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Meio: Imprensa País: Portugal Period.: Mensal Âmbito: Saúde e Educação Pág: 28 Cores: Cor Área: 19,00 x 23,22 cm² Corte: 1 de 3 ID: 84320740 31-12-2019 "SNS 40 anos - Saúde para todos" Fazer o que ainda não foi feito 1 Os farmacêuticos portugueses assinalaram, na cidade do Porto, os 40 anos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com uma conferência que visava refletir sobre o passado, o presente e, sobretudo, o futuro daquela que é, para muitos, a maior conquista da democracia portuguesa. «Para os farmacêuticos, celebrar o SNS é projetar o seu futuro com sucesso», algo que se traduz em «melhores resultados em saúde para os portugueses no século XXI», destacou Ana Paula Martins. S aúde para todos" foi o lema deste evento comemorativo dos 40 anos do SNS, que reu- niu profissionais das mais diversas competências, dirigentes e respon- sáveis da área da Saúde, cidadãos portadores de doença e cuidadores. A Ordem dos Farmacêuticos (OF) assumiu a coordenação da organi- zação da iniciativa, que decorreu no dia 31 de outubro, no novo edifício da Secção Regional do Norte da OF, e na qual estiveram também envolvidas a Associação de Distri- buidores Farmacêuticos, a Asso- ciação de Farmácias de Portugal, a Associação Nacional das Farmácias, a Associação Portuguesa de Farma- cêuticos Hospitalares, a Associação Portuguesa de Analistas Clínicos, a Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos, a Associação Portu- guesa de Estudantes de Farmácia, a MAIS PARTICIPAÇÃO melhor saúde e a Plataforma Saúde em Diálogo. Construir o SNS de amanhã «Foi pelas pessoas e pelo País que os farmacêuticos quiseram, hoje, todos juntos, estar aqui com os ci- dadãos, alicerçando simbolicamen- te um compromisso com o futuro», avançou a bastonária da OF, que deixou uma palavra de apreço às restantes entidades envolvidas nes- ta reunião. «São a prova de que é possível idealizar em conjunto, en- contrar soluções partilhadas, orien- tar a ação para resultados concre- tos que ajudam a transformar um País concreto, feito de pessoas com necessidades concretas, razão de ser de qualquer governação», de- clarou. «E temos mostrado que somos capazes de o fazer de forma eficiente, se definirmos bem onde queremos chegar e se respeitar- mos o espaço de cada um, as ideias de todos, unidos nos princípios e de mente aberta nas soluções. E, ainda, se formos capazes de

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Page 1: Fazer o que ainda não foi feitoadifa.pt/documents/files/Farm%C3%A1cia%20Distribui...Fazer o que ainda não foi feito 11» Os farmacêuticos portugueses assinalaram, na cidade do Porto,

Meio: Imprensa

País: Portugal

Period.: Mensal

Âmbito: Saúde e Educação

Pág: 28

Cores: Cor

Área: 19,00 x 23,22 cm²

Corte: 1 de 3ID: 84320740 31-12-2019

"SNS 40 anos - Saúde para todos"

Fazer o que ainda não foi feito

11»

Os farmacêuticos portugueses assinalaram, na cidade do Porto, os 40 anos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com uma conferência que visava refletir sobre o passado, o presente e, sobretudo, o futuro daquela que é, para muitos, a maior conquista da democracia portuguesa. «Para os farmacêuticos, celebrar o SNS é projetar o seu futuro com sucesso», algo que se traduz em «melhores resultados em saúde para os portugueses no século XXI», destacou Ana Paula Martins.

Saúde para todos" foi o lema deste evento comemorativo dos 40 anos do SNS, que reu-

niu profissionais das mais diversas competências, dirigentes e respon-sáveis da área da Saúde, cidadãos portadores de doença e cuidadores. A Ordem dos Farmacêuticos (OF) assumiu a coordenação da organi-zação da iniciativa, que decorreu no dia 31 de outubro, no novo edifício da Secção Regional do Norte da

OF, e na qual estiveram também envolvidas a Associação de Distri-

buidores Farmacêuticos, a Asso-ciação de Farmácias de Portugal, a Associação Nacional das Farmácias, a Associação Portuguesa de Farma-cêuticos Hospitalares, a Associação Portuguesa de Analistas Clínicos, a Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos, a Associação Portu-guesa de Estudantes de Farmácia, a MAIS PARTICIPAÇÃO melhor saúde e a Plataforma Saúde em Diálogo.

Construir o SNS de amanhã «Foi pelas pessoas e pelo País que os farmacêuticos quiseram, hoje, todos juntos, estar aqui com os ci-dadãos, alicerçando simbolicamen-

te um compromisso com o futuro», avançou a bastonária da OF, que deixou uma palavra de apreço às restantes entidades envolvidas nes-ta reunião. «São a prova de que é possível idealizar em conjunto, en-contrar soluções partilhadas, orien-tar a ação para resultados concre-tos que ajudam a transformar um

País concreto, feito de pessoas com necessidades concretas, razão de

ser de qualquer governação», de-

clarou. «E temos mostrado que

somos capazes de o fazer de forma

eficiente, se definirmos bem onde queremos chegar e se respeitar-mos o espaço de cada um, as ideias

de todos, unidos nos princípios e de mente aberta nas soluções. E, ainda, se formos capazes de

Page 2: Fazer o que ainda não foi feitoadifa.pt/documents/files/Farm%C3%A1cia%20Distribui...Fazer o que ainda não foi feito 11» Os farmacêuticos portugueses assinalaram, na cidade do Porto,

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reconhecer de forma inequívoca o que está bem e de forma corajosa o que está mal, sem nos esconder-mos atrás das dificuldades ou da inércia e, de uma forma responsá-vel, encontrar soluções e concreti-zar em ações o que está por fazer, passo a passo construiremos o SNS de amanhã», desenvolveu. «Precisamos de assumir, de uma vez por todas, que um SNS forte e moderno integra os recursos e o capital humano disponível no País - a chamada capacidade ins-talada - e tem como único critério a qualidade e os resultados, opta por modelos flexíveis para concre-

tizar a equidade no acesso, renova formas de financiar para garantir a cobertura universal, promove a transparência na decisão e a plura-lidade na participação, como única forma de garantir a solidariedade nas escolhas difíceis que, como so-ciedade, vamos forçosamente ter de fazer», apontou a responsável no decorrer da sessão de abertura. De seguida, expôs quatro desafios fundamentais para «um SNS con-temporâneo e que se quer afirmar no futuro»: a demografia, a preven-ção, a multimorbilidade e a inova-ção tecnológica. «Se quiser ser sus-tentável, qualquer destes desafios representa enormes oportunida-des. Porque nos permite ver a Saú-de como um investimento que cria valor, que transforma a sociedade, ao invés de uma área exclusivamen-te assistencial, sanitária ou até de proteção social - que não deixa ob-viamente de ser. Olhar para a Saúde

como um investimento no progres-so humano liberta-nos do estigma dos custos e abre-nos a oportunida-de dos proveitos», indicou. Apesar dos «muito bons resulta-dos», como comprova a evolução de alguns indicadores de Saúde ao longo destas quatro décadas, a interveniente alertou que existem portugueses que vivem, na primei-ra pessoa, situações desesperantes, «quando aguardam 12 horas numa urgência, quando esperam anos por uma consulta médica da especiali-dade ou por uma cirurgia, que não têm saúde oral ou apoio na doença mental ou segurança alimentar». Não obstante as dificuldades, o SNS continua a desempenhar o seu pa-pel de «amortecedor social», mas fá-lo em «condições globalmente muito precárias e com as maiores dificuldades, não só no que se re-fere ao financiamento, mas princi-palmente na falta de recursos hu-manos», mencionou, considerando que «hoje, mais do que ontem, te-mos um SNS em que a governação está muito centralizada no Ministé-rio da Saúde que, Governo após Go-verno, não consegue implementar as medidas há muito anunciadas, onde responsabilidade e autono-mia não são sinónimos, onde as equipas se desfazem porque não há uma estratégia de retenção e va-lorização do capital humano». Certa de que o SNS «continua a desem-penhar boa parte da sua função e é muito acarinhado pelos portugue-ses, pelas forças políticas e pelos agentes», realçou que «podemos louvá-lo, celebrá-lo e reconhecer este trajeto de sucesso, que se nada fizermos, em breve teremos no SNS o Sistema de Saúde dos que, por via do rendimento, não têm liberdade de escolha, dos mais pobres e dos mais frágeis. E isso desvirtuaria os princípios fundacionais do SNS e não servia o Sistema de Saúde que podemos ser».

«A afirmação dos afetos» Para a bastonária da OF, «a boa notícia é que não temos opção». «Temos mesmo de nos conseguir organizar e entender para respon-der às necessidades que os cida-dãos e as pessoas que vivem com a

doença, suas famílias e cuidadores, têm hoje e terão no futuro. Temos de encontrar novas proximidades, gerir a complexidade emergente de riscos evitáveis, as novas epidemias, os desafios da sustentabilidade, a incorporação racional e ética da inovação tecnológica e terapêutica, o digital, as inúmeras possibilidades que a inteligência artificial abrem, um sem número de realidades já presentes no nosso quotidiano e que o nosso admirável mundo novo anuncia», previu. Tudo isto e muito mais, «numa expansão exponen-cial de expectativas que, enquanto sociedade, temos para uma vida com qualidade e bem-estar, longa, cómoda, tecnologicamente avança-da. Onde tudo nos seja explicado e onde não façam escolhas por nós». Ana Paula Martins reconheceu que a criação do SNS foi «uma conquis-ta dos portugueses e de lideranças motivadas pelo bem comum, que não hesitaram em eleger a Saúde como uma área de investimento público prioritário. E consideraram-na, Governo após Governo, todas as forças políticas, profissionais, agentes do setor da Saúde, cida-dãos, como um desígnio nacional». Na sua opinião, é esse desígnio na-cional que, passados 40 anos, «pre-cisamos de revisitar para que, em conjunto, num debate alargado mas realista, possamos olhar e construir o futuro. E garantir que para novos problemas encontramos novas so-luções que mantenham vivo aquele desígnio. O SNS une-nos. Projeta-nos enquanto povo. É um selo de confiança para os portugueses. E assim tem de continuar. Para isso, tem de se revitalizar, reorientar, continuar a atrair capital humano de qualidade, orientar-se para a excelência, usar a decisão baseada em factos e libertar-se da discussão exclusivamente ideológica que, no essencial, nem nos divide, apenas confunde o debate que todos pre-cisamos de ter». No final, Ana Paula Martins refor-çou o apelo à humanização na prestação de cuidados de saúde. «O SNS dos próximos 40 anos será forçosamente diferente, porque vai responder a novas realidades, a gerações diferentes. Muito mais

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Meio: Imprensa

País: Portugal

Period.: Mensal

Âmbito: Saúde e Educação

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Fernando Araújo terminou afirmando que é necessário «transformar o nosso "Serviço Nacional da Doença" num verdadeiro Serviço Nacional de Saúde»

próximo e, sobretudo, mais des-materializado, à distância de uma app. Mas onde será cada vez mais necessária a relação humana, a afirmação dos afetos e a assumida compaixão», concluiu.

O contributo do farmacêutico Ainda na sessão de abertura, Franklim Marques sublinhou que «se nada for feito, aquele SNS que foi criado para todos corre o risco de ser apenas para alguns». O pre-sidente da Secção Regional do Nor-te da OF entende que o SNS tem de estar mais próximo das pessoas e de quem dele necessita, dando o exemplo da utilização da rede de farmácias comunitárias para a dis-pensa de medicamentos hospitala-res. «Constitui uma boa resposta do SNS a esta preocupação. Com esta pequena grande alteração do modus faciendis, o acesso a este tipo de medicamentos, de uma forma controlada e mais facilitada, tem uma consequência direta na melhoria da qualidade de vida dos doentes», elogiou, garantindo que os cidadãos e o SNS podem contar com o contributo e o empenho do farmacêutico para um futuro me-lhor para todos em Saúde. Já Fernanda Rodrigues, presiden-te da comissão administrativa da delegação local da Cruz Vermelha Portuguesa do Porto, que esteve em representação de Francisco George, presidente da Comissão de Comemoração do 40.° aniversá-rio do SNS, parafraseou um artista da "invicta": «Celebrar, hoje, os 40 anos do SNS é tentar fazer o que ainda não foi feito».

Dez desafios, dez abordagens Na palestra "SNS 40 anos. E agora?", Fernando Araújo, presidente do conselho de administração do Cen-tro Hospitalar de São João, falou do futuro, revendo o presente. Come-çou por elencar aqueles que con-sidera serem os dez desafios para o SNS nos próximos 40 anos: o en-velhecimento; o utente; o trabalho na comunidade; a inovação; a ges-tão de recursos humanos; a inteli-gência artificial; a sustentabilidade

financeira; a autonomia e a articula-ção em rede; a equidade e a acessi-bilidade; a Saúde Pública. O ex-secretário de Estado Adjunto e da Saúde enumerou ainda as dez transformações necessárias para assegurar o futuro do SNS: reinven-tar o SNS (SNS 2.0); a transformação digital do SNS; o envolvimento dos utentes nos seus percursos; o en-volvimento das autarquias, do setor privado, do setor social, das farmá-cias comunitárias, das organizações não governamentais, dos cidadãos, etc., nos problemas e nas soluções da rede da Saúde; o papel da Segu-rança Social; o desafio da sustenta-bilidade financeira; a reorganização do SNS; a captação e conservação dos recursos humanos; o desafio da Saúde Pública; o futuro do finan-ciamento em Saúde. Focando-se no envolvimento das farmácias comunitárias, referiu que estas «têm uma rede distribuída em todo o País, com um conjunto de profissionais nos quais as pes-soas acreditam e confiam». Por-tanto, «era seguramente um erro não aproveitar esta rede que está instalada no sentido de a envolver em termos de soluções e respostas para a Saúde». Relativamente ao desafio da sustentabilidade finan-ceira, salientou a necessidade de investimento programado pluria-nual, a necessidade de orçamentos ajustados à despesa operacional, a necessidade de crescimento do financiamento num ritmo superior ao do Produto Interno Bruto e a ne-cessidade de assegurar a cobertura dos custos das decisões. Sobre o desafio da Saúde Pública - através

da promoção da alimentação sau-

dável, da promoção da atividade fí-

sica, da luta contra o tabaco, da luta

contra a obesidade, da luta contra o excesso de consumo de álcool e do papel de cada um dos cidadãos -, que elegeu como «o caminho mais relevante de todos», recordou que, enquanto governante, tentou

«com muita humildade» ajudar na sua afirmação. «O SNS é excelente a tratar pessoas neste momento, nós comparamos com os melho-res do mundo, mas tem sido mui-to mau a prevenir e a remediar. E

a questão da prevenção é funda-mental porque é a única forma de nós conseguirmos não só reduzir custos, como também aumentar a melhoria da qualidade de vida dos utentes», ilustrou. Numa sessão em que José Aranda da Silva, presidente da Fundação para a Saúde - SNS, foi o chairman e Eurico Castro Alves, presiden-te da comissão organizadora da Convenção Nacional de Saúde, o comentador, Fernando Araújo ter-minou afirmando que é necessário «transformar o nosso "Serviço Na-cional da Doença" num verdadeiro Serviço Nacional de Saúde». Seguiram-se os painéis de deba-te "Unir pessoas. Edificar um SNS para todos" e "Inovar para ser sus-tentável. Criar valor social", que contaram com a participação de ilustres convidados, desde profis-sionais de saúde, administradores hospitalares, dirigentes associati-vos e representantes dos doentes. O evento "SNS 40 anos - Saúde para todos" encerrou com o lan-çamento do livro "Roteiros Far-macêuticos", que retrata as visitas de Ana Paula Martins, ocorridas durante o seu primeiro mandato como bastonária da OF, a centenas de farmacêuticos de norte a sul do País, passando pelas ilhas, numa ação que tinha como objetivo ob-ter um conhecimento alargado da realidade profissional desta classe. Uma nota ainda para o facto de, na véspera desta conferência, o far-macêutico português Hélder Mota Filipe ter sido eleito presidente da Associação de Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa para próximo biénio 2019-2021.

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