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    Fatores Determinantes da Oferta Turstica na Baa de Camamu-BA para o

    Planejamento do Turismo e Desenvolvimento Local

    Determinants of Tourism in the Bay of Camamu-BA for Tourism Planning and Local

    Development

    Factores Determinantes de la Oferta Turstica en la Baha de Camamu-BA para la

    Planificacin Del Turismo y Desarrollo Local

    Carlos Henrique leite Borges1

    Scrates Jacobo Moquete Guzmn2

    Moema Maria Badar Cartibani Midlej3

    Resumo

    Este trabalho objetivou avaliar a oferta turstica a partir da percepo dos visitantes e dacomunidade local, possibilitando assim estabelecer os principais fatores determinantes daoferta turstica e em ultima anlise a elaborao de um ndice de adequao dos seus

    componentes ao desenvolvimento local. Utilizou-se a estatstica multivariada, atravs daAnlise Fatorial, como forma de determinar os fatores da oferta turstica local e o seu ndice.Os resultados revelaram um quadro onde os componentes da oferta turstica local indicaramcerta fragilidade, fato esse tambm refletido no ndice proposto, e a necessidade de melhoriana qualidade de alguns fatores e intervenes urgentes em outros. Assim, visitantes ecomunidade se aproximam em suas avaliaes, com algumas especificidades em relao scaractersticas do lugar que precisam tambm ser contempladas no planejamento da atividadeturstica e do seu desenvolvimento.

    Palavras-chave: Oferta turstica; Avaliao; Fatores determinantes; Desenvolvimento local;Baa de Camamu.

    1 Economista, Mestre em Cultura e Turismo, professor do departamento de Economia, Universidade Estadual deSanta Cruz, Ilheus, BA. Brasil. [email protected]

    2 Doutor em Cincia Poltica. Professor Adjunto da Universidade Estadual de Santa Cruz , Ilhus, Bahia. [email protected]

    3

    Economista. Doutora em Educao. Professora Titular da Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhus, Bahia.Brasil. [email protected]

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    Abstract

    This study aimed to assess the tourism from the perspective of the visitors and the localcommunity, thus enabling to establish the main determinants of tourism and ultimately the

    development of an index of adequacy of its components to local development. It was used

    the multivariate analysis, through factor analysis as a way to determine the factors of

    the local tourist and its index. The results revealed a framework where components of the

    local tourist indicated a certain fragility, a fact also reflected in the proposed index, and the

    need to improve the quality of some factors and other urgent interventions. So, visitors and

    community approach in their assessments, with some specifics regarding the characteristics

    of place that must also be considered in the planning of tourism and its development

    Keywords: Tourisms offer; Evaluation, Determinants; Local development; Bay of Camamu.

    Resumen

    Este trabajo tuvo como objetivo evaluar el oferta turstica de la percepcin de los visitantesy

    la comunidad local, lo que permitir establecer los principales determinantes del turismo

    y en ltima instancia, el desarrollo de un ndice de adecuacin de sus componentes para el

    desarrollo local. Se utiliz un anlisis multivariable, a travs de anlisis factorial como una

    forma de determinar los factores del ofeta turstica local y su ndice. Los resultados

    revelaron una foto donde los componentes del turismo local se indica fragilidad, un

    hecho tambin se refleja en el ndice propuesto, y la necesidad de mejorar la calidad

    de algunos de los factores y otras intervenciones urgentes. De este modo, los visitantes y el

    enfoque de la comunidad en sus evaluaciones, con algunos detalles en relacin con lascaractersticas del lugar tambin debe abordarse en la planificacin del turismo y

    su desarrollo.

    Palabras-clave: Oferta turstica; Evaluacin; Factores determinantes; desarrollo local;

    Baha de camamu.

    1. Introduo

    O turismo representa um conjunto de inter-relaes em toda a cadeia produtiva, marcada

    essencialmente pela prestao de servios resultando em grande mobilizao de recursos

    humanos, fsicos e financeiros. Representa tambm, e no em menor grau de importncia,

    inter-relaes sociais e culturais, promovendo no apenas gerao de divisas cambiais, mas

    tambm possibilita que culturas transponham divisas territoriais.

    A depender das condies em que acontece a atividade turstica, do seu nvel de

    desenvolvimento, da adequao dos seus componentes, tanto as trocas comerciais quanto as

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    culturais podem gerar benefcios, mas tambm podem provocar tenses sociais e ambientais

    por conta das vicissitudes que a atividade oferece. necessrio um planejamento da atividadepara que ao final, o destino esteja adequado ao bem estar dos visitantes e, sobretudo, s

    condies ambientais, sociais e culturais do lugar.

    Precedendo ao planejamento, entende-se que uma avaliao do destino, materializada por

    meio dos seus componentes e de acordo com sua realidade, deve ser imprescindvel para a

    conformao futura do local enquanto destino turstico que seja atraente para os visitantes e

    dimensionado para e com a comunidade anfitri. Tal avaliao deve acontecer por parte de

    grupos interessados, como por exemplo, visitantes e moradores.

    O estudo foi realizado na Baa de Camamu, um espao territorial delimitado por uma

    identidade em comum que o aspecto fsico-territorial conferida pela Baa que une trs

    municpios (Camamu, Igrapina e Mara), sem contar com os aspectos da formao cultural e

    histrica que os envolvem. A Baa de Camamu representa no s um elo fsico para essas

    localidades como tambm representa uma ligao de identidade cultural forjada atravs da

    histria desde a fase de colonizao brasileira quando serviu de palco para a explorao e

    comercializao de produtos da regio, confrontos com indgenas, comrcio de escravos,

    incurses jesuticas, e servindo principalmente at hoje como fonte de renda para as

    comunidades ribeirinhas.

    Atualmente este espao, em especial o povoado de Barra Grande, no municpio de Mara,

    revela-se como um dos principais destinos tursticos da alta estao no Litoral Sul da Bahia,

    com seu fluxo aumentando a cada ano e j sendo visvel a necessidade premente de prepar-la

    para o turismo de forma competitiva e ao mesmo tempo adequada s caractersticas locais. A

    regio possui enorme vocao para as atividades tursticas e de lazer por ser dotado de

    extenso litoral, com inmeras praias e diversos atrativos naturais, culturais e histricos. No

    entanto, o crescimento do turismo j provoca alteraes profundas no padro de uso do solo e

    dos recursos naturais, bem como nas relaes humanas locais onde esta atividade se

    desenvolve.

    Ante o exposto, suscitam-se os seguintes questionamentos: Como os visitantes e residentes

    avaliam a oferta turstica do destino Barra Grande, na Baa de Camamu? Os componentes da

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    oferta turstica na Baa de Camamu esto adequados aos anseios dos visitantes e dos

    residentes? Quais os principais fatores determinantes da oferta turstica na Baa de Camamu?A oferta turstica na Baa de Camamu est adequada ao Desenvolvimento Local?

    Tais questionamentos foram respondidos atravs de uma anlise a partir das percepes do

    visitante, pois ele, melhor do que ningum poder avaliar o que est posto sua experincia e,

    tambm, do residente, representando um participante ativo na medida em que usufrui de tudo

    aquilo que o turismo oferece, sendo beneficiado e tambm sofrendo seus efeitos, importante

    tambm como avaliador.

    O objetivo geral da pesquisa foi avaliar a oferta turstica na Baa de Camamu a partir da

    percepo dos visitantes e residentes como forma de contribuir para o planejamento e

    adequao da atividade ao Desenvolvimento Local. Seus objetivos especficos foram: a)

    Caracterizar os componentes da oferta turstica na Baa de Camamu a partir da avaliao dos

    visitantes e dos residentes; b) Estabelecer os principais determinantes e fatores da oferta

    turstica; c) Elaborar o ndice da Oferta Turstica Local para avaliar sua adequao ao

    Desenvolvimento Local.

    Considerando as variveis e a interdependncia entre elas, tal anlise foi realizada atravs da

    estatstica, descritiva e multivariada, onde se utilizou a anlise fatorial como mtodo de

    correlacionar as variveis envolvidas no estudo, e com isso apresentar os determinantes da

    oferta turstica na Baa de Camamu.

    2. A Oferta Turstica: Componentes, Planejamento e Adequao ao Desenvolvimento

    Local

    A oferta turstica representa a materializao das condies fsicas, humanas, culturais,

    socioeconmicas, polticas, culturais e naturais que um destino possibilita para a experincia

    do visitante. O estgio de desenvolvimento e qualidade da sua estrutura essencial para a

    atividade turstica e no menos tambm para a comunidade receptora, pois, compreende o

    conjunto de instalaes, equipamentos, servios e espaos compartilhados por visitantes e

    residentes, logo, de difcil demarcao sobre o que ou no turstico.

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    Os componentes da oferta turstica, sejam naturais ou culturais, esto presentes em quase

    todas as sociedades podendo alguns se constiturem como forte valor de atrao pelas suascaractersticas nicas ou diferenciadoras.

    Ignarra (2003) classifica os componentes da oferta turstica em cinco categorias principais:

    Atrativos naturais (So compostos pelo ar, clima, acidentes geogrficos, o terreno, a flora, a

    fauna, as massas de gua, as praias, as belezas naturais, o abastecimento de gua potvel e

    outros); Atrativos culturais (So compostos pelo patrimnio arquitetnico, pelos acervos dos

    museus, pela cultura da populao, sua gastronomia tpica, seu artesanato, folclore, seus

    eventos, hbitos e costumes, sua msica, literatura, lngua etc.); Servios tursticos (So

    compostos pelos servios que tm na demanda turstica a maior parte de suas receitas, tais

    como: meios de hospedagem, transportes tursticos, locao de veculos e embarcaes,

    servios de alimentos e bebidas, servios de organizao de eventos, espaos de eventos,

    servios de entretenimento, servios de receptivo turstico etc.); infraestrutura (Composta pelo

    conjunto de construes subterrneas e de superfcie, como os sistemas de abastecimento de

    gua e de coleta, tratamento e despejo de esgotos, redes de distribuio de gs, coleta de guas

    pluviais, telefonia, distribuio de energia eltrica e de iluminao pblica, sistema virio,mobilirio urbano e terminais de transportes); Servios urbanos de apoio ao turismo (So

    compostos pelos servios bancrios, de sade, de comunicaes, de segurana pblica, de

    apoio a automobilistas, alm de comrcio especializado para turistas).

    Assim, a oferta turstica esse composto de elementos que define o destino turstico e

    tambm pode determinar o tipo de desenvolvimento que se espera para a localidade. Defende-

    se neste trabalho um modelo de desenvolvimento do turismo com insero e participao da

    comunidade receptora e com a adequao da oferta turstica ao bem estar do visitante, mas,sobretudo s condies fsico-ecolgicas do ambiente natural e s caractersticas da cultura

    local.

    Uma adequao satisfatria da oferta turstica s necessidades de uma demanda cada vez mais

    crescente e criteriosa passa por uma avaliao da qualidade e da disponibilidade de bens e

    servios que atendam ao bem-estar daqueles que os usufruem. Tal avaliao pode significar

    importante instrumento para a qualificao da oferta turstica de um lugar e a partir de ento o

    estabelecimento de bases que subsidiem o planejamento e a gesto do destino.

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    Moniz (2006), em seu estudo, afirma que o centro das atenes do planejamento turstico

    variou ao longo do tempo: de uma focalizao exclusiva no planejamento fsico de instalaestursticas e sua posterior promoo, passou-se para uma abordagem mais ampla, que toma em

    considerao as necessidades tanto das empresas, como dos prprios turistas e da comunidade

    receptora, havendo cada vez mais uma maior preocupao em criar sinergias entre o turismo e

    o ambiente social, econmico e natural.

    Entende-se que para alm da satisfao do turista, a atividade deve ser adequada tambm para

    o bem-estar daqueles que por muitas vezes dependem exclusivamente da dinmica econmica

    do turismo e que usufruem dos equipamentos e servios comuns aos visitantes. Nesta

    perspectiva os moradores desempenham papel essencial quando da avaliao dos

    componentes tursticos.

    3. Perspectivas, Impactos e Contribuies do Turismo para Desenvolvimento Local

    fato que a atividade turstica traz benefcios, mas tambm oferece impactos negativos

    apresentando caractersticas de um modelo econmico desintegrador. Segundo Grnewald(2003) o desenvolvimento turstico poderia levar os nativos de pequenas sociedades

    hospedeiras a abandonarem um modo de vida tradicional para se inserirem em negcios locais

    incrementados pelo efeito multiplicador do desenvolvimento turstico. Tal contexto

    responsvel por fenmenos significativos de excluso social, descaracterizao cultural e

    degradao ambiental (MENDONA; IRVING, 2006).

    Esse quadro, resultado de condies impostas por um modelo de desenvolvimento

    imediatista, comea a apresentar possibilidades outras, mais positivas. Segundo Coriolano

    (2003), So experincias novas que surgem ligadas ao campo e s cidades, inclusive prticas

    de desenvolvimento local incentivadas pelo turismo.

    Tal modelo de desenvolvimento est pautado na cooperao entre os agentes econmicos com

    interesses em comum para certa localidade atravs das potencialidades internas,

    fortalecimento das relaes sociais entre os diversos agentes, inclusive o governo local, e

    participao comunitria nas decises estratgicas, visando um processo que resulte no

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    desenvolvimento local. No se trata de uma reduo de escala do desenvolvimento, mas, uma

    proposta de um novo modelo de desenvolvimento.

    O termo local no representa um simples reducionismo espacial. Paula (2001) descreve-o

    como qualquer recorte socioterritorial delimitado a partir de uma caracterstica eletiva

    definidora de identidade. Pode ser uma caracterstica fsico-territorial (localidades de uma

    mesma microbacia), uma caracterstica econmica (localidades integradas por uma

    determinada cadeia produtiva), uma caracterstica tnico-cultural (localidades indgenas,

    remanescentes de quilombos), uma caracterstica poltico-territorial (municpios de uma

    microrregio).

    Para Franco (2001), outra referencia do local no termo desenvolvimento local a idia de

    comunidade. Explica o autor:

    O desenvolvimento local, de certo modo, troca a generalidade abstrata deuma sociedade global configurada semelhana ou como suporte do Estado(como o caso das sociedades de massa) pelas particularidades concretasdas mltiplas minorias sociais orgnicas que podem

    projetar...(endogenamente) futuros alternativos para a coletividade e,sobretudo, antecipar esses futuros em experincias presentes (FRANCO,2001, P.28).

    Para Trevizan (2006) o local, a comunidade que envolve o local e a participao da

    comunidade nos processos que resultam em condies favorveis ao turismo sustentvel, a

    partir do patrimnio natural e/ou cultural tm como varivel interveniente a construo de

    uma identidade da comunidade consigo mesma e com o local.

    A identidade da comunidade consigo mesma acontece quando os seusintegrantes se reconhecem como pertencentes a ela em funo de umconjunto de afinidades comuns. A identidade da comunidade com o localocorre quando um conjunto de caractersticas fsicas e culturais pertencentesao espao em que se situa a comunidade reconhecido por seus membros,individual ou coletivamente, como a eles pertencentes e, por isto, comosendo de sua responsabilidade zelar por elas. A sensao de pertencimentoleva participao espontnea, ou reivindicao por ela quando pessoas ougrupos se sentirem isolados dos processos que levam tomada de decisesno mbito comunitrio, especialmente quando os significados coletivos noforem respeitados (TREVIZAN, 2006, p.15).

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    O Desenvolvimento Local a partir do turismo, ento, dever assentar-se em uma atividade

    economicamente vivel e de qualidade nos seus servios de apoio ao visitante, na sua

    infraestrutura e nos seus servios essencialmente tursticos, capaz de promover ocupao para

    a mo de obra local com gerao de renda principal e/ou complementar, uma atividade

    turstica baseada na participao da comunidade, na cooperao e fortalecimento das redes

    associativas locais, e estas com seu entorno, com a capacidade de dinamizar, usufruir e

    valorizar suas potencialidades endgenas, ou seja, seu patrimnio, aquilo que pertence

    unicamente quele lugar, seja natural e/ou cultural.

    O desenvolvimento de um destino turstico em bases locais dever estar configurado nestes

    atributos, dever apresentar componentes da oferta turstica adequada a estes propsitos,

    sustentada nestes critrios, uma Oferta Turstica Local. Neste sentido, como ponto inicial para

    se chegar a esta Oferta Turstica Local, imprescindvel o planejamento para sua

    configurao, e este, necessita sem dvida, de uma avaliao que inclua a percepo tambm

    do residente, ou seja, sua participao e envolvimento devem comear pela sua avaliao dos

    componentes tursticos do local.

    4. Procedimentos Metodolgicos

    4.1. rea de estudo

    A Baa de Camamu, terceira maior do Brasil, est localizada na regio econmica

    denominada Litoral Sul, Territrio de Identidade Baixo sul e dentro da Zona Turstica Costa

    do Dend. Delimita um espao geogrfico formado em seu entorno por trs municpios, entre

    eles, aquele que empresta seu nome Baa. Envolve os municpios de Camamu, Mara e

    Igrapina. A populao vive basicamente de uma economia agrcola baseada no cultivo de

    culturas nativas, do comrcio e, nas regies litorneas, da pesca e do turismo. Aliada ao

    patrimnio natural dispe, ainda, de inestimvel riqueza arquitetnica e cultural: casares,

    igrejas, conventos, casas de fazendas, alm de algumas manifestaes populares que compe

    seu valiosssimo acervo cultural.

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    A pesquisa ocorreu especificamente no povoado de Barra Grande nos limites do municpio de

    Mara. Barra Grande, antiga vila de pescadores, hoje o principal destino turstico dapennsula de Mara, atraindo visitantes de todas as partes do pas e at de outros pases que

    aproveitam os feriados ou o perodo de alta estao para desfrutar dos seus atrativos naturais.

    Segundo Maia (2008) o povoado e seu entorno concentra uma populao de cerca de 1.700

    habitantes, chegando a alcanar um nmero cinco vezes maior na alta estao. A localidade

    concentra a maioria dos hotis e pousadas e melhor infraestrutura em toda a Pennsula.

    4.2. Fonte e coleta de dados

    Os dados primrios foram obtidos atravs de aplicao de questionrios a uma amostra de 103

    moradores e 97 visitantes determinada por meio no-probabilstico atravs da tcnica da

    exausto no perodo de 30 de dezembro de 2009 a 02 de janeiro de 2010. Os visitantes foram

    abordados nas ruas, praias e cabanas. Os moradores pesquisados foram aqueles envolvidos

    com a atividade turstica mais diretamente como: barqueiros, comerciantes, proprietrios de

    barracas de praias, funcionrios de estabelecimentos comerciais, funcionrios de restaurantes

    e de barracas de praia e artesos.

    Os indicadores utilizados foram selecionados tendo por base trabalhos realizados na mesma

    temtica como os de Cerqueira (2002) e Cerqueira e Freire (2008), adaptados ao local de

    estudo, conforme Quadro 1.

    Quadro 1: Relao de indicadores representativos da oferta turstica na comunidade de BarraGrande, Baa de Camamu.

    Indicador Dimenso da avaliao

    X1 Atrativos naturaisBeleza da paisagem, das praias, rios, elementosgeogrficos etc..

    X2Patrimnio arquitetnico Percepo dos elementos culturais construdos presentes

    no local de estudo

    X3 Artesanato local Qualidade e diversidade das peas artesanais do local

    X4 Manifestaes popularesPercepo da presena e diversidade das manifestaes

    populares tradicionais

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    X5 Gastronomia localQualidade, originalidade e diversidade da gastronomia

    local

    X6 Equipamentos de lazerQualidade e disponibilidade de equipamentos para o lazere entretenimento no destino turstico

    X7 Passeios oferecidosQualidade, diversidade e programao dos passeiosplanejados para o local

    X8 Informaes tursticas prestadasQualidade e preciso das informaes prestadas sobre olocal

    X9 Guias de turismoCapacidade e habilidade de orientar e informar osvisitantes sobre os atrativos e informaes teis do local.

    X10 HospitalidadeForma como a comunidade recebe e trata os visitantesdurante o perodo de visitao

    X11 Meios de hospedagemDisponibilidade e qualidade dos leitos e acomodaes daspousadas e hotis do local

    X12 Diverses noturnasDisponibilidade, diversidade e qualidade das diversesnoturnas no local

    X13 Servio de receptivo tursticoCapacidade e qualidade no atendimento e recepo etranslado do visitante

    X14 Sinalizao tursticaDisponibilidade e qualidade da sinalizao tursticahorizontal e vertical

    X15 Servios de alimentaoDisponibilidade, quantidade e qualidade dosestabelecimentos com servios de alimentao(restaurantes, bares, lanchonetes, cabanas)

    X16 Abastecimento de gua Disponibilidade e qualidade do fornecimento de gua

    X17 Pavimentao das ruas Condies da pavimentao das ruas

    X18 Sinalizao urbana Quantidade e qualidade das placas de sinalizao urbana

    X19 Limpeza pblicaCondies de higiene e qualidade da limpeza das ruas,avenidas e praas

    X20 Servios de comunicaoQualidade e facilidade de acesso aos meios decomunicao (telefones pbicos, sinal de celular etc)

    X21 Transporte intermunicipalDisponibilidade do transporte intermunicipal para acesso esada do local

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    X22 Transporte martimo Disponibilidade, qualidade e condies das embarcaes

    X23 Terminal martimoQualidade da estrutura fsica e de acomodao dosterminais martimos

    X24 Terminal urbanoQualidade da estrutura fsica e de acomodao do terminalurbano

    X25 Servios bancriosFacilidade de acesso e disponibilidades de rede bancriano local

    X26 Aceitao de carto de crditoFacilidade de aceitao de pagamentos por carto decrdito

    X27Valor das dirias nos meios dehospedagem

    Preo e condies de pagamento das dirias em hotis epousadas

    X28 Valor dos servios de alimentaoPreo e condies de pagamento da alimentao nosrestaurantes, bares, lanchonetes e cabanas de praia

    X29 Valor dos servios de entretenimento Preo dos entretenimentos locais

    X30 Coleta de lixoCondies do servio de coleta de lixo nas ruas, praias,rios, mangues

    X31Limpeza dos banheiros das cabanas depraias, bares e restaurantes

    Condies de higiene e qualidade ambiental dos banheirosdas cabanas, bares e restaurantes

    X32Distribuio da rede de esgoto nas ruas,praias, rios

    Condies do servio de saneamento bsico

    X33 Limpeza das embarcaesLimpeza e higiene dos barcos e lanchas disposio dosusurios

    A avaliao foi realizada pela atribuio de notas aos indicadores de acordo com uma escalatipo Likertque variava de zero (0) a cinco (5) baseada nas seguintes escolhas: (0) quando o

    informante no sabe ou no conhece nada do componente; (1) se considerar o indicador como

    pssimo; (2) se considerar ruim; (3) para uma avaliao do tipo regular; (4) considerando bom

    e (5) se o componente da oferta turstica for avaliado como timo. Este tipo de escala foi

    criado em 1932 por Rensis Likert e desde ento largamente utilizado em processos de

    avaliao onde o entrevistado assinala um nico item de acordo com seu grau de satisfao,

    comumente encontrada em questionrios de pesquisa de mercado, pois ela de simples

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    construo e d liberdad

    sentimento (MALHOTRA,

    4.3 Tratamento e anlise

    Os dados foram tratados e

    descritiva foram trabalhad

    atribudas ao conjunto

    multivariada atravs da An

    A Anlise Fatorial umade um grande nmero de v

    2003). De acordo com

    estruturais entre as varive

    de variveis originais. Es

    Componentes Principais (

    da oferta turstica local

    4.4 Elaborao do ndiceAps a seleo dos Fator

    ndice que resumisse tais

    termos de um parmetro

    adaptado de Lopes et al (

    mdia geral) de cada vari

    (p). O valor encontrado

    nota 5, multiplicando-ode 0,00 a 1,00. A nota

    dos visitantes e dos mor

    expresso algbrica do ndi

    para que os seus respondentes coloque

    2001).

    os dados

    analisados utilizando-se o mtodo estatstico

    as as informaes acerca dos turistas e m

    e indicadores avaliados. Tambm foi

    lise Fatorial.

    tcnica estatstica multivariada que pode sinariveis em um nmero muito menor chama

    Maroco (2003) esses fatores permitem i

    is que de outra forma passariam despercebi

    ses fatores foram extrados atravs do m

    CP). Logo em seguida, a partir dos fatores,

    a oferta turstica local s determinantes da oferta turstica foi pen

    informaes e apresentasse as condies

    baseado na percepo dos visitantes e dos

    009), foi obtido pelo somatrio do produt

    el/indicador ( ) e o termo de ponderao do

    apresentado em termos do escore mximo

    elo fator 1/k, permitindo assim estabelecer omdia geral dos indicadores foi obtida soma

    dores para cada indicador selecionado e

    ce dada pela Equao 01:

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    m ali seu verdadeiro

    . Atravs da estatstica

    oradores e suas notas

    tilizada a estatstica

    tetizar as informaes dos de fatores (HAIR,

    entificar as relaes

    das no conjunto vasto

    todo da Anlise dos

    foi elaborado o ndice

    sado a criao de um

    a oferta turstica em

    moradores. O ndice,

    entre o escore (nota

    indicadores no ndice

    possvel (k), ou seja a

    ndice em uma escala do-se as notas mdias

    dividido por dois. A

    (01)

  • 7/23/2019 Fatores Determinantes da Oferta Turstica na Baa de Camamu-BA para o Planejamento do Turismo e Desenvolvi

    13/27

    Onde,

    i = ndice de adequao da

    Iv = nota mdia dos indica

    Ir = nota mdia dos indicad

    k = nota mxima possvel (

    p = termo de ponderao d

    O valor do peso (pi) atr

    componente (raiz caracter

    componentes principais e

    ponderao por expressar

    varincias das variveis

    varivel/indicador foi obtid

    Onde,

    pi = peso associado a cada

    Fi = Autovalor de cada fat

    Ci = explicabilidade da var

    oferta turstica local

    ores atribuda pelos visitantes;

    ores atribuda pelos residentes;

    = 5) (permite estabelecer o ndice em uma es

    s indicadores (peso associado a cada fator).

    ibudo a varivel foi determinado em fu

    stica) associado explicabilidade de cada v

    tradas (equao 02). O autovalor utili

    a capacidade dos fatores em captar em

    (PALCIO, 2004) citado por Lopes (20

    o a partir da Equao 02 abaixo:

    indicador ;

    r;

    ivel em relao ao fator

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    310

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    cala de 0 a 1);

    o do autovalor da

    arivel, em relao s

    zado como termo de

    nveis diferentes as

    9). O peso de cada

    (02)

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    5. Resultados e discusses

    5.1. Adequao dos dados analise fatorial

    Como forma de verificar a conformidade dos dados aplicados a analise fatorial foi realizado

    alguns testes estatsticos amostra antes de proceder a extrao dos fatores. Inicialmente

    procurou-se identificar a consistncia interna dos indicadores atravs do Coeficiente Alpha de

    Cronbach. Assim, constatou-se que o coeficiente em questo ficou dimensionado em 0,904,

    aceitvel ento em relao consistncia dos dados.

    Em seguida verificaram-se as comunalidades para os indicadores, sendo que todos elesapresentaram valores acima de 0,50, o que os tornam viveis para a Anlise Fatorial. As

    comunalidades so quantidades das varincias (correlaes) de cada varivel explicada pelos

    Fatores. Quanto maior a comunalidade, maior ser o poder de explicao daquela varivel

    pelo Fator.

    Posteriormente realizou-se o teste de esfericidade de Bartlett, atingindo um valor igual a

    1573,19, com significncia a 0,00% de probabilidade, permitindo rejeitar a hiptese nula de

    que a matriz de correlao uma matriz identidade, ou seja, de que as variveis no socorrelacionadas. Conjuntamente como forma de avaliar a adequao da anlise fatorial ao

    conjunto de dados, verificou-se a medida de adequao da amostra (KMO), com valor igual

    0,811.

    O indicador X1 - Atrativos naturais por apresentar uma freqncia do conceito timo maior

    que 90% tanto para os visitantes quanto para os residentes, foi retirado da anlise em virtude

    de representar pouca importncia em termos de variabilidade estatstica. Essa quase

    unanimidade na avaliao do componente o coloca em patamar diferenciado em relao soutras variveis em termos de varincia estatstica e pode ser considerado como o principal

    componente de atrao turstica do local.

    5.2 Componentes principais e Fatores determinantes da oferta turstica local

    A anlise fatorial resultou em uma matriz de correlao com dez fatores com autovalores

    acima de 1,00 e respondendo por 67,88% da varincia total dos dados utilizados.

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    Foram considerados como Fatores determinantes da oferta turstica na Baa de Camamu, em

    especial no povoado de Barra Grande, aqueles indicadores que apresentaram cargas fatoriaisacima de 0,60, o que representa uma forte associao entre a varivel e o Fator. A Tabela 1, a

    seguir, destaca as cargas fatoriais e apresenta os Fatores extrados e nomeados com seus

    respectivos indicadores.

    Tabela 1: Fatores determinantes da Oferta Turstica Local na Baa de Camamu

    Fator Carga fatorial

    F1Experincia no translado martimo pela Baa de Camamu

    Transporte martimo 0,864

    Terminal martimo 0,703

    Limpeza e higiene das embarcaes 0,749

    F2Capacidade de recepcionar e de prestar informaes aos visitantes

    Informao turstica 0,752

    Guia turstico 0,670

    Receptivo turstico 0,625F3Custo com servios de acomodao e alimentao

    Valor da diria em hotis e pousadas 0,679

    Valor da alimentao em restaurantes 0,790

    F4Bem estar na locomoo e acesso aos meios d hospedagem

    Meios de hospedagem 0,632

    Pavimentao 0,726

    Sinalizao urbana 0,602

    F5Condies sanitrias e ambientais do local

    Coleta de lixo nas ruas e praias 0,730

    Limpeza e higiene dos banheiros das barracas de praias 0,697

    Distribuio do esgoto nas praias, rios, lagos, ruas 0,625

    F6Patrimnio material da cultura local

    Patrimnio arquitetnico 0,762

    Artesanato local 0,611

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    F7Oferta de entretenimentos noturnos

    Diverso noturna 0,723

    F8Patrimnio imaterial da cultura local

    Manifestaes populares 0,666

    Gastronomia local 0,694

    F9Qualidade e diversidade dos passeios oferecidos

    Passeios oferecidos 0,626

    F10Capacidade de abastecimento de gua

    Abastecimento de gua 0,825

    Fonte: dados da pesquisa

    O primeiro Fator composto por 03 variveis que respondem por 25,95% da variabilidade das

    informaes e esto representadas pelos indicadores X22-Transporte martimo; X23 -

    Terminal martimo e X33- Limpeza dos barcos. Esse fator, de acordo com as correlaes

    expressas, indica uma preocupao e importncia atribuda pelos visitantes e moradores

    quanto s condies do deslocamento dos usurios pela Baa de Camamu. Tais condies

    refletem os aspectos de segurana, qualidade do transporte e higiene, ou seja, representa o

    bem estar e qualidade da experincia do deslocamento martimo. Parece significativo ter esse

    fator como o de maior explicabilidade pelo fato de ser esse ainda o principal meio de acesso

    dos visitantes localidade e ser o principal elo entre os moradores de Barra Grande e o acesso

    aos servios e bens que o local no comporta.

    Para o visitante representa o primeiro contato com a exuberncia da paisagem do lugar, um

    momento de contemplao com todo o ambiente sua volta. De fato, a viajem, seja de barco

    ou de lancha, da costa (Camamu) rumo Barra Grande foi muitas vezes relatadas pelosvisitantes como um momento nico. A importncia desse Fator chama a ateno para o

    cuidado que se deve ter com a estrutura e condies que permitem o deslocamento dos

    moradores e principalmente dos turistas pela baa, desde o embarque at o desembarque,

    representado pela varivel terminal martimo, passando pelas condies de transportes e

    higiene dos barcos e lanchas. Recorrendo aos dados da anlise descritiva percebe-se que os

    indicadores obtiveram notas mdias de 3,95; 3,06 e 3,58 respectivamente pelos residentes, e

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    mdias de 3,21; 2,83 e 2,86 pelos visitantes. Dessa forma tal fator foi nomeado como

    Experincia no translado martimo pela Baa de Camamu.

    O segundo Fator responde por 7,63% da varincia dos dados e est fortemente correlacionado

    com as variveis X8 Informaes tursticas; X9 Guias tursticos e X13 Receptivo

    turstico. Esse fator indica a qualidade do acolhimento e das informaes prestadas aos

    visitantes sob a tica do prprio visitante e do morador. Qualquer destino turstico deve

    conceber a recepo do visitante como prioridade, pois representa para aquele um servio de

    balco onde os servios e atrativos do lugar estaro dispostos atravs de um cardpio de

    possibilidades o que faz com que as pessoas e profissionais frente dessa receptividade, ou

    melhor, atrs desse balco, sejam responsveis em grande parte pela qualidade da visita no

    local. Assim esse fator foi nomeado como Capacidade de recepcionar, orientar e prestar

    informaes aos visitantes.

    O terceiro Fator foi categorizado como Custo com os servios de estadia e alimentao e

    responde por 6,48% da varincia dos dados. Compe esse fator as variveis X27 Valor das

    dirias nos meios de hospedagem e X28Preo da alimentao. Esse fator indica a percepo

    do turista e do morador quanto ao custo dos servios bsicos de alimentao e estadia na

    localidade. Para os visitantes representa um importante fator na tomada de deciso para a

    viagem e, de acordo com a anlise descritiva, revelou sinalizando uma estrutura de preos no

    compatvel com as expectativas dos visitantes. Cerca de 44% dos visitantes avaliaram o preo

    da diria nos meios de hospedagem como ruim ou pssimo, e 34% fizeram a mesma

    avaliao para os preos de alimentao, com notas mdias de 2,17 e 2,67 respectivamente.

    O Fator seguinte apresentou capacidade de explicabilidade de 5,28% da varincia e foi

    representado pelas variveis X11 Meios de hospedagem; X17 Pavimentao e X18

    Sinalizao urbana. Esse fator sugere o bem estar na locomoo do visitante pela localidade e

    principalmente as condies de acesso aos hotis e pousadas. A comunidade Barra Grande

    caracteriza-se como uma pequena vila onde apresenta ruas sem pavimentao e talvez por

    esse motivo tenha recebido uma nota mdia dos turistas de 2,49. No entanto, alguns

    moradores e tambm alguns visitantes durante a pesquisa relataram no enxergar isso como

    um problema, e sim, uma caracterstica local que deve ser preservada, sendo eles contrrios a

    pavimentao das suas ruas. Voltando s estatsticas descritivas, constata-se que a avaliao

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    do tipo timo ou bom para o indicador Pavimentao foi indicada por 33,30% dos

    moradores e por 26,19% dos visitantes.

    O quinto Fator est associado com o aspecto ambiental sendo nomeado como Condies

    sanitrias e ambientais e sendo representado pelas variveis X30 Coleta de lixo; X31

    Limpeza dos banheiros das barracas de praia e X32 Distribuio da rede de esgoto, e

    responde por 4,77% da variabilidade dos dados. As condies sanitrias sempre vo exercer

    forte impacto em um destino turstico e em Barra Grande no foi diferente. Esse constructo

    fatorial determinante tanto para os visitantes quanto para os moradores. Para os visitantes os

    aspectos contidos neste fator podem definir a qualidade da visitao e da experincia

    vivenciada na localidade e, para os moradores, representam as condies que definem a sua

    qualidade de vida.

    De acordo com a anlise descritiva, estes componentes apresentaram notas mdias muito

    baixas pelos dois grupos de entrevistados, o que revela ser um fator que apresenta indicadores

    em condies no satisfatrias em termos sanitrios e ambientais. Para 71,84% dos moradores

    o indicador correspondente ao esgotamento sanitrio foi avaliado como ruim ou pssimo

    com nota mdia de 1,31 e para os visitantes esta mesma avaliao atingiu 22,62% das

    respostas, com nota mdia de 1,87, uma proporo menor em virtude de um menor alcance na

    avaliao deste indicador em comparao aos moradores que vivenciam essas condies

    cotidianamente.

    O sexto Fator nomeado como Patrimnio material da cultura local foi responsvel por

    4,08% da varincia e est representado pelas variveis X2 Patrimnio arquitetnico e X3

    Artesanato local. Esse fator que est relacionado com o conjunto dos atrativos culturais do

    lugar e as variveis que o compem representam o contato do visitante e a percepo dos

    moradores com uma parte da cultura material da Baa de Camamu. O Patrimnio

    arquitetnico foi avaliado como timo ou bom por cerca de 40% dos residentes e por

    50% dos visitantes. O Artesanato local tambm obteve uma avaliao relativamente boa com

    51% das respostas dos visitantes e 57% dos moradores considerando este indicador como

    timo ou bom.

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    sabido que o principal motivo de atratividade desse lugar a beleza natural, constituindo-se

    como um destino de turismo de sol e mar. Esse fator apresenta indicadores que chama aateno para o fato de se trabalhar e potencializar o patrimnio cultural material

    apresentando-o como um componente da oferta turstica complementar.

    O stimo Fator apresenta apenas uma varivel com forte correlao a ele associada, a varivel

    X12 Diverso noturna. Esse indicador foi melhor avaliado pelos visitantes do que pelos

    moradores. Por parte dos moradores a avaliao reflete algum nvel de insatisfao pois 62%

    das respostas consideraram regular, ruim ou pssimo. Quanto aos visitantes essa

    proporo foi bem menor sendo que para 50% deles o indicador foi avaliado como timo ou

    bom. Tal fato pode ser compreendido em virtude de no perodo de maior fluxo turstico, no

    vero, acontecer uma movimentao maior em termos de festas e eventos noturnos, o que

    explicaria uma melhor avaliao por parte dos turistas enquanto que o alcance dessa avaliao

    por parte dos moradores muito maior constatando que esse tipo de lazer escasso para este

    grupo nos outros meses do ano.

    O Fator 8 traz dois indicadores de maior peso que so o indicador X4 Manifestaes

    populares e X5 Gastronomia local. Esse fator foi nomeado como Patrimnio imaterial da

    cultura local e representa o conjunto de saberes acumulados pelas geraes e no caso

    especfico do local estudado est manifestado pelo saber culinrio e pela cultura local

    representada pelas manifestaes tradicionais. A gastronomia local obteve a terceira melhor

    nota mdia dentre os indicadores avaliados pelos visitantes com um valor de 3,86 e com 69%

    das respostas considerando este indicador como timo ou bom e sem nenhuma avaliao

    do tipo ruim ou pssimo.

    O indicador tambm foi bem avaliado pelos moradores com nota mdia de 3,81. A avaliao

    da gastronomia local para os dois grupos se aproximou do conceito bom o que indica que

    este trao local tem qualidade aceitvel e um potencial que pode ser melhor explorado e

    trabalhado para aumentar ainda mais o seu nvel de aceitao.

    Quanto s manifestaes populares, sua avaliao pelos visitantes no foi to satisfatria

    como o componente anterior, apresentando uma nota mdia de 1,92 pontos. Pouco mais de

    16% dos visitantes consideraram como boa e quase 23% avaliaram como regular. No entanto,

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    a maior parcela dos entrevistados (41,67%) responderam desconhecer sobre algum tipo de

    manifestao popular. Esse dado mostra que uma parcela expressiva dos entrevistados notiveram acesso ou no perceberam alguma manifestao da cultura local e daqueles que

    perceberam apenas 7,14% consideraram como tima. Cabe ressaltar que a avaliao desse

    item entre pssimo e timo no diz respeito qualidade das manifestaes e sim da percepo

    do visitante sobre a existncia de manifestaes da cultura local.

    O Fator 9 apresentou apenas um indicador relevante e fortemente associado aos passeios

    oferecidos. Este indicador tem sua importncia para a oferta turstica local, pois est

    intimamente ligado ao seu principal componente que a paisagem e conjunto de belezas

    naturais. Um passeio de qualidade e bem programado pode enriquecer ainda mais a

    experincia do turista pois o coloca em contato mais estreito com os atrativos naturais do

    destino. Em Barra Grande este componente foi bem avaliado pelos dois grupos entrevistados.

    59% dos visitantes e 56% dos moradores sinalizaram como timo ou bom o servio de

    passeios oferecidos na localidade.

    O Fator 10 foi o que apresentou menor variabilidade dos dados, mas no menos importante

    ele , pois constitudo pela varivel X16 - Abastecimento de gua, sendo determinante para

    a visitao e tambm sensivelmente afetado por ela, pois, com o aumento do fluxo turstico

    a demanda sobre o servio de abastecimento aumenta consideravelmente na alta estao e

    sem uma adequada infraestrutura a localidade pode apresentar uma insuficincia no

    atendimento comprometendo a satisfao dos visitantes e da comunidade receptora. No

    povoado de Barra grande no existe rede pblica de abastecimento de gua, toda gua

    utilizada para consumo domstico proveniente de poos artesianos individuais o que torna o

    destino mais vulnervel em relao a quantidade e qualidade da gua disponvel diante doaumento da populao na alta estao.

    A avaliao das condies da oferta turstica da Baa de Camamu a partir da percepo das

    visitantes e dos moradores em forma de notas submetidas anlise fatorial permitiu

    determinar os principais fatores com seus indicadores de maior representatividade. Como

    forma de sintetizar tais informaes e apresentar um quadro do estado atual da oferta turstica,

    este trabalho tambm se props a elaborar um ndice com base nos indicadores selecionados

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    pela analise fatorial. A pr

    o ndice proposto.

    5.3. ndice da oferta turs

    A partir da Equao 02 foi

    a construo do ndice lev

    aquelas selecionadas atra

    representaram 65% do pes

    indicadores foram calculad

    relao ao conjunto total d

    Tabela 2: Co

    Indicadores

    X2 - Patrimnio arquitetnico

    X3 - Artesanato local

    X4 - Manifestaes populares

    X5 - Gastronomia local

    X7 - Passeios oferecidos

    X8 - Informao turstica

    X9 - Guia turstico

    X11 - Meios de hospedagem

    X12 - Diverso noturna

    X13 - Receptivo turstico

    xima seo apresentar os clculos, composi

    ica local

    possvel encontrar os pesos de todos os indic

    u-se em conta apenas as variveis com maio

    vs dos fatores juntamente com seus p

    o total do conjunto de variveis e assim os

    os em funo do peso do conjunto das vari

    s dados.

    ponentes principais da oferta turstica com s

    Pesos

    nota mdia

    dos

    residentes

    nota

    mdia

    dos

    visitante

    0,0310 3,1 3,26

    0,0442 3,55 3,15

    0,0474 2,77 1,92

    0,0313 3,81 3,86

    0,0388 3,39 3,25

    0,0324 2,67 3,3

    0,0402 2,36 2,38

    0,0421 3,43 3,63

    0,0193 2,19 3,06

    0,0507 2,62 2,45

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    o e o resultado para

    adores avaliados. Para

    r poder de explicao,

    sos. Essas variveis

    pesos individuais dos

    veis selecionadas em

    eus pesos.

    s

    media

    geral

    ( )

    ndice

    (p . x1/k)

    3,18 0,0197

    3,35 0,0296

    2,35 0,0222

    3,84 0,0240

    3,32 0,0258

    2,99 0,0193

    2,37 0,0191

    3,53 0,0297

    2,63 0,0101

    2,54 0,0257

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    X16 - Abastecimento de gua 0,0268 2,43 2,45 2,44 0,0131

    X17 - Pavimentao 0,0529 2,43 2,49 2,46 0,0260

    X18 - Sinalizao urbana 0,0448 2,32 2,26 2,29 0,0205

    X22 - Transporte martimo 0,1038 3,95 3,21 3,58 0,0743

    X23 - Terminal martimo 0,0934 3,06 2,83 2,95 0,0550

    X27 - Valor da diria em hotel 0,0385 2,58 2,17 2,38 0,0183

    X28 - Preo da alimentao 0,0409 2,72 2,67 2,70 0,0220

    X30 - Coleta de lixo 0,0498 1,96 2,8 2,38 0,0237

    X31 - Limpeza dos banheiros das barracas 0,0355 2,09 2,39 2,24 0,0159

    X32 - Distribuio da rede de esgoto 0,0415 1,31 1,87 1,59 0,0132

    X33 - Limpeza dos barcos 0,0948 3,58 2,86 3,22 0,0611

    1,00 0,5684

    Fonte: dados da pesquisa

    Aps os clculos a partir da Equao 01 foi possvel obter o ndice para a Baa de Camamu,

    comunidade de Barra Grande, que resultou em um valor de 0,57. Procurando dimensionar o

    ndice em termos de sua explicabilidade das condies da oferta turstica local, foi criada uma

    escala intervalar com cinco estgios possveis tendo-se como base as escalas de notas

    atribudas aos componentes, ou seja, como o ndice alcana o mximo de 1,00, tal valor foi

    dividido em cinco estgios (1,00/5) sendo que o menor corresponde aos valores em um

    intervalo de 0,00 a 0,20 o que equivale a nota 1 e assim sucessivamente, conforme

    apresentados no Quadro 2.

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    Quadro 2: Escala intervalar do ndice de adequao da oferta turstica local e seus estgios

    Escala intervalar do ndice de adequao da Oferta

    turstica local

    Classificao

    0,00 (ndice) 0,20 Oferta Turstica Local no adequada

    0,20 < (ndice) 0,40 Adequao regular da Oferta Turstica Local

    0,40 < (ndice) 0,60 Adequao razovel da Oferta turstica Local

    0,60 < (ndice) 0,80 Boa adequao da Oferta Turstica local

    0,80 < (ndice) 1,00 tima adequao da Oferta turstica Local

    Fonte: Elaborao do autor

    Com base na classificao exposta no quadro 3 e no valor obtido para o ndice, conclui-se que

    as condies locais para o turismo encontra-se em um estgio intermedirio indicando um

    certo grau de carncia no atendimento satisfao dos visitantes e dos moradores. O ndice, a

    despeito de no levar em conta os atrativos naturais, principal motivo da viagem Baa de

    Camamu, reflete em seu valor a condio na qual se encontra a localidade nos mais variados

    aspectos da sua Oferta Turstica.

    6. Consideraes Finais

    O processo de desenvolvimento local requer a integrao e cooperao dos grupos de

    interesse nos mais variados aspectos da dinmica de uma localidade. Deve haver uma prtica

    e uma vontade comum a todos aqueles que desejam promover um desenvolvimento assentadonas potencialidades prprias do lugar, fugindo regra de um modelo que impe solues

    globais, uniformizador e massificador de culturas. Desenvolvimento local pressupe

    endogenia e acima de tudo valorizao das caractersticas locais e condies reais para a

    participao e envolvimento da comunidade na conduo do planejamento e de polticas

    voltadas ao incremento econmico e bem estar socioambiental.

    O turismo, a despeito da sua ndole mercadolgica e massificadora, pode se reverter em um

    vetor de desenvolvimento quando firmado em bases locais impulsionado pela diversidade e

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    com seus componentes da oferta turstica conformados s expectativas do visitante e,

    sobretudo s da comunidade receptora. Nesta perspectiva que este trabalho objetivouavaliar a oferta turstica na Baa de Camamu no s sob a tica do visitante, mas tambm, e,

    principalmente, a partir dos residentes.

    A avaliao da oferta turstica na Baa de Camamu foi realizada especificamente e

    intencionalmente na comunidade de Barra Grande, para onde converge o fluxo turstico

    naquele espao. A maioria dos indicadores avaliados por visitantes e moradores foram

    pontuados com notas baixas o que mostra a fragilidade desses componentes para a adequao

    da oferta turstica, merecendo no mnimo uma ateno e discusses em torno de possveis

    aes que visem mitigao de tais problemas. A precariedade desses componentes revela

    uma fragilidade para o destino e compromete substancialmente a experincia da visitao,

    principalmente quando se pensa em um destino turstico em que seus espaos so acessveis a

    todos os turistas e comuns aos moradores possibilitando assim maior interatividade entre os

    dois grupos.

    Alguns fatores mostram condies razoveis para atender ao visitante e ao residente, a

    exemplo do Fator 1 (Experincia no translado martimo pela Baa de Camamu) que contempla

    alguns dos principais componentes e significando o primeiro contato do visitante com os

    atrativos do local.

    Os componentes em condies mais crticas e que requerem intervenes mais urgentes

    fazem parte do Fator 5 ( Condies sanitrias e ambientais do local), merecendo uma maior

    ateno por parte do poder pblico local e dos proprietrios das barracas de praia.

    impossvel se pensar em desenvolvimento da atividade turstica e at mesmo em bem estar

    dos visitantes e dos residentes com a manuteno dessa realidade. Tais componentes devero

    ter prioridade para aes que visem o desenvolvimento local.

    Os outros Fatores apresentam componentes em condies razoveis com necessidade de

    melhoria na sua qualidade em termos de infraestrutura e prestao de servio. Uma viso

    geral pode ser obtida a partir do ndice de adequao da Oferta Turstica Local, que, tenta

    refletir o estado atual da oferta turstica e sua adequao para o desenvolvimento local. O

    ndice revela uma condio no favorvel e suscita aes para a melhoria de todos os

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    componentes objetivando uma atividade turstica que satisfaa s expectativas dos visitantes e

    ao mesmo tempo seja do interesse da comunidade.

    Sobre esse aspecto vale destacar os indicadores Servios bancrios, que no foi associado a

    nenhum dos fatores extrados a partir da Anlise Fatorial realizada, e o indicador

    Pavimentao, os quais mesmo obtendo avaliaes no satisfatrias pela maioria dos

    visitantes e dos moradores foram defendidos por parte daqueles dois grupos de entrevistados

    quanto a manuteno do estado atual daqueles componentes. Ser que do interesse da

    comunidade ter a difuso de caixas eletrnicos ou agncias bancrias? Uma resposta deve ser

    obtida atravs de um amplo debate com todos os envolvidos. realmente necessrio

    pavimentar as ruas como desejam alguns turistas? Isso no causaria uma descaracterizao da

    paisagem prpria do lugar como sugerem alguns dos moradores? Provocam-se tais

    questionamentos no sentido de chamar a ateno para o fato de que nem sempre medidas e

    intervenes verticalizadas, colocadas em prtica no intuito de atender ao turista, so medidas

    que retratam os anseios da comunidade e a forma como ela espera que seja conduzido o

    turismo local.

    Assim, importante reconhecer que apesar do atrativo natural ainda ser o mais importante

    componente quando da deciso de viajar para a Baa de Camamu, existem problemas e

    fragilidades em torno dos outros componentes que comprometem a qualidade da visitao e

    indicam tambm condies infraestruturais inapropriadas para a comunidade local.

    chegado o tempo, ainda que tardiamente, de (re)pensar a configurao e a insero da Baa

    de Camamu enquanto possvel produto turstico no cenrio do turismo local, nacional e global

    e o modelo de oferta turstica que se pretende ter. Em razo das caractersticas do destino, no

    difcil argumentar em defesa de um modelo que privilegie a busca pelo desenvolvimento

    local.

    Contribuies futuras podero avanar na busca de repostas quilo que no foi contemplado

    neste trabalho em virtude das limitaes de tempo, recursos e em virtude do seu escopo. O

    caminho foi iniciado, coube a esta pesquisa apresentar os fatores determinantes e impeditivos

    ao desenvolvimento da atividade turstica na Baa de Camamu, caber ao futuro nos mostrar

    em que medida o poder pblico, comunidade, empresrios, todos os grupos de interesse se

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    moveram para d forma a um destino turstico avaliado como socialmente inclusivo, vivel e,

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    Recebido em: 04/04/2012 (1 verso) 31/07/2012 (2 verso)

    Aprovado em: 08/08/2012