oficina fanzines e quadrinhos para o n design

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N Design Rio 2011 - Oficina de Fanzines e Histórias em Quadrinhos - Liber Paz - liberland.blogspot.com FanzineO termo fanzine é um neologis- mo formado pela contração de fanac e magazine, do inglês, que viria a signicar magazine do fã. Tratava-se de uma publicação independente, pra- camente artesanal, quase sempre de pequena ragem, impressa em mime- ógrafos, fotocopiadoras, ou pequenas impressoras oset. Além de publicação independente, o fanzine é considerado um trabalho “autoral” porque muitas vezes centra- liza diversas funções (edição, texto, revisão, escolha e produção de ima- gens, etc) em uma só pessoa, o autor do fanzine. Está muito vinculado às losoas de contracultura e cultura underground, devido a suas caracte- ríscas de produção e distribuição que seguem à margem dos canais comer- ciais. Os primeiros fanzines surgiram nos Estados Unidos, na década de 1930, com publicações amadoras de cção cienca. Popularizou-se muito no Bra- sil durante as décadas de 1980 e 1990, ajudando a divulgar o trabalho e ideias de diversos arstas. Para saber mais, procure o livro O Re- buliço apaixonante dos fanzines, de Henrique Magalhães, editora Marca de Fantasia. Formato Existem três formatos básicos em que uma história em quadrinhos pode se apresentar: Comic book é o formato impresso, das revisnhas, livros e graphic novels. Pode ser vercal, horizontal ou quadrado. As ideias do projeto gráco para uma revista ou livro podem dialogar diretamente com a elaboração da história e narrava. Aqui, a visualização da história acontece de duas em duas páginas. Podemos considerar esse espaço como nosso espaço composivo para a distribuição dos quadrinhos. Recursos grácos como páginas desdobráveis também podem ser empregadas. O ato de virar as páginas e a quandade de páginas disponíveis orienta o eslo narra- va, que aproxima-se mais do modelo de conto literário ou lme cinematográco com sequencias mais integradas. Tiras consagradas nos jornais, as ras em quadrinhos prestam-se a contar episódios curtos, em um a cinco painéis. Tem um formato horizontal, mas podem ser dispos- tas na vercal também. Seu formato procura aproveitar o espaço disponível nos jornais. Pede uma narrava mais fragmentada, conda. Mesmo fazendo parte de uma série, cada ra deve poder ser lida independente das outras. Aproxima-se do haicai ou do mini-conto. Frequentemente é ulizada nas webcomics. Web comics São os quadrinhos pensados para internet. Muitos autores ulizam esse meio para divulgar seu trabalho. Por uma questão de diversas conveniências de visualização e produção, geralmente os web comics são simplesmente ras digitali- zadas e dispostas no site ou blog. Entretanto, há diversos autores que se valem dos recursos da mídia como elemento constuvo de sua narração, ulizando gifs ani- mados e barras de rolagem para criar trabalhos que perderiam muito se passados para outro formato.

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Material de apoio para a oficina de fanzines e quadrinhos lecionada no N Design 2011, em 28 de julho na Puc do RIo de Janeiro.

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N Design Rio 2011 - Oficina de Fanzines e Histórias em Quadrinhos - Liber Paz - liberland.blogspot.com

FanzineO termo fanzine é um neologis-mo formado pela contração de fanati c e magazine, do inglês, que viria a signifi car magazine do fã. Tratava-se de uma publicação independente, pra-ti camente artesanal, quase sempre de pequena ti ragem, impressa em mime-ógrafos, fotocopiadoras, ou pequenas impressoras off set.

Além de publicação independente, o fanzine é considerado um trabalho “autoral” porque muitas vezes centra-liza diversas funções (edição, texto, revisão, escolha e produção de ima-gens, etc) em uma só pessoa, o autor do fanzine. Está muito vinculado às fi losofi as de contracultura e cultura underground, devido a suas caracte-rísti cas de produção e distribuição que seguem à margem dos canais comer-ciais.

Os primeiros fanzines surgiram nos Estados Unidos, na década de 1930, com publicações amadoras de fi cção cientí fi ca. Popularizou-se muito no Bra-sil durante as décadas de 1980 e 1990, ajudando a divulgar o trabalho e ideias de diversos arti stas.

Para saber mais, procure o livro O Re-buliço apaixonante dos fanzines, de Henrique Magalhães, editora Marca de Fantasia.

Formato Existem três formatos básicos em que uma história em quadrinhos pode se apresentar:

Comic book é o formato impresso, das revisti nhas, livros e graphic novels. Pode ser verti cal, horizontal ou quadrado. As ideias do projeto gráfi co para uma revista ou livro podem dialogar diretamente com a elaboração da história e narrati va. Aqui, a visualização da história acontece de duas em duas páginas. Podemos considerar esse espaço como nosso espaço compositi vo para a distribuição dos quadrinhos. Recursos gráfi cos como páginas desdobráveis também podem ser empregadas. O ato de virar as páginas e a quanti dade de páginas disponíveis orienta o esti lo narra-ti va, que aproxima-se mais do modelo de conto literário ou fi lme cinematográfi co com sequencias mais integradas.

Tiras consagradas nos jornais, as ti ras em quadrinhos prestam-se a contar episódios curtos, em um a cinco painéis. Tem um formato horizontal, mas podem ser dispos-tas na verti cal também. Seu formato procura aproveitar o espaço disponível nos jornais. Pede uma narrati va mais fragmentada, conti da. Mesmo fazendo parte de uma série, cada ti ra deve poder ser lida independente das outras. Aproxima-se do haicai ou do mini-conto. Frequentemente é uti lizada nas webcomics.

Web comics São os quadrinhos pensados para internet. Muitos autores uti lizam esse meio para divulgar seu trabalho. Por uma questão de diversas conveniências de visualização e produção, geralmente os web comics são simplesmente ti ras digitali-zadas e dispostas no site ou blog. Entretanto, há diversos autores que se valem dos recursos da mídia como elemento consti tuti vo de sua narração, uti lizando gifs ani-mados e barras de rolagem para criar trabalhos que perderiam muito se passados para outro formato.

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Uma lista de webcomics interessantes

Malditos Designers de Rômolo - ideafi xa.com/malditosdesigners

Malvados de André Dahmer - malvados.com.br

Ordinário de Rafael Sica - rafaelsica.zip.net

Diário de Virgínia de Cáti a Ana - diariodevirginia.com

Puny Parker de Vitor Cafaggi - punyparker.blogspot.com

Wulff morgenthaler de Mikael Wullf e Anders Morgenthaler: wullfmorgenthaler.com

Born like an arti st de Ida Eva Neverdahl - jellyvampire.nett serier.no/2011/05/09/

“Quadrinho do Bêbado” por Vincent Giard - aencre.org/blog/juste/bd/page/2/

Uma lista de 10 webcomics - htt p://goodcomics.comicbookresources.com/2010/06/14/she-has-no-head-10-webco-mics-i-love/

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Roteiro

Roteirizar é planejar sua história.

Tudo começa com uma ideia. Pode ser um acontecimento, uma piada, uma opinião, uma poesia, um guia de instruções. Você tem o objeti vo de comunicar alguma coisa. Tenha sempre isso em mente: o objeti vo é comunicar algo a alguém.

Tendo a ideia, você escolhe o formato (comic book, ti ra, web comic) mais adequado para ela. Nem sempre as coisas funcionam assim. Às vezes, olhando para um forma-to, do nada vem uma ideia que explora as possibilidades desse formato. Daí surge uma história que além de passar uma ideia brinca com a linguagem e os limites da mídia. Por exemplo, a web comic Born like an arti st da norueguesa Ida Eva Never-dahl (htt p://jellyvampire.nett serier.no/2011/05/09/)

A parti r da escolha do formato, vamos escrever nosso roteiro. Existem diversos for-mas para escrever um roteiro. Roteiristas como Alan Moore e Neil Gaiman uti lizam um modelo que lembra muito o roteiro de cinema, com descrição de cenas e diálo-gos. Entretanto, alguns autores, como Grant Morrison, preferem uti lizar também os thumbnails, que é um pequeno esboço do layout das páginas.

Em uma história em quadrinhos, é preciso considerar o layout, a quanti dade de quadrinhos por página, o espaço dos textos nos balões, a escolha e enquadramento da cena no quadrinho, o ti po de transição entre um quadrinho e outro, a uti lização ou não de onomatopéias, etc

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Desenho

Você não precisa saber desenhar para fazer uma história em quadrinhos. Pode escrever o roteiro e dar as orien-tações para o desenhista.

Entretanto, tanto o roteirista quanto o desenhista devem conhecer bem as característi cas da linguagem. Um óti -mo desenhista pode não ser um bom desenhista de histórias em quadrinhos, por não conseguir transmiti r um ritmo de narrati va.

A questão da narrati va e linguagem dos quadrinhos é mais complexa do que parece e requer um tempo de es-tudo, lendo diversas obras em quadri-nhos e buscando literatura a respeito da questão da linguagem.

Além do conhecimento da linguagem, o desenhista deve ter um conhecimen-to do próprio esti lo. Nem todo mundo precisa ter um desenho realista e nem toda a história pede um desenho rea-lista. O que importa é ter um esti lo de desenho que ajude na narrati va.

Uma biblioteca básica

Narrati vas Gráfi cas, de Will Eisner. Editora Devir.

Quadrinhos e Arte Sequencial, de Will Eisner. Editora Devir.

Desvendando os Quadrinhos, de Scott McCloud. Editora M. Books.

Desenhando os Quadrinhos, de Scott McCloud. Editora M. Books.

Diseño de Cómic y Novela Gráfi ca, de Gary Spencer Millidge. Parramon Edi-ciones.