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FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO Liane Dalla Gasperina Hotel Rural Marau/RS Passo Fundo 2016

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FACULDADE MERIDIONAL – IMED

ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO

Liane Dalla Gasperina

Hotel Rural Marau/RS

Passo Fundo

2016

Liane Dalla Gasperina

Hotel Rural – Marau/RS

Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar do Projeto apresentado na Escola de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I, sob orientação da professora Me. Josiane Patrícia Talamini.

Passo Fundo

2016

Liane Dalla Gasperina

Hotel Rural – Marau/RS

Banca Examinadora:

Profª. Me. Josiane P. Talamini – Orientadora

Profª. Me. Renata Postay - Integrante

Passo Fundo

2016

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, pela força, sabedoria e fé, que jamais esteve ausente em

minha jornada.

Agradeço aos meus pais Elpídio e Helena, pelo apoio necessário e pela crença, que não

mediram esforços para que eu chegasse até aqui, sempre sendo meu exemplo para seguir em

frente.

Às minhas irmãs Ana Julia e Lilian, pelo carinho e alegria para que eu não perdesse o rumo

e a razão da vida, em meio a falta de tempo e a correria do dia-a-dia.

Ao namorado Norton, que com muita paciência e amor trilhou este caminho comigo sem

soltar a minha mão.

Aos amigos e colegas da turma B, pois sem a união e o verdadeiro sentido dessas palavras

não conseguiríamos.

A professora e orientadora Josiane P. Talamini, por ter acreditado em mim e na minha

capacidade de executar com sucesso este trabalho.

Resumo

Cada vez mais popular, o turismo rural vem ganhando lugar, tanto na nova forma de emprego quanto nas novas atividades de lazer. Buscando esta novidade e visando a necessidade de um local de hospedagem, será implantado na rota turística “Caminho das Águas e Sabores” um hotel rural conceituado na Imigração italiana, assim oferecendo infraestrutura para os turistas da rota, e emprego para os moradores locais, revalorizando os modos de vida, os costumes do campo e a arquitetura que os imigrantes italianos trouxeram quando vieram para a região, em conjunto com a preservação, será restaurada uma residência já existente no local para ser utilizada como setor do hotel.

Palavras-chave: hotel rural; arquitetura italiana; turismo rural;

Abstract

Increasingly popular, rural tourism has been gaining place both in the new form of employment as the new leisure activities. Seeking this new and targeting the need for a hosting site, will be deployed on the tourist route “Way of Water and Flavours” a respected rural hotel in the Italian Immigration, offering infrastructure for the route tourists, and jobs for local residents, revaluing ways of life, customs of the countryside and the architecture that Italian immigrants brought when they came to the region, together with the preservation, will be restored an existing house on the site to be used as the hotel industry.

Keywords: rural hotel; italian architecture; rural tourism

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.Mapa da estrada intermunicipal e a localização do local da implantação ......... 9

Figura 2.Indicação de algumas propriedades da Rota turística Caminho das Águas e

Sabores. ........................................................................................................................ 11

Figura 3.Esquema com definição de turismo rural.. ...................................................... 12

Figura 4.Mapa de localização do município de Marau-RS e seus confrontantes.. ........ 29

Figura 5.Localização do terreno na comunidade de Gramadinho.. ............................... 30

Figura 6.Mapa Nolli (mapa de cheios e vazios).. ........................................................... 31

Figura 7.Vista panorâmica face em frente ao terreno.. .................................................. 31

Figura 8.Vista panorâmica face lateral ao terreno.. ....................................................... 32

Figura 9.Vista frontal para o terreno.. ............................................................................ 32

Figura 10.Mapa da hierarquia viária.. ............................................................................ 32

Figura 11.Mapa da hierarquia viária.. ............................................................................ 33

Figura 12.Largura predominante da estrada intermunicipal.. ........................................ 34

Figura 13.Largura predominante da via coletora.. ......................................................... 34

Figura 14.Placas indicativas localizadas próximas ao terreno.. ..................................... 35

Figura 15.Terreno e suas vias.. ..................................................................................... 35

Figura 16.Mapa de usos.. .............................................................................................. 36

Figura 17.Áreas em porcentagem dos usos do solo.. ................................................... 36

Figura 18.Terreno e suas vias.. ..................................................................................... 37

Figura 19.Ponto de parada de ônibus.. ......................................................................... 37

Figura 20.Itinerário do ônibus.. ...................................................................................... 38

Figura 21.Dimensões do terreno.. ................................................................................. 38

Figura 22.Topografia do terreno. ................................................................................... 39

Figura 23.Caimento das águas da chuva no terreno.. ................................................... 39

Figura 24.Ilustração da orientação solar e ventos dominantes no terreno.. .................. 39

Figura 25.Locação das árvores no terreno.. .................................................................. 40

Figura 26.Classificação das edificações quanto à sua ocupação.. ................................ 44

Figura 27.A)Casa colonial italiana, localizada no parque da Festa da Uva em Bento

Gonçalves. B) Aberturas típicas. C) Telhado que será utilizado.................................... 45

Figura 28.A)Residência típica italiana com pele de vidro, localizada no parque da Festa

da Uva em Bento Gonçalves. B) Abertura de madeira. C) Pele de vidro no museu do

pão. ............................................................................................................................... 47

Figura 29.Aplicação das aberturas de madeira na alvenaria rústica. ............................ 47

Figura 30.Setorização. .................................................................................................. 48

Figura 31.Organograma.. .............................................................................................. 51

Figura 32.Fluxograma.. ................................................................................................. 51

Figura 33.Proposta Zoneamento 01. ............................................................................. 54

Figura 34.Proposta Zoneamento 02.. ............................................................................ 54

Figura 35.Proposta Zoneamento 03. ............................................................................. 55

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 8

1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 9

1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 9

1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 9

1.2.2 Objetivos Específicos .............................................................................. 10

1.3 DELIMITAÇÃO DO TEMA ............................................................................... 10

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..........................................................12

2.1 TURISMO RURAL E PERFIL DOS TURISTAS ............................................... 12

2.2 MELHORIAS NA ECONOMIA DA REGIÃO .................................................... 13

2.3 IMPLANTAÇÃO DO HOTEL RURAL .............................................................. 14

2.4 HISTÓRICO DE HOTEL RURAL ..................................................................... 15

2.5 HISTÓRICO DA CIDADE ................................................................................. 15

2.6 RESTAURAÇÃO.............................................................................................. 15

2.7 ESTUDOS DE CASOS .................................................................................... 16

2.7.1 Ficha Técnica ........................................................................................... 16

2.7.2 Implantação .............................................................................................. 17

2.7.3 Função ...................................................................................................... 18

2.7.4 Dimensão dos espaços ........................................................................... 22

2.7.5 Forma ........................................................................................................ 24

2.7.6 Base geométrica e princípios de composição arquitetônica ............... 24

2.7.7 Habitabilidade .......................................................................................... 26

1.7.8 Tecnologia................................................................................................ 27

3 DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO.................................29

3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL ............................................................... 29

3.2 MAPA NOLLI ................................................................................................... 30

3.3 PERSPECTIVA DAS FACES DO TERRENO .................................................. 31

3.4 INFRAESTRUTURA: SISTEMA VIÁRIO ......................................................... 32

3.4.1 Hierarquia viária ....................................................................................... 32

3.4.2 Fluxos viários ........................................................................................... 33

3.4.3 Larguras predominantes ......................................................................... 34

3.4.4 Sinalização ............................................................................................... 35

3.5 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ....................................................................... 35

3.6 MAPA DE INFRAESTRUTURA ....................................................................... 37

3.7 TRANSPORTE ................................................................................................. 37

3.8 ÁREA DE IMPLANTAÇÃO .............................................................................. 38

3.8.1 Dimensões do terreno ............................................................................. 38

3.8.2 Topografia ................................................................................................ 39

3.8.3 Orientação solar e ventos dominantes .................................................. 39

3.8.4 Árvores e acesso existentes no terreno ................................................ 40

3.9 SÍNTESE DA LEGISLAÇÃO GERAL E ESPECÍFICA DO TEMA ................... 40

3.9.1 REGULAMENTO GERAL DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM ................... 40

3.9.2 NBR – 9050 Acessibilidades a edificações, mobiliário, espaços e

equipamentos urbanos. ....................................................................................... 42

3.9.3 Restaurantes, refeitórios, bares e similares .......................................... 43

3.9.4 Locais de hospedagem ........................................................................... 43

3.9.5 NBR – 9077 Saídas de emergência de edifícios .................................... 43

3.9.6 Código florestal brasileiro....................................................................... 44

4 CONCEITO E DIRETRIZES DO PROJETO .......................................45

4.1 CONCEITO DA PROPOSTA ........................................................................... 45

4.2 CARTA DE INTENÇÕES ................................................................................. 45

4.3 DIRETRIZES DE PROJETO ............................................................................ 47

4.4 DIRETRIZES URBANAS PROPOSTAS .......................................................... 48

5 PARTIDO GERAL ..............................................................................50

5.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES DO PROJETO ......................................... 50

5.2 ORGANOGRAMA ............................................................................................ 51

5.3 FLUXOGRAMA ................................................................................................ 51

5.4 PRÉ-DIMENSIONAMENTO ............................................................................. 51

5.5 PARTIDO GERAL – ZONEAMENTO .............................................................. 54

6 CONCLUSÃO .....................................................................................56

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................57

8

1 INTRODUÇÃO

Em consequência do desamparo ao pequeno produtor rural que vem ocorrendo

na agricultura brasileira, em especial no Rio Grande do Sul, desde as décadas de 70

e 80, houve a necessidade de adaptar as fontes de renda dessas propriedades.

Para sobreviverem e evitar, assim, o êxodo rural, surgiram como grandes aliados a

diversificação da produção agrícola e o turismo rural. Este vem ganhando, ao longo

dos anos, considerável importância econômica. Segundo dados do Instituto de

Desenvolvimento do Turismo Rural (2015), calcula-se que 3% dos turistas em todo o

mundo priorizam orientar suas viagens para o turismo rural, e que o mesmo teve o

crescimento de 6% na ultima década. Cada vez mais os turistas buscam

protagonizar sua viagem, vivenciando a cultura e experiências locais e não sendo

um mero expectador da mesma.

A região de Marau/RS tem investido esforços para tornar-se referência regional

em turismo rural, embora seja uma alternativa econômica para a agricultura e

fundamental para o desenvolvimento e sucesso da nova rota turística implantada, há

um déficit de locais de hospedagem e lazer associados ao turismo rural na região.

Os hotéis locais são do tipo executivo urbano, não obtendo o propósito de diversão e

descanso para a população local.

Considerando a inexistência de um local na região, que ofereça descanso e

lazer, será implantado um Hotel Rural aonde hoje se encontra a propriedade “Dalla

Gasperina Turismo Rural”. O terreno possui cerca de 23.000 m² de área e uma

edificação pré-existente (com influência da arquitetura da imigração italiana,

construída em 1940), de uso residencial, na qual ocorrerá uma intervenção, com o

objetivo de reutilizá-la. O hotel rural, pertencente à rota turística “Caminho das

Águas e Sabores”, está localizado na comunidade rural de Gramadinho, em frente a

igreja Nossa Senhora das Dores e, à cinquenta metros da estrada intermunicipal que

liga as cidades de Marau e Gentil, e a 9km do centro do município de Marau/RS,

conforme a Figura 1.

9

A rota turística “Caminho das Águas e Sabores” possui, ao todo, dez (10)

propriedades rurais, distribuídas numa extensão de aproximadamente 25km. O

percurso passa por algumas comunidades rurais, onde é produzida grande

variedade de alimentos e bebidas, os quais serão utilizados nas refeições do hotel,

associando, assim, turismo e produção local, proporcionando sustentação

econômica para a comunidade envolvida.

1.1 JUSTIFICATIVA

A implantação de um hotel rural justifica-se pela demanda constatada, uma vez

que, como dito acima, não há locais como este na região. É também uma importante

forma de valorizar a cultura, costumes e a vida no campo, contribuindo

consideravelmente para a melhoria das condições econômicas das pequenas

propriedades rurais e, consequentemente, a melhora da qualidade de vida dessas

comunidades. Mostra-se também como uma alternativa de lazer para a comunidade

regional, que busca, muitas vezes, contato mais próximo com a natureza.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como principal objetivo a implantação de um hotel rural na rota

turística “Caminho das Águas e Sabores”, oferecendo infraestrutura adequada para

Figura 1. Mapa da estrada intermunicipal e a localização do local da implantação Fonte: Google Maps (modificado pela autora).

10

lazer e hospedagem, com atividades que permitam o contato com a natureza e

valorização da cultura local.

1.2.2 Objetivos Específicos

Propor o reuso de edificação existente, que abrigará o setor administrativo

e a recepção do hotel;

Projetar instalações novas para hospedar turistas e visitantes locais e

regionais;

Estabelecer vínculo de serviços complementares com as demais

propriedades da rota, contribuindo para melhor sustentação econômica da

comunidade como um todo;

Propor um serviço diferenciado de hospedagem, com rotina típica de uma

propriedade rural.

1.3 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Embora a rota turística já esteja demarcada, esta ainda não possui restaurante e

local para hospedagem, o que transformaria o hotel rural em referência e atrativo

para o roteiro. Pretende-se oferecer 17 acomodações, que podem abrigar

aproximadamente 50 pessoas. O público alvo do empreendimento são famílias,

grupos de amigos ou idosos, sem restrições de classe social ou idade, visto que as

atrações propostas irão atender esses diferentes tipos de público.

O contato com a natureza será uma diretriz constante, proporcionado através de

diferentes atividades ao ar livre (piscinas, lago, trilhas ecológicas, visitação e

participação na rotina das “lidas” do campo, quadras esportivas, entre outras). Com

o objetivo de valorizar a cultura local, também se pretende resgatar antigos

costumes dos imigrantes italianos, como eventos musicas e o famoso “filó” (encontro

entre a vizinhança e demais interessados em participar).

O restaurante do hotel atuará como um incentivo para as demais propriedades

vizinhas, que fornecerão grande parte das bebidas e alimentos para o consumo nas

11

refeições do hotel1, o que contribuiria para a comercialização dos produtos de cada

propriedade, gerando empregos e movimentando a economia da rota.

No local já há uma residência colonial italiana, construída na década de 1940,

sendo hoje utilizada como um salão de festas e para visitação. Na época de sua

construção era a Casa de Comércio de João Fatin, muito conhecida pelos tropeiros

que ali passavam e paravam para descansar e se alimentar; também era utilizada

pela família, com o total de 14 filhos. A mesma será restaurada para que possa

interagir com o hotel e para que seus hóspedes possam se aproximar mais da

cultura colonial italiana que se fez muito presente.

A definição de restauração é entendida por Brandi (2004, p.25) como qualquer

intervenção voltada a dar novamente eficiência a um produto da atividade humana.

1 No roteiro turístico há propriedade que produzem vinho, grappa (bebida tipicamente italiana, produzida através

da casca da uva), leite e queijos, salame colonial, pães e produtos do gênero, hortifrúti orgânicos, pinhão e

plantações de produtos agrícolas variados.

Figura 2. Indicação de algumas propriedades da Rota turística Caminho das Águas e Sabores. 1-Igreja Matriz de Marau; 2- Dalla Gasperina Turismo Rural; 3- Casa Virgílio Triches;

4- Grappa e Liccore Triches; 5- Osteria Triches. Fonte: Google Maps e fotografias autorais. (modificado pela autora).

12

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo aborda aspectos teóricos necessários ao desenvolvimento de um

hotel rural, com os seguintes tópicos: turismo rural, melhorias na economia da

região, implantação do hotel rural, restauração e um breve histórico sobre hotéis e

sobre a cidade de Marau, local de implantação do tema proposto.

2.1 TURISMO RURAL E PERFIL DOS TURISTAS

O turismo rural surgiu em meados do século XX 2 como uma opção para a

revalorização dos modos de vida no campo e como alternativa de sustentação

econômica para as pequenas propriedades rurais. Para o Ministério do Turismo,

turismo rural é:

[...] o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade. (BRASIL, Ministério do Turismo, 2003).

O espaço rural pode abrigar vários tipos de atividades turísticas, inter-

relacionadas, como: turismo cultural, ecológico, esportivo, rural entre outros, como

se pode observar no diagrama a seguir (Fig.3).

2 BRASIL, Ministério do Turismo, 2003, p.13.

Figura 3. Esquema com definição de turismo rural. Fonte: Thiago Azeredo/Colégio QI (adaptado pela autora).

13

Além da necessidade constante de oferecer novos atrativos, o turismo rural ainda

enfrenta outros obstáculos, como falta de infraestrutura em seu meio, que precisa

ser implantado juntamente com legislações específicas; a baixa qualificação dos

profissionais envolvidos; além da falta de preparo das agências para com esta

modalidade de turismo.

Com objetivos simples de movimentação econômica regional, um hotel rural

complementará a rota turística que ainda é pouco explorada. Logo, este novo

empreendimento alavancará o turismo local, a partir da proposta de um equipamento

de lazer e descanso, tornando-se uma opção para aquelas pessoas que buscam sair

de sua rotina diária urbana.

A razão para essa expectativa está na atual tendência de se diminuir o tempo de trabalho em razão das tensões psicológicas que se vive nas grandes cidades, além das melhores condições de saúde, aumento de renda de parcela da população, aumento da expectativa de vida, facilidade de acesso a meios de transporte mais rápidos, entre outros (CASTELLI, 2001 apud TADINI; MELQUIADES,2010).

Normalmente a procura por esses espaços é feita por pessoas que residem em

grandes centros, que buscam por sossego e tranquilidade, além de uma experiência

única em meio à natureza. Na maioria dos casos, observa-se que a faixa etária

desses turistas varia entre 20 e 55 anos, apesar de não ter restrição; normalmente

viajam com filhos e amigos e costumam se deslocar com carros próprios, fazendo

viagens de curta duração; apreciam a comida típica e consomem e valorizam

produtos coloniais.

Segundo Azeredo (2015), o turista, de modo geral, busca tranquilidade, paz e

relaxamento que o meio rural proporciona. Além dessas características, existe ainda

a possibilidade de retorno da pessoa a seu habitat de origem, cujo afastamento fora

decorrente, principalmente, do êxodo rural.

2.2 MELHORIAS NA ECONOMIA DA REGIÃO

A dinamização da rota turística, com a oferta de novos atrativos, proporcionaria a

melhora da economia local e regional. Estas ofertas de atrativos convidariam um

14

número maior de turistas para visita ao roteiro, além de ser uma forma de divulgar os

produtos das propriedades vizinhas através do hotel (a ser implantado). As

propriedades que fazem parte do roteiro forneceriam boa parte dos alimentos e

bebidas, o que trará sustentação econômica as demais propriedades da região.

Deve estar pautada nas premissas o turismo sustentável, o aproveitamento dos benefícios da atividade para as populações locais que não estão inseridas no mercado de trabalho, ou no fortalecimento de atividades que promovam o desenvolvimento local, porém não deve ser visto como atividade única e principal. (TADINI; MELQUIADES,2010. P.83).

Para os pequenos agricultores envolvidos, será significativa a mudança, pois

esses “bens” são produtos coloniais e tradicionais, e o modo de preparo herdado de

seus antepassados (italianos natos), será preservado e valorizado como bem

cultural, tornando-se um diferencial para estes produtos.

2.3 IMPLANTAÇÃO DO HOTEL RURAL

Para a região do “Caminho das Águas e Sabores”, roteiro turístico onde será

implantado o projeto, torna-se uma necessidade o hotel, pois atrairá um público

maior, atendendo a demanda de quem deseja passar mais de um dia visitando a

rota. No hotel, o turista poderá conhecer a rotina colonial das propriedades rurais de

descendentes de italianos. Entendendo melhor esta demanda, será aperfeiçoada a

relação do turista com o empreendimento, uma vez que estes estão, cada vez mais,

buscando lugares que apresentem e valorizem a cultura local, e que costumam ser

diferentes daqueles em que vivem diariamente.

Levando em consideração essa necessidade de novos atrativos, serão propostas

para o hotel a ser implantado, as seguintes atividades: hospedagem e recepção aos

hóspedes e visitantes; restaurante; recreação vinculada aos animais e ao contexto

da rotina rural (pesca esportiva, trilha ecológica, piscina, etc.) e um local próprio para

eventos.

Buscando a conservação dos valores e costumes, será restaurada uma

residência colonial, de arquitetura típica da imigração italiana, por onde passaram e

15

ficaram hospedados muitos tropeiros no século passado. A edificação também

possuía local de comércio, para sanar as necessidades dos viajantes.

2.4 HISTÓRICO DE HOTEL RURAL

Conceituando brevemente, hotel é um local especializado para acomodar

viajantes por curto ou longo prazo, sendo classificados de uma a cinco estrelas.

Essa classificação é feita considerando-se conforto, luxo e qualidade das

acomodações oferecidos pelo mesmo.

Já hotel rural é uma adaptação de hotel fazenda, com estilo colonial, onde é

possível vivenciar a rotina diária de uma pequena propriedade rural, tanto no cultivo

quanto nos cuidados com os animais e o intenso contato com a natureza,

proporcionando descanso e lazer para todas as faixas etárias.

2.5 HISTÓRICO DA CIDADE

Um município com 61 anos de emancipação, localizado no norte do Rio Grande

do Sul, com cerca de 36.000 habitantes e 650km². Marau foi, durante muito tempo,

apenas território para tropeio de gado. Mais tarde a vinda de alguns imigrantes

italianos fez surgir os primeiros núcleos populacionais, por volta de 1943.

Deve-se a esses imigrantes, grande parte da cultura local, que todos a mantem

viva através de evento e festas típicas, como o Festival Nacional do Salame e a

Semana Italiana, que por incentivo dos mais velhos faz despertar este prazer nas

crianças e jovens marauenses.

2.6 RESTAURAÇÃO

Muitas vezes o turismo rural se caracteriza pela restauração (reparar),

intervenção (reagir) ou revitalização (renovar) de um patrimônio histórico, cultural ou

3 PREFEITURA MUNICIPAL DE MARAU, História de Marau (disponível em

http://www.pmmarau.com.br/marau/11/historia).

16

natural seja ele de qualquer natureza. Por isso deve-se preservar a autenticidade de

cada propriedade, seus valores e histórias.

Típica da arquitetura da imigração italiana, a residência é construída em madeira

- mais precisamente de araucária, somente o banheiro em alvenaria. A edificação

possui, aproximadamente, 180m² de área construída, e setenta anos de história.

Algumas manutenções foram feitas na pintura e troca de algumas tábuas, mas

jamais totalmente alterada.

Este espaço receberá a recepção do hotel e o setor administrativo, com o

objetivo de torná-lo temático, ressaltando sua importância para a região na qual esta

inserida, facilitando o reconhecimento deste valor pelos hóspedes.

2.7 ESTUDOS DE CASOS

A etapa de estudos de caso é essencial para a evolução de um projeto

arquitetônico, pois somente assim teremos a percepção e um olhar mais crítico

perante obras pelas quais nos baseamos, e que fundamentarão nossas decisões

projetuais.

2.7.1 FICHA TÉCNICA

Ficha técnica

Hotel Rural - Internacional Hotel Rural - Nacional Intervenção Hotel Rural - Int.

Monverde Hotel Hotel ST Restaurante Les Cols

Nome: Monverde Hotel Arquitetos: FCC Arquitetura e

Paulo Lobo. Área do projeto: 5.200m²

Área do terreno: 10.000m² Local: Telões, Porto, Portugal

Ano da intervenção: 2015

Nome: Hotel ST Arquitetos: Paulo Jacobsen

Área construída: 5.907,40 m² Área do terreno: 12.600,00m²

Local: Rio de Janeiro, RJ – Brasil Ano da intervenção: 2012 - 2013

Nome: Restaurante Les Cols Arquitetos: RCR Arquitetos

Área construída: 225 m² Local: Olot, Girona – Espanha

Ano da intervenção: 2001 – 2002

17

Histórico do local

Com o aproveitamento de alguns antigos edifícios de uma propriedade agrícola, este hotel possui classificação 4 estrelas. Grande parte de seu entorno são videiras, e seu maior atrativo é um SPA vínico.

No terreno escolhido já havia uma construção centenária de cerca de 1.034m² que está sendo restaurada e brevemente adaptada para abrigar as áreas sociais do hotel.

Acredita-se ter sido uma residência familiar do estilo Catalão, na zona vulcânica de Girona. Após a intervenção no local passou a funcionar como um Restaurante com Pousada Rural.

Elementos Arquitetônicos

Destaca-se o uso da madeira, e pedras retiradas da propriedade. As cores vinculadas com as do ambiente (verde e marrom) para que haja menos impacto possível para a visualização em meio a plantação de vinhas.

Utiliza-se estrutura e painéis de fechamento metálico, vidro e ao mesmo tempo grandes blocos de pedras talhadas, aproveitando assim sua topografia como elemento de fachada e conforto termo acústico.

Com o objetivo de iluminação é grande a proporção do vidro, brises metálicos agem como elemento decorativo. Na parte restaurada foram mantidas as pedras e o ritmo de suas aberturas e colunas.

Programa de necessidades

- 30 suítes - Restaurante - Adega - Sala de provas - Spá vínico - serviços

- 27 suítes - Restaurante - Bar - Piscina - Pavilhão de Convenções - Spá - Serviços

- Suítes - Restaurante - Serviços

2.7.2 IMPLANTAÇÃO

Relação da implantação e dos espaços abertos do projeto com a malha urbana

Localizado na área rural, entre as cidades de Amarante e Felgueiras, sem relação com a malha urbana, inserido em meio a plantação de vinhas.

Afastado da malha urbana, o hotel não mantém relação com a mesma, camufla-se em meio a vegetação em função de seu telhado verde.

Sem relação com a malha urbana, pois está inserido na área rural de Olot, através de sua exuberância na iluminação destaca-se em meio a natureza.

18

Relação espaço interno x externo

A relação interior/exterior é intensa através da utilização de muito vidro, rodeada de “vinhas” e deixando a ruralidade envolver-se na edificação através de caminhos pela propriedade para que os visitantes explorem melhor os visuais oferecidos pela natureza.

Inserido literalmente em meio à mata, através da sua quantidade de vidro e de seus telhados verdes os ambientes íntimos e sociais estão totalmente interligados com o exterior do hotel.

A aproximação com a natureza é inevitável, pois o vidro esta muito presente tanto no restaurante quanto nos dormitórios. A intenção é que os hóspedes “fiquem mais próximos com as estrelas”.

2.7.3 FUNÇÃO

Zoneamento e fluxos

Pavimento Térreo – A

Primeiro Pavimento – A

Pavimento Térreo – B

Pavimento Térreo

Subsolo

Pavimento Térreo - Implantação

Pavimento Térreo - Restaurante

19

Primeiro Pavimento – B

Pavimento Térreo – C

Primeiro Pavimento – C

Subsolo 01 Pavimento – C

20

Subsolo 02 Pavimento – C

21

Organograma

22

2.7.4 DIMENSÃO DOS ESPAÇOS

Hotel Monverde

Setor Compartimento Dimensões (Largura x

comprimento)

Área útil

Mobiliário existente

Serviço Cozinha 9,70 x 11,35m 90,60m² Balcões, fogão industrial,

cubas para preparo e lavagem de louças.

Serviço Lavanderia 7,85 x 7,00m 54,95m² Máquinas de lavar e

balcões para guardar a rouparia.

Serviço Administrativo 28,60 x 4,75m 135,65m² Mesas e armários (salas

para atendimento e reuniões).

Social Restaurante 7,20 x 19,40m 139,75m² Mesas e cadeiras.

Social Recepção 21,00 x 21,60m 452,00m² Balcão de atendimento e poltronas para espera.

Social Estar 28,60 x 23,10m 660,50m² Poltronas.

Social Bar 15,75 x 8,20m 139,75m² Mesas e cadeiras.

Social Sala para eventos 10,45 x 11,00m 111,75m² Espaço livre.

Social Spa 37,65 x 15,20m 636,85m² Salas de massagens e

banhos.

Íntimo Suítes (27) 5,35 x 7,65m 40,85m² Cama, armários e banheiro

(7,95m²).

Hotel ST

Setor Compartimento Dimensões (Largura

x comprimento) Área útil

Mobiliário existente

Serviço Cozinha 7,15 x 6,15m 43,80m² Balcões, fogão industrial,

cubas para preparo e lavagem de louças.

Social Restaurante 9,50 x 19,15m 181,50m² Mesas e cadeiras.

23

Social Recepção 4,90 x 11,20m 55,05m² Balcão de atendimento e poltronas para espera.

Social Sauna 5,20 x 11,40m 59,15m² Bancos.

Íntimo Suítes (30) 6,60 x 4,90m 32,65m² Cama, armários e banheiro

(5,65m²).

Hotel Les Cols

Setor

Compartimento Dimensões (Largura x comprimento)

Área útil

Mobiliário existente

Serviço Cozinha 12,50 x 18,50m 171,50 m² Balcões, fogão industrial,

cubas para preparo e lavagem de louças.

Serviço Lavanderia 3,70 x 7,00m 26,00m² Máquinas de lavar e

balcões para guardar a rouparia.

Social Restaurante 37,00 x 23,55m 446,70m² Mesas e cadeiras.

Íntimo Suítes 7,50 x 4,70m 35,25m² Cama, armários e banheiro

(4,30m²).

Acessibilidade

Somente a edificação “C” do hotel Monverde possui acessibilidade com 2 elevadores, as outras duas edificações não, o acesso se da somente através de escadas.

O hotel ST apresenta acessibilidade através de um elevador que interliga o pavimento térreo com o subsolo, assim permitindo que os hóspedes escolham o pavimento da hospedagem.

O hotel Les Cols apresenta total acessibilidade, pois está inserido no pavimento térreo.

24

2.7.5 FORMA

Organização de plantas

Nas edificações “A “e “B “ a organização é linear, em todos os setores. Já na edificação “C “ no térreo, primeiro pavimento e subsolo 01 a organização é aglomerada, no subsolo 02 abrangendo todo o setor de serviço é linear. Organização linear no setor íntimo:

No setor de serviço no pavimento térreo a organização é aglomerada, já nos setores social e íntimo é linear. Setor de serviço com planta aglomerada:

Em todos os setores do projeto a organização das plantas é do tipo linear, sendo mais visível no setor íntimo. Como exemplo a planta dos setores social e serviço:

2.7.6 BASE GEOMÉTRICA E PRINCÍPIOS DE COMPOSIÇÃO ARQUITETÔNICA

Regularidade na relação entre elementos

O elemento arquitetônico acima da porta forma uma hierarquia, sinalizando o acesso ao edifício.

Na edificação mais antiga está presente a simetria, com seus frisos e janelas, já na mais recente o ritmo é determinado pelas aberturas nas sacadas das suítes.

O ritmo esta presente na nova edificação através dos elementos metálicos, já na edificação mais antiga forma-se uma simetria por conta das janelas.

Compatibilidade formal

O contraste na relação entre os elementos dá-se pela utilização das pedras brutas, da madeira e do vidro.

Visivelmente há contraste entre as edificações, tanto por seu tempo de construção quanto pelos materiais utilizados e pela estética contrastante.

Há um contraste entre a edificação mais antiga em alvenaria e a recente envidraçada, deixando claras as épocas de construção das duas.

25

Equilíbrio em relação entre elementos

Há um balanço assimétrico na fachada, que provém de graus e distancias diferentes entre as aberturas e os diferentes materiais.

O balanço recuado e isolado na lateral do pavimento térreo remete peso na composição, desequilibrando e afetando positivamente a arquitetura. A nova edificação evidencia o

peso na composição da edificação mais antiga, pela quantidade de vidro utilizada e a leveza que ela proporciona.

Presença de elementos de arquitetura

Destaca-se a presença de rasgos de vidro em aberturas diferenciadas, madeira e pedra rustica, marquises, pavimentação no entorno imediato, telhado verde, telhas coloniais e platibanda dividem o total de telhado presente no hotel.

A utilização do telhado verde, a divisão entre as sacadas mantendo o ritmo, fechamento metálico no pavimento térreo em balanço, pergolado e pavimentação diferenciada ao redor da piscina.

A obra é marcada pela presença de pilares metálicos inseridos na pele de vidro, telhado de vidro nas suítes externas.

26

Hierarquia de acesso

Sem significativa hierarquia, mas visível, o acesso está demarcado por uma marquise, não contendo a mesma textura que a edificação, e localizado mais à frente desta.

O acesso se da pelo edifício antigo, com hierarquia através de uma varanda, formada por uma marquise e escada.

Sem hierarquia, o acesso ao hotel é feito pela edificação mais antiga, através de um caminho na grama e entrando por uma porta atrás dos arcos visíveis na imagem.

2.7.7 HABITABILIDADE

Técnicas para tornar a edificação habitável

Utilizando algumas técnicas para tornar-se habitável, o hotel Monverde optou por telhado verde (ainda em desenvolvimento) para um melhor conforto térmico, janelas com vidro reflexivo para que a iluminação natural possa entrar sem o calor dos raios solares que quando abertas proporcionam ventilação cruzada, pela quantidade em que se apresentam.

As técnicas utilizadas no hotel ST foram o telhado verde, para que diminua a intensidade de calor absorvido, pois está localizado no Rio de Janeiro, onde o calor e o sol estão presentes o ano inteiro, e a vegetação em floreiras nas janelas e sacadas, para que refresque e purifique o ar.

No hotel Les Cols, para que se tornasse habitável, foi utilizado pele de vidro, para a iluminação natural, vegetação como trepadeiras nas coberturas dos anexos e um espelho d’água para um melhor conforto térmico em seu interior, nas suítes por conta do telhado de vidro são utilizados ar condicionados, as janelas na edificação antiga foram mantidas com suas venezianas originais.

27

2.7.8 TECNOLOGIA

Técnicas e materiais construtivos

No hotel Monverde dá-se destaque para o uso das pedras rústicas, remetendo a resistência e segurança, juntamente com o vidro reflexivo remetendo a leveza.

A presença da madeira dá a sensação de conforto, e o fechamento metálico vazado remete a aparência rústica, mantendo a linha das pedras.

O vidro foi utilizado em grande escala no restaurante juntamente com a madeira, remetendo leveza e interagindo com as árvores ao redor do mesmo.

O bar da piscina (ao fundo) recebe o fechamento metálico vazado, com pequenos furos para que possa ter circulação de ar, sem perder sua aparência rústica e fechada.

A edificação mais antiga, somente com alvenaria e seus frisos mantendo a arquitetura clássica da época de sua construção.

Na parte do restaurante do hotel Les Cols o vidro ganha destaque na fachada, remetendo assim a transparência e o aconchego para que os hóspedes sintam-se mais a vontade sem perder o contato com o exterior.

Pilares metálicos dão efeito de resistência em meio a pele de vidro remetendo fragilidade.

A edificação mais antiga é mantida com seus elementos originais, concreto, aberturas com venezianas e cercas em madeira.

28

Sistema estrutural

Todo o sistema estrutural é em pedra rústica (retiradas da propriedade para a construção) e madeira.

O sistema todo em alvenaria, com pilares de concreto e o restaurante de madeira com vidro.

O sistema estrutural na edificação nova é em alvenaria e estrutura metálica, nas suítes, somente estrutura metálica e vidro. A pré-existência é em alvenaria.

Conclusão

Pontos positivos: - conforto térmico através de seu telhado verde e da utilização das pedras rústicas e os vidros reflexivos; - integração com a natureza. Pontos negativos: - a acessibilidade somente em um edifício, sendo que os outros dois o acesso se dá somente por escadas.

Pontos positivos: - muito bem envolvido com a natureza e inserido totalmente na topografia; - conforto climático através de suas aberturas e telhado verde; Pontos negativos: - difícil acesso aos anexos que por sua vez não estão unidos com o edifício principal.

Pontos positivos: - mistura de estilos, sem causar impacto no entorno; - integra-se com a natureza por conta da quantidade de vidro. Pontos negativos: - com a utilização do vidro em todas as suítes a falta de privacidade é intensa.

29

3 DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO

Através do diagnóstico da área de implantação do hotel rural, propomos

aprofundar mais o estudo através dos tópicos: contextualização regional, mapa Nolli,

skyline das faces do terreno, infraestrutura e sistema viário, uso e ocupação do solo,

mapa de infraestrutura, transporte, área de implantação e síntese da legislação geral

e específica do tema.

3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL

Localizado no noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, a 265km da capital

Porto Alegre, o município de Marau possui área territorial de 649,300m²4; pertence a

microrregião econômica COREDE Produção, cujo município principal é Passo

Fundo5, um dos 9 municípios com os quais faz divisa (Fig.4). Sua população com

aproximadamente 40.000 habitantes e 61 anos de fundação.

4 IBGE (10 out. 2002). Área territorial oficial. Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02).

Consultado em 04 abril 2016.

5 Cidade referência para a região, polo nos setores de saúde e educação, localizada a aproximadamente 30 km

do município de Marau-RS.

Figura 4. Mapa de localização do município de Marau-RS e seus confrontantes. Fonte: www.google.com.br (modificado pela autora).

30

Distante 9km do centro da cidade de Marau, o terreno escolhido para a

implantação do hotel, situa-se na comunidade rural de Gramadinho – Nossa

Senhora das Dores, em frente a Igreja e próximo ao cemitério da localidade como

pode se observar na Figura 5.

3.2 MAPA NOLLI

Com objetivo específico de identificar as edificações existentes no entorno do

local da implantação do terreno, o mapa de cheios e vazios contribui para a melhor

visualização. Como o terreno está localizado em área rural, em seu entorno existem

poucas edificações.

As edificações são organizadas em pequenos núcleos distribuídos no espaço,

normalmente estruturadas a partir dos traçados das vias. Além das residências

próximas ao terreno há a igreja, o salão da comunidade e o cemitério.

Figura 5. Localização do terreno na comunidade de Gramadinho. Fonte: Google Maps (modificado pela autora).

31

3.3 PERSPECTIVA DAS FACES DO TERRENO

No entorno imediato, não se percebe a presença de grandes aglomerações,

somente das edificações comunitárias e uma praça em desenvolvimento em frente o

terreno (Fig. 7), sem relação direta com as futuras implantações; a topografia com

leve declividade; a vegetação com grande quantidade de araucárias, alguns

coqueiros e pinus (conhecido na região como pinheirinho americano) possui uma

ótima insolação leste/oeste.

:

Figura 6.Mapa Nolli (mapa de cheios e vazios). Fonte: Autora(2016).

Figura 7.Vista panorâmica face em frente ao terreno. Fonte: Autora(2016).

32

3.4 INFRAESTRUTURA: SISTEMA VIÁRIO

A análise da infraestrutura viária é fundamental para a compreensão do entorno

e para a tomada de decisões projetuais. Desta forma, o estudo realizado a seguir

abordará os tópicos: hierarquia viária, fluxos viários, larguras predominantes e

sinalização.

3.4.1 Hierarquia viária

Figura 8.Vista panorâmica face lateral ao terreno. Fonte: Autora(2016).

Figura 9.Vista frontal para o terreno. Fonte: Autora (2016).

Figura 10.Mapa da hierarquia viária. Fonte: Google Maps (modificado pela autora).

33

Conforme o mapa anterior (Fig. 10), observa-se que a estrada interurbana 6, que

liga os municípios de Marau e Gentil, e que também da acesso a BR-285

(importante Rodovia Federal) é a via mais importante localizada próxima ao terreno;

as vias coletoras ligam outras comunidades rurais e as locais conectam as

propriedades até as coletoras ou a estrada principal.

3.4.2 Fluxos viários

A via de maior fluxo é a estrada intermunicipal, em sua confluência com a via

coletora que liga à comunidade rural de Cachoeirão. Esta via apresenta conflito pois

são duas vias coletoras finalizadas no mesmo ponto da estrada. O fluxo mais

intenso ocorre na estrada intermunicipal, os demais fluxos são moderados e todos

eles com duplo sentido de circulação.

6 Estrada designa-se para via mais larga que liga duas ou mais localidades, porém não pavimentada, caso fosse

seria rodovia.

Figura 11.Mapa da hierarquia viária. Fonte: Google Maps (modificado pela autora).

34

3.4.3 Larguras predominantes

A largura da estrada municipal predominante é de 11m, tendo valas em suas

laterais, sem presença de passeio público; na via coletora (em frente ao terreno) a

largura é de 9m, com a presença de valas menores, sem passeio e estacionamento.

Não há pavimentação nas vias, sendo estas de terra batida e a manutenção que

fica a cargo da prefeitura municipal, é raramente feita. Quanto à iluminação pública,

esta ocorre somente em frente à Igreja da comunidade.

Figura 12.Largura predominante da estrada intermunicipal. Fonte: Autora (2016).

Figura 13.Largura predominante da via coletora. Fonte: Autora (2016).

35

3.4.4 Sinalização

Somente a presença de placas indicativas de localização é observada no local;

estas se encontram em bom estado de conservação.

3.5 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Figura 14.Placas indicativas localizadas próximas ao terreno. Fonte: Autora (2016).

Figura 15.Terreno e suas vias. Fonte: Autora (2016).

36

Como o terreno está localizado em meio rural, as vias não são nominadas e o

terreno insere-se em fronteiras com mata, estrada e um riacho em sua faixa

posterior.

Figura 16.Mapa de usos. Fonte: Autora (2016).

Figura 17.Áreas em porcentagem dos usos do solo. Fonte: Autora (2016).

37

3.6 MAPA DE INFRAESTRUTURA

No mapa de infraestrutura (Fig. 18) podemos identificar a:

Rede de água: saindo da caixa d’água com 20.000 litros, pertencente à

“Associação da Água de Gramadinho”: com objetivo social, a rede

abastece toda a comunidade, numa extensão de aproximadamente três

quilômetros.

Rede Elétrica: extensão rural pertencente a COPREL (Cooperativa de

Energia), chegando no local com a voltagem de 220w, porém com a

opção Trifásica.

Rede de vegetação: está localizada em frente ao terreno uma pequena

praça, onde há árvores em crescimento e um santuário de Nossa

Senhora das Dores.

3.7 TRANSPORTE

Figura 18.Terreno e suas vias. Fonte: Google Maps (modificado pela autora).

Figura 19.Ponto de parada de ônibus. Fonte: Autora (2016).

38

Na região há uma linha de ônibus que passa pela estrada intermunicipal, saindo

de Gentil e tendo como destino a rodoviária de Marau, com horário semanais às

segundas, quartas e sextas feiras, as 13:00 horas, e retornando as 17:00 horas.

Diariamente também circula o ônibus de estudantes pertencentes ao município de

Marau, com horário de 7:00 horas e retornando as 12:00 horas.

Figura 20.Itinerário do ônibus. Fonte: Google Maps (modificado pela autora).

3.8 ÁREA DE IMPLANTAÇÃO

3.8.1 Dimensões do terreno

Figura 21.Dimensões do terreno. Fonte: Autora (2016).

39

3.8.2 Topografia

A topografia acidentada, com 4 metros de declive em todo o terreno podemos

observar na Figura 22 e o caimento das águas da chuva na Figura 23.

3.8.3 Orientação solar e ventos dominantes

Figura 22.Topografia do terreno. Fonte: Autora(2016).

Figura 23.Caimento das águas da chuva no terreno. Fonte: Autora(2016).

Figura 24.Ilustração da orientação solar e ventos dominantes no terreno. Fonte: Autora (2016).

40

3.8.4 Árvores e acesso existentes no terreno

3.9 SÍNTESE DA LEGISLAÇÃO GERAL E ESPECÍFICA DO TEMA

Serão apresentadas as legislações seguidas na elaboração do projeto do hotel

rural, estando a seguir: Regulamento Geral dos Meios de Hospedagem – Ministério

do Turismo (MTUR), NBR- 9050 Acessibilidades a edificações, mobiliário, espaços e

equipamentos urbanos, NBR – 9077 Saídas de emergência de edifícios e código

florestal brasileiro.

3.9.1 REGULAMENTO GERAL DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM

[...]Art. 3º - Considera-se meio de hospedagem o estabelecimento que satisfaça, às seguintes condições: I - alojamento, para uso temporário do hóspede, em Unidades Habitacionais (UH) específicas a essa finalidade; II - serviços mínimos necessários ao hóspede, consistentes em: a) Portaria/recepção para atendimento e controle permanentes de entrada e saída; b) Guarda de bagagens e objetos de uso pessoal dos hóspedes, em local apropriado;

Figura 25.Locação das árvores no terreno. Fonte: Autora (2016).

41

c) Conservação, manutenção, arrumação e limpeza das áreas, instalações e equipamentos. III - padrões comuns estabelecidos no Art. 7º deste Regulamento. Art. 7º - Os padrões comuns a todos os meios de hospedagem são os seguintes: I - Quanto a posturas legais: a) licenciamento pelas autoridades competentes para prestar serviços de hospedagem, inclusive dos órgãos de proteção ambiental; b) administração ou exploração comercial, por empresa hoteleira; c) oferta de alojamento temporário para hóspedes, mediante adoção de contrato, de hospedagem e cobrança de diária, pela ocupação da UH; d) exigências da legislação trabalhista, especialmente no que se refere a vestiários, sanitários e local de refeições de funcionários e Comissões de Prevenção de Acidentes de Trabalho – CIPA. II - Quanto a aspectos construtivos: a) edificações construídas ou expressamente adaptadas para a atividade; b) áreas destinadas aos serviços de alojamento, portaria/recepção, circulação, serviços de alimentação, lazer e uso comum, e outros serviços de conveniência do hóspede ou usuário, separadas entre si e no caso de edificações que atendam a outros fins, independentes das demais; c) proteção sonora, conforme as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - e legislação aplicáveis; d) salas e quartos de dormir das UH dispondo de aberturas para o exterior, para fins de iluminação e ventilação; e) todos os banheiros dispondo de ventilação natural, com abertura direta para o exterior, ou através de duto; f) serviços básicos de abastecimento de água que não prejudiquem a comunidade local, bem como de energia elétrica, rede sanitária, tratamento de efluentes e coleta de resíduos sólidos, com destinação adequada; g) facilidades construtivas, de instalações e de uso, para pessoas com necessidades especiais, de acordo com a NBR 9050 – 1994. Em caso de projetos anteriores, o meio de hospedagem deverá dispor de sistema especial de atendimento. III - Quanto a equipamentos e instalações: a) instalações elétricas e hidráulicas de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - e legislação aplicável; b) instalações de emergência, para a iluminação de áreas comuns e para o funcionamento de equipamentos indispensáveis à segurança dos hóspedes; c) elevador para passageiros e cargas, ou serviço, em prédio com quatro ou mais pavimentos, inclusive o térreo, ou conforme posturas municipais; d) instalações e equipamentos de segurança contra incêndio e pessoal treinado a operá-lo, de acordo com as normas estabelecidas e pelo Corpo de Bombeiros local;

42

e) quarto de dormir da UH mobiliado, no mínimo, com cama, equipamentos para a guarda de roupas e objetos pessoais, mesa-de-cabeceira e cadeira. IV - Quanto a serviços e gestão: a) portaria/recepção apta a permitir a entrada, saída, registro e liquidação de conta dos hóspedes, durante as 24 horas do dia; b) registro obrigatório do hóspede no momento de sua chegada ao estabelecimento, por meio de preenchimento da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes - FNRH, aprovada pela EMBRATUR; c) limpeza e arrumação diária da UH, fornecimento e troca de roupa de cama e banho, bem como de artigos comuns de higiene pessoal, por conta do estabelecimento; d) serviços telefônicos prestados aos hóspedes de acordo com os regulamentos internos dos estabelecimentos e as normas e procedimentos adotados pelas concessionárias dos serviços, ou pelo poder concedente; e) imunização permanente contra insetos e roedores; f) pessoal de serviço em quantidade e com a qualificação necessárias ao perfeito funcionamento do meio de hospedagem; g) pessoal mantido permanentemente uniformizado e/ou convenientemente trajado, de acordo com as funções que exerçam; h) meios para pesquisar opiniões e reclamações dos hóspedes e solucioná-las; i) observância das demais normas e condições necessárias à segurança, saúde/higiene e conservação/manutenção do meio de hospedagem, para atendimento ao consumidor. (BRASIL, Ministério do Turismo, s.d.).

3.9.2 NBR – 9050 ACESSIBILIDADES A EDIFICAÇÕES, MOBILIÁRIO,

ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS URBANOS.

Será aplicada no hotel rural a norma brasileira de acessibilidade que será

priorizada na área social, tendo algumas acomodações próprias para Portadores de

Necessidades Especiais – PNE e Portadores de Mobilidade Reduzida – PMR.

Serão previstos:

Circulações e acessos com larguras que comportem Portadores de

Cadeiras de Rodas – PCR;

Rampas acessíveis;

Simbologia;

Sinalizações; e

Vagas de estacionamento próprias.

43

3.9.3 1.9.2.1 RESTAURANTES, REFEITÓRIOS, BARES E SIMILARES

No mínimo 5% das mesas no total devem obrigatoriamente atender

P.C.R.;

As mesas devem oferecer conforto e todos os serviços disponíveis, e

essencialmente estar integradas e distribuídas com as demais.

3.9.4 1.9.2.2 LOCAIS DE HOSPEDAGEM

Todos os locais públicos e de hospedagem devem ser acessíveis;

No mínimo 5% dos dormitórios devem ser acessíveis, contendo

sanitários para os mesmos; Estes não podem ser isolados dos demais

aposentos, mas sim, distribuídos pela edificação;

Os mobiliários não podem obstruir a circulação de 0,90m,

prognosticando as manobras para acesso a todos os mobiliários a ao

sanitário, com no mínimo uma área para giro de 360 graus.

3.9.5 NBR – 9077 SAÍDAS DE EMERGÊNCIA DE EDIFÍCIOS

Serão previstos na norma brasileira de saídas de emergência:

Pavimento de descarga;

Saídas de emergência;

Escadas e circulações com medidas de unidade de passagem (número

de pessoas x 0,55)

Rampas;

Ventilação de escada e antecâmara (se for enclausurada);

44

Guarda corpo e corrimãos;

3.9.6 CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO

Dispões sobre a proteção da vegetação nativa:

Serão seguidos os recuos para construção de 30m para os cursos de água com

menos de 10m de largura, pois é considerado APP (Área de preservação

permanente);

Figura 26. Classificação das edificações quanto à sua ocupação. Fonte: NBR-9077 (modificado pela autora).

45

4 CONCEITO E DIRETRIZES DO PROJETO

Este capítulo é de grande importância para que se possa entender, de uma

forma teórica, o que será proposto no projeto do Hotel Rural através do conceito,

carta de intenções, diretrizes de projeto e urbanas.

4.1 CONCEITO DA PROPOSTA

Com princípio da Imigração Italiana buscando as origens do local. Esta cultura

que pertence a maioria da população regional, será resgatada através da arquitetura

trazida por seus imigrantes e nas condições que tinham para executá-la, com seus

espaços acolhedores, mantendo algumas características da edificação que será

restaurada, como o ritmo das aberturas de madeira, cheios e vazios dos elementos

e o telhado íngreme.

A B C

4.2 CARTA DE INTENÇÕES

Visando o desenvolvimento local e do turismo, implantado na rota de turismo

rural “Caminho das Águas e Sabores”, o hotel rural não obtém uma relação direta

com o espaço urbano de Marau.

Será proposto o restauro de uma edificação já existente, não degradando a

identidade original com o estilo colonial italiano, assim somente tratando suas

Figura 27. A) Casa colonial italiana, localizada no parque da Festa da Uva em Bento Gonçalves. Fonte: Autora (2016). B) Aberturas típicas. Fonte: www.flickr.com C) Telhado que será utilizado. Fonte: www.hagah.com.br

46

patologias e integrando a arquitetura da época com os materiais contemporâneos,

balanceando o rústico com a leveza.

A área restaurada será utilizada como recepção e setor administrativo, já a nova

edificação abrigará as suítes do hotel, restaurante, o setor de serviço e

estacionamento também estarão na nova parte, juntamente com o social e o espaço

de eventos, divididos em núcleos e interligados por caminhos com fechamento de

vidro para que assim seja maior o contato visual com a natureza.

Além do restaurante temático e toda a sua história da tradição italiana, o hotel

conta com 3 diferentes layouts de suítes que serão dispostas como: suíte casal,

suíte família que poderá abrigar até 4 pessoas e suíte amigos acomodando de 2 a 4

pessoas, todas contarão com os itens básicos para o conforto dos hóspedes. O

setor de serviço abrange cozinha, lavanderia, depósitos, rouparia, local para

funcionários e setor de limpeza. Um espaço para possíveis eventos realizados no

hotel.

As áreas de lazer serão externas, entre elas teremos: piscina, pesca esportiva, a

trilha ecológica em meio a mata de araucárias e uma pequena área para animais,

assim integrando as pessoas com a natureza, porém, tudo estará localizado nas

proximidades da edificação.

No entorno imediato temos uma grande mata nativa de araucárias, em um

terreno com um leve declive que será aproveitado para a edificação, sem

significativas mudanças. O clima subtropical propício para atividades variadas

durante todo o ano.

Um local onde todos os gêneros de pessoas possam utilizar e desfrutar, de

maneira que beneficie o descanso e lazer, principalmente a aproximação com a

natureza.

Os recursos utilizados serão da família, mas visando o desenvolvimento não só

da propriedade, mas sim de toda a rota turística.

47

4.3 DIRETRIZES DE PROJETO

No restauro serão mantidos os materiais originais da residência, com a

integração de novas técnicas, como grande utilização do vidro, para a iluminação

natural.

A B C

Os materiais empregados na nova edificação serão basicamente o

concreto rústico aparente em alguns locais específicos e o vidro, aberturas

de madeira para seguir o estilo da edificação antiga.

A B

Figura 28. A) Residência típica italiana com pele de vidro, localizada no parque da Festa da Uva em Bento Gonçalves. Fonte: Autora (2016). B) Aberturas de madeira. Fonte: www.ideiasedicas.com. C) Pele de vidro na madeira no museu do pão. Fonte: www.archdaily.com.br.

Figura 29. Aplicação das aberturas de madeira na alvenaria rústica. Fonte: www.welovesmallhotels.com

48

Setorização das áreas mais importantes e demarcação do acesso

principal:

Intervenções para o local da implantação: será proposta a pavimentação

asfáltica e inserção de melhor escoamento das águas da chuva, e

iluminação pública para segurança dos hospedes e da população local.

4.4 DIRETRIZES URBANAS PROPOSTAS

Serão apresentados os problemas e as potencialidades da área em que está

inserido o terreno, juntamente com uma diretriz, sua estratégia e imagem para que

sejam visíveis.

Problemas

Problema Diretriz Estratégia Imagem

Pavimentação na via de acesso

Melhoria no acesso

Reivindicar junto à prefeitura

pavimentação asfáltica como incentivo ao turismo rural.

Figura 30.Setorização Fonte: Autora (2016).

49

O transporte público e a estrutura

ausente, para o mesmo.

Transporte público, pois

hoje em dia só faz o trajeto o

ônibus intermunicipal

Que obtenha-se novas linhas de

ônibus até o local, para que turistas e

funcionários possam utilizar

Sinalização para a rota

turística

Maior divulgação da

mesma

Que seja mais divulgada e

apoiada pela população e a

prefeitura

Iluminação pública

Segurança Futuramente implantada na

região visando a segurança dos frequentadores

Potencialidades

Potencialidade Diretriz Estratégia Imagem

Localizada na rota turística caminho das

águas e sabores

Promover o crescimento do

turismo rural

Divulgação do hotel rural dentro

da rota

Infraestrutura elétrica e

hidrográfica

Facilidade de implantação do

hotel

Rapidez no início das atividades sem

a preocupação com a

infraestrutura básica

50

5 PARTIDO GERAL

Neste capítulo será sugerido o Programa de necessidades, Organograma,

Fluxograma, Pré-dimensionamento e algumas propostas de Zoneamento para a

análise e decisão da melhor funcionalidade do projeto do Hotel Rural.

5.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES DO PROJETO

Acesso Principal

Setor Administrativo:

Recepção

Maleiro

Espera / Secretária

Sala Gerente / Reuniões

Setor Social:

Estar com Lareira

Circulação

Restaurante

Sanitários

Eventos

Lazer (Piscina, Pesca Esportiva, Trilhas Ecológicas, Visitação aos animais)

Setor Íntimo:

Circulações para Suítes

Suítes para Família

Suítes para Amigos

Suítes para Casal

Acesso Funcionários

Setor Serviço:

Cozinha

Sanitários/ Vestiários Funcionários

Lavanderia

Rouparia

Pátio de Serviço

51

5.2 ORGANOGRAMA

Com objetivo de identificar as ligações dos setores, podemos perceber o

organograma estudado para o hotel rural:

Figura 31.Organograma. Fonte: Autora (2016).

5.3 FLUXOGRAMA

O estudo do fluxograma tem o objetivo de identificar os fluxos e ligações entre os

compartimentos, observando a seguir identificamos os fluxos do hotel rural:

Figura 32.Fluxograma. Fonte: Autora (2016).

52

5.4 PRÉ-DIMENSIONAMENTO

Para um melhor entendimento dos compartimentos propostos, sua função,

mobiliários e área, o pré-dimensionamento será apresentado a seguir:

Setor Nome do compartimento Mobiliário necessário Área útil em m²

ADMINIST. Recepção Balcão atendimento,

poltronas, balcões. 17,50m²

Maleiro Prateleiras 8,00m²

Administrativo (sala

secretária e sala do gerente)

Mesas, cadeiras, mesa de reunião e

armários.

25,00m²

Subtotal Setor 50,50m²

SOCIAL Hall Poltronas e aparador 20,00m²

Espera Poltronas 20,00m²

Estar Poltronas, sofás, lareiras, TV.

50,00m²

Circulação - 10,00m²

Bar Balcões e banquetas. 15,00m²

Sanitários Masculino, Feminino

e PNE. 18,00m²

Restaurante Cadeiras, mesas,

buffet e balcões de apoio.

150,00m²

Eventos Palco e cadeiras 100,00m²

Lazer - -

Subtotal Setor 483,00m²

53

SERVIÇO Cozinha

Cubas, lavatórios, armazenamento de

alimentos, resfriamento, fogão industrial, armários

e balcões.

35,00m²

Depósito de

alimentos. Armários e freezers. 7,00m²

Sanitário/Vestiário

Funcionários Masculino e

Feminino. 50,00m²

Lavanderia

Armazenamento para roupas sujas, lavadoras,

secadoras, tanques e balcões.

23,00m²

Rouparia Armários para roupas

limpas. 16,00m²

DML Armários para

materiais de limpeza. 7,00m²

Pátio de Serviços - 25,00m²

Subtotal do Setor 148,00m²

ÍNTIMO Circulações com vidro - 200,00m²

Suíte Família x 4

Cama de casal, 2 camas de solteiro,

guarda roupa, mesa de apoio e sanitário.

40,00m²

Suíte Amigos x 5

Com 2, 3 ou 4 camas de solteiro, guarda

roupa, mesa de apoio e sanitário.

35,00m²

Suíte Casal x 8 Cama de casal,

guarda roupa, mesa de apoio e sanitário.

30,00m²

Subtotal do Setor 1.015,00m²

Área Total 1.696,00m²

54

5.5 PARTIDO GERAL – ZONEAMENTO

Proposta 01: Aglomerado com aberturas centrais das edificações

Critérios Avaliação

Funcionalidade e

Conclusão

Maior privacidade e sossego para as suítes, melhor

acesso tanto para hóspedes quanto para funcionários,

restaurante com vista para frente do terreno e área de lazer

privilegiada.

Proposta 02: Aglomeração de volumes

Figura 33.Proposta Zoneamento 01. Fonte: Autora (2016).

Figura 34.Proposta Zoneamento 02. Fonte: Autora (2016).

55

Critérios Avaliação

Funcionalidade e

Conclusão

Ótima vista das suítes, tanto para frente do terreno quanto

para a área de lazer, que por sua vez fica nos fundos do

terreno. O setor de serviço localizado na face de maior

insolação, porém relativamente próximo à mata, sendo

muito úmido.

Proposta 03:

Critérios Avaliação

Funcionalidade e

Conclusão

A proposta numero 03 será aplicada, pois possui ótima

visual e privacidade para as suítes, toda a circulação e o

setor de serviço para o lado Norte juntamente com o

acesso de serviço, aonde situa-se uma mata que faz divisa

com o terreno, na residência que será restaurada utilizada

como setor administrativo e um hall com o acesso lateral.

Conclui-se que será a mais adequada para a implantação

do hotel rural no terreno escolhido.

Figura 35.Proposta Zoneamento 03. Fonte: Autora (2016).

56

6 CONCLUSÃO

A implantação do hotel rural na rota turística “Caminho das Águas e Sabores” na

cidade de Marau-RS tem o objetivo de impactar positivamente a região, que está

começando a desenvolver o turismo rural e já visa ampliar este meio.

Utilizando o conceito da imigração italiana e algumas técnicas construtivas

preservadas pelos mesmos, juntamente com o estilo arquitetônico que será

mesclado entre o contemporâneo respeitando às preexistências, buscando adequar-

se ao local gerando o mínimo de impacto na paisagem e na natureza.

O hotel rural com intenção de promover o conforto de seus hóspedes integrando

espaços de lazer com o intuito de completar a rota turística que estava necessitando

de um espaço como o mesmo, assim, deixando clara a sua importância para o

progresso do setor rural tanto na preservação da cultura, na economia e no novo

rumo que se esta tomando.

57

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARQUITETOS, Rcr. Les Cols: Hotel Les Cols. 2001. Disponível em:

<https://issuu.com/summamas/docs/summa138-por>. Acesso em: 31 mar. 2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9077: Saídas de

emergência em difícios. 1 ed. Rio de Janeiro: Copyright, 2001. 36 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a

edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2 ed. Rio de Janeiro:

Copyright, 2004. 105 p.

AZEREDO, Thiago. Turismo Rural: Turismo no interior aumenta a circulação de

capital no comércio, contribui para melhoria da infraestrutura no campo e pode

atenuar êxodo rural.. 2015. Disponível em:

<http://educacao.globo.com/artigo/turismo-rural.html>. Acesso em: 17 mar. 2016.

BRANDI, Cesare. Teoria da Restauração. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004. 261 p.

Tradução de Beatriz M. Kuhl.

BRASIL, Ministério do Turismo. Diretrizes para o Desenvolvimento do Turismo Rural

no Brasil. Brasília: Ministério do Turismo,2003:11.

BRASIL, Ministério do Turismo. Regulamento Geral dos Meios de Hospedagem.

Brasília: Ministério do Turismo, s.d.

JACOBSEN, Paulo. Hotel ST: Rio de Janeiro. 2012. Disponível em:

<http://www.jacobsenarquitetura.com/projetos/?CodProjeto=60>. Acesso em: 31

mar. 2016.

LOBO, Paulo. Monverde: FCC Arquitectura + Paulo Lob. 2015. Disponível em:

<http://www.archdaily.com.br/br/775961/monverde-fcc-arquitectura-plus-paulo-lobo>.

Acesso em: 31 mar. 2016.

58

PREFEITURA MUNICIPAL DE MARAU, História de Marau: Disponível em:

<www.pmmarau.com.br>. Acesso em: 21 mar. 2016.

TADINI, Rodrigo Fonseca; MELQUIADES, Tania. Fundamentos do

Turismo. Fundação CECIERJ, Rio de Janeiro, 2010. 304 p.

59

8 ANEXOS

8.1 PRANCHA 01

60

8.2 PRANCHA 02

61

8.3 PRANCHA 03

62

8.4 PRANCHA 04