fanzines dos anos 80 e suas similaridades com as narrativas monstro do século xxi relatório final...

7/25/2019 Fanzines dos anos 80 e suas similaridades com as narrativas monstro do sculo XXI Relatrio Final PIBIC

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Universidade Federal do Esprito SantoPrograma Institucional de Iniciao Cientfica

Relatrio Final de Pesquisa

Fanzines dos anos 80 e suas similaridades com as narrativas monstro do sculo XXI

Identificao:rande !rea do C"Pq#$%rea do C"Pq$

&tulo do Pro'eto$ (s imagens das narrativas)monstro$ os movimentos em redeProfessor *rientador$ F!+io oveiaEstudante PI,IC-PI.IC$ &/ais 0elena da Silva 1eite

Resumo:

Estudo dos fanzines dos anos 80 veiculados pelo movimento punk brasileiro, entendidos como formas de

comunicao que antecederam as redes sociais (em especial no espao urbano) e que foram responsveis

pela velocidade e difuso da multiplicidade de discursos desse movimento social, dando a eles uma

visibilidade independente da atuao da imprensa tradicional, podendo, portanto, serem considerados

como precedentes das narrativas m!ltiplas que caracterizam as manifesta"es sociais contempor#neas$

%etodolo&icamente foi adotado como pressuposto te'rico o conceito de a&enciamento coletivo de

enunciao, cunado por uattari* a anlise das capas de fan2ines do movimento pun3 deste perodo

pode ser entendida como uma resist4ncia em forma de imagens5 usando como refer4ncia o pensamento

de +ans eltin& e a dial-tica de questionamento de .idi +uberman$ /amb-m foram realizadas

pesquisas de campo, inclusive em o 1aulo, para contato com os fanzineiros, processo que propiciou a

anlise de sessenta e duas capas de fanzines do movimento punk do per2odo estudado e que resultou na

produo de uma pea audiovisual, baseada em entrevistas com pessoas li&adas ao movimento$ 3s

resultados obtidos demonstram que a presena de s2mbolos como o da anarquia, a sustica e a caveirapredominaram nos elementos visuais, o que indica forte cuno de resist4ncia aos sistemas institu2dos#

1alavras cave: punk* fanzines* movimento social* redes sociais$

1 Introduo

Entre o final da d6cada de 78 e incio da de 98 do s6culo ::5 o movimento pun3 foi gestado por

'ovens fil/os de oper!rios das periferias de 1ondres e de algumas cidades dos Estados Unidos5 que ;se

tornaram incr6dulos pela fora avassaladora do capitalismo na sua verso moderna neoconservadora8?85 p#@A5 assumindo uma postura de rompimento5 de irrever4ncia5 negando)se a participar

dos movimentos organi2ados da sociedade civil5 re'eitando a poltica partid!ria =inclusive dos partidos de

esquerdaA e que adotaram a postura.o 5t 6ourself, eBpresso que tornou)se palavra de ordem do devir

pun3#

Segundo 0(R& e "ERI =>88@A5 a glo+ali2ao atual tem duas fases da mesma moeda$ forma

uma rede de /ierarquias que mant6m a ordem5 numa dial6tica estrutura de constantes criaDes de

instrumentos de controle5 que produ2em um conflito inerente sua concepo e manuteno# Por outro


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lado5 a glo+ali2ao tam+6m propiciou a formao de uma rede de encontros5 como a multido5 por

eBemplo5 que pode ser considerada uma rede de cooperao mltipla5 onde coeBistem enormes

diferenas# =;multiplicidade de diferenas singulares< Gp#?>A

* conceito de multido utili2ado pelo prof#orientador Fa+io ouveia5 na sua pesquisa ;(s

imagens das narrativas)monstro$ os movimentos em rede< nos a'udam a locali2ar e entender o

movimento pun3 como uma eBpresso da carne da multido# "a sociedade ps)contemporaneidade5

podemos afirmar que estamos vivenciando uma esp6cie de carne social5 uma carne que no 6 um corpo5

uma carne que 6 comum5 su+stHncia viva# Segundo erleau)PontJ5 Ka carne no 6 mat6ria5 no 6 mente5

no 6 su+stHnciaK# ( carne da multido 6 puro potencial5 uma fora informe de vida5 e nesse sentido um

elemento do ser social#

Esse ;segmento< da multido5 essa carne social no ,rasil que c/amaremos de movimento pun35 foi

se adensando rapidamente5 a partir dos anos ?L98# *s 'ovens que se autodenominavam pun3s

constituram uma postura de su+verso a ordem sociopoltica cultural instituda5 incorporando conceitos

propugnados pelo movimento da Europa =em especial da InglaterraA e dos Estados Unidos =o ;faa voc4

mesmo


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&antos pontos de contestao contra a ordem vigente colocou os pun3s na posio de perseguidos

do Regime ilitar# (ndar em grupo como forma de so+reviv4ncia foi o motor que fermentou a formao

das gangues# Unidos por tra+al/arem na mesma empresa5 serem amigos ou parentes5 ou porque moravamno mesmo +airro =ou ruaA e gostavam de ;roc3 pesado8??5 quando foram feitas manifestaDes pre contra as opiniDes pol4micas do deputado federal Mair ,olsonaro =PPR)RMA so+re /omosseBuais in/ttp$--?#fol/a#uol#com#+r-saopaulo-L9@Q89)aumentam)conflitos)entre)pun3s)e)s3in/eads)em)sao)paulo#s/tml

>Surgidos nos EU( a partir dos anos O85 esse tipo de revista foi produ2ida no ,rasil somente em ?L@ graas aopioneirismo do piracica+ano Edson Rontani5 que resolveu fundar o IntercHm+io Ci4ncia)Fico (leB RaJmondT eeditar um +oletim para a+ordar quadrin/os e reunir os amantes dessa arte#="ERI5 s-d5 p#?A

Osegundo depoimentos no vdeo F("I"EIR*S * SNCU1* P(SS(*5 >8?8 e *1I.EIR(5 >88##


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( pesquisa cientfica em questo procurou identificar quais as imagens mais recorrentes presentes

nos fan2ines e quais os temas mais a+ordados# Em sincronia com os o+'etivos do pro'eto de F!+io

oveia5 foram estudadas as variaDes do movimento pun3 e suas implicaDes na construo de padrDesde comportamento5 principalmente no que tange a produo de imagens#

! " O#$etivos

(nalisar os fan2ines dos anos 98 como predecessores das redes sociais5 como plataformas de

comunicao5 que possi+ilitaram o surgimento de narrativas mltiplas =


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Figura > G;Factor ero

Figura O G ;SP Pun3

Figura Q5 ;Protesto Xatico


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Partindo do pressuposto de 0ans ,elting de que as ima&ens em nosso corpo de recorda"es esto

li&adas a uma eperi4ncia de vida no tempo e no espao =p#7>A5 as imagens foram analisadas aqui como

um conceito antropolgico# Sendo assim5 a recepo da imagem passa por um filtro resultante da unio;de uma predisposio pessoal =idade5 g4nero e /istria de vidaA com uma predisposio coletiva

=esperana de vida5 educaoAA5 algumas das principais funDes de fan2ines pun3s eram fornecer

um senso de identidade sem estar relacionada a nen/uma regio geogr!fica especfica5 criando

ferramentas de divulgao das informaDes entre estas comunidades# Seu grande legado5 de acordo com o

mesmo autor5 foi capacitar os fs e outros a pu+licar seu prprio 2ine#

"a Confer4ncia da Sociedade da 0istria do esign ocorrida em ,arcelona em >8??5 &riggs

sustentou que a litografia pun3 foi uma linguagem visual distinta que evocava sentimentos Kem algum

lugar entre a raiva e a am+ival4ncia K=&RIS5 ?LL@5 p# 9>)9@A5 ou ainda5 Kuma linguagem gr!fica de

resist4ncia K#=&RIS5 >885 p# 7>)7OA#

Essa am+ival4ncia segundo F(RI(S =>8??A 6 uma caracterstica distintiva da cultura pun3 com a

adoo do contraditrio e - ou posturas am+guas# ? ambi&uidade - a ima&em vis2vel da dial-tica =II)

0U,ER("5 ?LL95 p#?7OA# (s letras das msicas5 as atitudes desafiadoras so normalmente agressivas e

na maioria das ve2es divertidas e isto 6 processado na produo de fan2ines pelo uso de elementos visuais


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estereotipados como o espetado5 o assustador5 o improvisado5 o rasgado e ao mesmo tempo5 o

politicamente enga'ado#

Yuanto aos temas5 os fan2ines versavam principalmente so+re perigo nuclear5 poluio5 ecologia5anarquismo5 fascismo5 su!stica5 religiDese ao mesmo tempo5 tratavam de assuntos pontuais do universo

pun3 como s/os de +andas5 venda de camisetas5 anncio de venda de discos e fitas demos# Pu+licaDes

feitas na maioria das ve2es em BeroB5 datilografadas5 com desen/os e colagens5 eram distri+udas

inicialmente de mo em mo nos s/os de +andas pun3s5 pontos de encontro5 lo'as de vinis

especiali2adas5 livrarias =em especial de 0YA# "a maior parte das ve2es entregue de forma gratuita a

quem se interessasse# (umentou consideravelmente seu alcance quando passou a ter tam+6m a sua

distri+uio feita pelo correio5 num sistema de troca que resultou numa enorme teia de comunicao#

*utro o+'etivo da pesquisa que era investigar como ocorreu a velocidade da

informao-comunicao no grupo5 num perodo que antecedeu as redes sociais5 direcionou os estudos

para a questo da carta social#

( carta social que ainda eBiste no ,rasil5 atualmente s pode ser usada por pessoas que faam parte

da ,olsa Famlia5 por6m nos anos 985 L85 quaisquer pessoas poderiam us!)la 7# ( utili2ao desse tipo de

carta foi um motor de difuso importante dos fan2ines pun3s# *utro recurso para propagao dos 2ines5

esse5 transgressor5 era o c/amado ;selo +ati2ado885 p#>5 esses eram os temas mais a+ordados nos fan2ines#

7Uma carta social deveria pesar no m!Bimo ?8 gramas => fol/as de c/ameBA 5 cada pessoa poderia enviar no m!Bimo cinco por dia5 tin/a que ser su+scrita mo e a tarifa era 858? =da moeda da 6pocaA#

9depoimentos presentes no document!rio F("I"EIR*S * SNCU1* P(SS(*5 >8?8#


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curiosidade aguada a ponto de perguntarem aos fan2ineiros quem eles eram5 o que era aquilo que

mo+ili2ava tanta gente =depoimento de aniel .illa .erde do 5nfektos %uertos e @uclear 6o&urte)


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do incio e do fim em si mesmo =est! fec/ado no crculo5 no como letra5 mas como imagem)conceitoA5

como se representasse uma totalidade de pensamentos5 a li+erdade como negao do perodo poltico

anterior ou ainda de uma esperana que era coletivamente cultivada naquele espao social5 naquele gueto#

'( )onsidera*es Finais

*s fan2ines dos anos 98 podem5 portanto5 ser considerados predecessores das redes sociais5 como

plataformas de comunicao5 que possi+ilitaram o surgimento de narrativas mltiplas# Sem grandes

recursos5 com muita criatividade e envolvimento5 os fan2ineiros +uscaram canais para se comunicar que

eBistiram de forma marginal grande imprensa# ( utili2ao do ;selo +ati2adoA#

( composio dessas imagens 6 muito ampla e tem um di!logo entre o sensorial e o semitico $ o

corpo do punk - como o corpo em um ritual: dominado, possu2do por ima&ens que ocupam, abandonam

ou re&ressam ao corpo como foras &eradas por um dubl- ((UN5 apud$ ,E1&I"5 >8875 p# 7A#


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( roupa como representao sim+lica de grupo entendida como apar4ncia5 mistura)se com a

reproduo das imagens do seu presente =como por eBemplo5 o uso do coturno como afirmao do

militarismo que persistia como signo num momento de transio para o processo democr!tico5 como umaideia de resist4nciaA5 do qual ele 6 todo e parte$

(s apar4ncias enganam no porque elas difiram das ess4ncias que=supomosA ocultariam5 mas porque elas so5 'ustamente5 apar4ncias5 isto6 5 apariDes# "o /! apario que nopropon/a um destinat!rio5 umsu'eito para quem elas aparecem# E se /! su'eito5 /! ponto de vista# (sapar4ncias enganam porque elas tra2em em+utidas nela um determinadoponto de vista# =C(S&R*5 >8875p#?>A#

+ " Refer,ncias -i#lior.ficas

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