farmacologia médica segundo módulo · o por causa da alta resistência a antibióticos e do...

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Diogo Araujo Med 92 Farmacologia Médica Segundo Módulo > Antes de começar o bloco da antibioticoterapia < Os antimicrobianos são fármacos que têm a capacidade de inibir o crescimento de microorganismos, indicados, portanto, apenas para o tratamento de infecções microbianas sensíveis. Dois importantes conceitos devem ser lembrados ao se considerar o uso dos antimicrobianos: o Espectro de ação é o percentual de espécies sensíveis (número de espécies/ isolados sensíveis); o Potência ou concentração inibitória mínima (MIC) é a concentração de antimicrobiano necessária para inibir o crescimento bacteriano, de forma que quanto menor o MIC, maior a potência e, quanto maior a potência, maior a dificuldade da bactéria em desenvolver resistência. O fenômeno de tolerância se caracteriza pelo momento em que é necessário ter 32 vezes mais antimicrobiano que a MIC para inibir a bactéria. Estes conceitos devem sempre ser exercitados na prática clínica diária. Quando se conhece a etiologia da doença, deve-se prescrever sempre fármaco de menor espectro e maior potência. o A meningococcemia, por exemplo, é uma infecção muito grave, entretanto, não há necessidade de ampliar o espectro antimicrobiano, mas intensificar sua potência, utilizando a penicilina G cristalina por via parenteral e em doses altas. o Nos casos de sepse grave, sem definição etiológica, por outro lado, deve-se ampliar o espectro, procurando atingir os microorganismos mais prováveis. Os antimicrobianos podem ser classificados de várias maneiras, considerando seu espectro de ação, o tipo de atividade antimicrobiana, o grupo químico ao qual pertencem e o mecanismo de ação. VARIÁVEL CLASSIFICAÇÃO EXEMPLO ESPECTRO DE AÇÃO Antifúngicos Anfotericina B Anaerobicidas Metronidazol Gram-positivos Oxacilina Gram-negativos Aminoglicosídeo Amplo espectro Ceftriaxona ATIVIDADE ANTIBACTERIANA Bactericida Quinolona

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Diogo Araujo – Med 92

Farmacologia Médica

Segundo Módulo

> Antes de começar o bloco da antibioticoterapia <

Os antimicrobianos são fármacos que têm a capacidade de inibir o crescimento de

microorganismos, indicados, portanto, apenas para o tratamento de infecções

microbianas sensíveis.

Dois importantes conceitos devem ser lembrados ao se considerar o uso dos

antimicrobianos:

o Espectro de ação é o percentual de espécies sensíveis (número de espécies/

isolados sensíveis);

o Potência ou concentração inibitória mínima (MIC) é a concentração de

antimicrobiano necessária para inibir o crescimento bacteriano, de forma que

quanto menor o MIC, maior a potência e, quanto maior a potência, maior a

dificuldade da bactéria em desenvolver resistência.

O fenômeno de tolerância se caracteriza pelo momento em que é

necessário ter 32 vezes mais antimicrobiano que a MIC para inibir a

bactéria.

Estes conceitos devem sempre ser exercitados na prática clínica diária. Quando se

conhece a etiologia da doença, deve-se prescrever sempre fármaco de menor

espectro e maior potência.

o A meningococcemia, por exemplo, é uma infecção muito grave, entretanto,

não há necessidade de ampliar o espectro antimicrobiano, mas intensificar sua

potência, utilizando a penicilina G cristalina por via parenteral e em doses

altas.

o Nos casos de sepse grave, sem definição etiológica, por outro lado, deve-se

ampliar o espectro, procurando atingir os microorganismos mais prováveis.

Os antimicrobianos podem ser classificados de várias maneiras, considerando seu

espectro de ação, o tipo de atividade antimicrobiana, o grupo químico ao qual

pertencem e o mecanismo de ação.

VARIÁVEL CLASSIFICAÇÃO EXEMPLO

ESPECTRO DE AÇÃO

Antifúngicos Anfotericina B

Anaerobicidas Metronidazol

Gram-positivos Oxacilina

Gram-negativos Aminoglicosídeo

Amplo espectro Ceftriaxona

ATIVIDADE ANTIBACTERIANA Bactericida Quinolona

Diogo Araujo – Med 92

Bacteriostático Macrolídeo

MECANISMO DE AÇÃO

Síntese da parede celular Beta-lactâmico

Permeabilidade de membrana Anfotericina B

Síntese protéica Aminoglicosídeo

Ácidos nucléicos Quinolona

Antimetabólito Sulfametoxazol-Trimetoprima

A indicação de um antimicrobiano está condicionada ao diagnóstico de uma infecção

cuja etiologia seja sensível aos antimicrobianos.

o Infecções virais, por exemplo, não respondem ao tratamento com

antimicrobianos.

o Febre não é sinônimo de infecção: doenças não-infecciosas como linfoma e

colagenoses podem manifestar febre sem a presença de uma infecção.

Anamnese e exame físico detalhados são usualmente suficientes para o diagnóstico

clínico de um processo infeccioso. A história epidemiológica tem importância

fundamental e muitas vezes define a etiologia.

São portas de entrada e os possíveis agentes patogênicos envolvidos:

FOCO PRIMÁRIO ETIOLOGIA MAIS FREQUENTE

Ouvido e seios da face Pneumococo, Haemophilus, S. aureus, Moraxella

catharralis

Foliculite, celulite, abscesso

muscular S. aureus

Endocardite infecciosa Streptococcus viridans, enterococo

Endocardite em toxicômano S. aureus, S. epidermidis

Trato genital feminino Streptococcus sp. , anaeróbios (Bacterioides),

enterobactérias

Presença de próteses e catéteres

vasculares S. aureus, S. epidermidis

Gangrena gasosa Clostridium sp.

Grande gueimado S. aureus, Pseudomonas sp., E. coli

Vias biliares e trato gastrintestinal Enterobactérias, anaeróbios

Perfuração de alça intestinal Enterobactérias, Pseudomonas sp., anaeróbios

Trato urinário E. coli, enterobactérias

Necrose e úlceras em diabéticos Anaeróbios, S. aureus, Streptococcus sp.,

enterobactérias

Neutropênico febril S. aureus, S. epidermidis, enterobactérias, Pseudomonas

sp.

O que diabos é a Pseudomonas aeruginosa?

Diogo Araujo – Med 92

o Pseudomonas aeruginosa é uma bactéria gram-negativa extremamente

versátil, que pode ser encontrada em diversos ambientes, principalmente solo

e água, ou ainda associada a plantas e animais, onde pode causar infecções

oportunistas.

o Em seres humanos, P. aeruginosa causa infecções em indivíduos

imunocomprometidos, como pacientes de AIDS e câncer, vítimas de

queimaduras, e portadores de fibrose cística. Neste caso, P.

aeruginosa coloniza os pulmões.

o P. aeruginosa também é comumente encontrada em infecções hospitalares,

sendo capaz de se aderir a diversos materiais, contaminando catéteres,

ventiladores, próteses e lentes de contato.

o Por causa da alta resistência a antibióticos e do grande arsenal de fatores de

virulência desta bactéria, as infecções causadas por ela são de difícil controle.

Quem são as benditas bactérias anaeróbias?!

o Quando se fala em “bactérias anaeróbias”, faz-se referência àquelas bactérias

que são anaeróbias obrigatórias, aerotolerantes ou anaeróbias facultativas.

o Elas fazem parte da microbiota normal da pele e de mucosas.

o Podem causar infecções endógenas. Podem também fazer parte de infecções

com outras bactérias.

o Costumam ser sensíveis a um conjunto particular de antibióticos e, por isso,

são agrupadas sob um mesmo guarda-chuva (destacando-se da clássica divisão

de bactérias gram-positivas ou gram-negativas).

o São exemplos:

Clostridium tetani (tétano)

Clostridium difficile (pseudocolite membranosa)

Actinomyces (actinomicose)

Bacteroides fragilis (peritonite)

o Geralmente, essas bactérias costumam ser sensíveis a metronidazol e

clindamicina, entre outros fármacos (sensibilidade individual).

O que são bactérias atípicas?!

o Quando se fala em pneumonias comunitárias, existem bactérias causadoras

mais comuns (como Streptococcus pneumoniae) e mais raras (como

Mycoplasma e Chlamydia pneumoniae).

o Como elas são mais raras em questão de incidência, são denominadas atípicas.

o As bactérias “típicas” geralmente são gram-positivas. Já as atípicas não

costumam ter parede celular. Por isso, respondem a tratamentos

farmacológicos diferentes.

o Assim, muitas vezes se ouve falar em tratar a pneumonia para germes gram-

positivos (típicos) e atípicos.

Diogo Araujo – Med 92

O efeito pós-antibiótico é aquele observado quando, mesmo após as concentrações

do medicamento estarem abaixo da MIP, as bactérias ainda sofrem dificuldades de

crescimento.

O efeito antibacteriano é classificado em (decorar!!!):

o Grupo I: são aqueles antibióticos cujo efeito depende da concentração de

fármaco atingida (pico máximo) e que contam com efeito pós-antibiótico. Ex:

aminoglicosídeos.

o Grupo II: são fármacos cujo efeito depende do tempo em que as

concentrações de fármaco ficaram acima da MIC e que não apresentam efeito

pós-antibiótico (ou seja, enquanto a concentração estiver acima da MIC, o

fármaco funciona). Ex: betalactâmicos.

o Grupo III: são fármacos cujo efeito depende do tempo em que as

concentrações ficam acima da MIC e que contam com efeito pós-antibiótico.

Ex: tetraciclinas.

Como escolher um antibiótico para um paciente com doença grave em ambiente

hospitalar?

o Usar como primeira opção o fármaco mais adequado;

o Usar precocemente fármacos de amplo espectro (isso no caso do paciente

grave; se o quadro não fosse grave, seria um fármaco com um espectro menor

e com grande potência pro agente patogênico);

o Otimizar a dose e a via de administração;

o Fundamentar a escolha em padrões de sensibilidade locais (a qual antibiótico

esse patógeno é sensível?);

o Adequar e suspender oportunamente o tratamento utilizando os resultados

dos exames microbiológicos;

o Administrar os antimicrobianos pelo tempo adequado.

Pra conseguir entender o que são os antibióticos, é melhor agrupá-los segundo o

mecanismo de ação:

Antibióticos

Parede celular

Membrana celular

Síntese proteica

Ácido nucleico

Antimetabólito

Diogo Araujo – Med 92

[perdi a aula de antibióticos betalactâmicos]

Resumo sobre betalactâmicos:

o Eles possuem um anel betalactâmico em sua estrutura química.

o Atuam inibindo a enzima transpeptidase, que realiza a transpeptidação

(formação de pontes entre os peptidoglicanos da parede celular).

o Costumam ser bactericidas.

o Como atuam em parede bacteriana (que não está presente na célula humana),

possuem poucos efeitos adversos.

o Em geral, eles atuam mais contra micro-organismos gram-positivos. Mas as

exceções são frequentes.

o PENICILINAS

Podem ser divididas em:

Penicilinas naturais: pegam gram +, cocos gram – e anaeróbios

que não produzem betalactamase. Ex: penicilina G

(benzilpenicilina).

Penicilinas resistentes contra betalactamase de estafilococos:

pegam estafilococos e estreptococos. Ex: meticilina, oxacilina

e cloxacilina.

Penicilinas de espectro ampliado: pegam todos os

microorganismos que as penicilinas e possuem uma atividade

maior contra gram -. São susceptíveis à hidrólise pela

Parede celular

Betalactâmicos

Penicilinas

Cefalosporinas

Monobactâmicos

Inib. da betalactamase

Carbapenêmicos

Glicopeptídeos

Bacitracina

Diogo Araujo – Med 92

betalactamase. Ex: amoxicilina, ampicilina, piperacilina,

tigeciclina.

o CEFALOSPORINAS

São divididas em 4 grandes gerações de acordo com o espectro de

ação.

Primeira geração: pegam cocos gram + (pneumococos,

estreptococos e estafilococos). Ex: cefazolina, cefalotina,

cefalexina.

Segunda geração: são ativas contra os da geração anterior e

possuem espectro aumentado para gram -. Ex: cefuroxima.

Terceira geração: são ativas contra os da segunda geração e

contra mais organismos gram -. Alguns atravessam a barreira

hematoencefálica. Ex: ceftriaxona, cefotaxima, ceftazidima.

o Observação: a ceftazidima pega P. aeruginosa.

Quarta geração: espectro mais ampliado ainda, inclusive

contra a P. aeruginosa. Ex: cefepime.

o MONOBACTÂMICOS

Só atuam contra bastonetes gram -.

São resistentes contra as betalactamases.

Ex: aztreonam (único da classe).

o INIBIDORES DA BETALACTAMASE

São betalactâmicos com ação antibacteriana muito fraca.

São potentes inibidores da betalactamase e, por isso, são

administrados juntamente com penicilinas susceptíveis à enzima

(especialmente as penicilinas de espectro ampliado).

Combinações entre penicilina de espectro ampliado + inibidor da

betalactamase:

Amoxicilina + clavulanato

Ampicilina + sulbactam

Piperacilina + tazobactam

o CARBAPENÊMICOS

São talvez os betalactâmicos mais potentes.

O espectro é extremamente amplo.

São reservados a infecções mais graves. Não são usados como

primeira escolha em tratamentos empíricos.

Ex: carbapenem, meropenem, imipenem, ertapenem.

Observação: o imipenem é degradado por desidropeptidases nos

túbulos renais e, por isso, não alcança boas concentrações na urina;

então, é administrado em associação com a cilastatina, fármaco que

inibe as desidropeptidases.

Resumo sobre os outros fármacos de parede celular:

Diogo Araujo – Med 92

o GLICOPEPTÍDEOS

O mecanismo de ação é múltiplo. Eles inibem a formação do

peptidoglicano, alteram a permeabilidade da membrana plasmática e

atuam sobre a síntese de RNA citoplasmático.

Existem alguns enterococos e estafilococos resistentes à vancomicina.

É uma alternativa para tratamento de infecções causadas por gram +

em pacientes alérgicos à penicilina e em infecções por estafilococos

resistentes à oxacilina (MRSA).

Vancomicina

Ativa somente contra bactérias gram +.

Atua contra microorganismos produtores de betalactamase,

sem sofrer prejuízos.

É dada por via IV.

Teicoplanina

Muito semelhante à vancomicina em espectro de ação.

Pode ser dado por via IV ou IM.

o BACITRACINA

Só atua contra bactérias gram +.

É altamente nefrotóxica e, por isso, o seu uso só é tópico!

Parede celular

Betalactâmicos

Glicopeptídeos

Vancomicina

Teicoplanina

Bacitracina

Diogo Araujo – Med 92

Aminoglicosídeos e tetraciclina

Prof. Gustavo

AMINOGLICOSÍDEOS

Ligam-se à fração 30s do ribossomo das bactérias. Assim:

o Bloqueiam o início da tradução;

o Bloqueiam a continuação da tradução;

o Incorporam aminoácidos incorretos nas proteínas.

O efeito desses fármacos pertence ao grupo I: o efeito depende do pico de

concentração do fármaco, apresentando ação pós-antibiótica.

O espectro de ação inclui:

o Bacilos gram-negativos aeróbios (todos os aminoglicosídeos);

o Mycobacterium tuberculosis (especialmente a estreptomicina);

o Leishmania spp. (especialmente a aminosidina).

São aminoglicosídeos úteis na clínica:

o Estreptomicina

o Gentamicina

o Tobramicina

o Amicacina

o Neomicina (é de uso tópico)

o Paromomicina/aminosidina

o Netilmicina

o Canamicina

A resistência aos aminoglicosídeos é mais difícil porque, para isso, necessita que haja

formação de várias vias metabólicas para destruí-la.

A resistência aos aminoglicosídeos se dá por:

o Inativação enzimática do fármaco

o Mutação do alvo (ou seja, alteração dos sítios de ligação do fármaco ao

ribossomo)

o Alteração da permeabilidade

São fármacos que não são absorvidos por via oral.

o Isso pode ser uma desvantagem.

o Mas pode ser benéfico quando se deseja fazer a esterilização do tubo

digestório sem que o antibiótico seja absorvido. Ex: uso de neomicina no

paciente hepatopata crônico a fim de eliminar a microbiota intestinal e reduzir

as chances de encefalopatia hepática (ao reduzir a formação de amônia pela

microbiota).

o Não penetram adequadamente a barreira hematoencefálica (só em recém-

nascidos).

Diogo Araujo – Med 92

o Escassa ligação às proteínas plasmáticas.

o Distribuição heterogênea no líquido intersticial.

o Excretados por filtração glomerular.

o Concentram-se no córtex renal (isso causa toxicidade renal elevada para esses

medicamentos).

O uso parenteral pode ser IV ou IM. O IV é preferível. Mas tem que tomar cuidado com

o pico do fármaco, uma vez que esse fármaco é ototóxico e nefrotóxico.

É necessário fazer ajuste de dose para pacientes com insuficiência renal, utilizando o

clearance de creatinina. Contudo, isso só vale para estados estáveis de funcionamento

renal, o que nem sempre acontece.

O ideal seria fazer o monitoramento de concentrações séricas do fármaco.

Deve-se ter cuidado especial com pacientes submetidos à hemodiálise.

Como toxicidade, observam-se:

o Ototoxicidade (principalmente a estreptomicina)

Causando surdez

Distúrbios vestibulares

o Gravidez

Surdez no neonato

o Nefrotoxicidade comum a todos os membros da classe (em todos os

aminoglicosídeos, menos a estreptomicina, que é mais ototóxica)

Causa necrose tubular aguda

Insuficiência renal aguda não-oligúrica

o Bloqueio neuromuscular (raro)

A estreptomicina é de aplicação IM e IV em infusão (para evitar a ototoxicidade ao

reduzir o pico do fármaco).

Para tratamento de TB, há resistência frequente quando usada como monoterapia.

o A amicacina e a canamicina também apresentam efeito contra o M.

tuberculosis, mas em uma dimensão muito menor.

A resistência não é cruzada com os outros membros da classe.

A endocardite bacteriana pode ser tratada com estreptomicina em associação com

outros fármacos.

A gentamicina forma combinações sinérgicas quando administradas com outros

fármacos.

o Uma condição em que se necessita essa sinergia é a endocardite bacteriana.

Ela mais frequentemente é causada pelo Streptococcus viridans.

Quando se usa penicilina + gentamicina ou ceftriaxona + gentamicina,

o tempo de tratamento é de 2 semanas. Se não usássemos a

gentamicina, esse tempo seria de 4 semanas.

o Quando a endocardite é causada por Staphylococcus sensível à oxacilina.

Geralmente, associa-se a gentamicina nos 3 a 5 dias iniciais de

tratamento para que se reduza a bacteremia.

Diogo Araujo – Med 92

o Quando for por Enterococcus:

Geralmente, associa-se ampicilina ou penicilina + gentamicina por 4 a

6 semanas. Aqui, o uso da gentamicina é obrigatório!

A amicacina nunca é usada como agente de primeira linha em infecções hospitalares

graves por bacilos gram-negativos resistentes a outros fármacos.

Ela atua contra a Pseudomonas aeruginosa.

A neomicina é de uso tópico, com baixa incidência de efeitos adversos.

A tobramicina é pouco usada.

TETRACICLINAS

Faz ligação à fração 30 s do ribossomo, bloqueando o acesso do tRNA ao seu local de

ligação e, consequentemente, a síntese proteica.

É bacteriostática.

Pertencem ao grupo III.

O espectro é amplo contra bactérias gram positivas, bacilos gram-negativos aeróbios e

anaeróbios.

São tetraciclinas úteis na clínica:

o Tetraciclina

o Doxiciclina

o Minociclina

A clortetraciclina e a oxitetraciclina são usadas na oftalmologia.

A resistência às tetraciclinas pode ser por:

o Efluxo

o Redução da permeabilidade

o Inativação enzimática

o Acesso reduzido ao ribossomo

Nesse caso, a resistência é contra a classe (se resistente a um, é resistente a todos).

São absorvidas pela via oral de forma incompleta.

Há bloqueio da absorção por cátions polivalentes.

A tetraciclina é menos absorvida que doxiciclina e minociclina.

Alimentação não interfere com a absorção de doxiciclina.

Tem volume de distribuição elevado.

O metabolismo é hepático.

A excreção é renal, exceto para a doxiciclina.

A toxicidade:

o Gastrointestinal (como pseudocolite membranosa).

o Concentra-se em ossos e dentes, sendo contraindicado em crianças.

o Não mata todos os patógenos do TGI, podendo levar a superinfecções.

o Pode causar insuficiência hepática grave, especialmente em mulheres

grávidas. Pode, inclusive, gerar síndrome de Fanconi nessas mulheres.

Diogo Araujo – Med 92

o São fármacos fotossensíveis, causando hiperpigmentação cutânea. Os

pacientes devem evitar exposição ao sol.

o Pode causar pseudotumor cerebral, em que há uma elevação da pressão

intracraniana (como se ela tivesse um tumor cerebral).

São indicações mais comuns:

o DSTs

Uretrite não-gonocóccica (ou seja, por Chlamydia trachomatis)

Linfogranuloma venéreo

Doença inflamatória pélvica

Granuloma inguinal

Sífilis

o Tracoma

É uma doença causada pela Chlamydia trachomatis.

Pode causar cegueira.

Forma uma conjuntivite nodular.

Geralmente, o tratamento do tracoma é feito com medidas simples de

higiene, além de macrolídeos.

o Riquetsioses

As tetraciclinas são parte das combinações de tratamento.

o Doença de Lyme

o Cólera

o Acne

o Brucelose

Associado com rifampicina

o Profilaxia de leptospirose

o Micobactérias atípicas

Especialmente aquelas associadas a aparelhos cirúrgicos.

São contraindicadas na gravidez e em crianças menores de 8 anos.

Macrolídeos e quinolonas

Prof. Elza

MACROLÍDEOS

Diogo Araujo – Med 92

A eritromicina foi o primeiro macrolídeo que surgiu. Ela é o protótipo da classe,

derivada do Streptomyces erythreus.

Sinteticamente, foram elaborados outros fármacos pertencentes à classe:

o Claritromicina

o Azitromicina

o Telitromicina: um dos últimos a surgir. Não é muito utilizada.

São lactonas macrocíclicas com vários amino-açúcares.

Elas atuam pela inibição da síntese proteica.

o Ela se une reversivelmente à subunidade 50s do ribossomo;

o Inibem as reações de transpeptidação e translocação;

o Assim, são formados produtos incompletos.

De maneira geral, esses fármacos são bacteriostáticos do que bactericidas.

Nessa classe, existe um efeito pós-antibiótico importante. Ou seja, mesmo quando a

concentração no sangue cai abaixo da MIP, há ainda um efeito antibiótico importante,

principalmente considerando os novos macrolídeos.

Mais recentemente, descobriu-se que essas substâncias também possuem um efeito

anti-inflamatório e imunomodulador.

o Pacientes com fibrose cística (mucovicidose) têm propensão a fazer infecção

por Pseudomonas aeruginosa.

o Observou-se que esses pacientes, quando utilizavam macrolídeos, tinham

menor necessidade de uso de corticoide. A partir daí, começaram a desconfiar

de que esses fármacos possuíam efeito anti-inflamatório e imunomodulador.

o Contudo, ainda não é permitido que esses fármacos sejam utilizados com esse

fim.

São mecanismos de resistência aos macrolídeos:

o Alteração do alvo

Alteração da fração 50S dos ribossomos a partir da metilases de RNAr.

Pode haver resistência cruzada com lincosaminas e estreptograminas

(também chamada de resistência LMS).

o Efluxo de antibiótico

Essa propriedade é codificada pelo gene mefA.

Não tem resistência cruzada por esse mecanismo.

Mutação

o A resistência a antimicrobianos é passada entre as bactérias a partir de três

mecanismos. São eles:

Transformação: a bactéria sofre mutação e consegue transmitir esse

material genético mutado para as suas bactérias-filhas.

Conjugação: passagem para outra bactéria de material genético (que

confere resistência ao antibiótico) extracromossomial através de pili

sexual. Essa é a forma mais comum.

Transdução: os bacteriófagos transferem entre as células o material

genético que confere resistência contra o antibiótico.

Diogo Araujo – Med 92

Eritromicina

o Hoje, o seu uso está muito restrito.

o Possui baixa biodisponibilidade.

o É inativada em meio ácido, requerendo revestimento entérico.

o Dá efeitos adversos gastrointestinais.

o A meia vida é curta.

o Possui atividade pobre contra Haemophilus influenzae.

o Atualmente, ela é usada para:

Cocos gram-positivos

Streptococcus pneumoniae

Streptococcus pyogenes

Mycoplasma pneumoniae

Chlamydia trachomatis e pneumoniae

Bordetella

Novos macrolídeos

o Eles possuem um espectro ampliado.

Atuam contra H. influenzae

N. gonorrhoeae

H. pylori

Moraxella catarrhalis

Mycoplasma hominis

Legionella

Ureaplasma

MAC

o A telitromicina mata pneumococos com resistência LMS

o Dose única ou duas vezes por dia

o Redução dos efeitos gastrointestinais

De maneira geral, todos esses fármacos são absorvidos rapidamente pela via oral.

O metabolismo é hepático predominantemente e a excreção é variável (não só por via

renal).

A eritromicina tem sua absorção alterada com o uso concomitante de alimentos e a

administração de antiácidos.

A eritromicina e a claritromicina são metabolizadas pela CYP450. Isso não acontece

com a azitromicina (essa é uma das grandes vantagens desse medicamento).

Outra vantagem da azitromicina é o fato de ter ação intracelular e baixa ligação

proteica.

A eritromicina e a claritro precisam ser corrigidas em pacientes com insuficiência

hepática.

Esses fármacos alcançam todos os líquidos corporais, exceto o cérebro e o LCR.

Possuem um grande alcance em:

Diogo Araujo – Med 92

o Pulmão

o Secreções brônquicas

o Pele

o Próstata

o Ouvido médio

o Seios da face

o Trato genital

Todos eles são capazes de causar náusea, diarreia e dor abdominal. Contudo, a

eritromicina é a que mais causa esses efeitos.

A claritromicina tem interação com os inibidores de protease.

De maneira prática, esses fármacos são usados em:

o Pneumonia comunitária, otite média e sinusite: eritro, clarito e azitro

o Bronquite crônica agudizada: claritro e azitro

o MAC (profilaxia e tratamento): claritro e azitro

o Mycobacterium leprae: claritro (mas não é utilizada)

o Chlamydia trachomatis: eritro e azitro

o Linfogranuloma venéreo: eritro

o Cancro mole: eritro e azitro

o Gonorreia: azitro

o Donovanose: eritro e azitro

o H. pylori: claritro

o Tracoma: eritro e azitro

o Difteria: eritro

o Coqueluche: eritro

QUINOLONAS

Todas as quinolonas são sintetizadas. Surgiram a partir do ácido nalidíxico, que já não

é mais utilizado.

Na sua estrutura química, o átomo de flúor está presente. Ele melhora muito as

propriedades das quinolonas (ou fluoroquinolonas).

As quinolonas podem ser divididas em até 4 gerações (mas isso não deve ser utilizado):

o 1ª geração: norfloxacino e ofloxacino.

o 2ª geração: ciprofloxacino

o 3ª geração: levofloxacino

o 4ª geração: mais recentes.

O mecanismo de ação se baseia na inibição das topoisomerases (que garantem a

estabilidade do material genético do microorganismo), como a DNA girase e a

topoisomerase IV.

Atuam também sobre a topoisomerase II humana e, por isso, causam efeitos adversos.

Possuem efeito pós-antibiótico e são dose-dependentes.

A resistência é de classe (uma vez resistente a uma, resistente a todas).

Os mecanismos de resistência são:

Diogo Araujo – Med 92

o Mutações cromossômicas do gene que codifica a subunidade A da DNA girase;

o Mutações cromossômicas que modificam os mecanismos de entrada e efluxo

dos fármacos.

Espectro de ação:

o Norfloxacina: atua contra enterobactérias e N. gonorrhoeae.

o Ciprofloxacina:

Enterobacterias (como a Salmonella thyphi)

N. gonorrhoeae

P. aeruginosa

Haemophilus influenzae

Pobre ação contra S. pneumoniae

Discreta ação contra S. aureus

o Ofloxacina:

Enterobactérias

Clamídeas, micoplasmas, ureaplasmas e legionelas

M. leprae

M. tuberculosis

Enterobacterias (como a Salmonella thyphi)

N. gonorrhoeae

Haemophilus influenzae

o Levofloxacina:

Enterobactérias

N. gonorrhoeae

H. influenzae

Clamídeas, micoplasmas, ureaplasmas e legionelas

S. pneumoniae

o Esparfloxacina, trovafloxacina, gatifloxacina, moxifloxacina (são usadas mais

para os agentes resistentes)

Streptococcus pneumoniae

Neisseria gonorrhoeae

Haemophilus influenzae

Clamídeas, micoplasmas, ureaplasmas e legionelas

Bacteroides fragilis (ou seja, atua sobre anaeróbios)

Norfloxacina

o Boa absorção oral.

o Boa concentração urinária. Então, serve para tratar infecções urinárias.

Os novos fármacos

o Podem ser dados VO ou IV (exceto a esparfloxacina que se administra

exclusivamente por VO).

o Possuem boa absorção e biodisponibilidade. Então, pode ser dado IV, IM ou

VO.

o Não penetram bem a barreira hematoencefálica.

o As mais novas têm melhores concentrações nas secreções brônquicas.

Diogo Araujo – Med 92

o Penetram bem na próstata, nos ossos e nos macrófagos.

Posologia

o 2x/dia

Norfloxa, cipro, ofloxa.

o 1x/dia

Outras

As quinolonas em geral fazem alargamento do intervalo QTc.

A trovafloxacina dá insuficiência hepática.

Toxicidade

o Gastrointestinal

o Neurológica: potencializa o risco de convulsões

o Cardiovascular: QTc

o Cutânea

o Osteotendinosa: ruptura espontânea do tendão de Aquiles

o Alterações de glicemia (hipo ou hiperglicemia)

Antiácidos interferem com a absorção das quinolonas.

Interagem com teofilina e ciclosporina também.

Tratamento de micoses sistêmicas/profundas

Prof. Gustavo

Logo após o nascimento, as crianças já são colonizadas naturalmente por fungos.

Os fungos fazem parte da microbiota normal do homem.

Em alguns animais, os fungos fazem parte da sua microbiota também. Contudo, em

muitos casos, não causam doenças nesses animais, fazendo-os apenas de reservatório.

A reprodução dos fungos se dá de maneira lenta. Isso faz com que o tratamento

geralmente seja prolongado, uma vez que a taxa de multiplicação é baixa e a

susceptibilidade aos medicamentos, menor.

O termo “micoses endêmicas” se refere às doenças causadas pelos fungos:

o Paracoccidioidomicose

o Histoplasmose

o Blastomicose

Diogo Araujo – Med 92

o Coccidioidomicose

o Criptococose (Cryptococcus neoformans var. gatti)

Exceto pela criptococose, que acomete o mundo inteiro, as demais micoses profundas

se apresentam em apenas algumas regiões do globo.

Já o termo “micoses oportunistas” se refere às doenças causadas pelos fungos:

o Candida

o Aspergillus

o Scedosporium spp.

o Fusarium spp.

o Zigomicose (ou mucomicose)

Candida e Aspergillus são os mais comuns. Eles fazem parte da microbiota normal.

o O Aspergillus também pode ser encontrado no ambiente (como em aparelhos

de ar condicionado, por exemplo).

Os pacientes imunossuprimidos e que sofrem maior vulnerabilidade para infecções

fúngicas sistêmicas são:

o Imunossupressão intensa

Neoplasias hematológicas

Transplante de medula óssea

Transplante de órgãos sólidos

o Intervenções agressivas em pacientes sob cuidado crítico

Antimicrobianos de amplo espectro (que reduz a microbiota normal e

possibilita maior crescimento fúngico).

Ruptura de barreiras naturais. Ex: cirurgia gastrintestinal recente;

cateteres venosos centrais (especialmente com relação à Candida).

Pacientes que recebe hiperalimentação parenteral (as bactérias não

conseguem crescer nesse meio, mas os fungos, sim).

O antifúngico ideal seria aquele que tivesse:

o Amplo espectro que incluiria leveduras e fungos;

o Ausência de resistência cruzada;

o Ação rápida;

o Baixa probabilidade de adquirir resistência;

o Meia-vida longa;

o Ampla distribuição;

o Sem interações entre fármacos;

o Baixa toxicidade;

o Sem necessidade de dosagem plasmática;

o Preço baixo;

o Boa absorção oral.

Contudo, os antifúngicos que existem hoje em dia estão muito longe dessa realidade.

o O voriconazol, por exemplo, possui alucinações como efeito adverso.

São fatores relacionados ao prognóstico do paciente:

Diogo Araujo – Med 92

o A doença de base;

o Diagnóstico precoce;

o Tratamento oportuno;

o Escolha adequada do antifúngico.

São os grupos farmacológicos dos antifúngicos:

o Antibióticos poliênicos: se liga à membrana celular e provoca a morte da célula

por possibilitar a passagem de íons entre os meios.

Anfotericina B

Nistatina

o Nucleosídios pirimidínicos: eles se convertem em 5-fluoruracil dentro do fungo

e são incorporados ao DNA. Durante a replicação, esse nucleosídeo “errado”

impede a continuidade do processo.

Fluocitosina

o Azóis: eles inibem a enzima 14-alfa-desmetilase, enzima que participa na

formação do ergosterol na membrana fúngica. Sem ergosterol, há

desequilíbrio na composição lipídica da membrana, induzindo o fundo à

morte.

Miconazol

Voriconazol

Fluconazol

o Equinocandinas: inibem a (1,3)-beta-D-glucano sintetase, a qual está envolvida

na formação da parede celular fúngica.

Caspofungina

Micafungina

Lipopeptídeos

Observação aleatória: a coloração das leveduras de criptotoco pode ser feita com tinta

nanquim.

Antifúngicos

Poliênicos

Nucleosídeos pirimidínicos

Azóis

Equinocandinas

Diogo Araujo – Med 92

A anfotericina B é um antibiótico poliênico.

Ela atua sobre o ergosterol na membrana, aumentando a permeabilidade a íons e

fazendo lesão oxidativa do fungo.

Está presente na forma de pó liofilizado. Contudo, é pouco solúvel nessa forma. Por

isso, é encontrada também associada ao desoxicolato (um sal biliar) para aumentar a

sua solubilidade.

Possui espectro contra:

o Candida

o Cryptococcus

o Histoplasma

o Coccidioides

o Paracoccidioides

o Sporothrix

o Fusarium

o Blastomyces

o Aspergillus

o Penicillium

o Mucor

o Rhizopus

A Candida lusitaniae é resistente à anfotericina B.

A absorção oral é inferior a 5%.

Por isso, é dada por via IV.

A meia vida de eliminação é de 15 dias. As doses desse fármaco são acumulativas.

Possui alta taxa de ligação a proteínas plasmáticas, acima de 90%.

O metabolismo é desconhecido.

Concentra-se no baço, fígado, rins e pulmão.

Pequena fração do fármaco consegue alcançar o SNC. Contudo, ela já é suficiente para

tratar meningites fúngicas.

Não se altera na insuficiência renal ou hepática.

Não é removida pela hemodiálise.

Nas primeiras doses da anfotericina, há reação aguda com febre, calafrios, contraturas

musculares, náuseas e vômitos. Isso se dá em virtude da liberação de prostaglandinas.

Por isso, é comum que se utilize um AINE antes da administração da anfotericina.

o Paracetamol, ibuprofeno

o Hidrocortisona

o Meperidina (em casos mais graves)

Ela deve ser diluída em soro glicosado (pelo seu pH) até a concentração de 0,1mg/mL.

A infusão é lenta e em 4 horas.

Pode ser prescrito na gravidez (whaaaaaaat?!).

Quando a dose acumulada de anfotericina B aumenta, o potássio pode cair e a função

renal, diminuir.

A toxicidade do medicamento inclui:

o Toxicidade renal

Diogo Araujo – Med 92

Perda de K e Mg

Lesão tubular

Insuficiência renal

Vasoconstricção

o Anemia (pode ser tratada idealmente com eritropoetina; alguns pacientes

precisam de transfusão)

o Toxicidade cardíaca (pode acontecer por lesão direta; ou por hipocalemia e

arritmia cardíaca)

Para prevenir a toxicidade:

o Hidratação adequada

o Reposição de K e Mg

o Aplicação em dias alternados

o Aplicação em infusão contínua (ainda não se sabe se é efetiva)

o Eritropoetina

o Transfusão sanguínea

A toxicidade da anfotericina pode ser reduzida ao colocar o fármaco dentro de um

lipossomo, que é uma formulação lipídica. Assim, há maior proteção das membranas

celulares do homem. O macrófago internaliza o lipossomo com o fármaco e, dentro

dele, o fármaco é liberado, matando os fungos dentro do macrófago.

o Mas nem todos os fungos estão dentro dos macrófagos. Portanto, essa

formulação nem sempre funciona para todas as micoses profundas.

São critérios para suspender o tratamento com a anfotericina:

o Não haver mais crescimento fúngico em cultura;

o Ao menos 800mg de dose acumulada do antifúngico (ou 2 semanas de

tratamento);

A nistatina é um tetraeno. O seu mecanismo de ação é muito semelhante ao da

anfotericina. Possui espectro contra a Candida em infecções de mucosa ou sistêmica.

A flucitosina possui espectro contra

o Cryptococcus

o Candida

o Agentes da cromomicose

Geralmente (exceto na cromomicose), é usada em combinação com outros fármacos,

como a anfotericina B para criptococose.

Ela é um análogo pirimidínico.

É dado pela via oral. Tem biodisponibilidade satisfatória e baixa ligação a proteínas

plasmáticas. A meia vida é curta, com intervalo de dose menor.

Possui grande penetração pela barreira hematoencefálica.

Causa leucopenia, anemia e trombocitopenia.

Diogo Araujo – Med 92

Os azois são administrados por via oral.

Apresentam baixa toxicidade.

Inibem a 14-alfa-desmetilase.

São inibidores do citocromo P450.

A resistência a esses fármacos se dá por diminuição da contração intracelular ou

alteração da enzima alvo.

Espectro contra:

o Candida

o Cryptococcus

o Histoplasma

o Paracoccidioides

o Coccidioides

o Sporotrichum

o Blastomyces

o dermatófitos

Após ter sido suspendida a administração de anfotericina B na criptococose, pode-se

continuar a terapia com fluconazol (que tem alta concentração liquórica).

O cetoconazol não pode ser usado na gravidez.

A sua absorção é interferida com alimentos. A absorção depende de ácido.

O itraconazol aumenta a sua absorção com alimentos. A absorção depende de ácido.

O fluconazol pode ser dado VO ou IV. É usado somente na criptococose e na

candidíase. Ele pode dar toxicidade neurológica, com cefaleia e convulsões.

Isoniazida, fenitoína e rifampicina são fármacos indutores da CYP 450 e que podem

reduzir a concentração de cetoconazol e itraconazol.

Voriconazol é ativo contra Candida e Aspergillus. Atua + ou – contra Scedosporium e

Fusarium. Pode causar distúrbios visuais e alucinações.

Observação aleatória 2: as sulfas parecem ter ação contra os fungos.

o Para paracoccidioidomicose, usam-se itraconazol, anfotericina B ou

sufametoxazol-trimetoprim.

As equinocandinas se ligam ao sistema enzimático que forma os glucanos da parede

fúngica.

A caspofungina é ativa contra Candida e Aspergillus.

Possui uso IV.

Pode causar:

o Cefaleia

o Febre

o Lesão hepática

o Flebite

o Liberação de histamina (com possibilidade de choque)

Diogo Araujo – Med 92

o Hemólise

o Rash

Observação aleatória 3: o sinal do halo na tomografia de tórax é muito sugestivo de

infecção fúngica. Trata-se de um halo de vidro fosco circundando nódulos de fungo.

O sinal do halo invertido está muito relacionado à mucomicose (ou zigomicose).

São marcadores inespecíficos para infecção fúngica invasiva:

o Beta-glucana (falso negativo se houver uso de beta-lactâmicos)

o Manana: pesquisa de Candida.

o D-arabinitol: marcador de Candida.

o Galactomanana: identificador de Aspergillus.

Diogo Araujo – Med 92

Na abordagem terapêutica das micoses profundas, pode-se fazer:

o Profilaxia

o Tratamento empírico (quando o paciente evolui pior em uma condição e o

antifúngico é usado de maneira empírica)

o Tratamento preemptive (quando há uma forte suspeita de infecção por um

dado fungo sem haver confirmação do diagnóstico)

o Tratamento dirigido

Tratamento da DRGE e da úlcera péptica

Profa. Cíntia

Fármacos procinéticos são aqueles que aceleram o esvaziamento gástrico e que,

portanto, reduzem o refluxo. Não são usados em todos os casos.

São eles:

o Metoclopramida:

Antagonista do receptor D2 de dopamina.

Atua na zona quimiorreceptora de gatilho do vômito, que se localiza

no bulbo (SNC).

Contra indicado em epilépticos.

Os efeitos adversos são, em sua maioria, sintomas extrapiramidais

(ansiedade, nervosismo, distonia).

Ampolas ou comprimidos de 10mg.

Geralmente, é usada de 8/8h ou SOS.

O Digeplus consiste em uma associação de metoclopramida e enzimas

digestivas. Só pode ser dado por via oral.

o Difenidramina:

É o Dramin B6.

É antagonista dos receptores H1 (ação central).

É depressor da ação labiríntica (por isso, pode ser usado para controle

da êmese nas labirintites também).

É um dos poucos anti-eméticos usados nas grávidas.

Tem efeito anticolinérgico e, por isso, causa sonolência, tontura,

xerostomia e turvação visual.

o Domperidona:

É o Motilium ou Peridal.

Diogo Araujo – Med 92

É muito utilizado.

O mecanismo de ação é o mesmo da metoclopramida (antagonista de

receptores D2 de dopamina).

Contudo, não atravessa a barreira hematoencefálica e, por isso, não

dá distonia como a metoclopramida.

A questão é que a domperidona é um pouco mais cara que a

metoclopramida. No entanto, oferece menos risco de efeitos

adversos.

o Ondansetrona:

Antagonista do receptor 5HT3 de serotonina.

É o Zofran ou Vonau.

É efetivo na êmese causada por quimioterapia.

Atua tanto no SNC quanto no TGI.

Tem sido usado em gestantes com sucesso sem teratogenia.

Os efeitos adversos são raros.

o Cisaprida (não é mais comercializado):

É agonista do receptor 5HT4 de serotonina.

Aumenta acetilcolina no plexo mioentérico, melhorando a dispepsia.

Aumenta a pressão do esfíncter esofágico inferior.

Proibido nos EUA e no Brasil devido ao risco de arritmia grave.

Atualmente, existe o tegaserode, que possui o mesmo

mecanismo de ação. Ele tem custo elevado. É reservado a

pacientes que possuem a síndrome do intestino irritável com a

forma de constipação.

São inibidores da secreção de ácidos:

o Antagonista do receptor H2 de histamina:

São cimetidina, ranitidina e famotidina.

Elas inibem mais de 80% da produção de ácido no estômago.

Um dos grandes problemas é a taquifilaxia. Há o esgotamento do

efeito terapêutico ao longo do tempo.

A posologia é de 2 tomadas ao dia (de manhã e à noite).

A cimetidina tem ação antiandrógena, podendo promover

ginecomastia e impotência.

Pode causar mielossupressão e é contraindicada em transplantados de

medula óssea.

Atualmente, é mais usada em pacientes com DRGE refratária, sendo

administrada em dose noturna, além de usar outros tipos de

antiácidos.

o Inibidores de bomba de prótons (IBPs)

Inibe a bomba de H/K da célula parietal que libera o próton para o

interior do estômago.

Diogo Araujo – Med 92

A ligação com a bomba é covalente. A bomba só volta a produzir ácido

quando há o turnover (ou seja, a reciclagem do receptor).

É superior aos anti-histamínicos H2 por manterem o pH acima de 4 por

10 a 14 horas.

São eles: omeprazol, lanzoprazol, pantoprazol, esomeprazol e

rabeprazol.

São pro-fármacos. São ativados na forma sulfonamida quando estão

nos canalículos das células parietais.

Devem ser administrados em jejum 30 minutos antes dos alimentos. A

alimentação posterior é obrigatória!

A acidez gástrica retorna gradativamente após 16 a 18 horas da

tomada do IBP.

Os efeitos adversos são incomuns, mas podem acontecer. Cefaleia,

diarreia, infecções entéricas, pólipos gástricos e sintomas

psiquiátricos.

A hipergastrinemia acontece em virtude da administração do IBP. A

gastrinemia tem de retornar aos níveis normais após 1 mês de

suspensão do medicamento.

A administração de IBP em paciente que tem H. pylori não erradicado

pode fazer com que haja gastrite atrófica e câncer gástrico.

A elevação do pH pode fazer com que haja alteração da absorção de

alguns medicamentos:

Cetoconazol (menor absorção se menor acidez gástrica);

Digoxina (maior absorção se menor acidez gástrica).

O omeprazol é metabolizado pela CYP, retardando o metabolismo de

varfarina, diazepam e fenitoína.

Há suspeitas de que o omeprazol possa inibir o metabólito ativo do

clopidogrel. Por isso, nos pacientes infartados, preconiza-se o uso de

sucralfato (ao invés de IBP) para prevenir a formação de úlceras de

estresse.

O uso prolongado de IBP é seguro?

Há associação com ocorrência de pólipos de glândulas

gástricas;

Ainda não se sabe se ele pode levar a tumor carcinoide;

A presença de H. pylori não erradicado pode levar a gastrite

atrófica;

O uso de IBP não permite a conversão de pepsinogênio em

pepsina, o que dificulta a absorção de B12;

Não há dados que provem o risco de diarreia por Clostridium

difficile;

Existem estudos que indicam risco maior de fratura em

pacientes com osteoporose.

Observação: nos pacientes com DRGE, utiliza-se o IBP por, no mínimo,

3 meses.

Diogo Araujo – Med 92

o Protetores de mucosa gástrica:

São fármacos que atuam como uma barreira física na superfície do

trato digestório.

O sucralfato é um sal metálico de sucrose sulfatada. Ele forma uma

barreira protetora contra o ácido sobre toda a mucosa. Além disso, ele

aumenta os níveis de prostaglandina na mucosa; estimula a secreção

de muco; e protege contra os sais biliares irritantes que

ocasionalmente refluem para o estômago. Ele não tem toxicidade e as

interações medicamentosas são raras.

Sobre o esquema de erradicação do H. pylori:

o É indicado em:

Pacientes com úlcera gastroduodenal;

Linfoma MALT de baixo grau;

Gastrite intensa;

Após câncer gástrico;

Paciente com história de hemorragia digestiva alta.

[QUESTÃO DE PROVAAA]

o O esquema padrão de tratamento de primeira linha:

(IBP + amoxicilina 1g + claritromicina 500mg) 2x ao dia por 7 dias; OU

(IBP + claritromicina 500mg + furazolidona 200mg) 2x ao dia por 7 dias

o Para retratamento:

(IBP + [amoxicilina 1g ou furazolidona 200mg]) 2x ao dia +

levofloxacina 500mg 1x ao dia por 10 a 14 dias; OU

(IBP + bismuto 240mg + furazolidona 200mg) 2x ao dia + (amoxicilina

1g 2x ao dia ou tetraciclina 500mg 4x ao dia) por 10 a 14 dias.

Observação: o IBP continua sendo administrado 2x ao dia até completar 4 semanas.

Insuficiência hepática

Profa. Cíntia

Diogo Araujo – Med 92

Lembrando quais são as principais complicações do paciente cirrótico:

o Ascite

o Encefalopatia hepática

o Hemorragia digestiva alta

Diuréticos para tratar a ascite:

o Visam à redução da ascite. O diurético de escolha é a espironolactona (por ser

antagonista da aldosterona, que está em concentrações aumentadas no

paciente cirrótico).

o A amilorida também pode ser utilizada. No entanto, ela é mais cara e não

possui o efeito protetor de bloqueio dos receptores de aldosterona (como a

espironolactona faz).

o Com relação à espironolactona:

Poupa potássio;

É dada só uma vez ao dia;

Aumenta a meia-vida da digoxina;

Os efeitos adversos mais comuns são a ginecomastia e as câimbras;

Tem as doses de 25, 50 e 100mg. No paciente cirrótico, o ideal é

começar com 100mg. A dose pode chegar até em 400mg/dia;

Por atuar em receptor nuclear, o início da ação terapêutica se dá de

maneira retardada. Por isso, para ter alívio imediato do edema, inicia-

se o tratamento com furosemida e a espironolactona, retirando a

furosemida alguns dias depois.

o A furosemida é um diurético de alça. É contraindicada em:

Insuficiência renal com anúria;

Encefalopatia hepática (porque o paciente desidrata e piora o quadro);

Hipopotassemia grave;

Nutrizes.

Para tratar a encefalopatia hepática:

o Identificar e corrigir fator precipitante:

Hidratação e sinais vitais;

Observar sinais de HDA (o sangramento no tubo pode fazer com que

haja elevação da amônia);

Eliminar sedativos e outros fármacos tranquilizantes;

Avaliar anemia, hipóxia, hipoglicemia, hipocalemia e infecções como

causas da encefalopatia.

o Reduzir a formação de amônia:

Hoje em dia, não se preconiza a suspensão da ingestão de carnes;

Administra-se a lactulose. É um dissacarídeo metabolizado pelas

bactérias do cólon, o que faz com que aumente a motilidade do trato e

a eliminação das fezes. A dose é de 50 a 100mg/dia e tem

contraindicação relativa em paciente com DM.

A lactulose pode ser usada cronicamente para evitar novos episódios

de encefalopatia hepática.

Diogo Araujo – Med 92

Na crise, administram-se lactulose e metronidazol (para reduzir a

microbiota intestinal).

Para tratar HDA varicosa:

o Para quem nunca teve HDA (profilaxia primária):

Betabloqueador

Ligadura elástica

o Para quem já teve HDA (profilaxia secundária):

Escleroterapia ou ligadura elástica

Betabloqueador

o Dentre os betabloqueadores, utiliza-se somente o propranolol.

Pode-se dizer que o propranolol está efetivo quando o paciente está

com frequência cardíaca igual ou inferior a 60bpm;

Ele funciona porque:

Inibe a secreção de renina pelos rins;

Ele diminui o débito cardíaco e faz vasoconstricção

esplâncnica, reduzindo a pressão na veia porta;

Ele tem de ser administrado de 12/12h, com o objetivo de

manter <60bpm.

o Para os pacientes que chegam ao pronto socorro com HDA vigente

(sangrando!):

Escolhe-se a terlipressina (vasopressina), que faz vasoconstrição

esplâncnica. É contraindicada em pacientes com insuficiência

coronariana, insuficiência vascular periférica e HAS não controlada. Se

o paciente tiver um desses complicadores, usa-se a somatostatina.

Observação: a somatostatina é usada na gastroenterologia nos

quadros de HDA vigente e pancreatite grave.

A grande desvantagem da somatostatina é que ela deve ser

dada em bomba de infusão. Já a terlipressina pode ser feita

em bolus.

As injeções de terlipressina são de 2mg.

Para tratar icterícia:

o Fármacos que agem na fração dos ácidos biliares

O ácido ursodesoxicólico inibe a absorção intestinal de ácidos biliares

endógenos por mecanismo competitivo no íleo terminal.

o Fármacos que agem na fração independente dos ácidos biliares com aumento

do fluxo de bile

Fenobarbital: age no citocromo P450 com aumento da hidroxilação

dos ácidos biliares e diminuição do prurido.

Diogo Araujo – Med 92

Rifampicina: ativa o citocromo P450 e reduz a captação de sais biliares

pelo fígado.

o Antagonistas opiáceos para controle do prurido

Naloxeno: modula a percepção do prurido.

[perdi a aula de anti-hipertensivos...]

Ler! http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2010/Diretriz_hipertensao_associados.pdf

Anticonvulsivantes

Prof. Pedro

As crises epilépticas são disparos anormais de grupos neuronais com manifestações

motoras, autonômicas, viscerais ou até psíquicas.

O fato de ter crises epilépticas não indica que o paciente tenha epilepsia. A epilepsia é

uma doença em que as crises epilépticas são originadas em virtude de alterações

cerebrais.

As crises parciais (ou focais) consistem em ativações anormais de uma região do

cérebro (frontal, parietal, occipital, etc). Elas podem ser:

o Simples: quando a consciência é preservada;

o Complexas: quando a consciência é alterada.

As parciais simples cursam com alterações sensitivo-sensoriais (o que se encaixa

dentro da aura) e as motoras.

70% das crises epilépticas são parciais.

Geralmente, decorrem de uma lesão estrutural cerebral.

As crises generalizadas contam com início de descargas anormais bilaterais. São elas:

o Ausências (típicas ou atípicas)

o Mioclônicas

o Tonicoclônicas

o Tônicas

o Atônicas

o Clônicas

Diogo Araujo – Med 92

o Espasmos

A escolha de um anticonvulsivante é feita com base no tipo de crise epiléptica que o

paciente apresenta. A causa da crise não determina o tipo de tratamento que será

utilizado.

A dieta cetogênica (jejum) é um tratamento não medicamentoso que funciona em 30%

das crianças. Os corpos cetônicos têm propriedades anticonvulsivantes.

FENOBARBITAL

O fenobarbital é um barbitúrico com aumento da atividade gabaérgica.

Têm metabolismo hepático.

É indutor da CYP 450.

A meia vida dele é longa, com 60 a 100 horas.

É utilizado em dose única diária.

Nas crianças, pelo metabolismo ser acelerado, podemos dar de 12 em 12h.

Ele é usado em crises generalizadas, principalmente nas tonicoclônicas.

Algumas crianças que usam fenobarbital podem apresentar hiperatividade devido ao

fato do GABA exercer um efeito paradoxal excitatório nesses indivíduos.

A contratura de Dupuytren também pode acontecer e, eventualmente, precisa de

tratamento cirúrgico.

o Consiste em uma contratura permanente da mão em flexão devido ao

espessamento da fáscia palmar.

Ele reduz as concentrações de ácido fólico. Por isso, toda mulher com epilepsia precisa

fazer reposição de ácido fólico.

É o medicamento de primeira escolha em neonatos.

FENITOÍNA

A fenitoína interfere no transporte de sódio (atua em canais de sódio voltagem-

dependentes).

O metabolismo é hepático.

É indutora da CYP 450.

A meia vida depende da via de administração. É mais curta do que a do fenobarbital.

É usada de 2 a 3 vezes ao dia.

A farmacocinética não é linear.

o A curva de concentração plasmática cresce exponencialmente.

Diogo Araujo – Med 92

o Quando a dose é dobrada, a concentração plasmática se quadruplica.

o Portanto, o ajuste de dose tem de ser cuidadoso para não atingir a toxicidade.

Ela é bastante empregada em crises focais. Pode piorar as crises generalizadas

mioclônicas ou de ausência.

Os efeitos adversos são dose-dependentes. São alguns deles:

o Nistagmo e ataxia

o Confusão mental

o Estupor – coma

o Atrofia cerebelar (se o uso for crônico)

o Hiperglicemia (por diminuição da função das células beta pancreáticas)

o Hipotireoidismo

o Hipertrofia gengival (porque a fenitoína estimula a proliferação de

fibroblastos)

o Se uso IV:

Bradicardia e BAV (todo paciente com uso de fenitoína IV têm de fazer

monitoramento cardíaco rigoroso)

Distonias

Necrose e abscesso de pele se houver extravasamento (por isso deve

ser administrada em veia calibrosa)

Pode haver farmacodermias (rash cutâneo) de maneira dose independente.

o Eritema polimorfo, geralmente.

o É imprevisível.

o Requer retirada abrupta do fármaco.

CARBAMAZEPINA

Ela diminui a condutância dos canais de sódio, além de bloquear os receptores de

glutamato.

Ele também induz o metabolismo da CYP 450.

O epóxido é um metabólito da carbamazepina, que resulta na maioria de seus efeitos

adversos.

É usado de 3 a 4 vezes ao dia.

São efeitos adversos:

o Sonolência excessiva diurna (que, geralmente, é transitória depois de 1

semana), tontura, ataxia.

o Hiponatremia (porque ela provoca uma secreção inapropriada de hormônio

antidiurético).

o Leucopenia (é dose dependente; é preocupante quando os leucócitos ficam

abaixo de 2000/mm³).

o Rash cutâneo (que independe da dose).

Diogo Araujo – Med 92

ÁCIDO VALPRÓICO

O ácido valpróico é um tipo de ácido graxo.

É de primeira linha para crises generalizadas.

É muito eficaz.

Pode ser usado em doses baixas para tratamento de transtorno bipolar.

Ele inibe a enzima que cliva o GABA e estimula a enzima que o produz.

O metabolismo é oxidativo nas mitocôndrias. Ela é INIBITÓRIA da CYP 450, e não

indutora (como acontece com os outros anticonvulsivantes).

Pode ser utilizado de 2 a 3 vezes ao dia.

Os efeitos adversos dose-dependentes são:

o Gastrointestinais (pode resultar em refluxo; por isso, foi criado o divalproato

de sódio, que é mais protetor para a mucosa gástrica).

o Ganho de peso

o Alopecia (11% dos pacientes; acontece nos primeiros meses de uso e costuma

desaparecer depois; quando acontece, pode-se fazer reposição de zinco ou

biotina).

o Síndrome metabólica

o Plaquetopenia

Os não dose-dependentes são:

o Hepatotoxicidade (principalmente em crianças menores de 2 anos; por isso,

esse medicamento é trocado por fenobarbital).

o Pancreatite

O valproato reduz a adesividade plaquetária. Quando o paciente necessita realizar

cirurgia de grande porte, é necessário retirar o medicamento.

CLOBAZAM

O clobazam é um benzodiazepínico usado como fármaco aditivo, principalmente em

crises parciais.

Pode ser utilizado de 2 a 3 vezes ao dia.

CLONAZEPAM

O clonazepam tem ação anticonvulsivante em doses altas.

É fármaco aditivo utilizado em crises generalizadas mioclônicas.

ETOSSUXIMIDA

A etossuximida é utilizada somente nas crises de ausência da infância e é fármaco de

primeira linha.

Inibe canais de cálcio talâmicos.

Diogo Araujo – Med 92

As crises de ausência são causadas por vias tálamo-corticais que disparam

irregularmente na vigília.

O metabolismo é hepático e renal.

Pode ser usado de 2 a 3 vezes ao dia.

O principal efeito adverso é gastrointestinal.

OXCARBAZEPINA

A oxcarbazepina é um derivado da carbamazepina.

Ação semelhante à carbamazepina.

Não há indução do metabolismo hepático.

Pode ser usada de 2 a 3 vezes ao dia.

Pode substituir a carbamazepina em dose 1,5 vezes maior.

o Se a utilização é de até 800mg/dia de carbamazepina, a troca pode ser feita

abruptamente.

o Se a dose for maior, a oxcarbazepina é introduzida semanalmente em cada

horário de administração.

Também pode causar hiponatremia.

[parênteses!]

Uso de ácido fólico 5mg/dia junto do anticonvulsivante (qualquer um deles) deve ser

feito para todas as mulheres.

Deve-se preconizar o de DIU e método de barreira ao invés de anticoncepcional oral.

TOPIRAMATO

O topiramato é anticonvulsivante, mas também pode ser utilizado para tratamento de

enxaqueca e para diminuição de dependência/compulsão.

Ele tem ação múltipla:

o Bloqueia canais de sódio

o Aumenta a atividade de canais GABA A

o Bloqueia o receptor AMPA de glutamato

Pode causar litíase renal e glaucoma.

Pode ser utilizada de 2 a 3 vezes ao dia.

Age em crises parciais e generalizadas, sendo usado, geralmente, como fármaco

aditivo.

A maior parte dos efeitos adversos é dose-dependente. São eles:

o Distúrbios cognitivos (anomia)

o Perda de peso

o Glaucoma

Diogo Araujo – Med 92

o Nefrolitíase

o Parestesias

LAMOTRIGINA

A lamotrigina é uma escolha ótima em pacientes que têm epilepsia e transtorno

psiquiátrico (transtorno bipolar).

Pode ser usada em crises generalizadas tonicoclônicas como fármaco aditivo.

É o campeão em causar farmacodermia. 10% dos pacientes podem apresentá-la.

Para evitar, pode-se fazer o escalonamento de dose de 15 em 15 dias.

Ela bloqueia os canais de sódio.

Pode ser usada de 1 a 2 vezes ao dia.

Os anticonvulsivantes indutores e o inibidor da CYP 450 interferem muito na dosagem

da lamotrigina.

Ela não interfere na enzima.

Observação: a pregabalina e a gabapentina são anticonvulsivantes. Contudo, são

utilizadas mais frequentemente para controle de dor neuropática.

ESCOLHA DO TRATAMENTO

O tratamento ambulatorial é feito sob regras gerais:

o Determinar o tipo de crise e o tratamento de primeira linha;

o Iniciar com monoterapia, fazendo escalonamento até a dose mínima. Se

necessário, ir ajustando até a dose máxima;

o Se não controlar até a dose máxima, substituir por uma segunda monoterapia

até dose máxima;

o Se não resolver novamente, associar outro fármaco com mecanismo de ação

diferente e complementar;

o Fazer monitorização laboratorial anual com:

Hemograma

Creatinina e ureia

Eletrólitos (Na e K)

Enzimas hepáticas (TGO, TGP, FAL e gamaGT)

Amilase

Glicemia

Para crises focais:

o Primeiro passo: escolher 1 dos seguintes fármacos para a primeira

monoterapia:

Carbamazepina

Diogo Araujo – Med 92

Oxcarbazepina

Fenitoína

o Segundo passo: se a primeira monoterapia não funcionou (mesmo em dose

máxima) substituir por 1 dos outros dois restantes. Como?

Introduz o novo fármaco, espera duas semanas e, se o paciente se

adaptar bem, começa a desmamar a primeira monoterapia.

o Terceiro passo: se não controlar, associar clobazam ou valproato.

o Quarto passo: se não controlar, associar topiramato ou lamotrigina OU fazer

avaliação cirúrgica.

Para crises generalizadas:

o Primeiro passo: escolher 1 dos seguintes fármacos para a primeira

monoterapia:

Valproato (tonicoclônica, mioclônica, tônica ou de ausência no adulto)

Fenobarbital (tonicoclônica ou neonatal)

Etossuximida (ausência na infância)

o Segundo passo: se não controlar, associar um outro fármaco.

Se o primeiro fármaco era o valproato, associar:

Lamotrigina (tonicoclônica, tônica ou clônica)

Lamotrigina ou clonazepam (mioclonias)

Etossuximida (ausência)

Se o primeiro fármaco era a etossuximida, associar valproato.

Observação: quinolonas e cefepime podem dar crises epilépticas e até estado de mal

epiléptico.