fundação carlos chagas filho de amparo à ... - faperj

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O balanço das atividades e iniciativas empreendidas pela FAPERJ em 2004 mos- trou que a instituição atravessou recente- mente um dos períodos mais dinâmicos de sua história, em parte graças a um desem- bolso de mais de R$ 137,6 milhões. Com medidas inovadoras e o apoio do governo do estado, a atual gestão conse- guiu resgatar a credibilidade junto à comu- nidade científica após um período de difi- culdades em 2003, quando o governo esta- dual foi obrigado a conter suas despesas a fim de sanear as contas do estado. Esse desembolso garantiu a manuten- ção do Programa Básico da instituição, que concedeu 1.318 bolsas e 793 auxílios - contemplando desde pesquisadores em editais tradicionais como Cientistas do Nosso Estado, até programas como Jovens Talentos, voltado para a iniciação científi- Faperjianas Parceria Drogas Auditoria - Editoração - Inovação - Interior - Institutos Virtuais FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - Av. Erasmo Braga, 118 - 6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - Cep: 20.020-000 Visite o nosso site: www.faperj.br Convênio abre as portas do Museu da República para eventos de C&T Uma parceria entre a FAPERJ, a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inova- ção e o Museu da República permitirá a re- alização de conferências, exposições, semi- nários e outros eventos de ciência e tecnologia nas dependências do Palácio do Catete, que abriga o museu. O convênio foi assinado em janeiro por ocasião do lança- mento do mapa de Campos, dentro do pro- jeto Rio em Mapas. Pág. 10 FAPERJ e Cravo Albin se unem para mapear música fluminense As diferentes expressões musicais do Esta- do do Rio de Janeiro devem ser objeto de levantamento a ser realizado pelo Instituto Cravo Albin, que deverá transformar o ma- terial em livro. O projeto é um desdobra- mento de parceria do instituto com a FAPERJ para a realização de edição impres- sa do dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira Online inaugurado em 7 de novembro de 2001. Pág. 9 Pesquisa revela que família influencia os dependentes de drogas Um estudo pioneiro para traçar o perfil de dependentes de drogas surpreendeu os pes- quisadores da UFRJ e da Fiocruz que se debruçaram sobre o prontuário de 3.672 pessoas atendidas pelo Conselho Estadual Antidrogas do Rio: a principal influência na decisão de experimentar as drogas é a família, em especial, o pai. O relatório final da pesquisa pode alterar o rumo das políti- cas públicas para o setor. Pág. 8 Artigo: Jerson Lima fala sobre o desempenho da Fundação Pág. 3 Genoma e Proteoma: redes apresentam os primeiros resultados Pág. 5 Tinta invisível entra na lista de inovações em agenda brinde do Itamaraty Pág. 8 Jovens Talentos na defesa do Parque Paleontológico de Itaboraí A defesa do mais importante sítio paleontológico do Estado do Rio, situa- do no município de Itaboraí, próximo a Niterói, já conta com a ajuda de 18 alu- nos da rede pública municipal. Eles fo- ram contemplados com bolsas do pro- grama Jovens Talentos – uma parceria da FAPERJ com o Cecierj e a Fiocruz – para orientar os visitantes e impedir que invasores vandalizem a área. Pág. 12 ca e o apoio a alunos cotistas das universi- dades públicas estaduais. Entre as principais novidades do ano esteve a realização do primeiro Edital Rio Inovação, programa de apoio a empresas que objetiva modernizar a indústria e a ofer- ta de serviços no estado. Outra boa nova foi o lançamento do pro- grama Primeiros Projetos, que atraiu um grande número de candidatos. O objetivo do programa é ampliar as oportunidades para jovens pesquisadores e nucleação de novos grupos de estudo. Os editais Pesquisa para o SUS (Sistema Único de Saúde), Desenvolvimento Regio- nal e Direitos Humanos também se destaca- ram entre as iniciativas da Fundação que re- fletem a disposição da governadora Rosinha Garotinho em apoiar a pesquisa cientifica e tecnológica fluminense. Pags. 6 e 7 Estudantes da Escola Municipal Francesca Carey desfilam em apoio à preservação do parque Foto: Divulgação/IVP Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro | Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação | ano 1 - nº 4 | fevereiro - março - abril de 2005 Desempenho recorde e inovação impulsionam a C&T no Rio de Janeiro

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Page 1: Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à ... - FAPERJ

O balanço das atividades e iniciativasempreendidas pela FAPERJ em 2004 mos-trou que a instituição atravessou recente-mente um dos períodos mais dinâmicos desua história, em parte graças a um desem-bolso de mais de R$ 137,6 milhões.

Com medidas inovadoras e o apoio dogoverno do estado, a atual gestão conse-guiu resgatar a credibilidade junto à comu-nidade científica após um período de difi-culdades em 2003, quando o governo esta-dual foi obrigado a conter suas despesas afim de sanear as contas do estado.

Esse desembolso garantiu a manuten-ção do Programa Básico da instituição, queconcedeu 1.318 bolsas e 793 auxílios -contemplando desde pesquisadores emeditais tradicionais como Cientistas doNosso Estado, até programas como JovensTalentos, voltado para a iniciação científi-

Faperjianas ParceriaDrogas

Auditoria - Editoração - Inovação - Interior - Institutos VirtuaisFAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - Av. Erasmo Braga, 118 - 6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - Cep: 20.020-000

Visite o nosso site: www.faperj.br

Convênio abre as portasdo Museu da Repúblicapara eventos de C&TUma parceria entre a FAPERJ, a SecretariaEstadual de Ciência, Tecnologia e Inova-ção e o Museu da República permitirá a re-alização de conferências, exposições, semi-nários e outros eventos de ciência etecnologia nas dependências do Palácio doCatete, que abriga o museu. O convênio foiassinado em janeiro por ocasião do lança-mento do mapa de Campos, dentro do pro-jeto Rio em Mapas. Pág. 10

FAPERJ e Cravo Albinse unem para mapearmúsica fluminenseAs diferentes expressões musicais do Esta-do do Rio de Janeiro devem ser objeto delevantamento a ser realizado pelo InstitutoCravo Albin, que deverá transformar o ma-terial em livro. O projeto é um desdobra-mento de parceria do instituto com aFAPERJ para a realização de edição impres-sa do dicionário Cravo Albin da MúsicaPopular Brasileira Online inaugurado em 7de novembro de 2001. Pág. 9

Pesquisa revela quefamília influencia osdependentes de drogasUm estudo pioneiro para traçar o perfil dedependentes de drogas surpreendeu os pes-quisadores da UFRJ e da Fiocruz que sedebruçaram sobre o prontuário de 3.672pessoas atendidas pelo Conselho EstadualAntidrogas do Rio: a principal influênciana decisão de experimentar as drogas é afamília, em especial, o pai. O relatório finalda pesquisa pode alterar o rumo das políti-cas públicas para o setor. Pág. 8

Artigo: Jerson Limafala sobre o desempenhoda Fundação Pág. 3

Genoma e Proteoma:redes apresentam osprimeiros resultados Pág. 5

Tinta invisível entra na listade inovações em agendabrinde do Itamaraty Pág. 8

Jovens Talentos na defesa doParque Paleontológico de Itaboraí

A defesa do mais importante sítiopaleontológico do Estado do Rio, situa-do no município de Itaboraí, próximo aNiterói, já conta com a ajuda de 18 alu-nos da rede pública municipal. Eles fo-

ram contemplados com bolsas do pro-grama Jovens Talentos – uma parceriada FAPERJ com o Cecierj e a Fiocruz –para orientar os visitantes e impedir queinvasores vandalizem a área. Pág. 12

ca e o apoio a alunos cotistas das universi-dades públicas estaduais.

Entre as principais novidades do anoesteve a realização do primeiro Edital RioInovação, programa de apoio a empresasque objetiva modernizar a indústria e a ofer-ta de serviços no estado.

Outra boa nova foi o lançamento do pro-grama Primeiros Projetos, que atraiu umgrande número de candidatos. O objetivodo programa é ampliar as oportunidadespara jovens pesquisadores e nucleação denovos grupos de estudo.

Os editais Pesquisa para o SUS (SistemaÚnico de Saúde), Desenvolvimento Regio-nal e Direitos Humanos também se destaca-ram entre as iniciativas da Fundação que re-fletem a disposição da governadora RosinhaGarotinho em apoiar a pesquisa cientifica etecnológica fluminense. Pags. 6 e 7

Estudantes da Escola Municipal Francesca Carey desfilam em apoio à preservação do parque

Foto: Divulgação/IVP

Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro | Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação | ano 1 - nº 4 | fevereiro - março - abril de 2005

Desempenho recorde einovação impulsionama C&T no Rio de Janeiro

Page 2: Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à ... - FAPERJ

2 Jornal da FAPERJ nº 4 FEVEREIRO / MARÇO / ABRIL de 2005 www.faperj.br

Editorial

Graças a um desembolsoinédito por parte do governo do estado, ao lon-

go de 2004 a FAPERJ intensifi-cou a sua participação no siste-ma de fomento à ciência etecnologia que move este setor noRio de Janeiro. A garantia de in-vestimentos por parte do Gover-no do Estado do Rio de Janeiropossibilitou a manuntenção deimportantes programas, o lança-mento de novos editais e o esta-belecimento de convênios estra-tégicos com o governo federal.

A Fundação assumiu complena força a sua missão comoórgão executor da política deciência, tecnologia e inovaçãoformulada pelo governo do es-tado com o objetivo de apoiara pesquisa e tornar favoráveisas condições para a expansão

deste que é o segundo parquede C&T do país.

Das fronteiras do conheci-mento - caso das células-tronco- a temas mais tradicionais, comomelhoria do cultivo de alimen-tos, a FAPERJ vem efetivamen-te contribuindo para o desenvol-vimento da ciência, datecnologia e da inovação – con-dição sine qua non para ajudar opaís a superar obstáculos e colo-car-se em posição de competir navanguarda da cena internacional.

Nesta edição do JORNALDA FAPERJ, o leitor poderá co-nhecer algumas das muitas ati-vidades empreendidas ao longodos últimos meses por pesquisa-dores, por instituições e pela pró-pria Fundação, como as parceri-as firmadas com o Museu da Re-pública e com o Instituto Cravo

Albin. Algumas reportagens mos-tram o imenso potencial da pes-quisa, contido, às vezes, numaidéia aparentemente simples,como a tinta invisível.

A reportagem publicada naspáginas centrais fornece um pa-norama do sistema estadual defomento em 2004, incluindo al-gumas das ações estruturantesempreendidas por nós – como amodernização do sistema deinformática da Fundação e o au-mento da velocidade da RedeRio. Um artigo do titular da Di-retoria Científica, Jerson LimaSilva, à página 3, complementaa visão sobre de que modo o go-verno do estado vem orientandoas políticas relativas à pesquisacientífica e tecnológica.

Pedricto Rocha FilhoDiretor-presidente

Notas

Governo do Estado do Rio de Janeiro

Governadora: Rosinha Garotinho

Secretaria de Estado de Ciência,Tecnologia e Inovação

Secretário: Wanderley de Souza

FAPERJ – Fundação Carlos Chagas Filho de Amparoà Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro

Diretor-presidente: Pedricto Rocha Filho

Diretor Científico: Jerson Lima Silva

Diretor de Tecnologia: Marcos Cavalcanti

Diretora de Administração e Finanças: Maria CarolinaPinto Ribeiro

Conselho Superior:

Reinaldo Felippe Nery Guimarães (presidente), Jésus

Alvarenga Bastos (vice-presidente), Angela Maria

Cohen Uller, Antônio Celso Alves Pereira, Carlos

Alberto Aragão de Carvalho Filho, Carlos Alberto

Dias, Celso Pereira de Sá, César Camacho, Eduardo

Eugênio Gouvêa Vieira, Maria Alice Rezende de

Carvalho, Otávio Guilherme Cardoso Alves Velho eWalter Araújo Zin.

Jornal da FAPERJ – ano I – no 4

Coordenação editorial: Renata Moraes

Edição: Paul Jürgens

Redação: Mário Nicoll, Marina Lemle, Paul Jürgens,Renata Moraes e Vinicius Zepeda

Diagramação: Mirian Dias

Mala-direta e distribuição: André Souza

Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia eInovação Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à

Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ

Avenida Erasmo Braga, 118/6o andar – Centro – Rio deJaneiro – CEP: 20.020-000 – Tel.: 3231-2929 – Fax: 2533-

4453 – Gráfica: Jornal do Commercio – Tiragem: 9.000.

Visite nosso site: www.faperj.br

Expediente

Semana Nacional de C&TO Ministério da Ciência e Tecnologia(MCT) escolheu o período de 3 a 9 deoutubro para a realização da SemanaNacional de Ciência e Tecnologia des-te ano. O Grupo de Trabalho instituí-do pelo MCT, que terá como funçãoestabelecer estratégicas de articulaçãoe integração, além de coordenar a sele-ção e a implementação das atividadesda Semana Nacional da C&T, será co-ordenado por Rodrigo Rollemberg.será coordenado pela Secretaria de

C&T para a Inclusão Social. Partici-pam, pelo MCT, Rodrigo Rollemberg,que coordenará o grupo, Ildeu de Cas-tro Moreira. Como no ano passado, aFAPERJ estará participando do evento.

A FAPERJ na mídiaA imprensa vem publicando freqüen-tes reportagens e notas sobre temasvariados e bastante interessantes parao público leigo – com a devida men-ção à FAPERJ: entre outros, a mídiadestacou, nos últimos dois meses, a

No site da FAPERJ (www.faperj.br), o ar-quivo correspondente a esta edição do Jor-nal da FAPERJ inclui links úteis relacio-nados às matérias listadas abaixo. Paraacessar o arquivo do jornal, vá ao site e cliquena miniatura da capa do jornal no canto infe-rior esquerdo da tela.

Osteoporose ameaça mulheres atletasArtigos científicos brasileiros e estrangei-ros sobre a Tríade da Mulher Atleta

Um dueto para colocar a MPB no mapaBuscas online por artistas, grupos,discografias, obras e instrumentos

Avanços nas redes Genômica eProteômica do Estado do RJ· Estatísticas diárias do mapeamento do

genoma da bactéria Gluconacetobacterdiazotrophicus

· Dengue, cólera, veneno de serpente e ainfluência de bactérias na cultura da cana-de-açúcar: quatro grandes projetos de pes-quisa da Rede Proteômica do Rio de Ja-neiro

Rio em Mapas vai a CamposImagens e informações das três edições doprojeto – São Cristóvão e adjacências, Cen-tro do Rio e Campos dos Goytacazes.

Pesquisa nacional com células-tronco re-cebe apoio da Rede-RioCélulas-tronco: o que são, para que serveme as implicações éticas das pesquisas

Tinta invisível desenvolvida na UFRJentra na lista de inovações do ItamaratyA repercussão na mídia da invenção de Cláu-dio Cerqueira Lopes

Dinossauro primitivo achado no Sul dopaís / Parque Paleontológico de Itaboraíganha novo impulsoNotícias sobre as pesquisas do InstitutoVirtual de Paleontologia

descoberta de um dinossauro e de umcrocodilo pré-histórico; pesquisas so-bre esponjas do mar; funcionamentodo lítio no cérebro; relação entre aconvivência familiar e a dependênciade drogas; rede de estudos sobre o malde Chagas; dicionário de música; in-clusão digital e ciclo da borracha. Emmarço, o presidente Pedricto RochaFilho concedeu entrevista de 30 mi-nutos à emissora de tevê Rede Vida,em que discorreu sobre a Fundação eseus objetivos e programas.

Page 3: Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à ... - FAPERJ

www.faperj.br FEVEREIRO / MARÇO / ABRIL de 2005 Jornal da FAPERJ nº 4 3

Artigo

Visão pioneira no fomento à pesquisa no RioNo ano em que comemoramos os 100

anos das três descobertas de Einstein quemudaram a Física Moderna – entre as quaisdestacamos o trabalho do efeito fotoelétrico,base para a revolução da microeletrônica,informática e nanociências –, o Rio de Ja-neiro tem muitas razões para celebrar os in-vestimentos expressivos pelo governo doestado. Fazendo um balanço de 2004, aFAPERJ exerceu sua missão de Estado aoapoiar a Ciência e a Tecnologia de formaabrangente, com uma política de fomentorobusta e sem perder o foco dos interessesregionais, como se espera de uma agênciade fomento científico estadual.

Assim como no restante do país, as neces-sidades de investimentos são muito altas emtodos os setores, incluindo saúde, educaçãoe segurança. O apoio à pesquisa e à inovaçãopode parecer menos urgente, mas é a únicaesperança para um futuro de maior desenvol-vimento e menor desigualdade social.

A opção de investir em ciência requer umavisão pioneira dos governantes. Poucos sãoos frutos dos investimentos em pesquisa co-lhidos em curto tempo, e mais raros aindadentro do período de um mandato executivoou legislativo. Nesse sentido, os 140 milhõesaplicados no sistema de C&T do estado doRio de Janeiro em 2004 foram frutos de umempenho muito grande e de uma visão depolítica pública do governo do estado.

Programas que fortalecem C&TEsse investimento contribuiu para for-

talecer os três pilares das atividades de C&T:a formação de recursos humanos, a pesqui-sa de qualidade nas diversas áreas do sabere as aplicações das descobertas na socieda-de. A seguir, destacamos os principais pro-gramas em que esses recursos são alocados.

1) Um importante programa de bolsasque abrange desde o aluno do ensino mé-dio até o pesquisador doutor, especialmen-te na sua fixação no estado. Vale a pena des-tacar o importante apoio às pós-graduaçõesde excelência mediante o Programa de bol-sas de mestrado e doutorado Nota 10. Alémdisso, o apoio a programas de pós-gradua-ção emergentes e às universidades estadu-ais tem sido crucial. Por exemplo, a últimaavaliação da Capes mostra um aumento mé-dio no conceito dos programas de pós-gra-duação no Rio de Janeiro.

2) O apoio à pesquisa de excelência, talcomo o programa Cientistas do Nosso Esta-do. Esse é um programa de grande sucesso eque tem a marca do Estado do Rio de Janei-

ro, tendo sido, inclusive, seguido peloCNPq, que implantou recentemente as “bol-sas grants”. Em 2004, o Programa Cientis-tas do Nosso Estado foi expandido de 200para 300 cientistas apoiados.

Por outro lado, o apoio a um númeroquase igual de cientistas recém-doutores foiassegurado por meio do Programa Primei-ros Projetos, cujo edital teve concorrênciasuperior a 1.100 pesquisadores. Uma comis-são de alto nível enfrentou a difícil tarefade escolher os 277 projetos de maior méri-to. Esse edital confirma a vocação daFAPERJ de investir nos jovens e na renova-ção da ciência, seja em alunos de iniciaçãocientífica, pós-graduandos ou recém-dou-tores. Os mais de 800 projetos não-contem-plados na seleção possuíam méritos cientí-ficos – o que apresenta à FAPERJ o desafiode buscar mais recursos para apoiá-los.

A pesquisa de excelência também teveo seu fomento consolidado com o progra-ma Pronex, uma parceria da FAPERJ com oCNPq. Os 59 grupos de excelência apoia-dos pela agência pesquisam temas inova-dores e de grande importância para o esta-do do Rio de Janeiro, tais como tuberculo-se, fármacos, catálise para geração de hi-drogênio e desigualdade docial.

3) O apoio à infra-estrutura de pesquisado estado através do programa PADCT-RIO.Fruto também de uma parceira com o siste-ma federal, 2004 foi o ano em que pratica-mente se completou o pagamento de todosos contemplados em editais anteriores, ge-rando para o Rio de Janeiro uma infra-es-trutura renovada de pesquisa.

4) Duas áreas importantes e de grandeimpacto também foram apoiadas. Uma foi a

pesquisa na área médica, que inclui proje-tos que destacam o Rio de Janeiro no cená-rio internacional, como o uso de células-tronco para tratamento de pacientes cardía-cos e em outras aplicações de terapia celu-lar. A outra área que teve um importanteedital foi a de direitos humanos, uma parce-ria com a Secretaria de Direitos Humanos.Esse edital, julgado em final de 2004 e jáem fase de pagamento, contemplou 22 pes-quisadores.

Conjunto de ações estruturantesOs exemplos acima fazem parte de um

conjunto amplo de ações estruturantes queconsolidam a FAPERJ como agência crucialpara o desenvolvimento científico e tecno-lógico do Rio de Janeiro. Os programas in-duzidos, tais como os Institutos Virtuais e oApoio às Entidades Estaduais, demonstrama importância de se fomentar a ciência geralsem perder a perspectiva de priorizar áreasestratégicas e instituições importantes parao desenvolvimento estadual.

Entre os Institutos Virtuais, podemosdestacar o de Nanociências e Nanotec-nologia (INN), uma das áreas multidiscipli-nares mais importantes no mundo moder-no. Através do INN, se consolida o esforçocooperativo dentro do Rio de Janeiro parao estudo de objetos com dimensõesnanométricas e suas aplicações tecnológicas– uma atividade inédita no país. O Apoioàs Entidades Estaduais representa um vetorde impulso para a pesquisa e o desenvolvi-mento tecnológico de instituições cruciaispara o Rio de Janeiro, como a Pesagro, e asuniversidades estaduais e centrostecnológicos (Uerj, Uenf e Faetec).

Ainda no apoio a projetos cooperativos,o fomento às redes de genoma e proteomarepresenta um importante diferencial. ARede de Proteômica do Rio de Janeiro fun-ciona como atividade multidisciplinar emultiinstitucional. Os temas abordados pelarede de proteoma – a primeira a ser configu-rada no país –, não poderiam ser mais im-portantes: a dengue, o cólera, toxinas e abactéria de fixação de nitrogênio da cana-de-açúcar.

Apoio de forma continuadaNão cabe aqui uma descrição detalhada

dos programas que abrangem mais de 3.000bolsas e várias centenas de auxílios à pes-quisa. A FAPERJ, com o apoio da governa-dora Rosinha Garotinho, considera funda-mental que os setores cultural, empresariale universitário compreendam a natureza doprocesso criativo e o apóiem de forma con-tinuada.

O futuro pode ser inventado, não predi-to. A pesquisa cientifica continuará sendo aesperança do futuro na Medicina, na Enge-nharia e em outros campos do conhecimen-to. A Diretoria Científica da FAPERJ se sen-te prestigiada pela atenção direcionada pelogoverno do estado à área cientifica.

É igualmente recompensadora a respos-ta positiva da comunidade científica: os pes-quisadores têm sido generosos em compre-ender que nem sempre é possível atender atodos os projetos meritórios. Essa comuni-dade, em diversas ocasiões, manifesta o seuapoio à FAPERJ, respondendo de forma res-ponsável a um investimento de recursos querepresentam uma fração importante do or-çamento do estado. O retorno, seja na formade divulgação e educação cientifica, seja naforma de aplicações diretas na melhora dascondições de vida e no desenvolvimento es-tadual, tem sido crescente.

Por último, faço um apelo para que es-pantemos as bruxas e reconheçamos que oRio de Janeiro, além de sua paisagemparadisíaca, possui grande densidade inte-lectual e científica e apresenta um elevadocrescimento na produção de conhecimen-to, tanto do ponto de vista quantitativocomo qualitativo. Juntamente com univer-sidades, institutos de pesquisa e empresasde alta tecnologia, a FAPERJ, como agenteessencial deste desenvolvimento, está im-buída da sua missão pública de melhorar ascondições de vida da população do Estadodo Rio de Janeiro.

* Jerson Lima Silva é diretor-científicoda FAPERJ desde fevereiro de 2003.

Jerson Lima Silva*

Jerson Lima Silva: “O Estado do Rio de Janeiro possui grande densidade intelectual e científica”

Page 4: Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à ... - FAPERJ

4 Jornal da FAPERJ nº 4 FEVEREIRO / MARÇO / ABRIL de 2005 www.faperj.br

Quando se fala em estudos com células-tronco está se falando daFAPERJ — que apóia pesquisas e

pesquisadores que estudam o tema e, agora,através da RedeRio/FAPERJ, propiciará ainformatização e a transmissão de dadosentre os quatro centros de pesquisa envol-vidos no estudo nacional que vai testar o usodas células-tronco em pacientes cardíacos.

Trata-se do maior ensaio clínico já rea-lizado no país para testar a eficácia de tera-pias celulares. Participam do estudo 1.200pacientes portadores de quatro tipos decardiopatia. A Rede Rio/FAPERJ proporci-onará a tecnologia para o preenchimento eo envio dos formulários médicos eletroni-camente, facilitando a troca de informaçõesentre as equipes de pesquisa e tratamento. 

A pesquisa, uma parceria entre os mi-nistérios da Saúde e da Ciência e Tecno-logia (MCT), ganhou força com a inaugu-ração, no dia 2 de fevereiro, do Laboratóriode Células-Tronco e do Centro Cirúrgicodo Instituto Nacional de Cardiologia La-ranjeiras (INCL).

O cadastro dos pacientes está sendo fei-to até o fim de março. Logo a seguir, os pa-cientes começarão a receber o tratamento

O coordenador de ensino e pesquisa doINCL, Antônio Carlos Campos de Carva-lho – pesquisador apoiado pela FAPERJ noseditais Pesquisa na Área Médica e Cientis-tas do Nosso Estado – destacou a importân-cia do fomento da Fundação. “Tanto na faseanterior do projeto de pesquisa nacional,quando tive meus estudos sobre cardiopatiase terapias celulares financiados, quanto ago-ra, com a provisão tecnológica da Rede Rio,

o apoio da FAPERJ foi fundamental”, disse.Ele lembrou que a pesquisa também contacom a colaboração de várias universidadesdo Rio de Janeiro, como UFRJ, Uerj e UFF.

 

Laboratório atenderá pacientes do SUSNo Laboratório de Células-Tronco e no

Centro Cirúrgico do Instituto Nacional deCardiologia Laranjeiras, pacientes do SUSportadores de miocardiopatia dilatada, malde Chagas e isquemia crônica receberão im-plantes de células-tronco. 

O estudo nacional irá analisar a aplica-ção do implante desse tipo de célula no tra-tamento de quatro tipos de patologias car-díacas: infarto agudo de miocárdio, doençacoronariana crônica, cardiopatia dilatada(pesquisa do INCL) e insuficiência cardía-ca decorrente do mal de Chagas.

A pesquisa irá durar de 18 meses a trêsanos. Os pacientes serão divididos em qua-tro grupos, com 300 pessoas cada, de acor-do com a doença cardíaca. Em cada grupo,a metade receberá o tratamento tradicionalcom medicamentos e a outra parcela, inje-ções de células-tronco retiradas da medulaóssea do próprio paciente.

A FAPERJ também está presente no uni-verso de estudos sobre células-tronco nocaso da parceria entre a Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro e o Hospital Pró-Car-díaco: o coordenador da pesquisa é HansDohmann, um dos contemplados recente-mente pelo programa Rio Inovação com oprojeto “Terapia celular em cardiologia”.

Mais informações podem ser obtidas nosite www.incl.rj.saude.gov.br.

Pesquisa

FAPERJ financia gama variadade estudos sobre as mulheres

Por ocasião do Dia Internacional daMulher (8 de março), a FAPERJ fez umlevantamento sobre as pesquisas apoia-das pela Fundação e que têm a mulhercomo tema e foco de reflexão. Quase R$23 mil mensais são destinados a bolsasde estudos, além de outros milhares dereais a auxílios-pesquisa.

Um bom exemplo de apoio bem-su-cedido é o amplo projeto do ConselhoEstadual dos Direitos da Mulher (Cedim)intitulado Memória Viva. A iniciativa,que tem por objetivo valorizar e difun-dir a produção cultural e científica fe-minina, reúne bolsistas de diversas áre-as do conhecimento. O projeto visa re-gistrar a história e os avanços da mulherbrasileira, da cidade ou do campo, atra-vés de depoimentos em áudio e vídeode mulheres que conquistaram espaçona política e nas áreas social, culturalou econômica. Apoiado pela FAPERJdesde 2003, o Memória Viva já colheu22 depoimentos em vídeo de mulheresque marcaram presença na história dopaís, como Zezé Motta, Elza Monnerat,Jacqueline Pitanguy, Ana Arruda Calladoe Ana Lipke. “O Memória Viva não exis-tiria sem a FAPERJ”, afirma a coordena-dora do projeto, Isabel Miranda.

Outro bom exemplo é o trabalho con-duzido por Franklin David Rumjanek, doDepartamento de Bioquímica Médica daUFRJ, sobre a relação entre genes e o cân-cer de mama em pacientes do Hospital doFundão. Com um auxílio de R$ 175 mil,a pesquisa apresentará os primeiros resul-tados a partir de julho.

O câncer de mama também é o temada tese de mestrado em enfermagem deVera Lúcia Souza das Chagas Nogueira,

Mulher na sociedade

Eunice Gutman, Pedricto Rocha Filho, Ana Maria Rattes e Gisela Amaral em evento no Cedim

Luis Cláudio Duarte

na Uerj. Ela estuda a interação social damulher com seu núcleo social após o di-agnóstico da doença.

 A sexualidade feminina é um temaque ganha cada vez mais espaço na polí-tica de fomento da FAPERJ. Sob umenfoque antropológico, as alunas da Es-cola de Serviço Social da UFRJ ClaudiaPontes Porto e Michelle Terra Esperandiode Sá desenvolvem a pesquisa “Mulhe-res, sexualidade e envelhecimento”.

 Na Fiocruz, a historiadora Lucianade Araújo Pinheiro investiga a relaçãoentre gênero e ciência, enfocando aprofissionalização de mulheres no Ins-tituto Oswaldo Cruz, no Museu Nacio-nal/UFRJ e no Instituto de Biofísica.

A mulher no mundo do trabalho tam-bém é foco de pesquisa no Departamen-to de Ciências Sociais da Uerj. Clara Ara-ujo, Maria Celi Ramos da Cruz Scalon eAna Maria Lustosa Caillaux comparamas relações de trabalho e gênero no âm-bito da família no Brasil e no exterior.

Outros aspectos da essência femini-na, como erotismo, religiosidade e fétambém são assuntos valorizados pelaFAPERJ. Exemplo disso é o apoio aodoutorado em Literatura Comparada naUerj de Luisa Chaves de Melo, que temcomo tema a mulher na obra de JorgeAmado e Nelson Rodrigues. Já o desejoe a feminilidade em Freud são tema dodoutorado de Luciana Leila FontesVieira, também na Uerj. 

Na área da teologia, vale destacar apesquisa de Gloria Josefina Viero,“Inculturação da fé no contexto do fe-minismo”. “Inculturação” é um termoteológico cunhado recentemente, usadopara falar da relação entre fé e cultura.

Rede Rio/FAPERJ informatizapesquisa com células-tronco

Antonio Carlos Campos de Carvalho no laboratório do Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras

Foto: Vinicius Zepeda

Page 5: Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à ... - FAPERJ

www.faperj.br FEVEREIRO / MARÇO / ABRIL de 2005 Jornal da FAPERJ nº 4 5

Pesquisa

Avanços nas Redes Genômica e ProteômicaContribuições importantes ao desenvolvimento científico e tecnológico nacionalcomprovam que a estratégia do trabalho em rede pode ser produtiva e econômica

O trabalho em rede tem se mostrado uma estratégia eficaz de avanço nas ciências de ponta. É o que

comprovam, nos últimos três anos, as re-des Genômica (RioGene) e Proteômica daFAPERJ, das quais participam especialis-tas dos mais importantes centros de pes-quisa e universidades do estado do Riode Janeiro.

O coordenador do RioGene, PauloCavalcanti Gomes Ferreira, do Departamen-to de Bioquímica Médica da UFRJ, destacacomo maior trunfo da rede o mapeamento dogenoma da bactéria Gluconacetobacterdiazotrophicus, capaz de retirar o nitrogêniodo ar e transferí-lo para as plantas, agindocomo um fertilizante natural em culturas comoa da cana-de-açúcar.

Paulo Ferreira também menciona a for-mação de pessoal capacitado. Desde a cria-ção da rede, em 2001, oito grupos de pes-quisadores receberam treinamento em to-das as etapas da genômica e da anotação degenes. Além de cientistas da UFRJ, partici-pam do RioGene grupos da PUC-Rio, Uenf,UFRRJ, Uerj, Embrapa e do LNCC (Labo-ratório Nacional de Computação Científi-ca). Segundo ele, os investimentos somamR$ 3.37 milhões oriundos da FAPERJ e R$1.4 milhão do CNPq.

Caminho longo pela frenteMas ainda há muito a percorrer. “Os

seqüenciadores são suficientes para os de-safios atuais, mas para maiores desafios sãonecessários novos equipamentos, especial-mente na área de análise de expressão(microarrays)”, explica Ferreira.

Em março, os pesquisadores da rede re-ceberam a visita de uma das maiores autori-dades em genomas de bactérias do mundo:Julian Parkhill, do Wellcome Trust SangerInstitute, na Inglaterra, que já completou oseqüenciamento do genoma de 38 organis-mos. Parkhill é responsável, no instituto,pela coordenação do seqüenciamento detodos os genomas de bactéria, assim comopela anotação dos genes e por projetos degenômica comparativa entre os genomas deorganismos inteiramente seqüenciados. Dr.Parkhill veio prestar consultaria na etapade fechamento do genoma da Glucona-cetobacter diaztrophicus.

Em seguimento ao trabalho do RioGene, a Rede Proteômica, criada em 2002,tem como um dos seus principais projetos oestudo do proteoma da Gluconacetobacterdiazotrophicus. A pesquisa enfoca a curvade crescimento da bactéria, com a separa-ção das proteínas em duas fases de cresci-mento e duas condições – com ou sem afixação de nitrogênio – além de tentarelucidar os mecanismos de interação dacana-de-açúcar com a bactéria.

No âmbito da Rede Proteômica, tambémse destacam os estudos do proteoma do Vibriocholerae (causador da cólera); do plasma depacientes infectados por dengue grave naúltima epidemia; e do veneno de serpentes eseus inibidores naturais, para a busca de tera-pias mais eficazes contra envenenamentos.

De acordo com o coordenador da RedeProteômica, Gilberto Domont, do Departa-mento de Bioquímica do Instituto de Quí-mica da UFRJ, na proteômica o enfoque clás-sico da "ciência dirigida por hipóteses" (quepropõe e resolve questões pontuais) é subs-tituído pela "ciência da descoberta", que si-multaneamente estuda a interação comple-xa entre os vários níveis da informação bio-lógica para entender como funcionam. Estaabordagem se chama Biologia de Sistemas.

Domont explica que é preciso entendera função das proteínas para entender asdisfunções. "O futuro da medicina está alémdo genoma", profetiza.

Para identificar as proteínas, determinarsuas funções e suas interações em cada etapada vida da célula, os cientistas contam comnovas técnicas e equipamentos, como siste-mas de eletroforese, espectrômetros de mas-

sa, scanners para análise de imagens e apare-

lhos para a purificação de proteínas, adquiri-dos com apoio da FAPERJ e dos próprios ins-titutos que compõem a rede. O uso destes re-cursos é compartilhado pelos pesquisadoresem diferentes projetos – e este comparti-lhamento é a própria essência da idéia de rede.

Adquirido com recursos da FAPERJ eda Fiocruz, está em teste um espectrômetrode massa Maldi-Tof-Tof, modelo 4.700, ins-talado no Laboratório de Toxinologia doDepartamento de Fisiologia e Farmaco-dinâmica da Fiocruz. O aparelho faz mapaspeptídicos e permite a determinação de se-qüências de peptídeos. "O espectrômetroajudará a suprir a necessidade dos projetosde pesquisa da Rede e de colaborações comdezenas de outros laboratórios", afirma.

Três novos laboratórios, dois na Uerj (de-partamentos de Biologia Celular e Genéticae de Farmacologia Bioquímica e Celular) eoutro na UFRJ (Instituto de Biologia) foramagregados à Rede Proteômica no fim de 2004e estão sendo equipados com sistemas deeletroforese bidimensional e de análise deimagens, com recursos da FAPERJ.

Em dois anos de vida da Rede Proteômica,Domont destaca, além da produção científi-ca, a promoção de quatro simpósios e a for-mação de recursos humanos. Mais de 50 alu-nos de diversos estados foram capacitadosem técnicas proteômicas, assim como pesqui-sadores do estado do Rio receberam treina-mento em teses e projetos. "Isso mostra nossaliderança e expertise na área", conclui.

O sucesso dos trabalhos das redes é atri-buído à boa divisão das tarefas que os di-versos grupos se propõem a cumprir. Os co-ordenadores das redes vêm discutindo coma FAPERJ formas de ampliá-las.

O que é genomaGenoma é o conjunto de seqüências de

DNA de um ser vivo.

A genômicaA genômica reúne os métodos para se re-

velar e analisar estas seqüências. Inclui oseqüenciamento de DNA, a bioinformática,análises de expressão (quais genes estão li-gados ou desligados em certo momento) e aproteômica, entre outros aspectos.

O lançamento de novos seqüenciadorese reagentes de alta performance faz cair ocusto do seqüenciamento de DNA. Comoconseqüência, mais organismos têm o seugenoma seqüenciado. Novas tecnologiastambém permitem determinar a variação daseqüência de DNA individual, possibilitan-do relacioná-la a respostas a drogas.

O que é proteomaO seqüenciamento do genoma humano e

de outros sistemas biológicos é o primeiropasso para compreendermos a biologia e asdoenças. Embora os genes contenham a in-formação genética, são as proteínas as res-ponsáveis pela maior parte da química celu-lar. O proteoma é o conjunto de proteínasexpresso por um genoma em determinadascondições de tempo, espaço, estado patoló-gico e estímulos externos. O termo foi lança-do em 1995 pelo pesquisador Marc Wilkins.

A proteômicaEnquanto a genômica oferece cópias da

vida, a proteômica revela seus mecanismos.Proteínas defeituosas são responsáveis poruma gama de doenças, de câncer a Alzheimer.

A proteômica é um conjunto de técni-cas desenvolvidas especificamente paraanalisar proteínas em larga escala. Sua fina-lidade é comparar seu comportamento emdiferentes estados fisiológicos, como nasaúde e na doença. As técnicas e os equipa-mentos usados na proteômica visam sepa-rar e identificar milhares de proteínas emsistemas biológicos, possibilitando o estu-do e a compreensão de suas estruturas,interações e funções.

Gilberto Domont coordena a Rede Proteômica; Paulo Cavalcanti Gomes Ferreira, o RioGene

Marina LemleFoto: Levy MoraesFoto: Divulgação

Depois do mapa do DNA, o estudo das proteínas

Page 6: Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à ... - FAPERJ

6 Jornal da FAPERJ nº 4 FEVEREIRO / MARÇO / ABRIL de 2005 www.faperj.br

TransparênciaUma das decisões inovadores tomadaspela presidência da Fundação foi a publi-cação, no site da FAPERJ, da lista de re-passes de 2004. A medida demonstra aintenção de transparência e permite queas instituições mapeiem as suas compe-tências internas.

InformatizaçãoEm fase de implementação, o sistema e-Fap deve, ainda este ano, modernizar ecompletar a informatização da Fundação,que reúne em seus arquivos informaçõespreciosas para a comunidade científica –um verdadeiro mapa da ciência, da culturae das artes no Estado do Rio de Janeiro.

Rede Rio

A modernização da RedeRio/FAPERJ,que interliga, por meio da internet, insti-tuições de ensino, de pesquisa e de go-verno municipal, estadual e federal loca-lizadas no estado, também mereceu aten-ção especial da atual gestão. A rede, sob acoordenação do presidente da FAPERJ,adquiriu dois novos roteadores que ga-rantiram mais velocidade de conexão paramais de 400 mil usuários/dia.

DifusãoNa área de comunicação, a Fundação

investiu na criação de um boletim eletrô-nico, enviado semanalmente para mais de13 mil leitores, entre bolsistas, pesquisa-dores, instituições de pesquisa e outros in-teressados em C&T. A reformulação dosite e a criação do Jornal da FAPERJcomplementam a nova estratégia para aárea. O projeto Rio de Janeiro em Mapas- cujo objetivo é divulgar as principais

Novas idéias consolidam atuação daFAPERJ na C&T do Estado do Rio de Janeiro

Por dentro da FAPERJ

construções, logradouros e instituições dacidade sob o ponto de vista histórico, cul-tural e arquitetônico – teve continuidadeem 2004. A segunda e terceira ediçõesforam dedicadas, respectivamente, aosbairros de São Cristóvão, Benfica e Man-gueira; e à cidade de Campos que tive-ram seus principais logradouros e cons-truções retratados.

A Coordenação de Área também foireformulada: os coordenadores hoje têmmandato de dois anos com renovação portempo igual. A indicação dos nomes é feitapor sociedades científicas, coordenadoresde cursos de pós-graduação com nível 5,6 e 7 e autoridades de pós-graduação epesquisa das universidades do Rio de Ja-neiro. Com base nessas indicações, aFAPERJ estabelece lista tríplice para pos-terior escolha por parte do Conselho Su-perior. 63% dos coordenadores de áreaforam substituídos em 2004.

Não por acaso, a FAPERJ teve em 2004 umdos melhores anos de sua história financeira – comdesembolso total de mais de R$ 137,6 milhões. Oresultado reflete não só a disposição da governa-dora Rosinha Garotinho de garantir os recursos,mas também a firmeza do comando da instituiçãoe a implementação de algumas medidas inovado-

ras por parte do diretor-presidente Pedricto RochaFilho, à frente da Fundação desde janeiro de 2004.

A garantia dos recursos possibilitou a con-cretização de novos programas, como o Rio Ino-vação e o Primeiros Projetos, e o lançamento deimportantes editais, como o que contempla proje-tos para o desenvolvimento regional e o que desti-

Para onde vão os recursos

Cientistas do Nosso EstadoAs Bolsas Cientistas do Nosso Estado

são bolsas de bancada, destinadas a apoi-ar até 100 projetos coordenados por pes-quisadores de reconhecida liderança na suaárea. Dentre estes até 10 projetos são apoi-ados na área de Inovação.

Cientista Jovem do NossoEstadoA bolsa destina-se a apoiar os 50 me-

lhores projetos de pesquisa coordenadospor jovens pesquisadores. Tem valor men-sal de R$ 1,5 mil.

Programa BásicoApóia projetos de todas as áreas do

conhecimento que surgem da demanda es-pontânea dos grupos de pesquisa de di-versas instituições do estado. A seleção éfeita com base em análise meritória, tan-to do projeto quanto do pesquisador res-ponsável. Tal apoio se dá na forma de au-xílios e bolsas, em diferentes modalida-des. Em 2004, foram 1.318 as bolsas e793 os auxílios.

Mestrado e DoutoradoPrograma de Apoio a Cursos Emer-

gentes – apóia cursos emergentes demestrado e doutorado recentemente re-comendados pela Capes no Estado doRio de Janeiro; e Programa Bolsa Nota10 – visa premiar os melhores alunosdos programas de pós-graduação denosso estado, com conceitos 5, 6 e 7aferidos pela Capes.

Distribuição doscontempladosdo Cientista doNosso Estadosegundograndes áreas

na recursos para pesquisa em temas relacionadosaos direitos humanos.

Outra novidade, ainda em curso, deverá melho-rar expressivamente os serviços oferecidos aos usu-ários da Fundação: o novo sistema informatizadoestá sendo implementado e deve entrar em fase detestes ainda em 2005.

Page 7: Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à ... - FAPERJ

www.faperj.br FEVEREIRO / MARÇO / ABRIL de 2005 Jornal da FAPERJ nº 4 7

Mapa da CiênciaChegou a sua terceira edição em

2004 com 19 novos verbetes. A publi-cação, bilíngue (português/inglês), élançada em três mídias: impressa, CDRom e online; mostra quais são as ins-tituições ligadas à Ciência e Tecnologiae onde elas estão localizadas.

Jovens Talentos I

Projeto de iniciação científica para es-tudantes do ensino médio/técnico da redepública estadual de educação promovidopela FAPERJ, Cecierj e Fiocruz.

Jovens Talentos IIApoio financeiro e acadêmico aos alu-

nos cotistas das universidades públicas es-taduais do Rio de Janeiro. Cada aluno re-cebe bolsa mensal de R$ 190, o quecorresponde a R$ 2,2 mil por ano.

Institutos VirtuaisPotencializam, por meio da internet,

a capacidade instalada de determinadasáreas de pesquisa. O ano de 2004correspondeu à fase de consolidação paraa grande maioria dos Institutos Virtuaiscom o desenvolvimento e inauguração dosrespectivos portais.

EditoraçãoObjetiva a divulgação e a democrati-

zação do acesso às informações básicassobre ciência, tecnologia e cultura. Em2004, foi revisado o processo para obten-ção de auxílio-editoração, tendo em con-ta o diagnóstico do setor; orientações ge-rais da FAPERJ e a análise de experiênci-as de entidades congêneres. No ano pas-sado, foram lançados sete CDs, 32 publi-cações e dois vídeos. Este ano, sob o co-mando da professora Ismênia Martins, oPrograma de Editoração sofrerá mudan-ças. Entre as prioridades está a publica-ção do resultado das pesquisas que rece-bem fomento da FAPERJ. Está prevista apublicação de dois livros-referência so-bre os bolsistas dos programas PrimeirosProjetos e Cientistas do Nosso Estado.

Projetos TemáticosApóia projetos inéditos de pesquisa de

natureza interinstitucional sobre temas re-levantes para o desenvolvimento científi-co e tecnológico do estado. A FAPERJapóia 40 projetos de natureza multi-disciplinar e multi-institucional.

Direitos HumanosLançado pela primeira vez em 2004,

aprovou 22 projetos que contemplam aquestão dos direitos humanos e da cida-dania em diversas áreas. O montante derecursos destinados ao edital é de R$ 500mil. Os trabalhos aprovados poderão sertransformados em políticas pelo governodo Rio de Janeiro.

Desenvolvimento RegionalCom edital lançado em 2004, esti-

mula a fixação de recursos humanoscom destacado desempenho acadêmicoou reconhecida competência que pos-sam contribuir para a consolidação daciência e tecnologia em áreas estratégi-cas, como Biotecnologia, Saúde,Agronegócio, Tecnologias Limpas eoutras, nas regiões Norte, Noroeste,Serrana e Região dos Lagos .

Segurança PúblicaSuporte científico e tecnológico a es-

tratégias de atuação da Secretaria de Es-tado de Segurança Pública. Projetos emandamento: Banco de DNA, Banco deVozes, Identificações de Armas Adultera-das, Identificação de Adulteração de Chas-sis e Estudos da Violência. Estão sendoimplantados: Projetos de Análise de Ga-ses, Portal da Violência e Legislação eNormatização.

Cooperação InternacionalViabiliza projetos de cooperação in-

ternacional nas universidades, centros depesquisa e de fomento sediados no Rio deJaneiro. Foram firmados protocolos de co-operação entre a FAPERJ e o DAAD(Deutsch Akademische Austauschdienst),o INRIA (Institut National de Rechercheen Informatique et en Automatique) , oIRD (Institut de Recherche pour leDéveloppement), com o governo de Por-tugal, entre outros.

Entidades EstaduaisCom este programa o governo do

estado apóia projetos voltados para amelhoria da capacitação científica,tecnológica e de inovação dos pesqui-sadores sediados nas instituições esta-duais de ensino e pesquisa, além das ins-tituições difusoras de tecnologias da in-formação e comunicação. Em 2004, fo-ram desembolsados mais de R$ 3 mi-lhões para Uerj, Uenf, Fundação Cide,Cecierj, Proderj, Instituto Vital Brasile Pesagro.

Projetos em parceria como Governo Federal

Rio InovaçãoLançado em 2004, foram concedidos

20 auxílios, totalizando cerca de R$ 7 mi-lhões dos R$ 20 milhões destinados aoprograma, que serão executados em editaissubseqüentes. Representou uma mudançade paradigma na atuação da FAPERJ. Per-mite o apoio à inovação nas empresas, ini-ciativa essencial para tornar o parque in-dustrial fluminense e de serviços mais pre-parado para enfrentar a concorrência.

Primeiros ProjetosApóia a instalação, modernização,

ampliação ou recuperação da infra-estru-tura de pesquisa científica e tecnológicanas instituições públicas de ensino e pes-quisa. O intuito é dar suporte à fixaçãode jovens pesquisadores e nucleação denovos grupos. Para a consecução desseobjetivo, foram distribuídos medianteedital público R$ 3.380.000,00 por ano(2004 e 2005), com recursos inte-gralizados pela FAPERJ do seu próprioorçamento e pelo Fundo Setorial de Infra-Estrutura - CT-INFRA.

Pesquisa para o SUSEdital lançado pela primeira vez em

dezembro de 2004. Com recursos de R$3 milhões, apóia atividades de pesquisamediante aporte de recursos financeiros aprojetos que visem promover o desenvol-vimento científico, tecnológico e de ino-vação na área de saúde.

BiotecnologiaFazem parte deste programa, essenci-

almente, o RioGene e a Rede Proteômica.Com investimento de R$ 3 milhões, oRioGene visa o seqüenciamento do

genoma da bactéria Gluconacetobacterdiazotrophicus, responsável pela fixaçãodo nitrogênio em culturas de importân-cia agrícola. É desenvolvido por uma redede laboratórios, localizados em várias ins-tituições científicas. Com o resultado, serápossível alcançar uma melhora significa-tiva em algumas culturas, como a dacana-de-açúcar. A Rede NacionalProteômica — primeira a ser lançada nopaís — incentiva o domínio pela comu-nidade científica das novas técnicas deanálise pós-genômica.

PADCT – RioTem como objetivo apoiar projetos

que resultem em inovações tecnológicase novos conhecimentos aplicáveis às ati-vidades econômicas produtivas que pro-piciem incremento de seu desempenho,aumento da produtividade dos fatores en-volvidos e otimização do uso de recursose insumos.

Proep-CapesBusca desenvolver ações integradoras

entre educação e trabalho, ciência etecnologia, com o objetivo de implantarum novo modelo de educação profissio-nal, que proporcione a ampliação de va-gas, a diversidade de oferta e a definiçãode cursos adequados às demandas domundo do trabalho e às exigências da mo-derna tecnologia.

PronexDestinado a atender núcleos de ex-

celência, formados a partir de um gru-po de pesquisadores de comprovadacompetência, de reputação técnico-ci-entífica reconhecida nacional e inter-nacionalmente, organizados para desen-volver projetos de pesquisa científicaou tecnológica inovadores, que possamcontribuir significativamente para oavanço e difusão do conhecimento.

Comparação entre o número de projetos submetidos e aprovados pelo programa Primeiros Projetos

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8 Jornal da FAPERJ nº 4 FEVEREIRO / MARÇO / ABRIL de 2005 www.faperj.br

Inovação

Tinta invisível desenvolvida na UFRJentra na lista de inovações do ItamaratyA marcação de gado a ferro quente

pode estar com os dias contados.Uma nova tecnologia desenvolvi-

da pelo Laboratório de Química de UFRJpromete oferecer uma alternativa à queimado couro dos animais para identificação dosrebanhos. Trata-se de uma tinta invisível aolho nu, mas perfeitamente identificávelcom ajuda de um sensor infravermelho. Oinvento promete afetar diversos setores dasociedade. Uma das áreas para a qual a tintadeve se transformar em ferramenta obriga-tória é a policial. Sua utilização deve aju-dar as polícias na identificação de cargasroubadas e em casos de falsificações, porexemplo, de cédulas e obras de arte. O tra-balho de pesquisa para chegar à tinta, de-senvolvida pela equipe do professor de quí-mica Cláudio Cerqueira Lopes, contou como apoio da FAPERJ.

O sucesso da tinta invisível - já patente-ada pela UFRJ no Instituto Nacional de Pro-priedade Intelectual (INPI) - fez com queela foss incluída entre as 54 inovaçõestecnológicas brasileiras que nos próximosmeses deverão ser apresentadas peloItamaraty à comunidade internacional. Asmais recentes novidades da tecnologia na-cional, entre elas a tinta, estão numa agen-da-calendário a ser distribuída pelo Depar-tamento de Promoção Comercial do Minis-tério das Relações Exteriores a todas asembaixadas de países com os quais o Brasilmantém relações diplomáticas.

A “Agenda Itamaraty” lista inovaçõestecnológicas nas áreas de saúde, transpor-te, informática, biotecnologia e desenho in-dustrial. Ao lado da tinta, foram listadosprodutos como água de coco em pó e peleartificial. As agendas, que fazem referênciaà tinta na página reservada ao mês de ju-

lho, serão entregues nas embaixadas doBrasil pelo mundo e distribuídas a empre-sários estrangeiros.

A descoberta da tinta aconteceu duran-te uma queda de luz acidental ocorridaquando Lopes e sua equipe realizavam umapesquisa sobre um soro antiofídico maisresistente a altas temperaturas. Na época,um dos integrantes do grupo, o estudanteMaicom Guerra, ao procurar um objeto noescuro com uma lâmpada ultravioleta, per-cebeu que a substância “3-aril cumarina”emitia um forte brilho. A partir daí, a equipecoordenada por Lopes passou a trabalharno desenvolvimento de uma mistura desolventes – semelhante à usada em jatos detinta – para solubilizar a substância e pro-duzir uma tinta invisível.

De acordo com Lopes, a tinta invisívelpoderá ajudar no trabalho de preservaçãodo patrimônio do país. Isso porque uma sim-ples marca num determinado objeto basta-rá para que o mesmo seja detectado atravésdo uso de luz ultravioleta. “A diretoria do

Museu Nacional/UFRJ já solicitou que fi-zéssemos um projeto com o objetivo demarcar as obras raras do acervo da institui-ção”, conta Lopes. “Estamos conversandocom a Casa da Moeda para firmar um con-vênio visando a marcação de notas. Já mereuni com a diretoria e a presidência da Casae a equipe técnica deles já veio fazer trêsvisitas ao meu laboratório”, completa. 

A tinta invisível, que tem como caracte-rísticas o fato de ser incolor, inodora, de se-cagem rápida e não-tóxica, pode tambémser utilizada para marcar animais em expo-sição ou mesmo substituir as marcas a ferroquente de animais sem causar danos à saú-de. “Já fiz testes marcando a orelha de boissem nenhum prejuízo à saúde do animal”,explica Lopes.

Uma das principais vantagens trazidaspela invenção da equipe de Cláudio Lopes éa economia que a tinta deverá trazer ao país,com a diminuição das importações de produ-tos similares. O pesquisador informa que, noexterior, algumas empresas já produzem pro-dutos de características semelhantes. “Asempresas, geralmente especializadas em se-gurança, condicionam a venda do produto àaquisição de um pacote de serviços que en-carece a compra. Com o produto fabricadoaqui, os custos seriam substancialmente re-duzidos”, conclui Lopes.

A pesquisa já é assunto de tese de dou-torado do aluno José Roque Carvalho, quecontou com a ajuda dos estudantes MaicomGuerra e Gláucia Barbosa Alves. A coorde-nação da pesquisa foi dos professores Cláu-dio Cerqueira Lopes, Rosângela Sabbatinie Jair Nóbrega. O diploma, que pode servirpara inspirar outras pesquisas no futuro,deverá merecer destaque na comunidadecientífica – e com uma tinta bem visível.

Cláudio Lopes confere a agenda do Itamaraty

Uma pesquisa pioneira sobre o consu-mo de drogas no Estado do Rio apon-

tou a família próxima como a principalinfluência entre os dependentes de dro-gas. Sob a coordenação da psiquiatra daUFRJ Ana Cristina Saad, pesquisadores dauniversidade e da Fundação Oswaldo Cruzpassaram cerca de 12 meses estudando da-dos relacionados a atendimentos realiza-dos pelo Conselho Estadual Antidrogas doRio (Cead) entre os anos de 1999 e 2004.

A pesquisa, que teve apoio da FAPERJ,levou em conta o prontuário de 3.672 de-

pendentes atendidos pelo Cead. Dos 1.971casos envolvendo dependentes do sexomasculino, 73% confirmaram que a famí-lia influiu na decisão de experimentar e,conseqüentemente, criar uma dependên-cia. Entre as mulheres (1.701), essepercentual foi ainda maior: 83%.

A figura do pai aparece como a princi-pal influência. Para os homens, o exem-plo paterno teria influenciado 48,7% de-les; entre as mulheres, 45%. O relatóriofinal, em fase de elaboração, poderáreorientar as políticas públicas voltadas

para o tratamento de drogados no estado.A pesquisadora da Fiocruz Márcia Car-

valho acredita que a família, da mesmaforma em que influencia negativamenteseus integrantes na questão da dependên-cia das drogas, tem papel fundamentalpara ajudá-los a deixar o vício. “Grandeparte desses jovens ainda vive com os paise pode receber ajuda deles”, acredita. Da-dos recolhidos pelos pesquisadores mos-traram ainda que entre os dependentes, aspreferências ficam, pela ordem, com o ál-cool, a cocaína e a maconha.

Editoração

Referência para o mundo no tratamentodos pacientes portadores do vírus HIV, oBrasil vai aos poucos deixando para trásuma fase aguda da epidemia, em que os pa-cientes eram tardiamente assistidos e sucum-biam acometidos por infecções em avança-do estágio evolutivo. Com o avanço dosprogramas de combate à propagação do ví-rus HIV e o progressivo controle da doen-ça, se tornaram cada vez menos freqüentesos casos de pacientes vitimados por lesõesextremamente graves, não raro causadas poragentes oportunistas.

Para guiar a classe médica nesse com-bate à epidemia, que continua longe de ter-minar, um importante guia de apoio saiu doprelo no mês de janeiro: ATLAids – Atlasde Patologia da Síndrome daImunodeficiência Adquirida, publicado como apoio da FAPERJ. O volume reúne umavasta coleção de ilustrações clínicas, pato-lógicas e histopatológicas – dificilmente vis-tas em publicações sobre o tema infecçãoHIV/Aids. Estas são complementadas porum conjunto de textos de colaboradores, amaioria deles do Hospital UniversitárioGaffrée e Guinle da Universidade do Riode Janeiro – UNIRIO.

O editor-científico da publicação, CarlosAlberto Basílio-de-Oliveira, explica na apre-sentação do volume que antes do uso docoquetel antiretroviral, os pacientesinfectados pelo vírus do HIV “chegavamrapidamente ao óbito, com freqüência porconta de infecções virais, bacterianas, porações de protozoários e/ou por diversosparasitos, inclusive zoonoses exóticas, atéentão raras para o homem”. Coordenadordo Centro de Referência Nacional em Do-enças Sexualmente Transmissíveis e Aids -Patologia, o médico-pesquisador afirma queo perfil atual volta-se para duas situaçõesparalelas: uma infecciosa – a tuberculose;outra neoplásica – o linfoma não-Hodgkin.

A atual redução na variedade de infec-ções em nada diminui a utilidade dessa ex-traordinária compilação de peças visuais etextos, que promete ajudar no estudo e nasalterações em todos os órgãos e sistemas –incluindo as que podem ser secundárias eimprevisíveis à terapêutica atualmente utili-zada contra a infecção pelo HIV. Divididoem 24 capítulos, o volume reúne textos abor-dando temas diversos, tais como pele e Aids,alterações neurológicas na infecção peloHIV, os primeiros anos da descoberta daAIDS, aspectos médico-legais e éticos naautópsia em casos de AIDS, entre outros. Apublicação vem acompanhada de um CD-Rom que reúne o mesmo conteúdo.

ATLAidsCarlos Alberto Basílio-de-Oliveira(editor científico)Editora Atheneu / FAPERJLançamento: janeiro de 2005

Drogas: iniciação à dependência pode estar na família

Um atlasútil ehistórico

Foto: VInicius Zepeda

Page 9: Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à ... - FAPERJ

www.faperj.br FEVEREIRO / MARÇO / ABRIL de 2005 Jornal da FAPERJ nº 4 9

Parceria

O Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasi-leira, disponível hoje apenas na internet, terá embreve sua versão impressa. Com apoio financeiro

da FAPERJ, o futuro catálogo com mais de seis mil verbetesé a consolidação da vasta memória da produção musicalpopular brasileira. A FAPERJ também apoiará a ediçãodo Mapa da Música do Rio de Janeiro, que apontarádentro dos limites do estado onde ficam as instituiçõesligadas à MPB, com endereços, telefones e informaçõessobre suas atividades.

As novidades foram anunciadas na solenidade de as-sinatura do protocolo de intenções que a FAPERJ cele-brou com o Instituto Cultural Cravo Albin, realizada nodia 3 de março. O apoio que o instituto vem recebendoda Fundação desde 2001 teve o reconhecimento de seupresidente, Ricardo Cravo Albin. “A FAPERJ é uma par-ceira de excelência. Sempre aberta a novas idéias, a agên-cia é solidária em benefício de boas causas. Ela ajuda apreservar o eterno, que é o som brasileiro”, agradeceu oanfitrião do coquetel de confraternização na sede doinstituto que leva seu nome.

 Uma das metas da nova parceria é desenvolver ativida-des de preservação, difusão e promoção da música popular

brasileira. O protocolo prevê a realização de projetos e arealização e atividades de caráter cultural no campo da pes-quisa para o desenvolvimento social, cultural e científicodo Estado do Rio de Janeiro. 

O diretor-presidente da FAPERJ, Pedricto Rocha Filho,vê como um desafio o apoio que a fundação tem dado àcultura. “Para nós tem sido muito gratificante expandir asáreas de fomento à pesquisa. Tradicionalmente, o maiorapoio sempre foi para a pesquisa científica. Passamos a dar

A idéia de que atletas têm saúde perfeita nem sempre condiz com a rea-lidade, sobretudo no caso das mu-

lheres. A “tríade da mulher atleta” é umexemplo de patologia que pode afetar aque-las que exageram na prática de exercícios efazem dietas sem orientação médica.

O problema, que reúne três sintomas -amenorréia (disfunção menstrual),osteoporose e transtornos alimentares – éestudado no mundo há cerca de dez anos eé o foco das pesquisas da professora FátimaPalha de Oliveira, do Departamento deBiociências da Atividade Física da Escolade Educação Física e Desportos (EEFD) daUFRJ e pesquisadora do Instituto Virtual dosEsportes da FAPERJ.

As exigências do esporte, somadas àimposição de padrões de beleza, levam atle-

tas a restringir a alimentação e a se exercitarà exaustão. A baixa ingestão calórica e ogasto excessivo em treinos causamdisfunções como a amenorréia primária (pri-meira menstruação após os 16 anos) e a se-cundária (mais de três meses sem o ciclo).Já o aumento do hormônio endorfina pro-vocado pelo esforço reduz a produção dehormônios femininos – que desencadeia aosteoporose, irreversível.

Pesquisas mostram que corredoras, gi-nastas, bailarinas e nadadoras são mais sus-cetíveis à tríade da mulher atleta. Adoles-centes são a maior preocupação. Quandoquerem perder peso rápido, recorrem a prá-ticas desaconselháveis, como exercícioscom roupas para suar, uso de diuréticos elaxantes, jejuns e até o vômito forçado. “Es-tas adolescentes, sem orientação médica,

nutricional e psicológica, estão fadadas adesenvolver osteoporose precoce, já que95% da massa óssea é formada até os 18anos”, atesta Fátima.

Aplicando questionários a atletas dediversas modalidades da EEFD, Fátima in-vestiga a presença de sintomas que podemevoluir para doenças. Já foram pesquisadostranstornos alimentares, alterações na imagemcorporal e disfunções menstruais em atletasde ginástica rítmica, futebol de salão, corridade longa distância e nado sincronizado. Fo-ram avaliadas 12 atletas na faixa dos 20 anose 4,6 anos de treinamento e que se exercitam13,8 horas por semana. Os resultados foramcomparados com os de 32 não-atletas poucomais jovens, com cerca de 15 anos.

O Body Shape Questionnaire, que ava-lia o grau de satisfação com a imagem cor-

Esporte

Osteoporose ameaça mulheres atletasporal, apontou que 33% das atletas têm levedistorção da auto-imagem, mesmo estandonos padrões esperados. O BulimicInvestigatory Test Edimburgh, que identifi-ca bulimia nervosa, apontou 16,6% das atle-tas com padrão alimentar não-usual, massem gravidade. Estas também apresentaramdistorção de auto-imagem. O estudo foipublicado em dezembro de 2003 na Revis-ta Brasileira de Medicina do Esporte.

Segundo Fátima, os resultados não ca-racterizam bulimia ou anorexia, mas indi-cam a necessidade de prevenção. “Quere-mos fazer um trabalho preventivo, mas ain-da há resistência dos treinadores”, afirma.Ela conta que a intervenção denutricionistas da UFRJ na equipe cariocade nado sincronizado vem dando excelen-tes resultados.

Excesso de exercícios e dieta sem orientação podem causar danos irreversíveis

mais ênfase à pesquisa tecnológica e, mais recentemente, àpesquisa cultural”, disse Rocha Filho.

Uma das mais importantes pesquisas na área culturalrealizadas no país é feita no Instituto Cultural Cravo Albin,cujo acervo é composto por fotografias, documentos origi-nais, recortes de jornais e revistas, programas de rádio etelevisão e roteiros de espetáculos musicais. O arquivofonográfico, com mais de 15 mil discos, tem ainda duas milfitas sonoras em rolo, fitas magnéticas sonoras em cassete ecerca de mil CDs.

Uma grande quantidade de documentos audiovisuaiscomplementa o material que compreende ainda um acervomuseológico: peças de indumentária de personalidades daMPB, troféus, medalhas, mobiliário de época, esculturas,artesanato, além de gravuras e quadros a óleo de artistasbrasileiros de reconhecida importância.

A maior parte deste acervo, assim como a sede do insti-tuto, foi doada por Ricardo Cravo Albin, que teve sua inici-ativa elogiada pelo secretário estadual de Ciência,Tecnologia e Inovação, Wanderley de Souza. “Essa belezade instituto é fruto de um trabalho de muitos e muitos anos.Como representante do governo do estado, me sinto naobrigação de agradecer tudo o que o Ricardo faz pelo povodo Rio de Janeiro no sentido de preservar a memóriafluminense”, afirmou.

Pedricto Rocha Filho (à esq.) e Cravo Albin celebram a parceria

Foto: Vinicius Zepeda

Um dueto para colocar a MPB no mapaInstituto Cravo Albin e FAPERJ se unem na edição impressa de dicionário online

Mario Nicoll

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10 Jornal da FAPERJ nº 4 FEVEREIRO / MARÇO / ABRIL de 2005 www.faperj.br

Faperjianas

O Palácio do Catete, palco de importantes aconteci-mentos históricos e casa de cultura na qualidade de Mu-seu da República, agora é também casa da ciência. Con-vênio assinado no final do mês de janeiro entre a FAPERJ,a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Esta-do do Rio de Janeiro (Secti) e o Museu permitirá a reali-

zação de encontros de pesquisadores, conferências, ex-posições, seminários e outros eventos de C&T nas de-pendências do Palácio. Para celebrar o convênio, o Mu-seu recebeu o coquetel de lançamento da 3ª edição doprojeto Rio em Mapas (leia mais na página ao lado).

O acordo prevê investimentos da Fundação para oaparelhamento do antigo restaurante e da galeria dearte contemporânea do museu. Estarão disponíveis àcomunidade científica e acadêmica uma sala de con-ferência com mais de cem lugares, uma sala multimeios,duas salas de apoio para reuniões e palestras para opúblico, além de salas para exposições temporárias.

 O diretor do Museu, Ricardo Vieiralves de Castro, umentusiasta da iniciativa, considera excelente que o lo-cal, o segundo museu em visitação do país, atrás apenasdo Museu Imperial, em Petrópolis, se torne um espaçopara a difusão de ciência no Rio de Janeiro. “A parceriaserá muito profícua”, afirmou.

Na noite de assinatura do convênio, o diretor-presi-dente da FAPERJ, Pedricto Rocha Filho, manifestousatisfação com o fato de a FAPERJ lançar o Mapa de

Campos no prédio que serviu de moradia a presidentese foi sede do governo: “Agradeço ao Museu da Repú-blica essa oportunidade de aqui realizar o primeiro atopúblico da FAPERJ em 2005. Para nós, isso representaum ano bem iniciado”, disse.

Representando o governo federal na solenidade,Ildeu de Castro Moreira, diretor do Departamento de Di-vulgação Científica da Secretaria de Inclusão Social doMinistério de Ciência e Tecnologia, destacou o esforçocoletivo em aproveitar a iniciativa. “É importante a arti-culação entre as esferas federal, estadual e as institui-ções para atrair os jovens para os espaços públicos epromover a discussão da ciência de uma forma mais in-teressante, mais aberta e mais viva”, propôs.

O Secretário Estadual de Ciência, Tecnologia e Inova-ção, Wanderley de Souza, aproveitou a realização do eventopara o anúncio de novos projetos. “O Ciência em Cena,um dos destaques da secretaria em 2004, deverá ocuparesse novo espaço. Também realizaremos aqui um grandefórum para traçar um diagnóstico da ciência fluminense eapontar os rumos para os próximos 10 anos”, adiantou.

Ciência, história e cultura juntas em espaço nobreConvênio permitirá a realização de eventos de C&T nas dependências do Museu da República

Laboratório de DNA forenseO Rio de Janeiro ganhou no início de

fevereiro o primeiro laboratório de DNApara investigação policial. Instalado na Aca-demia de Polícia Sílvio Terra, no centro doRio, a iniciativa é uma parceria do Ministé-rio da Justiça com o governo estadual, pormeio da Secretaria de C&T e I / FAPERJ.Foram investidos R$ 4 milhões para a insta-lação do laboratório no Rio. O novo labo-ratório faz parte da Rede Nacional de Gené-tica Forense, hoje com sete unidades, e seráreferência, também, para os estados de SãoPaulo, Espírito Santo e Minas Gerais.

Piraí Digital na final de concursoO projeto Piraí Digital, iniciativa apoi-

ada pela FAPERJ desde 2003, está na finalPrêmio Comunidade Inteligente do Ano.Está é a primeira vez que uma cidade lati-no-americana chega a final deste concurso.Com 22 mil habitantes, Piraí possui hojeuma rede de internet rápida sem-fio interli-gando todos os órgãos da administraçãopública – o que motiva a inclusão da cida-de como concorrente na final do concurso,que ocorrerá em junho, em Nova York, jun-to com outras seis cidades da China, Japão,Cingapura, França, Canadá e Reino Unido.

Uenf no Guia do EstudanteTrês cursos da Universidade Estadual do

Norte Fluminense (Uenf) figuram na edição

2005 da revista Guia do Estudante/Melho-res Universidades, da Editora Abril, comocursos superiores “de primeiríssima linha”.As áreas de Ciências Biológicas e de Enge-nharia de Exploração e Produção de Petróleoda Uenf receberam quatro estrelas (“muitobom”). Já o curso de Agronomia aparece comtrês estrelas (“bom”). A revista avaliou umtotal de 5.752 cursos em 784 instituições detodo o país. A FAPERJ apóia a instituiçãocom bolsas e auxílios.

Renovação de edital

O resultado do edital de renovação doPrograma Cientistas do Nosso Estado de2002 foi divulgado pela FAPERJ três diasantes do final de 2004. Os 195 pesquisado-res aprovados, cujas bolsas no valor de R$2 mil mensais se encerraram em dezembro,receberão os benefícios por mais dois anos.Com a renovação, os pesquisadores pode-rão dar continuidade a seus respectivos tra-balhos, contribuindo para o desenvolvimen-to da C&T no estado do Rio.

Novo Edital Bolsa Nota 10O serviço de protocolo da FAPERJ re-

cebeu, até o final de fevereiro, data de en-cerramento das inscrições no edital BolsaNota 10, 149 solicitações de interessadosem participar do programa no primeiro se-mestre de 2005. A solicitação de bolsas comimplementação prevista para agosto pode-

rão ser encaminhadas à FAPERJ a partir de15 de maio. Os interessados terão até 15 dejulho para a entrega da documentação. Oedital Bolsa Nota 10 visa premiar os me-lhores alunos dos Programas de Pós-Gra-duação em instituições do estado do Rio,com conceitos 5, 6 e 7 na Coordenação deAperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su-perior (Capes).

C&T no Boletim da FAPERJApós oito meses de circulação, o Bole-

tim eletrônico da FAPERJ vem se consoli-dando como um genuíno canal de comuni-cação entre a Fundação e o universo cientí-fico-acadêmico do Estado do Rio. Lançadoem julho de 2004, a mídia é enviada sema-nalmente para cerca de 13 mil assinantes.Uma das principais iniciativas do atual pro-jeto de comunicação da instituição, o Bo-letim foi criado com o objetivo de veicularnotícias de interesse dos usuários da insti-tuição e conferir mais transparência às açõesda Fundação. Para se cadastrar gratuitamen-te, visite a página www.faperj.br

40 anos do golpeForam lançados no mês de dezembro os

anais do Seminário 1964-2004 - 40 Anos doGolpe: ditadura militar e resistência no Bra-sil, organizado em março de 2004 pela UFRJ,a UFF, a Fundação Getúlio Vargas (CPDOC)e o Arquivo Público do Estado do Rio de

Janeiro. O seminário foi um dos maioreseventos acadêmicos realizados no país so-bre os 40 anos do golpe, reunindo 42 pes-quisadores brasileiros e dois estrangeiros,466 inscritos e dezenas de ouvintes. Os anais,publicados com o apoio da FAPERJ, repro-duzem 34 comunicações apresentadas no se-minário.

Direitos Humanos e CidadaniaA FAPERJ divulgou no início de dezem-

bro o resultado do edital Direitos HumanosPara Todos – uma iniciativa do governo doestado por meio de uma parceria envolven-do as secretarias estaduais de Ciência,Tecnologia e Inovação (Secti) e de DireitosHumanos (SEDH). Foram aprovados 22 pro-jetos de um total de 76 inscritos. O montan-te de recursos destinados ao edital é de R$500 mil. Os projetos aprovados contemplamáreas que vão da sociologia ao direito, pas-sando pela saúde e a informatização.

57ª Reunião Anual da SBPCJá estão abertas as inscrições para a 57ª

Reunião Anual da Associação Brasileirapara o Progresso da Ciência (SBPC), queserá realizada em Fortaleza, no campus daUniversidade Estadual do Ceará, de 17 a22 de julho. O tema deste ano será Do Sertãoolhando o mar - cultura e ciência. As inscri-ções terminam no dia 31 de março. Para ou-tras informações ligue (21) 2529-5154 ouacesse: www.sbpcnet.org.br/eventos/57ra/ .

Palácio do Catete sediou lançamento do Rio em Mapas

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www.faperj.br FEVEREIRO / MARÇO / ABRIL de 2005 Jornal da FAPERJ nº 4 11

Interior

Rio em Mapas vai a Campos

Pela primeira vez, o projeto Rio de Janeiro em Mapas retratou uma região situada fora dos limites da capital fluminense:

Campos dos Goytacazes. Na terceira edição doprojeto, que desta vez contou com o apoio daFenorte (Fundação Estadual do NorteFluminense), o município ganhou um mapa eum catálogo ilustrado com informações sobreinstituições, construções e monumentos loca-lizados na região. O lançamento ocorreu nodia 27 de janeiro, no Museu da República, naZona Sul da cidade.

Fundada em 1677, Campos dos Goytacazesreúne edificações em estilo neoclássico e art-noveau, além de construções próprias da arqui-tetura religiosa. O catálogo resgata a históriade prédios localizados na região e um serviçocom informações sobre as entidades de pesqui-sa, igrejas, solares, museus, usinas, centros cul-turais e outras instituições.

Coube à ilustradora Mariana Massarani re-criar os principais logradouros e atrações his-tóricas de Campos dos Goytacazes. O traço sim-ples, delicado e ao mesmo tempo vibrante daartista faz uma saborosa releitura do climainteriorano e de construções como o SolarPirapetinga, o Asilo do Carmo, o Solar da Baro-nesa, a Villa Maria e a Igreja de Santa Efigênia.

“Esse projeto ajuda a valorizar a cidade, adespertar a curiosidade de quem não conheceos tesouros do próprio lugar em que mora”,disse Massarani.

O projeto Rio de Janeiro em Mapas tem oobjetivo de divulgar as principais construções,

logradouros e instituições de um bairro ou cida-de sob o ponto de vista histórico, cultural earquitetônico. Em sua estréia, retratou a regiãocentral da cidade do Rio de Janeiro pela paletade Jorge de Salles; o mapa seguinte focalizou osbairros de São Cristóvão, Benfica e Mangueira, eteve a assinatura do pintor naif J. Araújo.

Para a arquiteta Mônica de Lima Monteiro, aedição dedicada a Campos representou a oportu-nidade de resgatar parte da história do municí-pio onde nasceu. Ela foi a responsável por man-ter a fidelidade arquitetônica na transposição dasconstruções para o mapa. O projeto teve tambéma participação da historiadora campista Ana An-gélica Vieira Dias Nazareth, encarregada do tra-balho de pesquisa sobre os locais destacados.

O diretor-presidente da FAPERJ, Pedricto Ro-cha Filho, apoiou com entusiasmo a idéia de levaro projeto para o interior: “O mapeamento de Cam-pos faz parte da política de interiorização das açõesda FAPERJ. Ele traz em seu bojo a valorização dopatrimônio cultural do interior”, disse.

A próxima edição do Rio de janeiro em Ma-pas deve contemplar o bairro de Santa Teresa,situado na zona central da capital. A previsãoé de que o lançamento aconteça ainda nesteprimeiro semestre.

Com tiragem de 1.500 exemplares, o catá-logo e o mapa de Campos dos Goytacazes sãodistribuídos gratuitamente para escolas públi-cas, bibliotecas e a todos aqueles que se inte-ressarem em obter um exemplar. As solicita-ções podem ser feitas à FAPERJ, pelo telefone(21) 3231-2944.

Terceira edição do projeto valoriza patrimônioarquitetônico e cultural do interior do estado

Longe de ser um obstáculo navida dos pesquisadores, o setor de Auditoria Interna da

FAPERJ foi criado e vem sendo apri-morado para orientar os clientes daFundação nos processos de presta-ção de contas de bolsas e auxílios. Oobjetivo é evitar complicações futu-ras tanto para pesquisadores comopara a própria FAPERJ.

De acordo com o chefe do setor deAuditoria Interna da fundação, Moa-cir Almeida do Nascimento, muitosproblemas poderiam ser facilmente re-solvidos se os pesquisadores recorres-sem com mais freqüência ao setor. “As-sim como eles prestam contas de suasatividades aqui para a FAPERJ, nósprestamos contas para o Tribunal deContas do Estado. Afinal, a Fundaçãoé um órgão público. É sempre melhorque o pesquisador traga os problemase nos peça ajuda antes que eles se agra-vem e provoquem o surgimento de pe-nalidades”, afirma o auditor.

Sempre disposto a ajudar os bolsis-tas nos meandros da papelada, Moacirconta com três valiosas auxiliares, AnaPaula da Silva Campos, Anísia PaulaFerreira Andrade e Daiana Cabral, paraorientar quem procura a equipe.

Para esclarecer de modo mais am-plo este papel orientador e dissipar aimagem de setor “algoz”, as ativida-des da Auditoria vêm sendo abordadascom mais freqüência no site(www.faperj.br), no boletim eletrônicoe neste Jornal da FAPERJ. Além dis-so, o auditor Moacir vem tratando deaprimorar a linguagem e corrigir even-tuais falhas na comunicação com osusuários. Na homepage da Fundaçãoas informações a que todos precisamter acesso estão disponíveis no menu“Serviços”, que contém manuais, FAQse Dúvidas para facilitar o trabalho dopesquisador. “É bom lembrar que lan-çamos um Novo Roteiro de Prestação

Por dentro da FAPERJ

Auditoria Interna orienta bolsistas

Com tiragem de 1.500 exemplares, mapa é distribuído gratuitamente a escolas públicas e bibliotecas

de Contas, que elaboramos para facili-tar ainda mais a vida dos bolsistas”,explica Moacir.

A equipe da Auditoria Interna rela-ta que sua maior dificuldade é a pressade alguns bolsistas/pesquisadores. “Apartir do momento em que o pesquisa-dor assina o termo para a requisição debolsas da FAPERJ ele deve, primeira-mente, ler o contrato para saber o quefazer e como prestar contas de suas ati-vidades”, explica Moacir. “Em caso dedúvidas, estamos na Fundação de 10hàs 17h, de segunda a sexta. Além dis-so, o pesquisador pode entrar em con-tato com o setor através do site da Fun-dação, clicando no link ‘Fale Conosco’que se encontra no rodapé do site etambém em ‘A Fundação’. Se preferir,pode também usar o telefone”, diz. Ostelefones de contato da Auditoria são(21) 3231-2922 e 3231-2923.

Um pouco de sua históriaAtual auditor interno da FAPERJ,

Moacir assumiu a função em 2003mas, trabalha neste setor desde maiodo ano 2000. No dia 10/12/87 o Con-selho Estadual de Saúde do Trabalha-dor (Consest) determinou, através doparecer 47, que o Governo do Estadodo RJ criasse a Auditoria Interna emtodos seus órgãos públicos. Além daorientação à prestação de contas dosbolsistas, o setor é responsável pelaanálise das demonstrações contábeis eapreciações de atos e fatos administra-tivos da FAPERJ. “Todo controle or-çamentário, financeiro e patrimonialsobre a movimentação de bons e valo-res da instituição é realizado por nós”,explica Moacir.

Antes, além da Auditoria Geral doEstado do RJ, que continua a existir,no âmbito do governo estadual haviaapenas órgãos de controle, com fun-ção diferente das atribuições da Audi-toria Interna da FAPERJ.

Ana Paula, Anísia, Daiana e o auditor Moacir Almeida verificam prestações de contas

Foto: Vinicius Zepeda

Ilustração: Mariana Massarani

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12 Jornal da FAPERJ nº 4 FEVEREIRO / MARÇO / ABRIL de 2005 www.faperj.br

As comemorações pela passagem doDia do Paleontólogo, no dia 7 de março, naCapela Ecumênica da Uerj, tiveram um to-que especial: o projeto de revitalização doParque Paleontológico de Itaboraí, uma dasprincipais reivindicações de pesquisadoresda comunidade acadêmica fluminense, jánão está mais só no papel. A concessão de20 bolsas a estudantes da Escola Munici-pal Francesca Carey por meio do programaJovens Talentos deu novo impulso ao pro-jeto, que a partir de agora poderá contarcom a presença permanente de guias-mi-rins na área do parque - situado no municí-pio de Itaboraí, na região metropolitana deNiterói. O programa Jovens Talentos é umaparceria da FAPERJ com o Centro de Ciên-cias do Estado do Rio de Janeiro (Cecierj)e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A coordenação do programa derevitalização do parque, localizado no dis-trito de São José, é de responsabilidade doInstituto Virtual de Paleontologia (IVP) daFAPERJ. Quatro pesquisadores associadosao instituto irão orientar grupos de cinco

alunos cada no trabalho de preservação eesclarecimento da população que vive nascercanias do parque.

Durante a reunião festiva de março, quereuniu mais de uma centena de pessoas econtou com a presença dos alunos-bolsis-tas, o diretor-presidente da FAPERJ,Pedricto Rocha Filho, lem-brou que o trabalho realiza-do em Itaboraí é apenas umadas iniciativas que contamcom a participação do IVP.“O crescimento do interes-se pela paleontologia mos-tra que a Fundação estavacerta ao criar o IVP. Os pes-quisadores ligados ao insti-tuto têm atuado com desta-que nos últimos meses,anunciando descobertas importantes emsuas respectivas áreas de especialização”,disse Rocha Filho.

O titular da FAPERJ lembrou ainda oapoio do Programa de Editoração da Fun-dação à reedição do livro Paleontologia –Volumes I e II, cuja edição foi realizada porIsmar de Souza Carvalho.

Há pouco mais de um ano, o IVP colo-cou como uma de suas principais priorida-des a revitalização do parque. No últimodia 4 de março, um encontro reunindo pes-quisadores e autoridades selou a cessão defuncionários da Prefeitura de Itaboraí paracuidar da manutenção de trilhas e seguran-

ça do local. Em 2004, vá-rias manifestações foramorganizadas para lembraras dificuldades de recupe-ração do parque. Em 2 dedezembro, houve ato sim-bólico de delimitação daárea; no dia 11 do mês an-terior, foi realizada uma ca-minhada em defesa do lo-cal; e na festa dos 171 anosde Itaboraí, em 29 de maio,

estudantes, vestindo camisetas com dizeresem apoio ao parque, saíram às ruas para co-memorar a data.

Situado na localidade de São José, emItaboraí, a região reúne registros de rochasque variam de 65-70 milhões de anos atédepósitos mais recentes relacionados aohomem pré-histórico. A bacia calcária de

Institutos Virtuais

Parque de Itaboraí ganha novo impulso

A nova espécie de dinossauro encontrada no país ganhou o nome de Unaysaurus tolentinoi

A. S. da Rosa e Alexander W. A. Kellner –publicada na revista Zootaxa. “Consegui-mos resgatar grande parte do crânio, alémde dois braços praticamente completos euma seqüência inteira da cauda”, lembrouo pesquisador gaúcho.

A descoberta, ocorrida em 1998, acon-teceu na localidade de Água-Negra, no in-terior do Rio Grande do Sul. O aposenta-do Tolentino Marafiga avistou o primeirofragmento do fóssil do animal durantecaminhada no percurso que liga São

Martinho da Serra a Santa Maria. Pressen-tindo a importância do achado, Tolentino–  que acabou emprestando seu nome aobatismo da nova espécie – contatou ime-diatamente pesquisadores da UFSM, quelogo acorreram ao local

“Ao chegar à localidade, constatamosque se tratava provavelmente da carcaçade um animal que morreu numa planíciede inundação ou próximo a um canal, eque terminou soterrado”, explicou o pes-quisador Átila da Rosa.

De volta à universidade, os pesquisa-dores decidiram convidar os colegas doMuseu Nacional para dividir o trabalhode pesquisa.

Dinossauro tinha hábitos herbívoros

Os prossaurópodas, grupo ao qual per-tence o fóssil encontrado no sul do país,se caracterizam pelo hábito herbívoro, ocorpo volumoso e a cabeça pequena. Osmembros anteriores do Unaysaurus eramproporcionalmente mais curtos que osposteriores, conferindo uma posturabípede. Ele possuía, ainda, uma grandegarra no polegar da mão e do pé. De pe-queno porte, o animal, segundo estimati-vas, pesava cerca de 70 quilos, tinha pou-co mais de 2 metros de comprimento ecerca de 70cm de altura.

Até o momento, apenas 11 espécies dedinossauros foram encontrados em solobrasileiro. O modelo apresentado na oca-sião passou a integrar a exposição noMuseu Nacional. A instituição, situadadentro do parque da Quinta da Boa Vista,próximo ao Jardim Zoológico, funcionade terça a domingo, das 10h às 16h. Osingressos para as exposições do museucustam R$ 3.

Dinossauroprimitivo achadono Sul do país

Pesquisadores do Museu Nacional eda Universidade de Santa Maria(UFSM) anunciaram no em dezem-

bro, a descoberta de uma nova espécie dedinossauro em território brasileiro. O anún-cio atraiu dezenas de jornalistas e curio-sos à coletiva realizada no auditório daBiblioteca Central do Museu Nacional/UFRJ. Ali, onde os cientistas apresenta-ram um modelo, em tamanho natural, doUnaysaurus tolentinoi.

A espécie – uma das mais primitivasque já andaram pela Terra, há cerca de 225milhões de anos – pertence ao grupo dosprosaurópodos. A FAPERJ tem, ao longodos últimos anos, apoiado as pesquisasdo Setor de Paleontologia do Museu Na-cional.

“Este fóssil de dinossauro é um dosmais completos já descobertos no Brasil”,comemorou Luciano Leal, um dos quatroprincipais responsáveis pela pesquisa –ao lado de Sérgio Alex K. Azevedo, Átila

Vinicius Zepeda

Ilustração: Maurílio Oliveira

São José é a única do Estado do Rio queconta com fósseis, principalmente de ma-míferos primitivos, répteis, aves e semen-tes, entre outros. Em 2 de abril de 1990, aprefeitura local declarou a área de utilidadepública e, em dezembro de 1995, foi criadoo Parque Paleontológico de Itaboraí, atra-vés da lei municipal nº 1345/95.

A coordenadora-geral do IVP, MariaAntonieta Rodrigues, acredita que é possí-vel reverter o processo de abandono do par-que. “Com determinação e a ajuda dessa ga-rotada, vamos transformar o parque em reali-dade. O projeto pode vir a gerar vários empre-gos diretos e indiretos em turismo ambientalna região. Com isso, o distrito de São José,que desde o fim da atividade cimenteira na-quela região entrou num processo de deca-dência econômica, pode entrar num novo ci-clo de crescimento”, concluiu.

Uma das coordenadoras do projeto, apesquisadora da UFRJ Lilian PaglarelliBergvist acredita no sucesso da iniciativa:“A experiência em Itaboraí tem sido umadescoberta singular para esses meninos emeninas. Até então, eles desconheciam o ricotesouro que o parque abriga”.

“O crescimento dointeresse pelapaleontologiaprovou que a

FAPERJ estava certaao criar o IVP”

Pedricto Rocha Filho