luiza a bela

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Se havia coisa que provocava a ira do delegado Zurico, era uma senhora principalmente mãe de família ser maltratada por uma mulher de vida alegre; Luiza era bonita, muito bonita mesmo e podia-se dizer sem medo de errar que era linda: tinha o rosto ovalado, doces olhos castanhos, dentes claros e brilhantes e lindos cabelos lisos e negros, em contraste com tudo isso tinha uma pele clara e aveludada e um corpo que no dizer da época era um perfeito violão; o pedreiro Alonso trouxe Luiza de uma povoação vizinha, chamada Vila do Rato

Ao traze-la Alonso pensava estar trazendo amor e divertimento, mas se esqueceu que era casado e pai de cinco filhos e o pior, se esqueceu que era pobre; morando na casa da Marrequinha Luiza pisava no luxo e com isso a esposa e filhos do pedreiro passavam privações, as privações dona Dora a esposa do pedreiro ia suportando, mas quando começou a ser insultada pela moça ela não agüentou mais, porque todas as tardes a vagabunda passeava sua beleza e seu chic diante da casa de dona Dora, zombava dela e dizia desaforos a seus filhos, era preciso acabar com aquilo e o único jeito era dar queixa ao delegado Zurico.

Ao ser informado do que acontecia Zurico acalmou as lagrimas da boa senhora com a promessa de que tomaria providencias; apanhou no prego da parede sua tala, respeitável tira de couro cru dobrada em duas, com pesada argola de ferro servindo de punho e se dirigiu a casa da Marrequinha, foi recebido com os costumeiros e amedrontados rapapés e mandou chamar Luiza, a moça era desabusada e perguntou: o que o senhor quer, eu não fiz nada errado.

Delegado Zurico disse com aparência de muita calma, que queria apenas que ela pegasse a estrada, porque ele não gostava nada de saber que uma respeitável senhora estava sofrendo por causa de uma vadia como ela, mas ele não ia bater nela não, só lhe daria uma pequena amostra da surra que ia levar se dentro de vinte e quatro horas fosse vista nos limites da Vila de São João e acabando de falar com toda pachorra, aplicou dois golpes de tala nas costas da infeliz que caiu no chão aos berros.

Preveniu a Marrequinha que voltaria em vinte e quatro horas e não queria encontrar aquela mulher, caso contrario todos que estivessem presentes na casa no momenta levariam as sobras da prometida surra; assim que o delegado virou as costas a dona da casa atirou mulher e mala na rua, mandando que desse o fora, porque não ia se expor a ira do delegado por causa dela.

Vencidas as vinte e quatro horas Zurico voltou como prometera. e foi informado que Luiza se fora, a amostra da surra foi suficiente, nunca mais aquela moça voltou a aparecer em São João e adjacências e o caso estaria encerrado , não fosse a revolta do pedreiro Alonso que fez o caso render mais um pouco; Alonso triste e zangado com a partida de Luiza, resolveu promover falatórios contra o delegado Zurico .

Tanto falou que alguém acabou contando ao atacado o que Alonso dizia dele; o linguarudo foi convidado a comparecer na delegacia e foi avisado amavelmente por Zurico nos mesmos termos do aviso dado a bela Luiza, sobre o que aconteceria se ele não encurtasse a língua e não voltasse a cuidar com carinho de dona Dora e dos meninos; o pedreiro se tornou mudo como um peixe e se transformou em um marido exemplar e exemplado; de Luiza a Bela ninguém mais falou ou ouviu falar e o assunto morreu.

CREDITOS

TEXTO DE VÓ FIA

FORMATADO POR VÓ FIA

MÚSICA-SONS DE CARRILHÕES

DILERMANDO REIS

NEPOMUCENO MG

TEXTO REGISTRADO NO EDA

19/04/08