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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2012

Título: O fenômeno da drogadição: possibilidades de intervenção no

território escolar.

Autor Adaltro Henrique Bruschi.

Disciplina/Área Pedagogia.

Escola de Implementação do

Projeto e sua localização

Colégio Estadual Padre Anchieta – Ensino

Fundamental e Médio.

Município da escola Salgado Filho – PR.

Núcleo Regional de Educação Francisco Beltrão – PR.

Professora Orientadora Marivania Cristina Bocca.

Instituição de Ensino Superior UNIOESTE – Campus de Cascavel.

Relação Interdisciplinar No Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano, as

disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática,

Educação Física e Ciências; no Ensino Médio, de

1ª a 3ª série, as disciplinas de Língua Portuguesa,

Matemática, Educação Física e Biologia.

Resumo As transformações que a sociedade sofreu nas últimas cinco décadas criaram uma nova forma de vivência social que direciona o homem a consumir freneticamente, sem pensar nas consequências que este fenômeno está trazendo. Tal fenômeno gerou uma série de problemas que estão afetando a cultura e a tradição que herdamos, criando uma cultura esvaziada de valores, sentido existencial e uma grande população de excluídos. Neste cenário, as drogas aparecem como uma oportunidade de mascarar a realidade e uma série de problemas faz com que a escola não trate o tema com maior profundidade e possa perceber a ligação direta com a violência no território escolar. A proposta deste caderno pedagógico é realizar intervenção pedagógica com os professores, através de: entrevista, formação embasada em leituras cientificas e elaboração de plano de trabalho docente, com o intuito de desmistificar a problemática e atuar no enfrentamento das drogas e violência.

Palavras-chave Drogadição; Jovem; Violência.

Formato do Material Didático Caderno Pedagógico.

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Público Alvo Professores do 6º ao 9º ano do Ensino

Fundamental, das disciplinas de Língua

Portuguesa, Matemática, Educação Física e

Ciências; e de 1ª a 3ª série do Ensino Médio das

disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática,

Educação Física e Biologia.

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PARANÁ

GOVERNO DO ESTADO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS – DPPE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

CADERNO PEDAGÓGICO

O FENÔMENO DA DROGADIÇÃO: POSSIBILIDADES

DE INTERVENÇÃO NO TERRITÓRIO ESCOLAR

ADALTRO HENRIQUE BRUSCHI

SALGADO FILHO

2012

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ADALTRO HENRIQUE BRUSCHI

CADERNO PEDAGÓGICO

O FENÔMENO DA DROGADIÇÃO: POSSIBILIDADES

DE INTERVENÇÃO NO TERRITÓRIO ESCOLAR

Produção Didático-Pedagógica – Caderno Pedagógico, apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, idealizado e mantido pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED/PR, em convênio com a Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE.Orientadora: Profª Ms. Marivania Cristina Bocca.

SALGADO FILHO

2012

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PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Adaltro Henrique Bruschi.

Área PDE: Pedagogia.

NRE: Francisco Beltrão – PR.

Professor Orientador IES: Marivania Cristina Bocca.

IES Vinculada: UNIOESTE.

Escola de Implementação: Colégio Estadual Padre Anchieta – Ensino

Fundamental e Médio.

Público Objeto da Intervenção: Professores do 6º ao 9º ano do Ensino

Fundamental nas disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, Educação Física

e Ciências; e de 1ª a 3ª série do Ensino Médio nas disciplinas de Língua

Portuguesa, Matemática, Educação Física e Biologia.

2 TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE

Prevenção ao uso indevido de drogas.

3 TÍTULO

O fenômeno da drogadição: possibilidades de intervenção no território

escolar.

4 APRESENTAÇÃO

O referido Projeto de Intervenção Pedagógica faz parte do Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE mais precisamente na área de Pedagogia e

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Desenvolvimento Educacional e tem como objetivo geral, apresentar uma

proposta de ação junto aos professores do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental

nas disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, Educação Física e Ciências; e

de 1ª a 3ª série do Ensino Médio nas disciplinas de Língua Portuguesa,

Matemática, Educação Física e Biologia do Colégio Estadual Padre Anchieta, na

cidade de Salgado Filho, Estado do Paraná. Este será efetivado por meio do

Material Didático Pedagógico intitulado: “O fenômeno da drogadição:

possibilidades de intervenção no território escolar”, cuja intenção é de

promover uma reflexão junto aos professores, acerca do fenômeno violência e

sua interelação com o fenômeno da drogadição no território escolar.

(Profª Ms. Marivania Cristina Bocca - Orientadora)

5 OBJETIVOS

5.1 OBJETIVO GERAL:

Compreender como o aumento do fenômeno violência é um reflexo, na

maioria dos casos, do problema da drogadição e iniciar trabalhos de prevenção,

incluindo a temática nas diferentes disciplinas escolares.

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

- Entender quais sentidos os professores produzem sobre o fenômeno da

drogadição;

- Compreender, historicamente, como a droga foi introduzida em maior

escala na sociedade ocidental, os principais tipos de drogas e suas implicações

para os drogaditos;

- Levar os professores a perceberem que o problema da violência escolar

pode ser um reflexo, ao da drogadição, entendendo-os como problemas sociais

que afetam a todos e fazer um trabalho preventivo com os alunos;

- Elaborar material didático para os professores trabalharem em sala de

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aula a questão da prevenção ao uso indevido de drogas com seus alunos.

6 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

6.1 A VIOLÊNCIA NO CONTEXTO ATUAL: UM BREVE RELATO

Iniciamos o desenrolar teórico deste trabalho apresentando o tema

violência. Mas por que falar de violência se o tema abordado é a prevenção ao

uso indevido de drogas? Os estudos acerca do problema da drogadição têm

mostrado que na sociedade ocidental, a violência doméstica, escolar, de rua,

através de gangues, das instituições sociais – bares, danceterias, bailes, estádios

–, roubos e assaltos pode estar ligada ao uso indevido ou abusivo de drogas, pois

conforme Bourdon (1991), citado por Medeiros, (2008, p. 19), “tanto a exclusão

social quanto a crise social, podem ser potencial da violência”.

Trata-se da violência que as pessoas sofrem, numa cultura que banalizou e

mercantilizou a existência humana; que sucumbiu os padrões morais necessários

à convivência humana e social. Vivemos uma crise cultural, onde as pessoas são

julgadas e/ou excluídas por não se adequarem aos padrões da moda, impostos

de certa forma pela ideologia dominante, através das mídias e da coerção de

grupos sociais, muitas vezes disfarçados sutilmente nas instituições sociais.

Como consequência, temos jovens sem o devido conhecimento de que não

se precisa usar a roupa ou o aparelho da moda, fazer parte deste ou daquele

grupo de amigos para se sentir bem, beber bebidas alcoólicas ou outro tipo de

droga para ser uma pessoa, para se sentir feliz e buscar nos prazeres ilusórios –

hedonismo1 –, uma forma de se libertarem do peso da sociedade que

desumanizou o ser humano e elevou, acima do próprio homem, o dinheiro e os

bens materiais.

Esta instabilidade social nas cidades brasileiras, causada principalmente

pelo aumento da violência, que tem suas facetas em roubos, assaltos,

sequestros, brigas entre gangues, torcidas, dentre outras formas, é um mal que

1. Hedonismo (do grego hedonê, "prazer", "vontade") é uma teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma ser o prazer o supremo bem da vida humana (WIKIPÉDIA, 2012).

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assola a todos; cria um grande caos social e aumenta a insegurança do cidadão

brasileiro. Boa parte desta problemática está ligada ao uso indevido de drogas,

lícitas – bebidas alcoólicas –, e ilícitas, tais como maconha, cocaína e

especialmente o crack, pois é uma droga barata e que vicia nas primeiras

sessões de uso. Se “comparado a outras drogas, o crack é sem dúvida a mais

nefasta, porque produz rapidamente a dependência: sob a compulsão pela

substância, o usuário desenvolve comportamentos de risco, que podem chegar à

atividade criminosa e à prostituição” (CUMINALE, 2010).

No caso do crack, a droga tornou-se uma epidemia de difícil controle, pois

afeta todas as classes sociais e o Sistema Único de Saúde – SUS, não está

dando conta de atender as pessoas que estão tentando se livrar do vício. O

problema cresceu, pois segundo dados da Secretaria Nacional Antidrogas (idem),

o número de usuários de crack que estão tentando se livrar do vício, pulou de 30

para 70% em 2010. Portanto, o problema exige mais investimento no que

compete a capacitação dos profissionais, tanto da área da saúde, quanto da

educação.

Para compreendermos a questão da drogadição do jovem, devemos partir

da premissa, de que “tanto os adolescentes que possuem uma estrutura familiar,

quanto àqueles que vivem nas ruas, têm motivos variados para desenvolver o

hábito de usar drogas, mas com um único objetivo: ´fugir da realidade´”

(SANTOS, citado por BOCCA, 2002, p. 52). Falamos aqui de uma situação de

abandono vivido pelo jovem nos aspectos físico e afetivo, mas longe de ser algo

que vai mudar pra melhor a sua vida, o uso de drogas irá piorar e afastar cada

vez mais, os laços que o unem a sua família.

O abandono destacado é antes de tudo um reflexo no jovem, do abandono

que vive sua família, sem as condições mínimas de sobrevivência e convivência.

Sobrevivência, pela exclusão em que vivem muitas famílias na sociedade

brasileira, excluídas da cadeia produtiva do capitalismo, sem trabalho decente,

em geral desempregados ou subempregados, sem lar, alimentos. Neste contexto,

o jovem vê na droga a possibilidade de suprir a fome ou ainda como forma de

negócio, sendo usado pelo tráfico, para se manter no vício. De outro lado, jovens

vivem o abandono da convivência; são os chamados ‘órfãos de pais vivos’. Filhos

de pais abastados de bens materiais, tendo boas, ou ótimas condições de

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sobrevivência, demais atarefados pelo cotidiano e não conseguem dar o mínimo

de carinho e atenção aos filhos, deixam a educação e orientação para a escola, o

resto do tempo, os filhos ficam ocupando o tempo com televisão ou

computadores, ou seja, tendo uma educação carente de afetividade e assim

desenvolvem carência afetiva que em geral é suprida pelas drogas.

Tendo, portanto, uma realidade que os excluiu de serem pessoas

produtivas na sociedade, a drogadição, ou o “uso é associado à inquietação, à

impossibilidade de estar ‘parado’: […] o uso de álcool como uma prática do

cotidiano, corriqueira, que passou a se tornar rotina e que não se consegue mais

ficar sem” (GUARESCHI e outros, 2006, p. 129).

Pela falta de oportunidade produtiva na sociedade, as famílias vêm

sofrendo uma crise cultural, que apresenta discursos contraditórios e jogos de

poder; daí surge a “violência como causadora de sensações de revolta ou prazer”

(BOCCA, 2009, p. 169). Estas famílias passam a viver sem oportunidade, nos

territórios pobres e violentos, que surgem ao longo dos anos, vivem os ditos pobres, doentes, sujos, indisciplinados, vagabundos. As pessoas que vivem na vila passam a ser vistas como podendo ser perigosas. Faz-se, logo, uma construção desses sujeitos que vivem em lugar propenso ao crime e à desordem. Constroem-se o perigo e os sujeitos da transgressão. Esquecesse da história e interpreta-se o diferente como natural (GUARESCHI e outros, 2007, p. 21-22).

Uma sociedade pensada em suas bases, pra ser o desenvolvimento

industrial e tecnológico da humanidade, promover o bem estar, a saúde, o

conforto e a realização do homem, agora colhe frutos amargos que ameaçam a

sobrevivência desta própria sociedade, pois se criaram grupos opostos, que

“expressam um desejo de reagir à violência com violência, merece mais atenção

e investigação, uma vez que aí pode estar a base de um tipo diferente de

´naturalização da violência´: a transformação da mesma numa “moeda corrente”

(VENTURINI e outros, 2004, p. 12).

Vemos grande quantidade de jovens perdidos nas ruas, entregues a

própria sorte, sendo obrigados a ter atitudes contrárias a sua vontade para

sobreviverem. Sabemos que para mapear a situação da problemática da violência

no Brasil, ainda faltam dados confiáveis,

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mas o que se sabe é que existem várias formas de violentar o ser humano, o ataque não é só fisicamente, mas também mexe em sua dignidade social (direitos), ou desequilíbrio de sua consciência na parte afetiva. Como é o caso de adolescentes que, excluídos socialmente dos direitos básicos de sobrevivência, são obrigados a trabalharem cedo, ganhando pouco e abandonarem a escola. Outro ponto de destaque é que em muitas famílias, ocorre o uso abusivo de bebidas alcoólicas, o que leva o adolescente a brusca ruptura dos laços afetivos e culturais pela rejeição por parte dos colegas da escola e pelo aliciamento à prostituição e às drogas (BOCCA, 2009, p. 173).

Tudo isto ocasiona no jovem a reprodução e/ou ampliação das formas de

violência, pela falta de um lar acolhedor. O abandono físico e emocional gera um

estigma provocador de tais atos e ainda que muitos tenham frequentado escolas

ou passam por casas de recuperação, não conseguem sozinhos sair desta

situação. Em entrevista, realizada com alguns jovens em conflito com a lei, Bocca

(2009), constatou tais dados e acrescentou que atos infracionais, são feitos,

especialmente sob o efeito de drogas e também para amenizar o sofrimento do

passado. Constatou também, que a cobrança da sociedade e a falta de liberdade

o impulsionam ao uso de drogas, pois tem uma vida estigmatizada pela situação

que vive, e acaba aprisionado pelo vício.

O abandono que sofrem as famílias de tais jovens reflete-se num

desinteresse dos pais em cuidar e criar os filhos de maneira sadia, impondo

limites e garantindo direitos. Soma-se a isso, a falta de políticas sociais de

amparo, proteção e desenvolvimento, por parte do Estado e a capacidade de

sedução do mundo do crime e temos para o jovem, fatores que “suscitam

sentimentos de humilhação, em que adolescentes como estes são estigmatizados

e vítimas de preconceito” (BOCCA, 2009 p. 177). De vítima, passam a ser

marginais; indigno de confiança. Apenas uma “vítima” (FOUCAULT, 1998) desta

sociedade má organizada e a violência produzida pelos jovens em conflito com a

lei é uma “produção do sentido”, ou […] “expressão de recusa pela pessoa em dar

prosseguimento a uma existência em que ela se sente negada” (GUARESCHI e

outros, 2007, p. 123).

Na tentativa de reverter este quadro, os estudos da universidade brasileira

vêm apresentando bons resultados, quando indicam ou criam situações que

oportunizem melhorias nas condições de aprendizado, como no caso da

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Fundação de Assistência Social e Cidadania - FASC, que desenvolve um

programa de Trabalho Educativo, com jovens em situação de vulnerabilidade

social, num bairro de periferia da cidade de Porto Alegre, Estado do Rio Grande

do Sul. Ele tem como um dos objetivos, o diálogo reflexivo sobre as condições

que vivem as famílias que sofrem com a problemática das drogas, as formas de

agressão e os possíveis caminhos que se deve tomar para tentar resolver a

situação. A ação consiste em fazer os jovens refletirem sobre seus atos para

tomar consciência e construir um projeto de vida mais saudável, pois o diálogo

com os serviços sociais os faz ver novas formas de se relacionar com o mundo.

O objetivo é de vermos um horizonte de alternativas para resolver esta

problemática, pois

Aprender que a vida social funciona com a lei do mais forte pode ser muito perigoso, tanto para os que se colocam no lugar do forte como para os que não sabem como sair do papel de fraco, que a estrutura da relação lhes atribui, especialmente, se isto ocorre quando se está construindo a personalidade social, que é uma das finalidades da escolaridade obrigatória (ORTEGA e REY 2002, p. 35-36).

Para que a escola tenha um projeto interveniente que atue de maneira

produtiva na perspectiva citada acima é preciso partir do marco zero, onde todos

os membros da Comunidade Escolar tomem conhecimento da problemática de

convivência que apresenta sua sociedade e a partir daí, haja um esforço coletivo

para provocar uma reflexão moral, que mexa na afetividade de cada um e que

cada um sinta-se parte integrante desta comunidade. A porta de entrada é debater

estratégias de minimização do problema, para possibilitar outras vias de

convivência e de lazer, pois para resolver o problema precisamos de muito mais,

pois se trata de uma questão social, política e econômica que não está ao alcance

da escola.

A formação ou fortalecimento dos conselhos e agremiações dos colégios e

também os sociais são o pontapé inicial e para isso todos devem estar dispostos

a escolherem líderes éticos e sensíveis para tratar das situações de risco a que

nossos jovens são submetidos. Trata-se de ampliar o debate sobre a problemática

enfrentada, de modo que os envolvidos percebam o rumo que as coisas estão

tomando e o que precisa ser feito para reverter à situação, criando-se estratégias

de prevenção.

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A alienação total que os alunos têm, sobre o fato de estar vivo e estudar é

que faz com que eles se sintam sem rumo na vida. Vivem por viver, fazem por

fazer. Quando descobrem uma razão para suas vidas é que começam a produzir.

Neste caso podemos citar o lado bom: de projetos, uma família, um bom estudo,

uma casa, filhos, cônjuge, etc., mas também o lado ruim, que é quando se

interessa por furtar, assaltar para comprar drogas, pois acabou viciado, na maioria

das vezes, por ter uma atitude passiva frente à droga.

Para isso ele precisa de bons exemplos, de pais que procuram viver

sadiamente, e os impulsione pro trabalho, pois, “o primeiro espelho da criança é o

adulto; em todas as fases de sua vida ele vai modulando suas experiências e isso

não é absoluto, nem inexorável, nem linear, é uma possibilidade tecida na

complexidade de ser e de se fazer humano na presença do outro” (SOUZA, 2002,

p. 182).

Para a superação dos sentimentos de abandono, precisa-se de companhia,

de alguém que ajude a compreender como a vida é, de como viemos até aqui e

qual o nosso caminho a percorrer enquanto sujeitos ativos da sociedade.

Contrapondo, é saber

que toda forma de opressão que se manifesta nas relações humanas consagra um tipo de violência, entre as quais está o não-reconhecimento do outro em sua maioridade humana, ainda que em processo de formação. Do mesmo modo, ‘inauguram o desamor, não os desamados, mas os que não amam,’ porque sequer se amam. Inauguram o terror, as violências que geram os ‘demitidos da vida, os esfarrapados do mundo’ (SOUZA, 2002, p. 183).

Se, por um lado, é esperado que crianças se utilizem mais das agressões

para tentarem resolver seus conflitos, espera-se também que, com o processo de

socialização e educação, esse comportamento se reduza ao longo do tempo. Na

escola, o processo de socialização e educação deveria aumentar as formas

pacíficas de resolução de conflitos; contudo, vários casos demonstram que tais

comportamentos, além de não sofrerem redução ao longo do processo de

escolarização, tornam-se, muitas vezes, ainda mais graves. A escola e a

sociedade ainda pensam muito em criar alternativas para superar as práticas

individualistas.

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6.2 DROGAS: UM BREVE HISTÓRICO NA SOCIEDADE ATUAL

Para compreendemos o cenário social ligado ao consumo exagerado de

drogas, fato que se tornou uma epidemia na sociedade ocidental, dividimos o

texto em dois momentos principais: o primeiro está ligado aos povos e tribos que

faziam uso das drogas para criar situações de alucinação, estimulação,

embriagues e calmaria; o segundo, o atual, ligado à sociedade moderna, tem

suas bases no mercantilismo, onde as drogas são usadas pela classe dominante

para gerar vício e dar lucro, provocar situações de embriagues ou entorpecimento

e fuga da realidade. Tanto o primeiro como o segundo momento, são apontados

por Mota (2010) e neste mesmo nuance gerar a destruição da cultura tradicional,

como apontam os estudos de Azevedo Júnior (2012).

De início vamos compreender como as drogas se faziam presentes nos

povos primitivos e estavam ligadas aos rituais religiosos, sendo um estimulante,

como é o caso do peiote, um cacto do deserto mexicano, que entorpecia e criava

alucinações sensacionais naquele que mastigava algumas bocadas de sua goma

amarga.

Outro caso é o ópio para as populações asiáticas, que era usado pelos

místicos e também provocava alucinações no usuário; a folha da coca era usada

pelos incas, como estimulante e, ainda hoje é à base da alimentação e da

sobrevivência dos povos que vivem nas altitudes dos Andes, em especial, do

povo boliviano que utiliza a planta como um dos artifícios para melhor oxigenação

diante da altitude elevada das regiões habitadas; a planta cannabis sativa, da qual

se faz a maconha, foi muito usada pelos povos asiáticos, em especial os hindus,

que obtinham da droga uma sensação de prazer e também usada como

calmante. Quase todos os povos antigos, viam nas drogas um teor místico e

sagrado, pelos efeitos entorpecentes que causavam no usuário.

Antes de nos remetermos ao uso de drogas na atualidade, podemos citar

também o uso das bebidas alcoólicas, em especial na Europa e países asiáticos

próximos, onde eram usadas em festas para embriagar e criar um clima de

euforia e bem-estar e com isso festejar ou comemorar um encontro entre seus

membros. Ou ainda, que foi introduzida no início da sociedade industrial, por volta

de 1.800, para que os trabalhadores bebessem para suportar as duras jornadas

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de trabalho a que eram submetidos.

Na sociedade atual – moderna –, foco principal deste debate, percebemos

que as drogas foram introduzidas em maior escala, a partir da década de 60, com

o movimento hippie, cujo objetivo era revolucionar a sociedade tradicional,

rompendo com a cultura e pregando novas formas de convivência, embasadas na

paz e no amor. Esta proposta, segundo Azevedo Júnior (2012), está embasada

numa contraproposta, feita a partir dos estudos de Herbert Marcuse – membro da

escola de Frankfurt –, que em sua obra ‘Eros e Sociedade’, descreve o

capitalismo como produtor de guerra e gerador de ódio, fazendo-os, como

mecanismo de sustentação e sobrevivência. Por isso o slogan do movimento

hippie, contrário a ideologia capitalista: ‘Faça Amor, não Faça Guerra’.

O ponto crítico é que para romper com a cultura de seus antepassados,

algo não tão simples, precisavam injetar em suas mentes, altas doses de drogas

para entorpecer, ouvir som estridente e alto, que impede a pessoa de raciocinar

lucidamente, pois os canais auditivos ficam saturados e mantém uma marcha

direcionada pela bateria, que no caso do rock, se sobressai aos demais

instrumentos e também o sexo livre, que aos excessos causam fadiga e cansaço.

Estas atitudes eram feitas para que esses jovens cheios de energia

pudessem romper de maneira radical com esta cultura e estrutura social,

utilizando-se de um ideal de “Paz e Amor”, para criar um novo sentido existencial

para suas vidas e uma sociedade mais liberal, que permitisse que as pessoas

decidissem por si o que deveriam idealizar para suas vidas, sem a intervenção

rechaçarnte da ética social.

Sabemos que é impossível uma cultura isenta de falhas e estigmas no seu

processo educativo, pois há muitos intervenientes neste processo, que podem

distorcer a ideia que se quer formar, mas formar ou mudar uma cultura, como que

num passe de mágica é ilusão, pois nós assimilamos aquilo que vivemos na mais

tenra idade e a formação passa a ser um referencial, um guia para nossas vidas o

tempo todo. Então esse movimento foi classificado como uma contracultura.

Mas o debate é em torno das drogas e não da formação cultural e agora a

grande problemática que se apresenta é que o mercantilismo se aproveita deste

ideal alucinante, lançado pela geração hippie e cria um gigantesco mercado das

drogas, que surge também favorecido pela produção industrial em larga escala de

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destilados, fermentados, medicamento e tabacos, além é claro, das drogas

ilícitas, movimentadas pelo narcotráfico, hoje um submundo muito poderoso.

Portanto, “A busca por substâncias que proporcionem ao homem a

alteração de seu estado de consciência tem sido uma característica observada

em todas as civilizações. No entanto, somente a partir da modernidade essa

tendência assume sua atual dimensão compulsiva” (MOTA, 2010, p. 15), criando

uma geração de dependentes, que sobrecarregam os sistemas de saúde, geram

crise existencial e também alimentam a miséria e matam muita gente, como é o

caso de crianças e jovens.

Citamos em especifico, o caso da bebida alcoólica, onde a mesma é

utilizada de forma ampla e inadequada por muitas pessoas. É comum a

propaganda aberta, induzindo ao consumo e também é fácil observarmos em

bailes e festas das mais variadas, crianças e jovens consumindo bebidas

alcoólicas.

6.3 CONCEITUAÇÃO DE DROGAS

Já apresentamos acima, considerações sobre a influência que as drogas

têm na sociedade ocidental atualmente, neste item vamos compreender o

significado do termo e também citar alguns elementos que a tornam uma droga.

Descrevemos drogas como

toda e qualquer substância, natural ou sintética que, introduzida no organismo modifica suas funções. As drogas naturais são obtidas através de determinadas plantas, de animais e de alguns minerais. Exemplo à cafeína [do café], a nicotina [presente no tabaco], o ópio [na papoula] e o THC tetrahidrocanabiol [da maconha]. As drogas sintéticas são fabricadas em laboratório, exigindo para isso técnicas especiais. O termo droga presta-se a várias interpretações, mas comumente suscita a ideia de uma substância proibida, de uso ilegal e nocivo ao indivíduo, modificando-lhe as funções, as sensações, o humor e o comportamento. As drogas estão classificadas em três categorias: as estimulantes, os depressores e os perturbadores das atividades mentais. O termo droga envolve os analgésicos, estimulantes, alucinógenos, tranquilizantes e barbitúricos, além do álcool e substâncias voláteis. As psicotrópicas são as drogas que tem tropismo e afetam o Sistema Nervoso Central, modificando as atividades psíquicas e o comportamento. Essas drogas podem ser absorvidas de várias formas: por injeção, por inalação, via oral,

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injeção intravenosa ou aplicada via retal [supositório] (LONGENECKER, 2012).

Já no que diz respeito aos principais fatores que levam a dependência

química podemos citar: “famílias disfuncionais, desigualdades sociais e pobreza,

decadência dos valores morais, ausência de amor no mundo, influências

demoníacas, neuroses, etc.” (MOTA, 2010, p. 15). Mas no senso comum, ainda

predomina a interpretação de que se trata de causas morais e fraqueza de caráter

do indivíduo, porém o aperfeiçoamento da medicina aponta na direção, que pouco

tem a ver com questões morais, mas que, em principio há uma predisposição do

organismo ao vício. “Os sentimentos de tristeza, decepção, estados depressivos,

dificuldades de relacionamento, frustrações, pobreza, morte de parente, dor de

cotovelo, cada um desses sofrimentos emocionais pode levar uma pessoa a

beber demais” (VESPUCCI, 2000, p. 64).

O abuso da droga se dá porque a pessoa imagina que as drogas, não só a

bebida alcoólica, vão aliviar os sofrimentos citados acima, pois, geralmente vê

pessoas fazendo uso em tal situação ou imagina que seria uma ajuda oportuna.

Até aí tudo bem, porém, tendo predisposição de se tornar um alcoólatra, pois

passar pela experiência de ser um drogadito por dificuldades do cotidiano e tentar

sair dela quando ele percebe que está lhe causando outros problemas, pode ou

não dar certo. Quando consegue passar pelo período sem grandes lesões nos

órgãos do seu corpo, tudo bem; mas há muitos casos em que adquire a

dependência e tendencialmente acaba criando a síndrome que o leva a beber

cada vez mais, ou no caso de drogas ilícitas, usando drogas que debilitam e/ou

matam num curto período de uso, como o caso do crack e oxi, ou, nas chances

remotas que o indivíduo tem de se sobressair à droga é isolando-se

completamente do contexto de uso.

6.4 TIPOS DE DROGAS E SUAS IMPLICAÇÕES

Neste item descrevemos de maneira sintética, as principais drogas

encontradas em nossa sociedade, suas principais características e as implicações

para os usuários. Seguimos um rol de ideias, apresentadas por Longenecker,

(2012) descritas no sítio antidrogas; complementamos utilizando as ideias de

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Lordello e Ribeiro (1998), pois apresentam ideias que complementam os

conceitos.

6.4.1 Álcool

Encontrado em cerveja, destilados e vinhos é obtido a partir da

fermentação de grãos e frutas; ingerido por via oral, em pequenas quantidades

produz sensações de relaxamento, quebra de inibições, euforia, depressão,

diminuição da consciência. O efeito dura em média de duas a quatro horas; em

grande quantidade. Usado em longo período produz estupor, náusea,

inconsciência, ressaca e morte. O risco de dependência psicológica é alto e o de

dependência física moderado. Seu uso contínuo produz obesidade, impotência,

psicose, úlceras, subnutrição, danos cerebrais e hepáticos e morte. Não é

utilizado medicinalmente e apesar de ser permitido socialmente, mata mais que

as outras drogas proibidas por lei.

6.4.2 Alucinógenos

Com nome DMT, escopolamina, LSD, mescalina, noz-moscada, psilocybina

e STP; sua origem é sintética, a partir das plantas mimendro, cactus, moscadeira

e cogumelo. As formas de ingestão são oral, injetável e nasal e produz alteração

da percepção, especialmente visual, aumento da energia, alucinações e pânico.

De duração variável, seus efeitos a curto prazo, são de ansiedade, alucinações,

exaustão, psicose, tremores, vômito e pânico. O risco de dependência é baixo e

seus efeitos a longo prazo são aumento de ilusões, pânico e psicoses. É utilizado

medicinalmente no tratamento de alcoolismo, drogas, doenças mentais e

enxaquecas.

6.4.3 Anfetaminas

Seus nomes são benzedrina, dexedrina, methedrina e preludi. Produzidas

sinteticamente e ingeridas oral e injetavelmente, seus efeitos a curto prazo são:

aumento da atenção, excitação, euforia, diminuição do apetite e duram de uma a

oito horas. O uso a longo prazo produz inquietação, discurso apressado,

irritabilidade, insônia, desarranjos estomacais e convulsões. Com risco de

dependência psicológica alto, seus efeitos por uso continuo são: insônia,

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excitação, problemas dermatológicos, subnutrição, ilusões, alucinações e

psicoses. É utilizado medicinalmente, para tratar de obesidade, depressão, fadiga

excessiva e distúrbios do comportamento infantil.

6.4.4 Antidepressivos

Com os nomes de tofranil, ritalina e tryptanol, são produzidos

sinteticamente e ingeridos oral e injetavelmente. Seus efeitos a curto prazo são de

alívio da ansiedade e da depressão e impotência temporária; o efeito dura de

doze a quatorze horas e a curto prazo produz náusea, hipertensão, perda de peso

e insônia. O uso a longo prazo produz estupor, coma, convulsões, insuficiência

cardíaca congestiva, danos ao fígado e aos glóbulos brancos e morte. Com risco

de dependência psicológica baixa, é usado medicinalmente para tratar ansiedade,

super sedação e distúrbios do comportamento infantil.

6.4.5 Barbitúricos

Encontrado com a nomenclatura de doriden, hidrato de cloral, fenobarbital,

nembutal e sacona, são produzidos sinteticamente e ingerido por via oral. Seus

efeitos em pequena quantidade e a curto prazo são de relaxamento, euforia,

diminuição da consciência, tontura, coordenação prejudicada e sono; o efeito dura

de quatro a oito horas. A curto prazo e em grande quantidade, produz discurso

‘borrado’, mal articulado, estupor, ressaca e morte. Seu risco de dependência

psicológica e física é alto. Usado continuamente, produz sonolência excessiva,

confusão, irritabilidade e graves enjoos pela privação. Na medicina é usado em

caso de insônia, tensão e ataques epiléticos.

6.4.6 Cafeína

Obtida a partir de grãos de café, folhas de chá e da castanha; é ingerida

oralmente e produz, a curto prazo e em quantidade média, agitação, insônia e

perturbações estomacais. Seu efeito dura de duas a quatro horas e em grande

quantidade produz agitação, insônia, arritmias cardíacas e enjoo. Possui risco de

dependências psicológica e física altos; seus efeitos a longo prazo são de

agitação, irritabilidade, insônia e perturbações estomacais e é usado

medicinalmente para super sedação e dor de cabeça.

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6.4.7 Cocaína

É obtida a partir das folhas de coca e ingerida pelo nariz, fumada com

tabaco, com bebida alcoólica ou injetada na veia estando diluída em água. Seus

efeitos duram em média quatro horas e em quantidade média produz sensação

de autoconfiança e vigor intenso; em grandes quantidades produz irritabilidade,

depressão e psicose. O risco de dependência psicológica e física são altos e a

longo prazo produz danos ao septo nasal e vasos sanguíneos, além de psicose.

Na medicina é usada como anestésico local.

Derivado da pasta de cocaína o crack produz sensações semelhantes a da

cocaína em menos tempo e dão uma sensação de euforia ainda maior, só que

seu efeito é destruidor e pode viciar na primeira tragada. Já o oxi, uma droga que

surgiu por volta de 2011, obtido também a partir da pasta de cocaína, porém com

querosene e cal, tem efeitos devastadores; as informações que giram em torno da

mídia, dizem que mata o usuário em pouco tempo, podendo fazer suas primeiras

vítimas já aos 6 meses de uso.

6.4.8 Inalantes

Encontrado com os nomes de aerossóis, colas, nitrato de amido e óxido

nitroso é obtido sinteticamente e ingerido por inalação. Em médias quantidades

produz relaxamento, euforia e coordenação prejudicada; em grandes quantidades

produz estupor e morte. Os efeitos duram de uma a três horas e tem alto grau de

risco de dependência psicológica e a longo prazo produzem alucinações, danos

ao cérebro, aos ossos, rins e fígado, além da morte. Na medicina é usado para

dilatar os vasos sanguíneos e como anestésico leve.

6.4.9 Cannabis sativa

Pode aparecer com nome de haxixe, maconha e thc; é de origem sintética,

sendo ingerida por inalação, oralmente ou injetando. Em quantidades médias

produz relaxamento, quebra das inibições, alteração da percepção, euforia e

aumento do apetite, em grandes quantidades produz pânico e estupor. Seus

efeitos duram de duas a quatro horas e possui risco moderado de dependência

psicológica e física. Usada continuamente produz fadiga e psicose. Na medicina é

usada pra tratar tensão, depressão, dor de cabeça e falta de apetite. O usuário

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fica com os olhos avermelhados.

6.4.10 Narcóticos

Tento os nomes de codeína, demerol, metadona, morfina, ópio e pecodan;

são originados da papoula de ópio e ópio sintética e podem ser ingeridos oral,

injetados ou pelo nariz. Em doses médias produz relaxamento, alívio da dor e

ansiedade, diminuição da consciência, euforia e alucinações; em grande

quantidade produz estupor e morte. O efeito dura em torno de 4 horas e têm alto

grau de risco de dependência psicológica e física; a longo prazo produz letargia,

prisão de ventre, perda de peso, esterilidade e impotência temporária, além de

enjoos pela privação. Na medicina é usado para tratar tosse, diarreia; analgésico

e combate da heroína.

6.4.11 Nicotina

É um alcaloide encontrado em forma de cachimbos, charutos, cigarros e

rapé, tem a origem na folha de tabaco, sendo ingerido oral ou inalado. Em

quantidades médias produz relaxamento, contração dos vasos sanguíneos, já em

grandes quantidades produz dor de cabeça, perca de apetite e náusea. Os efeitos

duram de meia a quatro horas e possui alto risco de dependência física e

psicológica. O uso a longo prazo produz respiração prejudicada, doenças

pulmonares e cardíaca, além de câncer e morte. Não é usado medicinalmente,

apenas em inseticidas. O tabagismo é uma das principais causas de morte

passíveis de prevenção em nossa sociedade.

6.4.12 Tranquilizantes

Encontrado com os nomes de dienpax, librium e valium; é de origem

sintética e ingeridos oralmente. Seus efeitos em média quantidade são de alívio

da ansiedade e da tensão, supressão das alucinações e da agressão e sono; já

em grandes quantidades produz sonolência, visão perturbada, discurso ‘borrado’,

reação alérgica e estupor; o efeito dura de 12 a 24 horas. Os riscos de

dependência psicológica e física são moderados e se usado a longo prazo,

produz destruição de células sanguíneas, icterícia, coma e morte. Na medicina é

usado em tensões, ansiedade, psicose e no alcoolismo.

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6.4.13 Sinais e sintomas gerais dos usuários de drogas

Pode-se observar sinais e sintomas clássicos aos usuários de drogas, em

especial seguimos os apresentados por Lordello e Ribeiro (1998), sendo os

sinais: mudança brusca no comportamento; síndrome a motivacional; queda no

rendimento escolar; na qualidade do trabalho; inquietação, irritabilidade, insônia,

ou ao contrário, depressão e sonolência; atitudes estranhas: uso de óculos

escuros, mesmo sem excesso de luz, camisas de mangas longas mesmo no

calor; desaparecimento de objetos de valor, presença de comprimidos estranhos,

frascos de colírio, de xaropes e embalagens de comprimidos; hábito de ouvir

músicas em volume alto e troca do dia pela noite.

Os mesmos autores classificaram também alguns dos principais sintomas,

tais como: emagrecimento repentino; perda de interesse para estudos e esportes;

mudança brusca de comportamento; tagarelice; excitabilidade e sonolência

excessiva; presença de odor de mato queimado e desleixo com a aparência

física. Em geral, acreditam que o uso de drogas está ligado à curiosidade, falta de

perspectiva, fuga, novas experiências e modismo.

6.5 A DROGA COMO UM PROBLEMA SOCIAL

A garantia legal de direitos à criança e ao adolescente é uma realidade,

porém, a efetivação de tais direitos não é tão simples como fazer as leis, pois a

crise familiar e social, em especial a questão de valores, está gerando uma

grande quantidade de crianças e adolescentes privados de vida digna e em

situação de risco ou vulnerabilidade, fatores que comprometem o

desenvolvimento sadio.

Nesta sociedade, observamos adolescentes e jovens sem condições

essenciais de subsistência, vítimas de maus tratos ou castigos, em perigo moral,

ou bons costumes, privado de representação legal e com desvio de conduta,

ocasionada por inadaptação familiar ou comunitária e por infração penal

(GUARESCHI e HUNING, 2003, p. 288). São vítimas desta sociedade que vai

ampliando os problemas estruturais e criam condições favoráveis para aumento

da violência e criminalidade.

Uma sociedade compulsiva que faz com que as pessoas sejam viciadas

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em qualquer coisa, por ter trocado a rotina e a espiritualidade, elementos básicos

da sociedade tradicional por uma segurança teleguiada pela lógica do capital. É

uma mudança muito recente, mas que está trazendo sérios danos aos indivíduos,

principalmente no convívio social, que impõe comportamentos estressantes. Isso

funciona da seguinte forma: o indivíduo aspira o meio a sua volta e responde de

maneira a interagir com ele. Neste sentido, o fenômeno da drogadição se mostra

como uma resposta do indivíduo para se libertar da carga imposta pelo meio,

quando lhe exige respostas que ele sozinho não consegue dar.

Com isso o drogadito adota um comportamento autodestrutivo, provocado

a fim de fazer a sociedade perceber o sofrimento que está passando. Com

relação à situação, que passa a fazer parte da sua vida, Cassorla e Smeke (2000,

p. 62) classificam a drogadição dentro do comportamento suicida, como uma

“conduta autodestrutiva [...], do ponto de vista individual autoreferido”. Um

fenômeno muito delicado e difícil de lidar, pois a sociedade, de forma enganosa,

apresenta a drogadição, como se fosse algo bom e que dá prazer, ao invés de

mostrar como algo que pode comprometer a saúde e a vida da pessoa. Assim, as

crianças e adolescentes crescem num ambiente que rouba sua dignidade, pois

antes do discernimento da problemática, a droga é apresentada como algo bom e

que dá prazer.

Desta forma, a sociedade alimenta no individuo o desejo de ser um

drogadito e quando está viciado, vira-lhe as costas. É claro que ele precisa se

perder no vício para gerar grandes problemas para a família e sociedade, mas

tudo é uma questão de tempo, e hoje, com as drogas pesadas este caminho pode

ser encurtado. Temos muitos problemas gerados pelo uso abusivo de drogas,

dentre os principais, podemos citar:

Desestruturação familiar, homicídios, tráfico, corrupção, estelionato, acidentes de trânsito, sequestros, prostituição, estupros, roubos, furtos, promiscuidade, suicídios e doenças. Estes elementos são de maneira geral, as várias facetas desta realidade externalizada pelos que se alimentam e alimentam o mundo das drogas (LORDELLO e RIBEIRO, 1998, p. 262).

Toda esta problemática vem ocasionando uma crise de valores, que

precisa ser revista, pois a instabilidade que vivemos está desajustando o homem

em favor da economia. Trata-se de repensar o papel da educação, pois “a

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sociedade justa não pode aceitar que a educação na economia moderna esteja

basicamente a serviço da economia; ela tem um papel político e social maior, uma

justificação ainda mais profunda em si mesma” (STEIN, 2011, p. 232).

7) REFERÊNCIAS CITADAS

AZEVEDO JÚNIOR. P. P. R. Marxismo cultural – aula iv. Disponível em: <http://padrepauloricardo.org/audio/revolucao-sexual-e-marxismo/>. Acesso em: maio de 2012.

BOCCA, M. C. Adolescente em conflito com a lei: um estudo sobre a produção de sentidos. (Dissertação de Mestrado em Psicologia). PUC: Porto Alegre, 2002.

________. Ato infracional na adolescência: um fenômeno contemporâneo. In: UNIPAR. Arquivos de Ciências da Saúde Umuarama: Umuarama, v. 13, n. 2, p. 169-179, maio/ago. 2009.

CASSORLA, R. M. S.; SMEKE, E. L. M. Comportamento suicida no adolescente: aspectos psicossociais. In: LEVISKY, D.L. Adolescente e violência: consequências da realidade brasileira. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.

CUMINALE, N. Crack avança na classe média e entra na agenda política. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/saude/crack-avanca-na-classe-media-e-entra-na-agenda-politica>. Acesso: maio de 2012.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1998.

GUARESCHI, N. e HUNING, S. Construindo identidades a partir da diferença: crianças e adolescentes em situação de risco. In: MARASCHIN, C.; LUCCA, L. B. e CARVALHO, D. C. (organizadores). Psicologia e educação: multiversos sentidos, olhares e experiências. Porto Alegre: UFRGS, 2003.

GUARESCHI, N. M. F. e outros. Intervenção na condição de vulnerabilidade social: um estudo sobre a produção de sentidos com adolescentes do programa do trabalho educativo. (Estudos e Pesquisas em Psicologia). Rio de Janeiro: UERJ, ano 7, nº 1, 1º semestre de 2007.

________. Discussões sobre violência: trabalhando a produção de sentidos. In: Psicologia: Reflexão & Crítica. Porto Alegre: PUC: 2006, 19(1), 122-130.

LONGENECKER, G. L. Como agem as drogas. Disponível em: <http://www.antidrogas.com.br/oquedrogas.php>. Acesso em: maio de 2012.

LORDELLO, J. e RIBEIRO, L. Como conviver com a violência. São Paulo: Mo-derna, 1998.

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MEDEIROS, R. Jovens, violência e drogas no contexto urbano. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Prevenção ao uso indevido de drogas. (Cadernos temáticos dos desafios educacionais contemporâneos, 3). Curitiba: SEED – PR, 2008. p. 17-25.

MOTA. L. A. A compulsão e o vício na modernidade. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Cultura e sociedade: prevenção ao uso indevido de dro-gas. (Cadernos temáticos dos desafios educacionais contemporâneos, 5). Curiti-ba: SEED – PR, 2010. p. 30-43.

ORTEGA R. e REY, R. D. Estratégias educativas para a prevenção da violên-cia. Tradução de Joaquim Ozório. Brasília: UNESCO, UCB, 2002.

SOUSA, A. M. B. Violência e fracasso escolar: a negação do outro como legíti-mo outro. Florianópolis: nº 3/4, p. 179-188, 2002.

STEIN, D. O jovem, a violência e a legislação. In: VALLE, L. E. L. R.; MATTOS, M. J. V. M. (organizadoras). Violência e educação: a sociedade criando alternativas. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011.

VENTURINI, F. P.; BAZON, M. R. e ALVES, Z. M. M. B. A. Família e violência na ótica de crianças e adolescentes vitimizados. In: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO. Estudos e pesquisas em psicologia. Rio de Janeiro: UERJ. ano 4, nº 1, 1º semestre de 2004.

VESPUCCI, E. F. Alcoolismo, livro das respostas: esclarecendo 129 dúvidas fundamentais. São Paulo: Casa Amarela, 2000.

WIKIPÉDIA – A ENCICLOPÉDIA LIVRE. Hedonismo. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Hedonismo>. Acesso em maio de 2012.

8) REFERÊNCIAS CONSULTADAS

CRAIDY, C. M.; GONÇALVES, L. L. Medidas sócio-educativas: da repressão à educação. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2005.

CUPERTINO. C. M. B. (organizador). Espaços de criação em psicologia: oficinas práticas. São Paulo: Annablume, 2008.

FRAGA, A. B. Corpo, identidade e bom mocismo: cotidiano de uma adolescência bem-comportada. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

GONÇALVES, M. A. S. e outros. Violência na escola: práticas educativas e for-mação do professor. São Leopoldo: Cadernos de pesquisa, v. 35, nº 126, p. 635-658, set./dez. 2005.

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PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Prevenção ao uso indevido de drogas. (Cadernos temáticos dos desafios educacionais contemporâneos, 3). Cu-ritiba: SEED – PR, 2008.

RUOTTI, C.; ALVES. R. e CUBAS, V. O. Violência na escola: um guia para pais e professores. São Paulo: Andhep, 2006.

SCHMIDT, I. A ilusão das drogas: um estudo sobre a maconha, lsd e anfetaminas. Santo André: Casa Publicadora Brasileira, 1984.

VASCONCELLOS. A. T. M. Violência e educação. In: LEVISKY, D. L. Adolescência e violência: consequências da realidade brasileira. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. p. 135-143.

9 A PREVENÇÃO AO USO INDEVIDO DE DROGAS NO TERRITÓRIO

ESCOLAR

As transformações industriais, tecnológicas e comerciais que a sociedade

sofreu nas últimas cinco décadas criaram uma nova forma de vivência social e a

produção industrial/comercial/tecnológica, tem direcionado o homem a consumir

freneticamente, sem pensar nas consequências que este fenômeno está

trazendo.

Para manter o sistema capitalista funcionando, a sociedade é incentivada

pela ideologia, através da mídia, a um movimento de consumo exacerbado, pois é

ele o motor da economia. Desta forma, estamos priorizando aspectos que estão

diretamente ligados ao consumo, tais como trabalho, status, dinheiro e bens de

consumo, em detrimento a outros, como os valores morais, o contato com a

família, o cuidado com os filhos, a convivência social, dentre outros. Esta

mudança está afetando diretamente a cultura e a tradição que herdamos de

nossos antepassados, mudando aspectos relativos à formação familiar e

educacional dos filhos, modificando padrões de conduta das gerações atuais, que

se voltam mais exclusivamente ao consumo compulsivo.

Tal evento gerou uma cultura esvaziada de valores, de sentido existencial e

uma grande população de excluídos dos bens de consumo, do trabalho, da

convivência com os pais e da convivência social institucional. Para superar a falta

de sentido existencial ou fuga de uma condição estigmatizante, aparecem as

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drogas, como oportunidade de mascarar esta realidade.

Podemos observar vários problemas, relativos ao uso de drogas: a

precocidade das crianças em contato com as drogas tem aumentado, pois

pesquisas mostram que crianças de oito, dez anos estão experimentando

substâncias psicoativas; as políticas de prevenção enfocadas apenas nos

aspectos proibicionistas tem dificultado a compreensão do fenômeno das drogas

na atualidade e principalmente na escola; a hipertrofia do lucro, ocasionada pela

produção clandestina, aliada a dependência, faz o preço das drogas disparar e

gerar disputa por pontos de revenda de drogas e por usuários e por fim, a ideia de

que o problema das drogas é atual e não histórico, dificultam as políticas de

prevenção. Tais elementos criam um cenário, onde as drogas aparecem como

uma mercadoria fantasiada, capaz de superar os problemas do cotidiano, mas,

são geradoras de dor, sofrimento e morte.

Estes elementos, apresentados na escola, são o ponto de partida para

iniciarmos projetos de prevenção ao uso indevido de drogas, pois o jovem, imerso

nesta cultura precisa de elementos para compreender o mundo a sua volta e

perceber que, quanto às drogas, a atitude deve ser de resistência e combate; ou

seja, adotar um comportamento autônomo e sadio.

Não é de algo simples que estamos falando. Trata-se de um compromisso

coletivo, pois a problemática das drogas afeta a todos e o professor é o elementos

mais importantes para tratar da temática e levar os alunos à compreensão do

fenômeno da drogadição.

O tema abordado neste projeto de intervenção é abordado dentro da área

de pedagogia e desenvolvimento educacional e tratado com muito interesse pela

Secretaria de Estado da Educação – SEED. Por tanto, está presente no Projeto

Político Pedagógico – PPP, do Colégio Estadual Padre Anchieta - Ensino

Fundamental e Médio e deve ser trabalhado enquanto desafios educacionais

contemporâneos, abordados nas diferentes disciplinas escolares.

Por isso, este trabalho procura compreender quais são os sentidos

produzidos pelos professores do referido Colégio em relação ao fenômeno

drogadição, bem como, ao fenômeno violência e como percebem a relação entre

estes dois fenômenos. A partir desta compreensão iniciaremos um trabalho

coletivo de cunho preventivo, buscando superar a compreensão de que o

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fenômeno da drogadição é um problema individual, mas um problema social que

afeta a todos.

10 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

O elemento principal do Caderno Pedagógico é a participação efetiva do

professor que irá implementar, com seus alunos, o material produzido durante a

formação. Assim faremos um estudo sistemático da temática abordada, também

com a finalidade de certificar os participantes, já que se trata de um estudo com

teor científico.

A capacitação dos profissionais envolvidos seguirá o formato dado pelo Nú-

cleo de Estudos Interdisciplinares da UNIOESTE – NEI –, e realizada no Colégio

Estadual Padre Anchieta - Ensino Fundamental e Médio; colégio que desenvolve-

rá o projeto.

Será realizada uma entrevista com os professores e terá como foco princi-

pal, a compreensão de quais sentidos os professores produzem sobre o fenôme-

no da drogadição. Esta será importante na elaboração do artigo final.

Para efetivação da temática proposta, apresentamos a seguir, o planeja-

mento das atividades, com seus devidos encaminhamentos.

1º ENCONTRO – ENTREVISTA

Neste encontro, será apresentado o projeto à direção da escola, para que a

mesma tome conhecimento e se inteire das atividades que serão desenvolvidas

durante o semestre. Assim procurar-se-á informar e pedir que o diretor ajude no

que for de competência do mesmo, para que o projeto se efetive no ambiente es-

colar. Em seguida será realizada a entrevista com os professores para coleta de

dados, apresentação do projeto e coleta de assinaturas dos respectivos termos de

Consentimento Livre e Esclarecido.

Local: Colégio Estadual Padre Anchieta - Ensino Fundamental e Médio

Carga horária: 8 horas.

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Conteúdo: Entrevista para colher dados a cerca de quais sentidos os professores

produzem sobre o fenômeno da drogadição. Esta será importante na elaboração

do artigo final; Momento para colher assinatura dos professores envolvidos no

projeto, no que compete ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Objetivo: Entender quais sentidos os professores produzem sobre o fenômeno

da drogadição.

Primeiro momento: Em um ambiente reservado, será apresentado o projeto ao

professor, explicitando: o que é; objetivos e estratégias. Comentaremos que aos

dados coletados através da entrevista, será reservado sigilo e falaremos que

trata-se de um projeto com capacitação, com vários momentos distintos de

formação e por tanto o professor é convidado a participar do mesmo, caso tenha

interesse.

Segundo momento: Em seguida, tendo o aceite do professor, colheremos a

assinatura no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, legitimando a

colaboração no projeto.

Terceiro momento: O passo seguinte será a coleta de dados por meio de

entrevistas abertas, individuais, que serão gravadas e posteriormente transcritas,

sendo elas o instrumento dessa pesquisa. As questões da entrevista seguirão um

roteiro flexível, onde serão permitidas adaptações e enriquecimentos, quando for

necessário, para poder responder os tópicos envolvidos no problema de pesquisa.

Para Rey (2002), no contexto de uma pesquisa, a entrevista não deve ser

um instrumento organizado em forma de perguntas padronizadas, pois o diálogo

permanente que a pesquisa envolve integra os interesses concretos do

pesquisador, os quais aparecem como momentos de sentido no curso do diálogo,

e não como um momento frio e parcial, organizado em forma de perguntas a

serem respondidas de forma direta pelos sujeitos estudados, mas sim um

processo de construção entre o entrevistado e o entrevistador, um processo

dialético.

Diante disso, a entrevista em nosso trabalho terá como objetivo o de

converter-se em um diálogo, em cujo curso, as informações aparecem na

complexa trama em que o professor participante da pesquisa as experimenta em

seu mundo real, falando sobre sua vivência como professor e sobre os sentidos

que ele produz sobre os fenômenos estudados (violência e drogadição), desta

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forma, intentamos compreender as vários elementos de sentido, sobre os quais o

pesquisador nem sequer havia pensado, que se convertem em elementos

importantes do conhecimento e enriquecerão o problema inicial planejado de

forma unilateral nos termos do pesquisador.

Diante do exposto, os tópicos das entrevistas da referida pesquisa,

abordarão as seguintes questões norteadoras: como os professores vivenciam e

significam suas escolhas profissionais, a de ser professor; como vivenciam as

exigências no mundo profissional; o que fazem e o que sentem quando vivenciam

uma experiência conflituosa em relação ao trabalho, em especial quando isso

envolve o fenômeno violência e drogadição; que sentidos produzem em relação à

violência no território escolar; como compreendem a problemática das drogas

atualmente; se conseguem visualizar alguma relação existente entre o fenômeno

da drogadição e a violência escolar; que ações utilizam (ou utilizariam) quando

percebem atos de violência em sala de aula; se abordam em suas disciplinas a

temática das drogas e da violência; como fazem e como percebem o interesse

dos alunos quando estes temas são abordados nos mais distintos conteúdos.

Trata-se de uma pesquisa-ação, que procura através desta ação

deliberada, compreender com base nos pressupostos teóricos da perspectiva

Construcionista discutidas e elaboradas por Spink (1999) que tem como foco a

explicação dos sentidos que as pessoas produzem com relação às questões do

seu cotidiano, inseridos e construídos dentro do contexto sócio-histórico de que

fazem parte, descrevendo e explicando o mundo em que vivem, bem como,

realizar uma mudança de postura quanto ao posicionamento do professor a cerca

da problemática das drogas no mundo real, percebendo a ligação existente com o

fenômeno da violência no contexto escolar e saber também, como lidar melhor

com estes. O estudo será tratado nos próximos encontros.

Referências:

REY, F. L. G. Pesquisa qualitativa em psicologia: caminhos e desafios. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

SPINK, M. J. Práticas discursivas e produção dos sentidos no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. São Paulo: Cortez, 1999.

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2º ENCONTRO – GRUPO DE ESTUDO

O grupo de estudos para professores que atuam na rede pública de ensino

do estado estão na modalidade de formação continuada e descentralizada. Ele

tem por objetivo, valorizar a construção coletiva do conhecimento, onde os

profissionais da educação são os sujeitos que estão construindo a educação

pública do Paraná.

Local: Colégio Estadual Padre Anchieta - Ensino Fundamental e Médio.

Carga horária: 4 horas.

Conteúdos: Documentário “O Peregrino”; revisão bibliográfica do projeto de

intervenção pedagógica; produção de página resposta.

Objetivos:

• Compreender, historicamente, como a droga foi introduzida em maior esca-

la na sociedade ocidental, os principais tipos de drogas e suas implicações

para os drogaditos;

• Levar os professores a perceberem que o problema da violência escolar

pode ser um reflexo, ao da drogadição, entendendo-os como problemas

sociais que afetam a todos e fazer um trabalho preventivo com os alunos.

Desenvolvimento do encontro: Neste encontro, procuraremos apresentar a

temática aos professores, de maneira bem dinâmica, onde eles terão

oportunidade de conhecer como a droga está presente em nosso dia-a-dia. Para

isso, teremos três momentos básicos.

Primeiro momento: De início apresentaremos os objetivos deste trabalho na

escola, pois trata-se de um problema que diz respeito ao nosso cotidiano e por

muitas vezes foi solicitado um trabalho neste sentido, só que até o momento, não

foi realizado nenhum trabalho com este caráter, que procura conhecer e buscar

formas de prevenção, utilizando para isso, o conhecimento científico.

Para instigar o público alvo a pensar criticamente sobre a temática em

questão, utilizaremos o vídeo: “Um peregrino”, do - Projeto Compaixão e

Cidadania - "Drogas - uma guerra perdida?", que apresenta a problemática das

drogas com uma boa explicação da complexidade que é este fenômeno e as

consequências pessoais e sociais. Serão feitas análises, no sentido de perceber a

amplitude do problema e as dificuldades de se lidar com ele.

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Segundo momento: Para realizarmos um aprofundamento teórico na temática,

faremos o estudo da Revisão Bibliográfica do projeto, que, tendo uma abordagem

sistematizada, oportunizará um enfoque que ampliará a visão a cerca da temática

abordada.

A revisão bibliográfica do projeto apresenta um elenco de ideias bem

estruturadas que procuram pontuar como o fenômeno da drogadição se

apresenta historicamente e que proporção tomou na atualidade. Serão feitas

análises, no sentido de perceber a amplitude do problema e as dificuldades de se

lidar com ele.

Terceiro momento: Após conhecimento, estudo e reflexões a cerca da temática

abordada, será realizada a produção da “Página Resposta”. A “Página Resposta”

é uma técnica que consiste em, uma ou no máximo duas folhas digitadas em

relação ao estudo realizado, não se trata de resumo nem de comentários sobre o

estudo realizado.

Os professores deverão escolher uma ou duas questões que o tema lhe

suscitar e elaborar uma discussão ou análise relacionando essas questões a

temas, problemas, tópicos teóricos ou práticos, os quais percebem relações ou

conexões que lhe são pertinentes ou de seu interesse pessoal ou profissional.

Pode-se dizer que a técnica “Página Resposta” é uma reação ao texto lido.

Referências:

BRUSCHI, A. H. O fenômeno da drogadição: possibilidades de intervenção no território escolar. (mimeografado). Projeto de intervenção pedagógica do Progra-ma de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria de Estado da Educa-ção do Paraná – SEED/PR. Salgado Filho, 2012.

Vídeo: Um peregrino - Projeto compaixão e cidadania - "drogas - uma guerra perdida?". Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=0_gu7horj4a. Acesso: jul. 2012.

3º ENCONTRO – GRUPO DE ESTUDO

Local: Colégio Estadual Padre Anchieta - Ensino Fundamental e Médio.

Carga horária: 4 horas.

Conteúdos: A compulsão e o vício na modernidade; Aflição e ajuda mútua em

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tempos de globalização; Crime e drogas: consumo e tráfico; As drogas da

indústria farmacêutica; Mulheres farmacodependentes: uma experiência

brasileira; Educação para a diferenciação: o princípio formativo frente ao

preconceito e à violência; Desafios da prevenção ao uso indevido de drogas na

rede estadual de ensino do Estado do Paraná.

Objetivos:

• Compreender, historicamente, como a droga foi introduzida em maior esca-

la na sociedade ocidental, os principais tipos de drogas e suas implicações

para os drogaditos;

• Levar os professores a perceberem que o problema da violência escolar

pode ser um reflexo, ao da drogadição, entendendo-os como problemas

sociais que afetam a todos e fazer um trabalho preventivo com os alunos.

Desenvolvimento do encontro: Este encontro será realizado para produzir um

estudo sistematizado, feito através de questionamentos levantados durante e ao

final do texto. Com ele procuraremos ampliar o entendimento da problemática da

drogadição e a relação com o fenômeno da violência escolar.

Com estes elementos, o professor, já conseguirá visualizar algumas ideias

ou formas para a intervenção junto aos seus alunos. Trata-se de criar um

arcabouço teórico e metodológico para guiar a prática educativa, que terá como

suporte o plano de trabalho docente que explicita toda ação pedagógica.

Primeiro momento: Para início das atividades deste encontro, o grupo será

dividido em sete grupos menores, que receberão um texto diferente, que trata do

tema estudado. São artigos produzidos, com o intuito de abordar a temática

tratada, dentro de uma dimensão, visto que a amplitude é muito grande.

De posse do texto, os grupos irão ler, discutir e anotar tópicos interessantes

que serão utilizados na produção de um texto de uma lauda.

Segundo momento: Cada grupo irá produzir um texto de uma lauda, que

represente uma síntese da temática abordada. Após concluído, este texto será

digitado, reproduzido e entregue (uma cópia) para cada membro do grande grupo.

Terceiro momento: Tendo em mãos, os textos produzidos, cada texto será

apresentado e debatido por todos os membros, bem como feitas as devidas

observações.

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Referências:

BATISTA, M. I. F. C. S. Educação para a diferenciação: o princípio formativo frente ao preconceito e à violência. (Mimeografado). III Simpósio nacional de educação - XXIII Semana de pedagogia. Tema: violência e educação. UNIOESTE - Campus Cascavel, 09-11 de outubro de 2012.

CARNEIRO, H. S. As drogas da indústria farmacêutica. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Cultura e sociedade: prevenção ao uso indevido de drogas. (Cadernos temáticos dos desafios educacionais contemporâneos, 5). Curitiba: SEED – PR, 2010. p. 25-29.

FERRERIA, H.; SOUSA, J. L.; CUBAS, V. Crime e drogas: consumo e tráfico. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Prevenção ao uso indevido de drogas. (Cadernos temáticos dos desafios educacionais contemporâneos, 3). Curitiba: SEED – PR, 2008. p. 61-71.

HOCHGRAF, P. B.; BRASILIANO, S. Mulheres farmacodependentes: uma experiência brasileira. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Cultura e sociedade: prevenção ao uso indevido de drogas. (Cadernos temáticos dos desafios educacionais contemporâneos, 5). Curitiba: SEED – PR, 2010. p. 48-54.

MALHEIROS, I. J. A.; ALVER, S. Desafios da prevenção ao uso indevido de drogas na rede estadual de ensino do Estado do Paraná. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Prevenção ao uso indevido de drogas. (Cadernos temáticos dos desafios educacionais contemporâneos, 3). Curitiba: SEED – PR, 2008. p. 101-117.

MOTA. L. A. A compulsão e o vício na modernidade. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Cultura e sociedade: prevenção ao uso indevido de dro-gas. (Cadernos temáticos dos desafios educacionais contemporâneos, 5). Curiti-ba: SEED – PR, 2010. p. 30-43.

MOTA, L. A. Aflição e ajuda mútua em tempos de globalização. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Cultura e sociedade: prevenção ao uso indevido de drogas. (Cadernos temáticos dos desafios educacionais contemporâneos, 5). Curitiba: SEED – PR, 2010. p. 15-24.

4º ENCONTRO – GRUPO DE ESTUDO

Local: Colégio Estadual Padre Anchieta - Ensino Fundamental e Médio.

Carga horária: 4 horas.

Conteúdos: Especialista de Sorocaba explica relação entre crimes e uso de

drogas; As dores de um vício; De volta à realidade; “Ou você fuma ou morre”;

Pago o que eu chamo de “carne dos adictos”.

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Objetivos:

• Compreender, historicamente, como a droga foi introduzida em maior esca-

la na sociedade ocidental, os principais tipos de drogas e suas implicações

para os drogaditos;

• Levar os professores a perceberem que o problema da violência escolar

pode ser um reflexo, ao da drogadição, entendendo-os como problemas

sociais que afetam a todos e fazer um trabalho preventivo com os alunos.

Desenvolvimento do encontro: Neste encontro, o foco será aprender com as

histórias de drogaditos. Onde selecionamos vários relatos de pessoas que se

envolveram com as drogas e o desenrolar de suas histórias. Trata de elucidar

questões do dia-a-dia das drogas através da experiência de quem quer

compartilhar suas experiências, em geral trágicas, para mostrar o quão difícil é

lidar com esta problemática.

Preparamos um vídeo para abertura do encontro, o qual fala sobre a

relação entre os crimes com o uso de drogas; nele, uma especialista fala que a

dependência não deve ser usada como atenuante. Assim, o vídeo serve para

sensibilizar os professores sobre este problema enfrentado por muitas famílias e

quão é difícil lidar com ele.

Primeiro momento: O início das atividades deste encontro será realizado com

uma matéria do Jornal Hoje, da Rede Globo, o qual traz a tona um assunto muito

comum na atualidade. Trata-se de crimes cometidos por pessoas sob o efeito de

drogas, onde são mortos familiares do drogadito. Nestes casos o alerta é feito,

para que as pessoas saibam que estar sob o efeito de drogas, portanto, com os

sentidos alterados, não servirá para atenuar as penas propostas no julgamento.

Após assistir o documentário, será aberto um espaço para os participantes

debaterem a temática abordada e fazerem as devidas considerações a cerca do

problema.

Segundo momento: Em seguida, o grupo será dividido em oito grupos menores.

Tendo quatro relatos para serem analisados. Será feito duas cópias de cada relato

e distribuídas para dois grupos, ficando pares os textos, aos quais serão feitos

estudos reservados, para que haja o confronto de dados na apresentação final.

A tarefa de todos os grupos consiste em analisar os relatos produzidos por

drogaditos e ex-drogaditos, com o objetivo de perceberem como é a situação

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vivida por eles e procurar saber como atuar frente a estas situações problemas.

Neste momento os grupos produzirão um conjunto de ações que pode ser

referencial para sua atuação. A questão a ser analisada pelo grupo está

apresentada ao final do relato. Apresentamos a seguir, os textos, bem como o rol

de atividades pertinentes a cada um deles.

As dores de um vício

Porto Alegre - Domingo de Páscoa, 12 de abril. Para Tobias, não fazia

diferença que dia era. Não havia mais dias nem noites. A fissura provocada pelo

vício do crack tornava sem sentido qualquer calendário. O crack matou o rapaz de

25 anos e marcantes olhos azuis. A droga fez a mãe apontar uma arma para o

único filho. Um filho fora de controle, violento, irreconhecível, que ameaçava

incendiar a casa, num bairro nobre de Porto Alegre (RS). A pedra de crack que

custa apenas “cinco pila”, como dizem, até então considerada droga de periferia,

de mendigo, invadiu lares da elite da capital gaúcha e fez uma de suas vítimas ser

morta pela própria mãe, num momento de desespero.

Seis meses depois da tragédia, Flávia Costa Hahn, 60 anos, que chegou a

ser presa, sente-se tão sem vida quanto o filho que se foi. Sente-se derrotada na

luta que travou durante anos para resgatá-lo das drogas. Foram oito internações e

mudanças de cidade para afastá-lo dos traficantes. Chegaram a morar em

Brasília entre 2002 e 2004, quando Tobias conseguiu deixar a cocaína. Mas não

adiantou. Na volta a Porto Alegre, o crack se apoderou do corpo e da alma do

rapaz, que chegou a ser modelo.

Flávia recebeu o Correio em sua casa, no cenário onde teve a última

discussão com o filho. Numa entrevista exclusiva, dispôs-se a falar no assunto.

Foi à beira da piscina, na pérgula com vista de cartão-postal para o Rio Guaíba,

numa casa de três andares que conversamos. Flávia apontou para as portas e

janelas envidraçadas. “Tá vendo todos os esses vidros? Tive de trocá-los várias

vezes. Ele quebrava tudo, quando queria dinheiro para comprar pedra”,

relembrou.

O consumo de drogas começou aos 14 anos. A escalada de Tobias foi

maconha, cocaína e crack. Flávia tinha de lidar diretamente com os traficantes

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que ficavam numa boca de fumo a 200m de sua casa. “Um deles usava a jaqueta

do meu marido, que Tobias tinha dado em troca de crack.” Nos últimos tempos,

tinha virado rotina ir ao ponto do tráfico resgatar o que o filho deixava, contou ela

lançando o olhar para um tapete persa da sala de estar. “Aquele ali tive de buscar

também. Eram objetos de valor financeiro e sentimental. Tobias sabia que eu iria

pegar de volta”, relatou.

De príncipe a mendigo - Filho da representante comercial e de um

engenheiro alemão, Tobias gostava de futebol, de Bob Marley e era gremista.

Chamava atenção pela beleza, e chegou a ser convidado a fazer teste para o

programa da Xuxa. Mas foi rápida a transformação do príncipe em mendigo.

Envolveu-se com gangue de assaltos e roubava cartão de crédito. Tinha de ser

arrastado para ser internado. A família chegava a pagar clínicas com diária de R$

400. Batia em Flávia quando ela se recusava a dar dinheiro. Abandonou os

estudos e não conseguia trabalhar. Chegava a consumir 10 pedras por dia. Foi

com o revólver .44 do marido que Flávia, numa tentativa de assustar o filho que a

ameaçava, acabou fazendo o disparo fatal. Momento de que não quer mais se

lembrar.

Segundo relato à polícia, Manfred (o marido) tinha a arma por receio de

assaltos. Por volta das 14h daquele domingo de Páscoa, Tobias, que passava

grande parte das noites na boca de fumo, apareceu. Almoçou e depois chamou a

mãe para a cozinha. Queria dinheiro. Flávia não quis dar. O rapaz pegou a mãe

pelos cabelos e a arrastou. Ele insistia e Flávia se mantinha irredutível. Não

queria mais dar dinheiro para o filho comprar crack.

Tobias quebrou louças, jogou a mãe sobre os cacos, girou os botões do

fogão para liberar gás, pegou o isqueiro e ameaçou explodir a cozinha com ela

dentro. Flávia fugiu e abriu o canil soltando dois cães rottweillers, tentando se

proteger com os cachorros. Descontrolado, o filho pegou uma faca. Foi quando a

mãe encontrou o revolver do marido, que estava no armário próximo, apenas para

assustar, atirando para cima. Mas acabou pegando no pescoço do rapaz.

A Justiça ainda vai decidir por que crime Flávia responderá. Provavelmente

homicídio sem intenção de matar. Pode ser ainda que o juiz entenda, mesmo que

ela seja condenada, que não há necessidade de prisão devido ao já sofrimento

causado pela tragédia à acusada. Flávia chegou a ser presa no dia, depois foi

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internada devido ao estado de choque. Hoje é acompanhada por psiquiatras e

responde o processo em liberdade. “Eu queria tentar de novo. Queria mais uma

chance para salvar o meu filho. Queria ele de novo, mesmo daquele jeito”,

desabafa.

O único esboço de reconstrução de vida de Flávia é quando fala da

vontade de ajudar a criar um centro de reabilitação de dependentes químicos, que

teria o nome do filho. Hoje, ela já ajuda uma amiga do filho que também está

viciada e foi expulsa de casa. E reclama das autoridades e da falta de estrutura

do sistema de saúde pública para lidar com o problema. No Rio Grande do Sul, o

consumo de crack é apontado como epidemia. São 55 mil usuários no estado,

segundo dados oficiais. Mas estima-se que os números sejam bem maiores.

A fissura - Quando ele estava na fissura, me obrigava a dar dinheiro.

Puxava meu cabelo, me empurrava escada abaixo. Tudo que podia trocava por

droga. Um dia, me pediu para comprar peixe, queria comer peixe, que eu

cozinhasse. Comprei salmão. Quando fui ver depois na geladeira, tinha sumido.

Tobias tinha dado o peixe ao traficante, trocado por pedra. Outro dia, cheguei na

cozinha e minha lava-louças não estava mais lá. Foi som, televisão, roupa,

sapato. Ele virou um maltrapilho.

O prejuízo - De madrugada, tinha de sair para ir a banco 24 horas, forçada.

Ele já me tirou de casa ameaçando me dar soco, quando surtava me batia. Não

parava à noite em casa, saía a toda hora. Perambulava. Quando não conseguia

comprar a pedra, virava meia garrafa de cachaça. E não ficava tonto. Apenas

ajudava a acalmar a fissura.

O desespero - Um dia fiquei com raiva, fui lá, briguei com o traficante. O

desespero é tanto que a gente nem sente medo. Eu sentia nojo deles. Me sentia

diminuída. Mas eles se matam. Duas semanas depois que meu filho morreu,

fiquei sabendo que os traficantes que vendiam as pedras para Tobias foram

mortos por outros.

O inferno - Começou com uma maconhazinha na escola. Eu nem sabia.

Ele era carinhoso, amoroso. O inferno começou em 2006. Antes Tobias dizia: ‘Eu

saí da cocaína, consigo sair do crack’. Ele se enganou. O poder do crack foi

maior. Maldito crack. Fizemos essa casa para ele. Tudo perdeu o sentido.

Aos pais - Os pais nunca estão sabendo, são os últimos a saber. Mas não

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podem perder a esperança. Não devem se entregar, considerar a luta perdida.

Acho que mimei. Era meu único filho, foi planejado, desejado. Comecei a

trabalhar fora e achava que ele estava em boas mãos. Dou esse depoimento

porque tantos pais como eu sofrem calados com isso. Falo para não terem

vergonha. Eu já tive vergonha do meu filho. Tem de enfrentar, gritar.

O alerta - O governo tem de ser mais enérgico. Tem de impedir a entrada

dessa droga, fiscalizar. O crack está devastando nossos jovens, uma epidemia.

Até os jornalistas aqui se impressionaram. Nossa, crack nessa casa? Crack é

coisa de rua, de mendigo. Não, ele está agora em todo lugar. Tobias tinha

namorada, filhinha de papai aqui em Porto Alegre que consumia droga.

Fonte:Correio Braziliense / ABEAD(Associação Brasileira do Estudo de Álcool e

outras Drogas).

F.C.H Porto Alegre - RS – Brasil. Livro de Visitas 28/11/09.

Elementos para o debate de ideias:

1. No primeiro parágrafo, o texto descreve a seguinte situação: “Um filho fora de

controle, violento, irreconhecível, que ameaçava incendiar a casa”.

- Vocês já presenciaram cena semelhante, ocasionada pelo uso de drogas?

- Se o filho fosse o aluno e a casa fosse a sala de aula, que medidas você toma-

ria?

2. No último parágrafo, Flávia, a mãe de Tobias, morto acidentalmente por ela faz

um alerta: “Tem de impedir a entrada dessa droga, fiscalizar. O crack está devas-

tando nossos jovens, uma epidemia”.

- Vocês acreditam que é possível cumprir com o que ela pede?

- Que ações vocês sabem que está acontecendo atualmente para resolver esta

problemática?

- Teria algo que vocês acham pertinente ao problema?

- Mais algumas considerações que vocês gostariam de citar? Quais?

De volta à realidade

Hoje 26/outubro/2000, completo 9 meses ou 270 dias sem usar nenhum

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tipo de droga, álcool ou psicotrópico. É o que motiva ficar um dia a mais limpo,

além de toda a programação que aprendi aos meus 6 meses de internação na

Comunidade Terapêutica, conhecida pelo brilhante trabalho do Pe. Haroldo.

Hoje a "ferramenta" de conscientização é a minha base para me manter limpo. Se

praticá-la, SÓ POR HOJE, FUNCIONA.

Em 1997 já reconhecendo grande parte do descontrole no meu trabalho,

família e amigos, busquei ajuda na medicina, o que agravou ainda mais minha

situação, devido ao uso simultâneo de antidepressivos e ansíoliticos, os "faixa-

preta". Todo método novo falhava e agravava o quadro, pois combinava-os com

álcool e outras drogas.

Em 1998 resolvi me internar, mas não agi; "achei" que teria outro método,

após ter sofrido por um mês abstinência física, ansiedade extrema e delírio por

uso excessivo durante 6 meses do Cloridrato de Amitriptilina. Após a sua retirada

abrupta, me encontrei perdido, confuso, a família desapontada e desacreditada de

mim.

Em 1999, usando droga via injetável, tive a perda de meu emprego num

hospital onde era Encarregado de C.P.D., perda do relacionamento do

casamento, isolamento e desleixo. Polícia, duas psiquiatras e tentativa de

suicídio, chegando a ter quase uma "overdose": o Resgate do Corpo de

Bombeiros que me socorreu...

Não convém descrever as "vinte e tantas" marcas de psicotrópicos e outros

tantos sofrimentos do período, mas passei por depressão crônica, insônia e

anorexia nesses dois anos. Porém, nada importa, pois hoje estou vivo,

permanecendo limpo, e grato em dizer que existe um Deus amoroso que me

resgatou, quando honestamente ajoelhei e implorei ajuda.

Vizinhos e familiares diziam: "Não tem mais jeito, só a morte ou a prisão!"

Hoje meu sonho se tornou realidade e tenho a liberdade para ser eu mesmo,

apenas colocando meus próprios limites. Estou livre das drogas, e muito feliz.

Acredite, peça ajuda.

W.R.B.J. - Casa São José - Fonte: Jornal Ação – Dez.2000/Jan.2001.

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Elementos para o debate de ideias:

1. No primeiro parágrafo, o texto descreve o seguinte trecho de W.R.B.J., um ex-

dependente químico, tratado na Casa São José: “Hoje a "ferramenta" de consci-

entização é a minha base para me manter limpo. Se praticá-la, SÓ POR HOJE,

FUNCIONA”.

- Você conhece os elementos dessa base de tratamento? Se sim descreva-os.

- Acredita que seria possível ensiná-la aos alunos? Descreva como ou porquê?

2. No último parágrafo, W.R.B.J. apresenta uma fala estigmatizante da sociedade

em que estava inserido: “Não tem mais jeito, só a morte ou a prisão!”.

- Vocês acreditam que serviu como desafio pra ele, ou não? Argumentem.

- Que elementos descritos no texto, mostram a intenção de W.R.B.J. mudar a tra-

jetória de vida e viver na sobriedade?

- Teria algo que vocês acham pertinente ao problema?

- Mais algumas considerações que vocês gostariam de citar? Quais?

“Ou você fuma ou morre”

Baiano, J. veio para o Distrito Federal ainda menino com pais e irmãos. Aos

18 anos, na companhia do melhor amigo, encarou a aventura que mudaria sua

vida. Pegou um ônibus para São Paulo. Deslumbrou-se com a maior cidade do

país. Conheceu lugares, pessoas e o crack. “Me perdi no cachimbo”, resume,

contabilizando, 26 anos depois, os prejuízos: “Três amores perdidos, pouca

convivência com os filhos, sem casa própria, emprego e dinheiro”. Também não

tem mais saúde: “São dores no joelho, nas pernas, no estômago e no coração

que não passam e não me deixam jogar um futebol ou fazer alguma outra

atividade”, relata ele, que trabalhava como segurança no Plano Piloto e agora

ocupa às horas do seu dia frequentando sessões de terapia em grupo, encontro

de viciados e a igreja.

Faz bem falar sobre o assunto. É bom perceber que outras pessoas

passam pela mesma coisa. A minha experiência pode ajudar alguém,

principalmente os mais novos. São cada vez mais jovens. Crianças. Tem a

curiosidade, os amigos e o preço que engana. Parece mais barato que outras

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drogas, mas como o efeito dura pouco, sai caro. Já experimentei de tudo:

maconha, cocaína, merla, ácido...

O crack é diferente. É mais rápido do que a luz. Você quer mais e mais e

mais. Já gastei numa única noite R$ 3 mil em pedras. E nessa hora, fica você e o

cachimbo. Não tem família, comida, banho… Nada. É a perdição. Quando a onda

começa a passar, vem a coisa ruim. Parece que tem alguém te perseguindo,

observando.

Não dá para pensar em mais nada: ou fuma ou morre. Já tentei me matar.

Subi até o terraço do prédio de 12 andares onde trabalhava e estava decidido.

Mas a porta estava com cadeado. Foi Deus. Só que naquela época não

acreditava em nada disso. Achava que não tinha chegado a minha hora. Não foi a

primeira vez. Também já tirei o lacre de segurança do botijão de gás de casa. A

minha ex-mulher estava comigo.

O maior sofrimento é pensar que causei mal às pessoas de que gosto,

principalmente aos meus pais. A família do viciado sofre muito. Precisa de

atenção. Todo mundo fica doente. É muito bom poder conviver de novo. Já te

contei que estou morando com eles? É que o crack levou tudo: casa, carro,

móveis, roupas… Fui parar no buraco do poço mesmo. Tenho consciência de que

o meu caso é grave. Só eu sei o que é passar os dias com o “diabinho” falando no

seu ouvido para voltar para a droga. Você vai ficando louco. Tudo lembra o crack.

Tenho medo de cair na tentação e não aguentar.

Tem um ano que estou limpo. Quer dizer, cometi um deslize. Acho que está

bom. Fiquei com nojo. Vomitei, passei mal e senti fortes dores de cabeça. Pela

primeira vez, ao longo desse tempo todo, sinto que vou conseguir. Fiquei

internado e agora faço o acompanhamento. Além do crack, preciso me livrar do

álcool e depois do cigarro. Também tomo um coquetel de remédios controlados.

No meu quarto, tem uma caixa com vários comprimidos e na minha pasta, outros

tantos.

O tratamento é assim: um dia após o outro. Qualquer deslize pode ser o fim

da linha. Naquele tempo não conseguiria olhar nos seus olhos. O crack te faz

sentir inferior. É gratificante perceber que tenho projetos para o futuro aos 44

anos. Quero casar, arrumar emprego e quem sabe até outro filho.

Correio Braziliense / ABEAD (Associação Brasileira de Estudos do

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Álcool e outras Drogas) J.-BA – Brasil. Livro de Visitas 26/11/09.

Elementos para o debate de ideias:

1. No primeiro parágrafo, o texto descreve o processo de aventura e perdas vivi-

das por Baiano, J., um ex-dependente químico, que teve “sorte” de ter sobrevivido

a uma sobrecarga de drogas no organismo.

- Você conseguem visualizar formas de utilizar estes elementos para trabalhar

questão da prevenção com os alunos? Se sim descreva como.

2. Como vocês puderam observar o crack é descrito de maneira drástica.

- Conhecem alguém próximo que faz uso? Se sim, descreva traços de seu com-

portamento?

- Se um aluno seu lhe contasse que usa crack, que procedimentos adotaria?

3. Quais elementos do texto, descrito por Baiano, J. foram fundamentais pra sua

recuperação?

4. Da questão acima, estes elementos podem ser trabalhados em sala de aula

nos programas de prevenção? Se sim, cite formas práticas de abordá-los.

Pago o que eu chamo de “Carne dos Adictos”

Difícil saber o que a droga não alterou em mim. Ainda tomo fenobarbital

todas as noites, tenho acompanhamento médico anual sempre os mesmos

exames, nada novo está tudo bem, nunca mais tive convulsão, peço a Deus

nunca mais ter.

Tomo um remédio chamado betaserc, também todas as noites pra controlar

minhas tonturas e esse maldito zumbido, quando tenho crises tomo dramim,

ameniza, ainda não consegui um controle razoável (na verdade preciso de um

otorrino que dê devida atenção a essa minha doença). Sofro demais com ela.

Nunca mais trabalhei, faz 16 anos que não volto ao mercado de trabalho,

por causa das drogas e agora em especifico pela síndrome, quando tenho crises

fico uns 3 dias meia “vegetal” isso me deixa mal, me sinto inútil e gostaria muito

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de voltar a trabalhar, muito, me sentir útil em todos os sentidos. Mas qual

empregador vai aceitar alguém assim! Não sei!

Não sei se porque no passado fugi muito da realidade, hoje tenho

dificuldade em ter sentimentos mais intensos, de olhar pra algo e dizer: nossa

gostei muito disso!. Gosto mas nem tanto. Quero, mas nem tanto. Aceito mas nem

tanto..rs. Relacionamentos sérios está incluído aqui. A ideia de ficar sozinha não

me assusta em nada.

Para não esquecer compromissos tenho que anotar, falo pra minha irmã,

minha filha, a família inteira se preciso for, tenho dificuldades de memorizar.

Aprendi muita coisa boa, li muitos livros, mas nem me perguntem nomes, sou

incapaz de lembrar. Sempre digo que não tenho memória, mas sim uma vaga

lembrança..rs. No meu perfil quando disse que “não estou procurando criticas,

conselhos ou julgamentos, sou conhecedora da causa que escrevo, não há

teoria.” Agora posso explicar isso: passei tantos anos me sabotando, me

menosprezando, me inferiorizando, que qualquer forma de critica não me era bem

vinda, porque consciente ou não eu mesma já as fazia. Ainda não as aceito,

quando se referem a essa parte da minha história já foi escrita, já esta feita, não

há como mudar e ponto. Mas aceito de bom grato, sugestões no momento, no

mundo que agora vivo na verdade preciso de ajuda e aceito sugestões

construtivas.

Tenho dificuldades em lidar com meus sentimentos, entre o que quero é o

eu realmente posso fazer, há muitos lugares que estão no meu “evite”.

Porque tenho uma natureza rebelde, aventureira e um gosto pelo que é proibido.

Não sou diferente de muitos, mas também não sou igual a todos. Sou inteligente,

um tanto sequelada, mas sou..rs. Mas acredito que meu aprendizado maior está

na sabedoria de vida.

Tenho dificuldades em tomar atitudes, o comodismo me parece mais fácil e

principalmente em ter disciplina. Mas sei que esse comportamento é enganoso e

algo que estou trabalhando.

Ninguém vive uma vida dessas que vivi é sai ileso, não há como, mas o

tempo dirá o que será meu melhor, porque agora tento ao menos fazer o melhor,

o bem, o simples. E hoje tenho discernimento para isso. Cansei de transparecer

falsa impressão a meu respeito, sobre minha vida e os outros acreditarem.

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Postado por: Vida F. (alguns dados da autora disponíveis em: http://ww--w.blogger.com/profile/03022712967024459403. Acesso em nov. 2012).

Elementos para o debate de ideias:

* Vida F. é um nome fantasia, escolhido pela dependente química, para apresen-

tar seu testemunho vivido em contraste com as drogas.

- Qual é o principal elemento, descrito em todos os parágrafos, que resumem a si-

tuação da autora?

- Descreva como vocês imaginam que seria o comportamento, as atitudes desta

pessoa, caso ela fosse uma aluna de sua classe.

- O que vocês fariam, de especial, para ensiná-la? E para se sentir acolhida pelos

demais colegas da turma?

- Vocês conseguem visualizar alguns elementos fundamentais para o início de

sua recuperação? Se sim, apresente-os.

- Eles podem ser trabalhados em sala de aula nos programas de prevenção? Se

sim, cite formas práticas de abordá-los.

- Teria algo a mais que vocês acham pertinente ao problema?

- Teriam mais algumas considerações que vocês gostariam de citar? Quais?

Terceiro momento: Após a realização da tarefa, os grupos irão expor o problema

a ser resolvido, bem como os encaminhamentos dados às situações problemas.

Ao final de cada exposição, os demais participantes da plenária, podem fazer

observações e acrescentar sugestões aos encaminhamentos dados pelo grupo,

como forma de fortalecimento das possíveis ações frente à situação. É um

momento de buscar ações coletivas para possíveis problemas do cotidiano.

Referências:

Relato: As dores de um vício. (postado em: 28/11/09). Disponível em: http://www.antidrogas.com.br/mostrarelatos.php?c=3825. Acesso em: nov. 2012.

Relato: De volta à realidade. (postado em 04/07/11). Disponível em: http://www.antidrogas.com.br/mostrarelatos.php?c=4314. Acesso em: dez. 2012.

Relato: “Ou você fuma ou morre”. (postado em: 26/11/09). Disponível em: http://www.antidrogas.com.br/mostrarelatos.php?c=3821. Acesso em: nov. 2012.

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Relato: Pago o que eu chamo de “carne dos adictos” (postado em 15/02/2011). Disponível em: http://vidadeumaexd.blogspot.com.br/. Acesso em: nov. 2012.

Vídeo: Especialista de Sorocaba explica relação entre crimes e uso de dro-gas. (postado em 03/08/2012). Disponível em: http://g1.globo.com/sao-paulo/sorocaba-jundiai/noticia/2012/08/especialista-de-sorocaba-explica-relacao-entre-crimes-e-uso-de-drogas.html. Acesso em: nov. 2012.

5º ENCONTRO – OFICINA PEDAGÓGICA

Na oficina pedagógica o professor terá oportunidade de produzir materiais

didático-pedagógicos sobre prevenção ao uso indevido de drogas, que irão subsi-

diar o trabalho pedagógico em sala de aula. O elemento central deste momento é

o Plano de Trabalho Docente – PTD, que possui o rol de ações a serem desenvol-

vidas com os alunos, por tanto é o planejamento da ação educativa, com todos os

elementos formais. Abaixo um esquema de PTD a ser desenvolvido pelos profes-

sores.

Colégio Estadual Padre Anchieta - Ensino Fundamental e MédioPlano de Trabalho Docente - PTDProfessor: Disciplina: Turno:Série: Semestre: Ano letivo: Total de aulas semanais:1. ConteúdosConteúdo estruturante-Conteúdo básico-Conteúdo específico-2. Objetivos:3. Encaminhamentos Metodológicos e Recursos Didáticos/Tecnológicos:4. Critérios e Instrumentos de Avaliação, Recuperação e Adaptações Curriculares5. Referências:Observações: __________________________________________________________________________________________________________________________________

Local e data.

Ass.:___________________

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Local: Colégio Estadual Padre Anchieta - Ensino Fundamental e Médio.

Carga horária: 8 horas.

Conteúdos: Sínteses: Das entrevistas realizadas pelos professores; Dos vídeos,

“Um peregrino” e Especialista de Sorocaba explica relação entre crimes e uso de

drogas; Dos textos, A compulsão e o vício na modernidade; Aflição e ajuda mútua

em tempos de globalização; Crime e drogas: consumo e tráfico; As drogas da

indústria farmacêutica; Mulheres farmacodependentes: uma experiência

brasileira; Educação para a diferenciação: o princípio formativo frente ao

preconceito e à violência; Desafios da prevenção ao uso indevido de drogas na

rede estadual de ensino do Estado do Paraná; Dos relatos: As dores de um vício;

De volta à realidade; “Ou você fuma ou morre”; Pago o que eu chamo de “carne

dos adictos”; Das cartilhas: Drogas: cartilha álcool e jovens; Drogas: cartilha

mudando comportamentos; Drogas: cartilha para educadores; Drogas: cartilha

para pais e adolescentes; Drogas: cartilha para pais e crianças; Drogas: cartilha

sobre maconha, cocaína e inalantes; Drogas: cartilha sobre tabaco. Relatório da

4ª inspeção nacional de direitos humanos: locais de internação para usuários de

drogas.

Objetivo: Elaborar material didático para os professores trabalharem em sala de

aula a questão da prevenção ao uso indevido de drogas com seus alunos.

Desenvolvimento do encontro: Com todo o arcabouço teórico produzido pelos

professores, durante os encontros anteriores, chegou o momento de transpormos

os elementos estudados em um Plano de Trabalho Docente, o qual guia o

processo de ensino e aprendizagem em sala de aula.

Primeiro momento: Os professores poderão trabalhar unindo as disciplinas afins

ou até mesmo poderão fazer um trabalho interdisciplinar; isto fica a livre escolha.

O que precisa estar claro para eles, é em qual conteúdo disciplinar, se encaixará

a temática trabalhada no curso e que agora será trabalhada com os alunos.

Durante todo o processo será feito acompanhamento e auxílio, pois caso

surja alguma dúvida a cerca da temática trabalhada, ou o professor requisite

algum material, procuraremos atendê-lo, junto a secretaria da escola. Por tanto é

preciso que a direção esteja acompanhando a execução do projeto, e assim este

tenha o êxito esperado.

O planejamento de atividades educacionais, organizado com os devidos

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referencias teóricos e elementos do processo de ensino e aprendizagem, são

necessários ao se fazer ciência, pois, caso isso não ocorra, o professor torna-se

improvisador e improvisar, segundo ALMEIDA e outros (2007, p.127) é “uma ação

que corrói a autonomia de qualquer profissional e, em especial, a do professor,

colaborando sobremaneira para a alienação”.

Os referenciais que os professores precisam ter conhecimento, no que diz

respeito aos métodos de ensino, se reportam principalmente ao da concepção,

que está no Projeto Político-Pedagógico, a qual apresenta os elementos da

metodologia dialética, que tem como elementos básicos: “1º) partir da prática; 2º)

teorizar sobre ela e 3º) voltar à prática para transformá-la”. (GASPARIN, 2003,

citado por PPP-CEPA, 2011, p. 33)

Para elucidar melhor os elementos do processo de ensino e aprendizagem,

apresentamos a seguir os momentos pedagógicos descritos por ALMEIDA e

outros (2007, p.148-156), os quais apresentam os seguintes momentos:

1º momento – “Resgatando/Registrando”: ponto de partida da

“Metodologia da mediação dialética” no desenvolvimento do conteúdo de ensino –

Neste se faz uma retomada das representações dos alunos em relação ao

conteúdo de ensino. É a parte aparentemente independente do todo. Trata-se do

saber imediato.

2º momento – “Problematizando”: a contradição entre as representações

iniciais dos alunos e o conteúdo de ensino ma “Metodologia da mediação

dialética” – Aqui trata-se explicitar as contradições entre aquilo que os alunos

apresentam sobre a temática e o saber cientifico. Trata-se do saber mediato.

3º momento – “Sistematizando”: Momento da superação do imediato do

mediato e da elaboração de sínteses cognitivas na “Metodologia da mediação

dialética” – Neste momento da aprendizagem, são feitas discussões das

contradições e do saber mediato a elas correspondentes para superação das

mesmas e elaboração de sínteses. Tanto esse quanto o próximo momento são

elementos de superação do saber imediato no saber mediato.

4º momento – “Produzindo”: Ponto de chegada da “Metodologia da

mediação dialética”, momento da expressão da síntese cognitiva elaborada pelo

aluno – Esta é portanto, a parte articulada ao todo, novo ponto de partida. Como

já afirmamos acima, saber mediato.

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Temos, portanto, os elementos para a produção de um PTD fundamentado

em conhecimentos científicos e metodologia adequada aos documentos

escolares. Assim a produção fica articulada dentro duma lógica capaz de se

efetivar.

Referências:

ALMEIDA, J. L. V. e outros. Mediação dialética na produção escolar: teoria e prática. São Paulo: Loyola, 2007.

BRASIL. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Drogas: cartilha álcool e jovens. Brasília: MJ/SNPD, 2011.

BRASIL. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Drogas: cartilha mudan-do comportamentos. Brasília: MJ/SNPD, 2011.

BRASIL. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Drogas: cartilha para educadores. Brasília: MJ/SNPD, 2011.

BRASIL. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Drogas: cartilha para pais e adolescentes. Brasília: MJ/SNPD, 2011.

BRASIL. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Drogas: cartilha para pais e crianças. Brasília: MJ/SNPD, 2011.

BRASIL. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Drogas: cartilha sobre maconha, cocaína e inalantes. Brasília: MJ/SNPD, 2011.

BRASIL. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Drogas: cartilha sobre tabacopara pais e adolescentes. Brasília: MJ/SNPD, 2011.

BRASIL. Conselho Federal de Psicologia. Relatório da 4ª inspeção nacional de direitos humanos: locais de internação para usuários de drogas. Brasília: CFP, 2011.

COLÉGIO ESTADUAL PADRE ANCHIETA – E.F.M. Projeto político pedagógico. Salgado Filho: ETP, 2011.

6º ENCONTRO – SOCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃODO MATERIAL DIDÁTICO PRODUZIDO

Apresentação do material didático elaborado pelos professores para traba-

lharem a prevenção ao uso indevido de drogas com os alunos em sala de aula.

Local: Colégio Estadual Padre Anchieta - Ensino Fundamental e Médio.

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Carga horária: 4 horas.

Conteúdos: Planos de Trabalhos Docentes elaborados pelos professores.

Objetivo: Elaborar material didático para os professores trabalharem em sala de

aula a questão da prevenção ao uso indevido de drogas com seus alunos.

Desenvolvimento do encontro: As apresentações serão em forma de plenária,

onde os grupos expõem seus planos para ser aplicado com os alunos e os

professores dos outros grupos fazem as devidas sugestões, caso sejam

pertinentes.

Primeiro momento: Após a sala ser arrumada em forma de semicírculo, o

espaço fica aberto para todos fazerem suas apresentações e acolherem as

observações dos demais participantes. Assim que todos apresentam, passaremos

ao momento seguinte.

Segundo momento: Este espaço fica reservado para o grande grupo avaliar o

trabalho desenvolvido durante todo o curso, ou seja, a aplicação do Projeto de

Intervenção Pedagógica, pois a partir deste momento, os professores terão

liberdade de aplicarem seus Planos de Trabalho Docente, a hora que acharem

conveniente.

O ato de avaliar, segundo PPP-CEPA (2011, p. 48), tem por “finalidade a

melhoria na qualidade do ensino”. Por tanto, o diretor será convidado a participar

desde processo, para ficar a par do trabalho desenvolvido na escola.

Sendo este o momento de avaliar o trabalho desenvolvido, não

poderíamos deixar de registra o evento, pra fazer as considerações no artigo final.

Terceiro momento: Após feita a avaliação, será entregue os certificados aos

participantes do curso.

Referência:

COLÉGIO ESTADUAL PADRE ANCHIETA – E.F.M. Projeto político pedagógico. Salgado Filho: ETP, 2011.