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FICHA PARA CATÁLOGO
Título: “TEXTO DRAMÁTICO: UMA ALTERNATIVA METODOLÓGICA NO ENSINO”
Autor NEIVA DE LURDES COSA
Escola de Atuação COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR JÚLIO
CÉSAR – ENSINO FUNDAMENTAL, MÉDIO E
NORMAL
Município da Escola REBOUÇAS – PARANÁ
Núcleo Regional de Educação IRATI
Orientadora REGINA MARIA VINK
Instituição de Ensino Superior UNICENTRO
Disciplina/Área LÍNGUA PORTUGUESA
Produção Didático Pedagógica UNIDADE DIDÁTICA
Público Alvo PROFESSORES DAS ÁREAS DA LINGUA
PORTUGUESA, HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO
ENSINO MÉDIO
Localização COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR JÚLIO
CÉSAR – ENSINO FUNDAMENTAL, MÉDIO E
NORMAL. RUA HONORATO PINTO
FERREIRA, Nº 419
Apresentação O material unidade didática pretende
desenvolver práticas de escrita ampliando as
formas de uso do gênero dramático como
instrumento de expressão do senso crítico e
forma de criação de novos discursos, podendo
ser explorado pelas diferentes disciplinas.
Através de textos para leitura e compreensão,
de adaptações de outros textos, pesquisa e
revisão conceitual no uso da linguagem.
Também valoriza a linguagem como mediação
entre o homem e a realidade, considerando a
importância da leitura e escrita como forma de
compreensão e expressão do sujeito na
história.
Palavras Chave TEATRO, LINGUAGEM, CONTEXTO,
CONHECIMENTO, ENSINO
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INTRODUÇÃO
As atividades propostas nesta Unidade Didática pretendem auxiliar nas
estratégias de trabalho interdisciplinar dos conteúdos das áreas de Língua
Portuguesa, História e Geografia e ampliar a prática pedagógica do professor.
Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (p.27), as disciplinas
escolares não são herméticas, fechadas em si, mas a partir de suas
especialidades, chamam umas às outras e, em conjunto, ampliam a abordagem
dos conteúdos, observando-se as dimensões científica, filosófica e artística do
conhecimento.
O projeto “O texto dramático: uma alternativa de ensino” visa desenvolver
práticas de escrita, disseminando as formas de uso do gênero dramático como
instrumento de expressão do senso crítico e estético na forma de novos discursos
e releituras, podendo ser explorado pelas diferentes disciplinas.
“... Se nós, professores de todas as áreas, proporcionamos a nossos alunos oportunidades para que escrevam muito para dizer coisas significativas para leitores a quem querem informar, convencer, persuadir, comover, eles acabarão descobrindo que escrever não é aquela trabalheira inútil de preencher 25 linhas, de copiar livro didático e pedaços de enciclopédia. Nossos alunos descobrirão que são capazes de escrever para dizer a sua palavra, para falar deles, de sua gente, para contar a sua história(...)” (Schaffer et al,2000,p.17)
Os vários textos poéticos assim como os contos de Monteiro Lobato são
materiais de leitura e análise que permitam ao professor diferenciar um pouco a
sua prática de uso dos textos das ciências exatas ou extremamente específicas
das áreas que não a de Língua Portuguesa e, ao mesmo tempo provoquem em
seus alunos a interpretar, interagir com outras linguagens.
Num segundo momento é importante articular assuntos e temáticas ao
texto, em sua produção, especialmente o texto dramático. É por meio deste que o
professor poderá solicitar aos seus alunos uma compreensão ou conceituação de
determinados fatos ou fenômenos histórico-sociais.
Também no que diz respeito às práticas discursivas, as Diretrizes
Curriculares da Educação Básica (p.55), salienta que no processo ensino–
aprendizagem é importante ter claro que quanto maior o contato com a
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linguagem, nas diferentes esferas sociais, mais possibilidades se tem de entender
o texto, seus sentidos, suas intenções e visões de mundo.
Por que é importante, nessa Unidade Didática estabelecer relações
interdisciplinares entre a Literatura, a História e a Geografia? Segundo as
Diretrizes (p.77), o trabalho com a literatura potencializa uma prática diferenciada
com o conteúdo estruturante da Língua (o discurso como prática social), além de
gerar grandes experiências de diálogo com o vasto conhecimento humano,
construído ao longo do tempo.
Daí a intenção de inserir o texto dramático nas alternativas de trabalho do
professor, não apenas como ilustração de um determinado conteúdo, mas
principalmente como veículo de expressão própria, capaz de revelar saberes,
conceitos e pensamentos posicionados de alguma forma, nas situações de
aprendizagem dos alunos e contextualizados ao momento histórico vivido, com
seus conflitos na complexa rede de relações sociais.
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UNIDADE DIDÁTICA
GÊNERO DRAMÁTICO: ATIVIDADE INTERDISCIPLINAR DE HISTÓRIA
TEMÁTICA: SOCIEDADE- IDEOLOGIA-CULTURA E ECONOMIA
FALANDO DE POESIA
“Seja qual for o caminho que eu escolher, um poeta já passou por ele antes
de mim.” (Sigmund Freud)
A poesia também é um ótimo material de leitura que o professor pode
utilizar em suas aulas para auxiliar na formação de leitores na escola. Ela também
pode ser o ponto de partida para grandes discussões sobre o homem, sobre a
vida, sobre o mundo...
(O professor pode sugerir uma leitura silenciosa do texto para prosseguir
com a análise)
1) Leitura do poema de António Gedeão:” Poema do Alegre Desespero.”
Poema é um tipo de texto que apresenta uma forma especial de
composição: geralmente organiza-se em verso e a linguagem é carregada de
expressividade e emoção. Após a leitura responda:
a) No poema há uma crítica sobre o movimento histórico já experimentado
na vida social.Você concorda com essa visão do poema? Justifique.
b) Ao longo do poema, algumas partículas ou palavras se repetem. Releia-
o para identificar essa característica. Em seguida responda:
- Qual seria a razão dessa repetição?
c) António Gedeão é poeta português(Lisboa-1906/1997), professor e
historiador da ciência portuguesa e tem como pseudônimo Rômulo de Carvalho.O
autor escreveu trabalhos de cunho científico e revelou-se como poeta em 1956
com a obra Movimento Perpétuo. Dentre outras se pode destacar também Teatro
do Mundo(1958). O que caracteriza suas obras são o equilíbrio e a inspiração
heterogênea por ser homem das ciências e da literatura
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(htpp:www.astormentas.com/gedeao.htm). É possível descrever uma linguagem
subjetiva em algum verso do texto?
d) A quem se refere o seguinte verso: “e os reis de barbas encaracoladas
que eram senhores de muitas terras, que conquistavam o Lácio e perdiam o Épiro
e (...)“?
CONHECENDO O TEXTO DRAMÁTICO
Esta atividade tem por objetivo apresentar o gênero dramático aos alunos
para que estes se familiarizem com a forma de organização e as peculiaridades
do gênero. Para isso observe as informações básicas:
O texto dramático tem sua origem na Grécia, na Antiguidade e é concebido
para ser encenado. Ao longo do tempo este se modificou para atender diferentes
funções na sociedade humana.
A unidade do texto dramático é a ação. Enquanto texto pode ser lido sem
intermediações: através da leitura é que o leitor e o autor constroem seu sentido.
Também há semelhança com o gênero narrativo, pois com eles conta-se uma
história.
Há alguns elementos em comum como: personagens, espaço e tempo,
embora se organizem de modos diferentes. O narrador não se mantém no texto e
sua função é desempenhada pelas rubricas(indicações de sentimentos e reações
ou ainda dos movimentos das personagens) colocadas antes, no meio ou no fim
das falas, normalmente entre parênteses.
Já o espaço é apresentado através das indicações de cenário, colocadas
na abertura do texto e, em outros momentos no decorrer deste.
Quanto ao tempo há dois modos de se identificar: o tempo-época e tempo-
duração. No primeiro caso, vem às vezes indicado no início do texto ou ainda
perceptível através de diálogos e figurinos. No segundo, o tempo-duração é
expresso nas rubricas, mudanças de cenas e atos em que o texto dramático se
subdivide. A obra também pode ser dividida em atos (partes) que a constitui.
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TIPOS DE TEXTO DRAMÁTICO
TRAGÉDIA: o nome vem do grego e significa “canto do bode”, porque os atores
gregos, a princípio usavam a pele de animais para se cobrirem enquanto
encenavam festas em homenagem a Baco, deus do vinho. O herói trágico vê-se
sempre entre forças opostas: o destino e o seu próprio caráter, há um
desequilíbrio nisto e o mesmo cai em desgraça.
COMÉDIA: muito usada nas festas dionisíacas, tinha por finalidade provocar o
riso, ridicularizar, usando para isto o contraste.
DRAMA: o drama alterna o prazer e a dor, misturando os gêneros. Permite uma
liberdade formal ao autor. Seu criador foi Shakespeare.
Observação: Há também o auto e a farsa que podem ser trabalhados no gênero.
1) Agora que você tem informações sobre o texto dramático, poderá
analisar melhor este tipo de texto. Para isto será explorado um texto
adaptado do conto: O colocador de pronomes de Monteiro Lobato,
escritor Pré-Modernista. Logo abaixo você poderá saber também um
pouco mais sobre o escritor e o contexto da obra.
SOBRE O AUTOR
Monteiro Lobato (1882-1948) é o mais importante escritor brasileiro de
histórias para crianças da literatura brasileira. Escreveu também para adultos
(Urupês, Cidades Mortas e o Presidente negro entre outras) com a genialidade de
expor, com humor, o seu caráter de escritor regionalista, delineando em suas
obras uma preocupação com o país, com as questões nacionais. A sua temática é
dada sempre numa linguagem marcada pelo aproveitamento do dialeto brasileiro.
SOBRE O CONTEXTO
O Pré-Modernismo: é a denominação dada à corrente literária surgida no
início do sec.XX, com autores dispostos a olhar de frente para o Brasil e a fazer
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de suas obras um espaço de exploração das facetas sociais até então ignoradas
pela literatura.
O Momento histórico: o Brasil do início do século mantém basicamente a
mentalidade do final do sec.XIX: pós-republicana, positivista e liberal. Entretanto,
um quadro político tenso põe em risco o poder das oligarquias civis, provenientes
dos setores rurais. Uma burguesia industrial nascente, ligada à produção e
exportação do café no eixo Rio- São Paulo- Minas, começa a ascender. A
urbanização e a imigração, decorrentes do crescimento industrial, trazem à cena
ideologias progressistas que conflitam com o nosso tradicionalismo agrário.
Apresentação de texto adaptado para dramatização: O colocador de
pronomes (primeira parte),extraído do livro Negrinha(1918)
1) No texto que você leu a hierarquia típica do poder delegado aos donos da terra,
das grandes propriedades é satirizada. De que forma isso pode ser percebido no
texto?
2) Neste período da República Velha (1889-1930) pode-se descrever dois brasis:
Brasil agrário, tradicionalista e conservador, detentor do poder; e outro marcado
pela indústria que surgia como alavanca do novo cenário urbano. Em meio a este
contraste sob que condições viveu o trabalhador rural?
3) Pesquise que fatores da época contribuíram para a marginalização do caboclo
e como era chamado este homem do campo fruto da miscigenação.
4) Veja o texto Brasis (Gabriel Moura, Seu Jorge e Joviniano. Moro no
Brasil/Warner Music, 2006) e responda:
De que forma a letra da canção pode se relacionar com o cenário brasileiro
atual?
5) No mesmo cenário político da República Velha(1889-1930), a escravidão,
embora legalmente extinta, refletia comportamentos de opressão sobre aqueles
recentemente favorecidos.Cargos subalternos para operários no meio urbano e
subserviência aos patrões das fazendas. Tanto no conto Negrinha quanto no
intitulado Timóteo este retrato do Brasil é perfeitamente identificado.
Leia os trechos abaixo retirados da obra Negrinha(p.23) e elabore um
relato da sua compreensão sobre a relação patrões / empregados neste
contexto.
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“A excelente D.Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.Vinha da
escravidão, fora senhora de escravos - e daquelas ferozes, amigas de ouvir
cantar o bolo e estalar o bacalhau.
Nunca se afizera ao regime novo - essa indecência de negro igual a branco
e qualquer coisinha a polícia! Qualquer coisinha: uma mucama assada ao forno
porque se engraçou dela o senhor; (...) “
Que modelos e papéis sociais podem ser identificados no trecho acima?
Alguns estereótipos são denunciados nas próprias ações das personagens
que mantinham influência no meio social, reveladores de determinadas
posturas. Procure identificar alguns, lendo o trecho abaixo:
“____Excelente senhora, a patroa.Gorda, rica, do mundo, amimada dos
padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu.”
“___Uma virtuosa senhora em suma__dama das grandes virtudes apostólicas,
esteio da religião e da moral, dizia o reverendo (...)”
6) O termo pós-moderno é utilizado para fazer referência às mudanças
observáveis na arte, na ciência e na filosofia a partir dos anos 50. Os valores da
sociedade moderna transformaram-se de uma forma excepcional com o fim da
Segunda Guerra. As décadas de 60 e 70 principalmente foram pura ebulição de
sentidos novos e inspirações. O Brasil iniciava uma de suas faces mais cruéis, a
ditadura militar. O espírito de contestação gerou diversas formas de protesto e
dentre elas o teatro engajado. Veja na obra O pagador de promessas de Dias
Gomes ( terceiro ato ) e procure apontar quais são os fatos que se chocam
nesta sociedade em que Zé- do- Burro vive e que o impedem de realizar seu
propósito.
7) Há, na sua opinião, no contexto da obra uma crítica em relação à cultura?
Explique.
8) Qual é o fator que mais contribuiu para a marginalização da personagem Zé-
do- Burro? O que gerou maior conflito? Por quê?
9) IGREJA E ESTADO sempre estiveram juntos? E neste contexto como a igreja
relaciona cultura e fé?
O JOGO DRAMÁTICO
Personagens
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GREGÓRIO: pequeno produtor, 43 anos, baixinho, sério, tranquilo, ,marido
de Madalena. Ele é defensor da natureza, como provedora da vida e refúgio do
homem.
VALDIRENE: 17 anos, decidida, sonhadora em vencer na vida desde que
longe do interior.
MADALENA: esposa dedicada à família, 40 anos, louca por pamonha,
tagarela, analfabeta funcional.
JOSMAR: 18 anos, vaidoso, romântico, morre de ciúmes da irmã, filho de
madalena, não chegou a conhecer seu pai biológico que faleceu, vítima de
acidente de trânsito quando passava uns tempos na cidade, visitando
parentescos.
REGRAS DO JOGO
A desigualdade social no país ainda é um componente do cenário de
muitas formas de exclusão.Neste momento é muito importante que todos os
grupos discutam e elaborem um plano de produção textual, lembrando que não
se deve esquecer de atender ao gênero e às condições de produção:
Quem é o interlocutor, para quem escreve, com que finalidade, como
pretende expor as idéias e qual é o suporte para qual se destina.
Observação: pode ser organizada uma coletânea dos textos produzidos
para depois serem dramatizados na escola ou na comunidade. As temáticas
também podem ser indicadas pelos grupos ou o professor.
Os grupos devem, inicialmente:
1) Observar o cenário( a ser criado)
2) Ilustrar o cenário (escrita)
3) Observar as características dos personagens
4) O grupo terá um tempo determinado para organizar um esboço da situação
dramática, levando em consideração as orientações anteriores e as que o
professor indicar como necessárias.
Sugestão: Abuse da criatividade.
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Aponte problemas atuais na sociedade brasileira
Relacione fatos à possíveis causas.
* O professor poderá também trabalhar com a obra de Oswald de Andrade: O rei
da vela, analisando o seu contexto histórico e toda a sua problemática.
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UNIDADE DIDÁTICA
ATIVIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA
GÊNERO: O TEXTO DRAMÁTICO
Professor
O homem é um sujeito de ação e atuando, compreende a si mesmo e aos
outros que estão ao seu redor. Trocamos conhecimento, informações, cultura e
sentimentos. A imaginação criativa também é da natureza humana. Logo, pela
interação o homem transforma-se e transforma a realidade.
“Entre as artes, o teatro é, por excelência, a que exige a presença da
pessoa de forma completa: o corpo, a fala, o raciocínio e a emoção” (NEVES &
BEZERRA/2009)
CONHECENDO O TEXTO DRAMÁTICO
O texto dramático tem sua origem na Grécia, na Antiguidade e é concebido
para ser encenado. Ao longo do tempo este se modificou para atender diferentes
funções na sociedade humana.
A unidade do texto dramático é a ação. Enquanto texto pode ser lido sem
intermediações: através da leitura é que o leitor e o autor constroem seu sentido.
O texto dramático tem grande semelhança com o narrativo, pois com eles
conta-se uma história. Também há elementos em comum como, por exemplo,
personagens, espaço e tempo, porém se organizam de modos diferentes. O
narrador, não se mantém no texto e sua função é desempenhada pelas rubricas
(indicações de sentimentos e reações ou ainda dos movimentos das
personagens) colocadas antes, no meio ou no fim das falas, normalmente entre
parênteses.
Já o espaço é representado através das indicações do cenário, colocadas
na abertura do texto e, em outros momentos, no decorrer deste.
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Há dois modos de se identificar o tempo: O tempo-época e o tempo-
duração. No primeiro caso, vem às vezes indicado no início do texto ou ainda
perceptível através dos diálogos e figurinos ( ver em anexo o 3º ato da obra O
conto do inverno, de William Shakespeare). No segundo, o tempo-duração é
expresso nas rubricas, mudanças de cenas e atos em que o texto dramático se
subdivide.
Sugestão: caso seja necessário, compreender melhor a estrutura do gênero, o
professor pode solicitar aos alunos o estudo do 3º ato de O conto de inverno de
Shakespeare e solicitar que os alunos respondam:
a) A linguagem do texto remete a que tempo?
b) Como identificar este tempo no texto?
c) Como percebemos as ações no texto? De que forma?
d) Que espaço é este?
TIPOS DE TEXTOS DRAMÁTICOS
TRAGÉDIA: o nome vem do grego e significa “canto do bode”, porque os atores
gregos, a princípio usavam a pele dos animais para se cobrirem enquanto
encenavam em festas em homenagem a Baco, o deus do vinho. O herói trágico
vê-se sempre entre forças opostas: o destino e o seu próprio caráter, há um
desequilíbrio nisto e o mesmo cai em desgraça.
COMÉDIA: era muito usada nas festas dionisíacas, tendo por finalidade provocar
o riso, ridicularizar, usando para isto o contraste.
DRAMA: o drama alterna o prazer e a dor, misturando os gêneros. Permite uma
liberdade formal ao autor. Seu criados foi Shakespeare.
Observação: há outras formas do gênero que podem ser exploradas, dentre elas
a farsa e o auto, porém esta unidade delimitou as formas acima consideradas.
Você pode iniciar comunicando aos alunos que será realizado uma
coletânea de textos dramáticos e que estes poderão ser dramatizados para
apresentação na escola. Faça um levantamento prévio sobre os conhecimentos
que os alunos possuem a respeito desse gênero.
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a. vocês já leram um texto dramático?
b. Onde?
c. Quem produz textos desse gênero?
d. Em que suporte normalmente o gênero aparece?
e. A que público se destina?
Algumas sugestões de leitura de texto dramático
O Santo e a Porca (Ariano Suassuna)
O rei da vela (Oswald de Andrade)
O pagador de promessas (Dias Gomes)
O auto da Compadecida (Ariano Suassuna)
Leitura de texto do gênero
A leitura do texto dramático resgata muito do texto narrativo pela ação e
personagens que formam a dinâmica do texto. Porém há ainda um
desconhecimento de seus elementos constituintes, sua organização e de seu
valor como formador de expressão; há muita distância deste material nas salas
de aula, até os livros didáticos não trazem com frequência textos dramáticos em
sua composição.
Este é o momento em que o aluno irá familiarizar-se com o gênero. Por
isso é importante fazer um trabalho de leitura que favoreça tanto a percepção das
características principais do gênero, quanto do contexto sócio-histórico e
ideológico.
Aspectos a serem trabalhados: leitura e análise do texto, sua configuração.
Ofereça aos alunos o texto Casinha pequenina (1936), de Ivo Bender para
uma primeira leitura individual. Em seguida abra um espaço para os comentários
sobre o texto. Observe se percebem uma crítica à dificuldade de comunicação
entre as pessoas atualmente, à forte influência dos meios de comunicação de
massa (o jornal e a televisão, no caso) e o conflito de gerações.
Informações ao professor:
Os dilemas da família atual
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Segundo Campos & Corrêa Matta, dois fenômenos sociais se
destacam no modo como a família atual foi levada a se organizar: as
transformações do mundo do trabalho, levando à mudanças dos costumes e
consequentemente diversidade de formações familiares, e o modo como foi
construído o lugar social da mulher, incidindo sobre ela a função do
cuidado na família moderna.
Também é uma característica dessa sociedade a industrialização que
modificou a forma de organização da vida urbana e as relações entre pais e
filhos como reflexo do sistema capitalista.
Uma boa técnica a seguir seria o debate para que os alunos possam expor
suas argumentações sobre o assunto, pode-se fazer uma pesquisa sobre a
definição de família (papéis, constituição, valores, etc.)
Motivação: para discutir e relacionar temática o professor poderá utilizar os
seguintes textos poéticos: Congresso internacional do medo (Carlos Drummond
de Andrade) e Mapa-Mundi1(Eduardo Galeano). A partir deles pode-se trabalhar
a interpretação ou produção de texto.
TEXTO: CASINHA PEQUENINA (Ivo Bender)
O texto dramático Casinha Pequenina( 1936) se constrói muito semelhante
ao texto narrrativo, no entanto os diálogos e as ações que deles decorrem são
fundamentais para o enredo e o conflito dramático. Ao analisar o texto procure
identificar:
a) Qual é o problema, a crítica revelada nele?
b) Como você identifica as indicações de tempo no texto?
c) A que público se destina este texto?
d) Quem geralmente produz textos dessa natureza?
e) Onde são encontrados?
Você deve ter percebido que a estrutura do texto dramático mantém
elementos narrativos: o discurso direto ( representa a fala direta do personagem),
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o tempo, o espaço e as personagens, além das rubricas que substituem a função
do narrador. Agora é hora de encorajar os alunos a produzir um texto dramático.
Apresente a eles a crônica Bons Dias de Machado de Assis como material de
leitura a ser transformado no gênero dramático. Incentive a percepção no
conteúdo da crônica.
Os alunos devem identificar o contexto, o espaço e o tempo na crônica
descrita.
È necessário retomar a organização do texto dramático: cenário, rubricas,
diálogos e ações.
O trabalho de escrita na forma dramática pode ser em grupo e no momento da
produção é importante o professor auxiliar seus alunos em suas dificuldades e
dúvidas.
Produzida a primeira versão, recolha e guarde para o próximo passo.
Na aula seguinte, devolva aos alunos os textos para serem lidos e observar
dos quanto aos aspectos e exigências da escrita (pontuação, concordância e
ortografia)
Refeita a segunda versão é hora de conhecer outro texto.
TEXTO DRAMÁTICO ADAPTADO: O Colocador de pronomes (Monteiro
Lobato)
1. Leitura do conto adaptado (parte I)
Compare o texto de Monteiro Lobato com Casinha Pequenina de Ivo
Bender, o contexto é o mesmo? Qual a diferença?
2. Coronel Triburtino é personagem que no conto se sobrepõe aos demais
(prática muito comum no Brasil, no período em que antecede a Proclamação da
República) e deixa uma imposição visível em seus atos.
Houve de fato um período da história conhecido como a época do
coronelismo, em que era chamado de coronel aquele que não necessariamente
tivesse oficialmente cargo, mas o título se justificava por influência política e
devido à grande produção e exportação do café administrada por estes
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personagens reais. O poder demonstrava culturalmente reflexos de
conservadorismo e um machismo saliente.
É possível identificar algum aspecto a respeito disso na personagem?
Explique.
3. Naquela época, a mulher ainda era educada para ser dona de casa e
submissa ao marido. Como você pode perceber isto no texto?
4. Preta – Luzia é uma personagem secundária no texto. Que crítica é
possível realizar a partir de seu papel desempenhado no texto?
5. Há uma complicação, um conflito vivido na história?
6. E quanto ao espaço? Onde se desenrolam os fatos? Em que contexto?
7. Quanto a linguagem? Nas falas de Triburtino há uma sátira ao papel
político em cidades interioranas. Que palavras concretizam isso? Que recursos
linguísticos comprovam tal postura?
8. Produção de Texto:
A partir da leitura do conto, escreva um texto argumentativo sobre a
imagem e o papel da mulher na sociedade, transformações e conquistas.
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PROJETO O GÊNERO DRAMÁTICO COMO ALTERNATIVA DE ENSINO
ATIVIDADES DE GEOGRAFIA
Brasil rural /Processo de urbanização/ Condições de vida e cultura
INTRODUÇÃO
CONHECENDO O TEXTO DRAMÁTICO
O homem é um sujeito de ação e atuando, compreende a si mesmo e aos
outros que estão ao seu redor. Trocamos conhecimento, informações, cultura e
sentimentos. A imaginação criativa também é da natureza humana. Logo pela
interação o homem transforma-se e transforma a realidade.
MOTIVAÇÃO
Observe o texto “Especulações em torno da palavra homem”, de Carlos
Drummond de Andrade, neste poema há em seu conteúdo indagações
pertinentes ao movimento histórico do homem que mantém ou supera conceitos e
visões do mundo. Leia e analise no texto as diferentes formas de definir este
homem e as implicações contidas em cada uma.
“Entre as artes, o teatro é, por excelência, a que exige a presença da
pessoa de forma completa: o corpo, a fala, o raciocínio e a emoção” (NEVES &
BEZERRA/2009).
O texto dramático tem sua origem na Grécia, na Antiguidade e é concebido
para ser encenado. Ao longo do tempo este se modificou para atender diferentes
funções na sociedade humana.
A unidade do texto dramático é a ação. Enquanto texto pode ser lido sem
intermediações: através da leitura é que o leitor e o autor constroem seu sentido.
O texto dramático tem grande semelhança com o narrativo, pois com eles
conta-se uma história, Também há elementos em comum como: personagens,
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espaço e tempo, porém se organizam de modos diferentes. O narrador, não se
mantém no texto e sua função é desempenhada pelas rubricas (indicações de
sentimentos e reações ou ainda dos movimentos das personagens) colocadas
antes, no meio ou no fim das falas, normalmente entre parênteses.
Já o espaço é representado através das indicações do cenário, colocadas
na abertura do texto e, em outros momentos, no decorrer deste.
Há dois modos de se identificar o tempo: O tempo-época e o tempo-
duração. No primeiro caso, vem às vezes indicado no início do texto ou ainda
perceptível através dos diálogos e figurinos (ver o 3º ato da obra O conto do
inverno, de William Shakespeare). No segundo, o tempo-duração é expresso nas
rubricas, mudanças de cenas e atos em que o texto dramático se subdivide.
Sugestão: caso seja necessário, compreender melhor a estrutura do gênero, o
professor pode solicitar aos alunos o estudo do 3º ato de O conto de inverno de
Shakespeare e solicitar que os alunos respondam:
a) A linguagem do texto remete a que tempo?
b) Como identificar este tempo no texto?
c) Como percebemos as ações no texto? De que forma?
d) Que espaço é este?
TIPOS DE TEXTOS DRAMÁTICOS
TRAGÉDIA: o nome vem do grego e significa “canto do bode”, porque os atores
gregos, a princípio usavam a pele dos animais para se cobrirem enquanto
encenavam em festas em homenagem a Baco, o deus do vinho. O herói trágico
vê-se sempre entre forças opostas: o destino e o seu próprio caráter, há um
desequilíbrio nisto e o mesmo cai em desgraça.
COMÉDIA: era muito usada nas festas dionisíacas, tendo por finalidade provocar
o riso e ridicularizar, usando para isto o contraste.
DRAMA: o drama alterna o prazer e a dor, misturando os gêneros. Permite uma
liberdade formal ao autor. Seu criados foi Shakespeare.
Observação: há outras formas do gênero que podem ser exploradas, dentre elas
a farsa e o auto, porém esta unidade delimitou as três acima consideradas.
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1) Agora que você tem informações sobre o gênero dramático, poderá conhecer
melhor este tipo de texto. Para isto será apresentado dentre outros, um texto
adaptado do conto de Monteiro Lobato, escritor Pré-Modernista. Leia antes
algumas informações importantes:
SOBRE O AUTOR
Monteiro Lobato (1882-1948) é o mais importante escritor brasileiro de
histórias para crianças da literatura brasileira. Escreveu também para adultos
(Urupês, Cidades Mortas e o Presidente negro entre outras) com a genialidade de
expor, com humor, o seu caráter de escritor regionalista, delineando em suas
obras uma preocupação com o país, com as questões nacionais. A sua temática é
dada sempre numa linguagem marcada pelo aproveitamento do dialeto brasileiro.
SOBRE O CONTEXTO
O Pré-Modernismo: é a denominação dada à corrente literária surgida no
início do sec.XX, com autores dispostos a olhar de frente para o Brasil e a fazer
de suas obras um espaço de exploração das facetas sociais até então ignoradas
pela literatura.
O Momento histórico: o Brasil do início do século mantém basicamente a
mentalidade do final do sec. XIX: pós-republicana, positivista e liberal. Entretanto,
um quadro político tenso põe em risco o poder das oligarquias civis, provenientes
dos setores rurais. Uma burguesia industrial nascente, ligada à produção e
exportação do café no eixo Rio- São Paulo- Minas, começa a ascender. A
urbanização e a imigração, decorrentes do crescimento industrial, trazem à cena
ideologias progressistas que conflitam com o nosso tradicionalismo agrário.
Apresentação de texto adaptado para dramatização: O colocador de
pronomes (primeira parte), extraído do livro Negrinha (1918)
“A interpretação é a etapa de utilização da capacidade crítica do leitor, o momento em que analisa, reflete e julga as informações que lê. Assim, para que a interpretação ocorra, é necessário que a compreensão a preceda, caso contrário não há possibilidade de sua manifestação.” (MENEGASSI / 2010)
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1) Leia o texto e procure responder:
a) Quem escreve, na sua opinião esse gênero?
b) Em que suporte? Em que tipo de material circula?
c) O texto adaptado foi retirado do conto O colocador de pronomes, para
quem na sua opinião, ele foi dirigido?
d) Quando foi produzido? Em que momento da história do país?
e) Que importância as pessoas dão a esse gênero?
2) No conto “O colocador de pronomes”, de Monteiro Lobato, há na
caracterização das personagens, um estereótipo marcado que pode ser
percebido sob o ponto de vista de Triburtino(coronel, personagem de
destaque). Principalmente nas figuras femininas. Procure apontar pelas
proposições abaixo e através da imagem da mulher, de certas convenções
sociais, o que pode-se concluir sobre:
a) A personagem Preta-Luzia:
b) A esposa do coronel:
c) Laurinha, a filha mais moça do coronel:
d) Aldrovando:
Tratamento Diferenciado e relações raciais: Personagens negros e
brancos na literatura não são vistos do mesmo modo.
Tratamento Diferenciado de classes: personagens de classe
trabalhadora (operário, funcionário público e outros são marginalizados,
subalternos).
1) No texto que você leu a hierarquia típica do poder delegado aos donos
da terra, das grandes propriedades é satirizada. De que forma isso
pode ser percebido no texto?
EXPLORANDO OS CONTOS DE MONTEIRO LOBATO
Na obra Urupês (1918) de Monteiro Lobato é possível identificar toda uma
problemática acerca de questões sociais e dentre elas a da terra. O Brasil, de
base econômica agrária na época, apresentava um contraste enorme entre os
anseios do desenvolvimento urbano e a situação precária do meio rural. Surge
neste período a literatura Pré-Modernista que vai por meio de uma linguagem
21
regionalista denunciar as mazelas existentes na sociedade. È neste cenário
também que o escritor apresenta na obra citada a caricatura do caboclo, o caipira
como é conhecido, fruto da segmentação histórica: O Jeca Tatu.
Nesta atividade, o professor pode sugerir a leitura do livro para ser
apresentado em sala de aula e colocar opções aos grupos de alunos para
encenar uma história que retrate o personagem, simular um encontro do Jeca
Tatu da época com o universo cultural contemporâneo e o impacto com o aparato
tecnológico, dramatizando esta situação ou até revisitar histórias do Pedro
Mallazarte e discutir o conhecimento empírico e a sabedoria popular do povo.
Para avaliar este trabalho, o importante é incentivar a expressividade do
aluno, observar suas argumentações próprias, o valor da adequação do discurso
para atingir objetivos, perceber suas dificuldades em resumir um assunto,
compreender um conceito, enfim. Também é uma ótima oportunidade de se
trabalhar a variação linguística, levando este a identificar no texto as marcas que
evidenciam o locutor e o interlocutor.
Para discutir em sala de aula (oralidade)
No contexto da obra que problemas podem ser elencados pela falta de
uma política inclusiva?
Na sua opinião, os problemas da época coexistem ainda na era da
revolução tecnológica e de produção em grande escala?
Observe os fragmentos abaixo retirados do livro Urupês (p. 90-92):
A) “Pobre Jeca Tatu! Como é bonito no romance e feio na realidade!
Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo...”
“Há mil razões para isso, porque não é sua a terra; porque se o tocarem
não ficará nada a outrem que aproveite; porque para as frutas há o mato; porque
a criação come; porque...”
B) “qualquer deslocamento de pessoa traz conseqüências demográficas (o
número de habitantes aumenta nas áreas de atração e diminui nas de repulsão) e
culturais.”
C) “Em 1920, apenas 10% da população brasileira vivia em cidades, as
escolas eram em número reduzido e se concentravam nas zonas urbanas, eram
raríssimas no meio rural “
A Geografia pode contribuir com a construção de um espaço para todos?
22
Que problemas podem resultar da falta de condições básicas para a
permanência do homem rural em seu meio?
1) Sugestão de produção de texto descritivo ou uma paráfrase: descreva o
trabalhador brasileiro deste período (1920), não esqueça de contextualizar a
situação da economia vigente e a realidade social que determinou grande parte
do perfil do brasileiro(caboclo, fruto da mestiçagem, o negro submisso...).
2) O censo de 2000 do IBGE revelou que 80% dos brasileiros moram em
cidades, situação oposta à realidade do Brasil agrário, de população rural de
1920. Porém, a situação de emprego para homens e mulheres ainda é
preocupante. O garimpo em grandes lixões, por exemplo, expõe literalmente a
problemática que inclui até crianças na tarefa de separar objetos entre os detritos.
Grande parte da população urbana, sem trabalho, acaba entre outras
alternativas, fazendo este trabalho, sem nenhum cuidado.
Na sua opinião, o que tem contribuído para o agravamento dessa situação?
O deslocamento das pessoas para os grandes centros ainda acontece,
porém é fato que atualmente está expressivo o número de pessoas fazendo o
caminho inverso, procurando cidades de pequeno ou médio porte. Isso pode
gerar, na sua opinião, algum problema? Explique.
Produção de texto dramático
É importante no momento da produção levar em consideração os
fatores de contextualização (situação/texto ou texto/situação), além das
condições de produção já citados no trabalho.
Temática: a marginalização provocada nos grandes centros urbanos como
produto ou resultado da inexistência de uma política de planejamento e
gerenciamento da esfera urbana.
Na música Saudosa Maloca, de Adoniram Barbosa(compositor), há um
reflexo da cidade de São Paulo, em 1978, e que revela uma identidade histórica
quando, pelo processo de modernização das cidades , a arquitetura antiga passa
a ser motivo de desvalorização como bem material. Dessa forma, a população do
subúrbio sofre pressões para adequar-se ao movimento de progresso, mesmo
sem condições para alguns.
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Observe a letra e transforme o seu conteúdo em um pequeno texto
dramático capaz de sensibilizar para os dramas vividos por personagens reais
que lutam para manter-se em um sistema capitalista.
Com a ajuda do professor, siga as regras do jogo proposta:
Os grupos devem inicialmente
a) observar o cenário
b) ilustrar o cenário na hora de entregar o texto
c) observar as características dos personagens para conduzir as ações no
texto
d) ler atentamente o trecho de diálogo apresentado e utilizar pelo menos
parte dele.
e) Respeitar o tempo determinado pelo professor para finalizar o trabalho.
f) Acatar as orientações dadas pelo professor durante o processo de
produção.
Cenário: bairro pobre e próximo a um campo industrial, moradores que
trabalham na informalidade e de escolaridade incompleta.
Sugestões de composição da família:
- ÉDIO (jovem, filho do casal)
- DÉLIA (mãe otimista mas sonhadora)
- NICO (casado com Délia e padrasto de Fernanda)
- D.MARICOTA (Mãe de Délia)
Fragmento a ser utilizado no texto:
NICO: (falando nervoso e torcendo a mão, chegando na cozinha) - DÉLIA,
vô batê nela!
DÉLIA: (acalmando-o) - que é isso home? Qué descontá NE nóis teus
probrema? Carma!!
NICO: - Como é que posso fica calmo com o aluguel atrasado pela terceira
vez? E essa música infernal da tua filha lá no quarto?
DÉLIA: (da tapinhas nas costa de Nico, solidária às preocupações do
marido)
EDIO: (fala baixinho, entrando no quarto de Celeste) - CELESTE, para de
chupar bala, que você vai virá uma bola!
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CELESTE: (com a bala na boca) - Cê bem sabe que tô tensa não consigo
parar de comer e usar essa guloseimas( olhando para um clipe em determinado
canal de TV)___Nossa...essa música é demais!!!!
Para avaliar estas atividades, ver em anexo a ficha de produção de texto
dramático.
25
AVALIAÇÃO
A unidade didática “O texto dramático: uma alternativa metodológica no
ensino” é de caráter interdisciplinar e considera fundamental a perspectiva de
estudo pela língua em funcionamento: a linguagem é uma forma de interação.
Sendo assim, é preciso observar aquilo que Irandé resume sobre a dinâmica da
linguagem: é uma atividade interativa, entre dois ou mais interlocutores, se realiza
sob a forma de textos orais ou escritos, são veiculados em diferentes suportes,
com diferentes propósitos comunicativos e em conformidade com fatores
socioculturais e contextuais(p.146).
Os conteúdos, objetivos e práticas pedagógicas segundo a autora,
poderão articulados, favorecer uma nova dimensão do ensino da língua,
objetivando a ampliação de todas as competências que a atividade verbal prevê.
Dentre estas se destaca neste projeto, por exemplo, a de o aluno aprender a
relacionar as informações dos textos verbais com outras expressas em diferentes
linguagens. As atividades apresentadas na unidade didática podem ser
trabalhadas, mesclando os textos, as formas de produção ou alguma atividade
que o professor pensou executar de modo diferente. Um texto que apareceu
como proposta na área de Geografia, poderá também para a área de Língua
Portuguesa ou de História.
Evidentemente que assumir esta perspectiva requer também adequar-se
às formas de avaliar: “Sem avaliação de aprendizagem condizente, assim como
avaliar inadequadamente, pode propiciar desequilíbrio qualitativo entre ensino e
aprendizagem.”( BOTH,1991:22)
As Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa esclarece bem esta dimensão quando expõe a produção científica, as manifestações artísticas e o legado filosófico da humanidade como dimensões para as diversas disciplinas do currículo e que orientam o trabalho pedagógico pautado na totalidade do conhecimento e sua relação com o cotidiano (p.21).
Logo, a avaliação das atividades de leitura, interpretação e escrita devem
ser privilegiadas como campo de observação do professor, perseguindo os
encaminhamentos de uma avaliação formativa como prevê a lei
n.9394/96(LDBEN).
26
Não adianta dizer que se está trabalhando de forma interdisciplinar, se na
prática pedagógica, privilegiamos apenas a memorização, a passividade dos
alunos em relação aos conteúdos e a descontextualização na forma de
apresentar tais conteúdos.
De um modo mais específico acerca dos procedimentos e critérios das
avaliações a serem efetuadas, seguem em anexo quadros de sugestões aos
professores para avaliar os textos produzidos, podendo estes ser alterados pelos
mesmos.
Quanto à leitura e interpretação, os professores das áreas poderão focar
também as questões específicas de suas disciplinas sempre de forma
contextualizada, como norte de observação e análise que garanta aos mesmos
acompanhar, compreender e concluir se houve de fato alguma aprendizagem.
27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANTUNES, Irandé. Muito Além da Gramática: por um ensino de línguas sem
pedras no caminho. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
BAKTHIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes,
2003.
BAKTHIN, Mikhail M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. 13ª ed. São Paulo:
Hucitec, 2009.
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Nacional,
1982.
COELHO, Teixeira. O que é ação cultural. São Paulo: Brasiliense, 2008.
CEMPEC, Ensinar e Aprender. Vol. 3 Sead. 1997.
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GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. 2º ed. Porto Alegre: L&PM, 2010.
Suassuna, Ariano. O santo e a porca. 18º ed. Rio de Janeiro: José Olympio,
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GERALDI, João Vanderlei. O texto em sala de aula. 2ª ed. São Paulo, Assoeste,
1995.
GOMES, Dias. O pagador de Promessas. 41ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand
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KLEIMAN, Ângela. Ensinando a leitura: Ensino e Pesquisa. Campinas: Pontes,
1989.
KOCH, I.G.V. e TRAVAGLIA, L.C. A coerência textual. São Paulo: Contexto,
1994.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça, Luiz Carlos Travaglia, 3ª Ed. São Paulo:
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MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e
compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.
MAGALDI, Sábato. Iniciação ao teatro. 7ª ed. São Paulo. Ática, 2004.
28
MOLLICA, Maria Cecília. Fala, letramento e inclusão social. São Paulo:
Contexto, 2007.
NEVES, Libéria Rodrigues & Santiago, Ana Lydia B. O uso dos jogos teatrais na
educação. Possibilidades diante do fracasso escolar. São Paulo: Campinas:
Papiro, 2009.
ORLANDI, Emi Puccinelli. Análise de Discurso: princípios e procedimentos.
Campinas. SP: Pontes, 4ª Ed. 2002.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. O ato de ler:fundamentos psicológicos para
uma nova pedagogia da leitura. 10ª ed. São Paulo: Cortez, 2005.
VAL, Maria da Graça Costa. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes,
1991.
WILLIAM, Shakespeare (1564-1616). O conto do inverno. Tradução, notas e
bibliografia José Roberto O´Shea; introdução Marlene Soares dos Santos. São
Paulo: Iluminuras, 2009.
31
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO PARA O GÊNERO DRAMÁTICO
TEMÁTICA:
O texto se reporta de forma significativa e pertence ao tema proposto?
a) Satisfatoriamente
b) Não
c) sim
ADEQUAÇÃO DISCURSIVA
A organização geral do texto está de acordo com os componentes próprios do
gênero? (rubricas, cenário, tempo, indicações das personagens)
a) satisfatoriamente
b) não
c) sim
Considera o interlocutor quanto à linguagem aplicada?
a) Satisfatoriamente
b) Não
c) sim
ADEQUAÇÃO LINGUÍSTICA
( ) Os marcadores de tempo e espaço estão presentes nas indicações de
cenário ou figurino?
( ) O tempo-duração está representado nas rubricas e mudanças de cenas e
atos?
( ) Foram empregadas as ações e os diálogos, respeitando um encadeamento e
progressão no enredamento no conflito dramático?
DESENVOLVIMENTO DA EXPRESSÃO ESCRITA
( ) O título instiga o leitor?
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( ) O texto atende a algum fator de contextualização pela dinâmica dos diálogos
(parte da situação para o texto ou vice-versa)?
( ) O texto atende às convenções da escrita?
( ) Modificou a convenção da escrita para atender ao sentido do texto?
( ) Utiliza o discurso direto bem como recursos lingüísticos e gráficos
expressivos no texto?
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1) Atende ao comando de produção?
2) Tomou uma posição?
3) Utilizou argumentos de autoridade ou exemplos?
4) Usou expressões que introduzem argumentos?
5) Usou expressões para concluir suas idéias? Exemplos: “então, “assim”,
“portanto”, etc.
6) Organiza as partes constitutivas do texto (apresentação, paragrafação)?
7) Coloca o leitor a par da questão polêmica?
8) Respeita o tema, a esfera de circulação, interlocutor, finalidade?
Observação: há muitos outros aspectos a serem analisados e que o professor
poderá estar dialogando com seus alunos a respeito. Essencialmente estes já
contribuem para a especificidade do gênero.
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O TEXTO DRAMÁTICO
Texto adaptado do conto Negrinha de Monteiro Lobato ( adaptação feita pela
professora Neiva)
O colocador de Pronomes
Personagens
Aldrovando Cantagalo
Coronel Triburtino
Do Carmo
Laurinha
Preta-Luzia
A esposa do coronel
O empregado
Pontes
Salustiano
Vereador José
Vereador Barnabé
Cena I
Cenário: (mesa, três cadeiras, rádio e material de cartório)
Aldrovando entra vagarosamente, carregando algumas pastas e colocando-as
sobre a mesa; procura por uma caneta.
Aldrovando: Como exemplo de um bom itaoquense, hoje preciso fazer minhas
leituras e impressionar o mundo com meus versos! (falando pensativo e
sentando-se na cadeira)
Após um silêncio, levanta-se e vai até a porta espiar o movimento da rua.
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Laurinha: ( passando perto o cumprimenta, sorrindo)___Bom dia senhor
Aldrovando, como tem passado?
Aldrovando: (com olhar respeitoso) ___Bom dia senhorita, estou bem obrigado,
acaso vai a um passeio? Está tão formosa.
Laurinha: (tímida)___Ah, não...que bom seria, mas não posso, vou falar com o
vigário, a pedido de meu pai, com licença.( ao apressar-se, derruba um lencinho)
Aldrovando olha para o chão e recolhe o objeto perdido e tentando devolvê-lo,
chama pela moça.
___Laurinha, por favor...
Laurinha ouve, mas prossegue, sem olhar para trás e o escrevente guarda o
lenço com cuidado.
Cena II
Cartório, é manhã do aniversário da cidade, tudo está agitado, o escrevente entra
rápido no cartório e derruba alguns livros e no meio deles o lencinho.
Aldrovando: ___Nossa, (cheirando o lenço) que perfume encantador!( olha para o
lenço e vê as iniciais: L.M.
(sentado, começa a sentir que o cupido o atingira, faz cara de apaixonado)
____È uma linda moça, linda mesmo.
Uma hora depois...
Triburtino: (entra apressado no cartório)
____Preciso tirar umas certidõezinhas aí, o moço vai demorá? Me atendê? (põe
sobre a mesa uma garrucha velha).
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Aldrovando:____Coronel, quanta satisfação em atendê o senhor, diga.
Triburtino: ____Intão se apresse que hoje tem fudunço lá câmara da prefeitura e
minha pessoa é indispensável; comprei mais umas terrinhas pro café, mas
preciso antes de mais nada me livrar daquele povo por lá! E o jeito é oferecê uns
favorzinhos a troco da apadrinhagem, compreendeu?( ergue a voz)
Aldrovando: Sim, sei que o coronel não é homem de brincadeira, lembro-me até
de certa vez que o coronel esgoelara um sujeito lá na prefeitura por ser
oposicionista, oxê se lembro! ( vai pegando a papelada da mão do coronel e
carimbando rápido)
Triburtino:___Sim, preciso arrebanhá meus votos ( exaltado, faz continência ao
moço e sai)
Cena III
Sessão na câmara de Itaoca
Entra Triburtino, juntando-se aos demais vereadores e iniciando o discurso
____Senhores, aqui reunidos prá que fique registrado na história de Itaoca,
nosso empenho no desenvolvimento da agricultura que depende cada vez mais
do nosso apoio como produtores ; portanto, nossa generosidade vai acontecê
para aqueles que ficarem do nosso lado!Compadre Salustiano e vereador
Salustiano, leia a ordem do dia. ( senta-se imponente na cadeira)
Salustiano: A discussão de hoje é que com o voto aberto, vamo tê fazê uma
averiguação na região, pra conferi quem ta descontente e tomá providência.
Vereador Barnabé: ____Perfeitamente, fiquei sabendo que os Silva lá do lado do
Ribeirão, tão em “cima do muro.”
Vereador José: ____Mas sem escola e sem saúde, o negócio é ir pra cidade.
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Triburtino: ( gritando)____Ora essa, mas de que lado você está home? Esqueceu
os favores que lhe fiz?
Vereador José: ____O coronel me desculpe, mas é o que pode acontecê.
Confusão na câmara, todos falam alto e ao mesmo tempo, Triburtino bate na
mesa e encerra tudo na base do tiro.
Cena IV
Tarde de sábado, expediente no cartório. Aldrovando escreve um bilhete
destinado à Laurinha: “Anjo adorado, amo-lhe”. Logo em seguida chama seu
amigo, para conversar.
____Pontes, Pontes...venha cá amigo, preciso de um favorzinho seu...(bate no
ombro do amigo) leve este bilhete a Laurinha, a mais moça do coronel Triburtino,
mas tome muito cuidado, é sigiloso.
Pontes:____Mas e se o coronel me pega de enxerido?
Aldrovando:____Ora fique atento home. Agora vá ( acena um adeus).
Cenário: casa do coronel Triburtino
Pontes, entrando no pátio sorrateiramente, enfia o bilhetinho por debaixo da
janela do quarto de Laurinha, próximo ao escritório da casa.
Minutos depois...
Triburtino: ( entrando no escritório e reclamando)____Mas que diabo de cheiro é
esse, já falei pra não passar veneno pra cupim sem abrir a janela, mas será
possível!( vai abrir a janela e enxerga ao lado da outra o bilhete)
____O que é isso ali?(aproxima-se e puxa com o chicote o papel, abre-o).
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Depois de três dias
Triburtino: ____Preta-Luzia, venha aqui!!
Preta-Luzia:____O que eu fiz dessa vez coronel?Não lustrei suas botas?
Triburtino:_____Deixa de lesura e vá até o cartório entregar isto aqui pro moço
desavergonhado, conhecido como Aldrovando, chispa!
Preta-Luzia:____Sim senhô. (sai correndo)
Cena IV
Manhã de domingo, depois da missa
Aldrovando (chega ressabiado com a pulga atrás da orelha) ____Mandou me
chamar coronel? Algum problema com documentação?
Triburtino:____A família de Triburtino de Mendonça é mais honrada nesta terra, e
eu, seu chefe natural não permitirei nunca ouviu,_ouviu bem? Que contra ela se
cometa o menor deslize( para e misteriosamente puxa a gaveta)
Aldrovando sua frio( com medo de morrer começa a olhar para a porta para
buscar refúgio)
Triburtino:____È sua esta peça de flagrante delito?
Aldrovando:____ehhh....sim,nas eu posso explicar....(balbucia)
Triburtino:____Muito bem!( fala grosso) Ama então minha filha e tem a audácia de
o declarar, pois então agora...è casar. ( com olhar vingativo)
Aldrovando:____Beijo-lhe as mãos coroneltanta generosidade em peito humano!
Agora vejo com que injustiça o julgam aí afora.
Triburtino:____Nada de frases moço (ameaçador) vamos ver ao que
serve:declaro-o noivo de minha filha!____Do Carmo, venha abraçar teu noivo(
olha para dentro da sala gritando)
Aldrovando:____Laurinha, quer dizer o coronel...(piscando seis vezes e
tremendo)
Triburtino: ( cara fechada)____Sei onde trago meu nariz moço, vassuncê mandou
este bilhete à Laurinha dizendo que ama-lhe;Se amasse a ela deveria dizer “
amo-te”. Dizendo amo-lhe declara declara que ama a uma 3º pessoa , a qual não
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pode ser senão a Maria do Carmo, salvo se declara amor a minha mulher(
olhando feio para o rapaz)
Aldrovando:____Oh coronel...
Triburtino:____Ou à Preta-Luzia, a cozinheira, escolha.
Aldrovando: (balbuciando)____Estou perdido.
Triburtino: (bate no ombro do escrevente)____Os pronomes como sabe são três,
da 1º pessoa: quem fala; e neste caso Laurinha; da 3º pessoa de quem se fala, e
neste caso Do Carmo, minha mulher ou Preta-Luzia.
Entra na sala Do Carmo, arrastando-se de uma perna e direcionando-se para o
encontro com seu único pretendente na cidade
Aldrovando: (olhando para a garrucha também na sua direção)____Muito bem
coronel, eu caso.
Observação: Há uma segunda parte desta história que não foi utilizada neste
trabalho por ser muito extensa, mas pode ser repassada depois a quem
interessar.
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A organização discursiva do texto teatral é conversacional nos diálogos e
descritiva nas rubricas.
A paráfrase: quando se faz uma paráfrase não se cria nenhum sentido novo
para o texto. Pelo contrário, a paráfrase deve manter tanto quanto possível,
os sentidos do texto original. É a tradução de um conteúdo, de um assunto.
A estrutura do texto dramático:
ATOS: geralmente indicados com a queda do pano ou com o escurecimento da
cena, correspondem aos diferentes momentos de desenvolvimento do conflito
teatral. Por exemplo: em uma obra com três atos, o primeiro costuma apresentar
o conflito, o segundo o desenvolvimento e o terceiro expõe a resolução dos fatos.
CENAS: ocorrem dentro de cada ato, são as divisões marcadas pela entrada e
saída dos personagens.
QUADROS: Constituem as divisões internas dos atos, determinadas pelas
trocas de cenário.