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Fatores Determinantes da Oferta Turstica na Baa de Camamu-BA para o
Planejamento do Turismo e Desenvolvimento Local
Determinants of Tourism in the Bay of Camamu-BA for Tourism Planning and Local
Development
Factores Determinantes de la Oferta Turstica en la Baha de Camamu-BA para la
Planificacin Del Turismo y Desarrollo Local
Carlos Henrique leite Borges1
Scrates Jacobo Moquete Guzmn2
Moema Maria Badar Cartibani Midlej3
Resumo
Este trabalho objetivou avaliar a oferta turstica a partir da percepo dos visitantes e dacomunidade local, possibilitando assim estabelecer os principais fatores determinantes daoferta turstica e em ultima anlise a elaborao de um ndice de adequao dos seus
componentes ao desenvolvimento local. Utilizou-se a estatstica multivariada, atravs daAnlise Fatorial, como forma de determinar os fatores da oferta turstica local e o seu ndice.Os resultados revelaram um quadro onde os componentes da oferta turstica local indicaramcerta fragilidade, fato esse tambm refletido no ndice proposto, e a necessidade de melhoriana qualidade de alguns fatores e intervenes urgentes em outros. Assim, visitantes ecomunidade se aproximam em suas avaliaes, com algumas especificidades em relao scaractersticas do lugar que precisam tambm ser contempladas no planejamento da atividadeturstica e do seu desenvolvimento.
Palavras-chave: Oferta turstica; Avaliao; Fatores determinantes; Desenvolvimento local;Baa de Camamu.
1 Economista, Mestre em Cultura e Turismo, professor do departamento de Economia, Universidade Estadual deSanta Cruz, Ilheus, BA. Brasil. [email protected]
2 Doutor em Cincia Poltica. Professor Adjunto da Universidade Estadual de Santa Cruz , Ilhus, Bahia. [email protected]
3
Economista. Doutora em Educao. Professora Titular da Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhus, Bahia.Brasil. [email protected]
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Abstract
This study aimed to assess the tourism from the perspective of the visitors and the localcommunity, thus enabling to establish the main determinants of tourism and ultimately the
development of an index of adequacy of its components to local development. It was used
the multivariate analysis, through factor analysis as a way to determine the factors of
the local tourist and its index. The results revealed a framework where components of the
local tourist indicated a certain fragility, a fact also reflected in the proposed index, and the
need to improve the quality of some factors and other urgent interventions. So, visitors and
community approach in their assessments, with some specifics regarding the characteristics
of place that must also be considered in the planning of tourism and its development
Keywords: Tourisms offer; Evaluation, Determinants; Local development; Bay of Camamu.
Resumen
Este trabajo tuvo como objetivo evaluar el oferta turstica de la percepcin de los visitantesy
la comunidad local, lo que permitir establecer los principales determinantes del turismo
y en ltima instancia, el desarrollo de un ndice de adecuacin de sus componentes para el
desarrollo local. Se utiliz un anlisis multivariable, a travs de anlisis factorial como una
forma de determinar los factores del ofeta turstica local y su ndice. Los resultados
revelaron una foto donde los componentes del turismo local se indica fragilidad, un
hecho tambin se refleja en el ndice propuesto, y la necesidad de mejorar la calidad
de algunos de los factores y otras intervenciones urgentes. De este modo, los visitantes y el
enfoque de la comunidad en sus evaluaciones, con algunos detalles en relacin con lascaractersticas del lugar tambin debe abordarse en la planificacin del turismo y
su desarrollo.
Palabras-clave: Oferta turstica; Evaluacin; Factores determinantes; desarrollo local;
Baha de camamu.
1. Introduo
O turismo representa um conjunto de inter-relaes em toda a cadeia produtiva, marcada
essencialmente pela prestao de servios resultando em grande mobilizao de recursos
humanos, fsicos e financeiros. Representa tambm, e no em menor grau de importncia,
inter-relaes sociais e culturais, promovendo no apenas gerao de divisas cambiais, mas
tambm possibilita que culturas transponham divisas territoriais.
A depender das condies em que acontece a atividade turstica, do seu nvel de
desenvolvimento, da adequao dos seus componentes, tanto as trocas comerciais quanto as
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culturais podem gerar benefcios, mas tambm podem provocar tenses sociais e ambientais
por conta das vicissitudes que a atividade oferece. necessrio um planejamento da atividadepara que ao final, o destino esteja adequado ao bem estar dos visitantes e, sobretudo, s
condies ambientais, sociais e culturais do lugar.
Precedendo ao planejamento, entende-se que uma avaliao do destino, materializada por
meio dos seus componentes e de acordo com sua realidade, deve ser imprescindvel para a
conformao futura do local enquanto destino turstico que seja atraente para os visitantes e
dimensionado para e com a comunidade anfitri. Tal avaliao deve acontecer por parte de
grupos interessados, como por exemplo, visitantes e moradores.
O estudo foi realizado na Baa de Camamu, um espao territorial delimitado por uma
identidade em comum que o aspecto fsico-territorial conferida pela Baa que une trs
municpios (Camamu, Igrapina e Mara), sem contar com os aspectos da formao cultural e
histrica que os envolvem. A Baa de Camamu representa no s um elo fsico para essas
localidades como tambm representa uma ligao de identidade cultural forjada atravs da
histria desde a fase de colonizao brasileira quando serviu de palco para a explorao e
comercializao de produtos da regio, confrontos com indgenas, comrcio de escravos,
incurses jesuticas, e servindo principalmente at hoje como fonte de renda para as
comunidades ribeirinhas.
Atualmente este espao, em especial o povoado de Barra Grande, no municpio de Mara,
revela-se como um dos principais destinos tursticos da alta estao no Litoral Sul da Bahia,
com seu fluxo aumentando a cada ano e j sendo visvel a necessidade premente de prepar-la
para o turismo de forma competitiva e ao mesmo tempo adequada s caractersticas locais. A
regio possui enorme vocao para as atividades tursticas e de lazer por ser dotado de
extenso litoral, com inmeras praias e diversos atrativos naturais, culturais e histricos. No
entanto, o crescimento do turismo j provoca alteraes profundas no padro de uso do solo e
dos recursos naturais, bem como nas relaes humanas locais onde esta atividade se
desenvolve.
Ante o exposto, suscitam-se os seguintes questionamentos: Como os visitantes e residentes
avaliam a oferta turstica do destino Barra Grande, na Baa de Camamu? Os componentes da
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oferta turstica na Baa de Camamu esto adequados aos anseios dos visitantes e dos
residentes? Quais os principais fatores determinantes da oferta turstica na Baa de Camamu?A oferta turstica na Baa de Camamu est adequada ao Desenvolvimento Local?
Tais questionamentos foram respondidos atravs de uma anlise a partir das percepes do
visitante, pois ele, melhor do que ningum poder avaliar o que est posto sua experincia e,
tambm, do residente, representando um participante ativo na medida em que usufrui de tudo
aquilo que o turismo oferece, sendo beneficiado e tambm sofrendo seus efeitos, importante
tambm como avaliador.
O objetivo geral da pesquisa foi avaliar a oferta turstica na Baa de Camamu a partir da
percepo dos visitantes e residentes como forma de contribuir para o planejamento e
adequao da atividade ao Desenvolvimento Local. Seus objetivos especficos foram: a)
Caracterizar os componentes da oferta turstica na Baa de Camamu a partir da avaliao dos
visitantes e dos residentes; b) Estabelecer os principais determinantes e fatores da oferta
turstica; c) Elaborar o ndice da Oferta Turstica Local para avaliar sua adequao ao
Desenvolvimento Local.
Considerando as variveis e a interdependncia entre elas, tal anlise foi realizada atravs da
estatstica, descritiva e multivariada, onde se utilizou a anlise fatorial como mtodo de
correlacionar as variveis envolvidas no estudo, e com isso apresentar os determinantes da
oferta turstica na Baa de Camamu.
2. A Oferta Turstica: Componentes, Planejamento e Adequao ao Desenvolvimento
Local
A oferta turstica representa a materializao das condies fsicas, humanas, culturais,
socioeconmicas, polticas, culturais e naturais que um destino possibilita para a experincia
do visitante. O estgio de desenvolvimento e qualidade da sua estrutura essencial para a
atividade turstica e no menos tambm para a comunidade receptora, pois, compreende o
conjunto de instalaes, equipamentos, servios e espaos compartilhados por visitantes e
residentes, logo, de difcil demarcao sobre o que ou no turstico.
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Os componentes da oferta turstica, sejam naturais ou culturais, esto presentes em quase
todas as sociedades podendo alguns se constiturem como forte valor de atrao pelas suascaractersticas nicas ou diferenciadoras.
Ignarra (2003) classifica os componentes da oferta turstica em cinco categorias principais:
Atrativos naturais (So compostos pelo ar, clima, acidentes geogrficos, o terreno, a flora, a
fauna, as massas de gua, as praias, as belezas naturais, o abastecimento de gua potvel e
outros); Atrativos culturais (So compostos pelo patrimnio arquitetnico, pelos acervos dos
museus, pela cultura da populao, sua gastronomia tpica, seu artesanato, folclore, seus
eventos, hbitos e costumes, sua msica, literatura, lngua etc.); Servios tursticos (So
compostos pelos servios que tm na demanda turstica a maior parte de suas receitas, tais
como: meios de hospedagem, transportes tursticos, locao de veculos e embarcaes,
servios de alimentos e bebidas, servios de organizao de eventos, espaos de eventos,
servios de entretenimento, servios de receptivo turstico etc.); infraestrutura (Composta pelo
conjunto de construes subterrneas e de superfcie, como os sistemas de abastecimento de
gua e de coleta, tratamento e despejo de esgotos, redes de distribuio de gs, coleta de guas
pluviais, telefonia, distribuio de energia eltrica e de iluminao pblica, sistema virio,mobilirio urbano e terminais de transportes); Servios urbanos de apoio ao turismo (So
compostos pelos servios bancrios, de sade, de comunicaes, de segurana pblica, de
apoio a automobilistas, alm de comrcio especializado para turistas).
Assim, a oferta turstica esse composto de elementos que define o destino turstico e
tambm pode determinar o tipo de desenvolvimento que se espera para a localidade. Defende-
se neste trabalho um modelo de desenvolvimento do turismo com insero e participao da
comunidade receptora e com a adequao da oferta turstica ao bem estar do visitante, mas,sobretudo s condies fsico-ecolgicas do ambiente natural e s caractersticas da cultura
local.
Uma adequao satisfatria da oferta turstica s necessidades de uma demanda cada vez mais
crescente e criteriosa passa por uma avaliao da qualidade e da disponibilidade de bens e
servios que atendam ao bem-estar daqueles que os usufruem. Tal avaliao pode significar
importante instrumento para a qualificao da oferta turstica de um lugar e a partir de ento o
estabelecimento de bases que subsidiem o planejamento e a gesto do destino.
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Moniz (2006), em seu estudo, afirma que o centro das atenes do planejamento turstico
variou ao longo do tempo: de uma focalizao exclusiva no planejamento fsico de instalaestursticas e sua posterior promoo, passou-se para uma abordagem mais ampla, que toma em
considerao as necessidades tanto das empresas, como dos prprios turistas e da comunidade
receptora, havendo cada vez mais uma maior preocupao em criar sinergias entre o turismo e
o ambiente social, econmico e natural.
Entende-se que para alm da satisfao do turista, a atividade deve ser adequada tambm para
o bem-estar daqueles que por muitas vezes dependem exclusivamente da dinmica econmica
do turismo e que usufruem dos equipamentos e servios comuns aos visitantes. Nesta
perspectiva os moradores desempenham papel essencial quando da avaliao dos
componentes tursticos.
3. Perspectivas, Impactos e Contribuies do Turismo para Desenvolvimento Local
fato que a atividade turstica traz benefcios, mas tambm oferece impactos negativos
apresentando caractersticas de um modelo econmico desintegrador. Segundo Grnewald(2003) o desenvolvimento turstico poderia levar os nativos de pequenas sociedades
hospedeiras a abandonarem um modo de vida tradicional para se inserirem em negcios locais
incrementados pelo efeito multiplicador do desenvolvimento turstico. Tal contexto
responsvel por fenmenos significativos de excluso social, descaracterizao cultural e
degradao ambiental (MENDONA; IRVING, 2006).
Esse quadro, resultado de condies impostas por um modelo de desenvolvimento
imediatista, comea a apresentar possibilidades outras, mais positivas. Segundo Coriolano
(2003), So experincias novas que surgem ligadas ao campo e s cidades, inclusive prticas
de desenvolvimento local incentivadas pelo turismo.
Tal modelo de desenvolvimento est pautado na cooperao entre os agentes econmicos com
interesses em comum para certa localidade atravs das potencialidades internas,
fortalecimento das relaes sociais entre os diversos agentes, inclusive o governo local, e
participao comunitria nas decises estratgicas, visando um processo que resulte no
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desenvolvimento local. No se trata de uma reduo de escala do desenvolvimento, mas, uma
proposta de um novo modelo de desenvolvimento.
O termo local no representa um simples reducionismo espacial. Paula (2001) descreve-o
como qualquer recorte socioterritorial delimitado a partir de uma caracterstica eletiva
definidora de identidade. Pode ser uma caracterstica fsico-territorial (localidades de uma
mesma microbacia), uma caracterstica econmica (localidades integradas por uma
determinada cadeia produtiva), uma caracterstica tnico-cultural (localidades indgenas,
remanescentes de quilombos), uma caracterstica poltico-territorial (municpios de uma
microrregio).
Para Franco (2001), outra referencia do local no termo desenvolvimento local a idia de
comunidade. Explica o autor:
O desenvolvimento local, de certo modo, troca a generalidade abstrata deuma sociedade global configurada semelhana ou como suporte do Estado(como o caso das sociedades de massa) pelas particularidades concretasdas mltiplas minorias sociais orgnicas que podem
projetar...(endogenamente) futuros alternativos para a coletividade e,sobretudo, antecipar esses futuros em experincias presentes (FRANCO,2001, P.28).
Para Trevizan (2006) o local, a comunidade que envolve o local e a participao da
comunidade nos processos que resultam em condies favorveis ao turismo sustentvel, a
partir do patrimnio natural e/ou cultural tm como varivel interveniente a construo de
uma identidade da comunidade consigo mesma e com o local.
A identidade da comunidade consigo mesma acontece quando os seusintegrantes se reconhecem como pertencentes a ela em funo de umconjunto de afinidades comuns. A identidade da comunidade com o localocorre quando um conjunto de caractersticas fsicas e culturais pertencentesao espao em que se situa a comunidade reconhecido por seus membros,individual ou coletivamente, como a eles pertencentes e, por isto, comosendo de sua responsabilidade zelar por elas. A sensao de pertencimentoleva participao espontnea, ou reivindicao por ela quando pessoas ougrupos se sentirem isolados dos processos que levam tomada de decisesno mbito comunitrio, especialmente quando os significados coletivos noforem respeitados (TREVIZAN, 2006, p.15).
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O Desenvolvimento Local a partir do turismo, ento, dever assentar-se em uma atividade
economicamente vivel e de qualidade nos seus servios de apoio ao visitante, na sua
infraestrutura e nos seus servios essencialmente tursticos, capaz de promover ocupao para
a mo de obra local com gerao de renda principal e/ou complementar, uma atividade
turstica baseada na participao da comunidade, na cooperao e fortalecimento das redes
associativas locais, e estas com seu entorno, com a capacidade de dinamizar, usufruir e
valorizar suas potencialidades endgenas, ou seja, seu patrimnio, aquilo que pertence
unicamente quele lugar, seja natural e/ou cultural.
O desenvolvimento de um destino turstico em bases locais dever estar configurado nestes
atributos, dever apresentar componentes da oferta turstica adequada a estes propsitos,
sustentada nestes critrios, uma Oferta Turstica Local. Neste sentido, como ponto inicial para
se chegar a esta Oferta Turstica Local, imprescindvel o planejamento para sua
configurao, e este, necessita sem dvida, de uma avaliao que inclua a percepo tambm
do residente, ou seja, sua participao e envolvimento devem comear pela sua avaliao dos
componentes tursticos do local.
4. Procedimentos Metodolgicos
4.1. rea de estudo
A Baa de Camamu, terceira maior do Brasil, est localizada na regio econmica
denominada Litoral Sul, Territrio de Identidade Baixo sul e dentro da Zona Turstica Costa
do Dend. Delimita um espao geogrfico formado em seu entorno por trs municpios, entre
eles, aquele que empresta seu nome Baa. Envolve os municpios de Camamu, Mara e
Igrapina. A populao vive basicamente de uma economia agrcola baseada no cultivo de
culturas nativas, do comrcio e, nas regies litorneas, da pesca e do turismo. Aliada ao
patrimnio natural dispe, ainda, de inestimvel riqueza arquitetnica e cultural: casares,
igrejas, conventos, casas de fazendas, alm de algumas manifestaes populares que compe
seu valiosssimo acervo cultural.
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A pesquisa ocorreu especificamente no povoado de Barra Grande nos limites do municpio de
Mara. Barra Grande, antiga vila de pescadores, hoje o principal destino turstico dapennsula de Mara, atraindo visitantes de todas as partes do pas e at de outros pases que
aproveitam os feriados ou o perodo de alta estao para desfrutar dos seus atrativos naturais.
Segundo Maia (2008) o povoado e seu entorno concentra uma populao de cerca de 1.700
habitantes, chegando a alcanar um nmero cinco vezes maior na alta estao. A localidade
concentra a maioria dos hotis e pousadas e melhor infraestrutura em toda a Pennsula.
4.2. Fonte e coleta de dados
Os dados primrios foram obtidos atravs de aplicao de questionrios a uma amostra de 103
moradores e 97 visitantes determinada por meio no-probabilstico atravs da tcnica da
exausto no perodo de 30 de dezembro de 2009 a 02 de janeiro de 2010. Os visitantes foram
abordados nas ruas, praias e cabanas. Os moradores pesquisados foram aqueles envolvidos
com a atividade turstica mais diretamente como: barqueiros, comerciantes, proprietrios de
barracas de praias, funcionrios de estabelecimentos comerciais, funcionrios de restaurantes
e de barracas de praia e artesos.
Os indicadores utilizados foram selecionados tendo por base trabalhos realizados na mesma
temtica como os de Cerqueira (2002) e Cerqueira e Freire (2008), adaptados ao local de
estudo, conforme Quadro 1.
Quadro 1: Relao de indicadores representativos da oferta turstica na comunidade de BarraGrande, Baa de Camamu.
Indicador Dimenso da avaliao
X1 Atrativos naturaisBeleza da paisagem, das praias, rios, elementosgeogrficos etc..
X2Patrimnio arquitetnico Percepo dos elementos culturais construdos presentes
no local de estudo
X3 Artesanato local Qualidade e diversidade das peas artesanais do local
X4 Manifestaes popularesPercepo da presena e diversidade das manifestaes
populares tradicionais
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X5 Gastronomia localQualidade, originalidade e diversidade da gastronomia
local
X6 Equipamentos de lazerQualidade e disponibilidade de equipamentos para o lazere entretenimento no destino turstico
X7 Passeios oferecidosQualidade, diversidade e programao dos passeiosplanejados para o local
X8 Informaes tursticas prestadasQualidade e preciso das informaes prestadas sobre olocal
X9 Guias de turismoCapacidade e habilidade de orientar e informar osvisitantes sobre os atrativos e informaes teis do local.
X10 HospitalidadeForma como a comunidade recebe e trata os visitantesdurante o perodo de visitao
X11 Meios de hospedagemDisponibilidade e qualidade dos leitos e acomodaes daspousadas e hotis do local
X12 Diverses noturnasDisponibilidade, diversidade e qualidade das diversesnoturnas no local
X13 Servio de receptivo tursticoCapacidade e qualidade no atendimento e recepo etranslado do visitante
X14 Sinalizao tursticaDisponibilidade e qualidade da sinalizao tursticahorizontal e vertical
X15 Servios de alimentaoDisponibilidade, quantidade e qualidade dosestabelecimentos com servios de alimentao(restaurantes, bares, lanchonetes, cabanas)
X16 Abastecimento de gua Disponibilidade e qualidade do fornecimento de gua
X17 Pavimentao das ruas Condies da pavimentao das ruas
X18 Sinalizao urbana Quantidade e qualidade das placas de sinalizao urbana
X19 Limpeza pblicaCondies de higiene e qualidade da limpeza das ruas,avenidas e praas
X20 Servios de comunicaoQualidade e facilidade de acesso aos meios decomunicao (telefones pbicos, sinal de celular etc)
X21 Transporte intermunicipalDisponibilidade do transporte intermunicipal para acesso esada do local
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X22 Transporte martimo Disponibilidade, qualidade e condies das embarcaes
X23 Terminal martimoQualidade da estrutura fsica e de acomodao dosterminais martimos
X24 Terminal urbanoQualidade da estrutura fsica e de acomodao do terminalurbano
X25 Servios bancriosFacilidade de acesso e disponibilidades de rede bancriano local
X26 Aceitao de carto de crditoFacilidade de aceitao de pagamentos por carto decrdito
X27Valor das dirias nos meios dehospedagem
Preo e condies de pagamento das dirias em hotis epousadas
X28 Valor dos servios de alimentaoPreo e condies de pagamento da alimentao nosrestaurantes, bares, lanchonetes e cabanas de praia
X29 Valor dos servios de entretenimento Preo dos entretenimentos locais
X30 Coleta de lixoCondies do servio de coleta de lixo nas ruas, praias,rios, mangues
X31Limpeza dos banheiros das cabanas depraias, bares e restaurantes
Condies de higiene e qualidade ambiental dos banheirosdas cabanas, bares e restaurantes
X32Distribuio da rede de esgoto nas ruas,praias, rios
Condies do servio de saneamento bsico
X33 Limpeza das embarcaesLimpeza e higiene dos barcos e lanchas disposio dosusurios
A avaliao foi realizada pela atribuio de notas aos indicadores de acordo com uma escalatipo Likertque variava de zero (0) a cinco (5) baseada nas seguintes escolhas: (0) quando o
informante no sabe ou no conhece nada do componente; (1) se considerar o indicador como
pssimo; (2) se considerar ruim; (3) para uma avaliao do tipo regular; (4) considerando bom
e (5) se o componente da oferta turstica for avaliado como timo. Este tipo de escala foi
criado em 1932 por Rensis Likert e desde ento largamente utilizado em processos de
avaliao onde o entrevistado assinala um nico item de acordo com seu grau de satisfao,
comumente encontrada em questionrios de pesquisa de mercado, pois ela de simples
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construo e d liberdad
sentimento (MALHOTRA,
4.3 Tratamento e anlise
Os dados foram tratados e
descritiva foram trabalhad
atribudas ao conjunto
multivariada atravs da An
A Anlise Fatorial umade um grande nmero de v
2003). De acordo com
estruturais entre as varive
de variveis originais. Es
Componentes Principais (
da oferta turstica local
4.4 Elaborao do ndiceAps a seleo dos Fator
ndice que resumisse tais
termos de um parmetro
adaptado de Lopes et al (
mdia geral) de cada vari
(p). O valor encontrado
nota 5, multiplicando-ode 0,00 a 1,00. A nota
dos visitantes e dos mor
expresso algbrica do ndi
para que os seus respondentes coloque
2001).
os dados
analisados utilizando-se o mtodo estatstico
as as informaes acerca dos turistas e m
e indicadores avaliados. Tambm foi
lise Fatorial.
tcnica estatstica multivariada que pode sinariveis em um nmero muito menor chama
Maroco (2003) esses fatores permitem i
is que de outra forma passariam despercebi
ses fatores foram extrados atravs do m
CP). Logo em seguida, a partir dos fatores,
a oferta turstica local s determinantes da oferta turstica foi pen
informaes e apresentasse as condies
baseado na percepo dos visitantes e dos
009), foi obtido pelo somatrio do produt
el/indicador ( ) e o termo de ponderao do
apresentado em termos do escore mximo
elo fator 1/k, permitindo assim estabelecer omdia geral dos indicadores foi obtida soma
dores para cada indicador selecionado e
ce dada pela Equao 01:
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m ali seu verdadeiro
. Atravs da estatstica
oradores e suas notas
tilizada a estatstica
tetizar as informaes dos de fatores (HAIR,
entificar as relaes
das no conjunto vasto
todo da Anlise dos
foi elaborado o ndice
sado a criao de um
a oferta turstica em
moradores. O ndice,
entre o escore (nota
indicadores no ndice
possvel (k), ou seja a
ndice em uma escala do-se as notas mdias
dividido por dois. A
(01)
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Onde,
i = ndice de adequao da
Iv = nota mdia dos indica
Ir = nota mdia dos indicad
k = nota mxima possvel (
p = termo de ponderao d
O valor do peso (pi) atr
componente (raiz caracter
componentes principais e
ponderao por expressar
varincias das variveis
varivel/indicador foi obtid
Onde,
pi = peso associado a cada
Fi = Autovalor de cada fat
Ci = explicabilidade da var
oferta turstica local
ores atribuda pelos visitantes;
ores atribuda pelos residentes;
= 5) (permite estabelecer o ndice em uma es
s indicadores (peso associado a cada fator).
ibudo a varivel foi determinado em fu
stica) associado explicabilidade de cada v
tradas (equao 02). O autovalor utili
a capacidade dos fatores em captar em
(PALCIO, 2004) citado por Lopes (20
o a partir da Equao 02 abaixo:
indicador ;
r;
ivel em relao ao fator
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cala de 0 a 1);
o do autovalor da
arivel, em relao s
zado como termo de
nveis diferentes as
9). O peso de cada
(02)
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5. Resultados e discusses
5.1. Adequao dos dados analise fatorial
Como forma de verificar a conformidade dos dados aplicados a analise fatorial foi realizado
alguns testes estatsticos amostra antes de proceder a extrao dos fatores. Inicialmente
procurou-se identificar a consistncia interna dos indicadores atravs do Coeficiente Alpha de
Cronbach. Assim, constatou-se que o coeficiente em questo ficou dimensionado em 0,904,
aceitvel ento em relao consistncia dos dados.
Em seguida verificaram-se as comunalidades para os indicadores, sendo que todos elesapresentaram valores acima de 0,50, o que os tornam viveis para a Anlise Fatorial. As
comunalidades so quantidades das varincias (correlaes) de cada varivel explicada pelos
Fatores. Quanto maior a comunalidade, maior ser o poder de explicao daquela varivel
pelo Fator.
Posteriormente realizou-se o teste de esfericidade de Bartlett, atingindo um valor igual a
1573,19, com significncia a 0,00% de probabilidade, permitindo rejeitar a hiptese nula de
que a matriz de correlao uma matriz identidade, ou seja, de que as variveis no socorrelacionadas. Conjuntamente como forma de avaliar a adequao da anlise fatorial ao
conjunto de dados, verificou-se a medida de adequao da amostra (KMO), com valor igual
0,811.
O indicador X1 - Atrativos naturais por apresentar uma freqncia do conceito timo maior
que 90% tanto para os visitantes quanto para os residentes, foi retirado da anlise em virtude
de representar pouca importncia em termos de variabilidade estatstica. Essa quase
unanimidade na avaliao do componente o coloca em patamar diferenciado em relao soutras variveis em termos de varincia estatstica e pode ser considerado como o principal
componente de atrao turstica do local.
5.2 Componentes principais e Fatores determinantes da oferta turstica local
A anlise fatorial resultou em uma matriz de correlao com dez fatores com autovalores
acima de 1,00 e respondendo por 67,88% da varincia total dos dados utilizados.
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Foram considerados como Fatores determinantes da oferta turstica na Baa de Camamu, em
especial no povoado de Barra Grande, aqueles indicadores que apresentaram cargas fatoriaisacima de 0,60, o que representa uma forte associao entre a varivel e o Fator. A Tabela 1, a
seguir, destaca as cargas fatoriais e apresenta os Fatores extrados e nomeados com seus
respectivos indicadores.
Tabela 1: Fatores determinantes da Oferta Turstica Local na Baa de Camamu
Fator Carga fatorial
F1Experincia no translado martimo pela Baa de Camamu
Transporte martimo 0,864
Terminal martimo 0,703
Limpeza e higiene das embarcaes 0,749
F2Capacidade de recepcionar e de prestar informaes aos visitantes
Informao turstica 0,752
Guia turstico 0,670
Receptivo turstico 0,625F3Custo com servios de acomodao e alimentao
Valor da diria em hotis e pousadas 0,679
Valor da alimentao em restaurantes 0,790
F4Bem estar na locomoo e acesso aos meios d hospedagem
Meios de hospedagem 0,632
Pavimentao 0,726
Sinalizao urbana 0,602
F5Condies sanitrias e ambientais do local
Coleta de lixo nas ruas e praias 0,730
Limpeza e higiene dos banheiros das barracas de praias 0,697
Distribuio do esgoto nas praias, rios, lagos, ruas 0,625
F6Patrimnio material da cultura local
Patrimnio arquitetnico 0,762
Artesanato local 0,611
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F7Oferta de entretenimentos noturnos
Diverso noturna 0,723
F8Patrimnio imaterial da cultura local
Manifestaes populares 0,666
Gastronomia local 0,694
F9Qualidade e diversidade dos passeios oferecidos
Passeios oferecidos 0,626
F10Capacidade de abastecimento de gua
Abastecimento de gua 0,825
Fonte: dados da pesquisa
O primeiro Fator composto por 03 variveis que respondem por 25,95% da variabilidade das
informaes e esto representadas pelos indicadores X22-Transporte martimo; X23 -
Terminal martimo e X33- Limpeza dos barcos. Esse fator, de acordo com as correlaes
expressas, indica uma preocupao e importncia atribuda pelos visitantes e moradores
quanto s condies do deslocamento dos usurios pela Baa de Camamu. Tais condies
refletem os aspectos de segurana, qualidade do transporte e higiene, ou seja, representa o
bem estar e qualidade da experincia do deslocamento martimo. Parece significativo ter esse
fator como o de maior explicabilidade pelo fato de ser esse ainda o principal meio de acesso
dos visitantes localidade e ser o principal elo entre os moradores de Barra Grande e o acesso
aos servios e bens que o local no comporta.
Para o visitante representa o primeiro contato com a exuberncia da paisagem do lugar, um
momento de contemplao com todo o ambiente sua volta. De fato, a viajem, seja de barco
ou de lancha, da costa (Camamu) rumo Barra Grande foi muitas vezes relatadas pelosvisitantes como um momento nico. A importncia desse Fator chama a ateno para o
cuidado que se deve ter com a estrutura e condies que permitem o deslocamento dos
moradores e principalmente dos turistas pela baa, desde o embarque at o desembarque,
representado pela varivel terminal martimo, passando pelas condies de transportes e
higiene dos barcos e lanchas. Recorrendo aos dados da anlise descritiva percebe-se que os
indicadores obtiveram notas mdias de 3,95; 3,06 e 3,58 respectivamente pelos residentes, e
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mdias de 3,21; 2,83 e 2,86 pelos visitantes. Dessa forma tal fator foi nomeado como
Experincia no translado martimo pela Baa de Camamu.
O segundo Fator responde por 7,63% da varincia dos dados e est fortemente correlacionado
com as variveis X8 Informaes tursticas; X9 Guias tursticos e X13 Receptivo
turstico. Esse fator indica a qualidade do acolhimento e das informaes prestadas aos
visitantes sob a tica do prprio visitante e do morador. Qualquer destino turstico deve
conceber a recepo do visitante como prioridade, pois representa para aquele um servio de
balco onde os servios e atrativos do lugar estaro dispostos atravs de um cardpio de
possibilidades o que faz com que as pessoas e profissionais frente dessa receptividade, ou
melhor, atrs desse balco, sejam responsveis em grande parte pela qualidade da visita no
local. Assim esse fator foi nomeado como Capacidade de recepcionar, orientar e prestar
informaes aos visitantes.
O terceiro Fator foi categorizado como Custo com os servios de estadia e alimentao e
responde por 6,48% da varincia dos dados. Compe esse fator as variveis X27 Valor das
dirias nos meios de hospedagem e X28Preo da alimentao. Esse fator indica a percepo
do turista e do morador quanto ao custo dos servios bsicos de alimentao e estadia na
localidade. Para os visitantes representa um importante fator na tomada de deciso para a
viagem e, de acordo com a anlise descritiva, revelou sinalizando uma estrutura de preos no
compatvel com as expectativas dos visitantes. Cerca de 44% dos visitantes avaliaram o preo
da diria nos meios de hospedagem como ruim ou pssimo, e 34% fizeram a mesma
avaliao para os preos de alimentao, com notas mdias de 2,17 e 2,67 respectivamente.
O Fator seguinte apresentou capacidade de explicabilidade de 5,28% da varincia e foi
representado pelas variveis X11 Meios de hospedagem; X17 Pavimentao e X18
Sinalizao urbana. Esse fator sugere o bem estar na locomoo do visitante pela localidade e
principalmente as condies de acesso aos hotis e pousadas. A comunidade Barra Grande
caracteriza-se como uma pequena vila onde apresenta ruas sem pavimentao e talvez por
esse motivo tenha recebido uma nota mdia dos turistas de 2,49. No entanto, alguns
moradores e tambm alguns visitantes durante a pesquisa relataram no enxergar isso como
um problema, e sim, uma caracterstica local que deve ser preservada, sendo eles contrrios a
pavimentao das suas ruas. Voltando s estatsticas descritivas, constata-se que a avaliao
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do tipo timo ou bom para o indicador Pavimentao foi indicada por 33,30% dos
moradores e por 26,19% dos visitantes.
O quinto Fator est associado com o aspecto ambiental sendo nomeado como Condies
sanitrias e ambientais e sendo representado pelas variveis X30 Coleta de lixo; X31
Limpeza dos banheiros das barracas de praia e X32 Distribuio da rede de esgoto, e
responde por 4,77% da variabilidade dos dados. As condies sanitrias sempre vo exercer
forte impacto em um destino turstico e em Barra Grande no foi diferente. Esse constructo
fatorial determinante tanto para os visitantes quanto para os moradores. Para os visitantes os
aspectos contidos neste fator podem definir a qualidade da visitao e da experincia
vivenciada na localidade e, para os moradores, representam as condies que definem a sua
qualidade de vida.
De acordo com a anlise descritiva, estes componentes apresentaram notas mdias muito
baixas pelos dois grupos de entrevistados, o que revela ser um fator que apresenta indicadores
em condies no satisfatrias em termos sanitrios e ambientais. Para 71,84% dos moradores
o indicador correspondente ao esgotamento sanitrio foi avaliado como ruim ou pssimo
com nota mdia de 1,31 e para os visitantes esta mesma avaliao atingiu 22,62% das
respostas, com nota mdia de 1,87, uma proporo menor em virtude de um menor alcance na
avaliao deste indicador em comparao aos moradores que vivenciam essas condies
cotidianamente.
O sexto Fator nomeado como Patrimnio material da cultura local foi responsvel por
4,08% da varincia e est representado pelas variveis X2 Patrimnio arquitetnico e X3
Artesanato local. Esse fator que est relacionado com o conjunto dos atrativos culturais do
lugar e as variveis que o compem representam o contato do visitante e a percepo dos
moradores com uma parte da cultura material da Baa de Camamu. O Patrimnio
arquitetnico foi avaliado como timo ou bom por cerca de 40% dos residentes e por
50% dos visitantes. O Artesanato local tambm obteve uma avaliao relativamente boa com
51% das respostas dos visitantes e 57% dos moradores considerando este indicador como
timo ou bom.
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sabido que o principal motivo de atratividade desse lugar a beleza natural, constituindo-se
como um destino de turismo de sol e mar. Esse fator apresenta indicadores que chama aateno para o fato de se trabalhar e potencializar o patrimnio cultural material
apresentando-o como um componente da oferta turstica complementar.
O stimo Fator apresenta apenas uma varivel com forte correlao a ele associada, a varivel
X12 Diverso noturna. Esse indicador foi melhor avaliado pelos visitantes do que pelos
moradores. Por parte dos moradores a avaliao reflete algum nvel de insatisfao pois 62%
das respostas consideraram regular, ruim ou pssimo. Quanto aos visitantes essa
proporo foi bem menor sendo que para 50% deles o indicador foi avaliado como timo ou
bom. Tal fato pode ser compreendido em virtude de no perodo de maior fluxo turstico, no
vero, acontecer uma movimentao maior em termos de festas e eventos noturnos, o que
explicaria uma melhor avaliao por parte dos turistas enquanto que o alcance dessa avaliao
por parte dos moradores muito maior constatando que esse tipo de lazer escasso para este
grupo nos outros meses do ano.
O Fator 8 traz dois indicadores de maior peso que so o indicador X4 Manifestaes
populares e X5 Gastronomia local. Esse fator foi nomeado como Patrimnio imaterial da
cultura local e representa o conjunto de saberes acumulados pelas geraes e no caso
especfico do local estudado est manifestado pelo saber culinrio e pela cultura local
representada pelas manifestaes tradicionais. A gastronomia local obteve a terceira melhor
nota mdia dentre os indicadores avaliados pelos visitantes com um valor de 3,86 e com 69%
das respostas considerando este indicador como timo ou bom e sem nenhuma avaliao
do tipo ruim ou pssimo.
O indicador tambm foi bem avaliado pelos moradores com nota mdia de 3,81. A avaliao
da gastronomia local para os dois grupos se aproximou do conceito bom o que indica que
este trao local tem qualidade aceitvel e um potencial que pode ser melhor explorado e
trabalhado para aumentar ainda mais o seu nvel de aceitao.
Quanto s manifestaes populares, sua avaliao pelos visitantes no foi to satisfatria
como o componente anterior, apresentando uma nota mdia de 1,92 pontos. Pouco mais de
16% dos visitantes consideraram como boa e quase 23% avaliaram como regular. No entanto,
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a maior parcela dos entrevistados (41,67%) responderam desconhecer sobre algum tipo de
manifestao popular. Esse dado mostra que uma parcela expressiva dos entrevistados notiveram acesso ou no perceberam alguma manifestao da cultura local e daqueles que
perceberam apenas 7,14% consideraram como tima. Cabe ressaltar que a avaliao desse
item entre pssimo e timo no diz respeito qualidade das manifestaes e sim da percepo
do visitante sobre a existncia de manifestaes da cultura local.
O Fator 9 apresentou apenas um indicador relevante e fortemente associado aos passeios
oferecidos. Este indicador tem sua importncia para a oferta turstica local, pois est
intimamente ligado ao seu principal componente que a paisagem e conjunto de belezas
naturais. Um passeio de qualidade e bem programado pode enriquecer ainda mais a
experincia do turista pois o coloca em contato mais estreito com os atrativos naturais do
destino. Em Barra Grande este componente foi bem avaliado pelos dois grupos entrevistados.
59% dos visitantes e 56% dos moradores sinalizaram como timo ou bom o servio de
passeios oferecidos na localidade.
O Fator 10 foi o que apresentou menor variabilidade dos dados, mas no menos importante
ele , pois constitudo pela varivel X16 - Abastecimento de gua, sendo determinante para
a visitao e tambm sensivelmente afetado por ela, pois, com o aumento do fluxo turstico
a demanda sobre o servio de abastecimento aumenta consideravelmente na alta estao e
sem uma adequada infraestrutura a localidade pode apresentar uma insuficincia no
atendimento comprometendo a satisfao dos visitantes e da comunidade receptora. No
povoado de Barra grande no existe rede pblica de abastecimento de gua, toda gua
utilizada para consumo domstico proveniente de poos artesianos individuais o que torna o
destino mais vulnervel em relao a quantidade e qualidade da gua disponvel diante doaumento da populao na alta estao.
A avaliao das condies da oferta turstica da Baa de Camamu a partir da percepo das
visitantes e dos moradores em forma de notas submetidas anlise fatorial permitiu
determinar os principais fatores com seus indicadores de maior representatividade. Como
forma de sintetizar tais informaes e apresentar um quadro do estado atual da oferta turstica,
este trabalho tambm se props a elaborar um ndice com base nos indicadores selecionados
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pela analise fatorial. A pr
o ndice proposto.
5.3. ndice da oferta turs
A partir da Equao 02 foi
a construo do ndice lev
aquelas selecionadas atra
representaram 65% do pes
indicadores foram calculad
relao ao conjunto total d
Tabela 2: Co
Indicadores
X2 - Patrimnio arquitetnico
X3 - Artesanato local
X4 - Manifestaes populares
X5 - Gastronomia local
X7 - Passeios oferecidos
X8 - Informao turstica
X9 - Guia turstico
X11 - Meios de hospedagem
X12 - Diverso noturna
X13 - Receptivo turstico
xima seo apresentar os clculos, composi
ica local
possvel encontrar os pesos de todos os indic
u-se em conta apenas as variveis com maio
vs dos fatores juntamente com seus p
o total do conjunto de variveis e assim os
os em funo do peso do conjunto das vari
s dados.
ponentes principais da oferta turstica com s
Pesos
nota mdia
dos
residentes
nota
mdia
dos
visitante
0,0310 3,1 3,26
0,0442 3,55 3,15
0,0474 2,77 1,92
0,0313 3,81 3,86
0,0388 3,39 3,25
0,0324 2,67 3,3
0,0402 2,36 2,38
0,0421 3,43 3,63
0,0193 2,19 3,06
0,0507 2,62 2,45
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o e o resultado para
adores avaliados. Para
r poder de explicao,
sos. Essas variveis
pesos individuais dos
veis selecionadas em
eus pesos.
s
media
geral
( )
ndice
(p . x1/k)
3,18 0,0197
3,35 0,0296
2,35 0,0222
3,84 0,0240
3,32 0,0258
2,99 0,0193
2,37 0,0191
3,53 0,0297
2,63 0,0101
2,54 0,0257
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X16 - Abastecimento de gua 0,0268 2,43 2,45 2,44 0,0131
X17 - Pavimentao 0,0529 2,43 2,49 2,46 0,0260
X18 - Sinalizao urbana 0,0448 2,32 2,26 2,29 0,0205
X22 - Transporte martimo 0,1038 3,95 3,21 3,58 0,0743
X23 - Terminal martimo 0,0934 3,06 2,83 2,95 0,0550
X27 - Valor da diria em hotel 0,0385 2,58 2,17 2,38 0,0183
X28 - Preo da alimentao 0,0409 2,72 2,67 2,70 0,0220
X30 - Coleta de lixo 0,0498 1,96 2,8 2,38 0,0237
X31 - Limpeza dos banheiros das barracas 0,0355 2,09 2,39 2,24 0,0159
X32 - Distribuio da rede de esgoto 0,0415 1,31 1,87 1,59 0,0132
X33 - Limpeza dos barcos 0,0948 3,58 2,86 3,22 0,0611
1,00 0,5684
Fonte: dados da pesquisa
Aps os clculos a partir da Equao 01 foi possvel obter o ndice para a Baa de Camamu,
comunidade de Barra Grande, que resultou em um valor de 0,57. Procurando dimensionar o
ndice em termos de sua explicabilidade das condies da oferta turstica local, foi criada uma
escala intervalar com cinco estgios possveis tendo-se como base as escalas de notas
atribudas aos componentes, ou seja, como o ndice alcana o mximo de 1,00, tal valor foi
dividido em cinco estgios (1,00/5) sendo que o menor corresponde aos valores em um
intervalo de 0,00 a 0,20 o que equivale a nota 1 e assim sucessivamente, conforme
apresentados no Quadro 2.
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Quadro 2: Escala intervalar do ndice de adequao da oferta turstica local e seus estgios
Escala intervalar do ndice de adequao da Oferta
turstica local
Classificao
0,00 (ndice) 0,20 Oferta Turstica Local no adequada
0,20 < (ndice) 0,40 Adequao regular da Oferta Turstica Local
0,40 < (ndice) 0,60 Adequao razovel da Oferta turstica Local
0,60 < (ndice) 0,80 Boa adequao da Oferta Turstica local
0,80 < (ndice) 1,00 tima adequao da Oferta turstica Local
Fonte: Elaborao do autor
Com base na classificao exposta no quadro 3 e no valor obtido para o ndice, conclui-se que
as condies locais para o turismo encontra-se em um estgio intermedirio indicando um
certo grau de carncia no atendimento satisfao dos visitantes e dos moradores. O ndice, a
despeito de no levar em conta os atrativos naturais, principal motivo da viagem Baa de
Camamu, reflete em seu valor a condio na qual se encontra a localidade nos mais variados
aspectos da sua Oferta Turstica.
6. Consideraes Finais
O processo de desenvolvimento local requer a integrao e cooperao dos grupos de
interesse nos mais variados aspectos da dinmica de uma localidade. Deve haver uma prtica
e uma vontade comum a todos aqueles que desejam promover um desenvolvimento assentadonas potencialidades prprias do lugar, fugindo regra de um modelo que impe solues
globais, uniformizador e massificador de culturas. Desenvolvimento local pressupe
endogenia e acima de tudo valorizao das caractersticas locais e condies reais para a
participao e envolvimento da comunidade na conduo do planejamento e de polticas
voltadas ao incremento econmico e bem estar socioambiental.
O turismo, a despeito da sua ndole mercadolgica e massificadora, pode se reverter em um
vetor de desenvolvimento quando firmado em bases locais impulsionado pela diversidade e
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com seus componentes da oferta turstica conformados s expectativas do visitante e,
sobretudo s da comunidade receptora. Nesta perspectiva que este trabalho objetivouavaliar a oferta turstica na Baa de Camamu no s sob a tica do visitante, mas tambm, e,
principalmente, a partir dos residentes.
A avaliao da oferta turstica na Baa de Camamu foi realizada especificamente e
intencionalmente na comunidade de Barra Grande, para onde converge o fluxo turstico
naquele espao. A maioria dos indicadores avaliados por visitantes e moradores foram
pontuados com notas baixas o que mostra a fragilidade desses componentes para a adequao
da oferta turstica, merecendo no mnimo uma ateno e discusses em torno de possveis
aes que visem mitigao de tais problemas. A precariedade desses componentes revela
uma fragilidade para o destino e compromete substancialmente a experincia da visitao,
principalmente quando se pensa em um destino turstico em que seus espaos so acessveis a
todos os turistas e comuns aos moradores possibilitando assim maior interatividade entre os
dois grupos.
Alguns fatores mostram condies razoveis para atender ao visitante e ao residente, a
exemplo do Fator 1 (Experincia no translado martimo pela Baa de Camamu) que contempla
alguns dos principais componentes e significando o primeiro contato do visitante com os
atrativos do local.
Os componentes em condies mais crticas e que requerem intervenes mais urgentes
fazem parte do Fator 5 ( Condies sanitrias e ambientais do local), merecendo uma maior
ateno por parte do poder pblico local e dos proprietrios das barracas de praia.
impossvel se pensar em desenvolvimento da atividade turstica e at mesmo em bem estar
dos visitantes e dos residentes com a manuteno dessa realidade. Tais componentes devero
ter prioridade para aes que visem o desenvolvimento local.
Os outros Fatores apresentam componentes em condies razoveis com necessidade de
melhoria na sua qualidade em termos de infraestrutura e prestao de servio. Uma viso
geral pode ser obtida a partir do ndice de adequao da Oferta Turstica Local, que, tenta
refletir o estado atual da oferta turstica e sua adequao para o desenvolvimento local. O
ndice revela uma condio no favorvel e suscita aes para a melhoria de todos os
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componentes objetivando uma atividade turstica que satisfaa s expectativas dos visitantes e
ao mesmo tempo seja do interesse da comunidade.
Sobre esse aspecto vale destacar os indicadores Servios bancrios, que no foi associado a
nenhum dos fatores extrados a partir da Anlise Fatorial realizada, e o indicador
Pavimentao, os quais mesmo obtendo avaliaes no satisfatrias pela maioria dos
visitantes e dos moradores foram defendidos por parte daqueles dois grupos de entrevistados
quanto a manuteno do estado atual daqueles componentes. Ser que do interesse da
comunidade ter a difuso de caixas eletrnicos ou agncias bancrias? Uma resposta deve ser
obtida atravs de um amplo debate com todos os envolvidos. realmente necessrio
pavimentar as ruas como desejam alguns turistas? Isso no causaria uma descaracterizao da
paisagem prpria do lugar como sugerem alguns dos moradores? Provocam-se tais
questionamentos no sentido de chamar a ateno para o fato de que nem sempre medidas e
intervenes verticalizadas, colocadas em prtica no intuito de atender ao turista, so medidas
que retratam os anseios da comunidade e a forma como ela espera que seja conduzido o
turismo local.
Assim, importante reconhecer que apesar do atrativo natural ainda ser o mais importante
componente quando da deciso de viajar para a Baa de Camamu, existem problemas e
fragilidades em torno dos outros componentes que comprometem a qualidade da visitao e
indicam tambm condies infraestruturais inapropriadas para a comunidade local.
chegado o tempo, ainda que tardiamente, de (re)pensar a configurao e a insero da Baa
de Camamu enquanto possvel produto turstico no cenrio do turismo local, nacional e global
e o modelo de oferta turstica que se pretende ter. Em razo das caractersticas do destino, no
difcil argumentar em defesa de um modelo que privilegie a busca pelo desenvolvimento
local.
Contribuies futuras podero avanar na busca de repostas quilo que no foi contemplado
neste trabalho em virtude das limitaes de tempo, recursos e em virtude do seu escopo. O
caminho foi iniciado, coube a esta pesquisa apresentar os fatores determinantes e impeditivos
ao desenvolvimento da atividade turstica na Baa de Camamu, caber ao futuro nos mostrar
em que medida o poder pblico, comunidade, empresrios, todos os grupos de interesse se
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moveram para d forma a um destino turstico avaliado como socialmente inclusivo, vivel e,
sobretudo, nico.
Referncias
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Recebido em: 04/04/2012 (1 verso) 31/07/2012 (2 verso)
Aprovado em: 08/08/2012