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BENTO GONÇALVES | 16 SETEMBRO 2020 | EDIÇÃO 235 | ANO 19 Reprodução Web Festejos Farroupilha online

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Page 1: Festejos Farroupilha online · FESTEJOS FARROUPILHA JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020 Por: Rodrigo De Marco rodrigo@integracaodaserra.com.br Edição: Kátia Bortolini

BENTO GONÇALVES | 16 SETEMBRO 2020 | EDIÇÃO 235 | ANO 19

Reprodução Web

Festejos Farroupilha online

Page 2: Festejos Farroupilha online · FESTEJOS FARROUPILHA JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020 Por: Rodrigo De Marco rodrigo@integracaodaserra.com.br Edição: Kátia Bortolini

FESTEJOS FARROUPILHA JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020

Por: Rodrigo De [email protected]

Edição: Kátia [email protected]

Empresa Jornalística Integração da Serra Ltda. Rua Refatti, 101 - Maria Goretti - Bento Gonçalves - RS | Fone: (54) 3454.2018 | 3451.2500 | E-mail: [email protected] | www.integracaodaserra.com.br

Periodicidade: Bimensal | Diretora e Jornalista responsável: Kátia Bortolini - MTB 8374 | Jornalista e Social Media: Rodrigo De Marco - MTB 18973 | Área Comercial: Moacyr Rigatti | Atendimento: Sinval Gatto Jr. |

Diagramação: Vania Maria Basso | Editor de Fotografia: André Pellizzari | Colaboradores e Colunistas: Ancilla Dall´Onder Zat, Cesar Anderle, Letícia Simioni Schossler, Rogério Gava

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Bento Gonçalves vivencia evento com oficinas online e drive-in

Momento presencial ocorre com o Cinema no Parque, na ABCTG

Reprodução Web

om o tema “Gaúchos sem Fronteiras”, os Fes-tejos Farroupilha 2020 estão sendo vivencia-

dos no formato online, devido às medidas sanitárias relativas a contenção da pandemia do Coronavírus. O tema do evento objetiva a ampliação do conheci-mento da sociedade gaúcha sobre as raízes históricas do Rio Grande do Sul e a manutenção das tradições entre aqueles que migraram para outros estados e países, mas cultivam, no seu dia a dia, os hábitos da cultura gaúcha.

Em Bento Gonçalves, a programação, repleta de atrações, começou no último dia 13, com homena-gem à tradicionalista Ivete Dalla Valle e show de Li-sandro Amaral, seguindo até o dia 20, com lives de oficinas transmitidas da ABCTG, na Linha Sertorina, sobre Chimarrão, Culinária Campeira, Churrasco, En-

FESTEJOS FARROUPILHA 2020

C cilha, Charque, Danças Gaúchas de Salão e Declama-ção. A atividade presencial será a do Cinema no Par-que. O drive-in ocorre no dia 18 de setembro, às 20 horas, na sede da ABCTG. No telão, o filme Tropeiro Velho, estrelado por Teixeirinha e Mari Terezinha. O ingresso é um quilo de alimento não perecível.

O Integração da Serra, motivado pela impor-tância dos Festejos Farroupilha na manutenção e ampliação da cultura gaúcha, conversou com tradi-cionalistas que vivenciam os Festejos em grande es-tilo. Confira os depoimentos do professor e tradicio-nalista Álvaro Machado de Mesquita, do empresário Leandro Magnaguagno, proprietário da loja Recanto Nativo, especializada em produtos voltados à cultura gaúcha, da homenageada Ivete Dalla Vale e do pa-trão do CTG Laço Velho, Sérgio De Toni.

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020 FESTEJOS FARROUPILHA 3

“O início foi pela poesia”Fotos: Rodrigo De Marco

O professor Álvaro Machado de Mesquita, 81 anos, natural de Lagoa Vermelha, um dos ícones da cultura gaúcha em Bento Gonçalves, se apai-xonou pelas tradições aos 14 anos, em atividade estudantil, declamando uma poesia de Jaime Caetano Braun em homenagem a Paixão Cortes, um dos fundadores do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG).

“Era o ano de 1955, eu estava na rua lendo o Diário de Notícias e lá tinha uma poesia de Jaime Caetano Braun. Estava com a bicicleta parada na frente da escola, olhando o jornal, quando uma professora chegou e disse que eu tinha sido es-colhido para declamar uma poesia para o Paixão Cortes, que visitaria a escola. Eu tinha apenas 14 anos. Aceitei e comecei e me preparar para a apresentação. Bem pilchado, subi ao palco para

Hoje podemos afirmar, com

orgulho, que existem mais

de 1.500 CTGs filiados ao

Movimento Tradicionalista

espalhados pelo mundo,

inclusive na Rússia e na China.

Álvaro Machado de Mesquita recebido na redação do Integração da Serra pela jornalista Kátia Bortolini

Um dos ícones da cultura gaúcha em Bento Gonçalves, Álvaro Machado de Mesquita cultiva a tradição desde os 14 anos

declamar a poesia. O sucesso da apresen-tação me motivou ao cultivo das tradições gaúchas”.

“Quando mudei com a família, de Osó-rio para Bento Gonçalves, para lecionar no Colégio Aparecida, um tio que já residia no município e foi um dos fundadores do CTG Laço Velho, em 27 de agosto de 1957, me incentivou muito a participar do mo-vimento tradicionalista local. Quando in-gressei no Laço Velho, fui recebido como patrão da Estância de Osório”, conta.

Hoje, após mais de seis décadas, o professor e tradicionalista, com enorme prestígio no município e região, segue atu-ante em prol da manutenção da cultura gaúcha. Para ele, os festejos de 2020 de-monstram que, mesmo no formato virtual, as comemorações da Semana Farroupilha estão ocorrendo com enorme sucesso e representatividade. “O importante é man-ter a tradição. Hoje podemos afirmar, com orgulho, que existem mais de 1.500 CTGs filiados ao Movimento Tradicionalista es-palhados pelo mundo, inclusive na Rússia e na China. O lema desse ano expressa essa representatividade”, conclui.

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FESTEJOS FARROUPILHA JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 20204

Foto: Divulgação

Neste ano, és a homenageada dos Festejos Farroupilha em Bento Gonçalves. Como estás vivenciado esse momento?

Ivete: Ser a sexta pessoa e a segunda mulher a receber esta homenagem aumenta minha responsabilidade como tradicionalista. É desnecessário dizer da honra e alegria em ser a homenageada dos Festejos Farroupilhas de 2020, mes-mo que realizados de uma forma tão diferente. O trabalho está longe de terminar, pois há muito a se fazer pela tradi-ção, mantendo a essência e, principalmente, aceitar as mu-danças e acompanhar os tempos modernos para não nos tornarmos obsoletos.

Já recebestes inúmeras homenagens e honrarias. Alguma em especial?

Ivete: Todas as homenagens que recebi foram muito importantes. Representavam momentos distintos que esta-vam sendo vividos. Cada um deles de valor inigualável. Ser a homenageada dos Festejos 2020, pela prefeitura de Bento Gonçalves e ABCTG, representa a valorização de toda minha trajetória no tradicionalismo. É o reconhecimento do traba-lho que sempre busquei realizar com dedicação, de forma íntegra e com muito amor.

Como surgiu o interesse pelo tradicionalismo?Ivete: Iniciei minha participação no Movimento Tradicio-

nalista quando fui convidada, juntamente com minha irmã

A homenageada dos Festejos 2020

IveteDalla Valle

O trabalho está longe de

terminar, pois há muito a se

fazer pela tradição, mantendo

a essência e, principalmente,

aceitar as mudanças e

acompanhar os tempos

modernos para não nos

tornarmos obsoletos.

Neste ano, a homenageada dos Festejos Farroupilha em Bento Gonçalves é

a tradicionalista Ivete Dalla Valle. Desde muito jovem apreciava música e frequen-

tava bailes e festas junto com seus pais e familiares, onde aprendeu os passos

de dança. De caráter plural, exerceu por 30 anos a profissão de bancária e a de

professora em escolas particulares. Iniciou sua participação no Movimento Tradi-

cionalista depois de frequentar bailes no CTG Laço Velho, onde foi convidada, jun-

tamente com sua irmã Iraci, a fazer um curso de Danças Gaúchas de Salão. Após

recebeu o convite para ingressar na Invernada Artística do CTG Laço Velho. Logo

em seguida, Ivete passou a fazer parte da Patronagem (Diretoria) do CTG Laço

Velho como Sota-Capataz (Secretária), Diretora Cultural e integrante do Departa-

mento Campeiro, secretariando todos os Rodeios na parte campeira. De lá para cá,

Ivete participou de diversos eventos em cidades do Rio Grande do Sul e também

fora do país, como Uruguai. Na 11ª Região Tradicionalista atuou como diretora do

Departamento Cultural e secretária por várias coordenadorias.

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020 FESTEJOS FARROUPILHA 5

Iraci, a fazer um curso de Danças Gaúchas de Sa-lão, promovido pelo MTG e que habilitava a minis-trar aulas de danças de salão, sendo este o primei-ro curso do gênero na 11ª Região Tradicionalista. Seguiu-se o convite para ingressar na Invernada Artística do CTG Laço Velho. Em seguida, passei a fazer parte da Patronagem do CTG Laço. Poste-riormente, fui convidada a desenvolver palestras, fazer parte de comissões culturais, secretarias e a ser avaliadora de concursos. Com o convívio nos Centros de Tradições Gaúchas, percebi que são espaços de integração, onde nos reunimos para reviver os costumes e tradições. São locais de aco-lhimento, onde procura-se respeitar as diferenças individuais. Isso fez com que passasse a gostar cada vez mais dessa participação.

Como está sendo a experiência de vivenciar esses festejos de forma virtual?

Ivete: Quando abrimos os Festejos Farroupi-lhas desse ano ressaltamos que 2020 está sendo marcado por momentos muito difíceis. Nunca em minha vida imaginei que teríamos que manter distância das pessoas que amamos. Que nos abra-çaríamos de longe e aprenderíamos a sorrir com os olhos. Nos damos conta que, devido a pande-mia, o Movimento se tornou mais tecnológico, com atividades online. Sem a cuia passando de mão em mão, sem abraços, sem danças, transfor-mamos as redes sociais em galpões virtuais. E isso não vai mudar totalmente. Esse será o futuro. As redes sociais que antes nos afastavam, hoje são as ferramentas mais usadas para nos aproximarmos de quem e daquilo que gostamos.

Qual é a atual representatividade das mulheres no tradicionalismo?

Ivete: Desde os primórdios do Movimento Tradicionalista Gaúcho, tivemos a participação feminina, seguindo o exemplo das mulheres gaúchas que mantiveram a economia do Estado, em tempos de guerras, pois os homens partiam para a luta e as mulheres mantinham as estâncias produtivas. A mulher, com o passar dos anos, foi

conquistando seu espaço, antes timidamente e depois de forma mais atuante, se fazendo neces-sária, pela competência, trabalho e dedicação. As pioneiras foram desbravando e conquistando os espaços, antes ocupados por homens. Já temos mulheres exercendo o cargo de Conselheiras, Co-ordenadoras Regionais, Vice-presidentes e, neste ano, pela primeira vez na história do Movimento, tivemos duas mulheres pleiteando o cargo máxi-mo dentro do MTG. Hoje, o MTG está sendo admi-nistrado por uma mulher.

Qual é a representatividade do dia 20 de setembro na Revolução Farroupilha?

Ivete: A data de 20 de Setembro não é so-mente para festas. Setembro é um mês cívico, de reflexão e agradecimento pelos que deram suas vidas para o Rio Grande do Sul conquistar o res-peito merecido pelos governantes. Nos utilizamos do ufanismo e das festividades para conscientizar

Nos damos conta que, devido

a pandemia, o Movimento se

tornou mais tecnológico, com

atividades online. Sem a cuia

passando de mão em mão,

sem abraços, sem danças,

transformamos as redes sociais

em galpões virtuais. E isso não

vai mudar totalmente. Esse

será o futuro.

nossas crianças e jovens de que temos cultura e tradição rica, que somos um povo diferenciado, trabalhador e aguerrido.

Considerações gerais.Ivete: Uma história de vida não se faz sozinha.

Muitas pessoas fizeram parte dessa caminhada. Por isso, agradeço a todos que possibilitaram que eu viva esse momento. Aos meus pais, por serem visionários e, numa época bem diversa, ensina-ram que o estudo e o conhecimento eram o ca-minho. Aos meus familiares pelo apoio, incentivo, por sempre acreditarem em mim e pelos exem-plos a serem seguidos. Aos meus amigos e tradi-cionalistas, agradeço o companheirismo e o com-prometimento. Sou grata à ABCTG e sua diretoria, aos coordenadores da 11ª Região Tradicionalista, aos CTGs de Bento Gonçalves e região e ao Mo-vimento Tradicionalista Gaúcho por me fazerem crescer como ser humano e pelas oportunidades e valorização da minha história. Agradeço, tam-bém, à imprensa pela divulgação de todo nosso trabalho. Gratidão ao Poder Público Municipal por apoiar e incentivar a causa tradicionalista.

Foto: Divulgação

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FESTEJOS FARROUPILHA JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 20206

Gaita, paixão e bombacha

Apaixonado pela cultura gaúcha, o comerciante Leandro Magnaguagno, trajado com sua indumentária, alegra eventos tocando gaita

Desde quando participas ativamente do movimento tradicionalista?

Magnaguagno: Desde o ano de 2004, quando iniciamos nossa tra-jetória no comércio, com a inaugu-ração da Recanto Nativo, na época com espaço reduzido e pouco mais de 300 itens à disposição dos clien-tes. Desde então nos engajamos nas entidades da cidade e região para ajudar no fomento à cultura e ma-nutenção de nossos costumes. Fui diretor de Eventos e de Divulgação da 11ª Região Tradicionalista (RT), integrante do Conselho de Ética da 11ª RT, organizador dos Festejos Far-

adiados, sem previsão de volta. Nes-te momento de distanciamento con-trolado percebemos, nas manifesta-ções em redes sociais e nos poucos contatos mantidos, que o amor pe-las coisas da nossa terra permanece aceso e vivo dentro dos gaúchos. A ansiedade de retomarmos as nossas rodas de chimarrão, de nossas aulas de danças e dos fandangos nos CTGs é grande, mesmo sentimento de to-dos os integrantes das invernadas e departamentos das entidades.

Como defines os Festejos Farroupilha?

Magnaguagno: Como momen-to de enfatizar ainda mais nossa cul-tura, nossos usos e costumes.

roupilhas de Bento Gonçalves por dois anos, 2008 e 2011, e desde 2012 sou instrutor de Danças Gaúchas de Salão, responsável pelas aulas no CTG Laço Velho. Desde 2017, com a ajuda de mais dois casais, Guilherme Greselle e Mariana Dal Mas, Regis Arcari e Paula Masiero, atendemos também outros CTGs e entidades da cidade e região, além de preparar-mos coreografias para casamentos e aniversários. 2020 iniciou com agen-da lotada de eventos, bailes e forma-turas programadas para o ano todo. Surpreendidos com a pandemia do Coronavírus, todos cursos foram sus-pensos e os eventos cancelados ou

Com a pandemia e os festejos no formato online, houve uma diminuição nas vendas da Recanto Nativo?

Magnaguagno: Sim, a pande-mia está afetando muito, as vendas diminuíram cerca de 80%. No entan-to, vamos nos reinventando e crian-do algumas formas para poder pas-sar por este momento delicado.

Vocês têm apostado em vendas online? De forma geral, foi uma estratégia para driblar esse momento de dificuldades?

Magnaguagno: Não focamos em sites, só através das redes sociais, mas sim, estamos atendendo desta forma. Muitos produtos estão sendo enviados para o Brasil todo.

Fotos: Arquivo Pessoal

Leandro Magnaguagno (D) e sua gaita

Leandro também é instrutor de Danças Gaúchas de Salão, com a esposa Daiane Gasperin Magnaguano

Recanto Nativo: mais de cinco mil itens, desde vestimenta gaúcha a utensílios para chur-rasco e chimarrão, além de artesanato

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020 7FESTEJOS FARROUPILHA

O CTG Laço Velho sedia muitos eventos. Qual era a previsão da programação para esse ano?

De Toni: Tínhamos previsto um ano repleto de atividades e even-tos, com uma vasta programação artística, cultural e campeira. Porém, em março, fomos surpreendidos pela pandemia ocasionada pela Co-vid-19. Tivemos que cancelar todas as atividades até o momento.

Quais as ações realizadas pelo CTG para driblar o momento de crise?

De Toni: Fizemos um organo-grama de fluxo de caixa, tomando medidas de contenção de despesas, cancelando as atividades artísticas e campeiras onde tinha professores e músicos contratados. Reduzimos o quadro de funcionários, dando uma atenção ainda maior para as despe-sas.

Quais são as programações ainda para 2020 e as projeções para 2021?

De Toni: Temos expectativa que as atividades possam retornar antes

mos usar a nossa indumentária du-rante o ano todo. Nesses dias, ainda mais, para tornar presente às novas gerações a presença da cultura em nossa vestimenta.

O que tu poderias dizer para quem ainda não conhece a Recanto Nativo e busca uma referência para a compra de uma indumentária de destaque?

Magnaguagno: A Recanto Nati-vo está sempre à disposição dos pe-ões e prendas de Bento Gonçalves e região. Prezamos pela qualidade no atendimento e em todos nossos pro-dutos, com boas condições de paga-mento e ótimos preços.

A loja conta com quantos itens?Magnaguagno: Atualmente a

loja conta com mais de 5.000 itens, desde utensílios para o churrasco e chimarrão, como gamelas, tábuas, facas, espetos, cuias, bombas e ou-tros acessórios. Também atende na linha de indumentária, bombachas, botas, lenços, chapéus, vestidos para prendas e prendinhas e muitos ou-tros artigos de artesanato relaciona-dos com nossa cultura.

No período dos Festejos Farroupilha se observa o acréscimo de pessoas usando a indumentária gaúcha?

Magnaguagno: Sim, procura-

Doce Click Fotos

Sexta Farrapa noCTG Laço Velho

Os filhos Otávio e Francisco Magnaguagno já cultivam as tradições gaúchas

Patrão do CTG Laço Velho, Sérgio De Toni, ressalta que as redes sociais estão ajudando a entidade a enfrentar esse ano atípico

do final deste ano. Ainda temos al-guns eventos programados, como jantares, bailes e shows. Há também grande expectativa dos integrantes das invernadas, que estão desde o último mês de março sem ensaiar e participar de rodeios. Estamos oti-mistas, acreditando que a situação irá se normalizar em 2021, para que possamos retomar com todas as nossas atividades. Já temos eventos programados para o ano de 2021, além de outros projetos, como uma pesquisa histórica dos 63 anos do Laço Velho, para a publicação de um livro, além estarmos projetan-do um festival estadual de danças tradicionalistas. Será uma grande novidade em nossa cidade e re-gião. Nosso CTG, em especial, está programando a “Sexta Farrapa”, que acontecerá todas as sextas-feiras à noite na sede do Laço Velho, onde estaremos comercializando pratos típicos da culinária gaúcha, mas sempre respeitando todos os pro-tocolos de segurança para combate a Covid-19, onde o cliente poderá ficar um pequeno período conosco ou retirar o prato no local.

O que o CTG Laço Velho representa para sua vida?

De Toni: Ingressei no Laço Velho no ano de 1998. Desde então me dedico muito à entidade. Já fui vice, tesoureiro, coordenador ar-tístico. Esse é o meu tercei-ro mandato como Patrão. O Laço Velho é parte da minha vida, tanto pessoal quanto profissional. É como se fosse minha segunda casa, pois é onde passo a maior parte do meu tempo. Graças ao meu trabalho junto ao CTG, já recebi prêmios, homena-gens e o reconhecimento da comunidade, mas nunca fiz tudo sozinho, sempre tive todo apoio das patrona-gens e dos departamentos.

Sérgio e Marilene De Toni, patrões do Laço Velho

Foto: Arquivo Pessoal

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020SOLIDARIEDADE8

Projeto Pontos de Afeto beneficia Abraçaíatravés de confecção e venda de almofadas

Centenas de almofadas, confec-cionadas sob uma curadoria cuida-dosa, foram resultantes do projeto social Pontos de Afeto, desenvolvido pela empresária Beatriz Dreher Gio-vannini, em parceria com a artesã Marilene Galvagni Guerra. As almo-fadas estão sendo comercializadas em estabelecimentos comerciais de Bento Gonçalves. A renda será rever-tida para a Associação Bentogon-çalvense de Convivência e Apoio à Infância e Juventude (Abraçaí), que atende 250 estudantes, de 5 a 17 anos, no contraturno escolar, com refeições e atividades artísticas, en-tre outros benefícios.

O projeto social Pontos de de

54 2621.4868 | www.fluxocon.com.brRua Gomes Carneiro, 436 | Sala 21 | Edifício Marcello | Bento Gonçalves

Afeto deu um novo significado às peças de crochês produzidas por mães, avós e tias num passado re-cente, onde essa arte era exposta com grande orgulho na maioria dos lares da Serra Gaúcha. O envolvi-mento com a comunidade de Bento Gonçalves e o espírito do voluntaria-do sempre estiveram presentes na trajetória de Beatriz, ou Bita, como é carinhosamente conhecida. No ano passado, enquanto arrumava algu-mas gavetas, Bita se deparou com inúmeras peças de crochês feitas por sua mãe e sogra, há anos guardadas com afeto. Assim, surgiu a ideia de confeccionar as dez primeiras almo-fadas, experimentalmente produzi-

das, mas rapidamente vendidas.Neste ano, o projeto recebeu

muitas adesões e doações, numa corrente de solidariedade. “Foram tantas doações, que já temos ma-terial para mais três anos de Pontos de Afeto”, alegra-se Bita. Ela ressalta que escolheu repassar a verba ar-recadada para a Abraçaí por enten-der que nela está o futuro de Bento Gonçalves. “Quando você abraça uma criança, você constrói infinitas possiblidades”, afirma.

A possibilidade de ajudar o próximo sempre foi genuína para Marilene que, quando procurada,

aceitou prontamente o desafio de confeccionar as peças. “Começamos ainda em fevereiro. Recebia o tecido já com os crochês aplicados e então fazia a costura e o enchimento das almofadas. Foi um trabalho muito gratificante para mim”, ressalta a ar-tesã.

Para quem quiser contribuir com a causa, levando para casa almofa-das únicas e que resignificaram as peças de crochês, a comercialização será feita nos seguintes estabeleci-mento: Porta Azul, Lina Giacomello, Jane Beauty, Efeitoeneri, Acatê Mo-das e Porto dos Sonhos.

Foto: Divulgação

Beatriz Giovannini, Marilene Galvagni Guerra e Maria Isabel Schramm,presidente da Abraçaí

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020 9COOPERATIVISMO

Loja dos Artesãos Aurora resgataa tradição do feito à mão

Fotos: Daniela de Lucas

A responsabilidade social faz parte da essência da Vinícola Aurora. Fundada por 16 famílias, em 1931, a cooperativa trabalha visando o de-senvolvimento sustentável das 1,1 mil famílias que hoje fazem parte da empresa. Como uma das formas de retribuir o amor e carinho que os agricultores despendem diariamen-te com as videiras, a vinícola oferece programas sociais para ajudá-los em diferentes frentes.

Além de capacitações e estímu-los à sucessão rural, a cooperativa conta com a loja dos Artesãos Auro-ra, localizada em frente ao complexo enoturístico da vinícola (Travessa Ti-radentes, 61), em Bento Gonçalves. Há 24 anos, viticultores e familiares de associados têm a oportunidade de incrementar suas rendas com a venda de produtos feitos à mão. São mais de 100 itens, de lembrancinhas a artigos de decoração, muitos deles resgatando tradições como o crochê e o tricot.

“Trinta anos atrás, a Aurora ofe-

Grupo de 60 associados da Vinícola Aurora encontrou no artesanato a chance de incrementar a renda das famílias. Há 24 anos, espaço em frente à cooperativa comercializa produtos para turistas e visitantes

recia cursos gratuitos de artesanatos e de culinária para associadas em todas as regiões onde havia viticul-tores cooperados. Nas aulas, a gente aprendia a desenvolver dotes manu-ais, como crochê, tricot, bordados e pinturas, além de doces e salgados. A ideia era valorizar as pessoas que viviam na área rural, retribuindo a dedicação delas”, diz a presidente da Associação dos Artesãos Aurora, Sa-

lete De Costa Dall’Oglio, 64 anos.Salete, que faz parte da coope-

rativa desde que nasceu, conta que o processo dos artesãos foi natural, depois que perceberam o interesse dos turistas. Hoje, além de mulheres, a Associação dos Artesãos Aurora – responsável pela loja – é composta por 60 integrantes, incluindo ho-mens. Para fazer parte, basta ser co-operativado ou ter relação familiar

próxima (esposa, marido ou filhos de associados) e que residam, preferen-cialmente, em área rural.

“Nossas mercadorias são bem aceitas. É uma oportunidade para o agricultor aumentar a renda, espe-cialmente na entressafra, e a chance de o turista poder levar para casa lembranças de Bento Gonçalves e da região”, orgulha-se Salete.

Ela revela que, atualmente, a pre-ferência dos clientes são por itens de miniaturas em resina, madeira e biscuit, como garrafas de vinho, uva, cuia e fogão à lenha, que traduzem o simbolismo da região, e doces co-loniais, como chimias, geleias e com-potas. Todos os produtos agroindus-triais possuem o selo Sabor de Bento.

A loja funciona de segunda-feira a sábado, das 9h às 17h, e no domin-go, das 9h às 12h. Em função do Mo-delo de Distanciamento Controlado em decorrência ao coronavírus, os horários podem sofrer alteração. As-sim, sugere-se contato prévio, pelo telefone (54) 3455.2047.

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020POLÍTICA10

Eleições: quem irá concorrer aos cargos de Prefeito e Vice-Prefeito de Bento Gonçalves

Diogo Siqueira e Amarildo LucatelliPP, PSDB, Republicanos

Valmor Giordani e Cristina Flores Krueger PRTB

Paulo Caleffi e Eliana Casagrande PSD, PDT, PTB

Nos últimos dias, os diretórios representativos de partidos políticos em Bento Goncalves definiram as nominatas para as eleições municipais de 2020, no próximo dia 15 de novembro. Até o fechamento desta edição, tinham sido registradas nove inscrições para a chapa majoritária, de candidatos aos cargos de Prefeito e Vice. Confira os nomes que compõem as chapas.

CANDIDATOS ChAPAS MAJORITáRIAS à ADMINISTRAçãO DA CASA AMARELA

Volnei Tesser e Cleivana Ozelame Cidadania

Marcio Jair Possan eJorge Oliveira PT

álvaro Becker eSandro Amaral Democratas

Alcindo Gabrielli e Evandro Speranza MDB

Moacir Camerini e Iliene Basso PSB

Carlos Pozza e Wilson Estivalete PSC

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020 11REFLEXÃO

CésarAnderle

Diretor da Anderle Transportes

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fia Percepções

A cada dia é um novo

desafio, seja pelo

lado bom ou ruim,

nós é que temos

o livre arbítrio para

decidirmos qual dos

caminhos tomar.

mportante termos em mente que a vida se faz com pensamentos positivos e, por consequên-

cia, o encontro com a Felicidade. De nada adianta somente lamentarmos e perdermos a essência do bem, se vivermos com problemas criados por nós mesmos.

Quantas vezes nos deparamos com momentos difíceis em nossa vida e acabamos por desanimar e perder até a própria fé?

A cada dia é um novo desafio, seja pelo lado bom ou ruim, nós é que temos o livre arbítrio para decidirmos qual dos caminhos tomar. Cada um de nós tem uma maneira de ver os problemas e os de-safios. Existem pessoas otimistas e pessimistas. A forma que encaramos os desafios é bem pessoal e resultará em nosso bem-estar ou não. Problemas todos temos e são inúmeros, mas podemos vê-los de maneira diferente.

Existem pessoas capazes de enfrentar os inúme-ros incidentes de maneira simples e descomplicada. Mas não é tão fácil argumentar, pois o caráter e o bom costume se tornaram fora de moda e de con-texto na atualidade.

Percebemos, a cada dia, exemplos de dar dor no peito, a começar pelos nossos políticos, passando pelos nossos conselheiros espirituais, nossos par-ceiros e até nossos amigos.

Esses exemplos, todos, nos remetem ao desâni-mo e ao descontentamento por parte de cada um de nós. Quem tem valores e boa formação se frus-tra diante desses sentimentos. A busca frenética e a ansiedade de se dar bem, de ter mais e se sentir mais produtivo, faz com que as pessoas deixem de lado suas bases de família e até o reconhecimento pelo que os outros fizeram e fazem na atualidade,

esquecem-se da gratidão.O pior de tudo é que cada um tem a sua razão.

Ninguém reconhece que está errando, ninguém as-sume o erro, o erro sempre é da outra pessoa. Que mundo é este em que estamos vivendo?

Mas o importante é que possuímos uma infinita dimensão do bem em nosso interior, e é isso que determina o bem-estar e a felicidade de cada um.

Esta capacidade de se renovar perante as difi-culdades fazem a diferença num mundo influen-ciado pelo consumismo, que busca o desenfreado egoísmo do ter. Por isso que hoje, quando ouvimos alguém falar que devolveu algo encontrado, esque-cido em algum lugar, que não quis enganar alguém ou que faz alguma atividade para o bem comum da sociedade, nos enche de esperança, de alegria e nos incentiva para, no dia seguinte, prosseguir com a vontade de continuar trabalhando pelo bem-es-tar de todos.

Esse é o verdadeiro sentido de ser positivo diante das situações diferentes de cada dia. Muitos afirmam que o dia a dia é uma monotonia só. Mas eu diria que hoje, diante de tanta transformação, através de inúmeras informações jogadas em nos-sa mente, não existe mais monotonia, e sim uma correria. Cabe a cada um de nós sabermos se que-remos cair na monotonia com demagogia ou com várias atividades boas, mesmo que somente irmos da casa para o trabalho e do trabalho para casa. Veja o que é melhor para você mesmo. Mas não se es-queça de que dependemos do outro. Nada conse-guimos somente por nós mesmos, vivemos em um mundo interdependente!

Sucesso sempre!

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020COMPORTAMENTO12

LetíciaSimioni

Psicóloga - CRP 07/23986

Especialização em Constelações Familiares - Hellinger Schule (em

andamento)

Especialista em Psicologia Clínica - Ênfase em Psicanálise

Contato: (54) 99121.3633

@psicologaleticiass

Schossler

O amor que adoece...

ode soar inusitado num primeiro momento unir as palavras amor e adoecimento num

único título... mas sim, em alguns momentos, e com muito mais frequência do que se possa ima-ginar, o amor pode acabar atuando como um fator de adoecimento, ao invés de fortalecer os envolvidos.

De maneira muitíssimo interessante, Bert Hellinger, o pai das Constelações Familiares (Fa-millienstellen), aborda o amor cego e as dinâmi-cas envolvidas levando em conta os papéis nos quais esse tipo de situação pode existir (ex.: rela-cionamento entre pais e filhos, relacionamento amoroso, amizades, etc.). Quando o amor se ma-nifesta de maneira pouco consciente, com inge-nuidade e traços infantis em relação ao seu ob-jetivo (ex.: salvar pai e mãe de destinos difíceis), passa a existir uma carga.

Afinal, o que é amoroso em se tratando de re-lações familiares? Algumas vezes, há muito amor por detrás de atos entre filhos, pais, tios, avós, etc., por mais difícil que possa parecer encon-trar esse sentimento em determinadas atitudes.

Além disso, geralmente há pouca consciência da forma como esse sentimento aparece travestido nos mais diversos comportamentos e posturas. Percebo nos atendimen-tos o quanto ainda há uma ideia romantizada do quem vem a ser o amor, como algo que necessa-

riamente apenas o seria através da verbalização óbvia do “...eu te amo...”. Nesse aspecto, por meio

da análise produzida em psicoterapia, é possível incluir e tomar consciência das variadas manifes-tações que o amor pode se apresentar, sem jul-gamentos.

Tornar consciente e adulto o amor voltado aos pais, por exemplo, significa compreender e aceitar, mesmo que com muita dor, que não se trata de assumir destinos difíceis que podem ocorrer para alguns pais, como doenças graves e até mesmo a morte. Um amor que observa e internamente não briga com os fatos, mas diz sim e aceita aquilo que pode ser muito maior e muito mais antigo do que a própria existência de um filho, por exemplo. Fazer esse movimento de aceitação (e não necessariamente concordân-cia) significa assumir o próprio tamanho perante a situação, e porque não dizer, sentir também a impotência perante situações de dor. Quando o amor da criança, aquele que habita cada um e de diferentes maneiras, tem espaço para se tornar conhecido, também passa a ter espaço a compreensão de que, por maior que seja esse sentimento, não podemos fazer POR, no máximo COM. Do caso contrário, o que se vê são algumas dinâmicas como “antes eu do que você”, “eu sigo você no seu destino”, “eu por você”, e assim, obe-decendo a isso e dependendo de como foi, de maneira inconsciente, adoecemos. É muito co-mum estar emaranhado a esse tipo de dinâmica. Às vezes, inclusive, a mais de uma e com mais de um familiar. Por isso a importância de se tomar consciência, com uma condução psicoterápica de qualidade.

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020 13CRÔNICA

RogérioGava

[email protected]

Os objetos que compramos, e

levamos para casa, inventam para

nós um projeto de felicidade. Instalados

na sala, eles falam, têm sentimentos,

preservam a memória, sobrevivem a nós. Nenhum objeto é pária, merece ser

marginalizado.

Coleções

empre fui fascinado por coleções. Desde crian-ça, colecionei de tudo: tampinhas de garrafa,

chaveiros, caixas de fósforo, carteiras de cigarro (dessas, minha mãe não gostava, embora eu só as colecionasse vazias), pedras, conchas, borboletas (eu sei, nada ecológico), times de futebol de botão, aviões de montar, adesivos de janela (que chamá-vamos de “decalques”), carrinhos de ferro (os famo-sos “matchbox”, sonho de consumo de todo guri da década de setenta), selos, moedas, revistinhas em quadrinhos. Mais tarde, meu fascínio se transferiu para coletâneas de músicas em fitas K7, discos de vi-nil e latinhas de cerveja. Coleções que ficaram para trás, mas cederam espaço para as atuais garrafinhas em miniatura e rolhas de vinho, essas últimas que acumulo há quinze anos. Hoje, minha mais antiga, grande e perene obsessão colecionista, é juntar (e ler) livros.

Coleções, em suma, tem por alma os objetos. E objetos nos fascinam. Eles contam a nossa história. A saga de nossa família. Enquanto escrevo, olho em volta de minha biblioteca, meu “gabinete de curiosi-dades” e lembranças materializadas. Não me desfa-ria de nenhum dos objetos que ali repousam, nem por todo o dinheiro do mundo (bem, talvez, por todo o dinheiro do mundo, eu até pensasse a res-peito...). A verdade é que nos apegamos às coisas, pois elas justamente não são apenas “coisas”. São memórias vivas, atômicas, materiais, do que somos. É nosso passado que está aí. Guardar objetos é uma forma de aprisionarmos o tempo, de manter vivos os momentos.

O colecionista é esse ser estranho, uma espécie de neurótico obsessivo compulsivo do “guardar”. Por vezes isso se transforma realmente em doença, e todos já devem ter visto as notícias de pessoas que sucumbem em meio aos escombros de tudo o que guardaram. Sim, alguns, em sua fúria acumula-tiva, colecionam até lixo. Não há limites para a ob-sessão em colecionar. Acreditem o nobre leitor e a caríssima leitora: um holandês excêntrico é o dono da maior coleção do mundo de... sacos de vômito de avião! Ele guarda nada mais, nada menos, do que

Nélida Piñon, Livro das Horas

www.mercadodaqui.com.br

3.240 saquinhos para esse tipo de mal-estar. Até onde pude saber, todos vazios, felizmente.

Afora essas excentricidades um tanto grotescas, a verdade é que os objetos são reminiscências so-bre nós mesmos, ou sobre outros que os legaram. Como uma garrafa de champanhe 1969 (o ano em que o homem chegou à Lua), deixada pela minha avó materna e que hoje repousa em uma das estan-tes de minha biblioteca. O líquido está desbotado, como se desvanece a memória no correr dos anos. Imagino a velha videira que o gerou. A cantina onde nasceu. As mãos pelas quais passou. Em que can-tos descansou, quem o viu e o saboreou apenas em imaginação, conservando-o intocado por gera-ções. E quem, no futuro (meus netos, bisnetos?), irá guardar essa garrafa (ou não?). Abrigado agora em minha casa, ela é um dos retratos de minha própria história.

Para o historiador alemão Philipp Blom, autor de “Ter e Manter: Uma História Íntima de Colecio-nadores e Coleções”, o hábito de colecionar e juntar quinquilharias tem um grande fundo psicológico e filosófico (e, por que não, até religioso). Coleções traduzem uma forma de se isolar do mundo e, nem que de forma ilusória, ordená-lo. Também tem a ver com o desejo recôndito de perpetuação, sabendo que os objetos que acumulamos sobreviverão a nossa morte. Embora, a todo colecionador que se preze, cause arrepios imaginar que fim outros darão a tudo o que ele tão apaixonadamente conservou.

O ímpeto pelas coleções nos habita, e nem mes-mo Freud – também ávido colecionador – escapou a ele. Aliás, uma paixão sem fim, pois uma coleção nunca se completa. Sempre haverá um novo objeto cobiçado a tentar o colecionador. Aliás, para esse ser curioso, não há sentido algum em “terminar” uma coleção. Ela é uma obra viva, em eterno movimento, sempre disposta a abrigar mais um objeto em seus domínios. Colecionar é uma nobre e deliciosa arte, e também uma doença incurável. Sempre em busca do próximo objeto a possuir.

* * *

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020TEATRO14

Os desafiosdo teatroem tempos de pandemiaPor Rodrigo De [email protected]@sr_demarco

“Teatro é como sexo. É uma coisa que a gente diz: quero isso para mim”. A frase é da atriz Cristia-ne Torloni e resume o vício e o tesão de quem faz teatro, do ator que brilha no palco, independen-te do cachê que recebe. Em tempos de pande-mia, no entanto, os palcos fecharam as cortinas e os artistas tiveram que encontrar alternativas para manterem a chama da arte acesa. No dia 19 de se-tembro é celebrado o Dia Nacional do Teatro e para re-cordar a data e de quem faz arte na região, o Integração da Serra conversou com atores que têm demonstrado irreverência e criatividade para driblar as dificuldades de um ano de palcos vazios. Conversamos com o professor, bailarino e ator Moacir Corrêa, com a atriz e diretora cênica Juliana Gedoz Tieppo e com o ator e professor multifaceta-do garibaldense, Guilherme Carniell.

Foto: Getty Images

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Conte um pouco sobre tua história de vida e a ligação com a arte.

Guiga: Sou Guilherme Carniell, nascido e criado em Garibaldi. Eu sempre gostei de criar cenas, desde pequeno. Conforme fui crescendo, foram surgindo experimentações cênicas no bairro, na catequese, na escola e eu sempre estava metido e liderando projetos culturais. Hoje eu percebo como a arte sempre foi muito presente em minha vida. Já fiz vários personagens bíblicos, pos-so dizer que minha carreira de ator começou na catequese com as en-cenações de Páscoa e Natal. Na ado-lescência eu comecei um curso de te-atro, mas precisei parar por questões de agenda. Então, na vida adulta, já cursando a graduação de Publicida-de e Propaganda, a Cia Teatral Acto abriu vagas para seletiva de atores e atrizes. Sem perder tempo me inscre-vi e passei. Isso foi em 2015, quando o teatro fazia parte de uma noite da minha semana, eu via essa arte mais como hobby ou um passatempo, um momento para relaxar. Porém esse hobby foi virando paixão e, quando eu vi, estava me matriculando no curso profissionalizante de atores e atrizes da Escola de Teatro Tem Gen-te Teatrando, de Caxias do Sul. Foram dois anos de estudos e práticas tea-trais que abriram a minha mente e

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020 15TEATRO

Guiga: o ator das múltiplas cores e faces

Se teatro é tesão e um vício, certamente Guiga está entre os atores que mais experimenta e aproveita cada centímetro do palco

Guilherme Carniel, o Guiga, já interpretou inúmeros personagens, dos mais diversos estilos e características. A alegria e energia deixada nos palcos é apenas um detalhe no trabalho do ator. Atualmente é um dos artistas da Companhia Teatral Acto, que conta com nove atores e atrizes.

Foto: Arquivo Pessoal

me fizeram focar nessa carreira cada vez mais. Hoje, sou ator e publicitá-rio. Também atuo como professor de teatro no Espaço Coletivo das Artes, dando aula para crianças, adoles-centes, adultos e uma turma virtual, com alunos até de São Paulo. Além disso, participo do elenco da Cia Tea-tral Acto, Grupo de Teatro Hora Vaga, Coletivo de Artistas Feixe de Vime e Grupo Cênico Orelhas de Abano. E hoje, eu tenho 100% de certeza que o teatro foi o principal responsável pelo Guilherme que eu me tornei.

Fale sobre a história da Companhia Teatral Acto.

Guiga: A Cia Teatral Acto surgiu em setembro de 2013 na cidade, por uma demanda da própria comunida-de, interessada no estudo e prática da arte cênica. Seu plano de traba-lho contempla o desenvolvimento das técnicas artísticas, o estímulo e o exercício de criatividade e da percep-ção, o desenvolvimento do trabalho em grupo, do improviso. Desde sua fundação, tem a direção da atriz Ma-nuela Guerra e, atualmente, conta com os subsídios do Fundo Munici-pal de Cultura, da Prefeitura de Gari-baldi. Montagens da Cia Teatral Acto: A Maldição do Vale Negro (2014), As Cartas Não Mentem Jamais (2016), iClown (2018), As Aventuras de Dara e Pinguinho (2019) e Um pobre, um

louco, um milionário (2019). Além das peças, o grupo já montou es-quetes teatrais, saraus literários, in-tervenções artísticas e animações de festas e eventos.

Guiga, sei que és apaixonado pela arte que desenvolve no teatro. Quando e como foi que começaste a te interessar pelos palcos e a pensar em ser ator?

Guiga: Eu sempre gostei de me apresentar, na escola e tudo mais. Mas acredito que foi no início de 2017 que comecei a me ver como ator profissional. Logo depois dis-so surgiu o curso profissionalizante pela Tem Gente Teatrando, que me mostrou todas as possibilidades de trabalhar com teatro, não apenas em cena.

Quais foram os personagens que interpretaste que mais te marcaram na carreira?

Guiga: Essa pergunta é difícil, eu poderia listar aqui todos persona-gens que já fiz, cada um tem uma his-tória e foi importante para mim num momento específico da minha vida. O Nino, por exemplo, lá de 2016, foi o primeiro personagem de uma pro-dução grande, ele era o protagonista do espetáculo musical As Cartas não mentem jamais. Durante a prepara-ção dessa peça, eu vivi tanta coisa e

o Nino acabou amadurecendo mui-to nesse período. Da fase do curso profissional, tenho dois persona-gens guardados no meu coração: o Bobo da Corte, da peça Rei Lear, do Shakespeare é um deles. Até então eu sempre tinha feito comédia, es-tava empolgado por fazer tragédia e observar como seria meu desempe-nho num drama. No final, eu recebi o papel do Bobo (risos), e foi ótimo. Esse papel deu dimensões do meu corpo como eu nunca tinha repara-do anteriormente. O segundo per-sonagem do curso, foi o que eu criei para o meu trabalho de conclusão, o benzedeiro. Foi um projeto 100% au-toral, cenário, texto e personagem, e o principal motivo desse monólogo foi homenagear meu avô Jusa, que é benzedeiro. Toda a trajetória de cria-ção desse personagem foi extrema-mente íntima e pessoal. No dia da es-treia, em uma cena em que eu benzo a plateia, me direcionei ao meu avô e o benzi. É um momento que ficará marcado para sempre em minha me-mória. E o último, que mais amo, é o Le Guilhotim, um personagem cria-do para a peça Um pobre, um louco, um milionário, da Cia Teatral Acto. Tenho um carinho imenso porque foi um trabalho construído do zero praticamente, com a direção da Ma-nuela Guerra e da Simone de Bordi. O Le Guilhotim mostra um lado meu

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020TEATRO16

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que tento esconder no dia a dia, mas que em cena fica perfeito.

Além de atuar, sei que és extremamente envolvido com movimentos culturais de Garibaldi. Na tua opinião, o que poderia ser feito pela cultura para fortalecer ainda mais a cena artística da cidade?

Guiga: Além de ator e profes-sor de teatro, desde o ano passado atuo como presidente do Conselho de Políticas Públicas Culturais (Con-Cult) de Garibaldi. É um trabalho às vezes cansativo, mas que dá frutos gratificantes, como foram as Lives da Cultura, um projeto que teve como parceria a Secretaria de Turismo e Cultura e a Associação Allegro. Tenho certeza que a cena artística local se-ria mais fortalecida com a união cada vez maior da classe. As lives mostra-ram o peso e o impacto da cultura garibaldense e muitos artistas en-traram em contato com o ConCult. Além do mais, agora estamos em período eleitoral, é de extrema im-portância cobrarmos dos candidatos alternativas para a pasta da cultura e propor ideias também. Exigir a Casa de Cultura, leis e editais para promo-ver a economia criativa. A arte salva, mas é preciso lutar para salvá-la.

Quais são os principais desafios de atuar?

Guiga: O principal desafio é a exposição, parece um pouco óbvio, não a exposição de subir num palco, na frente da uma plateia. A exposi-ção que eu falo é de se permitir ser observado e julgado. Muitos pro-cessos de construção de persona-gens são extremamente pessoais:

resgate da infância, relembrar algum trauma, desgaste físico e emocional. Não é simplesmente decorar um texto e pronto. Além disso, por ser ao vivo, precisamos estar atentos a tudo, qualquer coisa pode aconte-cer durante uma apresentação, seja de palco ou de rua, ou até numa live. Uma vez, por exemplo, um colega de palco deslocou o ombro em cena e precisamos continuar sem ele. Além disso, aprender a lidar com a crítica e saber ouvir os outros. Afinal, ator tem o ego inflado (risos), então é pre-ciso ter muito cuidado para não cair na linha egocêntrica.

Tu achas que atores e artistas de uma forma geral ainda sofrem bastante preconceito? Como tu observas a realidade do teatro na Serra Gaúcha?

Guiga: Acredito que muita gente não vê o artista como um profissio-nal. Um exemplo disso são cachês com valores baixos ou pedir para fazer algo de graça. Além disso, a classe artística depende muito de

editais para sobreviver. É raro encon-trar algum artista com um salário fixo mensal. Outro fator que contribui para esse preconceito é a valorização do artista internacional, mas o artista que atua na tua cidade é esquecido. Porém, mesmo assim, a classe artísti-ca regional luta e resiste. Um exem-plo disso foi a criação de um grupo com representantes culturais das cidades da Serra Gaúcha para deba-termos ideias sobre o setor e levá-las à Secretaria de Cultura do Estado. En-fim, é muito importante o apoio da população para enaltecer os artistas da região.

Qual foi o principal impacto da pandemia no teu trabalho de ator e como foi driblar as dificuldades de 2020?

Guiga: A pandemia foi e está sendo um momento bem difícil. Aos poucos estamos nos adaptando a in-teragir e se apresentar para uma câ-mera, mas faz falta esse contato com o público, olho no olho. Sempre fala-mos que metade é o ator e metade é a plateia. E agora a nossa metade é o olho de uma lente. O principal im-pacto que eu vejo são as salas de en-saio vazias, que estão retomando aos poucos as atividades em bandeira la-ranja. Desde março tornamos as au-las presenciais em virtuais, metade dos alunos não conseguiram acom-panhar por questões financeiras ou por não conseguirem se adaptar. E se adaptar, sem dúvida, é o mais difícil nesse momento. O teatro tem mui-to contato humano, e transmitir isso por uma vídeo-chamada está sendo um desafio. Mas precisamos resol-ver nossos problemas e pensar em possibilidades. Por isso, está sendo

interessante fazer parte desse mo-vimento de “reinvenção” do teatro. Hoje me sinto muito mais preparado e maduro como professor de teatro por ter mantido minhas turmas em ambiente virtual e já ter apresenta-do espetáculos por meio de lives. É um desafio, mas se aprende muito com ele. Tem artistas falando que estamos vivendo um novo período renascentista e, em partes, concor-do com essa teoria. O processo de adaptação é desgastante e repleto de incertezas, mas quando vemos os resultados e percebemos que conse-guimos impactar a vida de alguém, durante uma pandemia, por meio de vídeo, isso nos motiva a continuar pesquisando formas de fazer arte.

Como tem sido realizar as lives da cultura?

Guiga: Foi um projeto imenso, pensado, planejado e executado em tempo recorde. Acredito que o prin-cipal legado dele foi mostrar como Garibaldi está repleta de artistas e que temos material cultural de qua-lidade. Além disso, participar de um projeto que proporciona ao artista uma possibilidade de se apresentar com estrutura de qualidade e dar visibilidade foi incrível. Conheci mui-ta gente e muita gente conheceu o ConCult, principalmente. Por mais que 2020 tenha sido um ano con-turbado para a classe artística, sin-to que 2021 vai ser agitado, porque tem muito projeto sendo feito, ideias sendo criadas e muita vontade de voltar aos palcos, para a rua, para as aglomerações e, podem ter certeza, que a classe artística garibaldense já está se aquecendo para esses novos projetos.

Foto: Arquivo Pessoal

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Conte brevemente sobre sua história no teatro?

Moa: Me apaixonei pelo teatro quando fui pela primeira vez, aos 9 anos assistir a uma peça (O Rapto das Cebolinhas) no antigo Cine Mar-co Polo. Fiquei fascinado pela magia naquele palco. Saí da apresentação e coloquei na minha cabeça que um dia eu iria fazer Teatro. Em meados de 1970 eu iniciei na Escola Poliva-lente, hoje Escola Landell e lá subi pela primeira vez no palco para dan-çar e fazer Teatro e nunca mais parei. Participei do 1º Festival de Teatro de Bento Gonçalves e segui até a 7ª e última edição. Participei do primeiro Curso de Teatro em Bento com um professor do Rio de Janeiro e conti-nuei participando de outros cursos e oficinas por aqui e em outros lu-gares. O meu primeiro prêmio como Ator ganhei em 1984 com a peça O Pequeno Príncipe atuando com sete personagens. A partir daí vieram muito mais prêmios como Ator, Ator Coadjuvantes, Diretor, Figurinista e Melhores Espetáculos. No final da década de 1980 resolvi apostar no

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020 17TEATRO

moacir Corrêa:mais de 40 anosdedicados à arte

Um dos atores com trajetória ímpar e diferenciada tem décadas de atuação e prêmios conquistados por diversos trabalhos. De personalidade forte e um perfeccionismo digno dos grandes artistas, Moacir Corrêa, o Moa, como é carinhosamente conhecido, coleciona peças, trabalho, história.Conheça um pouco mais sobre esse grande artista.

Foto: Arquivo Pessoal

Teatro Profissional, até então eu fa-zia teatro e tinha outras profissões como a Militar e depois Carteiro. Foi uma época bastante dinâmica porque também estudava dança na Escola Renascença de Dança e Can-tava num Coro (eu era Tenor). Enfim, do final de 1970 até o final da déca-da de 1990 eu realizei muita coisa no campo do Teatro, Dança e Canto. Foi muito produtivo. No ano 2000, eu e minha mestra em dança moderna Cecy Franck criamos o Centro Inte-grado de Artes Cênicas o qual ficou estabelecido no centro da cidade por 9 anos. Muitas crianças sem po-der aquisitivo e adultos também, ti-veram o privilégio de fazer aulas de dança, canto, teatro e capoeira gra-tuitamente com ótimos professores que acreditaram no projeto. Me gra-duei e me pós graduei em Dança. Fiz alguns aperfeiçoamentos e dei aulas se dança fora do país e apresentei Teatro também no exterior. Hoje sou o artista cênico mais antigo da cidade em atuação. Coloquei muita gente no palco seja no Teatro ou na Dança e algumas estão por ai ainda

hoje no mundo das artes.

Que idade tinha quando começou a se interessar por teatro e quais foram as principais influências?

Moa: Não tive nenhum artista na família, portanto nenhum refe-rencial, e como eu comentei, aos 9 anos assisti a minha primeira peça e me apaixonei. Subi no palco pela primeira vez em 1975 quando tinha 11 anos de idade. A peça O Rapto das Cebolinhas de Maria Clara Ma-chado, que foi a primeira peça que assisti e a principal influência para me apaixonar pelo teatro. (Meu pri-meiro momento mágico)

Tu tens mais de 40 anos de carreira e dezenas de peças realizadas. Quais são os trabalhos que mais te marcaram até hoje e qual o legado que deixaram para tua vida?

Moa: Nesta minha trajetória foram inúmeras montagens teatrais e conhecendo muita gente que me ajudaram a realizar os trabalhos. Lembro que naquela época eu

catava literalmente, pessoas na rua para fazer teatro. Preparava elas e escolhia o texto que iria representar. Muitas destas pessoas ganharam prêmios de ator nesta época e continuam até hoje no teatro. Uma inclusive mora e trabalha com Teatro nos Estados Unidos. Em 1981, eu estava no exército e participei do Grupo Causas & Efeitos, foi maravilhosa a experiência neste grupo. Lembro quando fomos apresentar a peça O Templo das 7 Confissões em Santa Catarina na casa do autor da peça, Rio Apa. Eu fazia um mendigo que incorporava uma entidade maligna e morria no final, porém, na apresentação, o autor que estava assistindo na plateia criou um personagem na hora e ele entrou no palco, me ressuscitou e nos digladiamos e improvisamos o final. Ele quem matou o personagem. Foi uma experiência fantástica que me marcou pois improvisei com o próprio autor. Outro momento emocionante foi quando eu apresentava uma peça infantil na Escola Cenecista e quando acabou

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a peça, já estávamos saindo da escola quando um garoto autista me abordou e entregou um desenho que ele fez de mim e disse que eu era o herói dele “O Homem máquina”. Me emocionei!

Tu já realizaste inúmeros espetáculos natalinos. Poderias dizer que esse é um dos estilos de peça que mais gosta de fazer?

Moa: Montei muitos espetáculos natalinos em Bento Gonçalves, Santa Tereza, Pinto Bandeira, Monte Belo do Sul, Arvorezinha, Ilópolis, Nova Roma...enfim, entrei no espirito nata-lino...heheheh! Mas eu adoro mesmo são peças infantis, acho que as crian-ças ajudam a viajar na estória e elas são muito sincera quando gostam ou não. Quando eu entrei de cabeça na profissão, eu escrevi peças infan-tis e algumas com parceria de minha amiga Ivone Balsan, para apresen-tarmos nas escolas. Fazíamos o ver-dadeiro “caça níquel”. Escrevíamos e montávamos os cenários e figurinos dos nossos trabalhos nas férias e em março agendávamos nas escolas, com 4 apresentações no dia. Corría-mos de escola em escola. Fazíamos um circuito anual. Era cansativo, porque eu ainda era aluno na Escola de Danças e participava do Grupo da escola. Mas foi prazeroso e diverti-do! Foi o que me ajudava a pagar as contas e comprar os meus alimentos naquele período.

Me recordo das aulas que ministrava no centro de Bento na primeira década dos anos 2000. Quais são as lembranças e qual a comparação que poderias fazer com 2020?

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020TEATRO18

Moa: Pois é, e você também chegou a fazer uma oficina de te-atro comigo lá, não é? Eu adoro re-cordar os belos trabalhos que mon-tamos no Centro Integrado. Foram aulas de Ballet, Dança Moderna e Contemporânea, Jazz, Capoeira Te-atro e Expressão Corporal, Música, canto, Oficinas abertas ao público, Saraus, espetáculos de Dança e Te-atro e apresentações de bolso que fazíamos ali mesmo no espaço com preços acessíveis ou gratuitos. Nós levamos os grupos para Festivais de Dança e Teatro. Fomos bastante pre-miados. Foi possibilitado muita aula gratuitas para muita gente ali com o

apoio da Fundação Casa das Artes e Prefeitura. E nenhum de nós éramos funcionários público. Acho que con-segui realizar os objetivos do projeto junto com diversos colegas artistas que confiaram e acreditaram em mim. Sem eles não teríamos feito a história acontecer. Ninguém realiza um projeto deste porte sozinho. Sou muito grato aos companheiros que participaram.

Tu tens realizado lives e aulas no formato online?

Moa: Sim. Eu dei aulas para meus alunos de Dança e Alongamento. Este ano também sou convidado pelo Bento em Dança para dar aula online com Live. Mas não sou fã des-te formato.

Como poderias classificar o Moacir professor e artista nesse 2020 marcado pela pandemia?

Moa: A pandemia atrapalhou a vida de todo mundo e principal-mente para nós que somos artistas que precisamos de uma audiência. Ainda bem que antes desta loucura toda, eu pude relaxar um pouco e dar um pulo até a Argentina para vi-sitar meu amigo Miguel Angel Klug, que é o primeiro bailarino do Teatro Argentino de La Plata. Foi uma expe-riência incrível. Aproveitei e dei aula de dança para alguns bailarinos da Companhia. Pessoas de um talento fenomenal. Em seguida de minha volta entramos em quarentena e

tudo parou. Consegui dar algumas aulas on-line. E justo neste ano em que eu recebi diversos convites para realização de trabalhos, a pandemia empatou! Fui um dos profissionais convidado para o 27º Seminário de Arte e Educação na Universidade Es-tadual. Também havia iniciado um trabalho de preparação técnica para dançarinos, tive que interromper. E até uma gravação de um vídeo clip seria rodado em minha casa, tere-mos que remarcar. Enfim, ainda bem que grande parte destes projetos fo-ram remarcados e já acertamos no-vas datas.

O que a arte representa na sua vida e quais são as suas projeções para 2021?

Moa: Não sei o que seria de mim se não fosse as Artes. Há um turbi-lhão de ideias que se aflora dentro de mim e que precisa de vasão. Se não fosse a Arte eu teria pirado de vez, entrado em colapso emocional, ou sei lá... sucumbido! Eu preciso estar fazendo alguma coisa: Escrevendo, coreografando, projetando alguma obra seja ela nas artes cênicas ou ar-tesanais, ou simplesmente curvado sobre meu jardim plantando e arru-mando os canteiros. Espero realizar todos estes projetos de 2020 e mais alguns que surgirem em 2021. Estou envelhecendo, mas ainda com uma mente bem esperta e voraz para a realização de novos projetos de vida e profissional.

Foto: Arquivo Pessoal

Page 19: Festejos Farroupilha online · FESTEJOS FARROUPILHA JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020 Por: Rodrigo De Marco rodrigo@integracaodaserra.com.br Edição: Kátia Bortolini

No último ano tu apresentaste a peça Não há Ninguém, recortando as diversas facetas da violência ao longo do espetáculo. De que forma surgiu a ideia de criar essa peça e quais foram os principais desafios para abordar um tema tão delicado?

Juliana: O grupo resolveu tratar dessa temática por estar atento a re-alidade que nos cerca. Começamos o trabalho no início de 2018, e desde então acredito que essa temática é cada vez mais importante. Perce-bemos a violência como um tema muito potente e instigante para a criação, por perpassar o cotidiano de todos nós. Exploramos a multi-plicidade de violências, não somen-te aquelas ligadas a agressividade, mas também a inércia e o silêncio, as violências instauradas na estrutu-ra da nossa sociedade, as violências disfarçadas de afeto ou brincadeira, enfim, são muitas possibilidades, é um tema muito amplo e instigante. Sobre as dificuldades em relação ao tema, não houve. Cada colaborador esteve atento à relação entre a temá-tica e seus contextos sociais, mas em nenhum momento estávamos exe-cutando um processo de catarse das violências da vida dos envolvidos, visto não serem utilizados aspectos psicológicos ou autobiográficos no processo. Na verdade, eu acredito que o principal (bom) desafio foi es-colher dentro do grande leque de criações que foram feitas, quais usa-ríamos para formatar um espetáculo.

Já pensaste em produzir e encenar num mesmo trabalho?

Juliana: Eu não seria produtora e encenadora de um mesmo proje-to, porque são línguas diferentes. Eu costumo dizer que o produtor é qua-se um tradutor. Existe o universo ar-tístico e existe um outro universo de fundo de natureza econômica, busca de recursos, organização, logística, orçamento. São dois mundos muito

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020 19TEATRO

“A principal regra da arte é que não

tem receita”Diretora cênica Juliana Gedoz

Tieppo fala os desafios da arte

distintos e um precisa do outro. Se torna um pouco difícil ocupar as duas pro-duções num mesmo proje-to. Cada um tem que estar focada em coisas diferentes. A principal regra da arte é que não tem receita, cada um tenta de uma maneira diferente. Em projetos que atuo como direção eu prefi-ro não atuar como produção e vice-versa.

De que forma tu poderias avaliar o auxílio emergencial da Lei Aldir Blanc, considerada de extrema importância para classe artística?

Juliana: Esse auxílio emergencial é muito impor-tante porque em primeiro lugar temos que reconhecer os tra-balhadores da cultura como tra-balhadores. E o próprio setor é um setor que gera renda, desenvolvi-mento, emprego, além de valor agre-gado. Além das coisas subjetivas que sabemos que a arte traz, é um setor econômico importante. É preciso fa-lar para o restante da sociedade do quanto o setor da cultura é impor-tante para a economia e que gera muito dinheiro, trabalho e desen-volvimento. Ter uma lei que apoia isso, em primeiro lugar reconhece a importância dos trabalhadores e da cadeia produtiva. É importante en-tender que é uma lei pontual, é uma leia emergencial, vale para esse ano. Ela tem um fim emergencial. Foi uma que foi construída de uma maneira muito bonita porque teve o enga-jamento de todos artistas de nosso país. Precisamos pensar em políticas públicas e leis da cultura em outros momentos também, não só nesse momento emergencial.

Como observas a articulação da Secretaria de Cultura de Bento

na obtenção de parte desses recursos para artistas da cidade?

Juliana: Acho que vai muito bem, visto que Bento entrou no pri-meiro lote dos recursos, e só conse-guiu entrar no primeiro lote porque teve o plano aprovado, e Bento foi um dos primeiros a mandar. Ainda quando a lei estava em tramitação no congresso já se falava sobre isso. Nós temos uma secretaria que não trabalha sozinha, trabalha com con-selho, sociedade civil e que dialoga bastante. Ela faz bastante pela cul-tura e vejo uma boa vontade por parte dos trabalhadores públicos e por isso tem esse reconhecimento. Temos que estar sempre pensando e repensando. Sempre tem coisas para melhorar. Eu avalio de maneira mui-to positiva e acredito que é um uni-verso que está tentando fazer mais, inclusive.

Qual foi o impacto da pandemia no teu trabalho e planos como artista?

Juliana: Sabemos que a pande-

mia afetou todas as artes, principal-mente as artes cênicas. Existe uma grande dificuldade nesse ponto. Par-ticularmente vi vários espetáculos online. Em março teve muita dispo-nibilização de gravação de teatro na internet, e ao longo do tempo isso foi se transformando até o momen-to de termos espetáculos pensados para ambientes online, sala de pla-taformas de streaming. Tivemos es-petáculos que não poderiam ser re-alizados no âmbito físico, de maneira tradicional. São novas possibilidades e um novo campo que se abre e teste para uma nova linguagem. Eu acho que precisamos entender a particu-laridade de cada artista. A arte é um lugar de multiplicidade muito gran-de e qualquer padronização é fada-da. Mas tem grupos que estão usan-do esse período para se aprofundar em pesquisas teóricas, tem artistas que estão usando o período para estudar e se voltar para outros pen-samentos. É um período difícil e os projetos de 2020 não é criar projeto, mas sobreviver.

Foto: Arquivo Pessoal

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | 16 de Setembro 2020PERSONALIDADE20

De personalidade forte e a pai-xão externada pela comunicação, Vieira dedicou mais de 40 anos à música e à TV no Estado. Sua carreira teve início em 1971, na TV Difusora (atual TV Bandeirantes). O apresenta-dor trabalhou 17 anos na TV Guaíba, sendo contratado em 1982. No canal 2, ele produziu e apresentou pro-gramas como “Guaíba ao Vivo”. Em 1981, Vieira lançou a Festa Nacional do Disco que, durante 15 anos, foi um marco no encontro de músicos e gravadoras.

Em 2005, o jornalista foi para a TV Pampa, onde produziu e apresen-tou o programa Zoom. Neste mesmo

Homenagem póstuma a Fernando Vieira

Apagaram-se as luzes da ribalta. A música silenciou. O dia cinza ficou ainda mais cinza, com a partida inesperada, por volta das 16h30min da última quarta (16), do jornalista, ra-dialista e empresário Fernando Vieira, 72 anos, vítima de um infarto fulminante. A morte ocorreu em Bento Gonçalves, ci-dade que teve a honra de sediar as duas últimas edições da Festa Nacional da Música. O evento, criado por ele em 2005, foi um marco no encontro de músicos e gravadoras. As pri-meiras edições da Festa Nacional da Musica foram promovi-das em Porto Alegre, cidade natal do jornalista e, posterior-mente, no município de Canela.

Tanto a edição de 2018 como a de 2019, ocorridas em Bento Goncalves, vão deixar saudades. Por alguns dias, a la-boriosa população de Bento Goncalves respirou música. E como foi bom!

A junção de inúmeros artistas no Dall´Onder Grande Ho-tel e as apresentações de vários gêneros musicais, ocorridas na Fundação Casa das Artes e na praça Ismar Scussel, agrada-ram a “gregos e troianos”. As noites dos eventos foram de gala, com entrega de distinções e quebra de preconceitos, numa mistura de várias tribos, conectadas pela música que, no pal-co, reinava imperiosa.

O nosso colega e amigo jornalista estava em Bento Gon-çalves preparando a próxima edição da Festa Nacional da Música, prevista para ocorrer em dezembro deste ano. Partiu rápido, de forma imprevista, em nossa cidade, sedenta de ma-nifestações culturais. Apesar do pouco tempo de convivên-cia com a comunidade, deixa saudades em muitos corações. Entre eles o do prefeito Guilherme Pasin, que o define da se-guinte forma: “uma pessoa única, de personalidade forte, um profissional incrível e que, através da música, levava alegria para todos os cantos. Fernando acreditava em nossa cidade, e a transformou na capital da música. Com tristeza me despeço de um amigo que a vida me presenteou”.

À equipe do Integração da Serra, que teve a honra de prestar serviços para o evento e de receber Vieira na redação, consternada, resta desejar que nosso “mecenas” da música descanse em paz junto ao pai celestial.

Kátia Bortolini

Perfil de um comunicador apaixonado pela música

ano, ele retomou a Festa Nacional da Música, que teve edições em Canela, Porto Alegre e, mais recentemente, em Bento Gonçalves. Em julho de 2016, o apresentador foi agraciado pela Câmara Municipal de Porto Ale-gre com o título de Cidadão Emérito.

Em entrevista ao portal Coletiva.net em 2011, Vieira destacou o seu gosto pela música: “Não importa se a música é de alguém que esteja co-meçando ou já encerrou a carreira. Admiro grandes intérpretes como Emílio Santiago, Cauby Peixoto e Nelson Gonçalves”, disse na ocasião. Ele deixa a esposa Antonela e dois filhos, Manoela e Fernando.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação Festa Nacional da Música

Cerimônia de premiação na Noite de Homenagens da Festa Nacional da Música, edição 2019