fernanda pelÓgia camargo adaptaÇÃo marginal …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf ·...

108
FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL DE COPINGS DE OURO SINTERIZADO PARA RESTAURAÇÕES METALO-CERÂMICA COM DIFERENTES TÉRMINOS Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de São José dos Campos Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para a obtenção do título de MESTRE, pelo programa de Pós-Graduação em ODONTOLOGIA RESTAURADORA, Especialidade Prótese Dentária. Orientador: Prof. Dr. Lafayette Nogueira Júnior Co-orientador: Prof. Dr. Álvaro Della Bona São José dos Campos 2005

Upload: lekhanh

Post on 26-Jan-2019

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

FERNANDA PELÓGIA CAMARGO

ADAPTAÇÃO MARGINAL DE COPINGS DE OURO SINTERIZADO PARA

RESTAURAÇÕES METALO-CERÂMICA COM DIFERENTES TÉRMINOS

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de São José dos Campos Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para a obtenção do título de MESTRE, pelo programa de Pós-Graduação em ODONTOLOGIA RESTAURADORA, Especialidade Prótese Dentária.

Orientador: Prof. Dr. Lafayette Nogueira Júnior

Co-orientador: Prof. Dr. Álvaro Della Bona

São José dos Campos 2005

Page 2: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

2

A maravilhosa disposição e harmonia

do universo só pode ter tido origem segundo

o plano de um Ser que tudo sabe e tudo

pode. Isto fica sendo a minha última e mais

elevada descoberta.

Isaac Newton

Page 4: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

3

À Deus, que me deu a glória da vida, a força para conquistar meus objetivos e o privilégio da saúde e do amor. Aos meus pais Marcos e Regina, exemplos de carinho e amor. Agradeço pelas palavras de ensino e apoio nos momentos de alegria e de tristeza. Muito obrigada por me dar não apenas uma família mas sim um verdadeiro lar. Aos meus irmãos Fabrício, Fabiana e Juliana, pela amizade e companhia constante.

Dedico este trabalho

Page 5: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

4

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Ao meu orientador, Prof. Dr. Lafayette Nogueira Júnior, que sempre

me dedicou muito respeito, liberdade e confiança em todos os momentos.

Ao Prof. Dr. Marco Antonio Bottino, pela admirável capacidade

de conduzir com seriedade e dedicação o curso de Pós-Graduação. Sua

inteligência e devotamento profissional são dignas de muito apresso. Por seus

valiosos ensinamentos a serem guardados por toda a vida, minha eterna

gratidão.

Ao amigo e Profº. Dr. Maximiliano Piero Neisser, faltam-me palavras

para expressar tamanha admiração. Sua dedicação ao ensino e seriedade

em pesquisa são veneráveis. Meu muito obrigada por seu cuidado e

preocupação em promover meu crescimento pessoal e profissional. Espero

devolver à altura tudo o que a mim confiou.

Page 6: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

5

AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Odontologia de São José dos Campos – UNESP,

na pessoa do Diretor Profº. Dr. Paulo Villela Santos Júnior, pela

oportunidade concedida.

Ao Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Odontologia

Restauradora Profº Dr. Clovis Pagani, por sua luta e vontade de fazer um

curso cada vez melhor.

Aos Professores desta Universidade que contribuíram para o meu

crescimento desde a graduação.

Às professoras Maria Auxiliadora Junho de Araújo, minha primeira

orientadora e Regina Célia Santos Pinto Silva, patronesse da minha turma

de graduação, pessoas admiráveis em quem procuro me espelhar.

Às secretárias do Programa de Pós-Graduação Erena, Rose e

Cidinha pelos constantes esclarecimentos prestados.

Às secretárias do departamento de Materiais Odontológicos e Prótese

Eliane e Suzana pela convivência agradável durante todo o curso.

À secretária da Revista Ciência Odontológica Brasileira Nilza Maria

pela amizade, disponibilidade e apoio a mim concedida.

Page 7: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

6

Ao engenheiro Fernando Claro, pela realização da analise estatística

desse trabalho e pela clareza de suas informações, sempre atendendo-me

com disponibilidade e de maneira solícita.

Às colegas de graduação e de mestrado Graziela e Renata Melo,

amigas que quero manter para sempre.

À Renata Faria, primeiro colega de curso e hoje uma grande amiga de

palavras sábias e bom coração.

Aos colegas Alfredo, Gilberto e Nori, por todos os momentos

agradáveis.

À amiga Silvia, pessoa sincera, dedicada e sempre disposta a ajudar.

Espero poder retribuir sua amizade.

Ao amigo Leonardo Buso, por sua inestimável ajuda em todas as

fases desse trabalho e sua namorada e minha amiga Giovana, por suas

palavras sempre acolhedoras.

Aos colegas de pós-graduação Fabíola, Felipe, Diego, Daniel,

Renato, Silvia, Leonardo, Vanessa, Edson, Elza, Rander, Denise,

Guilherme, Karine e Alexandre, grupo seleto de alunos de qual tenho

orgulho de fazer parte.

Ao amigo e Profº Titular Walter Nicolli Filho e a amiga Aline

Cantarelli Morosolli, pelos momentos de convivência extremamente

agradáveis.

Aos amigos Wagner, Priscila e Glaucia, que mesmo com distância

estão sempre presentes.

Page 8: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

7

À Labordental, na pessoa da Sra. Elisa pela doação de todo o

material utilizado nessa pesquisa.

Aos técnicos de Prótese Roberto Devólio e Carlos Eduardo Souza

pela confecção dos corpos-de-prova. Obrigada pela atenção e pelos

conhecimentos gentilmente transmitidos.

À Conexão Sistema de Prótese, na pessoa do engenheiro Wagner

Tadashi Akamine, pela concessão do microscópio para efetuar as medições

da parte experimental desse trabalho.

À Ângela de Brito Bellini, pela revisão bibliográfica e normalização

deste trabalho e às funcionárias do Serviço Técnico de Biblioteca e

Documentação da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos.

À CAPES, pelo apoio ao Programa de Pós-Graduação e pelo auxílio a

mim concedido.

Page 9: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

8

SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS .......................................................................................9 LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS .............................................................. 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................ 11 RESUMO ...................................................................................................... 12 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 13 2 REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................... 17 3 PROPOSIÇÃO ........................................................................................... 54 4 MATERIAL E MÉTODO ............................................................................. 55 4.1 Confecção dos padrões metálicos.......................................................... 55 4.2 Reprodução do padrão metálico............................................................. 57 4.3 Obtenção do troquel de gesso................................................................ 60 4.4 Aplicação do espaçador.......................................................................... 60 4.5 Aplicação lâmina de Sintercast Gold ...................................................... 61 4.6 Revestimento e sinterização................................................................... 63 4.7 Análise da justeza de adaptação dos copings ........................................ 65 4.8 Aplicação da cerâmica............................................................................ 67 4.9 Análise da justeza de adaptação das coroas.......................................... 68 5 RESULTADOS.......................................................................................... 69 6 DISCUSSÃO............................................................................................. 74 6.1 Motivo da pesquisa ................................................................................. 74 6.2 Seleção do padrão .................................................................................. 75 6.3 Geometria do preparo ............................................................................. 76 6.4 Material e técnica de duplicação ............................................................. 78 6.5 Material do modelo.................................................................................. 79 6.6 Aplicação do espaçador .......................................................................... 79 6.7 Comparação dos passos laboratoriais convencionais em relação à técnica empregada........................................................................................ 80 6.8 Infra-estrutura.......................................................................................... 81 6.9 Material de recobrimento estético ........................................................... 82 6.10 Método de mensuração......................................................................... 83 6.11 Discussão dos resultados frente à literatura ......................................... 87 7CONCLUSÃO ............................................................................................. 90 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 91 APÊNDICE..................................................................................................101 ABSTRACT .................................................................................................104

Page 10: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

9

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Desenho esquemático do modelo padrão de aço inoxidável; detalhe do término cervical em ombro arredondado e chanfro largo (medidas em mm)............................................ 56

FIGURA 2 - Troqueis metálicos: chanfro largo biselado e ombro arredondado biselado............................................................ 57

FIGURA 3 - Representação esquemática do delineador preparado para a padronização da moldagem................................................ 59

FIGURA 4 - Aplicação da lâmina: a) Lâmina de Sintercast; b) porção recortada a partir do molde em papel alumínio..................... 61

FIGURA 5 - Adaptação da lâmina ao troquel............................................ 62 FIGURA 6 - Coping esculpido.................................................................... 62 FIGURA 7 - Inclusão do coping no revestimento....................................... 63 FIGURA 8 - Coping após a sinterização.................................................... 64 FIGURA 9 - Base, padrão metálico e coping............................................. 66 FIGURA 10 - Dispositivo de fixação do coping posicionado na base de

madeira.................................................................................. 66 FIGURA 11 - Coroa metalo-cerâmica.......................................................... 68 FIGURA 12 - Coroa adaptada ao troquel para realização da mensuração. 68 FIGURA 13 - Box plot das diferenças no teste t entre os grupos OAB-A e

CLB-A..................................................................................... 73 FIGURA 14 - Box plot das diferenças no teste t entre os grupos OAB-D e

CLB-D.................................................................................... 73 FIGURA 15 - Desenho esquemático da interface coping/dente.................. 85 FIGURA 16- Imagens obtidas no microscópio durante a mensuração da

fenda...................................................................................... 86

Page 11: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

10

LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

TABELA 1 - Médias finais de discrepância marginal vertical referente

às condições experimentais em cada troquel (em µm)...... 69

TABELA 2 - Razão padrão em função do número de amostras............. 70

TABELA 3 - Valores de Ymax e Ymin........................................................ 71

TABELA 4 - Valores de Ymax e Ymin........................................................ 71

TABELA 5 - Parâmetros de centralização e dispersão........................... 71

TABELA 6 - Resultados obtidos no teste de Anderson Darling............. 72

TABELA 7 - Teste t................................................................................. 72

TABELA 8 - Dados das medições (em µm) dos copings com término cervical em ombro arredondado biselado antes da aplicação da cerâmica........................................................

100

TABELA 9- Dados das medições (em µm) dos copings com término cervical em chanfro largo biselado antes da aplicação da cerâmica..............................................................................

101

TABELA 10- Dados das medições (em µm) dos copings com término cervical em ombro arredondado biselado após a aplicação da cerâmica........................................................

102

TABELA 11- Dados das medições (em µm) dos copings com término cervical em chanfro largo biselado após a aplicação da cerâmica.............................................................................. 103

Page 12: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

µm= micrometros

CuAl= Cobre Alumínio

h= hora

Kg= quilogramas

Kgf= quilogramas força

MEV= microscopia eletrônica de varredura

ml= mililitro

min= minuto

mm= milímetros

N= Newton

NiCr= Níquel Crômio

nº= número

PdCu= Paládio Cobre

PdCuGa= Paládio Cobre Gálio

rpm: rotações por minuto

s= segundo

sen= seno

x= vezes

%= por cento

°= graus

°C/min= graus Celsius por minuto

°C= graus Celsius

Page 13: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

12

CAMARGO, F.P. Adaptação marginal de copings de ouro sinterizado para restaurações metalo-cerâmica com diferentes términos. São José dos Campos, 2005. 105f. Dissertação (Mestrado em Odontologia Restauradora, Especialidade Prótese Dentária) – Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista, São José dos Campos, 2005.

RESUMO

O objetivo desse trabalho foi avaliar a discrepância marginal vertical de copings de ouro sinterizado (Sintercast Gold), antes e após a aplicação de porcelana, variando o término cervical. Foram usinados 2 modelos padrão em aço com preparo para coroa total, um com término cervical em ombro arredondado biselado (OAB) e outro em chanfro largo biselado (CLB). As moldagens foram realizadas com silicona de adição pela técnica da dupla moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso tipo IV e sobre os modelos foi aplicado espaçador de troquel 1mm aquém da margem. A lâmina de Sintercast foi recortada e adaptada sobre cada troquel de gesso, para a confecção dos copings. Após a sinterização e ajustes, os copings foram posicionados sobre o modelo padrão e acoplados ao dispositivo de leitura para mensuração da desadaptação marginal em 24 pontos da margem, padronizados com marcações a laser no troquel metálico, utilizando um microscópio óptico com magnificação de 230x. Em seguida os copings receberam a aplicação de uma camada de opaco e duas camadas de cerâmica. Após a cocção da cerâmica os mesmos procedimentos de observação e medição foram realizados. Os dados obtidos foram submetidos ao teste “t” com nível de significância de 5%. Os valores médios de OAB e de CLB, antes e depois da aplicação da cerâmica, foram, respectivamente, 61,8µm, 57,0µm, 6,4µm e 6,2µm. Concluiu-se que as medidas de adaptação feitas antes ou após a aplicação da cerâmica, não apresentaram diferenças estatisticamente significativas; entretanto a adaptação obtida pelo término em ombro arredondado biselado foi estatisticamente maior que a obtida para o término em chanfro largo biselado, porém, ambas estão bem abaixo dos valores de desadaptação clinicamente aceitáveis.

PALAVRAS-CHAVE: Ouro, Ouro sinterizado; coroas metalo-cerâmicas,

adaptação marginal (Odontologia); término cervical; porcelana dentária.

Page 14: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

13

1 INTRODUÇÃO

A substituição da estrutura dental perdida por materiais que imitem a

cor do dente foi introduzida por Land em 1887 (DELLA BONA23, 2004).

Desde então vários materiais e técnicas vêm sendo empregados e

aprimorados com o intuito de tornar a restauração o mais natural possível a

ponto de não se diferenciá-la do dente natural.

Essa busca se dá também no sentido de obterem-se materiais que

sejam altamente estáveis e resistentes para que as restaurações mantenham

suas características por um extenso período, uma vez que esse tipo de

tratamento normalmente é dispendioso e longo (GREY et al. 36, 1993).

Nos últimos anos, foram lançados no mercado diversos materiais e

técnicas, que procuram copiar as características dos dentes naturais, na

tentativa de tornar a restauração imperceptível e com características

biológicas compatíveis com os tecidos adjacentes (CHO et al. 20, 2004;

QUINTAS et al.60, 2004). O sucesso clínico dos procedimentos restauradores

está intimamente ligado ao sucesso funcional e estético dos materiais

empregados.

No que diz respeito ao sucesso estético, o material restaurador deve

possuir alta estabilidade de cor para que não sejam necessárias sucessivas

substituições da restauração.

Segundo Bottino12 (1998) a margem cervical dos preparos é um dos

componentes das restaurações mais susceptíveis à falha. As coroas metalo-

cerâmicas são produzidas com uma variedade de términos cervicais com o

intuito de se conseguir a melhor adaptação e estética possível. Algumas

restaurações com infra-estrutura metálica apresentam término cervical

Page 15: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

14

biselado, uma vez que, do ponto de vista geométrico, o bisel permite uma

melhor adaptação entre a coroa e o dente (KASHANI et al.48 1981) .

Para a obtenção do sucesso funcional é de suma importância

observar a qualidade da adaptação marginal do material escolhido. A

existência de fendas marginais promove uma junção descontínua, formando

um meio propício para a retenção de biofilme (ABBATE et al.1, 1989),

causando inflamação dos tecidos adjacentes (SHAFAGH66, 1986),

degradação do agente cimentante, permitindo a passagem de fluidos

gengivais e bactérias para a interface dente-restauração (HARRIS &

WICKENS38, 1994), gerando o aparecimento de cárie (GROTEN et al.37,

1997) e lesões pulpares inflamatórias irreversíveis (KYDD et al.51, 1996).

Assim, o menor espaço existente entre o dente preparado e a restauração

final propicia a mínima película do agente cimentante, fator essencial e

indispensável para se obter adequada propriedade física, estética e

biológica.

As coroas metalo-cerâmicas ainda são o tipo de restauração mais

utilizado para a confecção de coroas totais e próteses parciais fixas (BAGBY

et al.8, 1990; CASTELANI et al.16, 1994; GEMALMAZ & ALKUMRU32, 1995).

A infra-estrutura metálica pode ser confeccionada com diversos metais ou

ligas metálicas. Os metais utilizados para a confecção das infra-estruturas

podem ser classificados em nobres e básicos. Dentre as ligas nobres

encontram-se aquelas com alto teor de ouro, paládio ou platina

(ANUSAVICE3, 2005). Como exemplo de ligas metálicas básicas, utilizadas

em odontologia, temos: níquel-crômio, cobalto-crômio (USHIWATA et al.76,

2000; ANUSAVICE3, 2005). As ligas básicas, apesar de apresentarem menor

custo em relação às outras, apresentam algumas desvantagens como alta

reatividade no meio bucal podendo levar a reações alérgicas aos

componentes da liga. (ANUSAVICE3, 2005). Essas situações podem,

também, levar ao insucesso do trabalho final (WEAVER et al.78, 1991;

Page 16: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

15

PETTENÓ et al.58, 2000), como processos de corrosão e escurecimento das

margens cervicais influenciando negativamente tanto no sucesso funcional

quanto estético.

Por séculos o ouro foi utilizado para a confecção de próteses fixas

devido a sua alta qualidade, desempenho e padrões de segurança (AYAD7,

2002).

As infra-estruturas metálicas são comumente confeccionadas pela

técnica da cera perdida difundida por Taggart em 1907 (ANUSAVICE3,

2005). Dentre a série de passos laboratoriais presentes nessa técnica

(EAMES25, 1981) temos: o enceramento, a inclusão, eliminação da cera, a

fundição e a usinagem, passos esses que podem causar distorções e

degradações das margens, necessitando de cuidados especiais (HUNTER &

HUNTER45, 1990) para minimizar as interferências no resultado final da

adaptação marginal das restaurações (HARRIS & WICKENS38, 1994).

Somados a esses fatores temos os ciclos de queima do opaco e da

cerâmica.

Durante os ciclos de queima da cerâmica algumas alterações podem

ocorrer e, segundo Castellani et al.16 (1994) e Campbell et al.15 (1995) estas

alterações podem estar associadas ao tipo de liga e sua oxidação, contração

da cerâmica, diferença de coeficiente de expansão térmica entre liga e

cerâmica, desenho da infra-estrutura metálica e tipo de término cervical.

Problemas estéticos com as restaurações metalo-cerâmicas podem,

também, ser relacionados ao coping metálico, o que afeta a translucência da

coroa por restringir a transmissão de luz e aumentar sua refletividade. Para

contornar esse problema, vários sistemas de coroas cerâmicas reforçadas

foram introduzidos no mercado como a eletrodeposição e ligas compostas

(Captek), os quais reduzem a infra-estrutura a uma fina lâmina. Copings

metálicos extremamente delgados permitem uma maior espessura da

Page 17: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

16

porcelana de cobertura, melhorando a estética e mantendo propriedades de

resistência (PETTENÓ58, 2000).

A possibilidade de se eliminar algumas das inúmeras fases

laboratoriais utilizadas no processo de fundição, foi possível através da

técnica de eletrodeposição um material cito e biocompatível como o ouro.

Essa técnica confecciona a infra-estrutura metálica diretamente sobre o

troquel. A eficiência deste processo com o intuito de se conseguir menores

fendas marginais foi observado por Setz et al.64 (1989) que utilizaram dentes

extraídos e preparados com término cervical em ombro arredondado, que

obtiveram, após a aplicação da cerâmica sobre os copings eletroformados

valores de fendas marginais bem abaixo do limite clinicamente aceitável.

Recentemente foi apresentada à classe odontológica uma nova

tecnologia que visa eliminar fases laboratoriais utilizando ouro puro disperso

em uma lâmina de cera que será posteriormente sinterizado, resultando num

coping de aproximadamente 0,3mm de espessura.

Numa busca na literatura, pudemos observar que não há nenhum

relato sobre a utilização desse sistema, bem como estudos que objetivaram

analisar a adaptação de coroas assim confeccionadas.

Sendo assim, houvemos por bem avaliar, sob mesmas condições, o

desajuste marginal vertical de copings sinterizados (Sintercast Gold), antes e

após a aplicação da cerâmica, comparando dois tipos de término cervical.

Page 18: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

17

2 REVISÃO DA LITERATURA

Estudando a influência da carga de cimentação, convergência e

altura dos preparos e alívios internos da coroa, Fusayama et al.29 (1964)

observaram a adaptação cervical de restaurações fabricadas com ligas de

ouro a partir de molares extraídos e preparados para coroa total, com término

em ombro na face vestibular e lâmina de faca na face lingual. Sobre os

troquéis de gesso foram feitos tratamentos para criar diferentes tipos de

alívio, sendo o primeiro grupo com uma folha de estanho e o segundo com

esmalte de unha. Após inclusão e fundição as peças foram cimentadas com

fosfato de zinco sob carga de 15Kg ou 50Kg e seccionadas no sentido

vestíbulo-lingual, com a espessura de cimento medida em microscopia

óptica. Os autores observaram que a excessiva força de assentamento não

melhora a adaptação da peça e que o aumento da convergência e a

diminuição da altura do preparo melhoram a adaptação, embora percam em

outros requisitos, sendo que a espessura média de cimento encontrada na

parece oclusal foi de 90µm sem alívio e 46µm quando alívios internos eram

realizados.

A adaptação marginal de coroas totais metálicas foi avaliada antes e

após cimentação com fosfato de zinco por Bassett9 (1966) quando utilizados

diferentes alívios internos, perfuração oclusal e sobre-enceramento das

margens gengivais. A partir de um modelo padrão com 10mm de altura,

13mm de diâmetro e término cervical em chanfro, duas coroas foram

confeccionadas sendo uma com alívio interno produzido por ataque

eletrolítico (C1) e outra por ataque com água-régia (C2), as quais retornaram

ao modelo para medidas de desajustes previamente à cimentação. O correto

posicionamento das coroas foi possibilitado graças à confecção de uma

Page 19: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

18

ranhura na superfície vestibular, servindo como gabarito para o

assentamento das peças. Após cimentação, os seguintes testes foram

realizados para ambas as coroas: a) teste 1: cimentação com pressão de

45Kgf, remoção do cimento extravasado, leitura, remoção da peça, limpeza e

repetição do procedimento por cinco vezes; b) teste 2: perfuração de 0,75mm

de diâmetro na superfície oclusal, cimentação com pressão de 45Kgf,

remoção do cimento extravasado, leitura, remoção da peça, limpeza e

repetição do procedimento por cinco vezes. Os resultados mostraram que a

média da discrepância marginal para C1 e C2 no teste 1 foi, respectivamente

170µm e 150µm; enquanto que no teste 2 a média foi de 20µm para C1 e

10µm para C2.

Christensen21 (1966) comparou pelos métodos microscópico,

radiográfico e sonda exploradora a adaptação marginal de restaurações do

tipo inlay de ouro cimentadas em dez pré-molares preparados e montados

em uma base de resina acrílica, simulando as condições clínicas. Após

enceramento, fundição e cimentação, as peças foram analisadas por dez

cirurgiões-dentistas utilizando radiografia e sonda exploradora. Num terceiro

estágio, os dentes já seccionados foram examinados em microscopia. Os

valores aceitáveis pelos examinadores foram de 119µm na margem

subgengival, enquanto que na proximal ou oclusal desajustes próximos de

26µm foram rejeitados. O autor concluiu que em áreas acessíveis o

desajuste clinicamente aceitável foi de 39µm, observando grande

variabilidade entre os observadores.

Teteruck & Munford74 (1966) investigando a adaptação de três ligas

metálicas, utilizaram diferentes revestimentos e técnicas de inclusão na

tentativa de se determinar qual combinação resultaria em melhores

resultados para que pudessem ser empregados no uso diário em

laboratórios. Os autores observaram que todas as ligas falharam no total

assentamento das peças, independente do revestimento e técnica utilizada;

Page 20: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

19

no entanto concluíram que todas estão dentro das médias aceitáveis

clinicamente, sendo que as ligas de ouro obtiveram melhores resultados.

Mc Lean & von Fraunhofer54, em 1971, realizaram in vivo, pela

primeira vez, a mensuração da linha de cimentação de restaurações indiretas

(restauração metálica fundida, coroa metalo-cerâmica, coroa total metálica, e

coroa oca de porcelana) com a utilização de elastômero simulando a película

de cimentação. Após a confecção da restauração, essa era provada e

radiografada, em seguida o material de moldagem era preparado e inserido

no interior da restauração. A restauração era posicionada novamente no

dente e pressionada com instrumento de ponta romba. Após a polimerização

do material, a restauração era cuidadosamente removida e a película de

material de moldagem embutida em resina e seccionados no sentido

vestíbulo lingual. As restaurações consideradas clinicamente aceitáveis por

meio de radiografias e testes clínicos com o explorador apresentaram

discrepâncias de 10 a 160µm na margem cervical. Segundo os autores,

restaurações com espessura de cimento menor que 120µm podem ser

consideradas bem sucedidas clinicamente.

Shillingburg et al.67 (1973) avaliaram a relação de quatro diferentes

términos cervicais vestibulares e a estabilidade marginal de restaurações

metalo-cerâmicas durante os seguintes estágios de confecção da coroa:

fundição dos copings, aplicação do opaco, aplicação da primeira camada de

porcelana, aplicação da segunda camada de porcelana e aplicação do glaze.

Foram analisados os términos em chanfro e ombro, ambos com e sem bisel.

Obtiveram cinco copings para cada tipo de término, todos apresentando colar

metálico lingual de 3mm e espessura marginal vestibular de 0,35 a 0,5mm.

Os términos em ombro, com ou sem bisel, apresentaram distorção

significantemente menor na margem vestibular que os términos em chanfro,

com ou sem bisel.

Page 21: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

20

Palomo & Peden55 (1976) teceram algumas considerações sobre os

procedimentos restauradores do ponto de vista periodontal. Os autores

relataram que o erro mais comum na confecção de coroas é a ocorrência de

sobrecontorno nas faces proximais, região onde o fio dental pode enroscar

ou se dilacerar, causando incômodos para o paciente que freqüentemente

abandona o seu uso, facilitando o acúmulo de placa nesse local. Os autores

proferiram também que idealmente o tecido dental deveria ser substituído por

uma material que seja bem tolerado pelos tecidos gengivais, e que

restaurações subgengivais com superfície rugosa são fortemente

relacionadas a inflamações gengivais.

Duncan24 (1982) comparou a adaptação marginal de copings de

quatro ligas de níquel-crômio e uma liga com alto teor de ouro (grupo

controle). Foram confeccionados dez copings de cada liga a partir de um

troquel metálico de um preparo para coroa total de um incisivo central com

espessura de término entre 0,3 e 0,6mm. Após a fundição foi realizado o

acabamento nas estruturas sendo removidas bolhas e irregularidades com

broca carbide nº 2. A partir dos resultados obtidos o autor verificou que o

grupo controle apresentou a menor média de fenda marginal.

Faucher & Nicholls27, em 1980, introduziram uma técnica para

monitorizar mudanças marginais ocorridas durante os diferentes ciclos de

queima durante a confecção de uma coroa metalo-cerâmica. Era traçado o

perfil externo da margem da coroas de incisivos centrais superiores com

término em chanfro, ombro e ombro biselado. Os copings metálicos eram

totalmente recobertos com cerâmica, com exceção da cinta metálica lingual,

e em cada fase da aplicação da cerâmica era obtido um novo perfil na

margem externa. Em todas as coroas houve um aumento nas dimensões

mésio-distal e uma diminuição no sentido vestíbulo-lingual. Embora as

maiores distorções tenham ocorrido durante o ciclo de oxidação, mudanças

adicionais nas dimensões ocorreram durante as etapas subseqüentes. As

Page 22: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

21

amostras com término em chanfro apresentaram distorção significantemente

maior que as com término em ombro e ombro-biselado, não havendo

diferenças estatisticamente significante entre os últimos.

Gilboe & Thayler33 (1980) ao realizar uma análise crítica sobre

coroas totais em ouro com ombro biselado asseguraram que a forma de

retenção e resistência da coroa é dada pela redução das paredes axiais e

que quando essa é realizada tendo profundidades inadequadas são

confeccionadas restaurações com sobrecontorno com prejuízos à saúde do

periodonto. Afirmaram também que o preparo deve garantir um término

cervical em esmalte com capacidade de resistir à fratura e a desintegração.

Relataram ainda, que o bisel cervical elimina a possibilidade de restarem

porções de esmalte frágil ou sem suporte, estabiliza a estrutura dental

formando um ângulo obtuso e resulta em uma restauração com término em

ângulo agudo facilitando o brunimento do metal.

Em 1980, Rogers62 publicou um trabalho sobre a possibilidade de

interpor, entre a cerâmica e ligas metálicas básicas, uma camada de ouro

para melhorar a adesão na interface metal-cerâmica, destacando que os

metais nobres apresentam superior adesão e melhoram a adaptação

marginal.

Esse autor, em 1980, escreveu um trabalho sobre a obtenção de

inlays em porcelana com substrato de ouro puro eletrodepositado. Destacou

a possibilidade de conseguir infra-estruturas de outras ligas metálicas com

margem em ouro igualmente eletrodepositado sobre elas, relevando a

importância deste procedimento para melhorar a adaptação marginal e a

integridade do tecido gengival (ROGERS63, 1980).

Anusavice et al.6 (1981) empregaram um teste de choque térmico

para determinar a resistência à trinca de 55 sistemas metalo-cerâmicos.

Foram utilizadas ligas metálicas de onze marcas comerciais diferentes,

sendo seis ligas não nobres e cinco ligas nobres combinadas com cinco

Page 23: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

22

diferentes marcas comerciais de porcelana. Após a confecção das amostras,

essas eram levadas a uma máquina de ensaio que possibilitava o

aquecimento a uma temperatura pré-estabelecida e o resfriamento brusco

com a imersão em água gelada. A temperatura de aquecimento utilizada no

primeiro ensaio foi de 90°C. Após o resfriamento, as amostras eram

observadas com o auxílio de um microscópio com 10x de aumento e uma

fibra óptica de transiluminação. No caso da amostra não apresentar falhas,

elas retornavam à máquina de ensaio e então a temperatura era elevada a

100°C. Esse processo era repetido com aumento incremental de 10°C até

que fosse observada a trinca na amostra. Após a obtenção e análise dos

resultados os autores concluíram que o efeito da porcelana utilizada foi mais

significante para a determinação da resistência à trinca que o tipo de liga, e

que, nas condições empregadas, o teste de resistência ao choque térmico é

capaz de diferenciar sensivelmente a resistência à trinca dos sistemas

metalo-cerâmicos.

Eames25 (1981) faz uma análise sobre os materiais utilizados na

confecção de restaurações indiretas, relata alguns fatores que afetam na

adaptação marginal e sugere que esses podem ser minimizados com a

escolha adequada dos materiais. Dentre os fatores citados encontra-se os

materiais de moldagem, tipo de gesso dos modelos, técnicas de alívio e tipo

de cimentos.

Gavelis et al.30, em 1981, verificaram a influência de vários tipos de

términos cervicais no selamento marginal e assentamento oclusal de coroas

totais metálicas fundidas. Foram confeccionados oito troquéis em aço

inoxidável simulando um preparo para coroa total em molar. A altura dos

preparos era de 6mm e ângulo de 10º de convergência das paredes axiais.

Os tipos de término estudados foram: ombro de 90º, ombro de 45º, ombro de

90º com bisel paralelo, ombro de 90º com bisel de 45º, ombro de 90º com

bisel de 30º, chanfro com bisel paralelo e lamina de faca, sendo que para

Page 24: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

23

esse tipo de término foram confeccionados dois troquéis, um com 10mm de

diâmetro e um com 8mm de diâmetro. Para cada padrão metálico foram

confeccionadas cinco coroas em liga áurica tipo III. Dentro de cada coroa

fundida foi vertida resina Duralay, para a confecção de um troquel. Sobre

estes troquéis de resina acrílica as coroas foram cimentadas, incluídas,

seccionadas e polidas para a avaliação em microscopia. A linha de

cimentação foi medida na margem, ombro, parede axial e superfície oclusal.

Os resultados mostraram que o melhor selamento marginal foi obtido com os

términos em lâmina de faca (3µm e 34µm) e os com bisel paralelo à parede

axial (41µm para ombro e 44µm para chanfro), sendo que o pior selamento

marginal ocorreu para os términos: ombro de 45º (95µm), ombro com bisel

de 30º (99µm) e ombro com bisel de 45º (105µm). O melhor assentamento

oclusal foi encontrado nas coroas com ombro puro de 90º.

Kashani et al.48 (1981) descreveram geometricamente os efeitos da

angulação do bisel na adaptação marginal de coroas totais. Os autores

demonstraram através da trigonometria do triângulo retângulo que quando o

ângulo do bisel diminui em relação ao ombro, reduz também a espessura de

cimento. Em casos de ombro reto a discrepância marginal é idêntica à

espessura de cimento. A extremidade apical do coping (ponto F),

extremidade externa do preparo (ponto G) e a ou projeção perpendicular da

extremidade apical do coping na superfície do bisel (ponto H) formam o

triângulo retângulo FGH, sendo que a medida GH é igual a GF.sen α (α é

igual a angulação do bisel). Quanto mais íngreme for a inclinação do bisel

tanto menor será o α e o sem α (espessura de cimento). Entretanto, uma

margem muito fina poderia criar dificuldades durante a confecção da

restauração. Portanto, o bisel deve ter ângulo entre 30 e 45°.

Koth49 (1982) verificou a qualidade do tecido gengival ao redor de

dentes restaurados com coroas totais em 26 pacientes. Os pacientes foram

selecionados em uma clínica particular e haviam recebido as restaurações

Page 25: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

24

em um período entre um a nove anos, com média de três anos e meio. A

saúde gengival dos dentes restaurados foi avaliada pela verificação do

volume do fluido crevicular gengival e comparada com o fluido do dente

colateral hígido. O autor se preocupou também em relacionar o volume de

fluido crevicular e a localização da margem cervical: subgengival, ao nível

gengival e supragengival. Não houve diferença entre os dentes hígidos e os

dentes restaurados, bem como não foi encontrada diferença em relação à

margem. O autor atribuiu esses resultados ao rígido programa de controle da

saúde periodontal a que esses pacientes foram submetidos.

Pascoe56 (1983) avaliou o desajuste cervical vertical em coroas

totais metálicas com término em ombro puro e em ombro biselado, antes e

após a cimentação. As coroas com término biselado apresentaram menor

média de abertura marginal.

DeHoff & Anusavice22 (1984) fizeram uma análise através de

elementos finitos para avaliar a influência do desenho do término cervical na

distorção marginal de coroas metalo-cerâmicas causadas por diferenças de

contração térmica entre o metal e a porcelana. O stress residual e as

distorções marginais foram calculados usando análise de elemento finito

bidimensional. Foram modeladas coroas totais metalo-cerâmicas para pré-

molares com término em chanfro fino, chanfro com colar, ombro com colar e

ombro-biselado com colar. Foi confeccionado também um modelo de incisivo

central superior com término em chanfro fino. Os cálculos foram feitos

combinando duas ligas: níquel-crômio e ouro-paládio com três cerâmicas

com coeficiente de contração térmica diferentes. Concluíram que as

distorções marginais dependem principalmente da combinação entre o metal

e a porcelana e não do desenho do coping.

Em 1985, Anusavice2 realizou uma análise comparativa das

características positivas e negativas das ligas metálicas nobres. Dentre os

metais nobres inclui-se o ouro, platina, paládio, ródio, rutênio, irídio e ósmio.

Page 26: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

25

Simplificadamente, todas as ligas odontológicas nobres possuem em sua

composição ou ouro ou paládio como principal metal. Em odontologia, um

metal é considerado nobre por não oxidar facilmente e por sua resistência à

corrosão e ao manchamento intrabucal, sendo assim, a prata não é

considerada um metal nobre. Segundo o autor, a presença de prata nas ligas

odontológicas para coroas metalo-cerâmicas em concentrações maiores que

5% torna a restauração susceptível à descoloração da porcelana. Entretanto,

maiores concentrações desse metal nas ligas as tornam mais baratas. O

autor pondera que a seleção da liga deve estar baseada em resultados

clínicos de longo prazo, propriedades físicas, potencial estético e dados

laboratoriais de resistência adesiva e compatibilidade térmica entre a liga

metálica e a porcelana dental.

Comparando clinicamente a adaptação marginal de três tipos de

coroas totais metalo-cerâmicas, Belser et al.10 (1985) selecionaram 36

dentes com necessidade de restaurações, sendo que em todos era possível

que a margem vestibular estivesse localizada supragengivalmente para a

viabilidade da leitura da adaptação. Os dentes foram separados em três

grupos segundo o tipo de término cervical vestibular: a) ombro biselado

terminado em metal; b) ombro terminando em metal; c) ombro cerâmico. Na

face lingual todos os dentes receberam preparo com término em chanfro.

Após a confecção e ajuste, as coroas foram adaptadas aos preparos e

moldagens das faces vestibulares foram realizadas. Em seguida as mesmas

foram cimentadas e após a remoção dos excessos de cimento, foi realizada

nova impressão. Foram obtidos modelos em resina epóxica da região

marginal antes e após a cimentação das coroas e esses foram preparados

para análise em microscópio eletrônico de varredura, com 170 vezes de

aumento. A leitura da fenda marginal antes e após a cimentação mostrou

que em todas as coroas a fenda aumentou depois da cimentação.

Page 27: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

26

Anusavice et al.4 (1986) calcularam pela análise de elementos finitos

bidimensional a distribuição de estresse induzido em coroas metalo-

cerâmicas de incisivos centrais anteriores confeccionadas em liga de ouro ou

liga de níquel com espessura convencional de 0,3mm e com espessura

reduzida a 0,1mm. As análises foram feitas em três desenhos de coroas

submetidas a cargas verticais. A hipótese dos autores era de que a indução

de estresse seria fortemente influenciada pela espessura do coping e, em

menor extensão, pelo modulo de elasticidade da liga metálica. O modelo da

coroa utilizado para análise possuía término em chanfro. Uma força 200N

simulando uma mordida foi realizada verticalmente na porcelana da face

lingual próxima à união metalo-cerâmica. Os autores relataram que o maior

achado do trabalho foi que a redução da espessura do coping é insignificante

nos níveis de stress ocorridos na porcelana.

Shafagh66 (1986) comparou, in vivo, o acúmulo de placa em coroas

totais em função do polimento: convencional e experimental (realizada sob

microscópio com aumento de 40 a 70 vezes). Foram selecionados dez

pacientes que necessitavam coroas nos primeiro e segundo molares. Esses

dentes foram preparados com término em chanfro, as coroas foram

confeccionadas em liga de ouro tipo III, variando apenas o tipo de polimento

final. Após a cimentação provisória das coroas os pacientes receberam a

orientação abster a escovação por 72h. A verificação da quantidade de placa

foi observada a cada 24h, revelando que houve diferença estatisticamente

significante entre as duas técnicas de polimento, sendo a técnica

experimental acumulou menor quantidade de placa.

Anusavice & Carroll4 (1987) avaliaram a hipótese de que a tensão

gerada devido à incompatibilidade de contração térmica entre metal e

porcelana não é o principal fator responsável pela distorção marginal ou

generalizada de coroas metalo-cerâmicas. Para tanto, foram confeccionados

trinta copings em liga de PdCuGa, divididos em dois grupos de acordo com a

Page 28: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

27

espessura do coping (0,1 e 0,2mm). Cada grupo foi subdividido em três, de

acordo com o tipo de porcelana: grupo controle (sem aplicação de

porcelana); porcelana de baixa expansão; e porcelana compatível com a liga.

A mensuração da desadaptação foi realizada nas diferentes etapas da

confecção das coroas em quatro pontos previamente marcados para que

elas sempre ocorressem no mesmo local. A máxima alteração de

desadaptação entre os estágios de oxidação e glazeamento foi de +17µm e

+1µm para os copings de 0,1 e 0,2mm respectivamente quando sinterizado

1,3mm de porcelana compatível. Para a porcelana incompatível a máxima

alteração encontrada entre o mesmo intervalo foi de –2µm e + 7µm para os

copings de 0,1 e 0,2mm, respectivamente, sendo que essas diferenças não

são consideradas clinicamente significantes.

Abbate et al.1 (1989) compararam a adaptação marginal de quatro

tipos de sistemas cerâmicos em coroas totais: metalo-cerâmicas com

margem metálica, metalo-cerâmicas com ombro cerâmico vestibular, coroas

do sistema Cerestore e coroas cerâmicas Dicor. Dois tipos de preparos foram

realizados: um para coroas metalo-cerâmicas e outro para coroas cerâmicas.

As coroas metalo-cerâmicas tinham término em plano inclinado de 120° e

chanfro lingual e as de sistemas totalmente cerâmicos tinham término em

ombro puro de 120° com ângulos arredondados e largura de 1,3mm. Os

preparos foram realizados em dentes de resina e duplicados em gesso

especial para os grupos de coroas metalo-cerâmicas e para o grupo de

cerâmica Dicor. Para as coroas em Cerestore, os troquéis foram feitos em

resina epóxica. Em todos os grupos foi aplicado espaçador de troquel e as

coroas metalo-cerâmicas foram fundidas em ouro cerâmico. As coroas

totalmente cerâmicas foram elaboradas de acordo com as especificações

dos fabricantes. As coroas obtidas foram cimentadas nos respectivos dentes

preparados com cimento de fosfato de zinco. Os conjuntos coroa-dente

foram incluídos em resina epóxica e seccionados no sentido vestíbulo-

Page 29: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

28

lingual. Assim, mediu-se a espessura do cimento de fosfato de zinco com um

micrômetro digital nas faces vestibular e lingual 100, 200 e 300µm

internamente à margem, resultando em seis pontos de mensuração por

coroa. Os resultados obtidos mostraram não haver diferenças

estatisticamente significantes nos quatro sistemas.

Chan et al.18 (1989) utilizaram 18 dentes humanos extraídos e

preparados para coroa total com término em ombro arredondado para

comparar a adaptação marginal de três tipos de coroas estéticas por meio de

microscopia eletrônica de varredura. Os sistemas avaliados foram: coroas

metal-free em Cerestone, coroas metalo-cerâmicas e coroas metalo-

cerâmicas com ombro cerâmico vestibular. As coroas foram cimentadas aos

respectivos dentes e levadas ao microscópio eletrônico de varredura para a

mensuração da desadaptação ao redor de todo o término. A média de fenda

marginal para as coroas de Cerestone, metalo-cerâmicas e metalo-cerâmicas

com ombro vestibular cerâmico foi de 75µm, 65µm e 95µm, respectivamente.

Gegauff & Rosenstiel31 (1989) verificaram os possíveis efeitos da

aplicação de diferentes quantidades de camadas de espaçadores associada

à aplicação de forças dinâmicas no assentamento de coroas totais metálicas.

Três molares extraídos foram incluídos em resina acrílica e reparados para

coroas totais metálicas com um sulco na superfície oclusal. Esses dentes

foram moldados com silicona de adição e foram obtidos sete modelos em

gesso tipo IV para cada dente preparado. Os modelos receberam de zero a

seis camadas de espaçador ficando esse 1mm aquém do término cervical.

Seguindo um protocolo pré-estabelecido para minimizar distorções, foram

enceradas e fundidas as coroas em liga nobre. As mensurações de

desajustes foram realizadas em quatro pares de pontos padronizados, antes

e após a cimentação. Para a leitura inicial, as coroas foram mantidas em

posição com o auxílio de dois elásticos ortodônticos. As coroas foram

preenchidas com cimento de fosfato de zinco, assentando-as inicialmente

Page 30: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

29

com pressão digital e em seguida foi exercida uma carga de 49N tendo um

bastão de madeira interposto entre a coroa o dispositivo de aplicação de

carga. Esse bastão foi movimentado para cima e para baixo, durante 30s; a

partir daí, a carga permaneceu estática por 9,5min. Após a remoção dos

excessos, foram realizadas novas mensurações de desajustes e

posteriormente foi realizada a remoção da coroa. Os valores de desajuste

cervical vertical obtidos todos negativos em relação às medidas iniciais, não

havendo diferença estatisticamente significante entre as diferentes

quantidades de camadas de espaçadores.

Setz et al.64 (1989) avaliaram a fenda marginal de coroas metalo-

cerâmicas com copings obtidos por eletrodeposição após a cimentação.

Cinco dentes humanos extraídos foram preparados com término em ombro

de 1mm e moldados com silicona de adição para a obtenção de modelos-

mestres em gesso tipo IV. Esses foram duplicados e obtidos troquéis em

gesso tipo III, sobre os quais foram realizados os copings eletroformados.

Após sua confecção, os copings foram posicionados no modelo-mestre para

a aplicação de porcelana e cocção. Em seguida, as coroas foram cimentadas

nos respectivos dentes. As margens das coroas foram avaliadas de duas

formas: teste circunferencial e pela secção das amostras. No teste

circunferencial, foram obtidas fotomicrografias com 33x de aumento em toda

a circunferência da coroa, obtendo-se uma imagem a cada mm, gerando um

total de 1057 mensurações para os cinco corpos-de-prova, com uma média

de 18µm de fenda. Após o teste circunferencial, as amostras foram

embutidas em resina e cortadas longitudinalmente ao centro. As faces

expostas foram polidas e suas margens observadas em um microscópio com

125x de aumento, obtendo um total de vinte mensurações para os cinco

corpos-de-prova, com média de 19µm de fenda. Os autores relataram as

vantagens e desvantagens de cada teste, sendo a menor magnificação do

teste circunferencial considerada a sua pior desvantagem.

Page 31: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

30

Em 1989, Sorensen69 publicou uma revisão sobre a iniciação,

formação, desenvolvimento e maturação da placa dental na qual relatou

haver uma forte relação entre rugosidade, desadaptação marginal e sobre-

extensão de coroas totais metalo-cerâmicas e as doenças do periodonto.

Para avaliar quantitativa e qualitativamente a adaptação cervical de

coroas metálica, Stephano et al.71 (1989), utilizaram um troquel-padrão

metálico em NiCr obtido a partir da moldagem de um dente humano

preparado para coroa total com término cervical em ombro. O troquel

metálico foi reproduzido para a obtenção de oito troquéis em gesso pedra

melhorado. Cada troquel de gesso foi encerado oito vezes, quatro sem

espaçador e quatro com espaçador 0,5mm aquém da margem. Após a

inclusão a fundição foi realizada em liga de ouro, NiCr e CuAl. A mensuração

da desadaptação foi realizada utilizando microscópio de mensuração linear

em dois locais previamente demarcados no troquel, com três leituras em

cassa ponto. Os autores concluíram que os valores obtidos de desadaptação

marginal para as coroas confeccionadas sem a aplicação do espaçador

excederam consideravelmente os valores aceitáveis clinicamente, enquanto

que as coroas obtidas após a aplicação do espaçador apresentaram

menores desajustes, mas somente as médias das coroas em liga de ouro

(18,56µm) estavam dentro dos valores clinicamente aceitáveis.

As restaurações metalo-cerâmicas são amplamente utilizadas na

prática odontologia. Segundo Bagby et al.8 (1990), embora os mecanismos

de adesão sejam entendidos, definir compatibilidade entre liga metálica e

porcelana é algo ilusório. Em uma revisão de literatura sobre compatibilidade

entre metal e porcelana os autores abordaram os tipos de adesão entre

esses materiais, sendo eles a retenção mecânica, força de van der Walls e

adesão química. Para a ocorrência de adesão química é necessária uma

camada de óxido intermediando a interface metal-porcelana. Existem

algumas controvérsias sobre a eficiência da retenção mecânica na adesão

Page 32: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

31

entre o metal e a porcelana, porque, embora ela possa auxiliar na retenção,

podem se formar lacunas na interface, podendo diminuir a adesão. As forças

de van der Walls parecerem contribuir na adesão entre metal e a porcelana,

e parece ser intensificada na presença da camada de óxido. Os autores

ponderaram também sobre os ensaios mecânicos realizados para avaliar a

compatibilidade entre os materiais, ressaltando que raramente ocorre

concordância entre os resultados esperados e os obtidos nesses ensaios,

dada a complexidade da interação metal-cerâmica.

Hung et al.43 (1990) avaliaram a adaptação marginal de dois tipos de

coroas totalmente cerâmicas (Dicor e Cerestore) e coroas metalo-cerâmicas

cimentadas. Utilizaram trinta pré-molares humanos extraídos que foram

preparados, sendo os dentes que receberam coroas totalmente cerâmicas

preparados com término em ombro e os dentes preparados para coroas

metalo-cerâmicas com término em ombro biselado. As fendas marginais

foram mensuradas, antes e após a cimentação e após 1500 ciclos térmicos

(5°C e 60°C). Segundo os resultados obtidos as coroas não apresentaram

diferenças estatísticas antes da cimentação, porém, após a cimentação, as

coroas metalo-cerâmicas apresentaram fendas marginais significantemente

menores.

Hunter & Hunter44 (1990) realizaram uma revisão de literatura sobre

a configuração marginal de coroas. A primeira parte do trabalho focou as

terminologias empregadas para definir os términos cervicais e as espessuras

preconizadas. Segundo os autores, a decisão sobre o preparo dental a ser

realizado para a colocação de próteses fixas deve ser baseada na

configuração da margem. O desenho do preparo determina a forma e o

volume da estrutura protética e influencia na adaptação final. Entretanto,

segundo os autores não existe um consenso na literatura sobre qual é a

geometria e a espessura ideal de um preparo. No levantamento sobre os

termos utilizados para definir o tipo do término cervical os autores

Page 33: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

32

encontraram algumas divergências. Os autores concluíram que embora

tradicionalmente a literatura indique preparos com desgaste mínimo, o risco

de serem confeccionadas restaurações com sobrecontorno e com perfil de

emergência alterado é muito grande e que as vantagens em aumentar o

desgaste axial são mais importantes que conservar tecido dental.

Na segunda parte da revisão publicada por Hunter & Hunter45, em

1990, os autores discutiram sobre a significância clínica das fendas

marginais evidenciando a predisposição a ocorrência de cáries, problemas

periodontais e oclusais, sugerindo que os términos biselados ou em lâmina

de faca podem minimizar esses problemas.

Mantovani et al.53 (1990) estudaram quantitativamente se a

utilização de espaçadores de troquel melhora a adaptação marginal de

coroas de ligas de ouro. As coroas foram obtidas a partir de três condições:

a) enceramento direto sobre o troquel padrão de aço; b) enceramento direto

sobre um espaçador de cobre com 30µm de espessura, assentado sobre o

troquel padrão de aço; c) pelo enceramento direto sobre um espaçador de

cobre com 40µm, assentado sobre o troquel padrão de aço, sendo que os

espaçadores foram obtidos por eletrodeposição. O troquel padrão foi

moldado com quatro tipos de elastômeros, num total de 11 diferentes

materiais, obtendo-se 99 corpos-de-prova em gesso pedra. As coroas foram

fundidas pelo processo de expansão térmica do revestimento e as medidas

dos desajustes realizadas em três pontos demarcados no troquel padrão

com auxílio de um microscópio de mensuração linear com aproximação de

leitura de 1µm. Para cada ponto foram realizadas três medidas, somando-se

nove medições por troquel. Os resultados obtidos mostraram que o

espaçador de 40µm apresentou melhor resultado (desajuste médio de 9µm),

seguido pelo espaçador de 30µm (desajuste médio de 18µm) e sem

espaçador (desajuste médio de 284µm).

Page 34: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

33

Sorensen70 (1989) introduziu um método padronizado para a

determinação da fidelidade das margens de coroas. Nesse método um

incisivo central foi preparado com redução axial de 1,5mm e incisal de 2mm;

a linha de término tinha forma de ombro de 90°. Dez modelos-padrão foram

criados a partir de dentes de ivorine metalizados com prata, numerados e

moldados para a confecção de coroas. Essas foram cimentadas nos troquéis

mestres, incluídas em resina e seccionadas na direção mésio-distal e

vestíbulo-lingual. Para determinar a discrepância marginal vertical foram

obtidas fotografias com 120x de magnificação. Uma retícula padronizada

com uma escala dividida em incrementos de 5µm é colocada sobre a foto

fornecendo imagens com a escala sobreposta nas impressões para a

padronização e os cálculos. A determinação das fendas das coroas foi feita

por três observadores independentes. Foi obtida uma variação inter-

observador de 10µm na horizontal e 9µm na discrepância marginal vertical.

Wilson et al.81 (1990) verificaram a influência de algumas variáveis

na deformação de coroas totais metálicas no ato da cimentação. Um modelo-

padrão foi confeccionado em aço inoxidável simulando um preparo para

coroa total. Sobre ele, criaram duas espessuras de padrões em resina

acrílica de polimerização rápida, contendo uma perfuração oclusal. As coroas

foram fundidas em liga de ouro e as margens brunidas até que nenhuma

abertura marginal fosse visualizada com o auxílio de lupas. Para obstruir a

perfuração oclusal foram usados parafusos. Líquidos com diferentes

viscosidades foram empregados para simular várias consistências de

misturas de cimento de fosfato de zinco. Ao final do experimento, a

cimentação foi feita com cimento de fosfato de zinco para a comparação. Os

modelos-padrão metálicos tiveram sua espessura diminuída com

condicionamento em água-régia, a fim de simular alívio interno das coroas.

Através de um dispositivo especial, a deformação das coroas foi medida, Os

resultados mostraram que houve maior deformação nas coroas com menor

Page 35: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

34

espessura de metal e com cimento mais espesso, porém o alívio interno não

exerceu influência estatisticamente significante. O intervalo de tempo

requerido para o assentamento total das coroas foi maior para coroas não

aliviadas e para cimentos mais viscosos.

Chaffee et al.17 (1991) avaliaram a adaptação marginal de coroas

metalo-cerâmicas em ouro-paládio com ombro cerâmico na face vestibular

com coroas metalo-cerâmicas com cinta metálica vestibular. Após a

mensuração da adaptação em microscópio eletrônico de varredura com

magnificação de 100x, os autores observaram que as coroas com ombro

cerâmico apresentaram valores médio de desadaptação na face vestibular

43µm maiores que as coroas metalo-cerâmicas com cinta metálica

vestibular. Não houve diferença significante na adaptação marginal na face

lingual de ambos os grupos, sendo que essas possuíam espessura de

0,4mm.

Wang et al.77 (1992) avaliaram o desajuste cervical vertical de

coroas totais metálicas antes e após a cimentação empregando as seguintes

variáveis: configuração marginal, presença ou não de espaçador de troquéis,

tipos de cimento (fosfato de zinco e ionômero de vidro), dispositivos para

assentamento (madeira ou um dispositivo denominado E-Z Bite) e forças

empregadas durante o assentamento (5 e 30 libras). Dois modelos-padrão

foram confeccionados em aço inoxidável (6mm de altura de preparo, 10° de

convergência das paredes axiais) com términos em forma de ombro e ombro

biselado. Após a duplicação dos modelos e obtenção dos troquéis, foram

aplicadas quatro camadas de espaçador em metade das amostras para

assegurar 24µm de espessura. Após a fundição, foram realizados os ajustes

internos com broca esférica e limpeza com ultra-som. Para a mensuração

inicial realizada com um micrômetro digital, foram utilizadas cargas de

assentamento de 5 e 30 libras. As amostras foram cimentadas e assentadas

com a mesma carga utilizada na mensuração inicial. Da interação dos

Page 36: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

35

resultados os autores obtiveram que a presença do espaçador foi

responsável por um desajuste cervical vertical menor comparando com os

grupos sem espaçador. Em relação à carga de assentamento aplicada, as

amostras cimentadas com carga de 5 libras apresentaram maior desajuste

cervical vertical. A melhor adaptação foi observada nas coroas com término

em ombro biselado cimentadas com carga de 30 libras.

Grey et al.36 (1993) compararam a fenda de adaptação de três tipos

de coroas totais: puras de porcelana feldspática, metal-free com infra-

estrutura em In-Ceram e metalo-cerâmicas. Após a confecção e ajustes, as

coroas foram assentadas no troquel metálico e pesadas em uma balança

eletrônica. Em seguida, uma silicona de moldagem foi manipulada, aplicada

uma camada internamente à coroa e essa foi adaptada ao troquel metálico.

Os excessos de matérias de moldagem foram removidos e após a

polimerização o conjunto foi novamente pesado. A espessura de silicona,

que simulou a espessura de cimento, foi calculada a partir da área de

superfície do troquel, da densidade do material e da massa da película de

silicona. As coroas metalo-cerâmicas apresentaram valores de adaptação

significantemente menores que as coroas de In-Ceram e as puras de

porcelana (95 µm, 123µm e 154µm, respectivamente).

Syu et al.73 (1993) verificaram a influência da geometria do término

cervical na adaptação axial e marginal de copings metálicos com alto teor de

paládio. Foram utilizados três incisivos centrais superiores artificiais

preparados para coroa metalo-cerâmica com as seguintes configurações de

término cervical vestibular: a ombro com ângulo cavosuperficial de 110°; b)

ombro biselado com o bisel formando um ângulo de 45° com o longo eixo do

dente e c) chanfro. Os dentes foram preparados foram moldados e obtidos

dez modelos em gesso extra-duro para cada grupo. Os copings foram

encerados de forma padronizada, fundidos e as imperfeições foram

removidas. Os copings metálicos foram posicionados nos respectivos

Page 37: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso
Page 38: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

37

resultados demonstraram a acuidade entre os três observadores com relação

à técnica. Não houve diferença estatística entre os estados inicial e ajustado

quanto à inclinação da coroa. Após a cimentação, entretanto, houve

diferença estatística para os grupos cimentados com cimentos resinosos,

sendo esse o mais desadaptado.

Castellani et al.16 (1994) compararam a distorção térmica de coroas

totalmente cerâmicas com coroas metalo-cerâmicas. Para tanto, foi

comparada a adaptação marginal de quatro sistemas, a saber: a) metalo-

cerâmica com infra-estrutura em liga de ouro-paládio; b) cerâmo-cerâmica

com infra-estrutura em Willi Glas Dicor; c) cerâmo-cerâmica com infra-

estrutura em Hi-Ceram; d) cerâmo-cerâmica com infra-estrutura em In-

Ceram. As infra-estruturas foram confeccionadas sobre réplicas de um

troquel metálico que simulava um preparo para coroa total com término em

ombro. Após a realização dos ajustes internos, as coroas eram encaixadas

no troquel metálico, observadas em um estereomicroscópio e pressionadas

até o momento em que o aumento da pressão não alterasse a qualidade da

adaptação marginal. Nesse momento era obtido um molde de precisão com

silicona de adição, incluído em resina epóxica e o conjunto formado

seccionado em cinco fatias verticais com 0,8mm de espessura. A

discrepância vertical foi mensurada após a confecção da infra-estrutura e

após cada um dos três ciclos de queima da porcelana de cobertura, realizada

nas extremidades das fatias, num total de dez medições por amostra. A partir

dos resultados obtidos, os autores concluíram que as coroas metalo-

cerâmicas foram mais resistentes às distorções térmicas.

Harris & Wickens38 (1994) compararam a adaptação de copings de

titânio usinados com copings de liga de ouro fundidos. Para a análise da

adaptação foram confeccionados dez copings de cada técnica. Foi simulada

a cimentação dos copings sobre os respectivos modelos metálicos utilizando

material de moldagem como análogo do cimento. O filme de material de

Page 39: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

38

moldagem obtido foi incluído em um bloco de outro material de moldagem de

cor diferente e contrastante. Foram obtidos dois blocos para cada coping, um

seccionado no sentido vestíbulo-lingual e outro mésio-distal. A espessura de

cimento foi observada em sete regiões diferentes em um microscópio óptico

com 55x de magnificação. Os autores concluíram que ambos os materiais

apresentaram linha de cimentação não-uniforme e que todos os copings de

titânio apresentaram maior linha de cimento na região das margens.

Leong et al.52 (1994) compararam a adaptação marginal de coroas

com copings de titânio usinado, fundido e de ligas de ouro fundido. Foram

confeccionados seis copings de cada grupo e a adaptação foi mensurada em

quatro pontos cardeais em cinco diferentes estágios da confecção das

coroas: a) após fundição/usinagem; b) depois da degaseificação; c) após o

ciclo de queima do opaco; d) após a queima da porcelana de corpo e incisal;

e) após a aplicação do glaze. As medidas foram feitas em microscópio óptico

com 100x de aumento e precisão de 2,5µm. Durante a mensuração, os

corpos-de-prova um dispositivo para manter a mesma pressão de

assentamento (aproximadamente 1,36kg). Os resultados mostraram que não

houve diferença estatisticamente significante entre a fenda marginal das

coroas de titânio usinado (54µm) e fundido (60µm) sendo ambas

significantemente maior que as coroas com infra-estrutura em liga nobre

(25µm). Os autores observaram que as discrepâncias marginais foram

resultantes principalmente da etapa de confecção dos copings e que a

adição da porcelana não causou mudanças significativas na integridade das

margens.

Campbell et al.15 (1995) avaliaram a influência do acabamento do

metal e dos sucessivos ciclos de cocção da porcelana na adaptação

marginal de coroas metalo-cerâmicas. O padrão metálico simulando um

dente preparado foi moldado com silicona de adição e os modelos foram

obtidos em gesso. Sobre os troquéis de gesso foram confeccionados os

Page 40: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

39

padrões em cera que foram incluídos e fundidos em liga de ouro-paládio.

Nessa etapa foi realizada a primeira mensuração da desadaptação em todos

os copings. Três pontos na face vestibular e dois pontos na lingual foram

escolhidos para padronizar as mensurações. Em seguida os copings foram

divididos em três grupos de acordo com o tipo de acabamento: a) a

superfície externa dos copings foi tratada com pedras abrasivas, a adaptação

foi novamente verificada, os copings foram jateados com óxido de alumínio e

o primeiro ciclo térmico (oxidação) foi realizado, seguido de mais uma

mensuração; b) após a primeira mensuração os copings foram levados

diretamente para o primeiro ciclo térmico (oxidação) para depois ser

realizado o acabamento seguindo as mesmas etapas do primeiro grupo; c)

após a fundição as amostras foram reincluídas para tratamento térmico a

1038°C durante 20min, e passado esse período as amostras foram tratadas

igualmente às do primeiro grupo. Os autores concluíram que todos os ciclos

térmicos aumentaram a fenda marginal e que as maiores alterações ocorrem

durante o primeiro ciclo térmico da liga.

Gemalmaz & Alkumuru32 (1995) avaliaram, por meio de microscopia

eletrônica de varredura, as alterações ocorridas na adaptação marginal

durante os ciclos de queima da porcelana em copings de paládio-cobre e

níquel-crômio em função do término cervical: chanfro e ombro. Foram

confeccionados dois troquéis metálicos simulando um incisivo central

superior preparado para coroa total com redução de 1,3mm e redução

lingual, mesial e distal de 1mm, altura de 7mm e 6° de convergência das

paredes axiais. Os troquéis foram inseridos num dispositivo que padronizava

o enceramento para fundição em 0,5mm de espessura. A adaptação

marginal foi verificada em um microscópio eletrônico de varredura com 350x

de magnificação em pontos pré-determinados após os seguintes estágios:

fundição, oxidação, aplicação do opaco, cerâmica de corpo e glaze. Para

padronizar a espessura da cerâmica foi utilizado um jig que possibilitava a

Page 41: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

40

obtenção de um contorno uniforme. As maiores alterações de adaptação

foram verificadas após o ciclo de oxidação da liga; os copings

confeccionados com liga de PdCu apresentaram maiores alterações de

adaptação marginal que os copings confeccionados em liga de NiCr. O

desenho do término não influenciou na alteração de adaptação marginal.

Pippin et al.59 (1995) realizaram um estudo clínico retrospectivo

avaliando a saúde periodontal de sessenta pacientes que apresentavam os

incisivos superiores restaurados com facetas cerâmicas ou coroas totais

metalo-cerâmicas. Os pacientes foram divididos em grupos de acordo com o

tipo de restauração (faceta ou coroa total) e o tempo decorrido após a

cimentação definitiva das restaurações (zero a seis meses, sete a 24 meses,

25 a sessenta meses). Após a mensuração da profundidade de bolsa,

sangramento gengival, escoamento do fluido crevicular e verificação dos

índices de placa os autores concluíram que a localização subgengival das

margens das restaurações afeta negativamente a saúde periodontal e que as

margens das facetas cerâmicas geralmente estavam localizadas mais

supragengival.

White et al.80 (1995) avaliaram in vivo a adaptação marginal vertical

e horizontal de coroas metálicas cimentadas com diferentes agentes de

cimentação. Os pacientes apresentavam molares vitalizados, livres de cárie e

com doença periodontal avançada. Os dentes foram reparados para coroa

total com término em chanfro e remoção axial de 1,2mm. Após os preparos,

foram obtidos moldes com silicona de adição preenchidos com gesso tipo IV.

Os troquéis receberam três camadas de espaçador, os copings foram

encerados e fundidos em liga com alto teor de ouro. Após a remoção de

bolhas positivas sobre o troquel e verificação sobre o respectivo dente, foram

cimentados segundo um dos três grupos aos quais pertenciam: cimento de

fosfato de zinco, ionômero de vidro modificado por resina com e sem adesivo

dentinário. Seis meses após a cimentação definitiva, os dentes foram

Page 42: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

41

extraídos, incluídos em resina epóxica e seccionados. O desajuste vertical de

assentamento foi determinado como a máxima distância entre a margem do

preparo coronário e a porção mais apical da fundição; o desajuste cervical

horizontal foi estabelecido como a máxima distância entre a margem do

preparo coronário e a porção mais apical da fundição num plano

perpendicular ao longo eixo da coroa. Os resultados mostraram que o

desajuste cervical vertical foi semelhante para os três grupos.

Holmes et al.42 (1996) compararam a adaptação marginal de coroas

metalo-cerâmicas feitas pela técnica da eletrodeposição e pela técnica da

cera perdida. Os autores prepararam dez incisivos centrais humanos

extraídos para receberem coroas totais, padronizando o término em chanfro

largo. Foram confeccionados cinco copings para cada grupo sobre os quais

foram aplicadas duas camadas de opaco, uma camada de porcelana de

corpo e uma camada de incisal. As coroas foram cimentadas, embutidas em

resina acrílica, seccionadas e polidas. A mensuração da fenda foi realizada

em microscópio óptico com 250x de magnificação. A partir dos resultados

obtidos (36µm ± 24,1µm para os copings eletroformados e 64µm ± 32,7µm

para os feitos pela técnica convencional) os autores concluíram que as

restaurações feitas pela técnica da eletrodeposição apresentam melhor

justeza de adaptação que as confeccionadas pela técnica convencional.

Kydd et al.51 (1996) analisaram, in vivo, a microinfiltração marginal

em dentes que haviam sido restaurados com coroas em ouro ou coroas

metalo-cerâmicas e cimentadas com fosfato de zinco a pelo menos vinte

anos antes do início do estudo. Para análise foram utilizados oito dentes

extraídos por razões periodontais, os quais foram selados com esmalte a

2mm da união dente-restauração e submersos em solução aquosa de

fucsina a 0,05% durante 24h. Decorrido este período, as amostras foram

lavadas, embutidas em resina acrílica e seccionadas paralelamente ao longo

eixo axial, separando o lado mesial e distal, sendo que cada um desses

Page 43: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

42

lados recebeu mais quatro cortes. Nesses cortes foram feitas as análises da

espessura de cimento com microscopia de 50x de aumento e precisão de

0,001mm em ambos os eixos X e Y, sendo que a medida foi realizada da

margem da coroa até a linha final externa do dente. Os autores encontraram

em média 74µm na superfície mesial e 47µm na distal em espessura de

cimento e sua presença em toda extensão, concluindo que mesmo após

vinte anos de permanência na boca estas coroas eram aceitáveis

clinicamente.

Seymour et al.65 (1996) avaliaram as dimensões do ombro cervical e

a angulação dos términos de dentes preparados para coroas totais metalo-

cerâmicas. Vinte e quatro dentes humanos unirradiculares extraídos foram

moldados com silicona de adição, fixados em tubos metálicos e distribuído

para três dentistas membros de uma faculdade a pelo menos seis anos

sendo solicitado que esses realizassem preparos para coroas metalo-

cerâmicas com infra-estrutura em liga nobre. Após a realização dos preparos

os dentes foram mensurados e os resultados mostraram média de redução

axial de 0,75mm, ficando esses resultados abaixo do recomendado para

coroas metalo-cerâmicas com infra-estrutura em liga nobre que está entre

1,2 e 1,5mm.

Groten et al.37 (1997) compararam a adaptação marginal de coroas

totais cerâmicas utilizando dois métodos de mensuração: microscópio

eletrônico de varredura e microscópio óptico. A partir de um padrão metálico

simulando preparo para coroa total em um incisivo central com término em

ombro foram obtidos dez troquéis de gesso. Esses foram utilizados para a

confecção de dez copings de cerâmica usinados (Celay). A mensuração em

microscópio óptico foi realizada com o auxílio de um sistema de análise de

imagens computadorizadas acoplado a um microscópio com magnificação de

50x, efetuada em três estágios da confecção dos copings: usinagem,

infiltração do vidro e aplicação da porcelana. Após esse último estágio foi

Page 44: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

43

realizada a mensuração em MEV. A partir dos resultados, os autores

concluíram que as diferenças encontradas entre os diferentes estágios de

confecção não apresentaram diferença significante, e que as mensurações

realizadas em MEV confirmaram os resultados obtidos em microscópio

óptico.

Bottino12 (1998) avaliou a adaptação cervical de coroas totais

metálicas em função do tipo de término, presença ou não de alívio interno e

agentes de cimentação. A partir de cinco padrões metálicos simulando

preparos para coroas totais idênticos, com exceção do término, foram

confeccionadas cápsulas com e sem alívio interno de 30µm e cimentadas

com os diferentes agentes cimentantes. A partir dos resultados obtidos o

autor concluiu que o alívio da superfície interna melhorou significativamente

a adaptação, e que os términos em ombro 90° e degrau em 90° com bisel de

45° apresentaram as piores médias de adaptação cervical.

Figueiredo et al.28 (1998) analisaram as discrepâncias de

assentamento ocorridas na cimentação de coroas totais metálicas, aliviadas

internamente ou não, sobre preparos com término cervical em chanfro,

lâmina de faca, plano inclinado de 135º, degrau em 90º e degrau de 90º

associado a bisel de 45º. A cimentação das cápsulas foi realizada sob carga

de 5Kg e a fenda marginal foi observada e mensurada em metroscópio

horizontal. A partir dos resultados obtidos, os autores concluíram que o alívio

executado na superfície interna da coroa diminui a discrepância marginal e

que os términos em chanfro, plano inclinado de 135º e lâmina de faca dos

corpos-de-prova aliviados apresentaram assentamento semelhante e

estatisticamente menor que os mesmos términos sem alívio.

Pettenó et al.58 (2000) compararam a adaptação marginal de coroas

metalo-cerâmicas confeccionadas com três tipos de infra-estruturas

metálicas: liga fundida nobre (Keramit Bio, Nobil Metal), liga composta, na

qual os metais se conectam por capilaridade (Captek, Precious Chemicals) e

Page 45: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

44

ouro eletrodepositado (AGC, Wieland). A partir de um modelo-padrão em aço

simulando um preparo de incisivo central superior com término cervical em

ombro biselado, foram obtidos 75 troquéis de gesso tipo IV divididos

aleatoriamente em três grupos (n=25). As infra-estruturas foram

confeccionadas conforme a orientação do fabricante e a adaptação marginal

foi analisada em oito pontos diferentes do modelo em um estereomicroscópio

com aumento de 200x e precisão de 9µm. Esta análise foi realizada no

modelo de gesso antes e após a aplicação da cerâmica e no modelo de aço

após a aplicação da cerâmica. Os resultados obtidos mostraram que antes

da aplicação da cerâmica a adaptação dos copings do sistema Captek foi a

mais precisa (11±2µm) seguida do sistema AGC (14±5µm). Após a aplicação

da cerâmica a fenda marginal sobre o modelo de aço foi de 31±20µm para os

copings em liga nobre, 32±2µm para os copings em ouro eletrodepositado e

68 ± 28µm para os copings do sistema Captek. Os autores concluíram que

as coroas metalo-cerâmicas confeccionadas com liga nobre e ouro puro

apresentaram melhores resultados, porém com os três sistemas dentro dos

limites aceitáveis clinicamente.

Ushiwata et al.76 (2000) analisaram a influência do grau de

convergência das paredes axiais (6º e 18º) e a efetividade dos ajustes

internos utilizando um meio detector de interferências na justeza de

adaptação marginal de copings de NiCr. A partir de dois troquéis metálicos

em aço inoxidável simulando preparos coronários de primeiro molar superior

e diferindo apenas no grau de convergência das paredes axiais foram

obtidas réplicas em gesso, sobre as quais foram confeccionados copings em

NiCr sem alívio interno. Em seguida, os troquéis metálicos receberam cinco

camadas de espaçador e novamente foram confeccionadas as réplicas em

gesso. Uma primeira mensuração da justeza de adaptação marginal foi

realizada em um microscópio de medição e em seguida foram realizados

ajustes internos utilizando um detector de interferências. A partir dos

Page 46: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

45

resultados obtidos, os autores observaram que preparos com maior

convergência axial e construídos com alívio interno apresentam melhor

justeza de adaptação marginal.

Esquivel-Upshaw et al.26 (2001) compararam a resistência à fratura

de inlays totalmente cerâmicas com inlays metalo-cerâmicas e a relação

desses valores com a adaptação marginal. Para tanto, sessenta primeiros

molares foram preparados para inlay variando a angulação das paredes

axiais em 5, 10 e 20°. Metade dos dentes foi restaurada com inlays metalo-

cerâmicas com infra-estrutura em liga nobre e a outra metade com

restaurações confeccionadas em porcelana prensada. A adaptação marginal

foi verificada em seis pontos em microscópio com 30x de aumento. Em

seguida as restaurações foram cimentadas com cimento de ionômero de

vidro e a resistência à fratura foi medida usando uma máquina de ensaios

universal. Os autores concluíram que não existe uma correlação entre o

tamanho da fenda marginal e a resistência à fratura das restaurações.

Goodacre et al.34, em 2001, publicaram uma revisão de literatura

sobre os diversos aspectos envolvidos no preparo dental para coroas totais.

Foram criteriosamente analisadas a convergência das paredes axiais, a

dimensão ocluso-cervical e sua razão com a dimensão vestíbulo-lingual, o

formato da circunferência do dente preparado, a localização, o formato e a

profundidade em do término cervical, a nitidez dos ângulos internos e a

rugosidade da superfície dental. Dentre as conclusões obtidas pelos autores,

têm-se que os dentes incisivos e pré-molares devem apresentar, após a

realização do preparo, altura mínima de 3mm; a razão das dimensões

ocluso-cervical/vestíbulo-lingual deve ser de pelo menos 0,4. Quando as

condições do dente e a estética permitirem, o término cervical deve estar

localizado supragengivalmente; quando for necessária a localização do

término dentro do sulco, esse não deve atingir a inserção epitelial; o tipo de

término cervical para coroas metalo-cerâmicas não precisa ser baseado na

Page 47: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

46

adaptação marginal e sim na preferência do dentista, na estética e na

facilidade de execução; e que em coroas metalo-cerâmicas os ângulos

internos devem ser arredondados para facilitar a obtenção dos modelos de

gesso e dos padrões de cera.

Goodson et al.35 (2001) com o objetivo de avaliar as características

das restaurações expostas aos processos destrutivos que ocorrem no meio

bucal, selecionaram nove pacientes com um total de 42 restaurações

indiretas feitas com coping de ouro compósito instaladas pelo menos quatro

anos antes do início do estudo. Para a comparação da quantidade de placa

retida sobre a superfície de ouro exposta foram escolhidas aproximadamente

a mesma quantidade de dentes na mesma boca para servir de amostras-

controle.

Kancyper & Koka47 (2001) avaliaram a influência de coroas com

margens intrasulculares na saúde periodontal. Sendo assim, foi realizada a

contagem de Porphyromonas gingivalis, Acnobacillus

actinomycetemcomitans e Prevotella intermedia no sulco gengival de trinta

pacientes que foram restaurados com uma das seguintes restaurações:

coroa totalmente cerâmica (Procera All Ceram) cimentada à dente natural,

coroa totalmente cerâmica (Procera All Ceram) cimentada ao intermediário

do implante de titânio, coroa metalo-cerâmica (liga metálica nobre) cimentada

à dente natural, coroa metalo-cerâmica (liga metálica nobre) cimentada ao

intermediário de implante de titânio, coroa metalo-cerâmica (Procera de

titânio) cimentada ao intermediário de implante de titânio. Após seis meses

da cimentação definitiva das coroas, pontas de papel estéreis foram

colocadas no sulco gengival do dente restaurado e de um dente hígido de

cada paciente. Nenhum dos sulcos sondados apresentou quantidades

detectáveis das bactérias analisadas. Os autores concluíram, também, que

as coroas/intermediários estudados apresentaram respostas favoráveis

quanto à vermelhidão, edema e sangramento do tecido gengival.

Page 48: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

47

Pavanelli et al.56 (2001) confeccionaram um dispositivo mecânico

para padronizar e manter constante a aplicação de pressão de assentamento

durante processos de mensuração de discrepâncias verticais de

assentamento de coroas sobre seus respectivos troquéis. Esse dispositivo

possui um o cilindro para contenção do corpo-de-prova por onde percorre um

êmbolo. Esse êmbolo, quando baixado e fixado pelo parafuso presente na

lateral do cilindro, mantém a coroa assentada sobre o troquel, sob pressão

constante.

Stoll et al.72 (2001) verificaram a adaptação marginal de coroas

parciais de titânio puro e de liga de ouro após duas técnicas de cimentação

diferentes. Os autores utilizaram quarenta molares humanos extraídos

preparados para coroas parciais. Os dentes foram divididos em quatro

grupos, sendo dois restaurados com liga de ouro e o restante com titânio

puro. Todas as coroas foram cimentadas com cimento de fosfato de zinco.

Um grupo de cada liga recebeu brunimento adicional das margens após a

cimentação. Os resultados da mensuração da fenda marginal revelaram não

haver diferença entre os grupos com e sem brunimento e que as

restaurações em liga nobre apresentaram adaptação significantemente

melhor que as restaurações em titânio.

Ayad7 (2002) avaliou a influência da reutilização de ligas de ouro tipo

III quanto à estabilidade de composição e a adaptação marginal de copings

confeccionados com esse tipo de liga. Para tanto, foram obtidos: G(A) vinte

copings de liga “nova”; G(B) vinte copings com 50% de liga “nova” e 50% de

liga refundida; e G(C) vinte copings confeccionados com 100% de liga

refundida. A análise da composição foi feita por meio de espectroscopia de

energia dispersiva e a adaptação marginal foi mensurada em quatro pontos

cardeais de cada coping antes e após a cimentação. Foram observadas

diferenças estatisticamente significantes, mas não clinicamente, uma vez que

Page 49: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

48

para todos os grupos (A= 7µm; B= 9µm e C=12 µm) a discrepância marginal

foi menor que 25µm.

Cho et al.19 (2002) avaliaram o efeito da variação da convergência

das paredes axiais de preparos para coroa total na adaptação marginal de

coroas do Sistema Targis/Vectris. A partir de três troquéis metálicos foram

confeccionados trinta coroas (n=10) com as seguintes variações no ângulo

de convergência oclusal: 6º, 10º e 15º. A fenda marginal foi mensurada em

48 pontos ao longo do término cervical antes e após a cimentação das

coroas. Após a obtenção dos resultados, os autores observaram que a

melhor adaptação (média = 47µm) antes da cimentação foi verificada no

grupo com 6º de convergência de parede axial, que a média da

desadaptação marginal aumentou significantemente após a cimentação em

todos os grupos, sendo que o maior aumento ocorreu no grupo de 6°,

tornando os três grupos estatisticamente iguais.

Ku et al.50 (2002) compararam a resistência à fratura de coroas totais

metalo-cerâmicas e coroas totais confeccionadas com três diferentes marcas

de cerômeros. Um incisivo central superior de resina foi preparado com

término em ombro de 1mm de espessura e replicado em NiCr. Em seguida

foram confeccionadas dez coroas para cada sistema: metalo-cerâmica,

Artglass, Sculpture e Targis. As coroas foram cimentadas com cimento de

ionômero de vidro e levadas a uma máquina de ensaios universal, para a

aplicação da carga direcionada a 13° do longo eixo do dente. A resistência à

fratura das coroas metalo-cerâmicas (média de 11317N) foi significantemente

maior que a dos três tipos de cerômeros (Artglass: 575N, Sculpture: 621N e

Targis: 602N).

Hilgert et al.39 (2003) avaliaram a adaptação marginal de copings

totalmente cerâmicos (In-Ceram, Vita) frente a dois términos cervicais e a

tratamento interno de superfície (Rocatec, 3M/ESPE). Para tal foram

usinados dois troquéis metálicos com preparo para coroas totais, um com

Page 50: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

49

término cervical em ombro arredondado e o outro em chanfro largo. A partir

de cada um deles, foram confeccionados vinte copings, e a discrepância

cervical avaliada em microscópio para medição. Foram observados valores

de discrepância marginal média de 42,37±18,78µm para o chanfro largo e

33,35±20,08µm para o ombro arredondado, sem diferença estatisticamente

significante entre os grupos.

Yeo et al.82 (2003) compararam a adaptação marginal de três

sistemas metal-free com coroas unitárias metalocerâmicas. A partir de um

incisivo central superior humano extraído e preparado com redução incisal de

aproximadamente 2mm, redução axial de 1mm e término cervical em ombro,

foram confeccionadas 120 réplicas em resina acrílica. Essas réplicas foram

moldadas com silicona de adição e o gesso foi vazado para a obtenção de

120 modelos, divididos em quatro grupos (n=30) de acordo com o tipo de

coroa confeccionada: metalo-cerâmica com margem metálica (controle); e

três sistemas livres de metal: Celay In-Ceram; In-Ceram alumina e IPS

Empress 2. A adaptação marginal foi avaliada pela mensuração da fenda em

cinquenta pontos ao longo da margem entre o término da coroa e a margem

do dente preparado em microscópio óptico com 240 vezes de aumento. As

médias de desadaptação marginal foram de 87µm para o grupo controle,

83µm para o Celay, 112µm para o In-Ceram e 46µm para o IPS Empress 2.

Os autores concluíram que as discrepâncias marginais encontradas em

todos os grupos estavam dentro dos padrões de aceitabilidade clínica

(120µm).

Buso et al.13 (2004) avaliaram a adaptação marginal de copings de

ouro confeccionados por eletrodeposição variando o término cervical. Dois

modelos padrão em aço inoxidável foram usinados simulando preparo de

coroa total, sendo um com término cervical em chanfro largo e o outro em

ombro arredondado. As moldagens foram feitas com silicona de adição pela

técnica da dupla moldagem, obtendo-se dez moldes para cada preparo. Para

Page 51: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

50

padronizar a moldagem foi confeccionado um alívio com uma placa de

acetato com 1,4mm de espessura. Um delineador foi modificado para manter

constante o eixo de inserção e remoção do modelo padrão durante as

moldagens. Os moldes foram preenchidos com gesso tipo IV e sobre o

modelo do preparo obtido foi aplicado espaçador de troquel 1mm aquém da

margem. Estes troquéis foram duplicados com silicona de laboratório para a

obtenção de um segundo troquel com gesso especial, o qual recebeu uma

cobertura com laca de prata e uma ligação com fio de cobre, permitindo a

passagem de corrente galvânica e a deposição do ouro. Após a limpeza e

ajuste, os copings retornaram ao modelo padrão fixado numa base metálica

octogonal para a padronização da leitura, iniciando-se a leitura em

microscópio óptico com mesa digital. Os valores médios obtidos foram

29,77µm para o término em chanfro largo e 26,77µm para o ombro

arredondado. Os autores concluíram que ambas configurações marginais

podem ser utilizadas durante o preparo dental.

Buso et al.14 (2004) compararam a adaptação marginal de copings

de ouro eletroformados antes e após o ciclo de cocção da cerâmica em

função de dois términos cervicais. Para confecção dos copings foram

confeccionados dois troquéis metálicos um com término em chanfro e outro

com término em ombro arredondado. Esses troquéis foram moldados com

silicona de adição pela técnica da dupla moldagem. Durante a primeira

moldagem foi utilizado um alívio de acetato de 1,4mm. As moldagens foram

realizadas com o auxílio de um delineador especialmente preparado para a

padronizar o eixo de inserção e remoção do troquéis. Foram confeccionados

dez moldes para cada tipo término e os modelos foram confeccionados em

gesse tipo IV, espatulado à vácuo. Após a presa os troquéis receberam duas

camadas de espaçador de troquel, e foram duplicados com silicona de

laboratório e vazados com gesso especial para troquéis. Pela técnica de

eletrodeposição, foram confeccionados dez copings para cada tipo de

Page 52: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

51

término com 0,2mm de espessura. Após os ajustes o conjunto coping/troquel

metálico foi fixado numa base octogonal e acoplados a um dispositivo que

possibilitava força constante de assentamento. Em um microscópio óptico

com 30x de aumento foram obtidas oito medidas de discrepância marginal

absoluta. Após essa primeira medição, foi aplicada uma camada de agente

de união, duas camadas de porcelana opaca, duas camadas de corpo e

realizado o glaze. Após os ajustes foram realizadas novas medições

seguindo os mesmos passos descritos anteriormente. Antes da aplicação da

cerâmica os copings com término em chanfro e em ombro arredondado

apresentaram média discrepância marginal absoluta de 29,77µm e 26,77µm

em respectivamente. Após a aplicação da cerâmica a discrepância foi de

22,58µm e 23,02µm, resultados esses estatisticamente iguais tanto com

relação ao tipo de término como em relação ao estágio de confecção.

Cho et al.20, em 2004, avaliaram o efeito da variação da

configuração do término cervical de preparos para coroa total realizados em

incisivos centrais superiores na adaptação marginal de coroas do Sistema

Targis/Vectris (Ivoclar). A partir de quatro troquéis metálicos foram

confeccionados quarenta coroas (n=10) com os seguintes tipos de término

cervical: chanfro (0,9mm), chanfro (1,2mm), ombro e ombro arredondado. A

fenda marginal foi mensurada em 56 pontos ao longo do termino cervical

antes e após a cimentação das coroas. Segundo os resultados obtidos, tanto

antes quanto após a cimentação, as coroas com término em ombro e ombro

arredondado apresentaram melhor adaptação que as coroas com términos

em chanfro, e a menor diferença de fenda antes e após a cimentação foi

apresentada pelo grupo com término em ombro arredondado.

Quintas et al.60 (2004) avaliaram a discrepância cervical vertical in

vitro de copings cerâmicos confeccionados a partir de dois modelos-padrão

em aço inoxidável simulando um molar preparado diferindo apenas no

término: um com término em chanfro largo e outro em ombro arredondado.

Page 53: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

52

Foram confeccionados, para os dois troquéis copings em Procera (Nobel

Biocare), em IPS Empress II (Ivoclar Vivadent) e em In-Ceram (Vita

Zahnfabrik). O conjunto modelo-padrão/coping cerâmico foi parafusado em

um dispositivo em forma de morsa, sobre o qual se aplicou torque de 10N

antes da mensuração. As mensurações realizadas mostraram haver

diferenças estatisticamente significantes entre os términos, sendo que o

chanfro largo apresentou maior média de desajuste cervical. Os copings de

Procera apresentaram média de desadaptação significantemente menor que

dos outros dois sistemas.

Jahangiri et al.46 (2005) compararam a adaptação marginal de

copings metálicos confeccionados a partir de três tipos de preparos. Os

autores compararam também a sensibilidade e a especificidade de métodos

clínicos de avaliação da adaptação marginal com as mensurações realizadas

em estereomicroscópio. Assim, três dentes de resina foram preparados da

seguinte forma: preparo para coroa total com término em chanfro, preparo

para coroa total com término em ombro na vestibular e o restante em bisel e

preparo para coroa três quartos com caixas proximais e término biselado. Em

seguida os preparos foram moldados e para cada dente de resina foram

obtidas oito réplicas em gesso. Vinte e quatro copings foram encerados,

fundidos e adaptados aos respectivos modelos. Todos os copings foram

submetidos à análise com explorador, método evidenciador e em

estereomicroscópio com 108x de aumento e precisão de 5µm. As análises

com o explorador e o método evidenciador foram realizadas em vinte pontos

aleatoriamente distribuídos em todo o término. A partir da comparação dos

resultados obtidos, os autores verificaram quem o tipo de término não

influenciou na adaptação marginal. Em relação ao método de verificação,

obtiveram 58,3% de concordância entre os resultados apresentados pelo

estereomicroscópio e a inspeção com o explorador e que a combinação de

Page 54: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

53

explorador mais o método evidenciador não apresentaram maior

concordância que o uso isolado do explorador.

Page 55: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

54

3 PROPOSIÇÃO

Este trabalho teve como objetivo analisar a discrepância marginal

vertical de coroas metalo-cerâmicas, antes e após a aplicação da cerâmica,

confeccionadas com copings em ouro sinterizado em função do término

cervical do preparo.

Os términos analisados foram chanfro largo biselado e ombro

arredondado biselado.

Page 56: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

55

4 MATERIAL E MÉTODO

Foram estudados dois términos cervicais: CLB = chanfro largo

biselado e OAB = ombro arredondado biselado. Para cada tipo de término

cervical foi confeccionado um modelo-padrão, a partir dos quais foram

confeccionadas dez coroas.

4.1 Confecção dos padrões metálicos

Para análise do desajuste cervical, foram confeccionados dois troquéis

metálicos utilizados como modelo-padrão, usinados a partir de uma barra

metálica de aço inoxidável com 12mm de diâmetro. Essa foi cortada em dois

segmentos de 20mm e, em um torno mecânico, usinada de forma a simular

preparos para coroas totais, com paredes axiais lisas, com 3° de

expulsividade, resultando numa convergência de 6º. Segundo Shillingburg et

al.68 (1995), essa é a inclinação ideal para retenção e estabilidade das peças

protéticas.

Os troquéis diferiram apenas quanto ao término cervical, em chanfro

largo e ombro arredondado, ambos biselados, baseado nos trabalhos de

Hunter & Hunter44-5 (1990) e Kashani et al.48 (1981), que comprovam

geometricamente a importância do bisel na diminuição das fendas marginais.

Na Figura 1 são apresentados os desenhos esquemáticos dos

troquéis, e suas respectivas dimensões.

Os dois troquéis apresentam um entalhe na parte oclusal para permitir

o exato reposicionamento dos copings para a mensuração em microscopia

óptica. Em sua extremidade inferior há uma rosca interna que permite o

Page 57: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

56

encaixe na haste vertical móvel do delineador, durante a moldagem, e na

base que se encaixa no dispositivo de leitura. Logo abaixo da linha de

término foram feitas 24 marcas a laser, para padronizar o local da leitura em

todos os copings.

B

A C

FIGURA 1- Desenho esquemático do modelo padrão de aço inoxidável (A); detalhe do término cervical em ombro arredondado (B) e chanfro largo (C) (medidas em mm).

R= 0,4

R=1,0

4,0

6,0

12,0

4,0

15,0

21,0

2,0

Page 58: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

57

FIGURA 2- Troqueis metálicos: (C) chanfro largo biselado e (O) ombro arredondado biselado

4.2 Reprodução do troquel metálico

Para padronizar o eixo de inserção e remoção do troquel metálico

durante a moldagem, foi empregado um delineador tipo Ney especialmente

preparado para este fim desenvolvido por Buso et al.13 (2004), pois a

inserção desorientada do padrão metálico poderia ocasionar alterações no

molde e no resultado final da adaptação marginal (STEPHANO et al.71,

1989).

No centro da base porta-modelo do delineador há um dispositivo para

fixar as moldeiras individuais sempre na mesma posição. Permitindo assim

que o conjunto haste móvel e troquel metálico permanecessem centralizados

na moldeira durante todas as moldagens (Figura 3). As moldeiras individuais

perfuradas foram fabricadas com aço Vilares SAE 5115, com 25mm de altura

e 38mm de diâmetro. A presença de uma mola entre a região superior do

braço horizontal fixo e da haste vertical móvel do delineador agiu com um

C O

Page 59: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

58

stop, padronizando a profundidade do troquel no material de moldagem

presente na moldeira.

Foi utilizada a técnica corretiva da dupla moldagem (Mantovani et al.53,

1990) com silicona de adição Elite H-D Putty Soft (Normal Setting) e Regular

Setting (Normal Setting) (Zhermack S.p.A., Rovigo, Itália). As proporções de

a manipulação do material de moldagem seguiram rigorosamente as

recomendações do fabricante.

Para a moldagem com o material pesado foi confeccionado a vácuo,

um alívio com lâmina de acetato de 1,4mm de espessura, sobre os dois

padrões metálicos.

O material foi proporcionado utilizando-se as colheres de dosagem,

misturados durante 30s até a obtenção de uma massa homogênea e isenta

de estrias. Com a moldeira carregada com o material, posicionada no

dispositivo e o padrão metálico rosqueado na haste móvel do delineador, foi

efetuada a moldagem. O conjunto haste móvel/padrão metálico foi baixado

até a profundidade determinada pelo stop, travando-se o parafuso da bainha.

Após a presa da silicona pesada o parafuso foi liberado, a haste móvel

suspendida e removido o alívio do troquel para realizar a moldagem com o

material fluido.

Page 60: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

59

FIGURA 3- Representação esquemática do delineador preparado para a padronização da

moldagem (A= base porta modelo, B= dispositivo receptor da moldeira, C= moldeira individual, D= haste vertical móvel, E= braço horizontal fixo, F= mola, G= parafuso da bainha).

Com o cartucho da silicona fluida adaptado na pistola proporcionadora

foram dispensadas medidas iguais do material fluido numa placa de vidro e

espatulados até a obtenção de um material homogêneo. Com o auxílio de

uma espátula n° 7 o material foi colocado no interior do molde inicial e uma

pequena quantidade foi passada no troquel metálico, evitando-se a

incorporação de bolhas na parte coronária do preparo. Todas as moldagens

Page 61: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

60

foram realizadas no mesmo ambiente e nas mesmas condições e pelo

mesmo operador.

Após a presa do material, novamente suspendia-se a haste móvel

com o troquel. Iniciou-se então a análise do molde final e quando verificada a

existência de bolhas na região do preparo o molde era descartado e nova

moldagem foi realizada.

Para cada tipo de preparo foram selecionados dez moldes, obtendo-se

um total de vinte moldes.

4.3 Obtenção do troquel de gesso

O preenchimento dos moldes foi realizado logo após sua obtenção

utilizando gesso tipo IV (Elite Rock Thixotropic – Zhermack SpA Rovigo,

Itália). Foi utilizada a proporção de 100g do pó, pesado em balança de

precisão, para 20ml de água, medida em uma proveta graduada, seguindo a

recomendação do fabricante. A incorporação do pó na água foi realizada

manualmente seguida pela espatulação a vácuo (Whip Mix) por 60s. Com o

auxílio de um vibrador, um gotejador e uma espátula n° 7 os moldes foram

preenchidos. Após sua separação, foram observados visualmente, sendo

descartados os que apresentassem irregularidades, e realizados novos

modelos.

Os troquéis de gesso obtidos foram numerados de 1 a 10, antecedidos

pelas letras O (ombro) e C (chanfro).

4.4 Aplicação do espaçador

Page 62: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

61

Foram utilizadas duas camadas (aproximadamente 11µm cada) de

espaçador de troquel (Die Space, Yeti, Suíça), 1mm aquém da margem

(HOLMES et al.42, 1996).

4.5 Aplicação lâmina de Sintercast Gold

Um pedaço de papel alumínio foi adaptado ao redor do preparo e

recortado deixando um ligeiro excesso além do término cervical para servir

de molde. Em seguida esse molde foi removido, planificado e posicionado

sobre a lâmina original de Sintercast Gold para que fosse recortada uma tira

do material, evitando desperdícios (Figura 4).

FIGURA 4- Aplicação da lâmina: a) Lâmina de Sintercast; b) porção recortada a partir do

molde em papel alumínio

A tira foi aplicada em torno do troquel de gesso, adaptando-a

precisamente em toda a extensão, com o auxílio de instrumentos de ponta

grande e arredondada e de uma espátula ligeiramente aquecida (Figura 5).

Tomou-se o cuidado para que a tira não fosse esticada, evitando alterações

de espessura na futura infra-estrutura. Um outro cuidado tomado foi deixar a

união do material sempre para o mesmo lado, realizando uma união uniforme

e sem defeitos, conseguido com a utilização da espátula pré-aquecida.

A B

Page 63: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

62

FIGURA 5 – Adaptação da lâmina ao troquel.

Os excessos foram recortados com um instrumento de corte

aproximadamente 1mm abaixo da linha de término, tomando-se o cuidado de

não causar danos na adaptação marginal (Figura 6).

FIGURA 6- Coping esculpido

Page 64: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

63

4.6 Revestimento e sinterização

O revestimento RDM Nobil Metal foi preparado dispensando uma

quantidade suficiente num gral de borracha e acrescentando acetona pura

(Acetona P.A., Nuclear, Brasil) até a obtenção de um composto com

consistência suficiente para que o material não escoasse.

Em seguida esse composto foi colocado sobre o refratário do forno de

cerâmica formando um “suspiro” de aproximadamente 2,5mm de diâmetro. O

troquel de gesso foi emborcado e introduzido no revestimento até a inserção

completa do coping modelado (Figura 7).

FIGURA 7 – Inclusão do coping no revestimento

Após aproximadamente 5min o troquel de gesso foi separado do

coping e removido para que fosse realizado o preenchimento da porção

interna do coping com o mesmo material. Então, novamente, o revestimento

foi preparado e inserido cuidadosamente na parte interna deste, então, sobre

todo o revestimento até a formação de uma camada uniforme de 3-4mm de

refratário. Aguardou-se a volatilização completa da acetona e o revestimento

foi levado ao forno de cerâmica (Compact 100, Ugin, França) a uma

Page 65: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

64

temperatura inicial de 300°C. Após o fechamento do forno a temperatura foi

elevada em 70°C/min até atingir 1030°C, permanecendo nessa temperatura

por 4 minutos. Esse ciclo seguiu rigorosamente as recomendações do

fabricante.

Ao final da sinterização, aguardou-se o resfriamento do conjunto e a

peça modelada foi removida cuidadosamente do revestimento utilizando

água e um instrumento manual.

As amostras que apresentaram mínimas imperfeições foram corrigidas

com o acréscimo de pequenas porções de Sintercast Gold, com o auxílio de

um instrumento aquecido. Nesse caso as amostras eram reincluídas em

passavam novamente pelo ciclo de sinterização.

Os copings sinterizados (Figura 8) foram recolocados nos respectivos

troquéis de gesso iniciando-se o ajuste e acabamento com pontas montadas

para polimento (Exa-Intrapol Branca – Edenta AG Suiça) com velocidade de

até 10000rpm.

FIGURA 8 – Coping após a sinterização

Após o acabamento, as margens foram brunidas com um instrumento

arredondado para promover o fechamento das margens.

Page 66: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

65

4.7 Análise da adaptação dos copings

A análise da adaptação marginal vertical foi realizada em 24 pontos da

margem eqüidistantes e pré-determinados. Para que fossem analisados

sempre os mesmos pontos, os dois padrões metálicos receberam 24

marcações a laser localizadas 1mm abaixo do término cervical.

Os copings foram então posicionados no padrão metálico para a

realização das mensurações (Figura 9).

O padrão metálico mais o coping foi fixado numa base que era

acoplada ao dispositivo desenvolvido por Pavanelli et al.56 (2001) que

possibilitava a aplicação de força constante no assentamento, durante todo o

processo de mensuração.

Com o coping posicionado no padrão metálico e fixado sobre a base,

o êmbolo do dispositivo era baixado, e sob pressão digital eram travados os

parafusos laterais, mantendo a posição de assentamento constante.

Esse dispositivo era colocado sobre uma base de madeira que

permitia a sua rotação para a realização da leitura nos diferentes pontos

(Figura 10).

A análise da discrepância marginal foi medida do ângulo

cavosuperficial do padrão metálico até a margem do coping, com auxílio de

um microscópio óptico ROY, com uma câmera acoplada que transmite a

imagem a um monitor. Desta forma, a marcação a laser no padrão metálico

foi adotada como referência, alinhando-a ao eixo X das coordenadas do

monitor e medindo a distância entre o término e a margem do coping.

Foram realizadas vinte e quatro leituras para cada amostra e obtida a

média aritmética desta amostra. Este processo se repetiu para todos os

corpos-de-prova, sendo no final realizada a média geral para cada grupo.

Page 67: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

66

FIGURA 9 – Base, padrão metálico e coping.

FIGURA 10 –Dispositivo de fixação do coping (A), posicionado na base de madeira (B).

A

B

Page 68: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

67

4.8 Aplicação da cerâmica

Após a primeira mensuração, os copings voltaram aos respectivos

troquéis de gesso para que fosse iniciada a aplicação da cerâmica do

Sistema Vintage Halo (Shofu).

Inicialmente foi aplicada uma fina camada de opaco em pó misturado

com líquido modelador em cada corpo-de-prova utilizando pincel nº 4 (Smile

Line, Smile Line, Suíça). Esses foram levados ao forno (Compact 100, Ugin,

França) seguindo o ciclo térmico recomendado pelo fabricante e apresentado

no Quadro 1.

Após o esfriamento das amostras, foi aplicada a primeira camada de

porcelana de corpo utilizando o pincel n° 8 (Smile Line, Smile Line, Suíça)

com espessura de aproximadamente 1 mm em toda a superfície do coping

com exceção da cinta metálica cervical que foi brunida. Essa etapa também

seguiu o ciclo térmico recomendado pelo fabricante e apresentada no

Quadro 1.

Por último foi aplicada uma segunda camada de porcelana de corpo

da mesma forma que a primeira e seguindo o ciclo de queima específico

indicado pelo fabricante (Figura11).

Quadro 1 – Temperaturas e tempos do ciclo de queima da porcelana

Pré-

aquecimento (°C)

Secagem (min)

Vácuo Incremento

temp. (°C/min)

Temp. final de vácuo

(°C)

Temp. final (°C)

Tempo de espera (min)

Queima do opaco

450 3 total 60 950 950 0

1ª queima do corpo 450 5 total 60 910 910 0

2ª queima do corpo

450 5 total 60 905 905 0

Page 69: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

68

FIGURA 11- Coroa metalo-cerâmica

4.9 Análise da justeza de adaptação das coroas

A análise da discrepância marginal nessa etapa foi realizada nos

mesmos pontos utilizados anteriormente seguindo os mesmos passos da

primeira leitura (Figura 12).

FIGURA 12- Coroa adaptada ao troquel para realização da mensuração.

Page 70: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

69

5 RESULTADOS

Durante o processo de medições e cálculo das médias de

desadaptação marginal obtivemos, antes da aplicação da cerâmica, um total

de 480 medidas, sendo 240 para ombro arredondado biselado (OAB) e 240

para chanfro largo biselado (CLB). Após a aplicação da cerâmica as

amostras foram mensuradas nos mesmos pontos, resultando com isso um

total de 960 medidas (Apêndice). Essa quantidade de medições foi possível

devido à existência de vinte corpos-de-prova que foram mensurados em 24

pontos pré-determinados. Desta forma, para cada coping foram obtidas 24

medidas, antes e após a aplicação da cerâmica, as quais foram submetidas

à média aritmética resultando em dois valores pareados de desadaptação

marginal para cada corpo-de-prova (Tabela 1).

Tabela 1- Médias finais de discrepância marginal vertical referente às condições

experimentais em cada troquel (em µm) Término cervical Chanfro largo biselado Ombro arredondado biselado

Coping Sem cerâmica Com Cerâmica Sem cerâmica Com Cerâmica 1 7,63 8,17 57,25 58,96 2 0 0 25,88 20,63 3 8,50 7,17 3,17 0 4 5,63 2,96 0 3,38 5 3,83 6,46 106,21 100,92 6 47,88 43,92 54 43,58 7 0 0 121,8 107,63 8 0 2,96 0 0 9 0 6,17 5,75 10 10 0 0 0 0

Média Final 7,35 7,68 37,37 34,51

Page 71: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

70

Como as médias aritméticas de um coping com valores igual a zero

podem indicar uma limitação da técnica, pois não é possível medir uma

eventual sobre-extensão do bordo do coping, e nessa ocasião ponto recebia

medida igual a zero, para a realização da análise estatística esses valores

foram removidos, resultando em: grupo OAB com seis amostras em cada

etapa e o grupo CLB com cinco amostras em cada etapa.

As médias das medições foram submetidas ao procedimento de

Chauvenet utilizado como critério para rejeitar ou manter dados na amostra.

Os valores limites para manutenção dos dados são fornecidos pelas

seguintes equações:

Ymax = s.DRo + y/

Ymin = y/ - s.DRo

Onde: s = desvio-padrão da amostra

y/ = média da amostra

DRo = razão padrão obtida em função do número de amostras conforme a Tabela 2:

Tabela 2- Razão padrão em função do número de amostras

Número de amostras Razão padrão

4 1,54

5 1,65

6 1,72

Aplicado o procedimento, foram encontrados os seguintes valores (Tabela 3):

Page 72: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

71

Tabela 3- Valores de Ymax e Ymin

Grupo Ymin Ymax

OAB-A 138,7 - 15,1

OAB-D 126,7 - 12,7

CLB-A 45,5 -16,07

CLB-D 41,7 -14,3

A partir dos resultados obtidos, foram excluídos os corpos de prova

CC6 e CS6, e reaplicado o procedimento nos grupos CLB obtendo-se os

seguintes resultados (Tabela 4):

Tabela 4- Valores de Ymax e Ymin

Grupo Ymin Ymax CLB-A 9,6 3,2

CLB-D 9,7 2,7

Com base nos valores da Tabela 4, os dados remanescentes foram

considerados aceitáveis para aplicação dos métodos estatísticos.

Principais parâmetros de centralização e dispersão estão

apresentados na Tabela 5:

Tabela 5- Parâmetros de centralização e dispersão

Grupo Número de amostras Média Mediana Desvio padrão

OAB-A 6 61,8 55,8 44,7

OAB-D 6 57,0 51,3 40,5

CLB-A 4 6,4 6,6 2,1

CLB-D 4 6,2 6,8 2,3

A avaliação da normalidade foi realizada para investigar o tipo de

distribuição dos grupos em estudo. Quando a distribuição se apresenta

Normal, as inferências são conduzidas através de testes paramétricos. Neste

Page 73: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

72

trabalho foi utilizado o método de Anderson Darling, com as seguintes

hipóteses:

Ho: a distribuição é normal

H1: a distribuição é não normal

Os resultados encontrados, apresentados na Tabela 6, mostram que

todos os grupos em estudo distribuem-se conforme uma Normal.

Tabela 6 – Resultados obtidos no teste de Anderson Darling

Teste de normalidade Grupo p-value

Normal Não-normal

OAB-A 0,615 X

OAB-D 0,525 X

CLB-A 0,649 X

CLB-D 0,273 X

A comparação entre os grupos foi feita através do teste t para

médias e os resultados são apresentados na Tabela 7 e nas figuras 13 e 14.

O efeito do instante de medição (antes ou após a aplicação da cerâmica) foi

avaliado através do teste t homocedástico pareado, e o efeito do método

(ombro ou chanfro) foi medido através do teste t heterocedástico para

amostras independentes.

Tabela 7 – Teste t

Diferença significante? Grupos comparados Teste executado p-value

sim não

OAB-A x OAB-D DDD

0,15 X

CLB-A x CLB-D “t” pareado

0,87 X

OAB-A x CLB-A 0,03 X

OAB-D x CLB-D

“t” independente

0,03 X

Page 74: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

73

FIGURA 13- Box plot das diferenças no teste t entre os grupos OAB-A e CLB-A

Figura 14- Box plot das diferenças no teste t entre os grupos OAB-D e CLB-D

CLB-AOAB-A

100

50

0

Boxplots of OAB-A and CLB-A

OAB-D CLB-D

0

50

100

Boxplots of OAB-D and CLB-D

Page 75: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

74

6 DISCUSSÃO

6.1 Motivo da pesquisa

Quando uma coroa protética é colocada sobre um dente que

apresenta o tecido gengival sadio, a manutenção dessa saúde gengival

evidentemente depende da integridade marginal, contorno da coroa, higiene

bucal e da resistência intrínseca do paciente às doenças periodontais

(KOTH49, 1982). Há um consenso na literatura de que ainda não existe no

mercado nenhum sistema odontológico restaurador capaz de proporcionar

restaurações com adaptação perfeita, livre de fendas (PALOMO & PEDEN55,

1976; FIGUEIREDO et al.28 1998; ABBATE et al.1 1989; SORENSEN69,

1989). Os cimentos odontológicos no meio bucal estão invariavelmente

imersos em uma solução aquosa. Neste meio, a camada de cimento próxima

à margem pode se dissolver, formando uma superfície rugosa, propícia à

retenção de placa (ANUSAVICE3, 2005) e à infiltração bacteriana. Sendo

assim, muitas pesquisas são realizadas no intuito de obter materiais que

apresentem menores níveis de desadaptação marginal propiciando melhor

vedamento da interface dente/restauração, com diminuição da espessura de

cimento odontológico exposta.

O acúmulo de placa bacteriana é intensificado na presença de

coroas mal adaptadas, predispondo à recorrência de cáries próximo ao

término cervical (ABBATE, et al.1 1989).

A técnica desenvolvida pela indústria italiana Nobil-Metal, e por nós

utilizada na confecção dos copings visa à eliminação de algumas etapas

laboratoriais, com isso reduzindo o tempo de elaboração e melhorando a

adaptação marginal. Nessa técnica não há necessidade de realizar o

Page 76: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

75

enceramento da infra-estrutura, inclusão em revestimento refratário, fundição

e injeção da liga. O metal é aplicado diretamente sobre o troquel de gesso e

levado ao forno para sinterização envolto pelo revestimento próprio do

sistema, que é manipulado com acetona pura, não ocorrendo a reação

água/pó.

Os copings obtidos por essa técnica são compostos por 99,9% de

ouro.

O ouro comercialmente puro é o mais nobre dos metais

empregados na odontologia, raramente sofrendo manchamento ou corrosão

na cavidade bucal. Ele é inativo quimicamente, e não é afetado pelo ar, calor,

umidade e pela maioria dos solventes. É o mais dúctil dos metais e também

o mais maleável (ANUSAVICE3, 2005). Esta característica facilita o

brunimento das margens para a obtenção de uma adaptação clinicamente

precisa.

Diversos trabalhos relatam melhores valores de adaptação para

copings confeccionados com ligas com alto teor de ouro (TETERUCK &

MUNFORD74, 1966; DUNCAN24, 1982; ROGERS62, 1980, HARRIS &

WICKENS38, 1994; LEONG et al.52, 1994; PETTENÓ et al.58, 2000; STOLL et

al.72, 2001). Rogers63 (1980) destacou que os metais nobres apresentam

superior adesão e melhoram a adaptação marginal e a integridade do tecido

gengival. Kydd et al.51 (1996) relataram que mesmo após vinte anos de

permanência na boca coroas com infra-estrutura em ouro estavam em

condições aceitáveis clinicamente.

6.2 Seleção do padrão

Autores como Fusayama et al.29 (1964), Chan et al.18 (1989), Setz

et al.64 (1989) utilizam dentes naturais em seus estudos. Beschnidt & Strub11

Page 77: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

76

(1999) relatam que dentes naturais apresentam grande variação devido à

idade, estrutura individual, tempo de armazenagem após extração,

dificultando a padronização dos pilares e, por isso, vários autores têm

empregado modelos metálicos ou em resina para medição da fidelidade

marginal. (DUNCAN24 1982; GAVELIS et al.30, 1981; STEPHANO et al.71,

1989; WILSON et al.81, 1990). Neste estudo foram utilizados dois modelos-

padrão metálicos, em substituição a dentes naturais, sendo os ensaios

realizados sobre os mesmos. Embora estes ensaios não dêem nem a

informação real sobre a microestrutura do tecido duro do dente após preparo,

nem a adaptação micro e químico-mecânica do agente cimentante à dentina,

a literatura mostra inúmeros trabalhos com a utilização de dentes ou

modelos-padrão artificiais (BASSETT9, 1966; DUNCAN24, 1980; WILSON et

al.81 1990, FIGUEIREDO et al.28, 1998; PETENNÓ et al.58 , 2000; BUSO et

al.13, 2004; QUINTAS et al.60, 2004) com algumas vantagens. Dentre elas, a

fácil reprodução e obtenção, as poucas variáveis presentes e a possibilidade

de reprodutibilidade caso necessária. Concordamos com Gavelis et al.30

(1981) quando afirmam que, em estudos in vitro, falhas clínicas e parâmetros

perturbadores não relacionados à técnica de confecção podem ser evitados

ou reduzidos tanto quanto possível, e o uso de um único modelo-mestre em

aço torna possível a confecção de todas amostras em uma mesma situação

inicial.

6.3 Geometria do preparo

A configuração do tipo de término cervical e a inclinação das

paredes axiais foram estudadas por diversos autores (HUNTER &

HUNTER44-5, 1990; USHIWATA et al.76, 2000; CHO et al.19, 2002) com o

Page 78: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

77

objetivo de verificar a sua influência no resultado final de assentamento das

peças.

Shillingburg et al.68 (1995) recomendam 6° de conicidade entre

paredes opostas do preparo. Entretanto, autores como Cho et al.19 (2002),

Ushiwata et al.76 (2000) concordam que preparos com paredes axiais com

maior grau de convergência apresentam melhores resultados de adaptação

marginal. Goodacre et al.34 (2001) sugeriram que o ângulo de convergência

das paredes axiais deve promover adequada resistência ao deslocamento

das restaurações, ao mesmo tempo em que seja passível de ser executado

clinicamente. A inclinação de 6° empregada nesta metodologia fornece maior

retenção à peça, apesar dessa não ser a inclinação comumente encontrada

nos preparos clínicos (GOODACRE et al.34 2001).

Seymour et al.65 (1996) avaliaram as dimensões do ombro cervical e

a angulação dos términos de dentes preparados por três dentistas para

coroas totais metalo-cerâmicas. Os resultados da mensuração dos dentes

preparados mostraram média de redução axial de 0,75mm, ficando esses

abaixo do recomendado para coroas metalo-cerâmicas com infra-estrutura

em liga nobre que gira em torno de 1,2 a 1,5mm.

Gavelis et al.30 (1981) associaram o desenho da margem com o

assentamento e selamento das coroas. Os melhores resultados foram

obtidos com os términos do tipo lâmina de faca e bisel paralelo à parede

axial.

Shillingburg et al.68 (1995) preconizam o término cervical em

chanfro para as restaurações metálicas pois acreditam que este tipo de

término produz menos tensão; já para restaurações metalo-cerâmicas

preconizam o término em bisel, que se caracteriza como uma forma

modificada do ombro, uma vez que o degrau formado não apresenta um

ângulo de 90°, mas sim um ângulo obtuso.

Page 79: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

78

Em nosso estudo, foram utilizados dois tipos de término cervical, o

chanfro largo e o ombro arredondado, com 1mm de desgaste axial na

margem; ambos com um bisel de 0,5mm com 45° de angulação. Gilboe &

Thayler33 (1980) relataram que o bisel cervical elimina a possibilidade de

restarem porções de esmalte frágil ou sem suporte, estabiliza a estrutura

dental formando um ângulo obtuso e resulta em uma restauração com

término em ângulo agudo facilitando o brunimento do metal.

Kashani et al.48 (1981) recomenda preparos com términos

biselados com ângulo de 45° e ressalta que esses não devem ser menores

que 30°. Esta recomendação prende-se ao fato de considerar que a

angulação do bisel é o ângulo formado pela intersecção da linha terminal do

bisel e o prolongamento da linha externa da porção não preparada do dente.

Margens finas de fundições podem dificultar a confecção laboratorial.

Durante a cimentação, as coroas metálicas com margens muito finas

poderão sofrer alterações dimensionais.

6.4 Material e técnica de duplicação

Durante o procedimento de moldagem, o uso de materiais com alta

precisão fornece maior fidelidade do molde e modelo, como comprovaram

Mantovani et al.53 (1990) ao avaliarem a desadaptação cervical de coroas de

ligas de ouro obtidas por diversos materiais de moldagem tais como

mercaptana, silicona de condensação, poliéter e silicona de adição. Os

copings confeccionados a partir de modelos obtidos de moldes de silicona de

adição apresentaram melhores resultados de adaptação marginal, sendo

esse o material utilizado nesse trabalho. Para eliminar distorções e evitar

indução de tensões durante a remoção do troquel metálico, conforme

Stephano et al.71 (1989), foi utilizado um dispositivo desenvolvido por Buso et

Page 80: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

79

al.13 (2004), que permitiu a inserção e remoção do troquel metálico no molde

sempre no mesmo eixo.

6.5 Material do modelo

Eames25 (1981) ressalta as diferenças existentes entre os vários

tipos de gesso quanto à resistência à compressão, indicando

preferencialmente a utilização de materiais com maiores valores de dureza.

Sendo assim, nesse trabalho nos preocupamos em utilizar gesso tipo IV,

especial para troquéis, tal como utilizou Castellani et al.16 (1994), Pettenó et

al.58 (2000), Buso et al.13 (2004).

6.6 Aplicação do espaçador

A criação de um espaçamento entre as paredes axiais do preparo e

do coping é mencionada por vários autores como essencial para a obtenção

de menores valores de desajuste cervical vertical em coroas totais

(FUSAYAMA et al.29, 1964; EAMES25, 1981; WANG et al.77, 1992,

BOTTINO12, 1998; FIGUEIREDO et al.28 1998). Embora Gegauff &

Rosenstiel31 (1989) não tenham encontrado diferenças estatisticamente

significantes no assentamento de coroas totais quando do emprego de zero

a seis camadas de espaçadores de troqueis, Mantovani et al.53 (1990)

obtiveram melhores resultados de adaptação na utilização de espaçador de

40µm (9µm), seguido pelo espaçador de 30µm (18µm), sendo que sem

espaçador os valores encontrados não são clinicamente aceitáveis (284µm).

Esses resultados estão de acordo com os obtidos por Wang et al.77 (1992)

que obtiveram menores valores de desajuste cervical vertical na presença do

espaçador.

Page 81: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

80

Nesse trabalho utilizamos duas camadas de espaçador de troquel

(aproximadamente 22µm) passadas nos modelos de gesso 1mm aquém do

término do preparo, sendo esse procedimento similar ao realizado por

Stephano, et al.71 (1989), Holmes et al.42 (1996), Buso et al.13 (2004).

6.7 Comparação dos passos laboratoriais convencionais em relação à

técnica empregada

Na confecção de uma coroa existem diversos passos clínicos e

laboratoriais que podem embutir mínimas distorções, a somatória dessas

podem alterar de forma negativa e significantemente a adaptação marginal

da restauração.

A geometria do preparo (FUSAYAMA et al.29, 1964, GAVELIS et

al.30, 1981), o material de moldagem (MANTOVANI et al.53, 1990), o eixo de

inserção e remoção do dente preparado na moldagem (STEPHANO et al.71,

1989), as técnicas de acabamento (CAMPBELL et al.15, 1995; SHAFAGH66,

1986), o tipo de cimento (WHITE & KIPNIS79, 1993; BELSER10, 1985), a

pressão e a duração do assentamento durante a cimentação (FUSAYAMA et

al.29, 1964, GEGAUFF & ROSENSTIEL31, 1989) são alguns dos fatores

responsáveis pela desadaptação da restauração final.

No laboratório, o enceramento, inclusão, eliminação da cera,

fundição da liga metálica, acabamento e polimento da infra-estrutura são

etapas que também podem influenciar a adaptação da coroa protética.

O sistema de confecção da infra-estrutura empregado nesse

trabalho elimina importantes fases laboratoriais empregadas nas técnicas

convencionais como o enceramento, a inclusão, a eliminação da cera e a

fundição. A técnica de confecção de infra-estruturas por eletrodeposição de

ouro sobre o troquel também visa eliminar passos laboratoriais, porém requer

Page 82: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

81

aparelhagem especial e muito tempo (de 8 a 10h) para a deposição do metal

(Buso et al.13, 2004).

Esse sistema tem como mais uma vantagem o fato de não haver

sobras de materiais fundidos. Nas técnicas convencionais, as sobras de ligas

nobres são rotineiramente refundidas, sendo que Ayad7, em 2002, concluiu

que a refundição das ligas pode alterar a composição e o desempenho

clínico.

6.8 Infra-estrutura

Apesar de atualmente existirem vários sistemas totalmente

cerâmicos com alta resistência e indicações diversas, desde coroas

anteriores, posteriores a pontes, inlays e onlays disponíveis no mercado, a

adaptação marginal desses materiais deixam um pouco a desejar, quando

comparadas aos sistemas com infra-estruturas metálicas (GREY et al.36,

1993). Em relação à resistência à fratura, Ku et al.50, (2002), obtiveram

melhores resultados para coroas totais metalo-cerâmicas que para coroas

totais confeccionadas com cerômeros.

Embora seja possível confeccionar coroas com término em

porcelana ou término metálico totalmente recoberto por porcelana, sem cinta

metálica (ABBATE et al.1 1989; BELSER10, 1985), muitos clínicos defendem

uma pequena cinta metálica na face vestibular das restaurações para

garantir uma melhor adaptação (CHAFEE et al.17 1991; HOLMES et al.42

1996).

A coloração prateada da maior parte das ligas metálicas utilizadas

em odontologia provocam um acinzentamento da margem cervical das

coroas, tornando o trabalho antiestético (HOLMES et al.42 1996). A coloração

amarela do material utilizado nesse trabalho minimiza as dificuldades

Page 83: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

82

técnicas por não ter que mascarar a cor acinzentada do metal, garantindo

uma importante vantagem estética ao trabalho final.

A espessura reduzida de metal (0,3mm) também favorece a

estética, uma vez que possibilita uma maior espessura do material de

recobrimento estético. Essa redução da infra-estrutura, de acordo, com

Anusavice et al.4 (1986) não altera a distribuição de estresse induzido na

coroa metalo-cerâmica.

6.9 Material de recobrimento estético

Ocasionalmente um coping metálico bem adaptado pode perder a

adaptação depois da aplicação da porcelana (SHILLINGBURG et al.67, 1973;

BAGBY8, 1990; FAUCHER & NICHOLLS27, 1980). Alguns autores acreditam

que a mudança mais significante ocorre durante o ciclo de oxidação da liga

(DEHOFF & ANUSAVICE22, 1984; FAUCHER & NICHOLLS27, 1980;).

Devido ao fato de não existir uma teoria concreta que explique as

incompatibilidades entre a interação metal-cerâmica, pesquisadores

investigaram diversos métodos para mensurar a compatibilidades dos

sistemas metalo-cerâmicos. Como exemplo: medição da distorção dos

corpos de prova após a aplicação da porcelana, testes de resistência

adesiva, testes de aderência da porcelana e diversos métodos de medição

do estresse residual (DE HOFF & ANUSAVICE22, 1984).

DeHoff & Anusavice22 (1984) fizeram uma análise através de

elementos finitos para avaliar a influência do desenho do término cervical na

distorção marginal de coroas metalo-cerâmicas causadas por diferenças de

contração térmica entre o metal e a porcelana e concluíram que as

distorções marginais dependem principalmente da combinação entre o metal

e a porcelana e não do desenho do coping.

Page 84: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

83

Nesse trabalho não foram encontradas diferenças de desadaptação

marginal antes e após a aplicação da porcelana. Autores como Leong et al.52

(1994), Buso et al.14 (2004) também não se depararam com alterações na

adaptação após a aplicação da cerâmica. Entretanto, nos trabalhos de

Campbell et al.15 (1995), Gemalmaz & Alkumuru32 (1995), a fenda marginal

aumentou significativamente após a aplicação da porcelana.

Durante a seleção da porcelana, nos preocupamos em escolher um

material com coeficiente de expansão térmica linear entre 13,8 e

15,2x106x°C-1 como preconizado pelo fabricante.

6.10 Método de mensuração

Uma análise meticulosa da adaptação marginal entre uma coroa

protética e o respectivo dente preparado é clinicamente muito trabalhosa,

demandando extrema habilidade e sensibilidade do profissional. Essa análise

é rotineiramente realizada com sonda exploradora ou exame radiográfico.

Porém, fendas marginais menores que 50µm não são facilmente detectáveis

pelos instrumentos clínicos (ANUSAVICE & CARROLL4, 1987).

Em 1966, Christensen21 analisou, em microscópio, as fendas

marginais de coroas consideradas clinicamente aceitáveis por dez

experientes cirurgiões-dentistas e verificou a habilidade desses em analisar

as margens acessíveis e inacessíveis com o uso de sonda exploradora.

Observou uma grande dificuldade nessa análise uma vez que os

profissionais rejeitaram desajustes menores que 26µm na superfície oclusal,

porém consideraram clinicamente aceitáveis desajustes superiores a 119µm

nas áreas subgengivais, havendo também grande variabilidade entre os

observadores.

Page 85: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

84

Na literatura são encontrados métodos variados para mensuração

da desadaptação de coroas em pesquisas laboratoriais (GROTEN et al.37,

1997, FIGUEIREDO et al.28, 1998), havendo divergência de opiniões sobre o

método que obtém os resultados mais próximos da realidade clínica.

Trabalhos como os de Fusayama et al.29 (1964), Sorensen70

(1990), Campbell et al.15 (1995) utilizam amostras incluídas em resina e

seccionadas para a mensuração da fenda. Esse método, embora bastante

utilizado, apresenta algumas desvantagens como: número reduzido de

mensurações, impossibilidade de medições nas diferentes etapas de

confecção da coroa e necessidade de tratamento da superfície, o que pode

distorcer a amostra e alterar o resultado (SETZ et al.64, 1989).

Outra forma encontrada na literatura é mensuração circunferencial

das amostras, ou suas réplicas, pela visualização direta sob microscopia

óptica ou eletrônica de varredura (GEMALMAZ & ALKUMURU32, 1995;

GROTEN et al.37, 1997). Setz et al.64 (1989) caracterizaram como

desvantagem do teste de mensuração circunferencial o baixo valor de

magnificação comumente utilizados. Entretanto, nesse estudo utilizamos a

mensuração por em microscópio óptico com aumento de 230 vezes, uma vez

que Groten et al.37 (1997) não obtiveram diferenças entre os resultados

obtidos em microscópio eletrônico de varredura e microscópio óptico.

Holmes40, em 1989, ressalta a grande quantidade de definições

para o termo adaptação, bem como a variedade de pontos de referência

utilizados nos trabalhos. Essa variação dificulta a comparação pura dos

resultados de um trabalho com os presentes na literatura, uma vez que não

raramente as mensurações apresentam pontos de referência diferentes. Com

isso é importante adotar um critério bem definido para não incluirmos erros

de leitura, principalmente no que se refere ao que se propõe a medir.

Para Holmes et al.40 (1989), a distância do bordo da coroa ao

ângulo cavosuperficial do preparo representa, exatamente, o tamanho da

Page 86: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

85

fenda (letra c da Figura 15) e é por eles denominada: discrepância marginal

absoluta.

FIGURA 15- Desenho esquemático da interface coping/dente, sendo: a = desadaptação

interna, b = desadaptação marginal, c = discrepância marginal absoluta, d = discrepância marginal vertical, e = discrepância marginal horizontal

Em nosso trabalho optamos por utilizar a distância projetada no

plano horizontal (d); isto porque a utilização do dispositivo de mensuração

padronizou o longo eixo dos troqueis, garantindo seu correto e reprodutível

posicionamento em relação a um plano tri-cartesiano ortogonal, naturalmente

determinado pelo equipamento utilizado. Outro problema relatado é a

irregularidade do bordo das coroas (HOLMES et al.40, 1989). Em nosso

trabalho verificamos que a não utilização de dentes naturais e conseqüente

usinagem de um troquel metálico facilitava a focalização, garantindo

confiabilidade na determinação do ponto inicial da mensuração (Figura 16).

Desta forma, uma vez focalizado o ângulo cavosuperficial do troquel,

movimentava-se o parafuso micrométrico da plataforma até visualização do

ponto mais nítido do coping.

a

b c d

e

coping

Dente

Page 87: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

86

FIGURA 16- Imagens obtidas no microscópio durante a mensuração da fenda: (A)

adaptação marginal troquel/coping considerada ideal; (B) desadaptação marginal de 45µm entre coping e troquel

Em 1990, Sorensen70 procurou padronizar um método de

mensuração de fendas marginais após cimentar coroas em dentes

preparados, incluir em resina e seccionar o conjunto no sentido vestíbulo-

lingual e mésio-distal. As discrepâncias verticais e horizontais foram

mensuradas por três observadores, havendo uma variação de 9µm para a

discrepância vertical e 10µm para a discrepância horizontal. Baseados nesse

trabalho, realizamos a verificação da precisão do microscópio utilizado, no

qual três observadores realizaram medições de quarenta discrepâncias

marginais verticais com uma variância entre os observadores menor que

2µm, o que nos garantiu uma alta precisão do equipamento utilizado.

Outro ponto de relevância se refere à cimentação dos copings. Em

nossos estudos, assim como nos de Buso et al.13 (2004), Hilgert et al.39

(2003) os mesmos não foram cimentados. Alguns autores utilizam a

cimentação dos copings ou coroas (HOLMES et al.42, 1996; STOLL et al.72,

2001) principalmente pelo fato de acreditarem que a desadaptação mais

importante é aquela obtida no meio bucal, quando as coroas já estão

cimentadas. Concordamos com Tinschert et al.75 (2001), ao afirmarem que,

se cimentarmos as coroas, perdemos a precisão de adaptação primária,

A B

Padrão metálico

Coping

___ 100 µm

Page 88: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

87

sendo influenciados principalmente pelo tipo de cimento, sua viscosidade e

técnicas de cimentação. Acreditamos que quando se comparam sistemas de

confecção de coroas ou modificações que irão repercutir na precisão de

adaptação primária, a cimentação se comporta como mais uma variável

capaz de embutir erros e gerar dúvidas nos resultados.

6.11 Discussão dos resultados frente à literatura

Nesse trabalho obtivemos médias de discrepância marginal

vertical, após a aplicação da cerâmica, de 6,2µm e 57,0µm para os términos

em chanfro largo biselado e ombro arredondado biselado respectivamente.

Esses resultados são favoráveis frente aos resultados encontrados na

literatura (FUSAYAMA et al.29, 1964; BASSETT9, 1966; MC LEAN & VON

FRAUNHOFER54, 1971; HOLMES et al.42, 1996; PETTENÓ et al.58, 2000).

Embora tenha ocorrido diferença estatisticamente significante entre

os tipos de términos empregados nesse trabalho, todos resultados

encontram-se seguramente dentro dos padrões aceitáveis clinicamente.

McLean & Von Fraunhofer54 (1971) em um estudo clínico de cem

restaurações por um período de cinco anos concluíram que 120µm

representa a desadaptação máxima clinicamente aceitável.

O término em chanfro largo apresentou menores resultados de

desadaptação cervical vertical que o término em ombro arredondado.

A diferença de adaptação entre os términos pode estar associada

à técnica de confecção das amostras. Como é necessária uma grande

cautela durante a modelação do coping para não alterar a espessura da

lâmina de ouro, possivelmente o término em chanfro facilita essa aplicação.

Nesse trabalho a aplicação da porcelana sobre a infra-estrutura

metálica não alterou a adaptação marginal em ambos os términos propostos.

Page 89: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

88

Resultados semelhantes foram obtidos por Buso et al.14 (2004)

quando aplicaram porcelana sobre copings em ouro eletrodepositado

confeccionados a partir de preparos com término em ombro arredondado e

chanfro largo. Autores como Anusavice & Carroll4 (1987), Castellani et al.16

(1994) e Leong et al.52 (1994) também não obtiveram alteração de adaptação

após a aplicação da porcelana.

Entretanto, nossos resultados são distintos dos obtidos por

Shillingburg et al.67 (1973) que obtiveram alterações significativas de

adaptação após a aplicação da porcelana quando dos preparos com término

em chanfro e chanfro largo biselado.

Na literatura encontramos trabalhos que observaram e

mensuraram 2 (STEPHANO et al.71, 1989), 4 (ANUSAVICE & CARROLL4,

1987); 6 (ESQUIVEL-UPSHAW et al.26, 2001), 8 (PETTENÓ58 et al. 2000;

BUSO et al.13 2004; HILGERT et al.39 2003) e 20 (JAHANGIRI et al.46, 2005)

pontos, havendo uma grande variação do número de pontos observados

para a obtenção da média de desadaptação de copings ou coras protéticas.

Embora o aumento do número de pontos a serem observados

elevem sobremaneira o tempo despendido na mensuração (GROTEN et al.37

2000) acreditamos que quanto maiores as irregularidades, mais números de

pontos de mensuração são necessários para diluir as diferenças. Assim, nos

propusemos a mensurar 24 pontos eqüidistantes para cada coping,

padronizados pela realização de marcações a laser 1mm além do término

cervical. Essas marcações nos possibilitaram a mensuração dos mesmos

pontos de leitura antes e após a aplicação da cerâmica.

Ainda que o término em ombro arredondado tenha apresentado

maiores valores que o chanfro largo biselado, todos resultados obtidos se

encontram dentro dos valores previamente encontrados (ANUSAVICE &

CARROLL4, 1987; CASTELLANI et al.16, 1994; LEONG et al.52, 1994; BUSO

et al.14 2004; HILGERT et al.39, 2003). Embora não possam ser feitas

Page 90: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

89

previsões exatas sobre a longevidade clínica de restaurações metalo-

cerâmicas apenas baseando-se em dados laboratoriais, acreditamos que do

ponto de vista de adaptação marginal os valores obtidos nesse trabalho para

coroas metalo-cerâmicas confeccionadas em ouro puro sinterizado nos

concedem segurança para sua utilização clínica.

Analisando as dificuldades técnicas, supomos que medidas de

desadaptação mais consistentes seriam alcançadas com a utilização

preparos com términos horizontais, que facilitassem o acabamento e a

mensuração da desadaptação dando maior solidez aos resultados.

Page 91: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

90

7 CONCLUSÃO

As seguintes conclusões podem ser estabelecidas a partir dos

resultados desse estudo:

a) o término cervical em chanfro largo biselado apresentou menores

valores numéricos de discrepância marginal vertical em relação ao

ombro arredondado biselado tanto antes quanto após a aplicação da

cerâmica, sendo estatisticamente significativos;

b) embora os resultados numéricos tenham sido diferentes quando da

aplicação da cerâmica, estes não foram estatisticamente significativos

para os dois tipos de término cervical.

Page 92: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS *

1. ABBATE, M.F.; TJAN, A.H.L.; FOX, W.M. Comparison of the marginal fit

of various ceramic crown systems. J Prosthet Dent, v. 61, n. 5, p. 527-31,

May 1989.

2. ANUSAVICE, K.J. Noble metal alloys for metal-ceramic restorations. Dent

Clin North Am, v. 29, n. 4, p. 789-803, Oct. 1985.

3. ANUSAVICE, K.J. Fundição odontológica e soldagem de ligas. In:__;

Phillips, materiais dentários. Trad. A.D. Loguercio et al. 11.ed. Rio de

Janeiro: Elsevier, 2005. Cap. 19, p. 533-83.

4. ANUSAVICE, K.J.; CARROLL, J.E. Effect of incompatibility stress on the

fit of metal-ceramic crowns. J Dent Res, v. 66, n. 8, p. 1341-5, Aug. 1987.

5. ANUSAVICE, K.J.; HOJJATIE, B.; DEHOFF, P.H. Influence of metal

thickness on stress distribution in metal-ceramic crowns. J Dent Res, v.

65, n. 9, p.1173-8, Sept. 1986.

6. ANUSAVICE, K.J. et al. A thermal shock test for porcelain-metal systems.

J Dent Res, v. 60, n. 9, p. 1686-91, Sept. 1981.

7. AYAD, M. Compositional stability and marginal accuracy of complete cast

crowns made with as-received and recast type III gold alloy. J Prosthet

Dent, v. 87, n. 2, p.162-6, Feb. 2002.

8. BAGBY, M.; MARSHALL, S.J.; MARSHALL JUNIOR, G.W. Metal ceramic

compatibility: a review of the literature. J Prosthet Dent, v. 63, n.1, p. 21-

5, Jan. 1990.

* Baseado em: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉRCNICAS. Rio de Janeiro. Informação e documentação: referência, elaboração, NBR 6023. Rio de Janeiro, 2002, 22p.

Page 93: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

92

9. BASSET, R.W. Solving the problems of cementing the full veneer cast

gold crown. J Prosthet Dent, v. 16, n.4, p. 740-7, July/Aug. 1966.

10. BELSER, U.C.; MACENTEE, M.I.; RICHTER, W.A. Fit of three porcelain-

fused-to-metal marginal designs in vivo: A scanning electron microscope

study. J Prosthet Dent, v. 53, n. 1, p. 24-9, Jan. 1985.

11. BESCHNIDT, S.M.; STRUB, J.R. Evaluation of the marginal accuracy of

different all-ceramic crown systems after simulation in the artificial mouth.

J Oral Rehabil, v. 6, n.7, p.582-93,1999.

12. BOTTINO, M.A. Avaliação in vitro da adaptação cervical de coroas

totais metálicas, variando os preparos dos términos cervicais,

aliviando ou não as superfícies internas das coroas e empregando

diferentes cimentos definitivos. 1998. 181f. Tese (Livre Docência em

Odontologia)- Faculdade de Odontologia de São José dos Campos,

Universidade Estadual Paulista. São José dos Campos.

13. BUSO, L.; NEISSER, M.P.; BOTTINO, M.A. Evaluation of the marginal fit

of electroformed copings in function of the cervical preparation. Cien

Odontol Bras, v .7, n. 1, p. 14-20, Jan. 2004.

14. BUSO, L. et al. Marginal fit of electroformed copings before and after the

coction of the porcelain. Bras J Oral Sci, v.3, n. 8, p.409-13, Jan./Mar.

2004.

15. CAMPBELL, S.D. et al. Effects of firing cycle and surface finishing on

distortion of metal ceramic castings. J Prosthet Dent, v. 74, n. 5, p. 476-

81, Nov.1995.

16. CASTELLANI, D. et al. Thermal distortion on different material in crown

construction. J Prosthet Dent, v. 72, n. 4, p.360-6, Oct. 1994.

17. CHAFFEE, N.R. et al. Marginal adaptation of porcelain margins in metal-

ceramic restorations. Int J Prosthod, v.4, n.6, p. 508-16, 1991.

18. CHAN, C. et al. Scanning electron microscopic studies of the marginal fit

of three esthetic crowns. Quintessence Int, v. 20, n. 3, p. 189-93, 1989.

Page 94: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

93

19. CHO, L.R. et al. Marginal accuracy and fracture strength of ceromer/fiber-

reinforced composite crowns: effect of variations in preparation design. J

Prosthet Dent, v. 88, n. 4, p. 388-95, Oct. 2002.

20. CHO, L.R. et al. Effect of finish line variants on marginal accuracy and

fracture strength of ceramic optimized polymer/fiber-reinforced composite

crowns. J Prosthet Dent, v. 91, n. 6, p. 544-60, June 2004.

21. CHRISTENSEN, G.J. Marginal fit of gold inlay castings. J Prosthet Dent,

v. 16, n. 2, p. 297-305, Mar./Apr. 1966.

22. DEHOFF, P.H.; ANUSAVICE, K.J. Effect of metal design on marginal

distortion of metal-ceramic crowns. J Dent Res, v. 63, n. 11, p. 1327-31,

Nov; 1984.

23. DELA BONNA, A. Restaurações em cerâmica pura (Metal-free) e

mecanismos de adesão. In: BOTTINO, M.A. Clínica odontológica

brasileira 2004: Livro do Ano. 1.ed. São Paulo: Artes Médicas, 2004.

p.61-86.

24. DUNCAN, J.D. The casting accuracy of nickel-chromium alloys for fixed

prostheses. J Prosthet Dent, v. 47, n. 1, p. 63-8, Jan. 1982.

25. EAMES, W.B. The casting misfit: How to cope. J Prosthet Dent, v. 45, n.

3, p. 283-5, Mar. 1981.

26. ESQUIVEL-UPSHAW, J.F. et al. Fracture resistance of all-ceramic and

metal-ceramic inlays. Int J Prosthod, v. 14, n.2, p. 109-14, 2001.

27. FAUCHER, R.R.; NICHOLLS, J.I. Distortion related to margin design in

porcelain-fused-to-metal restorations. J Prosthet Dent, v. 43, n. 2, p. 149-

55, Feb. 1980.

28. FIGUEIREDO, A.R.; BOTTINO, M.A.; ROCHA, C.A.J. Discrepâncias de

assentamento ocorridas em coroas totais metálicas, com e sem alívio

interno, variando-se os términos cervicais e agentes cimentantes. Rev

Odontol UNESP, v. 27, n. 2, p. 567-81, 1998.

Page 95: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

94

29. FUSAYAMA, T.; IDE, K.; HOSODA, H. Relief of resistance of cement of

full cast crowns. J Prosthet Dent, v.14, n. 1, p. 138-45, Jan./Feb. 1964.

30. GAVELIS, J.R. et al. The effect of various finish line preparations on the

marginal seal and occlusal seat of full crown preparations. J Prosthet

Dent, v. 45, n. 2, p. 138-45, Feb. 1981.

31. GEGAUFF, A.G.; ROSENSTIEL, S.F. Reassessment of die-spacer with

dynamic loading during cementation. J Prosthet Dent, v. 61, n. 6, p. 655-

8, June 1989.

32. GEMALMAZ, D.; ALKUMRU, H.N. Marginal fit changes during porcelain

firing cycles. J Prosthet Dent, v. 73, n.1, p. 49-54, Jan. 1995.

33. GILBOE, D.B.; THAYER, K.E. Bevelled shoulder concept: full gold crown

preparation. J Can Dent Assoc, v. 46, n. 8, p. 519-23, 1980.

34. GOODACRE, C.J.; CAMPAGNI, W.V.; AQUILINO, S.A. Tooth

preparations for complete crowns: An art form based on scientific

principles. J Prosthet Dent, v. 85, n. 4, p. 363-76, Apr. 2001.

35. GOODSON, J.M. et al. Reduced dental plaque accumulation on

composite gold alloy margins. J Periodont Res, v. 36, n. 4, p. 252-9,

2001.

36. GREY, N.J.A.; PIDDOCK, V.; WILSON, M.A. In vitro comparison of

conventional crowns and a new all-ceramic system. J Dent, v. 21, n. 1, p.

47-51, Jan. 1993.

37. GROTEN, M.; GIRTHOFER, S.; PRÖBSTER, L. Marginal fit consistency

of copy-milled all-ceramic crowns during fabrication by light and scanning

electron microscopic analysis in vitro. J Oral Rehabit, v.24, n.12, p.871-

81, Dec. 1997.

38. HARRIS, I.E.; WICKENS, J.L. A comparison on the fit of spark-eroded

titanium copings and cast gold alloy copings. Int J Prosthod, v. 7, n. 4, p.

348-54, July 1994.

Page 96: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

95

39. HILGERT, E.; NEISSER, M.P.; BOTTINO, M.A. Evaluation of the marginal

adaptation of ceramic copings in function of the cervical endings and

treatment of the internal surfaces. Cien Odontol Bras, v.6, n.4, p. 9-16,

out./dez. 2003.

40. HOLMES, J.R. et al. Considerations in measurement of marginal fit. J

Prosthet Dent, v. 62, n. 4, p.405-8, Oct. 1989.

41. HOLMES, J.R. et al. Marginal fit of castable ceramic crowns. J Prosthet

Dent, v. 67, n. 5, p. 594-9, May 1992.

42. HOLMES, J.R. et al. Marginal fit of electroformed ceramometal crowns. J

Prosthod, v. 5, n. 2, p. 111-4, June 1996.

43. HUNG, S.H. et al. Marginal fit of porcelain-fused-to-metal and two types of

ceramic crown. J Prosthet Dent, v. 63, n. 1, p. 26-31, Jan. 1990.

44. HUNTER, A.J.; HUNTER, A.R. Gingival crown margin configurations: a

review and discussion. Part I: terminology and widths. J Prosthet Dent, v.

64, n. 5, p. 548-52, Nov. 1990.

45. HUNTER, A.J.; HUNTER, A.R. Gingival crown margin configurations: a

review and discussion. Part II: discrepancies and configurations. J

Prosthet Dent, v. 64, n. 6, p. 636-42, Dec. 1990.

46. JAHANGIRI, L. et al. Assessment of sensitivity and specificity of clinical

evaluation of cast restoration marginal accuracy compared to

stereomicroscopy. J Prosthet Dent, v. 93, n.2, p.138-42, Fev. 2005.

47. KANCYPER, S.G.; KOKA, S. The influence of intracrevicular crown

margins on gingival health: preliminary findings. J Prosthet Dent, v. 85, n.

5, p. 461-5, May 2001.

48. KASHANI, H.G.; KHERA, S.C.; GULKER, I.A. The effects of bevel

angulation on marginal integrity. J Am Dent Assoc, v.103, p. 882-885,

Dec. 1981.

49. KOTH, D.L. Full crown restorations and gingival inflammation in a

controlled population. J Prosthet Dent, v. 48, n. 6, p. 681-5, Dec. 1982.

Page 97: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

96

50. KU, C.W.; PARK, S.W.; YANG, H.S. Comparison of the fracture strengths

of metal-ceramic crowns and three ceromer crowns. J Prosthet Dent, v.

88, n. 2, p.170-5, Aug. 2002.

51. KYDD, W.L. et al. Marginal leakage of cast gold crowns luted with zinc

phosphate cement: an in vivo study. J Prosthet Dent, v. 75, n. 1, p.9-19,

Jan. 1996.

52. LEONG, D. et al. Marginal fit of machine-milled titanium and cast titanium

single crowns. Int J Prosthod, v. 7, n. 5, p. 440-7, Sept. 1994.

53. MANTOVANI, A.V. et al. Avaliação do desajuste cervical de coroas de liga

de ouro em troquéis de gesso-pedra, obtidos a partir de materiais de

moldagens diversos. Rev Odontol USP v. 4, n. 1, p.31-7, Jan./Mar. 1990.

54. MCLEAN, J.W.; FRAUNHOFER, J.A. The estimation of cement film

thickness by an in vivo technique. Br Dent J, v. 131, n. 3, p. 107-11, Aug.

1971.

55. PALOMO, F.; PEDEN, J. Periodontal considerations of restorative

procedures. J Prosthet Dent, v. 36, n. 4, p. 384-94, Oct. 1976.

56. PAVANELLI, C.A.; NOGUEIRA JÚNIOR, L.; FIGUEIREDO, A.R.

Discrepância vertical de assentamento de coroas totais: dispositivo para

fixação e mensuração pré e pós-cimentação (in vitro). PGR, v.4, n. 2, p.

60-4, Maio/Ago. 2001.

57. PASCOE, DF. An evaluation of the marginal adaptation of extracoronal

restorations during cementation. J Prosthet Dent, v. 49, n. 5, p. 657-62,

May 1983.

58. PETTENÓ, D. et al. Comparison of marginal fit of 3 different metal-

ceramic systems: an in vitro study. Int J Prosthod, v. 13, n. 5, p. 405-8,

2000.

59. PIPPIN, D.J.; MIXSON, J.M.; SOLDAN-ELS, A.P. Clinical evaluation of

restored maxillary incisors: veneers vs. pmf crowns. J Am Dent Assoc, v.

126, p. 1523-9, Nov. 1995.

Page 98: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

97

60. QUINTAS, A.F.; OLIVEIRA, F.; BOTTINO, M.A. Vertical marginal

discrepancy of ceramic copings with different ceramic materials, finish

lines, and luting agents: an in vitro evaluation. J Prosthet Dent, v.92, n. 3,

p. 250-7, Sept. 2004.

61. ROGERS, O.W. The electroformed gold matrix inlay technique. Aust Dent

J. v.15, n.4, p.316-23, Aug. 1970.

62. ROGERS, O.W. The dental application of electroformed pure gold. II.

Aust Dent J, v. 25, n. 1, p. 1-6, Feb. 1980.

63. ROGERS, O.W. The dental application of electroformed pure gold. III.

Aust Dent J, v. 25, n. 4, p. 205-8, Aug. 1980.

64. SETZ, J.; DIEHL, J.; WEBER, H. The marginal fit of cemented

galvanoceramic crowns. Int J Prosthod, v. 2, n.1, p. 61-4, Jan. 1989.

65. SEYMOUR, K.; ZOU, L.; SAMARAWICKRAMA, D.Y.D.; LYNCH, E.

Assessment of shoulder dimensions and angles of porcelain bonded to

metal crown preparations. J Prosthet Dent, v. 75, n. 4, p. 406-11, Apr.

1996.

66. SHAFAGH, I. Plaque accumulation on cast gold complete crowns polished

by a conventional and an experimental method. J Prosthet Dent, v. 55, n.

3, p. 339-42, Mar. 1986.

67. SHILLINGBURG, H.T.; HOBO, S.; FISHER, D.W. Preparation design and

margin distortion in porcelain-fused-to-metal restorations. J Prosthet

Dent, v. 29, n. 3, p. 276-84, Mar. 1973.

68. SHILLINGBURG, H.T.; HOBO, S.; WHITSETT, L.D. Princípios de

prepare. In:_____ Fundamentos de prótese fixa. Trad. M.T.F. Oliveira.

1.ed. São Paulo: Quintessence, 1995. Cap. 3, p. 67-84.

69. SORENSEN, J.A. A rationale for comparison of plaque-retaining

properties of crown systems. J Prosthet Dent, v. 62, n. 3, p. 264-9, Sept.

1989.

Page 99: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

98

70. SORENSEN, J.A. A standardized method for determination of crown

margin fidelity. J Prosthet Dent, v. 64, n. 1, p.18-24, Jan. 1990.

71. STEPHANO, C.B. et al. Adaptação cervical de coroas totais fundidas com

diversas ligas metálicas, usando troquéis com e sem espaçador. Rev

Odontol USP, v.3, n.3, p.383-9, Jul./Set. 1989.

72. STOLL, R.; MAKRIS, P. STACHNISS. Marginal adaptation of cast partial

crowns made of pure titanium and a gold alloy under influence of manual

burnishing technique. J Oral Rehabil, v. 28, n. 5, p. 401-6, 2001.

73. SYU, J.Z. et al. Influence of finish-line geometry on the fit of crowns. Int J

Prosthod, v. 6, n. 1, p. 25-30, Jan. 1993.

74. TETERUCK, W.R.; MUMFORD, G. The fit of certain dental casting alloys

using different investing materials and techniques. J Prosthet Dent, v. 16,

n. 5, p. 910-27, Sept./Oct. 1966.

75. TINSCHERT, J. et al. Marginal fit of alumina-and zirconia-based fixed

partial dentures produced by a CAD/CAM system. Oper Dent, v. 26, n. 4,

p. 367-74, July 2001.

76. USHIWATA, O. et al. Marginal fit of nickel-chromium copings before and

after internal adjustments with duplicated dies and disclosing agent. J

Prosthet Dent, v. 83, n. 6, p. 634-43, June 2000.

77. WANG, C.J.; MILLSTEIN, P.L.; NATHANSON, D. Effects of cement,

cement space, marginal design, seating aid materials, and seating force

on crown cementation. J Prosthet Dent, v. 67, n.6, p. 786-90, June 1992.

78. WEAVER, J.D.; JOHNSON, G.H.; BALES, D.J. Marginal adaptation of

castable ceramic crowns. J Prosthet Dent, v. 66, n. 6, p.747-53, Dec.

1991.

79. WHITE, S.N.; KIPNIS, V. The three-dimensional effects of adjustment and

cementation on crown seating. Int J Prosthod, v. 6, n. 3, p. 248-54, 1993.

80. WHITE, S.N. et al. In vivo marginal adaptation of cast crowns luted with

different cements. J Prosthet Dent, v. 74, n. 1, p. 25-32, July 1995.

Page 100: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

99

81. WILSON, P.R. et al. Deformation of crown during cementation. J Prosthet

Dent, v. 64, n. 5, p. 601-9, Nov. 1990.

82. YEO, I.S.; YANG, J.H.; LEE, J.B. In vitro marginal fit of three all-ceramic

crown systems. J Prosthet Dent, v. 90, n. 5, p. 459-64, Nov. 2003.

Page 101: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

100

APÊNDICE – Dados complementares das medições

Tabela 8- Dados das medições (em µm) dos copings com término cervical

em ombro arredondado biselado antes da aplicação da cerâmica

OAB sem cerâmica Média final

Coping ponto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1 194 0 0 0 226 98 45 0 0 0 2 61 0 0 0 147 133 22 0 0 0 3 60 66 0 0 131 90 0 0 0 0 4 36 112 0 0 85 16 79 0 0 0 5 0 170 0 0 100 0 85 0 0 0 6 0 0 0 0 88 0 31 0 0 0 7 0 0 0 0 11 0 18 0 0 0 8 0 0 0 0 0 0 43 0 0 0 9 0 0 0 0 0 0 45 0 0 0

10 0 0 76 0 0 0 31 0 0 0 11 0 0 0 0 0 0 99 0 45 0 12 0 0 0 0 0 0 157 0 32 0 13 0 0 0 0 0 84 200 0 29 0 14 0 0 0 0 30 50 232 0 32 0 15 0 0 0 0 122 23 289 0 0 0 16 0 0 0 0 195 51 300 0 0 0 17 0 0 0 0 179 0 214 0 0 0 18 125 126 0 0 236 111 239 0 0 0 19 159 0 0 0 236 127 197 0 0 0 20 232 0 0 0 203 116 79 0 0 0 21 154 0 0 0 84 76 159 0 0 0 22 105 0 0 0 157 128 98 0 0 0 23 94 81 0 0 187 130 136 0 0 0 24 154 66 0 0 132 71 108 0 0 0

57,25 25,87 3,16 0 106,20 54,33 121,08 0 5,75 0 37,36

Page 102: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

101

Tabela 9- Dados das medições (em µm) dos copings com término cervical em chanfro largo biselado antes da aplicação da cerâmica

CLB sem cerâmica Média final

Coping ponto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 8 0 0 17 0 0 0 0 3 0 0 85 0 0 85 0 0 0 0 4 0 0 0 0 0 192 0 0 0 0 5 0 0 79 0 0 264 0 0 0 0 6 0 0 32 0 0 225 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 150 0 0 0 0 8 0 0 0 0 0 66 0 0 0 0 9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

10 0 0 0 50 0 0 0 0 0 0 11 0 0 0 44 0 0 0 0 0 0 12 27 0 0 41 42 0 0 0 0 0 13 133 0 0 0 50 0 0 0 0 0 14 23 0 0 0 0 0 0 0 0 0 15 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 16 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 17 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 18 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 19 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 20 0 0 0 0 0 52 0 0 0 0 21 0 0 0 0 0 41 0 0 0 0 22 0 0 0 0 0 28 0 0 0 0 23 0 0 0 0 0 29 0 0 0 0 24 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Média 7,62 0 8,5 5,625 3,83 47,87 0 0 0 0 7,34

Page 103: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

102

Tabela 10- Dados das medições (em µm) dos copings com término cervical em chanfro largo biselado após a aplicação da cerâmica

CLB com cerâmica Média final

Coping ponto

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1 123 0 0 0 190 103 48 0 0 0 2 93 0 0 0 202 107 0 0 0 0 3 43 95 0 0 111 74 0 0 0 0 4 0 168 0 0 80 0 78 0 0 0 5 0 0 0 0 86 0 81 0 0 0 6 0 0 0 0 104 0 19 0 0 0 7 0 0 0 0 65 0 0 0 0 0 8 0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 0 90 0 0 0 11 0 0 0 0 0 0 165 0 46 0 12 0 0 0 0 0 0 169 0 60 0 13 0 0 0 0 0 76 240 0 34 0 14 0 0 0 0 0 59 274 0 67 0 15 0 0 0 0 85 0 289 0 33 0 16 0 0 0 0 175 31 191 0 0 0 17 0 41 0 0 198 0 168 0 0 0 18 161 109 0 81 225 78 186 0 0 0 19 229 0 0 0 263 128 82 0 0 0 20 148 0 0 0 220 77 130 0 0 0 21 100 0 0 0 83 55 77 0 0 0 22 142 0 0 0 102 100 125 0 0 0 23 202 82 0 0 97 95 86 0 0 0 24 174 0 0 0 126 63 85 0 0 0

Média 58,95 20,62 0 3,37 100,91 43,58 107,62 0 10 0 34,50

Page 104: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

103

Tabela 11- Dados das medições (em µm) dos copings com término cervical em chanfro largo biselado após a aplicação da cerâmica

CLB com cerâmica Média final

Coping ponto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 34 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 69 0 0 46 0 0 0 0 4 0 0 20 0 0 101 0 0 0 0 5 0 0 49 0 0 256 0 0 0 0 6 0 0 0 0 0 247 0 0 0 0 7 0 0 0 40 0 210 0 0 0 0 8 0 0 0 31 0 129 0 0 0 0 9 0 0 0 0 0 65 0 0 0 0

10 0 0 0 0 0 0 0 0 86 0 11 0 0 0 0 0 0 0 0 62 0 12 40 0 0 0 40 0 0 0 0 0 13 156 0 0 0 50 0 0 0 0 0 14 0 0 0 0 65 0 0 0 0 0 15 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 16 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 17 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 18 0 0 0 0 0 0 0 71 0 0 19 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 21 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 22 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 23 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 24 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Média 8,16 0 7,16 2,95 6,45 43,91 0 2,95 6,16 0 7,77

Page 105: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

104

CAMARGO, F.P. Marginal fit of sintered copings for metal-ceramic restorations with different finish lines. São José dos Campos, 2005. 105f. Dissertação (Mestrado em Odontologia Restauradora – Especialidade Prótese Dentária) –Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista, São José dos Campos

ABSTRACT The aim of this study was to evaluate the vertical marginal misfit of sintered gold copings, sooner and later porcelain application with a variation of the cervical boundary. Two identical stainless steel master patterns were milled simulating the tooth reduction for metal ceramic crowns; one with beveled round shoulder (BRS) and the other with beveled long chamfer (BLC) preparations. The impression material used was a polivinilsyloxane silicone with the double impression technique, thus obtaining ten specimens of each master cast. To establish a pattern for impression a sheet of acetate with 1.4mm thick was used. A dental surveyor was prepared to maintain constant the insertion and the removal axis of the master casts during all the impressions. The dies were made with gypsum type IV and after the casts were dyed with spacer 1mm behind the margin. A Sintercast sheet was cut and placed upon each gypsum die for making copings. After the sintering process and adjustments, the copings were placed to the master pattern and coupled to the display to measure the marginal misfit in 24 pre established laser indicators under an optical microscopy at 230x magnification. Then, the copings received one opaque layer and two porcelain layers. Later the same measure procedure was used. The data obtained was submitted to “t” test with significance level of 5%. The mean values, sooner and later porcelain application were, respectively, 61.8µm and 57.0µm to BRS and 6.4µm and 6.2µm to BLC. It may be concluded that porcelain application did not influence the marginal fit; however the BRS was larger than BLC cervical boundary, although both of them were within the limits of clinical acceptability.

KEY WORDS: Gold; sintered gold; crowns; metal ceramic alloys; marginal adaptation (dentistry); dental porcelain.

Page 106: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

105

Autorizo a reprodução xerográfica deste trabalho

São José dos Campos, 17 de junho de 2005.

________________________________ Fernanda Pelógia Camargo

Page 107: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 108: FERNANDA PELÓGIA CAMARGO ADAPTAÇÃO MARGINAL …livros01.livrosgratis.com.br/cp048476.pdf · moldagem, obtendo-se 10 moldes para cada preparo. Os moldes foram preenchidos com gesso

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo