famÍlia se alegra ao promover a agroecologia e gera renda com a produÇÃo de alimentos
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A família de João Romão e dona Bernadete incentivam seus 4 filhos e uma filha a participarem da divisão dos trabalhos na propriedade. A educação contextualizada e a participação nos movimentos sociais incentivam a família a fazerem a agroecologia.TRANSCRIPT
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 8 • nº 1770
Cipó-Ba
FAMÍLIA SE ALEGRA AO PROMOVER A AGROEOLOGIA E GERA RENDA COM A PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS
Julho/2014
A família de seu João e dona Bernadete vive na comunidade Tamanduá, no município de Cipó-Bahia, e
em conjunto com seus cinco filhos, sendo quatro homens e uma mulher, desenvolve uma belíssima
experiência a caminho da agroecologia.
É bonito de ver a alegria de seu João Romão, como é conhecido,
ao falar da sua caminhada até aqui, pois até o ano de 2000, o
sustento da família vinha do trabalho de diarista e como
vendedor ambulante, que o distanciava da família durante
meses.
'Comecei minha vida como diarista nas roças dos outros, depois
decidir viajar, viajei por quase todos estados do Brasil, além de
países como Argentina, Bolívia e Paraguai. Mas sempre
pensando em um dia voltar pra casa e realizar meu sonho', relata
seu João.
O envolvimento com os movimentos sociais da região transformou a vida da família. Há quatorze
anos, seu João Romão e dona Bernadete se engajaram na Pastoral Rural da Diocese de Paulo Afonso-
Ba e possibilitou que seus filhos vivenciassem a Pedagogia da Alternância e a educação
contextualizada (5ª à 8ªsérie do ensino médio) realizada pela Escola Comunitária Família Agrícola de
Ribeira do Pombal-ECFARP. A escola é fruto da luta de tantos agricultores e agricultoras por uma
educação mais igual, de qualidade e do campo para o campo, instituição onde seu João também
contribui na diretoria.
Seu João Romão fala do desejo de tirar o sustento da família da propriedade, que vem sendo
fortalecida e participe de capacitações .'Assim que completei
alguns anos de vida, eu tinha um sonho, de começar a viver da
roça, mas não encontrava uma saída'.
A família afirma que não precisa ter muita terra para produzir o
alimento, visto que iniciaram a experiência no quintal de sua casa
que só tem cerca de 1000 m². Ao redor da casa, seu João Romão
começou a experimentar algumas técnicas de produção de
hortaliças e criação de galinha caipira, atividade que rende a
família alimentos de qualidade na mesa e mais R$ 400,00 mensal,
com a venda do excedente.
Seu João e dona Bernadete
Seu João mostra a estrutura para cobertura das hortaliças com sombrite
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia
Hoje, a filha do casal, Aline, é técnica em agropecuária e atua como monitora de curso em GAPA
(Gestão de Água para produção de Alimentos) e SISMA (Sistema Simplificado de Manejo da Água) e, em
conjunto com os irmãos e seus pais, contribui na propriedade. Esse trabalho possibilitou aumento da
renda e maior facilidade para custear as despesas da educação dos filhos. E foi aí que surgiu a ideia de
começar a realizar experiência com viveiros de mudas para o reflorestamento e comercialização.
A produção é diversificada, além da produção de mudas nativas e exóticas
(Ipê, Amarelo, Nim, Acácia Amarela, Angico,Aroeira, Caatinga, Caraíba,
Gonçalo, plantas de tabuleiros, None, Pau-d'arco, Sabiá) e árvores frutíferas
como cajueiro, acerola, coqueiro, mamoeiro, pinha, manga, dentre outras.
Outra atividade é a criação de abelha, galinha e ovelhas, e cultivam uma
variedade de hortaliças e outras plantas (Milho, Quiabo, Atemo, além de
alface, cebolinha, couve, coentro, dentre outras para a alimentação e venda do
excedente na feira da cidade.
Na busca de fazer uma produção agroecológica, seu João Romão tem criado e inventado uma série de
alternativas para produção, a exemplo das adubações com caldas a base de folhas verde trituradas,
misturadas com esterco fresco e água, calda que após 8 dias é utilizada na adubação. Também faz o
resfriamento do esterco antes de levar para os canteiros, além de usar a compostagem, urina de vaca,
pimenta, calda de fumo e nim. O resgate e preservação das sementes crioulas tem permitido a
reprodução das sementes na propriedade.
Para os animais, a família tem feito a reserva de alimentos como palma, gliricídia, leucena e produz
uma ração para as aves a base de pó de folhas, sementes e outros alimentos encontrados na
propriedade, estratégias importantes para não depender tanto do mercado, além de ser alimentos
saudáveis, o que também diminui os custos de produção, como afirma a família. Na diversidade de
produção, o casal também tem uma criação de peixes em tanques construídos por seu João, produção
destinada a alimentação. Outra invenção são os bebedouros dos animais feitos de placa, evitando a
compra.
O incentivo a formação dos filhos em técnico em agropecuária é refletida no interesse de toda a
família, que se envolve e divide as tarefas na propriedade. Aline cuida da produção de mudas em
viveiro. Franklin faz os tratos culturais no viveiro. Lucas prepara a ração na máquina forrageira,
movimentação dos animais e cuida da criação das abelhas. Jerry faz o curso técnico e é responsável
pelo processo de cirurgia e manutenção das instalações dos animais
e John também faz o curso técnico e mora na EFA, nos dias de férias
também ajuda na manutenção dos animais e horta. A mãe
Bernadete e Aline fazem a colheita, comercialização na feira e a
contabilidade da propriedade. Já Seu João fica mais na produção e
manutenção do plantio de hortaliças e fruteiras e ajuda a todos. A
família atualmente participa e recebe intercâmbios, sendo exemplo
na produção de alimentos livres de agrotóxicos na região.
Realização Apoio
Bernadete vendendo hortaliças na feira
Seu João no viveiro de mudas