ficha de avaliacao_aula 10

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NA ELABORAÇÃO DE UM ACORDO DE CO- GESTÃO DA PESCA NO ESTUÁRIO DA LAGOA DOS PATOS (BRASIL): OPORTUNIDADES E DESAFIOS ENFRENTADOS POR MEIO DA IMPLEMENTAÇÃO 1. Objetivo Político ou de gestão & Tema Neste estudo, o objetivo foi verificar a legitimidade do Fórum da Lagoa dos Patos aos olhos das comunidades pesqueiras através da pesquisa com 623 pescadores e através de entrevistas semi- estruturadas. A pesquisa e as entrevistas abordaram problemas relacionados com a representação dos interesses dos pescadores no Fórum, bem como a compreensão dos pescadores acerca dos mecanismos em vigor para a participação nas decisões. 2. Enfoques chave Pesca de co-gestão; Processos deliberativos; Democracia participativa; Estuário da Lagoa dos Patos. 3. Experiências que podem ser compartilhadas O compartilhamento de autoridade de gestão entre os usuários não é, por si só, um requisito suficiente para a criação de sistemas de gestão mais legítimos da pesca. O sistema de co-gestão também deve conseguir legitimidade em seus próprios termos. O principal argumento para a implementação de sistemas de co-gestão da pesca é a oportunidade para formar uma instituição na qual os usuários têm a garantia de entrada no processo de gestão. Como as decisões de co- gestão são baseadas em participação dos usuários, certa quantidade de responsabilidade é entregue aos usuários que, em última análise, pode levá-los a tornar-se mais consciente quando a colheita do recurso. 4. Visão geral do caso Este artigo analisa um regime de co-gestão da pesca no Brasil. O Fórum da Lagoa dos Patos, uma parceria de colaboração entre comunidades, organizações governamentais e não-governamentais, foi criado para movimentar a gestão da pesca em direção a um processo de decisão de estilo de negociação. Os autores acreditam que, enquanto muitos sucessos são evidentes, incluindo a delegação de poder de decisão, maior proteção da pesca artesanal e uma maior legitimidade atribuída ao Fórum como um órgão de decisão, vários problemas permanecem. Estes incluem arranjos institucionais conflitantes, o reconhecimento mínimo dos interesses dos pescadores locais como preocupações e regras estabelecidas, e menos do que a participação

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NA ELABORAÇÃO DE UM ACORDO DE CO- GESTÃO DA PESCA NO ESTUÁRIO DA LAGOA DOS PATOS (BRASIL): OPORTUNIDADES E

DESAFIOS ENFRENTADOS POR MEIO DA IMPLEMENTAÇÃO

1. Objetivo Político ou de gestão & Tema

Neste estudo, o objetivo foi verificar a legitimidade do Fórum da Lagoa dos Patos aos olhos das comunidades pesqueiras através da pesquisa com 623 pescadores e através de entrevistas semi-estruturadas. A pesquisa e as entrevistas abordaram problemas relacionados com a representação dos interesses dos pescadores no Fórum, bem como a compreensão dos pescadores acerca dos mecanismos em vigor para a participação nas decisões.

2. Enfoques chave

Pesca de co-gestão; Processos deliberativos; Democracia participativa; Estuário da Lagoa dos Patos.

3. Experiências que podem ser compartilhadas

O compartilhamento de autoridade de gestão entre os usuários não é, por si só, um requisito suficiente para a criação de sistemas de gestão mais legítimos da pesca. O sistema de co-gestão também deve conseguir legitimidade em seus próprios termos. O principal argumento para a implementação de sistemas de co-gestão da pesca é a oportunidade para formar uma instituição na qual os usuários têm a garantia de entrada no processo de gestão. Como as decisões de co-gestão são baseadas em participação dos usuários, certa quantidade de responsabilidade é entregue aos usuários que, em última análise, pode levá-los a tornar-se mais consciente quando a colheita do recurso.

4. Visão geral do caso

Este artigo analisa um regime de co-gestão da pesca no Brasil. O Fórum da Lagoa dos Patos, uma parceria de colaboração entre comunidades, organizações governamentais e não-governamentais, foi criado para movimentar a gestão da pesca em direção a um processo de decisão de estilo de negociação. Os autores acreditam que, enquanto muitos sucessos são evidentes, incluindo a delegação de poder de decisão, maior proteção da pesca artesanal e uma maior legitimidade atribuída ao Fórum como um órgão de decisão, vários problemas permanecem. Estes incluem arranjos institucionais conflitantes, o reconhecimento mínimo dos interesses dos pescadores locais como preocupações e regras estabelecidas, e menos do que a participação ideal de pescadores no Fórum. O artigo conclui com várias sugestões para melhorias deste regime de co-gestão.

5. Contexto e Objetivos

a) Contexto (local ou situação presente)

O estuário da Lagoa dos Patos, onde a sobre-exploração da pesca estuarina foi surgida na década de 1990, por uma reformulação das instituições locais para criar um novo regime de co-gestão. Como um novo arranjo de governança, o Fórum da Lagoa dos Patos deverá promover padrões de consumo compatíveis com as características dos recursos e para a sobrevivência das comunidades de pequena escala da pesca artesanal no estuário. Este novo regime, conhecido como o Fórum da Lagoa dos Patos, é composto por várias partes interessadas, cujas atividades estão voltadas para a administração de recursos. Três objetivos foram identificados pelo Fórum como primordiais: (1) mitigar e / ou resolver os problemas dos pescadores e da crise no setor da pesca artesanal (2), recuperar a importância da pesca

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artesanal, e (3) descentralizar a tomada de decisões, de modo a resolver os problemas de gestão mais plenamente.

O Fórum reconhece que as comunidades de pescadores desempenham um papel importante na preservação de populações de peixes saudáveis e que a gestão dos recursos será mais eficaz quando há participação ativa das comunidades no processo de gestão. A hipótese de trabalho é que, se para os participantes em instituições de base local é concedido um papel de tomada de decisão importante, que por sua vez, têm o potencial para elaborar regulamentos que são mais flexíveis, adaptáveis e adequadas a situações específicas, em comparação com aqueles criados por agências centralizadas.

b) Objetivos

Este artigo enfoca os desafios da implementação de um acordo de co-gestão da pesca no sul do Brasil. Neste estudo, foi verificada a legitimidade do Fórum aos olhos das comunidades pesqueiras com 623 pescadores e através das entrevistas semi-estruturadas.

6. Implementação do Enfoque de GCI (p.e. gestão, ferramentas, recursos)

a) Gestão do Projeto

Durante o Fórum foram consultadas comunidades, organizações governamentais e não-governamentais, a fim de seguir para a co-gestão com tomada de decisão descentralizada.

b) Ferramentas de GCI

O trabalho de campo no estuário da Lagoa dos Patos (na cidade de Rio Grande, Brasil) foi realizado de novembro de 1999 a fevereiro de 2002. Os dados foram obtidos a partir de fontes primárias e secundárias. As fontes primárias de dados incluíram (1) entrevistas em profundidade semi-estruturada, (2) observações de campo em reuniões do Fórum, e (3) a pesquisa quantitativa de quatro comunidades de pesca. Dados adicionais foram incluídos com comentários de relatórios científicos, jornais locais, atas de reuniões, bem como leis, decretos e declarações políticas do Instituto Federal do Meio Ambiente (IBAMA) e do ex-Subsecretário de Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE).

7. Custo e recursos

Não se aplica.

8. Eficácia (p.e. se as metas/objetivos esperados foram atingidas)

Os objetivos da pesquisa foram atingidos, tendo em vista que foi analisado o processo de participação das comunidades pesqueiras no Fórum da Lagoa dos Patos. Também foram feitas sugestões para melhorar o processo de participação e inserir o processo de co-gestão. Entretanto, depende do governo implantar as sugestões contidas no presente artigo.

9. Fatores de Sucesso e de Fracasso

Sucesso

A transição de uma abordagem topdown para um mais descentralizado não é um processo rápido. Não se muda rapidamente uma cultura institucional. Entretanto, o Fórum tem conseguido resultados positivos importantes e ganhou legitimidade ao longo do tempo.

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Notavelmente, e pela primeira vez, o setor da pesca de pequena escala é reconhecido e está a ganhar poder de barganha no processo de tomada de decisão.

Fracasso

Em primeiro lugar, o Fórum ainda tem de encontrar um equilíbrio ideal entre a capacitação dos pescadores contra representantes da elite. Direitos conflitantes sobre o uso do estuário para além da pesca persistem como faz o poder historicamente enraizado de agentes governamentais.

Em segundo lugar, os problemas com a representação dos interesses dos pescadores nas mãos de representantes da comunidade permanecem. Quando combinado com a baixa participação dos pescadores no Fórum, as decisões que são insuficientemente apoiadas por pescadores artesanais têm seguido. Neste sentido, não há muito progresso que pode ser esperado até o Fórum encontra uma maneira de ampliar a base de poder, permitindo que os pescadores para definir os problemas a partir de seu ponto de vista e buscar soluções que consideram mais adequadas.

Terceiro, as atuais regras e regulamentos específicos para o calendário pesqueiro, e destinados a gerir melhor a pesca artesanal, não abordam a heterogeneidade de recursos e padrões de utilização dos recursos da comunidade.

Em quarto lugar, a área do estuário gerido pelo Fórum difere dos limites do ecossistema em que as comunidades de pesca artesanal operam. Conseqüentemente, as prioridades de gestão definidas no Fórum também diferem dos pescadores, que vêem nenhuma vantagem em fazer cumprir as regras dentro do estuário, quando não há controle de acesso e exploração dos recursos do mar pelas operações de pesca industrial. Este desajuste entre os poderes institucionais e do ecossistema é um fator que afeta a aceitação do Fórum entre pescadores.

Por fim, uma porcentagem muito pequena dos pescadores entrevistados no estuário ter participado nas reuniões do Fórum da Lagoa dos Patos e os mecanismos adotados para a representação pescadores no Fórum ainda não são suficientemente eficazes em trazer insumos para o processo de pescadores.

10. Resultados Inesperados

Não se aplica.

11. Preparado por

Brenda da Silveira WilkeJoão Paulo Martins Marques

12. Verificado por

João Paulo Martins MarquesBrenda da Silveira Wilke

13. Fontes de Informação

KALIKOSKIA, D. C; SATTERFIELD, T. On crafting a fisheries co-management arrangement in the estuary of Patos Lagoon (Brazil): opportunities and challenges faced through implementation. Marine Policy 28 (2004) 503–522.