falhas de semieixos veiculares em operaÇÕes ......falhas por fadiga, pelo que o conceito de limite...
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UNIVERSIDADE PARANAENSE – UNIPAR CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA
UMUARAMA/PR
1 TFC 2018 – TRABALHO FINAL DE CURSO
FALHAS DE SEMIEIXOS VEICULARES EM OPERAÇÕES AGRÍCOLAS
Darlan Cavalaro, [email protected]
Reginaldo de Araújo Silva, [email protected]
1Universidade Paranaense, Departamento de Engenharia Mecânica. 2Universidade Paranaense, Departamento de Engenharia Mecânica.
Resumo: Semieixos são componentes de sistemas automotivos destinados a transmitir a potência
oriunda do motor, tendo passado pela caixa de câmbio e eixo traseiro (redutor ortogonal +
mecanismo diferencial) para as rodas do veículo, proporcionando-lhes a tração necessária ao
movimento. São componentes muito criteriosamente projetados e construídos, pelas elevadas
solicitações e condições de trabalho exigentes que devem suportar. Entretanto, nestes componentes
de caminhões fora-de-estrada e tratores de rodas, são observadas quebras, resultantes de esforços
ainda mais acentuados a que são projetados, devido a: irregularidades dos terrenos por onde
trafegam os veículos; picos de esforços a que são submetidos por operação inadequada; agregação
de pneus de elevada aderência que impedem a patinação e descarga de excesso de torque para o
pavimento e; operação incorreta de implementos demasiadamente pesados comparados a operações
agrícolas tradicionais. Nos casos observados em campo, nota-se também que as falhas destes
componentes se processam de maneira tal que faz com que outros componentes do sistema veicular
onde se encontram aplicados também sejam severamente avariados, o que aumenta os custos de
reparo e o tempo de indisponibilidade dos equipamentos avariados. O presente trabalho visa
analisar casos reais de quebras de semieixos de caminhões de transbordo de cana-de-açúcar e
tratores de rodas pesados, comparando visualmente as fraturas dos componentes com modelos
teóricos de Resistência dos Materiais e dados de análises feitas pelo fabricante destas peças,
fornecendo diagnóstico das falhas (sobrecarga, choque, fadiga) e caracterizando o tipo de material
de que são feitos os semieixos, se dúcteis ou frágeis, pelo modo de falha. Considerando-se que a
maioria das falhas se deve a operação inadequada, o melhor treinamento dos operadores
contribuirá para a redução deste tipo de falhas, além de evoluções de projeto e melhor critério na
aplicação dos equipamentos.
Palavras-chave: semieixo, transmissão, caminhão, trator, quebra.
1. INTRODUÇÃO
Os semieixos (dois eixos que transmitem o torque vindo do motor, já multiplicado pela
transmissão e pelo redutor ortogonal existente no eixo traseiro, para cada uma das rodas) são os
componentes que sofrem os maiores esforços, pelo elevado torque que recebem do restante da
transmissão. No caso dos caminhões, pelo fato de os semieixos estarem abrigados dentro da carcaça
do eixo traseiro e apoiados em ambas as suas extremidades por rolamentos de rolos cônicos, o esforço
a que são submetidos estes semieixos são puramente de torção. Já no caso dos tratores, por se
projetarem para fora do conjunto de transmissão e se ligarem às rodas, sofrem esforços de flexão e
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torção combinados. Some-se a isso o fato de que os tratores possuem ainda mais um conjunto de
redução final que aumenta ainda mais o torque que chega às pontas de eixo.
A melhor orientação e qualificação teórica e prática dos operadores destas máquinas e veículos,
aliada à correta aplicação dos caminhões às operações que deverão executar no ambiente da cultura
contribuirão para a redução das falhas catastróficas destes componentes, que apresentam elevados
custos, causam longo tempo de indisponibilidade aos equipamentos e, ainda, pela natureza da falha
catastrófica que sofrem, propagam os danos para outros componentes do sistema veicular aonde estão
inseridos, o que aumenta ainda mais o custo e o tempo de reparo, reduzindo a disponibilidade
mecânica destes equipamentos para os processos produtivos onde se aplicam. A capacitação da mão-
de-obra envolvida na operação mitiga, mas não elimina a ocorrência das falhas, com as quais
contribuem não só o fator operacional, mas as condições altamente voláteis dos ambientes por onde
trafegam os veículos, com diferentes características de solo, umidade e topografia; além das
condições extremas de carga a que os veículos são submetidos, que excedem a capacidade legal e,
algumas vezes, até mesmo a capacidade técnica para a qual os veículos foram projetados, comparados
a outras aplicações menos exigentes. A correta aplicação do trator ao implemento que se pretende
tracionar, bem como a observância das instruções e orientações contidas no manual de instruções do
implemento contribuirão para a operação mais rentável, produtiva e eficiente do conjunto.
O presente trabalho visa analisar, a luz da técnica, quebras catastróficas de semieixos de
transmissão de veículos e máquinas agrícolas recolhidos em duas operações agrícolas diferentes: de
caminhão transbordo em colheita mecanizada de cana e em trator na operação de plantio mecanizado
de cana.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Conforme a orientação dos elementos de um corpo de prova (provete) torcionado, as tensões
podem ser normais ou de cisalhamento, provocadas pelo mesmo carregamento. Elementos com faces
perpendiculares ao eixo de uma barra circular (a) estão sob cisalhamento puro; ao passo que
elementos angulados sofrem tração e cisalhamento. Um elemento posicionado a 45º com o eixo da
peça está submetido a tensões de tração e compressão mútuas e em faces opostas, com valor em
módulo igual à tensão de cisalhamento máxima do material. Todas as tensões observadas têm
intensidade proporcional ao torque nas extremidades, à distância radial do elemento ao eixo da barra
e ao momento polar de inércia da seção. (BEER, JOHNSTON, DEWOLF; 2010). A figura 1 abaixo
ilustra a condição analisada.
Figura 1. Análise de tensões de elementos perpendicular e angulado numa barra circular.
FONTE: BEER, JOHNSTON; 1995.
Materiais dúcteis (a) geralmente quebram devido a cisalhamento. Um corpo de prova dúctil, sob
esforço de torção, rompe num plano perpendicular ao seu eixo longitudinal. Materiais frágeis (b) falham por tração. Um corpo de prova de material frágil submetido a torção romperá ao longo de
superfícies perpendiculares à direção na qual a tensão de tração é máxima, em ângulo de 45º com o
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eixo longitudinal da peça (BEER, JOHNSTON, DEWOLF; 2010). A figura 2 abaixo ilustra esta
condição para ambos os casos supracitados.
Figura 2. Ruptura de corpos de prova dúctil (a) e frágil (b) sob esforço de torção.
FONTE: BEER, JOHNSTON, DEWOLF; 2010.
Quando ocorre a flexão em rotação, todos os pontos da periferia são pressionados uns contra os
outros, sendo ocasião para início de trincas, com compressão e atrito entre suas extremidades. Estes
movimentos relativos ocultam marcas superficiais, mas não as que ficam mais profundas na peça.
Daí a necessidade de análise das duas partes de uma peça quebrada. Pontos de concentração de tensão
não oferecem maiores riscos quando de flexão, mas são mais agressivos quanto à torção. É comum
que as trincas surjam em pontos de concentração de tensão e se propaguem em ângulo de 45 graus.
Rebaixos na circunferência do eixo podem apresentar valores de tensão equivalentes ao quádruplo da
tensão cisalhante, excedendo também, por conseguinte, a tensão de escoamento. A fratura é
perpendicular ao plano de tensões em 45 graus, com formas de cone ou estrelada (MONTEIRO,
2004). A figura 3 apresenta as marcas observadas em peças avariadas decorrentes de fadiga torcional.
Figura 3. Frentes de trincas em peças sujeitas a fadiga torcional.
FONTE: WULPI, 1991 apud MONTEIRO, 2004.
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Trincas podem surgir e se propagar desde regiões mais solicitadas, e provocadas por tensões de
tração, e não de compressão. Para grandes solicitações, 90% da vida em fadiga do material se esvai
pela nucleação e propagação das trincas, proporção que aumenta para elementos entalhados. A
propagação de trincas possui três estágios: 1) a nucleação de superfície e propagação por eixos a 45
graus, crescendo à taxa de µm/ciclo (micrometros por ciclo). Uma vez nucleadas, se propagam por
planos até encontrar os contornos de grão da estrutura cristalina do material, avançando mais alguns
décimos de milímetro; 2) propagação perpendicular ao eixo de tensão, quando a trinca apresenta
estrias que indicam o número de ciclos de carregamento que as ocasionaram, sendo que a frente de
trinca provoca deformação plástica adiante de si, igualando-se à espessura do material, e; 3) ruptura
catastrófica, tendo crescido também perpendicular ao eixo de tensão, só que instantaneamente
(MAGNABOSCO, S/D). A figura 4 ilustra esta condição.
Figura 4. Os três estágios de propagação de uma trinca de fadiga.
FONTE: MAGNABOSCO, S/D.
As trincas crescem a cada ciclo formando as chamadas marcas de praia, sendo possível notar na
peça onde ocorreram os três estágios da falha. A figura 5 a seguir mostrará uma representação
esquemática da superfície de fratura de um componente que falhou por fadiga. Note-se o ponto de
iniciação da trinca, costumeiramente na superfície, seguida de uma região de propagação da falha,
onde estão presentes as marcas de praia e a região de ruptura catastrófica, quando a dimensão da peça
já não suporta as tensões existentes (MAGNABOSCO, S/D).
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Figura 5. Esquema das superfícies características de uma fratura por fadiga: nucleação, propagação e
instabilidade da trinca.
FONTE: MAGNABOSCO, S/D.
A nucleação e a propagação de trincas acarretam deformações plásticas localizada, com pequenas
sobrecargas cíclicas levando à liberação de discordâncias, facilitando a sua movimentação, nucleação
e propagação das trincas. Situações reais de emprego dos componentes possuem leves sobrecargas
que não ocorrem em ensaios padronizados e controlados de laboratório. Elevadas sobrecargas
destravam discordâncias mesmo em materiais de limite de fadiga conhecido e dando sequência a
falhas por fadiga, pelo que o conceito de limite de fadiga tende a cair em desuso. A figura 6
apresentará o aspecto e a solicitação mecânica à qual está sujeita uma trinca durante um ciclo do
carregamento cíclico, desde carga nula (a), aumentando-se a tração até o valor máximo (c), seguida
de pequenas cargas compressivas (d) aumentando até o valor máximo (e). Este comportamento é
típico em metais dúcteis e polímeros (MAGNABOSCO, S/D).
Figura 6. Estágios de solicitação de uma trinca de fadiga.
FONTE: MAGNABOSCO, S/D.
Fraturas frágeis em eixos ocorrem porque certos materiais simplesmente não assimilam
deformações plásticas quando há uma tensão de raiz num entalhe, por exemplo, especialmente em
baixa temperatura. Fraturas frágeis se tornam súbitas, com velocidades de propagação de até 1830
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m/s (metros por segundo), sem sinais de distorção onde a fratura começou. Fraturas flexíveis
acontecem porque porosidades internas na peça vão se juntando e mostram distorções na superfície
de fratura semelhante aos observados em ensaios de tração e torção. Quando o eixo sofre um único
carregamento onde ocorre tensão maior que a de escoamento, acontece deformação plástica antes da
quebra, sendo visível em inspeção visual de um eixo tensionado e quebrado, mas difícil de
diagnosticar quando se trata de esforço de torção. A capacidade de o material sofrer deformação
plástica é a chamada ductilidade. A aparência da superfície do eixo com falha dúctil também depende
da forma de eixo, do tipo de tensão da taxa de carregamento e até da temperatura (de acordo com a
liga). Esta ductilidade é reduzida mediante endurecimento por trabalho a frio ou tratamento térmico,
pela presença de entalhes, filetes, furos, arranhões, inclusões, poros e também redução da
temperatura. Fraturas dúcteis de eixos são raras em condições normais de operação, mas podem
ocorrer quando fatores de serviço são mal concebidos, se os materiais não tiverem a resistência
projetada ou por forte sobrecarga fortuita. Erros de fabricação, aplicação ou tratamentos térmicos
incorretos podem também resultar em fraturas dúcteis. O diâmetro influi, porque suas variações para
menor são maiores locais de concentração de tensões (MONTEIRO, 2004). A figura 7 ilustra a
influência da forma de alívios em eixos quanto à fluência das tensões.
Figura 7. Fluência axial de tensões através de diferentes formatos de alívios.
FONTE: WULPI, 1991 apud MONTEIRO, 2004.
A zona entre o corpo e a aba perpendicular (a) concentra a tensão quando da transição do diâmetro
maior para o diâmetro menor. Um adoçamento de raio de conformação mais longo (d), permite à
tensão fluir melhor. Mas o filete deve ser concebido tangente à menor seção, para que não haja outro
canto vivo que anule o benefício da conformação empregada.
As falhas nos semieixos veiculares podem ocorrer principalmente por choque ou por fadiga.
Sobrecarga marginal repetida em um semieixo poderá causar quebra torcional e simétrica, em forma
de estrela nas regiões estriadas. Originalmente, o padrão radial cônico estrelado começa na raiz dos
dentes adjacentes ao perímetro externo do eixo, acabando por quebrar no meio. Fadiga torcional
invertida por sobrecarga marginal do veículo retarda a falha do semieixo por fadiga. A forma
simétrica de estrela é indício de fadiga se deu por choques repetidos contra a área estriada de um eixo
rotativo (MERITOR, 2004). A figura 8 mostra um semieixo avariado deste modo.
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Figura 8. Semieixo danificado por fadiga de sobrecarga marginal repetitiva.
FONTE: MERITOR, 2004.
Às vezes, em superfícies estriadas, um sinal de carga de choque pode parecer bem diferente
daqueles de fadiga torcional com peculiaridades como vistas em áreas lisas (MERITOR, 2004). A
figura 9 mostra um semieixo quebrado devido a choque torcional severo. Observe-se as estrias
encurvadas, já usinadas de fábrica, bem como a parte interna do material uniformemente cristalina.
Figura 9. Semieixo danificado por fadiga devido a choque torcional severo.
FONTE: MERITOR, 2004.
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Sobrecarga marginal repetitiva também pode ser causa de falhas não só no estriado como no corpo
do semieixo, conforme ilustra a figura 10.
Figura 10. Dano por sobrecarga marginal repetitiva no corpo do semieixo.
FONTE: MERITOR, 2004.
Quando se fala em falha por choque, o semieixo quebra quando é submetido a um impacto
repentino e forte que exceda a capacidade de resistência do material. Carga de choque pode causar
fratura instantânea, quebrando-os ou causando-lhes fadiga ou falhas posteriores. Quando a carga de
choque é aplicada ao material do componente além do limite elástico e com forte carga de impacto,
sua quebra instantânea poderá ocorrer. A quebra poderá aparecer ou em forma lisa e suave ou com
áspera e angular. Eixos submetidos a cargas torcionais podem quebrar perpendicularmente ao eixo.
Quando eixos são submetidos a cargas de torção, a quebra também pode ocorrer a aproximadamente
45º do eixo (MERITOR, 2004). As figuras 11 e 12 apresentam dois exemplos de falhas por cargas de
choque, perpendicular ao eixo da peça e a 45º, denotando falhas de características dúctil e frágil,
respectivamente.
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Figura 11. Falha de semieixo por carga de choque, de característica dúctil.
FONTE: MERITOR, 2004.
Figura 12. Falha em semieixo por carga de choque, de característica frágil.
FONTE: MERITOR, 2004.
Muitas vezes a carga de choque não produz falha instantânea, mas deixa o componente trincado
ou enfraquecido. Dependendo da severidade do choque, a falha definitiva poderá ocorrer depois
(MERITOR, 2004). A figura 13 apresenta um exemplo de falha postergada, iniciada por carga de
choque.
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Figura 13. Falha em semieixo iniciada por carga de choque, de ocorrência posterior.
FONTE: MERITOR, 2004.
A intensidade da carga de choque aplicada aos semieixos pelo powertrain do veículo varia de
acordo com a marcha selecionada, o torque do motor (que varia dentro da faixa de rotações de
operação do motor) e a velocidade de acoplamento da embreagem por parte do operador. Quando a
carga não é suficiente para fraturar o componente por choque imediatamente, um dos modos de falha
possíveis, levará à fadiga da peça, implicando no outro modo de falha possível (MERITOR, 2004).
3. METODOLOGIA
O trabalho foi dividido nas seguintes etapas:
1. Escolha e caracterização dos veículos a serem estudados;
2. Caraterização das particularidades de cada uma das operações analisadas;
3. Caracterização das peculiaridades dos equipamentos e implementos adotados em cada uma
destas operações e sua contribuição para a potencial ocorrência das falhas analisadas;
4. Caracterização das peças a serem analisadas;
5. Coleta de imagens de semieixos avariados para análise comparativa e definição das causas das
falhas.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para a operação de transbordo de cana-de-açúcar no processo de colheita, desde as colhedoras de
cana até os caminhões que a transportarão para o beneficiamento, há dois tipos de veículos que
realizam esta tarefa: o caminhão transbordo é da marca Volvo, modelo VM 260 6x4R, equipado com
uma carroceria tipo transbordo montada sobre o chassi do veículo e atrelado a um transbordo de
arrasto por ele tracionado, de modo que haja dois compartimentos de carga recebendo material da
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colhedora num mesmo instante. A figura 14 ilustra um caminhão de transbordo de cana usado nesta
operação.
Figura 14. Caminhão transbordo de cana-de-açúcar.
FONTE: VOLVO, 2018.
Estes caminhões são equipados com pneus de alta flutuação em todas as rodas, sobretudo nas
rodas de tração. Estes pneus possuem 600 milímetros de largura e formato de banda de rodagem que
favorece a tração mesmo em solo mais solto e menos preparado para o tráfego regular de veículos. O
principal motivo da aplicação destes pneus é a melhor distribuição do peso do veículo sobre o solo,
visando menor compactação no trajeto do veículo nas entrelinhas da cultura. A figura 15 mostra mais
detalhadamente um pneu de alta flutuação.
Figura 15. Pneu de alta flutuação.
FONTE: TRELLEBORG, 2018.
Ocorre que, no tráfego dentro das áreas de cana, por vezes o veículo enfrenta situações de perda
de tração, que ocorre porque os pneus de alta flutuação distribuem melhor a carga sobre o solo. Logo,
a força de atrito com o terreno, diretamente proporcional à força normal exercida pelo solo contra o
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pneu, e vetorialmente oposta ao peso, é reduzida. Os semieixos sofrem cargas de choque quando estes
pneus subitamente retomam a tração sobre o solo, durante tentativas do operador de remover o veículo
da condição de baixa aderência; bem como de tentativas infrutíferas de se arrancar com o veículo,
nas quais o operador eleva consideravelmente a rotação do motor, transferindo potência em demasia
para a transmissão e de forma abrupta pelo acoplamento forçado da embreagem. Esta potência
demasiada seria dissipada para o solo com a patinação das rodas, por vezes impedida pela retomada
de aderência dos pneus, em função do desenho dos blocos da banda de rodagem. A operação destes
caminhões no solo preparado dos talhões de cana também demanda maior cuidado, uma vez que os
pneus de alta flutuação empregados nestes veículos minimizam drasticamente a possibilidade de que
as rodas patinem, impedindo que excessos de torque sejam dissipados para o solo, fazendo com que
sejam dissipados internamente nos componentes da transmissão.
Para a operação de plantio mecanizado da cana-de-açúcar é empregado um conjunto trator-
implemento formado por um trator agrícola de rodas pesado da marca John Deere, modelo 7225J;
atrelado a uma plantadora de cana marca DMB, modelo PCP 6000. As figuras 16 e 17 a seguir
ilustram os dois equipamentos que formam um conjunto de plantio mecanizado de cana.
Figura 16: Trator agrícola de rodas JOHN DEERE 7225J.
FONTE: Minas Verde John Deere, 2016.
Figura 17: Plantadora de cana DMB PCP 6000.
FONTE: DMB, 2018.
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A operação do conjunto de plantio de cana é uma condição bastante atípica e exigente para o
trator, embora este seja projetado para as mais difíceis tarefas em ambiente agrícola. A severidade
desta operação será explanada pelas considerações abaixo:
• A plantadora de cana é um equipamento bastante pesado, tendo um peso vazio de
7.700kg (sete mil e setecentos quilogramas), mais pesado do que qualquer outro
implemento agrícola normalmente empregado em outras operações (DMB, 2016);
• Além do elevado peso da máquina vazia, em ordem de marcha para trabalho, ela ainda
receberá cerca de 6.000kg (seis mil quilos) de rebolos de cana-muda; 1250kg (mil
duzentos e cinquenta quilos) de adubo químico e 600L (seiscentos litros) de calda de
inseticida (DMB, 2016). O peso total da máquina em ordem de trabalho será, portanto,
de 15.500 kg (quinze mil e quinhentos quilos);
• Por motivo ignorado, e conforme observações em campo, nota-se que os operadores
dos tratores que tracionam estes conjuntos de plantio mecanizado de cana operam o
conjunto de modo que a plantadora trafega com a dianteira suspensa, apoiada sobre o
trator. O manual de instruções do implemento determina que a profundidade dos sulcos
seja regulada ajustando-se a altura das rodas de profundidade do equipamento; de tal
sorte que a plantadora deve operar sendo baixada completamente ao solo, de modo que
o trator apenas tracione a plantadora durante a operação, devendo sustenta-la somente
para transporte e manobras.
O semieixo do caminhão é uma barra metálica forjada e usinada com estrias em uma de suas
extremidades, onde é aplicado o torque proveniente do conjunto diferencial e do par de engrenagens
do redutor ortogonal coroa-pinhão; e flangeada na outra extremidade, onde é aparafusada ao cubo de
roda para efetivamente transmitir o torque para as rodas do veículo. A figura 18 ilustra um semieixo
de caminhão.
Figura 18. Semieixo veicular típico.
FONTE: MERITOR, 2018.
Já a ponta de eixo do trator é uma peça forjada e usinada, tendo a extremidade que vai dentro da
transmissão com estriado para permitir o acoplamento ao disco de freio e na metade mais externa do
corpo do eixo possui uma cremalheira usinada, como parte do mecanismo de ajuste de bitola traseira
das rodas. A figura 19 mostra alguns componentes do eixo traseiro do trator, tendo a ponta de eixo
destacada como a posição 15.
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Figura 19: Componentes do eixo traseiro do trator, com ponta de eixo em destaque.
FONTE: JOHN DEERE, 2018.
A figura 20 apresenta uma imagem de uma fratura no corpo de um semieixo de um caminhão,
retirado do veículo após sua falha catastrófica e intervenção para manutenção corretiva.
Figura 20: Fratura no corpo do semieixo de um caminhão transbordo.
FONTE: Acervo do Autor.
A informação colhida com alguns dos envolvidos no trabalho de manutenção corretiva do veículo
de onde a peça avariada foi removida dá conta de que o operador trafegava com o veículo carregado
por uma estrada secundária dentro de uma fazenda, quando depois de ter vencido um aclive em que
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o veículo patinava continuamente e tendo feito reduções graduais de marchas, o veículo readquiriu
tração novamente de forma súbita, quando se ouviu o estalo característico da fratura de metal. A
primeira constatação de quebra de semieixo é realizada em campo quando o operador tenta
movimentar o veículo desligando o dispositivo de bloqueio do diferencial longitudinal (diferencial
entre eixos, por procedimento acionado para tráfego dentro dos talhões de cana): em caso de avaria,
o veículo não se movimentaria, o que indicaria que todo o torque do motor transmitido para os eixos
estaria sendo dissipado para a roda cujo semieixo está avariado, requerendo menor esforço para ser
movimentada do que as rodas que deveriam tracionar o veículo. O acionamento do bloqueio do
diferencial longitudinal descaracteriza a existência da falha pelo fato de que ambos os eixos traseiros
recebem torque por igual da transmissão, o que faria com que somente um dos eixos, tendo os dois
semieixos íntegros, movimentasse o veículo. As marcas de amassamento na região da fratura
demonstram exatamente o cisalhamento induzido entre as superfícies da peça avariada, quando da
realização do procedimento acima descrito.
Comparando-se o aspecto visual da avaria com os modelos teóricos e referências obtidas na
literatura, depreende-se que este tipo de falha é de um material frágil (ver figura 2); característica
comum de aços ligados projetados para alta resistência mecânica, tendo falhado sob esforço de torção
puro, considerando-se que o semieixo do veículo opera alojado na carcaça do eixo traseiro apoiado
por mancais de rolamento em ambas as suas extremidades, sem a ocorrência de esforço de flexão.
Além disso, a causa desta quebra foi a sobrecarga marginal repetitiva (vide figura 10). É um resultado
plausível, levando-se em conta que por diversas vezes o veículo é submetido a tentativas
indiscriminadas de início de movimento em condições adversas, com as rodas bloqueadas por
afundamento em solo fofo ou enterradas em buracos provocados por patinação excessiva, de modo
que o operador recorre a altas rotações do motor, marchas com elevada razão de multiplicação de
torque e com acoplamento demasiadamente rápido da embreagem, o que transfere elevado esforço
em curtíssimo intervalo de tempo aos semieixos, gerando sobrecargas.
A figura 21 abaixo ilustra outra avaria semelhante detectada num semieixo idêntico ao avaliado
anteriormente, porém na extremidade que liga o semieixo à engrenagem satélite do mecanismo
diferencial.
Figura 21: Fratura na extremidade do semieixo de um caminhão transbordo.
FONTE: Acervo do Autor.
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Analogamente à análise feita anteriormente, trata-se de fratura de material frágil, haja visto que
se trata de componente do mesmo tipo. Desta feita, não houve coleta de informações acerca das
circunstâncias da falha. Entretanto, este tipo de falha se deve à fadiga de sobrecarga marginal
repetitiva (vide figura 8). É possível notar novamente a existência de uma região cisalhada no topo
da parte avariada, já explicada anteriormente. É também possível notar a existência de marcas de
praia (ver figura 5), indício mais comum de fadiga, onde as frentes de trincas têm origem no fundo
das estrias, propagando-se para o interior da peça, reduzindo a seção do material até que a seção
transversal remanescente já não seja mais suficiente para suportar o esforço requerido. Note-se
também que ocorreram duas frentes de trincas se propagando por direções diferentes na peça, de
modo que uma se propagou mais intensamente do que outra (onde ocorreram as maiores marcas de
praia), o que permite afirmar que estas são fruto de concentração de tensões moderada (conforme
figura 3), tendo em vista o tratamento térmico para alívio de tensões a que as peças são submetidas,
possivelmente após a execução da usinagem do estriado, durante a fabricação dos componentes. Caso
não houvesse este processo de alívio de tensões, as frentes de trincas se manifestariam em maior
número, tendo comprometido toda a orla da seção transversal da peça, mantendo o núcleo mais
íntegro e vindo a falhar de outra forma.
A figura 22, por sua vez, mostra um exemplar danificado de uma ponta de eixo de um trator
empregado no plantio mecanizado de cana-de-açúcar.
Figura 22: Ponta de eixo de trator do plantio mecanizado danificada.
FONTE: Acervo do Autor.
A análise da imagem permite observar claramente duas regiões com marcas de praia, que tem
início a periferia da seção transversal da peça. Uma delas, vista em primeiro plano, propagou-se mais
rapidamente do que a outra, observável, desde o canto inferior direito da imagem. Ambas
contribuíram para a falha catastrófica da peça, mesmo que somente uma delas poderia levar a este
resultado, embora num intervalo de tempo maior. A presença das marcas de praia denota claramente
que esta peça foi solicitada em flexão. A presença de duas frentes de trincas nucleadas em dois pontos
diferentes permite concluir que a peça esteve submetida a flexão desde pontos diferentes, cada um
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exposto periodicamente ao esforço de tração-compressão proveniente da rotação do eixo em trabalho.
A quebra ocorrida num plano praticamente perpendicular ao eixo da peça permite também concluir
tratar-se de um material dúctil. É uma hipótese plausível, já que é inconveniente selecionar um
material frágil para a fabricação de uma peça que será submetida a esforço de flexão. No caso da
ponta de eixo do trator, submetida a esforços combinados de flexão e torção, a opção pelo material
dúctil é a mais sensata.
5. CONCLUSÃO
Falhas catastróficas de semieixos dos caminhões transbordo empregados na colheita de cana-de-
açúcar, mais especificamente, estão relacionadas a práticas operacionais abusivas. Cabe, portanto,
aos frotistas que trabalham com este tipo de veículo, investir na conscientização dos seus operadores
sobre os tópicos discorridos no presente trabalho, procurando somente simplificar os termos teóricos
relacionados a Resistência dos Materiais para melhorar a compreensão por colaboradores de menor
nível de escolaridade.
Novos projetos de caminhões transbordo melhor adequados para estas operações contam com
eixos traseiros de maior capacidade técnica, que possuem semieixos de maior diâmetro, dispositivo
autoblocante que impede a patinação indiscriminada das rodas e transmissão automatizada, onde a
velocidade de acoplamento da embreagem é controlada eletronicamente pelo módulo de controle da
transmissão, o que suaviza a transferência de torque para os eixos traseiros e para as rodas e, por
conseguinte, praticamente eliminam a ocorrência de falhas desta natureza.
A pura e simples observância das recomendações contidas no Manual de Instruções e Operações
da plantadora quanto à regulagem da profundidade de abertura dos sulcos através da roda de
profundidade, de modo que o trator apenas tracione e não sustente a plantadora durante a operação,
já seria suficiente para mitigar a falha aqui analisada. Uma vez que o trator só suportaria uma parte
considerável do peso da plantadora em ordem de marcha quando das operações de transporte e de
manobras, por um período naturalmente menor do que o período de operação, a vida útil das pontas
de eixo seria substancialmente aumentada, podendo até aproximar-se muito da vida útil projetada
para o componente em operações típicas.
6. AGRADECIMENTOS
Às equipes de Manutenção Automotiva das unidades de Ivaté e Tapejara da Usina de Açúcar
Santa Terezinha Ltda., onde foi possível vislumbrar esta modalidade de falhas, e donde sobreveio a
motivação para a elaboração do presente trabalho, como forma de analisar criteriosamente e propor
alternativas para a mitigação destas anomalias.
7. REFERÊNCIAS
BEER, F. P.; JOHNSTON JR., E. R.; DEWOLF, J. T. Resistência dos Materiais – Mecânica dos
Materiais. Porto Alegre, AMGH, 2010, 4. ed., p. 133.
BEER, F. P.; JOHNSTON JR., E. R. Resistência dos Materiais. Trad. Celso Pinto Morais Ferreira.
São Paulo, Pearson Makron Books, 1995, 3. ed., p. 209.
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2016. Disponível em: <http://www.dmb.com.br/admin/public/img/manual-pcp-6000-23-06-16.pdf>.
Acesso em: 21 out. 2018.
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DMB. Plantadora de cana picada PCP 6000. Disponível em: <http://www.dmb.com.br/linha-
canavieira/plantadoras-distribuidoras/plantadora-de-cana-picada-pcp-6000>. Acesso em: 21 out.
2018.
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https://partscatalog.deere.com/jdrc/sidebyside/equipment/82403/referrer/navigation/pgId/80448240
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LangId=-6&productId=1910606&urlRequestType=Base&langId=-6&catalogId=10052>. Acesso
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jun. 2018.
VEHICLE SEMI-SHAFT FAILURES IN AGRICULTURAL OPERATIONS
Darlan Cavalaro, [email protected]
Reginaldo de Araújo Silva, [email protected]
1Universidade Paranaense, Departamento de Engenharia Mecânica. 2Universidade Paranaense, Departamento de Engenharia Mecânica.
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Abstract: Semi-shafts are automotive systems components designed for power transmission from
the engine, passing through the gearbox and rear axle (orthogonal reducer + differential mechanism)
for the vehicle wheels, giving them a necessary traction to the movement. They are highly
conditioned and built for hard working conditions they must support. However, these components in
off-road trucks and agricultural tractors used to break due to excessive efforts than engineered, that
can be attributed to: severe terrain conditions; abnormal duties for operational issues of the vehicles;
high flotation tires applied, that avoid slipping and torque dissipation to terrain and; mistake
implements operation, much heavier than the classics agricultural operations. The real-life cases of
breaks in sugarcane transport trucks used to damage other parts of the transmission, increasing costs
and time to repair, keeping them unavailable for a longer time. This article seems to analyze real
failure situations of sugar cane tipper trucks and heavy-duty wheeled tractors, by visual comparisons
between theorical models from Material Strength discipline and OEM analysis data, providing failure
diagnosis (overload, shock, fatigue) and characterizing semi-shafts material, if ductile or fragile,
depends on failure mode. Consider that most of the failures are due to erratic operation, a better
operator’s training will contribute to reduce these kind of failures; besides to projet evolutions and
improved application criteria for the equipments.
Keywords: semi-shafts, transmission, truck, tractor, failure.