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  Em Maio deste ano, a eleição da Assembleia da Faculdade pode ter constituído o primeiro movimento bem sucedido de con- testação de um status universitário em que pouca gente se reco- nhece e de superação da indiferença e do marasmo no meio docente da FDUL. As eleições de 18 de Maio e o que se lhes seguiu FDUL 2.0 FDUL UPGRADE: RENOVAR A TRADIÇÃO N: 1 OUTUBRO DE 2011 A «FDUL 2.0» é uma newsletter  infor- mal da Faculdade de Direito da Uni- versidade de Lisboa, que tem como objectivo oferecer à escola um espaço de discussão e de reflexão livres. A «FDUL 2.0» está aberta, por isso, à participação de qualquer membro da escola, sendo bem-vindas todas as intervenções que, de alguma forma, contribuam para melhorar o seu fun- cionamento. A informação e o c onfron- to de ideias são essenciais ao desen- volvimento e ao progresso das insti- tuições e a Faculdade precisa, mais do que nunca, da participação de todos num processo de renovação e de modernização, que, sem por em causa o seu legado histórico, a prepare para responder aos novos desafios com que diariamente é confrontada. Estamos no fim de um ciclo da vida da nossa escola, simbolicamente marcado pela próxima passagem do seu primeiro centenário. Temos, por isso, pouco tempo para preparar e pôr em prática a sua nova versão. Editorial Todavia, os condicionamentos estatutá- rios vigentes, ainda que sem sentido  como o que exige que todos os órgãos da Escola, e não apenas o Conselho Científico, sejam presididos por um professor catedrático ou agregado , e as limitações da Lista B vitoriosa naquela eleição impediram a apresentação de uma candidatura própria à Direcção da Escola. De qualquer forma, tendo em conta um balanço negativo dos últimos anos e a ausência de um programa de acção para os próximos, a eleição do Director não mereceu o apoio dos membros da Assembleia da Faculdade eleitos pela Lista B. Continua… 

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A «FDUL 2.0» é uma newsletter informal da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que tem como objectivo oferecer à escola um espaço de discussão e de reflexão livres

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Em Maio deste ano, a eleição da Assembleia da Faculdadepode ter constituído o primeiro movimento bem sucedido de con-testação de um status universitário em que pouca gente se reco-

nhece e de superação da indiferença e do marasmo no meiodocente da FDUL. 

As eleições de 18 de Maio e oque se lhes seguiu

FDUL 2.0FDUL UPGRADE: RENOVAR A TRADIÇÃO

N: 1 OUTUBRO DE 2011

A «FDUL 2.0» é uma newsletter

mal da Faculdade de Direito dversidade de Lisboa, que tem objectivo oferecer à escola um ede discussão e de reflexão liv«FDUL 2.0» está aberta, por iparticipação de qualquer membescola, sendo bem-vindas todintervenções que, de alguma contribuam para melhorar o secionamento. A informação e o coto de ideias são essenciais ao d

volvimento e ao progresso dastuições e a Faculdade precisa, mque nunca, da participação de num processo de renovação modernização, que, sem por emo seu legado histórico, a preparresponder aos novos desafios codiariamente é confrontada. Esno fim de um ciclo da vida da escola, simbolicamente marcadpróxima passagem do seu prcentenário. Temos, por isso, tempo para preparar e pôr em p

a sua nova versão.

Editorial

Todavia, os condicionamentos estatutá-

rios vigentes, ainda que sem sentido — como o

que exige que todos os órgãos da Escola, e não

apenas o Conselho Científico, sejam presididos

por um professor catedrático ou agregado —, e as

limitações da Lista B vitoriosa naquela eleição

impediram a apresentação de uma candidatura

própria à Direcção da Escola. De qualquer forma,

tendo em conta um balanço negativo dos últimos

anos e a ausência de um programa de acção para

os próximos, a eleição do Director não mereceu o

apoio dos membros da Assembleia da Faculdade

eleitos pela Lista B.

Continua… 

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Obviamente, tais limitações não impediram a

participação activa e construtiva dos membros eleitos

pela Lista B nos trabalhos da Assembleia da Faculdade e

que se traduziu, entre outros, no apoio à eleição do Pro-

fessor Eduardo Paz Ferreira para a Presidência da

Assembleia, na apresentação de um projecto de altera-

ção total dos estatutos da FDL, na eleição do ConselhoAcadémico e na iniciativa para as tomadas de posição

que a Assembleia assumiu sobre assuntos relevantes

para a vida da Faculdade, como a contratação dos assis-

tentes convidados (ver caixa de destaque), entre outros.

Numa situação de crise e de restrições orça-

mentais, tão inevitáveis quanto persistentes, é actual-

mente ainda mais importante a presença e o desenvol-

vimento de uma visão clara sobre o futuro da Faculdadee um plano estratégico para os próximos anos. Porém,

nem é essa a imagem que se colhe das acções e omis-

sões dos órgãos dirigentes da FDUL nem é esse o balan-

ço que fazemos dos últimos tempos.

A experiência mais recente sobre a proposta de

alteração do curso de mestrado é, a propósito elucidati-

va: não fora uma reacção generalizada oriunda de per-

sonalidades relevantes e institutos significativos, e oConselho Científico teria acabado por destruir uma das

poucas áreas que funciona razoavelmente bem na nossa

Faculdade e com merecido eco internacional, o mestra-

do científico. Mais, como é infelizmente demasiado fre-

quente, essa alteração profunda do regime dos mestra-

dos teria ocorrido no quase completo desconhecimento

por parte da Escola, sem discussão prévia e à margem

dos restantes órgãos, como a Assembleia da Faculdade,

o que diz muito sobre as práticas e padrões de funcio-

namento instituídos.

Outra área de importância vital para o funcio-

namento da Faculdade, designadamente para a efectivi-

dade do regulamento de avaliação, é a da contratação

de assistentes convidados e, não por acaso, a Assem- 

Continua… 

Deliberação aprovada pela Assembleia da Faculdade, sob

proposta dos membros eleitos pela lista B

(13 de Julho de 2011):

Situação dos assistentes convidados contratados pela Facul-

dade

Após a revisão do Estatuto da Carreira Docente Universitária, aboliu a figura do assistente e do assistente-estagiário, a Faculdapara manutenção do sistema de avaliação contínua, tem vindo a tratar licenciados e mestres em Direito como assistentes convida

em regime de tempo parcial.

Mesmo tendo em conta o estatuto precário que a lei impõe, têm sdetectadas desigualdades e irregularidades injustificáveis no trmento conferido pela Faculdade a estes docentes, nomeadamente:

1.  Carga horária: apesar de contratados em regime de tempo pcial (50%), muitos assistentes convidados têm prestado sercomo se em regime de tempo integral, leccionando as aulas ticas de quatro subturmas, ou, nalguns casos, até mais, eaulas teóricas; acresce que a natureza do vínculo também nãtida em consideração na distribuição do serviço de examsendo exigida a correcção de provas escritas e realizaçãoorais nos mesmos termos que aos demais docentes;

2.  Distribuição de serviço docente: com a atribuição de subturde várias cadeiras diferentes, com aulas nos três tur(manhã, tarde e noite), o que, ademais, prejudica o interesse

Faculdade no desenvolvimento da sua actividade de investção.3.  Precariedade do vínculo: sendo certo que os contratos têm

ser anuais, e que a sua renovação tem de ser objecto de decexpressa do Reitor, a prestação de serviço docente tem sconfirmada apenas no início do ano lectivo e o contrato cbrado, frequentemente, largos meses depois;

4.  Remuneração: a remuneração é muito inferior ao serviço ptado e, além disso, ao máximo permitido pela lei. Apesar denão corresponder ao serviço docente efectivo, a contratatem sido feita a 50%, sendo certo que a lei permite a contrção até 60% nestes casos.

Tendo em conta o papel essencial desempenhado por estes docenna manutenção do sistema de avaliação contínua e o interesseFaculdade no desenvolvimento da sua actividade de investiganomeadamente a elaboração da respectiva tese de DoutoramentAssembleia da Faculdade deve discutir aprofundadamente a questfim de, sendo o caso, recomendar ao Director que, dentro do qualegal imposto pelo Estatuto da Carreira Docente e das suas compecias, promova, tanto quanto possível:1.  Que os assistentes convidados prestem serviço docentacordo com o regime em que foram contratados, não leccionamais horas que as previstas no contrato;2.  Que os contratos celebrados com os assistentes convidaa tempo parcial sejam a 60%, de modo a aproximar a remuneraçãoserviço docente efectivamente prestado (em três subturmas);3.  Que a distribuição de serviço docente seja feita em tertendencialmente igualitários entre os assistentes convidados edemais assistentes, evitando a leccionação de mais de uma cadeiramais de um turno;4.  Para possibilidade de cumprimento do previsto no númanterior, que a contratação de assistentes convidados para o ano

tivo seguinte ocorra no início do segundo trimestre do ano civil;5.  A devida consideração da experiência profissional nafaculdade e sua valorização como critério em futuras contrata-ções;6.  O reconhecimento de que os assistentes convidadosnão se limitam a assegurar o serviço docente em função da neces-sidade excepcional de assegurar a substituição dos assistentes aquem foi concedida dispensa de serviço docente para elaboraçãodas respectivas teses, sendo essenciais para a garantia de umaoferta lectiva de qualidade pela Faculdade;7.  A publicitação da efectiva e final distribuição do servi-

ço docente.

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Encontra-se neste momento em discussão – in

lizmente muito menos alargada do que seria exigív

um projecto de alteração ao regime dos mestrados, ci

tífico e profissionalizante, que passa pela unificação

dois cursos. Trata-se de uma questão de primord

importância para a Faculdade, uma vez que o 2.º cicl

na lógica de Bolonha, complementar do 1.º ciclo, at

dendo à redução da duração da licenciatura, além de

uma área crucial para a afirmação e o prestígio da Fac

dade no seio da comunidade académica, nacional e int

nacional.

O mestrado profissionalizante pretende dar u

formação essencialmente prática de preparação par

vida profissional, ao contrário do que acontece com

mestrado científico, vocacionado para a investigação.

Por isso, antes de mais, qualquer projecto

alteração ao modelo do 2.º ciclo tem de passar por udiscussão pública, na qual possam participar não

todos os docentes – doutorados ou não - mas tamb

alunos e outros interessados. Justificar-se-ia, sem dúv

a realização de um debate alargado, nos órgãos da Fa

dade e fora deles, envolvendo toda a Escola. Restring

discussão ao Conselho Científico é redutor, pouco tra

parente, sem prejuízo, obviamente, das competênc

Que futuro para os mest

dos na Faculdade de Direi

bleia da Faculdade se manifestou a propósito recen-

temente, por nossa iniciativa, no sentido da reposição

da legalidade dos procedimentos e práticas de contra-

tação e funcionamento. Foi também aí, por isso mes-

mo, que acompanhámos com apreensão e profundo

desagrado o lamentável processo de contratação em

curso e que, por exclusiva responsabilidade dosórgãos responsáveis da Escola, não está ainda con-

cluído, frustrou expectativas legítimas e pôs em causa

o funcionamento regular do semestre lectivo.

São estes exemplos que mostram como, nos

próximos tempos, há definições importantes que

interpelam o empenhamento e a responsabilidade de

todos.

De acordo com o compromisso eleitoral

assumido, apresentámos um projecto de alteração

total dos Estatutos da Faculdade, pelo que, concluído

em breve o prazo para apresentação de outros projec-

tos, esperamos que se possa iniciar imediatamente o

respectivo processo de revisão.

Por outro lado, haverá proximamente a elei-

ção do Conselho Científico e a do Conselho Pedagógico

que, independentemente de constituírem oportunida-

des por excelência de expressão institucional de uma

vontade de mudança na nossa Faculdade, serão sem-

pre momentos de estímulo a uma clarificação e refle-

xão crítica sobre a actualidade e futuro da FDUL.

Cientes de que ninguém se pode arrogar a

propriedade do legado histórico da Faculdade nem

possui a exclusividade da visão estratégica para uma

continuidade à altura, pensamos ser tempo, sem pre-juízo da defesa empenhada de uma visão e programa

próprios, de abordar esses momentos com a abertura

de espírito e o necessário respeito devido à existência

de diferentes sensibilidades e pontos de vista no meio

docente.

 Jorge Reis Novais

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estatutariamente cometidas àquele órgão para a aprova-

ção ou rejeição final de qualquer revisão desta matéria.

Acresce que o mandato do actual Conselho Cien-

tífico terminou em Abril, pelo que a sua legitimidade

para aprovar uma reforma desta importância está muito

enfraquecida, o que, a par da falta de debate público,

inquina de forma irremediável a democraticidade de

qualquer deliberação.

Com este texto pretendo dar o meu contributo

para esta discussão, que -espero - venha ainda a ter lugar

no âmbito de toda a comunidade académica.

Parece-me que a responsabilidade por ministrar

o - actualmente denominado - mestrado profissionalizan-

te deveria passar para os institutos de investigação

actualmente existentes na Faculdade, mediante a cele-

bração de protocolos de delegação com a Faculdade, quedefinissem as condições em que os mesmos seriam lec-

cionados, designadamente, a repartição de despesas e

receitas e as condições de frequência e leccionação dos

cursos de mestrado. A admissibilidade de a Faculdade

delegar nos institutos a organização dos cursos do 2.º e

3.º ciclos está, aliás, prevista no projecto de revisão esta-

tutária  subscrito pelos representantes da lista B na

Assembleia da Faculdade (artigo 74.º, n.º 2).

O mestrado científico continuaria a funcionarnos moldes actuais, visto que há um consenso generali-

zado quanto à sua qualidade e à eficiência do seu funcio-

namento, sendo fonte de elevado prestígio, nacional e

internacional, da Faculdade de Direito.

Apesar de se manter a distinção, deveriam ser

assegurados mecanismos de comunicação entre os dois

cursos do 2.º ciclo, quer admitindo-se no mestrado cien-

tífico os alunos que obtivessem classificações mais ele-

vadas no mestrado profissionalizante, quer promovendo

a frequência conjunta de seminários ou outros eventos. O

grau de mestre continuaria a ser conferido pela Faculda-

de, nos termos pré-definidos nos protocolos de dele-

gação, e de acordo com um regulamento uniforme,

aprovado pela Faculdade, sem prejuízo de esse regu-

lamento deixar margem de liberdade aos institutos em

certas matérias, nomeadamente quanto à escolha das

disciplinas leccionadas.

Sugeria ainda que se estipulasse que a apro-

vação nas disciplinas leccionadas no primeiro ano docurso de mestrado, correspondente à parte lectiva,

permitisse a atribuição, desde logo, de um diploma -

por exemplo, equiparado à frequência com aprovação

de uma pós-graduação na área -, embora o grau de

mestre só fosse conferido mediante a apresentação da

dissertação e realização, com aproveitamento, de pro-

vas públicas.

Os custos com a realização do curso seriam

partilhados entre a Faculdade e os institutos, bemcomo as receitas, no quadro de uma relação  transpa-

rente que  permitira aproveitar sinergias dentro da

Faculdade e a especialização dos institutos.

O mestrado profissionalizante seria lecciona-

do essencialmente por não docentes da Faculdade,

sobretudo ex-assistentes, advogados ou outros juristas

de mérito, desde que detentores do grau de mestre

conferido pela Faculdade, aproveitando a flexibilidade

de que gozam os institutos ao nível dos procedimentos

de contratação de prestadores de serviços.

A responsabilidade porministrar o - actualmente

denominado - mestrado pro-fissionalizante deveria pas-

sar para os institutos deinvestigação actualmente

existentes na Faculdade,mediante a celebração de

protocolos de delegação

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Esta solução permitiria libertar

docentes da Faculdade para os concentrar

essencialmente na licenciatura, no mestra-

do científico e no doutoramento, o que,

além do mais, contribuiria para mitigar as

enormes dificuldades decorrentes daescassez de professores e assistentes, tor-

nando desnecessário acabar com discipli-

nas optativas e aulas práticas no 1.º ciclo

(decisão que merece o meu mais veemente

repúdio).

O facto de o mestrado profissiona-

lizante ser leccionado, em grande parte, por

juristas externos à Faculdade, convidados

pela sua reconhecida capacidade e conhe-

cimentos em certas áreas do Direito, decor-

rentes, em boa parte, da sua vida profissio-

nal, tornaria o curso mais prático e menos

académico, que é exactamente o que se pre-

tende e vai ao encontro das expectativas de

quem se inscreve neste curso. Não seria

mesmo de excluir que esses docentes con-

vidados fossem orientadores das disserta-ções de mestrado e fizessem parte de júris,

como arguentes ou não.

Os institutos poderiam ainda inte-

grar no âmbito do mestrado os cursos,

seminários e colóquios que organizam

anualmente no âmbito do mestrado, permi-

tindo aos alunos assistir e participar nesses

eventos, em termos ainda a regulamentar, oque seria vantajoso para os alunos e repre-

sentaria um factor aliciante do mestrado

da Faculdade no contexto de um mercado

muito competitivo.

Uma referência final: a designação

do (actual) mestrado profissionalizante

deveria ser repensada, para vincar bem que

se trata de um modelo diferente do anterior

e para afastar uma certa  carga pejorativa

que lhe está associada. Admito que a esco-

lha dessa designação não é fácil. Deixo aqui

a sugestão de se alterar simplesmente para

“mestrado”, uma vez que a distinção relat i-

vamente ao mestrado científico está asse-

gurada pela denominação adoptada para

este último.

 Alexandra Leitão

Discussão

Públicadosprojectosdealteraçã

odosEstatutosd

aFDUL

Encerradooperí

odoparaapresentaçãodeprojectosdealteraçãoestatutária,vaiiniciar-seoperíodo

dediscussão

públicacom

adu

raçlãode30dias.

 

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O início do presente ano lectivo foi muito afec-

tado pelo atraso na contratação de assistentes convida-

dos, que se arrastou desde Junho até agora, e que é bem

revelador da deficiente gestão de recursos humanos

que tem vindo a ser praticada na Faculdade. Acresce

que os assistentes convidados entretanto contratados

se revelam insuficientes para preencher as necessida-

des de serviço docente, continuando, pois, a pairar o

cenário de supressão de certas disciplinas ou de impos-

sibilidade de as mesmas serem frequentadas em regi-

me de avaliação contínua pelos estudantes. Isto teve

como consequência que fosse posto em causa o funcio-

namento da avaliação contínua, que é umas das princi-

pais mais-valias da Faculdade e um dos seus traços dis-

tintivos face a instituições congéneres.

Vale a pena relembrar alguns dos factos mais

relevantes ocorridos em todo este procedimento.

A 20 de Junho de 2011 foi publicitada na pági-

na da Faculdade a abertura, por deliberação do Conse-

lho Científico, de um procedimento tendo em vista a

contratação de assistentes convidados, designado como

concurso.

Foi alegado que a realização do concurso se

impunha dada o termo de contrato de alguns assisten-

tes e a concessão de dispensas de serviço docente a

outros, bem como para permitir a entrada de novos

docentes, nomeadamente junto dos recém-licenciados.

Não questionando nenhum desses factos, parece, no

entanto, mais difícil de explicar a obrigação de sujeitar

os docentes que prestaram serviço no ano lectivo ante-

rior a esse concurso, a esmagadora maioria dos quais

são doutorandos na Faculdade. Para incentivar o alar-

gamento do seu corpo de doutores, teria sido, eviden-

temente, mais racional renovar automaticamente os

vínculos com esses docentes, salvo se algum delesnão tivesse mostrado reunir as condições para o

exercício da docência. Mais ainda: no ano lectivo

transacto, todos os referidos docentes leccionaram

semanalmente mais de 6 horas de aulas, ao arrepio

do que está legalmente estabelecido, acumulando

ainda, muitas vezes, horários no turno diurno e noc-

turno.

Aberto o referido concurso, não obstante aescassa informação disponibilizada, designadamente

quanto ao número de vagas a preencher, apresenta-

ram-se ao mesmo cerca de 160 candidatos, o que, a

par da deficiente enunciação de critérios de selecção

e de desempate, conduziu a um conjunto de vicissitu-

des, bem patentes no facto de terem sido publicitadas

na página da Faculdade listas nominativas, discre-

pantes entre si, incompletas e incorrectas. Não se

procedeu a qualquer tipo de seriação de candidatos,

nem se expuseram as razões da formulação dos con-

vites a uns candidatos em detrimento de outros.

Sabendo que nos próximos

anos a Faculdade não

poderá prescindir de con-

tratar assistentes convida-

dos para satisfazer as suas

necessidades de ensino,

importa olhar para esta

situação como um exemplo

a não repetir. 

Sobre a contratação deassistentes convidados

Continua… 

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Já no início de Setembro, a Reitoria

da Universidade veio a recusar sucessivas

listas de assistentes a contratar pela Facul-

dade no ano lectivo 2011/2012, alegada-

mente por não se afigurar demonstrada a

necessidade da sua contratação. A situação

teve, como consequência imediata, o prote-

lar do início das aulas práticas – e mesmo

assim, ainda não em todas as disciplinas – 

para 10 de Outubro último, com óbvio pre-

juízo para os docentes que vão ter de lec-

cionar matérias em contra-relógio e para

os estudantes que serão obrigados apreen-

dê-las num tempo diminuto.

Aparentemente, o procedimento

teve o seu epílogo com a recontratação dos

docentes convidados do ano lectivo ante-

rior, sem que se perceba por que razão foi,

então, aberto o procedimento concursal em

causa.

Ora, sabendo que nos próximos

anos a Faculdade não poderá prescindir de

contratar assistentes convidados para

satisfazer as suas necessidades de ensino,

importa olhar para esta situação como um

exemplo a não repetir. Uma instituição na

qual se ensina Direito tem de pautar a con-

tratação dos seus docentes por mais trans-

parência e por mais racionalidade no res-

pectivo procedimento de tomada de deci-

sões.

 João Miranda

Publicado no dia 27 deJunho de 2011, o Regulamentode Avaliação de Desempenhodos Docentes da Universidade deLisboa  entrou em vigor logo nodia seguinte.

De acordo com esteRegulamento, a avaliação dedesempenho dos docentes far-se-á, em regra, de três em trêsanos, tendo como ponto de par-tida um relatório deauto-avaliação (de modelo aaprovar pelo Reitor) no qual odocente começa por se inscrevernum determinado perfil – defini-do individualmente – que devecontemplar, em diferentes per-centagens, as seguintes verten-

tes: investigação, ensino, serviçoà Universidade e extensão uni-versitária.

Os resultados da avalia-ção (trienal) permitirão atribuirpontos ao docente por cada anoavaliado com reflexos, designa-damente, na contratação portempo indeterminado dos pro-fessores auxiliares, na alteraçãodo posicionamento remunerató-rio, na análise dos pedidos de

dispensa de serviço docente,bem como na renovação de con-tratos de docentes contratados atermo certo.

Prevê-se que o ConselhoCientífico de cada Faculdadedefina agora, por maioria absolu-ta, os critérios, os parâmetros, osindicadores

(Novo) Regulamento de

 Avaliação do Desempe-nho dos Docentes daUniversidade de Lisboa– notícia breve 

e as demais regras de pdimento aplicáveis à avado desempenho dos docCompete também ao ConCientífico designar a Csão de Avaliação da Facu(sendo um dos seus memproposto pelo Conselho

gógico) que, por sua vezcará os avaliadores.

A intervençãoConselho Pedagógico processo faz-se sentir ainomeadamente, atravédisponibilização dos redos dos inquéritos ao depenho pedagógico dos dtes, realizados por espelos estudantes.

Está previsto

regime transitório que, rvamente à avaliação dos2008, 2009 e 2010, deterque esta se faça apenaponderação curricularacordo com parâmetrotérios e indicadores fipreviamente pelo ConCientífico.

Trata-se, pois, dregime novo, importancondução da carreira de os docentes da Universidque, dada a fraca particino período de discpublica e o momento daprovação, me arrisco aver que será do conhecimde muito poucos. Esta defiança já justifica por snotícia breve.

Por fim, salientcircunstância de a efexequibilidade de quantodetermina estar ainda d

dente de concretizaçãodecisões posteriores –

do Reitor quer dos ConsCientíficos das faculdadcujo atraso pode ser gedas maiores incertezas domínio.

Dinamene de Fr

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A actual crise lectiva em que mergulha a faculdade, sem assistentes, na expec-

tativa da eliminação de cadeiras optativas, e com a muito provável supressão

da avaliação contínua em algumas disciplinas, é uma consequência clara de

algum sucesso na arte de mal fazer: o ano lectivo devia estar preparado com,

pelo menos, um ano de antecedência, os recursos humanos deviam estar defi-

nidos há muito; enfim, as pessoas, docentes e discentes, deveriam poder orga-

nizar as suas vidas como é suposto em qualquer organização que se preze, a

tempo e horas.

A questão pode ser, no entanto, bem mais profunda. A actual crise lectiva tem

todos os sinais de ser também, para além das suas causas próximas, a expres-

são visível de um fim de ciclo: o esgotamento de uma ideia de organização daoferta lectiva na licenciatura, que, válida há quarenta anos, num mundo radi-

calmente distinto, agora não tem qualquer razão de ser. Como é claramente

visível, desfasada da realidade: pouco tem a ver com o que o mercado pede,

insiste em modelos pedagógicos obsoletos, concentra grande parte dos recur-

sos na avaliação, e, com a excepção de iniciativas avulsas, é totalmente imper-

meável aos recursos tecnológicos agora disponíveis.

Bem vistas as coisas, a transição bolonhesa para um ensino de estudantes

pró-activos nunca entrou na faculdade. Dir-se-ia que os efeitos são amplamentevisíveis. Não é em vão que as aulas teóricas estão vazias, que a avaliação contí-

nua se transformou numa série de frequências assistidas, com as disciplinas a

competir entre si pela atenção dos alunos de teste em teste, que há docentes a

fazer mais de duzentas orais no mês de julho, depois de cinco ou seis exames

escritos à mesma disciplina em mês e meio. A actual crise lectiva, por isso, tem

muito que a explique. Por mais sábios que sejamos a deixar tudo para a última

hora, é o próprio modelo que já não funciona. O seu desajustamento, as suas

entropias, as suas inconsequências são desconfortáveis e pouco sedutoras para

quem nele tem de produzir «aprendizagem», uma das mais prodigiosas realiza-ções da vida. É urgente agir estruturalmente. E a faculdade precisa, mais do que

a quadragésima primeira alteração ao regime de avaliação, de uma reforma

profunda da oferta lectiva na licenciatura.

David Duarte

A actual crise lectiva: o fim de um ciclo?

 A actual crise lectiva t

todos os sinais de setambém, para além d

suas causas próximas

expressão visível de u

fim de ciclo: o esgota

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organização da ofert

lectiva na licenciatur

que, válida há quaren

anos, num mundo rad

calmente distinto, ago

não tem qualquer raz

de ser.