feira nordestina de são cristóvão

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30 RIO Domingo, 27 de novembro de 2011 O GLOBO Uma feira popular e que nasceu da saudade Com a ajuda dos cordéis, livro conta trajetória do tradicional ponto de encontro de nordestinos em São Cristóvão Genilson Araújo Reprodução FOTO AÉREA do Pavilhão de São Cristóvão, com suas quase 700 barracas azuis: síntese da história de migração nordestina; ao lado, a capa do livro de Sylvia Nemer Marcelo Piu RAIMUNDO SANTA Helena com alguns de seus folhetos publicados: o cordelista é considerado o fundador da Feira de São Cristóvão Marcelo Piu MESTRE AZULÃO e sua inseparável viola, na Feira de São Cristóvão: ele é o único cordelista que ainda faz do espaço palco para sua arte Reprodução do livro NORDESTINOS CHEGAM ao Rio num pau de arara, em 1966: Campo de São Cristóvão era o destino final de retirantes, criadores da feira Ludmilla de Lima [email protected] Um livreto de cordel é pouco para contar a história da Feira de São Cristóvão. Em mais de 60 anos, ela passou de ponto de en- contro de nordestinos que de- sembarcavam nos paus de arara a espaço de cultura popular, co- mo é vista hoje. “O Campo de São Cristóvão/É palco de tradi- ção/Dos primeiros nordesti- nos/Que deixaram seu tor- rão/Sua família querida/Vieram tentar a vida/Viajando de cami- nhão”, lembra o cordelista José João dos Santos, conhecido co- mo Mestre Azulão, no folheto “Feira de São Cristóvão”. Azulão é um dos ícones do espaço, as- sim como o também cordelista Raimundo Santa Helena, consi- derado oficialmente o fundador da feira. Os dois contribuíram para amarrar definitivamente a trajetória desse lugar ao cordel. Por meio desses dois parai- banos e de outros cordelistas, a historiadora Sylvia Nemer, pro- fessora da Uerj, chegou ao livro “Feira de São Cristóvão - a his- tória de uma saudade” (editora Casa da Palavra), lançado sex- ta-feira no Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, co- mo foi batizada a feira. Ela re- monta aos primórdios do ponto de encontro, no início da déca- da de 50, por meio da poesia. Em “Feira de São Cristóvão”, Azulão diz que ela era o lugar onde os nordestinos se encon- travam aos domingos e mata- vam a saudade das delícias do Nordeste. Era lá que eles tam- bém recebiam notícias de pa- rentes, entregues por aqueles que ali desembarcavam. “Ali passavam momentos/ De sau- dade e alegria/Comprando coi- sas do norte/Que um e outro trazia/Fazendo reunião/No ponto de condução/De quem vinha e de quem ia”. — João Gordo (considerado o primeiro comerciante) rece- bia os nordestinos e mercado- res que vinham nos caminhões e paus de arara. Comprava dos motoristas e vendia para os nor- destinos aos domingos na feira — afirma o poeta de Sapé, com 79 anos, que veio para o Rio em 1949 num navio do Loyd, como gosta de frisar. Cordelista saiu da Paraíba para matar Lampião Sylvia, uma carioca “sem li- gação com o Nordeste”, já ha- via mergulhado nesse mundo para sua tese de doutorado (sobre o cordel no cinema) e depois usou a literatura como recorte para contar a história da feira — espécie de síntese da migração de nordestinos. Durante suas pesquisas, des- cobriu uma peculiaridade dos cordéis produzidos no Rio pa- ra os do Nordeste ou mesmo os de São Paulo: — Os corde- listas em São Paulo falam mui- to de política. O cordel do Rio tem interesse grande sobre a adaptação do nordestino na cidade e sobre os hábitos dos cariocas. Há uma quantidade grande de folhe- tos sobre a feira, um lugar para encontrar os amigos, comer as comidas do Nordeste, ouvir histórias e músi- ca — explica a historiadora. A própria criação da feira está colada ao cordel. A versão oficial é que a feira nasceu em 2 de setembro de 1945, quando o poeta Rai- mundo Luiz do Nascimento, o Santa Helena, leu o seu primei- ro folheto, “Fim da Guerra”, para um grupo de soldados e de nordestinos que aguarda- vam ali a condução para o Nordeste. “No ano de quaren- ta e cinco/Troquei relíquias de guerra/(No Campo de São Cristóvão)/Pelas lembranças da terra/Marujo fora do mar/Matuto longe da Serra”, diz Santa Helena no folheto “Feira Nordestina de São Cris- tóvão”. — Aí a feira foi crescendo, mas começou assim. Era era tudo no chão, na esteira, para vender jerimum, redes, cacha- ça. O pessoal vinha atraído pe- la propaganda de rádio, chega- va atrás de emprego, e não achava nada. Como só tinha a empresa Andorinha para o Nordeste (o ponto era em São Cristóvão), eles ficavam ali — diz o poeta, de 85 anos. Não tem como conversar com Azulão e Santa Helena sem, no meio, ver o papo virar ver- sos. Suas vidas, fatos históricos, personagens ilustres e a feira já foram temas de cordel. A pró- pria história de Santa Helena, aposentado da Marinha, dá um épico. Aos 11 anos, ele deixou Santa Helena, cidade na Paraíba fundada por seu pai, para vingar a morte dele por Lampião. Atrás do cangaceiro, rodou o sertão e foi parar em Fortaleza, onde conseguiu entrar para a Mari- nha. Lutou na Segunda Guerra Mundial, mas nunca enfrentou o cangaceiro mais famoso da his- tória. Santa Helena conta que a tragédia continuou mesmo dé- cadas depois, quando, em 1991, sua mãe se matou ao saber que Lampião seria homenageado. Santa Helena tem depoimen- to gravado no Museu da Ima- gem e do Som (MIS) e já publi- cou 588 cordéis. O fato de ser considerado oficialmente o fun- dador da feira lhe rendeu fama e também inimizades. Hoje ele mora em Rocha Miranda com a mulher, dona Iara, onde cultiva um museu sobre o cordel. Ele, no entanto, não leva mais sua poesia a São Cristóvão. Para Santa Helena, a feira foi descaracterizada quando pas- sou para o Pavilhão de São Cris- tóvão, em 2003, ano em que foi incorporada à prefeitura, que já legalizara o comércio em 1982. Até então, ela era classificada como uma feira clandestina. — Agora considero a feira um shopping popular nordesti- no. O que é válido — comenta o cordelista, que confessa ter vontade de voltar à feira. — Vontade eu tenho, mas não pos- so. Eu cresci tanto que a minha fama incomodou. Sou famoso, mas não sou feliz com isso. O afastamento veio antes da transferência para o Pavilhão. O motivo foi a polêmica provoca- da por ele ao criticar o barulho do espaço, que “ninguém aguen- ta nem falar”. Antes disso, ele já tinha feito uma campanha con- tra os frequentadores que “fa- ziam pipi” nas árvores do Cam- po de São Cristóvão. — A feira era um mictório, fa- ziam pipi nas árvores. Escrevi um poema, fiz milhares, plastifi- quei e coloquei nas árvores. “Deus deu à árvore sagrada/ Sombra, fruto, flor, beleza/Não faça coisa safada/ Nas pernas da natureza” — declama o poeta. Feira recebe 100 mil visitantes por semana O barulho na Praça Catolé do Rocha, que deveria ser dos poe- tas, também incomoda Azulão. No Pavilhão, nos últimos anos, as músicas religiosas vindas dos boxes de CDs e o forró elétrico disputam espaço com o repente, a poesia e o forró pé de serra. Por isso o cordelista, o único que ainda usa a feira como palco para sua arte, mantém sua bar- raquinha distante da pracinha. Ele não reclama da mudança para o Pavilhão, que teria mora- lizado a feira. Embora fale em tom crítico dos frequentadores que “não têm nada de nordesti- nos”, ele parece curtir a mistura de público no espaço. Todos os domingos, ele e a mulher, Maria das Neves, deixam Engenheiro Pedreira, na Baixada Fluminen- se, onde moram, para ir a São Cristóvão divulgar o cordel, en- treter o público e fazer umas comprinhas, como queijo de manteiga, manteiga de garrafa e farinha de tapioca. — É uma feira sempre prefe- rida por todo mundo. De cario- ca a gaúcho e gente de fora. A poesia de cordel se propaga. Tem cordel no Japão, na China — diz o poeta, “honrado” por ser o “pioneiro” na feira. Na defesa de sua literatura nas praças, ele diz que foi alvo da polícia e do “rapa”. Ele á au- tor de 318 cordéis e mantém o mesmo fôlego para o repente. Já Santa Helena prefere não se identificar como repentista. Ele conta que a feria começou aos domingos porque não era dia de “rapa”. Nas primeiras décadas, a feira era considerada ilegal e foi motivo de muita polêmica e dis- putas internas. Agora ela é in- corporada à estrutura da Secre- taria municipal de Turismo, tem quase 700 boxes e recebe uma média de 100 mil frequentado- res por fim de semana, como in- forma Marcus Lucenna, gestor do espaço pela prefeitura. O GLOBO NA INTERNET VÍDEO Conheça mestre Azulão, o cordelista que é o ícone da feira oglobo.com.br/rio

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Page 1: Feira nordestina de são cristóvão

30 ● RIO Domingo, 27 de novembro de 2011O GLOBO.

O GLOBO ● RIO ● PÁGINA 30 - Edição: 27/11/2011 - Impresso: 26/11/2011 — 03: 06 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

Uma feira popular e que nasceu da saudadeCom a ajuda dos cordéis, livro conta trajetória do tradicional ponto de encontro de nordestinos em São Cristóvão

Genilson Araújo

Reprodução

FOTO AÉREA do

Pavilhão de São

Cristóvão, com suas

quase 700 barracas

azuis: síntese da

história de migração

nordestina; ao lado,

a capa do livro de

Sylvia Nemer

Marcelo Piu

RAIMUNDO SANTA Helena com alguns de seus folhetos publicados: o

cordelista é considerado o fundador da Feira de São Cristóvão

Marcelo Piu

MESTRE AZULÃO e sua inseparável viola, na Feira de São Cristóvão: ele

é o único cordelista que ainda faz do espaço palco para sua arte

Reprodução do livro

NORDESTINOS CHEGAM ao Rio num pau de arara, em 1966: Campo

de São Cristóvão era o destino final de retirantes, criadores da feira

Ludmilla de [email protected]

● Um livreto de cordel é poucopara contar a história da Feirade São Cristóvão. Em mais de 60anos, ela passou de ponto de en-contro de nordestinos que de-sembarcavam nos paus de araraa espaço de cultura popular, co-mo é vista hoje. “O Campo deSão Cristóvão/É palco de tradi-ção/Dos primeiros nordesti-nos/Que deixaram seu tor-rão/Sua família querida/Vieramtentar a vida/Viajando de cami-nhão”, lembra o cordelista JoséJoão dos Santos, conhecido co-mo Mestre Azulão, no folheto“Feira de São Cristóvão”. Azulãoé um dos ícones do espaço, as-sim como o também cordelistaRaimundo Santa Helena, consi-derado oficialmente o fundadorda feira. Os dois contribuírampara amarrar definitivamente atrajetória desse lugar ao cordel.

Por meio desses dois parai-banos e de outros cordelistas, ahistoriadora Sylvia Nemer, pro-fessora da Uerj, chegou ao livro“Feira de São Cristóvão - a his-tória de uma saudade” (editoraCasa da Palavra), lançado sex-ta-feira no Centro Luiz Gonzagade Tradições Nordestinas, co-mo foi batizada a feira. Ela re-monta aos primórdios do pontode encontro, no início da déca-da de 50, por meio da poesia.

Em “Feira de São Cristóvão”,Azulão diz que ela era o lugaronde os nordestinos se encon-travam aos domingos e mata-vam a saudade das delícias doNordeste. Era lá que eles tam-bém recebiam notícias de pa-rentes, entregues por aquelesque ali desembarcavam. “Alipassavam momentos/ De sau-dade e alegria/Comprando coi-sas do norte/Que um e outrotrazia/Fazendo reunião/Noponto de condução/De quemvinha e de quem ia”.

— João Gordo (consideradoo primeiro comerciante) rece-bia os nordestinos e mercado-res que vinham nos caminhõese paus de arara. Comprava dosmotoristas e vendia para os nor-destinos aos domingos na feira— afirma o poeta de Sapé, com79 anos, que veio para o Rio em1949 num navio do Loyd, comogosta de frisar.

Cordelista saiu da Paraíbapara matar Lampião

Sylvia, uma carioca “sem li-gação com o Nordeste”, já ha-via mergulhado nesse mundopara sua tese de doutorado(sobre o cordel no cinema) edepois usou a literatura comorecorte para contar a históriada feira — espécie de sínteseda migração de nordestinos.Durante suas pesquisas, des-cobriu uma peculiaridade doscordéis produzidos no Rio pa-ra os do Nordeste ou mesmoos de São Paulo:

— Os corde-l i s tas em SãoPaulo falam mui-to de política. Ocordel do Riotem interessegrande sobre aadaptação donordestino nacidade e sobreos hábitos dosc a r i o c a s . H áuma quantidadegrande de folhe-tos sobre a feira,um lugar parae n c o n t r a r o samigos, comeras comidas doNordeste, ouvirhistórias e músi-ca — explica ahistoriadora.

A p r ó p r i acriação da feira está colada aocordel. A versão oficial é que afeira nasceu em 2 de setembrode 1945, quando o poeta Rai-mundo Luiz do Nascimento, oSanta Helena, leu o seu primei-ro folheto, “Fim da Guerra”,para um grupo de soldados ede nordestinos que aguarda-vam ali a condução para oNordeste. “No ano de quaren-ta e cinco/Troquei relíquias deguerra/(No Campo de SãoCristóvão)/Pelas lembrançasda te r ra /Mar u jo fo ra domar/Matuto longe da Serra”,diz Santa Helena no folheto

“Feira Nordestina de São Cris-tóvão”.

— Aí a feira foi crescendo,mas começou assim. Era eratudo no chão, na esteira, paravender jerimum, redes, cacha-ça. O pessoal vinha atraído pe-la propaganda de rádio, chega-va atrás de emprego, e nãoachava nada. Como só tinha aempresa Andorinha para oNordeste (o ponto era em SãoCristóvão), eles ficavam ali —diz o poeta, de 85 anos.

Não tem como conversarcom Azulão e Santa Helena sem,no meio, ver o papo virar ver-sos. Suas vidas, fatos históricos,personagens ilustres e a feira jáforam temas de cordel. A pró-pria história de Santa Helena,aposentado da Marinha, dá umépico. Aos 11 anos, ele deixouSanta Helena, cidade na Paraíbafundada por seu pai, para vingara morte dele por Lampião. Atrásdo cangaceiro, rodou o sertão efoi parar em Fortaleza, onde

conseguiu entrar para a Mari-nha. Lutou na Segunda GuerraMundial, mas nunca enfrentou ocangaceiro mais famoso da his-tória. Santa Helena conta que atragédia continuou mesmo dé-cadas depois, quando, em 1991,sua mãe se matou ao saber queLampião seria homenageado.

Santa Helena tem depoimen-to gravado no Museu da Ima-gem e do Som (MIS) e já publi-cou 588 cordéis. O fato de serconsiderado oficialmente o fun-dador da feira lhe rendeu famae também inimizades. Hoje elemora em Rocha Miranda com amulher, dona Iara, onde cultivaum museu sobre o cordel. Ele,no entanto, não leva mais suapoesia a São Cristóvão.

Para Santa Helena, a feira foidescaracterizada quando pas-sou para o Pavilhão de São Cris-tóvão, em 2003, ano em que foiincorporada à prefeitura, que já

legalizara o comércio em 1982.Até então, ela era classificadacomo uma feira clandestina.

— Agora considero a feiraum shopping popular nordesti-no. O que é válido — comenta ocordelista, que confessa tervontade de voltar à feira. —Vontade eu tenho, mas não pos-so. Eu cresci tanto que a minhafama incomodou. Sou famoso,mas não sou feliz com isso.

O afastamento veio antes datransferência para o Pavilhão. Omotivo foi a polêmica provoca-da por ele ao criticar o barulhodo espaço, que “ninguém aguen-ta nem falar”. Antes disso, ele játinha feito uma campanha con-tra os frequentadores que “fa-ziam pipi” nas árvores do Cam-po de São Cristóvão.

— A feira era um mictório, fa-ziam pipi nas árvores. Escrevium poema, fiz milhares, plastifi-quei e coloquei nas árvores.

“Deus deu à árvore sagrada/Sombra, fruto, flor, beleza/Nãofaça coisa safada/ Nas pernas danatureza” — declama o poeta.

Feira recebe 100 milvisitantes por semana

O barulho na Praça Catolé doRocha, que deveria ser dos poe-tas, também incomoda Azulão.No Pavilhão, nos últimos anos,as músicas religiosas vindas dosboxes de CDs e o forró elétricodisputam espaço com o repente,a poesia e o forró pé de serra.Por isso o cordelista, o únicoque ainda usa a feira como palcopara sua arte, mantém sua bar-raquinha distante da pracinha.

Ele não reclama da mudançapara o Pavilhão, que teria mora-lizado a feira. Embora fale emtom crítico dos frequentadoresque “não têm nada de nordesti-nos”, ele parece curtir a misturade público no espaço. Todos osdomingos, ele e a mulher, Mariadas Neves, deixam EngenheiroPedreira, na Baixada Fluminen-se, onde moram, para ir a SãoCristóvão divulgar o cordel, en-treter o público e fazer umascomprinhas, como queijo demanteiga, manteiga de garrafa efarinha de tapioca.

— É uma feira sempre prefe-rida por todo mundo. De cario-ca a gaúcho e gente de fora. Apoesia de cordel se propaga.Tem cordel no Japão, na China— diz o poeta, “honrado” porser o “pioneiro” na feira.

Na defesa de sua literaturanas praças, ele diz que foi alvoda polícia e do “rapa”. Ele á au-tor de 318 cordéis e mantém omesmo fôlego para o repente. JáSanta Helena prefere não seidentificar como repentista. Eleconta que a feria começou aosdomingos porque não era dia de“rapa”. Nas primeiras décadas, afeira era considerada ilegal e foimotivo de muita polêmica e dis-putas internas. Agora ela é in-corporada à estrutura da Secre-taria municipal de Turismo, temquase 700 boxes e recebe umamédia de 100 mil frequentado-res por fim de semana, como in-forma Marcus Lucenna, gestordo espaço pela prefeitura. ■

O GLOBO NA INTERNETVÍDEO Conheça mestre Azulão,

o cordelista que é o ícone da feiraoglobo.com.br/rio