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Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração CPPA Mestrado Profissional em Gestão Empresarial Andréa Cristina Borba da Silveira Casamento, teoria institucional e elementos culturais: um estudo fenomenológico a partir de julgados do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul Recife, 2017

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Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

Andréa Cristina Borba da Silveira

Casamento, teoria institucional e elementos culturais: um estudo fenomenológico a

partir de julgados do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul

Recife, 2017

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Andréa Cristina Borba da Silveira

Casamento, teoria institucional e elementos culturais: um estudo fenomenológico a

partir de julgados do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul

Dissertação apresentada como requisito

complementar para obtenção do grau de Mestre

em Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa e

Pós-Graduação em Administração – CPPA da

Faculdade Boa Viagem - DeVry Brasil, sob a

orientação da Profa. Dra. Maria Auxiliadora

Diniz de Sá.

Recife, 2017

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Catalogação na fonte -

Biblioteca da Faculdade Boa Viagem | DeVry, Recife/PE

S587c Silveira, Andréa Cristina Borba da.

Casamento, teoria institucional e elementos culturais: um estudo

fenomenológico a partir de julgados do Tribunal de Justiça do Rio

Grande do Sul / Andréa Cristina Borba da Silveira. – Recife : DeVry

| FBV, 2017.

221 f.

Orientador(a): Maria Auxiliadora Diniz de Sá

Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Faculdade Boa

Viagem - DeVry.

1. Teoria institucional. 2. Elementos culturais. 3. Casamento.

4. Nulidades. I. Título. DISS

658[17.1]

Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca.

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Dedico este trabalho a minha filha Maria Laura, razão do meu viver, o maior presente que

Deus poderia ter me concedido.

Com amor, dedico ainda aos meus pais, Francisco e Cristina, meus grandes incentivadores, os

verdadeiros responsáveis por despertar em mim a importância da busca pelo saber.

A todos os meus alunos, aos quais dedico diariamente minha vocação docente de forma tão

aguerrida e apaixonada.

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AGRADECIMENTOS

Sou grata a Deus por ter me permitido alcançar esse objetivo, imprescindível em minha vida

profissional.

Agradeço a minha orientadora, professora Dra. Maria Auxiliadora Diniz de Sá, a quem devo o

amor pelo estudo da cultura e que, com tamanho brilhantismo, me conduziu tecnicamente

nessa trajetória. A você, professora querida, minha eterna admiração, respeito e gratidão pelas

lições de vida e pelo apoio pessoal constante.

Agradeço a Luís Fernando, que foi mais que um colega nas aulas do mestrado com quem

compartilhei as alegrias e as angústias da vida discente. Foi você o responsável por despertar

em mim o amor verdadeiro e incondicional. A você, meu amor, obrigada pela família linda

que construímos e por estar ao meu lado me apoiando e me incentivando sempre.

À Faculdade Integrada de Pernambuco – FACIPE – instituição onde, com orgulho, exerço a

docência, agradeço por ter confiado em mim, investindo em minha qualificação profissional.

Sou grata a minha coordenadora, Professora Martha Guaraná, por ter me auxiliado nos

horários de minhas aulas, disponibilizando tempo para que eu pudesse me dedicar ao

mestrado.

Ao Dr. Antônio Carlos Cavendish, meu chefe, agradeço pela compreensão nas minhas

ausências em prol dos propósitos acadêmicos e por confiar em mim e no meu trabalho.

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A cultura, sob todas as formas de arte, de amor e de

pensamento, durante milênios, capacitou o homem a

ser menos escravizado.

André Malraux, escritor francês.

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RESUMO

O Direito sobre as famílias justificou a elaboração de diversas normas de ordem pública,

dentre as quais aquelas voltadas ao casamento. Esse, como uma instituição, tem a sua cultura

própria, o que se percebe através da presença de elementos, tais como: valores, normas,

cerimônias, símbolos, ritos e rituais, os quais são evidenciados por meio do costume, em

diferentes sociedades. Por outro lado, esses elementos também têm caráter imperativo, que se

destinam não somente a disciplinar os requisitos a serem obedecidos, mas também ressaltar os

direitos e deveres para os cônjuges. Diante dessa reflexão, buscou-se por meio deste estudo,

verificar de que maneira a cultura institucional do Direito de Família interfere sobre os

procedimentos de nulidade do casamento. A metodologia adotada foi de natureza qualitativa,

sendo empregado o método fenomenológico, de caráter descritivo e exploratório. Para a

pesquisa foram utilizados dados secundários, extraídos a partir de fontes bibliográficas e

documentais, destacando-se os julgamentos das ações declaratórias de nulidade e ações de

anulação de casamento, proferidos pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) e

publicamente disponibilizados na internet. As técnicas de análise dos dados empregadas

foram a análise documental e a análise de conteúdo (BARDIN, 2011). Os resultados apontam

que a cultura institucional do Direito de Família revela-se através de elementos culturais

próprios – ritos, regras, crenças, normas, cerimônias, linguagem e símbolos – que conferem

legitimidade social e jurídica ao casamento e que, quando desrespeitados, causam as

nulidades. O baixo quantitativo de julgados – 69 ao todo – vai ao encontro do afirmado por

Dias (2015) e sugerem uma mudança sobre os valores sociais prezados pela sociedade

gaúcha, que atribuía maior importância prática às ações de nulidade quando o casamento era

considerado indissolúvel, o que veio a ser mudado com o advento e a facilidade de

propositura do divórcio.

Palavras-chave: Teoria institucional. Elementos culturais. Casamento. Nulidades.

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ABSTRACT

The law on families justified the elaboration of various norms of public order, among which

those related to marriage. This, as an institution, has its own culture, which is perceived

through the presence of elements, such as: values, norms, ceremonies, symbols, rites and

rituals, which are evidenced by custom in different societies. On the other hand, these

elements are also imperative, which are designed not only to discipline the requirements to be

obeyed, but also to emphasize the rights and duties of the spouses. In view of this reflection,

this study aimed to verify how the institutional culture of Family Law interferes with the

procedures for nullity of marriage. The methodology adopted was qualitative in nature, using

the phenomenological method, of a descriptive and exploratory nature. Secondary data,

extracted from bibliographic and documentary sources, were used, highlighting the judgments

of the declaratory actions of nullity and annulment proceedings, rendered by the Court of

Justice of Rio Grande do Sul (TJRS) and publicly available on the Internet. The data analysis

techniques used were document analysis and content analysis (BARDIN, 2011). The results

show that the institutional culture of Family Law reveals itself through its own cultural

elements - rites, rules, beliefs, norms, ceremonies, language and symbols - that confer social

and legal legitimacy on marriage and, when disrespected, cause Nullities. The low number of

judges - 69 in all - is in line with what has been affirmed by Dias (2015) and suggest a change

in the social values prevailed by the gaucho society, which attributed greater practical

importance to actions of nullity when marriage was considered indissoluble, Which came to

be changed with the advent and facility of divorce.

Key-words: Institutional theory. Cultural elements. Marriage. Nullities.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADI Ação Direta de Inconstitucionalidade

ADPF Ação por Descumprimento de Preceito Fundamental

CCB

CNJ

Código Civil Brasileiro

Conselho Nacional de Justiça

CPB

Des.

DJ

TJRS

Rel.

REsp

Código Penal Brasileiro

Desembargador(a)

Data do julgamento

Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul

Relator

Recurso Especial

RS

STJ

Rio Grande do Sul

Superior Tribunal de Justiça

STF

Supremo Tribunal Federal

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Categorias, unidades de registro e unidades de contexto para o

levantamento documental ...............................................................................

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Quadro 2 – Categorias, unidades de registro e unidades de contexto para o

levantamento documental ...............................................................................

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Quadro 3 – Categorias, unidades de registro e unidades de contexto para os julgados

do TJRS ..........................................................................................................

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Quadro 4 – Elementos culturais na fase de habilitação do casamento ........................... 102

Quadro 5 – Elementos culturais na fase de celebração do casamento ............................ 106

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................

1.1 Contextualização do problema ..............................................................................

1.2 Objetivos da pesquisa .............................................................................................

1.2.1 Objetivo geral ........................................................................................................

1.2.2 Objetivos específicos .............................................................................................

1.3 Justificativas da pesquisa .......................................................................................

1.3.1 Justificativas práticas .............................................................................................

1.3.2 Justificativas teóricas .............................................................................................

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................

2.1 A Teoria Institucional: pressupostos e características das instituições .............

2.1.1 Teoria Institucional: importância segundo diferentes ciências, conceito e

pressupostos ....................................................................................................................

2.1.2 A Teoria Institucional e a natureza do casamento .................................................

2.1.3 O isomorfismo institucional ..................................................................................

2.2 O culturalismo jurídico e seus reflexos sobre o casamento ................................

2.2.1 Conceito de cultura ................................................................................................

2.2.2 Culturalismo Jurídico ............................................................................................

A) A Teoria Egológica do Direito, de Carlos Cossio .....................................................

B) A Teoria Tridimensional do Direito, de Miguel Reale ..............................................

2.2.3 Elementos culturais presentes no casamento .........................................................

2.3 Procedimentos jurídicos do casamento ................................................................

2.3.1 Casamento: breve lineamento histórico, finalidades, conceito e características ...

2.3.2 Espécies de casamento ..........................................................................................

A) Casamento civil .........................................................................................................

B) Casamento religioso com efeito civil ........................................................................

C) Casamento por procuração ........................................................................................

D) Casamento consular ...................................................................................................

E) Casamento em caso de moléstia grave ......................................................................

F) Casamento nuncupativo, in extremis vitae momentis ou in articulo mortis ..............

G) Casamento putativo ...................................................................................................

H) Casamento homossexual ou homoafetivo .................................................................

2.3.3 Do processo de habilitação ....................................................................................

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2.3.4 Da celebração do casamento .................................................................................

2.3.5 Dos impedimentos matrimoniais ...........................................................................

2.3.6 Das causas suspensivas ..........................................................................................

2.4 Inexistência e invalidade do casamento ................................................................

2.4.1 Da inexistência do casamento: conceito e pressupostos ........................................

2.4.2 Da invalidade do casamento: conceito, requisitos e espécies ................................

A) Do casamento nulo ....................................................................................................

B) Do casamento anulável ..............................................................................................

B.1) Do casamento anulável por defeito de idade ..........................................................

B.2) Do casamento anulável por vício de vontade .........................................................

B.3) Do casamento anulável por incapacidade de manifestação do consentimento ......

B.4) Do casamento anulável por ter sido realizado por procurador com poderes

revogados ........................................................................................................................

B.5) Do casamento anulável por incompetência da autoridade celebrante ....................

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ..........................................................................

3.1 Caracterização da pesquisa ...................................................................................

3.2 Desenho da pesquisa ...............................................................................................

3.3 Locus da pesquisa ...................................................................................................

3.4 Instrumentos de coleta dos dados .........................................................................

3.5 Processo de coleta dos dados .................................................................................

3.6 Técnicas de análise dos dados ................................................................................

3.7 Limites e limitações da pesquisa ...........................................................................

3.7.1 Limites da pesquisa ...............................................................................................

3.7.2 Limitações da pesquisa ..........................................................................................

4 ANÁLISE DOS DADOS ...........................................................................................

4.1 O casamento como instituição ...............................................................................

4.2 Elementos culturais presentes nos procedimentos jurídicos do casamento ......

4.2.1 Elementos culturais presentes no processo de habilitação ....................................

4.2.2 Elementos culturais presentes no processo de celebração .....................................

4.3 O Culturalismo Jurídico nos julgados do TJRS sobre nulidade do casamento

4.3.1 Julgados de casamentos nulos ...............................................................................

4.3.2 Julgados de casamentos anuláveis .........................................................................

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................

5.1 Sugestões para futuros estudos ..............................................................................

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REFERÊNCIAS ...........................................................................................................

APÊNDICE A – Quadro resumo dos acórdãos de apelação, embargos

infringentes e remessa necessária pesquisados ..........................................................

ANEXO A – Acórdãos de apelação, embargos infringentes e remessa necessária

proferidos nas ações de nulidade e de anulação de casamento pelo TJRS ..............

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1 INTRODUÇÃO

O presente capítulo visa a contextualização do problema de pesquisa, que envolve a natureza,

os procedimentos jurídicos do casamento, bem como as consequências legais decorrentes de

sua desobediência. Ato contínuo, será apresentado o problema de pesquisa, os objetivos e as

justificativas que arrimam este estudo.

1.1 Contextualização do problema

O interesse pelo Direito sobre as famílias justificou a elaboração de diversas normas de ordem

pública, dentre as quais aquelas voltadas ao casamento. Desde o advento da vigente

Constituição da República, percebe-se a preocupação do constituinte quanto ao assunto, tanto

que lhe dedicou parte do Capítulo VII para disposição de normas de preservação das famílias.

O artigo 226 da Carta Magna retrata tal perspectiva, ao asseverar: “a família, base da

sociedade, tem especial proteção do Estado” (BRASIL, 1988). Com efeito, não apenas à

Constituição coube o papel de amparar o matrimônio, tendo tal perspectiva se reproduzido

também por meio do teor dos artigos 1.511 a 1.590 do Código Civil Brasileiro (CCB)

(BRASIL, 2002).

Tratam-se, portanto, desde as normas de caráter imperativo, que se destinam não apenas a

disciplinar os requisitos a serem obedecidos para a celebração válida e eficaz dessa instituição

- o casamento, até os direitos e deveres dela decorrentes para os cônjuges: as obrigações em

relação aos filhos, eventuais inobservâncias e as formas de sua dissolução. Percebe-se, pois, o

interesse do Estado em produzir interferências para legitimar o casamento, como acontece

com toda instituição; circunstância essa que produz reflexões tanto teóricas, quanto

acadêmicas.

Além da argumentação sustentada sob a perspectiva legal que incide sobre o tema percebe-se

que a celebração dos casamentos e a própria constituição das famílias, a partir do matrimônio,

apresenta-se como aspecto já prezado por diferentes sociedades, o que se evidenciava através

do costume. O mundo jurídico está inserido nos costumes sociais e a eles atribui significância,

a ponto de consagrá-los como fontes do Direito. Para Garcia (2015), o costume é a norma

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jurídica resultado das práticas uniformes, gerais e reiteradas de certo comportamento, em

virtude da convicção de que corresponde a uma conduta jurídica e socialmente necessária.

Ao serem aprofundados estudos sobre este tema, percebe-se a importância dos procedimentos

jurídicos do casamento; alguns, inclusive, revelam-se como curiosos, sendo desconhecidos de

parte significativa da população, senão vejamos:

No tocante à etapa prévia, ou seja, ao requerimento de habilitação para o casamento, este deve

ser acompanhado de documentos e firmado, de próprio punho, pelos nubentes, ou a pedido

destes, por um procurador (artigo 1.525), o que deve ser feito pessoalmente ao Oficial do

Registro Civil e com audiência do Ministério Público (artigo 1.526). Além disso, ainda que a

documentação esteja em ordem, determina a lei que o Oficial extraia edital que deve ser

afixado durante o prazo de 15 (quinze) dias, nas localidades onde os nubentes sejam

domiciliados (artigo 1.527), a fim de conferir publicidade à intenção manifestas pelos

nubentes em se casarem e verificar se alguém contra ela se opõe (BRASIL, 2002).

Ultrapassada, com sucesso, a etapa da habilitação, será extraído um certificado, com prazo de

90 dias, período no qual deverá ocorrer a celebração do matrimônio, sob pena da perda de sua

validade (artigos 1.531 e 1.532). Autorizada a celebração, deve a cerimônia ser realizada em

prédio público ou particular consentido pela autoridade competente para presidir o ato, com

toda a publicidade, a portas abertas, e na presença simultânea dos contraentes, pessoalmente

ou através de procurador especial, além de, pelo menos, duas testemunhas, se a celebração for

em edifício público, ou de pelo menos quatro testemunhas, se ocorrer em edifício particular

ou se um dos contraentes não souber ou não puder escrever (artigos 1.533 a 1.535) (BRASIL,

2002).

Venosa (2014a) esclarece ainda que, em obediência ao disposto pelo artigo 1.535, deverão os

nubentes responder “sim”, de forma inequívoca, sem qualquer qualificativo, termo ou

condição, após a autoridade indagar-lhes se pretendem se casar por livre e espontânea

vontade. O casamento, então, será declarado efetuado, mediante o pronunciamento das

seguintes palavras sacramentais: “De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar

perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro

casados” (BRASIL, 2002).

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De maneira em geral, os ambientes institucionais, a exemplo da família e do casamento, são

regidos por valores e regras, socialmente aceitos, aos quais os sujeitos se submetem em razão

da lógica da legitimidade que a eles é agregada (LORÊTO; PACHECO, 2007). Com efeito,

aduzem as mencionadas autoras que os valores e crenças deles decorrentes funcionam como

componentes simbólicos que influenciam os sujeitos, a ponto de repercutir nas ações por eles

adotadas.

O arcabouço teórico ora demonstrado atenta para o casamento como uma instituição e, como

tal, sendo imbuído de cultura própria, o que se percebe através da presença de elementos

culturais, tais como: valores, crenças, mitos, ritos e rituais, cerimônias, símbolos, dentre

outros. Ao explicitar a relevância da questão cultural para o âmbito organizacional, Schein

(2009) concebe-a como um modelo dinâmico, composto por artefatos visíveis, valores e

pressupostos básicos, organizados de forma padronizada e paradigmática, com consistência

para orientar a ação do ser humano.

A breve descrição de alguns dos procedimentos jurídicos acima referenciados revela o quanto

práticas, crenças, obrigações, mitos e cerimônias são intrínsecos ao casamento. Com efeito,

como produto da inteligência humana, a cultura apresenta-se como elemento diferencial

decisivo para a compreensão não só das organizações, como de instituições, a exemplo do

casamento, como meio de constituição da família, que é a célula mater da sociedade.

Nesse sentido, de grande valia serão os contributos teóricos que Meyer e Rowan (1977),

agregaram acerca da Teoria Institucionalista, a partir da percepção dos mitos e cerimônias

como elementos culturais de legitimação das condutas institucionalizadas pela sociedade.

Assim, por meio da ótica institucionalista, aliada a presença dos elementos culturais, buscou-

se entender de que maneira regras, normas, ritos e rituais, mitos e cerimônias colaboram para

a legitimidade, ou seja, a aceitação de valores social e juridicamente impostos.

Fossá e Cardoso (2008) asseveram que mitos, ritos, heróis e narrativas funcionam como

poderoso instrumento de controle afetivo e intelectual sobre as ações dos membros de uma

organização, legitimando-a como instituição.

Aplicando o referido pensamento ao âmbito organizacional, Fleury e Sampaio (2002)

acrescentam que certos símbolos são criados juntamente com procedimentos implícitos e

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explícitos para legitimá-los, a exemplo das empresas concebidas como grandes famílias. Tal

perspectiva, asseveram os mencionados autores, justifica a criação de um mito que integra

vários significados e os processos de sua legitimação.

No campo do Direito, o conhecimento sobre cultura também vem sendo aplicado por meio da

Teoria Culturalista, que atenta para valores que conferem significados a determinados

substratos materiais. A partir daí, o Direito passou a não ser mais visto como uma abstração,

mas tornou-se possível a percepção de significados dos institutos jurídicos, circunstância que

viabiliza e favorece a aplicação da justiça (MONTORO, 2000).

A nova forma de enxergar o fenômeno jurídico, a partir da Teoria Culturalista, igualmente se

aplica às disposições de Direito de Família tocantes aos procedimentos jurídicos do

casamento, sendo esse um assunto que também interessa à Sociologia, a Antropologia e a

Administração. Isso porque o casamento e a constituição das famílias, para além do alcance

jurídico, também é um fenômeno social e representa uma das instituições-base de importância

para a sociedade.

No Direito, explica Venosa (2014a), coube ao campo do Direito de Família estudar as

relações das pessoas unidas pelo matrimônio, daqueles que convivem em uniões estáveis, dos

filhos e das relações destes com os pais; sendo essa a temática que despertou o interesse para

o desenvolvimento do presente estudo.

Em sendo o casamento um costume e um fato social, dotado de natureza institucional, e para

o qual o Direito dedicou normas, por meio de procedimentos jurídicos de conteúdo

obrigatório, percebe-se que a desobediência de tais disposições implica em consequências

jurídicas significativas, que podem gerar o reconhecimento judicial da inexistência ou mesmo

da invalidade do casamento; essa última expressão sendo juridicamente denominada como

“nulidade” (GONÇALVES, 2014; VENOSA, 2014a), que pode ser absoluta ou relativa. Tais

aspectos, evidenciados por meio de decisões judiciais, constituem objeto do estudo que ora se

propõe.

Propõe-se, portanto, aprofundar as discussões a respeito do casamento, como instituição

social e jurídica, tendo por pergunta de pesquisa a seguinte indagação: de que maneira a

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cultura institucional do Direito de Família interfere sobre os procedimentos de nulidade do

casamento?

Para responder a tal questão, foram traçados os objetivos, a seguir descritos:

1.2 Objetivos da pesquisa

1.2.1 Objetivo geral

Verificar de que maneira a cultura institucional do Direito de Família interfere sobre os

procedimentos de nulidade do casamento.

1.2.2 Objetivos específicos

I. Caracterizar o casamento como instituição.

II. Demonstrar os elementos culturais presentes nos procedimentos jurídicos do

casamento.

III. Identificar o culturalismo jurídico nos julgados do Tribunal de Justiça do Rio Grande

do Sul (TJRS) sobre nulidade do casamento.

1.3 Justificativas da pesquisa

1.3.1 Justificativas práticas

Em um passado relativamente próximo, o matrimônio gozou de primazia, social e

juridicamente, como meio viabilizador para a constituição solene da família, sendo esse,

possivelmente, o aspecto que estimulou o legislador a discipliná-lo por meio de normas.

Nesse sentido, Regina (2005) defende ser o matrimônio civil a mais importante e poderosa

instituição do Direito Privado, haja vista se apresentar como meio pelo qual se pode constituir

a família, que é a pedra angular da sociedade.

O decurso do tempo, todavia, revelou mutações sociais que se refletiram sobre o Direito e

ensejaram a flexibilização no rigor formal para a concepção da família. Dentre as

significativas mudanças sobre a temática, pode-se relatar a interpretação feita pelo Supremo

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Tribunal Federal (STF) acerca do artigo 226 da Constituição (Brasil, 1988), que reconheceu a

produção de efeitos jurídicos, às relações homoafetivas, a partir dos julgamentos da Ação

Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n.º 4277, e da Ação por Descumprimento de Preceito

Fundamental (ADPF) n.º 132, ambos em maio de 2011 (BRASIL, 2011).

Outra alteração sem precedentes e que incidiu sobre o instituto que ora se pretende pesquisar,

foi oriunda do advento da Lei n.º 13.146/2015, que instituiu às pessoas portadoras de

enfermidades mentais a possibilidade jurídica de contraírem matrimônio, circunstância até

então vedada pelo ordenamento jurídico.

Não bastasse o fato o casamento, de per si, apresentar-se como fenômeno, por ser uma

instituição de expressiva importância social e jurídica, as ações inéditas promovidas pelo

Judiciário e pelo Legislativo, produziram controvérsias que reacenderam sobre ele discussões

teóricas e práticas, o que justifica a produção de um estudo aprofundado ao seu respeito.

Primeiro porque, sob o plano das ideias, sobre o Direito incidem as influências da Teoria

Institucional, que também repercute na Administração, na medida em que é constante e

imperiosa a necessidade de regulação das relações humanas para discipliná-las, tudo com o

propósito de preservar a própria sociedade. Percebe-se, ainda, a interferência dos elementos

culturais, que, através de regras e valores, constituem-se como um diferencial que permitem

compreender a instituição-casamento e os fatores de aceitação social de tais normas

(legitimação).

Segundo, porque o decurso do tempo foi responsável por expor um cenário de mutações

sociais sobre o Direito de Família e a instituição do casamento, que invocaram o

acompanhamento por parte da ordem jurídica, em prol da sua aceitação e consequente

conservação de sua legitimidade.

Ademais, as marchas sociais geraram notórios rebatimentos sobre os elementos culturais que

se entrepõem à instituição do casamento, notadamente no tocante aos valores, mitos e

cerimônias. Tais circunstâncias, salvo melhor juízo, fazem jus a uma maior exploração

acadêmica, notadamente em razão da contemporaneidade dos debates que as permeiam e a

escassez de estudos firmados especificamente quanto à abordagem ora proposta.

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1.3.2 Justificativas teóricas

Através desta pesquisa buscou-se colaborar para o aprimoramento do saber humano, na

medida em que volta seu olhar à compreensão dos hodiernos reflexos ocasionados pelas

marchas sociais, assunto que presumidamente desperta interesse para além da academia.

Cuida-se de um estudo que se debruçou em torno da solução do problema de pesquisa e da

execução de seus objetivos, a partir da ótica do Judiciário em relação aos aspectos de

declaração de inexistência e de nulidades do casamento, como decorrência da desobediência

dos elementos culturais presentes nos procedimentos jurídicos.

Atribui-se como relevante o estudo das implicações institucionais e culturais sobre o

casamento, sobretudo por se tratar de uma abordagem que, no Direito, não tem sido tão

explorada. Propôs-se, outrossim, com o presente estudo, contribuir para uma abordagem

interdisciplinar, que permita à comunidade acadêmica perceber de que forma construtos como

a cultura e os elementos culturais, estudados em Administração, influenciam o cotidiano

científico do Direito.

Ao fim, pretendeu-se fomentar, perante o público operador do Direito, a superação da visão

positivista do Direito, através da qual o fenômeno jurídico é explicado a partir da perspectiva

das normas positivas, ou seja, impostas pela autoridade soberana de dada sociedade, sem

atribuir importância à presença da justiça (NADER, 2014).

Venosa (2014b) assevera que o positivismo nega a existência de juízos de valor, pois se

prende tão somente aos fenômenos que podem ser observados, razão porque passou a ser alvo

de críticas. “... o Direito é antes de tudo um produto dos costumes e das convicções de um

povo e não propriamente a lei, formulada e positivada pelo legislador” (p. 54).

Buscou-se, outrossim, despertar maior atenção quanto aos contributos que a Teoria

Culturalista do Direito pode agregar à prática, sobretudo por afastar as meras noções abstratas

e por humanizar a visão jurídica sobre os fatos sociais. O Culturalismo Jurídico defende que a

noção de valor é fundamental para a expressão do próprio Direito, sendo essa a sua finalidade,

já que as normas são apenas uma das faces do fenômeno jurídico, ao lado do fato social e do

valor (VENOSA, 2014b).

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo se destina a declinar as teorias e os fundamentos conceituais que conferem

sustentação à pesquisa pretendida. Para tanto, foi proposta sua divisão em quatro partes: de

logo, proceder-se-á uma discussão acerca da Teoria Institucional e do enquadramento do

casamento como instituição. Em seguida, serão demonstrados os procedimentos jurídicos do

casamento. Ato contínuo, aborda-se o Culturalismo jurídico e os elementos culturais do

casamento, e, finalmente, as nulidades que podem acometer o casamento.

2.1 A Teoria Institucional: pressupostos e características das instituições

As relações sociais, historicamente, têm constituído objeto de interesse para a ciência. Uma

das formas precípuas pelas quais tal aspecto se revela por meio dos estudos desenvolvidos

sobre a Teoria Institucional, que despertaram inquietação em diversos segmentos e para

diferentes ciências, razão pela qual pertinente e cabível se apresenta a presente discussão.

2.1.1 Teoria Institucional: importância segundo diferentes ciências, conceito e pressupostos

Ao abordar o conceito de instituição, Peci (2006) ressalta que, do ponto de vista da

Antropologia, perceber-se-á como o estudo da sociedade em ação, nos limites das formas

sociais solidamente estabelecidas. A Psicologia, por sua vez, interessa-se pela temática, na

medida em que se propõe a descrever os comportamentos sociais nela observados, ao passo

que, para a Sociologia, ela se destaca, quando comparada às unidades mais simples de

comportamento social.

Definindo a perspectiva conceitual mais tradicional, Cruz (2015) expõe que as instituições são

socialmente construídas a partir das necessidades e pressões dos indivíduos que a compõem e

com ela interagem. Conforme o referido autor, de início, as instituições se estabeleceriam a

partir dos valores pessoais de uma liderança em consonância com os valores da comunidade,

circunstância que, com o tempo, permitiria a harmonização das relações sociais.

Sob a perspectiva das Ciências Sociais, Corrêa (2012) esclarece que, inicialmente, a Teoria

Institucional se propôs a explicar a organização legal da sociedade e as formas de controle

pelas quais o Estado estabelece a ordem social. Com efeito, prossegue a mencionada autora,

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muitas vezes, o Estado não consegue exercer toda a sua capacidade de coerção e manutenção

da ordem e da justiça, razão pela qual, nessas ocasiões, delega poderes a instituições que não

necessariamente compõem a estrutura do Estado.

A partir da década de 70, porém, surgiu a necessidade de mais compreensão sobre a forma

como se opera a homogeneização das relações sociais nas instituições, o que deu origem a um

movimento denominado de neoinstitucionalismo. Nesse movimento, alcançaram notoriedade

os estudos desencadeados por Meyer e Rowan (1977) (CRUZ, 2015).

Por conseguinte, a importância assumida pelas instituições, para a vida social, igualmente se

refletiu no âmbito da Administração, ao se estabelecer um paralelo entre as instituições e as

organizações. Nesse sentido, Meyer e Rowan (1977) destacam que as organizações tendem a

adotar práticas e procedimentos pautados à luz de regras institucionalizadas pela sociedade.

Essa característica, afirmam os mencionados teóricos, ainda quando não proporcionam

eficácia sob uma perspectiva imediata, conferem legitimidade às regras investidas de tais

orientações, o que prospecta a própria sobrevivência da organização.

As diretrizes traçadas pelas instituições sobre o comportamento humano as aproximam de

elementos estudados na cultura, tais como mitos e cerimônias. Foi o que afirmaram Meyer e

Rowan (1977), para quem as regras institucionais são responsáveis pelo aumento na

complexidade das estruturas organizacionais, ao passo que funcionam como mitos, que se

destinam a sua própria preservação e estabilidade. Assim, a conquista da legitimidade pelas

organizações seria decorrência da adaptação a que se sujeitariam diante dos mitos

institucionalizados no ambiente, evitando a possibilidade de serem denominadas como

negligentes, irracionais ou desnecessárias (CRUZ, 2015).

Percebeu-se, portanto, que a Teoria Institucional trouxe consigo um viés determinista que

incide sobre os valores sociais imbuídos de conteúdo cultural, tais como práticas, crenças e

obrigações, que passaram a assumir status de regras de pensamento e de ação social

(MEYER; ROWAN, 1977).

Peter Berger e Berger (1977) esclarecem que as instituições são padrões de controle que se

destinam a programar a conduta individual imposta pela sociedade. Os pré-falados autores

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defendem que a linguagem é a primeira instituição com que o indivíduo se depara na

sociedade e que, através dela, as demais instituições apresentam-se como atuantes.

Assim, Berger e Berger (1977) pautam as características fundamentais das instituições sociais,

senão vejamos: a) exterioridade: as instituições são extrínsecas aos indivíduos, ou seja,

diferem dos pensamentos, sentimentos e fantasias das pessoas inseridas na sociedade. Como

as instituições são exteriores, elas se impõem independentemente da vontade e da consciência

dos sujeitos; b) objetividade: segundo os mencionados autores, a objetividade é consequência

da exterioridade, isso porque todos ou quase todos reconhecem e admitem que a existência

das instituições de uma determinada maneira.

c) coercitividade: também consequência das características anteriores, diz-se que as

instituições são dotadas de força coercitiva, isso porque elas existem de forma objetiva e não

podem ser afastadas pelos indivíduos. Segundo os referidos autores, a força coercitiva das

instituições, inclusive, se verifica mais rudemente quando os sujeitos tentam ignorá-la ou

modificá-la; d) autonomia moral: significa dizer que as instituições são imbuídas de

autoridade moral, conceito que transcende o da força coercitiva e as colocam em posição de

legitimidade perante os indivíduos. Portanto, as instituições podem reprimir aqueles que a

violam, assim como repreendê-los moralmente, inclusive; e) historicidade: por tal

característica, as instituições são fatos históricos, o que leva à conclusão de que praticamente

todas as instituições existiam antes de os indivíduos nascerem e prosseguirão existindo após a

sua morte. Assim, as ideias corporificadas e defendidas nas instituições foram construídas e

acumuladas, ao longo de muito tempo, por pessoas no passado.

O assunto em tela tem levado os estudiosos a debaterem sobre em que medida os paradigmas

estabelecidos institucionalmente têm interferido na realidade dos sujeitos, sendo, pois, uma

discussão que conduz à abordagem de temáticas diferentes. Primeiro, porque não se pode

perder de vista a origem da questão, que toca a importância da institucionalização sobre os

processos sociais.

Segundo, porque o tema impõe um estudo sobre os elementos culturais, que se apresentam

como objetos de incidência de tais regras, ao mesmo tempo em que influenciam as práticas

dos sujeitos a elas submetidos. Por fim, porque não se pode perder de vista a constante busca

pela legitimidade de tais preceitos sobre as ações humanas. Tal perspectiva pressupõe, em

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alguma medida, a interferência sobre o comportamento das pessoas, sendo a característica que

permitiu a incidência do chamado “isomorfismo institucional”, fenômeno que identifica a

semelhança das instituições com outras, como forma de homogeneização de suas estruturas

(SILVA; DIAS; SILVA, 2015).

Esses aspectos serão abordados a seguir, haja vista a sua pertinência face a natureza

institucional que permeia o casamento.

2.1.2 A Teoria Institucional e a natureza do casamento

Dentre as ciências que se propõem a estudar as instituições também se verifica o Direito.

Consoante Ferraz Júnior (2003), há no universo jurídico uma preocupação constante sobre os

fenômenos sociais, sobre os quais o Direito atua como instrumento de regulação, que permite

o seu controle.

Gusmão (1978), por sua vez, valoriza as instituições como conjuntos de padrões sociais

sedimentados para a vida, que agem como controladoras das ações humanas, cabendo ao

Direito discipliná-las. Consoante o pré-falado autor, a Teoria da Instituição explica a origem

do Direito, porquanto, a partir dela, cria-se um estado de comunhão propício à ordem jurídica

regulatória, o que permite garantir e perpetuar as instituições no meio social.

Percebe-se, pois, que o conhecimento acerca da Teoria institucional é um pressuposto

necessário para a compreensão de institutos de Direito de Família, a exemplo do casamento,

isso porque, segundo Diniz (2010) trata-se da mais poderosa de todas as instituições de direito

privado, por ser uma das bases da família, que é a pedra angular da sociedade. A mencionada

autora advoga o entendimento de que o matrimônio é a peça-chave de todo o sistema social,

por se apresentar como pilar do esquema moral, social e cultural do país.

Gonçalves (2014) esclarece que, dentre as discussões teóricas que se propõem a explicar a

natureza do casamento, inicialmente, se apresenta a chamada Teoria Contratualista. Oriunda

do Século XIX, a chamada concepção clássica preconizou ser o casamento um negócio

jurídico contratual estabelecido a partir do consenso entre homem e mulher. Tratou-se da

linha que se opôs à visão religiosa, pela qual seria o matrimônio tão somente um sacramento,

então defendida pelo Direito Canônico.

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Dias (2010) ressalta que essa se tratou da primeira corrente, denominada individualista, que

ainda sob as influências do Direito Canônico, atribuía ao casamento a natureza de um contrato

de vontades convergentes para a obtenção de fins jurídicos. A respeito dessa perspectiva,

Lôbo (2011) esclarece que razões teológicas sustentaram essa primeira corrente, que se

projetou antes da proclamação da Constituição da República. Segundo o referido doutrinador,

desde a sua fundação, o Cristianismo invocou para si o casamento, tornando-o uma instituição

divina, um sacramento, indissolúvel por ato dos próprios cônjuges.

Insurgindo-se contra a teoria contratualista, surgiu a concepção institucionalista ou

supraindividualista, segundo a qual o casamento seria uma instituição social, vez que se

apresenta como situação jurídica sobre a qual o legislador reproduziu parâmetros normativos

(GONÇALVES, 2014).

Nesse sentir, Venosa (2014a) ressalta que as instituições devem ser compreendidas como

formas regulares, solenes e definidas de realizar uma atividade e que as instituições jurídicas

compreendem um universo de normas organizadas sistematicamente para regular direitos e

deveres de determinado fenômeno ou esfera social.

Assim, prossegue o referido doutrinador, dentre aquelas que mais produzem repercussões

jurídicas e sociais encontra-se o casamento, que viabiliza a constituição da família, como

coletividade humana, subordinada à autoridade e às condutas sociais, razão pela qual o

Direito, como ciência social, a reconhece e regulamenta.

A segunda corrente foi denominada institucional, haja vista o destaque conferido para o

conjunto de normas imperativas a que os nubentes devem aderir para o alcance da sua

finalidade, que é o estabelecimento da comunhão plena de vida, com base na igualdade de

direitos e deveres dos cônjuges (DIAS, 2010). Gonçalves (2012) ressalta que, nesses casos,

corresponderia a uma grande instituição social, a ela aderindo os que se casam.

Dias (2010) assinala, ainda, o terceiro viés doutrinário, denominado eclético, que atribui ao

casamento a natureza de ato complexo. Assim, seria um elemento híbrido, observado como

um contrato, quando de sua formação, e de uma instituição, no tocante ao seu conteúdo.

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Gonçalves (2014) esclarece que essa terceira corrente, denominada mista ou eclética,

procurou conjugar os elementos das anteriores, na medida em que seria o casamento um ato

complexo, misto de contrato e instituição. Conforme o mencionado doutrinador, trata-se de

um contrato especial, sui generis, justamente porque não versa precipuamente acerca de

interesses patrimoniais, mas por abordar o direito de família.

A corrente eclética corresponde, a bem da verdade, a uma fusão das antecessoras, ao

considerar o casamento um contrato especial, portanto, diferente dos contratos em geral,

mediante o qual os nubentes formalizam sua adesão a uma instituição pré-organizada, a fim

de alcançar o estado matrimonial; é o que defende Gonçalves (2012).

Essa última concepção, salvo melhor juízo, corresponde a mais pertinente, por conseguir

conciliar ambos os aspectos. De um lado, o negocial, de conteúdo mais jurídico, ante o

consenso manifestado por duas pessoas que pretendem constituir entidade familiar, ao passo

que, de outro, evidencia aspectos institucionais, de natureza predominantemente sociológica,

na medida em que os cônjuges se submetem a uma estrutura jurídica predisposta e de caráter

cogente destinada a disciplinar as relações entre si e em relação à prole (VENOSA, 2014a).

Donizetti e Quintella (2013) afirmam que a abordagem do matrimônio, como “instituição

social”, consiste em uma figura jurídica nova, ao passo que Dias (2010) justifica que isso se

deve ao fato desse conceito abordar um viés mais sociológico que jurídico, uma vez que as

pessoas, ao se casarem, se sujeitam aos efeitos do casamento, que incidem independentemente

da vontade dos contraentes.

Ainda a referida autora sinaliza que o elevado número de regras e imposições surgem a partir

da celebração, sendo consequências da determinação legal, e não por livre manifestação dos

cônjuges. Dessa maneira, tal aspecto cogente e imperativo também se mostra como outra

característica dos efeitos institucionais.

Gagliano e Pamplona Filho (2011), por sua vez, reconhecem no casamento um instituto de

Direito Privado, todavia discutem as correntes antes mencionadas, pelas quais se controverte

se há um viés contratual a ele atrelado ou se é puramente institucional. Esses doutrinadores

esclarecem que, sob a perspectiva não contratual, o casamento seria um ato-condição, ou seja,

uma declaração de vontade que, ao ser manifesta, sedimenta uma situação jurídica impessoal.

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Por outro lado, os mesmos teóricos analisam que há os que defendam o casamento como

instituição, haja vista o estatuto de normas que o disciplinam.

Finalmente, há aqueles que percebem, no casamento, um negócio jurídico complexo, pois o

Estado é dele participante em seu ciclo formativo (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO,

2011). Assim, consoante Diniz (2010), não é e nem seria o matrimônio apenas a formalização

ou legalização da união sexual entre duas pessoas, mas, antes disso, é a junção da matéria e do

espírito para atingirem a plenitude no desenvolvimento de sua personalidade, por meio do

companheirismo e do amor.

Portanto, em que pese não haver um consenso absolutamente estabelecido a respeito da

natureza do casamento, eis que nenhuma das três correntes que se firmaram são excludentes

uma da outra, mas pelo contrário, elas complementam-se entre si.

Vê-se, portanto, que o casamento tem a natureza de instituição, tanto em virtude da

fundamentação jurídica, quanto em decorrência dos argumentos sociológicos, vez que o

matrimônio evidencia as características das instituições sociais defendidas por Berger e

Berger (1977), a saber: exterioridade, objetividade, coercitividade, autonomia moral e

historicidade.

Como tal, o casamento produz efeitos sobre a sociedade, na medida em que se revela como

um núcleo de formação social da família, sobre o qual o Estado disciplinou normas de

conteúdo imperativo, a fim de discipliná-lo.

Destarte, em sendo um meio que viabiliza a constituição da família, considerada uma das

células mater da sociedade, sobre ele declinou o legislador especial atenção, através da

elaboração de um conjunto de regras, que se encontram disciplinadas em lei, precisamente no

artigo 226 da Constituição Federal (Brasil, 1988) e entre os artigos 1.511 a 1.590 do CCB

(BRASIL, 2002).

Dessa forma, aqueles que legitimamente pretendem contrair matrimônio necessitam moldar

suas condutas às determinações legais, característica essa que é uma decorrência do chamado

“isomorfismo institucional”, sobre o qual se discorre na Seção adiante.

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2.1.3 O isomorfismo institucional

A partir da Teoria Institucional, percebeu-se que as ações sociais poderiam ser orientadas, a

ponto de pautar e modelar o comportamento das pessoas na sociedade. Esse aspecto retrata o

isomorfismo institucional, que é uma característica observada a partir de processos de

transformação sistêmica tendente à homogeneização de condutas em prol da legitimidade

(KELM et al., 2014).

A discussão sobre o isomorfismo institucional torna-se imprescindível para o conhecimento

das instituições, razão pela qual trazer seu conteúdo à baila agrega importante contribuição

para a presente discussão.

Silva, Dias e Silva (2015) discorrem que o isomorfismo consiste na busca pela semelhança

com outras instituições, que tem por objetivo homogeneizar as estruturas. Segundo os

referidos autores, tal processo seria conduzido com o propósito de enfrentamento contra as

ameaças ambientais. Por conseguinte, ao se reproduzirem comportamentos, torna-se

perceptível o objetivo de preservar a própria instituição.

Peci (2006) ressalta que o isomorfismo implica em consequências cruciais: inicialmente, é a

partir dele que são incorporados elementos legitimados externamente. Ademais, prossegue a

referida autora, a partir dele são empregados critérios externos ou cerimoniais, a fim de

definir valor para elementos estruturais da instituição. Por fim, afirma a mencionada autora

que o isomorfismo é responsável por reduzir turbulências e manter a estabilidade da

instituição.

DiMaggio e Powell (2005) defendem que o isomorfismo é um fenômeno que explica o

processo de homogeneização, pois, através dele, estabelecem-se mecanismos de restrição que

forçam uma unidade em uma população a se assemelhar a outras unidades que enfrentam o

mesmo conjunto de condições ambientais.

Esses autores diferenciam o isomorfismo em competitivo e institucional. O primeiro diz

respeito às esferas organizacionais, pelo qual, inspirado sob a racionalidade sistêmica, põe-se

ênfase à competição no mercado e à mudança de nichos e de medidas de adequação. Esse

fenômeno, afirmam DiMaggio e Powell (2005) é mais frequente em campos de competição

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livres e abertos e se destina, salvo melhor juízo, em assemelhar as estruturas organizacionais

às de outras empresas exitosas, a fim de permitir a adoção antecipada de estratégias de

inovação.

Ocorre que, consoante os mencionados teóricos, o isomorfismo competitivo, por si só, não é

suficiente para se adequar ao quadro moderno das organizações, havendo a necessidade de ser

complementado pelos postulados do isomorfismo institucional. A ideia seria a de

compreender de que maneira outras organizações funcionam como forças no mundo exterior a

exercer pressão sobre as organizações. É o isomorfismo institucional que permite entender a

política e o cerimonial que permeiam a vida organizacional moderna (DIMAGGIO;

POWELL, 2005).

DiMaggio e Powell (2005) estabelecem três formas de mudança isomórfica institucional, que

promovem a homogeneização de comportamentos na sociedade, e, assim, explicam o

surgimento da própria institucionalização; são eles: mecanismos coercitivos, miméticos e

normativos.

O viés coercitivo, afirmam os referidos autores, deriva de influências políticas e da questão da

legitimidade. Ele resulta de pressões formais e informais exercidas por outras organizações e

pelas expectativas culturais lançadas pela sociedade. Segundo Meyer e Rowan (1977), à

medida em que as estruturas do Estado e das organizações se expandem para permitir a

incidência de influências políticas e de pressões sociais, verifica-se o aumento de regras

institucionalizadas e legitimadas.

Os mecanismos miméticos, por sua vez, estariam associados à necessidade de imitar

estruturas institucionais exitosas. Nesse caso, o fenômeno ocorre como uma resposta à

incerteza, que seria amenizada à medida que outras organizações são adotadas como

paradigmas. Trata-se de um processo ritualístico, em que as mudanças incorporadas, a partir

da observação de instituições-modelo, também visam aumentar a legitimidade da instituição,

que assim tem procedido como uma forma de se manter (DIMAGGIO; POWELL, 2005).

No tocante ao processo normativo, Carvalho, Vieira e Silva (2012) ressaltam ser

consequência da delimitação de um conjunto de normas e procedimentos direcionados a

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ocupações e atividades específicas. DiMaggio e Powell (2005) afirmam que, nesses casos, a

mudança institucional nas organizações tem por fonte a busca pela profissionalização.

Em que pese os estudos sofre o isomorfismo terem sido predominantemente direcionados à

esfera organizacional, percebe-se também seu cabimento no tocante ao casamento, como

instituição. De logo, percebe-se que, sobre o casamento, incidiu o isomorfismo coercitivo, no

tocante ao clamor social que se voltou para o reconhecimento de efeitos jurídicos para as

relações homoafetivas. Tais pressões ganharam força, sobretudo a partir de maio de 2011,

quando foram propostas a ADI n.º 4277 e a ADPF n.º 132, (BRASIL, 2011).

Tais ações foram julgadas pelo STF, tendo sido acolhido o pleito, de modo que a mais alta

côrte do país reconheceu juridicidade às relações homoafetivas. É bem verdade que,

consoante será explicado adiante, tal fato não teve o condão de, do ponto de vista da redação

legal, permitir o casamento homoafetivo. Contudo, foi o primeiro passo dado para a

consecução desse objetivo.

Da mesma forma, pode-se dizer em relação ao advento da Lei n.º 13.146/2015, que surgiu sob

o argumento da inclusão social e jurídica de pessoas com deficiência. Conforme será

evidenciado na próxima Seção, até então às chamadas pessoas “amentais” era negada a

permissão legal para contraírem matrimônio, aspecto esse que veio a ser revogado após a

sanção do referido diploma legal.

Em que pese os conteúdos agregados pelos teóricos a respeito do isomorfismo normativo,

igualmente resta aplicável ao instituto do casamento. É que, conforme antes demonstrado, o

casamento é o ato jurídico mais complexo do ordenamento jurídico e a exemplo do que

restará evidenciado na Seção seguinte, tal fato se deve ao significativo arcabouço de normas e

disposições legais que envolvem o assunto em tela. Tratam-se normas de caráter público, de

aplicação imperativa, que, se inobservados, são incapazes de gerar a invalidade do próprio

matrimônio.

Assim, caracterizado o casamento como fato social e instituição, sobre ele atribuem-se

valores, contextualizados, no contexto histórico, traduzidos por meio de normas. Ao ser

pautada a importância dos valores para a compreensão dos fenômenos sociais, percebe-se que

o Direito não é apenas uma abstração, mas pelo contrário, é um produto cultural, porquanto

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idealizado pelo homem, sendo essa a noção introdutória sobre o culturalismo jurídico, assunto

sobre o qual se passa a discorrer abaixo.

2.2 O culturalismo jurídico e seus reflexos sobre o casamento

O presente estudo volta sua atenção ao casamento, como instituição e fato social; mais ainda:

como um aspecto cultural, que apresenta reflexos para diferentes ciências. Nesta Seção, vai

ser abordada a importância da cultura e o Culturalismo Jurídico, escola que se propõe a

explicar o fenômeno jurídico, a partir do viés cultural.

2.2.1 Conceito de cultura

A compreensão sobre o Culturalismo Jurídico pressupõe uma discussão prévia acerca do

conceito de cultura e sua importância para diferentes ciências. Inicialmente, convém ressaltar

os postulados de Schein (2009), que reconhece a importância da compreensão sobre a cultura,

na medida em que se trata de construto que ajuda a explicar os fenômenos que agem sobre as

pessoas e sobre os grupos.

Sobre o conceito de cultura, todavia, parece pairar controvérsias, graças à abstração que lhe é

inerente. Isso é o que dispõe Schein (2009) que, aliás, recomenda cautela, para que não seja

empregado de forma uniforme e generalista, assim como para que não se pretenda buscar

equivocadamente definições incorretas.

O referido autor menciona que o aspecto mais intrigante da cultura diz respeito a sua

invisibilidade, vez que se estabelece a partir dos fenômenos dotados de certo grau de

inconsciência. A despeito de sua característica latente, há na cultura aspectos norteadores,

capazes de guiar o comportamento das pessoas, mediante normas compartilhadas e assumidas

pelo grupo (SCHEIN, 2009).

A cultura constitui objeto de estudo tanto para a Administração quanto para o Direito. Na

tentativa de resgatar as suas origens, Fleury e Sampaio (2002) esclarecem que o conceito não

surgiu no seio da teoria administrativa, sendo muito mais antigo. Os referidos autores

explicam que os romanos empregavam a expressão colere, referindo-se ao cultivo de produtos

da terra, a educação, o desenvolvimento da infância e o cuidado com os deuses. Apesar de ter

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se modificado, com o decurso do tempo, algumas dessas ideias mantêm-se ainda hoje, tendo

Edward B. Tylor (1871 apud Fleury; Sampaio, 2002) definido cultura como o complexo total

de conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e quaisquer outras aptidões e hábitos

adquiridos pelo homem como membro da sociedade.

A cultura colabora para a compreensão da realidade, uma vez que, a partir dela, o indivíduo

consegue compartilhar um senso comum sobre a realidade, ao traçar significados por ele

atribuídos, aos objetos e os sentidos agregados pelos outros (FLEURY; SAMPAIO, 2002).

Ao discutir o conceito de cultura, Reale (2003) esclarece haver controvérsias no tocante à

procedência da palavra, animadas sobretudo, por duas correntes: uma, que defende tratar-se

de decorrência do termo kultur, que fora agregada ao nosso meio nacional por influência da

filosofia alemã; a outra, que acredita ser de origem latina, vez que teria sido utilizada por

escritores latinos em dois sentidos: como cultura agri, ou seja, agricultura ou cultura do

campo, e como cultura animi, isso é, a cultura do espírito, baseado no aperfeiçoamento

espiritual a partir do conhecimento da natureza humana.

A partir de então, Reale (2003, p. 25-26) traçou o seguinte conceito:

Pois bem, “cultura” é o conjunto de tudo aquilo que, nos planos material e

espiritual, o homem constrói sobre a base da natureza, quer para modificá-la,

quer para modificar-se a si mesmo. É, desse modo, o conjunto de utensílios e

instrumentos, das obras e serviços, assim como das atitudes espirituais e

formas de comportamento que o homem veio formando e aperfeiçoando,

através da história, como cabedal ou patrimônio da espécie humana.

A partir desse conceito torna-se possível extrair os dois elementos que integram o bem

cultural, quais sejam: o suporte – que representa a sua matéria; e o significado – que exprime

sempre um valor, como por exemplo: verdade, bem, utilidade, beleza, poder etc. O valor não

se impõe; ao contrário, a pessoa que, captando-o, decide de sua existência e escolhe entre

diversos outros valores (MONTORO, 2000).

Reale (2003) ressalta, portanto, que, no universo, existem duas ordens de realidades ou

ciências: uma, físico-natural e outra, de âmbito cultural. Nesse sentido, Montoro (2000)

completa esse raciocínio, afirmando que as primeiras são objetivas e neutras, não enxergando

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os valores; enquanto que as segundas permitem a elaboração de juízos de valor, após o

contato com a realidade.

Assim, Venosa (2014b) esclarece que também o Direito se insere no mundo das ciências

culturais, por ser um dos muitos instrumentos de adaptação criados pelo homem. Consoante o

referido autor, ele é, simultaneamente, um processo e um produto cultural: sob o primeiro

aspecto, porque corresponde a uma atividade valorativa cujo escopo é o de realizar a ordem, a

segurança, a paz social e o bem comum; sob o segundo, porque é resultado de um processo

valorativo.

Assim, o Direito reage às alterações culturais em movimento permanente, sendo, portanto, um

sistema organizado de valores, que disciplina as condutas, impondo princípios à vida em

sociedade (VENOSA, 2014b), aspecto esse explorado por meio dos ideais do Culturalismo

Jurídico, a seguir expostos:

2.2.2 Culturalismo Jurídico

Dentre as escolas e teorias que refletiram acerca do pensamento jurídico destacou-se o

Culturalismo Jurídico, segundo a qual o Direito é uma criação do homem, sendo dotado de

conteúdo valorativo, razão porque pertence ao âmbito da cultura (GARCIA, 2015).

Oriundo da Alemanha, relata Gusmão (1978), o movimento que se tornou conhecido como

culturalismo jurídico expandiu suas ideias pelo mundo, advogando que o Direito é um

produto cultural, por ser decorrência do pensar humano, cuja estrutura é composta por

elementos da natureza, de caráter corpóreo, aliados a aspectos de conteúdo imaterial, tais

como o valor, responsáveis por atribuir sentido e significado aos fenômenos sociais e às

normas jurídicas. Assim, acrescenta Silva (2007), seria o Direito uma realização do espírito

humano, dotado de um substrato e de um sentido.

Ao ponderar a respeito da importância do culturalismo jurídico, Montoro (2000) aponta o fato

de se voltar o olhar científico para questões que vão além das realidades física-natural,

psíquica ou ideal, presentes em outras ciências. O referido autor afirma que a cultura agrega

para o Direito as noções de sentido ou significação, orientando os institutos jurídicos para

uma finalidade, conforme um valor, que existe no tempo e em um lugar.

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O mencionado doutrinador ressalta que a cultura revela-se como cabedal de bens objetivados

pelo espírito humano, na realização de seus fins específicos e que, sob a perspectiva prática,

tal entendimento contribui para o universo jurídico, na medida em que introduz uma nova

forma de aplicação do próprio Direito: a partir da atitude valorativa.

Prosseguindo em sua docência, ressalta o referido teórico que o principal contributo

proporcionado pela atitude valorativa consiste em enxergar o Direito, não como uma

abstração em seu próprio fim, mas sobretudo compromissando-o com os ditames da justiça e

do bem comum. “O direito é um fato cultural, cujo „sentido‟ consiste em achar-se sempre a

serviço da justiça. Essa é a atitude da Ciência do Direito” (MONTORO, 2000, p. 276).

Nader (2014), por sua vez, esclarece que, como processo de adaptação social, o Direito é

produto de forças sociais, que visam a garantia da ordem na sociedade, inspirada por

princípios de justiça. Portanto, afirma o referido doutrinador: o Direito é uma criação humana

dotada de valor, sendo, por definição, um objeto cultural.

Por assim dizer, resta configurada uma “filosofia dos valores” ou “filosofia da cultura” que

estabelece uma rigorosa distinção entre o “ser” e o “dever ser”. Na busca do sentido dos

institutos jurídicos, o plano do “ser” caracteriza-se como o suporte material ou aquilo que

retrata as questões ligadas à realidade; enquanto que aquele do “dever ser” constitui-se no

sentido, pautado por meio dos valores (MONTORO, 2000).

Segundo Nader (2014), os valores jurídicos são abordados pela Filosofia do Direito, por meio

da Teoria dos Valores ou Axiologia. Ainda conforme o referido o autor, são os valores que

expõem para o homem aquilo considerado importante para a sua vida, razão pela qual são eles

que orientam as ações humanas.

Com efeito, os institutos de Direito de Família permitem a aplicação dos postulados da Teoria

Culturalista. Esse Direito integra um dos ramos do Direito Civil, que se destina a

regulamentar as relações familiares, patrimoniais e obrigacionais entre as pessoas. Os seus

institutos aplicam-se a todo e qualquer sujeito, disciplinando seu modo de ser e de agir,

independentemente de suas condições sociais e culturais. Dentre os referidos institutos,

encontra-se o casamento (DINIZ, 2009).

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Ao prezar pelo significado dos atos e institutos, a Teoria Culturalista do Direito contempla

para além do aspecto formal e extrínseco da lei, razão pela qual mais facilmente se volta à

aplicação da justiça (REALE, 2002):

Por outro lado, nem ao Direito basta a “conformidade extrínseca”, como no-

lo demonstram as hipóteses de anulação do ato, formalmente perfeito, mas

viciado de simulação ou fraude. O sim que o nubente profere perante o juiz

de casamentos não tem juridicamente as mesmas consequências, quaisquer

que tenham sido os motivos que o ditaram, pois o assentimento pode ter

resultado, por exemplo, de coação que invalida o ato (REALE, 2002, p.

661).

Por fim, Nader (2014) defende com ênfase, que o suporte do Direito consiste na conduta

social do homem, razão pela qual se faz necessário o estabelecimento de diretrizes para a

convivência das pessoas, modelando o agir em sociedade. Para esse mesmo autor, os

processos culturais, ao consagrar valores, viabilizam a formação dos institutos e a

concretização da justiça, sendo esta a causa final que encerra toda a grandeza do Direito.

Gusmão (1978) acrescenta que o culturalismo jurídico sedimentou-se mais fortemente na

América Latina, a partir dos postulados de dois renomados juristas: o argentino Carlos

Cossio, idealizador da Teoria Egológica do Direito e defensor da corrente culturalista

subjetiva, e o brasileiro Miguel Reale, criador da Teoria Tridimensional do Direito, também

defensor da corrente culturalista objetiva, sobre os quais versa a Seção adiante.

A) A Teoria Egológica do Direito, de Carlos Cossio

Carlos Cossio inspirado nas ideias da fenomenologia, deu origem a um movimento filosófico

iniciado na década de 40, e que encontrou em Husserl um de seus principais expoentes

(GUSMÃO, 1978).

Segundo Diniz (2009), ele se propôs a utilizar instrumentos mentais para a busca de uma

melhor compreensão do Direito sobre as condutas humanas, voltadas à dimensão social. A

partir dessa perspectiva, o Direito passou a ser definido como fenômeno cultural, cujo

substrato pertence à natureza humana, que é dotado de um sentido. Assim, ratifica a

mencionada doutrinadora, seria o Direito um objeto cultural egológico, que tem por substrato

a conduta humana sobre a qual incidem os valores.

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Junqueira (2013) esclarece que a escolha pelo termo “egológico” diz respeito à necessária

referência ao sujeito do conhecimento jurídico, ou seja, o “eu”. Silva (2007) acrescenta que o

Direito é uma ciência de realidades, sendo essas fundadas em experiências culturais ou

humanas, e não em experiências causais ou da natureza.

Diniz (2009) ainda relata a existência de uma íntima relação que se estabeleceu entre o

Egologismo Jurídico de Carlos Cossio e a Fenomenologia de Husserl, na medida em que, por

meio de um processo de intuição eidética, o pensamento seria capaz de apreender a essência

do direito, não sendo necessário recorrer a nenhuma norma.

Daltro e Figueiredo (2012), por sua vez, acrescentam que a Egologia não se propõe a

interpretar a norma em si mesma, mas por meio dela, busca-se compreender a conduta

humana em sua interferência subjetiva, ou seja, de forma compartilhada. Prosseguem, ainda,

esclarecendo que, a Teoria Egológica do Direito busca interpretar para conhecer; logo, a

questão da interpretação implica na compreensão dos sentidos jurídicos (DALTRO;

FIGUEIREDO, 2012).

Portanto, a Teoria Cossiana sustenta que a norma é pensamento da conduta, que por si só se

compreende, ou seja, ela é um juízo para o pensamento e um conceito para o conhecimento,

enquanto a conduta é o objeto do direito (DALTRO; FIGUEIREDO, 2012).

Assim, a norma, nos ideais de Cossio, não é objeto do Direito, mas sim instrumento por meio

do qual o Direito se expressa. Portanto, diferenciando-se do Positivismo Jurídico, o Direito

não seria produto da razão, nem de normas, mas pelo contrário, surge a partir da experiência

como conduta compartida (DINIZ, 2009).

Hassan (2012) explica que, para a Teoria Egológica, o Direito leva em consideração a conduta

no momento, daí defender que o Direito não é a norma, e sim a conduta, tendo, portanto, um

objeto cultural. Consoante o pré-falado autor, Cossio concluiu que, se as determinações

emanadas pelo legislador fossem suficientes, bastava proibir o homicídio para que essa prática

fosse acabada. Por conseguinte, o “dever ser” não pode ser visto de forma isolada, como

defendiam os positivistas, mas sim contextualizado em seu sentido, por meio dos valores

(MONTORO, 2000; HASSAN, 2012).

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Sob essa ótica, o culturalismo jurídico representa, segundo Montoro (2000), uma formulação

moderna da problemática do Direito, voltada à concepção humanista. Isso porque, ao enxergar

o Direito como produto do mundo cultural, rejeita-se a ideia de perceber o fenômeno jurídico

como simples parte integrante das ciências naturais. Essa nova significação se contrapõe, por

conseguinte, às concepções positivistas e representa uma mudança sem precedentes, na

história da ciência jurídica (MONTORO, 2000).

Portanto, segundo Daltro e Figueiredo (2012), o pensamento cossiano sustenta que a

interpretação judicial da norma jurídica repousa sobre sete valores jurídicos, que são os seus

balizadores, a saber: a ordem, a segurança, o poder, a paz, a cooperação, a solidariedade e a

justiça.

Cossio ampliou qualitativamente o processo do conhecimento jurídico, nominando-o como

um “conhecimento de protagonista”, sendo o juiz o maior deles. Ao julgar, o magistrado tem

acesso a valores compartilhados, que integram a realidade, de modo que não se trata de uma

apreciação solitária, uma vez que há implicados, valores e visões do mundo. Os valores

traduzem, assim, uma sintonia com a sociedade e o senso comum e isso demonstra que a

experiência existe para além do intelecto, estando enraizada na realidade social

(JUNQUEIRA, 2013).

Logo, verifica-se o Egologismo na prática jurídica, a partir do momento em que o juiz, ao

ditar a sentença, exercita um conhecimento por compreensão dos sentidos jurídicos. Ao

abordar os fatos e o sentido de conduta desses fatos, o magistrado vai formando a sua ideia,

por compreensão, do que corresponde ao sentido do caso em apreciação (SILVA, 2007).

Dentre os grandes contributos proporcionados por Carlos Cossio, verifica-se o fato que a

Teoria Egológica propôs um novo olhar sobre o Direito, visto como objeto cultural, que não

deve ser explicado por suas causas ou por seus efeitos, mas sim pela sua compreensão,

pressupondo a revelação do seu sentido, o que se torna possível por meio da adoção de um

método empírico-dialético (DINIZ, 2009).

Silva (2007) esclarece que o culturalismo jurídico compreende o Direito como uma realização

do espírito humano, dotado de um substrato e de um sentido. Segundo a autora, para Carlos

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Cossio, esse substrato corresponde à própria conduta humana, daí abordar o objeto de estudo

cultural subjetivo ou egológico.

Todavia, prossegue a mencionada autora, há um segundo viés culturalista: a denominada

teoria cultural objetiva (a ser discutida na Seção seguinte). Por essa perspectiva, esse substrato

é sustento sobre um objeto físico, também denominado mundanal, que encontrou em Miguel

Reale um de seus maiores defensores.

B) A Teoria Tridimensional do Direito, de Miguel Reale

Reale (2002) valeu-se da cultura para explicar tudo aquilo que o ser humano projeta para o

mundo exterior. Segundo o referido autor, o processo cultural diferencia-se por se pautar à luz

da liberdade, razão porque os sujeitos adotam uma opção axiológica perante os fatos, com a

necessidade de compreendê-los.

Cultura não é senão concretização ou atualização da liberdade, do poder que

tem o homem de reagir aos estímulos naturais de maneira diversa do que

ocorre com os outros animais, cujas reações são de antemão predeterminadas

pela natureza do seu ser, no círculo de suas necessidades imediatas (REALE,

2002, p. 244).

Reale (2003) defendeu ser o Direito simultaneamente uma ciência social e cultural, que tem

por objeto valores irrenunciáveis e universais, que, com o tempo e as incessantes mudanças

no processo histórico, foram sendo preservados por cada pessoa; dentre os quais se encontram

a dignidade da pessoa humana, a proteção às questões ecológicas e a salvaguarda da vida

individual e coletiva. Tais valores, aos quais denominou “invariantes axiológicas” ou

“invariantes valorativas” são dotados de caráter supremo, por ser por meio deles que se extrai

inspiração e legitimidade para os atos humanos, razão pela qual são tratados pela sociedade

como se inatos fossem. Cabe, pois, ao Direito, garantir tais valores e os que deles derivam,

porque, sem eles, não há que se falar em liberdade, igualdade e fraternidade (REALE, 2003).

Com efeito, pode-se traçar um paralelo entre as disposições realeanas, acima citadas, no

tocante às “invariantes axiológicas” ou “valorativas” para o Direito com as denominadas

“suposições básicas”, aos quais Schein (2009) direcionou para o âmbito da Administração,

quando por ocasião do desenvolvimento de estudos organizacionais. A questão suscitada por

Reale (2003), ressalvadas as peculiaridades de cada ciência, foi estudada por Schein (2009)

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dentro do assunto a que denominou Níveis de Cultura, assim compreendidos como o grau

pelo qual o fenômeno cultural torna-se visível ao observador. E no campo organizacional, a

exemplo do que ocorre no Direito, há na cultura um núcleo, que apresenta valores de forma

inconsciente e bastante enraizada, sendo assim a sua essência. As chamadas “suposições

básicas” são, assim, incorporadas como verdadeiras, de modo que aqueles que não as assume

são excluídos do grupo (SCHEIN, 2009).

Sob a égide de tais pensamentos, Reale (2002) criou a chamada Teoria Tridimensional do

Direito, que se sustenta sob a visão de que todas as expressões da vida jurídica, incluindo

aquelas relacionadas ao casamento, se assentam sob a seguinte tríade: fato, valor e norma.

Através de seus postulados, o referido doutrinador defendeu que a relevância de determinados

fatos sociais para o Direito se evidencia por meio da dialogicidade que se deve estabelecer

entre os três elementos, por terem, em si, uma noção de complementariedade.

Ao tratar sobre o assunto, Diniz (2009) percebe, em Reale, ideais de um tridimensionalismo

concreto e dinâmico, pois, segundo essa autora, esses três elementos integrantes do Direito

estão em permanente atração polar; eles interagem em um processo dialógico cultural, a que

Reale denominou como dialética da implicação e da polaridade.

Assim, segundo a perspectiva tridimensionalista, o Direito, em seus diferentes segmentos,

deve levar em consideração, de forma concomitante, esses três elementos constitutivos para,

em seguida, propor uma interpretação dos fatos jurídicos, que se integram a valores, segundo

normas postas a partir de atos do legislador, do juiz, resultantes dos costumes ou fundadas na

autonomia da vontade (DINIZ, 2009).

Em comum com a visão cossiana, percebe-se que Reale (2002) estabeleceu uma análise

fenomenológica da experiência jurídica; todavia, nela estruturou o Direito de forma

tridimensional, em que os três elementos se integram de forma indissociável. Assim, o

mencionado doutrinador defendeu que o elemento normativo disciplinaria os comportamentos

sociais, seja de natureza individual ou coletiva, que pressupõem sempre a ocorrência de um

fato social sobre o qual incidem determinados valores ou finalidades a que a conduta está

relacionada.

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O fato corresponde a uma dimensão do Direito, sendo o acontecimento social que envolve

interesses básicos para o homem e por isso é regulado pela ordem jurídica; o valor é o

elemento moral do Direito, ou seja, é o ponto de vista sobre a justiça e, finalmente, a norma,

por sua vez, consiste no padrão de comportamento social imposto pelo Estado aos indivíduos,

que devem observá-la em dadas circunstâncias (NADER, 2014).

A título de exemplo da aplicação da teoria realeana no Direito de Família, verifique-se, a

seguinte norma jurídica: “Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele,

qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil” (artigo 1.516, § 3.º)

(BRASIL, 2002). Nela, extrai-se como fato a situação de uma pessoa ter contraído

matrimônio religioso com efeito civil com alguém sendo previamente casado civilmente com

outrem.

Nesse caso, o valor, por sua vez, é a hostilidade do ordenamento à prática da bigamia, que

vem a ser a pluralidade de casamentos contraídos perante pessoas distintas. Já a norma,

presente no artigo 1.516, § 3.º é manifesta por meio de uma omissão determinada pela lei, o

que significa que, para o ordenamento, no caso em tela, a conduta imposta é a de abstenção,

ou seja, para que não se pratique tal ato.

Nesse triângulo ou dimensão tridimensional (fato-valor-norma), sob qualquer das faces

analisadas, verifica-se uma implicação recíproca, na medida em que todo fenômeno jurídico

traduz-se num fato subjacente. Em seguida, um valor atribui significação ou relevância para

tal fato social, o que move a conduta humana para dada finalidade ou objetivo. À norma cabe

relacionar o fato social e o valor, integrando-os, uma vez que os três elementos não existem

separadamente, mas coexistem mútua e concretamente.

Assim, se explica quando em um mesmo fato, juízes diferentes conferem soluções diferentes,

uma vez que há diversidade na valoração atribuída ao fato social e à norma. O ato de valorar é

um exercício da liberdade do homem. Cabe ao ordenamento jurídico criar estruturas para que

o entendimento seja unificado, proporcionando um cenário de segurança social (VENOSA,

2014b).

A norma deve ser concebida como um modelo jurídico, de estrutura

tridimensional compreensiva ou concreta, em que fatos e valores se integram

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segundo normas postas em virtude de um ato concomitante de escolha e de

prescrição (ato decisório) emanado do legislador ou do juiz, ou resultante

das opções costumeiras ou de estipulações fundadas na autonomia da

vontade dos particulares (DINIZ, 2009, p. 142).

Diniz (2009) ressalta que Reale designou a chamada Tridimensionalidade Específica do

Direito para defender a integração das três perspectivas em uma unidade funcional e de

processo. Retratando o pensamento realeano, essa autora ressalta que tal integração deve

ocorrer em correspondência com problemas complementares sobre as validades: social, ética

e técnico-jurídica.

As contribuições agregadas por Reale ao ordenamento brasileiro, segundo Venosa (2014b),

são perceptíveis em diversos segmentos jurídicos, na medida em que modificou os

paradigmas de compreensão do próprio Direito. Isso porque, consoante o citado autor, o

pensamento realeano mostra-se em consonância com a realidade, de forma consciente quanto

aos fenômenos e as dificuldades atuais vivenciadas no Direito.

No tocante ao Direito Civil, Tartuce (2016) ressalta que na exposição de motivos do vigente

CCB, elaborada por Reale, foram consagrados três importantes princípios norteadores: o

primeiro deles é o Princípio da Eticidade, por meio do qual se valoriza a ética, a boa-fé e a

lealdade entre as partes. Tartuce (2016) ressalta que uma das preocupações de Reale, ao

consagrar o referido princípio, seria o de proporcionar o controle das condutas humanas,

evitando abusos de direitos e, por conseguinte, a prática de atos ilícitos.

O citado autor menciona que o segundo, Princípio da Socialidade, preconizou que são dotadas

função social todas as categorias civis (o contrato, a empresa, a propriedade, a posse, a

família, a responsabilidade civil). “Conforme apontava o próprio Miguel Reale, um dos

escopos da nova codificação foi o de superar o caráter individualista e egoísta da codificação

anterior. Nesse contexto, a palavra eu é substituída por nós” (TARTUCE, 2016, p. 05).

O terceiro, Princípio da Operabilidade, é dotado de dois sentidos: inicialmente, o de

simplicidade, visando facilitar a aplicação de categorias privadas, e o da efetividade ou

concretude, estabelecendo um sistema aberto de normas orientadoras, que vinculam o juiz,

mas lhe concedem liberdade para decidir, como o que ocorre com as chamadas “cláusulas

gerais”. Trata-se de um sistema aberto, ou de “janelas abertas”, em razão da linguagem que

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emprega, permitindo a incorporação e a solução de novos problemas, tanto pela

jurisprudência, quanto pela atividade legislativa (TARTUCE, 2016).

Assim, Tartuce (2016) salienta que, com a entrada em vigor do CCB de 2002, passou a não se

conceber a dissociação dos princípios e de seu valor, pois os princípios gerais devem orientar

o aplicador do Direito na busca da justiça, que é o seu principal objetivo, baseando-se na

estrutura da sociedade.

O valor, portanto, constitui-se como um dos vértices do pensamento realeano, ao lado do fato

e da norma, sendo o aspecto que confere mais nitidez ao caráter cultural defendido pela

Teoria Tridimensional do Direito. Desde então, verifica-se a importância que deve ser

conferida aos elementos culturais, pois eles contribuem na explicação e na compreensão dos

fatos sociais e de fenômenos jurídicos, a exemplo do casamento, sobre o qual se dedica a

Seção seguinte.

2.2.3 Elementos culturais presentes no casamento

Considerando que o casamento é um fato social e também um fenômeno jurídico sobre ele

verifica-se a presença de elementos culturais, sendo certo que, por meio deles, torna-se

possível a identificação do próprio matrimônio. A presente Seção se destina a explicitar o

entendimento teórico sobre os elementos culturais, assim como a presença deles na instituição

casamento.

Machado (2004) salienta que a cultura serve como embasamento para que o indivíduo se

adapte ao ambiente, seja este um meio tecnológico, uma organização econômica, social,

política, religiosa, etc. Essa autora prossegue esclarecendo que a cultura pode ser tratada

como um sistema simbólico, em que símbolos e significados são partilhados pelos membros

de um determinado sistema social.

No âmbito organizacional, a cultura pode se manifestar sob diferentes níveis, a depender do

grau em que se torna visível ao observador. É o que leciona Schein (2009), que defendeu a

existência dos seguintes níveis: a) artefatos, assim compreendidos como as estruturas e

processos que, apesar se serem visíveis, são de difícil decifração; b) crenças e valores, que

igualmente são expostos e retratam os valores declarados, que se encontram sujeitos ao

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debate, pois ainda não se encontram no nível mais profundo da cultura; c) suposições básicas,

que correspondem às crenças, percepções, pensamentos e sentimentos, de natureza

inconsciente, mas que são aceitos pelas pessoas como verdadeiros e, por isso, são

inegociáveis, vez que representam a fonte última de valores e de ação (SCHEIN, 2009).

Entre as referidas camadas, Schein (2009) afirma existirem várias crenças, valores, normas e

regras de comportamento, assumidos pelos membros de determinado grupo, e que deles se

utilizam como forma de retratar a si mesmos e aos outros.

Nesse sentido, Machado (2004) acrescenta que a concretização da cultura opera-se por meio

dos seus elementos, pois por eles é que os integrantes de um grupo direcionam os seus

comportamentos. Ainda segundo essa mesma autora, os elementos mais citados na cultura são

os valores; as crenças e pressupostos; os ritos, rituais e cerimônias; as estórias e mitos; os

tabus; os heróis; as normas e a comunicação.

Complementarmente, Carvalho (2008) se propôs a explicitar alguns dos relevantes elementos

da cultura, sob o enfoque da Administração, senão vejamos:

a) Crenças são convicções e compreensões de que algo é correto, servindo de base para o

entendimento da realidade. b) Ritos, que correspondem às formas de expressões de uma

cultura, a exemplo de certos gestos, de determinada forma de linguagem apresentada em

pronunciamentos ou ainda da forma de se vestirem. c) Rituais, que vêm a ser formas de

destacar um acontecimento importante ou para dramatizar valores e crenças que conferem

sentido e identidade. É o que ocorre, por exemplo, nos rituais de confirmação, que se

destinam ao reconhecimento público a determinadas realizações ou enfatizam o valor social

da observância de regras, ou ainda nos rituais de passagem, quando ocorre a transição para

novos status (CARVALHO, 2008).

d) Cerimônias, que correspondem a associação de diferentes ritos em uma ocasião ou evento

específico. e) Normas, assim concebidas como o comportamento esperado, aceito e

sancionado por um grupo e, por meio do qual, os sujeitos a ele vinculados são recompensados

ou punidos quando violam tais disposições (CARVALHO, 2008).

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Apreciando os elementos culturais sob a perspectiva jurídica voltada ao casamento, Venosa

(2014a) evidencia a existência de ritos matrimoniais, que são dotados de duplo objetivo:

manifestar publicamente a constituição de uma nova família e fornecer aos nubentes uma

prova do ato.

Gonçalves (2014) ressalta aspectos que compõem o rito matrimonial, em que, inicialmente, os

contraentes devem dirigir petição à autoridade competente, requerendo a designação de dia e

hora para a celebração do casamento (artigo 1.533), ao ato nupcial deve ser conferida

publicidade, sendo realizado a portas abertas (artigo 1.534). O supracitado autor acrescenta

que os contraentes devem estar simultaneamente presentes, em pessoa ou através de

procurador especial, assim como as testemunhas, o oficial do registro civil e a autoridade

competente (artigo 1.535). Devem ainda os nubentes declarar de forma livre e espontânea a

vontade de se casarem, sob pena de ser suspensa a celebração (artigo 1.538).

Acrescentando, Venosa (2014a) salienta que, após a manifestação afirmativa dos noivos, o

rito é concluído quando a autoridade competente, presidente do ato, profere as chamadas

palavras sacramentais, descritas no artigo 1.535: “De acordo com a vontade que ambos

acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei,

vos declaro casados” (BRASIL, 2002). Percebe-se, aí, a linguagem como um elemento

cultural, mas também um ritual de confirmação. A presença de todos os ritos descritos

consagram a cerimônia do casamento, como um momento de destaque.

Há que se ressaltar, por fim, que o casamento marca um ritual de passagem, isso porque, após

a sua celebração, o sujeito vê modificado o seu estado civil, que é um atributo de sua

personalidade perante a sociedade. A mudança do estado civil tem no casamento o seu

elemento diferencial, seja a sua existência ou o seu fim: a pessoa nasce solteira e, ao casar,

assume o estado civil de casado. Se o casamento chega ao fim, pode se chegar ao estado civil

de divorciado e quando um dos cônjuges morre, o sobrevivente adquire o estado de viúvo

(DIAS, 2010).

Caracterizada a presença de elementos culturais na instituição casamento, faz-se imperioso

discorrer sobre procedimentos jurídicos que integram, no campo do Direito, a figura do

matrimônio. Essa descrição vai permitir a evidência de outro elemento cultural, qual seja, a

norma, que, conforme Ferraz Júnior (2003), em geral, é compreendida pelos juristas como

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proposição que dita como deve ser a conduta a ser adotada na sociedade. Cuida-se, pois, de

matéria que constitui objeto da Seção adiante.

2.3 Procedimentos jurídicos do casamento

Esta Seção destina-se a aprofundar os aspectos jurídicos tocantes ao matrimônio,

oportunidade quando serão abordados um breve lineamento histórico, suas finalidades,

conceito, características e as espécies do casamento, a capacidade civil para casar, os

impedimentos e causas suspensivas, o processo de habilitação e a celebração do casamento.

2.3.1 Casamento: breve lineamento histórico, finalidades, conceito e características

Historicamente, foi por meio do casamento que, pela primeira vez, juridicamente se concebeu

a constituição da entidade familiar de maneira formal, uma vez que, na Antiguidade, a noção

de “família” é anterior aquela do casamento, e não exigia o cumprimento de nenhum ritual de

formalização social ou religioso (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011).

Donizetti e Quintella (2013) apontam que, no Brasil, a noção de família que primeiramente

surgiu foi o do modelo patriarcal, derivado do Direito Romano, inspirado na noção de que a

família, como agrupamento de pessoas, se submetia a uma estrutura predefinida, por meio do

casamento de um homem com uma mulher; ideia essa que prevaleceu na sociedade desde o

período da colonização até meados do século XX.

Assim, segundo Gagliano e Pamplona Filho (2011), para o mundo ocidental, sob a forte

influência cristã, foi o matrimônio concebido pelo Direito Canônico como único mecanismo

legítimo de constituição da família, sendo tanta e tamanha a sua importância que passou a ser

encarado como fundamento da própria sociedade.

Ainda consoante os supracitados autores, durante muitos séculos estabeleceu-se uma

normatização paralela ao casamento, isso porque além do aspecto jurídico presente nas

disposições canônicas, havia o viés religioso, uma vez que o matrimônio, para a Igreja,

também era considerado um sacramento, razão pela qual sobre ele repousava a noção de

indissolubilidade.

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Nesse sentido, Venosa (2014a) acrescenta que o Direito Canônico proclamou que essa

modalidade de instituição destinava-se ao cumprimento de finalidades, tais como, a

procriação e a educação da prole, a mútua assistência e a satisfação sexual dos cônjuges, o

que sintetizava a ideia de “comunhão de vida e de interesses”, desde então defendida.

Dias (2010) ainda acrescenta que, no Brasil, tal realidade subsistiu até o advento da

República, em 1889, pois, a única forma de casamento então admitida era o religioso,

circunstância que impedia o seu acesso para pessoas não católicas. Naquela época, afirma a

mencionada autora, predominava o viés patriarcal, bem como a ideia de que a família só era

reconhecida quando ungida pelos laços sagrados do matrimônio, não se admitindo nenhuma

outra modalidade de convívio.

Lôbo (2011) ressalta que a partir do Decreto n.º 181, de 1890 e da Constituição da República

de 1891 o casamento civil foi regulado, rompendo, sob a perspectiva jurídica, os ditames

outrora trazidos pelo Direito Canônico.

Sob as influências do cristianismo, o matrimônio, ao lado do testamento, caracteriza-se, ainda

hoje, como o ato mais solene do direito brasileiro, uma vez que o ordenamento o reveste de

uma série de formalidades perante o Estado, que visam garantir sua publicidade e a validade

do ato (VENOSA, 2014b; GONÇALVES, 2014).

Assim, o casamento definiu-se, originariamente, como “o vínculo jurídico entre homem e

mulher que visa o auxílio mútuo material e espiritual, de modo que haja uma integração

fisiopsíquica e a constituição de uma família” (DINIZ, 2010, p. 37). Portanto, o matrimônio

viabiliza o surgimento da família, e, consequentemente, as bases morais, sociais e culturais da

própria sociedade, que constitui a moralidade pública e privada na formação de um país

(REGINA, 2005).

Ainda no tocante ao conceito, Dias (2010) ressalta que por casamento compreende-se o ato da

celebração e a relação que dele se origina, a saber, relação matrimonial, esta expressa pela

comunhão de vida ou de afetos.

Tanto a finalidade, quanto os efeitos do casamento, são descritos pela própria lei, em seus

artigos 1.511 e 1.565, respectivamente. São eles: a comunhão plena de vida, com base na

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igualdade de direitos e deveres dos cônjuges (finalidades) e o fato de o homem e a mulher

assumirem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos

da família (efeitos) (DIAS, 2010). Gonçalves (2014), por sua vez, acrescenta que, ao lado da

comunhão plena de vida, constituem também finalidades do casamento o amor físico entre os

cônjuges, a que denominou affectio maritalis, e a procriação.

Diniz (2010) relaciona os cinco aspectos que caracterizam o casamento; são eles: a) a

liberdade de escolha do nubente, pois é um ato pessoal, cabendo à própria pessoa a decisão

quanto a quem será o seu consorte. Sob a perspectiva tradicional, a diversidade de sexos é um

requisito de existência do matrimônio, razão pela qual deveria o outro nubente ser do sexo

oposto; b) a solenidade do ato nupcial, já que devem ser garantidos a declaração livre de

consentimento dos noivos, a publicidade e a validade do ato. Para tanto, é fundamental que a

celebração ocorra nos termos determinados pela legislação.

c) A legislação matrimonial é revestida de caráter público, o que implica dizer que seu

conteúdo está acima da convenção dos nubentes, e, a despeito disso, deverão a ela se

submeter caso desejem que o ato jurídico torne-se perfeito; d) a união permanente, pois é por

meio dela que os valores básicos da sociedade são concretizados, como por exemplo a

comunhão plena de vida que deve se estabelecer entre os consortes; e) finalmente, a união

exclusiva, uma vez que a fidelidade recíproca é um dos deveres do casamento previsto na lei

(artigo 1.566, inciso I), além de ser um valor preservado pelos costumes (DINIZ, 2010).

Donizetti e Quintella (2013) ressaltam que a formação pelo casamento, que é o ato mais

jurídico de todos no ordenamento brasileiro, é a principal característica da família

matrimonial, em que se verifica o agrupamento conjugal, por excelência, mas também o

parental, vez que é composta pelo marido, a mulher e os filhos.

Defendem os referidos doutrinadores que o modelo matrimonial tradicional surgiu pela

necessidade de controle por parte de um poder extrínseco, que pode ser o Estado ou a religião,

em que se pretendeu definir uma estrutura social por meio da qual fosse possível controlar os

impulsos naturais das pessoas.

Esses autores discorrem ainda que as lutas pela liberdade e igualdade, desencadeadas desde a

Revolução Francesa e passando pelos movimentos sociais do século XX, tais como o

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feminismo e a revolução sexual, contribuíram para a revisão desse conceito, de modo que, na

atualidade, mais se tem prezado pela vida em comunhão, ou seja, com estabilidade, e pelo

mútuo afeto, que é o elo imaterial que deve unir o núcleo familiar.

Com efeito, considerando que a noção sobre os valores prezados pelas pessoas submetem-se

às mudanças históricas e culturais, segundo Donizetti e Quintella (2013), o modelo de família

se sujeita a peculiaridades que variam de época para época, e de sociedade para sociedade,

razão pela qual, com o tempo, a noção da família constituída exclusivamente pelo casamento

de homem e mulher foi flexibilizada, consoante demonstra a Seção seguinte, ao especificar as

diferentes espécies de casamento.

2.3.2 Espécies de casamento

Originariamente, Dias (2010) ressalta que o Estado, por meio da Constituição Federal,

admitiu duas formas de casamento; são elas: o civil e o religioso com efeitos civis, conforme

previsto pelo artigo 226, parágrafos 1.º e 2.º. Com efeito, afirma essa autora que a

regulamentação do casamento foi mais profundamente tratada pelo CCB, sendo este o

diploma legal com a atribuição de disciplinar os requisitos de validade e seus efeitos, razão

porque se faz necessário explicitar cada uma de suas espécies.

A) Casamento civil

Previsto nos artigo 226, parágrafo 1.º da Constituição da República e no artigo 1.512 do CCB,

denomina-se como civil o ato solene realizado por uma autoridade celebrante, perante o

Oficial do Cartório do Registro Civil e na presença de testemunhas. Tal modalidade de

matrimônio pode ser realizada nas dependências do cartório ou em outro local público. Se os

nubentes declaram-se pobres, sob as penas da lei, o ato será gratuito, por se tratar de um

preceito constitucional, reproduzido também pelo CCB (DIAS, 2010).

Diniz (2010) salienta que o casamento civil surgiu no Brasil no período republicano, a partir

do Decreto n.º 181, de 24 de janeiro de 1890, que marcou a separação entre a Igreja e o

Estado, de modo que o matrimônio veio a perder o seu caráter confessional. A citada

doutrinadora ressalta que o artigo 108 do referido diploma legal, inclusive, vedava a

atribuição de qualquer efeito jurídico ao matrimônio religioso.

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O fato é que a principal modalidade de casamento, conforme Donizetti e Quintella (2013),

não foi, à época, bem aceita pela população, que predominantemente professava a religião

católica, razão pela qual, em virtude da proibição legal, disseminou-se pelo país o costume do

duplo casamento, ou seja, o civil e o religioso, costume que persiste ainda nos dias atuais

(VENOSA, 2014a).

B) Casamento religioso com efeito civil

Consoante antes relatado, o período republicano marcou a separação entre Estado e Igreja,

tendo ocorrido a institucionalização e o reconhecimento oficial do ato nupcial, razão pela

qual, a partir desse momento, todas as modalidades de casamento passaram a ter natureza

civil, vez que necessário o revestimento de solenidades para a produção de efeitos válidos do

casamento (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011).

Entretanto, Venosa (2014a) relata que as pessoas tiveram dificuldades de se adaptar a esse

aspecto normativo, uma vez que não foi aceito pelos valores culturais da sociedade de 1890,

ano da edição do Decreto n.º 181, responsável pela extinção do casamento civil. Assim,

acrescenta que o legislador tratou de amenizar a situação, disciplinando a possibilidade de

atribuição de efeitos jurídicos civis ao casamento religioso, o que se constatou a partir do

artigo 146 da Constituição de 1934.

Lôbo (2011) esclarece o resgate jurídico do casamento religioso, porém, não teve o condão de

retomar a sua concepção nos mesmos termos previstos pelo Direito Canônico, isso porque a

interferência religiosa se estendia apenas à celebração do ato. O mencionado doutrinador

explica que a mudança consistiu no fato de a legislação ter conferido autoridade jurídica para

que o ministro de confissão religiosa realizasse o ato, equiparando-o ao juiz de direito, e,

quanto ao mais, os processos de habilitação e de registro permaneceram civis.

Gagliano e Pamplona Filho (2011) ressaltam que o mesmo aspecto observou-se no tocante ao

matrimônio religioso. Este, se for pura e simplesmente religioso, corresponde a uma união

informal, sob a perspectiva jurídica. Todavia, em sendo obedecidas as solenidades exigidas

por lei, passa a ser oficialmente reconhecido como “casamento religioso com efeitos civis”.

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No ordenamento pátrio, igualmente há a previsão do casamento religioso com efeitos civis,

mediante o disposto pelo artigo 226, parágrafo 2.º da Constituição Federal e os artigos 1.515 e

1.516 do CCB.

Em se tratando o Brasil de um país laico, em que constitucionalmente é garantida a

inviolabilidade do direito à crença – artigo 5.º, inciso VI da Constituição Federal – admite-se

que a cerimônia possa ser realizada por qualquer denominação religiosa para fins registrais,

sendo o suficiente que se professe fé e que não se afaste dos princípios estruturantes da

sociedade (DIAS, 2010).

Dias (2010) ressalta que o registro das bodas celebradas perante o ministro de Deus é o

necessário para que se tenha efetivado juridicamente o casamento, bem como que esse

procedimento pode ser admitido em qualquer tempo. Assim, conforme essa autora, sua

validade civil está condicionada à habilitação – que pode ser realizada antes ou depois do ato

de celebração – e a inscrição no Cartório do Registro Civil das Pessoas Naturais.

Portanto, a habilitação e o registro do matrimônio civil podem ser realizados antes ou depois

da solenidade religiosa. Quando requerida a habilitação previamente, o prazo para registro do

ato é de 90 dias da sua realização. Passado esse prazo, o registro dependerá de nova

habilitação (artigo 1.516, parágrafo 1.º do CCB). Na hipótese de a habilitação e o registro

serem requeridos tardiamente, os efeitos civis retroagem à data da solenidade religiosa, haja

vista a previsão do artigo 1.515 do CCB (DIAS, 2010; LÔBO, 2011; GONÇALVES, 2014).

O fato é que o casamento religioso submete-se às mesmas exigências legais do casamento

civil. O que ocorre, segundo Donizetti e Quintella (2013), é que essas duas espécies diferem

apenas no tocante à celebração, posto que a boda religiosa segue um rito especial, peculiar de

cada credo e é celebrada por uma autoridade religiosa, e não pela autoridade pública.

C) Casamento por procuração

Os autores, em geral, apontam que o casamento por procuração, também denominado de

casamento por mandatário, não chega a ser, tecnicamente, uma espécie de casamento. Nela,

por expressa permissão do artigo 1.542 do CCB, um dos nubentes ou ambos podem se fazer

substituir por um terceiro durante a cerimônia, denominado procurador ad nuptias. Por tal

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razão, há autores que o definem como uma hipótese peculiar de casamento civil

(DONIZETTI; QUINTELLA, 2013), enquanto que outros, o veem como uma modalidade de

casar (DIAS, 2010).

Dessa forma, o matrimônio pode ser celebrado mediante procuração por instrumento público

com validade de 90 dias, que outorgue poderes especiais para que o mandatário receba, em

nome do outorgante, o outro contraente. O procurador pode ser de qualquer sexo, e, quando

na hipótese de impossibilidade de comparecimento de ambos os nubentes, deverão ser

nomeados procuradores distintos (GONÇALVES, 2014). Isso se deve ao fato de que não é o

procurador quem está se casando, mas sim quem ele representa (LÔBO, 2011).

Segundo Dias (2010) e Lôbo (2011), admite-se que o outorgante revogue o mandato

outorgado ao procurador, desde que o faça também por meio de instrumento público, devendo

tal fato chegar ao conhecimento do procurador e do outro nubente previamente, a fim de que

não seja o mandante responsabilizado pelos danos materiais e morais que causar. A ciência da

revogação, todavia, não é requisito para que produza seus efeitos.

A realização do casamento por procuração já foi útil quando, no passado, havia grande

dificuldade de locomoção e comunicação entre as pessoas. Contudo, apesar de ainda se

encontrar consagrada na lei, tornou-se uma prática que caiu em desuso, sobretudo em razão

do caráter personalista inerente tanto à celebração do matrimônio, quanto à vida em comum

que será mantida posteriormente entre os cônjuges (VENOSA, 2014a).

D) Casamento consular

Trata-se do casamento contraído por pessoas de nacionalidade brasileira que residem no

exterior, de acordo com o Direito brasileiro e perante uma autoridade diplomática brasileira.

Nos termos do artigo 1.544, essa espécie de matrimônio deverá ser registrada em até 180 dias

contados da data do regresso de um ou de ambos os cônjuges, ao Brasil, devendo ser tal ato

firmado no Cartório do respectivo domicílio ou, na falta deste, no 1.º Ofício da Capital do

Estado em que o casal passou a residir (DONIZETTI; QUINTELLA, 2013; VENOSA,

2014a).

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Venosa (2014a) ressalta que a autoridade celebrante, nesses casos, será a consular ou outra

competente para tal ato. Esse autor afirma que o matrimônio, apesar de ser firmado e seguir as

solenidades do país estrangeiro, produzirá os efeitos do ato como se no Brasil houvesse sido

realizado.

Dias (2010), Gagliano e Pamplona Filho (2011) esclarecem que corresponde a uma opção a

que assiste ao cidadão brasileiro residente no exterior, caso pretenda casar-se com outro(a)

brasileiro(a) ou com estrangeiro(a), mas não queira submeter-se à legislação local.

Em um ponto controvertem os autores no tocante ao matrimônio consular, qual seja, em que

momento essa modalidade de casamento produz efeitos jurídicos. De um lado, há os

defensores da tese de que a eficácia do ato, no Brasil, dependerá do prévio registro realizado

no Cartório, no prazo máximo de 180 dias do regresso, conforme disposto pelo artigo 1.544

do CCB e do artigo 32, parágrafo primeiro da Lei de Registros Públicos – Lei n.º 6.015/1973,

sendo esta a corrente majoritária (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011; LÔBO, 2011;

VENOSA, 2014a; GONÇALVES, 2014).

De outro, verifica-se Dias (2010, p. 155), a defender: “ainda que não registrado no país, o

casamento realizado no exterior produz efeito”. Para arrimar sua tese a referida autora pauta-

se na decisão proferida, em 26 de maio de 2003, pela 3.ª Turma do Superior Tribunal de

Justiça (STJ), nos autos do Recurso Especial (REsp) n.º 440.443, de relatoria do Ministro Ari

Pargendler.

Em duas situações a legislação flexibiliza algumas formalidades exigidas para o casamento,

por se tratarem de ocasiões excepcionais. Venosa (2014a) explica que assim o é porque quis o

legislador facilitar o casamento, harmonizar situações preexistentes e legitimar filhos naturais.

São elas: o casamento em caso de moléstia grave e o casamento nuncupativo ou in extremis

vitae momentis, sobre os quais dedicam-se as Subseções seguintes.

E) Casamento em caso de moléstia grave

A primeira espécie a abordar circunstância excepcional é o casamento em caso de moléstia

grave, previsto no artigo 1.539 do CCB. Nesses casos, Gonçalves (2014), Gagliano e

Pamplona Filho (2011) ressaltam que há uma presunção de que as formalidades preliminares

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com a habilitação dos nubentes já tenha ocorrido, todavia a gravidade do estado de saúde de

um deles o impossibilita de locomover-se e de adiar a cerimônia.

Venosa (2014a) e Lôbo (2011), por sua vez, divergem dos supracitados autores, ao afirmar

que a urgência dispensa os atos preparatórios da habilitação e a publicação da intenção de

casar, por meio de editais, que, no Direito, são denominados “proclamas”. Apesar de a

legislação versar sobre a moléstia grave de um dos nubentes, também se aplicaria tal previsão

caso ambos encontrem-se em situação de gravidade (VENOSA, 2014a).

Considerando a gravidade do estado de saúde de um dos nubentes, o juiz se deslocará onde se

encontrar o doente, acompanhado do Oficial do Registro Civil e de duas testemunhas que

saibam ler e escrever, a fim de celebrar o ato, o que poderá ocorrer, inclusive, à noite, nas

situações de urgência (GONÇALVES, 2014).

A eventual ausência da autoridade não impedirá a celebração do ato, vez será permitida a

presença de seus substitutos legais e a do Oficial do Registro Civil ou de outra pessoa,

nomeado para tal atribuição. Ao final da celebração, será lavrado termo avulso a ser

registrado no Cartório do Registro Civil das Pessoas Naturais, dentro de cinco dias, perante

duas testemunhas e sendo, posteriormente, arquivado, nos termos do artigo 1.539, parágrafos

1.º e 2.º (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011).

F) Casamento nuncupativo, in extremis vitae momentis ou in articulo mortis

Apesar de guardar semelhanças com o casamento em caso de moléstia grave, tratam-se de

espécies distintas. Gonçalves (2014), Gagliano e Pamplona Filho (2011) explicam: no

primeiro caso, a habilitação foi realizada, mas o nubente encontra-se impossibilitado de

comparecer face o seu grave estado de saúde; já no segundo, o nubente encontra-se no leito de

morte, não havendo tempo para requerer sua habilitação, nem para aguardar a presença da

autoridade.

Gonçalves (2014), por sua vez, esclarece que a moléstia grave é aquela que pode ensejar a

morte do nubente em curto tempo, daí porque a sua remoção torna-se arriscada, embora não

se trate o falecimento de um acontecimento iminente. O casamento nuncupativo ocorre,

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portanto, quando um dos nubentes encontra-se em iminente risco de vida, estando regulado

nos artigos 1.540 a 1.542 do CCB.

Por “nuncupativo” compreenda-se o ato não escrito, ou seja, que é só oral ou de nome, pois

nessas hipóteses é admitido o afastamento da forma solene exigida por lei. Nesses casos, é

dispensado o processo de habilitação e a presença da autoridade, posto que a celebração é

promovida pelos próprios nubentes, que manifestarão sua intenção de casar na presença de

seis testemunhas; não podendo estas serem parentes em linha reta (ascendentes ou

descendentes), nem irmãos dos nubentes (LÔBO, 2011).

Gagliano e Pamplona Filho (2011) ressaltam que é respeitado o afeto, manifestado nos

últimos instantes de vida. Contudo, essa segunda modalidade especial de matrimônio exige

que o nubente, apesar de se encontrar em situação de morte iminente, seja detentor de saúde

mental, para declarar livremente a sua última vontade de receber o parceiro, como cônjuge, na

presença das seis testemunhas.

Lôbo (2011) e Diniz (2010) descrevem situações em que, tecnicamente, torna-se possível a

celebração do matrimônio nuncupativo: situações de guerra, conflitos armados, calamidades

naturais, doença terminal, crime contra a vida e ato de terrorismo.

Celebrado o ato pelos próprios nubentes, que declarem, de viva voz, que desejam receber um

ao outro por marido e mulher, deverão as testemunhas do casamento, no prazo de 10 dias,

dirigirem-se à autoridade judicial mais próxima, a fim de que suas declarações sobre o fato

sejam transformadas em termos, formando-se, assim, o processo das justificações avulsas.

Ato contínuo, o magistrado determinará a realização de providências para checar a existência

de eventuais impedimentos contra os cônjuges, semelhantemente ao que ocorre no processo

de habilitação, e permitirá a ouvida do Representante do Ministério Público. Ao final,

proferirá sentença, que deverá ser registrada no Cartório do Registro Civil das Pessoas

Naturais, retroagindo seus efeitos à data da celebração do casamento pelos próprios nubentes

(GONÇALVES, 2014).

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Caso o nubente que se encontrava em risco de morte iminente venha a convalescer, todo esse

procedimento será dispensado, devendo o casal ratificar o casamento na presença da

autoridade competente e do Oficial do Registro Civil.

G) Casamento putativo

Denomina-se o adjetivo “putativo” àquilo que é aparente, o que significa dizer que

corresponde às situações em que “pareça ser” casamento, mas que tecnicamente não o é por

desobediência a algum preceito de validade, sendo essa uma circunstância desconhecida de

um ou de ambos os cônjuges. Trata-se do casamento que foi celebrado, mas que,

posteriormente, teve a sua invalidade declarada judicialmente, estando um ou ambos os

consortes de boa-fé (DONIZETTI; QUINTELLA, 2013).

Ainda no tocante à etimologia, Gonçalves (2014) esclarece que a palavra é oriunda do latim

putare, cuja tradução é “reputar”, estar convencido da verdade de um fato, qual seja, de ter

sido o casamento legalmente celebrado. Trata-se de espécie regulada pelos artigos 1.561 a

1.564 do CCB.

Gonçalves (2014) complementa, ao explicar que a boa-fé se verifica quando um ou ambos os

contraentes ignoram a existência de impedimentos contra a união conjugal. Nessas situações,

prossegue o mencionado doutrinador, ainda que se trate de casamento nulo ou anulável, o

legislador declarou que será válido e produzirá alguns efeitos civis, em homenagem à

inocência do(s) cônjuge(s) de boa-fé e por ser uma regra de piedade em relação a prole que

eventualmente tenha nascido.

Segundo Lôbo (2011), o casamento putativo tem sua origem na Idade Média, em decorrência

do Direito Canônico, e surgiu como um imperativo moral de proteção à prole, pois, naquela

época, era comum, após a celebração, que o casamento fosse declarado nulo por ter sido

descoberto algum impedimento de parentesco entre os cônjuges. Isso se devia ao fato de

inexistirem registros públicos para a conferência de eventual parentesco, e essa relação era

desconhecida dos nubentes. Por tal razão, afirma: “a boa-fé purifica a invalidade, admitindo

efeitos apesar desta” (LÔBO, 2011, p. 134).

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A produção desses efeitos jurídicos, porém, deve ser analisada de acordo com a boa-fé dos

envolvidos. Gagliano e Pamplona Filho (2011) apontam que há duas situações sob as quais

essa questão pode ser analisada: quando apenas um dos cônjuges está de boa-fé ou quando

ambos estão de boa-fé, senão vejamos:

a) quando um dos cônjuges casa-se de boa-fé: para ele, o casamento estará desfeito a partir da

sentença judicial transitada em julgado. Até este momento, o inocente fará jus ao pedido de

pensão alimentícia e eventual direito de herança caso o cônjuge culpado faleça no curso da

ação de invalidade do casamento. A partilha dos bens far-se-á de acordo com o regime de

bens adotado pelo casal, se tiverem sido adquiridos com o esforço comum. Fará ainda jus a

manter o nome de casado(a), quando houver fundado receio de lesão contra seus direitos.

Mais ainda, caso tenha o casamento sido contraído pelo inocente quando de menoridade, sua

emancipação restará inalterada, ainda que posteriormente a declaração de invalidade do

matrimônio, circunstância que não se verifica em relação ao culpado, que voltará a ser

considerado menor incapaz. Quanto ao cônjuge de má-fé, os efeitos serão retroativos à

celebração do casamento, como se este não houvesse ocorrido, perdendo todas as vantagens

econômicas eventualmente auferidas quando por ocasião do casamento (GAGLIANO;

PAMPLONA FILHO, 2011; LÔBO, 2011; GONÇALVES, 2014).

Gagliano e Pamplona Filho (2011) exemplificam a situação acima quando, por exemplo,

pessoa já casada contrai novo matrimônio com terceiro inocente. Nesses casos, no âmbito

penal ocorrerá a prática do crime de bigamia, ao passo que no âmbito civil terá se configurado

o casamento putativo, face a boa-fé do cônjuge inocente, que desconhecia o impedimento que

impossibilitava o seu consorte a com ele ou ela casar-se.

b) quando ambos os cônjuges casam-se de boa-fé: é cabível a fixação de pensão alimentícia,

de acordo com as necessidades e as possibilidades financeiras de cada um. Declarada a

invalidade do casamento, não mais se fala em direito de herança para nenhum dos cônjuges, e,

se no caso contrário, um dos consortes falecer no curso da ação de invalidade, o direito

sucessório do sobrevivente estará preservado. Se o casamento for invalidado estando ambos

os cônjuges vivos, deve-se proceder a partilha dos bens, de acordo com o regime de bens

adotado pelo casal. O sobrenome do cônjuge, adotado por ocasião do casamento, será perdido,

salvo justificada alegação de grave dano pessoal. Por fim, caso tenham adquirido a

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emancipação, por terem se casado ainda menores, tal circunstância será mantida em favor de

ambos, que estavam de boa-fé (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011).

Lôbo (2011) explica que é possível a configuração do casamento putativo com ambos os

cônjuges de boa-fé quando, por exemplo, se tratarem de irmãos que desconhecem tal

parentesco, sejam porque são filhos pais diferentes, sejam porque um deles foi concebido em

uma relação extraconjugal omitida.

Quanto à prole, Gonçalves (2014) e Dias (2010) ressaltam que todos os efeitos sempre

subsistirão, e especialmente aqueles tocantes ao nome, à guarda, visitação e pensão

alimentícia, independentemente da boa ou má-fé de seus genitores e isso se deve ao fato de a

Constituição Federal não admitir distinção de nenhuma natureza em relação aos filhos.

H) Casamento homossexual ou homoafetivo

Dentre as discussões que geraram controvérsias no campo doutrinário verificam-se aquelas

relacionadas ao casamento homossexual ou homoafetivo. As polêmicas tiveram início porque

em todas as civilizações, historicamente, a diversidade de sexo é um aspecto essencial para o

casamento, a ponto de ser considerado um requisito de existência jurídica. Nesse sentido,

verificam-se autores, como Venosa (2014a), que não admitem casamento com identidades de

sexos, nem reconhece a índole de família nessas circunstâncias. Para essa corrente, a união de

pessoas do mesmo sexo merece regulação como sociedades civis de fato, e não como

entidades familiares.

Gagliano e Pamplona Filho (2011) esclarecem que o entendimento tradicional se sustenta no

fato de que as normas do sistema brasileiro utilizam uma dicção afirmativa ao se referir aos

partícipes do ato matrimonial, como consta do artigo 1.514 do CCB: “O casamento se realiza

no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de

estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados” (BRASIL, 2002).

Em sentido contrário, porém, posicionam-se os defensores do casamento homoafetivo.

Consoante essa segunda corrente, em sentido favorável, e na qual se posicionam Dias (2010),

Lôbo (2011); Donizetti e Quintella (2013) e Gonçalves (2014), os tradicionalistas

estabeleceram uma interpretação literal equivocada sobre a legislação, inspirada sob

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motivações preconceituosas. Segundo esses autores, nem a Constituição, nem a legislação

infraconstitucional estabelecem qualquer referência ao sexo dos nubentes, nem proclamam

que a identidade de sexo é um impedimento para a realização do matrimônio.

As expressões “homem e mulher” presentes no CCB são interpretadas de forma diferente

pelos filiados a segunda corrente. Segundo esses, ao assim ser descrito no dispositivo legal

não significa dizer que há uma limitação para que o casamento seja contraído apenas entre os

heterossexuais, mas sim que se casar é um direito que assiste tanto ao homem, quanto à

mulher (DIAS, 2010).

Em maio de 2011, quando do julgamento da ADI n.º 4277 e da ADPF n.º 132, o STF

promoveu uma inovação sem precedentes na ordem jurídica, ao interpretar o CCB conforme a

Constituição Federal, tendo se consolidado inicialmente o entendimento pelo reconhecimento

das uniões estáveis homoafetivas. Para tanto, foram utilizados como fundamentos os

princípios da dignidade da pessoa humana, que protege e ampara a liberdade de opção quanto

à orientação sexual, assim como a vedação constitucional às discriminações de natureza

sexual (FARO; PESSANHA, 2014).

Esses mesmos autores (2014) ressaltam que tal acontecimento gerou uma reviravolta nas

discussões jurídicas e sociais sobre o assunto, sobretudo porque a decisão, proferida pela

Suprema Côrte do país, era dotada de eficácia geral e de efeito vinculante para toda a

Administração Pública, assim como demais órgãos do Poder Judiciário.

Ainda consoante os mencionados autores, embora o STF tenha se pronunciado no tocante às

uniões estáveis, a diferença entre estas e o casamento é apenas o fato de que neste existem

solenidades, pois ambos se pautam na convivência pública, duradoura e ininterrupta, com o

propósito de constituição de entidade familiar, porquanto são baseados no afeto entre as

pessoas independentemente do sexo. Diante de tal constatação, nada impediria a conversão da

união estável homoafetiva em casamento, em obediência ao disposto no artigo 226, parágrafo

3.º da Constituição Federal, ou mesmo a celebração do casamento direto homoafetivo,

baseado no artigo 226, parágrafo 1.º da referida Carta Magna.

Na esteira do entendimento firmado pelo STF, em outubro de 2011, quando do julgamento do

REsp n.º 1.183.378-RS, o STJ admitiu expressamente o casamento homoafetivo, ao declarar a

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inexistência de óbices para que o ato seja contraído por pessoas do mesmo sexo. Assim,

consolidou-se o entendimento de que não se exige mais diversidade de sexos para que o

casamento exista (GONÇALVES, 2014).

Em 2013, a fim de evitar as recusas por parte dos Oficiais dos Cartórios de Registro Civil, que

estivessem eventualmente rejeitando os pedidos de registro de uniões estáveis e de habilitação

e registro de matrimônios de homoafetivos, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou a

Resolução n.º 175, proibindo tais práticas e facultando ao interessado prejudicado formalizar

uma comunicação ao juiz corregedor competente, a fim de que adote as providências

necessárias à cessação do ato irregular (FARO; PESSANHA, 2014).

Expostas as principais espécies de casamento tratadas pelo ordenamento jurídico e pela

doutrina nacional, faz-se necessário explicitar a etapa prévia à celebração do casamento, qual

seja, o processo de habilitação, a ser tratado na Seção a seguir.

2.3.3 Do processo de habilitação

Como ato jurídico solene, o casamento submete-se a formalidades estabelecidas por lei, as

quais se iniciam pela habilitação, perpassam a celebração e culminam com o assento de seu

registro no Cartório do Registro Civil das Pessoas Naturais.

Gonçalves (2014) ressalta que o processo de habilitação, portanto, corresponde à etapa prévia

ao casamento e tem como principal finalidade averiguar se os nubentes preenchem os

requisitos legalmente exigidos, só sendo dispensada em casos excepcionais, como a que

ocorre no casamento nuncupativo. Para tanto, faz-se necessário a checar a capacidade civil

dos pretendentes, a eventual existência de impedimentos matrimoniais e causas suspensivas e,

enfim, dar publicidade ao pedido firmado pelos noivos, a fim de que alguém que conheça

algum impedimento contra o matrimônio possa assim apresentá-lo.

Cuida-se de fase jurídica que se divide em quatro momentos: a apresentação de documentos, a

publicação dos proclamas, o registro do edital e a extração do certificado (DONIZETTI;

QUINTELLA, 2013).

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A apresentação de documentos é uma regra estabelecida no artigo 1.525 do CCB. Trata-se da

apresentação do requerimento de habilitação preenchido pelos nubentes, de próprio punho, ou

através de procurador, devendo ser munido de comprovações, e apresentado pessoalmente no

Cartório do domicílio de qualquer dos nubentes para que o processo de habilitação seja

instaurado, com a audiência do Ministério Público (BRASIL, 2002).

A legislação, nos artigos 1.517 e 1.518 do CCB, dispõe que a idade mínima para contrair

matrimônio – a chamada idade núbil – é de 16 anos, e na hipótese de o contraente contar

menos de 18 anos, deverá o seu requerimento ser apresentado conjuntamente com os

documentos e a autorização de seus pais ou tutores, os quais poderão, mediante justo motivo,

revogar o consentimento até a celebração do casamento (BRASIL, 2002).

A respeito da questão da capacidade civil dos nubentes, importante frisar a inovação agregada

pelo advento da Lei n.º 13.146, de 06 de julho de 2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência

– e que entrou em vigor 180 dias após sua publicação oficial, pois foi responsável pela

revogação de uma série de dispositivos do CCB, dentre eles o artigo 1.548, inciso I que

proibia o casamento aos enfermos mentais sem o necessário discernimento (BRASIL, 2015).

Tartuce (2015) afirma que a referida mudança legal, diga-se sem precedente, retificou o

entendimento anteriormente estabelecido de que o matrimônio seria ruim para a pessoa

enferma mental. A ideia atual então passou a ser a de que a boda, em geral, é salutar para o

deficiente, pois lhe permite a plena inclusão social.

Dias (2010) ressalta que, após a apresentação do requerimento de habilitação e documentos,

tendo o Oficial do cartório verificado a inexistência de fatos impeditivos, providenciará a

publicação de edital, denominado “proclamas”, a ser afixado durante 15 dias no cartório do

domicílio dos nubentes.

Com isso, fica a aberta a possibilidade de terceiros denunciarem, por escrito e com provas,

eventuais impedimentos ou causas suspensivas para o casamento em questão. Caso tal

oposição realmente seja feita, o Oficial dará ciência aos noivos e a oportunidade de se

defenderem, produzindo contraprova, devendo o juiz, permitir o pronunciamento do

Ministério Público, para, ao final, proferir a decisão (VENOSA, 2014a).

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Decorrido o prazo do edital, em não havendo oposição ou caso o juiz rejeite a oposição

apresentada, o Oficial do Registro Civil procederá o registro do edital e extrairá o certificado

de habilitação, atestando a inexistência de fato obstativo, e que terá a validade de 90 dias a

contar da data em que foi extraído. Poderão ainda os noivos mover as ações civis e criminais

devidas contra as pessoas que, de má-fé, suscitaram supostos impedimentos inexistentes

(DONIZETTI; QUINTELLA, 2013; VENOSA, 2014a).

Sob pena da perda de validade do documento, o que poderia expor os noivos a se submeterem

a novo processo de habilitação, é dentro do mencionado período de 90 dias do certificado de

habilitação que deverá ocorrer a celebração do casamento, fase jurídica sobre a qual se dedica

a próxima Subseção.

2.3.4 Da celebração do casamento

A celebração é o momento que sucede o processo de habilitação e a publicação dos

proclamas, sendo considerada a oportunidade em que os nubentes encontram-se em condições

de se casarem, razão pela qual, em obediência ao disposto no artigo 1.533 do CCB, devem

dirigir uma petição ao juiz de casamentos, sugerindo a designação de dia e hora (RIZZARDO,

2011).

Ressaltando a presença de elementos culturais, Dias (2010) afirma que a celebração marca o

rito de passagem para o estado civil de casado, sendo um ato solene, de celebração gratuita

para as pessoas que se declarem pobres, na forma da lei, a ser realizado por uma autoridade de

competência outorgada pelo artigo 226, § 1.º da Constituição e pelo artigo 1.512 do CCB.

No mesmo sentido, verifica-se Madaleno (2013) que reafirma a existência de um perfil

histórico da importância ritual do casamento para a humanidade, ao lado dos registros de

nascimento e de óbito. O autor afirma que a bênção religiosa do casamento encontra-se entre

os costumes enraizados na cultura ocidental, de origem romana, e as formalidades surgiram a

partir do Decreto Tametsi do Concílio de Trento, que estabeleceu um ritual a ser seguido para

as cerimônias de casamento, sob pena de perda da validade do matrimônio caso ocorresse

alguma omissão (MADALENO, 2013).

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Deferido o pleito dos noivos, a solenidade deverá ser realizada na sede do cartório, com toda a

publicidade e a portas abertas, na presença de, pelo menos, duas testemunhas. Caso seja

requerido e a autoridade defira, o casamento poderá ser realizado em outro prédio público ou

particular. Nesta última hipótese, durante todo o ato as portas deverão ficar abertas e o

número de testemunhas aumenta para quatro, por determinação do artigo 1.534, parágrafos 1.º

e 2.º do CCB, sendo determinada esta mesma quantidade de pessoas caso um dos nubentes

não saiba ou não possa escrever (GARCEZ, 2003).

Dias (2010) alega que, por ser solenidade pública, a determinação para que as portas

permaneçam abertas deve-se ao fato de a lei facilitar o acesso caso alguém deseje opor

impedimentos contra o matrimônio. Ao entendimento da referida autora, Lôbo (2011)

acrescenta que a publicidade é da natureza do casamento, pois interessa ao Estado que a

sociedade saiba quem está se casando, em virtude das implicações jurídicas pessoais e

patrimoniais que a mudança do estado civil é capaz de causar para os próprios contraentes e

em relação a terceiros.

Instalada a cerimônia, a autoridade indagará aos nubentes, separadamente, sobre a livre e

espontânea vontade de se casarem. A manifestação de vontade, no casamento, é tão

importante que deve ela ocorrer em dois momentos: na habilitação e também na celebração

(FARIAS; ROSENVALD, 2010).

Esses mesmos autores (2010) salientam, ainda, que a resposta não necessita, necessariamente,

ser o “sim”, uma vez que são admitidas quaisquer expressões afirmativas, desde que não

pairem dúvidas sobre a intenção dos declarantes. Tal aspecto se aplica sobretudo em atenção à

proteção jurídica especial que deve ser conferida às pessoas com deficiência na fala, a

exemplo dos mudos, que teriam seu direito violado caso deles fosse exigida uma resposta

oral.

Em consonância com Farias e Rosenvald (2010), Gonçalves (2012) defende ser possível que

os mudos declarem suas vontades por escrito ou através de gestos, desde que reste claro que o

consentimento por eles manifestado é livre e inequívoco.

Quanto às demais pessoas sem deficiência, os mencionados autores ressaltam que não são

admitidos gracejos, subterfúgio, pilhérias ou comportamentos do gênero, incompatíveis com a

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seriedade do ato, hipóteses em que, por força do artigo 1.538 do CCB, a autoridade

determinará a imediata suspensão da cerimônia, e mesmo que o nubente arrependa-se de sua

conduta, não será admitida a sua retratação naquele mesmo dia. O referido artigo determina a

aplicação dessas mesmas consequências caso um dos noivos se recuse a afirmar a sua

vontade, declare que não está de livre e espontânea vontade ou que se manifeste arrependido.

Lôbo (2011) sintetiza a relevância da questão do livre consentimento, ao afirmar que os

nubentes não são causados pela autoridade, mas, pelo contrário, são eles próprios que se

casam, uma vez que a causa geradora do casamento não é o ato da autoridade, e sim as

manifestações livres de vontade dos nubentes.

No mesmo sentido, posicionam-se Gagliano e Pamplona Filho (2011), ao advogarem o

entendimento de que o matrimônio é consequente da declaração recíproca de afeto entre os

noivos, mediante a afirmação que livre e espontaneamente é produzida, e não das palavras da

autoridade. Segundo esses autores, as declarações da autoridade simplesmente confirmam as

vontades dos nubentes perante ele manifestadas.

Gonçalves (2013), porém, diverge de Lôbo (2011), ao afirmar que a declaração da autoridade

assegura a legitimidade da formação do vínculo matrimonial, conferindo-lhe certeza. Se ela,

afirma aquele autor, o casamento é considerado inexistente, vez que o casamento só restará

concluído com a solene declaração do celebrante.

Evidenciada a controvérsia no tocante ao momento que culmina a celebração do casamento, o

fato é que, por força do artigo 1.535 do CCB, a autoridade deve proferir as chamadas palavras

sacramentais (VENOSA, 2014a); são elas: “De acordo com a vontade que ambos acabais de

afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro

casados” (BRASIL, 2002).

Encerrada a celebração, Dias (2010) ressalta que é lavrado o assento do casamento no livro de

registro civil das pessoas naturais, sendo este assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges,

pelas testemunhas e pelo Oficial do Registro, tendo finalidade certificatória da celebração.

A referida autora salienta que é nesse assentamento que devem ser qualificados os recém-

casados, seus genitores e testemunhas, as informações relativas à habilitação, ao regime

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patrimonial de bens escolhido pelo casal, e as eventuais mudanças de nome que os cônjuges

tenham requerido para adotar o sobrenome um do outro. Ainda segundo Dias (2010), a partir

do CCB de 2002, tornou-se possível a alteração dos sobrenomes de quaisquer dos nubentes, e

não apenas da mulher, em obediência ao disposto pelo artigo 1.565, § 1.º do CCB.

Por conseguinte, salvo melhor juízo, é possível concluir sobre o quanto de afinidade há entre

os aspectos jurídicos e o viés cultural, que é responsável pela legitimação de condutas

institucionalizadas (Meyer e Rowan, 1977), sendo ainda um instrumento de compreensão da

própria sociedade (SCHEIN, 2009).

Analisados o processo de habilitação e a celebração do matrimônio, imperioso se faz

compreender as circunstâncias que constituem proibições ao matrimônio, juridicamente

conhecidas como “impedimentos matrimoniais”, a serem tratados nas Seções seguintes.

2.3.5 Dos impedimentos matrimoniais

O casamento exige requisitos especiais dos nubentes que, em contrapartida, lhes é exigido que

reúnam condições impostas pela lei. Conforme Gonçalves (2014), tais condições, designadas

como “impedimentos”, juridicamente se apresentam sob a forma negativa, o que significa

dizer que somente as pessoas que não estejam relacionadas nas proibições previstas em lei é

que podem se casar.

O mencionado autor prossegue esclarecendo que os impedimentos têm origem no Direito

Canônico e constituem regra proibitiva de caráter excepcional, vez que a regra é a de que

todos podem se casar. Tratam-se, portanto, de situações de fato ou de direito, expressamente

previstas no CCB, que vedam a realização do matrimônio (GONÇALVES, 2014).

Rizzardo (2011) menciona que os impedimentos matrimoniais podem se apresentar sob cinco

espécies: a) parentesco; b) afinidade; c) adoção; d) pessoas casadas; e) pessoa condenada em

homicídio ou tentativa de homicídio contra o cônjuge, senão vejamos:

A primeira espécie de impedimento relaciona-se ao parentesco e sobre ela o CCB dedicou os

incisos I e IV do artigo 1.521, preconizando que não podem se casar os ascendentes ou

descendentes, seja o parentesco biológico ou por fruto de adoção, assim como os irmãos

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unilaterais e bilaterais e demais parentes colaterais até o terceiro grau, inclusive, o que

significa a proibição do matrimônio entre irmãos, tios(as) e sobrinhos(as) (RIZZARDO,

2011).

Esse caso refere-se aos chamados “impedimentos de consanguinidade” e resultam da força da

moral social, que hostiliza a prática de relações incestuosas. Ademais, razões de saúde pública

também apoiam tal proibição, face a probabilidade de malformações físicas e psíquicas

apontados por estudos biológicos quando diante de relacionamentos entre parentes (FARIAS;

ROSENVALD, 2010; GONÇALVES, 2014).

Farias e Rosenvald (2010) esclarecem que, por meio do Decreto-lei n.º 3.200, de 19 de abril

de 1941, abriu-se uma exceção no ordenamento jurídico pátrio para permitir o casamento

entre tios(as) e sobrinhos(as), mediante demonstração de laudo médico prévio que comprove a

inexistência de riscos genéticos ou sanitários para a prole. Nesses casos, diante do chamado

“exame pré-nupcial de compatibilidade sanguínea”, o juiz poderá dispensar o impedimento e

conceder autorização para as bodas (FARIAS; ROSENVALD, 2010; DIAS, 2010).

A segunda espécie corresponde ao impedimento de afinidade e encontra-se previsto no artigo

1.521, inciso II do CCB, ao estabelecer que não podem se casar os afins em linha reta.

Parentes afins são os que resultam do casamento, pois, ao se casar, a pessoa forma vínculo de

afinidade com os parentes do seu cônjuge. Um dos aspectos curiosos da legislação quanto a

esse aspecto é que, por força do disposto pelo artigo 1.595, parágrafo 2.º do CCB, a afinidade

em linha reta não se extingue, ainda que o casamento venha a ser dissolvido. Sendo assim, a

lei proíbe permanentemente o casamento entre sogro e nora, sogra e genro, padrasto e enteada

e madrasta e enteado (RIZZARDO, 2011; GONÇALVES, 2014).

A terceira espécie de impedimento recai sobre as relações que se formam por fruto da adoção

e está prevista no artigo 1.521, incisos III e V, que dispõe não poderem casar o adotante com

o cônjuge do adotado, o adotado com quem foi cônjuge do adotante e o adotado com o filho

do adotante (RIZZARDO, 2011; GONÇALVES, 2014). Consoante Diniz (2010), a adoção

procura imitar a natureza (parentesco biológico), ao gerar o parentesco civil. Nesse caso, por

respeito à moral e à confiança, busca-se salvaguardar a legitimidade das relações familiares.

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A quarta espécie diz respeito ao impedimento resultante de casamento anterior. Está previsto

no artigo 1.521, inciso VI do CCB que: “não podem casar: as pessoas casadas” (BRASIL,

2002). Sobre esse tema, Gagliano e Pamplona Filho (2011) esclarecem que, apesar de a

monogamia no Brasil não ter um condão absoluto, ante a impossibilidade do Estado impor

essa prática, ainda é um valor juridicamente tutelado.

Dessa forma, a legislação não admite que pessoas casadas contraiam novo casamento, sem

que antes o matrimônio anterior tenha sido dissolvido, pela morte ou pelo divórcio. Aqueles

que desobedecerem tal preceito, além de contraírem um segundo casamento considerado

inválido, consoante será demonstrado na Seção seguinte, estarão também incursos no crime

de bigamia, tipificado no artigo 235 do Código Penal Brasileiro (CPB), que estabelece como

sanção pena de reclusão de dois a seis anos (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011).

A última espécie de impedimento encontra-se disciplinada no artigo 1.521, inciso VII do CCB

e dispõe: “não podem casar: o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou

tentativa de homicídio contra o seu consorte” (BRASIL, 2002). Venosa (2014a) enaltece o

conteúdo moral da norma, aduzindo que é claro e dispensa maiores comentários, uma vez que

se espera que, ao homicida de seu cônjuge, o consorte reaja com repugnância, e não com

afeto.

O supracitado autor ressalta que, nessa hipótese, exige-se a condenação criminal do acusado e

abrange tanto o autor intelectual, como o autor material do crime de homicídio doloso, não

importando se houve uma tentativa ou se o delito foi consumado. O impedimento desse

matrimônio existirá ainda que não haja codelinquência do viúvo(a), ou seja, mesmo que não

esteja em conluio com o autor do crime, sendo também irrelevante o fato de ter ocorrido a

prescrição do crime ou a reabilitação do condenado. Nessas situações, inclusive, persistirá a

proibição, por uma questão de moralidade (VENOSA, 2014a).

A obediência aos impedimentos, em suas diferentes espécies, constitui matéria de ordem

pública, razão pela qual, caso ocorram, podem ser denunciados por qualquer pessoa, por meio

de declaração escrita e assinada, acompanhada de provas do fato ou de onde possam ser

colhidas tais comprovações. A oposição de tais impedimentos pode ocorrer desde o processo

de habilitação e até o momento da celebração do matrimônio, que será imediatamente

suspenso, só prosseguindo caso ocorra julgamento favorável aos nubentes. O juiz e o Oficial

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do Registro Civil, caso venham a ter conhecimento de qualquer espécie de impedimento, terão

a obrigação legal de declará-los (DONIZETTI; QUINTELLA, 2013; GONÇALVES, 2014).

Há, todavia, outras circunstâncias, menos graves, que são capazes de suspender a realização

do casamento, se suscitadas dentro do prazo, tornando o ato irregular. São as chamadas causas

suspensivas, sobre as quais versará a próxima Seção.

2.3.6 Das causas suspensivas

Há circunstâncias em que, para proteger os interesses patrimoniais de certas pessoas, a

legislação recomenda que não ocorra o casamento. Enquanto os impedimentos matrimoniais

constituem regras proibitivas, descritas na lei pelo texto “não podem casar” (artigo 1.521 do

CCB), nas causas suspensivas o que há são restrições de caráter econômico com o objetivo de

evitar a ocorrência de problemas que prejudiquem terceiros, daí porque a elas o legislador se

referiu com o texto “não devem casar” (artigo 1.523 do CCB). Têm, portanto, finalidade

inibitória, mas não proibitiva (DIAS, 2010; LÔBO, 2011).

Diferentemente dos impedimentos, nos quais a eventual celebração do casamento sem a sua

devida observância implicará na invalidade do ato, as causas suspensivas, quando opostas

dentro do prazo legal, podem suspender o casamento impedindo a sua realização. Contudo, se

a boda for celebrada sem que tal representação seja feita, o casamento será válido, sendo a

única sanção o fato de o regime patrimonial do casal ser obrigatoriamente o da separação de

bens, por força do disposto no artigo 1.641, inciso I do CCB (GONÇALVES, 2014;

VENOSA, 2014a).

Consoante Gonçalves (2014), as hipóteses de causas suspensivas descritas no artigo 1.523 do

CCB dividem-se em três espécies, sendo a primeira delas a regra que visa impedir a confusão

de patrimônios. Assim, recomenda o legislador que não devem casar: o(a) viúvo(a) que tiver

filhos do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos

herdeiros (inciso I), assim como o divorciado(a), enquanto não houver sido homologada ou

decidida a partilha de bens do casal (inciso III) (GONÇALVES, 2014).

Acompanhando os argumentos de Gonçalves (2014), Rizzardo (2011) afirma que a regra é

importante, porque visa impedir que haja embaralhamento de patrimônio: na primeira

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hipótese, os bens do novo casal com os bens dos herdeiros do primeiro casamento; já na

hipótese seguinte, com os bens contraídos em comunhão com o cônjuge anterior. É que, neste

último caso, afirma o referido doutrinador, não pode restar pendente questão relativa à divisão

do patrimônio formado durante o anterior casamento.

Venosa (2014a) ressalta que a lei, em seu artigo 1.523, parágrafo único do CCB, admite que

os nubentes requeiram ao juiz a não aplicação da causa suspensiva nas hipóteses

mencionadas, desde que provem inexistência de prejuízo para os herdeiros do antigo

casamento e para o ex-cônjuge ora divorciado.

A segunda espécie de causa suspensiva está descrita no inciso II do CCB e recomenda que

“não devem casar: a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido

anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal”

(BRASIL, 2002).

Essa circunstância visa evitar a confusão de sangue ou turbatio sanguinis, conforme explicam

Venosa (2014a) e Gonçalves (2014), e conforme Lôbo (2011) corresponde a uma espécie de

“quarentena” ampliada para dez meses sobre a viúva ou a mulher que teve seu casamento

anulado ou declarado nulo, justamente para evitar dúvida quanto à paternidade entre o

primeiro e o segundo marido.

Nessas hipóteses, Lôbo (2011) afirma que a causa suspensiva poderá ser desconsiderada pelo

magistrado em três circunstâncias: se a mulher provar que não engravidou; ou, se engravidou,

provar quem é o pai; ou ainda se o filho já nasceu nesse período, tudo de acordo com o

disposto pelo artigo 1.523, parágrafo único do CCB.

A última espécie de causa suspensiva encontra-se descrita no artigo 1.523, inciso IV do CCB

e desaconselha o matrimônio de pessoas que se encontrem em poder de outras. Assim,

recomenda a lei que “não devem casar: o tutor ou o curador e os seus descendentes,

ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto

não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas” (BRASIL,

2002).

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Diniz (2010) esclarece que o propósito dessa regra é o de evitar que o tutor ou curador

procure no casamento um meio de se esquivar da prestação de contas, quando tenham eles

zelado mal o patrimônio da pessoa de quem eram responsáveis. Todavia, prossegue a autora,

caso seja provada a inexistência de prejuízo para o pupilo ou o curatelado, poderá ser

requerida autorização judicial para que a causa suspensiva não seja aplicada, também com

base no disposto pelo artigo 1.523, parágrafo único do CCB.

Outro aspecto que novamente diferente as causas suspensivas dos impedimentos matrimoniais

diz respeito ao momento de oposição e aos prazos em que devem ser formalizadas. Segundo

Farias e Rosenvald (2010), por serem de ordem particular, aquelas somente poderão ser

opostas pelas pessoas legitimadas, ou seja, aquelas que têm interesse direto na causa

suspensiva; são elas: os ascendentes e descendentes, tanto por vínculo de consaguinidade,

quanto por afinidade, assim como os irmãos(ãs) e os cunhados(as).

Para tanto, deverão fazê-los por meio de declaração escrita, munida de provas de suas

alegações ou indicando onde tais provas podem ser obtidas. As causas suspensivas somente

poderão ser opostas no curso do processo de habilitação até o prazo de 15 dias da publicação

dos proclamas (GONÇALVES, 2014).

A importância atribuída à solenidade, aos ritos e à cerimônia de casamento é reiterada partir

da constatação de que a desobediência a quaisquer dos preceitos legais pode tornar sem efeito

jurídico do ato praticado, razão pela qual se torna necessário abordar as circunstâncias em que

o casamento é declarado como inexistente, nulo ou anulável, o que se fará na Seção seguinte.

2.4 Inexistência e invalidade do casamento

A presente Seção é dedicada ao aprofundamento das irregularidades que podem acometer o

casamento. Para tanto, propõe-se, inicialmente, a diferenciar as circunstâncias que podem

ensejar a inexistência e a invalidade do matrimônio, para, em seguida, tratar sobre as espécies

de invalidade e, por fim, discorrer sobre a forma como tais irregularidades são pronunciadas

juridicamente.

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2.4.1 Da inexistência do casamento: conceito e pressupostos

Como ato jurídico que é, o casamento também pode padecer de vícios que venham a

comprometer a produção dos seus efeitos jurídicos. Com efeito, a compreensão sobre a

inexistência e a invalidade do casamento é de suma importância prática, pois, consoante

Farias e Rosenvald (2010) não raramente essas expressões são empregadas equivocadamente

como se sinônimas fossem, sendo por isso necessário diferenciá-las.

Consoante os referidos doutrinadores, no Brasil, coube a Pontes de Miranda introduzir o

assunto, estabelecendo as distinções, pelo que passou a organizar a estrutura jurídica do

casamento em três planos: plano da existência, plano da validade e plano da eficácia.

O plano da existência corresponde ao plano do ser, ou seja, é aquele em que são estabelecidos

elementos fundamentais para que o ato jurídico possa assim ser considerado. Trata-se do

plano que serve de base para que se possa falar, posteriormente, em validade e,

consequentemente, em eficácia de qualquer acontecimento jurídico, inclusive o casamento.

Assim, o fato jurídico que for inexistente é um “nada jurídico” (FARIAS; ROSENVALD,

2010).

Segundo Diniz (2010), foi na França que surgiu a chamada Teoria do Casamento Inexistente,

que apontou três pressupostos essenciais; são eles: diversidade de sexos, celebração na forma

da lei e consentimento. A referida autora ressalta que, à luz da pré-falada teoria, em sendo

inobservado qualquer desses elementos, o casamento será considerado como um ato

inexistente, padecendo de valor jurídico.

Rizzardo (2011) complementa que é no direito matrimonial que mais se evidenciam os atos

inexistentes, assim considerados os matrimônios não celebrados de acordo com as prescrições

legais, ou aqueles que não atenderem as solenidades obrigatórias, ou ainda os que careçam de

um dos pressupostos essenciais à sua formação, acima mencionados por Diniz (2010).

Apontado como primeiro pressuposto essencial de existência do casamento, a diversidade de

sexos figura como alvo de controvérsias, senão vejamos: a perspectiva tradicional defende ser

este o pilar do casamento, uma vez que, para os conservadoristas, a união de dois homens ou

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duas mulheres é inadmissível, por ser uma farsa. Nessas hipóteses, a solução apontada seria a

de o magistrado apontar a inexistência, negando o caráter matrimonial à união.

Conforme Escorel (2014), a polêmica surge justamente no campo doutrinário porque, do

ponto de vista legal, não existe regra expressa que proíba o casamento entre homoafetivos.

Todavia, Gagliano e Pamplona Filho (2010) contra-argumentam que, apesar dessa omissão

legal, o fato é que o excesso de formalidades típicas, aliado à elevada carga pública sobre os

casamentos exigem uma previsibilidade legal específica para que o matrimônio entre pessoas

do mesmo sexo fosse admitido, o que não se aplicaria às uniões estáveis, que são

essencialmente informais.

Contudo, desde outubro de 2011, esse requisito foi afastado pelo STJ, quando do julgamento

do REsp n.º 1.183.378-RS. Ademais, desde 2013, a Resolução n.º 175 do CNJ determinou

que os cartórios dos registros civis admitam os pedidos de habilitação de uniões estáveis e

casamentos de homoafetivos, tudo consoante evidenciado no item 2.3.2.8 supra, pelo que a

presente discussão perdeu o seu objeto.

O segundo pressuposto de existência corresponde à celebração na forma da lei, encontrando-

se tais formalidades disciplinadas pela Lei n.º 6.015/1973, denominada “Lei dos Registros

Públicos”. Nesse sentido, dois principais pontos necessitam ser observados: o primeiro, a

cerimônia necessita ser celebrada por uma autoridade competente, que habitualmente é

judicial ou religiosa, conforme ocorre no casamento religioso com efeitos civis, descrito no

item B da Seção 2.3.2. O segundo, por sua vez, corresponde à escritura pública ou

instrumento particular de casamento que, por não cumprir as exigências impostas pelos

artigos 1.535 e 1.536 do CCB, torna o ato inoperante. Assim, em não produzindo nenhum

valor como prova do casamento, ter-se-á o ato como inexistente (GONÇALVES, 2014).

O terceiro e último pressuposto de existência corresponde ao consentimento expresso dos

nubentes. Escorel (2014) menciona que a manifestação de vontade necessita ser inequívoca,

em que não se pairem dúvidas, admitindo-se que seja declarada oralmente, por meio do “sim”,

por escrito ou por gestos, como no caso dos surdos-mudos.

Venosa (2014a) acrescenta que o silêncio, assim compreendido como ausência total de

consentimento, torna inexistente o matrimônio. Sendo tal comportamento percebido pela

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autoridade competente durante a celebração do casamento, consoante explicitado no item

2.3.4 supra, ensejará a suspensão da cerimônia, e, ainda que o nubente se retrate, não poderá

ser retomada a realização no mesmo dia, nos termos do artigo 1.538 do CCB.

Nessas hipóteses, poderá ser redesignado outro dia para a continuação da cerimônia, se a

retratação ocorrer dentro do prazo de 90 dias, a contar da data que for extraído o certificado

de habilitação. Se for posterior, necessário se fará que o casal se submeta a novo processo de

habilitação (LÔBO, 2011).

Venosa (2014a) esclarece que a Teoria do Casamento Inexistente também preconizou que não

pode haver invalidade de casamento sem expressa previsão legal, de modo que apenas a

ocorrência das hipóteses descritas em lei autoriza a alegação de ausência de validade de um

matrimônio. São vedadas, portanto, as chamadas “nulidades virtuais” em matéria de

casamento, o que significa dizer que apenas as invalidades textuais, ou seja, aquelas previstas

expressamente na lei, é que podem ser apontadas para fulminar os efeitos jurídicos de um

casamento (VENOSA, 2014a; GONÇALVES, 2014; DINIZ, 2010).

A controvérsia que paira sobre o assunto, por desobediência a qualquer dos seus três

pressupostos essenciais supracitados, decorre do fato de, na lei, nada existir sobre o ato ou o

casamento inexistente. O plano da existência surgiu como auxílio ao intérprete da legislação,

para que pudesse solucionar situações de casamentos que apresentavam defeitos insanáveis,

mas que não se encontravam expressos na lei. Considerando que são vedadas as chamadas

“nulidades virtuais”, conforme explicado no parágrafo anterior, era através da declaração do

“casamento inexistente” que o magistrado poderia tornar sem conteúdo jurídico o caso prático

que lhe fosse submetido (DIAS, 2010).

2.4.2 Da invalidade do casamento: conceito, requisitos e espécies

Sucessivo ao plano da existência encontra-se o plano de validade do casamento, sendo aquele

em que será verificada a aptidão do ato praticado frente aos elementos de admissibilidade

exigidos pelo ordenamento jurídico (FARIAS; ROSENVALD, 2010). Segundo Lôbo (2011),

a validade do casamento deriva da validade dos seus requisitos; são eles: a manifestação de

vontade livre e concorde dos nubentes de estabelecerem o vínculo conjugal e a declaração da

autoridade de que estão casados, por meio das “palavras sacramentais”.

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As eventuais invalidades diferenciam-se quanto ao grau de ofensa aos princípios que tratam o

casamento e na classe de pessoas ou interessados que poderão suscitá-las, mas, ao serem

alegadas, têm por objetivo desconstituir o matrimônio (RIZZARDO, 2011).

Assim, Donizetti e Quintella (2013) explicam que a sanção prevista na lei para possíveis

vícios sobre o casamento podem ser nulidades ou anulabilidades, o que permite concluir que o

ato inválido pode ser classificado em “nulo” ou “anulável”, respectivamente.

Gonçalves (2014) leciona que o casamento poderá ser nulo ou anulável, a depender do grau

de imperfeição ou de inobservância dos requisitos de validade estabelecidos em lei.

Complementarmente, Venosa (2014a) afirma que, no sistema de nulidades do casamento, há

nítida distinção entre as duas mencionadas espécies, que tratam de vícios insanáveis (nulo) e

vícios sanáveis (anulável).

Dias (2010) ressalta, porém, que a desconstituição do casamento em ambas as hipóteses,

dependerá de chancela judicial, mediante a propositura de uma ação, e assim o é porque, nas

duas circunstâncias, o casamento existe, foi celebrado e produziu efeitos jurídicos, presunção

essa que persiste até que seja proferida uma decisão judicial em sentido contrário. Assim, para

fins didáticos, merecem as duas espécies ser analisadas separadamente, nas Seções seguintes.

A) Do casamento nulo

Denomina-se “nulo” o casamento realizado com infração a impedimentos de ordem pública,

pois, sobre eles, há um interesse social nessa desconstituição. O casamento nulo, por infringir

um impedimento matrimonial, ameaça diretamente a estrutura da sociedade, pelo que, contra

ele, há uma reação jurídica violenta, capaz de fulminar a boda celebrada. O casamento nulo

deriva da prática de um vício grave, que causa repugna ao ordenamento, sendo essa a razão

porque deve ser extirpado da vida jurídica (DIAS, 2010).

Considerando o disposto no artigo 1.548 do CCB, “é nulo o casamento contraído por

infringência de impedimento” (BRASIL, 2002). Tratam-se das máculas praticadas contra os

impedimentos matrimoniais, sobre os quais se dedicou o item 2.3.5 supra.

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Reitere-se que a segunda hipótese então declarada como de nulidade de casamento dizia

respeito àquele contraído pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da

vida civil. Todavia, tal hipótese veio a ser expressamente revogada, a partir da vigência do

Estatuto da Pessoa com Deficiência – Lei n.º 13.146/2015, consoante antes explicitado no

item 2.3.3.

Assim, na atualidade, pode a pessoa com deficiência mental ou intelectual casar-se, desde que

expresse sua vontade diretamente, ou por meio de seu responsável ou curador, conforme

permissão concedida pelo artigo 1.550, parágrafo 2.º do CCB (BRASIL, 2002).

Farias e Rosenvald (2010), por isso, afirmam que o casamento nulo não possui viabilidade

jurídica, por estar molestado por um vício não convalidável, independentemente do tempo que

venha a decorrer, daí se dizer que não há prazo prescricional para a impugnação de um

matrimônio nulo.

Dispõe a doutrina sobre outras características do casamento nulo: a boda nula não admite

confirmação, sendo por isso irratificável; a nulidade opera-se de pleno direito, podendo ser

invocada por qualquer pessoa ou pelo Representante do Ministério Público a qualquer tempo,

por meio de ação direta de nulidade, que é imprescritível, consoante disposto pelo artigo

1.549 do CCB (FARIAS; ROSENVALD, 2010; GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011).

A regra é que o casamento nulo não produza efeitos (FARIAS; ROSENVALD, 2010).

Todavia, tempestivamente, Dias (2010) relembra que o casamento nulo pode vir a gerar

efeitos jurídicos em determinadas circunstâncias, como quando se tratar de um casamento

putativo. Nesses casos, ressalta a autora, a eficácia pode ser produzida, em relação ao cônjuge

de boa-fé, até que o matrimônio seja desconstituído judicialmente, mas, em relação aos filhos

comuns, os efeitos sempre se perpetuarão, nos termos alhures debatidos no item G da Seção

2.3.2.

B) Do casamento anulável

Diferentemente das nulidades, Lôbo (2011), Farias e Rosenvald (2010) esclarecem que as

anulabilidades (também denominadas de nulidades relativas) correspondem a vícios que

atingem interesses privados relevantes, juridicamente considerados de menor gravidade –

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quando comparados àqueles que ofendem a ordem pública – razão pela qual admitem

confirmação, que pode ser realizada expressa ou tacitamente.

Por se tratarem de defeitos de menor relevância, as anulabilidades em matéria de casamento

possuem características próprias, a saber: a) o casamento existe e gera efeitos até que

sobrevenha a sua desconstituição pela via judicial; b) somente as pessoas diretamente

interessadas, descritas na lei, podem propor a ação anulatória; c) admitem ratificação; d) a

ação anulatória submete-se a prazos decadenciais previstos no artigo 1.560 do CCB, dentro

dos quais deverá ser proposta; e) o Ministério Público não pode suscitar a ação anulatória; f)

as anulabilidades não proíbem, nem impedem o casamento, que poderá ser convalidado com o

decurso do prazo e a inércia do interessado (FARIAS; ROSENVALD, 2010; LÔBO, 2011).

Lôbo (2011) salienta que a anulação, além da dissolução do casamento, gera outros efeitos em

desfavor do cônjuge culpado, tais como a perda de todas as vantagens patrimoniais e

financeiras que houve do inocente e o cumprimento compulsório de todas as obrigações a que

se comprometeu no pacto antenupcial, sanções essas previstas no artigo 1.564 do CCB.

Ademais, Venosa (2014a) ressalta que, mesmo diante de um casamento anulado, os efeitos

dessa anulabilidade não prejudicarão o cônjuge de boa-fé, nem a prole do casal, haja vista se

tratar de hipótese de casamento putativo, à luz do disposto pelo artigo 1.561 do CCB, nos

termos descritos também na Seção 2.3.2, item G.

Donizetti e Quintella (2013) apontam serem seis as hipóteses legais descritas no artigo 1.550

do CCB, que, se ocorridas, podem ensejar a anulação do matrimônio; são elas: aquele

contraído por pessoa menor de dezesseis anos; do menor de 16 ou 17 anos que não tenha

autorização dos pais ou representantes legais; o casamento contraído em virtude de erro ou

coação; aquele realizado por procurador que não tomou ciência da revogação dos poderes que

lhes haviam sido outorgados e por incompetência da autoridade celebrante. Essas hipóteses

são analisadas na Seção seguinte:

B.1) Do casamento anulável por defeito de idade

As duas primeiras hipóteses de anulabilidade correspondem a causas derivadas da idade e

estão descritas no artigo 1.550, incisos I e II: a primeira, ocorre quando a boda for contraída

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por pessoa menor de 16 anos, enquanto que a segunda, verifica-se quando o menor com 16 ou

17 anos casa-se sem a autorização de seus pais ou tutores (RIZZARDO, 2011).

Gagliano e Pamplona Filho (2011) esclarecem que a própria lei, no artigo 1.517 do CCB,

estabeleceu que 16 anos é a idade núbil, no Brasil, valendo tal critério para homens e

mulheres, mas que para ser suscitado exige autorização concedida pelos pais ou

representantes legais, como os tutores.

Rizzardo (2011) explica que o estabelecimento de critério etário mínimo decorre da

necessidade de amadurecimento corporal e psíquico das pessoas, do maior conhecimento que

deve haver reciprocamente entre os nubentes e da desejada independência econômica que tal

ato requer, o que dificilmente seria possível em tenras idades.

O matrimônio de pessoa abaixo da idade núbil é exceção no ordenamento jurídico, somente

sendo admitido quando autorizado pelo juiz em caso de gravidez ou para evitar imposição ou

cumprimento de pena criminal, consoante disposto pelo artigo 1.520 do CCB. Nesses casos,

ainda que o casamento seja anulável, não será anulado, o que é considerado inconcebível por

Dias (2010).

Com a primeira hipótese pretendia o CCB de 2002 evitar a imposição ou o cumprimento de

pena criminal, quando houvesse vítima dos crimes contra os costumes de ação penal pública –

a exemplo do estupro. Todavia, tal hipótese deixou de ser excludente de criminalidade, pois

foi retirada do Código Penal pelo advento da Lei n.º 11.106/2005. Assim, nesses delitos a

previsão legal do CCB deixou de fazer sentido, pois passou a não mais produzir o efeito

pretendido, de sorte que o estuprador, ao casar com a vítima, não mais se livra de responder

pela prática do crime cometido (DIAS, 2010; GONÇALVES, 2014).

Gonçalves (2014) esclarece que, havendo defeito de idade por contar o nubente menos de 16

anos, a ação anulatória poderá ser proposta tanto pelo cônjuge menor, quanto por seus

representantes legais ou seus ascendentes, dentro de 180 dias. O autor confirma que se a

iniciativa for dos representantes legais ou ascendentes dos menores, esse prazo será contado

da data da celebração; se a iniciativa for do menor, o prazo passará a fluir a partir da data em

que atingir a idade núbil, ou seja, 16 anos.

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Na hipótese que versar sobre o casamento contraído por menor em idade núbil (16 ou 17

anos), mas que não tenha contado com autorização dos pais, o prazo para a propositura da

ação anulatória também será de 180 dias. Estão legitimados a propor a ação anulatória, dentro

do mencionado prazo: o nubente incapaz (a contar da data em que cessou a sua menoridade,

ou seja, ao completar 18 anos), seus pais ou representantes legais (a contar da data do

casamento) e seus herdeiros necessários (a partir da data que ocorrer a morte do incapaz, caso

se trate de alguma circunstância em que o menor tenha falecido) (DONIZETTI;

QUINTELLA, 2013).

B.2) Do casamento anulável por vício de vontade

Para que o casamento seja válido a declaração de vontade dos noivos deve ser feita em

sentido afirmativo, mas de forma livre. Quando tal manifestação é feita, mas não se retrata de

modo espontâneo e de boa-fé pode-se dizer que a vontade exteriorizada encontra-se viciada.

Juridicamente, dois são os vícios de vontade que poderão levar à anulabilidade do casamento,

a saber: o erro e a coação (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011).

Consoante Gonçalves (2014), o erro é a falsa representação da realidade, que leva o agente a

se equivocar sozinho quanto a sua decisão de se casar. O mencionado autor alerta, porém, que

não é qualquer erro que torna anulável o casamento, mas sim aquele que foi causa

determinante – também chamado “erro essencial” ou “erro substancial”. Em outras palavras,

se o agente não houvesse errado e tivesse pleno conhecimento sobre a realidade, não teria se

casado.

Chaves e Rosenvald (2010, p. 183) complementam, explicando que “o erro ou ignorância é o

resultado de uma falsa percepção, noção ou mesmo da falta (ausência) de percepção sobre a

pessoa, com que se está convolando núpcias”.

Dias (2010) acrescenta que para que seja reconhecido o erro essencial faz-se necessário três

requisitos: que a circunstância ignorada preexista ao casamento, que a descoberta da verdade

seja posterior ao casamento e que tal fato torne insuportável a vida em comum.

Assim, o erro essencial pode se apresentar sob três subespécies:

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a) Erro sobre a identidade do outro cônjuge, sua honra e boa fama: como nos casos de pessoa

que, durante o noivado, se passa por outra, apresentando-se com nome e identidade falsos ou

do cônjuge que, antes do casamento, era envolvido com atividade de prostituição ou vício em

drogas, sendo tais circunstâncias desconhecidas de seu consorte (GAGLIANO; PAMPLONA

FILHO, 2011).

b) A ignorância de crime ultrajante praticado antes do casamento: Chaves e Rosenvald (2010)

esclarecem que não se trata de qualquer crime, mas daqueles que causem repulsa e ultraje, a

exemplo de homicídio ou estupro. Lôbo (2011), porém, diverge ao defender que o crime não

necessita ser grave, sendo suficiente que seja desconhecido pelo cônjuge inocente. Venosa

(2014a), por sua vez, aponta que anulabilidade com base nesse vício não exige que o crime

seja inafiançável e ainda que o cônjuge não tenha sido julgado em definitivo por sentença

penal condenatória.

c) A ignorância de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia

grave e transmissível: Gonçalves (2014) afirma que defeito físico irremediável é o que impede

a realização dos fins matrimoniais, a exemplo das anomalias sexuais impassíveis de

tratamento médico ou cirúrgico ou em virtude da recusa ao tratamento pelo cônjuge ou ainda

nos casos de moléstia grave transmissível por contágio ou herança, tais como AIDS, lepra e

sífilis, por exemplo. Segundo o referido autor, não exige a lei que tais doenças sejam

incuráveis, bastando apenas que sejam graves e transmissíveis.

Tartuce (2015) salienta que tal dispositivo, previsto no artigo 1.557, inciso III do CCB, sofreu

alteração em sua redação após o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência, isso porque

não se pode mais alegar a anulabilidade com base em tal dispositivo se o defeito físico

irremediável caracterizar-se como uma deficiência.

Nos casos de erro essencial, conforme os artigos 1.559 e 1.560, inciso III do CCB, apenas o

cônjuge lesado tem o direito de propor a ação anulatória de casamento, no prazo de três anos

contados da data da celebração do casamento (DONIZETTI; QUINTELLA, 2013). Contudo,

Lôbo (2011) aduz que a coabitação posterior, ou seja, o relacionamento sexual regular e

constante em convivência afetiva é um aspecto favorável ao matrimônio e impeditivo à

anulação, exceto se ocorrer na hipótese de ignorância sobre defeito físico irremediável que

não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível.

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O segundo vício de vontade capaz de gerar a anulação do casamento é a coação, previsto no

artigo 1.558 do CCB, e que, consoante Diniz (2005) corresponde ao fato de um ou ambos os

cônjuges houver sido compelido ao casamento, mediante fundado temor de mal considerável

e iminente para a vida, a saúde e a honra sua ou de seus familiares.

Farias e Rosenvald (2010) reforçam que coação é a pressão moral ou psicológica exercida

contra alguém, intimidando-o, por meio do temor, a casar-se contra a sua vontade, de modo

que ou o sujeito cede à pressão do coator e se casa, ou, se submete às consequências derivadas

da ameaça que o coator lhe fez, como no caso de alguém casar-se com outrem para não ver

segredos pessoais revelados à sociedade.

A exemplo do que ocorre no erro, para que possa gerar a anulação do casamento, a coação

precisa ser a causa determinante do casamento – a chamada coação essencial – em que o

casamento somente se realizou como consequência da pressão sofrida pelo coato (Farias;

Rosenvald, 2010), devendo ainda ser grave, injusta e atual (GONÇALVES, 2014).

Constatada a coação, o coato dispõe do prazo de quatro anos, a contar da data da celebração,

para propor a ação anulatória do casamento, consoante previsão do artigo 1.560, inciso IV do

CCB (BRASIL, 2002). Todavia, Gonçalves (2014) critica o mencionado prazo, por acreditar

ser ele excessivo, não acreditando o autor que alguém permaneça convivendo tanto tempo

com o coator sem que tome alguma atitude reativa.

Outra semelhança entre a coação e o erro é que, nos termos do artigo 1.559 do CCB, se

ocorrer a coabitação entre coator e coato, tal fato impedirá a anulação do matrimônio, desde

que tal coabitação tenha sido comprovadamente um ato deliberado do cato, e não fruto de

mais uma ameaça do coator (GONÇALVES, 2014),

B.3) Do casamento anulável por incapacidade de manifestação do consentimento

Embora seja tênue a diferença, a incapacidade de manifestação do consentimento não pode

ser confundida com a ausência total de consentimento, diferenciando-se de acordo com a

gradação da incapacidade. Na primeira situação, verifica-se uma redução da capacidade de se

manifestar de forma inequívoca, e como consequência, o casamento será existente, porém

anulável. É o caso dos ébrios habituais e dos viciados em tóxico que tenham contraído

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matrimônio sob o efeito do álcool, drogas ou psicotrópicos. Na segunda, a ausência de

consentimento é total e permanente, sendo o resultado será um casamento inexistente, um

“nada jurídico”, consoante exposto no item 2.4.1 supra (LÔBO, 2011; GONÇALVES, 2014;

VENOSA, 2014a).

De acordo com o artigo 1.560, inciso I do CCB, o prazo para ser proposta a ação de anulação

do casamento será de 180 dias, a contar da data da celebração, e não da cessação da

incapacidade. Nesse aspecto, Farias e Rosenvald (2010) tecem crítica ao afirmar que tal

dispositivo não é dotado de lógica, pois, se o agente permanece incapaz de se manifestar de

forma plena, presumidamente também não terá condições de refletir sobre as providências

judiciais que deverão ser tomadas contra a decisão impensada de ter se casado. Segundo os

referidos autores, mais parece uma insana busca legislativa pela manutenção do casamento.

Tartuce (2015) alerta, porém, não ser mais possível articular o argumento de anulabilidade

com base nesse fundamento contra a pessoa com deficiência, já que como consequência do

advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência, no ano de 2015, foi introduzido o artigo

1.550, parágrafo 2.º ao CCB. A partir de então, a pessoa com deficiência mental ou intelectual

passou a ser possível contrair casamento, desde que expresse sua vontade pessoalmente ou

por meio de seu responsável ou curador, consoante já demonstrado no item 2.3.3.

B.4) Do casamento anulável por ter sido realizado por procurador com poderes revogados

Essa espécie de anulabilidade diz respeito ao casamento por procuração, sobre o qual versou o

item C da Seção 2.3.2, modalidade em que um ou ambos os nubentes podem se fazer

substituir, durante a cerimônia, pelo chamado procurador ad nuptias, que participa do ato

munido de instrumento público, com validade de 90 dias, dotado de poderes especiais para

que receba, em nome do outorgante, o outro contraente como seu cônjuge (DONIZETTI;

QUINTELLA, 2013).

Com efeito, de acordo com os artigos 1.550, inciso V e parágrafo primeiro do CCB, o

casamento será anulável se o procurador e o outro cônjuge tenham participado do casamento,

mas sem que soubessem que seus poderes estavam revogados pelo outorgante ou quando o

mandato foi decretado inválido pelo Judiciário, e tal fato também não foi conhecido até a

celebração (LÔBO, 2011).

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Tal circunstância pode ocorrer, consoante Donizetti e Quintella (2013), nos casos em que, por

dificuldade de comunicação, aquele que revogou os poderes não consiga avisar ao procurador,

nem ao outro cônjuge a tempo.

Ainda que nessas circunstâncias, ressalva-se a hipótese de o casamento ser convalidado caso

ocorra coabitação entre os cônjuges. Gonçalves (2014) explica que, nesses casos, o casamento

não será anulado se houver a convivência mais íntima entre os cônjuges, mesmo após o outro

contraente tomar conhecimento que o mandato fora revogado. Rizzardo (2011) assevera que

se trata de uma situação que dificilmente acontece, pois a coabitação, nessas circunstâncias,

implica na aceitação natural do casamento por parte de quem outorgou poderes ao procurador,

o que significa dizer que, com seu comportamento, renunciou a revogação antes por ele

realizada.

Segundo o artigo 1.560, parágrafo 2.º do CCB, não sendo a hipótese de coabitação, o prazo

para que o mandante – aquele que outorgou poderes ao procurador – proponha a ação

anulatória será de 180 dias contados da data em que tiver ciência do casamento, o que exigirá

do julgador especial atenção quanto à prova dessa data (DONIZETTI; QUINTELLA, 2013).

B.5) Do casamento anulável por incompetência da autoridade celebrante

A Constituição Federal, em seu artigo 98, inciso II, proclama que a instauração do processo

de habilitação, a celebração de casamentos e a análise das eventuais impugnações suscitadas é

atribuição da Justiça de Paz do local onde foi processado o pedido de habilitação. Com efeito,

a criação de tal entidade, composta por cidadãos eleitos para um mandato de quatro anos,

deve ser organizada por cada Estado e pela União, em relação ao Distrito Federal e aos

Territórios (DONIZETTI; QUINTELLA, 2013).

Ocorre que, em Estados como Pernambuco, o Código de Organização Judiciária acabou por

legar a atribuição da celebração de casamentos não à Justiça de Paz, e sim à Justiça Comum

Estadual, através das Varas de Família e Registro Civil ou daquelas que tenham o exercício

dessa competência nas Comarcas (PERNAMBUCO, 2007).

Portanto, dispõe o CCB, em seu artigo 1.550, inciso VI que “é anulável o casamento: por

incompetência da autoridade celebrante” (BRASIL, 2002). Gagliano e Pamplona Filho (2011)

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explicam que a incompetência a que se referiu o legislador é aquela que diz respeito à questão

territorial. Portanto, segundo os autores, será anulável o casamento se celebrado por juiz de

paz ou juiz de direito de outro lugar que não aquele onde se processou o pedido de habilitação

dos nubentes. No mesmo sentido posiciona-se Gonçalves (2014, p. 399), ao afirmar que

haverá anulabilidade “quando o celebrante preside a cerimônia nupcial fora do território de

sua circunscrição ou o casamento é celebrado perante juiz que não seja o do local da

residência dos noivos”.

Essa situação não se confunde com o matrimônio que for realizado por pessoa desprovida de

competência material para presidir casamentos, como por exemplo, o promotor de justiça, o

prefeito ou o delegado de polícia. Nesses casos, não será o casamento anulável, mas sim

inexistente, por não ter sido celebrado na forma da lei, tópico sobre o qual se dedicou o item

2.4.1 supra (RIZZARDO, 2011; GONÇALVES, 2014).

Dias (2010) adverte que, nesses casos, responderá criminalmente aquele que falsamente se

atribuiu como autoridade para celebrar o casamento, induzindo os noivos em erro. Trata-se do

crime de “simulação de autoridade para celebração de casamento”, tipificado no artigo 238 do

Código Penal Brasileiro, e punido com pena de detenção de um a três anos, se o fato não

constitui crime mais grave (BRASIL, 1940).

A ação de anulação do casamento por incompetência da autoridade celebrante poderá ser

proposta por qualquer dos cônjuges dentro do prazo de dois anos, contados da data da

celebração, em obediência ao disposto pelo artigo 1.560, inciso II do CCB (DIAS, 2010).

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

O presente capítulo dedica-se à explanação do percurso metodológico que foi adotado na

concretização desta pesquisa. Para tanto, demonstrará sucessivamente: a sua caracterização, o

desenho da pesquisa, o locus, os instrumentos de coleta dos dados, o processo de coleta dos

dados, a técnica de análise dos dados e, finalmente, expor os seus limites e as suas limitações.

3.1 Caracterização da pesquisa

Relembrando o objetivo geral desta pesquisa que consiste em verificar de que maneira a

cultura institucional do Direito de Família interfere sobre os procedimentos de nulidade do

casamento, entendeu-se que a abordagem qualitativa seria a mais adequada, uma vez que ela,

consoante Chizzotti (2003), pauta-se à luz do pressuposto básico de investigação dos

fenômenos humanos que se caracterizam por criar e atribuir significados às coisas e às

pessoas que interagem socialmente. Neste sentido, Richardson (2011), também afirma que ela

deve ser usada quando se deseja entender o funcionamento de estruturas sociais.

Como método, entendeu-se que seria adequado um estudo fenomenológico, porquanto, nos

dizeres de Holanda (2009), ele permite o livre acesso ao mundo e ao sujeito que constitui e

interage nesse mundo, fundando-se e fundando perspectivas antropológicas, sociológicas,

psicológicas e por que não dizer também jurídicas, que merecem ser conhecidas.

Importa, com efeito, salientar, que esta pesquisa não teve o propósito de colher os

depoimentos dos casais envolvidos nos processos de nulidade e anulabilidade do casamento, o

que se justificou pela impossibilidade de identificação de tais sujeitos. Todavia, tal fato não

constituiu óbice ao desenvolvimento do método escolhido, isso porque os julgados proferidos

pelo TJRS serviram como escritos que permitiram o acesso àquelas experiências de vida,

sobre as quais é possível a realização do estudo fenomenológico. Respaldando tal

entendimento, posiciona-se Silva (2006, p. 277):

Pesquisa e escrita são entendidas como aspectos de um mesmo processo. Ou

seja, esse processo é fenomenológico porque trata de uma descrição pura da

experiência vivida; e é hermenêutico porque a experiência é descrita através

da sua interpretação em um “texto” ou de uma forma simbólica.

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Com efeito, percebe-se que a proposta deste trabalho traz consigo justamente a tentativa de

aprofundar a compreensão sobre o casamento, como instituição social e jurídica, o que se

amolda perfeitamente aos argumentos sustentados pelos referidos autores.

Cuida-se de um estudo descritivo e exploratório, uma vez que, até onde a pesquisa foi

executada, os objetivos ora propostos ainda não haviam sido explorados pela academia, o que

vai ao encontro do afirmado por Marconi e Lakatos (2003), que, segundo essas autoras, essa é

a perspectiva adequada para pesquisas que se pautam por análises empírico-teóricas e que se

propõem a descrever completamente determinado fenômeno.

3.2 Desenho da pesquisa

O desenho da pesquisa retrata a definição e o desenvolvimento das etapas necessárias a sua

execução, cabendo ao pesquisador adaptar o diagrama das atividades em conformidade com

as necessidades concretas (GIL, 2002). Sendo assim, o esquema representado pela Figura 1,

abaixo, retrata a trajetória metodológica percorrida por esta pesquisa:

Figura 1- Desenho da pesquisa

Fonte: Adaptado de GIL (2002).

Questão da pesquisa: de que maneira a cultura institucional do Direito de Família interfere sobre os procedimentos

de nulidade do casamento?

Objetivo geral: Verificar de que maneira a cultura institucional do Direito de Família interfere sobre os

procedimentos de nulidade do casamento.

Natureza: qualitativa, estudo fenomenológico, descritiva e exploratória.

Coleta de dados: documentos e

pesquisa bibliográfica.

Locus: Nulidades

sobre os

procedimentos

jurídicos do

casamento.

Locus: Julgados do TJRS

proferidos nos processos de

nulidade do casamento.

Análise dos dados: análise

documental e análise de conteúdo.

Discussão e conclusões

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3.3 Locus da pesquisa

O locus dessa pesquisa sedimenta-se sobre as nulidades – absolutas e relativas – incidentes

sobre os procedimentos jurídicos do casamento, ressaltando-se a inexistência até aqui

conhecida de estudos focados na análise de tais nulidades, a partir de julgados do TJRS, sob

as perspectivas combinadas ora propostas, que são a institucional e a cultural.

A escolha pelo TJRS como sendo o órgão judicial de onde são oriundas as decisões

pesquisadas justificou-se pela posição vanguardista assumida pela mencionada instituição no

tocante à prolação de entendimentos jurídicos inovadores em âmbito nacional. Tal fato pode

ser constatado, inclusive, pelas divulgações veiculadas pela imprensa, nas quais se verifica a

publicação de decisões judiciais de Direito de Família e de Direito Penal até então sem

precedentes e que têm influenciado outros magistrados (cf. DE LEON, 2000, a seguir).

De Leon (2000) ressalta que a primeira decisão reconhecendo direitos extramatrimoniais

ocorreu no tribunal gaúcho, em 1964, e que tal circunstância influenciou o Constituinte de

1988, ao editar artigo da Constituição Federal que reconheceu juridicidade à união estável,

como entidade familiar. A referida autora ainda comenta que foi o TJRS, em 1999, que

assumiu o pioneirismo de reconhecer a união entre pessoas do mesmo sexo e a alteração do

nome e do sexo na Certidão de Nascimento de um transexual.

Segundo essa mesma autora (2000), em entrevista concedida, o ex-ministro do STJ, Paulo

Roberto Saraiva da Costa Leite, natural do Rio Grande do Sul, explicou que tal fato é

consequência da adesão dos magistrados ao movimento de direito alternativo, que surgiu em

1986 na cidade de Santa Maria/ RS, pelo qual se defendia que a interpretação da lei deveria

ser realizada segundo o seu tempo, de modo que o juiz precisa estar mais aberto à sociedade

(DE LEON, 2000).

Atualmente, as matérias relacionadas ao Direito de Família, tais como as ações declaratórias

de nulidade de casamento e as ações de anulação de casamento são de competência do 4.º

Grupo Cível, que integram os grupos de Direito Privado, totalizando oito desembargadores:

na 7.ª Câmara Cível, os desembargadores Jorge Luís Dall‟Agnol (presidente), Sérgio

Fernando de Vasconcelos Chaves, Liselena Schifino Robles Ribeiro e Sandra Brisolara

Medeiros; e na 8.ª Câmara Cível, os desembargadores Rui Portanova, (presidente), Ivan

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Leomar Bruxel, Luiz Felipe Brasil Santos e Ricardo Moreira Lins Pastl. Tal competência foi

definida por força das Resoluções n.ºs 01/98, 01/03, 01/05 e 01/15 (TRIBUNAL DE

JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL, 2017).

3.4 Instrumentos de coleta dos dados

Este estudo pautou-se à luz de dados secundários, isso porque para a consecução dos objetivos

específicos I e II foi utilizada a pesquisa bibliográfica, enquanto que para o objetivo

específico III, a pesquisa foi documental.

Além da definição dos objetivos, a adoção da fonte bibliográfica se deu em virtude do caráter

exploratório da investigação, inclusive porque, segundo Gil (2002), é essa uma característica

de boa parte dos estudos com essa mesma natureza, tendo por vantagem o fato de permitir a

cobertura de uma gama mais ampla de fenômenos se comparada àquela em que se pode

pesquisar diretamente, junto a sujeitos, presencial ou virtualmente.

Ele foi realizado sobre todos os acórdãos1 dos julgamentos firmados pelo TJRS em recursos

de apelação2, em embargos infringentes

3 e em remessa necessária

4, interpostos em ações

declaratórias de nulidade e de anulação de casamento, extraídos da internet, a partir do site do

TJRS: “www.tjrs.jus.br”, consistindo esses documentos também em corpus da investigação.

Tal delimitação se deu justamente por serem esses recursos antecedidos por sentenças já

proferidas por juízes de primeira instância, o que implicaria na maior possibilidade de o

mérito já ter sido valorado previamente por outros magistrados antes de ser novamente

submetido a julgamento pelos desembargadores.

1 Acórdãos correspondem à definição jurídica atribuída às decisões tomadas por votos em órgãos judiciários

colegiados, sendo por isso considerados os vereditos dos Tribunais (POLO, 2011). 2 “Recurso que se interpõe às decisões terminativas do processo a fim de os tribunais reexaminarem e julgarem

de novo as questões decididas na instância inferior” (SANTOS, 2001, p. 35). 3 Recurso que permite que seja a causa novamente julgada pelo mesmo tribunal, quando não haja unanimidade

(DIDIER JR; CUNHA, 2014). 4 Remessa necessária ou reexame necessário condiciona a eficácia da sentença à sua apreciação pelo tribunal ao

qual está vinculado o juiz que a proferiu (DIDIER JR.; CUNHA, 2014). Até a edição da Lei n.º 10.352/2001, que

alterou o Código de Processo Civil de 1973, as sentenças que anulassem o casamento estavam sujeitas à remessa

necessária.

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A fonte documental de dados é defendida por Laville e Dionne (1999), segundo os quais

publicações de organismos que apresentem dados sobre a educação, a justiça e a saúde, dentre

outros, definem orientações, enunciam políticas, expõem projetos e prestam contas de

realizações. Tratam-se, segundo os mencionados autores, de repertórios que proporcionam,

dentre outras vantagens, a possibilidade de seguir a evolução dos fenômenos e das situações

no tempo.

A vantagem na escolha pela fonte documental reside no fato de, conforme apontado por Gil

(2002) permitir-se o acesso a materiais que ainda não receberam um tratamento analítico,

sendo essa a proposta que fora lançada pelo objetivo específico III.

Por ser esta uma pesquisa, unicamente, dos tipos: bibliográfica e documental, evidentemente

que não há sujeitos a serem investigados, embora eles estejam envolvidos nesses processos,

referentes aos julgados proferidos nas ações de nulidade do casamento – aí incluídos os casos

de anulação e de declaração de nulidade – constantes em toda a base de dados virtual do

TJRS, que é de acesso público.

3.5 Processo de coleta dos dados

A pesquisa bibliográfica foi realizada a partir do dia 18 de maio de 2016, por meio de

incursões a bibliotecas, a fim de proceder ao levantamento de livros e periódicos que

versassem sobre a temática abordada pelos objetivos específicos de I a III. Ademais, nas datas

subsequentes foi realizado o acesso às plataformas virtuais do Google acadêmico e Scielo, de

modo a permitir o levantamento de obras clássicas e daquelas que mais recentemente

abordassem o assunto, objeto da investigação.

A pesquisa documental, por sua vez, foi efetuada, no dia 06 de outubro de 2016, por

intermédio do site “www.tjrs.jus.br”. Na referida página, foi acessado o link para consulta dos

processos no Tribunal, tendo sido utilizado como comando da pesquisa as expressões

“anulação de casamento” e “nulidade de casamento”.

Verificaram-se, ao todo, 126 (cento e vinte e seis) documentos encontrados como resposta na

base de dados do tribunal. Todavia, tais dados brutos referiam-se a diferentes processos em

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que a nulidade ou anulação de um casamento foi mencionada, ainda que não tenha sido o

principal pedido formulado na ação.

Assim, conforme antes justificado no item 3.4, decidiu-se por selecionar os acórdãos dos

julgamentos firmados pelo TJRS em recursos de apelação, em embargos infringentes e em

remessa necessária, interpostos em ações declaratórias de nulidade e de anulação de

casamento, evidenciando-se 49 (quarenta e nove), 1 (um) e 19 (dezenove) julgamentos,

respectivamente, e totalizando 69 (sessenta e nove) processos.

3.6 Técnicas de análise dos dados

Foram empregadas duas técnicas: a análise documental e a análise de conteúdo. Segundo

Bardin (2011), trata-se de técnicas que se diferenciam, pois enquanto a primeira visa a

representação condensada da informação para consulta e armazenamento, a segunda manipula

mensagens para evidenciar indicadores que permitam inferir outra realidade que não a da

mensagem.

Com relação ao objetivo específico I, este se debruçou sobre referências teóricas de livros e

artigos científicos, enquanto que o objetivo específico II foi executado através de dados

colhidos na Lei n.º 10.406/2002 (CCB), sobre esses foi empregada a análise documental, que,

segundo Bardin (2011), tem o propósito de representar o conteúdo de um documento de forma

diferente da original, a fim de facilitar sua consulta e referenciação.

Para cumprimento do objetivo específico III, que incidiu sobre os julgados proferidos pelo

TJRS, por sua vez, utilizou-se a análise de conteúdo (BARDIN, 2011), escolha que se

justificou em virtude de sua ampla utilização e popularidade nas pesquisas em administração,

assim como defendido por Silva e Fossá (2015).

A partir da utilização dessa técnica torna-se possível conhecer e entender os conteúdos dos

julgados de nulidade dos casamentos, compreendendo os saberes que deles se pôde deduzir, a

partir das perspectivas institucional, cultural e jurídica, de modo a complementar as definições

previamente adquiridas.

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Essa ideia corresponde ao que Bardin (2011) denominou como “aspecto inferencial da análise

de conteúdo”, que é a possibilidade de o pesquisador interpretar as mensagens que utiliza para

deduzir os resultados de maneira lógica.

Para tanto, foi realizada a análise categorial, que essa autora (2011) considera a mais antiga,

cronologicamente; funciona por operações de desmembramento do texto em unidades ou

categorias, segundo reagrupamentos analógicos e proporciona a vantagem de ser utilizada de

forma eficaz, na aplicação de discursos diretos, cujas significações são manifestas.

A análise pautou-se, portanto, a partir do desencadeamento de três fases, respectivamente: a

pré-análise; a exploração do material e ultimando-se com o tratamento dos resultados: a

inferência e a interpretação (BARDIN, 2011).

A primeira fase consistiu na organização do material para a leitura inicial e consequente

sistematização das ideias; a segunda, correspondeu à etapa da construção das operações de

codificação, definindo-se as unidades de registro, as regras de contagem e a classificação/

agregação das informações, em categorias simbólicas ou temáticas. Finalmente, a terceira fase

consistiu no tratamento dos dados brutos, de modo a se tornarem significativos e válidos para

a pesquisa (BARDIN, 2011).

A codificação foi realizada, após a análise documental, a partir da definição das unidades de

registro e de contexto. Segundo Bardin (2011), essa primeira unidade busca a significação que

corresponde como à base do conteúdo para, em seguida, realizar a categorização e a contagem

frequencial. Para tanto, optou-se pela análise temática, em que, segundo a referida autora,

busca-se descobrir os núcleos de sentido a partir da presença ou frequência de aparição de

determinadas expressões. Trata-se do meio empregado para estudar motivações de opiniões,

de atitudes, de valores, de crenças e de tendências.

As unidades de contexto, por sua vez, servem para favorecer a compreensão ao ser codificada

a unidade de registro e corresponde ao segmento da mensagem para que se possa

compreender a significação exata da unidade de registro (BARDIN, 2011).

Para melhor compreensão dessa distribuição, os Quadros 1, 2 e 3, a seguir, evidenciam as

categorias, unidades de registro e de contexto.

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Inicialmente, a fim de responder ao objetivo específico I (cf. o Quadro 1) foi realizado um

levantamento documental, utilizando-se os textos extraídos, consistentes em informações

teóricas referentes ao tema, com o escopo de demonstrar de que maneira a Teoria Institucional

define uma instituição, quais as suas características e pressupostos para, a partir de então,

demonstrar que o casamento evidencia tais elementos, sendo por isso uma instituição.

Quadro 1 – Categorias, unidades de registro e unidades de contexto para o levantamento documental

CATEGORIAS UNIDADES DE

REGISTRO

UNIDADES DE

CONTEXTO

Instituição casamento

Exterioridade e objetividade Regras legais definidas pelo

Estado (arts. 1.525 a 1.542)

Coercitividade Punições previstas para a

desobediência a preceitos legais

Autonomia moral Legitimidade social e jurídica do

casamento perante os indivíduos

Historicidade Existência do casamento relatada

desde o Direito Romano

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

Para responder ao objetivo específico II (cf. o Quadro 2), realizou-se o levantamento

documental das informações presentes no texto de lei, entre os artigos 1.525 a 1.542 do CCB,

que versam sobre o processo de habilitação e a celebração do casamento, com o escopo de

demonstrar os elementos culturais presentes nos procedimentos jurídicos do casamento.

Finalmente, foram igualmente manuseados os textos contidos nos julgamentos dos acórdãos

de apelação, embargos infringentes e remessa necessária do TJRS, observando-se a frequência

de expressões análogas, considerando as palavras-chave mais frequentes e significantes, que

foram definidas como unidades de registro. Em seguida, tais palavras foram agrupadas em

unidades de contexto, que permitiram a interpretação final do objetivo específico III (cf. o

Quadro 3).

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Quadro 2 – Categorias, unidades de registro e unidades de contexto para o levantamento documental

CATEGORIAS UNIDADES DE

REGISTRO

UNIDADES DE

CONTEXTO

Elementos culturais

(Fase de habilitação)

Regra

Requerimento de próprio punho

pelos noivos ou procurador

(art. 1.525)

Rito Descrição detalhada de documentos

exigidos (art.1.525)

Crença

Presença perante o Oficial do

Registro Civil e audiência com o

Ministério Público (art. 1.526)

Crença

Dever do Oficial esclarecer os

nubentes sobre os fatos que podem

gerar a nulidade do casamento

(art. 1.528)

Norma

Possibilidade de impugnação pelo

Oficial, pelo Ministério Público ou

por terceiro (art. 1.526, parágrafo

único; art. 1.530)

Elementos culturais

(Fase da celebração)

Cerimônia

Celebração em dia e hora

previamente designados pela

autoridade (art. 1.533)

Rito

Solenidade deve ser realizada com

portas abertas e na presença de

testemunhas (art. 1.534)

Linguagem Ouvida aos nubentes a afirmação de

que pretendem se casar de livre e

espontânea vontade (art. 1.535)

Linguagem

Autoridade profere as palavras

sacramentais: “De acordo com a

vontade que ambos acabais de

afirmar perante mim, de vos

receberdes por marido e mulher, eu,

em nome da lei, vos declaro

casados” (art. 1.535)

Símbolo

Assento será registrado no Livro de

Casamentos contendo informações

(art. 1.536)

Rito

Suspensão da cerimônia em caso de

recusa do nubente, vontade não

espontânea ou arrependimento

(art. 1.538)

Cerimônia Celebração na casa do nubente, em

caso de moléstia grave

(art. 1.539)

Norma

Celebração perante duas

testemunhas que saibam ler e

escrever (art. 1.539)

Norma

Lavratura do termo avulso dentro de

cinco dias, perante duas testemunhas

(art. 1.539, § 2.º)

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

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Quadro 3 – Categorias, unidades de registro e unidades de contexto para os julgados do TJRS

CATEGORIAS UNIDADES DE

REGISTRO

UNIDADES DE

CONTEXTO

Acórdãos de

nulidade absoluta

de casamento

Nulidade

Incapacidade civil do nubente

Interditado

Enfermo mental

Proteção à incapacidade do

cônjuge

(art. 1.548, I – revogado pelo

Estatuto da Pessoa com

Deficiência)

Nulidade

Bigamia

Preservação à monogamia

Nulidade

Sogro e nora

Preservação ao parentesco por

afinidade

Simulação

Previdência

Preservação ao interesse de

terceiros (Previdência Pública)

Casamento Nuncupativo

Testemunhas

Flexibilização dos rigores para

o casamento de quem está em

iminente risco de vida

Curador do vínculo

Curador ao vínculo

Defesa do vínculo matrimonial

Acórdãos de nulidade relativa/

anulabilidade/ anulação de

casamento

Menoridade Defeito de idade

Amparo ao amadurecimento

corporal e psíquico do nubente

Erro essencial

Proteção ao nubente que se

equivoca quanto ao outro

cônjuge

Ignorância de crime infamante

Homicídio

Crime inafiançável

Proteção ao cônjuge inocente da

convivência com alguém que

praticou crime ultrajante

Ignorância de moléstia

transmissível

Proteção à integridade e à saúde

do cônjuge inocente

Incapacidade de consentir Proteção ao cônjuge que

temporariamente não consiga

manifestar sua vontade de

forma livre

Coação Impedir que alguém se case por

intimidação ou ameaça

Cerceamento de defesa

Perda de prazo decadencial

Homologação de transação

Réu falecido

Aspectos formais que ensejaram

a extinção do processo

Curador do vínculo

Curador ao vínculo

Defesa do vínculo matrimonial

Fonte: Dados da pesquisa (2016)

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3.7 Limites e limitações da pesquisa

3.7.1 Limites da pesquisa

Esta pesquisa delimitou-se a um levantamento documental sobre o tema e ao estudo dos

acórdãos proferidos pelo TJRS em recursos de apelação, de embargos infringentes e de

remessa necessária, interpostos em ações declaratórias de nulidade absoluta e ações de

nulidade relativa, também denominada de anulabilidade ou anulação do casamento,

disponíveis para a consulta no site “www.tjrs.jus.br”.

Destarte, não se inseriram nesta investigação os casos de inexistência do matrimônio, tendo

sido esse assunto abordado na fundamentação teórica apenas com fins didáticos, para que não

fossem confundidos os tipos de casamento: inexistente e inválido. Ademais, igualmente não

consistiram em objeto deste estudo os julgados referentes à mesma matéria proferidos pelos

Tribunais de Justiça dos demais Estados da Federação.

3.7.2 Limitações da pesquisa

Esta pesquisa deparou-se diante de algumas limitações em sua execução. Inicialmente, porque

se esperava que o acesso ao site do TJRS fosse realizado mais facilmente, o que não ocorreu,

em virtude das constantes vezes em que o endereço eletrônico encontrava-se fora do ar para

manutenção dos dados, sobretudo nos finais de semana.

Demais disso, considerando o vanguardismo assumido pelo TJRS dentre os Tribunais dos

Estados brasileiros, antes explicado no item 3.3 supra, esperava-se que a quantidade de

acórdãos seria superior àquela encontrada.

Houve dificuldades também no tocante à identificação de algumas das causas em que se

discutia a nulidade matrimonial, pois em determinados acórdãos não restou clara a informação

a respeito do motivo determinante para a propositura dos respectivos processos, o que

possivelmente se explica pelo fato de tramitarem em segredo de justiça. Verificaram-se

também equívocos quanto às ações cabíveis, isso porque, em determinados casos, o processo

versava sobre causa de nulidade, tendo sido proposta ação anulatória, e vice-versa.

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Por fim, muitos dados brutos encontravam-se poluídos, vez que as respostas às pesquisas

empregadas no site apresentava diferentes espécies de ações em que a nulidade ou anulação

de um casamento foi apenas mencionada, quando, na realidade, só interessava para a

investigação aqueles em que o pedido principal formulado fosse o de declaração de nulidade

ou a de anulação de um matrimônio.

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4 ANÁLISE DOS DADOS

Este capítulo destina-se a apresentar os dados analisados, partindo do objetivo geral pautado,

qual seja, verificar de que maneira a cultura institucional do Direito de Família interfere sobre

os procedimentos de nulidade do casamento.

A partir daí, propõe-se demonstrar as inferências realizadas e as discussões dos resultados a

partir da realização da pesquisa, tendo como norteador os objetivos específicos antes

delineados e descritos a seguir.

4.1 O casamento como instituição

Esta Seção destina-se a apresentar os elementos que permitiram responder ao primeiro

objetivo específico desta pesquisa: caracterizar o casamento como instituição. Para tanto,

tomou-se como base a Teoria Institucional e o levantamento documental realizado; senão

vejamos:

A manutenção da ordem e da justiça compõe o rol de competências do Estado que, em

determinadas ocasiões, opta por não exercer tais atribuições de forma direta, optando por

delegá-las a outras instituições, que pertençam ou não, à estrutura estatal (CORRÊA, 2012).

Assim, prossegue Corrêa (2012), surgiu a Teoria Institucional, imbuída do propósito de

explicar a organização da sociedade na medida em que pautou formas de controle da ordem

social.

No mesmo sentido, Berger e Berger (1977) dispõem que as instituições são padrões de

controle cujo propósito é pautar a conduta individual imposta pela sociedade, ao passo que

Gonçalves e Carvalho (2006), por sua vez, acrescentam que todas as instituições são

constituídas por programas ou regras que criam identidades dotadas de significado, existência

e propósitos próprios.

Nesse particular, verifica-se a relação entre o Direito de Família e a Teoria Institucional, na

medida em que as instituições, tais como o casamento, são concebidas como conjunto de

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padrões controladores das ações humanas, reguladas pela ordem jurídica, com a finalidade de

perpetuá-las no meio social (GUSMÃO, 1978).

Demais disso, pode-se perceber que o casamento atende as cinco características fundamentais

identificadas nas instituições sociais, defendidas por Berger e Berger (1977) e discorridas no

item 2.1.1 supra, consoante se passa a demonstrar:

a) Exterioridade: o casamento é dotado de exterioridade, haja vista que os processos de

habilitação e de celebração são definidos pelo Estado, por meio de regras legais dispostas

entre os artigos 1.525 a 1.542 do CCB (BRASIL, 2002), sendo, portanto, extrínsecas aos

sujeitos e independem da vontade e da consciência destes. Acrescente-se que até as hipóteses

de dispensa do processo de habilitação e de flexibilização da celebração, como no caso do

casamento nuncupativo, descrito no item F da Seção 2.3.2, são excepcionalidades estritamente

disciplinadas pelo legislador.

b) Objetividade: o casamento é dotado de objetividade, pois a linguagem empregada pela

legislação leva os sujeitos a reconhecer e admitir a existência das regras institucionais de

Direito de Família sobre o casamento.

c) Coercitividade: o casamento é dotado de força coercitiva, na medida em que as regras e

normas estabelecidas de forma exterior e objetiva devem ser seguidas para que o matrimônio

seja contraído validamente. A forma mais evidente desta força coercitiva se apresenta quando

diante da tentativa de ignorar ou burlar tais regras, se verifica a aplicação das punições legais,

tais como a nulidade e a anulabilidade do casamento, adiante descritas no item 4.3.

d) Autonomia moral: o casamento é dotado de autonomia moral, na medida em que,

consoante Meyer e Rowan (1977), goza de posição de legitimidade perante os indivíduos que

aceitam os valores sociais e jurídicos impostos. Esta característica explica a existência de

impedimentos matrimoniais e das causas de nulidade (absoluta e relativa) do casamento,

tratados respectivamente nos itens 2.3.5 e 2.4, que são regras destinadas a reprimir aqueles

que pretendem violá-las, e que trazem consigo a reprovabilidade de tais condutas, que são

repreendidas jurídica e moralmente.

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e) Historicidade: o casamento é um fato histórico, tratado desde as épocas mais remotas, isso

porque o estudo do direito civil brasileiro sobre a estrutura histórica das famílias tem origem

nos casamentos romanos, constituídos por vínculos de sangue ou pela identidade de culto.

Tratava-se de uma união religiosa chefiada pelo pater, que assumia as funções de sacerdote,

legislador, juiz e proprietário, a quem cabia punir os integrantes da família (VENOSA,

2014a). No Brasil, o casamento civil é realizado desde o período da colonização

(DONIZETTI; QUINTELLA, 2013), enquanto que o casamento civil passou a ser regulado a

partir do Decreto n.º 181/ 1890 e da Constituição da República de 1891 (LÔBO, 2011).

Percebe-se, assim, que, tal como disposto por Berger e Berger (1977), o casamento, como

instituição, existia antes dos indivíduos nascerem e subsistirá para além de suas mortes.

Portanto, o casamento é uma instituição criada pelo Estado, com o objetivo de regular as

relações entre as famílias. A própria doutrina jurídica tradicional reconhece a natureza

institucional do casamento, ao confirmar que o Estado pautou normas imperativas as quais os

nubentes devem aderir para, através do casamento, alcançar a comunhão plena de vida, com

base na igualdade de direitos e deveres entre os cônjuges, constituindo assim as famílias

(DIAS, 2010; GONÇALVES, 2012).

Não é à toa que Diniz (2010) afirma ser o casamento a mais poderosa de todas as instituições

de direito privado, por ser uma das bases da família, que é a pedra angular da sociedade.

Segundo essa autora, o matrimônio é a peça-chave de todo o sistema social, por se apresentar

como pilar do esquema moral, social e cultural do país.

4.2 Elementos culturais presentes nos procedimentos jurídicos do casamento

Esta segunda Seção destina-se a apresentar os elementos que permitiram responder ao

segundo objetivo específico desta pesquisa, a saber: demonstrar os elementos culturais

presentes nos procedimentos jurídicos do casamento.

Inicialmente, convém ressaltar que, sob a perspectiva conceitual, Schein (2009) afirma que a

cultura é uma abstração, porque ela retrata os traços caraterísticos de um grupo, organização

ou instituição, muito embora seja possível percebê-la a partir dos comportamentos refletidos

no ambiente em que ela existe.

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Portanto, para além de meras formalidades, os teóricos sustentam que o casamento, em sendo

uma instituição, sedimenta-se a partir de elementos culturais a fim de alcançar legitimidade

perante as pessoas. Segundo Silva e Fossá (2014), verifica-se legitimação quando uma

estrutura ou organização é percebida e considerada por seus membros como eficaz e

imprescindível, haja vista interferir na estabilidade de comportamentos.

É nesse sentido que se declinaram Meyer e Rowan (1977), segundo os quais as instituições e

as organizações adequam-se às normas e valores, que funcionam como fatores de ordem

cognitivo-cultural. Consoante os referidos autores, tratam-se de mitos e cerimônias que se

destinam a respaldar a legitimidade institucional.

Ademais, indo ao encontro de tal entendimento, Berger e Berger (1977) ressaltam que a

linguagem é a primeira instituição com a qual alguém se depara socialmente e que viabiliza o

desencadeamento das demais instituições. E é dessa maneira que também ocorre em relação

ao casamento, pois, a partir da linguagem escrita da legislação, é que aquela instituição se

revela.

No tocante ao presente estudo, foram analisados os comportamentos descritos pela Lei n.º

10.406/2002 (CCB), a fim de extrair, a partir dela, os elementos culturais que delineiam e

orientam os procedimentos jurídicos da instituição casamento.

Em seus artigos 1.525 a 1.542, o CCB descreve tais procedimentos, estabelecendo-os em duas

etapas: o processo de habilitação (artigos 1.525 a 1.532) e a celebração do matrimônio

(artigos 1.533 a 1.542). A análise aqui, portanto, foi realizada separadamente, verificando

cada etapa de per si.

4.2.1 Elementos culturais presentes no processo de habilitação

Na etapa da habilitação, logo no artigo 1.525, percebe-se a preocupação do legislador em

estabelecer exigências, as quais se evidenciam como rito matrimonial, que se destina não

apenas a firmar a seriedade do ato, mas também para salvaguardar a segurança daqueles que a

ele pretendem se submeter (GONÇALVES, 2014), senão vejamos:

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Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado

por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por

procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:

I - certidão de nascimento ou documento equivalente;

II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem,

ou ato judicial que a supra;

III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem

conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;

IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos

contraentes e de seus pais, se forem conhecidos;

V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de

nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro

da sentença de divórcio (BRASIL, 2002, não paginado, grifo nosso).

Segundo Fossá e Cardoso (2008), a partir dos ritos, as regras sociais são definidas, estilizadas,

convencionadas e valorizadas. A exigência de apresentação de requerimento de próprio

punho, pelos nubentes, acompanhado de documentos detalhados evidencia o início do rito de

passagem para o estado civil de casados, o que, conforme Carvalho (2008), facilita a transição

de indivíduos para novos papéis e status.

Ainda sobre os ritos de passagem, Silva e Fossá (2014) acrescentam que se destinam a

facilitar a transição de pessoas para novos papéis sociais e estatutos, aspecto que se adequa ao

caso em tela, vez que após cumpridas todas formalidades, o nubente assume o estado civil de

casado.

Outro elemento cultural observado na etapa de habilitação são as crenças, assim

compreendidas por Carvalho (2008) como a concordância a um juízo produzido sob

influência de alguém em quem se confia. É o que se pode depreender pelo teor dos artigos

1.526 e 1.528, ao estabelecerem a presença do Oficial do Registro Civil na prática e para

esclarecimento dos atos, e da audiência com o Representante do Ministério Público, com a

possibilidade de apreciação judicial na hipótese de eventual impugnação:

Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do

Registro Civil, com a audiência do Ministério Público.

Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou

de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz.

Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a

respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem

como sobre os diversos regimes de bens (BRASIL, 2002, não paginado,

grifo nosso).

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A possibilidade de impugnação, ou seja, de questionamento perante o Judiciário quanto à

regularidade do matrimônio pretendido, pode ser suscitada tanto pelo Oficial do Registro

Civil, quanto pelo Representante do Ministério Público e até mesmo uma terceira pessoa, com

interesse na preservação da legalidade do ato, retrata um terceiro elemento cultural, qual seja,

a norma (art. 1.526, parágrafo único).

Carvalho (2008) esclarece que, no âmbito organizacional, normas são leis definidas pelo

grupo sobre comportamentos taxados como “certos” ou “errados”, sendo, a partir de tal juízo,

recompensados e encorajados, quando corretos, ou punidos e confrontados se estiverem em

desacordo com as definições prévias. Portanto, em sendo verificada alguma irregularidade na

etapa de habilitação, mesmo sendo uma fase prévia ao casamento, desde logo admite a

legislação que seja criticada e questionada, através da impugnação judicial.

O Quadro 4 abaixo apresenta um resumo sobre os elementos culturais identificados na fase de

habilitação dos procedimentos jurídicos do casamento:

Quadro 4 – Elementos culturais na fase de habilitação do casamento

ELEMENTOS CULTURAIS ARTIGOS DESCRIÇÃO

Fase da

habilitação

Rito Art. 1.525 O requerimento [...] deve ser

instruído com os seguintes

documentos...

Regra Art. 1.525 ...será firmado por ambos os

nubentes, de próprio punho, ou a

seu pedido, por procurador...

Crença

Art. 1.526 ...perante o oficial do Registro

Civil, com audiência do

Ministério Público.

Art. 1.528 É dever do oficial do registro

esclarecer os nubentes...

Norma Art. 1.526, parágrafo

único

Caso haja impugnação do

oficial, do Ministério Público ou

de terceiro, ...

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

4.2.2 Elementos culturais presentes no processo de celebração

A etapa final para a mudança do estado civil inicia-se com a celebração do matrimônio em

dia, hora e lugar designados pela autoridade celebrante, devendo o ato ser realizado a portas

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abertas, na sede do cartório ou em outro edifício autorizado pela autoridade. Tais

circunstâncias revelam a cerimônia, como elemento cultural, a saber:

Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente

designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição

dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do art. 1.531.

Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda

publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas,

parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a

autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular (BRASIL,

2002, não paginado, grifo nosso).

Respaldando tal afirmativa, Freitas (1991) assevera que uma cerimônia se configura a partir

da associação de ritos em uma ocasião ou evento específico, em que se desenvolvem

atividades planejadas que servem para reforçar normas e valores importantes, assim

compreendidos como noções compartilhadas que as pessoas têm do que consideram

importante (JOHANN, 2004; CARVALHO, 2008).

Tal importância foi mencionada por Silva (2012), ao afirmar que a própria preservação da

institucionalidade depende dos valores e princípios atribuídos, que são responsáveis por

conferir um caráter ímpar à entidade, aspecto que se verifica também em relação ao

matrimônio.

Isso acontece porque as cerimônias ajudam a reforçar os laços de afiliação, solidariedade,

lealdade e comprometimento e, junto com outros elementos culturais, servem para comunicar

padrões de comportamento com o objetivo de guiar as pessoas da sociedade através da

dramatização de valores básicos (FOSSÁ; CARDOSO, 2008).

Percebe-se ainda que a celebração do casamento é permeada de uma linguagem específica,

tanto pelos noivos, que respondem solenemente o “sim” quando indagados se desejam casar-

se, quanto pela autoridade, que, ao final da cerimônia, declara as chamadas “palavras

sacramentais” (VENOSA, 2014a), sendo esse outro elemento cultural evidenciado, consoante

consta do artigo 1.535:

Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial,

juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato,

ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e

espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos: "De

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acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de

vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro

casados" (BRASIL, 2002, não paginado, grifo nosso).

Fossá e Cardoso (2008) afirmam que a linguagem, na verdade, funciona como um mecanismo

dotado do propósito de orientar os indivíduos e grupos sobre a significação daquele

acontecimento, atribuindo a cada pessoa um papel que, doravante, deverá ser desempenhado.

Tanto é assim que, em o nubente não tendo afirmado sua intenção, a contento, para a

autoridade celebrante, de espontaneamente casar-se ou na hipótese de recusa expressa por

algum dos nubentes ou ainda em caso de arrependimento, prevê a legislação a suspensão da

cerimônia:

Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se

algum dos contraentes:

I - recusar a solene afirmação da sua vontade;

II - declarar que esta não é livre e espontânea;

III - manifestar-se arrependido.

Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste

artigo, der causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no

mesmo dia (BRASIL, 2002, não paginado).

No processo de celebração verifica-se ainda a existência de símbolos, como a determinação

para assentamento de todos os atos em livro próprio de registro, a ser efetuado pela autoridade

celebrante, que produzirá sua assinatura, assim como pelos cônjuges, pelas testemunhas e pelo

Oficial do Registro Civil.

Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento

no livro de registro. No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos

cônjuges, as testemunhas, e o oficial do registro, serão exarados:

I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e

residência atual dos cônjuges;

II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e

residência atual dos pais;

III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do

casamento anterior;

IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento;

V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro;

VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das

testemunhas;

VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em

cujas notas foi lavrada a escritura antenupcial, quando o regime não for o da

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comunhão parcial, ou o obrigatoriamente estabelecido (BRASIL, 2002, não

paginado, grifo nosso).

De acordo com Oliveira (2016), os símbolos são elementos culturais que representam coisas

concretas ou abstratas, sendo realidades sensoriais ou físicas às quais os indivíduos que deles

se utilizam lhes atribuem valores ou significados específicos.

Por fim, até nas situações de celebrações excepcionais previstas em lei, verificam-se ritos e

normas próprias, como as que ocorrem nos matrimônios em caso de moléstia grave do

nubente ou em iminente risco de vida, a saber:

Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente

do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda

que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever.

§ 1o A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o

casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do

oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato.

§ 2o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no

respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas,

ficando arquivado.

Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de

vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato,

nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de

seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha

reta, ou, na colateral, até segundo grau (BRASIL, 2002, não paginado, grifo

nosso).

Nesse sentido, Trice e Beyer (1985 apud FOSSÁ; CARDOSO, 2008) explicam que os ritos

são um conjunto de atividades, dramático e planejado, que consolida as expressões culturais

de um evento realizado por meio de interações sociais.

Ademais, através dos ritos, rituais, cerimônias e símbolos que são reforçados os valores,

sendo esses os elementos que melhor definem a cultura de uma instituição, por serem o seu

âmago (FOSSÁ; CARDOSO, 2008; SILVA, 2012).

Assim, o CCB, ao permitir que até autoridades impedidas possam realizar casamentos em

hipótese de moléstia grave de um dos nubentes, e, em havendo iminente risco de vida,

autorizar a celebração do matrimônio apenas na presença de seis testemunhas, dispensando

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até a presença da autoridade, demonstra os valores de humanidade prezados pelo legislador,

evidenciados através desses ritos especiais.

O Quadro 5 a seguir apresenta um resumo sobre os elementos culturais identificados na fase

de celebração dos procedimentos jurídicos do casamento:

Quadro 5 – Elementos culturais na fase de celebração do casamento

ELEMENTOS CULTURAIS ARTIGOS DESCRIÇÃO

Fase da

celebração

Cerimônia

Art. 1.533 Celebrar-se-á o casamento, no dia,

hora e lugar previamente

designados...

Art. 1.539

No caso de moléstia grave de um

dos nubentes, o presidente do ato

irá celebrá-lo onde se encontrar o

impedido...

Linguagem Art. 1.535

...a afirmação de que pretendem

casar por livre e espontânea

vontade...

... declarará efetuado o casamento,

nestes termos: "De acordo com a

vontade que ambos acabais de

afirmar perante mim, de vos

receberdes por marido e mulher, eu,

em nome da lei, vos declaro

casados."

Símbolo Art. 1.536

No assento, assinado pelo

presidente do ato, pelos cônjuges,

as testemunhas e o oficial do

registro...

Norma Art. 1.539 ...perante duas testemunhas que

saibam ler e escrever.

Rito Art. 1.539, § 2.º O termo avulso, lavrado pelo oficial

ad hoc, será registrado [...] dentro

em cinco dias...

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

4.3 O Culturalismo Jurídico nos julgados do TJRS sobre nulidade do casamento

Esta quarta Seção destina-se a apresentar os elementos que permitiram responder ao quarto

objetivo específico desta pesquisa, qual seja, identificar o culturalismo jurídico nos julgados

do TJRS sobre nulidade do casamento.

Na tarefa de identificar o culturalismo jurídico por meio dos julgados do TJRS decidiu-se por

escolher como categorias as circunstâncias alegadas pelos respectivos autores das ações como

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sendo ensejadoras de casamentos nulos ou anuláveis, a partir das unidades de registro

presentes nos próprios acórdãos.

Ressalte-se que foram levados em consideração os julgamentos em que o mérito foi apreciado

pelo Tribunal, seja para deferir ou para indeferir o pedido de nulidade ou de anulação do

casamento, mas foram também apreciadas as decisões que extinguiram processos por avaliar

aspectos formais da ação.

Ademais, a análise foi realizada à luz da Teoria Tridimensional do Direito, proposta por

Miguel Reale, cujos fundamentos teóricos foram devidamente esclarecidos no item B da

Seção 2.2.2 e que sustenta a explicação do fenômeno jurídico a partir da tríade “fato, valor e

norma”.

Importante relembrar que, consoante Nader (2014), o fato corresponde a um acontecimento

social, regulado pela ordem jurídica, e que envolve interesses básicos para o homem. O valor,

segundo o mencionado autor, refere-se ao elemento moral do Direito, ao ponto de vista sobre

a justiça, e, por fim, a norma, consiste no padrão de comportamento social imposto aos

indivíduos pelo Estado e que deve ser adotado quanto ao fato em questão.

A primeira categoria consistiu na dos casamentos nulos, descrita na Seção a seguir, sendo

posteriormente apreciada a dos casamentos anuláveis:

4.3.1 Julgados de casamentos nulos

Constataram-se nos julgados cinco fatos sociais ensejadores de tal nulidade, sobre os quais se

passa a discorrer:

Primeiro fato social: 11 processos foram propostos sob o fundamento da decretação de

nulidade do casamento contraído por cônjuge bígamo, sendo que em 10 deles, a bigamia

restou comprovada, tendo sido o matrimônio declarado nulo. Todos os feitos referiam-se a

casamentos celebrados à luz do CCB de 1916 (julgamento entre os anos de 1981 a 2001),

época quando tal vedação já existia, não se percebendo nenhum caso de nulidade por bigamia

que tenha sido julgado com base na legislação ora em vigor.

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Nesses casos, a tríade do Culturalismo Jurídico de Reale começou a ser percebida a partir do

fato de ter sido apontada ao Poder Judiciário a realização de matrimônio em que um dos

cônjuges já era pessoa casada. O valor em tela é o da preservação à monogamia, que, segundo

Gagliano e Pamplona Filho (2011), apesar de não ter no Brasil um condão absoluto, ante a

impossibilidade de o Estado impor essa prática, permanece sendo um valor jurídico e

socialmente protegido. Tal perspectiva restou clarividente nos julgamentos, a saber:

REEXAME NECESSÁRIO. ANULAÇÃO DE CASAMENTO.

FALECIMENTO DO CÔNJUGE VARÃO APÓS A REALIZAÇÃO DO

SEGUNDO CASAMENTO PELA MULHER NÃO RATIFICA NEM

CONVALIDA O SEGUNDO MATRIMÔNIO. A anulação do casamento

está sujeita ao duplo grau de jurisdição. Inteligência do art.475, CPC. Deve

ser confirmada a sentença que anulou casamento pela ocorrência de

matrimônio anterior por parte da mulher. Infringência ao disposto pelo

art.183, VI, combinado com o art. 207, ambos do CC. O falecimento do

cônjuge varão, após a realização do segundo casamento, por parte da

mulher, não ratifica nem convalida o primeiro matrimônio.

Assunto: CASAMENTO. NULIDADE. BIGAMIA. MORTE DO

SEGUNDO CONJUGE. EFEITOS. CASAMENTO. NULIDADE.

COMPROVADA. IMPEDIMENTO. REQUISITOS (TJRS, 8.ª Câmara

Cível, Reexame necessário n.º 599109519, Rel. Des. Antônio Carlos

Stangler Pereira, DJ 01/11/2001) (grifo nosso).

ANULAÇÃO DE CASAMENTO. BIGAMIA. Comprovada a ocorrência

de duplo consórcio, impera que se confirme a sentença que, julgando

procedente a ação, declarou a nulidade do casamento dos demandados.

Inteligência dos arts. 183, VI e 207 do CCB. SENTENÇA CONFIRMADA

EM REEXAME NECESSÁRIO (TJRS, 7.ª Câmara Cível, Reexame

Necessário n.º 70002798221, Rel. Des. José Carlos Teixeira Giorgis, DJ

05/09/2001) (grifo nosso).

ANULAÇÃO DE CASAMENTO. EVIDENCIADA A EXISTÊNCIA DE

UM CASAMENTO ANTERIOR, MISTER ANULAR-SE O QUE

CONFIGURA BIGAMIA. APELO PROVIDO (TJRS, 7.ª Câmara Cível,

Apelação Cível n.º 596161331, Rel. Des. Maria Berenice Dias, DJ

20/08/1997) (grifo nosso).

Em apenas um processo o casamento não foi declarado nulo, por não ter sido suficientemente

comprovada a bigamia:

NULIDADE DE CASAMENTO. BIGAMIA. CONSTANDO DOS

REGISTROS DE CADA UM DOS CASAMENTOS NOMES DIVERSOS

PARA O NUBENTE VARAO, E COMPROVADO EXISTIREM

PESSOAS COM UM E OUTRO DESSES NOMES, COM OS

CORRESPONDENTES REGISTROS DE NASCIMENTO, IMPÕE-SE

COMPROVAÇÃO CABAL DA ALEGADA SUBSTITUIÇÃO DE

PESSOA OU USO MALICIOSO DE NOME ALHEIO. IMPERATIVA,

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OUTROSSIM, E A INTEGRACAO DAQUELE CUJO NOME

CONSTOU DO ASSENTO A RELACAO PROCESSUAL, POIS,

FORMALMENTE, E DO CASAMENTO DELE QUE SE CUIDA.

SENTENCA E PROCESSO ANULADO (TJRS, 6.ª Câmara Cível,

Reexame Necessário nº 587033457, Rel. Des. Adroaldo Furtado Fabrício,

DJ 29/09/1987) (grifo nosso).

Nesse caso, consoante leciona o magistério de Dias (2015), predominou a máxima in dubio

pro matrimoni (ou seja, “na dúvida, a favor do matrimônio”), também consagrada pelo artigo

1.547 do CCB, e que prevê a presunção de ocorrência válida do casamento sempre quando

houver dúvidas entre provas favoráveis e contrárias a ele.

A norma corresponde ao padrão de comportamento monogâmico que é exigido, tanto pela

legislação civil (artigo 1.516, § 3.º e 1.521, inciso V), quanto pela penal, uma vez que a sua

eventual desobediência, enseja o cometimento do crime de bigamia, previsto no artigo 235 do

CPB, com pena de dois a seis anos de reclusão.

Lisboa (2010) acrescenta não ser possível em nosso sistema jurídico a poligamia ou

poliandria, constituindo-se em bigamia o segundo casamento ocorrido sem a terminação ou a

anulação do matrimônio anterior. É que, consoante Madaleno (2013), a monogamia é um dos

princípios não escritos do Direito de Família, sendo dotado de caráter organizador, e sobre o

qual se fundamentam todas as formas de família.

Desse modo, percebe-se que a cultura institucional do Direito de Família continua rejeitando a

bigamia, sendo esse um valor que permanece prezado pela sociedade contemporânea e

refletido por meio dos julgamentos do TJRS.

Segundo fato social: foram identificados nove processos que versaram sobre decretação de

nulidade de casamento contraído por pessoa enferma mental, civilmente incapaz para praticar,

por si mesma, os atos da vida civil. Tais feitos tramitaram entre os anos de 1987 a 2016.

Nesses casos, percebeu-se como fato a celebração de casamento em que um dos nubentes foi

posteriormente apontado como pessoa sem discernimento. O valor tutelado, por sua vez, foi a

proteção à incapacidade de pessoas que não teriam a necessária lucidez para a prática de tal

ato jurídico, ante a presunção de que a ausência de higidez mental poderia expor o incapaz

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que se casasse a riscos, sobretudo de perda patrimonial. Isso restou percebido a partir do

conteúdo dos acórdãos, senão vejamos:

AÇÃO DE NULIDADE DE CASAMENTO. CAPACIDADE CIVIL DO

NUBENTE. EXISTÊNCIA DE VÍCIO DE CONSENTIMENTO. Se os

problemas de saúde do nubente lhe retiraram a sua higidez mental e a

sua capacidade civil, que foi atestada pela prova testemunhal e pelos

documentos acostados aos autos, e se não foram observados os requisitos

legais, então é inválido e ineficaz o casamento realizado entre o de cujus

e a ré. Recurso desprovido. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (TJRS, 7.ª Câmara

Cível, Apelação cível n.º 70031174295, Rel. Des. Sérgio Fernando de

Vasconcellos Chaves, DJ 12/05/2010) (grifo nosso).

AÇÃO ANULATÓRIA CASAMENTO. AGRAVO RETIDO.

LITISPENDÊNCIA. NULIDADE DO FEITO POR AUSÊNCIA DE

CITAÇÃO DO REPRESENTANTE LEGAL DO ESPÓLIO.

ILEGITIMIDADE ATIVA. DA INCAPACIDADE DO FALECIDO

PARA A PRÁTICA DE ATOS DA VIDA CIVIL. 1. Não é inepta a inicial

quando é reconhecido o litisconsórcio passivo necessário, renovando o prazo

para a ré contestar, sem substituição processual em razão das partes serem os

sucessores do falecido. 2. Tem o autor legitimidade e interesse para propor a

ação, uma vez que em caso de procedência, será o único herdeiro do de

cujus. Inteligência do art. 1.549 do CC. 3. Não há litispendência entre a ação

cautelar e a ação declaratória de nulidade, pois os pedidos são diversos. 4. A

ausência de citação do espólio não acarreta a nulidade do feito, pois os

próprios litigantes seriam os sucessores do falecido. 5. Tem o autor

legitimidade ativa, independentemente de não mais exercer a curatela

provisória do irmão ao tempo da propositura da ação. 6. Mesmo que o edital

de habilitação do casamento tenha sido publicado também na Comarca de

residência dos nubentes, não restou sanado o vício relativo ao processo de

habilitação, que continha informações falsas, e por ter também a celebração

do casamento ocorrido em Comarca diversa da residência do casal, pois o

processo de habilitação não se limita à publicidade, mas consiste em

providências que visam a apuração da aptidão jurídica dos nubentes para

contrair o matrimônio, o que é aferido pelo Oficial do Registro, pelo

Promotor de Justiça e, também, pelo Juiz de Paz. 7. Comprovada

cabalmente nos autos a incapacidade absoluta do nubente para gerir os

atos da vida civil, correta a sentença que julgou procedente a ação,

declarando a nulidade do casamento. Agravo retido desacolhido e recurso

de apelação desprovido (TJRS, 7.ª Câmara Cível, Apelação cível n.º

70062608344, Rel. Des. Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, DJ

17/12/2014) (grifo nosso).

A norma, expressa pelo então artigo 1.548, inciso I do CCB correspondeu a uma conduta de

abstenção, ou seja, proibindo-se que se casem pessoas deficientes mentais.

Em cinco dos nove casos, foi reconhecida a procedência do pedido e declarada a nulidade

absoluta do matrimônio.

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Por outro lado, o casamento gozou de proteção, sobretudo quando a alegada incapacidade de

um dos nubentes ou não restou suficientemente comprovada ou quando não se conseguiu

confirmar a sua existência ao tempo em que o consentimento para se casar foi firmado. Em

quatro casos, o pedido declaratório de nulidade foi rejeitado com base nesse fundamento,

preservando-se o matrimônio. Vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL. FAMÍLIA. CASAMENTO. NULIDADE. AÇÃO

DECLARATÓRIA. ARTIGO 1.548, INCISO I, DO CÓDIGO CIVIL, COM

A REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 10.406/02. INCAPACIDADE CIVIL

DO NUBENTE. AUSÊNCIA DE PROVA DE QUE O VARÃO ERA

INCAPAZ À ÉPOCA DO CASAMENTO. 1. Não há falar em nulidade de

casamento se não demonstrada, de forma cabal, a alegada incapacidade

do varão ao tempo do ato. 2. O fato de ter sido diagnosticado com Mal de

Alzheimer ao tempo em que examinado na clínica de repouso onde foi

abrigado (ano de 2011), estimando o médico firmatário do laudo que a

doença já o acometia há 08 (oito) anos, não é bastante para ensejar a

nulidade do casamento ocorrido 06 (seis) anos antes do exame (ano de

2005). 3. Do contexto probatório se extrai que, indiscutivelmente, o varão

pretendia beneficiar a virago, tanto que testou em seu favor a integralidade

do seu patrimônio, no ano de 2004, portanto, antes do matrimônio,

concluindo o tabelião que naquela ocasião, apesar de apresentar problemas

visuais, encontrava-se lúcido. 4. A diferença de idade entre os cônjuges e o

fato de a virago não ter se dedicado ao marido do modo como ele pretendia

e/ou necessitasse não autoriza a conclusão de manipulação do idoso, no

sentido de viciar o seu consentimento, ou caracteriza maus-tratos. 5. A

prova testemunhal, em especial os depoimentos das testemunhas

próximas ao casal, dão conta do propósito do varão de contrair

matrimônio com a virago5, salientando que os problemas de saúde

limitavam-se aos visuais e de locomoção. APELO PROVIDO (TJRS, 7.ª

Câmara Cível, Apelação cível n.º 70066955287, Rel. Des. Sandra Brisolara

Medeiros, DJ 28/09/2016) (grifo nosso).

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE CASAMENTO.

INCAPACIDADE CIVIL. AUSÊNCIA DE PROVA DE QUE O

NUBENTE ERA INCAPAZ QUANDO REALIZADO O CASAMENTO.

Inviável invalidar o casamento realizado quando ausente prova de que o

nubente era incapaz no momento da realização do negócio jurídico.

Prova dos autos demonstra a capacidade atual e a vontade do varão em

permanecer casado. Apelação desprovida (TJRS, 7.ª Câmara Cível,

Apelação cível n.º 70066370727, Rel. Des. Jorge Luís Dall'Agnol, DJ

12/11/2015).

Importante, todavia ressaltar que todos os julgados que se referiam ao pedido de nulidade

fundado em ausência de discernimento datam de casamentos celebrados em períodos

anteriores a 2015, uma vez que, com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência, por

meio da Lei Federal n.º 13.146/2015, tal norma veio a ser revogada.

5 Substantivo recomendado para identificar o cônjuge do sexo feminino.

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Segundo Tartuce (2015), aboliu-se a compreensão de que o matrimônio seria maléfico para o

enfermo mental, passando a se a compreender, ao contrário, como sendo um ato salutar por

permitir a inclusão social do deficiente.

Percebe-se, aí, pois, o que Junqueira (2013) advertiu, ao apontar que os valores traduzem uma

sintonia com a sociedade e com o senso comum, estando enraizadas na realidade social, que é

mutante. Assim, hoje, a cultura institucional do Direito de Família não mais admite que a

alegação de enfermidade mental de um dos nubentes seja motivo para ensejar a argumentação

de sua invalidade.

Terceiro fato social: dois processos de nulidade de casamento foram apreciados, com base na

alegação de simulação para fins previdenciários, sendo certo que um deles foi provido e o

outro, não, por ilegitimidade da parte que propôs a ação de nulidade. Vejamos,

respectivamente:

AÇÃO DE NULIDADE DE CASAMENTO. SIMULAÇÃO. VÍCIO

COMPROVADO. Comprovado que o casamento da autora com o de

cujus foi simulado, com o objetivo de obtenção por ela de pensão

previdenciária, correta a sentença que declarou a nulidade do ato

jurídico, não havendo que se falar em prescrição. Inteligência do art. 167,

§1º, II do Código Civil. Recurso desprovido (TJRS, 7.ª Câmara Cível,

Apelação cível n.º 70059126508, Rel. Des. Sérgio Fernando de Vasconcellos

Chaves, DJ 24/09/2014) (grifo nosso).

APELAÇÃO. AÇÃO DE NULIDADE DE CASAMENTO.

INEXISTÊNCIA DE SIMULAÇÃO. Duas pessoas maiores de idade,

capazes, livres de impedimento e de acordo com o casamento, podem casar e

constituir a sua vida conjugal da forma que melhor lhes aprouver. A terceira

pessoa não é dado questionar a validade de um casamento, sob alegação de

falta de amor, de afeto, de sexo ou de coabitação. Essas são questões que só

um dos cônjuges pode suscitar contra o outro, para pedir a nulidade do

casamento (por frustração de expectativa ou por erro essencial, por

exemplo). Ao terceiro só é possível questionar a validade do casamento, se o

casamento tiver sido celebrado para obter fim ilícito ou para fraudar direito

ou interesse dele. E nesse caso será o fim ilícito ou a fraude que nulificará o

casamento - independentemente de perquirições sobre presença ou ausência

de amor, afeto, sexo ou coabitação. Como já decidido em idêntica ação

anterior entre as mesmas partes, a filha do marido falecido não tem

legitimidade ativa para questionar a validade do matrimônio do pai com

a madrasta, alegando simulação por fins previdenciários, já que ela não

é beneficiária da pensão. Só quem tem legitimidade para deduzir tal

pretensão é o ente previdenciário (o IPERGS, no caso), e perante o juízo

competente. Por outro lado, só se pode falar ou cogitar em casamento

simulado, com fins patrimoniais, se o casamento tiver sido celebrado para

obter um fim que, sem o casamento, os cônjuges não teriam como obter. No

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caso, o único efeito patrimonial do casamento foi criar para a apelante o

direito ao usufruto vidual sobre a quarta parte dos bens deixados pelo

marido. Acontece que esse efeito patrimonial o marido, que em vida estava

em pleno gozo de suas faculdades mentais, e com plena disponibilidade

sobre o seu patrimônio, poderia ter gerado pela via negocial simples. E aliás

poderia ter conferido à apelante até muito mais: ele poderia ter doado (não o

usufruto mas) a propriedade, e (não sobre a quarta parte, mas) de metade de

seus bens. Revela-se, assim, que no caso concreto o casamento não foi

celebrado para obter fim patrimonial ilícito ou fraudulento. DERAM

PROVIMENTO (TJRS, 8.ª Câmara Cível, Apelação cível n.º 70050560382,

Rel. Des. Rui Portanova, DJ 27/09/2012) (grifo nosso).

O fato consistiu na alegação de que o casamento havia sido um ato simulado. Gonçalves

(2016, p. 492) explica que “simulação é uma declaração falsa, enganosa, da vontade, visando

aparentar negócio diverso do efetivamente desejado”. Nela, há uma desconformidade

consciente da declaração, em conluio com a pessoa a que se destina, com a finalidade de

enganar terceiros ou fraudar a lei (GONÇALVES, 2016).

Nos casos propostos, suscitou-se a argumentação de que a celebração foi realizada com

finalidade diversa da de constituição de uma família, mas sim tendo por objetivo interesses

previdenciários, para que, no futuro, o cônjuge sobrevivente fosse contemplado com uma

pensão após a morte do seu consorte, que era segurado.

O valor corresponde à proteção aos interesses de terceiros, no caso, a coletividade,

representada através dos contribuintes da Previdência que seriam lesados por tal ato jurídico.

Portanto, o que se visou foi evitar a prática de ilicitude que prejudicaria terceiros de boa-fé. A

norma, por sua vez, também é a da conduta de não fazer, uma vez que há na legislação

expressa proibição contra a prática de atos simulados, que são nulos de pleno direito,

conforme disposto no artigo 167 do CCB.

Quarto fato social: um processo tramitou sob a alegação ter sido contraído matrimônio entre

sogro e nora, tendo o Judiciário reconhecido tal situação e decretado a sua nulidade, conforme

se observa a seguir:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE

CASAMENTO. ARTIGO 1521, INCISO II, DO CÓDIGO CIVIL.

Comprovado nos autos que o casamento em voga se deu entre sogro e

nora, com interesse exclusivamente patrimonial, evidente a procedência

da ação, que deve ser confirmada. NEGARAM PROVIMENTO AO

APELO (TJRS, 8.ª Câmara Cível, Apelação cível n.º 70054983036, Rel.

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Des. Alzir Felippe Schmitz, DJ 26/09/2013) (grifo nosso).

O fato, portanto, foi a identificação de casamento entre parentes afins em linha reta. Dias

(2015) explica que o parentesco por afinidade tem origem na lei, vinculando o cônjuge ou

companheiro aos parentes do outro, o que acontece quando diante de um matrimônio entre de

sogro e nora, sogra e genro, padrasto e enteada e madrasta e enteado.

O valor verificou-se a partir da ojeriza manifestada pelo legislador contra eventuais relações

entre parentes em linha reta, quer sejam consanguíneos ou afins, conforme apontam Gagliano

e Pamplona Filho (2011, p. 223):

O fundamento dessa restrição é a preservação dos valores familiares, bem

como o equilíbrio e a preservação da própria tessitura psicológica dos

membros da família, segundo o papel exercido por cada um, especialmente

pelo fato de os afins em linha reta ocuparem posições próximas às de pai ou

mãe, de filho ou filha (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 223).

Finalmente, Gonçalves (2014) e Rizzardo (2011) sinalizam que a norma consiste na conduta

de abstenção, uma vez que, de acordo com artigo 1.521, inciso II tais pessoas não podem se

casar, sendo tal proibição permanente e indissolúvel, nos termos do artigo 1.595, parágrafo 2.º

do CCB, ainda que o vínculo matrimonial que tenha ensejado tal afinidade venha a ser

posteriormente desfeito.

Quinto fato social: um processo argumentou a nulidade de um casamento nuncupativo por

irregularidade formal no número de testemunhas, tendo o Tribunal acolhido a argumentação e

o declarado nulo. Contudo, merece destaque por se tratar de um julgamento antigo, de 1970,

época em que se encontrava em vigor o CCB de 1916, senão vejamos:

CASAMENTO NUNCUPATIVO. NULIDADE. EMBARGOS

INFRINGENTES. CASAMENTO NUNCUPATIVO. ACAO ORDINÁRIA

OBJETIVANDO A SUA ANULAÇÃO. EXIGÊNCIA LEGAL QUANTO

AO NÚMERO DE TESTEMUNHAS PRESENTES AO ATO. TENDO

DUAS DAS INDICADAS COMO INSTRUMENTARIA DECLARADO

NÃO TEREM TESTEMUNHADO O CASAMENTO A VALIDADE

DESTE FICA PREJUDICADA, EIS QUE O NÚMERO DE

TESTEMUNHAS, DE SEIS QUE E O EXIGIDO- FICA REDUZIDO A

QUATRO. CONTRADIÇÕE EXISTENTES NOS DEPOIMENTOS

DAS TESTEMUNHAS SOBRE PONTOS ESSENCIAIS. EMBARGOS

ACOLHIDOS PARA SER A AÇÃO JULGADA PROCEDENTE E

ANULADO O REGISTRO DO CASAMENTO. VOTOS VENCIDOS

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(TJRS, 2.º Grupo de Câmaras Cíveis, Embargos Infringentes n.º 2095, Rel.

Des. Niro Teixeira de Souza, DJ 18/12/1970) (grifo nosso).

O fato se refere a um casamento nuncupativo, corresponde àquele em que são afastados os

rigores das solenidades de habilitação e da presença da autoridade, em virtude do estado de

morte iminente por parte de um dos cônjuges. A cerimônia, então, deve ser realizada pelos

próprios nubentes, que manifestam a intenção de se casar na presença de seis testemunhas que

não sejam parentes dos noivos (LÔBO, 2011).

O valor se percebe na medida em que o legislador amenizou os rigores da lei para permitir

que alguém em risco de morte possa, querendo, se casar e não tenha mais condições de

percorrer os trâmites burocráticos habituais. Essa foi a razão pela qual o rito foi flexibilizado

para dispensar a presença da autoridade celebrante, desde que a solenidade se processe na

presença de seis pessoas que não tenham parentesco com os nubentes, devendo tais pessoas

no prazo legal de dez dias confirmarem ao judiciário as circunstâncias do mencionado

matrimônio (LÔBO, 2011).

Ocorre que no caso em tela, além da irregularidade no número de testemunhas – pois apenas

quatro, e não seis, presenciaram o ato – os julgadores referenciaram a existência de

contradições nos depoimentos, circunstância que ensejou a incidência da norma para declarar

nulo o casamento, atualmente prevista no artigo 1.540 do CCB de 2002, à época equivalente

ao artigo 199, inciso II, parágrafo único do CCB de 1916.

Causas não identificadas: registre-se, por fim, que em outros cinco processos foi postulada a

nulidade de casamentos, mas as causas ensejadoras de tal pedido não foram passíveis de

identificação, haja vista estarem suprimidas dos acórdãos, possivelmente como consequência

do segredo de justiça, tendo assim restado comprometida a análise dos aspectos tocantes ao

culturalismo jurídico.

Verificou-se, todavia, que em três desses processos – que tramitaram nos anos de 1997, 1986

e 1966 – o mérito não chegou a ser apreciado, tendo sido extintos em decorrência de uma

causa formal, a saber: a ausência do curador do vínculo matrimonial, previsto no artigo 222

do hoje revogado CCB de 1916.

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NULIDADE DE CASAMENTO. REEXAME NECESSARIO. O

CURADOR AO VINCULO É FIGURA OBRIGATORIA NA ACAO DE

NULIDADE DE CASAMENTO, DEVENDO PRESENCIAR TODOS OS

ATOS. A ACAO É INVÁLIDA SE FALTA A PARTICIPAÇÃO.

PROCESSO ANULADO (TJRS, 8.ª Câmara Cível, Reexame necessário n.º

597201391, Rel. Des. Roque Miguel Fank, DJ 27/11/1997) (grifo nosso).

CURATELA AO VINCULO. E IMPERATIVA A INTIMACAO DO

CURADOR PARA TODOS OS ATOS DO PROCESSO,

ESPECIALMENTE PARA A AUDIÊNCIA NO CASO EM QUE TENHA

ELE REQUERIDO PROVAS PARA AFASTAR DÚVIDAS RAZOÁVEIS

QUANTO À OCORRÊNCIA DO MOTIVO DE NULIDADE DO

CASAMENTO. SENTENCA CASSADA (TJRS, 6.ª Câmara Cível,

Reexame necessário n.º 586032617, Rel. Des. Adroaldo Furtado Fabrício,

DJ 09/09/1986) (grifo nosso).

O recurso de ofício é obrigatório tanto na ação de nulidade como na ação de

anulação de casamento. A Câmara conhece do recurso de ofício, como se

interposto fosse, nos têrmos do art. 165, do Regimento Interno do Tribunal

de Justiça. Apelações providas para anular a ação de nulidade de

casamento a partir do despacho saneador uma vez não foi nomeado

curador ao vínculo, não suprindo a assistência de Promotor de Justiça.

(TJRS, 1.ª Câmara Cível, Apelação cível n.º 29043, Rel. Des. Paulo Ribeiro,

DJ 21/06/1966) (grifo nosso).

Sobre esse assunto, Chohfi (2010) esclarece que o curador do vínculo matrimonial foi uma

figura originada do Direito Canônico, que tinha por atribuição defender e conservar a família,

conciliar as partes e restabelecer a unidade familiar. Por tal razão, explica a referida autora, o

CCB de 1916, hoje revogado, estabelecia como obrigatória a sua presença em processos de

nulidade do casamento, de modo que a sua ausência implicaria na nulidade de todo o

processo, mantendo-se, assim, válido o matrimônio.

Com a edição do CCB de 2002, que é a legislação atualmente em vigor, tal exigência veio a

ser revogada, não comportando mais a discussão de nulidade de processos com base nesse

fundamento. Assim, se pode perceber que a defesa do vínculo matrimonial, que outrora era

um valor prezado expressamente na letra da lei, pelo Direito de Família, deixou de sê-lo.

4.3.2 Julgados de casamentos anuláveis

Constataram-se nos julgados seis fatos sociais ensejadores de tal nulidade, sobre os quais se

passa a discorrer:

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Primeiro fato social: 22 ações foram propostas com pedido de anulação de casamento pelo

fundamento de vício do consentimento, consistente em erro essencial sobre a identidade do

outro cônjuge, sua honra e/ou boa fama.

Nessas ações, o fato alegado foi o de que um dos cônjuges havia se equivocado quanto à

pessoa de seu consorte sobre uma circunstância que, se dele fosse conhecida, não teria

manifestado seu consentimento para se casar. Trata-se, segundo Gonçalves (2016), do erro

incidente sobre aspectos relevantes, de modo que, por ser a causa determinante, se a realidade

fosse conhecida, o ato não teria se realizado.

O valor em questão é a proteção à livre declaração de vontade que deve haver para que

alguém possa contrair matrimônio, posto que, consoante Gagliano e Pamplona Filho (2011) é

preciso que o consentimento seja retratado de modo espontâneo, sob pena de o ato ser viciado.

Protege-se, portanto, o cônjuge se enganou ao consentir o casamento, e não mais suporta a

vida em comum.

Já a norma, por sua vez, é retratada através da faculdade de requerer a anulação do casamento,

e que poderá ser exercida pelo cônjuge inocente no prazo máximo de três anos a contar da

data da celebração, encontrando-se disciplinada pelos artigos 1.550, inciso III; 1.557, inciso I

e 1.560, inciso III, todos do CCB.

Nos diferentes processos, em decorrência do segredo de justiça, nem sempre a causa que o

fundamentou foi declarada, conforme se pode verificar abaixo:

AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO. ERRO ESSENCIAL.

LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. INOCORRENTE. PREFACIAL DE

NULIDADE DA SENTENÇA. 1. Não havendo conexão e continência entre

o presente feito e a ação de divórcio proposta pelo réu, descabe a

desconstituição da sentença para o julgamento conjunto dos processos. 2.

Considerando que não restou comprovada a ocorrência de erro

essencial quanto à pessoa, torna-se inviável a pretensão de anulação do

casamento. 3. Mostra-se descabida a condenação do réu ao pagamento de

indenização por danos morais e materiais à autora, pois não é possível

discutir a culpa pela ruptura da relação. 4. A questão relativa à partilha de

bens e à pensão deve ser discutida na ação de divórcio. 5. Não se verifica a

litigância de má-fé, quando não fica comprovada nenhuma das hipóteses

previstas no art. 17 do CPC Recurso desprovido (TJRS, 7.ª Câmara Cível,

Apelação cível n.º 70063908693, Rel. Des. Sérgio Fernando de Vasconcellos

Chaves, DJ 06/05/2015) (grifo nosso).

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APELAÇÃO CÍVEL. ANULAÇÃO DE CASAMENTO.

INOCORRÊNCIA DE ERRO ESSENCIAL. APELO PROVIDO. Nos

termos do artigo 1.557, inciso I, do Código Civil, erro essencial diz com

questão relativa à identidade, à honra e à boa fama do cônjuge que, se

conhecida antes da celebração do enlace, inviabilizaria o casamento.

Ademais, depois do conhecimento da "questão", a vida em comum há de ter

se tornado insuportável para justificar o pleito de anulação de casamento.

Ausentes tais requisitos, não há falar em anulação de casamento.

APELO PROVIDO (TJRS, 8.ª Câmara Cível, Apelação cível n.º

70064817703, Rel. Des. Alzir Felippe Schmitz, DJ 16/07/2015) (grifo

nosso).

Por outro lado, quando as causas puderam ser conhecidas, os pedidos tiveram por fundamento

diferentes alegações: a descoberta, após o matrimônio, de que o cônjuge era endividado, que

havia abandonado o lar, que era homossexual, que havia traído antes do casamento, que havia

se casado por interesses exclusivamente patrimoniais, que havia se submetido a tratamento de

vasectomia, que era impotente, que era foragido da polícia ou que apresentava conduta

viciosa, sendo todas essas circunstâncias desconhecidas do cônjuge que propôs a ação

anulatória. Vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL. ANULAÇÃO DE CASAMENTO. SENTENÇA DE

IMPROCEDÊNCIA. INOCORRÊNCIA DE ERRO ESSENCIAL. 1.

PRELIMINAR DE NULIDADE. A apelante assevera que não foi

oportunizado às partes se manifestarem acerca do interesse na produção de

outras provas. Ocorre que tendo ela fundamentado seu pedido de anulação

de casamento na alegação de erro essencial quanto à pessoa, a instrução

probatória pretendida é inócua para confirmar a alegação, porque o fato de

uma pessoa acumular dívidas não configura a hipótese legal referida. 2.

MÉRITO. Os fatos que dão causa ao pedido (existência de dívidas) não

se prestam a caracterizar hipótese de erro essencial, considerando-se

como aquele que diz respeito à identidade, honra e boa fama, de modo que o

ulterior conhecimento desse erro torne para o cônjuge enganado insuportável

a vida em comum (arts. 1.556 e inc. I do art. 1.557 do CCB). As hipóteses do

art. 1.557 do CCB constituem numerus clausus, descabendo interpretação

extensiva. No caso, o fato de estar o demandado endividado por si só não

configura erro de identidade, honra e boa fama. NEGARAM

PROVIMENTO. UNÂNIME (TJRS, 8.ª Câmara Cível, Apelação cível n.º

70058745100, Rel. Des. Luiz Felipe Brasil Santos, DJ 24/04/2014) (grifo

nosso).

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO.

ERRO ESSENCIAL QUANTO A PESSOA (ART. 1.557 INC I CC/02).

IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. O abandono da autora pelo réu, após o

casamento, não constitui fundamento para anulação do matrimônio, sob

alegação de erro essencial quanto à pessoa do outro (art. 1.556 do

CC/02), mormente tendo a autora, possuidora de dupla cidadania, acalentado

o sonho de residir no exterior, aventurado-se na celebração de casamento

com estranho, o qual a requerente sequer conhecia "que diz respeito à sua

identidade, sua honra e boa fama” (inciso I, art. 1.557, CC/02), ante o exíguo

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tempo de três meses entre a data que se conheceram e a celebração do

matrimônio. A frustração da autora com a promessa descumprida pelo

réu não constitui causa para anulação do casamento. APELAÇÃO

PROVIDA (TJRS, 7.ª Câmara Cível, Apelação cível n.º 70029801255, Rel.

Des. André Luiz Planella Villarinho, DJ 16/12/2009) (grifo nosso).

APELAÇÃO. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO. ERRO

ESSENCIAL. NÃO CONFIGURADO. DESCABIMENTO. 1- Erro é a

falsa representação da realidade que implica em manifestação de vontade

viciada por parte do agente que, se melhor conhecesse a realidade fática ou

não ignorasse a situação enfrentada, não teria praticado o ato jurídico como

praticara. 2- Todavia, não se trata de erro essencial sobre a pessoa, apto a

anular o casamento, porque a autora não trouxe aos autos prova

contundente de que o demandado, realmente, seja homossexual, e muito

menos de que tenha se tornado insuportável a vida em comum, pois o

demandado voltou a residir com a autora. RECURSO PROVIDO (TJRS, 7.ª

Câmara Cível, Apelação cível n.º 70056581952, Rel. Des. Liselena Schifino

Robles Ribeiro, DJ 23/10/2013) (grifo nosso).

APELAÇÃO. ANULATÓRIA DE CASAMENTO C/C INDENIZAÇÃO

POR DANO MORAL. ERRO ESSENCIAL. NÃO CONFIGURADO. 1-

A definição de erro vem da teoria geral. Erro é a falsa representação da

realidade que implica em manifestação de vontade viciada por parte do

agente que, se melhor conhecesse a realidade fática ou não ignorasse a

situação enfrentada, não teria praticado o ato jurídico como praticara. 2-

Todavia, não se trata de erro essencial sobre a pessoa, apto a anular o

casamento, porque o apelante não trouxe aos autos prova contundente

de que a apelada, realmente, o estivesse traindo antes, durante e após o

casamento. APELO DESPROVIDO (TJRS, 7.ª Câmara Cível, Apelação

cível n.º 70048182083, Rel. Des. Munira Hanna, DJ 22/05/2013) (grifo

nosso).

APELAÇÃO CÍVEL. ANULAÇÃO DE CASAMENTO. ALEGAÇÃO

DE ERRO ESSENCIAL. SENTENÇA REFORMADA PELA

ESPECIFICIDADE DO CASO. DOUTRINA. PRECEDENTES

JURISPRUDENCIAIS. O apelante, pessoa de pouca instrução, se viu

rapidamente envolvido e, concomitantemente ao momento que conheceu a

recorrida, já firmou pacto antenupcial de comunhão universal de bens e, em

30 dias, se casaram. Os fatos que dão causa ao pedido (ingenuidade do

varão, ignorância acerca das consequências da escolha do regime de

comunhão universal de bens e alegação de que a mulher pretendia,

apenas, aquinhoar seu patrimônio), no caso dos autos, são suficientes

para caracterizar hipótese de erro essencial (art. 1.557 do CCB - erro

quanto à honra e boa fama). DERAM PROVIMENTO. UNÂNIME.

(SEGREDO DE JUSTIÇA) (TJRS, 8.ª Câmara Cível, Apelação cível n.º

70052968930, Rel. Des. Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 02/05/2013)

(grifo nosso).

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO.

OMISSÃO NA INFORMAÇÃO DE REALIZAÇÃO DE

VASECTOMIA ANTERIOR AO CASAMENTO. NÃO

CARACTERIZAÇÃO DE ERRO ESSENCIAL, MAS

INSUPORTABILIDADE DA VIDA EM COMUM QUE LEVA AO

DIVÓRCIO. INDENIZAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS

DEVEM SER POSTULADOS AÇÃO IDNENIZATÓRIA NO JUÍZO

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CÍVEL. SENTENÇA MANTIDA A omissão da realização de vasectomia

pelo cônjuge, descoberta após o casamento, leva à insuportabilidade da

vida em comum e decreto do Divórcio. Não postulado reconhecimento do

erro essencial para anulação do casamento, mas o reconhecimento da

omissão, da mentira, do mau caráter e má intenção do cônjuge por falta

de informação da cirurgia realizada. Pedido de indenização por danos

materiais e morais devem ser postulados em ação indenizatória no juízo

cível. APELO DESPROVIDO. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (TJRS, 7.ª

Câmara Cível, Apelação cível n.º 70047977418, Rel. Des. Munira Hanna, DJ

20/03/2013) (grifo nosso).

APELAÇÃO. PEDIDO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO.

DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. IMPOTÊNCIA. DEMONSTRAÇÃO.

ERRO ESSENCIAL. CARACTERIZAÇÃO. O pedido de anulação de

casamento com base em erro essencial quanto a pessoa não tem prazo

decadencial de 180 dias, mas sim de 03 anos. Inteligência do artigo 1.560,

III, combinado com o artigo 1.557, ambos do CCB. Comprovada a

impotência sexual do varão, e comprovado que esse fato era

desconhecido antes do matrimônio, é de rigor considerar demonstrada a

caracterização de erro essencial. Desimporta, para isso, a causa da

impotência: se física ou psicológica. Importa apenas a consequência. A

saber: a ocorrência de erro quanto a uma circunstância essencial do outro, e

a frustração de uma legítima expectativa, decorrente dos usos e costumes da

nossa cultura, de que haverá sexo entre as pessoas que se casam.

REJEITADA A PRELIMINAR. NO MÉRITO, DERAM PROVIMENTO

(TJRS, 8.ª Câmara Cível, Apelação cível n.º 70036910933, Rel. Des. Rui

Portanova, DJ 22/07/2010) (grifo nosso).

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO.

PRESCRIÇÃO. Ação ajuizada após onze anos da descoberta de que o

marido era foragido da polícia. Extinção do processo que se impõe.

Sentença mantida. Apelação cível desprovida (TJRS, 7.ª Câmara Cível,

Apelação cível n.º 70054690029, Rel. Des. Jorge Luís Dall'Agnol, DJ

18/09/2013) (grifo nosso).

CASAMENTO. NULIDADE. COMPROVADO O ERRO ESSENCIAL

SOBRE A PESSOA DA MULHER, QUE MANTINHA CONDUTA

VICIOSA, ANTES DO CASAMENTO, TORNANDO INSUPORTAVEL

A VIDA EM COMUM, PROCEDE O PEDIDO DE ANULACAO.

RECURSO PROVIDO (TJRS, 1.ª Câmara Cível, Apelação cível n.º

583011788, Rel. Des. Elias Elmyr Manssour, DJ 28/06/1983) (grifo nosso).

Todavia, nem todos lograram êxito. Desses, nove matrimônios foram anulados, enquanto que

nos outros 13 processos, o pedido foi improvido e o casamento, mantido, por ausência de

provas ou porque a argumentação suscitada não era motivo suficiente para a configuração do

erro essencial.

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Segundo fato social: Três processos foram propostos para requerer a anulação do casamento

tendo em vista a incapacidade do cônjuge para consentir ou manifestar o consentimento de

modo inequívoco.

No primeiro caso, o fato envolveu a alegação, feita por herdeiros, de que o cônjuge possuía a

saúde debilitada e, em vida, havia relatado o seu arrependimento quanto ao casamento, tendo

vindo a falecer posteriormente. O segundo, não forneceu informações detalhadas quanto ao

contexto da incapacidade para manifestação do consentimento, limitando-se a sinalizar a

perda do prazo para a propositura da ação. Já o terceiro processo revelou que, apesar de ser

absolutamente incapaz, o cônjuge poderia se casar se houvessem sido adotadas as cautelas

legais, dentre as quais, o consentimento do seu curador6, o que não ocorreu no feito. Vejamos:

Apelação cível. Ação de anulação de casamento. Legitimidade ativa do

espólio. Nubente que contraiu matrimônio meses antes do falecimento,

em estado de saúde debilitado, para fins exclusivamente previdenciários.

Ajuizamento de medida cautelar de produção antecipada de provas. Embora

tenha o falecido manifestado, na medida cautelar, arrependimento e

decepção com a pessoa da ré, bem como intenção de ingressar com ação

futura objetivando a nulidade do casamento, é de se ver que o ajuizamento

da demanda não ocorreu, não estando os herdeiros, por não haver

interesse econômico ou moral, legitimados a postular em juízo a

anulação do ato. Direito de natureza personalíssima. Ademais, há

demonstração suficiente nos autos de que o inventariado, à época dos

fatos, não só tinha plena consciência do casamento, como também da

intenção subreptícia do ato jurídico praticado. Recurso desprovido

(TJRS, 7.ª Câmara Cível, Apelação cível n.º 70015390859, Rel. Des.

Ricardo Raupp Ruschel, DJ 28/02/2007) (grifo nosso).

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE NULIDADE DE CASAMENTO.

INCAPAZ DE CONSENTIR. CASO DE ANULAÇÃO. PRESCRIÇÃO.

Sendo a causa de pedir a invalidade do casamento a incapacidade de

consentir, incide o disposto no art. 178, § 5.º, II, do CC/16, que prevê o

prazo de seis meses para a propositura da ação. Indeferimento da petição

inicial mantida. Apelação desprovida (TJRS, 8.ª Câmara Cível, Apelação

cível n.º 70014544571, Rel. Des. José Ataídes Siqueira Trindade, DJ

06/04/2006) (grifo nosso).

Casamento. Nulidade. Anulabilidade. Absolutamente incapaz. Reflexos

no direito de família. Oligofrênico. Possibilidade de contrair matrimônio.

Regime de bens. Legitimação de filho. Reconhecimento invalidade.

Prescrição da ação. Demanda fundada em causa de anulabilidade (art-

209, c/c arts 183, inc-xi, e 212, todos do CCV). Inviabilidade de alterar os

parâmetros definidos na inicial. Visto o matrimônio como ato anulável, de

6 “Pessoa que tem, por determinação legal ou judicial, a obrigação de zelar pelos bens e interesses dos que, por si

mesmos, não o podem fazer” (SANTOS, 2001, p. 67).

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ponto se afasta a alegada prescrição, isso porque não se pode exigir da parte

autora demonstração de fato negativo (que desconhecia o matrimônio).

Embora absolutamente incapaz o interdito, poderia casar, estabelecer

regime de bens para o matrimonio e reconhecer filho, desde que tivesse

sido observadas e respeitadas as cautelas legais. Ausência de

consentimento do curador e má-fé dos demandados. Anulação do

casamento e da legitimação, desconstituindo-se a escritura que definiu o

regime de bens. Apelo improvido. Correção de oficio do dispositivo da

sentença (anulabilidade, ao inves de nulidade) (TJRS, 8.ª Câmara Cível,

Apelação cível nº 597042167, Rel. Des. Breno Moreira Mussi, DJ

27/11/1997).

O valor diz respeito à proteção ao cônjuge que, por qualquer circunstância, tenha sofrido uma

redução temporária de sua capacidade, de modo que, ao declarar que pretendia se casar, não o

fez de forma livre.

A norma, retratada pelos artigos 1.550, inciso IV e 1.560, inciso I, demonstra ser facultativo o

pedido de anulação, por iniciativa do cônjuge então incapaz de consentir, desde que o faça no

prazo máximo de 180 (cento e oitenta dias) contados da data da celebração. O caso retratado

pelo segundo processo, por ter sido julgado à luz do CCB de 1916, valeu-se do prazo

anteriormente previsto na legislação para a propositura da ação, a saber: seis meses.

Nos dois primeiros casos não houve anulação do matrimônio. Na primeira situação, o

casamento foi mantido pois a ação foi proposta pelos herdeiros do cônjuge falecido, o que não

foi admitido, uma vez que a iniciativa para fazê-lo deve ser de natureza personalíssima. Já no

segundo caso, verificou-se a perda do prazo para a apresentação do pedido de anulação

perante o Judiciário. O terceiro processo, porém, ensejou a anulação do matrimônio, visto ter

sido constatada a ausência do consentimento do curador do cônjuge.

Terceiro fato social: dois processos foram propostos com base em alegação de ignorância de

crime ultrajante praticado antes do casamento.

O fato consistiu, no primeiro processo, julgado em 2013, na alegação de que o cônjuge havia

praticado homicídio, circunstância essa posteriormente descoberta pela autora da ação. Este

pedido anulatório foi julgado improvido, pois a sentença penal condenatória que pesava

contra o réu ainda comportava recurso. No segundo processo, julgado em 1986, não se fez

menção ao tipo do delito praticado, tendo o acórdão se restringido a mencionar ter sido

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cometido um crime inafiançável. Nesse caso, o réu havia sido condenado e o casamento foi

anulado. Vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO.

ERRO ESSENCIAL QUANTO A PESSOA (ART. 1.557, I E II, CC/02).

A denúncia por crime de homicídio imputado ao réu não constitui erro

essencial quanto à pessoa (art. 1.557, II, do CC/02), se não há sentença

criminal condenatória com trânsito em julgado por esta conduta,

tampouco prova de que a autora não sabia da condição do réu, e que tal

fato teria tornado insuportável a vida em comum. RECURSO

PROVIDO. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (TJRS, 7.ª Câmara Cível, Apelação

cível n.º 70057011462, Rel. Des. Liselena Schifino Robles Ribeiro, DJ

13/11/2013) (grifo nosso).

ANULAÇÃO DE CASAMENTO PROCEDENTE, COM BASE NO

ART-219, II, DO CODIGO CIVIL. CONDENAÇÃO DO RÉU POR

CRIME INAFIANÇÁVEL, ANTERIOR AO CASAMENTO, E

IGNORÂNCIA DO FATO PELA AUTORA. ATUAÇÃO

SATISFATÓRIA DO CURADOR AO VÍNCULO, DE MODO A NÃO

ENSEJAR NULIDADE DO PROCESSO POR DEFICIÊNCIAS NESSE

SENTIDO. SENTENÇA CONFIRMADA (TJRS, 3.ª Câmara Cível,

Reexame Necessário n.º 586021032, Rel. Des. Galeno Vellinho de Lacerda,

DJ 21/08/1986) (grifo nosso).

O valor em questão, afirmam Chaves e Rosenvald (2010), é a salvaguarda do cônjuge

inocente da convivência com alguém que tenha praticado um crime causador de repulsa e

ultraje. Todavia, o primeiro processo, que manteve o casamento, contrariou o magistério de

Venosa (2014a), que defende ser possível o pedido de anulação do casamento mesmo que

ainda não tenha ocorrido o julgamento do delito, em definitivo, pela esfera penal.

A norma se apresentou também como uma faculdade conferida ao cônjuge inocente para

requerer a anulação do casamento, uma vez que a vida conjugal tornou-se insuportável, o que

deve ser feito também no prazo máximo de três anos, contados da celebração, tudo nos termos

dos artigos 1.550, inciso III; 1.557, inciso II e 1.560, inciso III, todos do CCB.

Quarto fato social: um processo foi proposto com base em alegação de ignorância, anterior ao

casamento, de moléstia grave e transmissível, por contágio ou herança, capaz de pôr em risco

a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência, segundo se pode verificar:

APELAÇÃO CÍVEL. ANULAÇÃO DE CASAMENTO. AGRAVO

RETIDO. JUNTADA DE DOCUMENTOS. PROVA NOVA. A inserção da

prova documental deve obedecer ao momento previsto no art. 397 do CPC.

Assim, não se tratando de documentos novos - eis que se trata de

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documentação que já existia ao tempo dos fatos articulados, nem havendo

demonstração de força maior - que impedisse sua produção no momento

previsto em lei -, não se há de admitir a juntada de documentos em momento

posterior. ANULAÇÃO DE CASAMENTO. DESCABIMENTO. Não há

vingar a pretensão da apelante de anulação do casamento, pois ao constituir

matrimônio com pessoa que conheceu há pouco tempo, assume o risco de se

enganar quanto as suas qualidades e personalidade. Da mesma forma, não

há falar que o apelado era portador de moléstia grave quando esta não

representa perigo à saúde do cônjuge. DANO MORAL E MATERIAL.

INVIABILIDADE. É natural, na relação matrimonial, que os cônjuges

prestem auxilio um ao outro, ainda que um deles tenha melhores condições

financeiras, como no presente caso, mas isso não caracteriza hipótese de

responsabilidade civil a ser indenizável. Recursos desprovidos. (SEGREDO

DE JUSTIÇA) (TJRS, 7.ª Câmara Cível, Apelação cível n.º 70030334320,

Rel. Des. Jorge Luís Dall'Agnol, DJ 11/08/2010) (grifo nosso).

O fato em questão consistiu na alegação produzida pela autora de que o réu era portador de

moléstia grave, sendo essa circunstância desconhecida e somente revelada após o matrimônio.

O valor em questão foi representado pela tutela do legislador à integridade e à saúde do

cônjuge inocente e de sua descendência, protegendo-o de conviver com alguém portador de

doença grave e transmissível. A norma, por sua vez, também foi dotada de caráter facultativo,

ao permitir que o cônjuge inocente, se quiser, postule a anulação do matrimônio no prazo

máximo de três anos, contados da celebração, de acordo com os 1.550, inciso III; 1.557,

inciso III e 1.560, inciso III, todos do CCB.

Embora o acórdão não tenha feito menção a qual seria a moléstia discutida no mencionado

processo, verificou-se que o pedido de anulação foi julgado improvido, uma vez que a doença

em questão não representava risco contra a saúde do cônjuge, razão pela qual não poderia ser

considerada grave e transmissível. O casamento, portanto, não foi anulado.

Quinto fato social: apenas um processo, julgado em 2009, discutiu a anulação do casamento

com base em coação supostamente sofrida pela autora da ação, segundo se pode observar a

seguir:

APELAÇÃO CÍVEL. ANULAÇÃO DE CASAMENTO. COAÇÃO NÃO

CONFIGURADA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO RATIFICADA.

Inocorrente a situação descrita no art. 1.558 do CC, não se apreendendo

que o consentimento da apelante tenha sido dado mediante coação ou

fundado temor, bem como, convalidado o enlace pela coabitação,

consoante explicitado no art. 1.559 do CC, não há falar na incidência da

hipótese prevista no art. 1.560, IV, do CC. Recurso desprovido (TJRS, 8.ª

Câmara Cível, Apelação cível n.º 70030915359, Rel. Des. José Ataídes

Siqueira Trindade, DJ 14/07/2009) (grifo nosso).

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O fato consistiu na argumentação de que a autora teria sido supostamente obrigada a casar-se

com o réu, sendo, por assim dizer, vítima de um ato de violência moral. Nesses casos, quando

reconheceu que a coação é um vício capaz de anular o matrimônio o legislador o fez para

salvaguardar os nubentes que não tenham exercido de forma livre o seu consentimento para

casar-se e tenham sofrido ameaças contra sua vida, saúde e honra ou a de seus familiares. A

norma proibitiva da prática da coação encontra-se disciplinada no artigo 1.558 do CCB.

Ocorre que a legislação, em seu artigo 1.559 do CCB, estabelece que a hipótese de coabitação

posterior entre o coator e o coato convalida o casamento, circunstância essa criticada por

Gonçalves (2012), haja vista a subjetividade que envolve o assunto e ao fato de que até a

conjunção carnal pode ter sido obtida também mediante coação.

Ocorre que no processo em questão, o temor que supostamente teria causado a coação não

restou comprovado, além de ter ocorrido coabitação posterior entre a autora e o réu, motivo

que ensejou a validade do casamento.

Sexto fato social: um processo referiu-se ao pedido de anulabilidade por defeito de idade,

sendo certo se tratar de processo que também tramitou à luz do CCB de 1916, por ter sido

julgado no ano de 1982:

AÇÃO DE NULIDADE DE CASAMENTO. HABILITAÇÃO DE UMA

NUBENTE E CASAMENTO DE OUTRA, COM O MESMO NOIVO.

EXPEDIENTE UTILIZADO PARA BURLAR A PROIBIÇÃO

DECORRENTE DA MENORIDADE DA NOIVA DESEJADA.

PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. SENTENÇA CONFIRMADA EM

REEXAME (TJRS, 4.ª Câmara Cível, Reexame necessário n.º 500417035,

Rel. Des. Edson Alves de Souza, DJ 22/09/1982) (grifo nosso).

O fato referiu-se a um casamento em que, na fase de habilitação, o noivo apresentou-se com

uma noiva e, na fase da celebração, apareceu com outra, tendo sido identificado tratar-se de

uma burla, visto que esta era pessoa aquém da idade núbil. Por tal razão, o casamento veio a

ser anulado.

O valor em questão referiu-se ao amparo demonstrado pelo legislador ao amadurecimento

corporal e psíquico do nubente, necessários para a celebração de um casamento, o que

dificilmente se consegue em tenras idades. Na definição de tal critério etário, Lôbo (2011)

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ressalta que o legislador levou em consideração a aptidão biológica para procriar, mas

também o mínimo de maturidade ideal que se espera de alguém que pretenda constituir

família. É por tal razão que, consoante o referido autor, trata-se de definição que varia de país

para país, de acordo com suas culturas tradicionais e costumes.

Em relação ao processo em tela, previa o artigo 213 do então CCB de 1916, a norma

proibitiva para que se casassem as mulheres abaixo dos 16 e os homens, dos 18 anos de idade.

Tal distinção não mais existe na vigente legislação, que estabelece a proibição para que as

pessoas abaixo dos 16 anos se casem, independentemente do sexo, conforme dispõe o artigo

1.517 do atual CCB, razão pela qual é cabível a propositura da ação anulatória no prazo

máximo de 180 dias, conforme disposto pelo artigo 1.560, parágrafo 1.º.

Causas não identificadas ou processos extintos por questões formais: a exemplo do verificado

nos julgados de nulidade, também nos de anulabilidade foram constatados 10 processos em

que ou as causas ensejadoras do pedido anulatório não foram reveladas nos acórdãos,

possivelmente por decorrência do segredo de justiça pelo qual tramitaram os referidos feitos,

ou os processos foram extintos por questões formais, em que o mérito não foi enfrentado.

Desses, percebeu-se que, em apenas 1 (um) o casamento veio a ser anulado:

ANULAÇÃO DE CASAMENTO. SENTENÇA ANULATÓRIA DE

CASAMENTO QUE SE CONFIRMA, EM REEXAME NECESSÁRIO,

POIS DEMONSTRADA HIPÓTESE LEGAL DE INVALIDADE (TJRS,

7.ª Câmara Cível, Reexame necessário n.º 596134379, Rel. Des. Sérgio

Gischkow Pereira, DJ 26/03/1997) (grifo nosso).

Em outros 4 (quatro), o casamento foi considerado válido e o processo veio a ser extinto por

razões formais, a saber: em um, o acolhimento de alegação de cerceamento de defesa por

impossibilidade de produção de provas; no segundo processo, verificou-se a perda do prazo

para a propositura da ação anulatória, uma vez que tais pedidos só podem ser firmados

perante ao Judiciário nos respectivos prazos legais. No terceiro, o TJRS declarou sem efeito

uma sentença de primeira instância que homologou uma transação entre os cônjuges para

anular o casamento, uma vez que, legalmente, essa matéria não é passível de transação por

não versar sobre direitos patrimoniais disponíveis, e, no quarto, porque o réu faleceu antes de

ser citado. Vejamos:

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127

APELAÇÃO. INTERESSE RECURSAL. PRESENÇA. ANULAÇÃO DE

CASAMENTO. CERCEAMENTO DE DEFESA. OCORRÊNCIA. Quando

a parte faz pedido cumulado alternativo, e o juízo acolhe o segundo pedido,

o cumulado alternativo, e não o principal, a parte tem interesse em recorrer,

para pedir seja acolhido o principal. Há cerceamento de defesa quando a

parte pede expressamente a produção de diversas provas, o juízo não

aprecia tal pedido, mas não abre fase instrutória, e ao final julga

improcedente o pedido, justamente por falta de prova. REJEITADA A

PRELIMINAR DE NÃO-CONHECIMENTO. ACOLHERAM A

PRELIMINAR DO APELO E ANULARAM O PROCESSO (TJRS, 8.ª

Câmara Cível, Apelação cível n.º 70032195737, Rel. Des. Rui Portanova, DJ

15/10/2009) (grifo nosso)

ANULAÇÃO DE CASAMENTO. PRAZO DECADENCIAL.

EXTINÇÃO DO FEITO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. Decorrido o

prazo decadencial previsto em lei para anulação de casamento,

impositiva a extinção do feito com julgamento de mérito. Inteligência do

art. 269, IV, do CPC. Negado provimento ao apelo. (SEGREDO DE

JUSTIÇA) (TJRS, 7.ª Câmara Cível, Apelação cível n.º 70014453591, Rel.

Des. Maria Berenice Dias, DJ 26/04/2006) (grifo nosso).

REEXAME NECESSÁRIO. ACAO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO

ENVOLVE DIREITOS INDISPONÍVEIS, SENDO INSUSCETÍVEL

DE TRANSAÇÃO. NULIDADE DA DECISAO HOMOLOGATORIA DO

ACORDO. ANULARAM A SENTENÇA (TJRS, 7.ª Câmara Cível,

Reexame necessário n.º 597228402, Rel. Des. Sérgio Fernando de

Vasconcellos Chaves, DJ 11/02/1998) (grifo nosso).

AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO. PROCESSO ANULADO,

"AB INITIO", FACE A PROVA DE QUE O RÉU, AO SER CITADO

POR EDITAL, JÁ ERA FALECIDO (Reexame Necessário Nº

583035480, Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Oscar

Gomes Nunes, Julgado em 07/12/1983) (grifo nosso)

Assim, o não conhecimento da causa sobre a qual se fundou o pedido anulatório comprometeu

a identificação do culturalismo jurídico através dos referidos julgados.

Finalmente, em cinco casos o casamento foi considerado válido porque o processo anulatório

tramitou sem a interveniência do curador do vínculo:

PROCESSUAL CIVIL. CURADOR AO VÍNCULO. ANULAÇÃO DO

CASAMENTO. A NÃO OBSERVAÇÃO DO PRECEITO CONTIDO

NO CC-222 ACARRETA A NULIDADE DO PROCESSO (TJRS, 8.ª

Câmara Cível, Apelação cível n.º 595202144, Rel. Des. Antônio Carlos

Stangler Pereira, DJ 16/05/1996) (grifo nosso).

Anulação de casamento. Curador ao vínculo, art. 222 do Código Civil.

Falta de intimação para a audiência de instrução. Não comparecimento.

Nulidade insanável. Anularam o processo (TJRS, 7.ª Câmara Cível,

Apelação cível n.º 592031207, Rel. Des. Nelson Oscar de Souza, DJ

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01/07/1992) (grifo nosso).

ANULAÇÃO DE CASAMENTO. ATUAÇÃO DO CURADOR AO

VÍNCULO. CONDUTA EXIGÍVEL APÓS A LEGISLAÇÃO

PERMISSIVA DO DIVÓRCIO. CURADOR DE TODO ALHEIO A

NATUREZA DO 'MUNUS'. PROCESSO PARCIALMENTE

ANULADO (TJRS, 1.ª Câmara Cível, Reexame necessário n.º 583025804,

Rel. Des. Athos Gusmão Carneiro, DJ 22/11/1983) (grifo nosso).

ANULAÇÃO DE CASAMENTO. CURADOR AO VÍNCULO. Falta de

abertura de vista ao Curador ao Vínculo para promover a defesa do

matrimônio. Nulidade do processo (TJRS, 3.ª Câmara Cível, Apelação

cível n.º 8128, Rel. Des. Paulo Boeckel Velloso, DJ 03/07/1969) (grifo

nosso).

AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO. FALTA DE NOMEAÇÃO

DO CURADOR AO VÍNCULO. Preliminar de nulidade, suscitada pelo

Dr. Procurador da Justiça, acolhida. O curador especial é o defensor legal

da validade do casamento. Sem a sua participação na causa não se integra a

relação jurídica processual. A função do mencionado curador é

inconfundível com a do órgão do Ministério Público e com a do curador do

réu revel, citado por edital (TJRS, 3.ª Câmara Cível, Apelação cível n.º 765,

Rel. Des. Pedro Soares Munoz, DJ 26/05/1967) (grifo nosso).

Conforme antes mencionado, observa-se que a interveniência do curador do vínculo era uma

exigência legal do artigo 222 CCB de 1916, mas que veio a ser revogada pelo advento do

CCB de 2002. Contudo, antes mesmo de a legislação atual entrar em vigor, observou-se que,

em 1998, o TJRS já não declarava a nulidade dos processos apenas pela ausência do curador

do vínculo, justamente por entender que se tratava de uma figura em desuso, senão vejamos:

ANULAÇÃO DE CASAMENTO. 1. AUSÊNCIA DE NOMEAÇÃO DE

CURADOR AO VINCULO. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. A

nomeação de curador ao vínculo não tem mais sentido nos tempos

atuais, ante a notável evolução nos costumes, na vida familiar e na

própria existência das pessoas, que tornam a figura do curador ao

vínculo, uma verdadeira excrescência sem nenhuma valia. 2.

PROCEDÊNCIA. Comprovado o erro essencial quanto à pessoa - ré,

confirma-se a anulação do casamento. Rejeitada a preliminar, a apelação

foi desprovida. Unânime (TJRS, 7.ª Câmara Cível, Apelação cível n.º

598090108, Rel. Des. Eliseu Gomes Torres, DJ 02/12/1998) (grifo nosso).

Tal julgamento apontou uma mudança quanto ao valor que passou a se atribuir à defesa da

validade do matrimônio, além de reiterar o vanguardismo assumido pelo TJRS que, antes

mesmo de tal exigência legal ser revogada, já não era mais aplicada, haja vista a compreensão

demonstrada pelos julgadores quanto a sua inadequação em relação à realidade social daquela

época.

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129

5 CONCLUSÃO

Em termos específicos, este estudo se propôs a caracterizar o casamento como instituição

social e jurídica que viabiliza a constituição da família, célula mater da sociedade,

demonstrando que os procedimentos jurídicos do matrimônio são dotados de elementos

culturais próprios, consagrados no Código Civil Brasileiro, e que, quando inobservados,

ensejam a argumentação de sua nulidade. Para tanto, o legislador dedicou 17 artigos (do 1.548

a 1.564) com o propósito de regulamentar as circunstâncias que podem gerar a nulidade ou a

anulação de um casamento.

A realização da pesquisa bibliográfica e a utilização de fontes secundárias, aliadas à

fundamentação teórica contribuíram para uma melhor compreensão acerca dos construtos

escolhidos – casamento, teoria institucional e elementos culturais – sendo possível demonstrar

a relação existente entre eles, haja vista ser a cultura um elemento institucional, e que

justificaram os objetivos traçados.

A respeito do primeiro objetivo específico, qual seja, caracterizar o casamento como

instituição, evidenciou-se que o matrimônio é dotado de todos os aspectos que delineiam a

natureza institucional, a saber: exterioridade e objetividade (haja vista suas disciplina jurídica

ser definida pelo Estado), coercitividade (pois prevê punições para o caso de desobediência

aos preceitos legais, sendo essas as nulidades e anulabilidades), autonomia moral (pois goza

de legitimidade social e jurídica entre os membros da sociedade como um dos meios que

viabiliza a constituição da família) e historicidade (vez que os relatos sobre a regulamentação

do casamento existem não só no direito contemporâneo, mas também no Direito Romano e

até no Direito Canônico).

Por meio do casamento, são impostos determinados comportamentos, previstos na legislação,

que devem ser seguidos para que seja preservada a sua validade. Essa peculiaridade,

denominada por DiMaggio e Powell (2005) como “isomorfismo institucional”, é tipicamente

institucional, ao proclamar a homogeneização de práticas, que são aceitas pela sociedade e,

por isso, consideradas legítimas (MEYER; ROWAN, 1977).

No tocante ao segundo objetivo específico – demonstrar os elementos culturais presentes nos

procedimentos jurídicos do casamento – constatou-se que, na etapa de habilitação, se fazem

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presentes os seguintes elementos: rito, regra, crença e norma, enquanto que na fase da

celebração percebe-se a presença de cerimônia, linguagem, símbolo, norma e rito. Restou

evidenciado que os elementos culturais caracterizam e reforçam a legitimidade social e

jurídica da instituição casamento.

Em que pese o terceiro e último objetivo específico – identificar o culturalismo jurídico nos

julgados do TJRS sobre nulidade do casamento – constatou-se, a partir dos postulados de

Reale (2002), que o Direito é um produto sócio-cultural, sendo certo que todos os fenômenos

jurídicos, incluindo as discussões sobre nulidade do casamento, se assentam sobre a tríade

“fato, valor e norma”.

Segundo Reale (2002), as experiências jurídicas se submetem a uma análise fenomenológica,

em que esses três elementos dialogam entre si de forma indissociável, sendo certo que sobre

um acontecimento social (fato) incidem aspectos culturais (valores), cabendo à ordem jurídica

ditar como devem ser as condutas a serem adotadas na sociedade (norma).

Os valores representam o núcleo do viés cultural, a que Schein (2009) denominou como

“suposições básicas”, que, por serem incorporadas pelo grupo como verdadeiras, gozam de

legitimidade, sendo sancionados aqueles que não as seguem ou não as adotam. Acrescente-se

que os valores estão em sintonia com o senso comum social, sendo por isso que,

corretamente, Junqueira (2013) afirmou serem eles mutantes.

O fato social em questão foram os casos de nulidade do casamento que tramitaram perante o

TJRS. A partir dos 69 acórdãos proferidos nos julgamentos de apelações, reexame necessário

e embargos infringentes buscou-se identificar de que forma aquele Tribunal, que se destaca no

cenário jurídico nacional por suas posições vanguardistas, valorou as ações de nulidade

absoluta e de nulidade relativa (anulabilidade/ anulação) de casamento, que por lá tramitaram.

Em relação às ações declaratórias de nulidade, duas situações merecem destaque, por

refletirem o maior número de processos: os casamentos contraídos por bígamo(a) e por

enfermos mentais.

Percebeu-se que a maior quantidade de julgamentos – 11 – referiram-se a questões

envolvendo a bigamia, circunstâncias em que o valor prezado e dito como desrespeitado foi o

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da preservação à família monogâmica, tanto é que 10 desses casamentos foram declarados

nulos. Contudo, tais julgamentos dataram dos anos de 1981 a 2001, época da vigência do

revogado CCB de 1916, o que culturalmente pode significar uma tendência de mudança

quanto ao comportamento social de duplo casamento, na sociedade gaúcha, vez que não

houve caso de julgamento que tenha sido dirimido à luz do vigente CCB de 2002. Todavia, a

norma atualmente em vigor permanece vendando tal prática, nos moldes do artigo 1.521,

inciso VI do CCB.

Outro fato social percebido como relevante referiu-se à nulidade dos casamentos contraídos

por enfermo mental, que totalizaram nove casos, entre os anos de 1987 a 2016, sendo certo

que cinco deles foram declarados nulos. Nesse sentido, percebeu-se uma mudança no tocante

ao valor tutelado e à norma. O casamento de pessoas com tais deficiências era considerado

nulo por haver, à época, a compreensão de que o matrimônio, sobretudo no tocante ao aspecto

patrimonial, seria prejudicial para aqueles que não tinham discernimento.

Houve, todavia, uma mudança quanto ao valor atribuído a essa interpretação, vez que, após o

advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência, em eficácia desde 02/01/2016, as pessoas até

então ditas como “amentais” tiveram a possibilidade legal de se casar, isso porque o

matrimônio passou a ser considerado um meio que viabilizaria a socialização do deficiente,

que poderia lhe agregar mais benefícios que malefícios (TARTUCE, 2015).

Assim, também ocorreu mudança na norma, que, de proibitiva passou a ser permissiva, nos

termos da Lei n.º 13.146, de 06/07/2015. Ressalte-se que a apelação n.º 70066955287, julgada

em 28/09/2016, referiu-se a um casamento contraído anteriormente ao Estatuto da Pessoa com

Deficiência, razão pela qual seu deslinde ainda se pautou pela regra anterior.

Observou-se outros três fatos sociais ensejadores de ações de nulidade, porém em menor

número: a) casamento realizado de forma simulada, apenas para satisfazer fins

previdenciários (dois casos); b) matrimônio realizado entre sogro e nora, que são parentes

afins em linha reta (um caso) e c) casamento nuncupativo celebrado com número irregular de

testemunhas (um caso).

Registre-se que em dois casos o motivo da nulidade não foi revelado, possivelmente, por

decorrência do segredo de justiça sob o qual tramitaram essas ações e que, em três casos, o

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mérito da nulidade sequer chegou a ser apreciado porque o processo, como um todo, foi

declarado nulo, em virtude da ausência do curador ao vínculo. Este correspondia a um papel –

geralmente exercido por um defensor público – cuja atribuição era a de defender o

matrimônio e a manutenção da família. Contudo, a sua obrigatoriedade jurídica cessou após o

advento do atual CCB de 2002, que revogou a figura do curador do vínculo, instituída pelo

artigo 222 do CCB de 1916 (CHOHFI, 2010).

Também aqui se percebe uma mudança legislativa que acompanhou a evolução social, e que o

TJRS já não mais a aplicava antes mesmo da revogação expressa de tal previsão. Trata-se do

julgamento da apelação n.º 598090108, ocorrido em 1998, em que o Desembargador Relator

Eliseu Gomes Torres pronunciou no acórdão que não havia mais sentido a nomeação do

curador do vínculo em decorrência da evolução dos costumes, sendo, por isso, “...uma

verdadeira excrecência sem nenhuma valia” (BRASIL, 1998, não paginado).

Em relação às anulabilidades, o maior número de ocorrências disse respeito à suposta

existência de vício de consentimento, sob a forma de erro essencial, que totalizaram 22 (vinte)

processos. Esse fato social é regrado pela norma prevista nos artigos 1.556, 1.557, inciso I e

1.560, inciso III do CCB, que preza como valor a livre e espontânea declaração de vontade

para se casar e que, nesses casos, estaria sendo supostamente viciada porque o cônjuge

desconhecia circunstância anterior referente à identidade, honra e boa fama de seu consorte.

Contudo, tais alegações não restaram comprovadas na maior parte dos casos, tanto é que

apenas nove casamentos foram anulados e outros 13, considerados válidos.

Com menor expressividade, houve ainda outros cinco fatos sociais ensejadores para a

propositura da ação de anulação de casamento: a) incapacidade de o cônjuge consentir ou

manifestar seu consentimento (três casos); b) ignorância de crime anterior ao casamento (dois

casos); c) ignorância de moléstia grave e transmissível (um caso); d) coação (um caso) e e)

defeito de idade do cônjuge (um caso).

Registre-se que em 10 casos de anulação a causa não foi revelada – por consequência do

segredo de justiça – mas razões de ordem formal extinguiram o processo, dentre as quais: a) a

alegação de cerceamento de defesa; b) a perda do prazo para a propositura da ação; c) a

anulação de uma sentença de primeira instância que homologou uma transação entre os

cônjuges; d) o réu que faleceu antes de ser citado e e) a ausência do curador do vínculo.

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Despertou a atenção o fato de, em toda a base de dados do TJRS disponível na internet, haver

apenas 69 (sessenta e nove) decisões referentes ao assunto pesquisado, sendo 29 (vinte e

nove), referentes a processos de nulidade e 40 (quarenta), de anulabilidade, quantitativo

considerado baixo se levado em consideração a quantidade de motivos legais existentes para

nulidades e anulabilidades de casamento.

Tal circunstância é sugestiva de que essa matéria, que é regulamentada desde o CCB de 1916,

tem perdido sua relevância para a sociedade gaúcha, o que sugere a possibilidade de mudança

sobre os valores sociais atribuídos à dissolução da instituição matrimonial, sobretudo após o

advento do divórcio (por meio da Lei n.º 6.515/1977), da possibilidade de sua decretação em

cartório, pela via extrajudicial (a partir da Lei n.º 11.441/2007) e da desnecessidade de prévia

separação judicial para a realização do divórcio (consequência da Emenda Constitucional n.º

66/2010).

Ademais, juridicamente se percebeu também que há diversas hipóteses legais de anulabilidade

– a exemplo do casamento anulável por ter sido realizado por procurador com poderes

revogados ou por incompetência da autoridade celebrante – que, apesar de devidamente

disciplinadas pelo ordenamento, não foram observadas na realidade do TJRS, o que

demonstra a obsolescência da lei por um possível descompasso com a realidade social, razão

pela qual merece ser cogitada e debatida uma possível modificação legal no CCB.

Tal constatação vai ao encontro do defendido por Dias (2015), segundo a qual as ações de

anulação só tinham significado quando o casamento era indissolúvel e isso veio a ser mudado

após o advento do divórcio. Para a referida autora, a anulação do casamento requer a

produção de provas que podem ofender a dignidade, a privacidade e a intimidade do casal,

sendo essa a razão pela qual é mais fácil o divórcio, que dispensa a apresentação de motivos

para a sua propositura.

Outra possível justificativa para o baixo número de ações de nulidade e de anulação de

casamento é a banalização das relações humanas, o que igualmente refletiria uma mudança

cultural da sociedade, uma vez que o casamento não é mais o único meio de constituição da

entidade familiar.

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Contudo, sugere-se que a força da cultura possa explicar a existência dos poucos casos

observados, sobre nulidade do casamento, já que, em termos sociais e, sobretudo, religiosos, a

possibilidade da anulação do matrimônio e o fato da pessoa poder novamente casar-se na

Igreja, talvez já não pareça interessante, para uma parte considerável, da sociedade.

Por outro lado, para essa parte da sociedade, não mais interessada em se casar na Igreja, o

divórcio parece mais interessante, pois após o trânsito em julgado de sua decretação, o sujeito

vai poder, doravante, adotar o estado civil de “divorciado(a)” e realizar outro casamento,

mesmo que com efeito unicamente civil.

Por fim, respondendo o objetivo geral – verificar de que maneira a cultura institucional do

Direito de Família interfere sobre os procedimentos de nulidade do casamento – pode-se

afirmar que aquela se revela por meio de ritos, regras, crenças, normas, cerimônias,

linguagem e símbolos próprios. São esses elementos, que caracterizam a instituição

casamento, conferindo-lhe legitimidade social e jurídica, e o desrespeito a tais preceitos, que

são aceitos e prezados pela sociedade, causa as nulidades, que devem ser suscitadas e

declaradas pelo Judiciário.

5.1 Sugestões para futuros estudos

Ulteriores trabalhos que venham a versar sobre o culturalismo jurídico a partir de decisões

judiciais sobre nulidades de casamento podem se pautar à luz de uma pesquisa de maior

amplitude, em que se permita observar e cotejar os posicionamentos dos demais tribunais de

justiça dos Estados da Federação ou mesmo do STJ.

Aconselha-se também investigar, a partir de entrevistas com magistrados, se as ações de

nulidade e de anulabilidade de casamentos perderam a sua importância prática por

consequência do divórcio, perspectiva essa que favoreceria uma maior compreensão sobre a

realidade cultural do tema.

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144

APÊNDICE A – Quadro resumo dos acórdãos de apelação, embargos infringentes e

remessa necessária pesquisados

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14

5

N.º RECURSO N.º DO

ACÓRDÃO

DATA DO

JULGAMENTO

ESPÉCIE DE

NULIDADE

FUNDAMENTO DA

NULIDADE/

ANULAÇÃO

RESULTADO DO

JULGAMENTO

OBSERVAÇÃO

1 Apelação cível 70066955287 28/09/2016 Nulidade absoluta Enfermidade mental Casamento não

declarado nulo

-

2 Apelação cível 70066370727 04/11/2015 Nulidade absoluta Enfermidade mental Casamento não

declarado nulo

Proposta ação

anulatória, mas é caso

de nulidade

3 Apelação cível 70065542730 17/09/2015 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento não

anulado

Motivo não revelado

4 Apelação cível 70064817703 16/07/2015 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento não

anulado

Motivo não revelado

5 Apelação cível 70063908693 06/05/2015 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento não

anulado

Motivo não revelado

6 Apelação cível 70062608344 17/12/2014 Nulidade absoluta Enfermidade mental Casamento declarado

nulo

Proposta ação

anulatória, mas é caso

de nulidade

7 Apelação cível 70061364238 29/10/2014 Nulidade absoluta Enfermidade mental Casamento declarado

nulo

-

8 Apelação cível 70059126508 24/09/2014 Nulidade absoluta Simulação para fins

previdenciários

Casamento declarado

nulo

-

9 Apelação cível 70058745100 24/04/2014 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento não

anulado

Varão endividado

10 Apelação cível 70057011462 13/11/2013 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Ignorância de crime

praticado antes do

casamento

Casamento não

anulado

Homicídio sem

trânsito em julgado

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6

N.º RECURSO N.º DO

ACÓRDÃO

DATA DO

JULGAMENTO

ESPÉCIE DE

NULIDADE

FUNDAMENTO DA

NULIDADE/

ANULAÇÃO

RESULTADO DO

JULGAMENTO

OBSERVAÇÃO

11 Apelação cível 70056581952 23/10/2013 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento não

anulado

Homossexualidade do

varão

12 Apelação cível 70054983036 26/09/2013 Nulidade absoluta Casamento entre afins

em linha reta

Casamento declarado

nulo

Casamento entre

sogro e nora

13 Apelação cível 70054690029 18/09/2013 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento não

anulado

Varão foragido da

polícia. Ação

proposta após 11 anos

da descoberta.

14 Apelação cível 70048182083 22/05/2013 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento não

anulado

Suposta traição da

mulher (não

comprovada)

15 Apelação cível 70052968930 02/05/2013 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento anulado Interesse da mulher

apenas no patrimônio

do varão

16 Apelação cível 70047977418 20/03/2013 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento não

anulado

Varão omitiu

realização de

vasectomia

17 Apelação cível 70050560382 27/09/2012 Nulidade absoluta Simulação para fins

previdenciários

Casamento não

declarado nulo

-

18 Apelação cível

70047087770 14/06/2012 Nulidade absoluta Enfermidade mental Casamento não

declarado nulo

-

19 Apelação cível 70043620889 18/10/2011 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento não

anulado

Motivo não revelado

20 Apelação cível 70030334320 11/08/2010 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Ignorância de

moléstia grave e

transmissível

Casamento não

anulado

Doença não revelada

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N.º RECURSO N.º DO

ACÓRDÃO

DATA DO

JULGAMENTO

ESPÉCIE DE

NULIDADE

FUNDAMENTO DA

NULIDADE/

ANULAÇÃO

RESULTADO DO

JULGAMENTO

OBSERVAÇÃO

21 Apelação cível 70036910933 22/07/2010 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento anulado Impotência sexual do

varão

22 Apelação cível 70031174295 12/05/2010 Nulidade absoluta Enfermidade mental Casamento declarado

nulo

-

23 Apelação cível 70029220886 24/03/2010 Nulidade absoluta Enfermidade mental Casamento declarado

nulo

-

24 Apelação cível 70029801255 16/12/2009 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento não

anulado

Varão abandonou a

mulher

25 Apelação cível 70032195737 15/10/2009 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Causa não

identificada

Casamento não

anulado

Alegação de

cerceamento de

defesa

26 Apelação cível 70031749484 08/09/2009 Nulidade absoluta Causa não

identificada

Casamento declarado

nulo

-

27 Apelação cível 70030915359 14/07/2009 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Coação Casamento não

anulado

-

28 Apelação cível 70028093912 21/05/2009 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento não

anulado

Motivo não revelado

29 Apelação cível 70021164058 12/09/2007 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento anulado Namoro de poucos

meses. Mulher

desconhecia o noivo.

30 Apelação cível 70015390859 28/02/2007 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Incapacidade de

consentir/ manifestar

o consentimento

Casamento não

anulado

Ilegitimidade ativa.

Ação proposta pelos

herdeiros do varão,

após a sua morte

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14

8

N.º RECURSO N.º DO

ACÓRDÃO

DATA DO

JULGAMENTO

ESPÉCIE DE

NULIDADE

FUNDAMENTO DA

NULIDADE/

ANULAÇÃO

RESULTADO DO

JULGAMENTO

OBSERVAÇÃO

31 Apelação cível 70015613094 20/07/2006 Nulidade absoluta Enfermidade mental Casamento não

declarado nulo

Proposta ação

anulatória, mas é caso

de nulidade

32 Apelação cível 70014453591 26/04/2006 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Causa não

identificada

Casamento não

anulado

Ação proposta após

decurso do prazo

decadencial

33 Apelação cível 70014544571 06/04/2006 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Incapacidade de

consentir/ manifestar

o consentimento

Casamento não

anulado

Ação proposta após

decurso do prazo

decadencial

34 Remessa

Necessária

599109519 01/11/2001 Nulidade absoluta Bigamia Casamento declarado

nulo

Proposta ação

anulatória, mas é caso

de nulidade

35 Remessa

Necessária

70002798221 05/09/2001 Nulidade absoluta Bigamia Casamento declarado

nulo

Proposta ação

anulatória, mas é caso

de nulidade

36 Remessa

Necessária

70001010784 14/06/2000 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento anulado Homossexualidade do

varão

37 Apelação cível 598090108 02/12/1998 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento anulado Motivo não revelado

38 Remessa

Necessária

597228402 11/02/1998 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Causa não

identificada

Casamento não

anulado

Sentença que

homologou transação

entre os cônjuges foi

anulada

39 Apelação cível 597042167 27/11/1997 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Incapacidade de

consentir/ manifestar

o consentimento

Casamento anulado Proposta ação de

nulidade, mas é caso

de anulação

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14

9

N.º RECURSO N.º DO

ACÓRDÃO

DATA DO

JULGAMENTO

ESPÉCIE DE

NULIDADE

FUNDAMENTO DA

NULIDADE/

ANULAÇÃO

RESULTADO DO

JULGAMENTO

OBSERVAÇÃO

40 Remessa

Necessária

597201391 27/11/1997 Nulidade absoluta Causa não

identificada

Casamento não

declarado nulo

Ausência do curador

ao vínculo

41 Apelação cível 596161331 20/08/1997 Nulidade absoluta Bigamia Casamento declarado

nulo

Proposta ação

anulatória, mas é caso

de nulidade

42 Remessa

Necessária

596134379 26/03/1997 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Causa não

identificada

Casamento anulado Motivo não revelado

43 Remessa

Necessária

595183062 08/08/1996 Nulidade absoluta Bigamia Casamento declarado

nulo

Proposta ação

anulatória, mas é caso

de nulidade

44 Apelação cível 595202144 16/05/1996 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Causa não

identificada

Casamento não

anulado

Ausência do curador

ao vínculo

45 Apelação cível 592031207 01/07/1992 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Causa não

identificada

Casamento não

anulado

Ausência do curador

ao vínculo

46 Remessa

Necessária

589064690 31/10/1989 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento anulado Filho da mulher não

era filho do varão

47 Apelação cível 588061143 20/12/1988 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento anulado Adultério da mulher

Proposta ação de

nulidade, mas é caso

de anulação.

48 Apelação cível 586061228 06/10/1987 Nulidade absoluta Enfermidade mental Casamento declarado

nulo

Proposta ação

anulatória, mas é caso

de nulidade

49 Remessa

Necessária

587033457 29/09/1987 Nulidade absoluta Bigamia Casamento não

declarado nulo

Bigamia não

comprovada

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15

0

N.º RECURSO N.º DO

ACÓRDÃO

DATA DO

JULGAMENTO

ESPÉCIE DE

NULIDADE

FUNDAMENTO DA

NULIDADE/

ANULAÇÃO

RESULTADO DO

JULGAMENTO

OBSERVAÇÃO

50 Remessa

Necessária

585006604 17/06/1987 Nulidade absoluta Bigamia Casamento declarado

nulo

Proposta ação

anulatória, mas é caso

de nulidade

51 Remessa

Necessária

586044406 05/11/1986 Nulidade absoluta Bigamia Casamento declarado

nulo

-

52 Remessa

Necessária

586032617 09/09/1986 Nulidade absoluta Causa não

identificada

Casamento não

declarado nulo

Ausência do curador

ao vínculo

53 Remessa

Necessária

586021032 21/08/1986 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Ignorância de crime

praticado antes do

casamento

Casamento anulado Varão cometeu crime

inafiançável (tipo

penal não revelado)

54 Apelação cível 500421854 29/02/1984 Nulidade absoluta Bigamia Casamento declarado

nulo

Proposta ação

anulatória, mas é caso

de nulidade

55 Remessa

Necessária

583048103 16/02/1984 Nulidade absoluta Bigamia Casamento declarado

nulo

-

56 Remessa

Necessária

583035480 07/12/1983 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Causa não

identificada

Casamento não

anulado

O varão faleceu antes

de ser citado

57 Remessa

Necessária

583025804 22/11/1983 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Causa não

identificada

Casamento não

anulado

Ausência do curador

ao vínculo

58 Apelação cível 583011788 28/06/1983 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento anulado Conduta viciosa da

mulher

59 Remessa

Necessária

500427984 10/02/1983 Nulidade absoluta Bigamia Casamento declarado

nulo

Proposta ação

anulatória, mas é caso

de nulidade

60 Remessa

Necessária

500417035 22/09/1982 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Defeito de idade Casamento anulado Proposta ação de

nulidade, mas é caso

de anulação

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15

1

N.º RECURSO N.º DO

ACÓRDÃO

DATA DO

JULGAMENTO

ESPÉCIE DE

NULIDADE

FUNDAMENTO DA

NULIDADE/

ANULAÇÃO

RESULTADO DO

JULGAMENTO

OBSERVAÇÃO

61 Apelação cível 36855 02/09/1981 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento anulado Proposta ação de

nulidade, mas é caso

de anulação

62 Remessa

Necessária

37012 03/02/1981 Nulidade absoluta Bigamia Casamento declarado

nulo

-

63 Embargos

Infringentes

2095 18/12/1970 Nulidade absoluta Número de

testemunhas inferior

ao exigido por lei

Casamento declarado

nulo

Casamento

nuncupativo

64 Apelação cível 8128 03/07/1969 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Causa não

identificada

Casamento não

anulado

Ausência do curador

ao vínculo

65 Apelação cível 2095 10/10/1968 Nulidade absoluta Causa não

identificada

Casamento não

declarado nulo

Alegações feitas pelo

irmão do varão

66 Apelação cível 765 26/05/1967 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Causa não

identificada

Casamento não

anulado

Ausência do curador

ao vínculo

67 Apelação cível 29043 21/06/1966 Nulidade absoluta Causa não

identificada

Casamento não

declarado nulo

Ausência do curador

ao vínculo

68 Apelação cível 27286 09/06/1965 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento não

anulado

Motivo não revelado

69 Apelação cível 27282 09/06/1965 Nulidade relativa

(anulabilidade)

Erro essencial à

identidade, honra ou

boa fama

Casamento não

anulado

Ausência do curador

ao vínculo

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

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ANEXO A – Acórdãos de apelação, embargos infringentes e remessa necessária

proferidos nas ações de nulidade e de anulação de casamento pelo TJRS

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO

GRANDE DO SUL

Pesquisa realizada em 06.10.2016

“www.tjrs.jus.br”

69 acórdãos referem-se a ações de

nulidade de casamento e ações de

anulação de casamento

49 julgados de apelação

01 julgado de embargos infringentes

19 julgados de remessa necessária

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1. Número: 70066955287 Inteiro Teor: doc

html

Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de Porto

Alegre

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Sandra Brisolara Medeiros Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. FAMÍLIA. CASAMENTO. NULIDADE. AÇÃO

DECLARATÓRIA. ARTIGO 1.548, INCISO I, DO CÓDIGO CIVIL, COM A REDAÇÃO

DADA PELA LEI Nº 10.406/02. INCAPACIDADE CIVIL DO NUBENTE. AUSÊNCIA DE

PROVA DE QUE O VARÃO ERA INCAPAZ À ÉPOCA DO CASAMENTO. 1. Não há

falar em nulidade de casamento se não demonstrada, de forma cabal, a alegada

incapacidade do varão ao tempo do ato. 2. O fato de ter sido diagnosticado com Mal de

Alzheimer ao tempo em que examinado na clínica de repouso onde foi abrigado (ano de

2011), estimando o médico firmatário do laudo que a doença já o acometia há 08 (oito) anos,

não é bastante para ensejar a nulidade do casamento ocorrido 06 (seis) anos antes do exame

(ano de 2005). 3. Do contexto probatório se extrai que, indiscutivelmente, o varão pretendia

beneficiar a virago, tanto que testou em seu favor a integralidade do seu patrimônio, no ano de

2004, portanto, antes do matrimônio, concluindo o tabelião que naquela ocasião, apesar de

apresentar problemas visuais, encontrava-se lúcido. 4. A diferença de idade entre os cônjuges

e o fato de a virago não ter se dedicado ao marido do modo como ele pretendia e/ou

necessitasse não autoriza a conclusão de manipulação do idoso, no sentido de viciar o seu

consentimento, ou caracteriza maus-tratos. 5. A prova testemunhal, em especial os

depoimentos das testemunhas próximas ao casal, dão conta do propósito do varão de

contrair matrimônio com a virago, salientando que os problemas de saúde limitavam-se

aos visuais e de locomoção. APELO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70066955287, Sétima

Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Julgado em

28/09/2016)

Data de Julgamento: 28/09/2016 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 30/09/2016

Ação de Nulidade de Casamento – Incapacidade do nubente (casamento anterior à Lei

13.146/2015) – Não comprovada – CASAMENTO NÃO DECLARADO NULO

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154

2. Número: 70066370727 Inteiro Teor: doc html Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de

Pelotas

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Jorge Luís Dall'Agnol Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE CASAMENTO.

INCAPACIDADE CIVIL. AUSÊNCIA DE PROVA DE QUE O NUBENTE ERA INCAPAZ

QUANDO REALIZADO O CASAMENTO. Inviável invalidar o casamento realizado

quando ausente prova de que o nubente era incapaz no momento da realização do

negócio jurídico. Prova dos autos demonstra a capacidade atual e a vontade do varão em

permanecer casado. Apelação desprovida. (Apelação Cível Nº 70066370727, Sétima Câmara

Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 04/11/2015)

Data de Julgamento: 04/11/2015 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 12/11/2015

Proposta Ação Anulatória de casamento, mas se trata de caso de nulidade –

Incapacidade civil – Não comprovada – CASAMENTO NÃO DECLARADO NULO

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155

3. Número: 70065542730 Inteiro Teor: doc

html

Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de Sapucaia

do Sul

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Alzir Felippe Schmitz Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. ANULAÇÃO DE CASAMENTO. IRRESIGNAÇÃO

QUANTO À CITAÇÃO POR EDITAL. Realizadas diversas diligências para localização da

demandada, aliadas ao fato de esta não possuir paradeiro certo, não vinga a tese de

prematuridade na decisão que determinou a citação por edital. INOCORRÊNCIA DE

ERRO ESSENCIAL. SENTENÇA MANTIDA. Nos termos do artigo 1.557, inciso I, do

Código Civil, erro essencial diz com questão relativa à identidade, à honra e à boa fama do

cônjuge que, se conhecida antes da celebração do enlace, inviabilizaria o casamento.

Ademais, depois do conhecimento da "questão", a vida em comum há de ter se tornado

insuportável para justificar o pleito de anulação de casamento. Ausentes tais requisitos,

não há falar em anulação de casamento. NEGARAM PROVIMENTO AO APELO.

(Apelação Cível Nº 70065542730, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:

Alzir Felippe Schmitz, Julgado em 17/09/2015)

Referências Legislativas: CC-1557 INC-I CPC-231

Data de Julgamento: 17/09/2015 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 21/09/2015

Ação de Anulação de casamento - Erro essencial – Não comprovado – CASAMENTO

NÃO ANULADO

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4. Número: 70064817703 Inteiro Teor: doc

html

Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de

Sobradinho

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Alzir Felippe Schmitz Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. ANULAÇÃO DE CASAMENTO. INOCORRÊNCIA DE

ERRO ESSENCIAL. APELO PROVIDO. Nos termos do artigo 1.557, inciso I, do Código

Civil, erro essencial diz com questão relativa à identidade, à honra e à boa fama do cônjuge

que, se conhecida antes da celebração do enlace, inviabilizaria o casamento. Ademais, depois

do conhecimento da "questão", a vida em comum há de ter se tornado insuportável para

justificar o pleito de anulação de casamento. Ausentes tais requisitos, não há falar em

anulação de casamento. APELO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70064817703, Oitava

Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alzir Felippe Schmitz, Julgado em

16/07/2015)

Data de Julgamento: 16/07/2015 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 22/07/2015

Ação de Anulação de Casamento - Erro essencial – Não comprovado – CASAMENTO

NÃO ANULADO

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157

5. Número: 70063908693 Inteiro Teor: doc html Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de Pelotas

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Dissolução

Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos

Chaves

Decisão: Monocrática

Ementa: AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO. ERRO ESSENCIAL. LITIGÂNCIA

DE MÁ-FÉ. INOCORRENTE. PREFACIAL DE NULIDADE DA SENTENÇA. 1. Não

havendo conexão e continência entre o presente feito e a ação de divórcio proposta pelo réu,

descabe a desconstituição da sentença para o julgamento conjunto dos processos. 2.

Considerando que não restou comprovada a ocorrência de erro essencial quanto à

pessoa, torna-se inviável a pretensão de anulação do casamento. 3. Mostra-se descabida a

condenação do réu ao pagamento de indenização por danos morais e materiais à autora, pois

não é possível discutir a culpa pela ruptura da relação. 4. A questão relativa à partilha de bens

e à pensão deve ser discutida na ação de divórcio. 5. Não se verifica a litigância de má-fé,

quando não fica comprovada nenhuma das hipóteses previstas no art. 17 do CPC Recurso

desprovido. (Apelação Cível Nº 70063908693, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do

RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 06/05/2015)

Data de Julgamento: 06/05/2015 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 13/05/2015

Ação de Anulação de Casamento – Erro essencial – Não comprovado – CASAMENTO

NÃO ANULADO

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6. Número: 70062608344 Inteiro Teor: doc

html

Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de São

Francisco de Assis

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos

Chaves

Decisão: Acórdão

Ementa: AÇÃO ANULATÓRIA CASAMENTO. AGRAVO RETIDO. LITISPENDÊNCIA.

NULIDADE DO FEITO POR AUSÊNCIA DE CITAÇÃO DO REPRESENTANTE LEGAL

DO ESPÓLIO. ILEGITIMIDADE ATIVA. DA INCAPACIDADE DO FALECIDO PARA

A PRÁTICA DE ATOS DA VIDA CIVIL. 1. Não é inepta a inicial quando é reconhecido o

litisconsórcio passivo necessário, renovando o prazo para a ré contestar, sem substituição

processual em razão das partes serem os sucessores do falecido. 2. Tem o autor legitimidade e

interesse para propor a ação, uma vez que em caso de procedência, será o único herdeiro do de

cujus. Inteligência do art. 1.549 do CC. 3. Não há litispendência entre a ação cautelar e a ação

declaratória de nulidade, pois os pedidos são diversos. 4. A ausência de citação do espólio não

acarreta a nulidade do feito, pois os próprios litigantes seriam os sucessores do falecido. 5.

Tem o autor legitimidade ativa, independentemente de não mais exercer a curatela provisória

do irmão ao tempo da propositura da ação. 6. Mesmo que o edital de habilitação do casamento

tenha sido publicado também na Comarca de residência dos nubentes, não restou sanado o

vício relativo ao processo de habilitação, que continha informações falsas, e por ter também a

celebração do casamento ocorrido em Comarca diversa da residência do casal, pois o processo

de habilitação não se limita à publicidade, mas consiste em providências que visam a apuração

da aptidão jurídica dos nubentes para contrair o matrimônio, o que é aferido pelo Oficial do

Registro, pelo Promotor de Justiça e, também, pelo Juiz de Paz. 7. Comprovada cabalmente

nos autos a incapacidade absoluta do nubente para gerir os atos da vida civil, correta a

sentença que julgou procedente a ação, declarando a nulidade do casamento. Agravo

retido desacolhido e recurso de apelação desprovido. (Apelação Cível Nº 70062608344,

Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos

Chaves, Julgado em 17/12/2014)

Data de Julgamento: 17/12/2014 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 20/01/2015

Ação de Nulidade de Casamento – Incapacidade do nubente (anterior à Lei 13.146/2015)

– Comprovado – CASAMENTO NULO – Proposta ação anulatória, mas se trata de caso

de nulidade.

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7. Número: 70061364238 Inteiro Teor: doc

html

Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de

Charqueadas

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. FAMÍLIA. AÇÃO DE NULIDADE DE CASAMENTO.

NÚPCIAS CONTRAÍDAS COM PESSOA INTERDITADA. IMPOSSIBILIDADE DE

RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL NESTA AÇÃO. ART. 315, PARÁGRAFO

ÚNICO, DO CPC. RECURSO DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70061364238, Sétima

Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado

em 29/10/2014)

Data de Julgamento: 29/10/2014 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 30/10/2014

Ação de Nulidade de Casamento – Cônjuge interditado (sem o necessário discernimento

para, por si mesmo, praticar os atos da vida civil/ enfermo mental) – CASAMENTO

NULO

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8. Número: 70059126508 Inteiro Teor: doc

html

Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de Rio

Grande

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos

Chaves

Decisão: Acórdão

Ementa: AÇÃO DE NULIDADE DE CASAMENTO. SIMULAÇÃO. VÍCIO

COMPROVADO. Comprovado que o casamento da autora com o de cujus foi simulado,

com o objetivo de obtenção por ela de pensão previdenciária, correta a sentença que

declarou a nulidade do ato jurídico, não havendo que se falar em prescrição. Inteligência do

art. 167, §1º, II do Código Civil. Recurso desprovido. (Apelação Cível Nº 70059126508,

Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos

Chaves, Julgado em 24/09/2014)

Data de Julgamento: 24/09/2014 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 30/09/2014

Ação de Nulidade de Casamento - Simulação – Vício comprovado – Casamento com o

objetivo de obter pensão previdenciária – CASAMENTO NULO

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9. Número: 70058745100 Inteiro Teor: doc

html

Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de Estância

Velha

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Luiz Felipe Brasil Santos Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. ANULAÇÃO DE CASAMENTO. SENTENÇA DE

IMPROCEDÊNCIA. INOCORRÊNCIA DE ERRO ESSENCIAL. 1. PRELIMINAR DE

NULIDADE. A apelante assevera que não foi oportunizado às partes se manifestarem acerca

do interesse na produção de outras provas. Ocorre que tendo ela fundamentado seu pedido de

anulação de casamento na alegação de erro essencial quanto à pessoa, a instrução probatória

pretendida é inócua para confirmar a alegação, porque o fato de uma pessoa acumular dívidas

não configura a hipótese legal referida. 2. MÉRITO. Os fatos que dão causa ao pedido

(existência de dívidas) não se prestam a caracterizar hipótese de erro essencial,

considerando-se como aquele que diz respeito à identidade, honra e boa fama, de modo que o

ulterior conhecimento desse erro torne para o cônjuge enganado insuportável a vida em

comum (arts. 1.556 e inc. I do art. 1.557 do CCB). As hipóteses do art. 1.557 do CCB

constituem numerus clausus, descabendo interpretação extensiva. No caso, o fato de estar o

demandado endividado por si só não configura erro de identidade, honra e boa fama.

NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70058745100, Oitava Câmara

Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 24/04/2014)

Data de Julgamento: 24/04/2014 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 02/05/2014

Ação de Anulação de Casamento - Erro essencial – Cônjuge que acumula dívidas – Não

configura erro essencial – CASAMENTO NÃO ANULADO

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10. Número: 70057011462 Inteiro Teor: doc html Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: São Vicente do

Sul

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO. ERRO

ESSENCIAL QUANTO A PESSOA (ART. 1.557, I E II, CC/02). A denúncia por crime

de homicídio imputado ao réu não constitui erro essencial quanto à pessoa (art. 1.557, II,

do CC/02), se não há sentença criminal condenatória com trânsito em julgado por esta

conduta, tampouco prova de que a autora não sabia da condição do réu, e que tal fato

teria tornado insuportável a vida em comum. RECURSO PROVIDO. (SEGREDO DE

JUSTIÇA) (Apelação Cível Nº 70057011462, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do

RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 13/11/2013)

Assunto: CASAMENTO. ANULAÇÃO. ERRO ESSENCIAL. REQUISITOS.

Referências Legislativas: CC-1557 INC-I INC-II DE 2002 CC-1556 DE 2002 CP-121

Jurisprudência: APC 70015420599 APC 70042596551

Data de Julgamento: 13/11/2013 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 19/11/2013

Ação de Anulação de Casamento - Erro essencial – Homicídio imputado ao réu – Não há

sentença criminal condenatória com trânsito em julgado – Não há prova do

desconhecimento da parte autora – CASAMENTO NÃO ANULADO

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11. Número: 70056581952 Inteiro Teor: doc

html

Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de São

Marcos

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO. ERRO

ESSENCIAL. NÃO CONFIGURADO. DESCABIMENTO. 1- Erro é a falsa representação

da realidade que implica em manifestação de vontade viciada por parte do agente que, se

melhor conhecesse a realidade fática ou não ignorasse a situação enfrentada, não teria

praticado o ato jurídico como praticara. 2- Todavia, não se trata de erro essencial sobre a

pessoa, apto a anular o casamento, porque a autora não trouxe aos autos prova

contundente de que o demandado, realmente, seja homossexual, e muito menos de que

tenha se tornado insuportável a vida em comum, pois o demandado voltou a residir com a

autora. RECURSO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70056581952, Sétima Câmara Cível,

Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 23/10/2013)

Data de Julgamento: 23/10/2013 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 25/10/2013

Ação de Anulação de Casamento - Erro essencial – Alegação de homossexualidade – Não

comprovada – Demandando voltou a residir com a autora - CASAMENTO NÃO

ANULADO

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12. Número: 70054983036 Inteiro Teor: doc

html

Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de

Constantina

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Alzir Felippe Schmitz Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE

CASAMENTO. ARTIGO 1521, INCISO II, DO CÓDIGO CIVIL. Comprovado nos autos

que o casamento em voga se deu entre sogro e nora, com interesse exclusivamente

patrimonial, evidente a procedência da ação, que deve ser confirmada. NEGARAM

PROVIMENTO AO APELO. (Apelação Cível Nº 70054983036, Oitava Câmara Cível,

Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alzir Felippe Schmitz, Julgado em 26/09/2013)

Data de Julgamento: 26/09/2013 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 02/10/2013

Ação Declaratória de Nulidade de Casamento - Casamento entre sogro e nora

(parentesco por afinidade) – Interesse exclusivamente patrimonial – Comprovado –

CASAMENTO NULO

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13. Número: 70054690029 Inteiro Teor:

doc html

Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de Santana do

Livramento

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Jorge Luís Dall'Agnol Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO.

PRESCRIÇÃO. Ação ajuizada após onze anos da descoberta de que o marido era

foragido da polícia. Extinção do processo que se impõe. Sentença mantida. Apelação cível

desprovida. (Apelação Cível Nº 70054690029, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do

RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 18/09/2013)

Data de Julgamento: 18/09/2013 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 23/09/2013

Ação de Anulação de casamento – Ajuizada após 11 anos – Descoberta de marido

foragido da polícia (Erro essencial) – PRESCRIÇÃO

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14. Número: 70048182083 Inteiro Teor: doc

html

Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de

Gravataí

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Munira Hanna Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO. ANULATÓRIA DE CASAMENTO C/C INDENIZAÇÃO POR

DANO MORAL. ERRO ESSENCIAL. NÃO CONFIGURADO. 1- A definição de erro

vem da teoria geral. Erro é a falsa representação da realidade que implica em manifestação de

vontade viciada por parte do agente que, se melhor conhecesse a realidade fática ou não

ignorasse a situação enfrentada, não teria praticado o ato jurídico como praticara. 2- Todavia,

não se trata de erro essencial sobre a pessoa, apto a anular o casamento, porque o

apelante não trouxe aos autos prova contundente de que a apelada, realmente, o

estivesse traindo antes, durante e após o casamento. APELO DESPROVIDO. (Apelação

Cível Nº 70048182083, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Munira

Hanna, Julgado em 22/05/2013)

Data de Julgamento: 22/05/2013 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 28/05/2013 L

Ação de Anulação de Casamento c/c dano moral - Erro essencial – Não comprovado –

CASAMENTO NÃO ANULADO

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15. Número: 70052968930 Inteiro Teor: doc html Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Planalto

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Luiz Felipe Brasil Santos Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. ANULAÇÃO DE CASAMENTO. ALEGAÇÃO DE

ERRO ESSENCIAL. SENTENÇA REFORMADA PELA ESPECIFICIDADE DO CASO.

DOUTRINA. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. O apelante, pessoa de pouca

instrução, se viu rapidamente envolvido e, concomitantemente ao momento que conheceu a

recorrida, já firmou pacto antenupcial de comunhão universal de bens e, em 30 dias, se

casaram. Os fatos que dão causa ao pedido (ingenuidade do varão, ignorância acerca das

consequências da escolha do regime de comunhão universal de bens e alegação de que a

mulher pretendia, apenas, aquinhoar seu patrimônio), no caso dos autos, são suficientes

para caracterizar hipótese de erro essencial (art. 1.557 do CCB - erro quanto à honra e boa

fama). DERAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (Apelação Cível

Nº 70052968930, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil

Santos, Julgado em 02/05/2013)

Referências Legislativas: CC-1557 DE 2002 CPC-139 INC-II

Jurisprudência: APC 70046384459 RESP 86405 - SP

Data de Julgamento: 02/05/2013 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 07/05/2013

Ação de Anulação de Casamento - Erro essencial - Casamento por interesse financeiro –

CASAMENTO ANULADO

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16. Número: 70047977418 Inteiro Teor: doc html Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Porto Alegre

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Munira Hanna Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO. OMISSÃO

NA INFORMAÇÃO DE REALIZAÇÃO DE VASECTOMIA ANTERIOR AO

CASAMENTO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE ERRO ESSENCIAL, MAS

INSUPORTABILIDADE DA VIDA EM COMUM QUE LEVA AO DIVÓRCIO.

INDENIZAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS DEVEM SER POSTULADOS

AÇÃO IDNENIZATÓRIA NO JUÍZO CÍVEL. SENTENÇA MANTIDA A omissão da

realização de vasectomia pelo cônjuge, descoberta após o casamento, leva à

insuportabilidade da vida em comum e decreto do Divórcio. Não postulado

reconhecimento do erro essencial para anulação do casamento, mas o reconhecimento da

omissão, da mentira, do mau caráter e má intenção do cônjuge por falta de informação

da cirurgia realizada. Pedido de indenização por danos materiais e morais devem ser

postulados em ação indenizatória no juízo cível. APELO DESPROVIDO. (SEGREDO DE

JUSTIÇA) (Apelação Cível Nº 70047977418, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do

RS, Relator: Munira Hanna, Julgado em 20/03/2013)

Data de Julgamento: 20/03/2013 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 22/03/2013

Ação de Anulação de Casamento - Erro essencial – Realização de vasectomia anterior ao

casamento não informada ao cônjuge inocente – Não caracteriza erro essencial –

Descabida a anulação do casamento, mas cabível o divórcio – Pedido de indenização no

juízo cível – CASAMENTO NÃO ANULADO

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17. Número: 70050560382 Inteiro Teor: doc

html

Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de Porto

Alegre

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Rui Portanova Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO. AÇÃO DE NULIDADE DE CASAMENTO. INEXISTÊNCIA DE

SIMULAÇÃO. Duas pessoas maiores de idade, capazes, livres de impedimento e de acordo

com o casamento, podem casar e constituir a sua vida conjugal da forma que melhor lhes

aprouver. A terceira pessoa não é dado questionar a validade de um casamento, sob alegação

de falta de amor, de afeto, de sexo ou de coabitação. Essas são questões que só um dos

cônjuges pode suscitar contra o outro, para pedir a nulidade do casamento (por frustração de

expectativa ou por erro essencial, por exemplo). Ao terceiro só é possível questionar a

validade do casamento, se o casamento tiver sido celebrado para obter fim ilícito ou para

fraudar direito ou interesse dele. E nesse caso será o fim ilícito ou a fraude que nulificará o

casamento - independentemente de perquirições sobre presença ou ausência de amor, afeto,

sexo ou coabitação. Como já decidido em idêntica ação anterior entre as mesmas partes,

a filha do marido falecido não tem legitimidade ativa para questionar a validade do

matrimônio do pai com a madrasta, alegando simulação por fins previdenciários, já que

ela não é beneficiária da pensão. Só quem tem legitimidade para deduzir tal pretensão é o

ente previdenciário (o IPERGS, no caso), e perante o juízo competente. Por outro lado, só se

pode falar ou cogitar em casamento simulado, com fins patrimoniais, se o casamento tiver

sido celebrado para obter um fim que, sem o casamento, os cônjuges não teriam como obter.

No caso, o único efeito patrimonial do casamento foi criar para a apelante o direito ao

usufruto vidual sobre a quarta parte dos bens deixados pelo marido. Acontece que esse efeito

patrimonial o marido, que em vida estava em pleno gozo de suas faculdades mentais, e com

plena disponibilidade sobre o seu patrimônio, poderia ter gerado pela via negocial simples. E

aliás poderia ter conferido à apelante até muito mais: ele poderia ter doado (não o usufruto

mas) a propriedade, e (não sobre a quarta parte, mas) de metade de seus bens. Revela-se,

assim, que no caso concreto o casamento não foi celebrado para obter fim patrimonial

ilícito ou fraudulento. DERAM PROVIMENTO. (Apelação Cível Nº 70050560382, Oitava

Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 27/09/2012)

Data de Julgamento: 27/09/2012 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 02/10/2012

Ação de nulidade de casamento – Simulação – Obtenção patrimonial ilícita ou

fraudulenta – Não comprovada – Inexistência de simulação – CASAMENTO NÃO

DECLARADO NULO

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18. Número: 70047087770 Inteiro Teor: doc html Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de

Esteio

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Rui Portanova Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO. NULIDADE DE CASAMENTO. IMPROCEDÊNCIA.

ADEQUAÇÃO. RECURSO ADESIVO. SUCUMBÊNCIA E HONORÁRIOS. Caso de

adequado julgamento de improcedência do pedido de nulidade de casamento, porquanto

a perícia técnica foi categórica ao afirmar e reconhecer a capacidade mental e de

discernimento do apelante. Não há interesse da ré/recorrente adesiva em recorrer contra a

decisão sobre sucumbência, uma vez que já foi integralmente imposta pela sentença ao

autor/recorrido adesivo. Sentença que fixou honorários advocatícios de sucumbência em valor

adequado à natureza da causa, e ao trabalho desempenhado. NEGARAM PROVIMENTO AO

APELO. CONHECERAM EM PARTE DO RECURSO ADESIVO. NA PARTE

CONHECIDA, NEGARAM PROVIMENTO. (Apelação Cível Nº 70047087770, Oitava

Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 14/06/2012)

Data de Julgamento: 14/06/2012 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 18/06/2012

Ação de Nulidade de Casamento – Incapacidade mental (anterior à Lei 13.146/2015) –

Não comprovado – CASAMENTO NÃO DECLARADO NULO

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19. Número: 70043620889 Inteiro Teor: doc

html

Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de

Santiago

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos

Chaves

Decisão: Monocrática

Ementa: AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO. ERRO ESSENCIAL.

CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. 1. Inexiste cerceamento de defesa por

não ter sido marcada audiência de justificativa, quando tal solenidade se mostrava totalmente

desnecessária, diante da manifesta impossibilidade jurídica do pedido. 2. Considerando que

os autores não apontaram a ocorrência de erro essencial quanto à pessoa, torna-se

inviável a pretensão de anulação do casamento. Recurso desprovido. (Apelação Cível Nº

70043620889, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de

Vasconcellos Chaves, Julgado em 18/10/2011)

Data de Julgamento: 18/10/2011 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 21/10/2011

Ação de Anulação de Casamento – Erro essencial – Não comprovado – CASAMENTO

NÃO ANULADO

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20. Número: 70030334320 Inteiro Teor: doc html Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Porto Alegre

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Jorge Luís Dall'Agnol Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. ANULAÇÃO DE CASAMENTO. AGRAVO RETIDO.

JUNTADA DE DOCUMENTOS. PROVA NOVA. A inserção da prova documental deve

obedecer ao momento previsto no art. 397 do CPC. Assim, não se tratando de documentos

novos - eis que se trata de documentação que já existia ao tempo dos fatos articulados, nem

havendo demonstração de força maior - que impedisse sua produção no momento previsto em

lei -, não se há de admitir a juntada de documentos em momento posterior. ANULAÇÃO DE

CASAMENTO. DESCABIMENTO. Não há vingar a pretensão da apelante de anulação do

casamento, pois ao constituir matrimônio com pessoa que conheceu há pouco tempo, assume

o risco de se enganar quanto as suas qualidades e personalidade. Da mesma forma, não há

falar que o apelado era portador de moléstia grave quando esta não representa perigo à

saúde do cônjuge. DANO MORAL E MATERIAL. INVIABILIDADE. É natural, na relação

matrimonial, que os cônjuges prestem auxilio um ao outro, ainda que um deles tenha melhores

condições financeiras, como no presente caso, mas isso não caracteriza hipótese de

responsabilidade civil a ser indenizável. Recursos desprovidos. (SEGREDO DE JUSTIÇA)

(Apelação Cível Nº 70030334320, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:

Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 11/08/2010)

Data de Julgamento: 11/08/2010 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 20/08/2010

Ação de Anulação de Casamento – Ignorância de moléstia grave e transmissível – Não

comprovado – CASAMENTO NÃO ANULADO

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21. Número: 70036910933 Inteiro Teor: doc html Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Rio Grande

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Rui Portanova Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO. PEDIDO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO. DECADÊNCIA.

INOCORRÊNCIA. IMPOTÊNCIA. DEMONSTRAÇÃO. ERRO ESSENCIAL.

CARACTERIZAÇÃO. O pedido de anulação de casamento com base em erro essencial

quanto a pessoa não tem prazo decadencial de 180 dias, mas sim de 03 anos. Inteligência do

artigo 1.560, III, combinado com o artigo 1.557, ambos do CCB. Comprovada a impotência

sexual do varão, e comprovado que esse fato era desconhecido antes do matrimônio, é de

rigor considerar demonstrada a caracterização de erro essencial. Desimporta, para isso, a

causa da impotência: se física ou psicológica. Importa apenas a consequência. A saber: a

ocorrência de erro quanto a uma circunstância essencial do outro, e a frustração de uma

legítima expectativa, decorrente dos usos e costumes da nossa cultura, de que haverá sexo

entre as pessoas que se casam. REJEITADA A PRELIMINAR. NO MÉRITO, DERAM

PROVIMENTO. (Apelação Cível Nº 70036910933, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça

do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 22/07/2010)

Referências Legislativas: CC-1560 INC-III DE 2002 CC-1557 DE 2002

Data de Julgamento: 22/07/2010 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 30/07/2010

Ação de Anulação de Casamento - Erro essencial – Impotência sexual do varão –

Desconhecimento antes do matrimônio - Comprovados – CASAMENTO ANULADO

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22. Número: 70031174295 Inteiro Teor: doc html Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Tucunduva

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves Decisão: Acórdão

Ementa: AÇÃO DE NULIDADE DE CASAMENTO. CAPACIDADE CIVIL DO

NUBENTE. EXISTÊNCIA DE VÍCIO DE CONSENTIMENTO. Se os problemas de saúde

do nubente lhe retiraram a sua higidez mental e a sua capacidade civil, que foi atestada

pela prova testemunhal e pelos documentos acostados aos autos, e se não foram

observados os requisitos legais, então é inválido e ineficaz o casamento realizado entre o

de cujus e a ré. Recurso desprovido. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (Apelação Cível Nº

70031174295, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de

Vasconcellos Chaves, Julgado em 12/05/2010)

Data de Julgamento: 12/05/2010 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 21/05/2010

Ação de Nulidade de casamento – Incapacidade civil do nubente – Comprovada –

CASAMENTO declarado nulo

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23. Número: 70029220886 Inteiro Teor: doc

html

Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Santa Bárbara do

Sul

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves Decisão: Acórdão

Ementa: AÇÃO DE NULIDADE DE CASAMENTO. CAPACIDADE CIVIL DO

NUBENTE. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO DE CONSENTIMENTO. Se os problemas de

saúde do nubente não lhe retiraram a sua higidez mental e a sua capacidade civil, que foi

atestado com a colheita da prova testemunhal, e se foram observados os requisitos legais,

então é válido e eficaz o casamento realizado entre o de cujus e a ré. Recurso desprovido.

(SEGREDO DE JUSTIÇA) (Apelação Cível Nº 70029220886, Sétima Câmara Cível,

Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em

24/03/2010)

Assunto: CASAMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA. ****** OBS: Julgador(a) de 1º Grau:

JULIANO ROSSI VER TAMBÉM AGI 70020668042

Data de Julgamento: 24/03/2010 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 31/03/2010

Ação de Nulidade de casamento – Incapacidade civil/ Enfermidade mental do nubente –

Comprovada – CASAMENTO declarado nulo

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24. Número: 70029801255 Inteiro Teor: doc

html

Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de Arroio

do Tigre

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: André Luiz Planella Villarinho Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO. ERRO

ESSENCIAL QUANTO A PESSOA (ART. 1.557 INC I CC/02). IMPROCEDÊNCIA DA

AÇÃO. O abandono da autora pelo réu, após o casamento, não constitui fundamento

para anulação do matrimônio, sob alegação de erro essencial quanto à pessoa do outro (art. 1.556 do CC/02), mormente tendo a autora, possuidora de dupla cidadania, acalentado o

sonho de residir no exterior, aventurando-se na celebração de casamento com estranho, o qual

a requerente sequer conhecia "que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama” (inciso

I, art. 1.557, CC/02), ante o exíguo tempo de três meses entre a data que se conheceram e a

celebração do matrimônio. A frustração da autora com a promessa descumprida pelo réu

não constitui causa para anulação do casamento. APELAÇÃO PROVIDA. (Apelação

Cível Nº 70029801255, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: André Luiz

Planella Villarinho, Julgado em 16/12/2009)

Data de Julgamento: 16/12/2009 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 29/12/2009

Ação de Anulação de Casamento - Erro essencial (alegação de abandono) – Não

comprovado – CASAMENTO NÃO ANULADO

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25. Número: 70032195737 Inteiro Teor: doc

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Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de

Alvorada

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Rui Portanova Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO. INTERESSE RECURSAL. PRESENÇA. ANULAÇÃO DE

CASAMENTO. CERCEAMENTO DE DEFESA. OCORRÊNCIA. Quando a parte faz

pedido cumulado alternativo, e o juízo acolhe o segundo pedido, o cumulado alternativo, e

não o principal, a parte tem interesse em recorrer, para pedir seja acolhido o principal. Há

cerceamento de defesa quando a parte pede expressamente a produção de diversas provas, o

juízo não aprecia tal pedido, mas não abre fase instrutória, e ao final julga improcedente o

pedido, justamente por falta de prova. REJEITADA A PRELIMINAR DE NÃO-

CONHECIMENTO. ACOLHERAM A PRELIMINAR DO APELO E ANULARAM O

PROCESSO. (Apelação Cível Nº 70032195737, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do

RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 15/10/2009)

Data de Julgamento: 15/10/2009 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 22/10/2009

Ação de Anulação de Casamento – Fundamento da anulação não mencionado –

Casamento não anulado - Processo anulado por cerceamento de defesa (questão formal

– mérito não apreciado)

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26. Número: 70031749484 Inteiro Teor: doc

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Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de Venâncio

Aires

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: José Ataídes Siqueira Trindade Decisão: Monocrática

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DECLARAÇÃO DE INVALIDADE DE

CASAMENTO. ANTERIOR DECISÃO QUE EXTINGUIU O FEITO. Em não tendo a

ré/apelante recorrido daquela decisão interlocutória que reconsiderou a extinção do

feito, precluiu a matéria, ainda que tal extinção tenha sido com base na ilegitimidade ativa (e

não na forma do art. 296 do CPC). Proferida sentença de mérito, que declarou a nulidade

do casamento, descabe suscitar a nulidade do feito, em razão do feito já ter sido

anteriormente extinto. Apelação desprovida. (Apelação Cível Nº 70031749484, Oitava

Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Ataídes Siqueira Trindade, Julgado

em 08/09/2009)

Data de Julgamento: 08/09/2009 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 15/09/2009

Ação de Nulidade de Casamento – fundamento da nulidade não mencionado –

Casamento declarado nulo (ilegitimidade ativa)

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27. Número: 70030915359 Inteiro Teor: doc

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Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de Campo

Bom

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: José Ataídes Siqueira Trindade Decisão: Monocrática

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. ANULAÇÃO DE CASAMENTO. COAÇÃO NÃO

CONFIGURADA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO RATIFICADA. Inocorrente a situação

descrita no art. 1.558 do CC, não se apreendendo que o consentimento da apelante tenha

sido dado mediante coação ou fundado temor, bem como, convalidado o enlace pela

coabitação, consoante explicitado no art. 1.559 do CC, não há falar na incidência da

hipótese prevista no art. 1.560, IV, do CC. Recurso desprovido. (Apelação Cível Nº

70030915359, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Ataídes Siqueira

Trindade, Julgado em 14/07/2009)

Data de Julgamento: 14/07/2009 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 21/07/2009

Ação de Anulação de Casamento - Coação – Não comprovada – CASAMENTO NÃO

ANULADO

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180

28. Número: 70028093912 Inteiro Teor: doc

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Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de São

Luiz Gonzaga

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Apelação Assunto CNJ: Nulidade / Anulação

Relator: Alzir Felippe Schmitz Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ALIMENTOS E AÇÃO DE ANULAÇÃO DE

CASAMENTO CUMULADA COM PEDIDO INDENIZATÓRIO. SENTENÇA ÚNICA.

JULGAMENTO CONJUNTO. Ausente a prova acerca do erro essencial sobre a pessoa,

não vinga a pretensão baseada no artigo 1.557 do CCB. Também não há falar em

indenização pelos danos materiais e morais alegadamente suportados em decorrência do

desfazimento da relação. Afinal, não há prova da prática de qualquer ilícito, e os dissabores

típicos do fato não são indenizáveis. ALIMENTOS. Ainda que fixados alimentos provisórios

em sede de cognição sumária, a constatação da ausência de necessidade da autora gera a

improcedência do pedido. NEGARAM PROVIMENTO AO APELO. (Apelação Cível Nº

70028093912, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alzir Felippe

Schmitz, Julgado em 21/05/2009)

Data de Julgamento: 21/05/2009 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 28/05/2009

Ação de anulação de casamento – Alegação de erro essencial não comprovado –

CASAMENTO NÃO ANULADO

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29. Número: 70021164058 Inteiro Teor: doc

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Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Passo Fundo

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Rui Portanova Decisão: Monocrática

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. CASAMENTO. ERRO SOBRE A PESSOA.

ANULAÇÃO. CABIMENTO. Nulo é o casamento celebrado com vício de vontade. O

namoro de poucos meses e o evidente desconhecimento da autora em relação ao noivo é

prova suficiente do erro em relação à pessoa do cônjuge. APELO PROVIDO. EM

MONOCRÁTICA. (DECISÃO MONOCRÁTICA) (SEGREDO DE JUSTIÇA) (Apelação

Cível Nº 70021164058, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui

Portanova, Julgado em 12/09/2007)

Data de Julgamento: 12/09/2007 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 24/09/2007

Ação de anulação de casamento - Erro essencial – Comprovado – CASAMENTO

ANULADO

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30. Número: 70015390859 Inteiro Teor: doc

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Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de

Alvorada

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Ricardo Raupp Ruschel Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO.

LEGITIMIDADE ATIVA DO ESPÓLIO. NUBENTE QUE CONTRAIU MATRIMÔNIO

MESES ANTES DO FALECIMENTO, EM ESTADO DE SAÚDE DEBILITADO,

PARA FINS EXCLUSIVAMENTE PREVIDENCIÁRIOS. AJUIZAMENTO DE MEDIDA

CAUTELAR DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. EMBORA TENHA O

FALECIDO MANIFESTADO, NA MEDIDA CAUTELAR, ARREPENDIMENTO E

DECEPÇÃO COM A PESSOA DA RÉ, BEM COMO INTENÇÃO DE INGRESSAR COM

AÇÃO FUTURA OBJETIVANDO A NULIDADE DO CASAMENTO, É DE SE VER

QUE O AJUIZAMENTO DA DEMANDA NÃO OCORREU, NÃO ESTANDO OS

HERDEIROS, POR NÃO HAVER INTERESSE ECONÔMICO OU MORAL,

LEGITIMADOS A POSTULAR EM JUÍZO A ANULAÇÃO DO ATO. DIREITO DE

NATUREZA PERSONALÍSSIMA. ADEMAIS, HÁ DEMONSTRAÇÃO SUFICIENTE

NOS AUTOS DE QUE O INVENTARIADO, À ÉPOCA DOS FATOS, NÃO SÓ TINHA

PLENA CONSCIÊNCIA DO CASAMENTO, COMO TAMBÉM DA INTENÇÃO

SUBREPTÍCIA DO ATO JURÍDICO PRATICADO. Recurso desprovido. (Apelação

Cível Nº 70015390859, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo

Raupp Ruschel, Julgado em 28/02/2007)

Data de Julgamento: 28/02/2007 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 06/03/2007

Ação de Anulação de Casamento – Incapacidade de consentir ou manifestar o

consentimento – Cônjuge falecido que não propôs a ação em vida – Herdeiros não

legitimados, por ser iniciativa personalíssima – Casamento não anulado

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31. Número: 70015613094 Inteiro Teor: doc

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Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de Porto

Alegre

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Claudir Fidelis Faccenda Decisão: Acórdão

Ementa: AÇAO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO. ALEGAÇÃO DE

INCAPACIDADE DO DE CUJUS. ÔNUS DA PROVA. Não tendo sido comprovada a

enfermidade mental do de cujus e, por conseqüência, a ausência de discernimento para

casar com a demandada, o pedido de decretação de nulidade do casamento não

prospera. A prova carreada aos autos, indica que o falecido, apesar da idade avançada, estava

lúcido e orientado, demonstrando plena capacidade para o casamento. APELO NÃO

PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70015613094, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do

RS, Relator: Claudir Fidelis Faccenda, Julgado em 20/07/2006)

Data de Julgamento: 20/07/2006 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 31/07/2006

Ação de nulidade de casamento – Incapacidade civil do cônjuge não comprovada -

CASAMENTO NÃO DECLARADO NULO (proposta ação de anulação, mas se trata de

caso de nulidade)

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32. Número: 70014453591 Inteiro Teor: doc html Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: São Borja

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Maria Berenice Dias Decisão: Acórdão

Ementa: ANULAÇÃO DE CASAMENTO. PRAZO DECADENCIAL. EXTINÇÃO DO

FEITO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. Decorrido o prazo decadencial previsto em

lei para anulação de casamento, impositiva a extinção do feito com julgamento de

mérito. Inteligência do art. 269, IV, do CPC. Negado provimento ao apelo. (SEGREDO DE

JUSTIÇA) (Apelação Cível Nº 70014453591, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do

RS, Relator: Maria Berenice Dias, Julgado em 26/04/2006)

Data de Julgamento: 26/04/2006 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 04/05/2006

Ação de Anulação de casamento – Fundamento da anulação não especificado – Ação

proposta após o decurso do prazo decadencial – CASAMENTO NÃO ANULADO

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33. Número: 70014544571 Inteiro Teor: doc

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Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Comarca de Lagoa

Vermelha

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: José Ataídes Siqueira Trindade Decisão: Acórdão

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE NULIDADE DE CASAMENTO. INCAPAZ

DE CONSENTIR. CASO DE ANULAÇÃO. PRESCRIÇÃO. Sendo a causa de pedir a

invalidade do casamento a incapacidade de consentir, incide o disposto no art. 178, § 5.º,

II, do CC/16, que prevê o prazo de seis meses para a propositura da ação. Indeferimento da

petição inicial mantida. Apelação desprovida. (Apelação Cível Nº 70014544571, Oitava

Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Ataídes Siqueira Trindade, Julgado

em 06/04/2006)

Data de Julgamento: 06/04/2006 Versão para impressão

Publicação: Diário da Justiça do dia 20/04/2006

Proposta ação de Nulidade de Casamento, mas se trata de caso de anulabilidade –

Incapacidade de consentir – perda do prazo para ajuizamento da ação - CASAMENTO

NÃO ANULADO

Page 186: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós ... · 2.2.1 Conceito de cultura ... 2.4.2 Da invalidade do casamento: conceito, requisitos e espécies ... Do casamento

186

34. Número: 599109519 Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem: PORTO ALEGRE

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Remessa Necessária

Relator: Antônio Carlos Stangler Pereira Decisão: Acórdão

Ementa: REEXAME NECESSÁRIO. ANULAÇÃO DE CASAMENTO. FALECIMENTO

DO CÔNJUGE VARÃO APÓS A REALIZAÇÃO DO SEGUNDO CASAMENTO PELA

MULHER NÃO RATIFICA NEM CONVALIDA O SEGUNDO MATRIMÔNIO. A

anulação do casamento está sujeita ao duplo grau de jurisdição. Inteligência do art.475, CPC.

Deve ser confirmada a sentença que anulou casamento pela ocorrência de matrimônio anterior

por parte da mulher. Infringência ao disposto pelo art.183, VI, combinado com o art. 207,

ambos do CC. O falecimento do cônjuge varão, após a realização do segundo casamento,

por parte da mulher, não ratifica nem convalida o primeiro matrimônio. (Reexame

Necessário Nº 599109519, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Antônio

Carlos Stangler Pereira, Julgado em 01/11/2001)

Assunto: CASAMENTO. NULIDADE. BIGAMIA. MORTE DO SEGUNDO CONJUGE.

EFEITOS. CASAMENTO. NULIDADE. COMPROVADA. IMPEDIMENTO.

REQUISITOS.

Referências Legislativas: CPC-475. CC-183 INC-VI. CC-207.

Data de Julgamento: 01/11/2001

Proposta ação de anulação de casamento, mas se trata de caso de nulidade – bigamia –

casamento declarado nulo – julgamento com base no CCB1916

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35. Número: 70002798221 Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem: ALVORADA

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Remessa Necessária

Relator: José Carlos Teixeira Giorgis Decisão: Acórdão

Ementa: ANULAÇÃO DE CASAMENTO. BIGAMIA. Comprovada a ocorrência de

duplo consórcio, impera que se confirme a sentença que, julgando procedente a ação,

declarou a nulidade do casamento dos demandados. Inteligência dos arts. 183, VI e 207 do

CCB. SENTENÇA CONFIRMADA EM REEXAME NECESSÁRIO. (Reexame Necessário

Nº 70002798221, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Carlos

Teixeira Giorgis, Julgado em 05/09/2001)

Data de Julgamento: 05/09/2001 Versão para impressão

Proposta ação de anulação de casamento, mas se trata de caso de nulidade – bigamia –

casamento declarado nulo – julgamento com base no CCB1916

Page 188: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós ... · 2.2.1 Conceito de cultura ... 2.4.2 Da invalidade do casamento: conceito, requisitos e espécies ... Do casamento

188

36. Número: 70001010784 Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem: SANTO ANGELO

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Remessa Necessária

Relator: Luiz Felipe Brasil Santos Decisão: Acórdão

Ementa: ANULACAO DE CASAMENTO - ERRO ESSENCIAL SOBRE A PESSOA

DO OUTRO CONJUGE - HOMOSSEXUALIDADE DO MARIDO - COMPROVACAO

- INSUPORTABILIDADE DA VIDA EM COMUM CARACTERIZADA - SENTENCA EM

REEXAME CONFIRMADA. ARTS, 218 E 219, INC-I, DO CCB. OCULTANDO O

NUBENTE A SUA PREFERENCIA HOMOSSEXUAL, FEZ INCIDIR EM ERRO

ESSENCIAL AQUELE COM ELE SE CASOU. EM REEXAME NECESSARIO,

CONFIRMARAM A SENTENCA. UNANIME. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (Reexame

Necessário Nº 70001010784, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz

Felipe Brasil Santos, Julgado em 14/06/2000)

Data de Julgamento: 14/06/2000

Ação de anulação de casamento – Erro essencial (homossexualidade do varão

comprovada) - CASAMENTO ANULADO - julgamento com base no CCB1916

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37. Número: 598090108 Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: RIO GRANDE

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Eliseu Gomes Torres Decisão: Acórdão

Ementa: ANULAÇÃO DE CASAMENTO. 1. AUSÊNCIA DE NOMEAÇÃO DE

CURADOR AO VINCULO. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. A nomeação de curador ao

vínculo não tem mais sentido nos tempos atuais, ante a notável evolução nos costumes, na

vida familiar e na própria existência das pessoas, que tornam a figura do curador ao vínculo,

uma verdadeira excrescência sem nenhuma valia. 2. PROCEDÊNCIA. Comprovado o erro

essencial quanto à pessoa - ré, confirma-se a anulação do casamento. Rejeitada a

preliminar, a apelação foi desprovida. Unânime. (Apelação Cível Nº 598090108, Sétima

Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Eliseu Gomes Torres, Julgado em

02/12/1998)

Data de Julgamento: 02/12/1998 Versão para impressão

Ação de anulação de casamento – Erro essencial comprovado - CASAMENTO

ANULADO - julgamento com base no CCB1916

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38. Número: 597228402 Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem: PORTO ALEGRE

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Classe CNJ: Remessa Necessária

Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves Decisão: Acórdão

Ementa: REEXAME NECESSARIO. ACAO DE ANULACAO DE CASAMENTO

ENVOLVE DIREITOS INDISPONIVEIS, SENDO INSUSCETIVEL DE

TRANSACAO. NULIDADE DA DECISAO HOMOLOGATORIA DO ACORDO.

ANULARAM A SENTENCA. (Reexame Necessário Nº 597228402, Sétima Câmara Cível,

Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em

11/02/1998)

Data de Julgamento: 11/02/1998 Versão para impressão

Ação de Anulação de Casamento – Fundamento da anulação não mencionado –

Anulação decidida por transação entre as partes (medida incabível) - Casamento não

anulado - Processo anulado por nulidade da sentença (questão formal – mérito não

apreciado) – julgamento com base no CCB1916

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39. Número: 597042167 Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: PORTO ALEGRE

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Breno Moreira Mussi Decisão: Acórdão

Ementa: CASAMENTO. NULIDADE. ANULABILIDADE. ABSOLUTAMENTE

INCAPAZ. REFLEXOS NO DIREITO DE FAMILIA. OLIGOFRENICO.

POSSIBILIDADE DE CONTRAIR MATRIMONIO. REGIME DE BENS.

LEGITIMACAO DE FILHO. RECONHECIMENTO INVALIDADE. PRESCRICAO DA

ACAO. DEMANDA FUNDADA EM CAUSA DE ANULABILIDADE (ART-209, C/C

ARTS 183, INC-XI, E 212, TODOS DO CCV). INVIABILIDADE DE ALTERAR OS

PARAMETROS DEFINIDOS NA INICIAL. VISTO O MATRIMONIO COMO ATO

ANULAVEL, DE PONTO SE AFASTA A ALEGADA PRESCRICAO, ISSO PORQUE

NAO SE PODE EXIGIR DA PARTE AUTORA DEMONSTRACAO DE FATO

NEGATIVO (QUE DESCONHECIA O MATRIMONIO). EMBORA ABSOLUTAMENTE

INCAPAZ O INTERDITO, PODERIA CASAR, ESTABELECER REGIME DE BENS

PARA O MATRIMONIO E RECONHECER FILHO, DESDE QUE TIVESSE SIDO

OBSERVADAS E RESPEITADAS AS CAUTELAS LEGAIS. AUSENCIA DE

CONSENTIMENTO DO CURADOR E MA-FE DOS DEMANDADOS. ANULACAO DO

CASAMENTO E DA LEGITIMACAO, DESCONSTITUINDO-SE A ESCRITURA

QUE DEFINIU O REGIME DE BENS. APELO IMPROVIDO. CORRECAO DE

OFICIO DO DISPOSITIVO DA SENTENCA (ANULABILIDADE, AO INVES DE

NULIDADE). (Apelação Cível Nº 597042167, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do

RS, Relator: Breno Moreira Mussi, Julgado em 27/11/1997)

Data de Julgamento: 27/11/1997 Versão para impressão

Proposta ação de Nulidade de Casamento, mas se trata de caso de anulabilidade –

Incapacidade de consentir – Consentimento do curador não manifestado -

CASAMENTO ANULADO – julgamento com base no CCB1916

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40. Número: 597201391 Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame

Necessário

Comarca de Origem: SANTANA DO

LIVRAMENTO.

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Roque Miguel Fank Decisão: Acórdão

Ementa: NULIDADE DE CASAMENTO. REEXAME NECESSARIO. O CURADOR AO

VINCULO É FIGURA OBRIGATORIA NA ACAO DE NULIDADE DE CASAMENTO,

DEVENDO PRESENCIAR TODOS OS ATOS. A ACAO E INVALIDA SE FALTA A

PARTICIPACAO. PROCESSO ANULADO. (Reexame Necessário Nº 597201391, Oitava

Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Roque Miguel Fank, Julgado em

27/11/1997)

Data de Julgamento: 27/11/1997 Versão para impressão

Ação de Nulidade de Casamento – Fundamento da nulidade não mencionado –

Casamento não declarado nulo - Processo anulado por ausência do curador ao vínculo

(questão formal – mérito não apreciado)

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41. Número: 596161331 Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: URUGUAIANA

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Maria Berenice Dias Decisão: Acórdão

Ementa: ANULACAO DE CASAMENTO. EVIDENCIADA A EXISTENCIA DE UM

CASAMENTO ANTERIOR, MISTER ANULAR-SE O QUE CONFIGURA BIGAMIA.

APELO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 596161331, Sétima Câmara Cível, Tribunal de

Justiça do RS, Relator: Maria Berenice Dias, Julgado em 20/08/1997)

Data de Julgamento: 20/08/1997 Versão para impressão

Proposta ação de anulação de Casamento, mas se trata de caso de nulidade – Bigamia

comprovada - CASAMENTO DECLARADO NULO – julgamento com base no

CCB1916

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42. Número: 596134379 Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem: PORTO ALEGRE

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Sérgio Gischkow Pereira Decisão: Acórdão

Ementa: ANULACAO DE CASAMENTO. SENTENCA ANULATORIA DE

CASAMENTO QUE SE CONFIRMA, EM REEXAME NECESSARIO, POIS

DEMONSTRADA HIPOTESE LEGAL DE INVALIDADE. (Reexame Necessário Nº

596134379, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Gischkow

Pereira, Julgado em 26/03/1997)

Data de Julgamento: 26/03/1997 Versão para impressão

Ação de anulação de casamento – Fundamento não mencionado porém comprovado –

Casamento anulado – julgamento com base no CCB1916

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43. Número: 595183062 Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem: PORTO ALEGRE

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: João Adalberto Medeiros Fernandes Decisão: Acórdão

Ementa: ANULACAO DE CASAMENTO. IMPEDIMENTO DIRIMENTE

ABSOLUTO. ANULA-SE O CASAMENTO CONTRAIDO COM PESSOA CASADA,

EMBORA DESQUITADA, POIS O DESQUITE NAO EXTINGUE O VINCULO

MATRIMONIAL. SENTENCA CONFIRMADA, EM REEXAME NECESSARIO.

(Reexame Necessário Nº 595183062, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,

Relator: João Adalberto Medeiros Fernandes, Julgado em 08/08/1996)

Data de Julgamento: 08/08/1996 Versão para impressão

Proposta ação de anulação de Casamento, mas se trata de caso de nulidade – Bigamia

comprovada - CASAMENTO DECLARADO NULO – julgamento com base no

CCB1916

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196

44. Número: 595202144 Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: CERRO LARGO

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Antônio Carlos Stangler Pereira Decisão: Acórdão

Ementa: PROCESSUAL CIVIL. CURADOR AO VINCULO. ANULACAO DO

CASAMENTO. A NAO OBSERVACAO DO PRECEITO CONTIDO NO CC-222

ACARRETA A NULIDADE DO PROCESSO. (Apelação Cível Nº 595202144, Oitava

Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Antônio Carlos Stangler Pereira, Julgado

em 16/05/1996)

Data de Julgamento: 16/05/1996 Versão para impressão

Ação de anulação de Casamento – Fundamento da anulação não mencionado –

Casamento não anulado - Processo anulado por ausência do curador ao vínculo (questão

formal – mérito não apreciado) – julgamento com base no CCB1916

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45. Número: 592031207 Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: PORTO ALEGRE

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Nelson Oscar de Souza Decisão: Acórdão

Ementa: Anulação de casamento. Curador ao vínculo, art. 222 do Código Civil. Falta de

intimação para a audiência de instrução. Não comparecimento. Nulidade insanável.

Anularam o processo. (Apelação Cível Nº 592031207, Sétima Câmara Cível, Tribunal de

Justiça do RS, Relator: Nelson Oscar de Souza, Julgado em 01/07/1992)

Data de Julgamento: 01/07/1992 Versão para impressão

Ação de anulação de Casamento – Fundamento da anulação não mencionado –

Casamento não anulado - Processo anulado por ausência do curador ao vínculo (questão

formal – mérito não apreciado) – julgamento com base no CCB1916

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46. Número: 589064690 Órgão Julgador: Sexta Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem: CANDELARIA

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Adroaldo Furtado Fabrício Decisão: Acórdão

Ementa: ANULAÇÃO DE CASAMENTO E NEGATÓRIA DE PATERNIDADE.

PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS. PROVA DOS PEDIDOS. PROVA CABAL, VIA

CONSTATAÇÃO PERICIAL DE INCOMPATIBILIDADE GENÉTICA, DE NÃO SER O

FILHO DA MULHER TAMBÉM FILHO DO MARIDO. PROVA IGUALMENTE

FIRME, INCLUSIVE PELA CONFISSÃO DA MULHER, DE HAVER O VARÃO

CONTRAÍDO NÚPCIAS NA FALSA SUPOSIÇÃO DE SER O RESPONSÁVEL PELA

GRAVIDEZ DELA, ENTÃO EM CURSO, E DE HAVER ESSA ERRÔNEA

REPRESENTAÇÃO DA REALIDADE CONSTITUÍDO O PRINCIPAL MOTIVO DA

DECISÃO POR UM CASAMENTO PRECIPITADO E PREMATURO, PARA O

QUAL NÃO ESTAVA ELE PREPARADO. CURATELA AO VÍNCULO.

INOCORRÊNCIA DE NULIDADE POR EXERCÍCIO ALGO FROUXO E VACILANTE

DO "MUNUS", EXPLICÁVEL NAS CIRCUNSTÂNCIAS, DADA A PUJANÇA DE

PROVA DESFAVORÁVEL. INEXIGIBILIDADE AO CURADOR DE MAIOR EMPENHO

EM PLEITO ABSOLUTAMENTE INSUSTENTÁVEL, SOBRETUDO EM TEMPOS DE

HOJE, JÁ GRANDEMENTE DEBILITADOS OS MOTIVOS PELOS QUAIS O

LEGISLADOR DO CÓDIGO CIVIL CERCOU DE EXTREMADAS GARANTIAS A

VALIDADE DO CASAMENTO. CONSIDERAÇÃO DA EVOLUÇÃO INTERCORRENTE,

INCLUSIVE NO PLANO CONSTITUCIONAL, DOS CONCEITOS DE FAMÍLIA,

CASAMENTO E RESPECTIVA PROTEÇÃO LEGAL. REPRESENTAÇÃO DO MENOR

PELA MÃE. IGUALADOS PELO DIREITO CONSTITUCIONAL E INFRA-

CONSTITUCIONAL VIGENTES OS CÔNJUGES, INCLUSIVE NO ATINENTE AO

PÁTRIO PODER, E IMPEDIDO UM DELES DE O EXERCER POR MANIFESTAR

INTERESSE COLIDENTE COM O DO MENOR, CONCENTRA-SE

AUTOMATICAMENTE AQUELE PODER-DEVER NA PESSOA DO OUTRO. VALE,

POIS, A CITAÇÃO DO FILHO NA PESSOA DESTE, AINDA QUE TARDIA, SE

ASSEGURADAS EM SUA MÁXIMA AMPLITUDE AS OPORTUNIDADES DE

DEFESA. INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. AINDA QUE OMITIDA AO

ENSEJO DA AUDIÊNCIA, SOBRETUDO QUANDO DESNECESSÁRIA POR JÁ

MANIFESTADA EM PARECER ESCRITO A POSIÇÃO FINAL DO "CUSTOS LEGIS"

SOBRE O OBJETO LITIGIOSO, NENHUMA NULIDALIDADE DAÍ DECORRE SE A

INTIMAÇÃO PARA O ATO SE FIZERA REGULAR E OPORTUNAMENTE. SENTENÇA

CONFIRMADA EM REEXAME NECESSÁRIO, REJEITADAS AS PRELIMINARES.

(Reexame Necessário Nº 589064690, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:

Adroaldo Furtado Fabrício, Julgado em 31/10/1989)

Data de Julgamento: 31/10/1989 Versão para impressão

Ação de anulação de Casamento – Erro essencial – Casamento anulado – julgamento

com base no CCB1916

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47. Número: 588061143 Órgão Julgador: Sexta Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: CAMPO BOM

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Adroaldo Furtado Fabrício Decisão: Acórdão

Ementa: NULIDADE DE CASAMENTO. ERRO ESSENCIAL. NÃO O CONFIGURA

A DESCOBERTA, FEITA PELO MARIDO, DE QUE A MULHER, CONTINUOU,

APÓS O MATRIMÔNIO, A PRÁTICA DE RELAÇÕES SEXUAIS COM TERCEIRO.

TRATA-SE DE FATO SUPERVENIENTE E, PARA O EFEITO, IRRELEVANTE, CERTO

QUE A ANTERIOR CONDUTA SEXUAL "LIBERADA" DA ENTÃO NOIVA NÃO ERA

DESCONHECIDA DELE. A IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO TAMBÉM DECORRE DO

FATO DE HAVER O AUTOR ADMITIDO MANTER O CASAMENTO APÓS SABER DO

ADULTÉRIO. SENTENÇA CONFIRMADA. (Apelação Cível Nº 588061143, Sexta Câmara

Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Adroaldo Furtado Fabrício, Julgado em

20/12/1988)

Data de Julgamento: 20/12/1988 Versão para impressão

Proposta ação de nulidade, mas se trata de caso de anulação de Casamento – Erro

essencial - Casamento não anulado - julgamento com base no CCB1916

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48. Número: 586061228 Órgão Julgador: Primeira Câmara

Cível

Tipo de Processo: Apelação

Cível Comarca de Origem:

SOLEDADE

Tribunal: Tribunal de Justiça

do RS

Seção: CIVEL

Relator: Elias Elmyr Manssour Decisão: Acórdão

Ementa: CASAMENTO. ACAO DE ANULACAO.

PROCEDENCIA. DIVORCIO INEFICAZ DIANTE DA

NULIDADE DECLARADA. RECOMENDACAO FACE O

DISPOSTO NOS ARTIGOS 1177, III E 1178, I, DO CPC.

(Apelação Cível Nº 586061228, Primeira Câmara Cível, Tribunal de

Justiça do RS, Relator: Elias Elmyr Manssour, Julgado em

06/10/1987)

Proposta ação de anulação, mas se trata de caso de nulidade -

Caso de anomalia psíquica – Pessoa Interditada/ enfermo mental

– CASAMENTO DECLARADO NULO – Julgado com base no

CCB1916

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49. Número: 587033457 Órgão Julgador: Sexta

Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem:

CRUZ ALTA

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Adroaldo Furtado Fabrício Decisão: Acórdão

Ementa: NULIDADE DE CASAMENTO. BIGAMIA. CONSTANDO DOS

REGISTROS DE CADA UM DOS CASAMENTOS NOMES DIVERSOS PARA O

NUBENTE VARAO, E COMPROVADO EXISTIREM PESSOAS COM UM E OUTRO

DESSES NOMES, COM OS CORRESPONDENTES REGISTROS DE NASCIMENTO,

IMPOE-SE COMPROVACAO CABAL DA ALEGADA SUBSTITUICAO DE PESSOA

OU USO MALICIOSO DE NOME ALHEIO. IMPERATIVA, OUTROSSIM, E A

INTEGRACAO DAQUELE CUJO NOME CONSTOU DO ASSENTO A

RELACAO PROCESSUAL, POIS, FORMALMENTE, E DO CASAMENTO DELE

QUE SE CUIDA. SENTENCA E PROCESSO ANULADO. (Reexame Necessário Nº

587033457, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Adroaldo Furtado

Fabrício, Julgado em 29/09/1987)

Data de

Julgamento:29/09/1987

Versão para impressão

Ação declaratória de nulidade de casamento – Alegação de bigamia não comprovada

por existirem duas pessoas com os mesmos nomes dos registros de casamento -

Casamento não declarado nulo - julgamento com base no CCB1916

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50. Número: 585006604 Órgão Julgador: Segunda Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem: URUGUAIANA

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: José Barison Decisão: Acórdão

Ementa: CASAMENTO. ANULACAO. CERTIDAO DE UM DOS TERMOS DE

CASAMENTO RASURADA QUANTO AO ANO DE SUA REALIZACAO, NAO SE

PRESTA PARA PROVA DA DATA DO ATO E CONSEQUENTEMENTE NAO

DEFINE A ANTERIORIDADE DE UM EM RELACAO AO OUTRO. E DE MAIOR

SIGNIFICADO QUANDO, PELAS CERTIDOES APRESENTADAS, OS

CASAMENTOS FORAM REALIZADOS APENAS COM O INTERVALO DE UM

DIA. RECUSA DA AUTORA EM JUNTAR CERTIDAO ESCORREITA, DETERMINADA

EM DUAS DILIGENCIAS, RETIRA A POSSIBILIDADE DE SUPRIMENTO PELA

CAMARA E AFASTA HIPOTESE DE JULGAMENTO DIVERSO. (Reexame Necessário

Nº 585006604, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Barison,

Julgado em 17/06/1987)

Data de Julgamento: 17/06/1987 Versão para impressão

Proposta ação de anulação, mas se trata de caso de nulidade – bigamia comprovada –

casamento declarado nulo – julgamento com base no CCB1916

Page 203: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós ... · 2.2.1 Conceito de cultura ... 2.4.2 Da invalidade do casamento: conceito, requisitos e espécies ... Do casamento

203

51. Número: 586044406 Órgão Julgador: Quarta Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem: ESPUMOSO

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: João Aymoré Barros Costa Decisão: Acórdão

Ementa: REEXAME NECESSARIO. NULIDADE DO CASAMENTO. APLICACAO DO

CC, ARTIGOS 183, VI E 207. CONFIRMARAM. (Reexame Necessário Nº 586044406,

Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: João Aymoré Barros Costa, Julgado

em 05/11/1986)

Data de Julgamento: 05/11/1986 Versão para impressão

Ação declaratória de nulidade - Bigamia – Comprovada – CASAMENTO

DECLARADO NULO – julgamento com base no CCB1916

Page 204: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós ... · 2.2.1 Conceito de cultura ... 2.4.2 Da invalidade do casamento: conceito, requisitos e espécies ... Do casamento

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52. Número: 586032617 Órgão Julgador: Sexta Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem: PORTO ALEGRE

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Adroaldo Furtado Fabrício Decisão: Acórdão

Ementa: CURATELA AO VINCULO. E IMPERATIVA A INTIMACAO DO CURADOR

PARA TODOS OS ATOS DO PROCESSO, ESPECIALMENTE PARA A AUDIENCIA NO

CASO EM QUE TENHA ELE REQUERIDO PROVAS PARA AFASTAR DUVIDAS

RAZOAVEIS QUANTO A OCORRÊNCIA DO MOTIVO DE NULIDADE DO

CASAMENTO. SENTENCA CASSADA. (Reexame Necessário Nº 586032617, Sexta

Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Adroaldo Furtado Fabrício, Julgado em

09/09/1986)

Data de Julgamento: 09/09/1986 Versão para impressão

Ação de Nulidade de Casamento – Fundamento da nulidade não mencionado –

Casamento não declarado nulo - Processo anulado por ausência do curador ao vínculo

(questão formal – mérito não apreciado) – julgamento com base no CCB1916

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205

53. Número: 586021032 Órgão Julgador: Terceira Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem: SAO SEBASTIAO DO

CAI

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Galeno Vellinho de Lacerda Decisão: Acórdão

Ementa: ANULACAO DE CASAMENTO PROCEDENTE, COM BASE NO ART-219,

II, DO CODIGO CIVIL. CONDENACAO DO REU POR CRIME INAFIANCAVEL,

ANTERIOR AO CASAMENTO, E IGNORANCIA DO FATO PELA AUTORA.

ATUACAO SATISFATORIA DO CURADOR AO VINCULO, DE MODO A NAO

ENSEJAR NULIDADE DO PROCESSO POR DEFICIENCIAS NESSE SENTIDO.

SENTENCA CONFIRMADA. (Reexame Necessário Nº 586021032, Terceira Câmara Cível,

Tribunal de Justiça do RS, Relator: Galeno Vellinho de Lacerda, Julgado em 21/08/1986)

Data de Julgamento: 21/08/1986 Versão para impressão

Ação de anulação de casamento – Ignorância de crime inafiançável anterior ao

casamento – Comprovada – CASAMENTO ANULADO – julgamento com base no

CCB1916

Page 206: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós ... · 2.2.1 Conceito de cultura ... 2.4.2 Da invalidade do casamento: conceito, requisitos e espécies ... Do casamento

206

54. Número: 500421854 Órgão Julgador: Segunda Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: PORTO ALEGRE

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: José Barison Decisão: Acórdão

Ementa: ANULACAO DE CASAMENTO. CITACAO EDITAL SEM PREVIA

DILIGENCIA JUDICIAL. ADMISSIBILIDADE (COD. PROC. CIVIL - ARTS-233 E 35). A

INFRINGENCIA AS DISPOSICOES DO ART-183, VI, DO CODIGO CIVIL IMPORTA

NA NULIDADE DO SEGUNDO CASAMENTO. A PUTATIVIDADE DO

CASAMENTO, EM RELACAO A UM OU AMBOS OS CONJUGES E AOS FILHOS

PODE SER RECONHECIDA "EX OFFICIO" NA PROPRIA DECISAO QUE DECLARA A

NULIDADE. (Apelação Cível Nº 500421854, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do

RS, Relator: José Barison, Julgado em 29/02/1984)

Data de Julgamento: 29/02/1984 Versão para impressão

Proposta ação de anulação, mas se trata de caso de nulidade de Casamento – Bigamia

comprovada – Casamento declarado nulo – julgado com base no CCB1916

Page 207: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós ... · 2.2.1 Conceito de cultura ... 2.4.2 Da invalidade do casamento: conceito, requisitos e espécies ... Do casamento

207

55. Número: 583048103 Órgão Julgador: Terceira Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem: SAO BORJA

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Adroaldo Furtado Fabrício Decisão: Acórdão

Ementa: NULIDADE DE CASAMENTO. COMPROVADO QUE A MULHER ERA JA

CASADA, ANULA-SE O CASAMENTO SUBSEQUENTE. SENTENCA

CONFIRMADA. (Reexame Necessário Nº 583048103, Terceira Câmara Cível, Tribunal de

Justiça do RS, Relator: Adroaldo Furtado Fabrício, Julgado em 16/02/1984)

Data de Julgamento: 16/02/1984 Versão para impressão

Ação de nulidade de Casamento – Bigamia comprovada – Casamento declarado nulo –

julgado com base no CCB1916

Page 208: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós ... · 2.2.1 Conceito de cultura ... 2.4.2 Da invalidade do casamento: conceito, requisitos e espécies ... Do casamento

208

56. Número: 583035480 Órgão Julgador: Quarta Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem: CACHOEIRA DO SUL

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Oscar Gomes Nunes Decisão: Acórdão

Ementa: ACAO DE ANULACAO DE CASAMENTO. PROCESSO ANULADO, "AB

INITIO", FACE A PROVA DE QUE O REU, AO SER CITADO POR EDITAL, JA

ERA FALECIDO. (Reexame Necessário Nº 583035480, Quarta Câmara Cível, Tribunal de

Justiça do RS, Relator: Oscar Gomes Nunes, Julgado em 07/12/1983)

Data de Julgamento: 07/12/1983 Versão para impressão

Ação de Anulação de casamento – Fundamento não mencionado – Réu faleceu antes de

ser citado – Casamento não anulado - Processo anulado – julgamento com base no

CCB1916

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57. Número: 583025804 Órgão Julgador: Primeira Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem: CORONEL BICACO

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Athos Gusmão Carneiro Decisão: Acórdão

Ementa: ANULACAO DE CASAMENTO. ATUACAO DO CURADOR AO VINCULO.

CONDUTA EXIGIVEL APOS A LEGISLACAO PERMISSIVA DO DIVORCIO.

CURADOR DE TODO ALHEIO A NATUREZA DO 'MUNUS'. PROCESSO

PARCIALMENTE ANULADO. (Reexame Necessário Nº 583025804, Primeira Câmara

Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Athos Gusmão Carneiro, Julgado em 22/11/1983)

Data de Julgamento: 22/11/1983 Versão para impressão

Ação de anulação de Casamento – Fundamento da anulação não mencionado –

Casamento não anulado - Processo anulado por ausência do curador ao vínculo (questão

formal – mérito não apreciado) – julgamento com base no CCB1916

Page 210: Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós ... · 2.2.1 Conceito de cultura ... 2.4.2 Da invalidade do casamento: conceito, requisitos e espécies ... Do casamento

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58. Número: 583011788 Órgão Julgador: Primeira Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: SANTA MARIA

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Elias Elmyr Manssour Decisão: Acórdão

Ementa: CASAMENTO. NULIDADE. COMPROVADO O ERRO ESSENCIAL

SOBRE A PESSOA DA MULHER, QUE MANTINHA CONDUTA VICIOSA, ANTES

DO CASAMENTO, TORNANDO INSUPORTAVEL A VIDA EM COMUM, PROCEDE O

PEDIDO DE ANULACAO. RECURSO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 583011788,

Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Elias Elmyr Manssour, Julgado

em 28/06/1983)

Data de Julgamento: 28/06/1983 Versão para impressão

Proposta ação de nulidade, mas se trata de caso de anulação – Erro essencial

comprovado – Casamento anulado – julgamento com base no CCB1916

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59. Número: 500427984 Órgão Julgador: Terceira Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem: PORTO ALEGRE

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Antônio Vilela Amaral Braga Decisão: Acórdão

Ementa: ACAO ANULATORIA DE CASAMENTO. BIGAMIA PERFEITAMENTE

COMPROVADA. NULIDADE DO SEGUNDO CASAMENTO. SENTENCA

CONFIRMADA. (Reexame Necessário Nº 500427984, Terceira Câmara Cível, Tribunal de

Justiça do RS, Relator: Antônio Vilela Amaral Braga, Julgado em 10/02/1983)

Data de Julgamento: 10/02/1983 Versão para impressão

Proposta ação anulatória, mas se trata de caso de nulidade – Bigamia comprovada –

Casamento declarado nulo – julgamento com base no CCB1916

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60. Número: 500417035 Órgão Julgador: Quarta Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem: PELOTAS.

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Edson Alves de Souza Decisão: Acórdão

Ementa: ACAO DE NULIDADE DE CASAMENTO. HABILITACAO DE UMA

NUBENTE E CASAMENTO DE OUTRA, COM O MESMO NOIVO. EXPEDIENTE

UTILIZADO PARA BURLAR A PROIBICAO DECORRENTE DA MENORIDADE

DA NOIVA DESEJADA. PROCEDENCIA DA ACAO. SENTENCA CONFIRMADA EM

REEXAME. (Reexame Necessário Nº 500417035, Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça

do RS, Relator: Edson Alves de Souza, Julgado em 22/09/1982)

Data de Julgamento: 22/09/1982 Versão para impressão

Proposta ação de nulidade, mas se trata de caso de anulabilidade – defeito de idade da

noiva (menoridade)– CASAMENTO ANULADO – julgamento com base no CCB1916

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61. Número: 36855 Órgão Julgador: Segunda Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: PORTO ALEGRE

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Milton dos Santos Martins Decisão: Acórdão

Ementa: CASAMENTO. NULIDADE. IMPOTÊNCIA SELETIVA. RARAS E

DRAMÁTICAS RELAÇÕES. A IMPOTÊNCIA SELETIVA, COM RELAÇÃO À

MULHER, COM QUEM SOMENTE PRATICOU CONJUNÇÃO CARNAL RARÍSSIMA E

DRAMATICAMENTE, ISSO IMPORTA EM NULIDADE DO CASAMENTO, POIS SE

CONFIGURA O ERRO ESSENCIAL QUANTO À PESSOA DO MARIDO,

PREEXISTENTE E IGNORADO. (Apelação Cível Nº 36855, Segunda Câmara Cível,

Tribunal de Justiça do RS, Relator: Milton dos Santos Martins, Julgado em 02/09/1981)

Data de Julgamento: 02/09/1981 Versão para impressão

Proposta ação de nulidade, mas se trata de caso de anulação – erro essencial

comprovado CASAMENTO ANULADO – julgamento com base no CCB1916

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62. Número: 37012 Órgão Julgador: Primeira Câmara Cível

Tipo de Processo: Reexame Necessário Comarca de Origem: PORTO ALEGRE

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Cristovam Daiello Moreira Decisão: Acórdão

Ementa: BIGAMIA EVIDENCIADA. APLICACAO DA SANCAO DE NULIDADE

SEGUNDO A LEI E OS FATOS. (Reexame Necessário Nº 37012, Primeira Câmara Cível,

Tribunal de Justiça do RS, Relator: Cristovam Daiello Moreira, Julgado em 03/02/1981)

Data de Julgamento: 03/02/1981 Versão para impressão

Ação de nulidade de casamento – bigamia comprovada – casamento declarado nulo –

julgamento com base no CCB1916

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63. Número: 2095 Órgão Julgador: Segundo Grupo de Câmaras

Cíveis

Tipo de Processo: Embargos

Infringentes

Comarca de Origem: VIAMAO

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Niro Teixeira de Souza Decisão: Acórdão

Ementa: CASAMENTO NUNCUPATIVO. NULIDADE. EMBARGOS INFRINGENTES.

CASAMENTO NUNCUPATIVO. ACAO ORDINARIA OBJETIVANDO A SUA

ANULACAO. EXIGENCIA LEGAL QUANTO AO NUMERO DE TESTEMUNHAS

PRESENTES AO ATO. TENDO DUAS DAS INDICADAS COMO INSTRUMENTARIA

DECLARADO NAO TEREM TESTEMUNHADO O CASAMENTO A VALIDADE

DESTE FICA PREJUDICADA, EIS QUE O NUMERO DE TESTEMUNHAS DE SEIS

QUE E O EXIGIDO- FICA REDUZIDO A QUATRO. CONTRADICOES

EXISTENTES NOS DEPOIMENTOS DAS TESTEMUNHAS SOBRE PONTOS

ESSENCIAIS. EMBARGOS ACOLHIDOS PARA SER A ACAO JULGADA

PROCEDENTE E ANULADO O REGISTRO DO CASAMENTO. VOTOS VENCIDOS.

(Embargos Infringentes Nº 2095, Segundo Grupo de Câmaras Cíveis, Tribunal de Justiça do

RS, Relator: Niro Teixeira de Souza, Julgado em 18/12/1970)

Data de Julgamento: 18/12/1970 Versão para impressão

Ação declaratória de nulidade – Irregularidade no número de testemunhas exigidas

para casamento nuncupativo – Casamento declarado nulo – julgamento com base no

CCB1916

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64. Número: 8128 Órgão Julgador: Terceira Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: Três Passos

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Paulo Boeckel Velloso

Ementa: ANULAÇÃO DE CASAMENTO. CURADOR AO VÍNCULO. Falta de

abertura de vista ao Curador ao Vínculo para promover a defesa do matrimônio.

Nulidade do processo. (Apelação Cível Nº 8128, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça

do RS, Relator: Paulo Boeckel Velloso, Julgado em 03/07/1969)

Data de Julgamento: 03/07/1969 Versão para impressão

Ação de anulação de Casamento – Fundamento da anulação não mencionado –

Casamento não anulado - Processo anulado por ausência do curador ao vínculo (questão

formal – mérito não apreciado) – julgamento com base no CCB1916

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65. Número: 2095 Órgão Julgador: Segunda Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: VIAMAO

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Bonorino Buttelli Decisão: Acórdão

Ementa: CASAMENTO NUNCUPATIVO. NULIDADE. CASAMENTO

NUNCUPATIVO. NULIDADE E CAUSA DE ANULACAO, ALEGADAS, EM

PROCESSO A PARTE, PELO IRMAO DO " DE CUJUS". ADMISSIBILIDADE.

IMPROCEDENCIA, POREM, DAS ALEGACOES FORMULADAS. SENTENCA

CONFIRMADA. (Apelação Cível Nº 2095, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do

RS, Relator: Bonorino Buttelli, Julgado em 10/10/1968)

Data de Julgamento: 10/10/1968 Versão para impressão

Ação declaratória de nulidade de casamento nuncupativo – Fundamento não

mencionado – Alegações feitas pelo irmão do varão - Casamento não declarado nulo –

julgamento com base no CCB1916

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66. Número: 765 Órgão Julgador: Terceira Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: IBIRUBÁ

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Pedro Soares Munoz

Ementa: AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO. FALTA DE NOMEAÇÃO DO

CURADOR AO VÍNCULO. Preliminar de nulidade, suscitada pelo Dr. Procurador da

Justiça, acolhida. O curador especial é o defensor legal da validade do casamento. Sem a sua

participação na causa não se integra a relação jurídica processual. A função do mencionado

curador é inconfundível com a do órgão do Ministério Público e com a do curador do réu

revel, citado por edital. (Apelação Cível Nº 765, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça

do RS, Relator: Pedro Soares Munoz, Julgado em 26/05/1967)

Data de Julgamento: 26/05/1967 Versão para impressão

Ação de anulação de Casamento – Fundamento da anulação não mencionado –

Casamento não anulado - Processo anulado por ausência do curador ao vínculo (questão

formal – mérito não apreciado) – julgamento com base no CCB1916

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67. Número: 29043 Órgão Julgador: Primeira Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: CARAZINHO

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Paulo Ribeiro

Ementa: O recurso de ofício é obrigatório tanto na ação de nulidade como na ação de

anulação de casamento. A Câmara conhece do recurso de ofício, como se interposto fosse, nos

têrmos do art. 165, do Regimento Interno do Tribunal de Justiça. Apelações providas para

anular a ação de nulidade de casamento a partir do despacho saneador uma vez não foi

nomeado curador ao vínculo, não suprindo a assistência de Promotor de Justiça.

(Apelação Cível Nº 29043, Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Paulo

Ribeiro, Julgado em 21/06/1966)

Data de Julgamento: 21/06/1966 Versão para impressão

Ação de nulidade de Casamento – Fundamento da nulidade não mencionado –

Casamento não declarado nulo - Processo anulado por ausência do curador ao vínculo

(questão formal – mérito não apreciado) – julgamento com base no CCB1916

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68. Número: 27286 Órgão Julgador: Terceira Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: IJUÍ

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Niro Teixeira de Souza

Ementa: AÇÃO DE ANULAÇÃO DO CASAMENTO POR ERRO ESSENCIAL

SOBRE A PESSOA. NULIDADE DO PROCESSO POR NÃO TER O CURADOR DO

VINCULO EXERCIDO EFETIVAMENTE A DEFESA DO MATRIMONIO, COMO

LHE INCUMBIA EM FACE DO DISPOSTO NO ART. 222 DO CÓD. CIVIL.

PROVIMENTO DO RECURSO DE OFÍCIO PARA DECRETAÇÃO DESSA NULIDADE.

(Apelação Cível Nº 27286, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Niro

Teixeira de Souza, Julgado em 09/06/1965)

Data de Julgamento: 09/06/1965 Versão para impressão

Ação de anulação de Casamento – Fundamento da anulação não mencionado –

Casamento não anulado - Processo anulado por ausência do curador ao vínculo (questão

formal – mérito não apreciado) – julgamento com base no CCB1916

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69. Número: 27282 Órgão Julgador: Terceira Câmara Cível

Tipo de Processo: Apelação Cível Comarca de Origem: IJUI

Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CIVEL

Relator: Niro Teixeira de Souza

Ementa: Ação de anulação do casamento por erro essencial sobre a pessoa. Nulidade do

processo por não ter o curador do vínculo exercido efetivamente a defesa do

matrimonio, como lhe incumbia em face do disposto no art. 222 do Cód. Civil. Provimento

do recurso de oficio para decretação dessa nulidade. (Apelação Cível Nº 27282, Terceira

Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Niro Teixeira de Souza, Julgado em

09/06/1965)

Data de Julgamento: 09/06/1965 Versão para impressão

Ação de anulação de Casamento – Fundamento da anulação não mencionado –

Casamento não anulado - Processo anulado por ausência do curador ao vínculo (questão

formal – mérito não apreciado) – julgamento com base no CCB1916