familia - alimentos - postulacao

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PROFA J U L I A N A G O N T I J O

PROCEDIMENTO ESPECIAL PARA SE RECLAMAR ALIMENTOS (AO DE ALIMENTOS)(Os artigos sem referncia so da Lei n. 5.478, de 25/7/1968.) 1. Alimentos. Relao de parentesco e obrigao alimentar. Forma usual de prestao alimentar. Procedimento especial Os parentes podem exigir uns dos outros os alimentos de que necessitem para subsistir (CC/2002, art. 1.694), sendo o direito recproco entre pais e filhos e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigao nos mais prximos em grau, uns em falta de outros (CC/2002, art. 1.696). A obrigao se transfere do mais prximo para os seguintes, quando comprovada ficar a impossibilidade do cumprimento pelo devedor, o que pode ser feito no prprio processo de conhecimento, com a prova dispensada no caso de execuo frustrada. Parentes no mesmo grau so devedores solidrios. Os alimentos envolvem todas as necessidades vitais do indivduo (alimentao, vesturio, sade etc.). H tambm obrigao alimentar entre os cnjuges, j que a mtua assistncia constitui um dos especficos direitos e deveres do casamento (CC/2002, art. 1.694 c/c art. 1.566, li). Em caso de separao judicial e divrcio, o cnjuge pode renunciar expressamente aos alimentos, mas os que so devidos em razo de parentesco so irrenunciveis, embora possa o interessado deixar de exercer seu direito. A obrigao alimentar poder tambm decorrer de contrato. Os alimentos s se prestam em dinheiro, a no ser que o alimentando, sendo capaz, concorde em receb-los em casa do devedor com hospedagem e sustento (CC/2002, art. 1.701, e Lei n. 5.478/68, art. 25). A forma usual do pagamento de alimentos a prestao mensal. Como, porm, poder haver gastos extras com sade, educao, vesturio etc., admite-se que sejam cobrados como alimentos definitivos, caso em que possvel adotar-se o procedimento especial. No curso do processo, onde se pretende separao, divrcio, nulidade de casamento e at mesmo alimentos, o pedido pode ser feito como alimentos provisrios, para atenderem-se as despesas extras. Quando a relao que d origem aos alimentos, como o parentesco e o casamento, j estiver legalmente reconhecida, o processo segue procedimento especial (Lei n. 5.478/68), mas, se para a concesso houver dependncia de soluo de questo prejudicial, seja como pedido autnomo, seja incidentemente, como o caso da investigao de paternidade, o procedimento o ordinrio. Pela disciplina do novo Cdigo Civil, reconhecem-se o homem e a mulher em unio estvel desde que reconhecida a convivncia pblica, contnua, duradoura e estabelecida com o objetivo de constituio de famlia. As circunstncias fticas, inclusive de tempo, no recebem nenhuma informao confirmativa da lei, competindo ao juiz, eqitativamente, avali-las, para concluir sua existncia. A unio estvel, ao contrrio do que possa parecer, tem conotao jurdica, gerando efeitos que lhe so prprios, bem como decorrendo sua formao no apenas de requisitos de ordem negativa. Assim, no constituir "unio estvel" se ocorrerem entre seus participantes os impedimentos do art. 1.521, exceo do n. VI, pessoas casadas, quando o casado se achar efetivamente separado de fato ou judicialmente (CC/2002, art. 1.723, 1). No impedem a caracterizao da unio estvel as causas suspensivas da capacidade para casar-se (CC/2002, art. 1.723, 1, c/c art. 1.523). A unio estvel caracteriza-se por si s, independentemente de deciso judicial, mas pode ser reconhecida seja como objeto de ao dec1aratria, seja incidentemente em processo judicial em que se questionam efeitos que lhe sejam prprios. A unio estvel difere juridicamente do concubinato, que a mesma relao ftica, masRua Guajajaras, n. 1944, Barro Preto, CEP 30180-101 Belo Horizonte MG - Tel. (31) 2112.4114 - Fax 2112.4108 site: www.direitodefamilia.adv.br e-mail: [email protected] [email protected]

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PROFA J U L I A N A G O N T I J O entre pessoas impedidas de se casar (CC/2002, art. 1.727). A unio estvel chama-se companheirismo ou convivncia, sendo companheiros ou conviventes seus protagonistas, e concubinos, os do concubinato. A relao concubinria pode gerar efeitos, mas apenas como causa remota de obrigaes e responsabilidades, podendo at mesmo ser elemento de revelao de situaes jurdicas patrimoniais, como seria a aquisio de bens em forma de cooperao, mas a unio estvel, por si s, gera direitos e obrigaes, inclusive alimentar, facultando-se aos companheiros pedir alimentos uns dos outros, inclusive com o procedimento especial da Lei n. 5.478/69. 2. Competncia. Foro do domiclio do autor e do ru. Reviso. Alimentos a serem prestados no estrangeiro A competncia para o pedido de alimentos do foro do alimentando (CPC, art. 100, III), mas, como se trata de privilgio do autor, poder ele renunci-lo e promover ao no domiclio do ru. A reviso, quando for de sentena jurisdicional, que no aquela que homologa o acordo, do juzo que a proferiu, j que ao acessria (CPC, art. 108). Se, todavia, a obrigao alimentar for em razo de acordo, com sentena meramente homologatria, a competncia a comum. Quando a prestao alimentar dever ser cumprida no estrangeiro, a competncia da Justia Federal, sendo o juzo o da Capital da unidade federativa brasileira em que reside o devedor (art. 26). 3. Dispensa de distribuio. Distribuio indispensvel Quando, na comarca, houver apenas um juiz competente para o julgamento de pedidos de alimentos, a petio inicial ser despachada independentemente de distribuio a cartrio, o que ser feito posteriormente (art. 1, 1). Se, todavia, houver mais de um juiz competente na comarca, a distribuio inevitvel (CPC, art. 251). 4. Assistncia judiciria, impugnao A concesso de assistncia gratuita, como agora regra para todos os processos, no carece de ser anterior, bastando a simples declarao de insuficincia de recursos do interessado na prpria petio (art. 1, 2 e 3). A impugnao ao pedido se faz apartadamente e no suspende o curso do processo (art. 1, 4). 5. Suspenso do processo no recesso. Fixao e execuo de alimentos provisrios A causa de alimentos provisionais que se cataloga como medida cautelar (arts. 852 e sss.) corre no recesso (art. 174, II). Quando se tratar de alimentos definitivos, o processo correr at a fixao de alimentos provisrios to-somente, por ser ato que se prejudica pela demora (CPC, art.173,II) 6. Requerimento inicial pela prpria parte e por procurador habilitado. Ratificao. Petio e termo. Produo de documentos, dispensa inicial. Documentos pblicos e particulares, dispensa de reconhecimento de firma No comum, o ingresso do autor em juzo se faz atravs de profissional habilitado, j com o pedido em termos hbeis, mas a parte poder faz-lo pessoalmente, qualificando-se, expondo suas necessidades, com prova do parentesco ou da obrigao alimentar do devedor (certido de casamento, contrato etc.), indicando-lhe o nome, residncia ou local de trabalho, profisso e naturalidade, seus ganhos aproximados e recursos de que dispe (art. 2). Embora requerendo pessoalmente, o credor pode indicar o advogado que lhe prestar assistncia, mas, se no o fizer, o juiz lhe nomear um. O advogado nomeado poder apenas ratificar o pedido, se ele estiver em termos, ou faz-lo corretamente, dentro de vinte e quatro horas, dando petio forma processual adequada com todos os requisitos que se exigem para a inicial (CPC, art. 282), mas a ao considerar-se- proposta a partir do ingresso da parte emRua Guajajaras, n. 1944, Barro Preto, CEP 30180-101 Belo Horizonte MG - Tel. (31) 2112.4114 - Fax 2112.4108 site: www.direitodefamilia.adv.br e-mail: [email protected] [email protected]

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PROFA J U L I A N A G O N T I J O juzo. Poder o advogado apresentar petio escrita ou oral, reduzida a termo nos autos (art. 3, 12). Tanto de uma forma quanto de outra, o pedido dever ser feito em trs vias (art. 3, 1 e 2). A juntada inicial de documentos ser dispensada se existentes em notas, registros, estabelecimentos pblicos e ocorrer impedimento ou demora na extrao de certides (art. 2, 1, I), o que deve ser analisado anteriormente pelo juiz a fim de evitar abuso. Tambm dispensa-se produo inicial de documentos, quando estiverem eles em poder do ru ou de terceiro (art. 2, 1, II). Tais documentos no so certides que podem ser, normalmente, extradas nos cartrios e reparties pblicas, mas aqueles de que no se pode extrair cpia, como seria a hiptese da via nica de contrato. Sendo o documento imprescindvel e, estando em poder do ru ou do terceiro, a ao poder ser proposta, mas o pedido de exibio ter de ser feito incidentemente (CPC, arts. 355 a 359 e 360 a 363). Diz a lei que os documentos pblicos ficam isentos de reconhecimento de firma (art. 2, 2), mas a dispensa, falta de exigncia expressa, como o caso da procurao (CPC, art. 38), tambm se estende aos particulares, cuja autenticidade presumida, se no houver impugnao (CPC, art. 357). 7. Alimentos provisrios. Alimentos provisionais e provisrios. Parte lquida de bens comuns. Critrios, provas. Reviso dos alimentos provisrios. Impossibilidade de condenao por alimentos de tempo anterior. Durao dos alimentos provisrios. Alimentos provisrios e sentena no trnsita Ao despachar a inicial, aceitando o procedimento pela prova do parentesco ou da obrigao contratual, o juiz dever fixar alimentos provisrios, se a parte no os renunciou expressamente (art. 3, caput). No caso de serem pedidos alimentos por cnjuge, o juiz poder determinar a entrega mensal de parte da renda lquida dos bens comuns, administrados pelo ru (art. 3, pargrafo nico). Os alimentos provisrios so os fixados em deciso interlocutria, no curso do processo, inclusive quando se pleiteiam alimentos provisionais, em carter cautelar; os alimentos provisionais so os concedidos em processo cautelar, previamente, ou como incidente de outro pedido j em andamento, como separao, divrcio, anulao de casamento etc. (arts. 852 e s.). O juiz poder, para fixar os alimentos provisrios, exigir provas, pelo menos circunstanciais, dos ganhos do alimentante, inclusive usando do mesmo expediente que orienta o arbitramento definitivo: requerer informaes do empregador do ru ou do responsvel por sua repartio, no caso de ser funcionrio pblico, sobre salrios e rendimentos respectivos (art. 5, 7). Os alimentos provisrios podem ser revistos, a qualquer tempo, se houver alterao da situao financeira das partes, sendo o pedido processado em apartado (art. 13, 1). Os alimentos provisrios so devidos a partir da citao (art. 13, 2) e no da sentena, o que vem a significar que, mesmo no caso de improcedncia do pedido, prevalece a dvida do que foi provisoriamente fixado e no revisado. Os alimentos, por sua natureza de serem consumveis e de servirem de mantena da pessoa, sejam provisrios ou definitivos, so devidos ad futurum. No se podem cobrar alimentos pelo tempo anterior ao reclamado. Os alimentos provisrios, em princpio, so devidos enquanto o processo estiver em curso. Se a deciso de segundo grau confirmou o julgamento de procedncia, os alimentos provisrios so devidos at a deciso do recurso extraordinrio (art. 13, 3). Se o julgamento recursal for de improcedncia, porm, melhor entendimento o que faz cessar os alimentos provisrios, em razo da no-suspensividade do recurso (CPC, art. 543, 4). O juiz, ao julgar o pedido de alimentos improcedente, poder cassar definitivamente os provisrios concedidos, mesmo porque a reviso permitida a qualquer tempo (art. 13, 1), caso em que se suspende a obrigao alimentar. Se a cassao, contudo, no se fizer expressamente, os provisrios prevalecem at o julgamento do recurso, mas, havendo dvidaRua Guajajaras, n. 1944, Barro Preto, CEP 30180-101 Belo Horizonte MG - Tel. (31) 2112.4114 - Fax 2112.4108 site: www.direitodefamilia.adv.br e-mail: [email protected] [email protected]

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PROFA J U L I A N A G O N T I J O razovel quanto a tal deciso, poder ser desfeita por embargos declaratrios (art. 464, I). Julgando o pedido procedente, o juiz poder fixar a penso definitiva com o mesmo nvel da provisria, caso em que se considera ela mantida. Se julgar a maior ou a menor, sem disposio expressa da sentena, de se presumir a mantena dos alimentos provisrios, com a reviso da deciso final. Muito embora o recurso contra a sentena que julga o pedido de alimentos no tenha efeito suspensivo, os alimentos provisrios comportam execuo definitiva, o que sensvel vantagem com relao aos decretados por sentena no trnsita, cuja execuo provisria (art. 588, I, II e III, do CPC, com a redao da Lei n. 10.444/2002). Contra a deciso que conceder ou no alimentos provisrios cabe agravo, com efeito apenas devolutivo. Interposto, todavia, por instrumento, no caso de terem sido concedidos, poder o relator receber o recurso no efeito suspensivo; no caso de no terem sido concedidos, o relator poder antecipar, total ou parcialmente, a pretenso recursal (art. 527, III do CPC, com a redao da Lei n. 10.352/2001). O recebimento do recurso no efeito suspensivo no importa em qualquer provimento sobre a pretenso recursal. Nesse caso, estando na exclusiva discricionariedade do juiz e no havendo recurso previsto, nenhuma outra splica contra o provimento cabvel, mormente o mandado de segurana, que no tem funo recursal. Se, no entanto, h antecipao, carncia de recurso com efeito suspensivo previsto, o mandado de segurana cabvel, para o fim de atribuir efeito suspensivo deciso do rei ator. 8. Despacho inicial. Designao de audincia e pedido de informaes. Citao e comunicao, forma. Citao por oficial e edital. Dispensa de carta precatria Ao despachar a inicial, o juiz designa audincia de conciliao e julgamento em prazo razovel que possibilite o preparo de defesa pelo ru (art. 5, 1). O escrivo, no prazo de quarenta e oito horas, dever remeter a segunda via da petio ou do termo, com a cpia do despacho, inclusive da fixao dos alimentos provisrios, quando for o caso, e a comunicao do dia e hora da realizao da audincia (art. 5). A comunicao importa em citao e dever ser feita com aviso de recebimento, mas s ter valor se o prprio ru for quem a receber (art. 5, 2). Se frustrada ficar a citao postal, ela se far por oficial de justia, servindo de mandado a terceira via da petio inicial ou do termo (art. 5, 3). Com a impossibilidade de citao postal ou pessoal, o ru ser citado por edital, que conter o resumo do pedido, a ntegra do despacho nele exarado, a data e hora da audincia, devendo ser publicado por trs vezes consecutivas no rgo oficial do Estado (art. 5, 4). Mesmo que o ru tenha domiclio em outra comarca, a citao, dispensando a carta precatria, far-se- na forma determinada pela lei (art. 5 e pargrafos), mas quando por oficial de justia, o ato ser requisitado, ou seja, o juiz da causa remeter a terceira via da petio ou do termo para o juiz deprecado, que providenciar a citao na forma prpria (art. 5, 3) 9. Audincia. Presena do autor e do ru. Arquivamento do processo e revelia. Provas, testemunhas, dispensa de rol. Defesa e matria de defesa, restrio questo de alimentos Autor e ru devero estar presentes na audincia, independentemente de intimao e comparecimento dos representantes (art. 6). O no-comparecimento do autor (quando incapaz por seu representante), desde que no justificado a tempo, importa em extino do processo, sem julgamento de mrito (CPC, art. 267, XI), sendo o pedido arquivado (art. 7); o do ru, em revelia, com o especfico efeito de serem os fatos alegados tidos por verdadeiros (CPC, arts. 6 e 319). A revelia do ru no dispensa provas que o juiz entender necessrias e tampouco autoriza o reconhecimento do que for duvidoso ou inverossmil. Se o autor, por exemplo, afirmar que o ru tem rendas acima do que as circunstncias revelam, o juiz pode e deve exigir a prova do alegado. O ru apresentar sua defesa em audincia, bem como as provas que se fizeremRua Guajajaras, n. 1944, Barro Preto, CEP 30180-101 Belo Horizonte MG - Tel. (31) 2112.4114 - Fax 2112.4108 site: www.direitodefamilia.adv.br e-mail: [email protected] [email protected]

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PROFA J U L I A N A G O N T I J O necessrias, podendo o autor tambm requer-las. No h mister de apresentao prvia do rol de testemunhas, a no ser quando se pretenda intimao. Cada parte s poder ouvir trs testemunhas (art. 8). O procedimento especial de alimentos tem como pressuposto a existncia de parentesco ou obrigao alimentar a qualquer ttulo, como a contratual, por exemplo, que permitida, inclusive em forma de estipulao para terceiros, e objetiva exclusivamente sua fixao, no podendo ser levantada no processo questo diversa, nem por reconveno, que no se admite. No pode o ru, por exemplo, impugnar paternidade reconhecida nem pretender alterao de guarda de filho, tal como est estabelecida. Todas as provas, porm, so admissveis, inclusive o exame pericial, como ocorre com a argio de falsidade material de documento, caso em que se dar a prorrogao da audincia, para que a prova seja realizada. O Ministrio Pblico participa do processo como fiscal da lei (CPC, art. 82, I e III), mas sua ausncia no ser empecilho realizao da audincia nem ser causa de nulidade, se foi devidamente intimado. Finda a fase postulatria, com a leitura, ou respectiva dispensa, da petio ou do termo e resposta respectiva, o juiz propor conciliao, ouvindo os litigantes o Ministrio Pblico (art. 9). Havendo acordo, lavra-se o termo respectivo, que ser assinado pelo juiz, escrivo, partes e representante do Ministrio Pblico (art. 9, 1); no havendo, passa-se instruo, ouvindo-se as partes e testemunhas (art. 9, 2). O depoimento pessoal das partes poder ser dispensado pelo juiz, com acordo da outra, bem como a deciso poder ser proferida sem produo de provas, mas com o imprescindvel acordo das partes. As reparties pblicas, civis ou militares, inclusive do Imposto de Renda, so obrigadas a dar todas as informaes necessrias instruo do processo (art. 20). Terminada a instruo, as partes e o Ministrio Pblico, pelo tempo de dez minutos, aduzem alegaes finais (art. 11), aps o que se renova a proposta de acordo. No conseguindo acordo, o juiz dar a sentena, que conter sucinto relatrio do ocorrido na audincia (art. 11, pargrafo nico). Se a sentena for proferida na prpria audincia, as partes j so tidas por intimadas, desde que o foram de sua realizao (art. 12). Proferida depois (no prazo de dez dias - CPC, art. 456), as partes so intimadas pessoalmente ou atravs de seus representantes, valendo a publicao em jornal, quando assim se fizerem as intimaes da comarca. A audincia una e contnua, nela vigorando, com toda a fora, o princpio da oralidade e da concentrao de atos, donde advm um terceiro, que o da precluso. Assim, se for suprimida uma fase ou outra, deixada de lado uma formalidade ou outra, relegada uma prova requerida, a parte dever protestar e reclamar de imediato, no momento do gravame, tudo se consignando em ata, para que, no agravo, que pode ser inclusive oral (art. 523, 3, do CPC, com redao da Lei n. 9.139/95), seja a questo reapreciada. O juiz, por exemplo, deixou de fazer a proposta de acordo, no ouviu a parte nem a testemunha requerida; em tais casos, ultrapassada a fase respectiva, antes que outro ato se pratique, o recurso se faz mister, sob pena de precluso. 10. Recurso contra a sentena e efeito. Sentena e alimentos provisrios Da sentena proferida em pedido de alimentos cabe apelao, recebida apenas no efeito devolutivo (art. 14), j comportando, em conseqncia, execuo provisria (art. 588, I, lI, III e IV, com a redao da Lei n. 10.444/2002). Tratando-se, porm, de alimentos provisrios, se o juiz no revogar a deciso interlocutria na sentena final, eles ainda prevalecem at o trnsito em julgado, e a execuo, no caso, definitiva, sem as restries da execuo que se faz provisoriamente. 11. Execuo. Execuo imprpria. Recebimento direto da fonte pagadora. Responsabilidade. Prestaes vencidas e vincendas Quando o devedor de alimentos for funcionrio pblico, militar, gerente de empresa ouRua Guajajaras, n. 1944, Barro Preto, CEP 30180-101 Belo Horizonte MG - Tel. (31) 2112.4114 - Fax 2112.4108 site: www.direitodefamilia.adv.br e-mail: [email protected] [email protected]

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PROFA J U L I A N A G O N T I J O funcionrio sujeito legislao trabalhista, o pagamento de penses, geralmente fixadas em forma de mensalidades, faz-se por desconto em folha, devendo ser oficiado o chefe da repartio, superior, ou o empregador, que ficaro responsabilizados, civil e criminalmente, caso descumpram a ordem judicial (art. 22). No fazendo o desconto na folha determinada, o superior ou o empregador ficam responsveis pelo que no se pagou, podendo ser imediatamente executados. O desconto em folha forma imprpria de execuo, j que no h expropriao, mas pagamento direto na fonte da prestao que se vencer aps a notificao. Da no ser possvel tal espcie de pagamento para prestaes vencidas e anteriores cincia dada fonte pagadora. Pela dvida j vencida, todavia, vencimentos, soldos e salrios, inclusive os ainda no exigveis, so penhorveis em execuo comum (CPC, art. 649, IV). 12. Execuo imprpria em rendimentos do devedor. Execuo comum, privilgios Possvel tambm ser o pagamento atravs de outros rendimentos do devedor, como aluguis, benefcios previdencirios e rendas de dinheiro a juros. O pagamento, por determinao do juiz, poder ser feito diretamente ao credor ou por depositrio indicado. O devedor do devedor de alimentos que no atender a ordem e pagar o seu credor fica sujeito a pagar novamente, ao alimentado, sem prejuzo da sano criminal (art. 22). No sendo possvel desconto em folha ou em rendimentos do devedor, a execuo poder ser feita pela forma comum de quantia certa (CPC, art. 646), com o privilgio de, mesmo com o oferecimento de embargos, permitir-se o levantamento de dinheiro incontinenti, quando nele a penhora incidir (CPC, art. 732, pargrafo nico). 13. Execuo com cominao de priso. Justificativa. Natureza da priso. Recurso, "habeas corpus" A execuo poder ser feita tambm com cominao de priso (art. 19). O executado ser citado para pagar em trs dias, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetu-lo (CPC, art. 733). A admisso da justificativa fica ao prudente arbtrio do juiz, devendo ser sria e sem nenhuma imputao ao devedor. O simples fato do desemprego, por exemplo, no justifica a inadimplncia, se o devedor, deliberadamente, quem no quer trabalhar, ou no se esfora para tal. A previso de priso para o caso de inadimplncia de um a trs meses, pelo Cdigo de Processo Civil (art. 733), mas a jurisprudncia tem entendido que, para as hipteses da Lei de Alimentos (Lei n. 5.478/68), ela de at sessenta dias (art. 19). A priso no chega a ser pena, mas apenas medida coercitiva, razo pela qual seu cumprimento no exime o devedor da obrigao alimentar (art. 19, 1) e, to logo se faa o pagamento, cessa a priso. O juiz, para decretar a priso, dever faz-lo fundamentadamente e somente tomar a drstica medida se no houver dvida alguma sobre a liquidez e certeza do ttulo. Os. tribunais, acertadamente, tm negado a priso coercitiva, quando o autor, por exemplo, espera longo tempo para fazer a cobrana ou recebe quantias inferiores, vindo depois reclamar o restante,ou quita prestaes, sem recebimento de antecedentes. O credor de alimentos no est, contudo, obrigado a promover em primeiro lugar a execuo na forma comum, para, depois, pedir a execuo com coero. Esta alternativa de sua opo, j que a dvida alimentar, por sua prpria natureza, exige rigor e celeridade na prestao. Da deciso que decretar a priso cabe agravo de instrumento (art. 19, 2). O agravo, de ordinrio, no tem efeito suspensivo (art. 19, 3), mas o relator poder suspender a priso at o julgamento (CPC, art. 558, caput, com redao da Lei n. 9.139/95). Sendo a ordem de priso manifestamente ilegal, como seriam as hipteses de no se oferecer ao devedor oportunidade de justificativa, nem o juiz ter fundamentado a deciso, ter sido nula a citao, possvel ainda o habeas cor pus. 14. Prescrio da prestao de receber alimentosRua Guajajaras, n. 1944, Barro Preto, CEP 30180-101 Belo Horizonte MG - Tel. (31) 2112.4114 - Fax 2112.4108 site: www.direitodefamilia.adv.br e-mail: [email protected] [email protected]

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PROFA J U L I A N A G O N T I J O A pretenso a alimentos no prescreve (art. 23), mas, desde que fixadas as prestaes, a partir do seu vencimento, comea o prazo de dois anos de prescrio (CC/2002, art. 206, 2). 15. . Processo instaurado por iniciativa do devedor de alimentos A parte responsvel pelo sustento da famlia e que deixar a residncia, sem necessidade de nenhuma justificativa, poder promover ao contra seus credores de alimentos, para que o juiz, por sentena, os fixe (art. 24). O procedimento o mesmo da cobrana de alimentos, podendo inclusive haver fixao de provisrio. 16. Pedido de separao, divrcio, nulidade ou anulao de casamento, reviso. Alimentos provisionais A lei manda aplicar seus dispositivos, no que couber, aos pedidos de separao, estendidos, agora, ao divrcio, nulidade e anulao de casamento e reviso de sentena de alimentos, inclusive execuo. Quanto ao pedido de alimentos em si, sua fixao, no curso do processo onde se pede separao judicial, divrcio, nulidade ou anulao de casamento, faz-se como medida cautelar atpica (CPC, arts. 852 e s.). Os pedidos de reviso, inclusive os referentes a acordo em separao consensual, divrcio e mesmo em alimentos, seguem a Lei n. 5.478/68 em sua integralidade, podendo haver, inclusive, fixao de alimentos provisrios. Toda execuo de prestao alimentar poder ser tambm feita pelas formas permitidas pela Lei de Alimentos. 17. Sentena de alimentos, relao continuativa. Coisa julgada Diz-se que a deciso sobre alimentos no transita em julgado, podendo ser revista a qualquer tempo (art. 15). Tratando-se, porm, de relao continuativa, a prpria natureza do direito material que impe a admisso de possibilidade de reviso. Tanto verdade que ela s se far quando sobrevier modificao no estado de fto ou de direito (CPC, art. 471, I) em que se fundamenta a sentena. Havendo, por exemplo, variao de fortuna, tanto do devedor quanto do credor, a reviso se impe, para fixao de novas bases alimentares, ou at de iseno. Outro exemplo o de julgamento posterior de procedncia de impugnao paternidade, sobre que se fundamenta a obrigao alimentar. A reviso se impe para isentar o que fora considerado o pai da prestao de alimentos.REFERNCIA BIBLIOGRFICA: SANTOS, Ernane Fidlisdos Santos. Manual de DireitoProcessual Civil. So Paulo: Saraiva, 2006. p.297/307.

Rua Guajajaras, n. 1944, Barro Preto, CEP 30180-101 Belo Horizonte MG - Tel. (31) 2112.4114 - Fax 2112.4108 site: www.direitodefamilia.adv.br e-mail: [email protected] [email protected]