fatores de risco e proteção em jovens a cumprir medidas...

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20 (22.2%) outras nacionalidades 70 (77.8%) 7 6 3 3 1 Critério Legal: jovens com comportamento de natureza violento (comportamento violento: crimes contra as pessoas e crime de roubo) 2ª facto mais praticado: Ofensas à integridade física 25 (27.8%) medida mais aplicada: Prestações económicas/Tarefas a Favor da Comunidade 20 (22.2%) 14( 15.6%) Jovens uma condenação 66.7% nível de risco moderado Pontuação média 23.87 (DP=9.88) escala de 0-48 (32.2% - risco baixo) 48.3% nível de proteção baixo Itens com média superior: - atitudes face à autoridade (M=1.03; DP=0.60) - circunstâncias de vida (M=1.01; DP=1.06) II Congresso Internacional - Crime, Justiça e Sociedade Fatores de risco e proteção em jovens a cumprir medidas tutelares educativas na comunidade Bárbara R. O. Fernandes 1 & Cristina Neves Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz Correio eletrónico: 1 [email protected] Introdução A delinquência tem vindo a ser alvo de diversos estudos, nos vários domínios da ciência comportamental, sendo estes maioritariamente internacionais (e.g.:Farrington, & Loeber, 2000). Considerando a escassez de dados portugueses sistematizados sobre os fatores de risco e proteção nos jovens delinquentes, surgiu a presente investigação com o objetivo de obter uma melhor compreensão e conhecimento do comportamento delinquente na adolescência, através da análise do risco de reincidência de jovens portugueses a cumprir medida tutelar educativa na comunidade. Os estudos relativos aos fatores de risco indicam que estes podem ser definidos como características ou variáveis que quando presentes num individuo predizem um aumento da probabilidade de comportamentos delinquentes (Kazdin, Kessler, Kopfer, & Offord, 1997; Murray, & Farrington, 2010; Shader, 2000). Deve referir-se que não existem fatores de risco chave para que se garanta que o jovem vai reincidir, existem sim, determinados fatores de risco que associados entre si podem aumentar ou diminuir o risco de reincidência, pelo que o uso de instrumentos neste âmbito irá permitir a identificação desses fatores e consequentemente informar as áreas que devem ser trabalhadas. Relativamente aos fatores de proteção, as investigações indicam que a presença destes pode diminuir o risco do comportamento delinquente (e.g.: Farrington, & Loeber, 2000; Wasserman, Keenan & Tremblay, 2003). Contudo, na avaliação de risco a maioria dos instrumentos tende a negligenciá-los. Em Portugal, a Lei Tutelar Educativa (LTE, Lei-166/99, de 14 de setembro) regula e certifica a intervenção nos jovens delinquentes, tendo em conta o interesse do menor e a segurança da sociedade. Aquando a aplicação de medidas no âmbito da LTE, conhecer a probabilidade de reincidência dos atos delituosos pode ajudar a determinar qual a medida mais favorável a aplicar ao jovem. Neste sentido, são elaboradas avaliações que se demonstram fundamentais na prevenção e redução do risco, porque permitem identificar as áreas e a intervenção adequada ao jovem, contribuindo para prevenção da reincidência (Andrews, Bonta & Hoge, 1990; Douglas & Lavoie, 2006). Resumo A presente investigação pretende caracterizar o fenómeno da delinquência juvenil no contexto português, através da análise do risco de reincidência de jovens a cumprir medidas tutelares educativas em meio livre. A investigação teve por base uma linha empírica, tendo-se recorrido essencialmente à leitura processual dos dossiers dos jovens com acompanhamento técnico no âmbito de uma medida tutelar educativa na comunidade. No total foram avaliados 90 jovens, 13 do sexo feminino e 77 do sexo masculino. Além dos dados de caracterização desta população serão ainda apresentados dados relativos a um breve período de follow-up retrospetivo, demonstrando assim, que os jovens que possuem um maior nível de risco e menor nível de proteção tenderam a demonstrar ocorrências durante o cumprimento da medida. Palavras-chave: [3236] Delinquência; Fatores de Risco; Fatores de Proteção; Medidas Tutelares Educativas Abstract This research aims to characterize the phenomenon of juvenile delinquency in the Portuguese context, through the analysis of multiple risk factors, potentially predictive of recidivism in youth executing juvenile court-ordered measures in the community. The empirical research was based on information from individual. In total 90 young people have been assessed, 13 female and 77 male. Besides characterization data, data for a short period of follow-up is also presenting, and thus demonstrating that young people have a higher level of risk and lower protection level, tended to show occurrences while executing juvenile court-ordered measures. Keywords: [3236] Criminality, Risk Factors, Protective Factors, Juvenile Court-ordered Measures Método Participantes Esta investigação analisou jovens de vários concelhos: acompanhados pela equipa da DGRSP territorialmente competente, em início de cumprimento de medida tutelar educativa na comunidade e que tinham sido alvo de avaliação pré-sentencial. Procedimento Leitura dos processos Discussão dos processos Cotação dos instrumentos Revisão dos casos Nacionalidades Dados Sociodemográficos Resultados Tipo de Comportamento Violento 62 (68.9%) Não violento 25 (28.7%) Factos qualificados Roubo 27 (30%) Medidas Tutelares Educativas Acompanhamento Educativo 37 (41.1%) Condenações Anteriores 65 (77.2%) Jovens Sem Condenações Recolha de dados: 26 de março a agosto de 2013 2 períodos distintos, de recolha de informação Período de avaliação de risco: informação desde entrada do jovem na equipa até ao início da medida. Período de follow-up: informação desde o início da medida até à última informação documental. Duração do follow-up em meses: Min. 1 | Máx. 17 (M =5.43; DP=5.11) Amostra Total: 90 13 (14,4%) 77 (85,6%) Idade à data da sentença Resultados gerais: Asset e SAPROF Asset (com direitos reservados à Youth Justice Board, e.g. Baker et al., 2005, traduzido para português para este estudo por Fernandes, & Neves, 2013) Identifica fatores chave da reincidência Consistência Interna: Baker et al., 2005: nível aceitável; Presente estudo: Alfa de Cronbach 0.795 SAPROF (De Vogel, et al., 2011; versão portuguesa para adultos de Neves, & Soeiro, 2012, adaptação para jovens para este estudo por Fernandes & Neves, 2013) Avalia fatores de proteção para o comportamento violento. Consistência Interna: presente estudo: Alfa de Cronbach 0.719 Conclusão Esta investigação permitiu obter uma melhor compreensão do comportamento delinquente de jovens a cumprir medidas tutelares educativas na comunidade. Tendo por base a análise de múltiplos fatores de risco e proteção foi possível determinar o seu risco de reincidência, que se baseia na identificação de características que poderão contribuir para a construção de programas de prevenção e intervenção nacionais. O Asset revelou-se um instrumento com potencialidade na predição da reincidência e útil na recolha de informações quantitativas e qualitativas dos vários domínios da vida do jovem e relevantes para a identificação das necessidades criminógenas, podendo pois constituir um importante auxiliar na elaboração de um plano de intervenção individual. Das limitações do estudo devem ser referidas: o facto de o estudo se ter centrado maioritariamente na leitura processual, não tendo sido realizadas entrevistas aos jovens que permitiriam uma recolha mais alargada de informação; o facto de o estudo ser retrospetivo, que obrigou um reposicionamento no tempo, mais vulnerável a perdas de informação e à artificialidade da situação, bem como o facto de o período de follow-up ter sido reduzido. Asset SAPROF Resultados semelhantes Wilson e Hinks (2011): 54.4% (n=5126) nível de risco moderado. Baker et al. (2005): 40.17% (n=2233) nível médio de risco. Hawkins et al. (2009): Jovens envolvidos com o sistema de justiça tendem a apresentar mais fatores de risco e menos fatores de proteção. Situações de incumprimento*: não comparência; recusa na realização de tarefas; não interiorização da medida e continuação das práticas ilícitas; ausência de comunicação com o tribunal; fraca adesão e não integração. *Nem todas as situações tiveram lugar a relatório de revisão de medida e/ou relatório de informação ao tribunal. Situações de comportamento antissocial e/ou desviante: comportamento delituoso (e.g. prática de novos factos); Consumos; agressões; Absentismo; suspensões/expulsões escolares. 46* (54.1%) (N=85) *9 indiciados em PTE/Penal Período de follow-up: ocorrências durante o decorrer da medida Instrumentos Referências: Andrews, D. A., Bonta, J., & Hoge, R. D. (1990). Classification for effective rehabilitation: Rediscovering psychology. Criminal Justice and Behavior, 17, 19-52. Baker, K., Jones, S, Merrington, S. & Roberts, C. (2005). Further Development of Asset. Youth Justice Board for England and Wales. Douglas, K.S. & Lavoie, J. (2006). Avaliação e gestão do risco de violência: modelos de utilização e princípios orientadores. In A. C. Fonseca, M. R. Simões, M. C. Taborda-Simões & M.S. Pinho (Eds.), Psicologia Forense (pp. 203-226). Coimbra: Almedina. Farrington, D., & Loeber, R. (2000). Epidemiology of juvenile violence. Juvenile violence, 9(4), 733748. Hawkins, S. R., Graham, P. W., Williams, J., & Zahn, M. A. (2009). Girls Study Group: Understanding and Responding to Girls’ Delinquency. Office of Juvenile Justice and Delinquency Prevention, 113. Kazdin, a E., Kraemer, H. C., Kessler, R. C., Kupfer, D. J., & Offord, D. R. (1997). Contributions of risk-fator research to developmental psychopathology. Clinical psychology review, 17(4), 375406. Lei n.º 166/99, de 14 de setembro. Lei Tutelar Educativa. Murray, J., & Farrington, D. P. (2010). Risk Factors for Conduct Disorder and Delinquency: Key Findings From Longitudinal Studies. The Canadian Journal of Psychiatry, 55(10). Neves, C. & Soeiro, C. (2012).Lançamento da versão portuguesa do SAPROF: um instrumento para avaliar os fatores de proteção. Comunicação apresentada no Simpósio Internacional, Fatores de risco e de proteção na avaliação e gestão do comportamento criminal. Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, Monte da Caparica. Shader, M. (2000). Risk Factors for Delinquency : An Overview What Is a Risk Factor ?, 1-11. Wasserman, G., Keenan, K., & Tremblay, R. (2003). Risk and protective factors of child delinquency. Office of Juvenile Justice and Delinquency Prevention, (NCJ 193409), 116 Wilson, E., & Hinks, S. (2011). Assessing the predictive validity of the Asset youth risk assessment tool using the Juvenile Cohort Study. Ministry of Justice Research Series 10/11(pp. 168). Nível Proteção Baixo Nível Risco Alto a (Asset: AUC=.669 (Erro padrão=.062; IC a 95%: .548-.790; SAPROF: AUC de .693 (Erro padrão=.067; IC a 95%: .562-.824) b (Asset: AUC =.737 (Erro padrão =.054; IC a 95%: .630-.843; SAPROF AUC=.783 (Erro padrão=.054; IC a 95%: .678-.888) Considerando que a probabilidade de reincidência está associada à presença de fatores de risco, e que a diminuição de risco de reincidência está associada a um nível de risco baixo, ou a um nível de proteção considerável, era expectável que, os jovens com maior risco fossem os que mais incumprem e apresentam comportamentos antissociais, tal como demonstra a presente investigação. Jovens com classificações altas no Asset e baixas no SAPROF tenderam a apresentar situações de incumprimento a e/ou comportamento b antissocial/desviante

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Page 1: Fatores de risco e proteção em jovens a cumprir medidas ...comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/8311/1/Poster01_ProfCNeves.pdf · 48.3% nível de proteção baixo ... (M=1.03; DP=0.60)

20 (22.2%) outras nacionalidades

70 (77.8%)

7

6

3

3

1

Critério Legal: jovens com

comportamento de natureza violento

(comportamento violento: crimes contra as pessoas e crime de roubo)

2ª facto mais praticado:

Ofensas à integridade física

25 (27.8%)

2ª medida mais aplicada:

Prestações económicas/Tarefas a Favor da Comunidade

20 (22.2%)

14( 15.6%) Jovens

uma condenação

66.7% nível de risco moderado

Pontuação média 23.87 (DP=9.88) escala de 0-48

(32.2% - risco baixo)

48.3% nível de proteção baixo

Itens com média superior:

- atitudes face à autoridade (M=1.03; DP=0.60)

- circunstâncias de vida (M=1.01; DP=1.06)

II Congresso Internacional - Crime, Justiça e Sociedade

Fatores de risco e proteção em jovens a cumprir medidas tutelares educativas na comunidade

Bárbara R. O. Fernandes1 & Cristina Neves Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz Correio eletrónico: 1 [email protected]

Introdução

A delinquência tem vindo a ser alvo de diversos estudos, nos vários domínios da ciência

comportamental, sendo estes maioritariamente internacionais (e.g.:Farrington, & Loeber, 2000). Considerando a

escassez de dados portugueses sistematizados sobre os fatores de risco e proteção nos jovens

delinquentes, surgiu a presente investigação com o objetivo de obter uma melhor compreensão e

conhecimento do comportamento delinquente na adolescência, através da análise do risco de

reincidência de jovens portugueses a cumprir medida tutelar educativa na comunidade.

Os estudos relativos aos fatores de risco indicam que estes podem ser definidos como

características ou variáveis que quando presentes num individuo predizem um aumento da

probabilidade de comportamentos delinquentes (Kazdin, Kessler, Kopfer, & Offord, 1997; Murray, & Farrington, 2010;

Shader, 2000). Deve referir-se que não existem fatores de risco chave para que se garanta que o jovem vai

reincidir, existem sim, determinados fatores de risco que associados entre si podem aumentar ou

diminuir o risco de reincidência, pelo que o uso de instrumentos neste âmbito irá permitir a identificação

desses fatores e consequentemente informar as áreas que devem ser trabalhadas.

Relativamente aos fatores de proteção, as investigações indicam que a presença destes pode

diminuir o risco do comportamento delinquente (e.g.: Farrington, & Loeber, 2000; Wasserman, Keenan & Tremblay, 2003).

Contudo, na avaliação de risco a maioria dos instrumentos tende a negligenciá-los.

Em Portugal, a Lei Tutelar Educativa (LTE, Lei-166/99, de 14 de setembro) regula e certifica a intervenção nos

jovens delinquentes, tendo em conta o interesse do menor e a segurança da sociedade. Aquando a

aplicação de medidas no âmbito da LTE, conhecer a probabilidade de reincidência dos atos delituosos

pode ajudar a determinar qual a medida mais favorável a aplicar ao jovem. Neste sentido, são

elaboradas avaliações que se demonstram fundamentais na prevenção e redução do risco, porque

permitem identificar as áreas e a intervenção adequada ao jovem, contribuindo para prevenção da

reincidência (Andrews, Bonta & Hoge, 1990; Douglas & Lavoie, 2006).

Resumo

A presente investigação pretende caracterizar o fenómeno da delinquência juvenil no contexto português, através da análise do risco de reincidência de jovens a cumprir medidas tutelares educativas em meio livre. A investigação teve por base uma

linha empírica, tendo-se recorrido essencialmente à leitura processual dos dossiers dos jovens com acompanhamento técnico no âmbito de uma medida tutelar educativa na comunidade. No total foram avaliados 90 jovens, 13 do sexo feminino e 77 do

sexo masculino. Além dos dados de caracterização desta população serão ainda apresentados dados relativos a um breve período de follow-up retrospetivo, demonstrando assim, que os jovens que possuem um maior nível de risco e menor nível de

proteção tenderam a demonstrar ocorrências durante o cumprimento da medida.

Palavras-chave: [3236] Delinquência; Fatores de Risco; Fatores de Proteção; Medidas Tutelares Educativas

Abstract

This research aims to characterize the phenomenon of juvenile delinquency in the Portuguese context, through the analysis of multiple risk factors, potentially predictive of recidivism in youth executing juvenile court-ordered measures in the community.

The empirical research was based on information from individual. In total 90 young people have been assessed, 13 female and 77 male. Besides characterization data, data for a short period of follow-up is also presenting, and thus demonstrating that

young people have a higher level of risk and lower protection level, tended to show occurrences while executing juvenile court-ordered measures.

Keywords: [3236] Criminality, Risk Factors, Protective Factors, Juvenile Court-ordered Measures

Método Participantes

Esta investigação analisou jovens de vários concelhos:

acompanhados pela equipa da DGRSP territorialmente competente,

em início de cumprimento de medida tutelar educativa na comunidade e que tinham sido alvo

de avaliação pré-sentencial.

Procedimento

• Leitura dos processos

• Discussão dos processos

• Cotação dos instrumentos

• Revisão dos casos

Nacio

nali

dad

es

Da

do

s

So

cio

dem

og

ráfi

co

s

Resultados

Tipo de

Comportamento

Violento 62 (68.9%)

Não violento 25 (28.7%)

Factos

qualificados

Roubo

27 (30%)

Medidas Tutelares

Educativas

Acompanhamento

Educativo 37 (41.1%)

Condenações

Anteriores

65 (77.2%) Jovens

Sem Condenações

Recolha de dados:

26 de março a agosto de 2013

2 períodos distintos, de recolha de informação

Período de avaliação de risco: informação desde entrada do jovem na equipa até ao início da medida.

Período de follow-up: informação desde o início da medida até à última informação documental. Duração do follow-up em meses:

Min. 1 | Máx. 17 (M =5.43; DP=5.11)

Amostra Total: 90

13 (14,4%)

77 (85,6%)

Idade à data da

sentença

Resultados gerais: Asset e SAPROF

Asse

t

(com direitos reservados à Youth Justice Board, e.g. Baker et al., 2005, traduzido para português para este estudo por Fernandes, & Neves, 2013)

Identifica fatores chave da reincidência

Consistência Interna: Baker et al., 2005: nível aceitável; Presente estudo: Alfa de Cronbach 0.795

SA

PR

OF

(De Vogel, et al., 2011; versão portuguesa para adultos de Neves, & Soeiro, 2012, adaptação para jovens para este estudo por Fernandes & Neves, 2013)

Avalia fatores de proteção para o comportamento violento.

Consistência Interna: presente estudo: Alfa de Cronbach 0.719

Conclusão

Esta investigação permitiu obter uma melhor compreensão do comportamento delinquente de

jovens a cumprir medidas tutelares educativas na comunidade. Tendo por base a análise de múltiplos

fatores de risco e proteção foi possível determinar o seu risco de reincidência, que se baseia na

identificação de características que poderão contribuir para a construção de programas de prevenção

e intervenção nacionais.

O Asset revelou-se um instrumento com potencialidade na predição da reincidência e útil na

recolha de informações quantitativas e qualitativas dos vários domínios da vida do jovem e

relevantes para a identificação das necessidades criminógenas, podendo pois constituir um

importante auxiliar na elaboração de um plano de intervenção individual.

Das limitações do estudo devem ser referidas: o facto de o estudo se ter centrado

maioritariamente na leitura processual, não tendo sido realizadas entrevistas aos jovens que

permitiriam uma recolha mais alargada de informação; o facto de o estudo ser retrospetivo, que

obrigou um reposicionamento no tempo, mais vulnerável a perdas de informação e à artificialidade da

situação, bem como o facto de o período de follow-up ter sido reduzido.

Asset

SAPROF R

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os s

em

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an

tes

Wilson e Hinks (2011): 54.4% (n=5126) nível de risco moderado.

Baker et al. (2005): 40.17% (n=2233) nível médio de risco.

Hawkins et al. (2009): Jovens envolvidos com o sistema de justiça tendem a apresentar mais fatores de risco e menos fatores de proteção.

Situações de incumprimento*:

– não comparência;

– recusa na realização de tarefas;

– não interiorização da medida e continuação das

práticas ilícitas;

– ausência de comunicação com o tribunal;

– fraca adesão e não integração.

*Nem todas as situações tiveram lugar a relatório de revisão de medida e/ou relatório de informação ao tribunal.

Situações de comportamento antissocial e/ou

desviante:

– comportamento delituoso (e.g. prática de novos

factos);

– Consumos;

– agressões;

– Absentismo;

– suspensões/expulsões escolares.

46* (54.1%) (N=85) *9 indiciados em PTE/Penal

Período de follow-up: ocorrências

durante o decorrer da medida

Instrumentos

Referências:

Andrews, D. A., Bonta, J., & Hoge, R. D. (1990). Classification for effective rehabilitation: Rediscovering psychology. Criminal Justice and Behavior, 17, 19-52.

Baker, K., Jones, S, Merrington, S. & Roberts, C. (2005). Further Development of Asset. Youth Justice Board for England and Wales.

Douglas, K.S. & Lavoie, J. (2006). Avaliação e gestão do risco de violência: modelos de utilização e princípios orientadores. In A. C. Fonseca, M. R. Simões, M. C. Taborda-Simões & M.S.

Pinho (Eds.), Psicologia Forense (pp. 203-226). Coimbra: Almedina.

Farrington, D., & Loeber, R. (2000). Epidemiology of juvenile violence. Juvenile violence, 9(4), 733–748.

Hawkins, S. R., Graham, P. W., Williams, J., & Zahn, M. A. (2009). Girls Study Group: Understanding and Responding to Girls’ Delinquency. Office of Juvenile Justice and Delinquency

Prevention, 1–13.

Kazdin, a E., Kraemer, H. C., Kessler, R. C., Kupfer, D. J., & Offord, D. R. (1997). Contributions of risk-fator research to developmental psychopathology. Clinical psychology review, 17(4),

375–406.

Lei n.º 166/99, de 14 de setembro. Lei Tutelar Educativa.

Murray, J., & Farrington, D. P. (2010). Risk Factors for Conduct Disorder and Delinquency: Key Findings From Longitudinal Studies. The Canadian Journal of Psychiatry, 55(10).

Neves, C. & Soeiro, C. (2012).Lançamento da versão portuguesa do SAPROF: um instrumento para avaliar os fatores de proteção. Comunicação apresentada no Simpósio Internacional,

Fatores de risco e de proteção na avaliação e gestão do comportamento criminal. Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, Monte da Caparica.

Shader, M. (2000). Risk Factors for Delinquency : An Overview What Is a Risk Factor ?, 1-11.

Wasserman, G., Keenan, K., & Tremblay, R. (2003). Risk and protective factors of child delinquency. Office of Juvenile Justice and Delinquency Prevention, (NCJ 193409), 1–16

Wilson, E., & Hinks, S. (2011). Assessing the predictive validity of the Asset youth risk assessment tool using the Juvenile Cohort Study. Ministry of Justice Research Series 10/11(pp. 1–68).

Nível Proteção

Baixo

Nível Risco Alto

a(Asset: AUC=.669 (Erro padrão=.062; IC a

95%: .548-.790; SAPROF: AUC de .693

(Erro padrão=.067; IC a 95%: .562-.824)

b(Asset: AUC =.737 (Erro padrão =.054; IC a

95%: .630-.843; SAPROF AUC=.783

(Erro padrão=.054; IC a 95%: .678-.888)

Considerando que a probabilidade de reincidência está associada à presença de fatores de risco, e que a diminuição de risco de

reincidência está associada a um nível de risco baixo, ou a um nível de proteção considerável, era expectável que, os jovens com maior risco

fossem os que mais incumprem e apresentam comportamentos antissociais, tal como demonstra a presente investigação.

Jovens com classificações altas no Asset e baixas no SAPROF tenderam a

apresentar situações de incumprimentoa e/ou comportamentob antissocial/desviante