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FAPERJ notícias

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Baixada Começa no dia 4 de agosto o Curso deIntrodução às Ciências Sociais promovi-do pela Escola de Governo da BaixadaFluminense (EGBF). Dirigida pelas pro-fessoras Inês Patrício e Angela Ganem, aEGBF tem por objetivo oferecer cursosgratuitos e apresentar resultados depesquisa sobre a região. As aulas serãoministradas por professores da UFF,UFRJ, PUC-Rio e UERJ. Outras infor-mações em www.escoladegoverno.kit-net/escoladegoverno.

GlobalizaçãoA Rede Unesco/UNU sobre EconomiaGlobal e Desenvolvimento Sustentável(REGGEN) vai promover, de 18 a 22 deagosto, no Rio, o Seminário InternacionalHegemonia e Contra-hegemonia - OsImpasses da Globalização e os Processosde Regionalização. O evento, que contacom apoio da FAPERJ, é uma parceria daREGGEN com a UFRJ, UERJ, UFF e aPUC-Rio. Outras informações em:www.reggen.org.br.

VirtuaisA FAPERJ está estudando a formatação denovos institutos virtuais. Já foram realiza-das algumas reuniões com pesquisadorese representantes de áreas como nanociên-cia, paleontologia, fármacos, bioinfor-mática, petróleo e relações internacionais.A previsão é que esses institutos comecema funcionar no segundo semestre de 2003.A proposta é reunir grupos de pesquisade ponta dedicados a temas de altarelevância científica e social.

dropseditorial

Carta aos leitores

ORio de Janeiro vai dar, até o fim de 2003, um passo decisivo na área

de biotecnologia. Pesquisadores de sete instituições científicas sedi-

adas no estado vão anunciar, nos próximos meses, a conclusão do genoma

da Gluconacetobacter diazotrophicus, bactéria responsável pela fixação bioló-

gica do nitrogênio em culturas como a cana-de-açúcar. As pesquisas do

Projeto Genoma do Rio de Janeiro (RioGene), lançado pela FAPERJ em

novembro de 2000, são o tema de nossa reportagem de capa. Trata-se do

primeiro seqüenciamento genético realizado, exclusivamente, por labo-

ratórios fluminenses.

Uma entrevista com os diretores da FAPERJ também integra esta edição.

Nela, os titulares das diretorias Científica, de Tecnologia e de

Administração e Finanças apresentam alguns dos planos de trabalho para

este primeiro ano de gestão, falam sobre os desafios a serem vencidos e

sobre a reestruturação de suas áreas.

O FAPERJ Notícias traz, ainda, uma matéria sobre o Dançando para não

Dançar, um projeto de inclusão social apoiado pela FAPERJ, desde 1999, e

que atualmente atende 430 crianças de nove comunidades carentes do Rio

de Janeiro. Outra reportagem aponta a dificuldade que os deficientes físicos

têm para chegar às salas de aula das universidades. Fecha a edição um texto

sobre o programa de formação de gestores culturais, mostrando que o inte-

rior fluminense tem muito a oferecer nessa área.

Os editores

expedienteDiretor-presidente: Epitácio Brunet

Diretor Científico: Jerson Lima SilvaDiretor de Tecnologia: Marcos Cavalcanti

Diretora de Administração e Finanças: Maria Carolina Pinto Ribeiro

Conselho Superior da FAPERJReinaldo Felippe Nery Guimarães (Presidente), Jésus Alvarenga Bastos (Vice-presidente), Angela Maria Cohen Uller, Antônio Celso Alves Pereira, Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho,Carlos Alberto Dias, Celso Pereira de Sá, César Camacho, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, Maria Alice Rezende de Carvalho, Otávio Guilherme Cardoso Alves Velho e Walter Araújo Zin.

FAPERJ Notícias - ano II - nº 5Edição: Dominique Ribeiro e Erika Franziska - Edição de textos: Marcos Patricio - Redação: Edna Ferreira, Erika Franziska, Marcos Patricio e Mario Nicoll - Design gráfico: Bia Alves Pinto- Revisão: Marcelo Bessa - Fotografia: Lewy Moraes - Mala-Direta : André Souza - Distribuição: Alfredo Ulm e Eduardo Castro

Núcleo de Difusão Científica e Tecnológica Coordenação acadêmica: Erika Franziska Werneck - Coordenação executiva: Dominique Ribeiro - Jornalismo: Edna Ferreira, Erika Franziska, Marcos Patricio, Marina Lemle e Mario Nicoll- Designer: Bia Alves Pinto e Tiago Peregrino (estagiário) - Webdesigner: Eduardo Ariel e Mirian Dias - Produção executiva: Kay Bartucci - Produção: Joseph Lynch e Luzimar Valetim -Programa de editoração: Alfredo Ulm - Secretária executiva: Viviane Lacerda - Apoio: André Souza e Eduardo Castro

Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - FAPERJ - Avenida Erasmo Braga, 118/6º andar -Centro - Rio de Janeiro - CEP.: 20.020-000 - Tel.: 3231-2929 - Fax: 2533-4453 - Gráfica: Lisboa & Barros - Tiragem: 12.000 - visite nossa homepage: http://www.faperj.br

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Rio de Janeiro, julho de 2003

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Oano de 2003 marca uma novaetapa na administração da

Fundação Carlos Chagas Filho deAmparo à Pesquisa do Estado do Riode Janeiro, a agência fluminense defomento à área de ciência e tecnolo-gia. Com a mudança no governo doestado, a FAPERJ passou a ter umanova diretoria, que tem àfrente o Professor EpitácioJosé Brunet Paes. Na ediçãoanterior, o diretor-presidenteda FAPERJ anunciou algumasde suas propostas e fez umareflexão acerca das dificul-dades a serem enfrentadasdurante sua gestão.

O FAPERJ Notícias dá con-tinuidade ao assunto e, nestaedição, traz uma matéria detrês páginas com os demaisdiretores da fundação. Naentrevista, Maria CarolinaPinto Ribeiro, diretora deAdministração e Finanças,Jerson Lima Silva, diretorcientífico, e Marcos do CoutoBezerra Cavalcanti, diretor deTecnologia, falam sobre osplanos de trabalho deste pri-meiro ano de gestão, os de-safios a serem vencidos, e areestruturação de suas áreas.

A atual administração encon-trou a FAPERJ com uma dívi-da de R$ 15 milhões empe-nhados durante a gestão ante-rior, mas não pagos peloTesouro. “Estamos tentandoresolver essa questão. Entretanto,isso não depende apenas da FAPERJ.São necessárias autorizações do go-verno por se tratarem de despesasrealizadas com o orçamento de2002”, explica Maria Carolina, direto-ra de Administração e Finanças.

Apesar das dificuldades, a diretorade Administração e Finanças destacao esforço que tem sido feito para

manter as atividades da FAPERJ.“Mesmo diante de todo o contingen-ciamento, não houve interrupção nopagamento das bolsas e foi implanta-do um novo edital do ProgramaCientista Jovem do Nosso Estado”,destaca Maria Carolina, que volta àfundação pela terceira vez. “Foi um

prazer ter retornado. Sobretudo porter a oportunidade de dar con-tinuidade a um trabalho que não foraconcluído.”

A importância da não-interrupção dopagamento dos bolsistas, também éressaltada pelo diretor científico. “Opagamento das bolsas é fundamentalpara assegurar o funcionamento dosistema de ciência e tecnologia do

Rio de Janeiro. A Presidência e aDiretoria de Administração daFAPERJ têm se empenhado para queo processo flua normalmente”, desta-ca Jerson Lima Silva.

Investimento maiorMembro titular da Academia Brasi-

leira de Ciências, Jerson LimaSilva explica que a expectati-va da diretoria da FAPERJ échegar ao fim de 2003 comum desembolso equivalenteao realizado no primeiro anodo governo Anthony Garo-tinho, com um investimentoem torno de R$ 60 milhões. Atitular da área de Adminis-tração e Finanças explica queos processos que chegaram àsua diretoria este ano estãosendo pagos dentro das cotasliberadas. “Esperamos chegarao fim de 2003 no mesmopatamar de dezembro de2001, com um desembolso deR$ 1 milhão por mês para opagamento de auxílios àpesquisa”, prevê MariaCarolina.

Para o diretor de Tecnologia,o Tesouro Estadual não tem,necessariamente, de ser aúnica fonte disponível derecursos. “O dinheiro existe enão precisa ser oriundo,exclusivamente, dos cofres doestado. A FAPERJ precisa cap-tar recursos por meio deparcerias com entidades, co-

mo a Fundação Ford, o Banco Mun-dial e o Sistema S, com estatais, comoa Petrobras, e com empresas pri-vadas”, afirma Marcos Cavalcanti,pesquisador da Coordenação dosProgramas de Pós-graduação emEngenharia da Universidade Federaldo Rio de Janeiro - Coppe/UFRJ.

A questão financeira, entretanto, nãoé a única que deve ser equacionada.

FAPERJ se reestrutura para crescerDiretores anunciam reorganização de suas áreas e planos de trabalho

Maria Carolina: novidades na gestão de pessoal

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De acordo com o diretor de Tecno-logia, a FAPERJ precisa reorientar asua atuação, deixando de ser apenasum simples balcão de atendimentode pedidos, um mero repassador derecursos, para se transformar noórgão executor de uma política deciência e tecnologia. “A FAPERJ sem-pre foi vista pela comunidade cientí-fica como uma espécie de tesouraria.Nosso desejo é mudar radicalmenteessa imagem”, adianta MarcosCavalcanti.

Indicadores de qualidadeSegundo o Professor Jerson LimaSilva, a fundação não pode abrir mãodo seu papel de formuladora depolíticas de ciência e tecnologia. “AFAPERJ deve ter uma função cata-lisadora e, em conjunto com aSecretaria de Ciência, Tecnologia eInovação e com outras agências, deveestimular a pesquisa em determi-

nadas áreas de inte-resse”, explica.

Para acompanhar oimpacto dos progra-mas mantidos pelaFAPERJ e verificar seeles estão atendendoàs necessidades doRio de Janeiro, aDiretoria Científicada FAPERJ está sededicando à criaçãode um sistema deavaliação das iniciati-vas desenvolvidaspela fundação nosúltimos quatro anos.A proposta é queesses indicadores pos-sam traduzir em nú-meros os resultadosqualitativos e quanti-tativos dos progra-mas. O trabalho terá,também, um caráterprospectivo.

“Vamos procurar verificar, por exem-plo, qual será o impacto das pes-quisas do Projeto RioGene para odesenvolvimento da agricultura flu-minense”, adianta Jerson Lima Silva.Segundo ele, o Programa Cientistasdo Nosso Estado será o primeiro aser avaliado. “Que tipo de retorno osprojetos apoiados dentro dessamodalidade têm dado?”, indaga.Serão avaliadas, entre outras, as li-nhas destinadas a estimular progra-mas de pós-graduação, como a BolsaNota 10 e o Apoio a CursosEmergentes. “A idéia é verificar sehouve melhora no nível desses pro-gramas de pós-graduação”, explica.

Maior credibilidadeO Professor Jerson Lima Silva deixaclaro que o fato de a diretoria daFAPERJ ter mudado não significaque todos os programas sejam alte-rados. Entretanto, em alguns casos,será preciso fazer algumas correçõesde rumo. “A nossa intenção é nãomexer nos programas que estão fun-

cionando”, adianta.“Nos últimos quatroanos, o prestígio e acredibilidade daFAPERJ cresceramperante a comu-nidade científica.Não apenas peloaumento do volumede recursos aplica-dos, mas pelas açõesimplementadas noperíodo.”

O diretor de Tecno-logia, Marcos Caval-canti, também defen-de um maior acom-panhamento dos re-sultados obtidos comos recursos aplicadosem C&T. “Aqui naFAPERJ, por exem-plo, nós não temosdados e informaçõessobre o impacto dosfinanciamentos emtermos de papers pu-blicados. Até poucotempo, não se sabia onúmero de bolsas

Jerson Lima: indicadores vão avaliar programas

Marcos Cavalcanti: parcerias para captar recursos

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existentes e quantas iriam vencer nomês seguinte”, explica.

Segundo Marcos Cavalcanti, essasituação não é exclusividade do Riode Janeiro, que vinha reproduzindoum modelo nacional. “O Brasil in-veste 1% do seu Produto InternoBruto em ciência e tecnologia. Investepouco e mal, uma vez que a aplicaçãodos recursos é pulverizada e não hápreocupação com o retorno dessesinvestimentos”, afirma.

Desenvolvimento regionalA Diretoria de Tecnologia está rea-valiando rotinas internas e já iniciouum processo de reestruturação. Segun-do o Professor Marcos Cavalcanti, anova estratégia de atuação envolvequatro pontos. Um deles é o desen-volvimento regional, com ações deestímulo aos arranjos produtivos lo-cais, como a indústria de software em

Petrópolis e as atividades de fruticul-tura e pedras ornamentais do NorteFluminense, entre outros. “Nossa pro-posta é contribuir para superar garga-los tecnológicos”, afirma.

O apoio à inovação, por meio doincentivo às incubadoras de empresase parques tecnológicos, e o estímulo aáreas de pesquisa específicas, como asde petróleo, biotecnologia e tecnologiada informação e da comunicação tam-bém fazem parte da estratégia daFAPERJ para os próximos anos.

Concurso públicoPara agilizar o atendimento, asDiretorias de Tecnologia e de Ad-ministração e Finanças estão desen-volvendo um trabalho em conjunto,cujo objetivo é rever o fluxo dosprocessos. “Esperamos que, até o iní-cio de 2004, os pesquisadores já pos-sam fazer a solicitação de bolsas e

auxílios e acompanhar o andamentodos processos via Internet”, explicaMaria Carolina. Esse trabalho é umexemplo da harmonia existente entreas diretorias. “O diretor-presidenteda FAPERJ está mantendo um espíri-to de colegiado e as decisões sãotomadas em conjunto por todos osdiretores”, afirma.

Na área de recursos humanos, odestaque é a retomada dos prepara-tivos para a realização do concursopúblico, cujo edital poderá ser lança-do no segundo semestre. Outra novi-dade é o programa de gestão de pes-soal, a ser iniciado em agosto, queprevê a atualização dos servidoresem suas áreas de atuação. “Mudar acultura organizacional e trabalhar asrelações interpessoais estão entre asações prioritárias do Setor deRecursos Humanos da FAPERJ”, con-clui Maria Carolina.

Somando experiências

Aatual diretoria da FAPERJ reúne pesquisadores de diferentes origens acadêmicas e experiência profissional. Naárea de Administração e Finanças, Maria Carolina Pinto Ribeiro retorna à fundação pela terceira vez. Já os profes-

sores Jerson Lima Silva e Marcos Cavalcanti, titulares das áreas Científica e de Tecnologia, respectivamente, assumemos cargos pela primeira vez. Conheça um pouco mais os novos diretores.

Marcos CavalcantiO pesquisador Marcos do Couto Bezerra Cavalcanti, 45 anos, é doutor em Informática pela Universidade de Paris XI –Orsay, na França. Desde 1996, é professor adjunto do Programa de Engenharia de Produção da Coordenação dosProgramas de Pós-graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - Coppe/UFRJ, onde coorde-na o Centro de Referência em Inteligência Empresarial (Crie). No magistério, vem se dedicando, nos últimos dois anos,às disciplinas: Gestão do Conhecimento, Inteligência Empresarial, Tecnologias para Gestão do Conhecimento, Avaliaçãode Ativos Intangíveis, Tópicos Especiais em Gestão do Conhecimento e Novos Modelos de Negócio.

Maria CarolinaA nova diretora de Administração e Finanças da FAPERJ, Maria Carolina Pinto Ribeiro, ocupa o cargo pela terceira vez.Foi titular da então Diretoria Administrativa da fundação, em 1994, durante o segundo governo Leonel Brizola, reassu-mindo o posto no governo Anthony Garotinho. Psicóloga, 55 anos, Maria Carolina dedica-se à administração públicadesde 1982. Trabalhou na Escola de Políticas Públicas e Governo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e,de 1989 a 1992, foi diretora administrativa da Secretaria de Educação do Município do Rio de Janeiro. Ainda em 1992,foi diretora geral de Administração da Secretaria de Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia. De 1993 a 1994, foisuperintendente de Recursos Humanos da Secretaria de Estado de Administração.

Jerson Lima SilvaPós-doutor em Química de Macromoléculas pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, o professor Jerson LimaSilva é graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Desde janeiro de 1997, é coorde-nador do Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear de Macromoléculas da UFRJ. É membro titular daAcademia Brasileira de Ciências. Nos últimos anos, o professor Jerson Lima Silva vem desenvolvendo pesquisas nasáreas de espectroscopia de proteínas, enovelamento protéico, montagem viral, doenças crônico-degenerativas e no estu-do de vacinas e drogas anti-virais.

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Até o fim deste ano, pesquisa-dores de sete instituições cientí-

ficas vão anunciar a conclusão dogenoma da bactéria Gluconacetobacterdiazotrophicus, responsável pela fixa-ção biológica do nitrogênio em diver-sas culturas de importância agrícola,entre elas a cana-de-açúcar. Essescientistas integram o Projeto Genomado Rio de Janeiro (RioGene), aprimeira rede de seqüenciamentogenético reunindo exclusivamentelaboratórios fluminenses, lançada emnovembro de 2000 pela FAPERJ.

No dia 16 de maio, a Secretaria deEstado de Ciência, Tecnologia e Ino-vação (Secti) promoveu um eventopara a apresentação pública dos resul-tados da primeira fase do RioGene.Até aquela data, os laboratórios en-volvidos no projeto já tinham decifra-do 98,2% da seqüência genética daGluconacetobacter diazotrophicus, bac-téria que retira do ar o gás nitrogênio(N2) e o transforma em um sal que

estimula o crescimento e o repassapara a planta, que não é capaz de fazerisso sozinha. Além da cana-de-açúcar,

a bactéria está presente em outras cul-turas de importância comercial, comoo café, a banana e a batata-doce.

Com a etapa de seqüenciamento prati-camente concluída, já é possível adi-antar algumas características da bac-téria estudada. Segundo o ProfessorPaulo Cavalcanti Gomes Ferreira,coordenador do Projeto RioGene, aGluconacetobacter diazotrophicus é uni-celular, seu cromossomo apresentaforma circular e tem 4,3 milhões depares de bases.

Bactéria do bemPesquisadores finalizam primeira etapa do Projeto RioGene e devem

concluir o genoma da Gluconacetobacter diazotrophicus até o fim do ano

A genética ao longo do tempo:

1865 – A partir de um estudocom ervilhas, Gregor Mendeldescobre as leis da heredi-tariedade.

1902 – A conexão entre ahereditariedade e os cromos-somos é descoberta.

1944 – Fica comprova-do que o DNA carrega omaterial hereditário.

1953 – Anunciada a descobertado modelo da estrutura do DNApor James Watson e Francis Crick.

1973 – Stanley Cohen e Herbert Boyerfazem a primeira transferência de umgene (inserem um gene de sapo africanono DNA de uma bactéria) dando inícioà chamada era da engenharia genética.

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Política públicaA principal diferença entre ogenoma de outras bactérias eo da Gluconacetobacter diazo-trophicus são as suas caracte-rísticas fisiológicas. “Os ge-nes da Gluconacetobacter fa-zem com que essa seja uma‘bactéria do bem’. Ela nãovive no solo, apenas na plan-ta, e não causa nenhum tipode doença, apenas é respon-sável pela fixação biológicado nitrogênio”, explicou oProfessor Paulo Ferreira, pes-quisador do Departamentode Bioquímica Médica do Ins-tituto de Ciências Biomédicasda Universidade Federal doRio de Janeiro (UFRJ).

As pesquisas do RioGene foram ini-ciadas em abril de 2001. Até o mo-mento, já foram investidosR$ 4.570.000,00 no projeto. A FAPERJaplicou R$ 3.170.000,00, e oMCT/CNPq, R$ 1,4 milhão. “Ofomento à pesquisa de seqüencia-mento da Gluconacetobacter diazotro-phicus reflete o entendimento que aFAPERJ tem da importância de umapolítica pública voltada para a ciên-cia e tecnologia em um estado comoo Rio de Janeiro, que reúne alta quali-dade de pesquisadores e cientistas dedestaque no Brasil e no exterior”,ressaltou o diretor-presidente daFAPERJ, Epitácio Brunet.

“No caso específico dessa bactéria,vislumbra-se a sua aplicação na cul-tura da cana-de-açúcar, um produtode tradicional importância na agri-

cultura fluminense. Ganhos de quali-dade e produtividade poderão serpercebidos claramente a médio elongo prazos”, destacou Brunet.

País vai economizar O desafio de aumentar a produtivi-dade agrícola é um dos principais es-tímulos aos pesquisadores envolvidosno projeto. Os resultados do RioGenedeverão contribuir para aprimorar orendimento metabólico da bactéria,ampliando sua capacidade de fixaçãobiológica de nitrogênio. Estudos pre-liminares estimam que, reduzindo em30% a quantidade de fertilizantesnitrogenados aplicados em toda a áreacultivada com cana-de-açúcar no país– cerca de 4 milhões de hectares nasafra 2001/2002 –, seria possível eco-nomizar em torno de R$ 100 milhõespor ano.

Para o secretário de estado deCiência, Tecnologia e Ino-vação, Fernando Peregrino, aeconomia pode ser aindamaior. Segundo ele, dados doMinistério da Agricultura in-dicam que o Brasil consomeanualmente 11 milhões detoneladas de fertilizantes ni-trogenados, o que corres-ponde a uma despesa deUS$ 1,8 bilhão. “Se o paísfizer uma redução de 10%desse volume, será possíveleconomizar US$ 180 milhõespor ano”, destacou.

As pesquisas do ProjetoRioGene também podem cau-sar impacto em outras plantas.

A capacidade da Gluconacetobacterdiazotrophicus de produzir hormôniosque aceleram o crescimento vegetaltambém será investigada pelos pes-quisadores. Estudos mostram quebactérias como essa, encontradas emoutras culturas de grãos, têm altopotencial biofertilizante adicionalgraças à produção desses hormônios.“Em conseqüência desses dois fatorescomplementares, estima-se que a uti-lização continuada de tais bactérias naagricultura brasileira possa gerar umaeconomia anual superior a R$ 700 mi-lhões com a redução do uso de fertili-zantes”, destacou o ProfessorAdalberto Vieyra, integrante daComissão de Assessoramento Cien-tífico e Tecnológico ao Programa deApoio às Entidades Estaduais daFAPERJ.

1986 – Anunciado o ProjetoGenoma Humano.

1995 – É decifrado o primeirogenoma de um ser vivo, o da bac-téria Haemophilus influenzae.

1997 – Anunciado o nascimentodo primeiro animal clonado domundo, a ovelha Dolly.

2001 – O Projeto Genoma Humanoe a empresa Celera publicam aprimeira edição do chamado “livroda vida”, com os resultados dogenoma humano.

2003 – Apresentada a versãofinal do genoma humano.

Epitácio Brunet: política pública voltada para a C&T

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OProjeto Genoma do Rio deJaneiro (RioGene) é uma rede

que reúne cerca de cem profissionais,entre pesquisadores, estudantes etécnicos de sete instituições científi-cas. Trata-se de um projeto multidis-ciplinar que envolve com-petências nas áreas de agrono-mia, biologia molecular, genéti-ca, informática e microbiologia,entre outras. “O RioGene éuma iniciativa integradora, queaglutina recursos humanosnuma dimensão nunca alcança-da no estado do Rio de Janeiroe que abre enormes possibili-dades de aproveitamento daciência de ponta aqui praticadapara o desenvolvimento eco-nômico do estado e para obem-estar de seu povo”, desta-ca o Professor AdalbertoVieyra.

A rede é formada por labo-ratórios do Departamento deBioquímica Médica do Institu-to de Ciências Biomédicas, doInstituto de Biofísica CarlosChagas Filho e do Departa-mento de Genética do Institutode Biologia da Universidade Federaldo Rio de Janeiro (UFRJ); do Depar-tamento de Entomologia e Fito-patologia do Instituto de Biologia daUniversidade Federal Rural do Riode Janeiro (UFRRJ); do Departamen-

to de Bioquímica e do Departamentode Bioquímica, Biofísica e BiologiaCelular e Genética do Instituto deBiologia Roberto Alcântara Gomes(Ibrag) da Universidade do Estadodo Rio de Janeiro (Uerj); do Labo-

ratório de Biotecnologia, do Centrode Biociências e Biotecnologia daUniversidade Estadual do NorteFluminense (Uenf); do Centro Na-cional de Agrobiologia da EmpresaBrasileira de Pesquisa Agropecuária

(Embrapa); do Laboratório Nacionalde Computação Científica (LNCC) doMinistério da Ciência e Tecnologia(MCT); e da Pontifícia UniversidadeCatólica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Apoio: FAPERJ e MCT/CNPqTítulo: Projeto RioGeneModalidade: Auxílio à Pesquisa(APQ1)Valor: R$ 3.170.000,00 (FAPERJ)Ano: 2000

Bactéria aperfeiçoada Segundo o Professor Paulo Ferreira,ao mesmo tempo em que concluem oseqüenciamento, os pesquisadoresiniciaram a etapa de anotação, quan-do passarão a identificar os genes,indicar sua localização e descreveralgumas funções das proteínas poreles codificadas. “Até o fim deste ano,deveremos concluir as pesquisas epublicar os resultados em uma revistaespecializada”, adianta.

Só depois de finalizado o seqüencia-mento e da publicação do genomacompleto, os cientistas poderão dar

início a uma nova fase da pesquisa,que culminará com o aperfeiçoamentodo potencial de fixação de nitrogênioda Gluconacetobacter diazotrophicus. Noentanto, para que isso seja possível,ainda será preciso responder a umasérie de questões. É preciso saber, porexemplo, como a bactéria invade epermanece na planta, como elas inte-ragem e como se dá a fixação denitrogênio e a troca de nutrientes.

Durante o evento de apresentaçãopública dos resultados do RioGene, oProfessor Epitácio Brunet destacou apossibilidade de um convênio entre o

Ministério da Ciência e Tecnologia(MCT) e a FAPERJ, que receberiarecursos complementares para oPrograma de Biotecnologia, que,além do Projeto RioGene, abrange aRede Proteômica. O secretário deC&T, Fernando Peregrino, anuncioua intenção do governo de Cuba emfirmar um acordo de cooperação como governo do Rio de Janeiro. A idéiaé a troca de know how, pois oscubanos conhecem 66 derivados dacana-de-açúcar e os pesquisadoresbrasileiros, o genoma da bactéria quepode aumentar a produtividadedesse vegetal.

Esforço multidisciplinar

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No palco iluminado pelo sol, comgestos delicados e a firmeza de

quem sabe onde pisa, ainda que naponta dos pés, meninas do projetoDançando para não Dançar se apre-sentam em mais um espetáculo ao arlivre. Na platéia, gente simples, nãoacostumada a freqüentar teatros,assiste em silêncio a cada quadro dobalé e aplaude com entusiasmo nofim. Quem vê aquelas meninas ocu-pando o espaço cênico com tamanhadesenvoltura e alto nível técnico, nãoimagina as adversidades que en-frentam - a rotina das comunidadescarentes. Foi para afastar as criançasdas ruas, para não “dançarem” noasfalto, nas drogas e na criminalidade,que a bailarina e professora de dançaThereza Aguilar criou o projeto, em1995, nas favelas do Cantagalo,Rocinha e Pavão/ Pavãozinho.

Nessas comunidades, ela dava aulasde balé para cem crianças. “Ninguémacreditava na possibilidade de o meutrabalho contribuir para a cons-trução de uma vida mais digna paracrianças e jovens que vivem em situa-ção de risco social, a não ser aFAPERJ, que desde o primeiro dianos apóia”, diz Thereza Aguilar. “Sódepois desse auxílio é que con-seguimos outros.”

Formando professorasAtualmente, o apoio vem da iniciativaprivada, de empresas estatais e da Leide Incentivo à Cultura. Um mutirãoque possibilita ao Dançando para nãoDançar ser exemplo de projeto deinclusão social, pois, muito mais doque ensinar a dançar, prepara asjovens para atuarem em diversas áreasdo balé. “Podem ser professoras, ensa-iadoras, trabalhar com linóleo, ilumi-nação e som”, diz Thereza. Com asparcerias, o projeto cresceu, atenden-do hoje 430 crianças de nove comu-nidades. Para dar conta do trabalho, oDançando para não Dançar tem acolaboração de 45 profissionais.

São sete professores de balé clássico,dentre eles Norma Pinna, primeirabailarina do Theatro Municipal do Riode Janeiro, que diz ser muito gratifi-cante acompanhar o crescimento des-sas meninas, e Ronaldo Martins, solis-ta do corpo de baile do mesmo teatro.Além deles, há cinco professores deteoria e prática musical, quatro pia-nistas e professores de espanhol. Asjovens também recebem atendimentomédico, psicológico, fonoaudiológico,acompanhamento de uma assistentesocial e tratamento orto-dentário .Algumas já exibem aparelho nosdentes e não é para menos: afinal, um

belo sorriso é tão importante quanto obrilho no olhar dessas meninas.

Uma história de êxitosAo longo dos nove anos de existência,o Dançando para não Dançar já acu-mulou alguns êxitos. Oitenta meninasjá foram selecionadas para a Escola dedança Maria Olenewa, do TheatroMunicipal; cinco já são monitoras dopróprio projeto, recebendo remune-ração por seus trabalhos; algumas jáfizeram estágio na Staadtliche Schulede Berlim, uma das mais conceituadasescolas de dança da Alemanha; e ou-tras já passaram uma temporada emCuba, estagiando na Companhia deDança Nacional.

O mais recente êxito foi obtido porMárcia Freire, de 18 anos, moradorado Morro Pavão/Pavãozinho, que háseis faz parte do projeto. Foi uma dasque estiveram na Alemanha e emCuba. Agora, acaba de ser aprovadaem primeiro lugar, com nota máxima,para integrar a Companhia de Dançade Fernando Bicudo. Concorreu com600 candidatas a uma das 20 vagasque estavam sendo oferecidas. Márciase transforma, assim, na primeiraprofissional do Dançando para nãoDançar a conquistar um lugar no mer-cado de trabalho fora do projeto.

Dignidade na ponta dos pésFAPERJ apóia projeto que utiliza a dança como fator de inclusão social

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Aconstituição brasileira garanteaos cidadãos o direito de ir e vir.

Mas isso não vale para todos. Pelomenos, não para os portadores dedeficiência que sonham em ingressarem um curso superior. Pesquisa rea-lizada pelas professoras CristianeRose de Siqueira Duarte e ReginaCohen, do Programa de Pós-gradu-ação em Arquitetura da Univer-sidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ), mostra que a maioria dasinstalações da UFRJ não está adequa-da para o acesso e deslocamento deportadores de deficiência.

Diante dessa constatação, as pesqui-sadoras verificaram que muitos por-tadores de deficiência deixam deingressar em universidades por nãoterem meios de chegar a uma sala deaula. Os que iniciam um curso supe-rior, muitas vezes abandonam osestudos por não suportarem o cons-trangimento diário de pedir paraserem carregados nas escadas ou porcima das roletas das bibliotecas.

O estudo, que contou com apoio daFAPERJ, não encontrou nenhumaunidade que possa ser citada como

exemplar em termos de acessibili-dade. “Há, no entanto, unidades cujareadequação é mais simples, apresen-tando espaços mais fáceis de seremadaptados”, explica Cristiane Duarte.Um exemplo de edifício pratica-mente inacessível é o da Faculdadede Educação Física. “Funcionandoem um prédio cheio de escadas,corredores, portas difíceis de abrir ecom inúmeras barreiras para porta-dores de deficiência visual, a Facul-dade de Educação Física da UFRJnem parece estar situada em um paísem que os atletas da paraolimpíadaforam os que trouxeram o maiornúmero de medalhas em 2000”,destaca a pesquisadora.

Trabalho premiadoO trabalho realizado pelas professo-ras recebeu, em 2002, o prêmio inter-nacional da Associação Européiapara o Ensino de Arquitetura, na ca-tegoria de novas metodologias deensino de arquitetura. “Foi o únicotrabalho não europeu selecionadodentre cinco finalistas”, orgulha-seRegina Cohen. Segundo ela, o júriressaltou a qualidade do trabalho,sublinhando a metodologia que pos-

sibilita o desdobramento do assuntoem atividades de ensino, pesquisa eextensão.

Na pesquisa foram avaliadas quaissão as barreiras espaciais e como elasinfluenciam o rendimento acadêmicoe as atividades de produção de co-nhecimento dos portadores de defi-ciência. Foi realizado um levanta-mento espacial e social com 52 porta-dores de deficiência na CidadeUniversitária e em outras unidadesda UFRJ, como a Praia Vermelha, aFaculdade de Direito, o MuseuNacional e o Instituto de Filosofia eCiências Sociais (IFCS).

“Esse número está longe de atingir atotalidade de portadores de deficiên-cia da UFRJ. Muitos não tomam a ini-ciativa de responder ao nosso cadas-tramento por estarem descrentesdepois de tanta luta contra a segre-gação espacial. Outros têm medo deserem tratados como meros objetosde estudo”, explica Regina Cohen.Dados da Organização Mundial deSaúde (OMS) revelam que, para umapopulação global estimada em 9,3bilhões de pessoas, cerca de 10% são

Por uma universidade sem barreirasPesquisa revela que prédios de faculdades são carentes

de acessibilidade para portadores de deficiência

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Assim que resolveram iniciar osestudos, há cinco anos, as pes-

quisadoras pensaram em ter comofoco de análise apenas as pessoascom dificuldades de locomoção, ouseja, aquelas que usam cadeira derodas, muletas, aparelhos ortopédi-cos, além de idosos, mulheres grávi-das e pessoas obesas. “Contudo, nodecorrer do estudo, percebemos queas barreiras de acesso devem ser vis-tas de uma forma global, pois a me-lhoria arquitetônica que resolve oacesso de um cadeirante, por exem-plo, pode dificultar o acesso de umapessoa com problemas visuais”, afir-ma Cristiane Duarte.

Um exemplo disso seria a construçãode uma rampa entre o meio-fio e acalçada para facilitar a vida de pes-soas que usam cadeira de rodas. Noentanto, se um portador de deficiên-cia visual vem pela mesma calçadaguiando-se com a bengala ao longodo meio-fio, poderá ter problemas senão for avisado, por meio de um piso

diferenciado”, explica. Para evitarsituações como essa, as adaptaçõesdevem ser planejadas.

Formar especialistasEntre as adaptações necessárias nasunidades de ensino para melhorar aqualidade de vida dos portadores dedeficiência estão: a instalação de sa-nitários adaptados, vagas e pavimen-tação em geral. “Esses edifícios pre-cisam de um planejamento global edentro do conceito de ‘rota flexível’.Com isso, quero dizer que o mais im-portante é haver uma continuidadenas medidas de acessibilidade a se-rem adotadas ao longo dos percursos– desde o ponto de acesso inicial até odestino final. De nada adiantaria, porexemplo, construir um estaciona-mento com vaga especial e uma ban-cada de estudos adaptada para umabiblioteca se entre um e outro for pro-jetada uma porta giratória”, alerta.

A Professora Cristiane Duarte explicaque sua parceira de pesquisa, a

arquiteta Regina Cohen, portadorade deficiência há 13 anos, foi quemchamou a atenção para a importânciade direcionar a atenção para essaparcela de estudantes, em sua orien-tação de mestrado. Ela provou quenão seria difícil remover as barreirasarquitetônicas e urbanas desde queexistisse uma pitada de bom senso evontade política. Para formar espe-cialistas no assunto, o que é raro noBrasil, as pesquisadoras fundaram oNúcleo Pró-Acesso, vinculado aoPrograma de Pós-graduação emArquitetura (Proarq), onde são de-senvolvidas pesquisas sobre bar-reiras arquitetônicas e urbanas.

Rio de Janeiro, julho de 2003

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portadoras de algum tipo de defi-ciência.

Enquanto as inúmeras barreiras ar-quitetônicas podem ter solução, háoutros obstáculos que ainda preci-sam ser superados. “Acho que a vagaem uma instituição de ensino deve

ser garantida para todos os que têmcapacidade de aprender e vir a pro-duzir conhecimento e não apenas paraaqueles que podem subir uma esca-da”, afirma Cristiane Duarte. “Na ver-dade, o que detectamos de mais gravefoi o preconceito que ainda existe nomeio acadêmico. Isso nos chocou,

pois as minorias continuam a ser se-gregadas socialmente no âmbito dacomunidade acadêmica”, lamentaRegina Cohen. Outro problema en-contrado foi a burocracia. “Registra-mos alguns casos de alunos queesperam dois anos pela construçãode uma simples rampa”, conta.

Apoio: FAPERJTítulo: Acessibilidade, identidade evida cotidiana nos espaços de ensinoe pesquisaModalidade: Programa Cientistas doNosso EstadoValor: R$ 48 milAno: 2000

Na UFRJ, tarefas simples como desceruma escada, usar o banheiro, freqüentara biblioteca e assistir às aulas se transfor-mam em verdadeiros constrangimentosdiários para os portadores de deficiência.

Adaptações precisam ser planejadas

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FAPERJ notícias

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Uma informação equivocada foipropagada, de geração em gera-

ção, pelos moradores de Casimiro deAbreu, que, por anos a fio, acredita-ram que a Igreja São João Batista, er-guida por jesuítas no distrito de Barrade São João, era uma construção de es-tilo neoclássico. Assim ela está identi-ficada em todos os documentos dispo-níveis na cidade. Esse engano só foidesfeito no ano passado, quandoSônia Cardoso, então secretária deCultura do município, participou do ISeminário de Políticas Públicas deCultura do Estado do Rio de Janeiro.

Durante uma aula, Gustavo Schnoor,mestre em História e Crítica de Arte,mostrou a foto de uma capela muitosemelhante para exemplificar omaneirismo como estilo arquitetônico.“Na mesma hora, identifiquei nossaigrejinha e, na aula seguinte, levei afoto. O professor confirmou minhassuspeitas: a São João Batista é de estilomaneirista e não neoclássico como seacreditava”, conta Sônia.

Projeto virou livroAlém de Casimiro de Abreu, outros 49municípios fluminenses inscreveramseus gestores culturais para participardo seminário de 2002, uma iniciativa da

Universidade do Estado do Rio de Ja-neiro (Uerj), da Comissão de GestoresPúblicos de Cultura do Estado do Riode Janeiro (Comcultura-RJ) e da FAPERJ.O resultado das aulas e palestras estáno livro Políticas públicas de cultura doestado do Rio de Janeiro, organizadopor Roberto Conduru e Vera BeatrizSiqueira e lançado no dia 24 de marçopassado, junto com a aula inaugural dosegundo ano do seminário, que contaagora com a parceria da Casa de RuiBarbosa e a participação de represen-tantes de 75 municípios.

O evento foi realizado na PrefeituraMunicipal de Vassouras, cujo prédio foirestaurado recentemente. De acordocom a secretária de Cultura e Turismo domunicípio, Marta Fonseca, a obra é re-flexo do aprendizado do seminário doano passado. “O curso me ajudou a en-tender melhor o valor do patrimôniohistórico de Vassouras e motivou a Se-cretaria a promover a restauração dedois importantes prédios: o do antigoFórum, onde hoje funciona a Prefeitura,e o da Câmara dos Vereadores”, disseMarta.

Resultados práticosA ex-secretária de Cultura de SãoGonçalo e atual coordenadora de In-

tegração da Comcultura-RJ, CleiseCampos, explica que o curso buscaatender demandas sociais, acadêmicas,culturais e políticas, apoiando a pro-dução cultural e o desenvolvimento depesquisas na área. “O curso nasceu daangústia de quem trabalha com culturanos pequenos municípios fluminenses.A gente enxergava um vácuo na políti-ca cultural do estado”, revelou.

Com a promoção de encontros mensaisde quem trabalha no setor, o semináriodo ano passado já mostra resultadospráticos, com um intercâmbio das mani-festações culturais dos diversos muni-cípios. “O curso serve para ampliar oolhar dos gestores culturais que saemmais bem informados para melhor reali-zar seu trabalho. Agradeço todo o apoiologístico e financeiro da FAPERJ, que nosajuda a mostrar que cultura nos pe-quenos municípios é muito mais do queartesanato e compotas”, resume SôniaCardoso, que é também coordenadorade Comunicação da Comcultura-RJ.

Mais que artesanato e compotasSeminário forma e qualifica gestores culturais de 75 municípios fluminenses

Apoio: FAPERJ Título: Seminário políticas públicasde culturaModalidade: APQ2Valor: R$ 10.466,00Ano: 2002

Antiga sede do Fórum, a Prefeitura de Vassouras foi reformada após o seminário