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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO FATORES DETERMINANTES DO TURNOVER EM UMA EMPRESA DE LOCAÇÃO DE VEICULOS: ESTUDO DE CASO Belo Horizonte 2014

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

FATORES DETERMINANTES DO TURNOVER EM UMA

EMPRESA DE LOCAÇÃO DE VEICULOS: ESTUDO DE

CASO

Belo Horizonte

2014

WALBERT TEIXEIRA CASSINO

FATORES DETERMINANTES DO TURNOVER EM UMA

EMPRESA DE LOCAÇÃO DE VEICULOS: ESTUDO DE CASO

Dissertação apresentada ao Curso de

Mestrado Profissional em Administração do

Centro Universitário UNA, como requisito

parcial para obtenção do título de Mestre

em Administração.

Linha de pesquisa: Dinâmica

organizacional, Inovação e sociedade.

Orientadora: Profa. Dra. Iris B. Goulart

Co-orientadora: Profa. Dra. Cristiana

Ituassu

BELO HORIZONTE

2014

Não, não é fácil escrever.

É duro como quebrar rochas.

Mas voam faíscas e lascas

Como aços espelhados.

Clarice Lispector

Digo: o real não está na saída e nem na

chegada, ele se dispõe para a gente é no

meio da travessia.

Guimarães Rosa

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a três pessoas que sempre acreditaram e se orgulharam de mim em

todos os momentos, apoiando com amor, críticas, sugestões e carinho:

A minha saudosa e querida mãe Maria das Graças Teixeira Cassino (in memoria) que

mesmo não estando presente fisicamente, continua presente nos meus pensamentos

servindo como meu maior exemplo e motivação.

A minha admirável esposa Rosane Guedes Bicalho pela atenção, compreensão e amor

sendo sempre a parceira na minha vida, e a grande amiga Renata Souza pelo apoio nas

horas difíceis.

AGRADECIMENTOS

A meu pai meus irmãos e cunhadas pelo apoio e carinho oferecidos em todo momento

de minha vida e principalmente neste.

A Prof.ª Iris pela sinceridade, humildade, entusiasmo, dedicação e incentivo na

orientação desta pesquisa. Uma das mentes brilhantes que tive o privilégio de conhecer.

A empresa em que fizemos o estudo de caso, nos deixando livres para efetuarmos o

trabalho necessário.

A todos os professores que com muita sabedoria colaboraram com o desenvolvimento

do curso.

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ARH – Administração de Recursos Humanos;

C&S – Cargos e Salários;

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

DP – Departamento Pessoal;

GRH – Gestão Estratégica de Recursos Humanos

HST – Higiene e Segurança do Trabalho;

R&S – Recrutamento e Seleção;

RH – Recursos Humanos;

RT – Relações de Trabalho;

T&D – Treinamento e Desenvolvimento.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Bases das Políticas de Recursos Humanos 23

Quadro 2: Quadro de Pesquisas Relacionadas ao Trabalho 50

Quadro 3: Quadro de Objetivos e Técnicas de Coleta de Dados 54

Quadro 4: Relação de cargos com maior número de demitidos em 2014 71

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Motivos do desligamento .......................................................................... 65

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Dados ausentes.............................................................................................. 62

Tabela 2 - Análise da consistência interna ..................................................................... 63

Tabela 3 – Distribuição absoluta da iniciativa do desligamento e respectivos motivos. 63

Tabela 4 – Distribuição percentual da iniciativa do desligamento e respectivos motivos

........................................................................................................................................ 64

Tabela 5 – Distribuição percentual da escolaridade e iniciativa de desligamento ......... 66

Tabela 6 – Distribuição das formas de treinamento “Bem Vindo à Localiza” ............... 66

Tabela 7 – Pontuações médias referente a opinião sobre alguns quesitos - escalas de 1

a 5 ................................................................................................................................... 67

Tabela 8 – Teste de Normalidade....................................................................................67

Tabela 9 – Resultados do teste de igualdade de distribuição de valores entre as opiniões

dos ex-colaboradores ...................................................................................................... 68

Tabela 10 – Pontuações médias atribuídas ao grau de satisfação – escalas de 1 a 7 ... 68

Tabela 11 – Resultados do teste de igualdades de distribuição de valores entre demitidos

e demissionários ............................................................................................................. 69

Tabela 12 – Motivos do desligamento e itens que mais sentirá falta nesta empresa ..... 70

RESUMO

Esta dissertação aborda o turnover, um problema que se caracteriza como a rotatividade

de funcionários numa empresa. O objetivo geral do trabalho foi identificar e analisar as

causas do elevado nível de turnover numa empresa de locação de veículos. Foi

desenvolvida uma pesquisa quali-quantitativa, de caráter descritivo, que constituiu um

estudo de caso numa empresa locadora de automóveis. A unidade de análise foi a matriz

da empresa, situada em Minas Gerais e os sujeitos de pesquisa foram os funcionários

que pediram demissão ou foram demitidos no primeiro semestre de 2014. A coleta de

dados foi realizada nos documentos da empresa, onde foram identificadas as políticas de

RH adotadas; nos prontuários do setor de RH, foram analisadas as causas pelas quais os

trabalhadores são demitidos e ainda foi enviado aos ex-funcionários, tanto aqueles que

pediram demissão quanto aqueles que foram demitidos, questionário para ser

respondido. Alguns profissionais do setor de RH da empresa também foram

entrevistados a respeito dos motivos considerados relevantes para o desligamento dos

funcionários. Os resultados apontaram que há maior número de funcionários que são

demitidos pela empresa do que aqueles que pedem demissão. Entre os motivos

apontados para a demissão em ambos os casos foi apontada a falta de bom

relacionamento com os colegas e com as chefias, assim como a falta de transparência da

empresa sobre a carreira. Os que se demitiram alegaram como motivo a oportunidade de

receberem melhores salários. Analisando criticamente as políticas de recursos humanos

da empresa, é possível verificar que novos investimentos têm de ser feitos no processo

de recrutamento e seleção, na socialização organizacional e nos programas de

treinamento.

Palavras-chave: Turnover, gestão de recursos humanos, locadora de veículos.

ABSTRACT

This dissertation approaches the "turnover" a problem that is characterized as employee

turnover in a company. The overall objective was to identify and analyze the causes of

the high level of turnover in a car rental company. A qualitative and quantitative

research, with a descriptive character, which was a study of case of a car rental

company was developed. The place of analysis was the company's headquarters, located

in Minas Gerais and research subjects were the employees who resigned or were

dismissed in the first half of 2014. The data collection was held in the Company, where

policies adopted by the Human Resources (HR) were identified; in the records of the

HR, were analyzed the reasons why the workers are laid off and still sent to former

employees, both those who have resigned as those who were dismissed, had a

questionnaire to be answered. Some professionals in the HR department of the company

were also interviewed about their reasons considered relevant to the termination of

employees. The results indicated that there are more employees who are laid off by the

company than those who ask for dismissal. Among the reasons given for the dismissal

in both cases was pointed out the lack of good relationships with colleagues and

supervisors as well as the lack of transparency about the company's career. Those who

resigned claimed as a reason the opportunity to receive better salaries. Critically

analyzing the human resources policies of the company you can check that new

investments must be made in the recruitment and selection process, organizational

socialization and training programs.

Keywords: Turnover, human resource management, car rent.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................13

1.1 Problema da pesquisa........................................................................................15

1.2 Objetivos da pesquisa........................................................................................16

1.3 Justificativa.......................................................................................................16

1.4 Estrutura da dissertação....................................................................................17

2. REFERENCIAL TEÓRICO...........................................................................18

2.1 Políticas de recursos humanos...........................................................................19

2.1.1 Administração de recursos humanos ou gestão de pessoas............................20

2.1.2 Políticas de recursos humanos conceito e campo............................................22

2.1.3 Grupos de políticas de recursos humanos........................................................23

2.1.4 Bases de políticas de recursos humanos..........................................................25

2.2 Turnover ............................................................................................................37

2.2.1 Conceito e caracterização................................................................................37

2.2.2 Fatores relacionados ao turnover ...................................................................40

2.2.3 Produção científica sobre o tema....................................................................51

3. METODOLOGIA..............................................................................................54

3.1 Caracterização da pesquisa.................................................................................54

3.2 Unidade de análise e sujeito de pesquisa............................................................55

3.3 Coleta de Dados.................................................................................................55

3.4 Técnicas de interpretação de resultados............................................................57

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS................................58

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................73

REFERÊNCIAS ...................................................................................................77

APÊNDICES.........................................................................................................85

13

1 - INTRODUÇÃO

O tema desta investigação despertou o interesse do pesquisador desde o início do curso

de Mestrado, quando pretendeu descortinar como e o que deve ser feito para reduzir o

risco de turnover na empresa onde atua no setor responsável pela gestão de recursos

humanos. Para isso, passou a analisar as práticas cotidianas e a maneira pela qual elas

estão relacionadas aos desligamentos de funcionários, avaliando a empresa enquanto

espaço de trabalho, formadora de disposições, ou seja, espaço de formação de habitus,

que conformam o corpo social. Dessa forma, o tema escolhido para esta dissertação,

além de relevante para a empresa estudada, constitui uma preocupação do autor do

trabalho e pretende oportunizar a discussão dos gestores sobre a possibilidade de

retenção do capital humano.

Turnover é um termo da língua inglesa que significa "virada"; "renovação";

"reversão" sendo visto em diferentes contextos. É um conceito muito utilizado na área

de recursos humanos para designar a rotatividade de pessoal em uma organização, ou

seja, as entradas e saídas de funcionários em determinado período de tempo

(SIQUEIRA, 2005).

O turnover nas organizações frequentemente tem sido considerado uma situação natural

e inevitável, sendo gerado por vários fatores, inclusive os que são associados à

insatisfação dos funcionários, tais como: remunerações abaixo da média do mercado,

prejuízo da qualidade de vida, falta de diálogo com as lideranças, tarefas que não

correspondem ao plano de carreira do trabalhador (ROBBINS 2003).

Por outro lado, as empresas têm métodos diferentes para convencer seus funcionários de

que há mais motivos para permanecer na empresa do que para sair. Quando se aborda o

tema turnover, fica envolvida a questão da empregabilidade, ou seja, a capacidade

desenvolvida pelas organizações de criar mecanismos de atração e retenção de

empregados, incluindo aspectos relativos ao ambiente de trabalho, às formas de

remuneração, reconhecimento profissional, investimento em capacitação, abertura dos

canais de comunicação e feedback permanentes, credibilidade, posicionamento da

organização junto ao mercado (SARSUR, 2004, p.338).

14

Independentemente do ramo de atuação econômica da empresa, turnover é a “suspensão

da condição de integrante de uma organização por parte de um indivíduo que recebia

compensação monetária” (MOBLEY, 1992).

Robbins (2005) menciona que os altos índices de turnover resultam em maiores custos

com recrutamento, com seleção e com treinamento, além de causar ruptura na eficiência

da organização, uma vez que o capital humano é perdido. Silva (2003) afirma que o

custo financeiro é a consequência organizacional mais representativa; também elucida

que os altos custos com turnover não devem ser considerados como uma política

econômica ruim, pois devem ser avaliados pelas organizações.

Na mesma linha de pensamento, Siqueira (2005) observa que se o índice de saída for

muito alto, isso se torna muito oneroso para a empresa, pois as despesas relacionadas à

dispensa de um funcionário, acrescidas dos custos de admissão de outro representam

valores elevados. Nesse caso, os empresários terão que arcar com gastos da rescisão do

antigo profissional, despesas de seleção, recrutamento, um período para capacitar o

funcionário admitido, além de dentro do período de adaptação, ocorrerem problemas

que levem o mesmo também a sair da empresa.

A perda de capital humano em uma empresa pode ser motivada por diversos fatores

sendo um deles a insatisfação no trabalho e outro, o surgimento de novas oportunidades

para o trabalhador. Em ambas as situações, é importante que a empresa procure buscar

as causas de tal fenômeno, especialmente quando se perdem bons colaboradores,

qualificados e treinados (SIQUEIRA, 2005).

No contexto contemporâneo, com o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, as

mudanças ocorrem de forma rápida e, em alguns casos, inesperada. Diante deste cenário

é importante que as organizações desenvolvam mecanismos destinados a manter seus

colaboradores com um nível elevado de motivação e comprometidos com o trabalho.

Geralmente, a área de recursos humanos é a responsável por assegurar este resultado

(SARSUR 2004).

Para se compreender melhor o turnover que ocorre numa empresa é preciso analisar e

entender as políticas de recursos humanos. Quando a perda de trabalhadores

qualificados se torna frequente, pode-se inferir a existência de problemas que não estão

sendo bem administrados pela área de recursos humanos (SILVA 2003).

15

O sistema de administração de recursos humanos (ARH) é composto de um conjunto de

subsistemas que respondem por diferentes funções relacionadas às pessoas.

Dependendo do formato organizacional de cada empresa, Marras (2000) aponta que a

ARH pode incluir as atividades de: recrutamento e seleção (R&S), treinamento e

desenvolvimento (T&D), remuneração ou cargos e salários (C&S); higiene e segurança

do trabalho (HST), departamento de pessoal (DP) e relações de trabalho (RT).

Nesse sentido, o setor responsável pela administração de recursos humanos de uma

organização deve desenvolver meios capazes de permitir o diagnóstico de fatores

determinantes do turnover, estabelecendo relação entre esses fatores e buscando atuar

sobre as prováveis consequências organizacionais. Para isto, o administrador de RH

deve estar atento aos índices de turnover, investigando as causas que o geram, além de

avaliar seus resultados para a organização. A partir da identificação das causas do

turnover, a organização tem condições de rever suas políticas, práticas e programas de

tratamento, gerenciando possíveis mudanças desses procedimentos (SILVA, 2003).

A partir do desenvolvimento da perspectiva da gestão estratégica de pessoas, surgiu a

necessidade de acompanhar, mensurar e avaliar o impacto das práticas de gestão de

pessoas sobre o desempenho das organizações (OLIVEIRA, ALBUQUERQUE;

MURITIBA, 2003). De acordo com Silva (2003), as organizações devem realizar

análises regulares e sistemáticas, abrangendo não só as taxas de turnover, mas também

as relações que existem entre o desempenho e o potencial da organização.

1.1 – Problema da pesquisa

Em uma empresa de locação de veículos multinacional, o turnover tem alcançado

elevados índices. Alguns funcionários têm sido demitidos e outros têm pedido

demissão, por motivos diversos. Os prejuízos para a empresa são facilmente

identificados, uma vez que o setor responsável pela gestão de pessoas tem promovido

ações destinadas à qualificação dos funcionários e, ainda, assim, as demissões

continuam ocorrendo. Tem-se consciência de que medidas deverão ser tomadas e este

trabalho pretende oferecer subsídios para se repensar a situação.

Tendo como referência as constatações levantadas e mediante estudos na literatura

sobre o tema, o presente trabalho buscará investigar a seguinte questão: Quais são os

16

fatores determinantes do turnover na empresa de locação de veículos que constitui

objeto deste trabalho?

1.2– OBJETIVOS DA PESQUISA

Para responder à questão proposta, foram definidos os seguintes objetivos:

Objetivo geral: Identificar e analisar as causas do elevado nível de turnover numa

empresa de locação de veículos.

Objetivos específicos:

Identificar as políticas de RH da empresa estudada para captação, manutenção e

retenção de funcionários.

Identificar os fatores que determinam o desligamento dos funcionários,

mediante pedido de demissão ou demissão feita pela empresa.

Verificar os motivos pelos quais o turnover em alguns cargos possui índices

mais elevados.

1.3 – Justificativa

Para o autor, que é um dos gestores de recursos humanos da empresa, este trabalho irá

trazer grandes ganhos, contribuir para entender os motivos da elevada evasão e buscar

reverter estes índices, retendo os talentos e mostrando onde atuar para melhorar o

crescimento profissional dos colaboradores.

Para a academia, trata-se de um enriquecimento do campo de estudos sobre turnover,

pois apresenta estudos já realizados sobre o que leva à alta rotatividade de uma empresa,

os resultados de mais uma pesquisa sobre um tema tão relevante das organizações.

Para a empresa estudada, a pesquisa permitirá identificar os pontos que impactam o seu

turnover e aspectos que poderão ser aprimorados, permitindo a adoção de medidas para

a diminuição da rotatividade de pessoal.

Foi possível verificar que as pesquisas sobre turnover transitam por busca de

compreensão sobre: A gestão de pessoas, estratégias e performance organizacional

(BOSCHETTI, 2009). A ausência de condição estratégica na gestão de recursos

humanos (FRANCO, 2008). A rotatividade e absenteísmo de pessoal como fatores de

variações no custo (MILKOVICH, 2000). O alinhamento estratégico, a gestão por

17

competências e a rotatividade. A perda de capital humano decorrentes da insatisfação no

trabalho e por novas oportunidades (SILVA, 2003); e o papel do líder no processo de

rotatividade dos colaboradores (PEDROSA, 2010).

Este trabalho pretende complementar os elencados acima, trazendo para a academia o

ponto de vista de liderados e lideranças sobre o problema e oferecendo para os gestores

melhores informações sobre os indivíduos colaboradores e suas formas de agir dentro

do contexto empresarial.

1.4 – Estrutura da Dissertação

A presente dissertação de mestrado é apresentada em seis capítulos. No primeiro é

apresentada a introdução do trabalho, parte em que são contextualizados o tema, o

problema, os objetivos, a justificativa da pesquisa e a estrutura da dissertação. Nesse

capítulo, demonstra-se a importância do estudo sobre turnover nas organizações e

apresenta-se a problemática encontrada pelo pesquisador, sendo citados diversos autores

que abordam o tema.

No segundo capítulo, a fundamentação teórica é apresentada com base em dois temas. O

primeiro trata das políticas de recursos humanos, explorando especialmente aquelas

relacionadas à captação de pessoas, à manutenção e desenvolvimento dos funcionários e

à retenção dos mesmos. O segundo tema é referente ao turnover, e faz considerações

sobre este fenômeno, aborda o seu conceito, as necessidades e as atividades que o RH

deve representar (importância e finalidade dentro da organização). Ambos os temas são

tratados juntamente com uma revisão da literatura.

No terceiro capítulo, apresentam-se os procedimentos metodológicos, caracterizando a

pesquisa, apresentando os sujeitos de pesquisa e os instrumentos de coleta de dados e

fazendo referência à técnica de interpretação de resultados.

No quarto capítulo são apresentados os dados coletados e é feita a interpretação dos

mesmos, realçando-se a relação entre as políticas de recursos humanos e o turnover

adotados pela empresa. No quinto capítulo são apresentadas as considerações finais.

18

2 - REFERENCIAL TEÓRICO.

O referencial teórico deste trabalho aborda dois temas fundamentais para a análise da

pesquisa: o primeiro se refere às chamadas Políticas de recursos humanos e, para

facilitar a compreensão, aborda conceito e características da Administração de Recursos

Humanos na atualidade. O segundo tema trata o assunto principal do trabalho, que é o

turnover, o qual será comentado a partir do conceito e da produção científica

disponibilizada, acrescendo-se os fatores identificados que determinam este fenômeno

nas organizações do trabalho.

Nenhum negócio pode existir sem capital e sem seres humanos, e a quantidade destes

recursos pode variar, mas todas as organizações devem ter ambos, ou deixarão de

existir. É, pois, de extrema importância que se olhe cuidadosamente para esse capital

intelectual. Os setores de recursos humanos responsabilizam-se pela função de atrair e

empregar pessoas, bem como de capacitá-las, gerenciá-las e retê-las, para que

desenvolvam corretamente as atividades relacionadas ao trabalho (FRANCO 2008).

A competitividade está cada vez mais dependente da capacidade de geração de

conhecimentos que uma organização possui. Portanto, as pessoas assumem papel

primordial, fazendo com que a importância de políticas de gestão de pessoas se torne

visceral para as organizações. Os estudos de Castelli (2001) apontam que a satisfação

das pessoas significa atender a necessidade de todos: empregados, comunidade local,

acionistas, e clientes.

Nesse contexto, a preocupação com a permanência do trabalhador no qual a empresa

investiu para assegurar o desenvolvimento de suas competências torna-se questão

associada à garantia de produtividade. Dada a importância que hoje se atribui ao capital

humano, a rotatividade de trabalhadores numa empresa tem merecido estudos tanto na

academia quanto no âmbito organizacional, com as empresas cada vez mais buscando

entender os motivos da rotatividade (SIQUEIRA, 2005).

Para Nascimento (2003), o absenteísmo tem-se tornado um problema sério para as

organizações e seus gestores. Suas causas estão ligadas a muitos fatores e, muitas vezes,

tornam difícil seu gerenciamento. O turnover, ainda mais grave do que o absenteísmo,

19

constitui o foco da presente dissertação e também tem sido discutido em razão de suas

consequências negativas para a organização e para as pessoas.

Este capítulo, inicia-se pela abordagem das Políticas de Recursos Humanos, a fim de se

compreender como os critérios estabelecidos para o recrutamento e a seleção de

colaboradores, o treinamento e o desenvolvimento, assim como o acompanhamento e a

avaliação contribuem para garantir a qualidade dos serviços prestados. Em seguida, a

apresenta-se o conceito de turnover segundo diversos autores e as teorias relacionadas

com o tema. Identificam-se alguns conceitos que possam determinar o turnover e faz-se

o comentário de cada um deles. Após a abordagem da importância do turnover,

comenta-se a preocupação das pessoas e em especial dos gestores com o problema

dentro da organização.

2.1 – Políticas de Recursos Humanos

Para compreensão do que constitui a política de recursos humanos de uma organização,

inicia-se este referencial apresentando o conceito de Administração de recursos

humanos e os sistemas que compõem esta área das organizações.

Segundo Lacombe (2005) “política é um conjunto de declarações escritas a respeito das

intenções da instituição em relação a determinado assunto, indica os meios e a forma

desejados para atingir os objetivos principais”. (LACOMBE, 2005, p.127). As políticas

são formuladas, em geral, de forma ampla e proporcionam as linhas mestras para

orientar as decisões mais importantes e a formulação dos objetivos setoriais e das

normas.

Os autores Carvalho e Nascimento (2004) citam como propósitos das políticas de

recursos humanos:

• Estabelecer programas e incentivos que objetivem a manutenção do

trabalhador na empresa por mais tempo, reduzindo os custos com a

administração de empregados.

• Proporcionar maior e melhor flexibilização em matéria de recrutar,

selecionar, treinar e avaliar o desempenho dos funcionários da empresa.

• Adequar a administração de cargos e salários à dinâmica do mercado de

trabalho.

Chiavenato (2005) afirma que as políticas de recursos humanos podem variar de uma

organização para outra, devido aos seguintes fatores:

20

• Antecedentes históricos da organização.

• Cultura organizacional e racionalidade.

• Contexto ambiental: fatores econômicos, políticos, sociais, culturais,

tecnológicos.

• Localização geográfica.

• Relações com sindicatos.

• Políticas e restrições governamentais.

É importante este registro, pois organizações criadas em diferentes momentos, ou

mesmo na mesma época, adotam políticas de recursos humanos bem diferentes,

condizentes com sua história. Em algumas organizações, o sistema de recrutamento é

feito por consultorias externas, evitando influência de quem já trabalha na organização;

em outras, adota-se o recrutamento de pessoas ligadas aos empregados, conforme

sugerido pelo fundador desde o início da empresa. Nesses dois exemplos se pode

sentir o efeito da cultura organizacional, entendida como conjunto de valores, crenças,

atitudes consolidados ao longo do tempo em cada empresa (CHIAVENATO 2005).

Tem-se verificado que fatores econômicos, políticos, sociais e tecnológicos

também influenciam diretamente as práticas de recursos humanos. Políticas voltadas

para o avanço econômico do país são responsáveis pela expansão de empresas

tecnologicamente desenvolvidas, o que afeta as oportunidades de trabalho, as

competências exigidas dos trabalhadores e isto gera consequências sociais. Assim, na

atualidade não se pode admitir a contratação para qualquer cargo ou função de pessoas

que desconhecem a tecnologia. Mesmo tarefas que antes não exigiam qualificação,

atualmente requerem o domínio de alguns conhecimentos tecnológicos, sem os quais as

pessoas não conseguem ter um desenvolvimento no trabalho (MARRAS 2000).

Na mesma linha de raciocínio, as relações sindicais e as políticas governamentais

afetam a questão salarial, a carreira das pessoas e os planos de desenvolvimento dos

funcionários de uma organização (MARRAS 2000).

2.1.1 – Administração de Recursos Humanos ou Gestão de Pessoas

A Administração de Recursos Humanos, atualmente mais conhecida pela expressão

Gestão de Pessoas, é uma das funções da gestão das organizações cujo papel consiste

em estabelecer o sistema que rege as relações entre os colaboradores, definir a melhor

adequação de cada um deles à função que irá realizar e estabelecer a integração dos

colaboradores (FRANÇA, 2010).

21

De acordo com Goulart (2013), a necessidade de tornar as pessoas produtivas,

oferecendo o melhor de si para o rendimento do trabalho, levou as organizações a

investirem numa área técnico-científica usualmente denominada Administração de

Recursos Humanos (ARH), que é considerada um ramo da Ciência da Administração.

A autora considera, portanto, que

“ARH constitui uma tecnologia de gerenciamento, que visa a auxiliar

o gerente a garantir a produtividade e o lucro mediante integração do

trabalhador no contexto da organização”. Tratando-se de um corpo de

conhecimentos que resulta da aplicação da pesquisa produzida em

várias ciências sociais e humanas, a Administração de Recursos

Humanos está constantemente buscando oferecer referências ao

mercado e, por isto, são freqüentes as alterações em sua configuração.

(GOULART, 2013, p.36)

Pode-se inferir que a área de ARH constitui um órgão de assessoria, ou seja, não está

diretamente envolvida com a produção; ela é um provedor de serviços para as demais

áreas, oferecendo aos gerentes e chefias os fundamentos para a decisão final relacionada

às pessoas e ao trabalho.

De acordo com Marras (2000, p.46) para a ARH é um órgão de staff e “[..] sua ação está

limitada a influenciar e aconselhar as unidades de linha.”, abrangendo assim uma

atividade-meio da empresa. O autor ressalta, ainda, que a área de Gestão de pessoas

deve também levar em consideração o caráter contingencial, ou seja, de acordo com o

ambiente em que a organização está inserida, uma variação de estrutura, ramo de

atuação, porte, demanda e níveis hierárquicos determinam as atividades que devem ser

desenvolvidas pelo profissional de RH.

Palmeira (1999) considera que o sistema de administração de recursos humanos

apresenta-se subdividido em cinco subsistemas:

a) provisão, que engloba pesquisa de mercado de profissionais, recrutamento, seleção e

integração de novos colaboradores;

b) aplicação, subsistema que está relacionado à análise e descrição de cargos,

planejamento e alocação, plano de carreiras e avaliação de desempenho;

c) manutenção, que envolve a administração de salários, plano de benefícios sociais,

higiene e segurança do trabalho e relações trabalhistas;

d) desenvolvimento, que se ocupa do treinamento e desenvolvimento de pessoas e da

organização;

22

e) monitoração, subsistema que engloba banco de dados, sistemas de informação e

auditoria de recursos humanos. A auditoria de recursos humanos é uma forma de

avaliar a gestão de pessoal na organização e pode ser efetuada através de

questionários, entrevistas e estatísticas de pessoal.

Para o autor, a correta aplicação e desenvolvimento destes subsistemas garante que a

organização possa encontrar a pessoa certa para o cargo certo, estimular o

comprometimento dos colaboradores com a organização, manter o desenvolvimento

profissional, mediante verificação do desempenho dos trabalhadores, bem como

possibilitar a aplicação de ações corretivas de acordo com a necessidade.

Em suma, a gestão de recursos humanos consiste na eficiente utilização dos

colaboradores através do uso efectivo dos seus talentos e habilidades visando a atingir

os objetivos da organização. A partir da década de 1990, a ênfase que se tem dado à

importância do capital humano tem sugerido que a preocupação com os objetivos

organizacionais não pode perder de vista o bem-estar dos próprios colaboradores

(GOULART 2013).

Devido à amplitude que o conceito de ARH vem assumindo, esta área passa a incluir

todos os membros de uma organização, desde os diretores até os funcionários

iniciantes. Isto ocorre porque a ARH inclui todas as atividades exercidas pelos

gerentes para atrair e reter funcionários, a fim de assegurar que eles tenham um alto

desempenho e contribuam para a realização das metas organizacionais (JONES;

GEORGE, 2008, P. 413). Neste sentido, os autores aliam a noção de gestão de

pessoas ou gestão de recursos humanos ao planejamento estratégico da organização e

ressaltam que:

“A gestão estratégica de recursos humanos (GRH) é o processo

pelo qual os gerentes planejam os componentes de um sistema de

GRH para que sejam consistentes uns com os outros, com os outros

elementos da arquitetura organizacional e com a estratégia e as

metas da organização”.

2.1.2 – Políticas de recursos humanos: conceito e campo

Uma vez apresentado o conceito de Administração de Recursos Humanos, passa-se a

analisar o sentido de políticas de recursos humanos.

A valorização das pessoas como recurso estratégico para garantir a competitividade das

organizações é uma consequência das mudanças ocorridas no modelo econômico

23

mundial, caracterizado pela evolução da tecnologia, da informação e da comunicação.

Este novo modelo, hoje dominante em todo o mundo, conduz a uma competitividade

intensa, causando significativas mudanças na forma pela qual as organizações devem

estruturar-se no mercado. Flannery (2002) observa que, numa época em que a

globalização, a competição, o forte impacto da tecnologia e as céleres mudanças se

tornaram os maiores desafios externos, a vantagem competitiva das empresas está na

maneira de utilizar o conhecimento. As organizações já se deram conta da importância

das pessoas como detentoras desse conhecimento e percebem a necessidade de

estabelecer políticas capazes de adequar seus objetivos às necessidades de recursos

humanos. Assim, buscam definir formas de seleção, contratação, desenvolvimento,

acompanhamento e avaliação desses recursos.

Dutra (2007) confirma esta visão, realçando que a gestão de pessoas precisa ser

integrada e que o conjunto de políticas e práticas que as formam devem atender aos

interesses das empresas, sem perder de vista os interesses e expectativas das pessoas.

Tachizawa (2004, p.12) ressalta que: "a gestão com pessoas, tem como objetivo

fundamental tornar a relação entre capital e o trabalho, no âmbito das organizações, a

mais produtiva e menos conflituosa possível". Segundo o autor, as empresas que

desenvolvem um bom relacionamento em equipe conseguem atingir bons resultados e

alcançar os objetivos planejados.

Por outro lado, Gil (2001) considera que a gestão de pessoas abrange amplo leque de

atividades, que inclui desde o recrutamento de pessoal, a descrição de cargos, o

desenvolvimento até a avaliação de desempenho.

Um sistema de recursos humanos se define como um conjunto de subsistemas,

políticas e procedimentos que direcionam o comportamento e o desempenho das

pessoas para o alcance dos objetivos organizacionais. Numa perspectiva sistêmica, cada

uma dessas partes constitui um subsistema que deve ser inter-relacionado aos demais,

para que integrem um todo, envolvendo políticas, normas e procedimentos adotados na

gestão de pessoas.

2.1.3 - Grupos de políticas de recursos humanos

Chiavenato (2005) considera que as bases das políticas de recursos humanos

se dividem em cinco grupos: provisão de recursos humanos, aplicação de recursos

24

humanos, manutenção de recursos humanos, desenvolvimento de recursos humanos e

monitoramento de recursos humanos.

O Quadro1, adaptado a partir da sugestão de Chiavenato (2005), tem nesta

dissertação um objetivo didático, que é apresentar cada uma das bases das políticas de

recursos humanos. Pode-se inferir que a partir das políticas, podem-se definir os

procedimentos a serem implantados, que são cursos de ação predeterminados para

orientar o desempenho das operações e atividades, em vista os objetivos da organização.

PROVISÃO DE

RECURSOS

HUMANOS

APLICAÇÃO DE

RECURSOS

HUMANOS

MANUTENÇÃO

DE RECURSOS

HUMANOS

DESENVOLVIMENTO

DE RECURSOS

HUMANOS

MONITORAÇÃO

DE RECURSOS

HUMANOS

Pesquisa de mercado

de recursos humanos.

Pesquisa e análise do

mercado de recursos

humanos onde recru-

tar (fonte de recruta-

mento).

Análise e descrição de

cargos.

Determinação dos

requisitos básicos da

força de trabalho

(requisitos intelectu-

ais, físicos, responsa-

bilidades envolvidas e

condições de trabalho

para o desempenho do

papel).

Administração de

salários.

Avaliação e classifi-

cação de cargos vi-

sando ao equilíbrio

salarial interno.

Pesquisas salariais

visando ao equilíbrio

salarial interno, polí-

tica salarial.

Treinamento.

Diagnóstico e programa-

ção da preparação e

reciclagem constante dos

recursos humanos para o

desempenho dos cargos.

Banco de Dados.

Registros e contro-

les para a devida

análise quantitativa

e qualitativa dos

recursos humanos

disponíveis.

Recrutamento.

Como recrutar

(técnicas de recruta-

mento) prioridade do

recrutamento interno

sobre o externo

Planejamento e aloca-

ção de recursos huma-

nos.

Determinação da quan-

tidade de recursos hu-

manos necessária à

alocação desses recur-

sos em termos de posi-

cionamento em cargos

dentro da organização

Plano de benefícios

sociais.

Planos e sistemáticas

de benefícios sociais

adequados a diversi-

dade de necessidades

dos participantes da

organização

Desenvolvimento de recur-

sos humanos.

Aprimoramento a médio e

longo prazo dos recursos

humanos disponíveis, vi-

sando à contínua realiza-

ção do potencial existente

em posições mais elevadas

na organização.

Sistema de infor-

mação.

Meios e veículos de

informação adequa-

dos às decisões so-

bre recursos huma-

nos.

Seleção.

Critérios de seleção e

padrões de qualidade,

grau de descentraliza-

ção das decisões

acerca da seleção de

pessoal, técnica de

seleção

Plano de Carreiras.

Determinação da

sequencia ótima das

carreiras, definindo as

alternativas de oportu-

nidades possíveis den-

tro da organização.

Higiene e segurança

no trabalho.

Critérios de criação e

desenvolvimento das

condições físicas am-

bientais de higiene e

segurança que envol-

vem os cargos.

Desenvolvimento organi-

zacional.

Aplicação de estratégias de

mudança visando à saúde e

excelência organizacional

Auditoria de

recursos humanos.

Critérios de avalia-

ção e adequação

permanentes das

políticas e dos pro-

cedimentos de re-

cursos humanos

Integração.

Planos e mecanismos

(centralizados e

descentralizados) de

integração de novos

participantes ao am-

biente interno da

organização

Avaliação de desempe-

nho.

Planos e sistemáticas

para continua avaliação

da qualidade e

adequação dos recursos

humanos.

Relações sindicais

Critérios e normas de

procedimento sobre

relações com

empregados e

sindicatos.

‘___________________

‘_______________

Quadro 01: Bases da política de recursos humanos

Extraido de Chiavenatto (2005)

25

2.1.4 - Bases da política de recursos humanos

Algumas dessas bases da política de recursos humanos são comentadas neste

capítulo, uma vez que elas têm influência direta sobre o problema estudado, que é o

turnover.

As políticas de provisão são relacionadas com as atividades de pesquisa de

mercado, recrutamento e seleção de pessoas e integração ao ambiente organizacional.

Dutra (2007, p.70) observa que o mercado de trabalho tem sido definido como o

“conjunto de oportunidades de trabalho oferecidas pelas organizações e como o conjunto de

pessoas dispostas a oferecer sua força de trabalho.”

Tachizawa (2004), por sua vez, considera que o mercado de trabalho é o local

onde está localizada a oferta de mão-de-obra. Este mercado pode estar ou não em

equilíbrio, pois ele flutua em função do tipo de mão-de-obra procurada. Há situações

em que há excesso de oportunidades e faltam candidatos em condição de preenchê-las

e outras vezes há candidatos preparados e não existem oportunidades de trabalho.

Carvalho e Nascimento (2005), considerando em termos de recrutamento e

seleção, observam que "o mercado de trabalho é a fonte de onde afluem os candidatos

ao preenchimento de vagas oferecidas pela empresa". Para que ocorra o preenchimento

das vagas de uma maneira eficaz é realizado o processo de recrutamento.

O recrutamento é constituído pelo conjunto de técnicas e procedimentos destinados

a atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da

organização e é divulgado por um sistema de informação que chega ao mercado de recursos

humanos (Chiavenato, 2005).

Marras (2000, p.69) define o recrutamento como “todo processo que tem início a

partir de uma necessidade interna da organização, no que tange à contratação de novos

profissionais”.

O recrutamento constitui um elo entre o ambiente externo e a organização e é o

primeiro ponto de contato entre a empresa e o trabalhador; inclui um processo de busca de

candidatos, visando o ajustamento do funcionário ao cargo, a organização do setor de

trabalho e à chefia requisitante com quem irá trabalhar (DUTRA, 2010).

Marras (2000) realça que o recrutamento de pessoal pode ser interno ou

externo. O recrutamento interno é aquele que privilegia os próprios funcionários da

26

empresa; a divulgação é informada por meio de comunicação, memorando ou cartazes

em todos os quadros de avisos da empresa, com as características exigidas pelo cargo,

solicitando aos interessados que compareçam ao setor de RH para candidatar-se à

posição oferecida ou enviar seus dados para análise.

O recrutamento externo pode ser recomendado quando a empresa pretende ter pessoas

novas, trazendo contribuições diferentes e escolhe entre os candidatos disponíveis que possam

atender às suas necessidades. Já o recrutamento interno pode constituir um fator de estímulo para

os funcionários, dando-lhes oportunidade de ascensão na carreira ou de troca de atividade dentro

da própria empresa (DUTRA, 2010).

As fontes de recrutamento são variadas e a empresa as seleciona em função de

sua necessidade. Algumas dessas fontes são: bancos de dados da empresa, indicações

feitas por funcionários ou por outras empresas, cartazes e avisos distribuídos em

diferentes locais, como sindicatos, associações, escolas, universidades e mesmo

headhunters (caçadores de talentos) (GIL 2001)

Uma vez feito o recrutamento, o passo seguinte é a seleção. Para Lacombe

(2005, p.79) "a seleção abrange o conjunto de práticas e processos usados para

escolher, dentre os candidatos disponíveis, aquele que parece ser o mais adequado para

a vaga existente".

Gil (2001) chama a atenção para a importância de se definir critérios que sejam

coerentes com as políticas da empresa, para que se possa fazer uma boa seleção,

escolhendo a pessoa adequada para o cargo que deve ser preenchido.

Tachizawa (2004, p.222) chama a atenção no sentido de que "[...] na fase de

seleção, deve-se aplicar a técnica mais compatível com o tipo de mão de obra a ser

recrutada, ou seja, as informações contidas na própria descrição de cargo e que constam

do plano de cargos e salários da organização".

Lacombe (2005) sugere os seguintes passos para se fazer a escolha adequada de

funcionários para exercerem determinado cargo:

•Entrevista na unidade de seleção, realizada com objetivo de observar o

candidato e checar as informações contidas no currículo.

• Informações fornecidas por pessoas confiáveis sobre a capacidade do candidato e

sobre sua integridade.

27

•Testes que avaliem a competência técnica e profissional do candidato.

•Testes psicológicos, destinados a avaliar as características de personalidade o

raciocínio lógico, a linguagem, o controle emocional do candidato.

•Dinâmica de grupo usada para observar as reações do candidato em situações

sociais ou em situação simulada de trabalho.

•Entrevista pelas chefias futuras, para que decidam entre candidatos qual o melhor

para o cargo pretendido:

•Informações de empregos anteriores

•Informações cadastrais, que informem sobre possíveis restrições bancárias ou de

crédito ou mesmo policiais.

•Exame médico, que é obrigatório por lei antes da admissão.

Além dessas técnicas sugeridas, é necessário considerar a cultura da empresa e a

possibilidade de o candidato adaptar-se a ela, levando em conta seus valores e crenças.

A importância dos processos de provisão de recursos humanos é realçada por Gil (2001

p.111), que faz as seguintes considerações:

“Mesmo que o recrutamento e os procedimentos de seleção tenham sido feitos a partir de critérios adequados, não se pode, absolutamente, ter certeza de que a avaliação será satisfatória. O processo seletivo tenderá a apresentar grandes chances de adequação à medida que se tenha sido tecnicamente conduzido. E um ponto importante a considerado refere- se à avaliação do candidato”.

Logo após o momento em que o candidato é selecionado deve ser realizada à integração

na empresa, que é também chamada socialização organizacional. Este processo consiste

em receber os novos participantes e integrá-los a cultura da organização, levá-los a

conhecer as pessoas, assim como os objetivos, as normas, as práticas, os horários de

trabalho, aquilo que é permitido e o que é proibido na empresa, a fim de que ele se

comporte de maneira adequada às expectativas da organização (LACOMBE, 2005).

Quando o empregado conhece os valores da empresa, se sente que foi aceito como

membro da equipe é provável que suas atitudes com relação ao trabalho sejam mais

positivas (PONTES, 2010).

As políticas ligadas à aplicação de recursos humanos envolvem as atividades

relacionadas a análise e descrição de cargo, planejamento e alocação de recursos

humanos, plano de carreiras e avaliação do desempenho (PONTES, 2010).

28

A especificação do cargo é o relato dos requisitos, responsabilidades e esforços

impostos ao ocupante do cargo que na opinião de Pontes (2010, p.84) os principais

fatores de especificação de cargo são: o nível de instrução formal, os conhecimentos

complementares exigidos para o cargo, a experiência do candidato, a responsabilidade por

máquinas e equipamentos, materiais e também pela segurança de terceiros.

A análise de cargos é a enumeração detalhada de tarefas e atribuições que compõem um

cargo, tornando-o distinto de todos os outros, bem como dos requisitos qualificativos para

exercê-lo.

Segundo Gil (2001, p.175) a análise de cargos “é o estudo que se faz para obter

informações sobre as tarefas ou atribuições de um cargo”. Com isso, Pontes (2010)

afirma que os cargos-chave facilitam o processo de avaliação, por servir como base de

comparação.

Segundo Zimpeck (2004), cargos – chave: devem compreender salários que reflitam,

tanto quanto possível, os vários níveis da estrutura em vigor, desde os inferiores até o

extremo superior. Cuidados especiais devem ser tomados para acabar com salários tidos

como incompatíveis com o padrão estabelecido na empresa.

França (2010) afirma que para melhor avaliar os cargos, se faz necessário identificar os

fatores relevantes para a análise. O objetivo dos fatores de avaliação consiste em

estabelecer diferenças discerníveis entre determinado número de cargos e são

fornecidos pela sua descrição e análise.

A descrição de cargos significa relacionar desde o que o ocupante faz até o

motivo por que faz, e um retrato simplificado do conteúdo e das principais

responsabilidades do cargo. O seu formato inclui, o título do cargo, o sumário das

atividades a serem desempenhadas e suas principais responsabilidades. A sua descrição

relacionam de maneira breve as tarefas deveres e responsabilidades do cargo.

A redução no número de cargos descritos, adotando-se maior generalidade nas

descrições, evita que se engessem as pessoas nas limitações da função. Os cargos devem

mostrar somente as “diretrizes gerais de trabalho” (WOOD e PICCARELLI, 1999: 62),

tornando as funções mais abrangentes, de modo que deem espaço para a iniciativa das

pessoas.

Para Gil (2001, p. 175) a descrição de cargos “é a exposição ordenada das

29

tarefas ou atribuições de um cargo. Ela busca descrever o que o ocupante do cargo faz,

como faz, por que faz”.

É necessário descrever e analisar os cargos de modo que o ocupante possa

desenvolver suas funções com conhecimento de seu ambiente de trabalho,

compreendendo a importância destes processos. Para que se tenha uma adequada

administração de profissionais é indispensável um planejamento de Recursos Humanos

(FRANÇA 2010).

O plano de recursos humanos, segundo Lacombe (2005, p.36), é o ponto de

partida para que a empresa possa atingir seus objetivos e inclui o diagnóstico das

políticas, práticas e decisões da empresa, bem como sua consistência e coerência e a

forma como esses itens se encaixam no planejamento estratégico da organização.

Como afirma Tachizawa (2004, p.197) "planejamento de carreiras é um

processo continuo de integração entre o empregado e a organização visando a atender

aos objetivos e interesses de ambas as partes".

Decidir uma carreira não significa escolher somente a área de atuação

profissional, mas optar por caminhos, ambientes e pessoas aproveitando as

oportunidades que lhe são oferecidas. Cabe ao colaborador delinear sua carreira com

base nas trajetórias, requisitos e critérios. Na opinião de Pontes (2010, p.337) "cabe à

organização a responsabilidade pela definição de um plano de carreiras que, por

trajetórias diversas, possibilite o crescimento e ascensão do colaborador. No entanto,

carreira é decisão do colaborador".

O colaborador pode ter seu crescimento profissional por meio de cargos compondo

trajetórias de carreiras, pode também estar ligado aos segmentos de carreira, nesse caso

o que irá contar é o potencial de cada indivíduo. Como enfatizam Carvalho e

Nascimento (2004, p.235), os principais objetivos do plano de carreira são:

• Propiciar carreiras compatíveis de acordo com as necessidades de mão- de-

obra definidas no planejamento de RH.

• Permitir que os funcionários estejam motivados para o trabalho em face de

ascensão que lhes é oferecida pela empresa.

• Assegurar que política de formação e desenvolvimento de carreira seja

transparente e dinâmica.

30

• Garantir que a direção da empresa possa utilizar o desenvolvimento de

carreira como um instrumento efetivo de administração integrada.

Com o plano de carreira, a empresa tem inúmeras vantagens. Graças a ele, os

profissionais qualificados permanecem na empresa, pois os mesmos sentem-se atraídos

pela real possibilidade de promoção, como também aumenta o nível de motivação

devido à perspectiva de progresso, além disso, diminui os erros nas promoções e

facilita para a organização na identificação de talentos profissionais. É importante

também na melhoria dos processos e na identificação de talentos profissionais que a

organização tenha políticas para avaliar o desempenho dos profissionais

(TACHIZAWA 2004).

A avaliação do desempenho é o processo de avaliar o comportamento do ocupante do

cargo em busca de melhorar os resultados e aprimorar o conhecimento e habilidades dos

recursos humanos da organização e também prever posicionamentos futuros,

considerando o potencial humano disponível em seus quadros. A avaliação do

desempenho pode colaborar na determinação e no desenvolvimento de uma política

adequada de RH às necessidades da organização (GIL 2001).

Segundo França (2010, p.116) "a avaliação do desempenho dentro das empresas tem

como meta diagnosticar e analisar o desempenho individual e grupal dos funcionários,

promovendo o crescimento pessoal e profissional, bem como melhor desempenho".

Isto significa que ela é um meio que permite aos administradores mensurar os

resultados obtidos por um empregado ou por um grupo, em período e áreas específicas

(MARRAS, 2000).

A organização deve determinar quem são os responsáveis pela avaliação,

como coloca o autor abaixo:

“Conforme a política de RH adotada pela organização, a responsabilidade pela avaliação do desempenho das pessoas pode ser atribuída ao gerente, ao próprio individuo e seu gerente, à equipe de trabalho, ao órgão de Gestão de Pessoal ou a uma comissão de avaliação do desempenho (CHIAVENATO, 2005, p.260)”

Cada uma dessas alternativas envolve uma filosofia de ação, trata-se de um

conjunto de técnicas visando a obter e analisar informações que possibilitem estimar a

31

qualidade da contribuição prestada pelo empregado à organização.

Com os programas de treinamento torna-se possível identificar as causas de

eventuais deficiências e os meios de superá-las, e também examinar os aspectos positivos

de cada funcionário, a fim de maximizá-los, incentivando o potencial de crescimento.

Tachizawa (2004) define os principais objetivos da avaliação do desempenho como

adequação do indivíduo ao cargo, identificação das necessidades de treinamento,

promoções, incentivo salarial ao bom desempenho, melhoria do relacionamento entre

supervisores e liderados, autodesenvolvimento.

As políticas de manutenção são aquelas destinadas a manter o ambiente de

trabalho sadio, para que as pessoas desenvolvam suas atividades motivadas e sob a

influência de clima organizacional adequado. Essas políticas incluem: a administração

de salários, higiene e segurança, manutenção das relações sindicais.

A administração de salários é constituída pelo conjunto de normas e

procedimentos que visam estabelecer ou manter estruturas de salários eqüitativas e

justas na organização. Seus objetivos principais são: estabelecer padrões de

remuneração a todos os colaboradores, de acordo com as condições do mercado de

trabalho, reconhecer e premiar os colaboradores conforme seu desempenho, recrutar e

conservar pessoas competentes e manter as despesas salariais com a finalidade de se

fazer o acompanhamento e controle (CARVALHO e NASCIMENTO, 2004).

Marras (2000, p.120) observa que, para tratar assuntos relativos a salários, a

empresa adota uma política salarial, que "é o instrumento pelo qual a empresa

determina os parâmetros que deseja imprimir, fixando condições e normas a serem

seguidas ao longo de toda a estrutura organizacional". Através dessa política salarial

são monitorados a estrutura de cargos e salários, os salários de admissão e a previsão

dos reajustes salariais.

Quando a organização adota uma política salarial eficaz, torna-se possível a

ascensão profissional dos colaboradores de acordo com sua capacidade e o seu

desempenho, ou seja, as pessoas são remuneradas conforme seu rendimento no

trabalho.

Lacombe (2005) considera que os benefícios sociais constituem remuneração

indireta, independente do cargo. Na realidade são benefícios sociais, vantagens e

32

serviços destinados a agradar os trabalhadores e poupar-lhes esforços e preocupações.

Quando a empresa dispõe de um programa de benefícios que atende às

necessidades dos trabalhadores e os torna mais produtivos, os objetivos

organizacionais são atingidos e a competitividade no mercado é garantida. Por outro

lado, quando a empresa investe nos funcionários, assegurando-lhes melhor qualidade

de vida, assistência médica, alimentação, ela constrói uma imagem positiva diante da

sociedade (MARRAS, 2000).

Há benefícios espontâneos e compulsórios. Os espontâneos são concedidos por

decisão das empresas, visando a atrair novos recursos humanos ou manter os que já

estão na empresa. Geralmente, são vantagens como assistência médica, clube para

empregados, festas comemorativas para funcionários e filhos, entre outros.

Os benefícios compulsórios são aqueles que a empresa concede aos seus

empregados em atendimento às exigências da lei ou de normas legais como acordos

ou convenções coletivas de trabalho, tais como: complemento de auxílio a doença, 13°

salário, salário família, férias regulamentares, licença maternidade.

A higiene e segurança no trabalho têm como objetivo garantir bem estar e

condições de saúde adequadas aos funcionários. Dutra (2010) considera que a higiene do

trabalho refere-se ao conjunto de normas e procedimentos que priorizam a integridade

física e mental do trabalhador. Logo, são medidas técnicas, educacionais, psicológicas,

empregadas com intuito de prevenir acidentes e também eliminar riscos no ambiente

de trabalho.

Já a segurança no trabalho diz respeito à prevenção de situações que possam

prejudicar o trabalhador, tais como acidentes, roubo e incêndios no local de trabalho. A

prevenção de acidentes é garantida por um órgão denominado CIPA (Comissão Interna

de Prevenção de Acidentes). A prevenção de roubos pode ser garantida ou minimizada

por esquemas de vigilância e a prevenção de incêndios pode ser assegurada pela

divulgação de métodos mais eficazes de combate.

Tachizawa (2004, p.228) observa que "Criar e manter um ambiente de

trabalho seguro e saudável é fundamental para as empresas que zelam pela sua imagem

e preocupam-se com os crescentes custos decorrentes dos acidentes de trabalho e das

33

doenças profissionais".

Este autor considera que a higiene e segurança no trabalho incluem:

• Eliminação ou minimização de fatores que propiciem o surgimento das

doenças profissionais.

• Redução dos efeitos prejudiciais provocados pelo trabalho.

• Prevenção de doenças, lesões ou deficiências apresentadas pelos empregados.

Os sindicatos são órgãos de representação dos trabalhadores e as relações

trabalhistas envolvem questões ligadas ao relacionamento com esses organismos, como

observa Dutra (2010).

Lacombe (2005) considera que os sindicatos procuram reivindicar melhores

condições de trabalho, remunerações e benefícios melhores e outros direitos do

trabalhador e realça que quando a empresa remunera bem seu pessoal e proporciona

condições de trabalho seguras em um ambiente adequado, ela tem condição de atrair os

funcionários mais capazes e obter maior produtividade.

As Políticas de desenvolvimento de Recursos Humanos são aquelas que se dedicam a

melhorar o desempenho do trabalhador, oferecendo-lhe o preparo para o desempenho

das atividades atuais ou das atividades futuras. Nesse sentido, essas políticas estão

voltadas para a carreira e incluem programas de mudança visando à melhoria tanto do

funcionário quanto da organização. Entre as políticas de desenvolvimento distinguem-

se especialmente duas: o treinamento e o desenvolvimento de pessoas.

Segundo França (2010, p.88) "treinamento é o processo sistemático, para promover a aquisição de habilidades, regras, conceitos e atitudes que busquem a melhoria da adequação entre as características dos empregados e as exigências dos papeis funcionais".

Lacombe (2005), por sua vez, considera que o treinamento diz respeito a qualquer

atividade que contribua para tornar uma pessoa apta a exercer sua função ou atividade,

aumentando sua capacidade para as atuais ou preparando-o para novas funções.

Logo, os dois autores realçam o treinamento como o recurso que a organização utiliza

para assegurar que o desempenho do trabalhador o torne mais qualificado para assegurar

o alcance dos objetivos organizacionais tanto no presente quanto no futuro.

Tachizawa (2004) considera que os objetivos do treinamento são os seguintes:

34

a) preparar as pessoas para a execução imediata das diversas tarefas próprias da

organização;

b) dar oportunidades para o desenvolvimento pessoal, tanto no cargo ocupado no

momento como em outros que o sujeito venha a exercer;

c) mudar a atitude das pessoas, a fim de criar um clima mais satisfatório caracterizado

pela motivação elevada e receptividade às técnicas de supervisão e gestão.

Para Borges-Andrade e Abbad (2003), entre os propósitos do treinamento, destacam-se

a identificação e superação de deficiências nos desempenhos, a preparação de

empregados para novas funções e o retreinamento de adaptação de mão-de-obra na

introdução de novas tecnologias. Treinamento é entendido como desenvolvimento

sistemático de padrões comportamentais de conhecimentos, habilidades e atitudes,

necessários ao desempenho adequado de uma tarefa ou trabalho (LATHAM, 1988).

Para Abbad (1999); clima ou suporte à transferência de treinamento é, sem dúvida, um

componente crítico no estudo das variáveis que afetam a eficácia de programas

instrucionais.

Seguindo a recomendação de Abbad et al. (2003), um aspecto da categoria

características do treinamento, relacionado ao uso das Novas Tecnologias de

Informação e Comunicação (NTICs), é analisado: a interface gráfica do curso. Trata-

se do estudo do meio disponibilizado ao aluno para que adquira novos conhecimentos.

Mostra-se de grande importância para os avanços em TD&E, por ser um elemento de

mediação do ensino pela Internet.

O desenvolvimento de recursos humanos está voltado para a manutenção de estratégias

que visem alinhar os objetivos pessoais com os objetivos organizacionais e geralmente

ultrapassa o que constitui o papel do treinamento.

Tachizawa (2004, p.219) realça que o desenvolvimento "[...] representa um conjunto

de atividades e processos cujo objetivo é explorar o potencial de aprendizagem e a

capacidade produtiva do ser humano nas organizações". Nesse sentido, o programa de

desenvolvimento vai além do cotidiano da empresa e, com base no potencial dos

trabalhadores, investe em ações ainda não executadas, em objetivos que podem vir a ser

alcançados pela organização.

Dutra (2007) também defende este ponto de vista, considerando que o desenvolvimento

constitui a oportunidade oferecida pela empresa para que o funcionário desenvolva e

35

aperfeiçoe seu lado profissional e pessoal, vindo a tornar-se uma mão-de-obra mais

produtiva, satisfatória e saudável.

Logo, enquanto o treinamento se ocupa de educar o profissional a fim de adaptá-lo aos

elementos essenciais para o exercício de um cargo, o desenvolvimento é voltado para

cargos que virão a ser criados, para funções que ainda não existem ou que podem vir a

ser ampliadas e se detém em novas habilidades que podem ser adquiridas pelos

trabalhadores.

Tanto existe o desenvolvimento pessoal, que é tratado pela gestão de pessoas, quanto o

desenvolvimento organizacional, que envolve todos os sistemas da organização, mas

que depende muito das pessoas.

Uma das temáticas que mais tem despertado atenção dos gestores de pessoas tem sido a

inovação que deve ser proporcionada pelos programas de desenvolvimento e educação,

nas organizações. As práticas de inovação, na maioria, provocam mudanças de pequeno

e grande impacto nas organizações, algumas estão mais focalizadas nos processos de

produção, enquanto outras como a gestão da qualidade total tendem a provocar maior

impacto em toda a organização, (BORGES, ANDRADE e ABBAD 2006 p. 67).

As políticas de monitoração de recursos humanos abordam os bancos de dados e

os sistemas de informação utilizados pelos gestores de pessoas. Essas políticas estão

associadas ao comportamento no trabalho e ao desempenho das atividades de cada

cargo ou função e incluem o Banco de dados e sistema de informações e a Auditoria de

Recursos Humanos.

O banco de dados é constituído por um sistema de armazenamento e acumulação

de dados que são codificados e ficam disponíveis para o processamento e obtenção de

informações. Todas as informações referentes ao pessoal que trabalha na organização,

assim como daquelas pessoas que se candidatam aos cargos para os quais em algum

momento se efetivou o recrutamento fazem parte do banco de dados e constituem um

importante subsídio no momento de tomada de decisão sobre quem contratar, quem

promover, para quem sugerir um treinamento e mesmo quem apresenta características

que sugerem um processo de demissão.

Robbins (2005, p.152) valoriza o banco de dados, observando que: "quando os dados

são analisados e processados, tornam-se importantes informações para o uso da

36

gerência".

Por sua vez, Lacombe (2005) realça que o sistema de informações gerenciais (SIG), é um

sistema organizado e integrado de geração, processamento, armazenamento e

comunicação de dados e informações que é repassado aos diversos níveis da

administração, para efetivação da função gerencial. Concluindo, pode-se dizer que um

sistema de informação é, por definição, um sistema por meio do quais os dados são

obtidos, processados e transformados em informações, de forma esquematizada e ordenada.

Desse modo, eles se prestam para a tomada de decisão sobre as pessoas.

A auditoria de recursos humanos é o processo destinado a acompanhar o desenvolvimento

das políticas da organização, identificando as falhas, buscando solução para os problemas e

evitando que novas dificuldades se apresentem. De certa forma, a auditoria de RH mostra

como um sistema está funcionando, avalia as práticas, identifica problemas e busca

soluções.

Dutra (2007) considera que a auditoria de recursos humanos pode ser definida como a

análise das práticas e políticas de pessoal de uma organização, e avaliação do seu

funcionamento atual, seguida de sugestões para melhoria. Ele realça, ainda que ela tenha

o propósito de mostrar como um programa está funcionando, localizar praticas e

condições que são prejudiciais à organização, ou que não justificam seu custo, além de

sugerir práticas e condições que devem ser acrescentadas.

Tendo em vista os objetivos descritos, a auditoria de recursos humanos deve ser feita

com freqüência, para que sejam identificadas as falhas e corrigidos os problemas

organizacionais no tocante à gestão de pessoas.

37

2.2 - Turnover

A ausência dos trabalhadores devidamente preparados, assim como sua substituição,

trazem problemas para a empresa, afetando sua produtividade e comprometendo sua

competitividade. Elevados índices de turnover constituem um dos problemas sérios que

se apresentam aos gestores e que precisam ser superados.

2.2.1 Conceito e caracterização

O turnover é um tema inserido no campo dos estudos denominado comportamento

organizacional e caracteriza o movimento de entrada e saída de colaboradores

empregados pela empresa em um determinado período. Este movimento pode ser

espontâneo ou provocado pela empresa (SARSUR, 2004).

Mobley (1992) define o turnover como “a suspensão da condição de membro de uma

organização por parte do indivíduo que recebia compensação monetária desta”. Para

este autor, o elemento chave dessa conceituação é a suspensão da condição de membro

ou o desligamento da organização, não havendo a preocupação com aspectos como o

ingresso, a transferência ou a movimentação interna de um membro dentro da

organização. O foco está, portanto, naquele empregado que recebe pagamento

(compensação monetária) da organização devido à sua condição de membro dela.

Para melhor entendimento, é oportuno lembrar que a rotatividade de funcionários pode

ocorrer em duas modalidades: a primeira, quando o agente decisor é a empresa ou um

representante dela. Neste caso, o gestor é quem toma a decisão de desligamento, a

segunda é a modalidade em que a saída do trabalhador é decidida por ele mesmo,

quando resolve se desligar da empresa.

Mark (1995) vê a rotatividade como uma escolha variável das empresas entre

empregados e os salários, benefícios e as condições de trabalho.

Para Pomi (2005), a rotatividade pode estar relacionada diretamente às funções, às

atribuições do setor responsável pelas relações humanas - RH e à falta de critérios de

avaliação da qualidade, de processos e serviços deste setor.

38

Nesse caso, as falhas do setor determinam deficiências na contratação; falta de

acompanhamento durante o processo de aculturação; falta de conhecimento e

encaminhamento quanto às insatisfações com as lideranças; falta de investimentos em

Treinamento e Desenvolvimento (T&D); falta de um plano estratégico de identificação

e retenção de talentos, entre outros.

A redução dos quadros de pessoal significa a perda de conhecimento, do capital

intelectual, que tem domínio dos processos. Quando ocorre o turnover, a empresa perde

seus talentos, suas operações desequilibram-se, seus clientes ficam confusos. Este

conjunto de fatores acaba proporcionando vantagens aos competidores, pois o mercado

absorve os profissionais treinados e qualificados (RAMOS e CARNEIRO, 2002).

A alta rotatividade é sinônima de: perda de produtividade, perda de lucro e de saúde

organizacional. Ela se reflete na motivação das pessoas, no comprometimento, e gera

mais absenteísmo, mais rotatividade, interferindo até mesmo exteriormente à empresa,

como na credibilidade junto aos clientes (POMI, 2005).

Os custos com Turnover envolvem uma extensa trajetória de procedimentos a serem

desenvolvidos pelo setor de recursos humanos, provocando um custo alto para os

profissionais da área e demais envolvido (MOBLEY, 1992).

Os dispêndios monetários que se fazem necessários para suprir os gastos com

treinamentos, queda de produção e qualidade, são acrescidos ao montante levantado por

ocasião dos cálculos rescisórios. Dessa forma, todos os procedimentos adotados

contribuem para a elevação do preço dos produtos e serviços, para redução da

lucratividade ou da competitividade (SARSUR, 2004).

É fundamental ter-se uma preocupação com a taxa de turnover, pois seus impactos são

diretos sobre os resultados da empresa e a satisfação de trabalhadores. Assim, o ideal é

que o turnover de uma empresa se mantenha em um índice apenas necessário para que

haja renovação saudável do corpo profissional (POMI, 2005).

Os funcionários motivados tornam bom o clima do ambiente de trabalho. Para a

empresa manter e reter seus talentos, ela precisa trabalhar o desenvolvimento

39

psicológico de seus colaboradores, capacitá-los, oferecer incentivos, assegurar um clima

organizacional favorável e liderar com responsabilidade.

As relações humanas se constituem em um processo de integração de indivíduos numa

situação de trabalho, de modo a fazer com que os trabalhadores colaborem com a

empresa e até encontrem satisfação de suas necessidades sociais e psicológicas nelas.

(GIL, 1991).

Ferreira e Freire (2001) consideram que o enfrentamento da rotatividade impõe que se

busque reconceber o trabalho e a lógica de atendimento, fundamentando-os nas

necessidades, objetivos e expectativas dos funcionários e usuários; e também promover

melhoria nas condições e relações de trabalho existentes.

Alguns trabalhos têm sido produzidos nos últimos anos sobre a questão do turnover e a

busca do assunto nos sites especializados apresentou as produções apresentadas no

próximo tópico desta dissertação.

Burgess (1999), Souza-Poza e Henneberger (2004) se detiveram na análise dos painéis

transnacionais sobre turnover utilizando estudos desenvolvidos na França, Japão,

Holanda, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos e concluíram que não há diferenças

estruturais no turnover entre os países pesquisados e que o fenômeno é diretamente

proporcional ao aumento da oferta de empregos e inversamente proporcional às taxas de

desemprego, ou seja, a incidência do turnover efetivo aumenta onde há maior oferta de

emprego.

Visando levantar os efeitos das regulamentações do mercado de trabalho no turnover,

Burgess (1999) utilizou os dados coletados em doze países da União Européia, nos

períodos de 1982-83 e 1987-88 e concluiu que há claras relações entre as

regulamentações e a estabilidade no emprego, bem como uma relação entre a estrutura

industrial do país e sua situação macro-econômica com o processo de turnover.

Burguess (1999) utilizou dados de nove países – Bélgica, Dinamarca, França,

Alemanha, Grã Bretanha, Holanda, Itália, Japão e Suécia, tentando isolar os fatores de

turnover de cada país e colocando ênfase na legislação e no treinamento da força de

trabalho. O autor concluiu que existe uma relação entre a legislação trabalhista e a

velocidade de recolocação no trabalho.

40

Já os estudos feitos por Sousa-Posa e Henneberger (2004), considerados os mais

completos sobre o assunto, tiveram como objetivo analisar as intenções de turnover e

concluíram que existem três grandes categorias de determinantes de turnover, contendo

as seguintes variáveis:

a) Características demográficas: sexo, idade, estado civil, entre outras;

b) Características do trabalho: horas trabalhadas, empregado do setor público,

posição hierárquica, flexibilidade de horários.

c) Características subjetivas: satisfação no trabalho, segurança no trabalho,

oportunidades de crescimento profissional, oportunidades no mercado de

trabalho e orgulho da organização.

Outro estudo transnacional foi realizado pelo International Social Survey Program

(ISSP) desde 1985. Nos dados referentes a 1997, num estudo referente a “Orientações

de Trabalho”, foram cobertos assuntos como organização do trabalho, interesses

coletivos, conteúdos do trabalho e empregos secundários. Os resultados dessa pesquisa

transnacional indicaram que há um índice mais elevado de intenções de turnover no

Canadá (17%), Estados Unidos (14,3%) e Grã-Bretanha (14,3%). Baixos índices de

intenções de turnover foram encontrados no Japão (1,8%), Espanha (3,0%) e em vários

países da Europa Oriental.

Os estudos transnacionais feitos por Mobley (1992), considerado o mais detalhado,

sugere a existência de quatro determinantes básicos das intenções de sair e do

subsequente Turnover:

1. Satisfação-insatisfação no cargo;

2. Utilidade expectada de papéis profissionais internos alternativos;

3. Utilidade expectada de papéis profissionais externos à organização;

4. Valores e contingências não ligados ao trabalho.

2.2.2 - Fatores relacionados ao turnover

Analisando a produção científica sobre o tema e levando em conta a experiência do

autor como especialista em Administração de Recursos Humanos, foram identificados

41

alguns fatores que complementam o suporte teórico para o estudo desenvolvido nesta

dissertação.

O turnover de funcionários tende a ser consequência de vários possíveis motivos

influenciadores a essa situação tais como: o absenteísmo, a política salarial, a política de

benefícios, a carreira e seu progresso e o ambiente de trabalho. A seguir, tais aspectos

são abordados.

Absenteísmo

Este termo originou-se da palavra “absentismo”, procedimento aplicado aos

proprietários rurais que abandonavam o campo para viver na cidade. No período

industrial, esse termo foi aplicado aos trabalhadores que faltavam ao serviço (QUICK

LAPERLOSA, 1982).

A Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e do Trabalho (1997)

define absenteísmo como incapacidade temporária, prolongada ou permanente para

trabalhar, em resultado de doença ou de enfermidade.

O absenteísmo trabalhista é o não cumprimento, por parte do trabalhador, da jornada

trabalhista tanto por atrasar sua entrada ou adiantar sua saída diária, como por não fazer

o trabalho numa jornada completa ou em várias. Assim, o absenteísmo trabalhista

implica, necessariamente, em ausência do trabalhador, e independe da justificativa

apresentada.

O absenteísmo trabalhista é definido como: “toda a ausência de uma pessoa do seu

posto de trabalho, nas horas que correspondam a um dia de trabalho, dentro da jornada

legal de trabalho”. Portanto, a ausência nas férias ou em dias festivos não é absenteísmo

(MALLADA, 1996).

Quick e Lapertosa (1982) consideram o absenteísmo ou ausência no trabalho como um

fenômeno multifatorial e o classificam como:

a) absenteísmo voluntário, devido a razões particulares, decorrentes do

adoecimento do trabalhador, de patologia profissional ou de acidentes de trabalho;

42

b) absenteísmo “legal”, quando se refere à faltas amparadas por lei, como

gestação, morte, casamento, doação de sangue e serviço militar;

c) absentismo compulsório, quando ocorre suspensão imposta pelo patrão, prisão

ou outro motivo que impede o comparecimento ao local de trabalho.

O absenteísmo no trabalho é uma das formas de os trabalhadores externarem a

insatisfação com as relações de trabalho. Nascimento (2003) diz que o absenteísmo é a

falta do trabalhador em seu emprego, quando se esperava a sua presença.

Partindo-se da premissa de que é através do trabalho desenvolvido pelas pessoas, que se

alcançam os resultados propostos pela empresa, entende-se que o absenteísmo é,

essencialmente, um problema de gestão, cabendo à gerência o acompanhamento e o

monitoramento da assiduidade de seus trabalhadores.

Existem as ausências previstas e as não previstas. As previstas são aquelas de direito do

trabalhador, podendo ser planejadas com antecedência, como férias, folgas e feriados.

São exemplos dessa prática as faltas abonadas e justificadas, licenças médicas, licença

maternidade e paternidade, acidente de trabalho e outras licenças amparadas por Lei

(NASCIMENTO, 2003).

As faltas não previstas são as que, efetivamente, caracterizam o absenteísmo, pois seu

caráter é imprevisível. Para Mcdonald e Shaver (1981) as causas das ausências não

previstas podem ser classificadas em três categorias: intrínsecas, extrínsecas e de

personalidade.

As causas intrínsecas, que estão relacionadas à natureza e às condições do trabalho,

refletem a satisfação do trabalhador em relação aos seguintes fatores: o trabalho em si; a

supervisão ineficiente; a falta de controle e sobrecarga de trabalho e exaustão física.

As causas extrínsecas, relacionadas às políticas de pessoal da organização, são as

seguintes: politicas condolentes com as faltas; politicas liberais em fornecer licença de

saúde; falta de canais de comunicação da administração. falta de seleção, treinamento e

orientação adequados; falta de perspicácia em alocar o funcionário em setores

apropriados; baixos salários e más condições de trabalho.

43

As causas que são relacionadas à personalidade dizem respeito ao comportamento do

trabalhador e são as seguintes:

a) Empregados que criam conflitos entre os membros dos grupos;

b) Personalidade mais propensa às faltas como: hipocondríaco, imaturo, fugitivo,

abusivo e desmotivado e problemas pessoais relacionados ao abuso de álcool e drogas.

Os fatores desencadeantes do absenteísmo são classificados em três tipos, segundo

Meira (1982):

a) Fatores naturais, como condições climáticas e epidemiológicas;

b) Fatores socioeconômicos como conjuntura econômica, sexo, idade, estado civil,

categoria, tempo de empresa, condições de trabalho e nível salarial e;

c) Fatores inerentes à própria empresa, isto é, sua política pessoal, porte, supervisão,

chefia e benefícios implantados nas áreas de assistência médica, condução e

alimentação.

No Brasil, o absenteísmo tem preocupado muito os gestores em vários segmentos

empresarias. Devido à sua repercussão e abrangência, gera prejuízo na forma de

desenvolvimento do trabalho, no aumento dos custos de produção e da previdência

social.

As características do trabalho têm sido consideradas como um significante fator para

satisfação do trabalhador, capaz de reduzir as taxas de absenteísmo e rotatividade,

aumentar a produtividade, melhorar a moral, a motivação e o desempenho dos

trabalhadores, e ainda auxiliar no recrutamento, na base de conhecimento e técnicas de

trabalho (SANTANA, 1996).

Política Salarial

A política salarial é constituída por um conjunto de normas e procedimentos que visam

a estabelecer e ou manter estruturas de salários equitativas e justas em relação aos

salários dos diversos cargos de uma organização.

44

Na política salarial serão analisados os documentos formais de recursos humanos, as

planilhas nas quais constam os históricos das alterações salariais, como ocorreram as

mudanças e quais os aspectos considerados para a alteração dos salários.

Lacombe (2005) afirma que a remuneração é a soma de tudo que é periodicamente pago

aos empregados por serviços prestados: salários, gratificações, bem como todos os

benefícios financeiros ou de recompensa oferecidos ao colaborador, como prêmio por

produtividade, participação nos resultados e operações de compra de ações, entre outros.

A remuneração é o ponto alto da relação das pessoas com a organização. Dependendo

do composto de remuneração, a organização poderá ou não obter os resultados

esperados. Ela também é conceituada por vários autores como o fator determinante do

reconhecimento dado pela organização aos seus empregados e dos empregados à

organização, sendo uma “via de mão dupla”.

Os autores Milkovich e Boudreau (2002) abordam a remuneração total como forma de

atingir os objetivos organizacionais e esses autores ainda concluem que é fundamental

conhecer as decisões sobre a política de remuneração como forma eficaz de atingir os

objetivos dos sistemas de pagamento salarial.

A remuneração pode ser vista sobre a ótica de crescimento profissional, deve servir

como instrumento de motivação para os empregados que fazem algo mais do que aquilo

para os quais foram contratados. Segundo Daft (2005) a estrutura de compensação de

uma organização inclui ordenados e/ou salários e benefícios.

Segundo Gasparini (1996), a formalidade do emprego consolidado na revolução

industrial, com horários, salários, e funções bem definidas cede lugar à informalidade e

à flexibilidade das tarefas, jornadas de trabalho e condições de trabalho.

A flexibilidade que as organizações possuem reflete-se na remuneração dos

colaboradores e a ausência de uma política salarial eficiente contribui para as altas taxas

de turnover.

O salário, segundo Aquino (1996), tem uma conotação emocional muito grande. Pelo

dinheiro recebido, o empregado costuma fazer uma avaliação do próprio eu e de seu

valor profissional. Existem várias formas de recompensar as pessoas, a remuneração

45

fixa ainda predomina, mas já existem outras formas mais modernas de remuneração, são

conhecidas como remuneração variável, por competência, por metas, distribuição de

lucros entre outras.

Segundo Flannery (1992) todos nós temos necessidades básicas de alimentação,

educação, habitação, saúde e transporte. Cabe porém, ao empresário, assim como aos

profissionais de recursos humanos, terem uma visão mais ampla no sentido de procurar

satisfazer as aspirações de seus funcionários do ponto de vista profissional, político,

social, cultural e econômico.

A questão salarial torna-se mais um fator importante na rotatividade de funcionários. As

pessoas desenvolvem funções em seus cargos que, uma vez definidos devem ser

remunerados adequadamente ao seu desempenho. Organizações que não valorizam seu

pessoal financeiramente obtêm alta rotatividade de funcionários.

Segundo Desller (2003), hoje em dia muitos funcionários não ganham apenas um

salário ou remuneração por hora, mas recebem também algum tipo de incentivo.

Para Rosa e Silva (2001), as organizações devem manter-se informadas a respeito da

competitividade salarial e a oferta e demanda, em categorias ocupacionais específicas.

O salário é parte integrante do processo estratégico, pois garante a produz tividade da

organização e deve ser visto como uma ferramenta eficaz de trabalho, pois é o fator que

motiva e mantem as pessoas no trabalho. Portanto, não deve ser visto como uma

despesa sem retorno, mas sim como um investimento ligado ao sucesso da organização

em longo prazo.

Flannery (2002) afirma que, em muitas empresas, infelizmente, nem todos concebem o

salário como um investimento. Os gerentes que constantemente insistem na mensagem

de melhorar a velocidade, a eficácia, a qualidade, estão entre os primeiros a adotá-la.

Mas, geralmente a alta gerência que permanece concentrada no corte de custos e no

aumento de lucros tem maior dificuldade em ver os salários como algo a mais do que

uma despesa redutora.

46

Política de Benefícios

É cada vez mais notório que os benefícios cresçam em sua importância e contribuição

nos sistemas de pagamento de uma empresa, principalmente nos últimos anos, em

função do reconhecimento dos funcionários e pelos altos custos.

Segundo Milkovich e Brodeau (2000), a remuneração fora do trabalho, pagamento de

seguros, assistência médica, serviços aos empregados e etc, são aspectos indiretos da

remuneração total do funcionário e considerados, pelos autores, como benefícios.

Ressaltam ainda que estes benefícios têm de atender a três objetivos: competitividade,

custo/beneficio, e atendimento da legislação, escolhas que levam em conta o indivíduo,

observando suas necessidades e preferências.

Sabe-se, inclusive, que os benefícios podem auxiliar e potencializar o desempenho,

solidificar a cultura organizacional, apoiar as mudanças comportamentais e a

diversidade no ambiente de trabalho e retirar barreiras ao desempenho e à produtividade

(FLANERRY et al, 2002).

As políticas de benefícios são remunerações indiretas e não se relacionam diretamente

ao desempenho. Incluem seguro, garantia, folga e benefícios de horários, além de

serviços educacionais, financeiros e sociais (DAVIS e NEWSTROM, 1992).

Hoje em dia, para as empresas manterem os seus colaboradores, buscam cada vez mais

se diferenciar por meio dos benefícios oferecidos.

Não é somente os salários que estão em pauta, às organizações entenderam que podem

oferecer benefícios e incentivos para reter os trabalhadores, sendo que uns são

obrigatórios e outros não, assim o funcionário pode até escolher o que mais lhe agradar

ou estiver de acordo com as necessidades.

De acordo com Marras (2000), os benefícios são um complemento salarial que devem

atender aos objetivos da empresa e dos funcionários. Mas o empregador não pode

esquecer-se de manter o equilíbrio do custo do benefício com a oferta de mercado.

Para que os benefícios façam diferença na retenção do trabalhador é preciso saber o que

pensa e como vive o seu funcionário; quais são suas deficiências, quais são seus

47

pensamentos sobre saúde e qualidade de vida, o que ele almeja como futuro dentro da

organização. A participação nos lucros é usada com frequência para motivar seus

colaboradores e assim fazer a empresa atingir seus resultados pré-determinados

aumentando os resultados da empresa através do comprometimento dos empregados.

Os funcionários, em sua maioria, vem entendendo e percebendo os benefícios como

fonte de segurança em relação ao seu futuro e de sua família tende a desenvolver sua

responsabilidade e tarefas com mais afinco e eficiência além de serem mais facilmente

fidelizados pelo empregador (DAVIS e NEWSTROM, 1992).

Gerenciar os benefícios de maneira estratégica é o grande desafio, pois devem ser

atendidas as expectativas tanto da empresa quanto dos funcionários.

A busca pelo preenchimento deste espaço exige benefícios claramente definidos e

reconhecimento da complexidade de sua gestão assim como sua importância.

Carreira e progresso na carreira

Na década de 1960, com o incremento da complexidade técnica das empresas e do

estímulo à reflexão sobre modos de vida, surgiram as primeiras preocupações com o

tema carreiras (VELOSO e DUTRA, 2010).

O tipo de carreira que era ascendente, desenvolvido numa única organização,

representando uma noção de emprego tradicional, tornou-se durante muito tempo a

forma mais difundida entre os trabalhadores, inserindo-se na lógica do sistema de

produção fordista como mostra Suarez e Tomei (2007, p. 1). Nesse passado recente, “as

relações de trabalho entre empregado e empregador eram caracterizadas por alguns

princípios básicos, que implicavam principalmente um emprego de longo prazo,

pontuado por promoções ao longo da hierarquia de cargos e salários”.

Muitas empresas ainda não se deram conta de que o principal desafio nesse início de

milênio é investir nas pessoas, em seus ativos intangíveis. O foco deixou de ser a

máquina “e passou a ser gente”, sendo que o enquadramento nessa nova realidade fará a

maior diferença competitiva entre organizações, daqui para frente.

48

Diante desta situação, faz-se necessário olhar os funcionários como investimento e não

como despesa, uma vez que a estratégia deve ser firmada nos relacionamentos, seja no

ambiente corporativo, com os clientes ou no mercado como um todo. Segundo Lucena

(1991), os planos de carreira são estabelecidos a partir dos interesses e expectativas do

indivíduo.

Cappelli (2008) faz uma abordagem absolutamente conservadora em relação a

atividades de desenvolvimento, particularmente para níveis gerenciais, apontando um

modelo que chama de talentos-on-demand, uma espécie de Just in time para reposição

de pessoal. Cabe questionar tal filosofia diante das inúmeras dificuldades de captação de

pessoal hoje enfrentada pelas empresas.

Entretanto, Dutra (2007) afirma que as organizações complexas e modernas enfrentam

um momento marcado por mudanças aceleradas na tecnologia, na gestão e nos valores

sociais.

Motta (2006) apresenta os valores contemporâneos que funcionam como moldura das

carreiras, isto é, aos poucos se tem rompido com toda a construção do século XX sobre

interação humana no ambiente de trabalho e cooperação do empregado com a empresa.

Ser menos leal à empresa e mais a si próprio é uma importante conotação da carreira

gerencial contemporânea.

Ainda na opinião de Motta (2006), foi a perda do apoio coletivo que fez a carreira ser

individualizada, o que é entendido como a ampliação da possibilidade de decidir sobre o

próprio destino com a menor influência possível de outros atores.

A nova concepção da administração de carreiras, em função das estruturas e estratégias

organizacionais predominantes, tem variado tanto em âmbito teórico quanto em sua

aplicação nas empresas (DUTRA, 2007). Nas organizações em que prevalecem

estruturas mais hierarquizadas e maior rigidez organizacional, a carreira é entendida

como vinculada a uma estrutura e cabe à empresa definir suas necessidades de quadro e

fazer a alocação de recursos, com base em esquemas de mobilidade e fazendo o

gerenciamento simbólico do nível de comprometimento de seu pessoal.

49

Harrington e Hall (2007) consideram que, como nos dias de hoje a carreira significa ter

um contrato mais consigo mesmo do que com uma organização, é essencial que sejam

desenvolvidas as competências necessárias tanto para uma carreira assim como para

uma vida balanceada. Para tanto, torna-se fundamental o autoconhecimento, o que inclui

compreensão do histórico de experiências, valores, interesses e estilo de vida preferido,

objetivos e visão pessoal e inventário de habilidades.

O desenvolvimento de carreira na organização passa pelo caminho da valorização, em

que o colaborador é atraído pelas condições de trabalho que fazem parte de um contexto

maior no qual devem ser levados em conta os objetivos da empresa alinhados aos seus

objetivos profissionais.

A oportunidade de progresso é o processo pelo qual uma pessoa seleciona metas de

carreiras e a trajetória para alcança-las. O desenvolvimento de carreira é a melhoria

gradativa que uma pessoa empreende a fim de realizar um plano de carreira pessoal.

Ambiente de trabalho

A satisfação dos colaboradores no ambiente de trabalho está sendo considerada

fundamental nas organizações bem-sucedidas. De acordo com essa constatação,

desenvolver pesquisas que possibilitem identificar o grau de satisfação dos clientes

internos de uma organização é um aspecto de extrema relevância.

Isso porque se torna possível estabelecer os fatores determinantes dessa satisfação, além

de identificar oportunidades de melhoria das condições de trabalho implicadas na

redução dos índices de turnover e, consequentemente, numa maior produtividade e

lucratividade das organizações. Fischer (2008) aponta; em seu artigo sobre

vulnerabilidade no ambiente de trabalho, que a confiança é um elemento moderador de

relacionamentos e sua ausência denotaria sentimentos de insegurança e ideias de

substituição imediata.

A pesquisa evidenciou ainda que as rupturas de contrato em maior escala (demissões

intensas) tendem, elas mesmas, a estimular maior instabilidade e dificuldade para se

estabelecer relacionamentos sólidos e duradouros.

50

Kramer (2010), em recente pesquisa com 600 gestores de dezenas de empresas, mostra

que, ao serem interrogados sobre aspectos de impacto sobre a motivação e consequente

retenção das pessoas numa organização, são rápidos em mencionar: “em primeiro lugar

reconhecimento, seguido de apoio interpessoal, apoio para progredir e metas claras”. As

empresas estão cada vez mais preocupadas em ter um ambiente de trabalho em que os

colaboradores possam expor seu talento. O talento é a matéria-prima essencial na busca

de criação e na implementação de soluções diferenciadas.

A preocupação das organizações está fundada na questão de como atrair e reter este

talento. Esta é uma problemática que vem aumentando cada vez mais, pois as mudanças

no cenário competitivo também estão causando mudanças nos valores e atitudes,

notadamente entre os mais jovens que procuram no trabalho uma maior autonomia e

liberdade, algo que os desafie, além, é óbvio, de uma forma de compensação justa pelo

seu trabalho (FISCHER 2008).

Um ambiente de trabalho harmônico, com profissional motivado, o transforma em um

entusiasta com aquilo que faz. Desenvolve e aplica com mais facilidade as habilidades

de relacionamento, negociação e criatividade. Enfim, é um profissional muito mais

produtivo e feliz dentro da empresa, não somente fora dela.

Além disso, pode influenciar outros, pois é um disseminador de energias positivas, mas

a qualidade da influência que provocará a outra pessoa é uma escolha (processo interno)

da pessoa influenciada (SEHN, 2005).

Ainda de acordo com Robbins (2005), a satisfação com o trabalho pode ser um conceito

trabalhado de forma ampla, indo além da realização de atividades óbvias e que tragam

alguma compensação pessoal.

Conforme Covey (2002) as empresas corresponderão à sua paixão e ao seu talento e,

assim, podem criar um casamento entre a necessidade da empresa e a pessoa com sua

paixão e seu talento. O problema é que a abordagem não tem sido essa, infelizmente; o

ponto-chave deveria ser construir um relacionamento em que ambas as partes se sintam

compreendidas e atendidas em suas quatro necessidades principais: a econômica, a

mental, a social e a espiritual.

51

Dentre as concepções de ambiente no trabalho, esta primeira dimensão a de bem-estar

no trabalho, a referência mais citada e considerada como clássica é a de Locke (1976),

que a define como "[...] um estado emocional positivo ou de prazer, resultante de um

trabalho ou de experiências de trabalho", ou seja, é o resultado da avaliação positiva

proveniente de uma experiência prazerosa percebida pelo trabalhador em seu ambiente

organizacional.

Evoluindo no conceito, Siqueira (2005) definiu satisfação no trabalho como sendo o

conjunto das reações específicas do envolvimento das avaliações prazerosas no contexto

organizacional sobre cinco domínios específicos que provocam, no indivíduo, diferentes

graus de satisfação: trabalho, chefia, colegas, salário e equipe.

2.2.3- Produção científica sobre o tema

Usando os termos de busca turnover, absenteísmo, rotatividade em ambiente de

trabalho, carreira e progressão na carreira, foram consultados os sites responsáveis pela

produção acadêmica da área.

No portal de periódicos CAPES foram encontrados 138 trabalhos relacionados; nos

anais da ENANPAD foram encontrados 29 resultados e, no site da Scielo, foram

encontrados 56 resultados. O período coberto pelo levantamento da produção científica

se refere aos últimos cinco anos.

As principais pesquisas encontradas e relacionadas ao tema do presente trabalho são as

elencadas a seguir:

Quadro 2 – As principais pesquisas encontradas e relacionadas ao tema do

presente trabalho

Autor (es) Local e Data Tipo de trabalho Resumo

FRANCO, Eliane

Soares Mendes.

MATOS, Ângelo

Braz de.

Belo Horizonte,

MG 2010.

Artigo Turnover e a gestão

estratégica de pessoas:

superando a cultura da

rotatividade de pessoal

Apresenta estudo sobre o turnover empresarial com ênfase em

suas causas e consequências, permitindo uma visão de inúmeros

fatores objetivos e subjetivos, apontando os como resultado da

ausência de condição estratégica na gestão de recursos humanos.

CARDOSO, Mauricio

Farias.

NOVAIS, Cleonice de

Fátima.

São Paulo, SP

2009.

Artigo Rotatividade e

absenteísmo de pessoal

como fatores de variação no

custo do produto

Analisa a rotatividade e absenteísmo de pessoal como fatores de

variações no custo do produto mostra que à medida que os

percentuais de rotatividade e absenteísmo se elevaram, os custos

relacionados sofreram alterações proporcionalmente maiores que

as elevações normais da margem de resultados as organizações.

52

Autor (es) Local e Data Tipo de trabalho Resumo

Quede, Marco A. Revista Business

Sacholo São

Paulo, São Paulo

2008.

Estudo sobre Rotatividade

de Funcionários no Brasil Analisa a rotatividade como fator competitivo das empresas em

todos os mercados. Aborda também a perda de capital intelectual,

fuga de conhecimento, memória corporativa e os recursos

financeiros sejam eles diretos ou indiretos.

MEDEIROS,

RocheleKaline Reis

de,

ALVES, Rafaela

Revista Cientifica

da escola de

gestão e negócios

PB junho 2012

TURNOVER uma análise

dos fatores que contribuem

para a decisão de sair da

empresa.

O objetivo desta pesquisa foi conhecer os fatores que podem

contribuir para a decisão dos colaboradores saírem da empresa.

SILVA, Fernanda

Dias dos Santos da

Universidade

Federal do Rio

Grande do Sul,

Porto Alegre,

2009

Absenteísmo e Rotatividade

dilema de mulheres na

empresa Paramount Têxteis

e Indústria e Comércio

O Estudo aborda os conceitos de absenteísmo e rotatividade de

pessoal e as análises de quais são as possíveis causas dos índices

de absenteísmo e rotatividade.

ALVES Gilmar Luiz

Frotté

Universidade

Estácio de Sá, Rio

de Janeiro 2007.

Alinhamento estratégico da

administração de Recursos

Humanos e

desenvolvimento

profissional dos

trabalhadores

Descreve os fatores presentes que contribuem para o alinhamento

estratégico da administração de recursos humanos das

organizações. Abordara o alinhamento estratégico a gestão por

competências e a rotatividade.

BORGES, Mara

Santos,

RAMOS, Noézia

Maria.

Anais do III

Congresso

Convibra São

Paulo 2006

TURNOVER: Uma

consequência de estratégias

ineficientes de gestão

empresarial?

Analisar as condicionantes para o turnover

A rotatividade de pessoal é a consequência de alguns fatores, que

podem ser eles internos ou externos à organização.

SILVA, Ricardo

Muniz M.

MARTINS, Letícia

Martins.

Anais do III

Congresso

Convibra São

Paulo 2010

A Perspectiva do Turnover

no Contexto Competitivo

Discute a perda de capital humano decorrentes da insatisfação no

trabalho e por novas oportunidades. Apresenta um mercado de

trabalho cada vez mais competitivo com mudanças rápidas e

inesperadas.

GALLO, Marcio

LONGO, Cristiano

Seget São Paulo

2011

Artigo, A Influência dos

Estilos de Liderança na

Rotatividade de Pessoal.

Estuda o papel do líder no processo de rotatividade dos

colaboradores, como liderar sua equipe pode gerar alta

produtividade através de uma equipe coesa e experiente ou pode

ser motivo para a existência de um alto índice de rotatividade.

ALVES, Lilian

Fernanda.

OZAKI, Yaeko

Revista de

Ciências

Gerenciais Jundiaí

SP 2009

Em busca da gestão

estratégica da rotatividade

de pessoal

Discute as causas da rotatividade de pessoal e entender o que

pode ser feito para a sua redução. Mostra os custos que as

empresas têm com os altos índices de turnover bem como a

redução do lucro organizacional.

PENATTI, Izidro

ZAGO, José

Sebastião.

QUELHAS, Oswaldo

Universidade

Federal

Fluminense,

Niterói RJ.

Absenteísmo: As

consequências na gestão de

pessoas

Analisar as práticas de gerenciamento e absenteísmo em

organizações da cadeia produtiva da indústria automobilística.

Apresenta as contribuições para o conhecimento das causas e

consequências do absenteísmo e analisa sua eficiência.

DALLINHA,

Graziella Rejane.

Universidade

Federal de Santa

Catarina,

Florianópolis SC

2011.

A influência das práticas e

das políticas de recursos

humanos sobre o

absenteísmo e a rotatividade

Realizar um estudo sobre o absenteísmo e a rotatividade

abordando as práticas e politicas de recursos humanos. Avaliar se

existe alguma influencia negativa na falta de políticas de

reconhecimento e benefícios.

ALTOE, Adailton, PUC Minas Belo

Horizonte MG

2010

Impactos do Absenteísmo e

do presenteísmo no trabalho

docente

Estudo que busca mostrar a ausência temporária no trabalho

gerando baixa produtividade nas empresas e instituições.

Evidenciar esta problemática que afeta diretamente, tanto o

processo educacional quanto a qualidade de vida pessoal e

familiar dos docentes.

53

Autor (es) Local e Data Tipo de trabalho Resumo

FERNANDES,

Henrique Montserrat.

Enanpad, XXVIII,

anais Curitiba PR

2004.

A perda do conhecimento

da empresa originada pelo

alto turnover

Busca analisar o porquê da alta rotatividade a política de

contratação a burocracia, a política de benefícios e os gastos

operacionais.

CARMO, Gisele do Universidade

Federal de

Uberlândia MG

2009

Antecedentes da intenção de

rotatividade: Comprometimento é confiança

do empregado na organização

Investigar a intenção de rotatividade do indivíduo no ambiente de

trabalho, testar um modelo que considerava comprometimento

organizacional e confiança do empregado, na organização como

antecedentes de intenção de rotatividade;

BOSQUETTI,

Marcos Albuquerque.

Universidade de

São Paulo SP

2009

Gestão de pessoas,

estratégias e performance

organizacional.

Investigar como a filosofia de gestão de pessoas influencia a

estratégia e a performance organizacional. Buscar interpretar a

modernização da gestão de pessoas e a aplicação de ferramentas

que possam auxiliar as alterações na profissionalização dos

colaboradores.

Após análise, observa-se que os trabalhos identificados tratam dos seguintes aspectos

com relação ao Turnover:

a) Ausência de condição estratégica na gestão de recursos humanos;

b) A rotatividade e absenteísmo de pessoal como fatores de variações no custo;

c) A rotatividade como fator competitivo das empresas em todos os mercados;

d) As possíveis causas dos índices de absenteísmo e rotatividade;

e) O alinhamento estratégico a gestão por competências e a rotatividade;

f) Debate sobre a perda de capital humano decorrentes da insatisfação no trabalho e

por novas oportunidades;

g) O papel do líder no processo de rotatividade dos colaboradores,

h) Estudos sobre o absenteísmo e a rotatividade abordando as práticas e políticas de

recursos humanos.

54

3 - METODOLOGIA

Visando a atingir os objetivos propostos para a pesquisa, neste capítulo, é apresentada a

metodologia utilizada na realização deste estudo e de que forma esta contribui para a

realização dos objetivos anteriormente estabelecidos.

3.1 Caracterizações da pesquisa

Quanto à abordagem, a presente pesquisa se caracteriza como quali-quantitativa, uma

vez que usa procedimentos que têm características qualitativas e também se vale de

instrumentos quantitativos. A pesquisa foi caracterizada como qualitativa porque os

dados com os quais lida constituem opiniões de pessoas relacionadas diretamente com o

trabalho desenvolvido, além de incluir a análise qualitativa de documentos fornecidos

pela empresa na qual se desenvolve a pesquisa.

A respeito da pesquisa qualitativa, Godoy (1995, p. 63) esclarece que:

A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e

processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada,

procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos

participantes da situação em estudo.

Para Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2004, p.132),

[...] pode-se destacar o fato de se considerar o pesquisador qualitativo como o principal

instrumento de investigação e a necessidade de contato direto prolongado com o campo,

para poder captar os significados dos comportamentos observados.

Para caracterizar o que constitui um estudo qualitativo, pode-se citar Godoy (1995), que

afirma que tais estudos constituem:

[...] descrições detalhadas de situações, eventos, pessoas, interações e comportamentos

observados; citações literais do que as pessoas falam sobre suas experiências, atitudes,

crenças e pensamentos; trechos ou íntegras de documentos, correspondências, atas ou

relatórios de casos. A pesquisa tem, também uma abordagem quantitativa, uma vez que

os questionários utilizados são submetidos ao tratamento estatístico, caracterizando a

medição de resultados.

55

3.2 - Unidade de análise e sujeitos de pesquisa

A pesquisa foi realizada em uma Locadora de veículos, uma empresa brasileira presente

em toda a América do Sul do setor de aluguel de carros, presente no mercado há mais de

40 anos.

Os sujeitos da pesquisa são os ex-colaboradores que pediram demissão ou foram

demitidos sem justa causa até o mês de julho de 2014. Pretende-se levantar dados que

permitam a avaliação da importância desses colaboradores na organização, mensurar

seu grau de satisfação ou insatisfação, buscando identificar a influência das variáveis na

mobilidade dos desligamentos.

3.3 Coleta de dados

Existem diversos instrumentos de coleta de dados que podem ser utilizados para obter

informações acerca de um fato ou fenômeno, para a pesquisa abordada nesta

dissertação. O quadro 3 apresentado a seguir mostra a relação entre os objetivos

específicos da pesquisa e a técnica utilizada para a coleta de dados.

Quadro 3 – Relação entre objetivos específicos e coleta de dados

Objetivo específico Instrumento de coleta de dados

Identificar as políticas de RH da

empresa estudada para captação,

manutenção e retenção de

funcionários.

Análise de documentos.

Cálculo do turnover.

Entrevista com profissionais do setor RH

Identificar os fatores que determinam

o desligamento* dos funcionários,

mediante pedido de demissão ou

demissão feita pela empresa.

Análise de prontuários disponíveis no

setor de RH.

Questionários endereçados aos demitidos

e demissionários.

Verificar os motivos pelos quais o

turnover em alguns cargos possui

índices mais elevados

Análise de prontuários disponíveis no

setor de RH.

Análise estatística dos questionários

endereçados aos demitidos e

demissionários.

Fonte: Elaborado pelo autor

56

O primeiro passo foi, portanto, buscar documentos da empresa que definam as políticas

de Recursos Humanos e calcular, com base nos prontuários disponíveis, a taxa de

turnover na empresa. Em seguida, ouvir, em entrevista, profissionais do setor de RH

que pudessem complementar as informações obtidas.

O turnover serve para avaliar a renovação da equipe. O índice deve situar-se dentro de

uma faixa, pois valores elevados apontam problemas como clima organizacional ou

política salarial defasada. O turnover foi calculado com base na seguinte fórmula:

Desligados (que serão substituídos) + Admitidos (que substituíram alguém)

2

Foram também elaborados dois questionários estruturados para pedido de demissão e

demissão sem justa causa, cada um composto de 10 questões, sendo oito fechadas e

duas abertas em cada um. As perguntas foram todas focando o tema deste trabalho, para

poder-se ter uma interpretação dos fatores que influenciam o turnover e que dificultam a

retenção de talentos. Os questionários foram enviados via eletrônica e_mail/SMS,

estabelecendo-se o prazo máximo de 30 dias para o retorno das respostas. A cada dez

dias, os colaboradores que receberam a entrevista de desligamento e não responderem

ao questionário receberam uma mensagem solicitando que o fizessem. Assim, foram

enviadas três mensagens de solicitação para que respondessem ao questionário de

pesquisa.

Segundo Parasuraman (1991), um questionário é um conjunto de questões, feito para

gerar os dados necessários para se atingir os objetivos do projeto. Embora o mesmo

autor afirme que nem todos os projetos de pesquisa utilizam essa forma de instrumento

de coleta de dados, o questionário é muito importante na pesquisa científica,

especialmente nas ciências sociais.

Parasuraman (1991) afirma também que construir questionários não é uma tarefa fácil e

que aplicar tempo e esforço adequados para a construção do questionário é uma

necessidade, um fator de diferenciação favorável. Não existe uma metodologia padrão

para o projeto de questionários, porém existem recomendações de diversos autores com

relação a essa importante tarefa no processo de pesquisa científica.

Turnover =

57

3.4 Técnicas de interpretação dos resultados

Os documentos que apresentavam as políticas de recursos humanos da empresa foram

analisados e foram extraídas deles as ideias principais que se prestariam à análise dos

dados da pesquisa. Os prontuários de funcionários demitidos e demissionários também

foram analisados e, com base nas informações obtidas, foi calculada a taxa de turnover,

bem como foram identificados os motivos da demissão relacionados.

Quanto ao questionário, como se trata de um instrumento de coleta de dados que contém

questões fechadas e abertas, a interpretação foi diversificada: as questões fechadas

foram submetidas à análise estatística utilizando-se análises multivariadas e as questões

abertas à análise de conteúdo.

Já as questões abertas foram submetidas a uma análise de conteúdo, segundo o modelo

proposto por Bardin (2007), segundo a qual a análise de conteúdo é um conjunto de

técnicas de análise das comunicações visando, por procedimentos sistemáticos e

objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, obter indicadores quantitativos ou

qualitativos, que permitam a inferência de conhecimento relativa às condições de

produção/recepção (variáveis inferidas) das mensagens. No caso dessas questões, a

analise foi qualitativa.

A análise de conteúdo, neste modelo, segue as seguintes fases: pré-análise, descrição

analítica, interpretação inferencial.

A pré-análise é a etapa de organização do material, quando se entra em contato com ele

para se familiarizar com as respostas obtidas. Em seguida, a descrição analítica é o

momento de estudo aprofundado do material, procedendo-se à codificação, classificação

e categorização de dados e finalmente a interpretação inferencial é a etapa de reflexão,

intuição e estabelecimento de relações apoiadas nas informações que devem ser

trabalhadas.

58

4 – A ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS

Para atender ao primeiro objetivo proposto foram consultados os documentos referentes

às políticas de RH da empresa estudada para captação, manutenção e retenção de

funcionários. Foi possível concluir o seguinte:

O recrutamento - É requisito, para o início de recrutamento e seleção de candidatos, a

existência de vaga previamente aprovada pelo gestor e pela diretoria, através do

formulário RAP “Requisição de Ação de Pessoal” casos de vagas novas que não

estavam no planejamento também devem ser aprovadas pela presidência.

Todos os candidatos que concorrem à vaga devem participar das etapas do processo de

recrutamento e seleção, inclusive os recrutamentos internos ou aqueles indicados pelo

gestor da posição ou por colaboradores. Para as indicações existe um programa

chamado “Eu Indico” em que todos os colaboradores podem indicar candidatos para

todas as vagas existentes na empresa.

A definição do perfil técnico e comportamental do profissional a ser contratado é de

responsabilidade do gestor solicitante da vaga, em conformidade com a descrição do

cargo.

A Seleção- A Seleção dos candidatos começa através da triagem de currículos

levantados para vaga, os que forem aderentes ao perfil serão chamados e farão dois

testes psicológicos, entrevista com psicólogos e redação, feitos pela área de

recrutamento e seleção, os três candidatos que estiverem mais indicados ao perfil

solicitado serão chamados e deverão passar por entrevistas com o gestor da vaga que

deverá tomar a decisão final sobre a escolha do candidato à ser selecionado.

Toda comunicação com os candidatos internos e externos durante o processo de

recrutamento e seleção é de responsabilidade exclusiva da área de Recursos Humanos.

A área de Recrutamento & Seleção/RH deve dar retorno a todos os profissionais que

participarem do processo seletivo.

O desenvolvimento e a retenção de pessoas- O RH tem como objetivo específico de

buscar e dar oportunidade para o recrutamento interno e criar oportunidade de

desenvolvimento para os colaboradores, além de estimular a atitude de constante

autodesenvolvimento.

59

O colaborador é responsável por comunicar a seu gestor imediato a intenção de

participar do programa de Recrutamento Interno.

É vedado a todos os gestores abordar diretamente qualquer colaborador de outra área,

bem como negociar junto a qualquer gestor a transferência de colaboradores sem

envolvimento da área de Recursos Humanos.

As posições serão divulgadas por meio eletrônico e ou site/intranet e ficarão disponíveis

para inscrição pelo período de 5 (cinco) dias. É vedada a participação do colaborador

em mais de um processo seletivo interno simultaneamente.

É garantida a permanência na área de origem ao colaborador não selecionado,

continuando a executar normalmente suas atividades. A transferência para o

Recrutamento Interno é definitiva, não havendo possibilidade de retorno à posição

anterior.

As políticas de recursos humanos privilegiam o desenvolvimento interno de talentos.

Para atender as necessidades estratégicas da empresa, as melhores práticas são

apresentadas em reuniões gerenciais para que sejam conhecidas e disseminadas, já é

definida pela organização uma reunião semanal de cada área para orientar as atuações

da equipe e são expressos por meio dos relacionamentos, atitudes, comportamentos,

inovação, melhorando os processos e resultados.

Existe um programa “Qualificar” que disponibiliza mais de quarenta cursos anuais nos

quais todos os colaboradores podem se inscrever para participar. Todo treinamento visa

ao crescimento profissional e pessoal do colaborador, existindo cursos direcionados

para a melhor qualidade de vida e reorientação profissional.

Os líderes exercem um papel fundamental para o sucesso organizacional, uma vez que

lidam diretamente com os colaboradores, responsáveis pelo alcance de metas e

resultados. Neste sentido, a empresa tem o programa “Liderar” que busca demonstrar e

trabalhar o valor potencial das pessoas para que a liderança seja reconhecida tão clara e

ostensivamente visando inspirar os colaboradores a enxergá-lo em si próprios.

A avaliação de benefícios anual também é utilizada para manutenção e retenção de

colaboradores, através de uma avaliação de mercado, bem como das melhores práticas

60

utilizadas, buscando sempre estar a frente na disponibilidade de novos benefícios para

os colaboradores.

Para atender ao segundo objetivo - identificar os fatores que determinam o

desligamento dos funcionários, mediante pedido de demissão ou demissão feita pela

empresa - foram observados dois procedimentos: o primeiro consistiu na análise dos

prontuários disponíveis no setor de RH da empresa, os quais se referem aos registros

sobre os funcionários demitidos, e o segundo procedimento constitui na análise

estatística dos questionários respondidos pelos funcionários que pediram demissão.

No caso da análise dos prontuários disponíveis no setor de RH da empresa, foi possível

obter as seguintes informações: verificou-se que o índice de turnover na empresa

estudada é de 26,8%, que pode ser caracterizado como elevado. Verificou-se, ainda, que

os fatores que determinam o desligamento dos funcionários, considerados mais

frequentes na empresa, são variáveis conforme se trate de pedido de demissão ou de

demissão por justa causa. Os prontuários apontaram que o pedido de demissão é

geralmente justificado pelos seguintes fatores:

“Outro emprego com salário melhor”,

“Falta de oportunidade de crescimento”,

“Dificuldade de relacionamento com os colegas de trabalho”.

Já a demissão por justa causa apresenta como fatores determinantes os seguintes:

“Dificuldade de relacionamento com os colegas de trabalho”,

“Falta de adaptação ao cargo”

“Ajuste de quadro”.

É oportuno observar que a dificuldade de relacionamento com colegas de trabalho foi

considerada como fator determinante do desligamento dos funcionários, tanto daqueles

que se demitem quanto dos que são demitidos. Torna-se importante, pois, que o setor de

RH se preocupe com este aspecto.

O segundo procedimento, se refere à análise estatística das respostas ao questionário.

Para o seu desenvolvimento inicialmente procedeu-se à análise dos dados ausentes, e

verificou-se a consistência interna do questionário, utilizando-se o coeficiente alfa de

Cronbach.

61

Em seguida, analisaram-se as estatísticas descritivas dos dados, em especial as

pontuações médias e a frequências relativas, com o intuito de se apresentar a

caracterização da amostra estudada. Para a confirmação das hipóteses aplicaram-se o

testes estatísticos não paramétricos U de Mann-Whitney com o propósito de ratificar

igualdades ou diferenças na distribuição das pontuações médias dos itens analisados.

O propósito da análise dos dados ausentes é identificar os efeitos desta ausência e se a

mesma ocorre de forma aleatória. Caso seja aleatória, é possível a substituição dos

valores ausentes por estimativas. Segundo Hair et al, (2005, p. 57), “um processo de

dados perdidos é qualquer evento sistemático externo ao respondente (como erros de

entrada de dados ou problema de coleta de dados) ou ação por parte do respondente

(recusa a responder) que conduz a valores perdidos.”

Entende-se que, pela natureza da pesquisa, muitos dos colaboradores rejeitaram

responder, como é o caso da questão que evidencia os motivos do desligamento.

Observa-se que 5 (cinco) ex-colaboradores que foram demitidos não responderam esta

pergunta.

Na tabela 1, são apresentadas as questões que tiveram ausências de respostas.

Pode-se observar uma incidência nas questão 6.1 a 6.6, que retratam o grau de

satisfação em alguns itens referentes às condições de trabalho e a questão 7.4, que avalia

o conhecimento do negócio (técnico) por parte dos líderes.

Para verificar se a ausência de respostas ocorre de forma aleatória, aplicou-se o teste

MCAR – (missing completely at random), que Segundo Hair et. al. (2005 p.60), para

que uma atitude corretiva seja aplicada nos dados perdidos, deve-se primeiro verificar o

grau de aleatoriedade presente nos dados ausentes. Hair (2005,p. 68), afirma que é

possível empregar ações corretivas para os dados perdidos, uma vez que não ocorrem

viesses potenciais nos padrões de dados perdidos. Segundo a natureza das perguntas,

manteve-se na análise a mesma forma com que os dados foram apresentados.

62

Tabela 1 – Dados ausentes

Questão N Dados ausentes No. of Extremes(a)

Count Percent Low High

Q5.1 38 0 .0 0 0

Q5.2 38 0 .0 0 0

Q5.3 38 0 .0 4 0

Q5.4 38 0 .0 0 5

Q5.5 38 0 .0 0 0

Q6.1 34 4 10.5 0 0

Q6.2 33 5 13.2 0 0

Q6.3 34 4 10.5 2 0

Q6.4 33 5 13.2 0 0

Q6.5 33 5 13.2 0 0

Q7.1 38 0 .0 0 0

Q7.2 38 0 .0 0 0

Q7.3 38 0 .0 0 0

Q7.4 28 10 26.3 0 0

a Number of cases outside the range (Q1 - 1.5*IQR, Q3 + 1.5*IQR). Ausência dos dados totalmente ao acaso, conforme teste : Little's MCAR test: Chi-Square = 149.008, DF = 159, Sig. = .704

Entre a ausência de respostas, observa-se uma frequência maior na questão 7.4

Avaliação do líder, quanto ao conhecimento do negócio (técnico). Entretanto, conforme

observa o resultado do teste, a ausência dos dados é considerada totalmente aleatória.

Procedeu-se ao desenvolvimento da análise dos dados considerando a ausência de

respostas.

Segundo Hair et. al. (2005, p.68), podem-se empregar ações corretivas para os dados

perdidos, uma vez que não ocorre viesses potenciais nos padrões de dados perdidos.

Desta forma, procedeu-se na análise dos dados, conservando a forma em que os dados

foram apresentados na pesquisa. Ao aplicar o teste observa-se o resultado Little's

MCAR test: Chi-Square = 149.008, DF = 159, Sig. = .704

63

Tabela 2 - Análise da consistência interna

Grupo de entrevistados

Cronbach's Alpha

Cronbach's Alpha Based on Standardized

Items N of Items

Demitidos .764 .735 14

Pediram demissão .563 .646 14

Fonte: Dados da pesquisa

Para avaliar a consistência interna do questionário, utilizou-se o coeficiente Alpha de

Cronbach. Cujos resultados estão apresentados na tabela 2. Foram considerados os

grupos de questões que retratam a opinião sobre as condições de trabalho, o grau de

satisfação e avaliação do líder. Para interpretação dos valores no teste, conforme

sugere Bisquerra et. al (2004, p.216), considerou-se o valor mínimo de 0,60 para

aceitação da consistência interna.

Conforme os resultados, observa-se que o grupo de questões que retratam a opinião

sobre as condições de trabalho apresenta uma consistência muito baixa.

Verifica-se que o número de funcionários demitidos é superior ao de funcionários que

pediram demissão, o que sugere que a empresa tende mais a desligar os funcionários.

Tabela 3 – Distribuição absoluta da Iniciativa do desligamento e respectivos motivos

Quais os dois principais motivos do seu desligamento da empresa

Iniciativa do desligamento da empresa

Pediu Demissão Foi demitido

Não adaptação à empresa (horário, local de trabalho, escala, etc) 7 1

Outro emprego com salário melhor 7 -

Outro emprego com oportunidade de crescimento 4 -

Dificuldade de relacionamento com o líder 4 1

Dificuldade de relacionamento com colegas 2 1

Falta de oportunidade 4 -

Outros 2 10

Ajuste de Quadros 2

Desmotivação 2

Não foi justificado 6

Sem resposta 5

Total 30 13

64

Fonte: Dados da Pesquisa

A análise dos dados tomou por base a comparação dos resultados obtidos nas duas

categorias, que na tabela 3, estão listados os motivos e seus respectivos percentuais

quanto ao desligamento da empresa.

Observando os resultados, conclui-se que os motivos mais alegados para o pedido de

demissão da empresa são: a não adaptação às condições de trabalho (horário, local de

trabalho, escala de prestação de serviços, entre outros) e à oportunidade de emprego que

ofereça salário melhor.

Por outro lado, os que foram demitidos parecem não identificar com clareza os motivos

citados e concentram-se em outros motivos (10 dos 13 afirmam isto) e cerca de 6

afirmam que o motivo não lhes foi apresentado.

Tabela 4– Distribuição percentual da Iniciativa do desligamento e respectivos

motivos

Quais os dois principais motivos do seu desligamento da empresa

Iniciativa do desligamento da empresa

Pediu Demissão Foi demitido

Não adaptação ao cargo - -

Não adaptação à empresa (horário, local de trabalho, escala, etc) 23,3% 5,6%

Outro emprego com salário melhor 23,3% -

Outro emprego com oportunidade de crescimento 13,3%

Dificuldade de relacionamento com o líder 13,3% 5,6%

Dificuldade de relacionamento com colegas 6,7% 5,6%

Aposentadoria - -

Falta de oportunidade 13,3% -

Falta de oportunidade para aprendizado - -

Outros 6,7% 55,6%

Ajuste de Quadros 0,0% 20,0%

Desmotivação 0,0% 20,0%

Não foi justificado 0,0% 60,0%

Sem resposta 0,0% 27,8%

Total 100,0% 100,0% Fonte: Dados da Pesquisa

A análise da tabela 4 confirma os dados fornecidos pela tabela anterior, interpretando-os

percentualmente. A primeira conclusão é de que os motivos dos desligamentos que

foram indicados pelos entrevistados diferem em função da forma de desligamento.

Observa-se que entre os que pediram demissão, um percentual de 46,6% das respostas

concentra-se em dois motivos: “Não adaptação à empresa (horário, local de trabalho,

65

escala, etc)” e “Outro emprego com salário melhor”. Em relação aos que foram

demitidos, 55,6% apontaram outros motivos. Dentre estes , 40,0% apontaram os

motivos: “Ajuste de quadros” e “Desmotivação”. Ressalte-se que 60,0% dos que

responderam outros motivos, não especificaram quais seriam. Deve-se acrescentar,

ainda, que entre os que foram demitidos, 27,8% dos entrevistados não responderam a

esta questão.

Com a finalidade de ilustrar melhor os motivos do desligamento dos funcionários da

empresa, o gráfico 1 apresenta os resultados comentados anteriormente.

Gráfico 1 – Motivos do desligamento Fonte: Dados da Pesquisa

66

Tabela 5 – Distribuição percentual da escolaridade e iniciativa de desligamento

Qual a sua escolaridade? Iniciativa do desligamento da empresa

Pediu Demissão Foi demitido Total

Até 4° série do Ensino Fundamental (Antigo 1° Grau) 10,0% 11,1% 10,5%

Ensino Médio (Antigo 2° Grau) 15,0% 11,1% 13,2%

Ensino Superior ou mais 75,0% 77,8% 76,3%

Total 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: Dados da Pesquisa

Esta tabela permite identificar que a iniciativa de desligamento é tanto maior quanto

mais elevado o nível de escolaridade do funcionário. Isto ocorre tanto para pedidos de

demissão quanto para os casos de demissão por parte da empresa.

É possível levantar-se a hipótese de que, se houvesse um investimento no processo de

desenvolvimento dos trabalhadores, de modo que aqueles que têm escolaridade mais

baixa fossem incentivados a buscar cursos mais avançados com apoio da empresa seria

possível atraí-los para permanecerem na organização. Caso esta hipótese seja

verdadeira, pode-se inferir que existem falhas no programa de desenvolvimento ora em

execução na empresa.

Tabela 6 – Distribuição das formas de treinamento “Bem Vindo à xxxxxxx”

Ao entrar na xxxxxxxx você participou do Treinamento Bem Vindo à xxxxxxxx?

Iniciativa do desligamento da empresa

Pediu Demissão Foi demitido

Sim, presencial 45,0% 44,4%

Sim, virtual 30,0% 38,9%

Não 25,0% 16,7%

Total 100,0% 100,0% Fonte: Dados da Pesquisa

Aplicando o teste de qui-quadrado para verificar se há dependência entre a forma de

desligamento e o treinamento Bem vindo à xxxxxx, percebe-se que significativamente

há independência entre iniciativa de desligamento e treinamento.

Deve-se neste caso avaliar o propósito que se tem no treinamento, ou mesmo se no

treinamento é possível evidenciar individualmente a intenção do admitido em relação a

seu potencial ou mesmo captar motivos e prováveis desligamentos, como por exemplo,

a não adaptação em relação à empresa e também à frustração em relação à remuneração.

67

Cabe, em relação à remuneração a permanência naquela ocupação, até que surjam novas

oportunidades de trabalho.

Tabela 7 – Pontuações médias referentes à opinião sobre alguns quesitos - escalas de 1 a 5

Itens

Iniciativa do desligamento da

empresa

Pediu Demissão

Foi demitido

Qual a sua opinião em relação ao local de trabalho 2.6 3.8

Qual a sua opinião em relação às normas da empresa 2.7 3.6

Qual a sua opinião em relação ao relacionamento com os colegas 2.9 3.7

Qual a sua opinião em relação aos benefícios 2.6 3.2

Qual a sua opinião em relação à remuneração 2.5 3.4

Fonte: Dados da Pesquisa

Considerando a escala de 1 a 5, as pontuações acima de 3 (três), são consideradas como

favoráveis ao quesito. Assim, pode-se observar que os demissionários apontaram em

todos os quesitos uma pontuação média inferior a três, indicando uma classificação não

satisfatória para o quesito. De forma contrária, os demitidos sinalizaram pontuações

favoráveis em todos os quesitos. Mesmo apresentando um reduzido tamanho da

amostra, observou-se que os dados apresentaram em muitos variáveis um tendência à

distribuição normal, conforme se pode observar na tabela abaixo:

Tabela 8- Teste de normalidade

Itens

Pediram demissão Foram demitidos

N (Observ.)

Asymp. Sig. (2-tailed)

N (observ.)

Asymp. Sig. (2-tailed)

Qual a sua opinião em relação ao local de trabalho 20 0,330 18 0,228

Qual a sua opinião em relação às normas da empresa 20 0,283 18 0,098 Qual a sua opinião em relação ao relacionamento com os colegas 20 0,210 18 0,340

Qual a sua opinião em relação aos benefícios 20 0,173 18 0,227

Qual a sua opnião em relação à remuneração 20 0,441 18 0,234

Clima organizacional e equipe de trabalho 19 0,277 15 0,331

Relacionamento da liderança com seus colaboradores 17 0,160 16 0,205

Sua escala/horário de trabalho 16 0,741 18 0,096

Seu processo de seleção, admissão e teinamento 17 0,147 16 0,804

Oportunidades de crescimento dentro da Localiza 17 0,649 16 0,411

Avaliação do seu lider quanto ao Apoio/Acompanhamento 20 0,032 18 0,292

Avaliação do seu lider quanto Capacidade de liderança 20 0,086 18 0,299

Avaliação do seu lider quanto Transparência 20 0,086 18 0,506 Avaliação do seu lider quanto ao conhecimento do negócio (Técnico) 18 0,066 10 0,452

68

Em função do tamanho da amostra utilizada, o teste estatístico aplicado para evidenciar

as diferenças entre os motivos baseia-se no teste não paramétrico.

Tabela 9 – Resultados do teste de igualdades de distribuição de valores entre as

opiniões dos ex-colaboradores

Itens Mann-

Whitney U

Wilcoxon

W Z

Sig. Assint. (2

caudas)

Sig exata [2*(Sig.

de 1-cauda)]

Qual a sua opinião em relação ao local de

trabalho

81,000 291,000 -

2,966

,003 ,003a

Qual a sua opinião em relação às normas

da empresa

109,500 319,500 -

2,174

,030 ,038a

Qual a sua opinião em relação ao

relacionamento com os colegas

112,500 322,500 -

2,046

,041 ,048a

Qual a sua opinião em relação aos

benefícios

119,500 329,500 -

1,868

,062 ,077a

Qual a sua opinião em relação à

remuneração

110,500 320,500 -

2,086

,037 ,041a

Fonte: dados da Pesquisa

Quanto aos testes aplicados aos pares de médias de pontuação entre os demissionários e

demitidos, observa-se que há diferença significativa entre as pontuações destas

categorias. Apenas o item “Qual a sua opinião em relação aos benefícios” apresenta

semelhança da distribuição de pontos.

Tabela 10 – Pontuações médias atribuídas ao grau de satisfação – escalas de 1 a 7

Quesitos

Iniciativa do desligamento da

empresa

Pediu Demissão

Foi demitido

Clima organizacional e equipe de trabalho 2.8 5.1

Relacionamento da liderança com seus colaboradores 2.9 5.4

Sua escala/horário de trabalho 3.9 5.0

Seu processo de seleção, admissão e treinamento 1.9 4.2

Oportunidades de crescimento dentro da Localiza 2.8 5.1

Avaliação do seu lider quanto ao Apoio/Acompanhamento 1.7 2.8

Avaliação do seu lider quanto Capacidade de liderança 1.7 3.4

Avaliação do seu lider quanto Transparência 1.7 3.4

Avaliação do seu lider quanto ao conhecimento do negócio (Técnico) 1.7 3.6

Fonte: Dados da Pesquisa

Considerando que a pontuação média acima de 4,0 (quatro) pontos, sinaliza uma satisfação em

relação aos itens apresentados, não se observou nenhum item com nível de satisfação superior a

69

4,0 na categoria de demissionários. Entretanto, em relação aos demitidos, observa-se

insatisfação nos itens que se referem a avaliação da liderança.

Tabela 11 – Resultados do teste de igualdades de distribuição de valores entre

demitidos e demissionários

Mann-

Whitney U

Wilcoxon

W Z

Sig. Assint. (2

caudas)

Sig exata [2*(Sig.

de 1-cauda)]

Clima organizacional e equipe de trabalho 60,500 250,500 -

2,900

,004 ,003a

Relacionamento da liderança com seus

colaboradores

46,000 199,000 -

3,362

,001 ,001a

Sua escala/horário de trabalho 84,000 220,000 -

2,152

,031 ,039a

Seu processo de seleção, admissão e

teinamento

51,000 204,000 -

3,146

,002 ,002a

Oportunidades de crescimento dentro da

Localiza

53,000 206,000 -

3,056

,002 ,002a

Avaliação do seu lider quanto ao

Apoio/Acompanhamento

81,500 291,500 -

3,013

,003 ,003a

Avaliação do seu lider quanto Capacidade de

liderança

50,000 260,000 -

3,927

,000 ,000a

Avaliação do seu lider quanto Transparência 47,000 257,000 -

3,997

,000 ,000a

Avaliação do seu lider quanto ao

conhecimento do negócio (Técnico)

21,000 192,000 -

3,450

,001 ,000a

a. Não corrigido para vínculos.

b. Variável de agrupamento: Iniciativa do desligamento da empresa

Os resultados do teste evidenciam que as pontuação atribuídas pelos demitidos e pelos

que pediram demissão são significativamente diferentes.

Observa-se também que um dos motivos mais apontados pelos que pediram demissão,

incide na opção de ter encontrado outro emprego com maior salário (23,3%) dos

entrevistados que pediram demissão e a não adaptação à empresa (horário, local de

trabalho, escala, etc) também com 23,3%. (tabela 04)

Outra conclusão que se pode inferir a partir das respostas colocadas pelos respondentes,

diz respeito à relação dos trabalhos com as chefias e às dificuldades advindas deste

relacionamento.

70

Em relação às liderança, observa-se que a dificuldade de relacionamento com o líder foi

apontada em 13,3% das respostas entre os que pediram demissão e em 5,6% dos que

foram demitidos.

Quando perguntado, qual a avaliação que se dá entre o relacionamento com a liderança,

as categoria de demissionários aponta para um média de 2,9 enquanto os que foram

demitidos apontam para uma média de satisfação de 5,4. Quanto à avaliação do líder a

média entre os quesitos foi de 1,7 para os demissionários e 3,4 para os demitidos.

Percebe-se que a avaliação da liderança é positiva entre os que foram demitidos.

Tabela 12 – Motivos do desligamento e itens que mais sentirá falta nesta empresa

Iniciativa do desligamento e respectivos motivos

O que mais sentirá falta ao sair da empresa?

Nad

a

Cole

gas

Clim

a

org

an

izacio

na

l

Rem

un

era

çã

o

Be

ne

fício

s

Lid

era

nça

Lo

cal d

e t

raba

lho

Po

líticas e

prá

tica

s d

e R

H

To

tal

Pediu Demissão

.Não adaptação a empresa (horário, local de trabalho, escala, etc) 1 5 - - 1 - - - 7

.Outro emprego com salário melhor. 3 1 - - - - - - 4

.Outro emprego com oportunidade de crescimento. 2 2 - - - - - - 4

.Dificuldade de relacionamento com o líder. 3 - - - - 1 - - 4

.Dificuldade de relacionamento com colegas. - 1 - - - - - - 1

Total 9 9 - - 1 1 - - 20

Foi demitido

.Não adaptação a empresa(horário, local de trabalho, escala, etc - - - - - - - 1 1

.Dificuldade de relacionamento com o líder. - - - - - 1 - - 1

.Dificuldade de relacionamento com colegas. - - - 1 - - - - 1

.Outros 2 2 - 1 - 2 2 1 10

Total 2 2 - 2 - 3 2 2 13

Fonte: Dados da Pesquisa

As respostas apresentadas na tabela 12 foram muito dispersas, porém nota-se que entre

os demissionários, 45% sentirão falta dos colegas. Em relação aos que pediram

71

demissão, a distribuição é praticamente uniforme entre as assertivas, ressaltando-se a

liderança como uma referencia que fará falta após o desligamento.

O terceiro objetivo, do presente trabalho que consistiu em verificar os motivos pelos

quais o turnover em alguns cargos possui índices mais elevados, foi abordado mediante

dois procedimentos: o primeiro consistiu na análise de prontuários disponíveis no setor

de RH e o segundo foi a pergunta feita aos profissionais que trabalham no setor de

recursos humanos da empresa. Assim, foi possível verificar que os cargos nos quais

ocorre maior índice de turnover são: atendente, auxiliar de operações, lavador e

consultores de vendas.

Quadro 4 – Relação dos cargos com maior número de demitidos em 2014

CARGO

TIPO DE DESLIGAMENTO DESLIGADOS

POR CARGO Pedido de

Demissão

Demissão Sem

Justa Causa

ATENDENTE 52 79 131

AUXILIAR DE OPERACOES 37 52 89

LAVADOR 23 49 72

CONSULTOR DE VENDAS 17 41 58

ATENDENTE CENTRAL RESERVAS 11 28 39

AUX. DE SERVICOS GERAIS 9 27 36

ADMINISTRATIVO I 8 16 24

TECNICO DE OPERACOES 7 13 20

TOTAL DE DESLIGADOS 164 305 469

Fonte: Dados da pesquisa

As questões abertas dos questionários endereçados aos funcionários demitidos e aos

demissionários ofereceram poucas informações relevantes sobre a condução do

processo de demissão, sendo que alguns preferiram nem responder à questão. Apesar

disso, mesmo a maioria tendo qualificado o processo apenas como bom ou ruim,

algumas respostas mais elaboradas trouxeram comentários e/ou sugestões sobre a

questão da demissão.

“Não tenho o que reclamar da empresa.”

“Meu gerente regional esteve no local de trabalho por 2 dias e trocou poucas palavras.”

“Fui informado de que a empresa necessitava reduzir o quadro de funcionários naquele

momento.”

72

“Não gostei da maneira como o processo foi conduzido; não me deram o motivo para o

desligamento.”

A partir das respostas acima pode-se inferir que as pessoas preferem não se expor,

fazendo comentários sobre o processo de demissão, restringindo-se a usar monossílabos

para caracterizá-lo.

Já a questão referente às sugestões para a empresa, foi também respondida por poucos e,

entre as respostas emitidas, foram encontradas as seguintes:

“Deveriam buscar mais a possibilidade de alocação do colaborador em outra área ou

loja”.

“A empresa deveria ser menos burocrática”.

“Dar mais oportunidades para os colaboradores internos”.

“Maior transparência na carreira”.

Essas respostas sugerem que o setor de RH da empresa precisa estar voltado para tais

questões, que podem implicar na adoção de procedimentos que levem a melhores

resultados.

Um recrutamento e seleção mais criteriosos permitirão evitar que pessoas menos

preparadas sejam admitidas. Um processo de socialização mais esclarecedor poderá

evitar que as pessoas não saibam exatamente o que se espera delas.

A comunicação mais frequente e informal pode reduzir a impressão de uma empresa

burocrática. A oportunidade de tentar atuar em setor diferente daquele em que foi lotado

pode facilitar uma adaptação melhor do funcionário e até mesmo evitar que dificuldades

de relacionamento levem ao desligamento.

Além disso, cabe ao setor de RH prestar informações que permitam ao funcionário

sentir-se mais bem informado sobre a carreira, podendo planejar seu progresso na

organização.

73

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

O turnover é um conceito que vem preocupando os profissionais que atuam na área de

recursos humanos e serve para designar a rotatividade de pessoal em uma organização,

ou seja, as entradas e saídas de funcionários em determinado período de tempo. Embora

seja considerado por alguns como uma situação normal, o turnover tem passado a

constituir um problema na chamada “Era do conhecimento”, quando a empresa investe

na qualificação dos trabalhadores e não consegue reter muitos deles.

A produção científica sobre o tema tem apontado como fatores geradores do turnover a

insatisfação dos funcionários, geralmente associada a questões de remuneração abaixo

da média do mercado, prejuízo da qualidade de vida, falta de diálogo com as lideranças,

tarefas que não correspondem ao plano de carreira do trabalhador.

Esta dissertação esteve ligada ao interesse por buscar as causas do turnover numa

empresa de locação de veículos. Assim, o objetivo geral perseguido pelo autor consistiu

em identificar e analisar as causas do elevado nível de turnover numa empresa de

locação de veículos. Pode-se afirmar que este objetivo foi alcançado, mediante pesquisa

quali-quantitativa desenvolvida, a qual desdobrou este objetivo geral em objetivos

específicos, que foram analisados.

O primeiro objetivo específico foi atingido, na medida em que foram definidas as

políticas de recursos humanos adotadas pela empresa estudada. Em síntese, essas

políticas podem ser assim sumarizadas: o recrutamento e seleção dependem da

existência de vaga aprovada pela diretoria, através de formulário próprio.

Os candidatos submetem-se a um processo que é conduzido pela empresa e existe

também a possibilidade de indicação de candidatos pelos profissionais em exercício na

empresa. O processo é todo conduzido pelo setor de RH da empresa. No caso da

seleção, é feita a triagem de currículos e buscada a adequação ao perfil do cargo,

havendo, nesta etapa, a participação de recursos utilizados pelos psicólogos que atuam

no setor de RH.

O desenvolvimento e a retenção de pessoas também são conduzidos pelo setor de RH e

privilegia-se a manutenção do funcionário no setor no qual ele vem trabalhando,

portanto, estimula-se o autodesenvolvimento. Privilegia-se o desenvolvimento interno

74

de talentos, para atender às necessidades estratégicas da empresa e verifica-se que as

reuniões semanais de cada área permitem a identificação dessas necessidades.

Existe na empresa um programa denominado “Qualificar”, que disponibiliza cursos

anuais para os colaboradores. Outro programa é o “Liderar”, que busca desenvolver o

potencial das pessoas para a liderança, levando-as a agirem por si mesmas, promovendo

o sentimento de afirmação. Para a manutenção e retenção dos colaboradores, a empresa

utiliza um sistema de benefícios e a adoção das melhores práticas utilizadas, buscando

sempre estar a frente na disponibilidade de novos benefícios para os colaboradores, e

práticas que ampliam a satisfação com o trabalho e a empresa. Ainda assim, percebeu-se

que o investimento no processo de desenvolvimento dos colaboradores pode significar

um recurso para retê-los.

O segundo objetivo específico - Identificar os fatores que determinam o desligamento

dos funcionários, mediante pedido de demissão ou demissão feita pela empresa - foi

alcançado mediante análise estatística dos questionários, e consulta aos prontuários do

setor de RH da empresa. No caso da análise estatística, foi possível extrair as seguintes

conclusões: há maior número de demitidos do que de funcionários que pedem

demissões. Entre os desligamentos, em ambas as situações, a falta de adaptação aos

colegas e à liderança foram os motivos mais alegados pelos trabalhadores. Além disso, a

oportunidade de melhor salário em outra empresa foi outra alegação para o pedido de

demissão.

Já a análise dos prontuários indicou muitos conflitos de interesse por deficiência no

alinhamento entre a compreensão da necessidade do negócio e expectativa do

profissional, ou seja, o que ele espera após a admissão. Existe um processo de

socialização organizacional na empresa, que representa a oportunidade de se apresentar

tanto o ambiente de trabalho quanto o que se espera do novo colaborador e ficou

evidente a necessidade de se investir mais neste processo.

Outro ponto que foi possível observar foi relacionado aos conflitos com as normas ou

com a metodologia de trabalho e a gestão direta. A empresa possui padrão para todos os

seus processos e procedimentos desde o formato da loja e sua exposição, até o modo de

se dirigir às pessoas no atendimento. Ao longo da pesquisa, observou-se que existem

colaboradores que preferem permanecer em um cargo de analista em lugar de serem

75

promovidos para o cargo de gestor, no qual passam a ter responsabilidade com metas e

gestão de equipe. É provável que esses colaboradores tenham medo da não adaptação

com a relação dinâmica de trabalho ou se sintam pressionados a apresentar os resultados

esperados. Uma conclusão importante é que seria oportuno, a empresa pensar em uma

melhora nas carreiras em Y, nas quais os colaboradores podem, a partir de determinado

momento, caminhar para outra opção na carreira que não seja a gestão.

O terceiro objetivo específico- verificar os motivos pelos quais o turnover em alguns

cargos possui índices mais elevados, também foi alcançado, mediante consulta aos

prontuários disponíveis no setor de RH e as respostas contidas nos questionários. Os

cargos que possuem maior incidência de turnover foram: lavador de carros, auxiliar de

serviços gerais, consultor de vendas e auxiliar de operações. Verificou-se, ainda, que o

elevado índice de turnover em alguns cargos está relacionado aos seguintes fatores:

“Não Adaptação a rotina de trabalho, pois existe a alegação que a demanda de trabalho

é muito grande”.

“Jornada de trabalho: em muitos casos, um colaborador tem de substituir outro e se um

falta, o mesmo tem de continuar trabalhando até a chegada de outro colaborador”.

Em alguns cargos, em que o colaborador trabalha grande parte do dia do lado de fora da

loja, ele não se sente como parte da equipe, sendo inserido somente quando da cobrança

para atingimento de metas ou para explicação sobre alteração de procedimento.

As limitações da pesquisa estão associadas ao tipo de trabalho realizado, pois se

tratando de um estudo de caso, o mesmo não suporta generalizações. Além disso,

solicitar a pessoas que já não se encontram na empresa que respondam a um

questionário é uma tarefa difícil, pois uma vez rompido o vínculo empregatício não é

mais possível conseguir que todos os ex-funcionários se disponham a enviar suas

respostas.

Quanto à sugestão de novas pesquisas, sugere-se sejam pesquisadas novas formas de

realização de entrevistas de desligamento, oferecendo informações capazes de facilitar a

percepção de cada trabalhador sobre o que se espera dele.

Podem ser pesquisados ainda quais os aspectos mais relevantes para os trabalhadores

sobre o processo de desenvolvimento e carreira. Sugere-se, ainda, que o processo de

76

socialização numa empresa como a estudada seja precedido do levantamento de

opiniões de funcionários em exercício sobre o que eles gostariam que fosse abordado no

momento de sua admissão, assim como as expectativas sobre o programa de

desenvolvimento. Outra proposta é que se crie numa empresa como a estudada a

oportunidade de uma carreira em Y e as vantagens e desvantagens dela advindas.

77

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APÊNDICES

Questionário para colaboradores que pediram demissão “Pediu para sair”

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Questionário para colaboradores que foram desligados pelo empregador “Foi demitido”

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