federalismo a brasileira

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  • 8/15/2019 Federalismo a Brasileira

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    INSTITUTO BRASILIENSE DE DIREITO PÚBLICO - IDPMESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

    Federalismo a brasileira

    Trabalho para avaliação da disciplina Direito e

    Políticas Públicas.

    Professores: Ministro Gilmar Ferreira

    Mendes e Professor João Paulo

    Bachur

    Aluno: Alexis Sales de Paula e Souza

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    BRASLIA

    !"#$o de %&'(

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    Federalismo a brasileira

    I - Introdução

    É indiscutível que a maneira pela qual o Estado organiza o seu territrio eestrutura o seu poder político depende da natureza e da histria de cada país. ! "orma de

    organização do Estado # se unit$rio% "ederado ou con"ederado # re"lete a repartição de

    compet&ncias% que leva em consideração a composição geral do país% a estrutura do

     poder% sua unidade% distribuição no respectivo territrio.

     'o caso especí"ico do "ederalismo% identi"icam(se dois tipos b$sicos. ) primeiro *

    o "ederalismo por agregação que tem por característica a maior descentralização do

    Estado% no qual os entes regionais possuem compet&ncias mais amplas% como ocorre nos

    Estados +nidos da !m*rica do 'orte ,E+!-. ) segundo% * o "ederalismo por 

    desagregação% onde a centralização * maior. ) ente central recebe a maior parcela de

     poderes% como * o caso da "ederação brasileira.

    II !onceito de federação

    ) Estado ederal * conceituado como uma aliança ou união de Estados. ! prpria

     palavra "ederação% do latim / foedus”% quer dizer pacto% aliança. 0ontesquieu% em seu

    cl$ssico 1) Espírito das 2eis1% escreveu que a república "ederativa * uma "orma que

     possui todas as vantagens internas do governo republicano e a "orça e3terna da

    monarquia. 4egundo o "ilso"o% essa forma de governo é uma convenção segundo a

    qual vários Corpos políticos consentem em se tomar cidadãos de um Estado maior que

     pretendem formar. É uma sociedade de sociedades, que formam uma nova sociedade,

    que pode crescer com novos associados que se unirem a ela. 5

    6elsen escreveu% ao conceituar "ederação% que apenas o grau de descentralização

    di"erencia um Estado unit$rio dividido em províncias aut7nomas de um Estado "ederal.

    4egundo o ilustre doutrinador% o Estado "ederal caracteriza(se pelo "ato de o Estado

    componente possuir certa medida de autonomia constitucional. ) rgão legislativo de

    cada Estado componente tem compet&ncia em mat*rias re"erentes a constituição dessa

    " 0ontesquieu. ) Espírito das 2eis% 4egunda Parte% 2ivro 'ono% 8apítulo 9% Trad. 8ristina 0urachco% 4ão Paulo: 0artins ontes%;

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    comunidade% de modo que modi"icaç?es nas constituiç?es destes Estados podem ser 

    e"etuadas por estatutos dos prprios Estados componentes.

    @$ no Estado unit$rio relativamente descentralizado% escreveu 6elsen% as

     províncias aut7nomas não possuem autonomia constitucional. 4ua norma "undamental *

     prescrita pela constituição do Estado unit$rio como um todo e s pode ser modi"icada

     por meio de uma modi"icação nesta constituição. !s unidades possuem apenas

    compet&ncia para a legislação provincial% dentro do que a constituição do Estado

    unit$rio prescrever. ! legislação em mat*rias da constituição * totalmente centralizada%

    ao passo que% no Estado "ederal% ela * centralizada apenas de modo incompleto% ou seAa%

    at* certo ponto% ela * descentralizada.;

    Portugal * e3emplo de Estado unit$rio descentralizado. ) art. BC da 8onstituição

    Portuguesa estabelece o Estado unit$rio e o art. ;;  prev& que% devido Fs suas

    características geogr$"icas% econ7micas% sociais e culturais 2$ os arquip*lagos dos

    !çores e da 0adeira constituem regi?es aut7nomas com autonomia político(

    administrativa% a qual ser$ e3ercida dentro dos limites da 8onstituição Portuguesa e sem

    a"etar a integridade e a soberania do Estado Portugu&s.

    @$ o sistema espanhol * mais "le3ível que o portugu&s% o que% no entanto% não

    autoriza entend&(lo como "ederativo. 'esse ponto% ouso discordar do te3to de !l"red

    4tepan% apresentado em sala de aula% o qual a"irma que a 8onstituição da Espanha *

    e3emplo de constituição "ederativa.= 8oncordo com o 4tepan quando a"irma que o

    sistema político Espanhol% durante o período de rancisco ranco% tinha um "orte "orte

    # KELSEN$ %ans& 'eoria Geral do (ireito e do )stado$ trad& *uis !arlos Bor+es$ )d& Martins Fontes$ #,,,$& ./0$ t1tulo ori+inal: 2General 'heor3 of *a4 and State2&

    0 5Arti+o 6&7 8)stado unit9rio "& ; )stado < unit9rio e reseita na sua or+anização e funcionamento ore+ime auton=mico insular e os rinc1ios da su>sidiariedade$ da autonomia das autar?uias locais e dadescentralização democr9tica da administração @>lica& #& ;s ar?ui

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    traço unit$rio e que para manter a unidade do país aps o "im da ditadura "ranquista "oi

    necess$rio trans"erir um certo grau de autonomia Fs hoAe dezessete comunidades

    aut7nomas. 8ontudo% o Estado Espanhol continua sendo unit$rio% por*m

    descentralizado.

    8om e"eito% a 8onstituição da Espanha estabelece que o Estado organiza(se em

    municípios% províncias e comunidades aut7nomas. Todos possuem autonomia para

    gestão de seus interesses. Especi"icamente em relação Fs comunidades aut7nomas% o art.

    5=H prev& que a norma institucional b$sica destas unidades ser$ elaborada dentro dos

    limites da 8onstituição espanhola e "arão parte do ordenamento Aurídico do Estado

    espanhol. 'o art. 5=I a 8arta da Espanha enumera as mat*rias suAeitas F compet&ncia

    das comunidades aut7nomas e o art. 5= proíbe que estas unidades venham a seorganizar em "orma de "ederação.

    Dallari ensina que% em qualquer *poca da histria humana% encontram(se

    re"er&ncias a alianças entre Estados. 4egundo o doutrinador% alguns autores de"endem

    que o primeiro e3emplo dessa união total e permanente "oi a 4uiça. Tr&s 8ant?es

    celebraram em 5;J5 um pacto de amizade e de aliança% "ormando a 8on"ederação

    Kelv*tica.B

    !pesar disso% con"orme Dallari% o Estado ederal nasceu com a 8onstituição dos

    E+!% em 5HIH% quando as treze col7nias se uniram em um s país para "azer "rente Fs

    metrpoles da *poca. 0uito embora a 8on"ederação Kelv*tica tenha sido "ormada em

    5;J5% permaneceu restrita quanto aos obAetivos e ao relacionamento entre os

     participantes at* o ano de 5I=I% quando a 4uíça se organizou como Estado ederal.H

    / 5Artículo 137. )l )stado se or+aniza territorialmente en municiios$ en roCincias 3 en las!omunidades Autnomas ?ue se constitu3an& 'odas estas entidades +ozan de autonom1a ara la +estinde sus resectiCos intereses& 8&&& Artículo 145. "& )n nin+@n caso se admitir9 la federacin de!omunidades Autnomas& 8&&& Artículo 147. "& (entro de los t9sica de cada !omunidad Autnoma 3 el )stado los reconocer9 3amarar9 como arte inte+rante de su ordenamiento ur1dico& #& *os )statutos de autonom1a de>er9ncontener: a *a denominacin de la !omunidad ?ue meor corresonda a su identidad histrica& > *adelimitacin de su territorio& c *a denominacin$ or+anizacin 3 sede de las instituciones autnomasroias& d *as cometencias asumidas dentro del marco esta>lecido en la !onstitucin 3 las >ases arael trasaso de los serCicios corresondientes a las mismas& 0& *a reforma de los )statutos se austar9 alrocedimiento esta>lecido en los mismos 3 re?uerir9$ en todo caso$ la aro>acin or las !ortesGenerales$ mediante le3 or+9nica&

    6 Dallari% Dalmo de !breu. Elementos de Teoria Leral do Estado% ;M ed.% Ed. 4araiva% 5JJI% p. 5=5.

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    Em resumo% pode(se a"irmar que o Estado ederal * aquele que permite maior 

    grau de descentralização do poder% pois se organiza mediante a coe3ist&ncia de mais de

    um centro de poder detentor de autonomia política% administrativa e legislativa. )

     pressuposto do "ederalismo * a repartição de responsabilidades governamentais de modo

    a assegurar a integridade do Estado nacional "rente Fs inúmeras disputas e desigualdades

    regionais.

    III ; nascimento do federalismo

    ) "ederalismo não nasce da mesma "orma em todos os países. 8ada Estado tem

    uma histria que caracteriza o seu tipo de "ederação. 6elsen escreve que s * possível

    reconhecer um Estado "ederal pelo conteúdo de sua constituição positiva concreta% nocaso de a ess&ncia do Estado "ederal ser concebida com um grau particular e uma "orma

    especí"ica de descentralização. ! partir desse ponto de vista% 6elsen pontua que o modo

    de criação do Estado * irrelevante: quer tenha ele passado a e3istir por meio de um

    tratado internacional ,estabelecendo a constituição "ederal- entre Estados at* então

    soberanos% i.e.% Estados 4ubordinados apenas F ordem Aurídica internacional% ou pelo ato

    legislativo de um Estado unit$rio trans"ormando(se em Estado "ederal atrav*s do

    aumento do seu grau de descentralização.I

    !o analisar o conte3to histrico dos dezesseis países que adotaram o "ederalismo%

    @os* 2uiz Nuadros de 0agalhães identi"icou tr&s matrizes segundo o nível das relaç?es

    intergovernamentais entre os entes "ederados: a! o federalismo dual, modelo original 

    dessa forma de organi"ação ela#orada e implementada nos E$%& #! o federalismo

    centrali"ado, transformação do modelo dual em que as unidades su#nacionais se

    tornam, praticamente, agentes administrativos do governo central, como no período

    das medidas de intervenção do 'e( )eal e& c! o federalismo cooperativo, em que asunidades su#nacionais e o governo nacional tm ação con+unta e capacidade de

    autogoverno, como na %lemana. -

    H )p. cit.

     +ELSEN% Kans. )p. cit. p. =B5.

     MA,ALÃES% @os* 2uiz Nuadros de ,coord.-. Pacto ederativo% Ed. 0andamentos% Oelo Korizonte% ;

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    @os* !"onso da 4ilva ensina que o grau de descentralização do poder * "i3ado na

    8onstituição de cada Estado. ) autor denomina de "ederalismo centrípeto% se a

    concepção constituinte inclinar(se pelo "ortalecimento do poder central de "ederalismo

    centrí"ugo% se a 8onstituição "i3ar(se na preservação do Poder Estadual e 0unicipal e%

    "inalmente% de "ederalismo de cooperação% se o constituinte optar pelo equilíbrio de

    "orças entre o poder central e local.5<

    4obre o "ederalismo dos E+! * preciso ter em mente a sua "ormação histrica.

    9nicialmente as Treze e3(8ol7nias britQnicas aliaram(se% declararam(se independentes e

    celebraram entre si um tratado internacional% em 5HHH% criando uma 8on"ederação e

    +nião Perp*tua para preservar a independ&ncia. Esse documento% denominado !rtigos

    da 8on"ederação% constituiu o primeiro instrumento de governo uni"icado do novo país.

    ) art. ;C do re"erido Tratado previa ainda a possibilidade de dissolver o vínculo

    8on"ederativo pelo e3ercício do direito de secessão55 e art. 5< reservava aos Estados

    tudo o que não "osse e3pressamente outorgado aos Estados +nidos.5; ! con"ederação s

    desapareceu com a rati"icação da 8onstituição Gepublicana de 5HIJ que criou a

    "ederação e e3tinguiu a possibilidade de secessão.

     'os E+! a "ederação teve origem centrí"uga% pois garantiu a maioria das

    compet&ncias dos Estados. 'as Gesoluç?es de 6entucRS de 5HJI e 5HJJ% Thomas

    @e""erson estabelece a importQncia da descentralização do poder% num "ederalismo

    centrí"ugo% como instrumento de reconhecimento% valorização e institucionalização da

    "ormação natural de comunidades. !s resoluç?es previam que os diversos Estados que

    comp?em os Estados +nidos da !m*rica não estão unidos pelo princípio da submissão

    limitada a seu governo geral. !penas por convenção% debai3o do estilo e título de uma

    8onstituição para os Estados +nidos e as suas Emendas F mesma% "i3ou(se um governo

    ", DA SILVA$ Jos< Afonso& !urso de (ireito !onstitucional PositiCo$ )d& Malheiros$ São Paulo$ #,,6$ &K",#&

    "" %rt. . Eac state retains its sovereignt/, freedom and independence, and ever/ 0o(er, 1urisdiction and rigt, (ic is not #/tis confederation e2pressl/ delegated to te $nited 3tates, in Congress assem#led. 

    "# “Art. X. The power not delegated to the United States by the Constitution, nor prohibited by it to thestates, are reserved to the states respectively or to the people".

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    geral com propsitos especiais% delegando a esse governo certos poderes determinados%

    reservando a cada Estado para si mesmo o resíduo dos direitos para seu prprio

    governo. Nuando o governo central assume poderes não delegados% suas leis carecem de

    autoridade% são nulas e sem "orça legal. 8ada Estado surge como Estado e como parte

    integrante Nue este governo% criado por este pacto% não "oi instituído como Auiz "inal da

    e3tensão dos poderes a ele delegados% uma vez que teria "eito a seu crit*rio% e não ao da

    8onstituição% a medida das suas compet&ncias mas que% como em todos os outros casos

    de pacto entre os poderes que não possuem Auízo comum% cada parte tem um direito

    igual para Aulgar por si mesmo% bem como das in"raç?es e do modo de medida de

    compensação.5

    I. / O #as0ime#)o do 1ederalismo #o Brasil

    !s 8onstituiç?es brasileiras de 5IJ5% 5JH% 5J=B% 5JBH e 5JII a"irmaram a "orma

    republicana do Estado. 'o entanto% o desenvolvimento do processo histrico da

    estrutura política do Estado brasileiro revela um processo cíclico de centralização do

     poder. ! "orma unit$ria do Estado mon$rquico * a g&nese de uma tradição política

    centralizadora% que mitigou todas as iniciativas de descentralização.

    Durante o período colonial o Orasil "oi dividido administrativamente em

    capitanias% as quais "oram trans"ormadas em províncias em 5I;5. 8om a independ&ncia%

    a 8onstituição de 5I;= manteve as mesmas divisas entre as províncias e não alterou os

    seus poderes. De "ato% a 8arta de 5I;= previa que os governos das Províncias seriam

     presididos por pessoas nomeadas pelo 9mperador e que todo cidadão tinha o direito de

    intervir nos negcios da sua localidade% nas 8Qmaras dos Distritos e no 8onselho Leral

    da Província. !s 8Qmaras dos Distritos tinham a compet&ncia de gerir a economia dos

    "0 “K!TUCK #S$%UT&$!S $' ()*+ A! ()**. -T $#&/&!A% #A'T 0#0A# 1 T$2AS 3''#S$!.4. (. #esolved, That the several states co5posing the United States o6 A5erica are not united

    on the principle o6 unli5ited sub5ission to their general govern5ent7 but that, by co5pact, under the

    style and title o6 a Constitution 6or the United States, and o6 a5end5ents thereto, they constituted a

    general govern5ent 6or special purposes, delegated to that govern5ent certain de8nite powers,

    reserving, each state to itsel6, the residuary 5ass o6 right to their own sel69govern5ent7 and that

    whensoever the general govern5ent assu5es undelegated powers, its acts are unauthoritative, void,

    and o6 no 6orce7 that to this co5pact each state acceded as a state, and is an integral party7 that this

    govern5ent, created by this co5pact, was not 5ade the e:clusive or 8nal ;udge o6 the e:tent o6 the

     powers delegated to itsel6, since that would have 5ade its discretion, and not the Constitution, the

    5easure o6 its powers7 but that, as in all other cases o6 co5pact a5ong powers having no co55on

     ;udge, each party has an e

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    municípios. Por seu turno% os 8onselhos Lerais das Províncias tinham compet&ncia para

    aprovar normas especí"icas para gerir os negcios da Província.

    Em 5I5% D. Pedro 9 abdica do trono% em meio ao movimento das elites agr$rias

    regionais contra o e3cessivo centralismo do monarca. ! movimentação pela maior 

    descentralização e a criação de um regime provincial continuou at* que em 5I=% por 

    interm*dio de !to !dicional% "oi aprovada a 2ei n.C 5B% de 5;I5I=% que emendou a

    8onstituição do 9mp*rio para criar uma 0onarquia representativa. !daptando princípios

    "ederalistas% os 8onselhos Lerais das Províncias "oram substituídos por !ssembleias

    2egislativas. Essa mudança aumentou a descentralização do Estado brasileiro%

    garantindo Fs Províncias "unç?es e3ecutivas e legislativas. !lguns historiadores

    chegaram a conceber% em "ace da evidente descentralização aps 5I=% o surgimento deum 19mp*rio ederado1.5=

    8om a Proclamação da Gepública em 5IIJ% os movimentos contr$rios F política

    do governo imperial "oram de"initivamente vitoriosos. ) Loverno Provisrio e3pediu o

    Decreto nC 5% de 5555IIJ% instituindo a "ederação% trans"ormando as antigas

    Províncias em Estados membros e criando os 1Estados +nidos do Orazil1. ) Loverno

    Provisrio obrigou nos arts. BC e HC do Decreto n.C 5% de 5IIJ% as antigas Províncias

    trans"ormadas em Estados membros a integrar a nova "ederação. 5

    Posteriormente% a 8onstituição de 5IJ5 trou3e no art. 5C a Gepública ederativa

    como "orma de governo e a regra da união perp*tua e indissolúvel dos Estados

    ". 5Dos Conselhos Geraes de ro!"nc"a# e suas attr"$u"%&es& Art& H"& A !onstituição reconhece$ e+arante o direito de interCir todo o !idadão nos ne+ocios da sua ProCincia$ e ?ue são immediatamenterelatiCos a seus interesses eculiares& Art& H#& )ste direito ser9 exercitado elas !amara dos (istrictos$ eelos !onselhos$ ?ue com o titulo de - !onselho Geral da ProCincia - se deCem esta>elecer em cada

    ProCincia$ aonde não$ estiCer collocada a !aital do Imerio& 8&&& Art& "& )stes !onselhos terão orrincial o>ecto ro=r$ discutir$ e deli>erar so>re os ne+ocios mais interessantes das suas ProCinciasLformando roectos eculiares$ e accommodados 9s suas localidades$ e ur+encias& 8&&& DaAd'"n"stra%(o. Art& "6/& %aCer9 em cada ProCincia um Presidente$ nomeado elo Imerador$ ?ue ooder9 remoCer$ ?uando entender$ ?ue assim conCem ao >om serCiço do )stado& Art& "66& A *eidesi+nar9 as suas attri>uiçes$ cometencia$ e autoridade$ e ?uanto conCier ao melhor desemenhodesta Administração& Art& "6H& )m todas as !idades$ e illas ora existentes$ e nas mais$ ?ue ara o futurose crearem haCer9 !amaras$ 9s ?uaes comete o GoCerno economico$ e municial das mesmas !idades$e illas&

    "/ 5Art& "&7 ; direito reconhecido e +arantido elo art& H" da !onstituição ser9 exercitado elas !amarasdos (istrictos e elas Assem>lstituindo os !onselhos Geraes$ se esta>elecer9 em todas asProCincias com o titulo de Assem>llerar$ na conformidade dos arts& "$ 0$ .$ /$ 6$ H e da !onstituição&

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    membros. ! 8arta tamb*m instituiu o patrim7nio de cada unidade "ederativa e adotou na

    repartição constitucional de compet&ncias a t*cnica de poderes enumerados e

    reservados. )s poderes dos Estados membros em mat*ria tribut$ria "oram "i3ados na

    8onstituição% por*m permitiu(se aos entes no art. B e3ercer 1todo e qualquer poder% ou

    direito que lhes não "or negado por clausula e3pressa ou implicitamente contida nas

    clausulas e3pressas da 8onstituição1. ! 8arta de 5IJ5 manteve a obrigação dos Estados

    membros de "ormarem a "ederação brasileira% independentemente da vontade das

     populaç?es locais% e previu% no art. BC% a possibilidade de intervenção da +nião nos entes

    "ederados para garantir F "orça a manutenção da "ederação.5B

     'os anos

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    arrecadar receita su"iciente para manutenção dos seus serviços% por tr&s anos

    consecutivos.5I

    ! 8onstituição de 5J=B devolveu "ormalmente a autonomia administrativa e

     política aos Estados membros. 9sso% no entanto% "oi novamente a"etado pelo Lolpe

    0ilitar de 5JB=. ! 8onstituição de 5JBH5JBJ construiu um "ederalismo meramente

    nominal% pois a compet&ncia da +nião era de tal "orma dilatada que pouco restava para

    os Estados "ederados.

    4obre a 8onstituição de 5JII% @os* !"onso da 4ilva escreve que a nova 8arta

     buscou resgatar o princípio "ederalista e estruturou um sistema de repartição de

    compet&ncias que tentou re"azer o equilíbrio das relaç?es entre o poder central e os poderes estaduais e municipais.5J

     'o entanto% a par de resgatar o princípio "ederalista% a 8onstituição de 5JII

    centralizou na +nião a maioria das compet&ncias. 8om e"eito% o rol dos artigos ;5 e ;; *

    tão e3tenso que dei3a pouca margem para os Estados membros. !l*m disso% o art. ;

    "H 5Art. +. Fica conErmada$ ara todos os efeitos$ a dissolução do !on+resso Nacional das atuaisAssem>lleratiCas$ existentes nos )stados$

    nos munic1ios$ no (istrito Federal ou 'erritrio do Acre$ e dissolCidos os ?ue ainda o não tenham sido defato& 8&&& Art. 4*. !ontinuam em Ci+or as !onstituiçes Federal e )staduais$ as demais leis e decretosfederais$ assim como as osturas e deli>eraçes e outros atos municiais$ todosL orem$ inclusiCe osrrias constituiçes$ sueitas Qs modiEcaçes e restriçes esta>elecidas or esta lei ou or decreto dosatos ulteriores do GoCerno ProCisrio ou de seus dele+ados$ na esfera de atri>uiçes de cada um& 8&&&Art. )*& R mantida a autonamia Enanceira dos )stados e do (istrito Federal& 8&&& Art. 11. ; GoCernoProCisrio nomear9 um interCentor federal ara cada )stado$ salCo ara a?ueles 9 or+anizadosL em os?uais Ecarão os resectiCos residentes inCestidos dos Poderes a?u1 mencionados& "7 ; interCentorter9$ em cada )stado$ os roCentos$ Canta+ens e rerro+atiCas$ ?ue a le+islação anterior do mesmo)stado conEra ao seu residente ou +oCernador$ ca>endo-lhe exercer$ em toda lenitude$ não s o Poder)xecutiCo como tam>em o Poder *e+islatiCo& #7 ; interCentor ter9$ em relação Q !onstituição e leisestaduais$ deli>eraçes$ osturas e atas municiais$ os mesmos oderes ?ue or esta lei ca>em aoGoCerno ProCisrio$ relatiCamente Q !onstituição e demais leis federais$ cumrindo-lhe executar osdecretos e deli>eraçes da?uele no territrio do )stado resectiCo& 07 ; interCentor federal ser9

    exonerado a critom desemenho dos car+os resectiCos e re+ularização e eEciTncia dos serCiços municiais& /7Nenhum interCentor ou refeito nomear9 arente seu$ consan+u1neo ou aEm$ at< o sexto +rau$ aracar+o @>lico no )stado ou munic1io& 67 ; interCentor e o refeito$ deois de re+ularmente$emossados$ ratiEcarão exressamente ou reCo+arão os atos ou deli>eraçes$ ?ue eles mesmos$ antesde sua inCestidura$ de acordo com a resente lei$ ou ?uais?uer outras autoridadesL ?ue anteriormentetenham administrado de fato o )stado ou o munic1io$ haam raticado& H7 ;s interCentores e refeitosmanterão$ com a amlitude ?ue as condiçes locais ermitirem$ re+ime de u>licidade dos seus atos edos motiCos ?ue os determinarem$ esecialmente no ?ue se reEra Q arrecadação e alicação dosdinheiros @>licos$ sendo o>ri+atria a u>licação mensal do >alancete da Deceita e da (esesa& 7(os atos dos interCentores haCer9 recurso ara o !hefe do GoCerno ProCisrio& Art. 1+. A noCa!onstituição Federal manter9 a forma reu>licana federatiCa e não oder9 restrin+ir os direitos dos

    munic1ios e dos cidadãos >rasileiros e as +arantias indiCiduais constantes da !onstituição de #. defeCereiro de ""&

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     previu que os Estados membros organi"am4se e regem4se pelas Constituiç5es e leis

    que adotarem % observados os princípios da 8onstituição. Nuanto a isso% a doutrina

    identi"ica dois tipos de normas presentes nas 8onstituiç?es Estaduais% as de reprodução

    obrigatria e as de imitação.

    !s normas de reprodução obrigatria são aquelas cuAa inserção na 8onstituição

    Estadual * compulsria. 'esse caso% a tare"a do constituinte estadual limita(se a inserir 

    aquelas normas no ordenamento constitucional do Estado membro% por um processo de

    transplantação. @$ as normas de imitação representam aquelas cuAo conteúdo * id&ntico

    Fs das regras constitucionais "ederais% mas não h$ obrigatoriedade de sua reprodução nas

    8onstituiç?es dos Estados membros. 'esses casos a adesão * volunt$ria.

    ) problema reside no "ato de que o conceito Aurídico de norma de reprodução

    obrigatria * indeterminado e que a Aurisprud&ncia acaba por determinar no caso

    concreto. 4egundo o 4upremo Tribunal ederal ,4T-% os limites constitucionalmente

    estabelecidos para o poder constituinte estadual determinam que um núcleo central da

    8onstituição ederal seAa obrigatoriamente reproduzido na 8onstituição do Estado

    membro. ) voto do 0inistro 4epúlveda Pertence% no Aulgamento da Geclamação n.C

    Hlicana e reresentatiCa de +oCernoL #- +oCerno residencialL 0 - direitos e +arantias asse+uradas na !onstituiçãoL f ara asse+urar a execuçãodas leis e sentenças federaes& Para+raho unico& A cometencia ara decretar a interCenção ser9 doPresidente da Deu>lica$ nos casos$ das letras a$ > e cL da !amara dos (eutados$ no caso das letras d eeL do Presidente da Deu>lica$ mediante re?uisição do Suremo 'ri>unal Federal$ no caso da letra f& 8&&&Art. +1. !omete riCatiCamente ao )stado: I - decretar a !onstituição e as leis or ?ue deCem re+er-seLII - exercer todo e ?ual?uer oder ?ue lhes não for ne+ado$ exressa ou imlicitamente$ or esta!onstituição&

    " D! 492U!% @os* !"onso. )p. cit. p. 5

  • 8/15/2019 Federalismo a Brasileira

    13/20

    ! autonomia dos entes "ederados * ainda muito mitigada em razão de v$rios

    "atores. ) principal% no nosso entendimento% * de ordem "inanceira seAa porque a

    arrecadação de recursos * visivelmente concentrada nas mãos da +nião% seAa em razão

    do descontrole dos gastos públicos por Estados e 0unicípios.

    0uito embora a 8onstituição de 5JII preveAa um sistema de compartilhamento de

    recursos entre os entes "ederados% mais de dois terços "icam com a +nião. +sando dados

    de ;

  • 8/15/2019 Federalismo a Brasileira

    14/20

    Nuando se e3aminam as trans"er&ncias constitucionais de ;

  • 8/15/2019 Federalismo a Brasileira

    15/20

    ) gr$"ico a seguir demonstra a evolução das trans"er&ncias de ;

  • 8/15/2019 Federalismo a Brasileira

    16/20

    9LP(D9-% então bai3íssimo% e at* JW de Auros anuais "azia sentido. Por*m% com a

    redução da ta3a b$sica de Auros ,4elic- nos anos recentes% a situação se inverteu.

    Em março de ;

  • 8/15/2019 Federalismo a Brasileira

    17/20

    !pesar disso% a e3peri&ncia brasileira sempre "oi marcada por um "orte

    centralismo% que provocava a depend&ncia dos entes subnacionais ao governo central. )

    discurso de Gui Oarbosa% pro"erido em 5B555IJ

  • 8/15/2019 Federalismo a Brasileira

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    constituir autonomia a capacidade política de uma entidade para governar(se a si mesma

    segundo leis prprias% criadas em es"era de compet&ncia de"inida por um poder 

    soberano1.;=

    Todavia% não basta a previsão constitucional de um "ederalismo cooperativo. Para

    que estados e municípios tenham real autonomia política% * necess$rio que possuam

    autonomia administrativa e "inanceira. Em outras palavras% a e3ist&ncia real da

    autonomia depende da e3ist&ncia de recursos su"icientes e não suAeitos a condiç?es% para

    que possam desempenhar suas atribuiç?es. 4em recursos su"icientes a autonomia

    e3istir$ apenas no papel.

    ) 0inistro 8elso 0ello% no Aulgamento da !D9

  • 8/15/2019 Federalismo a Brasileira

    19/20

    Essa voracidade centralista tem sua e3pressão maior na "i3ação dos tributos e na

    repartição das receitas. 8om e"eito% a 8arta de 5JII adotou o crit*rio de "i3ar em rol

    ta3ativo os tributos que Estados e 0unicípios podem instituir e cobrar. @$ para a +nião a

    8onstituição reservou no artigo 5= a compet&ncia residual de criar outros impostos

    al*m dos relacionados no art. 5. 8omo se não bastasse% a 8arta submeteu os impostos

    estaduais e municipais a regramento a ser editado pela +nião% con"orme se observa no

    art. 5% incisos 999 e 9U do Y 5C% incisos 9U% U e Z99 do Y ;C e Y BC% e no art. 5B% Y C.

    Uisando corrigir as desigualdades regionais do Orasil e atendendo ao "ederalismo

    cooperativo prescrito no art. C% a 8onstituição previu nos arts. 5H a 5B; a repartição de

    receitas como maneira de dividir o produto da arrecadação de "orma equilibrada entre os

    diversos entes da "ederação. ! 8arta estabeleceu a distribuição de percentuais da receitada +nião com o 9mposto de Genda ,9G-% com o 9mposto sobre Produtos 9ndustrializados

    ,9P9- e com a contribuição de intervenção no domínio econ7mico prevista no Y =C do art.

    5HH.

    ! "rmula de partilha das receitas tribut$rias criada pelo constituinte origin$rio

    não "uncionou. ! +nião% num processo iníquo% "oi substituindo os impostos que *

    obrigada a repartir com Estados e 0unicípios por contribuiç?es que não estão suAeitas a

    essa partilha. Essas contribuiç?es% muitas vezes% possuem identidade de "atos geradores

    de impostos de Estados e 0unicípios% contrariando a repartição de compet&ncias da

    8onstituição. 8om isso% criou(se um desequilíbrio em prol da +nião% que passa a deter a

     primazia na ederação brasileira% o que conduz a uma tend&ncia crescente de supressão

    da autonomia dos Estados e 0unicípios e de centralização de poder% em evidente

    desrespeito ao pacto "ederativo.

    Depreende(se dessa an$lise que se tem no Orasil um "ederalismo que tende aocentralismo ou% como dizem alguns% um "ederalismo unit$rio% pois a "alta clareza quanto

    Fs compet&ncias% vez que estas se entrelaçam ou se superp?em% permite F +nião

    abocanhar cada vez mais compet&ncias. 8om isso% o ente 8entral estabelece cada vez

    mais condiç?es que precisam ser cumpridas pelos Estados membros.

    É essencial con"erir aos Estados e 0unicípios a capacidade de "ormular e

    implementar políticas públicas. 4em equilíbrio entre autonomia políticaadministrativa e

  • 8/15/2019 Federalismo a Brasileira

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    autonomia "inanceira% a ideia de pacto "ederativo * vazia% ou% como diriam alguns% um

    1"ederalismo a brasileira1.