felipe cordeiro silva

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola de Engenharia de Lorena – EEL FELIPE CORDEIRO SILVA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO PARA A INTRODUÇÃO DE FERRAMENTAS LEAN EM UM DEPÓSTIO INDUSTRIAL LORENA 2015

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Page 1: FELIPE CORDEIRO SILVA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

E s c o l a d e E n g e n h a r i a d e L o r e n a – E E L

FELIPE CORDEIRO SILVA

ELABORAÇÃO DE UM PROJETO PARA A INTRODUÇÃO DE FERRAMENTAS LEAN EM UM DEPÓSTIO INDUSTRIAL

LORENA

2015

Page 2: FELIPE CORDEIRO SILVA

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizado

da Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Silva, Felipe Cordeiro

Elaboração de um projeto para a introdução de ferramentas lean em um depósito industrial / Felipe Cordeiro Silva; orientadora Elisângela de Jesus Cândido Moraes. - Lorena, 2015. 40 p.

Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão de Graduação do Curso de Engenharia Industrial Química - Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo. 2015 Orientadora: Elisângela de Jesus Cândido Moraes

1. Lean manufacturing. 2. Melhoria de processos. 3. Fluxo de processo. 4. Padronização. 5. Gestão de projetos. I. Título. II. Moraes, Elisângela de Jesus Cândido, orient.

Page 3: FELIPE CORDEIRO SILVA

Felipe Cordeiro Silva

Elaboração de um projeto para a introdução de ferramentas lean em um depósito industrial

Monografia apresentada à Escola de Engenharia de Lorena - da Universidade de São Paulo como requisito para obtenção de título de Engenheiro Industrial Químico.

ORIENTADORA: Profa. Dra. Elisângela de Jesus Cândido Moraes.

LORENA

2015

Page 4: FELIPE CORDEIRO SILVA

Agradecimentos

Agradeço aos amigos e familiares que sempre me apoiaram e incentivaram nesta caminhada.

À Profª Drª Elisângela pela orientação e apoio durante a realização deste trabalho.

À Escola de Engenharia de Lorena e University of Tennessee por proverem o ambiente acadêmico e conhecimento técnico.

Aos professores da Escola de Engenharia de Lorena pela dedicação na formação de seus alunos.

Page 5: FELIPE CORDEIRO SILVA

Resumo

Cordeiro Silva, F.; Elaboração de um projeto para a introdução de ferramentas lean em um depósito industrial. 2015. 35p.Monografia (Trabalho de Graduação em Engenharia Industrial Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2015.

A otimização de processos é comum nos dias atuais devido a grande competitividade de um mercado globalizado que estimula a disputa por espaço entre empresas, levando à modernização de técnicas e ao corte de custos da planta, para tal utilizam-se diversas ferramentas de qualidade que tem por objetivo a identificação de causas da ineficiência e desperdício dentro dos procedimentos padrão em uma planta industrial, tais ferramentas tiveram seu início com o advento do pensamento lean no Japão pós-guerra com o objetivo de modernizar sua indústria e inseri-las novamente no mercado global.

Tal método de pensamento levou o aprimoramento dos processos aos quais é aplicado e a criação de uma ideia de melhoria contínua nos trouxe dentro dos próprios métodos de analise na indústria modos mais atuais e aprimorados de analise, portanto toda empresa deve constantemente procurar novas maneiras de aplicar o lean nos processos vigentes. Este projeto tem como objetivo demonstrar o desenvolvimento de um projeto, realizado em 2013, para a uma empresa do seguimento de maquinário industrial de destilação, em Knoxville, Tennessee, EUA, para o aumento da eficiência de seu setor de distribuição de produtos para demanda interna e clientela externa da planta, tendo como consequência a diminuição dos custos para a empresa.

Para tanto foram utilizadas ferramentas de Lean Manufacturing, como diagrama de Gant, mapa de processo, diagrama de Ishikawa, mapeamento de fluxo de valor (VSM), SIPOC, dentre outros. Com base na coletânea dos dados e posterior análise pode-se visualizar as causas do problema e propor soluções para os problemas. Aos problemas identificados pode-se aplicar soluções através de ferramentas aprendidas durante o curso, tendo foco no re-design do depósito, a padronização dos processos utilizados na empresa e modernização de todo o processamento e envio de mercadorias utilizando recursos tecnológicos mais modernos que tornam possível o acompanhamento em tempo real do estoque.

Palavras-chave: Lean Manufacturing, Gestão de Projetos, Melhoria de Processos, Melhoria de Fluxo de Processos, Padronização.

Page 6: FELIPE CORDEIRO SILVA

Abstract

Cordeiro Silva, F.; Drafting the bases of a project for the introduction of lean tools in an industrial warehouse. 2015. 35p. Monografia (Trabalho de Graduação em Engenharia Industrial Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2015.

Process optimization is common nowadays due to the competitiveness in a global market that encourages contention for space between companies, leading to modernization of techniques and cutting of industrial costs, for this are used several quality tools has for objective to identify causes of inefficiency and waste within the standard procedures in an industrial plant. Such tools had their beginning with the advent of lean thinking in postwar Japan in order to modernize its industry and insert them again in the global market.

Such a method of thought led the improvement of processes in which it is applied and the establishment of an idea of continuous improvement brought us, within the own analysis methods in the industry newer insights and improved analysis methods, so every company must constantly seek new ways to apply lean in existing processes. This project aims to demonstrate the development of a project, in 2013, for a company in the segment of industrial distillation in Knoxville, Tennessee, USA, to increase the efficiency of their domestic demand product distribution and external customers, resulting in lower costs to the company.

Therefore, we applied Lean Manufacturing tools such as Gant diagram, process mapping, Ishikawa diagram, value stream mapping (VSM), SIPOC, among others. Based on the collection of data and subsequent analysis can visualize the causes of the problem and propose solutions to issue. To the problems identified can be applied solutions through tools learned, with a focus on warehouse re-design, standardization of the processes used in the company and modernization the whole internal process and shipping process using modern technological resources that make it possible tracking inventory in real time.

Keywords: Lean Manufacturing, Project Management, Process Improvement, Process Flow Improvement, Standard Work.

Page 7: FELIPE CORDEIRO SILVA

LISTA DE SIGLAS

TPS Toyota Production System

LM Lean Management

Muda Desperdício

SCM Supply Chain Management

LT Lead Time

VSM Mapa de Fluxo de Valor

OS Ordem de Serviço

Page 8: FELIPE CORDEIRO SILVA

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Exemplo de diagrama de Ishikawa ............................................................................... 10

Figura 2. Processo total do depósito ..................................................................................... 15

Figura 3. Divisão do processo ................................................................................................ 16

Figura 4. Design da planta ...................................................................................................... 17

Figura 5. Mapa de fluxo de valor............................................................................................ 18

Figura 6. Exemplo de etiqueta utilizada ................................................................................ 20

Figura 7. Exemplo de equipamento do novo processo ...................................................... 21

Figura 8. Novo tipo de etiqueta .............................................................................................. 22

Figura 9. Novo desenho do processo ................................................................................... 23

Figura 10. Nova localização.................................................................................................... 24

Figura 11. Estado atual da área de embalagem ................................................................. 25

Figura 12. Histograma da economia com as mudanças .............................................................. 28

Page 9: FELIPE CORDEIRO SILVA

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Horas por trabalhador ............................................................................................ 26

Tabela 2. Custo do processo .................................................................................................. 27

Page 10: FELIPE CORDEIRO SILVA

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 1

2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA ................................................................... 3

2.1 Lean Manufactury ............................................................................................................ 3

2.2 Lead Time ............................................................................................................................ 4

2.3. Ferramentas utilizáveis em uma abordagem Lean ........................................................... 6

2.3.1. Mapa de Fluxo de Valor .............................................................................................. 6

2.3.2. O conceito de desperdício (muda) .............................................................................. 8

2.3.3 Kaizen (Melhoria Contínua) .......................................................................................... 8

2.3.4. Diagrama de Ishikawa ................................................................................................. 9

2.3.5. Método 5S ................................................................................................................. 10

2.3.6. Auxilio Visual ............................................................................................................. 11

3. METODOLOGIA ......................................................................................... 12

4. DESENVOLVIMENTO .................................................................................. 13

4.1 Definindo o problema ....................................................................................................... 13

4.2 Definição da causa do problema ....................................................................................... 14

4.3 Impacto pretendido .......................................................................................................... 14

4.4 Analisando o processo ...................................................................................................... 15

4.5 Analisando o fluxo do depósito ......................................................................................... 17

4.6 Estado atual da identificação dos produtos ...................................................................... 20

5. RESULTADOS ............................................................................................. 21

5.1 Novos equipamentos e modernização .............................................................................. 21

5.2 Redesenhando o fluxo do processo .................................................................................. 22

5.3 Facilitando a movimentação durante o processo ............................................................. 23

5.4. Criação de um supermercado .......................................................................................... 24

5.5. Implementando o 5S ........................................................................................................ 25

5.6. Custos de implementação e savings gerados .................................................................. 26

5.6.1 Economia do processo ............................................................................................... 26

5.6.2 Custo de implementação ........................................................................................... 27

5.6.3 Overview financeiro ................................................................................................... 28

5.7 Mantendo as novas mudanças .......................................................................................... 29

6. CONCLUSÃO .............................................................................................. 30

7. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................ 31

Page 11: FELIPE CORDEIRO SILVA

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1. INTRODUÇÃO

Os princípios de otimização da produção a nível industrial foram

desenvolvido pela empresa Toyota Motor para atender às suas necessidades

específicas em um mercado restrito em momentos de dificuldade econômica.

Estes conceitos que denominados por Lean Manufacturing foram

estudados e provaram ser transferíveis e aplicáveis a uma ampla variedade de

indústrias (Womack, Jones, & Ross, 1990).

A grande necessidade de aprimorar um sistema produtivo leva toda

indústria a recorrer a este sistema do qual a utilidade prática está comprovada

há décadas.

Outro ponto recorrente nos dias atuais é a necessidade constante de

inovação tecnológica aplicada corretamente nos meios produtivos gerando

vantagens enormes a empresas, sendo pela diminuição do tempo levado para

a realização de uma atividade ou pela precisão conferida ao controle do

processo, fluxo de material ou estoque disponível dentro da planta.

Tendo em vista este cenário em constante desenvolvimento este projeto

trata da análise de um processo em busca de possíveis pontos de restrição que

geram gastos adicionais a empresa, a definição de quais são os problemas

presentes nestes processos e alternativas inovadoras que se proponham a

solucionar tais problemas.

A base deste trabalho se deve ao fato da empresa, ao notar um aumento

constante nas horas trabalhadas e possível perda de mercado decorrente do

aumento de custos, procurar ajuda especializada, que foi encontrada no

departamento de engenharia de produção da Universidade do Tennessee, para

que este investigasse as causas de seus problemas, de modo que foi formado

um grupo de estudantes de para realizar a coleta de informações e realização

de analises para a elaboração de um relatório a ser entregue para a empresa.

A análise do sistema de distribuição de material interno e externo da

empresa permitiu que novas soluções fossem propostas, tanto no fluxo interno

quanto na otimização do controle de estoque e envio de itens na função de

Page 12: FELIPE CORDEIRO SILVA

2

centro de distribuição de peças e equipamentos que este setor ocupa na

cadeia específica da empresa.

O desenvolvimento das ideias, assim como seu aprimoramento e

avaliação contaram com convivência constante dentro da empresa para a

avaliação das atividades, validação dos dados fornecidos e observação do dia-

a-dia dentro do setor. Com base neste banco de dados adquirido pode-se

aplicar as ferramentas lean e estruturar um modelo de simulação utilizando

ferramentas computacionais como os softwares Visio e Process Simulator, de

modo que pode-se assim testar as hipóteses apresentadas para montar a

proposta final de projeto entregue à empresa. Além disso, foi utilizada

matemática financeira para calcular o custo do projeto diluído no tempo de

implementação para averiguação das vantagens econômicas de sua

implementação, tornando assim a proposta não apenas plausível do ponto de

vista de otimização de processos, mas também viável para a sobrevivência e

sucesso da companhia interessada.

Page 13: FELIPE CORDEIRO SILVA

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2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA

2.1 Lean Manufactury

O Lean Manufacturing, conhecido no Brasil pelo termo “produção

enxuta”, é uma série de conceitos e ferramentas, uma forma de cultura de

produção, criado há décadas e utilizada amplamente até os dias atuais, para a

otimização das atividades de trabalho visando sempre produzir mais utilizando

menos recursos e, portanto, aumentando consideravelmente a produtividade

dos processos ao qual é aplicado.

Sua origem se deu no Japão, dentro da Toyota Motor Company, sendo

originalmente conhecido como “Toyota Production System” (TPS), no final da

década de 1940, quando devido às condições econômicas do Japão pós-

guerra, sem os recursos necessários para a implementação do modelo de

produção em massa proposto por Ford anos antes, que tinha como objetivo a

criação de indústrias com grande capacidade de produção de itens iguais,

porém com demanda de alto investimento inicial. Neste momento surge, criado

por Eiji Toyoda e Taiichi Ohno, o TPS, que consistia em um processo no qual a

capacidade da fábrica seria flexível, podendo se adaptar as demandas do

mercado, tornando a companhia mais competitiva, capaz de atender diferentes

tipos de demanda no menor tempo possível. O TPS permitiu um fluxo contínuo

do processo produtivo, visando a otimização do tempo e redução do esforço

para a produção (Ohno, 1997).

Esta ideologia produtiva foi de encontro ao modelo vigente no resto do

mundo que utilizava o planejamento de recursos, visando uma produção

padronizada em grande volume de itens produzidos, para a redução do custo

por produto. As reflexões sobre a produção industrial da Toyota levaram Taiichi

Ohnoa idealizar um novo sistema de produção que fosse acima de tudo voltado

ao objetivo da eliminação de desperdícios(“muda”) e elementos desnecessários

a fim de reduzir custos e que a ideia básica é produzir apenas o necessário, no

momento necessário e na quantidade requerida (Ohno, 1997).

Page 14: FELIPE CORDEIRO SILVA

4

A eficácia alcançada pelo conceito fundamental do TPS foi levado para o

ocidente como caso de estudo do livro “The Machine that changed the World”

(Womack, Jones, & Ross, 1990), um livro que destaca primeiro métodos de

produção japoneses, em comparação com tradicionais sistemas de produção

em massa ocidentais e também realça o desempenho superior do primeiro. Os

princípios e técnicas do TPS aplicados no ocidente foram batizados por

Womack de Lean Manufacturing. O seu seguinte livro, “Lean Thinking: Banish

Wasteand Create Wealth in your Organization” (Womack & Jones, 2003), é um

passo importante na história do Lean por resumir os princípios de guia de ação

para o termo no ocidente criando também o conceito de "Lean Production", e

levando o conceito a ser amplamente divulgado dentre especialistas ocidentais,

levando ao aprimoramento do sistema de produção.

Os benefícios trazidos da implementação estratégica do Lean

Manufacturing são vistos não apenas no setor industrial, mas também em

praticamente qualquer setor de serviços, sendo que a métrica de diminuição de

“lead time” (LT), beneficia qualquer atividade, permitindo a realização da

atividade fim, seja esta a produção de um item ou a prestação de um serviço,

em um espaço de tempo menor, propiciando um aumento da produção ou

redução de horas trabalhadas. (Womack, Jones, & Ross, 1990)

Segundo Melton (2005) os benefícios observados nas indústrias podem

ser analisados nos seguintes quesitos:

diminuição dos prazos de entrega;

redução efetiva do tamanho do estoque mantido;

gestão mais ágil para o processo;

processos mais robustos, com menor taxa de erros durante o processo, logo

sem necessidade de retrabalho.

2.2 Lead Time

Lead Time pode ser definido pelo tempo decorrido entre a entrada da

matéria-prima no processo de fabricação e sua saída como produto final, é um

Page 15: FELIPE CORDEIRO SILVA

5

termo amplamente utilizado em Supply Chain Management (SCM), é uma

métrica de extrema importância, pois permite tornar um processo abstrato

mensurável, fazendo sua aferição possível matematicamente, logo podendo

medir precisamente a eficiência do processo. (Bowersox, Closs, & Cooper,

2006)

A definição de Lead Time também pode-se aplicar a processos não-

produtivos, como o setor de compras ou serviços, como (Kosaka, 2013) :

“(...) na área de Compras, as pessoas envolvidas nos

processos deve saber claramente qual é o lead time, o

intervalo de tempo para comprar os materiais necessários

para a sua produção, desde a emissão do pedido até

realmente o material estar a sua disposição para uso. Na

produção, o lead time é o intervalo de tempo necessário

para que o material passe pela fabricação – do primeiro até

o último processo e estar pronto para outra etapa. Ou

ainda, o lead time de entrega, intervalo de tempo

necessário desde o momento que o cliente adquiriu a

mercadoria até realmente ele tê-las em suas mãos”.

As consequências da redução de LT geralmente são sentidas no custo

final do processo, afinal pode-se reduzir o numero de horas trabalhadas,

reduzindo o gasto com mão de obra e aumentar a produtividade,

consequentemente a saída de produto da linha.

Page 16: FELIPE CORDEIRO SILVA

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2.3. Ferramentas utilizáveis em uma abordagem Lean

Em essência, a manufatura enxuta tem como objetivo a preservação do

valor utilizando menos trabalho.

Desta forma, para eliminação dos problemas de um processo produtivo

e alcance das metas estabelecidas deve-se eliminar desperdícios utilizando as

ferramentas fornecidas dentro da ideologia lean, de modo que abrindo estas

opções se tenha um menu de ferramentas que tornam visuais e facilmente

mensuráveis os problemas existentes . Dentro deste menu de ferramentas

podemos citar as principais utilizadas para executar os princípios do Lean

(Werkema, 2006).

Mapa de Fluxo de Valor;

Métricas Lean;

Kaizen- Melhoria Contínua;

Padronização;

5S;

Gestão Visual;

2.3.1. Mapa de Fluxo de Valor

Experiências realizadas na indústria para organizar a cadeia de

suprimentos e assim possuir controle de sua gestão, demonstraram que é

necessário mapear os processos e classificar suas etapas entre as que tem

valor agregado para o produto final e as que não agregam valor, sendo estas

onde deve-se focar a atenção para o aprimoramento do processo.

Ao eliminar as etapas que não geram valor ao produto e controlar seus

fatores, teremos um processo global mais fluído, produtos e serviços tornam-se

mais competitivos para com os rivais em um mercado globalizado. Esta

abordagem econômica é cada vez mais aplicadas nos ambientes industriais e

Page 17: FELIPE CORDEIRO SILVA

7

se torna fator indispensável para que seja possível conhecer o processo em

que se vai atuar.

A Toyota foi a primeira empresa a utilizar técnicas de mapeamento de

fluxo de valor (VSM) para aplicar conceitos e ferramentas que auxiliassem no

processo industrial. O objetivo do VSM é minimizar o desperdício que impede a

fluidez e o fluxo contínuo de produtos e informações ao longo da cadeia

produtiva. A cadeia de valor exibe o conjunto de atividades acrescidas de seu

valor, e algumas vezes lead time, envolvidas para criar um produto ou fornecer

um serviço. Mapeamento de fluxo de valor pode ser definido como uma técnica

lean usada para analisar o fluxo de materiais, serviços e especificações no

momento necessário para produzir ou entregar informações de um produto ou

serviço a um cliente. (Martin & Osterling, 2013)

Ela é derivada do seu foco na redução do original dos sete desperdícios

classificados no sistema lean ( Superprodução, Transporte desnecessário,

Inventário, Movimentação de material ou produtos, Defeitos, Retrabalho,

Materiais em espera durante o processo).

O atual estado do VSM deve ser criado de acordo com o padrão de

mapeamento do fluxo de valor. Os principais passos para sua confecção são:

Cálculo do tempo de produção de cada peça e os tempos de ciclos

Identificação de processos gargalos da produção

Identificação do tamanho dos lotes produzidos.

Identificação de células de trabalho potenciais.

Identificação e definição dos sistemas de sinalização visando ação just-

in-time.

Estabelecer métodos de programação e gerenciamento.

Cálculo do tempo de produção total com valores agregados e não-

agregados.

Identificação de melhoria específica processo.

Page 18: FELIPE CORDEIRO SILVA

8

2.3.2. O conceito de desperdício (muda)

A fim de objetivar a identificação de perdas, um conceito chave no TPS,

conhecido como os sete desperdícios são:

Superprodução

Transporte desnecessário

Inventário

Movimentação de material ou produtos

Defeitos

Retrabalho

Materiais em espera durante o processo

Cada etapa processual deve ser revisada e inspecionada para a

possível ocorrência destes sete desperdícios exposto pela pelo TPS, focando-

se especialmente em etapas que não agreguem valor ao produto final.

(Womack & Jones, Lean thinking: banish waste and create wealth in your

corporation, 2003).

2.3.3 Kaizen (Melhoria Contínua)

Kaizen é uma palavra japonesa cujo significado pode ser abstraído como

melhoria contínua, sendo que o significado prático é a criação de um sistema

em que os trabalhadores envolvidos em um processo possam contribuir

sempre com sua melhoria por meio de opiniões decorrentes de sua vivência do

estado atual do processo.

Na década de 1950, Edward Deming, foi um dos pioneiros em melhoria

contínua, desenvolvendo o Ciclo Deming, uma forma prática, simples e eficaz

utilizada para realizar a melhoria contínua na local de trabalho. De acordo

Com Womack e Jones (2003), a chave e parte principal para o

desenvolvimento e construção saudável do pensamento lean é Kaizen.

A filosofia Kaizen tem dois objetivos principais: a desenvolver uma

cultura de resolução de problemas, com foco na análise, pensamento científico

Page 19: FELIPE CORDEIRO SILVA

9

e estruturação desta solução e envolvimento das pessoas que tem a

experiência de vivencia no processo. Dos trabalhadores da fábrica aos

executivos e CEO da empresa, Kaizen depende dos esforços e engajamento

de pessoas para o aprimoramento da empresa.

2.3.4. Diagrama de Ishikawa

O diagrama de Ishikawa, também conhecido como diagrama de causa e

efeito ou diagrama de espinha de peixe, é uma representação gráfica utilizada

para detectar a causa de um evento especifico, e assim diagnosticar o

problema, devido ao seu uso ser altamente disseminado na indústria, é tido

como uma das sete ferramentas básicas da qualidade.

Na década de 1920 já eram utilizados diagrama de causa e efeito na

indústria, porém apenas na década de 1960 que Kaoru Ishikawa, utilizando o

diagrama para a gestão dos estaleiros da Kawasaki, popularizou e formalizou

regras para seu uso, tornando-o assim uma ferramenta indispensável na

gestão de qualidade de qualquer ambiente industrial.

As causas de um problema são agrupadas em categorias para permitir

uma visão mais focada no estudo do problema, estas categorias são (Ishikawa,

1986):

- Método: causa envolvendo o método em que o trabalho está sendo

realizado, mais especificamente o procedimento empregado;

- Material: causa que envolve a matéria-prima do processo;

- Mão-de-obra: causa que envolve o trabalhador, assim como sua perícia

no processo e suas condições físicas e psicológicas;

- Equipamento: causa envolvendo o maquinário e as ferramentas

empregadas no processo;

- Medida: toda causa que envolve os instrumentos de medida, sua

calibração e a métrica utilizada para aferir o processo;

- Ambiente; toda causa que envolva ambiente de trabalho, assim como

seu layout e a acessibilidade para o cumprimento do processo.

Page 20: FELIPE CORDEIRO SILVA

10

Figura 1. Exemplo de diagrama de Ishikawa

Fonte: http://www.esalq.usp.br/qualidade/ishikawa/

2.3.5. Método 5S

O método 5S surgiu no Japão como uma forma de, através de uma lista

simples e facilmente entendível para qualquer um, organizar o ambiente de

trabalho, seja este fabril ou administrativo, pois se utiliza de conceitos

universais de organização e limpeza do ambiente.

Seu nome se dá devido as cinco palavras japonesas que resumem seu

principio (Hirano, 1995), sendo todas começadas com a letra “S”, sendo que é

mantido no português a nomenclatura do processo.

As palavras que dão base ao 5S e sua ordem de implementação são:

1- Seiri (Separação): Selecionar apenas o que é útil ao ambiente de

trabalho e descartar o que não será utilizado.

2- Seiton (Organização sistemática): Organizar o espaço pensando na

eficiência na seleção do equipamento e evitando perdas de tempo

para um setup do processo com a localização do que será usado.

3- Seiso (Limpeza): Limpar o ambiente de trabalho para mantê-lo

seguro, sem ferramentas deterioradas e utilizar a limpeza periódica

como uma forma de inspeção dos equipamentos utilizados.

4- Seiketsu (Padronização): Criação de normas para uso, deposito e

organização de equipamentos, tornando assim o acesso fácil e a

Page 21: FELIPE CORDEIRO SILVA

11

limpeza mais eficiente devido a seguir uma ordem de etapas

conforme a norma estabelecida.

5- Shitsuke (Sustentar): Criar uma cultura voltada a limpeza do

ambiente, com treinamentos regulares das regras criadas, para

assim o 5S se tornar parte da cultura essencial daquele ambiente,

sendo sua implementação contínua garantida por todos, sem

exceção.

Seguindo sua implementação o 5S se torna parte do ambiente

corporativo, pois a organização e a facilidade de acesso criada pelo seu tempo

em vigor associado com seu princípio de sustentação e treinamento cria em

todos os envolvidos com a área uma cultura de limpeza e cuidado com

equipamentos e o ambiente de trabalho.

2.3.6. Auxilio Visual

Dentro da implementação de um novo sistema de qualidade, deve-se ter

certeza da compreensão por todos os envolvidos nas atividades, para tanto é

comum recorrer à implementação de auxílios visuais para o melhor

entendimento das características que se deseja alcançar com os novos

padrões.

Para alcançar o objetivo de transmitir adequadamente a mensagem

passada deve-se ter certeza de dois quesitos, primeiramente se a mensagem

está sendo passada de um modo simples, preferencialmente utilizando figuras,

gráficos ou diagramas de fácil compreensão e se tais informações estão

exibidas em um local de fácil acesso a todos que devem recebê-la, para isto

deve-se utilizar de um quadro de comunicação apropriado a esta finalidade em

que seja usual a transmissão de mensagem (Rothwell, 2010).

Page 22: FELIPE CORDEIRO SILVA

12

3. METODOLOGIA

Este trabalho se trata de um estudo de caso, realizado em equipe, em

nome da University of Tennessee, no qual foram coletados dados empíricos

dos processos corriqueiros do depósito de uma empresa do seguimento de

maquinário industrial de destilação localizada em Knoxville, Tennessee, EUA,

esta coleta de dados se deu por diversos métodos, entre eles analises dos

arquivos de registro da empresa, observação em tempo real do processo para

a obtenção do tempo para a realização de cada tarefa, analise da organização

do depósito seguindo os critérios de organização 5S, observação do arranjo

dos produtos no depósito e entrevistas com os funcionários envolvidos no

processo.

Após a coleta de dados eles foram devidamente organizados e

classificados e através de seções de brain-storming com o time do projeto e

aconselhamento com docentes do Departamento de Engenharia Industrial da

Universidade do Tennessee foram formuladas hipóteses sobre quais seriam os

principais gargalos presentes durante o transporte, empacotamento e

despacho de mercadorias, ou seja, quais traziam maior impacto ao fluxo livre

de produtos dentro e para fora da planta.

Uma vez identificados os gargalos se buscou utilizar um diagrama de

Ishikawa para a separação das causas-base deste problema, podendo assim

atacar diretamente a origem do problema.

A partir desta definição foi construído um projeto a ser apresentado à

direção da empresa para a solução do problema inicial, a formulação de tal

projeto passa pela utilização seletiva de ferramentas lean em diversas partes

da planta, buscando a redução do lead time dos processos e a eliminação de

retrabalho em qualquer parte do depósito. Também foi buscado um re-design

para o galpão, utilizando um sistema de classificação A,B,C em relação a quais

materiais possuem maior fluxo para cada uma das atividades atendidas,

favorecendo assim o fluxo dos produtos pela unidade e para envio aos clientes

da fábrica.

Page 23: FELIPE CORDEIRO SILVA

13

4. DESENVOLVIMENTO

4.1 Definindo o problema

O primeiro passo na implementação do projeto deve ser a definição de

seu escopo, para tanto foi realizada a análise do alvo do projeto para encontrar

a causa primária da ineficiência do sistema, para tanto foi realizada uma

pesquisa primária sobre o local e o processo.

Primariamente foram requisitadas bases de dados com os produtos do

estoque e suas movimentações históricas, de modo a possibilitar uma análise

dos materiais em que se deve focar, tornando prioridade o que gera mais

rentabilidade à empresa.

O segundo passo foi a realização de entrevistas informais com os

colaboradores da área e o gerente responsável, pois estes podem fornecer

uma visão interna do processo, assim como os problemas comuns encontrados

no dia-a-dia. É importante ressaltar que esta visão interna é auxiliar, pois

muitas vezes o processo visto externamente possibilita uma perspectiva mais

fresca e inovadora, de pessoas que não estão na rotina do processo e portanto

o consideram como o padrão ideal para a atividade a ser realizada.

De posse destas informações foi possível chegar a algumas conclusões sobre

o processo:

1. Ocorre excesso de movimento para pegar um item dentro do

depósito.

2. Não existe um processo padrão para o envio de material.

3. É gerado um excesso de formulários para o cumprimento de uma

ordem de pedido.

4. Falta de auxílios visuais internos ao processo.

5. Transporte de uma quantidade excessiva de material entre as

áreas da empresa.

6. Excesso de inventário devido as políticas de estoques em vigor.

7. Falta de fluidez no processo.

8. Discrepância entre o estoque físico e o estoque do sistema.

Page 24: FELIPE CORDEIRO SILVA

14

Porém todas estas conclusões não passam de sintomas aparentes no

processo.

4.2 Definição da causa do problema

O principal problema identificado é a falta de um processo moderno para

o setor do depósito, englobando todos os processos existentes nesta área.

Basicamente pode-se notar que não existe uma maneira da capacidade

produtiva do depósito de suprir as necessidades da empresa, ou seja, o

depósito não consegue enviar produtos para seus clientes internos e externos

no tempo adequado à demanda. Este problema pode ser separado em três

fatores:

O sistema do inventário precisa ser revisto e modernizado.

O layout do espaço físico precisa ser ajustado visando a

produtividade.

As ferramentas disponibilizadas para os trabalhadores locais

devem ser aprimoradas visando uma melhora na qualidade do

trabalho e facilitando a execução.

4.3 Impacto pretendido

Definido o problema central pode-se estimar qual o impacto que

melhorias no processo podem alcançar, para tanto deve-se quantificar as

variáveis no sistema e mensurar o custo da ineficiência.

A criação de ordens impressas não agrega valor a atividade e não é

necessário do ponto de vista do fluxo, podendo ser substituída por um

processo que não envolve impressão e distribuição de papel.

Cada conjunto de dez ordens processadas e impressas demora cerca de

360 segundos, levando em conta que a companhia processa uma média de

5.000 ordens por mês, apenas isto está consumindo cinquenta horas de

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15

trabalho por mês. Para avaliar o custo financeiro deve-se observar que tal

trabalho é suprido com horas-extras dos trabalhadores.

Como é gasto US$18,00/hora por trabalhador, cada mês a empresa

gasta US$900,00 por trabalhador que processa ordens que ficam no sistema.

Sendo esta estimativa baixa devido ao fato do sistema atual limitar a uma

ordem processada por vez, em um mês de movimentação superior este

impacto é exacerbado, causando um custo variável enorme à empresa.

A desorganização da área de embarque também causa prejuízo, as

maquinas encontram-se espalhadas pela área de embarque, sendo necessário

ao funcionário que mova o produto pela área de modo desnecessário, sendo

esta um dos claros gargalos do sistema, com materiais ficando até nove

minutos até estarem embalados para envio.

4.4 Analisando o processo

De modo a enxergar melhor o fluxo no sistema foi realizado o desenho

do processo atual (Figura 1):

Figura 2. Processo total do depósito

Fonte: Do autor

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Nota-se que o depósito pode ser dividido em dois grandes processos

(Figura 2), em relação ao destino do material que é removido.

Figura 3. Divisão do processo

Fonte: Do autor

Devido a esta divisão o ideal é atacar uma fase do processo antes da

separação, pois isto maximiza os ganhos em ambos os lados. Logo o alvo ideal

do projeto é o depósito e alocação dos itens dentro do prédio, pois

independente do destino do item ele passará por esta etapa.

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17

4.5 Analisando o fluxo do depósito

O depósito se divide em três tipos de material:

Material militar e governamental (chamado H20)

Equipamento original de manutenção

Peças de reposição

O maior volume de vendas se encontra nos contratos H20, logo é

prioritária a movimentação destes itens para locais mais próximos à saída.

No design atual da planta (Figura 3) temos a seguinte distribuição.

Figura 4. Design da planta

Fonte: Do arquivo da empresa

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Com a análise do processo pode-se traçar um mapa de fluxo de valor do

processo (Figura 4).

Figura 5. Mapa de fluxo de valor

Fonte: Do autor

Analisando o mapa produzido podemos observar um excesso de passos

até o item ser levado ao empacotamento. Apesar do empacotamento ser o

gargalo do sistema, consumindo 48% do tempo, do ponto de vista do fluxo

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Trabalhadores no processo

Trabalhador 1

Trabalhador 2

Trabalhador 3

pode-se reduzir os 52% restantes aprimorando o movimento e o fluxo, para isto

é necessário que a pessoa com a missão de transportar o material esteja

sempre no chão, sem perder tempo com a impressão de ordens de serviço.

Podemos montar um resumo da alocação de funcionários durante o

processo:

A. Update e download das ordens de venda

B. Impressão das ordens de venda e classificação por

tipo e localização no depósito

C. As ordens de venda são passadas ao trabalhador

para reunir os itens necessários

D. O trabalhador procura os itens no depósito

E. Um funcionário da área de pacotes procura as etiquetas que serão utilizadas

para os itens

F. O trabalhador reúne os itens para envio

G. Os itens são levados para a área de empacotamento

H. O trabalhador conta os itens que pegou e, se corretos, então assina a ordem

de serviço

I. O trabalhador na área de empacotamento procura as caixas de tamanho ideal

para os produtos para então realizar o setup do processo

J. Todos os itens são alocados em caixas. A ordem de serviço especifica o

produto será enviado separado ou em conjunto

K. Trabalhador realiza a contagem do material para envio e, se correto,

assinatura da ordem de serviço

L. Trabalhador move os pacotes para a área de prontos para envio

M. O pacote é enviado

B A C D F G H

E I

J K L M

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20

4.6 Estado atual da identificação dos produtos

As etiquetas presentes no depósito possuem uma série de defeitos que

impedem que estas sejam aproveitadas na melhoria da organização do

sistema, podemos citar que a etiqueta (Figura 5) utilizada atualmente contem

informações desnecessárias para o andamento do processo, sendo difícil

entender a informação relevante contida.

Figura 6. Exemplo de etiqueta utilizada

Fonte: Arquivo da empresa

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21

5. RESULTADOS

5.1 Novos equipamentos e modernização

O primeiro passo para alterar o processo é definir os novos

equipamentos que serão utilizados no processo. Foi decidido que para

implementar um processo de controle de estoque em tempo real para o

armazém é necessário um input rápido no sistema, para tanto foi decidido que

cada um dos funcionários teria a disposição, sempre que fosse reunir o

material a ser utilizado um tablet com leitor de código de barras (Figura 6),

assim ele pode realizar a leitura do item e abater a quantidade separada do

estoque.

Este processo leva a um sistema poka-yoke, pois o operador não

necessita ao final de seu turno revisar cada ordem e abater do sistema o

necessário.

Figura 7. Exemplo de equipamento do novo processo

Fonte: http://www.ruggedshop.nl/

O equipamento destinado ao novo processo porém necessita de códigos

de barras claros para ser usado em conjunto, para tanto foi necessário criar um

novo modelo de etiquetas padronizadas (Figura 7) para todos os itens do

estoque, substituindo as antigas, que continham informações desnecessárias

e não possuíam um sistema de codificação e auxílio visual.

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Figura 8. Novo tipo de etiqueta

Fonte: Do autor

No novo modelo pode-se notar o logo de identificação do tipo de material

na parte superior e o código de barras que será lido, na parte inferior.

5.2 Redesenhando o fluxo do processo

Com o advento de novas ferramentas aplicáveis ao processo deve-se

observar no fluxo presente etapas que se tornam obsoletas, que não mais

agregam valor ao processo. Como o novo sistema a atualização é em tempo

real e com um preenchimento automático da ordem completa devido ao

escaneamento do material que faz parte desta não é mais necessário que um

segundo funcionário faça uma revisão do documento para conferir o material

na saída de cada ordem e ao imputa-las no sistema.

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Devido ao efeito da retirada destas etapas pode-se demonstrar um novo

mapa de etapas (Figura 8) em que se economizará o trabalho de um

funcionário.

Figura 9. Novo desenho do processo

Fonte: Do autor

5.3 Facilitando a movimentação durante o processo

Como se pode notar na observação do local, durante a coleta do

material nas prateleiras ocorrem diversas voltas dentro do galpão enquanto o

funcionário busca pelo material necessário para cumprir a ordem de pedido,

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portanto conclui-se que existe um excesso de movimento no sistema, este

excesso de movimento leva ao aumento no tempo por ordem. Com o aumento

de tempo existe um grande aumento no número de horas-extras pagas por

mês.

Para a redução desta métrica é proposta a classificação de materiais em

uma escala por número de pedidos por mês que envolvao material. Os

materiais que representam o topo desta lista devem ser alocados em uma

prateleira (Figura 9), próxima a área de embalagem (chamada de prateleira de

“fastmovers”).

Figura 10. Nova localização

Fonte: Arquivo da empresa

5.4. Criação de um supermercado

Para limitar o acesso à área do depósito é recomendável a criação de

um “supermercado” com materiais baratos e com grande utilização na linha de

montagem, para tanto se deve alocar um funcionário em um local adjacente ao

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depósito com os produtos utilizando um sistema kanban, ou seja, apenas um

exemplar disponível e um em estoque, sendo que este só será reposto com a

saída do disponível. Assim agiliza-se o suprimento para a linha de montagem,

pois torna desnecessária a aprovação de uma ordem de serviço específica

para pequenos materiais que são costumeiramente utilizados.

5.5. Implementando o 5S

O ganho pelo uso do novo sistema passa diretamente pela capacidade

de organização da área a qual ele será implementado (Figura 10), portanto

será necessária a utilização de um sistema 5S para a área de embalagens, em

principal. Com o espaço de trabalho devidamente organizado se ganha

eficiência no processo.

As máquinas utilizadas para embalar a mercadoria devem ser alinhadas,

por ordem de uso, próximas as docas de embarque. No estado atual do local

existe certa dificuldade para a identificação e localização de ferramentas que

serão usadas.

Figura 11. Estado atual da área de embalagem

Fonte: Arquivo da empresa

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26

Para o melhor uso do sistema 5S será implementado um farol com

indicadores de cada passo, sendo área críticas serão facilmente identificadas.

E sendo assim indicadas quais etapas do processo estão diferentes do estado

ideal do processo, permitindo uma correção eficaz e pontual sempre que

ocorrer desvio.

5.6. Custos de implementação e savings gerados

5.6.1 Economia do processo

Os dois pontos onde serão geradas economias com a implementação do

processo serão a redução do tempo de processo e a eliminação da impressão

de ordens de serviço.

A economia devido a redução de tempo do processo se dá devido ao

excesso de horas extras (Quadro 1) que os funcionários fazem atualmente,

com a economia em movimentação e criando o sistema eletrônico em tempo

real, pode-se reduzir as horas extras para zero.

Tabela 1. Horas por trabalhador

Horas por trabalhador Custo (US$)

40 horas regulares (semana) 18,00/hora

140 horas extras (ano) 27,00/hora

Fonte: Do autor

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140 horas extras (ano) X US$ 27,00 X 4 (trabalhadores do depósito)

Logo o custo de horas extras por trabalhador é US$3.780,00/ano, como

são 4 trabalhadores regulares nesta função, tem-se o custo de

US$15.120,00/ano.

Do ponto de vista da eliminação de ordens de serviço economiza-se no

custo de papel e impressão de ordens, sendo estas tornadas obsoletas

(Quadro 2).

Tabela 2. Custo do processo

Atividade Custo (US$) Frequência (Ano)

Inserção e organização no

sistema

18,00/hora 1.944,36 horas

Impressão de documentos 0,05/unidade 69.996 unidades

Fonte: Do autor

1.944,36 horas (utilizadas para impressão e updates/ano) X US$ 18,00

69.996 impressões (ano) X US$ 0,05

Ou seja, gasta-se US$34.9988,49 por ano em horas de trabalho para

inserção de ordens e US$3.499,80 em impressão de papéis.

5.6.2 Custo de implementação

O custo do equipamento é US$ 1.600,00/unidade, como são quatro

trabalhadores dentro do depósito, dois na área de embalagem e mais um para

o supermercado, seriam necessários apenas sete aparelhos. Porém para

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manter equipamentos para redundância de sistema e monitoramento das

atividades pela gerência, a determinação foi a compra de dez aparelhos.

O sistema a ser implementado já existe dentro da empresa, logo não

existe compra de licença.

Logo o custo do projeto é US$ 16.000,00.

5.6.3 Overview financeiro

O custo final do projeto é US$ 16.000,00 e o valor anual economizado é

US$ 53.611,80 por ano. Os custos de implementação são absorvidos dentro

dos custos normais da fábrica, pois o treinamento no novo equipamento se

incluí nos treinamentos de reciclagem já ministrados e o sistema já é presente

na empresa, trata-se majoritariamente de um trabalho de conscientização para

manter o novo sistema funcionando.

Figura 12. Histograma da economia com as mudanças

Fonte: Do autor

$191.852 $15.120

$38.492

$138.240

Custo do processo Economia comredução de horas

Economia commudanças no

processo

Custo do processootimizado

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5.7 Mantendo as novas mudanças

Para o futuro da área após ser adquirida a base lean deve-se não

apenas manter o sistema funcionando, seja este o uso de equipamento ou o

novo sistema 5S.

É desejável uma mentalidade Kaizen (melhoria contínua), ou seja,

manter um canal aberto com os operadores do processo para procurar pontos

sensíveis e corrigir falhas adquiridas durante o período de implementação

(Silva, Alves, & Souza, 2010).

A gerência também deve manter-se ativa, buscando sempre os vícios de

produção, sejam estes do sistema antigos ou adquiridos no novo sistema. Tais

hábitos devem ser evitados para não criar um ciclo vicioso em que o erro se

repete pois “sempre foi feitos desta maneira”.

Com a adoção destes pontos o sistema Lean sofre uma melhora

contínua, com a planta buscando a excelência a cada momento.

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30

6. CONCLUSÃO

Conforme demonstrado, a implementação de ferramentas Lean em

qualquer área industrial leva a um ganho de produtividade e consequentemente

a economia de recursos alocados em atividades, portanto deve-se seguir

sempre em busca de soluções de qualidade dentro da empresa.

Foram fornecidas as bases necessárias para a utilização das

ferramentas apresentadas, assim como os métodos para o desenvolvimento de

uma mudança de mentalidade dentro do departamento e da empresa.

Cabe agora à direção e gerencia investirem na consolidação da

metodologia dentro da empresa, levando à cabo sua utilização e inserção na

política da empresa, fortalecendo o pensamento de melhoria contínua em todos

os níveis da empresa.

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7. BIBLIOGRAFIA

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