fatores determinanetes da adocao de sistemas de informação na area de saude (pep)

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    FFFATORES DETERMINANTES DA ADOO DE SISTEMAS DE INFORMAO NA REA DE SADE: UM ESTUDO SOBRE O PRONTURIO MDICO ELETRNICODETERMINANT FACTORS OF INFORMATION SYSTEMSADOPTION IN THE HEALTH AREA: A STUDY OF THEELECTRONIC PATIENT RECORD

    GILBERTO PEREZDoutor em Administrao pela Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade da

    Universidade de So Paulo (FEA-USP).

    Professor do Programa de Ps-Graduao em Cincias Contbeis da

    Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).

    Rua da Consolao, 930, Consolao So Paulo SP Brasil CEP 01302-907E-mail: [email protected]

    RONALDO ZWICKERDoutor em Administrao pela Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade da

    Universidade de So Paulo (FEA-USP).Professor da Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade da

    Universidade de So Paulo.

    Avenida Professor Luciano Gualberto, 908, Butant So Paulo SP Brasil CEP 05508-900E-mail: [email protected]

    RAM REVISTA DE ADMINISTRAO MACKENZIE, V. 11, N. 1SO PAULO, SP JAN./FEV. 2010 ISSN 1678-6971

    Submisso: 19 maio 2008. Aceitao: 2 nov. 2009. Sistema de avaliao: s cegas tripla.UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE. Walter Bataglia (Ed.), p. 174-200.

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    RESUMO

    Este artigo relata pesquisa que analisou os principais fatores que afetam a adooda inovao tecnolgica em sistemas de informaes na rea de sade e os reflexosdessa adoo para os indivduos, profissionais e grupos sociais envolvidos coma inovao. Na pesquisa realizada, foi estudada a adoo do pronturio mdicoeletrnico em uma instituio de sade envolvendo usurios mdicos, profissio-nais de enfermagem e pessoal administrativo. Os dados coletados foram apuradosvia anlise de regresso linear mltipla e modelagem de equaes estruturais. Osresultados da pesquisa indicam que a adoo da inovao em sistemas de informa-es na rea de sade influenciada por caractersticas percebidas pelo uso dessainovao e acarreta reflexos na percepo de novas possibilidades de inovao no

    trabalho.

    PALAVRAS-CHAVE

    Adoo da inovao; Sistemas de informaes mdicas; Pronturio mdico eletr-nico; Inovao tecnolgica; rea de sade.

    ABSTRACT

    This article reports a research which analyzed the main factors that affect the adop-tion of technological innovation in health information systems and the reflexes of this adoption for the individuals, professionals and social groups involved with theinnovation. In the accomplished research was studied the adoption of an electro-nic patient record system in a health institution involving medical users, nursingprofessionals and administrative people. The collected data were analyzed usingmultiple linear regression and structural equation modeling. The research resultsindicate that the adoption of an innovation in information systems at the healtharea is influenced by perceived characteristic by the use of this innovation and car-

    ries perception reflexes to new possibilities of innovation at work.

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    KEYWORDS

    Innovation adoption; Health information systems; Electronic patient record; Tech-nological innovation; Health area.

    1 INTRODUOA organizao inovadora busca na adoo de novas tecnologias e processos a

    obteno de diferenciais que permitam obter retornos melhores que seus concor-rentes. A contnua busca pela melhoria de processos e oferta de novos produtose servios no mercado levou diversos setores a investir cifras cada vez maioresem sistemas de informaes (SI) e, de forma mais abrangente, em tecnologiade informao (TI). Segundo Lunardi, Becker e Maada (2003), alguns setorestm investido significativas quantias em SI/TI como forma de dar conta da con-corrncia e das rivalidades comerciais. Sistemas apoiados na tecnologia vm setornando um componente significativo em quase tudo o que as empresas fazem,e a verificao dos benefcios relacionados aos investimentos em tecnologia umaspecto cada vez mais importante do processo de adoo desses sistemas.

    A utilizao de modernos sistemas de informaes cada vez mais descentra-lizada e tem levado os diferentes grupos de trabalho a atuar de forma colaborativaem prol de um objetivo comum, o que dificilmente era possvel de conseguir comsistemas centralizados (LARSEN; MCGUIRE, 1998). O uso de SI na rea de sadeconstitui exemplo tpico, uma vez que diferentes grupos de pessoas (mdicos,enfermeiros, profissionais de apoio e assistentes sociais) podem usar os mesmossistemas visando o melhor atendimento aos pacientes. Nessa rea, os SI precisamsatisfazer diferentes tipos de usurios e lidar com a mudana de processos e mto-dos de trabalho profundamente arraigados nesse ambiente profissional. Os efeitosda implantao de novos sistemas podem ser decididamente perturbadores, como

    assinalam Cho, Mathiassen e Nilsson (2008), em funo da complexa dinmicado contexto mdico.

    Na rea de sade, o investimento em inovao tecnolgica constitui a regra.A inovao tpica diz respeito tecnologia de alta sofisticao, como equipamen-tos de tomografia computadorizada, ressonncia magntica e raios X digitais.Trata-se de equipamentos complexos que necessariamente so operados porprofissionais altamente especializados e dedicados ao seu uso. O uso do equipa-mento constitui a atividade-fim desses profissionais e no intervm em rotinasorganizacionais, e as eventuais dificuldades de sua adoo podem ser associadas

    ao treinamento desses profissionais. Diferentemente dessa situao, a inovao

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    em sistemas de informaes em geral interpe dificuldades de outra naturezaque podem redundar na sua rejeio pelos usurios. Tipicamente, o uso de um

    SI intervm em processos de trabalho e no constitui a atividade-fim de um pro-fissional da sade. Isso assinalado por Tulu, Horan e Burkhard (2005) ao cons-tatarem que a compatibilidade das prticas de trabalho tem forte influncia naaceitao de sistemas de uso mdico.

    Se, por um lado, a forma como o sistema integrado na prtica mdica um importante indicador da continuidade de seu uso, por outro, a rea de sadeconstitui um interessante contexto para pesquisar a adoo de inovaes tecno-lgicas. Conforme Chiasson e Davidson (2004), a rea de sade oferece oportu-nidades para o desenvolvimento e aprimoramento de teorias de SI em razo doseu contexto nico e peculiar, representado por usurios que devem satisfazerrequisitos profissionais muito exigentes e para os quais a liberdade de ao emrelao a processos burocrticos pode ser fundamental. A presente pesquisa sealinha com esse entendimento ao ter como foco estudar os fatores que partici-pam do processo de adoo de novos sistemas de informaes na rea mdica. Oobjetivo obter um melhor entendimento sobre os aspectos que participam dosucesso ou insucesso da adoo de inovaes baseadas em SI na rea.

    A pesquisa realizada considera especificamente os fatores que influem no usode sistemas de informaes mdicas e como esse uso acarreta outros resultados.A abordagem da pesquisa baseada na teoria da difuso da inovao, que sugereque as percepes do usurio sobre as caractersticas de uma inovao afetama adoo desta inovao. A pesquisa mantm relao com estudos que verificam aaplicao dotechnology acceptance model (TAM) no contexto mdico (AGGELIDIS;CHATZOGLOU, 2009; BHATTACHERJEE; HIKMET, 2007; LIANG; XUE;WU, 2006; TULU; HORAN; BURKHARD, 2005), entretanto sua abordagem diversa. A pesquisa emprica foi realizada no mbito da adoo do pronturiomdico eletrnico no Instituto da Criana do Hospital das Clnicas da Faculdadede Medicina da Universidade de So Paulo. Os resultados mostram que a adooda inovao pode ter reflexos amplos nos servios oferecidos, nos processos orga-

    nizacionais, no ensino e na aprendizagem, e nas inovaes administrativas.Vale observar que a inovao propiciada por sistemas de informaes no

    necessariamente percebida. Da mesma forma, a inovao pode estar desalinha-da com processos de trabalho e objetivos dos seus usurios. Mtodos antigos detrabalho eventualmente podem dificultar a adoo de novos procedimentos emtodos incorporados na inovao. A adoo de SI tem sido bastante estudada,entretanto, na rea de sade, essa questo mereceu ateno apenas mais recen-temente (CHO; MATHIASSEN; NILSSON, 2008). Em linha com essa consta-tao, comparece a pesquisa de Teng, Grover e Gttler (2002) que avaliaram a

    difuso de 20 tecnologias de informao, mas no incluram nenhuma inovao

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    tecnolgica de SI da rea de sade no estudo. A aparente escassez de estudosrelacionados adoo de inovaes tecnolgicas de SI na rea de sade, em par-

    ticular no Brasil, justifica a presente pesquisa.Em face do exposto, elaborou-se o seguinte problema de pesquisa para oqual se buscou a resposta: Quais fatores contribuem para a adoo de uma ino-vao tecnolgica definida por sistemas de informaes na rea de sade?. Oobjetivo geral da pesquisa consistiu em identificar os principais fatores percebi-dos em uma inovao tecnolgica de SI que mais influenciam na sua adoo. Osobjetivos especficos esto apresentados na seo de metodologia.

    Aps esta breve introduo, o prximo item trata do referencial terico dapesquisa com foco na adoo de sistemas de informaes na rea da sade e noseu suporte conceitual baseado na difuso e adoo da inovao. Em seguida, contemplada a descrio dos procedimentos metodolgicos, incluindo o modeloe as hipteses de pesquisa pertinentes adoo do sistema estudado. Os resul-tados da pesquisa tratam da validao do modelo e das hipteses. O item deconcluses encerra o texto.

    2 REFERENCIAL TERICONum mundo cada vez mais calcado em servios, so crescentes a demanda

    e a dependncia de sistemas informatizados. OBrien e Marakas (2008) definemum sistema de informaes como um conjunto integrado de recursos, que composto por pessoas, dados,software, hardware e redes de comunicao. Quan-do exposto de forma organizada, capaz de receber os dados coletados e transfor-m-los e organiz-los em informaes teis para a sociedade. Do ponto de vistaorganizacional, podemos ter sistemas de informaes operacionais e sistemas deinformaes gerenciais. Mas tambm podemos considerar os SI sob a perspec-tiva do nmero de pessoas ou empresas que fazem uso deles. Nickerson (2001)relaciona cinco tipos de sistemas de informaes mais comuns: individuais, para

    grupos de trabalho, organizacionais, interorganizacionais e globais. O sistema depronturio mdico eletrnico, objeto do presente estudo, pode ser consideradotanto um sistema de informaes para grupos de trabalho quanto um sistema deinformaes organizacionais.

    2.1 SISTEMAS DE INFORMAES NA REA DE SADE

    A Sociedade Brasileira de Informtica em Sade (2006) assinala a inform-tica mdica ou informtica em sade como um campo de rpido desenvolvimento

    cientfico que lida com armazenamento, recuperao e uso da informao, dados

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    e conhecimento biomdico para a resoluo de problemas e tomada de deciso.A sade uma das reas em que a necessidade de informao para a tomada de

    decises exemplar. Para prover essas informaes, existe a informtica mdi-ca que o campo cientfico que lida com recursos, dispositivos e mtodos paraaperfeioar o armazenamento, a recuperao e o gerenciamento de informaesbiomdicas. O crescimento da informtica mdica como uma disciplina deve-se,em grande parte, aos avanos nas tecnologias de computao e comunicao, crescente convico de que o conhecimento mdico e as informaes sobreos pacientes no so mais gerenciveis por mtodos tradicionais baseados empapel, e certeza de que os processos de acesso ao conhecimento e tomada dedeciso desempenham papel central na medicina moderna.

    Helms, Moore e Ahmadi (2008) mostram que o uso de sistemas de infor-maes na sade oferece importantes potenciais: incremento da segurana dopaciente, maior eficincia operacional e infraestrutura de TI j existente namaioria das organizaes. Mas o uso tambm permeado de fraquezas rele-vantes: falta de integrao de sistemas, lenta adoo da tecnologia de informa-o e resistncia ao uso de novas tecnologias e redesenho de processos. Deacordo com Raitoharju e Laine (2006), a aceitao de SI no contexto da sade um dos fatores crticos de sucesso para a obteno dos benefcios esperadoscom os investimentos efetuados com esse tipo de tecnologia. Esses autoresenfatizam que, apesar dos vrios estudos sobre a aceitao de SI, muito poucose sabe sobre quais fatores afetam o processo de adoo desse tipo de inovaotecnolgica pelos profissionais de sade. A efetiva implementao e utiliza-o desse tipo de tecnologia na rea de sade requer cooperao entre as pes-soas, bem como o envolvimento dos mdicos, enfermeiros, assistentes sociaise demais profissionais da rea. Alm disso, na rea de sade, a informatizao afetada por questes peculiares, como a prpria aceitao da legitimidade doagente da informatizao (KOHLI; KETTINGER, 2004).

    Para Lee (2004), o uso de computadores no acompanhamento dos cuidadosaos pacientes e na documentao mdica em geral representa uma mudana

    inovadora e um desafio significativo para os enfermeiros. Esse autor alerta parao fato de que, uma vez que os cursos de enfermagem no apresentam disciplinasenvolvendo informtica avanada, esses profissionais tomam atitudes negativascom relao ao uso de computadores. Atualmente, esses profissionais precisamde suporte e especial ateno ao longo do desenvolvimento de sistemas voltadospara o seu uso. Tulu, Burkhard e Horan (2007) observam que a utilidade e afacilidade de uso percebidas tm reflexos positivos na utilizao de sistemas deinformaes de sade. J Bhattacherjee e Hikmet (2007) constatam, com baseem pesquisa realizada sobre um sistema de requisio de recursos mdicos, que

    as ameaas e a compatibilidade percebidas tm influncia significativa, respecti-

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    vamente, na resistncia mudana e utilidade percebida. Por sua vez, a reduoda resistncia mudana e o incremento da utilidade percebida constituem os

    propulsores da aceitao de sistemas dessa natureza.Vale observar que, no contexto mdico, a natureza integrativa de sistemas deinformaes possivelmente muito menos consolidada do que no caso de siste-mas corporativos tradicionais. Dessa forma, as regras embutidas nos sistemas ea visibilidade das informaes propiciadas por esses sistemas tm reflexos bemmenos abrangentes do que os assinalados por Elmes, Strong e Volkoff (2005)para sistemas integrados de gesto convencionais. Possivelmente a disciplina eo controle decorrentes do uso de sistemas mdicos so menores e precisam sermais bem considerados. Esse aspecto reforado pela constatao de que o con-texto mdico permeado por prticas decorrentes de um sistema com dinmicasocial diferente que, particularmente em ambientes hospitalares, proporciona aosprofissionais mdicos um grau de liberdade muito grande para as suas aes.Facilmente isso conduz a um ambiente em que vigora a admisso de procedi-mentos paralelos e alternativos aos determinados por sistemas informatizados.So prticas localizadas no sentido de serem habilitadas pelo peculiar contextodesses ambientes de trabalho, mas que tm influncia definitiva no adequado usoe aceitao de sistemas de informaes (AZAD; KING, 2008).

    O uso de tecnologia de informao na rea de sade contempla uma multi-plicidade de aplicaes, desde sistemas tpicos de gesto de informaes a siste-

    mas de automatizao e apoio de tarefas de diagnstico. Uma aplicao tpica erelativamente difundida de gesto de informaes o pronturio mdico eletr-nico (SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFORMTICA EM SADE, 2006). Emprincpio, esse tipo de sistema de informaes auxilia nas tarefas burocrticas ede recuperao de informaes de pacientes. O pronturio mdico eletrnico oprocesso que incorpora registros de um paciente em um sistema informatizado,com objetivo de gerar informaes para diagnstico mdico e para documenta-o de consultas. De acordo com o Portal Mdico (2006), os cinco estgios deevoluo do registro eletrnico de dados de sade so:

    1. Registro mdico informatizado paralelo ao registro em papel.2. Registro mdico informatizado com foco na reduo do volume de papel.3. Registro mdico informatizado em nvel local envolvendo completa reenge-

    nharia dos processos da entidade e incorporao de novas funcionalidades.4. Registro eletrnico de informaes da sade do paciente em nvel regional,

    nacional ou global. Envolve aspectos de interoperabilidade, confidencialida-de e segurana de informaes.

    5. Registro eletrnico de dados da sade com amplas informaes do paciente,no exclusivamente ligadas sade deste. Visa o acompanhamento integra-

    do do paciente ao longo de toda a sua vida.

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    Segundo as informaes do Portal Mdico (2006), o pronturio mdicoeletrnico corresponde ao terceiro estgio do registro eletrnico de dados, uma

    vez que suporta a interao da instituio com o paciente, comeando com asua recepo no consultrio, ambulatrio ou pronto-socorro, at o momento emque liberado, aps o atendimento. Todos os dados e informaes do pacientecolhidos no dia do atendimento, assim como os dados histricos de consultasanteriores e resultados de exames, permanecem registrados eletronicamente nosistema. O pronturio facilita o atendimento do mdico, pois, entre outras coi-sas, o paciente no precisa fazer longos relatos de suas consultas e atendimentosanteriores. Conforme Haux (2006), o pronturio mdico eletrnico atualmenteo principal recurso de registro e recuperao de informaes de pacientes emsubstituio aos tradicionais meios de registro baseados em papel e filme.

    Ludwick e Doucette (2009), com base em extensa reviso de referncias,observam que a adoo de sistemas de informaes na rea mdica dificultadapelos usurios mdicos em funo de preocupaes com privacidade, seguran-a dos pacientes, qualidade do servio e eficincia. Se a deciso sobre a adoodesses sistemas for delegada aos mdicos, eles tendero a no utiliz-los. Especi-ficamente em relao a sistemas de pronturio, a reviso realizada pelos citadosautores conclui que a razes das preocupaes no se constatam nos sistemasimplantados. Os autores tambm assinalam que treinamento, uso de codificaopor barras, padronizao de terminologia mdica, testes piloto, gesto competen-te de TI, preocupao com a usabilidade e ajuste do sistema aos processos e cul-tura organizacionais so aspectos que decididamente contribuem para amenizaras dificuldades com a adoo de sistemas de informaes mdicas.

    A abrangncia de um sistema de pronturio mdico eletrnico, a sua difuso,a sua padronizao e proximidade de sistemas informaes tpicos o tornam uminteressante objeto de investigao. Isso prov maiores possibilidades de genera-lizao dos resultados obtidos e justifica o seu estudo na presente pesquisa.

    2.2 INOVAO

    O termo inovao vem do latiminnovare, que significa fazer algo novo. Segun-do Tidd, Bessant e Pavitt (2005), a inovao deve ser entendida como um processoque visa transformar uma oportunidade em novas ideias e coloc-las amplamenteem prtica. Ainda para esses autores, a inovao o ato ou efeito de inovar, isto, tornar algo novo, renovar ou introduzir uma novidade. O termo eventualmentecausa confuso, pois as pessoas tendem a entender inovao como inveno.

    Para Pennings (1998), pode-se entender a inovao como a adoo de umaideia, a qual tida como nova para o indivduo ou outra entidade que a adota.

    Nesse sentido, esto inclusos novos produtos ou servios, novas tecnologias para

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    produzir ou entregar o produto ou servio, e novos procedimentos, sistemas earranjos sociais. O processo de inovao tambm inclui busca e descoberta, expe-

    rimentao, desenvolvimento, imitao e adoo de novos produtos, novos pro-cessos de produo e novas formas organizacionais. A inovao deve ser encara-da como forma de competir em ambientes dinmicos com contnuas mudanastecnolgicas, os quais levam as empresas a adotar a inovao no seu dia a dia.

    Schumpeter (1982) alerta para o fato de que a inovao pode assumir vriasformas, no sendo necessrio que se invente algo novo, por exemplo, pode-sesubmeter uma ideia j existente a uma nova forma de realiz-la ou a uma novasituao. Na tica do usurio, uma inovao qualquer ideia ou produto perce-bido pelo consumidor potencial como algo novo. Para Jelinek (1997), inovao uma atividade coletiva que ocorre com o passar do tempo e com reviso con-tnua dos alicerces cognitivos e compartilhados dos participantes. Para Drucker(2004), a inovao pode ser introduzida por meio de mudanas capazes de criarnovas melhorias de desempenho organizacional. A inovao pode ocorrer deforma no homognea, isto , pode ser introduzida em graus ou nveis diferen-tes, desde o mais simples at o mais complexo. Basicamente ela pode ocorrerde duas formas: a inovao na forma de mudanas em produtos e servios, e ainovao na forma como o produto ou servio passa a ser produzido ou oferecido(TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005).

    Apesar de a inovao e a tecnologia caminharem lado a lado, a inovao noimplica necessariamente a criao, produo e comercializao apenas dos maio-res avanos daquilo que tido como o estado da arte em tecnologia (inovao radi-cal). Ela tambm pode incluir mudanas em pequena escala nas tecnologias j uti-lizadas atualmente, caracterizando uma melhoria, mudana gradativa ou inovaoincremental (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005). Inovaes no uso de sistemas deinformaes tipicamente implicam mudanas de menor escala, em geral associa-das com o redesenho de processos e reformulaes de mtodos de trabalho.

    2.3 DIFUSO E ADOO DA IN OVAO

    A difuso de uma inovao o processo de sua comunicao em determi-nado contexto social envolvendo indivduos e grupos, geralmente integrantes deuma organizao. Por sua vez, a adoo de uma inovao tambm um proces-so, no qual os indivduos e grupos decidem pelo seu uso, como melhor curso deao disponvel. O oposto da adoo a rejeio, ou seja, quando ocorre a deci-so pela no adoo. Rogers (2003) define a difuso de uma inovao como umtipo de comunicao social, no qual as mensagens esto relacionadas com novasideias e so transmitidas ao longo do tempo, por meio de determinados canais,

    entre os vrios membros de um sistema social.

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    Nas ltimas dcadas, vrios autores estudaram as principais caractersticasou atributos percebidos em uma inovao que facilitam a sua adoo, inclusive

    as inovaes em TI (ROGERS, 1983; MOORE; BENBASAT, 1991; KARAHANNA;STRAUB; CHERVANY, 1999; TENG; GROVER; GTTLER, 2002; AHUJA;THATCHER, 2005). Em princpio, a forma pela qual uma inovao adotadadepende diretamente dos atributos percebidos nessa inovao por seus usu-rios. A identificao de cinco caractersticas percebidas da inovao derivadada pesquisa de Rogers (1983) e da literatura sobre a difuso de inovao. Larsene McGuire (1998) referem-se a tais atributos ou caractersticas como atributosuniversais para estudos de adoo de inovaes. O Quadro 1 resume as cincocaractersticas em questo.

    QUADRO1OS CINCO ATRIBUTOS UNIVERSAISPERCEBIDOS EM UMA INOVAO

    ATRIBUTO DESCRIO

    Vantagem relativa Grau com o qual uma inovao percebida como melhor que seuprecursor.

    CompatibilidadeGrau com o qual uma inovao percebida como consistentecom valores existentes, necessidade e experincias passadas dosadotantes potenciais.

    Complexidade Grau com o qual uma inovao percebida como difcil de usar.

    ObservabilidadeGrau com o qual o resultado de uma inovao observvel pelaorganizao.

    ExperimentaoGrau com o qual uma inovao pode ser experimentada antes daadoo.

    Fonte:Rogers (1983).

    Essas cinco caractersticas constituram a base do trabalho de Moore e Benba-sat (1991). Esses autores desenvolveram um instrumento geral para ser utilizadoquando se pretende avaliar as vrias percepes que um indivduo pode ter sobreas caractersticas de uso de uma inovao. Essas percepes decorrem do seu envol-vimento com o processo de adoo, por exemplo, de uma inovao tecnolgica naforma de um novo sistema de informaes. Moore e Benbasat (1991) introduziramtrs novos atributos: imagem, uso voluntrio e demonstrao de resultado. Almdisso, adaptaram ao seu contexto de estudo os atributos originais de complexidade

    e observabilidade que foram denominados, respectivamente, facilidade de uso e

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    visibilidade. As caractersticas ou os atributos percebidos de uma inovao estu-dados pelos dois autores so detalhados no Quadro 2. Essas caractersticas foram

    utilizadas no modelo de pesquisa, conforme apresentado na prxima seo.QUADRO2

    CARACTERSTICAS PERCEBIDAS NO USODE UMA INOVAO TECNOLGICA

    CARACTERSTICA DESCRIO AUTOR

    Vantagemrelativa

    Grau em que uma inovao percebida comomelhor que seu precursor.

    Rogers (1983)

    CompatibilidadeGrau em que uma inovao percebida comoconsistente com valores, necessidade e experinciasdos adotantes potenciais.

    Rogers (1983)

    Experimentao Grau em que uma inovao pode ser experimentadaantes da adoo.

    Rogers (1983)

    Facilidade de usoGrau em que uma inovao percebida como fcilde usar.

    Moore e Benbasat(1991)

    Imagem

    Grau em que o uso de uma inovao percebido

    para melhorar a imagem de um indivduo ou ostatus

    de um sistema social.

    Moore e Benbasat(1991)

    Uso voluntrioGrau em que o uso de uma inovao percebidocomo voluntrio ou espontneo.

    Moore e Benbasat(1991)

    VisibilidadeGrau em que uma inovao se torna visvel para osindivduos ou grupos de uma organizao.

    Moore e Benbasat(1991)

    Demonstrao deresultado

    Grau em que os resultados do uso de uma inovaoso tangveis.

    Moore e Benbasat(1991)

    Fonte:Adaptado de Moore e Benbasat (1991).

    3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOSO objetivo geral da pesquisa consistiu em identificar as principais caracte-

    rsticas ou os fatores percebidos em uma inovao tecnolgica de SI que maisinfluenciam na sua adoo. Alm disso, tambm estava em questo: 1. avaliar oimpacto causado pelos diferentes fatores determinantes da adoo de uma ino-

    vao tecnolgica, 2. identificar como os diferentes usurios percebem a adoo

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    de uma inovao tecnolgica e 3. analisar os resultados obtidos decorrentes daadoo de uma inovao tecnolgica. A rea de sade estabeleceu o contexto no

    qual esses objetivos foram perseguidos.3.1 MODELO DE PESQUISA

    O problema geral de pesquisa pode ser enunciado como: Quais fatores con-tribuem para a adoo de uma inovao tecnolgica definida por sistemas deinformaes na rea de sade?. A proposta foi responder ao problema de pes-quisa utilizando uma abordagem metodolgica quantitativa. Especificamente,o objetivo foi tentar quantificar a dependncia da adoo da inovao das carac-tersticas percebidas do uso de uma inovao, conforme proposto por Rogers(1983) e Moore e Benbasat (1991). O estudo considerou os aspectos de adoo,uso da tecnologia e os resultados decorrentes da adoo e do uso.

    O modelo de pesquisa est representado na Figura 1 e deriva do Quadro 2.Nesse modelo, observa-se que o uso de uma inovao tecnolgica determinadopelas caractersticas percebidas pelo uso dessa inovao. O uso inferido combase na declarao pelo usurio do nvel de uso atual da inovao e da declaraode intensificar o seu uso. Como consequncia desse uso, estabelece-se a per-cepo de novas alternativas de melhorias em processos e servios, alternativasde desenvolvimento de novos processos e servios, e de perspectivas para mais

    inovaes.

    FIGURA1MODELO DE PESQUISA PROPOSTO

    Fonte:Elaborada pelos autores.

    Uso Resultadodo Uso

    Uso Atual

    Inteno deAumentar Uso

    VantagemRelativa

    Compatibilidade

    Experimentao

    Visibilidade

    Facilidadede Uso

    UsoVoluntrio

    Imagem

    Demonstraode Resultado

    Novos serviosou processos

    Servios ou processosincrementados

    Servios ou processosdiferenciados

    Novos processosinterorganizacionais

    Inovaesadministrativas

    Inovaes nomtodo de ensino

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    O processo de adoo representado na Figura 1 considera que, a partir domomento em que os usurios, no caso principalmente mdicos e enfermei-

    ros, comeam a perceber as caractersticas do sistema, ele passa a ser utilizadorotineiramente. Como consequncia desse uso, os profissionais podem execu-tar melhor o seu trabalho, atender seus pacientes de forma mais efetiva e criarnovas formas de realizar suas funes. Na medida em que esses resultados sopercebidos, novas ideias so formuladas e novas perspectivas de inovao ficamaparentes.

    Com base na Figura 1, formularam-se as hipteses da pesquisa. Com relaos caractersticas percebidas pelo uso de uma inovao tecnolgica na rea desade, as hipteses consideradas foram:

    H1: A caracterstica vantagem relativa afeta significativamente a adoo deuma inovao tecnolgica.

    H2: A caracterstica uso voluntrio afeta significativamente a adoo deuma inovao tecnolgica.

    H3: A caracterstica compatibilidade afeta significativamente a adoo deuma inovao tecnolgica.

    H4: A caracterstica imagem afeta significativamente a adoo de uma ino-vao tecnolgica.

    H5: A caracterstica facilidade de uso afeta significativamente a adoo deuma inovao tecnolgica.

    H6: A caracterstica demonstrao de resultado afeta significativamente aadoo de uma inovao tecnolgica.

    H7: A caracterstica visibilidade afeta significativamente a adoo de umainovao tecnolgica.

    H8: A caracterstica experimentao afeta significativamente a adoo deuma inovao tecnolgica.

    Com relao aos resultados da adoo de uma inovao, a hiptese conside-rada foi:

    H9: Os processos e servios so impactados positivamente pela adoo deuma inovao tecnolgica.

    3.2 COLETA DE DADOS

    Para avaliar a adoo de uma inovao em SI, no mbito das caractersticaspercebidas, adoo e resultado do uso, utilizou-se uma adaptao do instru-

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    mento desenvolvido por Moore e Benbasat (1991), o qual foi aplicado, por meiode um questionrio quantitativo, aos usurios de um sistema de pronturio

    mdico eletrnico. As assertivas relativas s variveis v1 a v27 foram traduzidase adaptadas, e as demais (P_US1, P_US2, v28 a v33) desenvolvidas para atingiros objetivos da pesquisa. O questionrio foi composto por perguntas fechadase submetido aos diversos usurios do pronturio eletrnico: mdicos, enfer-meiros, assistentes sociais e pessoal administrativo. As respostas s questesforam formuladas em escala Likert de 7 pontos, com assertivas que constam noQuadro 3. A amostra usada foi do tipo no probabilstico por convenincia.

    QUADRO3

    VARIVEIS UTILIZADAS NO MODELO ESTRUTURALCONSTRUTO/ASSERTIVA VARIVEL

    Uso

    Considero-me um usurio intensivo do pronturio eletrnico. P_US1

    Assim que possvel pretendo utilizar mais intensamente o pronturio eletrnico. P_US2

    Compatibilidade

    Entendo que o uso do pronturio eletrnico ajusta-se bem forma que eu gostode trabalhar. V9

    O uso do pronturio eletrnico ajusta-se ao meu estilo de trabalho. V21

    O uso do pronturio eletrnico compatvel com todos os aspectos do meutrabalho. V23

    Demonstrao de resultado

    Acredito que posso comunicar aos outros as consequncias do uso do pronturioeletrnico. V7

    Os resultados do uso do pronturio eletrnico so aparentes para mim. V15

    No tenho dificuldades para explicar por que o uso do pronturio eletrnico podeou no ser benfico. V17

    No tive dificuldades para dizer aos outros sobre os resultados do uso dopronturio eletrnico. V26

    (continua)

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    CONSTRUTO/ASSERTIVA VARIVEL

    Experimentao

    Tive vrias oportunidades de experimentar aplicaes para o pronturio eletrnico. V3

    Antes de decidir a usar o pronturio eletrnico, pude experiment-lo corretamente. V12

    Foi-me permitido usar o pronturio eletrnico a ttulo de teste, com temposuficiente para entender o que poderia fazer. V24

    Facilidade de uso

    Acredito que fcil utilizar o pronturio eletrnico para fazer o que preciso fazer. V6

    Minha interao com o pronturio eletrnico clara e de fcil compreenso. V14

    No geral, acredito que o pronturio eletrnico fcil de ser utilizado. V20

    Aprender a usar o pronturio eletrnico fcil para mim. V22

    Imagem

    As pessoas da minha instituio que usam o pronturio eletrnico tm um perfildiferenciado. V4

    As pessoas da minha instituio que usam o pronturio eletrnico tm maiorprestgio do que aquelas que no usam. V11

    Usar o pronturio eletrnico um smbolo destatus em minha instituio. V27

    Vantagem relativa

    Usando o pronturio eletrnico, posso realizar minhas tarefas mais rapidamente. V2

    O uso do pronturio eletrnico torna mais fcil a realizao do meu trabalho. V5

    O uso do pronturio eletrnico me possibilita um maior controle do meu trabalho. V8

    O uso do pronturio eletrnico melhora a qualidade do meu trabalho. V13

    O uso do pronturio eletrnico melhora minha efetividade no trabalho. V25

    Visibilidade

    O uso do pronturio eletrnicono percebido em minha instituio. V10

    fcil observar outras pessoas utilizando o pronturio eletrnico em minha instituio. V16

    Na minha instituio, pode-se encontrar o pronturio eletrnico em vrioscomputadores. V19

    QUADRO3 (CONTINUAO)VARIVEIS UTILIZADAS NO MODELO ESTRUTURAL

    (continua)

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    CONSTRUTO/ASSERTIVA VARIVEL

    Uso voluntrio

    Meus superioresno me obrigam a utilizar o pronturio eletrnico. V1

    Embora seja til, usar o pronturio eletrnicono obrigatrio em meu trabalho. V18

    Resultado do uso

    O uso do pronturio eletrnico possibilita a criao de novos servios ou processos. V28

    O uso do pronturio eletrnico permite melhorar a forma de realizar servios ouprocessos atuais. V29

    O uso do pronturio eletrnico permite a criao de servios ou processosdiferenciados. V30

    O uso do pronturio eletrnico possibilita inovar a forma de executar minhasfunes administrativas. V31

    O uso do pronturio eletrnico permite ter acesso a novos conhecimentos. V32

    O uso do pronturio eletrnico propicia novas alternativas para o mtodo de

    ensino.V33

    Fonte:Elaborado pelos autores.

    A coleta de dados foi realizada no Instituto da Criana (ICr) do Hospital dasClnicas da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo, inauguradoem 1976, e que atende crianas e adolescentes de 0 a 19 anos, oferecendo 21especialidades mdicas. O hospital preparado para atender a doenas de altacomplexidade, entre elas sndromes raras, cncer e Aids, e realizar transplantesde fgado (inclusive intervivos) e de medula ssea. O Instituto da Criana pos-sui servio de diagnstico por imagem com recursos especializados s neces-sidades da criana e do adolescente. Alm do Sistema nico de Sade, o ICrrecebe pacientes da assistncia mdica suplementar em todas as especialidades,incluindo assistncia ambulatorial, internao clnica e cirrgica. O ICr refe-rncia nacional no atendimento mdico infantil.

    O ICr utiliza o pronturio eletrnico desde o incio de 2001. Trata-se de umsistema modular que comeou a ser desenvolvido no ano de 2000 para atender,inicialmente, s necessidades da triagem de pacientes. O mdulo de triagemfoi implantado em 2001, e, com o decorrer do tempo, agregaram-se outros: em

    QUADRO3 (CONCLUSO)VARIVEIS UTILIZADAS NO MODELO ESTRUTURAL

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    2002, implantaram-se os mdulos de atendimento mdico e de atendimentosocial, e, em 2003, o mdulo para exames de imagens. Na sequncia, adicio-

    naram-se novos mdulos: de parada cardiorrespiratria, uma nova verso domdulo do servio social e os mdulos de avaliao neurolgica e de exameslaboratoriais. Paralelamente aos novos mdulos, foram introduzidas melhoriasincrementais de funcionalidades a pedido dos usurios, bem como novas fun-es de controle de tempo de permanncia do paciente no ICr, novos relatriose funes estatsticas de natureza mdica e administrativa. Atualmente, todos osfuncionrios do ICr utilizam o pronturio eletrnico.

    Aps os trmites formais e com o aval do Conselho de Pesquisa e tica doDepartamento de Pediatria da Faculdade de Medicina, o questionrio foi enviado

    aos 133 profissionais do ICr envolvidos com o uso do pronturio eletrnico, queestavam habilitados a usar o sistema. Inicialmente, enviou-se uma cpia do ques-tionrio para os gestores de cada rea funcional (mdica, enfermagem, assistn-cia social e administrativa) para validao prvia. Em funo dessa validao edado que o questionrio foi adaptado de Moore e Benbasat (1991), optou-se pelano realizao de pr-teste. A coleta dos dados ocorreu no perodo de junho anovembro de 2006. O retorno das respostas correspondeu a 73 questionrios, osquais foram considerados todos vlidos. Em trs questionrios, foram deixadasalgumas questes em branco, e adotou-se o valor mdio para elas, com o intuitode no descartar os questionrios por completo.

    3.3 PROCEDIMENTOS DE ANLISE DOS DADOS

    Como tcnica de anlise dos dados obtidos, utilizou-se a modelagem deequaes estruturais (structural equation modeling SEM). A SEM no designauma tcnica nica, mas uma famlia de procedimentos relacionados (KLINE,2005). Para Hair Jr. et al. (2005), a SEM engloba uma famlia inteira de modelosconhecidos por muitos nomes, entre eles a anlise de estrutura de covarincia,anlise de varivel latente, anlise fatorial confirmatria, ou simplesmente anli-se Lisrel. A modelagem de equaes estruturais utiliza uma srie de relaes dedependncia simultaneamente, sendo particularmente til quando uma variveldependente se torna independente em subsequentes relaes de dependncia(HAIR JR. et al., 2005). Esse conjunto de relaes, cada uma envolvendo vari-veis dependentes e independentes, a base da SEM. O modelo de pesquisa con-siderado na modelagem de equaes estruturais corresponde Figura 1.

    Com relao composio mnima da amostra, Hair Jr. et al. (2005) reco-mendam um nmero de 3 a 5 questionrios (observaes) preenchidos porassertiva ou varivel. Por tratar-se de pesquisa em que se adotou a modelagem

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    de equaes estruturais, que utilizam os conceitos de construto ou variveislatentes formativas/reflexivas (caminhos que recebem/emitem seta no mode-

    lo estrutural), adotou-se a recomendao de Chin (1998). Esse autor usa umaregra prtica em termos das variveis latentes e o nmero de indicadores (setasou coeficientes estruturais) que as compe. O autor sugere uma amostra mni-ma contendo 10 vezes o nmero correspondente ao mximo de coeficientesestruturais associados a uma varivel latente. Como o construto uso da Figura1 possui 8 indicadores, a amostra mnima deveria conter 80 observaes. Onmero total de questionrios obtidos foi de 73, o que est prximo do recomen-dado. Considerando-se o nmero total de questionrios da amostra, para quehaja significncia (< 0,05), obteve-se pelosoftwareG*Power , verso 3.0, que o

    coeficiente R2

    obtido no modelo estrutural para esse construto (uso) deveria sermaior ou igual a 0,2, o que de fato ocorreu, conforme apresentado nos resulta-dos da pesquisa.

    Na apurao dos resultados, foi utilizado osoftware SmartPLS , verso2.0.M3, executando em ambiente Windows XP , para a validao do modeloestrutural proposto originalmente. Em todas as etapas, adotou-se a mesmaparametrizao indicada por seu fornecedor. Na execuo do algoritmo debootstrapping para calcular os valores do testet , utilizou-se o nmero 500 parao total de simulaes aleatrias e n para o tamanho de cada amostra. SegundoHair Jr. et al. (2005), esse procedimento um tipo de reamostragem aleatriana qual os dados originais so repetidamente processados com substituiopara estimao do modelo.

    As variveis utilizadas no modelo estrutural proposto foram obtidas pelasassertivas do questionrio quantitativo aplicado aos usurios do pronturio ele-trnico e esto indicadas no Quadro 3. As variveis para a avaliao do uso deuma inovao so P_US1 e P_US2. As variveis relativas s caractersticas per-cebidas de uso da inovao tecnolgica so v1, v2 at v27. Os indicadores doresultado do uso do pronturio eletrnico foram obtidos por meio das variveisv28 a v33.

    4 RESULTADOS DA PESQUISA O retorno de respostas pode ser considerado satisfatrio, situando-se em

    cerca de 55% dos questionrios entregues. A Tabela 1 sintetiza o perfil da amos-tra e do universo de respondentes.

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    TABELA1PERFIL DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA

    REAN DE

    USURIOS% DO

    UNIVERSON DE

    RESPONDENTES% DE

    RESPONDENTESRESPONDENTES /N DE USURIOS

    Mdica 31 23,3% 14 19,2% 45,2%

    Enfermagem 60 45,1% 43 58,9% 71,7%

    Assistncia social 21 15,8% 8 11,0% 38,1%

    Administrativa 21 15,8% 8 11,0% 38,1%

    Total 133 100,0% 73 100,0% 54,9%Fonte:Elaborada pelos autores.

    4.1 AVALIAO DO MODELO DE MENSURAO

    Os resultados do processamento do modelo estrutural proposto mostraram-se adequados, ou seja, praticamente todas as variveis observadas (de v1 a v33)apresentaram valores de correlao iguais ou superiores a 0,70. Retirou-se ape-nas a varivel v19 (valor inicial 0,407) do construto visibilidade, e mantiveram-se as variveis v15 e v17, por apresentarem valores prximos ao limite. Aps essesajustes, efetuou-se novo processamento. O resultado da apurao do modelo estapresentado na Figura 2.

    FIGURA2APURAO DO MODELO AJUSTADO

    Fonte:Elaborada pelos autores.

    0,799

    v13 v2 v25 v5 v8

    0,755 0,779 0,8320,875

    v21

    v23

    v9

    0,820

    0,845

    0,859Compatibilidade

    VantagemRelativav11

    v27

    v4

    0,756

    0,772

    0,807 Imagem

    v14

    v20

    v22

    0,8630,800

    0,832

    v6 0,839Facilidade

    de Uso

    v15

    v17

    v26

    0,6750,697

    0,883

    v7 0,880Demonstraode Resultado

    0,868

    0,977UsoVoluntrio

    Resultadodo Uso

    v28v29

    v30

    v31

    v32

    v33

    0,868

    0,889

    0,818

    0,832

    0,916

    0,832

    0,831

    0,285

    0,469 0,064

    0,9320,010

    -0,095

    0,170

    0,037-0,059

    0,914

    0,918

    v1

    v18

    v12

    v24

    v3

    0,829

    0,888

    0,715ExperimentaoVisibilidade

    0,916

    0,940

    v10

    v16

    P_US1

    P_US2

    Uso0,536

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    TABELA3CORRELAES ENTRE AS VARIVEIS NO MODELO AJUSTADO

    COMPATIBILIDADE

    DEMONSTRAO DE

    RESULTADO

    EXPERIMENTAO

    FACILIDADE DE USO

    IMAGEM

    USO

    RESULTADO DO USO

    USO VOLUNTRIO

    VANTAGEM RELATIVA

    VISIBILIDADE

    Compatibilidade 0,841

    Demonstrao deresultado 0,645 0,790

    Experimentao 0,682 0,649 0,813

    Facilidade de uso 0,718 0,701 0,595 0,833

    Imagem 0,503 0,564 0,601 0,507 0,778

    Uso 0,649 0,615 0,514 0,595 0,422 0,916

    Resultado do uso 0,635 0,645 0,481 0,581 0,478 0,931 0,853

    Uso voluntrio -0,206 -0,181 -0,086 -0,389 -0,020 -0,185 -0,155 0,923

    Vantagem relativa 0,759 0,747 0,661 0,854 0,518 0,691 0,639 -0,416 0,809

    Visibilidade 0,397 0,573 0,361 0,514 0,385 0,420 0,469 -0,167 0,530 0,927

    Fonte:Elaborada pelos autores.

    4.2 VALIDAO DO MODELO ESTRUTURAL

    Na Figura 2, podem ser localizados os coeficientes de regresso associadosa cada uma das variveis observadas (vantagem relativa, uso voluntrio, compa-tibilidade, imagem, facilidade de uso, demonstrao de resultado, visibilidadee experimentao) e quanto eles impactam na varivel latente uso, bem comoquanto essa ltima afeta a varivel latente resultado do uso.

    Os coeficientes de regresso padronizados indicam quanto cada construtoafeta as variveis latentes quando estas aumentam de uma unidade. A vantagemrelativa apresenta o maior coeficiente de regresso (0,469) com a varivel uso,ou seja, quando esta aumenta em uma unidade, a maior contribuio para essavariao vem da vantagem relativa. Por sua vez, a varivel uso apresenta umcoeficiente de regresso igual a 0,932 com relao varivel resultado do uso.

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    Na Figura 2, observa-se que os coeficientes de regresso padronizados dasvariveis facilidade de uso e experimentao apresentam valores negativos

    (-0,095 e -0,059). So valores prximos de zero, sugerindo nenhuma contribui-o. Uma explicao para o caso da facilidade de uso o fato de o prontu-rio eletrnico ser um sistema complexo que envolve grande funcionalidade, e,portanto, seu uso no fcil. Com relao experimentao, vale observarque os usurios efetivamente no tiveram acesso ao sistema antes da definitivaimplantao de cada mdulo. Como o sistema foi desenvolvido pela equipe inter-na de TI, os usurios foram treinadosin loco medida que os mdulos ficavamprontos. As demais variveis (vantagem relativa, uso voluntrio, compatibilida-de, imagem, demonstrao de resultado e visibilidade) afetam positivamente ouso do pronturio eletrnico.

    Na Figura 2, tambm podem ser observados os valores dos coeficientes dedeterminao da varincia (R2) das variveis dependentes uso e resultados douso. Esses coeficientes indicam o percentual de varincia da varivel dependenteque explicado pelas variveis independentes. Os valores de R2 obtidos esto nointerior dos crculos que representam essas variveis. No caso da varivel uso,o valor do coeficiente de determinao da varincia (R2) obtido foi de 53,6%. Esseresultado est de acordo com a proposio de Rogers (2003), para o qual as cincocaractersticas percebidas em uma inovao explicam de 49% a 87% da sua taxade adoo. No caso da varivel resultado do uso, o valor do coeficientes dedeterminao da varincia (R2) obtido foi de 86,8%.

    Para a validao do modelo estrutural, foi utilizado o algoritmo debootstrap-ping (amostragem aleatria) dosoftwareSmartPLS com o parmetro 500 para onmero de casos e amostras. Esse procedimento teve como objetivo realizar 500simulaes com o conjunto de dados para a obteno dos resultados do teste dadistribuiot de Student. Os resultados do testet dependem do nmero de ques-tionrios respondidos. Para uma amostra de 73 respondentes (graus de liberda-de), o valor da distribuiot de Student 1,99, para um intervalo de confiana de95% e significncia de 0,05.

    O teste t de Student serve para testar a hiptese de que os coeficientes decorrelao/regresso sejam iguais a zero. Caso o resultado do testet seja igual ousuperior a 1,99, a hiptese rejeitada, ou seja, a correlao significante. No pro-cessamento do algoritmo debootstrapping , observou-se que as variveis latentesimagem e experimentao apresentaram, respectivamente, os valores 0,595e 1,792 para o testet , os quais so inferiores a 1,99, logo, elas deveriam ser exclu-das do modelo inicial. Como o resultado do testet para a varivel experimenta-o (1,792) ficou prximo do valor limite, optou-se por mant-la no modelo. Umnovo processamento sem a varivel imagem afetou muito pouco (terceira casa

    decimal) os novos coeficientes calculados.

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    As variveis constantes do construto imagem (v4, v11 e v27) dizem respeitoa: perfil diferenciado, maior prestgio estatus social do usurio de uma inovao

    tecnolgica. No ICr, os usurios (mdicos, enfermeiros, assistentes sociais e fun-cionrios administrativos) no mostraram ser afetados por essas variveis pelofato de usarem o sistema. Uma outra possvel justificativa para a no adernciada varivel imagem pode ser dada pelo fato de que a maioria dos respondentespertence rea de enfermagem. Isso est de acordo com os estudos de Raitoharjue Laine (2006): diferentes profissionais da rea de sade apresentam diferentespercepes sobre o uso de sistemas de informaes. Outro fato a ser levado emconsiderao que o pronturio eletrnico utilizado apenas internamente epor um conjunto bem definido de usurios. Nessa situao, os aspectos de ima-gem no se expressam.

    As demais variveis (compatibilidade, demonstrao de resultado, experi-mentao, facilidade de uso, uso voluntrio, vantagem relativa e visibilidade) vali-daram o modelo e afetaram diretamente o uso, com destaque para a vantagemrelativa. A vantagem relativa corresponde ao grau com o qual uma inovao percebida como melhor que o seu predecessor e tambm pode estar ligada aaspectos econmicos (ROGERS, 2003). Conforme pode ser visto na Tabela 4, ahiptese H4 referente imagem foi rejeitada, e verificaram-se as demais hip-teses (H1, H2, H3, H5, H6, H7 e H8).

    TABELA4RESULTADOS FINAIS DO MODELO PROPOSTO

    RELAO ESTRUTURALCOEFICIENTE

    PADRONIZADOT-VALUE

    > 1,99HIPTESE

    STATUS DAHIPTESE

    Vantagem relativa uso 0,4691 8,4277 H1 Verificada

    Uso voluntrio uso 0,0637 2,4134 H2 Verificada

    Compatibilidade uso 0,2854 6,0773 H3 Verificada

    Imagem uso 0,0103 0,59468 H4 Rejeitada

    Facilidade de uso uso -0,0945 2,0229 H5 Verificada

    Demonstrao de resultado uso 0,1701 5,2341 H6 Verificada

    Visibilidade uso 0,0369 1,9644 H7 Verificada

    Experimentao uso -0,0588 1,7919 H8 Verificada

    Uso resultado do uso 0,9315 231,650 H9 Verificada

    Fonte:Elaborada pelos autores.

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    5 CONCLUSESA abordagem quantitativa desta pesquisa permitiu verificar que as caracte-

    rsticas percebidas em uma inovao so os fatores determinantes de sua adooe uso. Esses resultados esto de acordo com as teorias desenvolvidas por Rogers(1983) e Moore e Benbasat (1991). O modelo originalmente proposto, derivadodos modelos estabelecidos pelos citados autores, mostrou-se adequado e condu-ziu a um melhor entendimento da adoo de inovaes no mbito da implanta-o de novos sistemas de informaes. Ficou evidenciado que o uso de sistemasde informaes acarreta, por parte de seus usurios, percepes que podem terimportantes reflexos nas tarefas e no trabalho da organizao.

    No estudo realizado, mereceram destaque as variveis representadas pelascaractersticas percebidas: vantagem relativa, compatibilidade e demonstraode resultado. Essas variveis contriburam positivamente para a adoo do pron-turio eletrnico, com coeficientes notadamente superiores aos demais, expli-cando, dessa forma, boa parte do modelo proposto inicialmente. A caractersticaimagem no foi considerada relevante para adoo pelos usurios, e isso sedeve, possivelmente, ao fato de que, para esses usurios, o pronturio eletrnicoconstitui uma ferramenta do dia a dia.

    Tambm ficou evidenciado que as caractersticas percebidas explicam ape-nas uma parte da adoo de inovaes. O grau de explicao obtido est de acordocom a teoria, mas tambm sugere a participao de outros fatores no processode adoo, o que tambm assinalado por Rogers (1983) e Larsen e McGuire(1998). Uma boa parte desses outros fatores pode eventualmente ser atribuda aocontexto social interno, por exemplo, a forma adotada para a comunicao da ino-vao, conforme sugere Rogers (2003). Finalmente, tambm ficou aparente queos resultados decorrentes da adoo da inovao e as melhorias obtidas pela suaintroduo no se atm ao fenmeno da adoo. A instituio pesquisada, almde conseguir oferecer melhores condies de atendimento aos seus pacientes ealunos, tambm conseguiu melhorar servios e processos j existentes. Pode-se

    argumentar que as variveis do presente estudo tm reflexo imediato no uso dosistema, e, dessa forma, os resultados so compatveis com os obtidos por Yusof et al. (2008), que concluem que atitudes corretas, boa liderana, ambiente ami-gvel e boa comunicao tm influncia positiva no sucesso de sistemas na reamdica. Claramente, o uso do pronturio eletrnico mediador de seu sucesso.

    Esta pesquisa teve como foco a inovao tecnolgica definida pelo prontu-rio eletrnico em uma nica instituio da rea de sade, portanto os resultadosficam limitados ao mbito dessa instituio. Porm, os achados aqui relatadospodem ser de alguma valia para outras instituies da rea de sade para as quais

    o pronturio eletrnico pertinente. Os resultados da pesquisa podem ser teis

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    na deciso, no desenvolvimento, na implantao e interpretao de resultados deprojetos com esse escopo. O estudo relatado tambm sugere a possvel ampliao

    do conceito de caractersticas percebidas, isto , a incorporao de outros aspec-tos do contexto organizacional que possivelmente tambm afetam a adoo.Por fim, sugere-se que esta pesquisa seja continuada, utilizando-se amostras

    com um nmero maior de respondentes, com um nmero maior de instituiese, inclusive, com instituies de outras regies do Brasil. Uma outra possibili-dade, na perspectiva de se poder contar com amostras maiores, seria a avaliaodos resultados do uso e da adoo pelos diferentes atores envolvidos, ou seja,mdicos, enfermeiros, tcnicos e outros profissionais.

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