introdução à agroecologia

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Introdução à Agroecologia Prof. Dr. Leandro Vieira Instituto Federal Brasília Campus Planaltina [email protected]

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Introdução à Agroecologia. Prof. Dr. Leandro Vieira Instituto Federal Brasília Campus Planaltina vieiralea @yahoo.com.br. AGRICULTURA. A expressão o rigina-se do Latim. Ager = campo, do campo. Culture = cultivo, modo de cultivar o campo. AGRICULTURA: FITOTECNIA E ZOOTECNIA. - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: Introdução à Agroecologia

Introdução à Agroecologia

Prof. Dr. Leandro VieiraInstituto Federal Brasília

Campus [email protected]

Page 2: Introdução à Agroecologia

AGRICULTURA

A expressão origina-se do Latim

Ager = campo, do campo.

Culture = cultivo, modo de cultivar o campo.

AGRICULTURA: FITOTECNIA E ZOOTECNIA.

Page 3: Introdução à Agroecologia

ORIGEM DA AGRICULTURA

Acredita-se que tenha surgido quando o homem passou de nômade a sedentário.

Os registros históricos apontam que a agricultura surgiu mais ou menos na mesma época em diversas partes do mundo, tais como na Ásia, na América, na África e na Europa.

Evidencia-se, assim, um estágio da história da humanidade.

Os registros também apontam que não existia contato entre estas populações.

Page 4: Introdução à Agroecologia

HISTÓRICO DA AGRICULTURA

NO PASSADO, a agricultura foi considerada como uma arte e um ofício.

HOJE é uma ciência, pois se torna cada vez menos empírica e, ao mesmo tempo, mais eficiente e previsível.

É renovada não no campo através de experimentos casuais, mas em laboratórios, campos experimentais, centros de pesquisa, universidades e escolas.

Page 5: Introdução à Agroecologia

HISTÓRICO DA AGRICULTURA

O desenvolvimento da agricultura associou-se à domesticação de espécies.

O avanço da agricultura foi acompanhado pelo avanço da degradação, via-de-regra.

Exemplos:

Mesopotâmia – salinização das terras irrigadas;Grécia clássica – destruição das florestas e degradação dos campos de cultivo;

Romanos – as ricas terras de Cartago - deserto;No Vale do Paraíba do Sul – da produção de café, hoje restaram morros degradados …

Page 6: Introdução à Agroecologia

HISTÓRICO DA AGRICULTURA

Em diversas ocasiões (Ex. final da Idade Média) houveram crises sociais ocasionadas pela baixa produção da agricultura: secas, ataque de pragas, doenças, desgaste do solo, e outras. Por outro lado, tais adversidades fizeram com que o homem do campo acumulasse um vasto conhecimento, ao longo da história, sobre técnicas de preparo do solo, de fertilização, de seleção de espécies e variedades, dentre outras. Tais avanços são registrados na história como as Revoluções Agrícolas.

Page 7: Introdução à Agroecologia

HISTÓRICO DA AGRICULTURA

Primeira Revolução AgrícolaPrimeira Revolução Agrícola: ocorreu entre os séculos XVI a XIX.

Características:

Aproximou a produção vegetal da pecuária;

Reduziu o problema da escassez de alimentos (maior escala de produção de alimentos);

Foi o primeiro estágio da agricultura moderna, sendo que hoje este modelo é chamado de “tradicional”.

Page 8: Introdução à Agroecologia

HISTÓRICO DA AGRICULTURA

O principal alicerce foi a implantação do sistema de rotação de culturas, o que permitiu:Maior lotação de gado – com leguminosas;

Aumento da fertilidade do solo;

Aumento da diversidade de culturas na mesma propriedade;

Intensificar o uso do solo;

Abandonar o sistema de pousio.

Page 9: Introdução à Agroecologia

HISTÓRICO DA AGRICULTURA

O interesse em associar a criação de animais à atividade agrícola relacionava-se à:Obtenção de produtos de origem animal para o auto-consumo;

Força de tração animal;

Produção de esterco – para a adubação do solo.

Dificuldades:

Insuficiência de adubos orgânicos;

Tempo e mão-de-obra necessária;

Ocupação de parte das terras com os animais.

Page 10: Introdução à Agroecologia

HISTÓRICO DA AGRICULTURA

Segunda Revolução AgrícolaSegunda Revolução Agrícola: ocorreu em meados do século XIX. Características:Em 1840, Liebig publicou suas pesquisas em que constatou que a nutrição mineral das plantas se dá pelas substâncias químicas. Liebig desprezava a matéria orgânica e a baixa solubilidade do húmus era tido como evidência de sua inutilidade para a nutrição vegetal. Formulou a tese de que a produção agrícola seria proporcional à quantidade de substâncias químicas adicionadas ao solo – lei do mínimo.Tais idéias/teorias impulsionaram a adubação química e mineral (sintética).

Page 11: Introdução à Agroecologia

HISTÓRICO DA AGRICULTURA

Apesar dos alertas e das descobertas dos defensores da matéria orgânica (Pasteur e a fermentação; a nitrificação; e outros), as descobertas de Liebig conquistaram o setor produtivo (industrial e agrícola), abrindo um amplo e promissor mercado de fertilizantes artificiais/sintéticos (Liebig, um industrial).Conseqüências:

Os agricultores foram abandonando as criações e a rotação de cultura com leguminosas A substituição dos sistemas complexos, por sistemas simplificados e monoculturais.

Page 12: Introdução à Agroecologia

HISTÓRICO DA AGRICULTURA

Para os agricultores, as conseqüências foram:Adubos químicos/sintéticos são de mais fácil aplicação;

Segundo Goodman, Sorj e Wilkinson, componentes da produção agrícola foram “apropriados” pela indústria e passaram a ser atividades industriais - “apropriacionismo”.

Adubos químicos/sintéticos reduzem o tempo e a necessidade de mão-de-obra para a aplicação; Muitas indústrias de fertilizantes fizeram propaganda contra os adubos orgânicos, considerando-os como práticas antiquadas.

Page 13: Introdução à Agroecologia

HISTÓRICO DA AGRICULTURA

Desdobramentos:

Os adubos químicos aumentaram a fertilidade do solo (num primeiro momento);

Simplificação do trabalho (a monocultura simplifica o processo produtivo, enquanto os sistemas rotacionais exigem mão-de-obra qualificada).

Os adubos químicos elevaram a produtividade; Diminuiu o trabalho necessário;

Toda a terra pode ser ocupada com a cultura de interesse comercial, originando a monocultura;

Page 14: Introdução à Agroecologia

HISTÓRICO DA AGRICULTURA

Desdobramentos:

Além dos adubos químicos, a indústria se “apropriou” do desenvolvimento de máquinas e equipamentos;

A questão referente às pragas e doenças logo apareceu. Os tóxicos foram cirados para fins bélicos e depois adaptados à agricultura.

Depois, ocorreu o “apropriacionismo” genético e biológico, a partir das teses de Mendel acerca da hereditariedade – melhoramento genético.

Armas químicas foram transformadas em inseticidas (EHLERS, 1999).

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HISTÓRICO DA AGRICULTURA

Revolução Revolução VVerde erde – Terceira Revolução Agrícola: ocorreu a partir dos anos 1960 e 1970.

Monocultura;

Fundamentos:

Melhoria da produtividade agrícola;

Substituição de padrões locais por um conjunto homogêneo de práticas tecnológicas (semente, fertilizantes, agrotóxicos, moto-mecanização e irrigação), chamado de “pacote tecnológico”;

Maior independência em relação ao meio;

Controlar e modificar processos biológicos;

Adaptar culturas de clima temperado aos diferentes ambientes – apropriacionismo internacional.

Page 16: Introdução à Agroecologia

HISTÓRICO DA AGRICULTURA

Do ponto de vista da produção agrícola total, a Revolução Verde foi um sucesso. Aumentou a produção (mais que dobrou) e a disponibilidade de alimentos por habitante (40%).Da euforia à preocupação, em razão:

Dos impactos sociais;Dos impactos ambientais (destruição do solo; destruição florestal; perda da biodiversidade; contaminação do solo, da água, dos animais silvestres, do homem e dos alimentos); Da viabilidade energética; Aumento dos custos de produção.

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HISTÓRICO DA AGRICULTURA

A Revolução Revolução BiotecnológicaBiotecnológica – Quarta Revolução Agrícola (transgênicos e clonagem). Está em curso e se constituindo. Os seus contornos ainda estão sendo definidos.

ContinuidadeContinuidade: por que dá prosseguimento ao processo de concentração varietal – as variedades mais lucrativas, de interesse do mercado, …

RupturaRuptura: por que nunca uma tecnologia manipulou tão diretamente os genes; também, por conta da extrema concentração, pois o processo está nas mãos de um ator, as multinacionais do setor de sementes, as quais estão redefinindo, em escala global, as estratégias comerciais.

Segundo DE LA PERRIERE (2001), significa continuidade e ruptura com a Revolução Verde.

Page 18: Introdução à Agroecologia

HISTÓRICO DA AGRICULTURA

Mas a história também registrou outros exemplos, em formas mais sustentáveis.

Civilizações Orientais – cultivam arroz irrigado há pelo menos 40 séculos nos mesmos terrenos, os quais mantêm, com recursos locais, os seus padrões de fertilidade;

Na Europa Feudal da Idade Média (França), um sistema de rotação trienal de culturas permitia a manutenção dos níveis de fertilidade do solo;

No Novo Mundo (Trópicos Úmidos), os europeus encontraram sistemas sustentáveis, baseados na combinação de agricultura e coleta.

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HISTÓRICO DA AGRICULTURA

Mas a história também registrou outros exemplos, em formas mais sustentáveis.

Plantação de arroz - China

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AGRICULTURA CONVENCIONAL

Entende-se por agricultura convencional aquela resultante da Segunda e Terceira Revolução Agrícola. Para alguns autores, inclui também a Quarta Revolução Agrícola.Características centrais:

Mecanização intensa e redução do emprego de mão-de-obra;

Uso intensivo de produtos químicos (fertilizantes e biocidas);

Regime da monocultura (especialização).

Page 21: Introdução à Agroecologia

AGRICULTURA CONVENCIONAL

Objetivos explícitos:

Obter rendimentos máximos das culturas;

Aumentar a disponibilidade de alimentos para evitar o espectro da fome.

Aumentar o fluxo e a velocidade do fluxo de capital.

Objetivos implícitos:

Maximizar lucros;

Page 22: Introdução à Agroecologia

AGRICULTURA CONVENCIONAL

Efeitos:

Degradação ambiental (compactação do solo; eliminação, inibição e redução da flora microbiana do solo; perda acentuada do potencial produtivo do solo);

Exclusão social (desemprego rural; êxodo rural); Concentração de terra, renda e poder;

Poluição alimentar (absorção desequilibrada de nutrientes, produzindo alimentos desnaturados, prejudicando a cadeia alimentar; também, facilitando o ataque de pragas e doenças);

Page 23: Introdução à Agroecologia

AGRICULTURA CONVENCIONAL

Efeitos: Encarecimento violento dos custos de produção (maquinaria e insumos; monetarização da atividade e endividamento); Erosão cultural (introdução de pacotes tecnológicos fechados; monetarização da vida); Aumento da fome (problema não está na produção, mas na distribuição dos alimentos); Redução da biodiversidade (Segundo a FAO, a humanidade usou cerca de 7000 espécies de plantas para se alimentar e 75000 poderiam ser utilizadas; hoje cerca 30 espécies cobre 90% da dieta mundial).

Page 24: Introdução à Agroecologia

Perda da biodiversidade: exemplo.

Variedades crioulas de tomate

Principal Variedade comercial

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“a agricultura moderna é insustentável – ela não pode continuar a produzir comida

suficiente para a população global, a longo prazo, porque deteriora as condições que a tornam possível” (GLIESSMANN, 2001, p.

33).

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AGRICULTURAS DE BASE ECOLÓGICA

Surgiu a partir da segunda metade do século XX (há antecedentes desde o início do século).

Surgiu como resposta aos problemas ambientais, sociais, econômicos, de saúde e nutricionais gerados pela agricultura convencional.

Contribuíram três grandes aspectos: os movimentos ambientalistas passam a ser propositivos; o livro Primavera Silenciosa (Rachel Carson); e a atitude de respeito à natureza.

Page 27: Introdução à Agroecologia

AGRICULTURAS DE BASE ECOLÓGICA

Há diversas correntes: agricultura natural, agricultura biológica, agricultura ecológica, agricultura biodinâmica, agricultura orgânica e agroecologia.

No Brasil, começou a tomar corpo ao longo da década de oitenta do século XX.

Pela diversidade de correntes e de experiências, foi cunhada a expressão “agriculturas de base ecológica” (COSTABEBER & CAPORAL), pois, apesar das diferenças pontuais, há profundas semelhanças – a sustentabilidade dos processos de produção agrícola.

Page 28: Introdução à Agroecologia

AGRICULTURAS DE BASE ECOLÓGICA

AGRICULTURA ORGÂNICA:

Agricultura orgânica versus agroecologia.

Manutenção da dependência, dos custos elevados, da concentração e da exclusão.

Afirmação no mercado;

Pacotes tecnológicos verdes (tecnologia limpa);

A agricultura orgânica não representa uma reorganização do sistema de produção; poderá reforçar os problemas sociais e econômicos, resolvendo apenas parcialmente os ambientais.

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AGRICULTURAS DE BASE ECOLÓGICA

AGROECOLOGIA

Agricultura orgânica versus agroecologia.

Conceitos/idéias centrais:

•Importância fundamental dos microorganismos e da matéria orgânica;

•Solo é um corpo vivo;

•Harmonia e equilíbrio entre água, solo e planta;

•Holismo – visão sistêmica, visão global, inter-relação;

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AGRICULTURAS DE BASE ECOLÓGICA

AGROECOLOGIA

Agricultura orgânica versus agroecologia.

Conceitos/idéias centrais:

•Harmonização com a natureza – utilização racional da terra e seus produtos na perspectiva da sustentabilidade de longo prazo.

•Teleológica – não existem causas e efeitos, mas finalidades e propósitos – descobrir processos e ritmos da natureza;

Page 31: Introdução à Agroecologia

AGRICULTURAS DE BASE ECOLÓGICA

AGROECOLOGIA

Agricultura orgânica versus agroecologia.

Bases tecnológicas:

•Conservação do meio ambiente;

•Diversificação da produção – biodiversidade;•Melhoria da capacidade produtiva do solo;

•Nutrição equilibrada das plantas (velocidade natural);

•Fitossanidade preventiva (aumentar resistência das plantas e equilíbrio do ecossistema) e não curativo;

Page 32: Introdução à Agroecologia

AGRICULTURAS DE BASE ECOLÓGICA

AGROECOLOGIA

Agricultura orgânica versus agroecologia.

Bases tecnológicas:

•Otimização do balanço energético (sintropia x entropia);

•Qualidade biológica e sanitária dos alimentos; •Qualidade nutricional dos alimentos;

•Continuidade do fluxo produtivo em longo prazo;

•Sementes nativas (crioulas);

•Conhecimento e recursos locais (endógeno).

Page 33: Introdução à Agroecologia

AGRICULTURAS DE BASE ECOLÓGICA

AGROECOLOGIA

Agricultura orgânica versus agroecologia.

Bases sócio-econômicas:

•Diminuição da dependência do agricultor acerca dos insumos externos;

•Inclusão social;

•Pequena escala (agricultura familiar);

•Implica em uma consciência que se aplica ao cultural, ao econômico, ao político, ao social e à concepção da vida.

•Capital social, capital cultural

Page 34: Introdução à Agroecologia

Exemplos de sistemas produtivos com biodiversidade

Page 35: Introdução à Agroecologia

“a agroecologia pode prover as diretrizes ecológicas para que o desenvolvimento tecnológico seja

apontado na direção certa, mas, no processo, as questões teconlógicas devem assumir o seu devido

lugar, servindo como uma estratégia do desenvolvimento rural que incorpore os problemas

sociais e econômicos”(ALTIERI, 1989, P. 37)

Neste sentido, apenas as agriculturas de base ecológica podem efetivamente praticar e tornar realidade o que se convencionou

entender por sustentabilidade da produção agrícola.

Ela deve envolver e atender os aspectos ambientais, sociais, culturais e econômicos.

Page 36: Introdução à Agroecologia

FIMFIM