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FACULDADE DE FISIOTERAPIA ANA LUIZA SOLDATI DUARTE JANAINE DE LOURDES MAGALHÃES ESTUDO DO RISCO ERGONÔMICO PARA LER/DORT NA ATIVIDADE DE PRODUZIR ALIMENTOS SEMI-PRONTOS: ANÁLISE DE UM POSTO DE TRABALHO Juiz de Fora 2011

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FACULDADE DE FISIOTERAPIA

ANA LUIZA SOLDATI DUARTE

JANAINE DE LOURDES MAGALHÃES

ESTUDO DO RISCO ERGONÔMICO PARA LER/DORT NA ATIVIDA DE DE

PRODUZIR ALIMENTOS SEMI-PRONTOS: ANÁLISE DE UM POST O DE

TRABALHO

Juiz de Fora

2011

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FACULDADE DE FISIOTERAPIA

ESTUDO DO RISCO ERGONÔMICO PARA LER/DORT NA ATIVIDA DE DE

PRODUZIR ALIMENTOS SEMI-PRONTOS: ANÁLISE DE UM POST O DE

TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Fisioterapia

da Faculdade de Fisioterapia da

Universidade Federal de Juiz de Fora

como requisito parcial à obtenção do

título de Graduação em Fisioterapia.

Orientador: Professor Msc. Eduardo de Castro Assis

Juiz de Fora

2011

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Duarte, Ana Luiza Soldati.

Estudo do Risco Ergonômico para LER/DORT na Atividade de Produzir Alimentos Semi-Prontos: Análise do Posto de Trabalho / Ana Luiza Soldati Duarte, Janaíne de Lourdes Magalhães. – 2011.

50 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia)—Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2011.

1. Ergonomia. I. Magalhães, Janaíne de Lourdes. II. Título

CDU 331.101.1

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que, de alguma forma, contribuíram para a conclusão desta

etapa.

A Deus por me ensinar a perseverar diante dos obstáculos.

À minha dupla, grande amiga, Jana, pelo companheirismo inigualável,

compreensão e competência. Aproveito aqui para agradecer à Lourdes, sua mãe,

por todo carinho, pelo preparo de lanches e almoços durante as horas e horas

dedicadas à monografia.

Ao orientador Eduardo Assis, pela disponibilidade e pelos ensinamentos

durante a elaboração da pesquisa.

Aos fisioterapeutas Marcelo Resende e Vanusa Caiafa pelo auxílio na

finalização deste trabalho.

Aos funcionários da empresa por colaborarem com meu aprendizado e

crescimento profissional.

Aos meus pais, Denise e Luiz Fernando, pelo apoio e amor incondicionais.

Amo vocês!

Ao meu irmão Fernandinho e às primas Gal e Júlia, que dividiram não só um

teto, mas uma amizade eterna.

E aos amigos e familiares, por me darem força mesmo com minha ausência, o

que foi fundamental para concretização deste projeto.

Ana Luiza Soldati Duarte

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Mais uma etapa cumprida! Agradeço ao meu Amigo lá de cima, pelo amparo,

proteção e força em todos os momentos.

Mãe e Pai, a paciência de vocês foi fundamental. Sei que não foi fácil a

convivência com o meu cansaço, nervosismo e estresse. Obrigada por todo cuidado,

carinho, colo e abraços que me deram forças quando tudo parecia perdido e sem

solução. Nós formamos uma bela equipe!

Aos meus anjos Ana, Maria e Mateus, que com seu amor e brincadeiras

tornaram tudo mais leve e divertido. Jô, obrigada pelo apoio e incentivo de sempre!

Agradeço a Ni, pelas angústias e alegrias compartilhadas.

Fê, sua amizade e presença me deram ânimo para encarar os desafios que

apareceram pelo caminho.

Amanda e Ariany, obrigada pelos momentos “belcosos” e pelas crises de riso

que aliviaram o cansaço e a tensão ao longo desta fase.

Ao Professor Eduardo Assis pela orientação e por dividir seu conhecimento e

experiências, fundamentais para a realização de nossa pesquisa. Aos

fisioterapeutas Marcelo Rezende e Vanusa Caiafa, que se dispuseram a avaliar este

trabalho.

Aos funcionários da empresa, agradeço pela cooperação e confiança.

Ana, nós vencemos! Valeu a pena todos os momentos divididos não só

durante a elaboração do TCC, mas ao longo dos 5 anos de faculdade. Sua amizade,

companheirismo e compreensão tornaram tudo mais fácil.

E a todos que trouxeram uma palavra de consolo, de incentivo, uma crítica,

um abraço, uma risada, um momento de descontração, um ombro pra desabafar...

Muito Obrigada. Esses detalhes fizeram a diferença!

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Janaíne de Lourdes Magalhães

RESUMO

A análise preliminar do risco ergonômico a partir do posto de trabalho permite

identificar posturas críticas de determinadas atividades produtivas que podem

interferir na saúde do trabalhador. O objetivo deste estudo foi avaliar o risco

ergonômico para LER/DORT na atividade de produzir alimentos semi-prontos por

meio da análise do posto de trabalho do “masseiro”, na função de realizar a

compactação das massas semi-prontas de pastel. As características das posturas

adotadas consideradas como críticas foram avaliadas por meio de observação e

registros fotográficos durante a jornada de trabalho. As queixas de dor/desconforto

do sujeito que ocupa o posto de trabalho, evidenciadas por meio do Diagrama de

Corlett & Bishop (1976), aparecem de forma mais significativa em membros

inferiores, coluna lombar e cotovelo direito. Para determinar possíveis

comprometimentos dos segmentos corporais envolvidos na tarefa foi utilizado o FBF

sistemas - software ergolândia 3.0 / 2010 - 13 com o Rula Employee Assessment

Worksheet. Essa ferramenta foi utilizada em três momentos distintos, por

apresentarem diferentes demandas musculoesqueléticas para os membros

superiores. A análise das posturas pelo Método Rula, evidenciou a necessidade de

intervenção de nível de ação 3, com pontuação 5, o que necessita de realização de

investigação e introdução de mudanças. Concluímos com o presente estudo que o

posto de trabalho avaliado necessita de intervenção ergonômica, para que o sistema

homem-trabalho-máquina funcione harmonicamente, sem prejuízos para a saúde do

trabalhador e produtividade da empresa.

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PALAVRAS-CHAVE: LER-DORT. Risco ergonômico. Posto de trabalho.

ABSTRACT

Preliminary analysis of the ergonomic risk from the workplace allows us to

identify critical positions of certain productive activities that can interfere with worker

health. The aim of this study was to evaluate the ergonomic risk for CTD/WRMD

activity to produce processed foods by analyzing the job of the “pasta maker" in the

function of performing compression of the masses of semi-finished pastry. The

characteristics of postures are considered as criticisms were assessed by means of

observation and photographic records during the workday.. Complaints of pain /

discomfort of the subject that occupies the post, as evidenced by the diagram Corlett

& Bishop (1976), appear more significantly in the lower limbs, lumbar spine and right

elbow. To determine possible impairment of body segments involved in the task, we

used the FBF systems - software ergolândia 3.0 / 2,010 to 13 with Rula Employee

Assessment Worksheet. This tool was used in three separate times, owing to the

different demands musculoskeletal to the upper limbs.The analysis of attitudes by

Rula method, showed the need for intervention level 3 action, with a score of 5, you

need to conduct research and implementation of changes. We conclude with the

present study evaluated the workplace ergonomic intervention needs for the system

man-machine-labor work harmoniously, without harm to worker health and

productivity.

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KEYWORDS: CTD-WRMD. Workplace. Ergonomic Risk.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Fotografia das alavancas 1 e 2 21

Figura 2: Fotografia do ângulo de flexão de ombro direito na alavanca 1 22

Figura 3: Fotografia do ângulo de flexão de ombro direito na alavanca 2 23

Figura 4: Fotografia do ângulo de flexão cervical 23

Figura 5: Fotografia do ângulo de extensão de cotovelo 24

Figura 6: Fotografia do ângulo de flexão do tronco 24

Figura 7: Resultado do Software dos ângulos das figuras 1 e 2 25

Figura 8: Resultado do Software do ângulo da figura 5 26

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SUMÁRIO

1.0 INTRODUÇÃO 10

2.0 MARCO CONCEITUAL TEÓRICO 12

3.0 MATERIAIS E MÉTODOS 16

3.1 Cenário 16

3.2 Cenário Produtivo 16

3.3 Ferramentas de Análise 18

4.0 RESULTADOS 20

5.0 DISCUSSÃO 27

5.1 Diagnose Ergonômica 27

5.2 Relação de Desconforto/dor, Biomecânica e a Tarefa Analisada 28

6.0 CONCLUSÃO 30

7.0 REFERÊNCIAS 31

APÊNDICES 36

ANEXOS 43

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1. INTRODUÇÃO

Historicamente no modo de produção capitalista, o trabalhador necessitou

submeter-se a condições e ambientes inadequados de trabalho, levando-o a uma

perda gradativa do controle sobre o processo produtivo e o aumento de seu

desgaste físico e emocional. (Oliveira, 2001)

O posto de trabalho é caracterizado como a menor unidade produtiva dentro

de uma organização e envolve a relação do trabalhador com o seu local de trabalho.

Portanto para que o trabalhador possa realizar sua tarefa de forma saudável é

importante que o posto de trabalho funcione bem. (Iida, 1995)

A análise preliminar do risco ergonômico compõe da análise da demanda, da

avaliação dos acionamentos e da interpretação dos resultados à luz das normas de

trabalho. Para isso as técnicas aplicadas para análise ergonômica possuem

formatação apropriada a fim de identificar e avaliar os potenciais riscos na execução

da tarefa a partir do posto de trabalho. (Santos, 2006)

Neste contexto, a análise de risco ergonômico para disfunções

osteomusculares constitui a primeira fase de todas as metodologias empregadas

para a análise ergonômica do trabalho. (Wisner, 1997)

Para que se identifiquem os riscos ergonômicos, diversas ferramentas

podem ser empregadas e aplicadas, variando de acordo com o tipo de atividade, tipo

de risco e realidade observada na organização da tarefa. Por meio da aplicação de

ferramentas de auxilio à identificação de riscos ergonômicos alguns autores

propõem classificar as situações de risco em níveis ou mesmo classificar as

situações em condições ergonômicas a partir dos níveis que variam de excelentes a

péssimos. (Couto, 1996)

Para entendermos o perfil do adoecimento musculoesquelético associado ao

trabalho, é fundamental explorar as condições laborais e abordar a dor nos seus

componentes sensoriais e emocionais. Essa abordagem é articulada à perspectiva

de uma análise de risco ergonômico que parte do posto de trabalho. (Assunção,

2009)

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No nível de cada setor, esperam-se esforços entre os atores para

diagnosticar os determinantes internos e externos dos fatores de risco, com ênfase

para as inadequações do posto de trabalho, a incorporação de novas tecnologias,

degradação das instalações e equipamentos, fluxo de produção, divisão do trabalho

e sincronia das metas de produção. Os casos incluem a análise do conteúdo das

tarefas, dos modos operatórios, do ritmo e da intensidade do trabalho. Ainda, dos

fatores mecânicos e condições físicas dos postos de trabalho para identificação

precoce de disfunções osteomusculares ou das primeiras evidências destas no

trabalhador. (Assunção, 2009)

A ergonomia é uma ciência interdisciplinar que estuda as adaptações dos

instrumentos, condições e ambientes de trabalho, às capacidades psicofisiológicas,

antropométricas e biomecânicas, com o intuito de reduzir o cansaço, acidentes de

trabalho e custos operacionais. (Carneiro; Camargo; Mana 2008)

Por meio da análise ergonômica do trabalho é possível entender a atividade

dos trabalhadores, incluindo, por exemplo, a análise da postura, os esforços, as

condições ambientais e pela verbalização dos próprios trabalhadores compreender

como uma resposta pessoal a uma série de determinantes impactam na sua saúde e

capacidade produtiva. (Guérin et al, 2001)

O estudo do posto de trabalho com enfoque da Fisioterapia do Trabalho pode

contribuir para o entendimento dos processos de trabalho e das consequências que

a má postura ou sobrecargas osteomusculares podem gerar no trabalhador durante

as atividades laborais.

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2. MARCO CONCEITUAL TEÓRICO

As alterações na forma do trabalho, das profissões e serviços que exigem

esforço do sistema musculoesquelético, com a evolução da tecnologia, levaram a

um melhor aproveitamento do uso da mão de obra. Consequentemente induzindo a

um maior número de movimentos, posturas e uso de ferramentas inadequadas,

provocando a adaptação do homem ao ambiente de trabalho e/ou de seu

instrumento de trabalho, contrariando os princípios da ergonomia, que indica a

adaptação do ambiente de trabalho, ferramentas ou máquinas ao homem, levando

assim as doenças musculoesqueléticas a adquirirem maior prevalência (Gonzalez,

2005).

O processo de trabalho evoluiu em busca de maior produtividade num

esquema de automatização e especialização. Tal situação obriga o trabalhador a

intensos e inadequados movimentos da coluna, membros superiores, região

escapular e pescoço, levando freqüentemente a desordens neuro-músculo-

tendinosas (Brandão; Horta; Tomasi 2005).

Estas desordens são decorrentes da utilização excessiva, imposta ao sistema

musculoesquelético e da falta de tempo para recuperação. Caracterizam-se pela

ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não, de aparecimento insidioso,

geralmente nos membros superiores, tais como dor, parestesia, sensação de peso e

fadiga (Maeno; Vera; Rossi; Fuller 2006).

O trabalhador que realiza suas atividades laborais em posturas inadequadas

apresenta sensações desagradáveis e alterações no funcionamento do organismo

decorrentes do aumento da fadiga (Ribeiro; Souto; Araújo 2005). A fadiga muscular,

segundo Guyton e Hall (2006), é um estado ocasionado por contrações musculares

fortes, perdurando por período prolongado.

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Como fatores de risco relacionados ao trabalho consideram-se as posturas e

os movimentos inadequados, repetições, vibrações, carga estática e dinâmica,

intervalo de descanso e os aspectos ambientais (ruído, iluminação, temperatura etc.)

como os grandes preditores no surgimento de quadros álgicos (Santos, 2002, apud

Maciel et al, 2006, 95 p. ).

As Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares

Relacionados ao Trabalho/ (LER/DORT) podem ser definidos como uma síndrome

clínica com característica de dor crônica que pode estar acompanhada ou não de

alterações objetivas, manifestando-se principalmente no pescoço, cintura escapular,

e membros superiores em decorrência do trabalho (Carneiro; Camargo; Mana 2008).

De acordo com Neves (2006), as LER/DORT tem como principal característica a dor

e a diminuição ou perda dos movimentos dos membros superiores.

A alta prevalência das LER/DORT tem sido explicada por transformações do

trabalho e das empresas, cuja organização tem se caracterizado pelo

estabelecimento de metas e produtividade, considerando suas necessidades,

particularmente de qualidade dos produtos e serviços e aumento da competitividade

de mercado, sem levar em conta os trabalhadores e seus limites físicos e

psicossociais. Exige-se adequação dos trabalhadores às características

organizacionais das empresas, pautadas pela intensificação do trabalho, aumento

real das jornadas, prescrição rígida de procedimentos, impossibilitando

manifestações de criatividade e flexibilidade. (Maeno; Vera; Rossi; Fuller 2006)

Às exigências psicossociais não compatíveis com características humanas,

nas áreas operacionais e executivas adiciona-se o aspecto físico-motor, com alta

demanda de movimentos repetitivos, ausência e impossibilidade de pausas

espontâneas, necessidade de permanência em determinadas posições por tempo

prolongado, atenção para não errar e submissão a monitoramento de cada etapa

dos procedimentos, além de mobiliário, equipamentos e instrumentos que não

propiciam conforto (Maeno; Vera; Rossi; Fuller 2006).

Todos estes fatores em conjunto com o quadro sócio-politico-cultural atual,

onde as empresas devem privilegiar a eficiência de sua produção, em prol da

competitividade de demanda nos tempos de globalização, levando as mesmas a

procurarem uma diminuição de custos. Entre as conseqüências desta ação, temos

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os efeitos nos trabalhadores, que sofrem pressão por resultados, aumento da carga

de trabalho para cumprimento de metas mais elevadas de produção, que, entre

outros fatores, transformam as LER/DORT em um problema de nossa época

(Gonzalez, 2005)

No Brasil, as LER/DORT representam um importante problema de saúde

pública. Seu modo de adoecimento, a multideterminação de sua origem e a

conturbada assistência prestada aos lesionados parecem expor as próprias

contradições do modo de produção capitalista (Neves; Nunes 2010).

As LER/DORT de hoje não é simplesmente uma lesão causada por um

esforço repetitivo qualquer, as causas vão além dos sintomas físicos, passam pela

organização do trabalho, dificuldades interpessoais e outros fatores ergonômicos.

Não se pode deixar de considerar aqui o lado patronal, pois este também sofre pelo

aparecimento exagerado da doença e por também não entender e não aceita-la bem

como não reconhecer a adoção de medidas preventivas capazes de minimizar o

problema (Barbosa; Santos; Trezza 2007).

É certo que trabalhadores com LER/DORT apresentam evidências de

depressão, ansiedade e angústia, porém, em geral, trata-se de quadros decorrentes

de situações concretas de perda da identidade no trabalho, na família e no círculo

social, além da penosidade de se submeter aos tratamentos longos, de resultados

lentos e incertos, e perícias nas quais estão sendo constantemente questionados

como se estivessem querendo “estar doentes” (Barbosa; Santos; Trezza 2007).

As LER/DORT são considerados, entre outros aspectos, uma conseqüência

do uso intensivo e excessivo de determinadas articulações, muitas vezes induzidas

por equipamentos manuais impróprios, envolvendo danos progressivos em

músculos, tendões, nervos e ligamentos (Paschoarelli; Coury 1997).

Diversas são as dificuldades desencadeadas pelas LER/DORT na vida dos

trabalhadores: dor, limitações físicas, perda de capacidade para o trabalho,

desrespeito e desconfiança por parte da maioria dos empregadores, menosprezo e

humilhação observados na relação com médicos peritos do Instituto Nacional do

Seguro Nacional (INSS), incompreensão da família, desestruturação da identidade,

dentre outras tantas situações (Garbin; Neves; Batista 1998).

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As atividades manuais podem ser consideradas uma das principais causas da

ocorrência de LER/DORT, uma vez estão associadas a uma série de esforços

biomecânicos, concentrados principalmente na extremidade dos membros

superiores (Paschoarelli; Coury 1997)

Ao considerar o nexo causal entre LER/DORT e esforços biomecânicos do

membro superior, nota-se que esta relação se baseia em situações críticas de quatro

variáveis físicas: força / pressão, repetitividade, duração e postura (Paschoarelli;

Coury 1997).

Em geral, as situações de trabalho que levam ao aparecimento desses

distúrbios, apresentam características comuns: posturas extremas, força excessiva,

movimentos repetitivos. (Laat, 2005)

Postura pode ser definida como um arranjo relativo de partes do corpo (Iunes

et al, 2005). Na boa postura, toda musculatura, articulação e estruturas esqueléticas

estão em estado de equilíbrio. Uma postura equilibrada protege as estruturas

corporais contra lesões ou deformidades (Ferrario; Sforza; Tartaguila; Barbini;

Mochielon 1995 apud Iunes et al 2005 p.328).

A postura mais adequada ao trabalhador é aquela que ele escolhe livremente

e que pode ser variada ao longo do tempo. A concepção dos postos de trabalho ou

da tarefa deve favorecer a variação de postura, principalmente a alternância entre a

postura sentada e em pé (Ministério do Trabalho e Emprego, 2001).

O tempo de manutenção de uma postura deve ser o mais breve possível, pois

seus efeitos nocivos ou não, serão função do tempo durante o qual ela será mantida

(Ministério do Trabalho e Emprego, 2001).

Os efeitos fisiológicos dos esforços estáticos estão ligados à compressão dos

vasos sangüíneos. A interrupção do fluxo sanguíneo durante a contração do

músculo leva à fadiga muscular quase total em um a dois minutos, devido à perda do

suprimento de nutrientes, especialmente de oxigênio. Manutenções estáticas

prolongadas podem também induzir ao desgaste das articulações, discos

intervertebrais, tendões e dor (Brasil, 2001; Guyton, Hall 2006).

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Trabalhos realizados, predominantemente na postura em pé, principalmente

quando associados à rotação e inclinação do tronco para frente, são considerados

fatores de risco de dor no pescoço, ombros e pernas (Orlando; King 2004 apud

Maciel; Fernandes; Medeiros 2006).

O entendimento sobre as LER/DORT constitui um processo ativo e em

desenvolvimento. A ciência vem buscando alternativas para melhorar a qualidade de

vida dos trabalhadores e, para isso, é importante que equipes transdisciplinares

sejam criadas e preparadas para darem a atenção adequada às pessoas,

considerando-as seres individuais, sociais, psíquicos e com necessidades diferentes

(Garcia; Corrêa; Pimenta 2004).

3. MATERIAIS E MÉTODOS:

3.1 CENÁRIO

Estudamos uma empresa do ramo alimentício “Arcanjo Rafael Indústria e

Comércio de Alimentos de Juiz de Fora, Ltda”, que produz massas semi-prontas

para pizza, pastel, lasanha e pasta de alho. Localiza-se na Rua Francisco Jorge de

Oliveira, 175, Jardim dos Alfineiros, Juiz de Fora/Minas Gerais.

Em contato com o diretor administrativo, foram autorizadas as visitas de modo

que pudéssemos conhecer todo o funcionamento da empresa, os setores

produtivos, a organização da empresa, do trabalho e o processo de produção.

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18

Inicialmente todos os trabalhadores envolvidos no processo de produção de

forma direta foram informados sobre o estudo e assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido.

3.2 – CENÁRIO PRODUTIVO

A produção de massas tem como matéria prima de base a farinha de trigo.

Para produzir a massa de pizza, a farinha é depositada em um recipiente juntamente

com água, propionato de cálcio, açúcar, sal, margarina, óleo e fermento. No caso do

pastel, são misturados à farinha, água, sal, álcool cereal, sorbato, margarina, enzima

e o óleo. Para a massa da lasanha são misturados à matéria prima base, água, sal e

sorbato.

Os ingredientes são colocados em um equipamento/máquina denominado

“masseira” que os misturam durante o tempo necessário, para que a massa fique

homogênea, porém seca como uma farofa para produção de pastel e lasanha, e um

ponto mais consistente para a produção de pizza.

Esta mistura base para as massas é então colocada em um cilindro para

compactação, exceto a de pizza que é compactada/laminada em outro local. A

massa para produção de lasanha e pastel depois de compactada é levada para um

cilindro de laminação. Laminada, é empilhada com aproximadamente setenta e cinco

camadas para serem cortadas no formato desejado.

Há diferença final de espessura, tamanho e forma entre as lâminas de pizza e

as demais. Todas são cortadas manualmente, o pastel e a pizza com uma fôrma

cilíndrica e a lasanha com faca.

As pizzas semi-prontas ficam armazenadas para descanso por cerca de uma

hora. São pré-assadas em forno a gás, por um tempo médio de sete minutos a uma

temperatura que varia entre 99ºC e 145ºC. Após este processo, são divididas por

tamanho, embaladas com duas unidades e armazenadas em câmara fria, de onde

seguem para a distribuição em pontos de venda.

As massas de pastel e lasanha são pesadas em uma balança eletrônica, com

aproximadamente 250 gramas, 500 gramas para o pastel e 400 gramas para a

lasanha. Embaladas seguem para a expedição.

Page 19: faculdade de fisioterapia ana luiza soldati duarte janaine de

19

A pasta de alho, cuja base é a margarina, tem um processo produtivo

simplificado. O tempero e o óleo são triturados no liquidificador, em seguida a

mistura é despejada na batedeira juntamente com a margarina. A pasta é pesada

em balança eletrônica, 200 gramas por unidade, embalada, armazenada em câmara

fria, seguindo depois para a expedição e distribuição.

3.3 FERRAMENTAS DE ANÁLISE

Aplicamos um questionário para identificar e coletar características dos

trabalhadores como, gênero, idade, escolaridade, função, tempo na função, estado

civil, numero de filhos, se exerce outra função fora da empresa, se tem casa própria,

frequência de afastamentos, peso e altura auto declarados (Apêndice 2).

Utilizamos o Diagrama de Corlett & Bishop (1976) (anexo 2) para avaliação de

dor e desconforto auto declarados, mensurados através do método proposto no

instrumento e registrados em uma ficha individual. A escala de classificação de dor e

desconforto utilizada varia segundo os seguintes níveis:

1: Nenhum desconforto/ dor.

2: Algum desconforto/dor.

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3: Moderado desconforto/dor.

4: Bastante desconforto/dor.

5: Intolerável desconforto/dor.

Para o presente estudo, o posto de trabalho escolhido foi o de “masseiro”, na

função de compactação de massa para a fabricação de massa semi-pronta de

pastel.

O posto de trabalho foi filmado e fotografado, com câmera digital Sony

Cybershot DSC-H2. Em um primeiro momento realizamos registros de filmagem com

o intuito de identificar possíveis acionamentos e posturas críticas da atividade.

Após análise dos vídeos, fotografamos os acionamentos e posturas

identificadas como críticas, escolhidas após observação sistemática e relacionados

às queixas de dor e desconforto previamente identificados.

Os acionamentos foram analisados por meio de frequência de acionamentos,

por minuto, com detalhada observação dos registros de filmagem das operações e

acionamentos medidos com o cronômetro do programa Windows Media Player, onde

os vídeos foram visualizados.

Em um segundo momento solicitou-se ao operador do cilindro de

compactação de massas que reproduzisse os movimentos críticos por nós

selecionados. Foram marcados, com fitas adesivas coloridas, os pontos anatômicos

que identificavam os movimentos e segmento corporal utilizados nos acionamentos.

Essa marcação foi necessária para a medição dos ângulos nestes acionamentos,

fotografados em ângulo perpendicular ao ponto de visão do pesquisador. Os pontos

demarcados foram analisados como imagem e medidos utilizando ferramenta de

analise de imagem do Software Felipe Fontenelle e Flavio Bissoli (FBF) Sistemas.

Posteriormente estes resultados foram inseridos na ferramenta de análise de nível

de risco biomecânico - Rula (Rapid Upper Limb Assessment), desenvolvida por Lynn

McAtamney e Nigel Corlett (1993), do mesmo software - FBF Sistemas.

O Rula é um método de análise de risco ergonômico que permite fazer uma

avaliação inicial rápida com o intuito de identificar o esforço muscular associado com

as posturas de trabalho. A observação sistemática destes esforços musculares

permite decidir acerca do trabalho estático ou em posturas forçadas mantidas, as

quais podem contribuir para a fadiga muscular. (Bordin, 2004)

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21

Este instrumento avalia a biomecânica e a carga postural em vários

segmentos corporais com atenção particular para a região do pescoço, tronco e

membros superiores (Rula, 2006).

Cada segmento corporal avaliado fornece um escore final que é comparado a

lista dos níveis de ação. Conforme o nível de risco observado pode-se sugerir uma

análise mais detalhada para uma melhor avaliação dos riscos biomecânicos. Os

níveis de ação são descritos como:

Pontuação Nível Decisão

Grau de risco 1-2. 1 Postura aceitável;

Grau de risco 3-4 2 Podem ser necessárias mudanças.

Grau de risco 5-6 3 Deve-se realizar uma observação.

Devem ser introduzidas mudanças.

Grau de risco 7 4 Devem ser introduzidas mudanças

imediatamente.

.

Os resultados desta ferramenta podem apontar a necessidade de intervenção

ergonômica no posto de trabalho analisado.

Para avaliar a repetitividade dos acionamentos registrados em vídeo foram

analisados utilizando frequência de determinados ciclos por minuto, além do tempo

de permanência em posturas estáticas solicitadas durante a realização da tarefa.

4. RESULTADOS:

Na empresa trabalham dezessete funcionários, assim distribuídos: dois na

direção, um na administração, um gerente de vendas, um motorista, dois gerentes

de produção, quatro masseiros, um forneiro e cinco operadores de alimentos

(Apêndice 5).

A produtividade das massas é controlada por meio de meta estabelecida

mínima, 500 quilos por dia de farinha de trigo, correspondendo a 2,5 toneladas por

semana. A jornada de trabalho é de segunda à quinta-feira de 8 às 17:00 horas e às

sextas-feiras o expediente termina às 16:30 horas, com intervalo para almoço de

12:00 às 13:00 horas todos os dias.

Page 22: faculdade de fisioterapia ana luiza soldati duarte janaine de

22

O setor de produção propriamente dito tem 11 funcionários com faixa etária

entre 19 anos e 42 anos. Neste setor são distribuídas as funções de operador de

alimentos, masseiro, forneiro e gerente de produção. O tempo médio nas funções

varia de dois meses a três anos. O quadro de funcionários é composto por seis

homens (54,55%). Seis funcionários (54,55%) são casados e os demais são

solteiros. A média de filhos por funcionários é de 1,18 filhos, sendo que um deles

tem cinco filhos. Sete funcionários (63,63%) têm casa própria.

Dois funcionários exercem outra ocupação fora da empresa, ajudante de

pedreiro e cabeleireira. Outro funcionário cursa a 1ª série do Ensino Médio, no turno

noturno. O grau de escolaridade varia entre o segundo ano do Ensino Fundamental

e o Ensino Médio completo.

Nenhum dos funcionários foi afastado do serviço desde seu ingresso na

empresa, seja por motivo de doença, acidente de trabalho ou outro qualquer. O

Índice de Massa Corpórea (IMC) (Anexo 1) aponta para quatro funcionários

(45,45%) , que estão acima do peso (sobrepeso) e o restante, dentro do peso ideal.

O operador do posto de trabalho analisado é do gênero masculino e exerce a

função de masseiro há dois anos e seis meses. Tem 24 anos, é casado, tem dois

filhos, casa própria e concluiu o Ensino Médio, e está dentro da faixa da

normalidade..

O posto de trabalho avaliado corresponde ao da função do masseiro que

prepara a massa de pastel, segundo o Cadastro Brasileiro de Ocupações – (CBO)

classifica esta ocupação com o código 8483-15 que engloba “Masseiro (massas

alimentícias): ajudante de pasteleiro, aprendiz de macarroneiro, cilindreiro de

preparação de massa alimentícia, macarroneiro, masseiro de biscoito, macarrão e

pão, pasteleiro, patisseiro”. (Ministério do Trabalho e Emprego)

O trabalho é realizado na postura de pé, com pequenos deslocamentos,

realizados em uma média de três por minuto, cada um com duração de dois

segundos. Ocorre manuseio de carga leve a moderada, tarefa com solicitação

dinâmica. O ciclo da atividade começa quando o operador retira a massa da

“masseira” a uma altura inferior às suas cristas ilíacas. Em seguida, flete a coluna

lombar e gira levemente o tronco para então retirar a massa com uma vasilha de

tamanho médio. O conteúdo do recipiente, de aproximadamente 3 quilos, é

despejado no cilindro, onde é compactada a massa para pastéis.

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No cilindro, o indivíduo aciona de modo intermitente duas alavancas (figura 1),

situadas à sua direita, acima da linha dos ombros. A alavanca 1, é usada para

compactar a massa, enquanto a alavanca 2, é utilizada para ligar e desligar seus

cilindros e inverter o sentido da massa.

Figura 1: Alavancas 1 e 2

A análise de imagens feita pela ferramenta Rula, apontou os seguintes

ângulos segmentares:

a) 110,17º: flexão de ombro direito na alavanca 1 (figura 2)

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Figura 2

b) 74,53º: flexão de ombro direito na alavanca 2 (figura 3);

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Figura 3

c) 21,97°: flexão cervical (figura 4)

Figura 4

d) 102,49°: extensão de cotovelo mantida enquanto a massa desce do cilindro (figura

5)

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Figura 5

e) 14,46°: flexão de tronco na alavanca 1 (figura 6 )

Figura 6

Utilizamos o RULA em três momentos julgados como sendo de acionamentos

críticos por apresentarem diferentes demandas musculoesqueléticas para os

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27

membros superiores. As análises no software com base em a e b obtiveram

pontuação final 5 (Figura 7). Enquanto em d, a pontuação foi 4 (Figura 8).

Em um minuto, são realizados os seguintes acionamentos: oito para acionar a

alavanca 1, dez para alavanca 2, seis para colocar a massa no cilindro e três para

retirada da massa da masseira.

Figura 7: Resultado do Software dos ângulos das figuras 1 e 2

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Figura 8: Resultado do Software do ângulo da figura 5

De acordo com o resultado do diagrama de Corlett & Bishop, aplicado

nos 11 funcionários envolvidos diretamente no processo produtivo, verificamos

que a queixa maior de desconforto/dor se deu no segmento corporal “costas

inferior” em níveis 3 e 4 (Apêndice 3: Gráfico 1).

O sujeito que ocupa o posto de trabalho em questão, apresentou

queixas de dor/desconforto de nível 3 em costas inferior, pernas direita e

esquerda e cotovelo direito e de nível 2 em cotovelo esquerdo (Apêndice 3:

Gráfico 2).

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5. DISCUSSÃO

5.1 DIAGNOSE ERGONÔMICA

A Diagnose Ergonômica do Sistema Homem-Trabalho-Máquina (SHTM),

parecer inicial acerca do risco ergonômico, detalha as restrições apontadas e todos

os aspectos relativos à atividade analisada. Nesta etapa, realizamos a

caracterização por meio do registro da tarefa em vídeos, fotos, inquirições,

verbalizações, questionários e escalas de avaliação biomecânica do masseiro. O

Diagnóstico ergonômico confirma ou rejeita a hipótese relativa ao risco ergonômico.

Na Diagnose Ergonômica do STHM (anexo) encontramos três sistemas,

correlacionados entre si e com a meta estipulada com a produção. São eles:

1. Sistema alimentador: depósito de farinha de trigo, masseira e cilindro;

2. Sistema alvo: o posto de trabalho analisado;

3. Sistema ulterior: corte da massa do pastel, pesagem, embalagem e

estocagem.

Para que o Sistema alvo seja efetivo, ou seja, de modo que o sujeito realize

seu trabalho sem prejudicar a produção, ele depende de três requisitos: masseira,

cilindro e bancada de corte, ferramentas necessárias para realização da função de

compactação da massa. Havendo problema em algum desses itens, a produção é

prejudicada.

Com a análise, verificamos que o Sistema alvo depende do sistema

alimentador para funcionar. O Layout dos sacos de farinha de trigo no depósito, de

forma aleatória e sem organização, desfavorece a agilidade do processo, uma vez

que o indivíduo necessita de uma demanda de tempo maior para deslocar a matéria-

prima do depósito para o misturador. Possíveis problemas mecânicos com a

masseira e o cilindro levam à parada da produção e fazem com que o trabalhador

acelere seu processo de trabalho para conseguir recuperar o tempo perdido. Além

disso, a disposição inadequada de massa no cilindro e a sobra de massas após o

corte levam ao retrabalho. Esses fatores acarretam uma sobrecarga biomecânica do

sujeito e podem agravar as queixas de desconforto/dor e afetar a produtividade.

O Sistema ulterior é a continuação do processo até o produto final e depende

dos outros dois sistemas. Havendo falha em um deles, a meta não é atingida. Como

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30

consequência, não são esperados o desperdício de massa, o retrabalho e utilização

inferior a 500 quilos de farinha por dia.

5.2 A RELAÇÃO DO DESCONFORTO/DOR, BIOMECÂNICA E A T AREFA

ANALISADA

Estudos epidemiológicos têm indicado uma associação entre distúrbios

músculo-esquelético e demandas físicas no trabalho. (Fernandes, Assunção, Neto &

Carvalho 2010)

Os fatores biomecânicos contributivos mais importantes na origem de lesões

músculo-esqueléticas são a força, a repetitividade, a velocidade dos movimentos e a

duração da atividade. (Righ, 2009) e (Assunção; Sampaio; Nascimento 2010). No

presente estudo, os fatores supracitados com exceção da repetitividade, foram

encontrados no posto de trabalho analisado.

Por meio da frequência dos acionamentos, isto é, análise do numero de

acionamentos por tempo, observamos que não há repetitividade na atividade do

estudo em questão, de acordo com Assunção (2009), que caracteriza o trabalho

repetitivo como o que apresenta ciclos de 30 segundo que podem variar, ao longo

da jornada, até 120 segundos. O trabalho repetitivo seria aquele em que os

componentes de trabalho repetem-se mais de 15 vezes por minuto e que mobilizam

mais de 1/7 da massa muscular corporal. A literatura sugere, ainda como parâmetro,

a existência de um ciclo mais curto que dois minutos, o qual é repetido durante a

jornada. (Assunção, 2009)

As queixas de dor/desconforto, evidenciadas no presente estudo através do

Diagrama de Corlett & Bishop (1976), aparecem de forma mais significativa em

membros inferiores, coluna lombar e cotovelo direito e estão associadas à

necessidade do trabalhador passar toda jornada de trabalho em pé, com

deslocamento mínimo, e com uso constante dos membros superiores, inclusive com

manuseio de cargas. Peres (2006) e Jorge (2003), afirmam que levantamento e

manuseio de cargas, manutenção de posturas por longo tempo (sentado ou em pé)

e condições ambientais de trabalho adversas, estão entre as situações que

favorecem o desencadeamento de lombalgia no ambiente de trabalho.

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31

Mussi (2006) em um estudo com cabeleireiras constatou que a permanência

na postura de pé por períodos prolongados podem levar ao aparecimento de dores

na região da coluna e membros inferiores.

Renner (2002) apontou que em trabalhadores do setor de costura da indústria

calçadista, a postura em pé é a que apresenta os maiores índices de desconforto e

dor, principalmente nos membros inferiores.

Rumaquella e Santos (2010), em uma pesquisa com trabalhadores do ramo

alimentício concluíram que a postura de pé era a mais incômoda nestes indivíduos,

seguida da postura “arqueada”, movimentos de alcançar, carregar e colocar objetos.

Quanto à incidência de dores, a região lombar foi o local mais apontado, seguido da

região dorsal e das pernas, o que corrobora nosso estudo.

As queixas de dor/desconforto aparecem de forma mais significativa em

membros inferiores, coluna lombar e cotovelo direito e estão associadas à

necessidade do trabalhador passar toda jornada de trabalho em pé, com

deslocamento mínimo, e com uso constante dos membros superiores, inclusive

realizando manuseio de cargas. Estes fatores biomecânicos aliados a flexão de

ombro acima de 90º, foram identificados como contributivos de lesões músculo-

esqueléticas.

Embora o indivíduo não tenha apresentado queixa de desconforto/dor na

articulação do ombro, foi mensurado 111,17° de flex ão deste segmento corporal.

Mussi (2006) afirma que posturas acima de 90° de fl exão de ombro favorecem

claramente o impacto do tubérculo maior do úmero com o acrômio, podendo levar à

compressão do tendão do manguito rotador e ao aparecimento de disfunções

relacionadas a essa estrutura anatômica. A análise das posturas críticas pelo

Método Rula, no momento a (Figura 2) evidenciou a necessidade de intervenção de

nível de ação 3, com pontuação 5, o que necessita de realização de investigação e

introdução de mudanças (Figura 7).

Os acionamentos na alavanca 2, ocorrem em supinação, pronação, desvio

ulnar e desvio radial do punho, ou seja, sem um padrão, o que pode ser devido a

movimentos antálgicos ou cômodos ao indivíduo que queixa-se de desconforto nível

3 em cotovelo direito.

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6. CONCLUSÃO

O posto de trabalho do masseiro na empresa analisada oferece riscos para

LER/DORT. As queixas de dor/desconforto auto-declaradas no diagrama de Corlett

& Bishop (1976) pelo trabalhador que ocupa este posto vão de encontro à avaliação

da biomecânica e da carga postural em vários segmentos corporais, por meio do

método Rula.

A análise das posturas críticas pelo Método Rula, no momento a evidenciou a

necessidade de intervenção de nível de ação 3, com pontuação 5, o que necessita

de realização de investigação e introdução de mudanças.

O Layout dos sacos de farinha de trigo no depósito, de forma aleatória e sem

organização, desfavorece a agilidade do processo. A disposição inadequada da

massa no cilindro compactador e a sobra de massa após o corte levam ao

retrabalho. Esses fatores acarretam sobrecarga biomecânica do sujeito, podem

agravar as queixas de desconforto/dor e afetar o processo produtivo negativamente.

Concluímos com o presente estudo, que o posto de trabalho avaliado

necessita de intervenção ergonômica, para que o sistema homem-trabalho-máquina

funcione harmonicamente, sem prejuízos para a saúde do trabalhador e

produtividade da empresa.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome do Serviço do Pesquisador: UFJF

Pesquisador Responsável: Eduardo de Castro Assis

Endereço: Rua Joaquim de Almeida 236 - Jardim Laranjeiras

CEP: 36033-160 – Juiz de Fora – MG

Fone: (32) 3217 8332 - 9987 6156

E-mail: [email protected] / [email protected]

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O Senhor está convidado como voluntário a participar da pesquisa “ ESTUDO DO RISCO

ERGONÔMICO PARA LER/DORT NA ATIVIDADE DE PRODUZIR ALIMENTOS SEMI-

PRONTOS: ANÁLISE DO POSTO DE TRABALHO. ”. Neste estudo observaremos como o

posto de trabalho pode interferir na saúde do trabalhador. Para este estudo aplicaremos um

questionário com questões contendo dados pessoais e outro no qual pretendemos saber

mais especificamente a presença de queixas de dor e desconforto. Todo o material utilizado

na pesquisa será coletado através de registros gráficos específicos preservando sua

identidade e integridade. Este estudo não lhe trará risco (risco mínimo) em especial para a

saúde e contribuirá para a compreensão da realidade deste trabalhado. Para participar

deste estudo o Senhor não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem financeira.

O senhor será esclarecido sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará livre

para participar ou recusar-se. Poderá retirar seu consentimento ou interromper a sua

participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar

não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido pelo

pesquisador Eduardo de Castro Assis. O pesquisador irá tratar a sua identidade com

padrões profissionais de sigilo, não lhe identificando, não revelando detalhes de sua saúde,

em particular da sua saúde funcional. Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição

quando finalizada. Seu nome ou o material que indique sua participação não será liberado

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39

sem a sua permissão. Caso aconteça algum prejuízo material ou físico, o senhor será

indenizado. O senhor não será identificado em nenhuma publicação que possa resultar

deste estudo. Todo o material decorrente da pesquisa será arquivado por cinco anos. Este

termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será

arquivada pelo pesquisador responsável, na Universidade Federal de Juiz de Fora e a outra

será fornecida ao senhor.

Eu, ____________________________________________, portador do documento de

Identidade ____________________ fui informado (a) dos objetivos do estudo “

ESTUDO DO RISCO ERGONÔMICO PARA LER/DORTS NA ATIVIDADE DE PRODUZIR

ALIMENTOS SEMI-PRONTOS: ANÁLISE DO POSTO DE TRABALHO.”, de maneira clara e

detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas

informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar.

Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de

consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as

minhas dúvidas.

Juiz de Fora, _________ de __________________________ de 2010.

Nome Assinatura participante Data

Nome Assinatura pesquisador Data

Nome Assinatura testemunha Data

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Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o CEP - COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA/UFJF - CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA UFJF/PRÓ-REITORIA DE PESQUISA - CEP 36036.900 - FONE: 32 3229 3788.

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APÊNDICE 3

GRÁFICO 1: Resultado do Diagrama de Corlett dos 11 trabalhadores

GRÁFICO 2: Resultado do Diagrama de Corlett do indivíduo que ocupa o posto de trabalho analisado

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APÊNDICE 4

FLUXOGRAMA DO PROCESSO DIRETO DE PRODUÇÃO

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APÊNDICE 5

HIERARQUIA DE CARGOS DA EMPRESA

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ANEXO 1

Tabela de Índice de Massa Corpórea

http://www.calculoimc.com.br/#tabela-de-imc

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ANEXO 2

Ficha Individual: Diagrama de Corlett e Bishop, 1976