na prova vocês têm que riscar- ela existiu numa época em que o Brasil estava em plena colonização, então na época dessa naturalização, que eu já vou explicar e vocês vão ver que faz bastante sentido, era do maior interesse do nosso país que os estrangeiros que aqui estivessem se tornassem brasileiros naturalizados, como o Brasil estava sendo colonizado, o Brasil queria que os chineses, que os alemães, que os italianos que aqui estivessem se tornassem brasileiros, isso para o Brasil é importante, porque essas pessoas que aqui se encontravam, muitas delas tinham qualidades de trabalho diferenciadas que o Brasil precisava naquela época para o seu desenvolvimento. Então olhem que curioso: a Constituição dessa época ela dizia o seguinte, só prestem atenção: “toda pessoa que estiver no Brasil... todo estrangeiro que estiver no Brasil na data da promulgação dessa Constituição tem o prazo de seis meses para manifestar a vontade de continuar com a sua nacionalidade de origem.” Significa dizer: se eu sou uma italiana e estou no Brasil nessa época, eu tenho seis meses para dizer: “quero continuar a ser italiana” se eu não falasse nada, automaticamente, independente da minha vontade, eu me tornava brasileira, por isso que o nome dela é tácita. Tácita é silêncio, o silêncio da pessoa naturalizava ele, então... hoje em dia tu tem que pedir para se naturalizar, naquela época tu só tem que ficar quieto, se tu ficasse quieto, tu automaticamente te naturalizava brasileiro, tu tinha que dizer que tu queria continuar a ser italiano, japonês, alemão e por aí vai. Por quê? Porque como eu falei para você, era do interesse do Brasil que essas pessoas se naturalizassem. Essa naturalização então ela foi revogada algum tempo depois, e hoje pessoal a nossa Constituição só adota duas modalidades: a chamada naturalização expressa, que é aquela que sempre vai depender da vontade da pessoa, por isso que ela é chamada de expressa, porque é sempre através de um ato de vontade, não tem como o silêncio te naturalizar e esse ato de vontade ele pode ir pela via ordinária, que é a via comum, normal ou ele pode ir por uma outra via que é uma via um pouco mais difícil, que é a chamada via extraordinária.

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Então esse artigo 12, inciso II, alínea a, ele trata da chamada naturalização expressa ordinária, essa primeira modalidade que a gente vai estudar, como eu falei para vocês, é a via ordinária, a via comum, a via normal, a via que todo mundo passa para se naturalizar no nosso país, vamos dar uma olhadinha, pessoal, no que que diz ali, diz assim: São brasileiros naturalizados os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.

Então a primeira questão importante, a gente precisa dividir essa alínea a em dois tópicos distintos: a nossa Constituição, ela entende que todas as pessoas que são de origem portuguesa e, portanto, tem a questão da facilidade, da proximidade da língua, todas essas pessoas precisam ter a naturalização um pouco mais facilitada, então eu pergunto para vocês: originários de países de língua portuguesa é só português de Portugal? Não né, nós temos vários países que são de origem portuguesa: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Timor Leste, Porto Príncipe e por aí vai. Então a nossa lei diz o seguinte: todas as pessoas que são de origem portuguesa para se naturalizar brasileiras, precisam preencher só dois requisitos: provar que tem residência por um ano ininterrupto no Brasil, e provar que tem idoneidade moral. “Ah professora, como é que a criatura vai provar que ela tem idoneidade moral?” Pessoal, a comprovação da idoneidade moral é pela ficha de bons antecedentes, então significa dizer: tu não tem ficha que diga que tu fez alguma coisa errada, tu não tem nenhum processo tramitando contra a tua pessoa, é uma pessoa como qualquer outra, a diferença é que ela é estrangeira, mas ela não fez nada de errado no nosso país, entendido?

Então, se eu sou um aportuguesa, se eu sou uma angolana, enfim, eu posso fazer o pedido no Ministério da Justiça que a gente faz o pedido né e aí eu vou preencher lá, vou provar que eu estou pelo menos morando há um ano no Brasil, e que eu tenho idoneidade moral, então eu vou apresentar uma declaração de bons antecedentes, que eu não tenho nada que desabone a minha conduta, que eu não estou respondendo um processo, que eu não sou uma pessoa que está aqui de forma ilegal, que está tudo correto comigo, a pergunta é: a pessoa preencheu os requisitos, ela fez o pedido, será que é certo que ela vai conseguir se naturalizar? Não é certo, tá. Por que, pessoal? Porque a naturalização é um ato de soberania do nosso país, o nosso país está dando a condição de brasileiro a um cidadão estrangeiro, tornando essa pessoa brasileira, então o nosso governo, ele pode avaliar a situação e não conceder naturalizações. Vocês estão

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agora acompanhando toda essa questão desses refugiados da Venezuela, claro, eles não são de origem portuguesa, mas o que eu quero dizer para vocês, vocês estão acompanhando que o Brasil está acolhendo, e eu acho muito bacana isso, acho correto, mas é uma situação que lá na região norte do nosso país, aqui a gente não tem ideia porque não está nos afetando, não está chegando para nós, mas lá pessoal, na fronteira do nosso país onde essas pessoas estão sendo recebidas, está gerando uma situação complicada, porque não tem trabalho para todas essas pessoas, então é uma situação bastante triste e complexa, então essas pessoas agora estão na condição de refugiadas, mas elas podem pedir, por exemplo a naturalização, só que elas não são de origem portuguesa, elas vão por uma outra linha que eu já vou explicar. “Tá, e daí professora, como é que vai ser, o Brasil é obrigado a conceder?” Não, o Brasil não é obrigado a conceder, se o Brasil entender que nós não estamos no momento adequado, por toda a crise que a gente está vivenciando, que não é o momento adequado para conceder naturalizações, simplesmente não se concede, entendido? Então não é algo obrigatório nessa alínea “a”, então a primeira parte que a gente tem que estudar é essa que eu falei para vocês: todas as pessoas que são de origem portuguesa têm a naturalização, os critérios facilitados: só tem que provar que está morando há um ano no Brasil e que tem idoneidade moral. Agora o que eu pergunto para vocês, que é a segunda parte que a gente tem que analisar, e quem não é de origem portuguesa? O italiano, o alemão, o japonês, o chinês e por aí vai, existe possibilidade dessa pessoa se naturalizar pela via ordinária? Leiam a alínea “a” me digam se existe possibilidade de um japonês se naturalizar pela via ordinária, tem como? A resposta está na alínea “a”, ela não está na alínea “b”, tem como um japonês se naturalizar pela via ordinária? As vezes eu pergunto isso em aula e o aluno pergunta assim “tá, mas o japonês fala português, ele morou em algum país português?” Eu digo: “não criatura, é japonês direto do Japão, não fala uma linha de português” tem como pessoal? Tem. A gente tem que cuidar o seguinte: a nossa lei ela diz o seguinte: “são brasileiros naturalizados os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira. (ponto final) Exigidos aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral”. Todas as pessoas que não são e origem portuguesa, os requisitos estão na forma da lei, tá pessoal, que agora é o estatuto do imigrante. Antes, se algum de vocês já assistiu algum curso comigo vai lembrar que eu falava no estatuto do estrangeiro, só que o estatuto do estrangeiro foi revogado o ano passado eu acho, se não estou equivocada, e no lugar do estatuto do estrangeiro agora entrou o Estatuto do Imigrante e aí eu vou explicar para vocês porque que não temos mais o Estatuto do Estrangeiro.

Pessoal, o que que acontece? Por que que todas as pessoas que não são de origem portuguesa podem se naturalizar brasileira e os requisitos estão numa lei específica? Porque o que que acontece? Antigamente o Estatuto do Estrangeiro ele foi uma lei que foi criada na época da ditadura, então era uma lei bastante antiga e essa lei ela era extremamente rigorosa na concessão das naturalizações, era bem difícil uma pessoa se naturalizar brasileira. Ela tinha que morar, no mínimo, há quatro anos no Brasil e ela tinha que ler e escrever em português, ela tinha que trabalhar no Brasil e comprovar a possibilidade do sustento próprio e do sustento dos seus familiares caso houvesse, então era uma série de requisitos para poder a pessoa se naturalizar. Como eu falei para vocês, era uma lei antiga da época da ditadura que tinha outro perfil, uma lei mais rigorosa. Só que acontece pessoal que se chegou à conclusão de que –e demorou para chegar a conclusão pessoal- de que o nosso país é um país muito extenso e que as fronteiras elas não têm a devida proteção como deveria acontecer, então a gente acaba recebendo um contingente muito grande de pessoas que entram no Brasil numa situação ilegal, vocês entendem? bolivianos, venezuelanos que acabam atravessando a fronteira, buscando aqui talvez condições melhores de trabalho, mas que ficam numa situação ilegal porque não conseguem proteção pelo instituto do estrangeiro, a pergunta é: para nós é bom que essa

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pessoa fique na situação de ilegalidade? Não pessoal, não é bom para nós e não é bom para eles. Não é bom para eles porque eles ficam numa situação de que não conseguem trabalho regularizado, então é por isso que a gente vê tanta denúncia de trabalho escravo e aí quando é feito aquelas batidas nas fábricas se observa que a grande quantidade de pessoas que estão ali são pessoas de outras nacionalidades e que estão aqui numa situação ilegal, em situações sub-humanas de trabalho, são coisas terríveis que eu posso falar com muita propriedade porque o meu trabalho de mestrado foi sobre o trabalho escravo aqui no Brasil, e a gente não tem noção do que é realmente o trabalho escravo. A gente tem aquele conhecimento superficial, mas quando a gente vai estudar a gente fica muito chocado com o que é realmente a submissão a esse tipo de trabalho. Para nós isso também não é bom, além de para eles não ser bom pela condição do trabalho deles, para nós não é bom porque são pessoas que estão ilegais, tu não sabe quem está no nosso país, a gente não tem ideia de quem entrou, não sabe se é um foragido, se é um bandido, tu não sabe de onde vem, para onde vai e não pagam impostos né então pessoas que estão, muitas vezes usufruindo serviços daqui mas que não estão cumprindo obrigações. Então pessoal, o que que acontece? A nossa lei ela mudou e hoje o estatuto do imigrante é um estatuto que ele busca facilitar a naturalização, continua tendo requisitos mas são requisitos um pouco mais facilitados e, na verdade, toda a mudança da legislação ela também veio naquela onda mundial que vocês obviamente acompanharam pelos canais de televisão, pelos rádios, enfim, das situações das pessoas que saem de países de guerra e que muitas vezes não encontram acolhida em países europeus; vocês devem lembrar, muitos países fecharam as fronteiras, uma situação imigratória que foi muito forte. O Brasil entendeu que pela Convenção dos Direitos Humanos a gente não pode fechar as portas à imigração, a gente tem que ser um país acolhedor, a gente tem que respeitar a convenção de direitos humanos e aí então facilitou essas naturalizações, então todos esses venezuelanos que estão entrando no nosso país eles estão acolhidos, eles não estão lá numa situação irregular, eles foram acolhidos, eles estão na qualidade de refugiados e eles podem agora entrar com o pedido de naturalização, se eles vão conseguir ou não são outros quinhentos, mas eu quero dizer para vocês que está mais facilitado do que era no passado, entendido?

Resumindo isso aqui, em concurso público eles vão colocar assim: “pode um americano se naturalizar brasileiro pela via ordinária?” O que que vocês vão responder? Pode e onde estão os requisitos para esse americano? Na forma da lei. Eles não vão perguntar para vocês os requisitos do Estatuto do Imigrante, eles só vão colocar “na forma da lei”. “Pode uma pessoa de origem portuguesa se naturalizar brasileira?” Pode. Quais são os requisitos para essa pessoa? Isso tem que saber de cor: Residência por um ano ininterrupto e ela tem que ter idoneidade moral, entendido?

Como eu falei para vocês, mesmo preenchendo os requisitos, não pé certo que essas pessoas elas vão conseguir. Até só fazer um comentário aqui, como eu falei para vocês que teve essa facilitação por essa nova lei. Eu tenho observado, pessoal, uma quantidade bem significativa, e vocês devem ter também tido a oportunidade de ter esse contato, a gente tem uma grande quantidade de haitianos aqui em Porto Alegre, e não só em Porto Alegre, na região sul como um todo. E alguns anos atrás o meu pai estava hospitalizado na Santa Casa – graças a Deus já está tudo resolvido- e eu me lembro que tinha vários haitianos que eu via assim pela forma que falava que não eram daqui trabalhando lá no hospital em alguns tipos de serviço. Como eu sou uma pessoa muito falante, acho que desde que eu nasci, eu puxei assunto e falei: “de onde que tu é?” e ele “eu sou do Haiti” aí eu falei “que bacana, há quanto tempo que tu está aqui?” E um desses que eu conheci disse que ele já estava aqui no Brasil há quatro anos e que a maior alegria da vida dele é ter sido tão bem acolhido pelos brasileiros e que ele estava, me deu uma

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pena, ele disse: “estou juntando dinheiro para trazer minha família para cá” porque lá no Haiti eles vivem numa situação de muita pobreza, muita pobreza, e aqui no Brasil eu consegui e eu fiquei pensando: era ali um tipo de serviço bem mais simples mesmo mas ele falava daquilo com uma felicidade, com um orgulho e naquele momento eu senti orgulho de ser brasileira e de ter propiciado a um estrangeiro a possibilidade de ter uma acolhimento aqui no nosso país e por mais que seja pouco aquilo que ele ganha, olhando na perspectiva nossa, para ele aquilo ali significava muito, vocês entendem? É tudo questão de perspectiva, para uma pessoa que mora aqui, para a condição de vida que ela está acostumada, aquilo que ele talvez ganhe “bah, não, é muito pouco” para ele que vem de uma situação de miséria absoluta, ele estava muito contente de ter um emprego, de ter uma carteira de trabalho e juntando para trazer a família dele, de ter dignidade, o que ele talvez não tenha encontrado no país dele. Então eu digo para vocês assim: quando essa lei ela foi aprovada, o Estatuto do Imigrante, saíram muitas críticas, mas muitas críticas em jornais na televisão, onde as pessoas diziam “é um absurdo, nós não temos nem condições para nós brasileiros, não encontramos nem trabalho para nós, que dirá receber pessoas de outro país” e eu penso, eu, professora dessa matéria, e ninguém é obrigado a concordar comigo, que bonito é se a gente consegue olhar para o outro com empatia, e a gente perceber que a gente também poderia estar na situação dele porque vocês imaginam a gente está numa situação de onde um país onde tu vive na guerra, onde tu vive na miséria absoluta e tu ir para um país e tu ser deportado, então naquele momento eu me senti orgulhosa pensando “bah que legal que o Brasil está acolhendo essas pessoas e tomara que propicie a elas um trabalho melhor, mas que receba realmente, porque isso é bacana”.

Então pessoal vamos a nossa segunda possibilidade de naturalização.

A segunda possibilidade que nós temos é a chamada naturalização extraordinária, que o próprio nome já diz, ela é fora do comum. Vamos dar uma lida ali o que diz a alínea “b”, diz assim:

São brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade, (então vocês observam que aqui essa alínea b é para qualquer estrangeiro, independente se é de origem portuguesa ou não) residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

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A pergunta é: por que que a letra b é extraordinária? Pessoal, na verdade por dois motivos. Primeiro que a alínea b não é, em que pese qualquer estrangeiro poder se submeter a ela, abrange, dentro dos estrangeiros uma classe um pouco mais restrita. O que estou querendo dizer? Todos os estrangeiros podem tentar se naturalizar pela via extraordinária, desde que morem no Brasil há mais de 15 anos. Vocês entenderam? Então não é qualquer estrangeiro, pode até ser qualquer um mas desde que ele more no Brasil há mais de 15 anos. E outro detalhe, por isso que é extraordinária, porque não é qualquer pessoa, qualquer estrangeiro que está aqui há mais de 15 anos. Além dele morar há mais de 15 anos no Brasil, ele vai ter que provar que ele não teve nesse período qualquer condenação penal. E ele faz o pedido para o Ministério da Justiça, se ele provar que ele já está no Brasil há mais de 15 anos e que ele não teve qualquer condenação penal, ele faz o pedido...e aí vem porque que é extraordinária, anotem aí: nessa alínea b a concessão ela é obrigatória. Diferente ali da alínea a que o governo pode ou não conceder, na alínea b a concessão ela é obrigatória. “Bah professora, mas por quê?” Porque pessoal, olhem o tempo que a criatura já está aqui no Brasil, quer dizer, se a pessoa já está há 15 anos aqui é porque algum gosto por essa terra essa pessoa há de ter e óbvio que para estar há 15 anos aqui ela não deve estar numa situação ilegal, tu não consegue ficar 15 anos na ilegalidade, tu vai precisar ir num hospital, tu precisa de documentos até para, se tu quiser trabalhar para poder receber. Então a pessoa está há 15 anos no Brasil e tu não conceder a naturalização seria digamos uma atitude muito antipática do nosso país. Então a doutrina, de uma forma geral, entende que o que difere a alínea b da alínea a é que aqui a concessão, uma vez preenchidos os requisitos, é obrigatória, entendido? E um detalhe pessoal, que na minha opinião é uma falha da nossa lei, a lei diz que a pessoa tem que morar, que ela tem que residir no Brasil há 15 anos, pessoal, residir significa dizer ela tem que ter uma residência. O correto da interpretação é que ela tem que ser domiciliada, ela tem que morar no Brasil há 15 anos, então ela mora aqui, ela é encontrada aqui, claro que ela pode, nesse período de 15 anos viajar, visitar os parentes dela, fazer um curso no exterior, não tem problema nenhum porque o que a nossa lei entende é que ela tem que morar aqui, agora, como qualquer pessoa que mora no país, pode se ausentar, pode sair, pode voltar, isso não tem problema nenhum.

Professora “há mais de 15 anos significa que não pode ser apenas 15 anos?” Isso, 15 anos e um dia. É “há mais de 15 anos” então pode ser 15 anos e um dia. Eles podem colocar, com certeza, aí é muita sacanagem porque não basta a pessoa decorar os 15 ainda tem que decorar o “a mais de”, mas está correta a observação da colega, seria 15 anos e 1 dia “a mais de 15 anos”.

(...)

Bom, para finalizar nós temos aqui o § 1º que é um parágrafo que só se aplica a português de Portugal, então nós vamos agora estudar esse § 1º (...) mas ele não é para originários de países de língua portuguesa, aqui é para português de Portugal (...).

Pessoal o que que acontece, e talvez seja por isso que nós temos tantos brasileiros indo morar em Portugal? O Brasil tem um acordo com Portugal, existe um tratado que se chama “Tratado da Amizade” ou “Tratado da Reciprocidade” esse tratado diz que todos os direitos que o Brasil der aos portugueses que aqui estão, Portugal deve dar aos brasileiros que estão lá, entendido? Amizade, não é? Então todos os direitos que Brasil der aos portugueses que estão aqui, Portugal deve dar aos brasileiros que estão lá, reciprocidade, o que tu me conceder eu te concedo também. E entre esses direitos que estão previstos nesse tratado existe um que é muito interessante que é o de ter uma “quase nacionalidade” mas sem perder a condição, no caso aqui olhando para o português, sem perder a condição de português, então o que que eu

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estou querendo dizer para vocês? O português, quando ele vem para o Brasil, ele tem 3 opções, que se ele olhar nossa Constituição ele vai descobrir, ele tem 3 opções.

Ele pode tentar se naturalizar pela via ordinária, se ele tentar se naturalizar pela via ordinária, ele vai ter que provar que ele mora há um ano no Brasil e que ele tem idoneidade moral, mas não é certo que ele vai se naturalizar, lembram que eu comentei? Não é certo que ele vai conseguir. Ele pode tentar por uma segunda via, que é a via extraordinária, aí ele vai ter que provar que ele está morando no Brasil há “apenas” 15 anos, coisinha rápida que ele nem vai sentir, ele tem que provar que ele está há 15 anos no Brasil e que ele não teve condenação penal nesse período, aí é certo que ele consegue se naturalizar. Só que ele tem uma terceira opção: ele leu a nossa Constituição e ele descobriu que ele pode continuar português mas ele pode pedir no Ministério da Justiça uma carteira de equiparado. Significa dizer: ele continua português mas ele ganha todos os direitos do brasileiro naturalizado, então ele é um estrangeiro diferenciado, entendido? E só se aplica ele por conta desse tratado que o Brasil tem com Portugal. (...) Vocês poderiam perguntar para mim assim: “professora, qual é a nacionalidade desse português equiparado, ele é naturalizado?” Não pessoal, ele não é naturalizado. “Ah então ele tem dupla nacionalidade?” Não, ele não tem dupla nacionalidade. “Tá, mas então ele é estrangeiro?” Ele é estrangeiro, só que ele é um estrangeiro diferenciado porque é o único estrangeiro no Brasil que, por conta de um tratado, pode ter todos os direitos dos naturalizados, entre esses direitos está o de votar e o de ser votado (...) só que ele não pode ser votado para cargos que são exclusivos de brasileiros natos, então pessoal eu digo para vocês: como a gente imagina, tem muito mais brasileiro querendo direitos em Portugal do que Português querendo direito aqui no Brasil, por que que tem tanto brasileiro querendo ir para Portugal? Porque lá em Portugal, o brasileiro que vai para lá ele consegue uma equiparação aos portugueses, entendido pessoal? Porque se o português, aqui no Brasil, pode ser equiparado com brasileiro, o brasileiro em Portugal também é equiparado aos portugueses e aí vocês vejam que ser comparado, ter esses direitos de um cidadão português, para quem está indo morar lá, é um benefício significativo porque tu nem precisa te naturalizar, tu só pede uma equiparação, tu continua brasileiro mas um brasileiro, digamos assim que tem uma, digamos uma condição especial, entendido?

(...)

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Bom pessoal, estávamos falando dos portugueses equiparados, o que que é importante retomar com vocês? A nossa lei diz que um português, para obter a equiparação, ele tem que provar dois requisitos, que é o que vocês têm que saber para concurso público, ele tem que provar que ele tem residência permanente no Brasil, o que que é a residência permanente? É provar que ele não está aqui com o visto, por exemplo, de tempo limitado, que ele está aqui, que ele vai morar, que ele tem um visto que permite a ele que possa morar aqui o tempo que for da vontade dele. Então ele tem que provar que ele tem residência permanente no Brasil e que Brasil e Portugal têm acordo de reciprocidade. Quando ele faz o pedido dessa equiparação no Ministério da Justiça, claro que no Ministério da Justiça eles vão saber se esse acordo, esse tratado, se ele está em vigor ou não, parece assim estranho falar isso para vocês, mas eu digo para vocês que existem algumas situações, nós já tivemos alguns casos no Brasil em que o acordo ele foi momentaneamente interrompido, principalmente por parte de Portugal, porque é aquilo que eu comentei com vocês, tem muito mais brasileiros indo para Portugal solicitar esse tipo de direito do que Português vindo para o Brasil solicitando aqui, então nós já tivemos alguns casos de ruído, de não cumprimento do acordo, só que claro, isso é um problema porque quando o acordo não é cumprido cria-se um problema diplomático entre os dois países, então, como eu falei, Português para conseguir a equiparação, ele vai ter que provar dois requisitos: que ele tem residência permanente no Brasil e que o tratado de reciprocidade ainda está em vigor. Quando diz ali “reciprocidade em favor de brasileiros” e ali “serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro”. Então ele tem que provar essas duas coisas.

Como diz ali, só para a gente ler, diz assim: “Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade (que é o que mostra que o tratado está em vigor) em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.”. Significa dizer: ele não terá os direitos dos brasileiros natos, mas ele tem todos os direitos dos brasileiros naturalizados, entendido?

Está escrito ali: só vale para português de Portugal, não é caso de dupla nacionalidade e tem que ter residência permanente.

Que que nós vamos agora ver no § 2º? O § 2º ele nos diz que nenhum tipo de lei...nenhum tipo de lei, nenhuma lei ordinária, nenhuma lei complementar, nenhuma lei delegada, nenhuma medida provisória, nenhum tipo de lei pode estabelecer diferenças entre brasileiros natos e naturalizados, todas as diferenças que nós temos estão previstas na Constituição.

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Então está escrito ali: a lei não pode estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos na Constituição, deu para entender? Lei ordinária não tem essa possibilidade, todas as diferenças que nós temos, e que na verdade são apenas quatro, todas elas estão na Constituição, que é o que a gente vai estudar a partir de agora.

Há alguns anos atrás, eu me lembro de uma questão num concurso que dizia assim: “Carlos, prefeito do município de Pelotas, edita um decreto no qual isenta os brasileiros natos do recolhimento do imposto sobre serviços, tal procedimento está correto?” Naquele concurso que caiu essa questão alguns alunos erraram porque era um concurso que caía direito tributário, que eu não sei se cai para vocês mas naquele concurso caía, e os alunos acharam que a questão era de direito tributário e ficaram lá pensando se o imposto sobre serviços era um imposto de competência do Município e, portanto, o prefeito poderia editar um decreto e mudar lá a forma de recebimento do tal do imposto. Não tinha nada a ver com isso, a questão era sobre nacionalidade, e a resposta da questão mostrava isso, dizia assim: “não poderá o prefeito de um determinado município isentar os brasileiros natos do pagamento desse imposto, pois trata-se de uma diferença não prevista na Constituição” entendido pessoal? Todas as diferenças, com eu falei para vocês, elas estão previstas na nossa Constituição, quais são essas diferenças? A primeira delas, disparado, é o que mais cai em concurso público da matéria nacionalidade, eu sempre digo isso em aula e eu fico muito feliz porque eu pego a prova, tá lá a bendita da questão, agora a gente já teve vários concursos esse ano e eu disse “pessoal se liguem na diferença do nato para o naturalizado” peguei a prova, estava lá, eu pensei “falta até um pouco de criatividade porque tem outras coisas para perguntar” mas eles adoram a questão dos cargos privativos de brasileiros natos, então vocês precisam decorar, a gente vai estudar, mas como eu falei, se tem uma coisa que vocês poderiam perguntar para mim “professora, na sua matéria, o que a senhora acha que vai cair?” Com certeza isso aqui porque tem uma verdadeira fixação das bancas por esse ponto da matéria.

Então a primeira diferença que nós vamos estudar se deve aos cargos, nós vamos ver que determinados cargos, pela importância que têm, são reservados apenas a brasileiros natos né, como Presidente da República, Vice-Presidente da República, ou toda pessoa que pode substituir o presidente numa situação de impedimento, mas a gente vai ver. A segunda diferença que nós temos, eu não sei se está no edital anterior para vocês, é o Conselho da República, como eu só pego essa parte eu não sei se lá na outra apostila de constitucional o Conselho da República ele está contemplado. De qualquer maneira, como vocês ainda não tem edital, eu vou fazer o comentário porque a gente sabe que pode mudar, então, como é uma diferença que tem a ver com a minha matéria, eu vou comentar com vocês.

A segunda diferença (sic) que nós temos é no que tange à extradição, essa pessoal não tem como não cair, não a extradição em si, mas ela está no artigo 5ºº da Constituição, não tem pessoal, artigo 5º ele cai, olha é muito difícil um concurso que não caia o artigo 5º, eu sempre digo em aula: “quer começar a se preparar para concurso, começa pelo artigo 5º da Constituição” porque ele é o carro chefe de todo direito constitucional.

E a quarta e última diferença, que é muito difícil de cair, quase todos os concursos não pedem ela no edital é a propriedade dos meios de comunicação, que a gente já vai conversar também.

Então nós vamos falar agora, o ponto da nossa aula de agora são as diferenças que existem entre brasileiros natos e brasileiros naturalizados. A primeira diferença é, como eu falei para vocês, no que tange aos cargos e aí, como eu falei para vocês, a nossa lei entendeu que determinados cargos, pela importância que têm, são reservados apenas aos brasileiros natos.

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Do inciso primeiro até o inciso quarto façam uma chave do lado aí na apostila de vocês do inciso primeiro até o inciso quarto e coloquem aí: “linha sucessória”. Do inciso primeiro até o inciso quarto a chamada linha sucessória, o inciso quinto vocês deixem ele de fora e do lado do sexto e do inciso sétimo façam outra chave e coloquem ali “segurança nacional” então pessoal, o que nós temos aqui? Do incido I até o inciso IV são os cargos, tanto de Presidente da República quanto das pessoas que podem substituir o Presidente numa situação de impedimento, então, se o Presidente da República, por alguma razão se torna impedido, que a gente tem esse exemplo notório aqui no nosso país, quem vai assumir é o Vice-Presidente da República. A gente sabe que no caso de impedimento do Vice-Presidente da República, o que não é muito difícil de acontecer, será chamado o Presidente da Câmara dos Deputados e se o Presidente da Câmara dos Deputados se tornar impedido, que também não é difícil de acontecer a gente vai ter então o Presidente do Senado Federal assumindo aquele cargo de Presidente da República, ainda que de forma temporária e se o Presidente do Senado Federal se tornar impedido, o que também não é difícil de acontecer, aí nós vamos ter o Presidente do Supremos Tribunal Federal. Ali diz “Ministros do STF” é porque todos os ministros do STF podem ser presidentes do STF, então todos eles, obrigatoriamente devem ser brasileiros natos, entendido?

Por que que o cargo de Presidente e todos aqueles que podem substituir o presidente numa situação de impedimento, por que que eles são brasileiros natos, obrigatoriamente? Aquela razão que eu já tinha dito a vocês: se uma pessoa é naturalizada e ela pode assumir o cargo de Presidente, pode concorrer a presidência do país, ela pode acabar usando o cargo para beneficiar interesses do país de origem dela. Eu me lembro, há anos atrás, quando Lula era presidente do nosso país, tinha toda uma especulação, nada se comprovou, mas tinha uma especulação que ele poderia solicitar a nacionalidade italiana e que ele não poderia assumir o cargo, tinha toda uma especulação em torno disso, e eu digo para vocês: na verdade, o que a lei fala, a lei não diz que a pessoa não possa ter dupla nacionalidade, a lei não está dizendo isso, o que a lei diz é que para o Brasil a pessoa tem que ser brasileira nata, vocês entendem? Então naquela época quando surgiu a especulação, que eu acho que acabou não dando em nada, acho que ele não deve ter solicitado, porque também se ele tivesse solicitado, na minha opinião seria bem complicado para ele porque qualquer coisa, qualquer acordo que fosse firmado entre Brasil e Itália já colocariam pelo motivo dele ter se tornado italiano, então eu acho que acabou que ele não pediu naquela época, mas o que eu quero dizer para vocês é que o que a Constituição diz é

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que tem que ser brasileiro nato, vocês entenderam? Não pode ser um naturalizado. Agora, a lei não diz que não pode ter dupla nacionalidade, vocês entendem? Não há uma proibição nesse sentido. Embora que se a gente parar para pensar teria o mesmo motivo, seriam as mesmas razões. Como eu falei então para vocês: toda pessoa que é Presidente ou quem pode substituir o Presidente numa situação de impedimento tem que ser brasileiro nato para não usar o cargo para favorecimento de outros países.

Depois nós temos a carreira diplomática que são os embaixadores. O embaixador pessoal, ele tem uma função muito parecida com a do Presidente do Brasil, só que ele tem uma atuação que é fora do nosso país, então os embaixadores brasileiros, lá nos países em que eles atuam, eles têm a responsabilidade de formalizar acordos, formalizar tratados, tem uma série de atribuições que se fossem naturalizados, como eles também celebram tratados, eles poderiam, como eu disse para vocês, acabar beneficiando o interesse do país de origem deles, por isso que quem vai prestar aquele concurso público que é super difícil que é para ser diplomata brasileiro, acho que é o concurso mais difícil que tem no Brasil do Instituto Rio Branco, a obrigatoriedade é ser brasileiro nato, é um critério obrigatório que se tu não for tu não pode concorrer, tu não pode te candidatar a esse tipo de concurso público, entendido? E ele é um concurso difícil mesmo, tem que saber... uma vez eu olhei o edital era não sei quantas línguas, era uma coisa assim, nossa, bem complicada mesmo. Não que eu fosse olhar o edital para mim, mas eu estou dizendo assim, por curiosidade fui olhar para ver o que era pedido.

Outra questão importante Oficial das Forças Armadas e Ministro do Estado da Defesa, esses são cargos que são cargos estratégicos no país numa situação de guerra, então a nossa lei entende que se o Oficial das Forças Armadas e o Ministro da Defesa pudessem ser naturalizados, se o Brasil entrasse numa situação de guerra, essas pessoas que são responsáveis pela proteção do país, por organizar o país numa situação dessas poderiam acabar fugindo para o país de origem, então a ideia é aquela utopia, digamos assim “ah, eu tenho que ter nesses cargos estratégicos pessoas que estejam dispostas a morrer pela pátria” que não vou ser eu tá pessoal, sou brasileira nata mas não pretendo, mas eu digo para vocês, é dentro dessa perspectiva de que o país ele possa estar seguro e possa ter, nessa posição, como eu falei para vocês, de defesa, uma posição estratégica, pessoas que realmente sejam brasileiras de origem e que entendam aquela guerra como algo que não é assim “ah eu vou fugir eu vou...” eu estou aqui com a incumbência da proteção, por isso que são cargos exclusivos de brasileiros natos.

Que que é importante dizer para vocês? Nós temos dois cargos que não estão previstos aqui e que só podem ser ocupados por brasileiros natos, eu quero que vocês escrevam na apostila de vocês (...) pessoal o Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal Superior Eleitoral são ministros do STF aí vocês podem colocar = brasileiros natos. O Presidente e o Vice-Presidente do TSE são ministros do STF, portanto eles só podem ser brasileiros natos.

Aí pessoal, eu digo para vocês: vocês poderiam dizer assim para mim: “professora, então por que que não está no 12, § 3º? Porque não é pelo cargo pessoal, é por quem ocupa o cargo, vocês entendem? Não é em razão do cargo “ah, o Presidente do TSE tem que ser nato” não é pelo cargo, não é o motivo do cargo, é por quem ocupa, como a pessoa que ocupa é ministro do STF, não tem como ele não ser brasileiro nato, entendido?

E a segunda situação: o presidente do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) ele é o presidente do STF; o presidente do CNJ é o presidente do STF, logo, quem é essa pessoa? Um brasileiro nato. Então o presidente do CNJ é o presidente do STF, então ele só pode ser um brasileiro nato.

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Mesma coisa que eu disse para vocês, não é pelo cargo, é por quem ocupa o cargo, entendido? Por isso que não está no 12, § 3º.

(...)

Outra questão importante aqui de comentar com vocês: todos os cargos, tirando esses dois que vocês acabaram de anotar, todos os cargos que não estiverem previstos no 12, § 3º é porque o naturalizado tem acesso, é isso que vocês devem cuidar, por isso que tem que decorar esse § 3º, então minha pergunta é: um vereador pode ser um naturalizado? Um vereador pode, não tem problema nenhum. Um governador pode ser um naturalizado? Pode, não tem problema nenhum. Um deputado estadual pode ser um naturalizado? Pode. E o deputado federal, pessoal, pode ser um naturalizado? Pode, ele só não pode concorrer a presidência da Câmara. Um senador pode ser naturalizado? Pode, mas ele não vai poder concorrer a presidência do Senado. Entendem, pessoal? Se eles colocarem lá: “ah, o Advogado Geral da União pode ser um naturalizado, o presidente do Banco Central?” Pessoal, é assim que cai em concurso, eles colocam nomes que são pomposos...Procurador Geral da República porque daí a criatura que está lendo aquilo ali, é um monte de coisa que vocês têm para estudar, não é só essa matéria, aí na hora começa embolar tudo, aí o aluno olha e pensa: “Advogado geral da União , bah não é qualquer advogado, é o geral, é da União” então eu digo para vocês: é só para confundir. Todos os cargos que não estão previstos no § 3º o naturalizado ele tem acesso, ele pode participar, ele pode concorrer, deu para entender? Por isso que vocês têm que decorar, a única coisa que não está aí são esses dois que vocês anotaram que estão fora desse § 3º, todos os demais cargos, o naturalizado tem acesso.

Bom, a segunda diferença que nós temos, que a gente vai estudar agora é o Conselho da República, que vocês não têm na apostila de vocês mas eu vou comentar porque é importante se o edital acabar contemplando o artigo 89. O Conselho da República ele é um órgão superior de consulta do Presidente da República e que o Presidente da República ele consulta todas as vezes que o Brasil estiver passando por situações graves. Nesses últimos dias eu imagino que o Presidente deve ter acampado no Conselho da República porque a situação não anda muito fácil, então eu digo para vocês: sempre que houver a necessidade de se decretar uma intervenção federal, como nós tivemos recentemente no Rio de Janeiro que ainda está em intervenção federal, sempre que se tem a necessidade de decretar um estado de defesa, um estado de sítio, o presidente, todas es vezes que ele precisa tomar alguma medida mais enérgica, ele precisa consultar o Conselho para ver qual é a melhor atitude a ser tomada, até aí nada demais, o problema é: quem é que participa desse Conselho? Quem é que pode ajudar o Presidente da República nas decisões que ele vai tomar dentro desse Conselho. Então eu vou ler para vocês quem é que participa do Conselho e vocês vão me dizer se essa criatura é brasileira nata ou se tanto faz.

Participa do Conselho o Presidente da República que obrigatoriamente é nato; participa também o Vice-Presidente da República, que obrigatoriamente é nato; participa também o Presidente da Câmara dos Deputados, que obrigatoriamente é nato; participa também o Presidente do Senado Federal, que é nato; participam também os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados, tanto faz, podem ser brasileiros natos como podem ser brasileiros naturalizados; participam também os líderes da maioria e da minoria do Senado Federal, tanto faz, podem ser natos ou naturalizados; participa também o Ministro da Justiça, tanto faz. Qual é o Ministro, pessoal, que, obrigatoriamente tem que ser brasileiro nato? Ministro da Defesa. Pessoal, ministro do STJ pode ser brasileiro naturalizado? Pode. O que não pode é o ministro do STF, cuidado. E participam, além de toda essa galera, seis cidadão brasileiros natos, aí aqui está

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dizendo né, seis cidadão brasileiros natos com amis de 35 anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.

Então, a pergunta que eu faço a vocês é: eu posso afirmar, categoricamente, que o brasileiro naturalizado não participa do Conselho da República, eu posso afirmar que o naturalizado não participa do Conselho? Eu não posso dizer isso. Mas a gente percebe, através da leitura, que a participação do naturalizado ela é menor, vocês entenderam? Porque ou ele participa como líder da maioria e da minoria da Câmara, ou no Senado ou como Ministro da Justiça, todo o resto é brasileiro nato. Então, se no concurso perguntarem para vocês qual é a diferença, no Conselho da República, do brasileiro nato para o naturalizado, a diferença é muito simples: o naturalizado tem uma participação menor no Conselho da República, deu para entender pessoal? A participação dele não é muito expressiva, eles preferem os brasileiros natos.

Vamos então a extradição. A extradição é bem importante comentar com vocês, ela está lá no artigo 5º, incisos LI e LII, vocês não vão encontrar ela na apostila de vocês, vão encontrar talvez na apostila do André, acho que ele trabalha o artigo 5º com vocês, mas igual, eu vou comentar porque tem a ver com a minha matéria. Então antes de mais nada, antes da gente falar qual é a diferença do nato para o naturalizado na extradição, eu vou dizer para vocês qual é a diferença da extradição para a expulsão e para a deportação, porque são 3 conceitos um pouco parecidos que podem confundir na hora da prova, então coloquem no caderno de vocês:

Extradição é o ato pelo qual um Estado entrega um indivíduo acusado de um delito ou já condenado como criminoso a justiça do outro, que é competente para julgá-lo e puni-lo

Expulsão é uma medida tomada pelo Estado que consiste em retirar de seu território um estrangeiro que tenha praticado atos contrários ao interesse nacional.

Deportação consiste em devolver o estrangeiro ao exterior. Fundamenta-se no fato do estrangeiro ter entrado ou permanecido de forma ilegal no país.

Então pessoal, vou falar um pouco sobre essas três modalidades e aí depois a gente vai ver qual é a diferença do nato para o naturalizado na questão da extradição. A extradição, pessoal, ela sempre está vinculada a ocorrência de um crime. Então na extradição a gente pode ter aquela situação clássica do estrangeiro que cometeu um crime no seu país e ele fugiu aqui para o Brasil, aí o país em que ele cometeu o crime pede para o Brasil a sua extradição, que ele seja encaminhado lá para o exterior para que lá ele sofra o processo e a condenação devida, então o que que é importante? Na extradição a gente sempre tem a ocorrência de crime, é o que define o pedido de extradição.

No caso da expulsão, não obrigatoriamente nós temos um crime, na expulsão é quando um estrangeiro, aqui no Brasil, ele comete uma atividade que é considerada contrária ao interesse nacional, então esse estrangeiro, por exemplo, ele está aqui no Brasil e ele fez alguma coisa, e eu tenho alguns exemplos para dar, que foi considerado naquele momento contrário ao interesse do país e, portanto, o Brasil entende que ele tem que ser expulso. E eu digo para vocês: essa questão da criatura ser expulsa ela é bem complicada, porque uma vez que tu é expulso do Brasil, tu não pode mais retornar, tu é, como a gente diz, persona non grata, tu não retorna mais, a menos que o Presidente da República revogue o decreto da expulsão, entendido pessoal? Então não é uma coisa assim...tem países “ah, em dez anos tu pode retornar” eu já ouvi falar, não sei se é verdade, que nos Estados Unidos se tu é expulso, 10 anos depois tu

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poderia retornar. Aqui no Brasil não tem prazo, então, para ti poder retornar, só se o Presidente da República revogar aquele decreto que te levou a uma expulsão.

Exemplos para vocês lembrarem: pessoal nós tivemos algumas situações que eu posso elencar como possibilidades de expulsão, teve um caso que eu sempre conto em aula que aconteceu lá na época do governo do Lula, que tinha um jornalista americano que morava no Brasil, ou mora no Brasil, casado com uma brasileira e esse jornalista deu uma declaração no jornal New York Times dizendo que o presidente Lula era alcoólatra, que bebia além da conta, e na época, quando ele deu essa declaração, que eu não lembro nem o porquê, em que contexto ele deu essa declaração, deve ter sido dentro, claro, de um contexto, não é uma coisa gratuita, (...). E aí eu digo para vocês: que na época o Presidente Lula, com toda a razão, se sentiu ofendido de ver o nome dele exposto dessa maneira e entendeu que aquele jornalista deveria ser expulso, só que na época esse jornalista fez um pedido de desculpas, um pedido público e o presidente, de forma bastante prudente, entendeu que “não, então tá, está perdoado, pediu desculpas então vamos deixar por isso mesmo” por que que eu digo “de forma bastante prudente”? Porque pessoal, a declaração do jornalista era uma nota lá no New York times, uma nota de rodapé que ninguém...pouca gente deu importância. Agora, se o Brasil expulsa um jornalista americano, isso em vez de ser a nota de rodapé vai ser a capa do jornal, então se ele queria proteger a honra dele, não seria expulsando que ele ia conseguir isso, pelo contrário, ele ia expor muito mais, daria muito mais visibilidade, e não só no Brasil como no mundo afora, então naquela época ele “não, perdoou, ok” e ele não foi expulso. Poderia ser caso de expulsão? Poderia porque atentado contra a honra no caso da maior autoridade da época do nosso país. Outro caso também na Copa (...) em 2014 a Copa foi aqui no Brasil e nós tivemos uma situação no Rio de Janeiro teve um jogo que era Chile e não sei qual era o outro país e um grupo de chilenos não tinha ingresso para entrar no Maracanã e queriam entrar de qualquer jeito e o que eles fizeram? Destruíram uma sala da imprensa montada no estádio do Maracanã porque queriam entrar de qualquer custo para ver o jogo lá do seu país, então na época foi considerado um ato de vandalismo e saiu a notícia de que eles seriam expulsos, só que depois eu não vi mais a notícia até esses tempos eu brincava com os alunos, aqui no curso dando aula, esse ano, eu estava vindo aqui para dar aula e aí eu sempre escuto o rádio ali de manhã e daí da aquelas propagandas: “leia hoje no jornal O Sul” e aí dizia assim: “leia hoje no jornal O Sul, grupo de chilenos finalmente é expulso do Brasil” aí eu fiquei pensando “será que é o chileno de 2014 porque, bah, quanto tempo né” então eu não sei se é outro grupo de chilenos ou se é o mesmo porque eu não vi mais a notícia do que que aconteceu com aquele povo e não sei dizer para vocês se eles foram ou não expulso, mas poderia ser o caso. Então a expulsão ela é mais ampla, não obrigatoriamente tem que ser um crime, é qualquer ato, qualquer coisa, qualquer atividade que o estrangeiro pratique que seja contrária ao interesse nacional.

E por fim, a deportação. A deportação é uma ilegalidade na documentação então a pessoa entra no país ou está no país de uma forma legal mas o visto venceu, e aí ela se torna ilegal, daí se ela não regularizar imediatamente a situação dela, ela é convidada a se retirar, ela é deportada. Então às vezes também a gente vê aquelas notícias das pessoas que chegam nos navios, e aqui no Brasil já acontece também, as pessoas vem de forma clandestina e quando o navio atraca ali no porto a Polícia Federal já identifica que tem uma pessoa irregular e essa pessoa já é imediatamente deportada, a diferença é que o deportado pode retornar porque, na verdade, não é um crime, é uma situação que a documentação dele não está regularizada e se ele regularizar não tem problema nenhum, ele pode retornar. Que que vocês devem anotar na apostila de vocês? Não existe expulsão e deportação de brasileiros. Nem brasileiro nato e nem brasileiro naturalizado, então não existe deportação e expulsão de brasileiros. Isso é proibido

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pela Constituição porque isso configura pena de banimento que é proibida pelo artigo 5º da nossa Lei. Então eu não posso banir, eu não posso deportar um brasileiro, primeiro que eu vou deportar para onde, para que país que eu vou mandar essa criatura? (...)

Então a diferença que existe ela está só na extradição, que é o que eu vou comentar com vocês agora. Então vou pegar aqui o artigo 5º, LI e LII e vamos dar uma olhadinha neles. Tá pessoal, então não existe deportação e expulsão de brasileiros, nem do nato nem do naturalizado.

Então vamos lá. Pessoal, nós vamos falar então agora na diferença que nós temos do nato e do naturalizado no quesito extradição. O artigo 5º, inciso LI ele diz assim: nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.

Então primeira questão importante: brasileiro nato não pode ser extraditado, não pode ser extraditado, nunca, jamais. Por quê? Porque tu vai mandar a criatura para onde? Então o nato não pode ser extraditado.

Eu vou falar uma coisa para vocês que eu sempre falo em aula mas vocês vão ouvir e vão deletar, é só para que a informação fique correta: quando eu digo que brasileiro nato não pode ser extraditado, eu estou me referindo ao fato de que ele não pode ser mandado para outro país, então por exemplo assim: um brasileiro nato cometeu um crime nos Estados Unidos e ele conseguiu fugir para o Brasil, aí os EUA pedem a extradição, ele não vai, tá, ele vai ser protegido aqui no Brasil, ele pode até responder aqui se o Brasil tiver um acordo com o outro país, não é que ele vai ficar impune, se o brasil tiver tratado ele responde aqui, mas ele não é mandado para o outro país. Teve até um caso, que eu me lembro que quando saiu a notícia vários alunos compartilharam, me marcaram no Facebook, disseram “professora, pelo amor de Deus, o que está acontecendo, mudou tudo?” E eu fiquei preocupada, fui atrás, porque tudo muda o tempo inteiro. Há algum tempo atrás, eu não sei se vocês viram, a história de uma mulher (...) que ela era brasileira, aí eu acho que ela foi para os EUA, acho que ela casou com um americano e aí ela matou o marido, pelo menos é o que dizem, aí ela conseguiu fugir para o Brasil, aí os EUA pediu a extradição e o Brasil concedeu a extradição, aí saiu nas manchetes assim: Brasil pela primeira vez extradita brasileiro nato”. Aí eu me apavorei porque é o contrário do que eu dou aula, todo mundo “professora, o que está acontecendo, mudou a lei?” E aí eu fui atrás. Bah pessoal, uma coisa é o que a mídia divulga, outra coisa é o que é a verdade dos fatos. O que que acontece? Ela não era mais brasileira –porque até era o que eu imaginava- quando ela foi para os EUA ela pediu a nacionalidade americana e nós vamos estudar que quando tu pede a nacionalidade de outro país, por vontade própria, não é o país o que está te obrigando tu a te naturalizar, eu estou pedindo a nacionalidade americana porque eu quero ser americana, quando tu pede a nacionalidade a outro país, tu perde a nacionalidade brasileira, porque o Brasil entende que tu não pode ter tudo que tu quer, tu não pode ter todas as nacionalidades que é da tua vontade então se tu quer ser americana vai ser americana, não vai mais ser brasileira. Só que quando aconteceu isso, na notícia eles não colocaram esse detalhe, eles só colocaram “pela primeira vez Brasil extradita brasileiro nato” não porque quando ela foi extraditada ela já tinha perdido a condição de brasileira nata, porque ela já tinha se tornado americana, então o que que o Brasil fez? Extraditou uma estrangeira, entendido? Por isso que a gente tem que ter cuidado com as notícias que são veiculadas. E o que eu estava dizendo para vocês que eu vou falar e vocês vão ter que deletar é que assim olha: a extradição que não existe de brasileiro nato é no sentido de mandar embora, agora existe extradição de brasileiro nato pessoal, no sentido de trazer a pessoa para o Brasil, por exemplo: teve um caso que vocês devem ter memória

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desse caso de um homem que matou o enteado com três anos de idade, ele era casado lá com uma mulher, e essa criança, coisa mais horrível a história, a criança tinha diabetes e a criança tinha que tomar insulina, etc e tal e o padrasto da criança e, ao que tudo indica, em conluio com a mãe da criança, deu lá uma dose excessiva de insulina e levou a criança a óbito. E aí como a polícia descobriu nas investigações que não era uma morte natural, mas sim provocada, indiciou por homicídio doloso tanto ele quanto a mãe da criança e ele conseguiu fugir, eu acho que ele fugiu para a Espanha, se não estou equivocada. Aí pessoal o que aconteceu? As autoridades brasileiras descobriram, saiu uma reportagem até no Fantástico na época, as autoridades brasileiras descobriram que ele estava na Espanha e fizeram um oferta falsa de emprego bem direcionada para ele, e ele mordeu a isca, ele caiu, e aí quando –claro que as autoridades brasileiras já combinadas com as autoridades espanholas- e aí eu acho que ele tinha cidadania espanhola e ele achou que a Espanha ia proteger, mas a Espanha, em acordo, como tem acordo com o Brasil, enfim, poderia conceder essa extradição então pegaram ele e aí as autoridades espanholas o prenderam, ele não voltou de imediato para o Brasil, foi aberto um processo de extradição, Brasil pediu a extradição para a Espanha e agora recentemente saiu a notícia que a Espanha extraditou, entendido? É uma extradição de brasileiro nato, mas não é uma extradição de mandar embora, é de trazer para o Brasil, isso existe e é totalmente permitido, só que no concurso público a gente não sabe o que eles estão dizendo, se é para fora ou se é para dentro, então no concurso a resposta é: brasileiro nato não pode ser extraditado, entendido? Que a extradição normalmente a gente se refere no sentido de mandar para um outro local, entendido? Então digam que não pode.

Professora, nesse exemplo que você deu, a brasileira que pediu a naturalização estrangeira não é caso de dupla cidadania? Não. A gente vai estudar, para ser dupla nacionalidade, é quando o outro país, o país em que tu está ele te impõe a nacionalidade. No caso, ela foi para os EUA, ela casou com um americano para ganhar o greencard mas isso por vontade dela, não é porque os EUA a obrigou, é diferente, por exemplo, isso a gente vai ver, tem um jogador de futebol, aí ele vai morar num país jogar pelo clube daquele país, aí no país em que ele está, o máximo de tempo que ele pode morar com visto é dois anos e o contrato dele é de cinco anos, então lá eles dizem assim: “para ti continuar morando aqui só se tu te naturalizar” então é uma imposição do país que ele está, entende? Não é assim “ah, eu por mim, continuaria a ser brasileiro, mas nesse caso eu não tenho opção, como eu trabalho aqui, o país me exige isso” não é o caso dela, entende? No caso dela, ela está pedindo porque ela quer, ela quer ser americana, é uma vontade dela, tu entende?

Aí seu eu peço eu perco a nacionalidade brasileira? Perde, mas eu vou te dizer, é muito difícil perder porque no Brasil- no caso dela eu até não entendi como que se sucedeu que ela perdeu- o Brasil não tem controle, ele não consegue saber se tu te naturalizou em outro local, então eu te digo assim: quando é que tu vai perder? Quando tu te denunciar para o próprio país, por exemplo, lá no site do Ministério da Justiça tem um documento que tu preenche dizendo que tu te naturalizou em outro país, o que que tu faz quando tu diz isso? “Olha, eu sei que eu me naturalizei e me submeto a perda da nacionalidade brasileira”, entende? Claro que se for descoberto, vou dar um exemplo: eu dei aula em Santana do Livramento que foi uma das aulas mais divertidas da minha vida porque essa matéria nacionalidade e eu fui sem imaginar isso e quando eu cheguei eu fui surpreendida, pessoal como eles moram na fronteira, eu não me dei conta, mas assim, as dúvidas eram de tudo que é ordem, por exemplo teve um aluno que me perguntou o que a criança seria se ela nascesse na praça porque tem uma praça que divide Brasil e Uruguai, aí o aluno “tá, e se a criança nascer na praça” e eu digo “claro, é uma coisa bem comum, a mulher está grávida passeando aí ela para na praça, um pé pra lá outro pé para cá e

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a criança cai no meio” e aí ele “mas o que que a criança é?” eu digo “olha, provavelmente ela vai ter dupla nacionalidade, vai ser difícil saber exatamente, só se ficar muito claro de que lado ela nasceu” mas assim o que foi engraçado é porque eu comentei com eles de que quando a gente se naturaliza (...) em outro país porque a gente quer se naturalizar, não é uma imposição do outro país, a gente perde a nacionalidade brasileira e aí eu notei que eles ficaram em estado de choque e eu não entendi o porquê (...) quando a aula terminou veio um grupo assim “ai professora, pelo amor de Deus, como assim perde?” Aí eu perguntei “por que vocês estão assim tudo estranho?” “Professora a gente vai lhe dizer, nessa aula aqui todos se naturalizaram uruguaios.” E eu disse “mas por que vocês se naturalizaram uruguaios?” Aí, na época, não sei se continua assim, mas eles me disseram que o sistema de saúde do Uruguai é muito melhor que o do Brasil, então como eles moram na fronteira, para eles por exemplo, ter a questão de poder uma situação de internação ter mais facilidade é melhor, e por isso eles se naturalizaram. E aí eu perguntei “onde vocês moram?” “A gente mora tudo no Brasil, mas a gente tem carteira de identidade do Uruguai.” E aí eu disse “vocês usam a identidade do Uruguai aqui?” “Não professora, a gente esconde.” “Então vocês sabem que vocês fizeram alguma coisa errada.”

O que que acontece? Eles estão numa situação irregular. Se alguém denunciar, todos eles vão perder a nacionalidade brasileira porque eles não se naturalizaram porque o Uruguai obrigou eles, entendem? Foi por interesse próprio, a mesa coisa essa mulher, por que que ela se naturalizou? Porque ela queria ser americana, na verdade ela nem se naturalizou, ela casou com um americano e o casamento concedeu a ela um passaporte, o greencard, a possibilidade de ser americana, então o Brasil disse “não minha filha, então tu não é mais brasileira, tu fez isso porque tu quis”, entendido? Que é caso dessa americana que matou o marido.

Então o que eu queria dizer para vocês é exatamente isso: que no caso da extradição, voltado o que a gente estava trabalhando, no caso da extradição, se um brasileiro nato foge para outro país ele pode ser trazido de volta, que é uma extradição, só que no concurso, como a gente não sabe o que eles estão pedindo, a gente vai dizer que não pode.

(...)

Recapitulando: o brasileiro nato não pode ser extraditado, o naturalizado ele pode se ele cometeu crime comum antes da naturalização porque daí ele cometeu o crime quando ele ainda era estrangeiro, se ele cometeu crime comum depois da naturalização ele não é extraditado, ele pode até cumprir aqui se tiver acordo, mas ele não é extraditado, entendido? E se ele cometer tráfico de drogas, independentemente se foi antes ou depois da naturalização, ele pode ser extraditado, então coloquem uma observação na apostila de vocês: tráfico de drogas é o único crime que independe do momento em que foi praticado, permitindo a extradição do naturalizado.

Então fechando, brasileiro nato pode ser extraditado? Não, nunca, jamais. Naturalizado pode ser extraditado? Pode, se ele cometeu crime comum antes da naturalização. Se ele cometeu crime comum após a naturalização ele pode ser extraditado? Não. Tráfico de drogas antes pode ser extraditado? Pode. Tráfico de drogas depois pode ser extraditado? Também. Entendido?

E aí minha pergunta é: e o estrangeiro ele pode ser extraditado? Só não pode como deve ser extraditado. Mas tem, por lei, alguma exceção? Tem, diz o artigo 5º, inciso LII que não será concedida a extradição do estrangeiro por crime político ou de opinião, então a nossa lei entende que se o estrangeiro que fugiu para o Brasil, que tem um exemplo clássico aqui, se ele cometeu crime político ou crime de opinião ele tem, no Brasil, asilo político, ele tem uma proteção. Aqui pessoal, exemplo clássico que com certeza vocês vão lembrar é do Cesari

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Battisti, lembram? Cesari Battisti é um ativista italiano, ele cometeu crime, ele foi condenado na Itália pelo crime de homicídio e ele fugiu para o Brasil, aí a Itália descobriu que ele veio para cá e pediu a extradição, aí ele foi preso no Brasil e o STF começou a tramitar a extradição do Cesari Battisti e deu OK, disse “pode ser extraditado”. Só que a última palavra na extradição é a do Presidente da República, e na época, o presidente que era o Lula entendeu que o crime cometido pelo Cesari Battisti foi motivado por questões políticas, por perseguição política, como se ele tivesse se defendido e que, portanto, no Brasil ele não poderia ser extraditado, ele teria asilo político e foi o que o Brasil concedeu. Até hoje isso criou um grande mal estar entre Brasil e Itália, até hoje a Itália não aceita que o Brasil não extraditou o Cesari Battisti e a Itália, quando tem a oportunidade, dá retaliação. Teve um caso agora recentemente de um brasileiro que cometeu um crime no Brasil e fugiu para Itália e o Brasil pediu a extradição, a Itália não concedeu, eles disseram: “vocês não nos entregaram o Cesari Battisti, vocês não vão ter o brasileiro de vocês”. Então isso é bem complicado porque é o Brasil interferindo na soberania do outro país, lá no outro país a criatura foi condenada, mas como ela conseguiu fugir para cá ela é protegida, imagina o sentimento de impunidade lá no país em que a pessoa cometeu o crime, isso é bem complicado. E há um tempo atrás, final do ano passado mais ou menos, eu vi uma notícia de que o Cesari Battisti nem no Brasil mais ele está, que ele tem ainda a proteção no Brasil, então ele pode ficar aqui livre, leve e solto mas que nem no Brasil ele está, então mais complicado ainda, ele tem proteção num país e nem no país ele se encontra, então por isso que acho que há ainda raiva da Itália em dizer “po, vocês concedem proteção e nem no país que deu a proteção a pessoa se encontra”. (...) Acho que eles exteriorizam isso no sentido de dizer “se ele voltar nos devolve a criatura porque ele tem a proteção de vocês mas nem está utilizando.” Porque ele não deve ser burro, ele deve ter ido para um país que não tem acordo com Itália (...).

Então finalizando, o estrangeiro, se tiver cometido crime político ou de opinião não é extraditado, ganha no Brasil asilo político.

A última diferença que nós temos é a propriedade dos meios de comunicação. Não está na apostila de vocês o artigo, eu comento caso venha a cair para vocês, vocês já têm conhecimento. O art. 222 ele diz que o brasileiro nato ele pode ser proprietário dos meio de comunicação a qualquer momento, o naturalizado ele tem que ter, no mínimo, 10 anos de naturalização para poder ser proprietário de meios de comunicação, essa é a diferença: o brasileiro nato não precisa nada, dinheiro só; o naturalizado ele tem que ter, no mínimo 10 anos de naturalização. Aí vocês poderiam dizer: “por que que ele tem que ter no mínimo 10 anos?” Por uma razão ideológica, o nosso legislador entende que se o naturalizado ele pudesse se naturalizar e imediatamente ser proprietário ele poderia utilizar o meio de comunicação para propaganda religiosa, doutrinária, filosófica, política do país de origem, então 10 anos é para dar um espaço de tempo para que talvez a pessoa não use o meio com essa finalidade, entendido? “Ah, já estou morando há 10 anos já me acostumaram com o Brasil” sabe, de repente já mudou essa ideia. Eu, particularmente acho isso uma bobagem, eu acho que não são 10 anos que mudam a cabeça de alguém, às vezes uma vida inteira não muda, mas o legislador ele colocou 10 anos para evitar que ele imediatamente...de repente ele vai para o país e se naturaliza já com esse propósito, entenderam? Ele não vai conseguir, ele vai ter que esperar pelo menos 10 anos e aí pode ser que em 10 anos a ideia dele já mude.

Vamos agora para o último ponto da nossa aula que é a perda da nacionalidade brasileira. Pode um brasileiro nato perder a condição de brasileiro nato? Pode com certeza, eu até já adiantei para vocês.

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Então o § 4º, inciso I ele trata da possibilidade da perda mas esse inciso primeiro é só para brasileiros naturalizados, então diz ali: perde a nacionalidade o brasileiro que tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.

Então pessoal colocando um exemplo que tem a ver com a foto. Um brasileiro naturalizado é descoberto que ele tem uma fazenda, por exemplo, lá na região do Pará, e que nessa fazenda ele utiliza mão de obra escrava, que é crime no Brasil. Além dele responder pelo crime que ele cometeu, ele vai ter um outro processo correndo paralelo que esse processo tem por objetivo o cancelamento da sua naturalização por ter cometido uma atividade que é contrária ao interesse nacional. Então na prova eles vão perguntar para vocês: “através de que ato o brasileiro naturalizado perde a nacionalidade brasileira?” Através de uma sentença judicial com trânsito em julgado porque é um processo. Enquanto o processo está correndo ele continua naturalizado, ele só vai perder quando a gente tiver uma sentença transitada em julgado e aí depois que sair a sentença e depois que ele cumpriu a pena no Brasil ele é expulso do nosso país. Então é tudo junto e misturado: ele vai responder pelo crime, ele vai perder a nacionalidade brasileira e na sequencia ele é expulso do nosso país.

Agora pessoal a segunda possibilidade.

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Perde a nacionalidade o brasileiro que adquirir outra nacionalidade, que é a chamada naturalização voluntária, eu me naturalizo porque eu quero, voluntária, da minha vontade. Essa hipótese ela se aplica tanto a brasileiro nato, quanto a brasileiro naturalizado, então era aquilo que eu explicava antes: se um brasileiro, seja ele nato, seja ele naturalizado, por exemplo eu Alessandra, brasileira nata, se eu me naturalizo em outro país por vontade minha é porque eu quero, não é uma imposição do país que eu estou, que a gente vai ver na sequência que aí seria dupla nacionalidade, simplesmente acordei com vontade de ser mexicana

– Ah mas por que professora, senhora vai morar no México?

– Não.

– A senhora conhece o México, gosta?

– Não, não conheço.

– A senhora gosta da comida mexicana?

– Não.

– A senhora é casada com um mexicano?

– Não.

– Então por quê?

– Porque eu sonhei, estou afim.

Então pessoal eu digo: não tem um motivo para me naturalizar, simplesmente porque eu estou com vontade, entenderam? Nesse caso o Brasil entende que eu estou renunciando a minha pátria, que eu não posso ter tudo que eu quero ao mesmo tempo, então eu vou me tornar mexicana mas eu vou perder a nacionalidade brasileira, entendido? Isso serve, como eu falei, tanto para o nato quanto para o naturalizado então se no concurso eles perguntarem para vocês se brasileiro nato pode perder a condição de nato, qual a resposta? Sim, basta que ele se naturalize em outro país por vontade própria.

E agora pessoal, pode uma pessoa ter dupla nacionalidade?

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Pode, nós temos duas hipóteses de dupla nacionalidade. A primeira é quando houver o reconhecimento de uma nacionalidade originária por uma lei estrangeira. Isso é muito comum com os filhos dos italianos. Um exemplo hipotético: eu, Alessandra nasci no Brasil e os meus pais são italianos, o que eu sou para o Brasil? Brasileira nata. Ius sanguinis ou ius soli? Ius soli porque eu nasci no Brasil. Só que eu sei que a Itália reconhece a nacionalidade porque a Itália adota critério sanguíneo, então eu sei que a Itália reconhece a nacionalidade dos filhos de italianos e eu vou pedir porque é um direito que eu tenho. “Ah professora, mas não é porque a senhora quer?” Até é porque eu quero, mas é um direito que eu tenho no outro país e eu quero exercer esse direito que eu tenho então nesse caso, quando outro país te reconhece como um cidadão nato naquele local, tu não perde a nacionalidade brasileira, tu fica com dupla. No caso daquela brasileira, ela não fica nata nos EUA, por isso que ela não pode ter dupla nacionalidade, ela se naturalizou americana, é diferente do que eu estou falando, nesse caso aqui tu é cidadão nato no outro país aí o Brasil diz “não, não tem problema, nesse caso tu pode ficar dupla nacionalidade porque tu está exercendo um direito que outro país te concedeu”.

E o outro caso que tu pode ficar com dupla é quando o país em que tu está te impões a naturalização.

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É uma imposição, seja por moradia, seja por trabalho, seja por casamento, seja pelo que for, mas não é uma escolha tua, é uma imposição do local em que tu te encontra, que é o exemplo mais comum que é o caso dos jogadores de futebol. O jogador de futebol pessoal, quando ele vai jogar em outro país, normalmente o contrato dele é maior do que o tempo que ele pode ficar e ele sabe que ele vai ficar por um tempo mas não tem saída, ele vai ter que se naturalizar para poder ficar morando, então é uma obrigação do país em que ele está, e ele se naturalizou e ele não perde a nacionalidade brasileira porque não é uma escolha voluntária, é uma imposição por questão de trabalho ou de moradia, entendido?

E para terminar a nossa matéria, eu sempre digo em aula: eu acho muito engraçado a gente estar falando em nacionalidade, aí de repente o legislador coloca assim umas informações meio perdidas, parece que não encontrou lugar melhor (...) aí ele bota ali no fim “a língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil” (...).

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E aí ele finaliza com “são símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. Estado, Distrito Federal e Municípios podem ter símbolos próprios”.

É uma informação importante, ela não tem nada a ver com nacionalidade, mas ela está dentro da matéria nacionalidade. Como eu disse para vocês eu tenho a impressão que o legislador estava escrevendo a matéria nacionalidade e “me esqueci dos símbolos, vou colocar aqui mesmo”.

Então nós terminamos nossa aula, agradeço a vocês, espero que tenham entendido a matéria até mais (...).