federaÇÃo espÍrita brasileira -...

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FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 126 • Nº 2.150 • Maio 2008 D EUS , C RISTO E C ARIDADE R$ 5,00 ISSN 1413 - 1749

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F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 126 • Nº 2.150 • Maio 2008D EUS , CR I S TO E CAR I D AD E

R$ 5,00

ISSN 1

413

- 1

749

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 126 / Maio, 2008 / N o 2.150

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

Editorial

Transformação Moral, Lar e Evangelho

Entrevista: Marlene Rossi Severino Nobre

Visão espírita sobre o emprego de células-tronco

Presença de Chico Xavier

Carta à minha Mãe – Humberto de Campos

Esflorando o Evangelho

Ministérios – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Esperanto: idioma universalista – Luiz Antônio Millecco

Trova / Trobo – Chiquito de Morais

Seara Espírita

Evolução e vida – Juvanir Borges de Souza

A crença em Deus – Joanna de Ângelis

Trabalhemos – Hernani T. Sant’Anna

Minha Mãe – Maria Dolores

Trabalhadores da última hora – Umberto Ferreira

Os últimos serão os primeiros – Constantino,

Espírito protetor

O lar espírita perante os novos tempos (Capa) –

Clara Lila Gonzalez de Araújo

Atendimento fraterno e assistência espiritual –

Waldehir Bezerra de Almeida

FEB presente em ato público “Em Defesa da Vida –

Brasil Sem Aborto”

Onde está o vosso coração? – A. Merci Spada Borges

Em dia com o Espiritismo – Pródromos da

reencarnação – Marta Antunes Moura

Ao leitor

Últimas palavras – Kleber Halfeld

Cristianismo Redivivo – Esperança – Haroldo Dutra Dias

Assistência e Promoção Social à luz do Evangelho –

Washington Luiz Fernandes

Composição dos Órgãos da FEB após a Reunião do

seu Conselho Superior de março de 2008

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

reformador maio 2008 - a.qxp 3/6/2008 14:46 Page 3

Editorial

4 Reformador • Maio 2008116622

conclusão do Codificador acima transcrita, que consta do capítulo

XVII, item 4, de O Evangelho segundo o Espiritismo, é absolutamente

coerente.

O verdadeiro espírita está convicto de que é um Espírito imortal, já com inúme-

ras reencarnações vivenciadas; sabe que está sujeito à Lei do Progresso que emana

de Deus, pela qual todos nós evoluímos espiritual, moral e intelectualmente; e reco-

nhece em Jesus o Espírito mais perfeito que a Providência Divina oferece à

Humanidade para lhe servir de guia e modelo.

O lar, por sua vez, é o núcleo social onde devemos desenvolver as nossas atividades

básicas de relacionamento, convivendo com Espíritos que nos são afins e com os quais,

também, necessitamos ter afinidade, reparando erros ocorridos nesta e em outras

existências e construindo laços mais duradouros de sentimento fraterno e solidário.

O Evangelho é o repositório da mais pura expressão da Lei de Amor que rege a

vida; é o roteiro que Jesus nos ensinou e exemplificou, que nos serve de diretriz e

referência para o esforço de aprimoramento espiritual e moral.

Ciente desta realidade, é natural e conveniente que nos reunamos em família,

diária ou semanalmente, para conhecer e estudar os ensinos do Evangelho de Jesus

que, enriquecido com os esclarecimentos da Doutrina Espírita, oferece-nos uma

visão clara de nossa condição de Espíritos imortais e um sentido lúcido, coerente e

bom para a nossa atual existência.

A reunião do Evangelho no Lar, em si mesma, já nos proporciona paz e com-

preensão. Oferece-nos mais, uma vez que nos orienta e fortalece para a execução da

nossa transformação moral, no próprio ambiente doméstico.

Quando o lar abre suas portas para o estudo e a prática do Evangelho, à luz da

Doutrina Espírita, transforma-se em um posto espiritual de amparo, de luz e de paz

que irradia além dos seus próprios limites.

A

Transformação Moral,Lar e Evangelho

“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral [...].”– Allan Kardec

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compreensão de nós mes-mos, como seres humanoshabitantes deste mundo, a

observação de tudo o que existe,nos vários reinos da rica Naturezadeste Orbe, a vida, a morte e asleis que regem todo esse conjuntode fenômenos que ocorrem naTerra, desde sua formação até osdias atuais, é um permanente de-safio ao pensamento do homemde todos os tempos.

Estamos focalizando somente oque acontece em um mundo ma-terial, como é o que habitamos.Entretanto, se o número de plane-tas e galáxias que compõem oUniverso é infinito, pelo menospara a nossa compreensão limita-da, o problema se multiplica inde-finidamente, ainda que focalizadosomente o lado material da vida.

Mas, como sabemos que ao la-do da matéria está presente o ou-tro elemento universal, o espíri-to, o entendimento da realidade,da verdade e da vida torna-se ex-tremamente complexo para to-dos nós, habitantes deste planeta.

Assim, não é de se estranhar asmúltiplas formas de compreen-são do que ocorre nesse Universoinfinito e a diversidade da vidanos variados mundos que ocompõem.

Que existem leis superioresregendo todo esse complexo, jánão constitui dúvida para boaporção dos habitantes deste mun-do, daí surgindo a idéia, que setornou certeza, de que existe umCriador Supremo – DEUS – re-gendo todo o Universo.

No entanto, desde o apareci-mento do homem na Terra, comsua ignorância natural, até mi-lhares de anos posteriores, quan-do sua inteligência, mais desen-volvida, permitiu-lhe novas com-preensões, muitas formas e hipó-teses foram admitidas para acompreensão da vida.

Dois fatores naturais permiti-ram a evolução do pensamento edas idéias. O primeiro foi o pró-prio conhecimento resultantedas observações dos fatos. O se-gundo, que acompanha a Hu-

manidade desde os seus primór-dios, é o auxílio superior daque-les que sempre ofereceram su-gestões e revelações em conso-nância com a compreensão decada grupo, povo ou raça, sem apreocupação de oferecer conhe-cimentos que estivessem alémda possibilidade de ser entendi-dos e absorvidos.

Tanto os novos conhecimen-tos, dos quais se ocupam as ciên-cias, quanto as revelações supe-riores, reajustam-se com o de-correr do tempo, seja através demelhores observações dos pró-prios homens, seja mediante in-terpretações e entendimentosmais ajustados à realidade e queantes passaram despercebidos.

As ciências renovam-se conti-nuamente, diante de observaçõesmais profundas dos fatos, dandolugar a novas teorias. Exemplodessas mutações, ocorrido em to-das elas, é o conceito de matéria,que vigorou por muitos séculos,até que, nos primórdios do sécu-lo XX, chegou-se à conclusão de

Evoluçãoe vida

AJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

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que as teorias anteriores estavamerradas, já que toda matéria éenergia condensada que toma asmais diferentes formas.

Outra teoria que predominoupor cerca de dois milênios, a daindivisibilidade do átomo, baseda Física e da Química, está hojeabandonada e superada pelasobservações e pelos fatos.

No campo das crenças e dasreligiões, os equívocos são co-muns, atingindo os bilhões deEspíritos que encarnam e reen-carnam neste planeta, enganosque os indivíduos aceitam comose fossem verdades, levando-osconsigo para as esferas espiri-tuais, após a morte do corpo ma-terial, como ocorre comumente.

Assim é que, antes da revela-ção da existência de um DeusÚnico, Criador de todo o Uni-verso, trazida pelo povo judeu eratificada pelo Cristo, há doismil anos, a crença generalizadados povos antigos era o politeís-mo, sob múltiplas formas.

Foi necessária a vinda do Cristocom os esclarecimentos essenciais,inclusive sobre interpretaçõesequivocadas dos próprios judeus,a respeito dos atributos da Divin-dade, com o que se firmou o reco-nhecimento, entre os que segui-ram os ensinamentos e os exem-plos do Mestre Incomparável, daexistência do Deus Único, nasmúltiplas formas sob as quais seapresenta.

No conceito dos Espíritos su-periores, os Reveladores da Dou-trina Espírita, o Consolador pro-metido por Jesus – “Deus é a in-

teligência suprema, causa pri-meira de todas as coisas”.

A sabedoria dos Espíritos dei-xou evidente o propósito de evitaruma definição do Ser Supremo.

Realmente, qualquer definiçãosobre Deus, o Criador incriado,partindo de suas criaturas, seria in-completa, máxime, se atentarmos

na circunstância de que a NovaRevelação estava destinada aos ha-bitantes de um mundo ainda re-tardatário, como é a Terra.

O método dos Reveladores foide sabedoria superior, evitandodefinir o que é indefinível para asinteligências limitadas deste orbe.

Entretanto, o essencial, as pro-vas da existência de Deus e osseus atributos estão explicadoscom objetividade e clareza nocapítulo I de O Livro dos Espíri-tos, a obra básica da DoutrinaEspírita, em linguagem inteligí-vel por todos aqueles que já al-cançaram a condição de com-preensão da verdade e da vida.

Até a vinda de Jesus, a visão deDeus, entre os hebreus, estavamais ligada à justiça, simboliza-da na espada.

Com o Mestre, foi exaltada amisericórdia do Pai, como Jesusa Ele se referia, em todo o Evan-gelho, através das parábolas do“Filho pródigo”, dos “Trabalha-dores da última hora”, da “Ove-lha perdida”, além de outras.

As idéias religiosas, tão antigasna Terra quanto o aparecimentodo homem como ser pensante,têm percorrido muitos ciclos deconcepções inferiores.

Pode-se dizer que a multiplici-dade das religiões, muitas delas jádesaparecidas, representa o esfor-ço dos homens para o conheci-mento de si mesmos, buscando es-clarecer o significado da vida e damorte e a existência de um Cria-dor ou de muitos deuses, como nopoliteísmo, que dominou as cren-ças de todos os povos antigos, coma única exceção do povo hebreu.

As religiões representam, as-sim, o constante esforço das hu-manidades de todos os tempospara se comunicarem com umaforça superior, eterna e divina.

Na medida em que a percepçãoe os pensamentos humanos vão se

As provas daexistência de

Deus e os seusatributos estão

explicadoscom

objetividade eclareza no

capítulo I deO Livro dos

Espíritos

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aperfeiçoando, missionários doGovernador Espiritual deste orbesão destacados para ajudar na re-novação dos entendimentos reli-giosos no seio das humanidades.

Entretanto, nem sempre preva-lece a ajuda superior para a evo-lução das idéias e a melhor com-preensão da verdade e da vida.

Espíritos interessados na pre-valência de interesses própriosde um mundo atrasado, como onosso, opõem-se às renovaçõessuperiores, dificultando, portempo indeterminado, o que se-ria considerado progresso paragrande parcela da populaçãodeste planeta.

Foi o que ocorreu com os en-sinamentos e exemplificaçõesdo Cristo, em sua missão ex-cepcional.

Em pouco tempo, após oseu sacrifício, os próprioscristãos deram um outrosentido aos seus ensi-nos baseados no Amora Deus e ao próximo,com os desdobramen-tos dos sentimentosderivados dessa magnalição.

Do Cristianismoprimitivo, autêntico,sobraram os Evange-lhos, onde estão regis-trados os ensinamentosdo Mestre, interpretados,infelizmente, de confor-midade com os interessesdas organizações religiosasque foram criadas como cris-tãs, mas que cuidam mais dos

interesses ligados ao mundo ma-terial, como é a Terra.

Graças, porém, às previsões dopróprio Cristo, esse desvirtua-mento dos seus ensinos não preva-lecerá indefinidamente, já que Ele,prevendo o que ocorreria no futu-ro, tornou claro que pediria ao Paio envio de outro Consolador, pararelembrar suas lições de vida abun-dante, além de trazer coisas novasao conhecimento dos homens.

Essa promessa do Mestre foicumprida nos meados do séculoXIX, quando o mundo já haviaprogredido muito em conheci-mentos científicos, em organizaçãosocial, mas não no campo dos sen-timentos, que foi a área da lei do

progresso com a qual maisse preocupou o Cristo.

Para o envio do Con-solador, a Espiritualidade

Superior, sob a dire-triz do Cristo, pro-jetou um vastotrabalho prepa-ratório, a fim dechamar a aten-ção dos homenspara o relaciona-mento intensivo

entre os Espíritos desencarnadose os encarnados.

Escolheu um missionário espe-cial para supervisionar o intercâm-bio entre os dois planos, o qual, aomesmo tempo, fosse capaz de re-conhecer a verdade, com segurançae sensatez, dentre opiniões variadas.

O professor Hippolyte Léon De-nizard Rivail, que adotou o pseu-dônimo Allan Kardec, foi a indi-vidualidade escolhida para o de-sempenho da difícil missão, cum-prindo-a com total sucesso.

Desencadeados os fenômenosde Hydesville e das “mesas giran-tes”, a partir de 1848, em poucosanos o mundo tomava conheci-mento do Consolador prometidopor Jesus, sob a denominação deEspiritismo, ou Doutrina dos Espí-ritos, dada por seu Codificador.

Agora, compete a nós, espíritas,estudar essa Doutrina Consolado-ra, procurar vivenciá-la e propa-gá-la por toda parte, paraque a Humanidade reen-contre, com segurança,o caminho da verda-de e da vida.

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eus encontra-se tão pro-fundamente entranhadono ser humano que, difi-

cilmente, o mesmo pode afastar--se da Sua presença.

Criado simples e ignorante, oEspírito carrega no íntimo o psi-quismo divino que o originou, afim de fazê-lo desenvolver-se atéatingir a glória celeste que lheestá destinada.

A crença em Deus, é, portanto,um fenômeno natural, genético,de que ninguém se pode conside-rar destituído.

Manifesto em toda a Sua obra,o Pai Criador antecede-a e suce-dê-la-á, quando venham a ocor-rer as alterações e término dosciclos que constituem a relativi-dade dos tempos...

Atribuir-se tudo quanto existe,na sua harmonia e ordem, comoresultante do acaso, é conceder--lhe uma superinteligência quesoube organizar e manter o Uni-verso conforme o conhecemos.

Ademais, considerar-se que oEvolucionismo consegue explicarem toda a sua complexidade o mi-lagre da vida, sem a necessidadedo Criacionismo ou da presençade um Autor, é oferecer-lhe umatranscendência que se assemelha àprópria Divindade.

Duas alternativas, pois, se con-frontam em antagonismo, que émais resultante de interpretaçãode conteúdos do que de legitimi-dade factual, podendo ser solu-cionado o impasse através da as-sociação de ambas as teorias.

O Psiquismo Divino concebeue elaborou a vida, graças a umaprogramação que se concretizouno processo evolucionista, etapa aetapa, com os intervalos corres-pondentes ao período da morte,em que o psiquismo prosseguiuexperimentando continuidade evo-lutiva, retornando em formas pri-mitivas que se fizeram cada vezmais complexas, até atingir as ex-pressões superiores nos animais

evoluídos, culminando no serhumano.

Essa possibilidade não deve serdescartada, quando se pode cons-tatar o autógrafo de Deus no ge-noma após decodificado, no qualse encontra toda a história dosdiversos seres nos seus estranhoscódigos responsáveis pelas infor-mações contidas especialmente emcada célula do corpo humano,num conjunto de três bilhões deletras...

A fundamentação criacionistade que Deus tudo fez, conforme orelato bíblico do Gênesis, 1 e 2, ne-gando a evolução e concedendoao Universo a jovem idade de ape-nas 10.000 anos, é bastante ingê-nua e improcedente, quando aspesquisas mais seguras demons-tram que a sua idade é superior a14 bilhões de anos.

Os exageros de alguns religio-sos criacionistas chegam ao pon-to de atribuir ao Universo a ida-de de apenas 4.004 a.C., quando

A crençaem Deus

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D

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Deus, o teria criado, conformeconcluiu o bispo Ussher, cálcu-lo que resultou das suas pesqui-sas sobre as notícias genealógicaspor ele encontradas em o VelhoTestamento.

Sob outro aspecto, atribuir àsmanifestações inorgânicas a pos-sibilidade de se transformaremem orgânicas, adquirindo sensi-bilidade, instinto, emoção, racio-cínio, inteligência, igualmente éuma proposta audaciosa, que seapresenta mergulhada em lacu-nas e em mutações inexplicá-veis dentro da visão exclusi-vamente darwinista, quepassou a ser considera-da materialista.

A harmonizaçãodas duas correntes depensamento facultaa possibilidade realda manifestação dopsiquismo que tam-bém evolve com acomplexidade das mo-léculas através das quaisse manifesta.

Nessa identificação, acrença em Deus, sem o des-prezo pelo fenômeno do evolu-cionismo, torna-se perfeitamentenatural, concebendo-se que Elepróprio estabeleceu esse processocomo sendo o mais adequado pa-ra a ocorrência da vida na Terra,conforme a conhecemos.

Sir Isaac Newton, o admiradocientista inglês, que descobriu a Leida gravitação universal, era porta-dor de fé religiosa expressiva, que

o levou a escrever mais sobre in-terpretações de textos bíblicos ereligiosos do que científicos.

Galileu, descobrindo três das luasde Júpiter e optando pelo helio-centrismo, que constatou com ob-servações demoradas através dotelescópio que construiu, mantevepor todo o tempo a sua fé em Deuse na Sua intervenção na Criação,mesmo quando perseguido pelaInquisição e outros adversários...

Nicolau Copérnico, que igual-mente descobriu o sistema helio-cêntrico, manteve inabalável a suafé em Deus, sem cuja ação o Uni-verso não poderia ter surgido.

Mais recentemente, Sir JamesJeans, o respeitado astrofísico in-glês, confessou o seu teísmo e a suaconcepção em torno do Espíritocom valor e convicção científica.

Inúmeros estudiosos da Genéti-ca e da Física Quântica, assim co-mo de algumas neurociências e dabiologia molecular, cientistas-mé-dicos e cosmonautas, declaram-seteístas, mantendo comportamen-to religioso e vinculando-se a al-gumas das existentes doutrinasespiritualistas...

Na sua aceitação de Deus nãodescartam a Sua interferência noEvolucionismo, como sendo parteda Sua programação desde o início.

Ao conceber e realizar os pri-meiros pródromos da vida, igual-

mente organizou o processoevolucionista, a fim de que,

procedentes da mesmamatriz, as expressõesvariadas crescessem,logrando o objetivopor Ele estabeleci-do, todas derivadasdo mesmo germe.

Trata-se de umaconceituação perfei-

tamente lógica e real,porquanto somente Ele

tem o poder de propiciaro hálito vital, retirando do

nada as primeiras vibraçõesque constituíram as complexas

organizações moleculares, de ondese originaram os microorganis-mos, bases estruturais de todas asformas conhecidas.

Essa paternidade original pro-picia a fraternidade que deve exis-tir entre todas as espécies e formasde vida, ensejando a solidariedadenecessária para a sobrevivênciageral sob os impositivos dos fa-tores mesológicos, filogenéticos,as mutações, as adaptações e o

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desenvolvimento das potencialida-des que lhes jazem adormecidas...

A própria Divindade, dotandoo ser humano de inteligência, fa-culta-lhe penetrar nas Leis que go-vernam a vida, para melhor har-monizar-se com as mesmas, res-peitando-as e ampliando os hori-zontes do seu entendimento.

Graças a essa compreensão,percebe a necessidade de superaros impulsos agressivos e destruti-vos que lhe remanescem do largoprocesso da evolução, sublimandoas aspirações que se orientarão nosentido da plenitude.

A crença em Deus é, portanto,uma bússola de segurança para aautoconquista, saindo, a poucoe pouco, dos instintos grosseirospara alcançar os sentimentos deelevação, que trabalham em favorda paz e do progresso.

Houvesse podido compreendero mecanismo evolucionista, se já ohouvesse em seu tempo, SantoAgostinho teria interpretado me-lhor os conteúdos da narrativa bí-blica da Criação, encontrando res-postas sábias para as suas interro-gações, tendo em vista a dificul-dade que enfrentava para enten-dê-la, conforme narrada no Gêne-sis, 1 e 2...

Cada vez que o ser humanodecifra as incógnitas existentes naTerra e no Universo, mais descobreperfeitamente desenhado o autó-grafo de Deus na Sua obra glorio-sa, de maneira que não ficam dú-vidas a esse respeito.

Assim sendo, a crença em Deusnão significa necessariamente umavinculação com qualquer religião

convencional ou encontrar-se sub-metida aos dogmas e liturgias tra-dicionais, mas aceitá-lO na mentee no coração, de forma que a filia-ção natural seja coroada de fé egratidão no Seu inefável amor.

Jesus O designava como Pai, en-sinando-nos a todos a respeitá-lO,amá-lO e seguirmos na Sua direção.

João evangelista propunha-Lhea denominação Amor, por melhorsignificar-Lhe a realidade.

...E os Espíritos da Codificaçãoespírita com muita sabedoria sin-tetizaram a sua definição, infor-mando que Deus é: A inteligênciasuprema, causa primeira de todasas coisas...

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium Dival-

do Pereira Franco, no dia 1o de junho de

2007, na residência de Josef Jackulak, em

Viena, Áustria.)

10 Reformador • Maio 2008116688

Trabalhemos

Fonte: Canções do alvorecer. 4. ed. Rio de Janeiro: 2005. p. 19.

É preciso estender a luz por toda a parte.Valhamo-nos do verbo, da cultura, da arte,

Dos livros e do malho!É mister semear o bem puro e fecundo,Por todos os desvãos e recantos do mundo,

À força de trabalho!

Só podemos gozar de paz e de alegria Quando o orbe viver no clima da harmonia,

Da virtude e do amor! Preparemos, portanto, a aurora da bonança,Nos esforços da crença e da perseverança,

Incólumes à dor!

Inflamados de fé, de vida e de verdade,Enfrentemos as sombras densas da maldade,

Na glória de servir;E veremos erguer-se, augusta e sublimada,A manhã deslumbrante, excelsa e aureolada,

Dum divino porvir!

Hernani T. Sant’Anna

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Reformador: Como avalia as pes-quisas com células-tronco?Marlene: Depende de que tipode células-tronco estamos falando.Primeiramente é preciso lembrarque as células-tronco são indife-renciadas, quer dizer, em princí-pio, são capazes de gerar qualqueroutra célula. Há dois tipos: a cé-lula-tronco embrionária (CTE),retirada de embriões no iníciodo seu desenvolvimento; e a cé-lula-tronco adulta (CTA), obtidado cordão umbilical, da medulaóssea ou de outros tecidos docorpo. As CTEs estão presentesno embrião do 5o ao 15o dia devida. Para serem empregadas empesquisa, há necessidade, por-tanto, de se destruir o embrião. Aproposta que está sendo discuti-da, aqui no Brasil, é a dautilização empesquisa dosembriões ex-cedentes nas

clínicas de reprodução assistida.A Associação Médico-Espírita écontra a liberação dessas pesqui-sas com CTE, uma vez que, até omomento, não se pode ter certe-za, se existe ou não Espírito liga-do ao embrião. E isto porque aquestão 344 de O Livro dos Espí-ritos afirma, com clareza, que a

ligação do Espírito com a maté-ria se dá na concepção, isto é, nomomento em que o gameta mas-culino se une ao feminino. Kar-dec afirma em A Gênese (cap. XI)que a ligação do Espírito com oembrião se dá de forma irresistí-vel. Somos a favor das pesquisas,mas com células-tronco adultas,as que já existem nos tecidos docorpo, porque a aplicação delasevita a destruição de embriões,não causa rejeição, e são as úni-cas que têm demonstrado eficá-cia terapêutica, até o momento.O Brasil é um dos pioneiros noemprego das CTAs. Destacam-seos trabalhos já publicados peloDr. Hans Dohmman e o biólogoRadovan Borojevic, do Hospital

Pró-Cardíaco, no Riode Janeiro, e o Dr.

Ricardo Ribeirodos Santos, na

Bahia, tratan-do de casos

11Maio 2008 • Reformador 116699

MA R L E N E RO S S I S. NO B R EEntrevista

Visão espírita sobreo emprego de

células-troncoMarlene Rossi Severino Nobre, presidente da Associação Médico-Espírita do Brasil, analisa

a polêmica sobre o emprego de células-tronco e oferece um posicionamento espírita

reformador maio 2008 - a.qxp 3/6/2008 14:49 Page 11

graves de insuficiência cardíacacom bons resultados.

Reformador: Mas, afinal, e a po-lêmica sobre a utilização dos em-briões congelados em pesquisa se,conforme se tem propalado, o des-tino final deles seria o lixo? Marlene: Não, o destino finaldeles não pode e não deve ser olixo. O descarte é crime. Admitirisso seria “coisificar” o embrião.Desprezar a vida que existe nele.Para evitar que isto aconteça, aAnvisa exige o cadastro dos em-briões não implantados. O que sedeve fazer é uma melhor regula-mentação na produção e no usodos embriões, a fim de evitarem--se os excedentes. Além disso,hoje já há a possibilidade de secongelar óvulos, o que vai dimi-nuir em muito a produção deexcedentes. As clínicas de repro-dução assistidas deverão ser fis-calizadas para se coibir a venda

de óvulos ou a produção de em-briões para a venda.

Reformador: Alguns pesquisado-res afirmam que, após três anos decongelamento, os embriões ficaminviáveis. Isso é verdade?Marlene: Não, isso, em alguns ca-sos, não é verdade. Basta ver casosconcretos, como o que ocorreucom o menino do interior paulis-ta, Vinícius Dorte, de 6 meses. An-tes que ele fosse parar no útero damãe, passou oito anos congeladonum tanque de nitrogênio líquido(Folha de São Paulo, 9/3/2008). Omesmo aconteceu com a meninaLaina Beasley, norte-americana,nascida em 2005, e congelada por13 anos. E há outros casos mais.É claro que o Espírito não estácongelado, sua ligação com o em-brião é tão-somente magnética.E se esses embriões tivessem sidoenviados à pesquisa? Não se teriaconfigurado o aborto? Como res-ponderia, por exemplo, o pesqui-sador espírita, perante o planoespiritual, se impedisse a reen-carnação desses Espíritos? Comodissemos, o embrião congeladopode ter e pode não ter Espíritoligado. Cabe a nós desenvolver eefetuar mais pesquisas.

Reformador: As células-troncoembrionárias são as únicas quetêm possibilidade de dar origem atodo e qualquer tipo de célula donosso corpo?Marlene: Teoricamente, sim. Ho-je, no entanto, já se sabe que a ver-satilidade da célula-tronco adultaé enorme. Na verdade, a Medicina

só tem obtido bons resultadoscom o emprego delas. Inclusive,conseguiu-se ir além, produzir aspróprias CTEs a partir de célulasadultas. Duas equipes consegui-ram esse feito a partir de fibro-blastos (células dos músculos).Uma delas, da Universidade deWiscosin-Madison, dos EstadosUnidos, conduzida por JamesThomson; a outra, da Universida-de de Kyoto, no Japão, chefiadapor Shynia Yamanaka. Além disso,é preciso não esquecer que asCTEs são muito instáveis, difíceisde ser cultivadas em laboratório.Quando implantadas em animaisde experimentação, têm dado umalto índice de rejeição e de câncer.Uma pessoa que viesse a ser trata-da com células-tronco embrioná-rias teria de tomar imunodepres-sores pelo resto da vida para evi-tar rejeição. Com o uso da CTA,isso não ocorre por ser retirada dopróprio paciente.

Reformador: E a esperança quetem sido dada a tantos doentes?Afinal, não foram eles que influí-ram na votação dos deputados,pensando numa cura futura?Marlene: Tão cedo não se obteráresultado algum. Segundo RobertWinston, um dos principais es-pecialistas em Bioética, do ReinoUnido, em recente entrevista aojornal inglês The Guardian, a po-pulação desconhece as dificul-dades que estão por trás das pes-quisas com a CTE. Ele tambémlamentou o fato de os defenso-res dessas pesquisas gerarem fal-sas esperanças e exagerarem na

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campanha utilizada para a suaaprovação.

Reformador: Qual a questão bioé-tica que mais choca no caso daspesquisas com CTEs?Marlene: A destruição de em-briões humanos para pesquisas.Em uma terapia com CTE é pre-ciso sacrificar cerca de 300 a 400mil embriões. Além disso, o cul-tivo in vitro das CTEs necessita dapresença de finíssimas camadasde tecidos retiradas dos fetos vi-vos de qualquer estágio, chama-das Feeder layers e que são “pro-duzidas” no Exterior e vendidasno mercado. Tudo isto implica di-lemas éticos graves.

Reformador: Se houver a libera-ção do emprego de células-troncoembrionárias para pesquisa e tra-tamento, qual será o papel dos es-píritas e do Movimento Espírita?Marlene: Só nos resta acatar a de-cisão do Supremo Tribunal Fede-ral. O fato, porém, de ser legal, nãotorna o procedimento moralmen-te aceito. Cada pesquisador deveráagir de acordo com a sua própriaconsciência. Cremos, no entanto,que a liberação dessas pesquisas vaiexpor os pontos frágeis das célulasque não estão sob o comando domodelo organizador biológico. Tu-do indica que a célula-tronco em-brionária é selvagem, indócil, por-que não tem perispírito acoplado.Assim, embora antiético, quem sa-be, esse procedimento, ao se tornarlegal, permita chegar à conclusãode que existe algo extrafísico no ma-terial genético? Tudo é possível.

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Lembro-te, Mãe, revendo a nossa casa...

O pequeno jardim, o poço, a horta...

O vento brando que transpunha a porta,

Afagando o fogão de lenha em brasa...

Esfregavas a roupa na bacia...

Eu ficava na rede, aos teus desvelos...

Depois, vinhas beijando-me os cabelos,

A embalar-me, cantando de alegria.

Dorme, dorme prenda minha,

Dorme agora, meu amor,

És a jóia que eu não tinha,

Prenda minha, minha flor!...

Lá no céu tem três estrelas, prenda minha,

Todas são de prata e luz...

Lá do céu você me veio, prenda minha,

Por presente de Jesus!...

E lá se foi o tempo, ante as mudanças...

Cresci, fiquei rebelde... Estradas novas...

Entrei no mundo grande, em grandes provas,

Carregando saudades e esperanças...

Hoje, volto a rever-te, mãe querida!...

Quero dizer-te, em minha gratidão,

Que és o amor sempre amor, em minha vida,

E a própria vida de meu coração.

Minha Mãe

Psicografado pelo médium Francisco C. Xavier, em reunião pública doGrupo Espírita da Prece, em Uberaba (MG), na noite de 17/3/1984.Poema enviado a Reformador pelo confrade Weimar Muniz de Oliveira.

Maria Dolores

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oje, mamãe, eu não te escrevo daquele gabi-nete cheio de livros sábios, onde o teu filho,pobre e enfermo, via passar os espectros dos

enigmas humanos, junto da lâmpada que, aos pou-cos, lhe devorava os olhos, no silêncio da noite.

A mão que me serve de porta-caneta é a mão can-sada de um homem paupérrimo, que trabalhou o diainteiro buscando o pão amargo e cotidiano dos quelutam e sofrem. A minha secretária é uma tripeça tos-ca à guisa de mesa e as paredes que me rodeiam sãonuas e tristes, como aquelas da nossa casa desconfor-tável em Pedra do Sal. O telhado sem forro deixapassar a ventania lamentosa da noite e desse reman-so humilde, onde a pobreza se esconde exausta e de-salentada, eu te escrevo sem insônias e sem fadigas,para contar-te que ainda estou vivendo para amar equerer a mais nobre das mães.

Quereria voltar ao mundo que deixei, para sernovamente teu filho, desejando fazer-me um meni-no, aprendendo a rezar com o teu espírito santifica-do nos sofrimentos.

A saudade do teu afeto leva-me constantemente aessa Parnaíba das nossas recordações, cujas ruas are-nosas, saturadas do vento salitroso do mar, sensibili-zam a minha personalidade e, dentro do crepúsculoestrelado da tua velhice cheia de crença e de esperan-ça, vou contigo, em espírito, nos retrospectos prodi-giosos da imaginação, aos nossos tempos distantes.Vejo-te com os teus vestidos modestos, em nossacasa de Miritiba, suportando com serenidade e devo-tamento os caprichos alegres de meu pai. Depois,faço a recapitulação dos teus dias de viuvez dolorosa,

junto da máquina de costura e do teu “terço” de ora-ções, sacrificando a mocidade e a saúde pelos filhos,chorando com eles a orfandade que o destino lhesreservara, e, junto da figura gorda e risonha da Mi-doca, ajoelho-me aos teus pés e repito:

– “Meu Senhor Jesus Cristo, se eu não tiver de teruma boa sorte, levai-me deste mundo, dando-meuma boa morte”.

Muitas vezes o destino te fez crer que partirias antesdaqueles que havias nutrido com o beijo das tuas carí-cias, demandando os mundos ermos e frios da Morte.Mas, partimos e tu ficaste. Ficaste no cadinho dolo-roso da saudade, prolongando a esperança numa vidamelhor no seio imenso da Eternidade. E o culto dos fi-lhos é o consolo suave do teu coração. Acariciando osteus netos, guardas com o mesmo desvelo o meucajueiro, que aí ficou como um símbolo plantado nocoração da terra parnaibana, e, carinhosamente, co-lhes das suas castanhas e das suas folhas fartas e verdes,para que as almas boas conservem uma lembrança doteu filho, arrebatado no turbilhão da Dor e da Morte.

Ao Mirocles, mamãe, que providenciou quanto aodestino desse irmão que aí deixei, enfeitado de florese passarinhos, estuante de seiva, na carne moça da ter-ra, pedi velasse pelos teus dias de insulamento e ve-lhice, substituindo-me junto do teu coração. Todos osnossos te estendem as suas mãos bondosas e amigas eé assombrada que, hoje, ouves a minha voz, atravésdas mensagens que tenho escrito para quantos mepossam compreender. Sensibilizam-me as tuas lágri-mas, quando passas os olhos cansados sobre as mi-nhas páginas póstumas e procuro dissipar as dúvidas

Carta àminha Mãe

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H

Presença de Chico Xavier

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que torturam o teu coração, combalido nas lutas. As-salta-te o desejo de me encontrares, tocando-me coma generosa ternura de tuas mãos, lamentando as tuasvacilações e os teus escrúpulos, temendo aceitar asverdades espíritas, em detrimento da fé católica, que tevem sustentando nas provações. Mas, não é preciso,mãe, que me procures nas organizações espiritistas e,para creres na sobrevivência do teu filho, não é preci-so que abandones os princípios da tua fé. Já não hámais tempo para que teu Espírito excursione em ex-periências no caminho vasto das filosofias religiosas.

Numa de suas páginas, dizia Coelho Neto que asreligiões são como as linguagens. Cada doutrina en-via a Deus, a seu modo, o voto de súplica ou de ado-ração. Muitas mentalidades entregam-se, aí no mun-do, aos trabalhos elucidativos da polêmica ou da dis-cussão. Chega, porém, um dia em que o homem achamelhor repousar na fé a que se habituou, nas suasmeditações e nas suas lutas. Esse dia, mamãe, é o queestás vivendo, refugiada no conforto triste das lágri-mas e das recordações. Ascendendo às culminânciasdo teu Calvário de saudade e de angústia, fixas osolhos na celeste expressão do Crucificado e Jesus,que é a providência misericordiosa de todos os de-samparados e de todos os tristes, te fala ao coraçãodos vinhos suaves e doces de Caná, que se metamor-fosearam no vinagre amargoso dos martírios, e daspalmas verdes de Jerusalém, que se transformaramna pesada coroa de espinhos. A cruz, então, se te afi-gura mais leve e caminhas. Amigos devotados e cari-nhosos te enviam de longe o terno consolo dos seusafetos e, prosseguindo no teu culto de amor aos fi-lhos distantes, esperas que o Senhor, com as suasmãos prestigiosas, venha decifrar para os teus olhosos grandes mistérios da Vida.

Esperar e sofrer têm sido os dois grandes motivos,em torno dos quais rodopiaram os teus quase setentae cinco anos de provações, de viuvez e de orfandade.

E eu, minha mãe, não estou mais aí para afagar-teas mãos trêmulas e os cabelos brancos que as doressantificaram. Não posso prover-te de pão e nemguardar-te da fúria da tempestade, mas, abraçando oteu Espírito, sou a força que adquires na oração,como se absorvesses um vinho misterioso e divino.

Inquirido, certa vez, pelo grande Luiz Gama sobreas necessidades da sua alforria, um jovem escravo lheobservou:

– “Não, meu senhor!... a liberdade que me ofereceme doeria mais que o ferrete da escravidão, porqueminha mãe, cansada e decrépita, ficaria sozinha nosmisteres do cativeiro”.

Se Deus me perguntasse, mamãe, sobre os impera-tivos da minha emancipação espiritual, eu teria pre-ferido ficar, não obstante a claridade apagada e tristedos meus olhos e a hipertrofia que me transformavanum monstro, para levar-te o meu carinho e a minhaafeição, até que pudéssemos partir juntos, desse mun-do onde tudo sonhamos para nada alcançar.

Mas, se a Morte parte os grilhões frágeis do corpo,é impotente para dissolver as algemas inquebrantá-veis do espírito.

Deixa que o teu coração prossiga, oficiando noaltar da saudade e da oração; cântaro divino e santi-ficado, Deus colocará dentro dele o mel abençoadoda esperança e da crença, e, um dia, no portal igno-rado do mundo das Sombras, eu virei, de mãosentrelaçadas com a Midoca, retrocedendo no tempo,para nos transformarmos em tuas crianças bem--amadas. Seremos agasalhados, então, nos teus braçoscariciosos, como dois passarinhos minúsculos, an-siosos da doçura quente e suave das asas maternas, eguardaremos as nossas lágrimas nos cofres de Deus,onde elas se cristalizam como as moedas fulgurantese eternas do erário de todos os infelizes e desafortu-nados do mundo.

Tuas mãos segurarão ainda o “terço” das precesinesquecidas e nos ensinarás, de joelhos, a implorar,de mãos postas, as bênçãos prestigiosas do Céu. E,enquanto os teus lábios sussurrarem de mansinho –“Salve Rainha... mãe de misericórdia...” – começa-remos juntos a viagem ditosa do Infinito, sob o dos-sel luminoso das nuvens claras, tênues e alegres, doAmor.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Crônicas de além-túmulo.

15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 34.

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Pelo Espírito Humberto de Campos

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s bons Espíritos não dei-xam dúvidas de que osadeptos da Doutrina, que

se dispõem a trabalhar na searaespírita, são trabalhadores da últi-ma hora. Não têm tempo, pois, aperder; o melhor a fazer é apro-veitar todas as oportunidades, osdias, as horas...

O Espiritismo nos proporcio-na elevado entendimento das ver-dades espirituais; através do seuestudo e do trabalho podemos im-pulsionar a nossa evolução. Por is-so muito nos será pedido, tantoem melhoria espiritual como emtrabalho.

Alertam-nos os Espíritos que nãodevemos rejeitar a tarefa reno-vadora.

Para aproveitarmos bem a opor-tunidade que nos foi dada, comotrabalhadores da última hora, ne-cessário se faz empreendermostodo o esforço no sentido de cul-tivar boa vontade, disciplina, pa-ciência, espírito de equipe, menteaberta, simplicidade, humildade,fé, amor ao próximo, caridade,abnegação, desinteresse pessoal,fraternidade pura.

Disciplina – para que haja resul-tados satisfatórios no estudo e nodesempenho das diversas atividades.

Boa vontade – para estudar,trabalhar, vencer as imperfeições edesenvolver as virtudes.

Espírito de equipe – para traba-lhar em conjunto com outros servi-dores de Jesus; para aceitar a inte-gração dos jovens, os futuros conti-nuadores da obra, nas atividades.

Paciência – para suportar as pró-prias provações e expiações, as im-perfeições dos outros, as diferençasde pensamento das pessoas.

Mente aberta – para examinar eacolher novas idéias, novos pro-gramas de atividades.

Simplicidade – na maneira deser e no modo de agir no traba-

lho de Jesus.Humildade – para aceitar

as tarefas que nos são ofe-recidas, mesmo que apa-rentemente simples.

Fé – fundamentadano estudo, na lógica, narazão.

Amor – na prática dacaridade, no relaciona-mento com as pessoas,

Trabalhadores da

última hora

OUM B E RTO FE R R E I R A

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no trato com os Espíritos imper-feitos, nas diversas atividades.

Caridade – praticada com de-sinteresse e amor.

Abnegação – no trato com osnecessitados de assistência espiri-tual e caridade material, bem co-mo com os Espíritos sofredores.

Desinteresse pessoal – para quea caridade seja praticada com au-sência total de interesse, mesmo deordem moral, ficando qualquer re-compensa para o mundo espiritual.

Fraternidade pura – com osfreqüentadores e os necessitadosde auxílio material ou espiritual,com os Espíritos imperfeitos e en-tre dirigentes e trabalhadores.

Com raras exceções, encontra-mos sempre um motivo para adiaro início do trabalho. Alegamos fal-ta de tempo ou de condições; julga-mo-nos sem competência; depa-ramo-nos com a incompreensãodos dirigentes ou dos trabalhadoresdas instituições; melindramo-noscom as críticas. A solução que nosparece justa é deixar para quandohouver condições mais favoráveis.

Raramente são esses os moti-vos; quase sempre, as reais razões

estão dentro de nós mesmos. Sefizermos sincera análise íntima, de-tectaremos tendência para a aco-modação; identificaremos pro-pensão para recusar as atividadesque nos parecem de pouca impor-tância; conheceremos a nossa per-sonalidade, que se caracteriza porser muito exigente, difícil de con-tentar-se, melindrosa...

Jesus espera pacientemente. Otempo, todavia, não pára, não temcomo esperar, e passa célere. Me-lhor será se compreendermos logoa necessidade de aproveitar bem aoportunidade, superar os obstá-culos, e não adiar as tarefas. Inega-velmente novas chances surgirãomais tarde, todavia, nem sempreem condições tão favoráveis.

17Maio 2008 • Reformador 117755

ons espíritas, meus bem-amados, sois todos obreiros da úl-

tima hora. Bem orgulhoso seria aquele que dissesse: Comecei

o trabalho ao alvorecer do dia e só o terminarei ao anoitecer. To-

dos viestes quando fostes chamados, um pouco mais cedo, um

pouco mais tarde, para a encarnação cujos grilhões arrastais; mas

há quantos séculos e séculos o Senhor vos chamava para a sua

vinha, sem que quisésseis penetrar nela! Eis-vos no momento de

embolsar o salário; empregai bem a hora que vos resta e não es-

queçais nunca que a vossa existência, por longa que vos pareça,

mais não é do que um instante fugitivo na imensidade dos

tempos que formam para vós a eternidade. (Constantino, Espírito

protetor, Bordeaux, 1863.)

Fonte: KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. 127. ed. Riode Janeiro: FEB, 2007. Cap. XX, item 2, p. 351. (Transcrição parcial.)

BOs últimos serão os primeiros

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arra o evangelista Lucas,no capítulo 10:38-43, umadas belas e significativas

passagens de Jesus, por ocasiãode sua divina peregrinação pelaTerra. Trata-se da visita do Mestreà casa de Lázaro e de suas irmãsMarta e Maria, na pequena cidadede Betânia, perto de Jerusalém. Ahumilde habitação, situada no so-pé do monte das Oliveiras, na es-trada de Jericó, era visitada por Je-sus, que consagrava a esses irmãosuma afeição sincera, distinguin-do-os com a sua preciosa amizade.

Em uma das idas ao lar dos di-letos amigos, observa Jesus queMarta, preocupada com os afaze-res domésticos, esforça-se por ofe-recer a Ele uma hospedagem maisconfortável, enquanto Maria, sen-tada aos seus pés, escuta-lhe as pa-lavras de vida eterna. Marta reclama:“– Senhor, não te importas de queminha irmã tivesse deixado que eufique a servir sozinha?”. Ao que Je-sus lhe respondeu: “– Marta! Mar-ta! andas inquieta e te preocupascom muitas coisas. [...] Maria es-colheu a melhor parte, a qual nãolhe será tirada”. (Lucas, 10:40-42.)

Ao associar esses versículos ao

tema em estudo, objeto do presenteartigo, é nosso intuito refletir sobre aimperiosa necessidade de cultivar-mos nos lares espíritas o alimento es-piritual que jamais se perde, e que nosé oferecido pelo Cristo para man-termos uma ambiência domésticaque zele pela harmonia e serenida-de de cada dia, em defesa da práticado amor recíproco entre as criaturas.

No entanto, as atribulações queresultam do cotidiano agitado dostempos atuais modificam-nos oshábitos e não nos permitem agircom o indispensável equilíbriomoral diante dos conflitos da so-ciedade. São problemas graves, edeixamos que perturbem a tran-qüilidade de nossas vidas privadas.

A maioria dos lares, em decor-rência dessas influências, negligen-cia sobre assuntos domésticos dequaisquer naturezas, gerando dis-cussões, perplexidades, hostilida-des, desrespeitos e separações decônjuges, sob os mais fúteis pretex-tos, sem nenhum cuidado em man-ter a união daqueles que se com-prometeram a estar juntos, solida-rizando-se no seio do mesmo nú-cleo familiar. Esquecem-se de quesublime é a tarefa de trabalhar pelo

próprio aperfeiçoamento, no ajus-te de compromissos mais elevados.

O amorável Espírito Bezerra deMenezes, por meio de mensagemrecebida pela médium Yvonne A.Pereira, reconhece o “[...] momentodifícil que a Humanidade atravessa,quando a fé e a moral, a solidez doscostumes, o cumprimento do de-ver e a responsabilidade de cada umse diriam em colapso, desorientan-do a muitos, vencendo outros tan-tos, desanimando ou enrijecendo ocoração de quase todos para lançaro caos na sociedade humana, assi-nalando as últimas etapas do fim deuma civilização”. Ao mesmo tempo,alerta-nos para a importância do larcomo “[...]a grande escola da famí-lia, em cujo seio o indivíduo se ha-bilita para a realização dos próprioscompromissos perante as leis deDeus e para consigo mesmo [...]”.1

O lar é o sagrado instituto dafamília onde o Espírito que reen-carna há de encontrar a base sóli-da para sua real educação. Toda-via, não basta admitir isso enquan-to não compreendermos, concre-tamente, a exigência de ser maisvigilantes em relação ao cumpri-mento dos nossos deveres junto à

O lar espírita peranteos novos tempos

NCL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

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família e ao amor que devemos terpelos nossos entes queridos.

O egoísmo, dizem os Espíritossuperiores, é uma das chagas daHumanidade, e Pascal (Espírito),em O Evangelho segundo o Espiri-tismo, capítulo XI, item 12, repor-tando-se ao tema, orienta-nos, deforma elucidativa:

[...] sem a caridade não haverá

descanso para a sociedade huma-

na. Digo mais: não haverá segu-

rança. Com o egoísmo e o orgu-

lho, que andam de mãos dadas,

a vida será sempre uma carreira

em que vencerá o mais esperto,

uma luta de interesses, em que

se calcarão aos pés as mais san-

tas afeições, em que nem sequer

os sagrados laços de família me-

recerão respeito.2 (Grifo nosso.)

Em consonância com essa as-sertiva, verificamos, por exemplo,a falta de constância maior, do paie da mãe, de sua presença na inti-midade do lar, condição indispen-sável para que sintam, de perto,como anda o barco que lhes com-pete governar, na calmaria ou natempestade. Alguns genitores, afas-tados do ambiente doméstico,denotam desinteresse no trato quedevem ter com seus rebentos, àmedida que crescem e se acen-tuam os estágios ou fases do seudesenvolvimento, especialmenteos identificados na adolescência. Apropósito, observa Vinícius que“[...] os pendores pelo utilitarismoferoz e pelo mundanismo frívo-lo[...]”fazem com que os pais se tor-nem, pouco a pouco, indóceis, im-

pacientes e ríspidos, prejudicando,seriamente, a harmonia do lar.3

O Espírito Emmanuel, sobre oassunto, chama a atenção do leitorpara o fato de que:

Em todos os agrupamentos hu-

manos, palpita a preocupação

de ganhar. [...] A atualidade

conta com mães numerosas que

abandonam seu lar a desconheci-

dos, durante muitas horas do dia,

a fim de experimentarem a mina

lucrativa. Nesse sentido, a maioria

das criaturas converte a marcha

evolutiva em corrida inquietante.

....................................................

Examinada, porém, a bagagem,

verifica-se, quase sempre, que

as vitórias são derrotas fragoro-

sas. Não constituem valores da

alma, nem trazem o selo dos

bens eternos.4

Manter uma habitação onde ha-ja entendimento indispensável en-tre todos é primordial, sem esque-cer que não existem uniões casuaisno lar terreno, o qual tem comoobjetivo unir os corações e buscar

o reajuste individual e coletivo parasuperar dramas vividos em existên-cias pretéritas. O estudo do Evan-gelho, interpretado pela consolado-ra Doutrina Espírita, propicia a reu-nião semanal com a família, para re-flexão sobre os problemas mais cru-ciais e difíceis, e permite, aos pais,filhos e demais parentes, expressa-rem com liberdade as dúvidas, a res-peito daquilo que é vivenciado emcasa e na sociedade. O grupo fami-liar é um vetor essencial para qual-quer abordagem educativa, promo-vendo um incessante aprendizadode como saber conviver. Neste caso,a autoridade legalmente definida,entre pais e filhos, é menos impor-tante que a afetividade. É impres-cindível a exemplificação do queaprendemos: doar de nós mesmos,agir com caridade, partilhar ideais,confiar naqueles a quem amamos.

Para um lar estabilizado, os pais,na medida do possível, devem es-merar-se em permanecer ao ladodos filhos; acompanhá-los, cotidia-namente, conhecendo e avaliandoas suas dificuldades morais e espiri-tuais, sem a pretensão de achar que

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sejam modelos de excelentes qua-lidades, já preparados para a execu-ção de nobilíssimas tarefas futuras.

Todos os que reencarnam emnosso mundo, de modo geral, sãoEspíritos imperfeitos e a sua passa-gem pela vida corporal exige que ospais atendam aos desígnios cujaexecução Deus lhes confia, sem re-tardar a marcha da evolução dessesseres e prolongar, indefinidamente,as provas que assumiram em detri-mento dos erros e equívocos prati-cados, ao longo de suas reencarna-ções. É essencial, para a educaçãomoral dos filhos, estimulá-los àfreqüência assídua, desde cedo,à Escola de Evangelização Espíri-ta-Cristã, promovida pelo CentroEspírita, a qual se preocupa em ofe-recer estudos doutrinários e ativi-dades motivadoras, utilizando me-todologias específicas, de acordocom as respectivas faixas etárias,da criança e do jovem.

Se falharmos, ao desencarnar,haveremos de freqüentar, talvez, naEspiritualidade, “os enormes pa-vilhões das escolas maternais”, doMinistério do Esclarecimento, naColônia Nosso Lar, em companhiade “[...] milhares de irmãs que co-mentam, por lá, as desventuras damaternidade fracassada, buscan-do reconstituir energias e cami-nhos. [...]”. Ali existem também os“Centros de Preparação à Paterni-dade”, onde “grandes massas de ir-mãos examinam o quadro de tare-fas perdidas e recordam, com lá-grimas, o passado de indiferençaao dever. [...]”.5

Cabe aos pais preparar os filhospara o futuro, regenerando-os. Re-generar significa emendar ou cor-rigir moralmente, permitindo-lhesconstruir, amanhã, seus próprioslares, que representarão para eleso refúgio mais nobre, mais digno,mais cristão.

Por outro lado, a constituiçãodo grupo familiar não se resume,apenas, em pais e filhos menores.Em diversos lares, haverá outrosmembros de nossa parentela con-sangüínea, rogando por nossacompreensão e apoio. Recomen-da o Apóstolo Paulo, em epístolaa Timóteo (I, 5:4): “[...] aprendam

primeiro a exercer piedadepara com a sua própria

família e a recom-

pensar seus pais; porque isto ébom e agradável diante de Deus”.(I, 5:4.) E, ao analisar a recomen-dação paulina, pergunta Emma-nuel, em uma de suas lúcidaspáginas: “[...] Como seremos ben-feitores de cem ou mil pessoas, seainda não aprendemos a servir cin-co ou dez criaturas? [...] o exercí-cio da piedade no centro das ati-vidades domésticas” deve ser ine-xaurível, priorizando nossas açõesem favor dos familiares, convictos“de que semelhante esforço [pes-soal] representa realização essen-cial”, para cada um de nós.6

Sem isso, não conseguiremosescolher a melhor parte que nos éoferecida pelo Mestre Jesus, comoroteiro seguro de nossas vidas.

Referências:1SOUZA, Juvanir Borges de. (Coordenador

da Equipe da FEB). “Aos Pais de Família”.

Mensagem psicografada pela médium

Yvonne A. Pereira. In: Bezerra de Mene-

zes – ontem e hoje. 3. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2001. p. 87-91.2KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.

4. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

Capítulo XI, item 12, p. 256-257.3VINÍCIUS. Em torno do mestre. 8. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2002. “Larfobia”, p. 263-264.4XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e

vida. Pelo Espírito Emmanuel. Ed. espe-

cial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo

56, p. 127-128.5_____. Os mensageiros. Pelo Espírito An-

dré Luiz. 2. ed. especial. Rio de Janeiro:

FEB, 2006. Capítulo 13, p. 85-86.6_____. Pão nosso. Pelo Espírito Emma-

nuel. Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB,

2005. Capítulo 117, p. 247-248.

20 Reformador • Maio 2008117788

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Ministérios

21Maio 2008 • Reformador 117799

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu,

como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.”

(I PEDRO, 4:10.)

oda criatura recebe do Supremo Senhor o dom de servir como um

ministério essencialmente divino.

Se o homem levanta tantos problemas de solução difícil, em suas lutas

sociais, é que não se capacitou, ainda, de tão elevado ensinamento.

O quadro da evolução terrestre apresenta divisão entre os que denominais

“magnatas” e “proletários”, porquanto, de modo geral, não se entendeu até agora no

mundo a dignidade do trabalho honesto, por mais humilde que seja.

É imprescindível haja sempre profissionais de limpeza pública, desbravadores de

terras insalubres, chefes de fábricas, trabalhadores de imprensa.

Os homens não compreenderam, ainda, que a oportunidade de cooperar nos

trabalhos da Terra transforma-os em despenseiros da graça de Deus. Chegará,

contudo, a época em que todos se sentirão ricos. A noção de “capitalista” e

“operário” estará renovada. Entender-se-ão ambos como eficientes servidores do

Altíssimo.

O jardineiro sentirá que o seu ministério é irmão da tarefa confiada ao gerente

da usina.

Cada qual ministrará os bens recebidos do Pai, na sua própria esfera de ação, sem

a idéia egoística de ganhar para enriquecer na Terra, mas de servir com proveito

para enriquecer em Deus.

T

Fonte: XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005.Cap. 61, p. 137-138.

reformador maio 2008 - a.qxp 3/6/2008 14:51 Page 21

“Movimento NacionalBrasil Sem Aborto” reali-zou um ato público no

dia 29 de março, das 10 às 13 ho-ras, na Praça da Sé, em São Paulo.O evento foi coordenado por Ma-rília de Castro, contando com re-presentantes da sociedade civil ede entidades religiosas. Usaramda palavra os deputados federaisLuiz Carlos Bassuma e Jorge Ta-deu Mudalen, sendo, este, relatordo Projeto de Lei sobre a descri-minalização do aborto –, a ex-se-nadora Heloísa Helena, Dom JoséBenedito, representante da CNBBe do Cardeal de São Paulo, Anto-nio Cesar Perri de Carvalho, dire-tor e representante da FEB, Mar-lene Rossi Severino Nobre, presi-dente da Associação Médico-Es-pírita do Brasil, houve manifesta-ções de várias entidades e, tam-bém, ocorreram apresentaçõesmusicais, entre as quais, do padreMarcelo Rossi. A Praça da Sé esta-va lotada com um público que vi-brava a cada apresentação, fazen-do saudações de “viva a vida!”. APolícia Militar de São Paulo esti-mou em seis mil as pessoas pre-sentes ao Ato. O “Movimento Na-

cional Brasil Sem Aborto” planejaa realização, no dia 20 de agosto,de uma grande passeata em Brasí-lia. Informações: www.brasilse-maborto.com.br

FEB presente em ato público

“Brasil sem aborto”

22 Reformador • Maio 2008 226600

O

reformador maio 2008 - a.qxp 3/6/2008 14:51 Page 22

reunião mediúnica, na qualos desencarnados “incor-porados” são atendidos por

um doutrinador – que preferimoschamar de esclarecedor – ficouconsagrada no Movimento Espí-rita como reunião de desobsessão,mas, na verdade, esse título não re-vela a extensão e a diversidade doserviço que se realiza nesse encon-tro semanal entre encarnados e de-sencarnados. Nele não são atendi-dos somente Espíritos obsessores,conscientes ou não de sua atuaçãodeletéria, mas, também, Espíritossofredores em situações diversas,tais como os suicidas, os trauma-tizados pela desencarnação vio-lenta, os acometidos de alienaçãomental, os que não se reconhecem“mortos”, os descrentes em Deus,os frustrados com os ensinamen-tos da religião que adotaram navida material, toxicômanos, dese-quilibrados sexuais e tantos outros.

O propósito aqui não é exami-nar a propriedade do nome dessareunião, mas analisar o que se pas-sa com o Espírito após ser atendi-do pelo esclarecedor. Convém re-cordar, com o Espírito André Luiz,que o espaço destinado à reuniãode desobsessão entre quatro paredes“[...] guarda a importância de uma

enfermaria, com recursos adjacen-tes da Espiritualidade Maior paratratamento e socorro das mentesdesencarnadas, ainda conturbadasou infelizes”.1 Nesse ambiente, odesencarnado, após o diálogo fra-terno com o esclarecedor, é, muitasvezes, convidado a receber auxíliodos Espíritos que atendem na Ins-tituição, com a finalidade de forta-lecer-lhe o moral para o recomeçode nova jornada em direção à Luz.

O Espírito Efigênio S. Vítorcontribui com o nosso estudo in-formando que o Centro Espírita éum expressivo porto de auxílio,erigido à feição de pronto-socorro,e possui um vasto corpo de colabo-radores composto de médicos, re-ligiosos de várias crenças, médiunsespíritas desencarnados, magneti-

zadores, enfermeiros, guardas, pa-dioleiros e outros, prontos a ser-vir, em nome do Cristo, aos desen-carnados atendidos na Instituição.2

Somam-se com essa informaçãoos inúmeros testemunhos dos Es-píritos que são ouvidos em nossasreuniões, revelando a forma comoencontraram o equilíbrio de quenecessitavam, participando de es-tudos doutrinários, assistindo apalestras, tomando passes e sendoamparados fraternalmente porum companheiro que lhes serviude cireneu, pois os primeiros pas-sos na reforma íntima são difíceisde ser dados.

A oportunidade de soergui-mento oferecida pela equipe espi-ritual, dentro de um programadisciplinado e com objetivos defi-

Atendimento fraternoe assistência espiritual

22 Reformador • Maio 2008118800

WA L D E H I R BE Z E R R A D E AL M E I DA

A

Os médiuns esclarecedores são constituídos pelo dirigente e seus assessores

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irada

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ssão

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. FE

B

reformador maio 2008 - b.qxp 3/6/2008 14:56 Page 22

nidos, é consonante com a funçãodo Centro Espírita que, “[...] revi-vendo o Cristianismo, é um lar desolidariedade humana, em que osirmãos mais fortes são apoio aosmais fracos e em que os mais feli-zes são trazidos ao amparo dosque gemem sob o infortúnio”.3

A dinâmica do auxílio oferecidopelos nossos mentores, no plano in-visível, a partir do atendimento da-do na reunião de desobsessão, podeservir de modelo, mutatis mutandis,para um tratamento espiritual a seradotado nas casas espíritas, no pla-no visível, para quem busca socorrono Atendimento ou Diálogo Fra-terno, conforme se queira chamar.Após ouvir o irmão necessitado, oatendente dar-lhe-á esclarecimen-tos à luz da Doutrina Espírita, paraque encontre a consolação de quetanto necessita naquele momentoe, em seguida, sem vender-lhe ilu-são da solução instantânea dos seusmales, mas sim, o alívio – conformeprometeu Jesus (Mateus, 11:28) –,propor-lhe-á um tratamento espi-ritual a fim de fortalecê-lo na fé ena esperança para a conquista demelhores dias em sua vida.

Durante o recebimento do be-nefício espiritual serão solicitadosprocedimentos que irão se con-jugar para que encontre o equilí-brio psíquico-espiritual, deven-do, para isso:

a) adquirir o hábito de orar ede fazer a caridade;

b) identificar suas más tendên-cias e combatê-las com per-severança;

c) limpar o seu coração, extir-pando dele os ressentimen-

tos, e aprender aperdoar.

Para tanto, ser-lhe-áoferecido um roteiroescrito, ministrando--lhe estudo que favo-reça o entendimen-to da dinâmica davida, do porquê dador; orientando-ona tomada de passese de água fluidificada de ma-neira metódica; adotando a “bi-blioterapia”, fazendo leituras apro-priadas; buscando formas práti-cas na vida diária para a manu-tenção do pensamento positivo eparticipação em palestras doutri-nárias. Conforme o caso, propor--lhe-á a “laborterapia”, com a exe-cução de tarefas na Casa, semprecondizentes com seu conheci-mento e estado psíquico-espiri-tual. Tudo isso sem violentar-lheo livre-arbítrio e sem interferirnas suas crenças e hábitos. O Soloferece luz a todos. Fica na som-bra quem dele quiser se escon-der. Dessa forma, aquele irmão,que antes se sentia desamparadoe sem rumo para sua vida, vê-seao lado de companheiros que oabraçam fraternalmente, fazen-do com que vislumbre caminhosantes não percebidos.

Como bem adverte a MentoraJoanna de Ângelis, o atendimentofraterno “não se propõe a resolveros desafios nem as dificuldades,eliminar as doenças nem os sofri-mentos, mas propor ao cliente osmeios hábeis para a própria recupe-ração”. E enfatiza: “O atendimentofraterno na Casa Espírita é de vital

importância, para todo aquele quelhe busque ajuda, seja orientandocom equilíbrio, seja guiando-o parao labor de auto-iluminação”.4 (Gri-famos.) E ressalta: Entendemos, aí,que a Casa Espírita deve oferecer osmeios de forma prática a quem de-la busca o socorro e guiá-lo na suaempreitada de reforma interior.

Assim como a assistência aosdesencarnados na reunião de de-sobsessão não cessa após o diálogocom o esclarecedor, entendemosque o atendimento fraterno tam-bém não. Corrigir as mazelas daalma implica a nossa reeducação,exige-nos reforma interior, quedemanda esforço, disciplina, de-dicação e, acima de tudo, apoiode alguém que, além de nos dizer“levanta-te”, estende-nos tambéma mão. Domar paixões inferiores,não alimentar ódio, inveja, ciúmee orgulho; não se deixar dominarpelo egoísmo, passar a nutrir bonssentimentos e começar a praticara caridade não são tarefas fáceisde serem implementadas por alma

23Maio 2008 • Reformador 118811

Diálogo fraterno entre o esclarecedore o espírito desencarnado

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B

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ainda incipiente na prática das leismorais. Ela sempre vai necessitardas diretrizes de um programa dereforma, acompanhada por al-guém que lhe inspire confiança epossa levantá-la nos momentosdas quedas. Propor ao cliente osmeios hábeis para a própria recu-peração [...] guiando-o para o la-bor de auto-iluminação significa,para nós, outorgar ao atendidoum programa em que, durante

um certo período, tenha ele o dis-ciplinamento, o apoio moral e asolidariedade fraterna de alguémna Instituição, qual ocorre no pla-no invisível, para ajudá-lo nosprimeiros passos do recomeço.

Referências:1XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. De-

sobsessão. Pelo Espírito André Luiz. Rio

de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 18, p. 77.2VÍTOR, Efigênio S. “Visão espiritual de

um centro espírita”. In: Educandário de

luz. Autores diversos. 2. ed. São Paulo:

Ideal. Cap. 34, p. 80.3XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Estu-

de e viva. Pelos Espíritos Emmanuel e An-

dré Luiz. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

Cap. 39, mensagem de Emmanuel, p. 223.4FRANCO, Divaldo Pereira. Terapia do

amor. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. In:

AZEVEDO, Geraldo de, e outros. Atendi-

mento fraterno. 4. ed. Salvador: LEAL.

p. 16-18.

24 Reformador • Maio 2008118822

O “Movimento Nacional Bra-sil Sem Aborto” realizou um atopúblico no dia 29 de março, das10 às 13 horas, na Praça da Sé, emSão Paulo. O evento foi coorde-nado por Marília de Castro, con-tando com representantes da so-ciedade civil e de entidades reli-giosas. Usaram da palavra os de-putados federais Luiz Carlos Bas-suma e Jorge Tadeu Mudalen –sendo, este, relator do Projeto deLei sobre a descriminalização doaborto –, a ex-senadora Heloísa

Helena, Dom Joaquim JustinoCarrera, representante da CNBBe do Cardeal de São Paulo, Anto-nio Cesar Perri de Carvalho, dire-tor e representante da FEB, Mar-lene Rossi Severino Nobre, presi-dente da Associação Médico-Espí-rita Internacional. Houve mani-festações de várias entidades e, tam-bém, ocorreram apresentações mu-sicais, entre as quais, a do padreMarcelo Rossi. Além dos represen-tantes que falaram, estavam pre-sentes muitas instituições, como a

União das Sociedades Espíritas doEstado de São Paulo, na pessoa dodiretor Paulo Ribeiro. A Praça daSé estava lotada com um públicoque vibrava a cada apresentação,fazendo saudações de “viva a vi-da!”. A Polícia Militar de São Pau-lo estimou em seis mil as pessoaspresentes ao Ato. O “MovimentoNacional Brasil Sem Aborto” pla-neja a realização, no dia 20 deagosto, de uma grande manifes-tação em Brasília. Informações:www.brasilsemaborto.com.br

“Em Defesa da Vida –Brasil Sem Aborto”

FEB presente em ato público

reformador maio 2008 - b.qxp 3/6/2008 14:57 Page 24

25Maio 2008 • Reformador 118833

importante refletir sobre opapel que os tesouros con-quistados representam na vi-

da de cada um. Se os tesouros sãoperenes, iluminam os caminhosárduos da redenção; quando tran-sitórios, aprisionam as almas nasmalhas do tempo. De posse de al-guns tesouros o homem chega aultrapassar os limites do bom sen-so e da razão. Além do apego aosbens e à riqueza é possível identi-ficar o de muitos colecionadoresde moedas, jóias, selos, quadros,carros antigos, chaveiros, e até quin-quilharias, que chegam a alcançarvalores inestimáveis, facilmentetransformados em objetos de am-bição e cobiça. O apego afetivo,ainda mais perigoso, é muito co-mum entre os entes queridos; aoinvés de unir, agrilhoa as almas porséculos de incompreensão e des-dita. Com os melhores sentimen-tos focalizados nesses interessesprioritários, o Espírito alheia-se doverdadeiro tesouro que lhe propor-cionaria segurança na vida terre-na e alicerce nos planos Maiores.

Essa paixão doentia,além de lhe acarretarum despertar doloro-so no plano espiritual,acende o estopim da posse desme-dida e, enlouquecido, busca, emvão, o objeto de sua desdita.

Jesus, conhecedor dos labirin-tos da alma, não deixou de aler-tar: “Onde estiver o vosso tesou-ro ali estará também o vosso co-ração”.

Se os tesouros intelectuais po-dem descortinar ao Espírito os pi-náculos da evolução filosófica, ar-tística, científica e tecnológica, cabeaos tesouros morais desbravar asenda evolutiva do ser imortal. Nãohaverá iluminação da alma sem ocombate contínuo às más inclina-ções e a vivência sincera das liçõesdo Cristo. O Espírito Emmanuelreitera os filósofos da Antigüidade:“[...] a maior necessidade da cria-tura humana ainda é a do conheci-mento de si mesma”. (O Consola-dor, Francisco C. Xavier, questão232, Ed. FEB.) Porém, reafirma omesmo autor espiritual, “[...] para

a iluminação do ínti-mo,só tendes no mun-do o Evangelho do Se-nhor, que nenhum ro-

teiro doutrinário pode-rá ultrapassar”.(Op.cit.,questão 219.)

A evangelização é o roteiro quedará à criatura os subsídios parao seu engrandecimento espiritual:fortalece os bons propósitos e pro-picia-lhe condições para uma vidamoralmente saudável e equilibra-da. Neste contexto de aquisiçõesiluminativas, os tesouros conquis-tados na Terra serão baldeadoscom o Espírito para o mundo es-piritual “[...] onde nem a traçanem a ferrugem consomem, e on-de os ladrões não minam, nemroubam”. (Mateus, 6:20.)

Onde está ovosso coração?

É

“Porque onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.” (Mateus, 6:21.)

A. ME RC I SPA DA B O RG E S

reformador maio 2008 - b.qxp 3/6/2008 14:57 Page 25

existência humana não éato acidental, mas manifes-tação da misericórdia e da

justiça divinas. O Espírito é um serimortal criado simples e ignoran-te por Deus, porém submetido à leido progresso. O trabalho desen-volvido nas inúmeras reencar-nações lhe permite repararerros cometidos pelo usoincorreto do livre-arbítrioe, ao mesmo tempo, evo-luir pela aquisição de co-nhecimentos e virtudes.

Antes da concepçãobiológica – momentoem que o óvulo (célulareprodutora feminina) éfecundado pelo esperma-tozóide (célula reprodutoramasculina) –, o Espírito reen-carnante estabelece ligações fluí-dicas com os futuros genitores, emespecial com a sua mãe, por meiode “[...] um laço fluídico, que maisnão é do que uma expansão do seuperispírito [...]”.1 À medida que es-sa ligação se intensifica, diminuem

os pontos de contato do Espíritocom o plano espiritual, condiçãonecessária às modificações plásti-

cas que ocorrerão no perispírito,principalmente as de redução.2

A resposta transmitida pelos Es-píritos superiores à questão 344 de

O Livro dos Espíritos: – “Em que mo-mento a alma se une ao corpo?” –especifica o exato momento em quecomeça a união do Espírito à ma-téria, no processo reencarnatório:

A união começa na concepção,

mas só é completa pela oca-

sião do nascimento. Desde

o instante da concepção,

o Espírito designado pa-

ra habitar certo corpo a

este se liga por um laço

fluídico, que cada vez

mais se vai apertando

até ao instante em que

a criança vê a luz. [...]3

André Luiz informaque a partir daí, da con-

cepção, acelera-se o processode redução perispiritual e de li-

beração de elementos absorvidospelo Espírito no plano espiritual.2, 4

Nessa situação, o perispírito doreencarnante é amplamente mag-netizado por Espíritos especialis-tas, denominados “construtores”, e

A

Em dia com o Espiritismo

Pródromos dareencarnação

MA RTA AN T U N E S MO U R A

26 Reformador • Maio 2008118844

reformador maio 2008 - b.qxp 3/6/2008 14:57 Page 26

por outros benfeitores, os quais,simultaneamente, induzem o fu-turo reencarnado a criar imagensmentais relativas à organização fe-tal e à vida no ventre materno. Es-se tipo de visualização ideoplásti-ca favorece o trabalho de reduçãoperispiritual, organização e desen-volvimento embrionário-fetal.4

Durante a concepção – caracte-rizada pela fusão dos núcleos dasduas células reprodutoras –, for-ma-se uma célula diferenciada de-nominada zigoto ou ovo fertilizado,que irá se desenvolver até o estágiode embrião e feto, respectivamen-te, no espaço de tempo conhecidocomo período de gestação. A despei-to do afluxo de inúmeros esperma-tozóides posicionados ao redor doóvulo, apenas um irá fecundá-lo.O sexo do ser em vias de formaçãoé definido nesse momento. No pe-ríodo de 24 a 48 horas surge, então,o embrião, propriamente chamadoblastocisto, em razão da sucessivadivisão e diferenciação celular ocor-rida no zigoto. Imediatamente apósa fecundação, antes do início dadivisão celular, o zigoto é envolvidopor uma coroa protetora de células,que fornece os elementos nutriti-vos necessários ao seu desenvolvi-mento: íons minerálicos, proteínase aporte de oxigênio, entre outros.

O processo de fecundação, es-truturação do zigoto e do blastóci-to acontece em uma das trompas deFalópio, estrutura biológica situa-da entre o ovário e o útero. O blas-tocisto presente na trompa possuicélulas-tronco totipotentes, capazesde originar os 216 tecidos existen-tes no corpo humano, a placenta e

os anexos embrionários. A implan-tação do blastocisto no útero, peloconhecido mecanismo de nidação,transforma-o em embrião, propria-mente dito, possuidor de células--tronco embrionárias pluripoten-tes, as quais, por efeito das dife-renciações ocorridas, podem ain-da produzir os 216 tecidos huma-nos, exceto a placenta e os anexosembrionários. A utilização de taiscélulas para fins de pesquisa cien-tífica, tanto as totipotentes quantoas pluripotentes, provoca morte doembrião, daí ser considerada prá-tica abortiva pelo Espiritismo.

As leis da hereditariedade bio-lógica são definidas durante a fe-cundação. Funcionam com admi-rável precisão, uma vez que estãosubmetidas aos critérios do auto-matismo biológico, firmemente es-tabelecido nas sucessivas passagensdo princípio inteligente pelos rei-nos inferiores da Natureza. A rea-ção em cadeia, iniciada na fecun-dação do óvulo e concretizada naformação de um novo corpo físi-co, é desencadeada pela ação men-tal do Espírito reencarnante, comauxílio específico da genitora edos Espíritos construtores.

Esclarece André Luiz:

[...] A modelagem fetal e o

desenvolvimento do em-

brião obedecem a leis

físicas naturais, qual

ocorre na organização

de formas em outros

reinos da Natureza,

mas, em todos esses

fenômenos, os as-

cendentes de coope-

ração espiritual coexistem com

as leis, de acordo com os planos

de evolução ou resgate.5

As ligações espirituais dos fi-lhos com os pais, entretanto, sãode outra ordem, têm como baseos princípios que envolvem a or-ganização da parentela espiritual.

Devemos considerar que todasessas informações refletem meca-nismos biológicos e espirituais

27Maio 2008 • Reformador 118855

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simples, ainda que revelem a bele-za e a sabedoria da criação divina.Trata-se de processos reencarnató-rios comuns, corriqueiros, desti-nados a Espíritos de mediana evo-lução, cujos detalhamentos estãoexemplarmente ilustrados na reen-carnação de Segismundo, relatadana obra Missionários da Luz, deAndré Luiz, psicografia de Fran-cisco Cândido Xavier.

Importa destacar, também, queo Espírito que já atingiu certo pa-tamar evolutivo torna-se merece-dor de benefícios espirituais avan-çados, quando do seu retorno aoplano físico. Não se trata de rega-lias, aleatoriamente concedidas,mas de méritos conquistados peloEspírito no seu esforço de ascen-são. Dessa forma, as leis biológi-cas, em geral, e a herança genética,em especial, são maleáveis à açãode Entidades esclarecidas, queanalisam cuidadosamente os finse os objetivos da reencarnaçãodesses Espíritos. Eis o que AndréLuiz transmite a respeito da lei dehereditariedade fisiológica:

– Funciona com inalienável do-

mínio sobre todos os seres em

evolução, mas sofre, natural-

mente, a influência de todos

aqueles que alcançam qualida-

des superiores ao ambiente ge-

ral. Além do mais, quando o in-

teressado em experiências no-

vas no plano da Crosta é mere-

cedor de serviços “intercessó-

rios”, as forças mais elevadas

podem imprimir certas modifi-

cações à matéria, desde as ativi-

dades embriológicas, determi-

nando alterações favoráveis ao

trabalho de redenção.6

Nessas condições, “os Espíritoscategoricamente superiores, quasesempre, em ligação sutil com amente materna que lhes ofertaguarida, podem plasmar por simesmos e, não raro, com a cola-boração de instrutores da VidaMaior, o corpo em que continua-rão as futuras experiências, inter-ferindo nas essências cromossô-micas, com vistas às tarefas quelhes cabem desempenhar”.7

Durante a gravidez, mãe e filhodevem ser envolvidos em clima deafeto e de segurança, pois os laçosque prendem o reencarnante aocorpo “[...] são ainda muito fra-cos, facilmente se rompem e po-dem romper-se por vontade doEspírito, se este recua diante daprova que escolheu.[...]”.8 Nestesentido, a Casa Espírita pode, e de-ve, colaborar com os Orientadores

da Vida Maior, disponibilizando àgestante e ao reencarnante assis-tência espiritual, como as benéficasvibrações da prece e do passe.

Referências:1KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de

Guillon Ribeiro. 52. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2007. Cap. XI, item 18, p. 245.2XAVIER, Francisco Cândido. Missionários

da luz. Pelo Espírito André Luiz. 43. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 13, p. 265.3KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tra-

dução de Guillon Ribeiro. 91. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2007. Questão 344.4XAVIER, Francisco Cândido. Op. cit. Cap.

13, p. 270.5Idem, Ibidem, p. 261.6Idem, Ibidem, p. 204.7XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Wal-

do. Evolução em dois mundos. Pelo Es-

pírito André Luiz. 24. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2006. Primeira parte, cap. 19, item

Particularidades da reencarnação, p. 194.8KARDEC, Allan. Op. cit. Questão 345,

p. 226.

28 Reformador • Maio 2008118866

Se o prezado leitor possui livros publicados pela FEB, de 1a a 5a

edição, saiba que são valiosos para a organização de nossos registrosbibliográficos.

Doe seus exemplares à Federação e, em troca, lhe enviaremosedições atuais.

Não deixe de informar seu CPF, se pessoa física, ou CNPJ, se pes-soa jurídica, telefone ou e-mail, enviando o material para o seguinteendereço:

Federação Espírita BrasileiraDepartamento EditorialSetor de Documentos Patrimoniais do LivroRua Souza Valente no 17 – São Cristóvão20941-040 – Rio de Janeiro (RJ) – Tel.: (21) 2187-8256E-mail: [email protected]

Ao leitor

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direção da Academia Mi-neira de Letras, sediadaem Belo Horizonte, teve a

gentileza de enviar-me seu Infor-mativo no 14, de março de 2007 e,entre outros registros, publicou acarta que a rainha Maria Anto-nieta endereçou a seus filhos, àépoca da Revolução Francesa.

Esta carta, que está arquiva-da na Biblioteca FrançoisMitterrand, em Paris, foiescrita pela própria es-posa do rei Luís XVIe seus dizeres são osseguintes:

Que meus filhos

nunca se esque-

çam das últimas

palavras de seu pai,

que eu repito expres-

samente: Nunca pro-

curem vingar a nossa

morte. Eu perdôo a todos os

meus inimigos o mal que me

fizeram.

Desde o início da RevoluçãoFrancesa – 1789 –, a qual irrom-peu em 14 de julho, Maria Anto-nieta impelia seu marido a umaresistência ao Movimento que seinstalara, contra a monarquia, e

que ficaria conhecido no mundointeiro. Por outro lado, Luís XVIseria acusado pela ConvençãoGirondina de conspirador contraa liberdade pública no país. Emconseqüência, foram ambos con-denados à morte na guilhotina.

Respeitável a exortação deLuís XVI a seus filhos, endossadapor sua esposa.

Condenam a vingança!Que recebe esta, de Rodolfo

Calligaris, em Páginas de Espiri-tismo Cristão,1 uma apreciação:

A vingança, qualquer que seja

a forma de que se revista, reve-

la baixeza e vilania, constituin-

do, sempre, prova de inferiori-

dade moral de quem a exerce.

Externam os monarcas per-dão a quantos os condena-

ram!Que hoje o meigo Es-

pírito Meimei, na obraPai Nosso,2 define emsingela quadra:

“O perdão, em[qualquer tempo

É sempre um traço[de luz,

Conduzindo a nossa[vida

À comunhão com Jesus”.

Por muito tempo, a expressãode um paciente de hospital re-percutiu no íntimo de um médi-co, sobretudo em decorrência dascaracterísticas em que foi pro-nunciada:

Não desista!Foram estas as últimas palavras

balbuciadas na cidade de Salt

Últimas palavras

AKL E B E R HA L F E L D

Rainha Maria Antonieta,esposa do rei Luís XVI

29Maio 2008 • Reformador 118877

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reformador maio 2008 - b.qxp 3/6/2008 14:58 Page 29

Lake City, Utah, Estados Unidos,pelo dentista Barney Clark, de 61anos – o primeiro homem a rece-ber um coração de plástico –, aomédico Willem Kilff, chefe do De-partamento de Órgãos Artificiaisda Universidade de Utah.

Qual a verdadeira razão da fra-se proferida em um quarto de hos-pital americano?

Estimular o facultativo nas pes-quisas que vinham sendo realiza-das no difícil campo dos trans-plantes de órgãos artificiais?

Reivindicar para si a atençãoda Ciência a fim de sobrepor-se aum estado crítico de doença?

Acredito que ambas as respos-tas possam ter sua justificativa, ouseja, se era para estimular o médi-co no trabalho em que estava em-penhado, deixa transparecer o es-

tímulo sincero de um paciente aopesquisador que lutava para a me-lhoria futura de outros enfermos.Se era para se ver livre de um malque a Ciência ainda não havia re-solvido, na verdade é a demons-tração de um enfermo que lutapela própria sobrevivência, que vêno corpo físico o “vaso” que devereceber a atenção justa, conformealertam os instrutores espirituais.

Qualquer que fosse o motivo,o fato é que a frase ficaria catalo-gada no Livro das Expressões Cé-lebres da nação americana.

Curiosas passagens foram re-cordadas pelo escritor e tribunoespírita – o querido e saudosocompanheiro de lutas doutriná-rias, Newton Boechat, em sua

obra O Espinho da Insatisfa-ção,3 editada pela Federação

Espírita Brasileira.No capítulo “Espíri-

tos-rosas... Espíritos--espinhos...”, evidenciao autor as marcantesfiguras da rainha Eli-zabeth I, da Inglaterra,filha de Henrique VIIIe Ana Bolena, e a dePedro Richard, valo-roso trabalhador do

Espiritismo, no Rio deJaneiro.A leitura deste capítu-

lo é suficiente para descor-tinar à nossa retina espiri-

tual duas criaturas diametral-mente opostas à concepção devida e morte.

Elizabeth I, sentindo as ener-gias esvaírem-se, diante de um“além” desconhecido, e atormen-tada pela aparição da prima Ma-ria Stuart – que mandara decapi-tar –, grita:

“Meu reino por mais um mi-nuto!...”

Pedro Richard, com o peitoarfando dolorosamente e as per-nas denunciando grave incha-ção, ouvindo as confortadoraspalavras de Manuel Quintão – àépoca presidente da FederaçãoEspírita Brasileira –, deixa esca-par a expressão que a comunida-de espírita anotaria com respei-tosa emoção:

“[...] Eu me vou... Sinto dei-xar-te e os nossos amigos brace-jando nas trevas deste mundo...”

Acreditando supérfluo um co-mentário sobre estas duas exterio-rizações, sigamos à frente focandoo último relato deste trabalho.

Humberto de Campos, um dosmais apreciados cronistas domundo espiritual, em sua incon-fundível obra Boa Nova,4 no capí-tulo “Joana de Cusa”, recorda-nosesta comovente figura do Cristia-nismo nascente, detalhando-nossua vida em Cafarnaum e, de for-ma sumamente emocional, seusúltimos momentos de vida terre-na, emoldurados por expressõesde profunda espiritualidade.

Na parte terceira do capítulomencionado, coloca-nos o autor

30 Reformador • Maio 2008118888

Pedro Richard: valorosotrabalhador do Espiritismo

reformador maio 2008 - b.qxp 3/6/2008 14:58 Page 30

no ano 68 da Era Cristã, quandose faziam mais intensas as perse-guições aos adeptos de Jesus.

Em um circo de cruéis espetá-culos vamos identificar Joana deCusa – que se entregara corajo-samente ao trabalho nas fileirascristãs, malgrado as investidas dosromanos obedientes às ordens deCésar – amarrada ao poste do mar-tírio exatamente ao lado de seufilho, também aprisionado pelopoder constituído da época.

Após falar sobre o angustianteapelo do filho, no sentido de queela abjurasse a doutrina de Jesus,a fim de se livrarem do sacrifícioque lhes era imposto, Joana deCusa considera:

[...] Jesus era puro e não des-

denhou o sacrifício. Saibamos

sofrer na hora dolorosa, por-

que, acima de todas as felici-

dades transitórias do mundo,

é preciso ser fiel a Deus!

E Humberto de Campos, en-feixando este comovente capítu-lo, continua:

A esse tempo, com os aplausos

delirantes do povo, os verdu-

gos lhe incendiavam, em der-

redor, achas de lenha embebi-

das em resina inflamável. Em

poucos instantes, as labaredas

lamberam-lhe o corpo enve-

lhecido. Joana de Cusa con-

templou com serenidade a

massa de povo que lhe não en-

tendia o sacrifício. Os gemidos

de dor lhe morriam abafados

no peito opresso. Os algozes

da mártir cercaram-lhe de im-

propérios a fogueira:

– O teu Cristo soube apenas

ensinar-te a morrer? – pergun-

tou um dos verdugos.

A velha discípula, concentran-

do a sua capacidade de resis-

tência, teve ainda forças para

murmurar:

– Não apenas a morrer, mas

também a vos amar!...

E termina Humberto de Campos:

Nesse instante, sentiu que a mão

consoladora do Mestre lhe

tocava suavemente os ombros,

e lhe escutou a voz carinhosa e

inesquecível:

– Joana, tem bom ânimo!... Eu

aqui estou!...

Frases proferidas em momen-tos críticos da vida bem dimen-sionam o patamar de nossa evo-lução.

Quão diferentes as reações dascriaturas!

Referências:1CALLIGARIS, Rodolfo. Páginas de espi-

ritismo cristão. 5. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2001. Cap. 60.2XAVIER, Francisco Cândido. Pai nosso.

Pelo Espírito Meimei. 27. ed. Rio de Janei-

ro: FEB, 2006. “O Perdão” (verso), p. 79.3BOECHAT, Newton. O espinho da insa-

tisfação. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2002. “Espíritos-rosas... Espíritos-espi-

nhos...”, p. 103-104.4XAVIER, Francisco Cândido. Boa nova.

Pelo Espírito Humberto de Campos. 3.

ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2007.

“Joana de Cusa”, p. 127-128.

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31Maio 2008 • Reformador 118899

Rainha Elizabeth I. Quadro de 1588 comemorativo da vitóriasobre a Armada Espanhola (vista ao fundo)

reformador maio 2008 - b.qxp 3/6/2008 14:58 Page 31

Reproduzimos abaixo aprofunda e sugestiva visãode Luiz Antônio Millecco(1932-2005) a respeito doesperanto, em texto publica-do inicialmente no boletimSEI, no 1009, de 1/8/87, ereimpresso, há 20 anos, emReformador de março de1988.

Millecco, que era cego denascença, foi um dos funda-dores da Sociedade Pró-Li-vro Espírita em Braille(SPLEB). Seus ideais eramuniversalistas por excelên-cia: Música, Braille, Evange-lho, Espiritismo, sendo tam-bém um entusiasta da Lín-gua Internacional Neutra.

Eis o texto do querido e saudoso amigo, irmãoe samideano, de quem guardamos as mais caras egratas lembranças:

oderá parecer estranho o título desteartigo, por não se referir ao Esperantocomo um idioma internacional, ou

universal, mas sim universalista.Convém que nos entendamos, antes de mais na-

da, sobre as palavras uni-verso e universalismo, a fimde verificarmos qual a suarelação com o Esperanto.

Universo = um em diver-sos. Depreende-se daí queuniversalismo seria uma con-cepção na qual se coordena-riam todas as diversas cor-rentes de pensamento nu-ma única síntese. Esta é, aliás,a aspiração filosófica de to-dos os inquietos pela Verda-de, desde fins do século pas-sado [século XIX].

Ora, que é o Esperanto?Assim como o universa-

lismo não substitui, antescoordena e fecunda todas asidéias verdadeiras existen-

tes no mundo, também o Esperanto não pretendesubstituir nenhum dos idiomas nacionais, mas secoloca como um idioma auxiliar, a fim de que to-das as pessoas se entendam.

Assim como o universalismo conteria elemen-tos do que haja de belo, verdadeiro e legítimo nasmais variadas concepções, também no Esperantoexiste a presença, se não de todas, pelo menos dasprincipais línguas.

Esperanto:idioma universalista

32 Reformador • Maio 2008119900

A FEB e o Esperanto

LU I Z AN T Ô N I O MI L L E C C O

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Luiz Antônio Millecco foi um dos fundadoresda Sociedade Pró-Livro Espírita em Braille (SPLEB)

reformador maio 2008 - b.qxp 3/6/2008 14:58 Page 32

Por que o Esperanto?Há, atualmente, quem afirme

ser o inglês o verdadeiro idio-ma universal. Na realidadenão se pode fugir ao fato deque este idioma se impõepor uma série de razões.No entanto, não possuiele a característica deuma língua realmenteuniversal. Sem discutir-mos seu mérito, não po-demos deixar de ver oidioma inglês ou qualqueroutro como presença de umadeterminada cultura. Querer-mos impor como universal o inglês,o francês ou o espanhol seria sobrepor-mos a cultura anglo-saxônica ou a latina às demais.É exatamente o que ocorre com o Esperanto. O gê-nio de Zamenhof, ou sua mediunidade, ou ambos,fizeram-no perceber que tudo que é universal devecoordenar, harmonizar e não separar.

O Esperanto assemelha-se a uma espécie de sin-fonia, à moda Beethoven. Conforme se sabe, estegenial compositor sabia aproveitar as dissonânciascompondo com elas vastos e profundos acordes em

que a harmonia se impunha impecá-vel. Quem se aproxima do Espe-

ranto percebe nele exatamenteas mesmas características.

Ele toma a todos os idio-mas o que há neles de vá-lido e os reúne paracompor o campo neu-tro em que se encon-tram as mais variadas eaparentemente distan-

tes civilizações.Se observarmos o que se

passa no mundo, em nossosdias, perceberemos que mais e

mais se extinguem os “departa-mentos estanques”. Ciência, filosofia,

religião e tecnologia cada vez mais seaproximam. Tudo está a indicar uma síntese final, pe-lo menos quanto a este ciclo, dos conhecimentos hu-manos e das tendências da Humanidade. Justo nestecontexto é que surge o Esperanto. Seu título, cuja sig-nificação é esperança, diz bem da sua missão. Quepossamos parar e refletir sobre isto. E entendermos,afinal, a mensagem de Zamenhof e, completemos,com ela, o maravilhoso painel que se desenha nahistória do mundo a partir do Terceiro Milênio”.

33Maio 2008 • Reformador 119911

Trova TroboNão sofras se tua féTrabalha quase sozinha.Nasce a floresta giganteDa semente miudinha.

Ne suferu, laboranteEn soleco por la bono.De semeto tre malgrandaVenas l’arbara impono.

Chiquito de Morais (Espírito)

Fonte: XAVIER, Francisco C. Trovas do outro mundo. Trovadores Diversos. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 45, “Retalhos da verdade”, p. 104.

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Apóstolo dos gentiosnunca perdeu o ensejode exaltar as virtudes

cristãs nas inúmeras cartas quedirigiu às comunidades do Cris-tianismo nascente.

Recordando-se, talvez, das li-ções recebidas de sua noiva espiri-tual, Abigail, sempre manteve ofirme propósito de debelar o pes-simismo e o desânimo, conservan-do e semeando a esperança, mes-mo no curso de dolorosas prova-ções. Em meio a açoites, calúnias,perseguições, naufrágios, prisões epadecimentos físicos, o Apóstolosempre encontrava a palavra debom ânimo.

As inspiradas exortações dePaulo se tornaram célebres:

[...] permaneçamos sóbrios,

revestidos com a couraça da fé

e do amor, e com o capacete da

esperança.2

O que se escreveu então foi pa-

ra a nossa instrução, para que

pela paciência e consolação da

Escritura tenhamos esperança.3

Agora, pois, permanecem a fé,

a esperança, e a caridade. [...]4

A palavra portuguesa “espe-rança”, encontrada nessas passa-gens, é uma tradução do vocá-

bulo grego elpis (esperança, ex-pectativa), substantivo derivadodo verbo elpidzo (esperar, ter es-perança, prever). Não é difícilperceber que a esperança é luzespiritual que “[...] vem de ci-ma, à maneira do Sol que ilumi-na do alto e alimenta as semen-teiras novas, desperta propósi-tos diferentes, cria modificaçõesredentoras e descerra visõesmais altas”.5

É, no mínimo, curiosa a metá-fora utilizada por Paulo de Tar-so, quando compara a esperançaa um capacete, ao lado da fé e doamor no papel de couraça, já queesta indumentária é típica de umguerreiro.

Consoante o ensino de Em-manuel:

34 Reformador • Maio 2008119922

O

Esperança

HA RO L D O DU T R A DI A S

Cristianismo Redivivo

“[...] Que providências adotar contra o desânimo destruidor? – Espera! – disse ela [Abigail] ainda, num gesto de terna solicitude, como quem

desejava esclarecer que a alma deve estar pronta a atender ao programa divino, em qualquer circunstância, extreme de caprichos pessoais.

Ouvindo-a, Saulo considerou que a esperança fora sempre a companheira dos seus dias mais ásperos. Saberia aguardar o porvir com as bênçãos

do Altíssimo. [...]”1

1XAVIER, Francisco Cândido. Paulo eEstêvão. Pelo Espírito Emmanuel. 44. ed.Rio de Janeiro: FEB, 2007. Segunda Parte,cap. III, p. 381-382.

2Bíblia do peregrino. São Paulo: PAULUS,2002. I Tessalonicenses, 5:8, p. 2841.

3Bíblia do peregrino. São Paulo: PAULUS,2002. Romanos, 15:4, p. 2732.

4 Bíblia sagrada. Revista e Atualizada. Tra-duzida por João Ferreira de Almeida. 2.ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil,1993. I Coríntios, 13:13, p. 1232.

5XAVIER, Francisco Cândido. Vinha deluz. Pelo Espírito Emmanuel. 17. ed. Riode Janeiro: FEB, 2008. Cap. 75, p. 173-174.

reformador maio 2008 - b.qxp 3/6/2008 14:59 Page 34

O capacete é a defesa da cabe-

ça em que a vida situa a se-

de de manifestação do pen-

samento e Paulo não po-

dia lembrar outro sím-

bolo mais adequado à

vestidura do cérebro

cristão, além do capa-

cete da esperança na

salvação.

Se o sentimento, mui-

tas vezes, está sujeito

aos ataques da cólera

violenta, o raciocínio,

em muitas ocasiões, sofre

o assédio do desânimo, à

frente da luta pela vitória do

bem, que não pode esmorecer

em tempo algum.

Raios anestesiantes são desfecha-

dos sobre o ânimo dos apren-

dizes por todas as forças contrá-

rias ao Evangelho salvador.

....................................................

Por isso mesmo, talvez, o após-

tolo não se refere à touca pro-

tetora.

Chapéu, quase sempre, indica

passeio, descanso, lazer, quando

não defina convenção no traje

exterior, de acordo com a moda

estabelecida.

Capacete, porém, é indumen-

tária de luta, esforço, defensiva.

E o discípulo de Jesus é um

combatente efetivo contra o

mal, que não dispõe de muito

tempo para cogitar de si mes-

mo, nem pode exigir demasia-

do repouso, quando sabe que o

próprio Mestre permanece em

trabalho ativo e edificante.6

Allan Kardec, com extremasensibilidade, ao organizar os ca-pítulos do livro O Evangelho se-gundo o Espiritismo, selecionoubelíssima comunicação de “UmEspírito amigo”, que assevera:

A vida é difícil, bem o sei.

Compõe-se de mil nadas, que

são outras tantas picadas de

alfinetes, mas que acabam por

ferir. Se, porém, atentarmos

nos deveres que nos são im-

postos, nas consolações e com-

pensações que, por outro la-

do, recebemos, havemos de re-

conhecer que são as bênçãos

muito mais numerosas do que

as dores. O fardo parece bem

menos pesado, quando se olha

para o alto, do que quando se

curva para a terra a fronte.

Coragem, amigos! Tendes

no Cristo o vosso modelo.

[...]7

Para bem compreen-dermos as virtudes doCristo, necessitamos es-tudá-lo nos momentos

de adversidade. Já foi ditoalhures que ninguém passa

pela última prova do seucaráter enquanto não sofre.A vinda do Mestre ao Orbe

se deu em época de recensea-mento, obrigando seus pais alongo deslocamento, não obstan-te a gravidez adiantada de Maria.Não havia lugar para Ele. Suaúnica estalagem foi a manjedou-ra humilde. Tão logo é anuncia-do seu nascimento, o rei Herodesdetermina sua morte. Conserva--se na casa simples de Nazaré, porlongo tempo, em trabalho ativona carpintaria do pai.

Inicia seu ministério na Gali-léia, região rural, repleta de ho-mens simples e rústicos, pesca-dores e lavradores, gente humil-de e sofrida, calejada pelo tempoe pelo trabalho árduo.

Não há maior teste à paciênciade um artista do que ser obrigadoa utilizar instrumentos demasia-damente grosseiros à expressãodo seu ideal, incompatíveis com o

35Maio 2008 • Reformador 119933

6XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva.

7KARDEC, Allan. O evangelho segundo oespiritismo. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB,2007. Cap. IX, item 7, p. 180-181.

Paulo de Tarso,o Apóstolo dos gentios

Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2007. Cap. 94, p. 243-245.

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reformador maio 2008 - b.qxp 3/6/2008 14:59 Page 35

seu talento e apuro. No entanto,na edificação do Reino Divino, osignorantes do mundo, os fracos,os sofredores, os desalentados, osdoentes e os pecadores seriam, nasmãos do Embaixador Celeste, ma-terial de base, semelhante a for-moso mármore, destinado à eter-na e sublime construção.

Seus companheiros de ideal,apóstolos e discípulos, mal con-seguem entender a grandeza dasua missão, perdendo-se em que-relas sobre qual deles seria o maior,entregando-se ao fermento dadiscórdia e da traição, como nocaso de Judas, abandonando oMestre no momento mais ásperodo testemunho.

Nos derradeiros instantes dasua missão divina, despede-se do

mundo em meio a zombarias,acusações, ingratidão dos bene-ficiários, abandono dos amigos eseguidores, açoites e martírios.Suas últimas palavras, no entan-to, são filhas do perdão incondi-cional e da inabalável esperançana vitória final do bem.

Toda a vida do Mestre é umcântico de esperança, a despeitodas dificuldades enfrentadas.

Nesse ponto, confirmando ootimismo e a esperança do Cris-to, Humberto de Campos nosbrinda, reproduzindo a exorta-ção de Jesus ao discípulo Barto-lomeu, conhecido pelo seu tem-peramento grave e sensível, po-rém, profundamente triste:

– A nossa doutrina, entretan-

to, é a do Evangelho ou da

Boa Nova e já viste, Bartolo-

meu, uma boa notícia não

produzir alegria? Fazes bem,

conservando a tua esperança

em face dos novos ensina-

mentos; mas, não quero se-

não acender o bom ânimo

no espírito dos meus dis-

cípulos. Se já tive ocasião

de ensinar que o meu Rei-

no ainda não é deste mun-

do, isso não quer dizer que eu

desdenhe o trabalho de esten-

dê-lo, um dia, aos corações

que mourejam na Terra. Achas,

então, que eu teria vindo a es-

te mundo, sem essa certeza

confortadora? [...]

....................................................

– A vida terrestre é uma estra-

da pedregosa, que conduz aos

braços amorosos de Deus. O

trabalho é a marcha. A luta co-

mum é a caminhada de cada

dia. Os instantes deliciosos da

manhã e as horas noturnas de se-

renidade são os pontos de re-

pouso; mas, ouve-me bem: na

atividade ou no descanso físi-

co, a oportunidade de uma ho-

ra, de uma leve ação, de uma

palavra humilde, é o convite

de nosso Pai para que seme-

emos as suas bênçãos sacros-

santas. [...]

....................................................

[...] O Evangelho não poderia

reclamar estados especiais de

seus discípulos; porém, é pre-

ciso considerar que a alegria, a

coragem e a esperança devem

ser traços constantes de suas

atividades em cada dia. Por que

nos firmarmos no pesadelo de

uma hora, se conhecemos a rea-

lidade gloriosa da eternidade

com o nosso Pai?8

Agora, portanto, permaneça aesperança em nossos corações.

36 Reformador • Maio 2008119944

8XAVIER, Francisco Cândido. Boa nova.Pelo Espírito Humberto de Campos. 3.

ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2007.Cap. 8, p. 66-68.

Alegria, coragem eesperança devemser constantes acada dia

reformador maio 2008 - b.qxp 3/6/2008 14:59 Page 36

37Maio 2008 • Reformador 119955

obres e doentes sempre fo-ram ignorados e até toma-dos como endemoninha-

dos. Com o Espiritismo, eles tive-ram cidadania, e ajudá-los passoua ser um trabalho sociológico eético baseado no Evangelho. As

desigualdades sociais são umarealidade, pois poucos detêmmuito e muitos detêm pouco ounada possuem. Inspirados e moti-vados no Evangelho, os espíritascomeçaram a assistir aos necessi-tados. Isso se constata na denomi-nação dos primeiros centros espí-ritas no Brasil. Pesquisando todosos jornais espíritas brasileiros doséculo XIX, anotamos mais de

trezentos nomes de centros espíri-tas fundados. Poucos deles usa-ram nomes de pessoas conhecidas(Jesus, Allan Kardec, São Francis-co de Assis, entre outros) ou desuas próprias cidades. Pratica-mente os demais retrataram nonome um sentimento ou aspira-ção cristã, utilizando palavras co-mo Caridade, Fraternidade, Luz,União, Beneficente, Esperança,Amor etc. É um indicativo e pro-va da motivação cristã dos pri-meiros trabalhadores espíritas.Foi no Brasil que o trabalho maiscresceu.2

Assistência ePromoção Social

à luz do Evangelho“São chegados os tempos em que todas as coisas hão de ser restabelecidas

no seu verdadeiro sentido.” – O Espírito de Verdade1

WA S H I N G TO N LU I Z FE R NA N D E S

1KARDEC, Allan. O evangelho segundo oespiritismo. 127. ed. Rio de Janeiro: 2007.“Prefácio”.

P

Os espíritas começaram aauxiliar os necessitados

A mensagem de Jesus envolveu-se ao longo dos milênios em circunstân-cias temporais que tiraram a pureza inicial do seu significado. Jesus nãocriou nenhuma religião, apenas ensinou a Lei de Amor – humildade, per-dão, indulgência e benevolência. Mas hierarquia, ritualística, cerimonial edogmas foram introduzidos pelas religiões que se fundaram em seu nome.Veio uma Doutrina que restabeleceu a verdade.

2Um nome que não pode ser omitido é ode Manoel José da Costa e Cunha (1852--?), um senhor português que foi pioneirodo Espiritismo no Paraná e criou aAssistência aos Necessitados, no CentroEspírita de Curitiba, que ajudou a fundar,ainda no século XIX.

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onsultando os volumes daRevista Espírita, ao tempode Allan Kardec, e a histó-

ria do Movimento Espírita até1957, encontramos as primeirasiniciativas espíritas de assistênciasocial, como filosofia de trabalho.

1. Inicialmente houve as chama-das subscrições (em Paris), que tra-duzem um compromisso de con-tribuição com certa quantia parauma obra meritória, pessoas emnecessidade, um evento, ou mes-mo uma homenagem. Citações quemerecem registro: em 1860, subs-crição aos cristãos vítimas na Síria,por princípio de caridade, propos-ta de subscrição pelo Sr. Dacol; emfevereiro de 1862, subscrição em fa-

vor dos operários lio-neses; em fevereiro de1863, subscrição rua-nesa em favor dosresidentes na cidade

de Ruan, França; em dezembro de1864, subscrição em favor dos in-cendiados de Limoges; em dezem-bro de 1865, subscrição em favordos pobres de Lyon3 e das vítimasdo cólera; em novembro de 1866,subscrição em favor dos inundados.

São os primeiros anseios espíri-tas de servir ao necessitado, combase no Evangelho. Merecem re-gistro outras iniciativas.

2. Em 19/7/1863 foi fundada aCasa de Retiro de Cempuis (ouOrfanato Prevost), voltada aos ór-fãos, perto de Grandvilliers, De-partamento do Oise, pelo Sr. Pre-vost, cujo nome era Joseph GabrielPrevost (1793-1875), rico comer-ciante e velho fourierista. Prevostfoi membro da Sociedade Parisien-se de Estudos Espíritas (SPEE) ecitado elogiosamente por AllanKardec na Revista Espírita de ou-tubro de 1863; foi condecoradopela prefeitura de Cempuis, e po-de ser considerado um precursordo trabalho assistencial espírita,pelo seu mérito de nobreza à cau-sa da Humanidade sofredora; dei-xou grande área rural em testa-mento, sob compromisso de serutilizada no prosseguimento do

trabalho social e educacional. Foisucedido pelo anarquista francêsPaul Robin (1837-1912).

3. No 2o Congresso Espírita In-ternacional, realizado em Paris,em 1889, um dos temas foi a assis-tência social.

4. No Brasil, no século XIX, ofato de destaque foi a criação daAssistência aos Necessitados inicia-da pelo engenheiro Polidoro Olavode São Thiago (1852-1916) e ins-pirado posteriormente pela Fede-ração Espírita Brasileira. Este tra-balho inspirou outras instituiçõesespíritas que começavam a se criarno Brasil.

5. Em Santos, o médium Bene-dito José de Souza Jr. (1854-1934),em 1895, criou também uma As-sociação de Auxílio aos Necessi-tados, da Sociedade Espírita Anjoda Guarda, fundada em 1883.

6. Muito interessante registraras iniciativas educacionais dos es-

C

Importantes instituiçõesfundadas no primeiro séculodo Espiritismo (1857-1957)

3Lyon chegou a possuir uma creche espíri-ta fundada em 1903.

Joseph GabrielPrevost

Polidoro Olavo de São Thiago

38 Reformador • Maio 2008119966

reformador maio 2008 - b.qxp 3/6/2008 14:59 Page 38

píritas: o médium americano An-drew Jackson Davies (1826-1910),que fundou em Nova York o Spi-ritual Lyceum (Liceu Espiritual) ouSunday School in Spiritual Chur-ches (Escola Dominical das IgrejasEspiritualistas), em 25/1/1865, re-velando a aspiração de instruir asalmas acerca da Espiritualidade;na mesma linha educacional es-tiveram Antônio Ugarte (1852--1918) e a esposa Rosa Ugarte, emBuenos Aires, Argentina, que fun-daram a Escola Espiritista de Ar-gentina, na década de 1880; o edu-cador espírita Eurípedes Barsa-nulfo (1880-1918), em Sacramen-to (MG), que fundou o ColégioAllan Kardec, em 1907, adotandouma pedagogia avançada para aépoca, acompanhando os alunosem observações pessoais na Natu-reza e despertando neles a buscado conhecimento a partir delesmesmos; destaque-se, também, aeducadora espírita Anália Franco(1856-1919), que criou cerca desetenta instituições (escolas, asilos,

abrigos, creches e escolas mater-nais), em várias cidades de SãoPaulo e Minas Gerais, destinadasa órfãos e meninas.

7. Importante destacar o Hos-pital Espírita de Porto Alegre, ho-je com mais de 16.000m2. Conce-bido em 1912, sob coordenaçãode Oscar Pithan (1879-1942),aclamado seu Presidente de Hon-ra, e do Instituto Dias da Cruz. Asprincipais sociedades espíritasgaúchas contaram com a suacolaboração. Em 1949, ele fundouo Abrigo Oscar Pithan, o qualainda presta excelente trabalhona cidade de Santa Maria (RS).Por todos os lugares onde andou,Oscar Pithan deixou um rastroluminoso, como verdadeirodiscípulo do Cristo.

8. Merece referên-cia a Sinagoga Es-pírita Nova Jeru-salém, em SãoPaulo, fundadaem 1916 pelo por-tuguês AntônioTrindade (1882--1962). Em 1921,na Rua Case-miro de Abreu80/82, ele inaugu-rou a Cozinha dosPobres, a qual pas-sou a fornecer cercade quinhentas refeições diárias,sendo também pioneira na distri-buição de alimentos (hoje chama-das cestas básicas) às famílias ne-cessitadas, bem como roupas ebrinquedos para as crianças.

9. Com a fundação da Federa-ção Espírita do Estado de São Pau-lo, em 1936, no ano seguinte foicriado o Departamento Damas daCaridade, nomeada a Sra. ElisaAndreucci (1901-1981) para pres-tar assistência à infância desfavore-cida; depois veio a Sra. Nair AmbraFerreira (1906-1997), médium, aolado da Sra. Maria Augusta Puhl-mann (1900-1982). Em 1948, estasduas senhoras criaram a admirávelInstituição Beneficente Nosso Lar,na Aclimação, que trabalha comcrianças especiais,4 hoje dirigidapelas duas filhas destas grandestrabalhadoras, as Sras. Nancy Puhl-mann Di Girolamo e Maria RitaAmbra Ferreira. Este Departamen-to Social tornou-se a Casa Transi-

tória Fabiano de Cristo, a maiorinstituição social-espí-

rita da Capital deSão Paulo, queatende a milharesde necessitados,através de esco-las, oficinas, de-partamento mé-dico e odontológi-

co, orientação jurí-dica, distribuiçãode alimentos, rou-pas etc. Desde 1953ela aparece mencio-nada nos livros deAtas da Diretoria daFEESP. Seu maior

entusiasta foi José Gonçalves Perei-ra (1906-1989), um paulista com

4Especiais – termo preferido para designarpessoas portadoras de algum tipo de defi-ciência.

Benedito José de Souza Jr.

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Oscar Pithan

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experiência industrial, nomeado,em 1952, Diretor do Departamen-to de Assistência Social da FEESP.Ele quis um espaço próprio, umaCasa Transitória. Recebeu mensa-gens espirituais de orientaçãoatravés do médium Chico Xavier(1910-2002). Em 1957 foram apre-sentadas as primeiras plantas e oDepartamento Social autorizou aobtenção de fundos para edificá--la. Em 10/7/1957 o Presidente daFEESP trabalhava junto à Prefei-tura e ao Governo do Estado paraconseguir um terreno em comoda-to. O trabalho social cresceu e, em1957/1958, quase cem mil pessoasforam assistidas, com alimentos,roupas, enxovais, agasalhos e ber-ços. Em 1958 foi encontrado oterreno e o Estado cedeu-o em co-modato, iniciando-se a construçãodos primeiros pavilhões, inaugu-rados oficialmente em 1960.

10. A Mansão do Caminho,em Salvador (BA), fundada, em1952, pelo médium Divaldo Pe-reira Franco (1927-), começouainda em 1947, amparando crian-ças carentes e órfãs, sob o regi-me pioneiro dos Lares Substi-tutos, de modo gratuito e volun-tário. Divaldo tem cerca de 600filhos adotivos e mais de 200 netos.Com o tempo começaram deze-nas de cursos e oficinas profis-sionalizantes e hoje possui regimede semi-internato, em 83.000m2,atendendo, em 2007, a 3.500crianças e jovens, gratuitamen-te, todos os dias; ganhou muitosprêmios nacionais e internacio-nais.

11. O Lar Fabiano de Cristo éuma obra social de grande porte,criada e dirigida por espíritas. Assi-naram a ata de sua fundação, em 8de janeiro de 1958, entre outros, osescritores Carlos Torres Pastorino,Jorge Andréa e José Hermógenes, ocel. Jaime Rolemberg de Lima e osmédiuns Divaldo Franco e ChicoXavier, através dos quais, mais tar-de, a Espiritualidade, especialmenteo Dr. Bezerra de Menezes, enviarianumerosas orientações voltadasao trabalho, para cuja sustentabi-lidade foi criada, em 1960, a Cape-mi (Caixa de Pecúlios dos Milita-res – Beneficente). Desde o inícioo atendimento foi centrado na fa-mília e realizado em Unidades dePromoção e projetos sociais. Em2007 o Lar atendeu a cerca de80.000 pessoas espalhadas por to-do o Brasil. Seu modelo de pro-moção já foi levado a outras par-tes do mundo pela Unesco, tendoo Lar recebido vários prêmios dereconhecimento ao longo de suaexistência.

12. O Centro Espírita NossoLar Casas André Luiz, situado emGuarulhos (SP), oferece um ex-traordinário exemplo de ativida-de cristã de ajuda ao próximo.Fundado em 1949, com orienta-ção espiritual para abrigar crian-ças carentes, o trabalho iniciou--se em 26/1/1958, quando foi er-guido o primeiro prédio (1.850m2

de área construída), num terre-no de 2.000m2. Destacou-se umvaloroso grupo: a família Castar-delli e filhos; os Srs. Valério Giuli(1911-1989), Francisco Juliano(1926-1995), os ainda atuantes

Pedro Baqui, Ana Gaspar, Gastãode Lima Neto, Osmar Marsilli eJandira Delgado Tidon. Os Espí-ritos orientaram o grupo para oatendimento às crianças espe-ciais, as mais marginalizadas.Hoje são atendidas gratuitamen-te mais de setecentas crianças ejovens especiais, e outros em re-gime ambulatorial.

Enfim, dificilmente se encontraum Centro Espírita, no Brasil, on-de não se pratique o trabalho deassistência social, à luz do Evange-lho (nem que seja uma sopa sema-nal), e certamente as onze institui-ções espíritas citadas servem demodelo e muito dignificam o Es-piritismo. Considerando estarmosvivendo um novo contexto políti-co-social, neste Terceiro Milênio,é necessário pensar em ampliar asformas de atendimento aos neces-sitados, não esquecendo princi-palmente das doenças da alma, ge-radoras de muitas enfermidadessociais e do corpo...

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Cel. Jaime Rolemberg de Lima

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CONSELHO DIRETORPresidente: Nestor João Masotti. Vice-presidentes: Altivo Ferreira, Cecília Rocha, Ilcio Bianchi e José Carlos da Silva Silveira.

DIRETORIA EXECUTIVADiretores: Affonso Borges Gallego Soares, Amaury Alves da Silva, Antonio Cesar Perri de Carvalho, Arthur do Nascimento, Edna MariaFabro, Geraldo Campetti Sobrinho, João Pinto Rabelo, José Salomão Mizrahy, José Valdo de Oliveira, Maria de Lourdes Pereira deOliveira, Marta Antunes de Oliveira Moura, Norberto Pásqua, Rute Vieira Ribeiro, Sady Guilherme Schmidt e Tânia de Souza Lopes.

CONSELHO FISCALEfetivos: César Augusto Lourenço Filho, Danilo de Castro Silva e Sérgio Thiesen. Suplentes: Alamir Gomes de Abreu, Eliphas LeviGarcez Maia e Ennio de Oliveira Tavares.

ASSESSORES DA PRESIDÊNCIAEvandro Noleto Bezerra e Jorge Godinho Barreto Nery.

REFORMADORDiretor: Nestor João Masotti. Editor: Altivo Ferreira. Redatores: Affonso Borges Gallego Soares, Antonio Cesar Perri de Carvalho, EvandroNoleto Bezerra e Lauro de Oliveira São Thiago. Secretário: Paulo de Tarso dos Reis Lyra. Gerência: Ilcio Bianchi.

CONSELHO SUPERIOREfetivos: Adésio Alves Machado, Allan Eurípedes Rezende Nápoli, Allan Kardec Rezende Nápoli, Alzira Matoso de Abreu,Christodolino da Silva, Clara Lila Gonzalez de Araújo, Délio Pereira de Souza, Francisco Bispo dos Anjos, Ismael de Miranda eSilva, Jamile Mizrahy, João de Jesus Moutinho, Jorge Godinho Barreto Nery, José Francisco dos Santos, Lauro de Oliveira SãoThiago, Lucia Maria Alba da Silva, Luiz Antonio de Moura, Lydia Alba da Silva, Márcia Regina Pini de Souza, Marco Aurélio Luziode Assis, Maria da Conceição de Carvalho, Maria Euny Herrera Masotti, Maria Luiza Priolli dos Santos Fonseca, Nilton da CostaPereira de São Thiago, Paulo Affonso de Farias, Raimunda Maria Prata, Regina Lúcia de Souza B. Rodrigues, Salim Tannus FeresNeto, Suely Caldas Schubert, Tossie Yamashita e Yola Carvalho Borges de Souza. Efetivos indicados pelo CFN: Ana Luiza NazarenoFerreira, César Soares dos Reis, Darcy Neves Moreira, Divaldo Pereira Franco, Hélio Ribeiro Loureiro, José Raimundo de Lima,Lacordaire Abrahão Faiad, Sandra Maria Borba Pereira, Sônia Maria Arruda Fonseca e Weimar Muniz de Oliveira. Ex-presidente:Juvanir Borges de Souza.Suplentes: Orlando Ayrton de Toledo, Rubens André Gonçalves Dusi, Bittencourt Rezende de Nápoli, Lauro de Freitas Carvalho, ZairaAmarilis da Cruz Silveira, Marlene Silva Duarte, Roosevelt Pinto Sampaio, Aldenice Cousseiro de Carvalho Filha, Marley de SouzaLopes, Venita Abranches Simões, Eliphas Levi Garcez Maia e Maria Alves da Silva. Suplentes indicados pelo CFN: Gerson SimõesMonteiro, Pedro Valente da Cunha, Miriam Lucia Herrera Masotti Dusi, Eloy Carvalho Villela e Israel Quirino do Nascimento.

CONSELHO FEDERATIVO NACIONALEntidades Federativas Estaduais: Acre – Federação Espírita do Estado do Acre; Alagoas – Federação Espírita do Estado de Alagoas;Amapá – Federação Espírita do Amapá; Amazonas – Federação Espírita Amazonense; Bahia – Federação Espírita do Estado da Bahia;Ceará – Federação Espírita do Estado do Ceará; Distrito Federal – Federação Espírita do Distrito Federal; Espírito Santo – FederaçãoEspírita do Estado do Espírito Santo; Goiás – Federação Espírita do Estado de Goiás; Maranhão – Federação Espírita do Maranhão;Mato Grosso – Federação Espírita do Estado de Mato Grosso; Mato Grosso do Sul – Federação Espírita de Mato Grosso do Sul;Minas Gerais – União Espírita Mineira; Pará – União Espírita Paraense; Paraíba – Federação Espírita Paraibana; Paraná – FederaçãoEspírita do Paraná; Pernambuco – Federação Espírita Pernambucana; Piauí – Federação Espírita Piauiense; Rio de Janeiro – ConselhoEspírita do Estado do Rio de Janeiro; Rio Grande do Norte – Federação Espírita do Rio Grande do Norte; Rio Grande do Sul –Federação Espírita do Rio Grande do Sul; Rondônia – Federação Espírita de Rondônia; Roraima – Federação Espírita Roraimense;Santa Catarina – Federação Espírita Catarinense; São Paulo – União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo; Sergipe –Federação Espírita do Estado de Sergipe; e Tocantins – Federação Espírita do Estado do Tocantins.

ENTIDADES ESPECIALIZADAS DE ÂMBITO NACIONAL Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo; Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas; Associação Médico-Espírita doBrasil; Cruzada dos Militares Espíritas; e Instituto de Cultura Espírita do Brasil.

Federação Espírita BrasileiraCOMPOSIÇÃO DOS ÓRGÃOS DA FEB

APÓS A REUNIÃO DO SEU CONSELHO SUPERIOR DE MARÇO DE 2008

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Seara Espírita

R. G. do Sul: Sociedade comemora 95 anosA Sociedade Espírita Dom Thomé, Porto Alegre, RioGrande do Sul, completa 95 anos. Para comemorar adata, uma série de palestras foi programada para osmeses de março e abril. No dia 12 de março ocorreuexposição do tema “Lições para a felicidade”; no dia15 foi apresentado o tema “Harmonização e Prece”;nos dias 17 e 19 foram desenvolvidos, respectiva-mente, os temas “Evolução” e “Educação, a chavemoral do progresso”; no dia 26, Jason de Camargoabordou o tema “O Sermão da Montanha”. Encer-rando a programação, no dia 2 de abril, foi aborda-do o tema “Desencarnações Coletivas”.

São Paulo: Seminário para TrabalhadoresEspíritas

“Dependência Química para Casas Espíritas”, foi otema abordado no seminário ocorrido dia 27 deabril na Fraternidade Espírita Auta de Souza, realiza-do pela USE-Distrital Jabaquara (Órgão da Uniãodas Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo), naCapital paulista. O objetivo do evento foi ampliar oconhecimento sobre o assunto: como orientar, comotratar atividades preventivas e recursos existentes, eteve como público-alvo os dirigentes e trabalhadoresde centros espíritas. Informações: (11) 3721-0098ou pelo e-mail: [email protected]

Minas Gerais: Amigos de Chico XavierNos dias 19 e 20 de abril, a cidade de Uberaba (MG)sediou o I Encontro Nacional dos Amigos de ChicoXavier e sua Obra. Com entrada franca, a programa-ção contou com diversos palestrantes, em uma pro-moção da Aliança Municipal Espírita de Uberaba eda Aliança Municipal Espírita de Pedro Leopoldo.Informações: (34) 3325-4727 ou (34) 8857-2080.

Rio de Janeiro: Evangelizadores da Pessoacom Necessidades Especiais

No dia 16 de março, aconteceu o Encontro de Evan-gelizadores da Pessoa com Necessidades Especiais à

luz do Espiritismo. Foi a quinta edição do evento,nas dependências da Ação Cristã Vicente Moretti,que contou com debates, caminhada musical, exibi-ção de filmes e apresentação de relatos. Informações:Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro(CEERJ), pelo telefone: (21) 2224-1244.

Estados Unidos: Revista Espírita em inglêsNo dia 19 de abril, durante o Second U. S. SpiritistSymposium (2o Simpósio Espírita dos Estados Uni-dos), realizado nas dependências da Historical Society,de Nova York, foi lançada a edição em inglês da Revis-ta Espírita, fundada por Allan Kardec, com o títuloThe Spiritist Magazine e editada pelo Conselho Espí-rita Internacional (CEI). Representando o CEI, An-tonio Cesar Perri de Carvalho fez a saudação inicialdo evento e o lançamento da nova versão da Revista.

Fundada a Associação Jurídico-Espírita(AJE-SP)

No dia 8 de março, na sede da União das SociedadesEspíritas do Estado de São Paulo, foi fundada a As-sociação Jurídico-Espírita do Estado de São Paulo(AJE-SP) com o objetivo de contribuir para o apri-moramento espiritual dos operadores do Direito es-píritas e interessados em questões jurídico-sociais,unificação destes, melhoria da legislação vigente, de-fesa legal de assuntos que esbarrem em princípios es-senciais da filosofia espírita, divulgação do pensa-mento espírita sobre questões jurídico-sociais paraos meios jurídicos e sociedade em geral. Informa-ções: [email protected]

Japão: O Evangelho segundo oEspiritismo em japonês

A Comunhão Espírita Cristã Francisco Cândido Xa-vier, instituição integrante do Conselho Espírita In-ternacional (CEI), lançou a tradução em japonês,por Tomoh Sumi, de O Evangelho segundo o Espiritis-mo, publicada pela Editora Gentosha RenaissanceBooks. Informações: [email protected]

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