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Jornal do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná - Nº 50 agosto/setembro de 2000 - ISSN 1517-0217 [email protected] - http://www.sindijorpr.org.br Liberdade de imprensa Liberdade de imprensa Dia 10 de setembro é o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Um bom motivo para os jornalistas refle- tirem sobre o tema, no exato instante em que no Paraná a categoria tem sua negociação salarial. Não existe imprensa livre onde os profissionais ganham pouco. Este Extra-Pauta também aborda algumas verten- tes do tema Liberdade e sobre a censura, que em al- guns jornalistas é lembrança que teima em voltar. Páginas 2 e 15 a 21. JOÃO FÉDER FALA DE IMPRENSA E CORRUPÇÃO PÁGINAS 22 E 23 POR UM SALÁRIO MELHOR, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA PÁGINA 3 Como a imprensa noticiou o vazamento de quase 4 milhões de litros de óleo, da Refinaria da Petrobrás, em Araucária? Páginas 9 a 11. A COBERTURA DO DESASTRE Entrevista Campanha Salarial Edson Silva/Gazeta do Povo Created by PDF Generator (http://www.alientools.com/), to remove this mark, please buy the software.

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Agosto - Setembro/2000

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Page 1: Extra Pauta Ed. 50

Jornal do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná - Nº 50 agosto/setembro de 2000 - ISSN [email protected] - http://www.sindijorpr.org.br

Liberdade de imprensaLiberdade de imprensaDia 10 de setembro é o Dia Mundial da Liberdade

de Imprensa. Um bom motivopara os jornalistas refle-tirem sobre o tema, noexato instante em que noParanáa categoria tem sua negociação salarial. Não existeimprensa livre onde os profissionais ganham pouco.

Este Extra-Pauta também aborda algumas verten-tes do tema Liberdade e sobre a censura, que em al-guns jornalistas é lembrança que teima em voltar.

Páginas 2 e 15 a 21.

JOÃO FÉDERFALA DE IMPRENSA

E CORRUPÇÃOPÁGINAS 22 E 23

POR UM SALÁRIOMELHOR, SAÚDE E

QUALIDADE DE VIDAPÁGINA 3

Como a imprensa noticiou o vazamento dequase 4 milhões de litros de óleo, da

Refinaria da Petrobrás, em Araucária?Páginas 9 a 11.

A COBERTURA DO DESASTRE

Entrevista Campanha Salarial

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Page 2: Extra Pauta Ed. 50

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Osni Bermudes Jr.

D ia desses fiquei pasmo com a uma certacolunista social que

publica suas notas no encartedominical, destinado ao pú-blico feminino, de um grandejornal de Curitiba.Ela abriu oseu nobre texto afirmandoque, abaixo, publicaria fla-shes de um encontro socialreunindo os “ bem nascidos”locais, entre outros adjetivosnão menos preconceituosos.

Creio que qualquer leitorsensato vai concordar comigo:como é que é possível, nosdias de hoje, em plena era dainformação globalizada, da ci-dadania e da responsabilidadesocial, ainda existem jornalis-tas – se é que a ilustre moça éjornalista...- publicarem ter-mos como esse, que ferem to-

expedienteJornalista Responsável

Alvaro CollaçoReg.prof. 1322

RedaçãoAlvaro Collaço

RevisãoAdílson Machado

Colaboradores nesta ediçãoMarcelo Lima, Mário Messagi Júnior, Mussa José Assis,

Osni Bermudes Júnior, Sidnei Machado,Silvio Rauth Filho e Simon Taylor

FotografiasAntonio Augusto Júnior, Edson Silva, Emerson Baltazar, Giovani Santos,Giselle Góis, Irany Carlos Magno, Jose Suassuna, Josina de Mello, Julio

Covello, Jonas Oliveira, Kraw Penas, MarceloAlmeida, Ricardo Almeida e Roney Saldanha

IlustraçõesNoviski

Edição GráficaLeandro Taques

Tiragem3.000 exemplares

As matérias neste jornal podem serreproduzidas, desde que citada a fonte. Nãoé de responsabilidade deste jornal os artigos

de opinião e as opiniões emitidas ementrevistas, por não apresentarem,

necessariamente, a opinião de sua editoria.

E xt ra Paut a é Órgão d ed ivu l gação ofic ia l d a Gestão

E xt ra Paut a , d o Sin dicat o do sJorn a listas Pro fissio na is d oParan á. En d ereço : Rua José

Lo ureiro , 211, Cur it ib a/Paraná . CEP 8 00 10 -14 0. Fon e/

Fax (041 ) 2 24-92 96. E-mail :sin d ijo r@sin d ijo rpr.org.b r

editorial

Liberdade de imprensa e qualidade de vidaMário Messagi Júnior

Para o capital, trabalhado-res interessam como mão-de-obra e custo. Por isso,

não é estranho que, em diversassituações, as empresas não con-sigam ver, nos seus empregados,nada além do que númeroscontábeis. Aos sindicatos comoum todo, cabe o trabalho ingratode mostrar o contrário: trabalha-

dores são gente com direito acondições de trabalho, respeitoprofissional e salário digno. Umacampanha salarial é o momentopreciso em que este conflito semanifesta. As empresas argu-mentam com números. Os sindi-catos de trabalhadores falam degente, de suas necessidades e deseus direitos fundamentais.

O Sindicato dos Jornalistasnão foge à regra. A cada ano,

tenta melhorar a qualidade devida da categoria. Neste traba-lho, opera com uma balança: deum lado, tenta sensibilizar ospatrões; por outro, se esforçapara mobilizar a categoria nadefesa dos seus próprios inte-resses.

No entanto, o Sindicato nãopode, pelascaracterísticas do jor-nalismo, se limitar à luta sindi-cal. O jornalista demanda tam-

bém garantias legais e políticasde que a atividade profissionalnão será cerceada. Por isso, to-dos os dias o Sindicato tem queestar atento a qualquer agressãoque os jornalistas possam sofrerno exercício da profissão, sejamfísicas, morais ou políticas. Li-berdade de imprensa é condiçãofundamental para qualquer jorna-lista. Por isso, o dia 10 de setem-bro é, mais do que uma data co-

memorativa, a oportunidade dereafirmar as condições funda-mentais para que o jornalismoseja um trabalho gratificante,humanizador e responsável. Pos-sa, ao final do dia, ser motivo deorgulho, não de frustrações.

Mário Messagi Júnior, épresidente do Sindicato

dos Jornalistas Profissionaisdo Paraná

opinião

“Bem nascidos”talmente qualquer manual depalavras, definições e atitudespoliticamente corretas. Aindamais num tempo em que as co-lunas sociais (as poucas querestaram!) estão procurandomudar suas linhas editoriais,no sentido de deixar de lado asfrivolidades e dar algum tomde conteúdo a seus textos.

Aquela colunista, além dedemonstrar arrogância, estáinsuflando e sustentando aidéia da divisão irreversíveldas classes sociais, ou seja, aexistência de castas que divi-dem o rico e pobre na socie-dade. E o pior é que a ditacuja se dirije ao público teen, isto é, os jovens – justamen-te aqueles que mais facilmen-te são influenciados, refor-çando neles a crença de que,por terem nascido em berçosde ouro e aquinhoados pela

sorte, podem ser mais pode-rosos, importantes e bonitosdo que os demais cidadãos desua idade. Assim, eles tendema crescer achando que são ocentro do mundo e que estãoacima de todas as coisas e, so-bretudo, dos menos favoreci-dos e afor tunados pela tal“sorte”.

Enfim, citações paradig-matizadas como essa, são umaatitude condenável sob todosos aspectos, ainda mais par-tindo de uma pessoa que pos-sui o “poder” de se dirigir àopinião pública, independen-te de idade. Isso é mais umaprova do “lixo” cultural quepermeia não só na TV e nasoutras mídias, mas tambémnos jornais.

Osni Bermudes Jr.é jornalista

Os muros do Colégio Estadual do Paraná aparecerampichados com duas frases que ofendem ajornalistas.Uma frase, apagada depois pela direção doColégio, dizia: “Todo homem jornalista nasce morto”.Outra trazia palavrões contra o apresentador GalvãoBueno, da Rede Globo.

Pichações como esta existem também na Rua 7 deSetembro e, como na foto, contra a TV Globo, em umestabelecimento comercial na Rua Presidente Faria,diante do Passeio Público.

Todas as pichações têm a mesma letra e o mesmo tomde raiva contra a imprensa e a liberdade de expressão. Écaso para a polícia investigar.

Agressão a jornalistas eveículos de comunicação

Emerson Baltazar

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campanha salarial 2000

Reposição total da inflaçãoacumulada entre outubrode 99 e setembro de 2000,

de 9,03%, produtividade de 10%,reajuste trimestral, adicional porexclusividade e o reconhecimen-to como horas extras as trabalha-das fora do expediente contratadode trabalho. Essas reivindicaçõesconstam da pauta apresentada em15 de agosto aospatrõespelo Sin-dicato dosJornalistasProfissionaisdo Paraná e o Sindicato dos Jor-nalistas de Londrina e Norte doParaná. A entrega do documentomarcou o início das negociações,que devem prosseguir neste mêsde setembro. A primeira reuniãoaconteceu em 1 de setembro. Adata-base dos jornalistas é 1º deoutubro.

Apauta foi discutida e aprova-da pela categoria em assembléiasrealizadas em 1 de agosto, nas se-des dos dois sindicatos e nas de-legacias sindicais. A expectativados diretores sindicais é de que anegociação neste ano seja mais

Em nossa pauta: saláriodigno e respeito no trabalho

rápida que em anos anteriores,quando o Sindicato dos Jornalis-tas Profissionais do Paranáreeditou o “pacto intersindical’,com o sindicato de gráficose fun-cionários de jornais, afim de sen-sibilizar o patronato. Neste ano, anegociação dos jornalistas vemsendo acompanhada desde a pri-meira reunião por representantesdo sindicato dos gráficos e funci-onários de jornais e revistas.

Não bastasse isso, a situaçãoeconômica do país é mais estávelque em 99. “A perspectiva é deque fechemos acordo, porque te-mos a situação econômica defini-da, com quadro de crescimentoeconômico. Amaioria dascatego-ria tem conseguido no mínimo areposição salarial e, algumas, atéganhos reais”, explicou MárioMessagi Júnior, presidente do Sin-dicato.

Reajuste e produtividadeA pauta de reivindicações

apresentada aos patrões revela as

três principais preocupações dosjornalistas: salários melhores,condições dignas de trabalho erespeito profissional mesmo comas reformas administrativas etecnológicas dos veículos de co-municação. A cláusula econô-mica principal é o reajuste de9,03% para toda a categoria. Essefoi o Índice do Custo de Vida em

Curitiba (projeção do período deoutubro de 1999 a setembro de2000), medido pelo Dieese - De-partamento Intersindical de Esta-tística e Estudos Sócio-Econômi-cos. Com esse reajuste, o piso sa-larial de jornalista no Paraná seráde R$1.124,76 (mil, cento e vin-te e quatro reais e setenta e seiscentavos). Os sindicatosreivindi-

cam, ainda, produtividade de10%, o que, se adotada, eleva opiso para R$ 1.237,25 (mil, du-zentos e trinta e sete reais e vintee cinco centavos). Outras cláusu-las previstas na pauta são o rea-juste trimestral de salários e aadoção da participação nos lucrose resultados, seguindo uma ten-dência de acordos salariais deoutras categorias. Pela proposta,as empresas pagariam um salárioa cada empregado, a cada seismeses.

A pauta é uma proposta deaperfeiçoamento da relação pro-fissional dos jornalistas com asempresas. Algumas cláusulas sur-gem em razão de mudanças ocor-ridas nas empresas, como é o casoda exclusividade, que passou a serexigida na Gazeta do Povo. Apauta aponta, também, para o pro-blema da disponibilidade de tra-balho, comum em emissoras deTV, na intenção de reduzir a jor-nada de trabalho em períodos di-ferentes dos contratados.

- Reajuste salarial de 9,03%,que representa a inflação deoutubro de 1999 a setembrode 2000, segundo estimativado DIEESE.

- Produtividade de 10%sobre os salários, o queconfiguraria um aumento realaos jornalistas.

- Adoção de um abono comoparticipação nos lucros eresultados. As empresaspagarão um salário a cadaempregado, a cada seismeses.

- Reajuste trimestral desalários a partir de 1º deoutubro de 2000 os saláriosserão corrigidostrimestralmente pelo índice dainflação dos meses anteriores,

As principais reivindicaçõesmedido pelo ICV Índice doCusto de Vida - do DIEESE.

- Se o jornalista for convocadopara trabalhar fora de seuhorário normal, essas horasdeverão ser remuneradas comoextras. Isso independente daremuneração das horasnormais e tendo comopagamento mínimo quatrohoras-extras.

- Têm garantia de emprego esalários os jornalistas em viasde se aposentar, por umperíodo mínimo de dois anosanteriores à data em que amesma poderá ser requeridajunto à Previdência Social.

- Estabilidade à jornalistagestante, desde o início dagravidez até 120 dias após o

término do benefícioprevidenciário. A estabilidade égarantida também à jornalistaque adotar criança com até seismeses de idade.

- As empresas ficam obrigadasa constituírem com o Sindicatocomissão paritária epermanente, para aimplantação e avaliação deplano de cargos e salários.

- Mão de obra terceirizada:Na execução de serviçosligados mesmo queindiretamente à produçãojornalística, as empresas nãopoderão se valer senão dejornalistas contratadosdiretamente sob o regime daCLT. Os jornalistas que em 30de setembro de 2000 estejamprestando serviços em caráter

temporário deverão serimediatamente efetivados emsuas funções.

- As empresas que não possuamPlano de Cargo e Saláriosregistrado na DelegaciaRegional do Trabalho, deverãoefetuar uma escala de saláriode seus repórteres, inclusivefotográficos, considerando otempo de exercício da função.Essa escala obedece a seguinteordem de ascensão: RepórterJúnior, Repórter Intermediário eRepórter Sênior.

- Estando ou não vigente ocontrato de trabalho, o autor detextos, fotos, filmes, imagens,ilustrações ou similares, queforem comercializados peloempregador junto a outrasempresas ou órgãos de

comunicação, receberá 30%do valor da venda, a título dedireito autoral, no prazo dequinze dias a contar da venda.

- As empresas e os sindicatosindicarão um profissionalhabilitado em medicina dotrabalho e saúde ocupacional,para efetuar um laudo técnicodas condições de segurança,higiene e medicina doTrabalho oferecidas pelasempresas. As empresas seobrigam a proporcionarcondições adequadas detrabalho aos jornalistas,principalmente quanto àiluminação correta, ao ruído,ao espaço, ventilação econdiçõesergonometricamente corretas,com instalação de cadeirasadequadas à postura.

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nova diretoria

Anova diretoria do Sindicato dos Jornalistas fezem 30 de julho uma aná-

lise ampla dos problemas e dasprincipaisconquistas da entidade,e fixouquaisserão suasaçõesparaospróximostrêsanos. Na reuniãode Planejamento, uma norma dasgestões Extra Pauta no Sindica-to, estiveram praticamente todosos diretores sindicais residentesem Curitiba. Foram estabelecidas19 áreas de atuação do Sindicato,cada qual com um coordenador,assim como as ações indicadaspara a solução dos problemasapontados.

Ação sindicalFoi constatado que o Sindicato

não tem mobilizado devidamentea categoria para resolver proble-mas, mesmo durante ascampanhassalariais. Da mesma forma, hádesrespeito por parte dos patrõesàsconvenção coletiva de trabalho.

Para resolver estes problemas,assoluçõesapontadas são: aumen-tar a sindicalização, maisvisitasàsredações dos diretores sindicais ,a realização de campanhas salari-ais conjuntas com o sindicato deLondrina e o de gráficose funcio-nários de empresas de jornais e aorganização de reuniões setores ede encontros informais entre jor-nalistas. No que se refere à fisca-lização, esta deverá ser aumenta-da, com o Sindicato criando me-canismosde denúncia. O Sindica-to deverá realizar, ainda, uma cam-panhadedivulgação da convençãocoletiva de trabalho e uma cam-panha permanente de Qualidadede Vida.

Esta área tem como coordena-dor o presidente do Sindicato,Mário Messagi Júnior.

DireitoAutoralO Sindicato tentará coibir o des-

respeito das empresas de comuni-cação aosdireitos autorais de seusfuncionários, que é mais visívelquando se trata de imagens.

Esta área tem como coordena-dor o ex-presidente do Sindicato,Emerson Castro Firmo, atual

Metas para os próximos três anosmembro do Conselho Fiscal.

Cultura e LazerO problema apontado nessa área

é a carência de mais atividadesculturais ao Sindicato. A entida-de, além de manter eventos tradi-cionaiscomo palestra em torno doDia Mundial da Liberdade de Im-prensa, Ciclo de Idéias e Torneio

Volvo, deverá realizar outroseventos. Por ora, está definida aRonda da Noite. A entidade tam-bém deverá ampliar seus convê-nios à categoria.

O coordenador é Sílvio RauthFilho, diretor de Cultura e Lazer.

Organização internada Diretoria

A nova Diretoria apontou pro-blemas como ausência de dinâmi-ca de trabalho e falta de agilidadenas respostas dosdiretores. Serãoimplantadosprojetosde ação e deformação sindical específicos ajornalistas.

Mário Messagi Júnior é o coor-denador desta área.

Ação políticaAnova Diretoria entende que há

falta de engajamento social e po-lítica dos jornalistas. O objetivo éestreitar laços com movimentospopulares, criar campanha deconscientização e organizar açõespolíticas e sociais. Da mesma for-ma, acompanhar cobertura daseleiçõesno aspecto ético e promo-

ver debatessobre a relação da im-prensa com as fontes oficiais

Quem coordena a área de açãopolítica é Maigue Gueths, ex-pre-sidente do Sindicato e atual mem-bro do Conselho de Ética.

Regularização do mercadoO Sindicato irá intensificar o

combate ao exercício irregular daprofissão.

Para tanto, deve o Sindicato cri-ar delegacias no interior, dinami-zar as existentes, fazer estudo so-bre grau de irregularidade, apro-ximar-se do Ministério do Traba-lho, retomar a discussão do Con-selho dos Jornalistas e manterenérgica fiscalização da regula-mentação profissional e do mer-cado.

Fernando César de CarvalhoAlves, da Comissão de Sindi-calização e Exercício Profissional,é o coordenador da área.

Formação/ IPEJO Sindicato vai acompanhar o

processo de abertura dos cursosde Jornalismo, firmar convêni-os para realizar cursos de aper-feiçoamento profissional e, emparceria com universidades einstituições afins, criar cursos deaperfeiçoamento profissional,como de jornalismo econômicoe fotojornalismo. O Sindicatopretende, ainda, ut il izar ainternet na divulgação de infor-

mações sobre cursos e acompa-nhar a implantação do estágio re-gulamentado.

A coordenadora da área éLenise Aubrift Klenk, integran-te da Diretoria Executiva.

Mudanças nas relaçõescapital/ trabalho

Globalização, terceirização eflexibilização do trabalho sãoquestões que preocupam a todosos trabalhadorese sindicatos, nãoapenas o de Jornalistas. O Sindi-cato pretende discutir o assuntopromovendo semináriose debates,atravésdosquaiscriará uma estra-tégia de ação.

Emerson Castro Firmo é o co-ordenador da área.

Núcleo de JornalismoSolidário

O objetivo é criar o Núcleo, afim de que possa incentivar os jor-nalistas a criarem projetos comu-nitáriosvoltadospara a divulgaçãode ações sociais

Thays Poletto, integrante daDelegacia Federativa é a coorde-nadora da área.

SaúdeHá hoje um grande número de

trabalhadorescomdoenças do tra-balho.

O Sindicato quer fazer um estu-do aprofundado da situação, atuarnas CIPAS e junto com as empre-sas e comunidade. A entidadedeve também realizar campanhade prevenção sobre LER/DORTelutar por melhores condições detrabalho epela adoção dospadrõesergonômicos nas empresas.

O coordenador é AurélioMunhoz, integrante da DiretoriaExecutiva.

InteriorO Sindicato vai desenvolver ati-

vidades no interior e fortalecer asdelegacias.

Ocoordenador éo vice-presiden-te do Sindicato,Alexandre Palmar.

ComunicaçãoA intenção da nova Diretoria é

reformular oExtra Pauta e realizarboletinssemanais.

O coordenador é o diretor deImprensa, Luiz Cláudio Oliveira.

Cooperativa dos JornalistasO objetivo é a criação da incu-

badora empresarial.O coordenador é Hugo Abati.

Núcleo deAssessoresAnova Diretoria pretende reto-

mar as atividades do Núcleo.A coordenadora é Sulamita

Mendes, do Conselho de Ética.

Democratização dos Meios deComunicação de Massa

O objetivo é retomar o movi-mento emprol da democratizaçãoe aproximar a entidade dos canaiscomunitários.

Ricardo Medeiros, integrante doConselho Fiscal , é o coordenadorda área.

Ação JurídicaO Sindicato pretende atuar com

agilidade neste setor, mantendo aqualidade de prestaçãode serviçosregistrada nas últimas gestões.

O coordenador da área é JoséSuassuna, diretor Jurídico.

Gestão internaEsta área compreende a admi-

nistração do Sindicato, seus fun-cionários e finanças.

Acoordenadoraé Rosane Henn,secretária-executiva.

Relação com a FenajA nova Diretoria quer acompa-

nhar e intervir, junto com a Fede-ração Nacional dos Jornalistasnasdiscussões de interesse dos jorna-listas no Congresso Nacional

Mário Messagi Júnior coordenaa área.

ÉticaA nova Diretoria pretende ela-

borar e publicar livretoscomenta-dos com o Código de Ética e as-suntos de interesse da categoria.

Acoordenaçãoda áreaestá acar-go de Elza Oliveira, integranteConselho de Ética.

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estágios

Em encontros e debates sobre jornalismo uma questão sempre aparece: a da

proibição do estágio profissionalaos acadêmicos de comunicação.Não permitido por lei- emboraseja expediente de muitos jor-nais no país -, o estágio em veí-culos de comunicação pode ga-nhar uma regulamentação noParaná. O assunto tem sido de-batido no Instituto Paranaense deEstudos em Jornalismo- IPEJ-,por representantes do Sindicatodos Jornalistas, escolas de comu-nicação e acadêmicos. O sindi-cato patronal foi convidado a dis-

cutir a questão do estágio, masestranhamente, retirou seu apoioao projeto.

O Sindicato tem a in-tenção de regulamentar o es-tágio ainda este ano, com ace l e b r a ção d o Ter mo deCompr omisso de E st ágio -TCE, nos termos do parágra-fo 1º do ar tigo 6º do decreto87.497/82. Se contasse com o

Sindicato é favorável à regulamentaçãoapoio do sindical patronal, oprojeto deveria ser regula-mentado ainda em setembro.Agora, as perspectivas são deque a regulamentação inicieatravés de um projeto piloto,desenvol vi do d ir et ament ecom uma empresa de comu-nicação.

Do terceiro ano em dianteO projeto de regulamenta-

ção prevê que o estágio serápermitido a acadêmicos quetenham concluído o terceiroano do curso. Além disso, ha-veria o limite de seis meses

por estágio em uma empresa.Ao estagiár io é prevista auma remuneração através deuma bolsa-auxílio. O projetodo Sindicato dispõe, ainda,que as empresas contratantes(inclusive agências de notíci-as) possam ter no máximo de10% da redação com estagiá-rios. As redações com menosde 10 jornal istas poder iam

contratar um acadêmico.O estagiár io cumpriria o

mesmo horár io do jornal istaprofissional (cinco horas di-árias, seis dias na semana) ,que não deve coincidir comos horár ios de aula. Quantoas empresas de comunicação,estas só poder iam uti lizar oacordo se não tivessem pro-fissionais ir regulares na re-dação. O acordo prevê, ain-da, que as escolas de comu-nicação cumpram metas dequalidade. Cabe a elas indi-car os acadêmicos em condi-ções de ter estágio.

Fiscal izaçãodo Ipej

Para o Sindi-cato, o Ipej é oorganismo idealpara regulamen-tar e fiscal izaros estágios, sen-do que ele rece-ber ia uma taxasobre cada está-gio para desen-volver esse pa-pel. O Sindicatoquer com o isso,fazer com que osest ági o s se jamcontrolados dire-tamente pe losjornalistas, cur-sos de comunica-ção e acadêmi-cos. Além des-se papel na fis-calização, o Ipejter ia como exi-gir dos acadêmi-co s r e l a t ó r i o ssobre a experi-

ência nos veículos e obser-var ia como o trabalho delesapareceriam no jornal, rádioou televisão.

No projeto de regulamen-tação consta, ainda, que osjornais devam informar aosleitores que o texto publica-do não é de um jornal istaprofissional, mas de estagi-ário.

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assessoria jurídica

SidneiMachado

Após quase dez anos de dis-cussão judicial sobre o di-reito à correção das contas vin-

culadas do FGTS, finalmente o Supre-mo Tribunal Federal – STF deu pare-cer favorável aos trabalhadores em jul-gamento no último mês de agosto. Asinstâncias inferiores da Justiça já vi-nham reconhecendo o direito à corre-ção, pelo menos nos últimos cinco anos,porém havia divergências quanto aosíndices a serem aplicados. Discutia-setambém de quem era a responsabilida-de pelo pagamento, se da Caixa Eco-nômica ou o Governo.

No entanto, havia uma inquietaçãoquanto ao posicionamento do STF, ór-gão de última instância para recurso.Em geral, quando há jurisprudênciafavorável no STF, dois efeitos provo-cam nas ações judiciais: a) há uma ten-dência dos juízes e tribunais inferio-res em seguir a sua orientação, embo-ra não obrigados; b) havendo recursoao STF deverá ser reiterada a juris-prudência existente.

Por esses motivos, a posição demuitos advogados especialistas aten-tos à jurisprudência, considerandoainda que a prescrição para esse tipode ação é de 30 anos, foi até a deaguardar um posicionamento defini-tivo do STF na matéria. Foi a orien-tação que seguiu o Sindicato dos Jor-nalistas do Paraná.

Ação de 1992Apenas para resguardar futuro di-

reito dos jornalistas associados, o Sin-dicato ingressou em 1992 com umaação coletiva (Ação Civil Pública),juntamente com o Ministério PúblicoFederal e uma centena de sindicatosde trabalhadores. A ação tramita na

Sindicato forma novos grupos paraação de correção do FGTS

justiça e se houver ganho de causa,todos os trabalhadores do Paraná de-vem ser beneficiados. No entanto,após a derrota do governo do STF de-sencadearam-se várias iniciativas etentativas desesperadas para impedira todo custo o ingresso de novasações, com a ameaça inclusive de re-duzir o prazo de 30 para 5 anos paraa reclamação. O ideal é que todos osjornalistas que ainda não possuemação judicial, que ingressem o maisrápido possível com o processo. Nes-se sentido, a Assessoria Jurídica jáestá montando novos processos.

Têm direito a ação aqueles quemantiveram contas de FGTS nos ín-dices de 26,06% em junho/87;42,72% em janeiro/89; 84,32% emmarço/90; 44,80% em abril/90;7,87% em maio/90 e 21,87% em fe-vereiro/91. Cabe destacar que o STFsomente reconheceu o direito às cor-reções de 16,65% sobre os saldos dejaneiro de 1989, bem como de 44,8%sobre as contas existentes em abril de1990. Portanto, têm maiores chancesde ganho os trabalhadores com con-tas de FGTS meses de janeiro/89 eabril/90. Mesmo aqueles que já saca-ram o valor por qualquer motivo (de-missão, aposentadoria, etc) têm direi-to à correção.

O Assessor Jurídico dos Sindicato dos Jornalistas atende sempre às terças-feiras pela manhã, na sede doSindicato, ou, no seu escritório, Rua Carlos de Carvalho, 75 sala 82 - 8º andar Fone: 223-6906 - correio eletrônico: [email protected]

Para a ingressar na ação para acorreção monetária das contas doFGTS, o jornalista deve apresentaros seguintes documentos:

a) Cópia autenticada da Carteirade Trabalho (folhas referentes asanotações de qualificação (foto),contrato de trabalho entre os de1987 a 1991 e da opção peloFGTS);

Como ingressar com a açãob) Procuração e contrato de pres-

tação de serviços, conforme modeloà disposição no sindicato ou napágina do Sindicato na internet(www.sindijorpr.org.br) . Preenchercom os dados pessoais e reconhecerfirma da assinatura em cartório.

Após providenciada a documenta-ção a mesma deverá ser enviada aoSindicato, juntamente com a taxa de

R$ 20,00 (vinte reais) para pagamen-to de custas processuais e despesaspara viabilizar o processo. Os hono-rários somente serão cobrados aofinal, sobre o total da correçãorecebida. Os percentuaios dos hono-rários são de 15% para os associadosque estiverem em dia com a entida-de, e de 20% para os demais jorna-lis tas

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sindicais

Adireção da Gazeta doPovo não compareceu nareunião convocada pela

Divisão de Relações do Traba-lho da DRT - Delegacia Regio-nal do Trabalho -, em 29 deagosto, para discutir a implan-tação de cartão-ponto na em-presa, como determina o artigo71 da CLT - Consolidação dasLeis do Trabalho. Além do Sin-dicato dos Jornalistas, o Sindi-cato do Trabalhadores com Mo-tos - Sintramotos - também foiconvocado. O cartão ponto,

Gazeta do Povo nãocomparece na DRT

além de uma obrigação legal, éa melhor forma de evidenciar arealização de horas extras.

A discussão sobre o cum-primento da lei com a Gazetavem se arrastando desde o anopassado. Em 6 de maio de1999, os jornalistas da Gazetasolicitaram a empresa, após as-sembléia, a implantação docartão-ponto. Depois disso, oSindicato realizou diversasreuniões com a Gazeta, mas oresultado foi nulo. Em 1º demarço desse ano, a entidade

encaminhou o pedido de fisca-lização à DRT.

A reunião na DRT foi umatentativa de resolver o proble-ma de forma negociada. A em-presa, no entanto, ao não en-viar representantes desrespei-tou o Ministério do Trabalhoe as duas entidades de classe.A DRT lavrou uma ata negati-va, registrando a ausência daGazeta e encaminhou o pro-cesso para o setor de fiscali-zação e para o Ministério Pú-blico do Trabalho.

Aatual Diretoria do Sindica-to, chapa Extra Pauta - SangueNovo teve sua posse festiva em7 de julho, na sede do Sindicato.Aoficial tinha acontecido em13de junho, por força do estatuto.Na posse festiva discursaram opresidente que saiu, EmersonCastro Firmo e MárioMessagi Júnior, o queassumiuo Sindicato.

Emerson destacouqual aprincipal lutadoSindicato nosanos90:“a manutenção da dig-nidade profissional,que abrange desde orespeito ao registro,passandopor melhoressalários e melhorescondiçõesde trabalho,

A posse festiva da nova Diretoriaaté o debate da ética no exercí-cio do jornalismo”. Messagiabordou, por sua vez, a históriadas chapas Extra Pauta do Sin-dicato, lembrando que muito háo que se fazer para a entidade, “e decabeçaerguida,prontaparaa luta”.

Alguns dos novos diretoresdo Sindicato

Marcelo Almeida

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Mais um jornal popularO projeto não é novidade

desde fevereiro. A Editora Gazeta do Povo está

preparando umnovo jornal volta-do àsfaixaspopulares, para ser lan-çado ainda nesteano. Ospreparati-vos estão em fase final, sendo queametadaEditoraéde lançar o novodiário ainda em outubro. O nomeserá escolhido através de um ple-biscito popular.Averificar pelo ta-manho do jornal – comenta-se queterá formato extra tablóide, comoos jornais Zero Hora e DiárioCatarinense -, o novo produto nãovirianecessariamente para concor-rer comaTribuna do Paraná e Diá-rio Popular, mas com algum pro-duto da RBS, cuja chegada aoParaná é tida como certa.

Com projeto desenvolvidopelos consultores da universida-de espanhola de Navarra, o novojornal terá como diretores doisprofissionais oriundos de O Es-tado de São Paulo: Eugênio Ara-újo, que será diretor da Unidadede Negócios, e Pedro Corrêa, queserá o diretor-chefe. Para chefiara redação e cuidar do fechamentodo jornal, a Gazeta do Povo trans-feriu Francisco Camargo. Extra-oficialmente, os outros nomes dacúpula da redação são: RogérioPereira, que será chefe-de-repor-tagem e cuidará da abertura dojornal; Júlio Tarnowski Junior,para a editoria de Esportes; JorgeMosquera, para a editoria de Co-

veículos

munidade; Nádia Schiavinattopara a editoria de Comunidade;Ricardo Medeiros, para a editoriade Dinheiro, e Orlando Kissner,para a editoria de Fotografia.Como repórteres estariamconfir-madas as presenças de CarlãoKaspchak, também transferidopela Gazeta e que, com Francis-co Camargo, trabalhou no proje-to do jornal, e Daniela Neves, quesai da editoria de Política do Jor-nal do Estado para escrever so-bre cultura no novo jornal.

Os nomes desses jornalistas, aexceção de Francisco Camargonão foram confirmados por Eugê-nioAraújo.Ele fezquestãode afir-mar que “80% do time são de jor-nalistas de Curitiba”. “O jornaltem que ter cheiro local e profis-sionais daqui e de cidades vizi-nhas”, afirmou. Na entrevista aoExtra-Pauta, Eugênio foi cautelo-so. Não revelou qual será o for-mato do jornal, tampouco sua ti-rageme número de páginas. “Nósestamos estudando isso. Posso lhedizer que será voltado às classesB menos, C e D. Só posso lhe di-zer que não vamos brigar com ne-nhum jornal daqui. Nesse merca-do há público bastante específico,que não temjornal para ele. E tan-to a Gazeta do Povo quanto a Tri-buna tem o público delas”, afir-mou. O comentário é que o jornalsai com 32 páginas. A tiragem di-ária será de 80 mil exemplares.

Quando a eleição para pre-feito em Curitiba passar, em 1de outubro ou 29 de outubro,a TV Paranaense de Televisãoterá um novo diretor de Jorna-l ismo. O jornal ista WilsonSerra, proprietário da produto-ra GW, que realiza a campanhade Cássio Taniguchi, foi con-firmado no cargo em agosto.

A opção de esperar o fimdas eleições foi do próprioSerra, que trabalha diretamen-te em campanhas políticas noParaná há oito anos. Sua indi-

Canal 12 contrataWilson Serra

cação põe fim a uma crise in-terna no Departamento de Jor-nalismo da TV Paranaense,que culminou com a interven-ção da Rede Globo em abril eo a fast ament o de Mar cosBaptista da direção. Serra co-nhece bastante a TV Para-naense. Chefiou a redação doCanal 12, em 82, e teve passa-gem pel a TV Cul t ur a , deMaringá, e Coroados, de Lon-drina. No Rio de Janeiro, foichefe de produção de jornaisnacionais da TV Globo.

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imprensa no paraná

Foi no domingo, dia 16 de julho, porvolta das 13h15 horas. De um dutoque abastece a Refinaria Presidente

Getúlio Vargas, em Araucária vazaram3,939 milhões de litros de óleo bruto. Oacidente ocorreu no terreno da Refinaria efoi percebido pelos funcionários duas ho-ras depois. O óleo se espalhou pelo terre-no, ganhou o Rio Saldanha e chegou aosrios Bar igui e Iguaçu. Entidadesambientais, autoridades e órgãos de aten-dimento a emergências só foram informa-dos na noite de domingo. A imprensa, nasegunda-feira pela manhã.

Ainda no domingo, por volta das16 ho-ras, a gerente de Comunicação Social daRepar, Cida Moraes, fora avisada do aci-dente. Segundo ela, a primeira atitude foiesperar por uma avaliação técnica do pro-blema (os funcionários da Repar tentaramconter a mancha de óleo que se formou noRio Barigui antes que chegasse ao Iguaçu),para então colocar em ação os “procedi-mentos de comunicação”: avisar ao Insti-tuto Ambiental do Paraná, as prefeiturasde Curitiba e Araucária, o Corpo de Bom-beiros, etc. Os órgãos ambientalistas e aimprensa só foram comunicados às 7 ho-ras, do dia 17. A notícia do acidente, con-tudo, vazou por volta das 3 horas da ma-drugada, fruto de uma relação familiar. Orepórter Toni-nho Nascimento, da RádioBanda B, noticiou o acidente, a partir dainformação de um parente que trabalhacomo bombeiro em Araucária.

Os jornalistas que estiveram na sede daRepar, na manhã do dia 17, não tiveraminformações sobre as dimensões do aci-dente e do quanto tinha sido afetado omeio-ambiente. Cida Moraes procurou se-guir à risca uma recomendação de comu-nicação da ISO 14001, só passando infor-mações sobre o acidente através de umaentrevista coletiva diária, geralmente paraàs 16 horas. “Como as coisas são dinâmi-cas, para não dizer números diferentes às8 horas da manhã e em outra hora, nós

A imprensa e o desastreecológico

marcamos as coletivas. Com isso, quise-mos dar um tratamento democrático. Se-não teríamos jornais aqui com plantão diae noite”, explica.

A primeira coletiva ocorreu às 13h30horas do dia 17, com o presidente da Pe-trobrás, Henri Phillipe Reichstul e o entãosuperintendente da Repar, Luiz ValenteMoreira. “A coletiva do Reichstul mostrouque os jornalistas, em geral, não estavamcom informação básica e know-how de ou-tros acidentes. A Petrobrás foi simpli-ficadora: “acidentes acontecem”, conver-sas genéricas, vagas. E o que víamos era ocaos, desorganização geral”, lembra a jor-nalista e ambientalista Teresa Urban, queao contrário da imprensa, pôde entrar naRefinaria ainda pela manhã, na condiçãode representante do Conama- ConselhoNacional de Meio-ambiente.

EstranhamentosJornalistasque estiveram na coletiva ti-

veram a impressão de que os diretores daPetrobrás tentaram minimizar o acidente,no que discorda Cida Moraes. “A refinariatem 23 anos. Em todo esse período, nuncativemos um acidente grave. Estávamosconscientes que íamos impactar a comuni-dade. Se demonstrássemos um descontro-le, qualquer tipo de atitude emocional di-ferente, isso iria polarizar ainda mais oocorrido. Os diretores falaram a verdade,mas falaram com tranqüilidade e aquelatranqüilidade, às vezes, incomodava aspessoas. Eu acredito nessa hipótese e nãona hipótese de querer minimizar. Se qui-séssemos minimizar, não teríamos dito onúmero certo (de óleo que vazou)”.

O que de imediato causou estra-nhamento aos jornalistas foi o fato daPetrobrás, ao divulgar o acidente e as in-formaçõesgeraisda Repar, ter anexado ma-téria sobre o certificado ISO 14001, con-cedido à refinaria por sua preocupação commeio-ambiente. Cida Moraes diz que orelease sobre o ISO foi uma decisão vo-

A foto emblemática do acidente: o óleo no rio Bariguimisturando-se as águas do rio Iguaçu

Edson Silva/Gazeta do Povo

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luntária de um dos seus assessores, masaos jornalistas deu a impressão que a em-presa estaria jogando todas as cartas paramanipular a informação. “Eles ( os dire-tores da Petrobrás) relutavam, para mos-trar o local do acidente. Levaram os jor-nalistas de ônibus até o ponto onde a vál-vula tinha rompido. Mas, descer o barran-co não podíamos, por motivo de seguran-ça. Como não vimos o local, durante qua-tro dias, a Petrobrás manipulou comoquis”, disse Teresa Urban. Lyrian Saiki,repórter de O Estado do Paraná é da mes-ma opinião: “Na primeira coletiva, os di-retores da Petrobrás falaram o seguinte:metade foi para o rio e metade ficou narefinaria. Colocaram vantagem nisso, nãodisseram que o óleo que ficava na refina-ria prejudicava mais, porque ia para o soloe poderia poluir o lençol freático”.

Primeiro, o rioPor três dias o acidente da Petrobrás

apareceu na imprensa relacionado ao queera maisvisível do óleo derramado: a man-cha no Rio Iguaçu e o risco dela chegar aUnião da Vitória, afetando o sistema deágua da cidade. Houve matérias tambémsobre as dez barreiras criadas para a con-tenção do óleo, o salvamento e a mortan-dade de animais. Nessa hora, houve jorna-lista que foi pego de surpresa, com o esta-do de poluição do Iguaçu. Pedro Serápio,repórter-fotográfico da Gazeta do Povo,tentou navegar no rio em três barcos doIAP, mas não teve sucesso. Os três tive-ram de sair rebocados, tal a quantidade delixo que se depositou no fundo do Iguaçu.

Nos primeiros dias a imprensa nãoabordouo chamado ponto zero ( local ondeocorreu o acidente). E os vôosde helicóp-tero, colocados pela Petrobrás à disposi-ção dos repórteres fotográficos e cinema-tográficos, desviavam do local. “Só leva-ram onde queriam. Fomos proibidos depassar na área, porque era de perigo: peri-go de mostrar”, ironiza EdsonSilva, repór-ter-fotográfico da Gazeta do Povo. CidaMoraes lembra que a Petrobrás foi ofere-cendo para a imprensa o que ela queria. “Aprimeira preocupação foi o rio. Então, fi-zemos sobrevôosno Rio. O ponto zero nãofoi o foco da imprensa. O foco foi o rio, otempo todo. Na questão do ponto zero, tí-nhamosduasdificuldades. Primeiro: tínha-mos muita chuva, lodo, óleo. E estávamosdentro da refinaria, que é uma área indus-trial, dentro da qual há os procedimentosdo ISO 14.001 e, mesmo sem eles, temosresponsabilidade civil e criminal sobre aspessoas”.

Impedidos de entrar na Repar, os jor-

nalistas ficaram restritos à recepção da por-taria da empresa, aguardandopelas informa-ções oficiais e a boa vontade de um asses-sor de imprensa. “Comexceção da Cida, osdemais assessores foramdeselegantes, erammal-preparados e não davam informaçõesprecisas”, reclamou Rodrigo Leite, que co-briuo acidente para a Rádio CBN e TV In-dependência. Não bastasse a falta de infor-mação, Rodrigo teve outra dificuldade: ob-ter entrevistas, já que estas eram restritasàscoletivas e os funcionáriosestavam proi-bidos de falar. Para ter novas informaçõesno período da manhã, onde trabalha para aCBN, ele chegou a ligar para a sede daPetrobrás no Rio de Janeiro.

“ARepar tratou osrepórterescomo ini-migos. Era como se dissessem: tudo bem,nós recebemos vocês, mas têm que entrarno esquema”, disse Michelle Thomé, repór-ter do Jornal do Estado. Apelidada pela re-dação de “repórter óleo”, por ter sido a úni-ca repórter do JE destacada para o desastre,Michelle discutiu comosguardasda Repar,porque em meio a uma entrevista coletivateria ficadono corredor da empresa,vez quena sala estavamosdemais repórteresde tex-to e de imagem. “Havia um engessamentoda imprensa.E sóerapossível circular lá comalguémda Repar do lado”, reclama.

Foi por essas coisas que a imprensausou métodospouco ortodoxospara cobrir o de-sastre ecológico.“Se dependêsse-mos só das infor-mações da Petro-brás faríamos pa-pel de palhaço.Era uma mentiraatrásda outra, des-de o primeiro mo-

mento. Não havia plano de emergência,não havia nada. E eles nas coletivas, acha-vam que estava tudo indo bem”, recordaDimitri do Valle, repórter da Folha doParaná. Foi na quinta-feira, dia 20, a reve-lia da Petrobrás, que o ponto zero pôde serregistrado pela imprensa. Edson Silva foiproibido de entrar no local, mas acabouindo até o fundo da refinaria, local que cu-riosamente estava sem guardas. “O que vidali me assustou. Eu vi os caras combaldinhos tirando óleo, o que era trabalhode formiguinha”, afirma. “O ponto zero erao inferno. Essa região está morta do pontode vista biológico. Tudo está destruído. Osolo está destruído e sub-solo contamina-do e os bolsões de água podem estar con-taminados”, informa Teresa Urban. Umavez publicado o que era o ponto zero, olocal foi liberado pela Petrobráspara a im-prensa na sexta-feira, dia 21.

Problemas de relacionamentoA entrada garantida no ponto zero não

significou o fim de problemas de relacio-namento entre jornalistas e Petrobrás. Osrepórteres Dimitri do Valle e Kraw Penas,da Folha do Paraná, estiveram no local nosábado. Ao tentarem entrevistar um enge-nheiro de nome Ouriques, foram informa-dos que ninguém ali estava autorizado a

dar entrevistas. “Nós fomosembora e o engenheiroOuriques ficou na frente docarro. Mandou encostar.Não paramose , quando car-ro passou, ele deu um chuteno veículo”, revelouDimitri. O fato, no dia se-guinte, ganhouas páginasdaFolha do Paraná.

Fatos como esse fizeramcom que os jornalistas des-confiassem das informaçõesprestadas pela Petrobrás.“Na coletiva de 16 de agos-to ( um mês após o aciden-te) quando falaram do rio,perguntas ainda ficaram noar, como a quantidade de

óleo que faltava ser retirado. Nas primei-ras semanas eles falaram da técnica da bio-remediação (o tratamento com bactériasque comem óleo). E era sempre assim: paratrês dias. E não começou, não começou”,lembra-se Lyrian.Adivulgação da adoçãoda técnica da bio-remediação veio a acon-tecer em 28 de agosto.

Essa desconfiança com as informaçõesprestadas pela empresa foi considerada na-tural por Cida Moraes. Segundo ela, o aci-dente foi coberto por jornalistas jovens,que não conhecem a política da Repar e“muitos fizeram o primeiro embate com aPetrobrás”. Ao mesmo tempo, ela concor-da que entre imprensa e a assessoria daRepar houve um desconhecimento mútuodas formas de trabalho. “Eu percebo quehá um certo preconceito aos assessores decomunicação. Eu também estou a serviçoda verdade, da boa comunicação, mas es-tou a serviço da empresa. Foi um momen-to extremamente difícil, o volume de de-mandas para nutrir a informação foi gran-de. Poderemos não ter agido do jeito ide-al, mas o que a gente quer é aprender comesse fato”. Cida pensa em promover umencontro com os jornalistas, para que elesdigam em que a empresa falhou na épocado acidente.

Sobre a cobertura do desastre, não fal-taram elogios ao trabalho da imprensa lo-cal. Para Teresa Urban, o esforço da im-prensa “foi impressionante”. “Nunca vi umjornal daqui abrir caderno no dia seguinte.Com toda a dificuldade e inexperiênciapara cobrir atendimento deste tipo, a im-prensa mostrou capacidade de uma respos-ta rápida”. A ambientalista e jornalista sótem uma preocupação: que notícias aindarelativas ao acidente e à Petrobrás saiamdos jornais de forma vertiginosa. “O pro-blema está longe de ser resolvido”.

imprensa no paraná

Giovani Santos/Jornal do Estado

Giovani Santos/Jornal do Estado

Técnico daPetrobras e

o rio sujo deóleo e lixo

Técnicojoga produtoquímico abase decelulose noRio Iguaçu

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imprensa no paraná

Maior acidenteO acidente da Petrobrás em

Araucária foi o segundo maiordesastre ecológico do Brasil. Opior desastre foi em 1975,quando o petroleiro iranianoTarik Iba Ziyad derramou 6milhões de litros de óleo bruto naBaía de Guanabara, próximo aIlha do Governador, no Rio deJaneiro. No início desse ano, namesma Baía houve outro aciden-te, com o derramamento de 1,3milhões de li tros, de uma tubu-lação da Refinaria Duque deCaxias.

Rio IguaçuSe houve algo positivo sobre o

desastre ecológico da Petrobrás, foio fato dele ter exposto toda asujeira do Rio Iguaçu e afluentes.Nos meses de julho e agosto o

Afotografia ganhou a capa da Folhado Paraná no dia 19 de julho. Uma

ave impregnada de óleo é reco-lhida do Rio Iguaçu. Para alguns jornalis-tas, esse momento pequeno em meio aoque foi o acidente da Petrobrás, significouo quanto a preocupação coma natureza me-xeu mesmo com os jornalistas.

Jornalistas salvam pássaroO pássaro foi encontrado pelo jornalis-

ta José Suassuna, da Folha do Paraná, per-to de uma das barreiras, antes de BalsaNova. Com Suassuna, estavam MaigueGueths, também da Folha do Paraná, Te-resa Urban, e Solange Berezuk, da TVBandeirantes. O grupo dirigiu-se, então, auma casa e pediu água morna para limpar aave. “Os donos da casa ofereceram água ecafé e a Maigue ficou segurando o bichi-nho”, recorda Teresa.

“A gente limpou ele com uma escovade dente, que molhava num copo de águamorna e detergente”, explicou Maigue. Opássaro foi entregue a voluntários e não setem idéia se morreu ou não.

Pássaro salvo: um instantepequeno em relação ao que foio acidente, mas quedemonstra o quanto o risco àvida pode sensibilizarjornalistas

Iguaçu ganhou da imprensa um trata-mento especial, que vinha sendoreclamado por ambientalistas. Isso emparte, deveu-se ao espanto dos jorna-listas com a quantidade de lixo acumu-lado e objetos inusitados retirados dofundo do rio, como um fogão e até umsanto, curiosamente São Francisco deAssis: o padroeiro dos animais e danatureza.

“A sujeira surpreendeu. Sabia que oRio Iguaçu estava sujo, mas nemtanto”, disse Antonio Costa, repórter-fotográfico da Gazeta do Povo.

PrivilégioOs jornal istas de vários veículos

de comunicação acusaram aPetrobrás de ter privilegiado a RedeGlobo de Televisão, que obteveinformações não apenas em entre-vistas coletivas. Cida Moraes,gerente de Comunicação da Repar,confirmou essa suspeição. Segundo

ela, um dos profissionais contrata-dos temporariamente para a assesso-ria de imprensa deu informaçõesexclusivamente à emissora de TV.Capitulou e foi, depois, repreendidopela Repar. Por questões éticas,Cida não revelou o nome desteprofissional.

ReforçoA assessor ia de imprensa da

Repar recebeu o reforço de váriosjornal istas logo após o acidente,chegando a contar com 12 pessoas.Entre os jornalistas, esteve emAraucár ia o assessor direto daPresidência da empresa, LuizCarlos Cabral.

Na marraUm dos problemas enfrentados

pela Petrobrás foi o das pessoas quequer iam entrar na refinar ia, nãoligados a veículos de comunicação

ou com carteiras falsas de im-prensa. Segundo a assessor ia daRepar, houve até um profissionalque chegou a se apresentarvestindo o uniforme daPetrobrás.

PrejuízosNem só a natureza teve prejuí-

zos com o desastre ecológico.Alguns jornalistas também. Orepórter-fotográfico Edson Silva,da Gazeta do Povo, disse terperdido duas calças e um tênis,que voltaram de Araucária man-chados de óleo. Da mesma forma,Pedro Serápio, também da Gazeta,que garantiu que duas de suascalças, literalmente, “foram para obrejo”. Outro que teve uma calçamanchada de óleo foi IsraelReinstein, da Folha do Paraná.Segundo a esposa, MichelleThomé, a calça era nova e amancha só saiu após duas lavadas.

José Suassuna/Folha do Paraná

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Após o boom de jornalismo na internet, há doisanos, com a criação de

redações de notícias pelos gran-des portais, uma nova tendênciaregistra-se na rede: a existênciade sites regionalizados ou seg-mentados. No Paraná essa opçãosó agora vem sendo seguida deforma mais objetiva por jornalis-tas. Somente no último mês,pelo menos quatro iniciativas depeso foram lançadas na internetpor jornalistas do Estado, sendoque mais novidades devem virnos próximos meses.

Dentre as novidades, a queteve maior impacto, por conta deuma forte mídia publicitária, foio site maritortato.com.br, quetraz notícias sobre política doParaná, com a chancela da ex-chefe-de-redação da Folha doParaná. O site é resultado da ou-sadia da jornalista, que investiuparte da rescisão da Folha paraentrar na internet. “Eu poderiaabrir uma lanchonete, uma pada-ria, mas não sei lidar com ali-mentos e fazer pão. Sei lidar comnotícia”, diz Mari. Ela revela queo site seria lançado timidamentee que só entrou com mídia emrádio, jornal e outdoors, porquese empolgou com a campanhacriada pela agência Bronx. “Foitudo muito negociado e valeu apena o investimento”. Sua ex-pectativa é ter o retorno tão logoatinja 2000 acessos por dia, o quepode acontecer logo. Mari redi-ge a coluna de sua casa, contan-do com o apoio técnico para asquestões de internet, do jornalis-ta Eledovino Basseto Júnior, daCasa 6 Comunicação.

Com matérias assinadasOutro site novo é o

camisa1.com.br, criado pelos jor-nalistas Júl io César Lima,Carmem Murara e LeandroTaques, todos da Folha do

Alguns sites dejornalistas...Jornalismo na internet

por iniciativa própria

Paraná. Focalizado nas notíciasde esportes do Paraná, o portaljá chegou a receber em um dia2500 acessos, o que revela quehá uma brecha de mercado a sertrabalhada. O que difere o pro-jeto é seu apelo à interatividade,porque o internauta pode opinarsobre todas as matérias.

Carmem Murara destaca ou-tro aspecto importante do cami-sa1: o respeito à “individuali-

dade do repórter”. Todas as ma-térias aparecem assinadas, o quenem sempre ocorre no jornalis-mo produzido pelos grandes por-tais. Neles, a exceção dos

colunistas, capazes de sensibili-zar não só “internautas”, mas pa-trocinadores, o que se tem é anotícia como produto exclusivodo portal.

Corrida do ouro“Internet é que nem a desco-

berta do ouro. Deu dinheiro paraquem vendia calça lee e frigidei-ra. Quem está ganhando dinhei-ro é o provedor, o que faz a pá-

gina...”, diz Luiz Gonzaga deMattos, provavelmente um dosprimeiros jornalistas a acreditarno futuro da rede mundial decomputadores em Curitiba. Em

96, ele colocou na internet o Jor-nal do Batel, utilizando o siste-ma Canopius, “em que se levavameia hora para baixar uma ma-téria”, lembra. Hoje, Gonzagaprepara a recolocação do Jornaldo Batel na internet. Sua inten-ção é aumentar o interesse dospatrocinadores ao jornal em pa-pel, oferecendo como vantagemo espaço virtual. Gonzaga teveoutra experiência importante.Sua coluna “Jornalismo commolho e pimenta”, que saiu doar por opção pessoal, registrou 5mil acessos.

Em Curitiba, uma das carrei-ras jornalísticas mais relaciona-das à internet é a de EledovinoBasseto Júnior. Seu Guia Paraná,criado com Heros Schwindenexiste desde 97 e destaca-se porseu um portal, em que estão in-cluídos os sites mais diversos.“A intenção da agência é a pu-blicação de notícias direcionadaspara assessores de imprensa,ONGS e que está a fim de envi-ar mensagem”. É como se fosseum canal aberto para assessorese colaboradores. O faturamentovem da publicidade. Além doGuia, Eledovino tem criado pá-ginas e desenvolvido produtospara a internet. Entre seus cli-entes estão a Gazeta do Povo, aPrefeitura de Curitiba e os pro-jetos jornal íst icos de MariTortato e da revista Carga e Cia,de Marcelo Motta, que está paraestrear na rede.

“O jornalismo tem tudo aver com isso. É fonte de conteú-do. As pessoas confundemcliping com jornalismo e o diaseguinte é cliping”, explicaEledovino. Para ele, “não adi-anta as pessoas colocarem umsite no ar, elas tem de dizer por-que seu projeto está nainternet”. É buscar, enfim, umdiferencial neste mar de comu-nicação.

Emer

son

Balth

azar

Emer

son

Balth

azar

Outdoor do site de Mari Tortato: investimento próprio

mercado de trabalho

Eledovino Basseto Júnior: internet tem de ter conteúdo

Agência RuralMatérias e info rmaçõ esso bre agronegóc ios eindicadores da bolsa re lat i-vos a produtos agrícol as. Adireção é de Johnny Basso.E nd ereço :www.agro rura l . com.b r

Camisa1Matér ias e op iniões sobreespo rtes em geral , mas odestaque é para o fut ebolparan aen se, at ual izadodiariamente. Direção deCarmem Murara, Júl ioCésar Lima e LeandroTaqu es. En dereço :www.camisa1 . co m.b r

Central de RadiojornalismoOs p rogramas de rádio daCentral- que são transmiti-dos 19 0 emissoras no Suldo país, e depoimentossobre o jornalismo emrád io. Direção de Jo rgeCu ri. End ereço:www.rad iojorn alismo .com.br

CirandaInfo rmações da Central deNotícias dos Direi tos daInfância e da Ado lescên cia.No si te também há l i nkspara entid ades qu e real izamtraba lho volun tário. Dire-ção d e Paula Baena. E nde-reço : www. too ln et .com.b r/c irand a

Gladimir NascimentoO jorn alista traz suasreport agens e a colunadomin ical “Assim é aVida”, que publica em OEstado do Paraná , aosdomingos. O en dereço éwww.gladimir.jor.b r

Guia ParanáDe El edovino BassetoJúnior e Heros Schwind en,o Guia é um porta l , comcolun istas locais e acessosaos mais diversos si tes.Para entra r, basta tec larwww.gu iap aran a . com.b r

João NoronhaO rep órt er- fot ográfico daTribuna do Paraná mostrasu as “Cenas brasi leiras”,co m foto grafias sob renatureza, gent e e cotid iano.Endereço: ht tp/ /jn oronh a. cjb .n et

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mercado de trabalho

Para referir-se à rede mun-dial de computadores, noExtra Pauta, há cerca de

dois anos, houve a discussão sea palavra internet deveria vircom letra maiúscula ou minús-cula. A opção foi pela minúscu-la, como aparecem as palavrasrevista, jornal, televisão e rádio,porque a internet é ,como os de-mais, um meio de comunicação.E traz, inclusive, característicascomuns aos outros veículos: oapego à imagem, como na tele-visão; a segmentação de um pú-blico, como são os cadernos dejornal; a interatividade dos pro-gramas de rádio e a velocidadeda informação, componente bá-sico seja no fechamento de umnoticiário para rádio ou TV, umamatéria para jornal ou revista.Para o Sindicato, como os de-mais veículos, internet significa,ainda, algo mais especial: é ummercado de trabalho por exce-lência a jornalistas.

Estimativas do Sindicatodos Jornalistas de São Pauloapontam que naquele estadoexistem mais de 600 profissio-nais trabalhando diretamentecom internet para os grandes pro-vedores. Só no Universo OnLine são 120 pessoas. Isso semcontar as páginas de empresas eos bancos, cada qual com dois outrês jornalistas. A maioria dosprofissionais vem seduzida porsalários que chegam a ser 200ou 300% superiores aos pagospelos jornais. Mas, entre os jor-nalistas há como diferencial a

Prós e contras no jornalismo virtual

sensação de estar em sintoniacom o futuro e, em muitos casos,de ser proprietário do próprionegócio. É o que disse AncelmoGóis, ex-jornalista da Veja e atu-almente no iG, à revista Lide: “obom é que na nossa profissão nãomorremos de tédio, ela nos exi-ge desafios. Nesse mercado deRobertos (Marinho e Civita),abrem-se boas alternativas detrabalho e bela disputa de salá-rio”.

IrregularidadesPara o Sindicato dos Jorna-

listas de São Paulo as empresasde internet acabaram realizan-do, no entanto, muitas irregula-ridades no que se refere àscontratações. “O pessoal não écontratado como jornalista, mas

como auxiliar-administrativo.Também há muita contrataçãode estudantes de Jornalismo”,diz Nelson Sato, técnico doDieese que trabalha no Sindica-to. Outro problema seria o nãopagamento de horas-extras. Issofez com que aquele Sindicatorealizasse reuniões com os di-retores dos portais, para que omercado não ganhe característi-cas predatórias no que se refereà mão-de-obra.

Sato não tem dúvidas sobre alegislação: existindo um site ouportal com informações periódi-cas, devem as empresas contratarjornalistas e seguir as convençõesde trabalho dos jornalistas. “Es-creveu notícia, tem que ser jor-nalista”, diz. O mercado, no en-tanto, segundo ele não é tão posi-

tivo quanto parece.“Vai ter muitarotatividade e muitagente vai quebrar. NosEstados Unidos, de dezprovedores, nove dan-çaram”.

ExperiênciaA dificuldade de

projetos conseguiremrentabilidade financei-ra, mesmo sendo inte-ressantes, foi sentidana pele por CarmemMurara, da Folha doParaná. No início doano ela aceitou o con-vite do empresárioMark Pinheiro e dei-xou emprego na Rádio

CBN para entrar no Portal Ver-tical, projeto desenvolvido comLuiz Lomba, que por sua vez ha-via deixado a Gazeta Mercantil.A experiência do Portal noParaná durou só cinco meses .

“A intenção era viabilizarum projeto nacional”, explicaCarmem, que diz não estar arre-pendida de ter optado em traba-lhar na internet. “Agora é o mo-mento da internet, assim comohá cinco anos foi o momento dorádio, com a chegada da CBN”,diz. Sobre o fato do projeto nãoter ido adiante, Carmem reagecom naturalidade. “Isso faz par-te do jogo. Tanto eu quanto oLomba sabíamos que poderia darerrado. A proposta salarial eramuito boa e não foi picaretagem,foi bacana”, explicou.

Carmem Murara e Julio Cesar Lima, jornalistas do Camisa1. Osite de esportes é a segunda experiência de Carmem na internet

...alguns sitesde jornalistas

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Los Três InimigosThiago Recchia atualiza diariamen-te o site, com charges dos persona-gens Corisco, Atleticon y Paranito,sucesso da Tribuna do Paraná. Há,também, entrevistas com jogadoresde futebol, dentro do espírito dosLos Três Inimigos. O endereço nainternet éwww.los3inimigos.com.br

Mari TortatoAs novidades da política no Paraná.Coluna diária da jornalista MariTortato. Endereço:www.maritortato.com.br

NoviskiO ilustrador, chargista e cartunistaNoviski mostra seu trabalho comdiversas técnicas. A novidade sãoas ilustrações em terceira dimen-são. O endereço éwww.noviskiarte.com.br.

Uh! CaldeirãoSite rubro-negro, com notícias eresultados do Atlético. É editadopor Jean Claude Lima e LetíciaMontanha. O endereço éwww.uhcaldeirao.com.br

O BagualSegundo João Meassi, seu autor, “éum choque de coragem nojornalismo”. Traz notas políticas edenúncias contra políticos e o quemais for. Pode ser acessado noendereço www.obagual.jor.br

Zig KochO site do repórter-fotográfico ZigKoch mostra sua atividade emjornalismo e publicidade. Odestaque é a exposição comimagens sobre a natureza e os linksde entidades ambientais. Oendereço é www.zigkoch.com

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entrevista

Extra Pauta - Você temidéia do quanto a internet re-presenta de mercado de traba-lho para jornalistas no Brasil?

Leão Serva - Tenho estima-tivas. Eu calculo que nas cida-des de São Paulo e Rio de Janei-ro, no início do ano, foram aber-tas algo entre 300 e 400 vagas dejornalismo na internet. Não fizum levantamento formal, mastem casos que posso citar.AVeja

São Paulo que é uma revista quecircula na cidade, tinha 28 jor-nalistas em dezembro. Destes,20 saíram para a internet.

Extra Pauta - Estes jorna-listas estão recebendo melhorque nos meios tradicionais?

Leão Serva - Eu não achoque o valor seja maior. Eu achoque tem um mito. Alguns con-tratos de maior valor foram fei-tos recentemente e isso gerouuma impressão que os salários nainternet são muito maiores doque no mercado. Na verdade,eles estão alinhados com o mer-cado.

Extra Pauta - A diferençaconsistiria no risco inerenteaos negócios da internet?

Leão Serva - É um pouco dedemanda. O mercado está se ele-vando. Os salários devem au-mentar porque estão aparecendomais vagas. Então, há maior pro-cura por jornalistas. Alguns dossalários maiores que se paga nainternet têm vindo à tona e, comisso, criado a impressão de quea internet paga muito mais. O

O trabalho em um grande portalque a internet tem de diferente?Ela oferece a possibilidade, emtese, de participação do funcio-nário no sucesso da empresa.Isso pode ser um diferencialgrande, no momento em que asempresas brasileiras adotem for-mas como no resto do mundo,com 10 a 15% da empresa sendodistribuídos em ações para seusfuncionários. No momento emque houver a valorização das em-

presas brasileiras como aconte-ceu nos Estados Unidos, issopassa a ser uma diferença.

Extra Pauta - Qual o perfilde jornalista para a internet?É muito diferente do perfil parajornal e televisão?

Leão Serva - Ele tem sidojovem, porque até agora os salá-rios eram abaixo do mercado. Vi-nham os que tinham menos car-reira e, portanto, aceitavamaquele primeiro emprego ga-nhando menos. Mas, jovens tam-bém porque eles apreendem ausar computador naturalmente.As pessoas estão saindo da uni-versidade sabendo usar um“Word for Windows”, HTML,preparar foto, uma série de coi-sas que os jornalistas mais ve-lhos não aprendem. Portanto,esses caras acabam sendo candi-datos melhores a fazer as outrascoisas que estão envolvidas nainternet. Por exemplo: quando sefaz uma matéria na internet, den-tro da matéria você clica e vaipara outro lugar. Um jornalistaque sabe HTML, vai escreven-

do a matéria e já escreve o link.Eu, por exemplo, não sei. Eu te-nho que chamar alguém da áreatécnica. Esse jornalista maisafeito a essa coisa de computa-ção e programação é o perfil maisprocurado pelas empresas deinternet.

Extra Pauta - E qual é o pa-drão de texto?

Leão Serva - São dez linhas,em parágrafos de três linhas. Fra-ses nunca com aposto, curtas ebem diretas. Esse é o padrão detexto que a gente tem adotado eacho que é o melhor para notíci-as. “Mas, na internet não cabeum livro, um artigo-de-fundo”?Cabe. Mas a notícia tem que sercurta.

Extra Pauta - Jornalistasque realizaram trabalho “on-line” sentiram-se estressados,pelo fato de o tempo todo te-rem de dar alguma informaçãono ar. Esse estresse tem real-mente acontecido?

Leão Serva - Acontece mui-to, especialmente com pessoascomo eu, mais velhas e que vi-nham de outro lugar. Eu, diantede uma notícia, vivo uma descar-ga de adrenalina. No jornal issoocorre entre seis e nove da noi-te. No Último Segundo isso podeacontecer às duas da manhã, àstrês da manhã, ao meio-dia, nahora que for. A pessoa que nãofoi nascida na internet, talvezsinta mais esse estresse. Às ve-zes (a gente) tem que se acalmare falar assim: “ok, na internetqualquer hora é fechamento e,portanto, não se pode ter aqueleestresse na hora do fechamento,senão vai viver o tempo todoestressado”. Os garotões não sãoassim. Quem tem como primei-ro emprego o emprego nainternet acaba se adaptando maisrapidamente.

Extra Pauta - Na internet ojornalista acaba trabalhandomais?

Leão Serva - Eu acho que

sim, porque não tem hora de fe-chamento. Tem uma hora do jor-nal (impresso) que não tem maistrabalho, porque ele está rodan-do. Então, (a gente) sedespreocupa e, se tem um erro,amanhã vai ver o que faz. No on-line não, você corrige o erro.Portanto, além de ser sempre fe-chamento, é sempre correção.

Extra Pauta - A redaçãotoda trabalha mais?

Leão Serva - A redação toda.No iG eu organizei de forma quea base da redação só possa traba-lhar seis horas. Tenho postos (detrabalho); quando chega um pro-fissional, o outro tem que ir em-bora. É quase como se meus re-datores fossem proibidos de tra-balhar mais de seis horas, por-que estariam impedindo os ou-tros de chegarem para o traba-lho. Eu fiz isso porque tinha umapreocupação grande para que aspessoas não ficassem lá eterna-mente, porque isso acaba desgas-tando.

Extra Pauta - Esse momen-to da internet é tão estimulantepara um jornalista quanto irpara a Guerra da Bósnia?

Leão Serva - Para mim temsido, principalmente porque ainternet está abrindo uma novapossibilidade de crescimentoprofissional para pessoas comoeu, que tinham feito um poucode várias coisas e não tinhammuito para onde crescer. Em se-gundo lugar, eu me sinto de novoum foca e isso é muito bom. Por-que fazer de novo algo que já sesabe fazer, tem um certo ar demonotonia. E eu não sei fazernada do que estou fazendo. Issoé muito bom, é um pouco comoir para uma guerra ou para suamelhor cobertura.

Extra Pauta - A questão deadrenalina é igual?

Leão Serva - Sim, é o tempotodo. Lá, talvez, é um pouquinhomaisporque envolve a morte. Masé uma adrenalina permanente.

OjornalistaLeão Servacobriu a

Guerra da Bósniapara a Folha de SãoPaulo, que resultouem várias matériasespeciais e um livro.Hoje, ele vive umoutro tipo de guerra:a da informaçãocontra o tempo, quena internet se medeem segundos.Diretor do ÚltimoSegundo, o site dejornalismo do iG,Serva fala nestaentrevista como étrabalhar “online”.Também comentasobre os salários eformato de notíciaideal na internet.Essa entrevista comLeão Serva ocorreuem Curitiba, em abril,quando ele esteve nacidade para o eventoCiclo de Idéias

Leão Serva

Leão Serva:o jornalismo

on line é“sempre

fechamento,é semprecorreção”

Giselle Góis

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Mussa José Assis

Aquestão não é liberdadede imprensa. É liberdade,simplesmente. Todas as

liberdades que o cidadão tem di-reito, que lhe são asseguradaspelaCarta da ONU, pela ConstituiçãoFederal. Só que a liberdade deimprensa é a mãe de todas as ou-tras. Sem ela, vão-se as demais.Melhor: as outras liberdades hu-manas ficarão sem sua principalguardiã, sua mais poderosa defen-sora. É por isso que qualquer re-gime antidemocrático começasempre pelo garrote da imprensa.Censurada, o ditador fica à vonta-de para atropelar osdireitoshuma-nos, para “prender e arrebentar”.

Censura, eta! palavra horrível.Jornalista que já viveu sob ela searrepia quando ouve a maldita pa-lavrinha. E treme à menor possi-bilidade de, em algum momento,voltar a viver aquele período ne-gro pós-64, em especial pós-AtoInstitucional n.o 5.

Tenho quarenta anosde jornal,como profissional registrado e sin-dicalizado. Outros três ou quatroanos, ainda menor de idade, como“jornalista amador”. Cito tal fato,para dizer que passei por tudo oqueaconteceucomaimprensa bra-sileira de 1960 para cá. Dofinalzinho do governo Kubitschek,o mais democrático de todos, aeste segundo tempo de FHC,quando ouvimos falar, de novo,em censura, a tal “lei da morda-ça”. 1964 me pegou na secretariade redação da “Última Hora”, emSão Paulo. Assisti soldados daForça Pública de Adhemar de Bar-ros invadir o prédio daAvenida daLuz, um capitão mandar parar arotativa, metralhadora na mão, ro-deado de soldados idem. A man-cheteera “SP adere àsublevação”.Poucosprivilegiados conseguiramum exemplar. Cerca de três miljornais já haviam saído para asbancascentraisda capital paulista.Fui detido no domingo seguinte ao1º de abril e levado ao DOPS (ofamigerado Departamento de Or-

dem Política e So-cial do delegadoSérgio Fleury).Graças à interven-ção do então gover-nador Ney Braga(seu irmão, o coro-nel do ExércitoPaulo Braga era dogabinete do generalAmauryKruel e foiacionado por Ney)acabei solto 36 ho-ras depois. O restodá para imaginarcomofoi: secretáriode UH, jornal con-siderado “comunis-ta”, janguista, pas-sei o resto do anotoreando situaçõesdelicadas, sem sa-ber nunca se a edi-ção que eu estavaajudando a fazeriria às ruas. O timeestava desmontado,colegas foragidos,outros presos, alguns asilados, en-tre eles o fundador e comandanteSamuel Wainer.

De 1965 em diante passei adirigir “O Estado do Paraná”, acu-mulando como correspondente (aolado de Baci la Netto) do“Estadão”. O general CastelloBranco não foi muito duro com aimprensa, pelo menos a regional.Abarrapesoucoma edição do AI-5, pelo general Costa e Silva eatingiu o grau máximo comGarrastazu Médici, sendo minis-tro da Justiça o brilhante (e “gali-nha verde”) jurista paulistaAlfredo Buzaid. Foi durante aque-le período que nós sentimos napele quanto perversa é a censura,quão irracionais são aqueles que aordena e, coitados, aquelesque sãoobrigados, por dever de ofício, afazer cumpri-la.

“O EstadodoParaná” foi opri-meiro jornal brasileiro a ser sub-metido à censura prévia. Por cau-sa do então governador nomeadoHaroldo LeonPeres, o primeiro dasafra a ser anunciado por Brasília,

cinco ou seis meses antes do tér-mino do mandato de PauloPimentel. Com um detalhe: esteera o controlador do jornal, estavasendo hostilizado por aquele e ojornal tomouas dores. Para felici-dade da democracia. Uma circuns-tância, uma coincidência, que aca-bou proporcionando aos jornalis-tas a oportunidade de reagir à di-tadura. Durou pouco, mas valeu.

O censor - um constrangidoagente da Polícia Federal - passoua freqüentar a redação. Queria vertudo, atrasava o fechamento, nãotinha noção alguma do metiê. Che-gou a implicar com o código CB,indicativodeminúscula, “caixabai-xa”. Não tinha nada a ver comCastello Branco, falecido eendeusado pelos “revolucionáriosde abril”, e foi difícil convencer oatento policial. Aliás, ele só acei-tounossaexplicação depoisde con-ferir com um gráfico, o chefe dasoficinas “Barriga”(Antônio LuizVieira).

No primeiro veto a uma maté-ria, deixei oespaçoembranco.Dia

seguinte, repeti a dose.Aí veio a ordem deBrasília: éproibido dei-xar espaçosembranco.Eisporque o“Estadão”ter usado trechos deCamões, o “Jornal daTarde” receitas culiná-rias, a “Veja” asarvorezinhas-símboloda Abril. Passei tam-bémater problemacoma diagramação dascha-madaspáginasgráficas,aquelas do segundo ca-derno, onde abusáva-mos do branco comoelemento de ilustração.Quiseram exigir pági-nas cheias, centímetroalgum sem texto oufoto. Nada de espaçosembranco...

O censor deixou aredação, onde tinhamesa e cadeira, comdi-reito ao café requenta-do do fim de noite,

quando as ordens começaram achegar, via bilhetinhos e até portelefone. A barra pesou. E ai dequem deixasse de cumprir as “ori-entações” do dr. Buzaid. Ahistó-ria e as coleções de jornais estãoaí para contar. Geralmente era euquem recebia as ordens. Assinavao “ciente”, tirava cópia, que erapregada no quadro de avisos. Te-nho guardadas comigo umas cin-qüenta tirinhas de papel, com o“fica proibido...” Proibiram osmais variadosassuntos. Até entre-vistas dadas por ministros de Es-tado, telegramas do Exterior comnotícias de domHélder Câmara emesmo crimes hediondos, como ada garota Ana Lídia, seqüestrada,violentada e torturada até a mortepor rapazes ricos de Brasília. En-tre eles, filhos de figurões da Re-pública. Ficávamos sabendo decertos assuntos sigilosos atravésdos tais bilhetinhos. Como, porexemplo, movimentação de tro-pas na fronteira com países vizi-nhos; o estouro de “aparelhos co-munistas”- nome que a repressão

liberdade de imprensa

Perigo à vistadava a esconderijos de militantesda esquerda; a guerrilha no Valeda Ribeira; no Araguaia etc. Anosde chumbo, de medo, do milagreeconômico, do “Brasil, ame-o oudeixe-o”.

Eu coloco como marco do fimda censura, no governo do generalErnesto Geisel, a série de matériasdo jornal “Estado de S. Paulo” so-bre ossuperfuncionários.Aprimei-ra reportagemsaiunumaedição dedomingo, denunciado a vidanababesca de ministros do gover-no e altos assessores. Os filmesproibidosque eramexibidosno ci-nema particular do Palácio do Pla-nalto, a mordomia com dinheiropúblico e aí vai. No pé da página,umaviso: a segunda matéria da sé-rie sairia na edição de terça-feira(não existia, ainda, edição àssegun-das). Todos achávamos que o go-verno não deixaria o “Estadão”publicar a continuação da história.Poispublicou! E a terceira reporta-gem. Estava então dado o aviso deque a censura afrouxara. Para nósde fora do eixo Rio-São Paulo, foia maneira mais rápida e segura deficar sabendo que passávamos arespirar novosares, mais oxigena-dos. “O Estadão” ganhou o Prê-mio Esso com a série sobre ossuperfuncionários. Escrevi, numlivro comemorativo aos25 anosdoPrêmio Esso, um artigo sobre ofato: “foi o teste de carga” da ponteentre a ditadura e a democracia. Ajamanta passoue a ponte não caiu.Todospoderíamos, dali para fren-te, cruzar a ponte, sem o risco deacabarmosapreendidos(osjornais)ou presos(nósoutros).

Estou vendo hoje uma novaameaça à liberdade de imprensa. Éo uso de dispositivosda Constitui-ção de 88 emações indenizatórias(dano moral), sem os limites esti-puladospela Lei de Imprensa. Estánascendo no Brasil uma nova in-dústria, a das indenizações. Este-jamos atentos, senhores.

Mussa José Assis é jornalista,diretor de Redação de “O

Estado do Paraná”.

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Uma lei aprovada por polí-ticos, atende geralmente ainteresses políticos, e es-

tes nem sempre seguem os dese-josda população e critérios de ci-dadania. A Lei Eleitoral nº 9.504,de 30 desetembro de 1997, que re-gulamenta os pleitos ao poderlegislativoe executivo no paísé umexemplode lei que, partindo de umsó pressuposto- o político enquan-to candidato -, restringe princípiosimportantes, inclusive o da liber-dade de imprensa.

Nas eleições para prefeitos evereadores, por exemplo, a impren-sa só pode abordar o dia-a-dia doscandidatos, se der espaço igual atodos, inclusive osque não tenhamchance de se elegerem. “A legis-lação dificulta o trabalho do jor-nalista. Do ponto de vista ético éaté defensável, mas na prática nãoé possível. Não se consegue ouvirtodos os candidatos e mesmo nocaso dos prefeitos há dificulda-des”, diz Aurélio Munhoz, daeditoria de Política de O Estadodo Paraná. Se é difícil a coberturapolítica de candidatos a prefeito,para vereador isso é impossível.Os candidatos a vereador apare-cem na mídia geralmente enquan-to curiosidade (oscandidatosmaisvelhos, mais novos, os nomes cu-riosos...). São 623 candidatos sóem Curitiba e na mídia o espaçodeles limita-se ao horário eleito-ral gratuito, ou na forma de publi-cidade, que é permitida em jornaise revistas, no seguinte padrão: es-paço de 1/8 de página se for jornalstandard, ou ¼ , se for tablóide.

“O princípio da legislação é oda igualdade aos candidatos, queprevalece mais que o interessejornalístico”, reconheceu em umencontro com a imprensa odesembargador IvanGradowski, doTribunal Regional Eleitoral. Se-gundo ele, se por acaso algum jor-nalista tiver dúvidas se algumamatéria possasoar comopublicida-de- seja esta a favor ou contra umcandidato -, o melhor a fazer é nãodivulgá-la.

Dado esse rigor, essas eleiçõestêm se caracterizado por uma ba-

liberdade de imprensa

Eleições: limites para informar

talha judicial diária, entre candi-datose partidospolíticos. Uma en-trevista com Maurício Requião,concedida em 24 de julho na Fo-lha do Paraná, levou a ColigaçãoMovimento Curitiba Sempre ComVocê (pró-Cássio Taniguchi) aentrar com representação na 2ªZona Eleitoral, alegando a divul-gação de fatos inverídicos, calúnia,difamação e injúria.O processo foiarquivado, porque a juíza da 2ªZona Eleitoral, Lenice Bodstein,reconheceu que o jornal realizouentrevistas com outros candidatosa prefeito de Curitiba e as respos-tasde Requião refletiamcríticas afatos sociais.

Receio de multasO receio de arcar com multas

eleitoraisfaza RedeParanaense de

Televisão, atendendo a um proce-dimento implantado há dez anosnaTV Globo, de realizar uma visitaoficial ao TRE antes de cada elei-ção,paraexpor seuplano decober-tura e saber quais os seus limites.Segundo Marden Machado, asses-sor de imprensa do TRE, asoutrasemissoras realizam consultas, masinformais, geralmente quando de-param-se com dúvidas. Os jornaistambémadotaramplanos restritosdecobertura.AGazetado Povonãodivulga, por exemplo, a agenda decandidatos a prefeito, nem comoeles buscam voto junto aos eleito-res. Os candidatos a prefeito deCuritibaaparecememmatériasge-néricas, como segurançapública oumesmo sobre a passagem de umano da morte deAníbal Khury. “Anossa política é ouvir os sete can-

Nessas eleições, os jornalis-tas possuem duas fontesconfiáveis de notícia. Aprimeira são os institutos depesquisa reconhecidos peloTribunal Regional Eleitoral.Asegunda, sem qualquer mar-gem de erro, é a Assessoria deImprensa do TRE, conduzidapelo jornalista Marden Macha-do, que há oito anos veiotransferido do TRE do Piauípara o Paraná.

“O Marden, no TRE, temuma assessoria de imprensarápida, eficiente”, elogiaRubens Burigo Neto, que teveproblemas emobter informa-ções de outras cidades: “Mes-mo na Região Metropolitana,há juizes que exigem ofício dojornal para poderemdivulgar onome doscandidatos”, reclamaRubens. Marden temutilizadoesse ano a internet e, diaria-mente, repassa por correioeletrônico aosveículosdecomunicação as informaçõessobre os processos que chegamà Justiça Eleitoral. Comisso,reduziuem 60% o número deligações telefônicas à Assesso-ria. “Aquela pergunta rotineira-“alguma novidade ?”- já nãoexiste mais” Agora, os repórte-

res ligam quandoprecisamde algumainformação comple-mentar”, diz Marden.Já os veículos que nãopossuem e-mail, estesrecebem os informesdo TRE via fax.

Uma das qualidadesda assessoria é a decontar com um amplobanco de dados. Estãoregistradosos resulta-dos de todas aseleições desde 1945 edados sobre eleitoradoe políticos desde aseleiçõesde 1990.

Melhor fonteé o TRE

Marden Machado: informaçõesdiárias via internet

didatos, seja qual for a situação. Ese por acaso não encontramos al-gum, dizemos na matéria que elefoi procurado”, explica o repórterRogérioGalindo.

“Qualquer frase pode darprocesso”, lembra Rubens BurigoNeto, repórter da Folha do Paraná,que diz existir apenas um remé-dio para não ser processado nes-sas eleições: checar as informa-ções. “Todos os dias recebemosdos assessores de imprensa doscandidatos. Sempre vem umrelease que diz uma coisa e outroque diz outro, ao contrário. Eusempre vou na Justiça Eleitoral,para saber se denúncia é registra-da”. Ele observa que é comumassessorias de candidato usareminformaçõesfalsaspara induziremjornalistas a erro. Publicadas, asinformaçõespodemser instrumen-to decampanha emprogramasgra-tuitos de rádio e TV.

Ainda sobre os assessores deimprensa, Aurélio Munhoz temoutras reclamaçõesa fazer. “Mui-tosligampara dar informaçõesinú-teise têmpecado pela baixa quali-dade do material.Não interessa sa-ber se o candidato visitouuma cre-che. É mais importante suas opini-ões e propostas”. Os jornalistasdepolítica reclamamainda da falta deconhecimento de assessores e can-didatos aos horários dos jornais.Muitos ligamexatamente no horá-rio de fechamento da editoria, nofinal da tarde.

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O presidente do Sindicatodos Jornalistas, MárioMessagi Júnior, esteve no

dia2 de agosto, reunido como pre-sidente doTribunal Regional Elei-toral, desembargadorTadeuLoyolaCosta. Messagi comunicou ao pre-sidente do TRE a preocupação doSindicato comacobertura daselei-ções municipais pela imprensa. Einformouqueo Sindicatoestá, atra-vésdo seuConselho deÉtica, rece-bendo denúncias sobre o usoantiético da imprensa ou sobre al-

liberdade de imprensa

Contra os apócrifosgumaação irregular de jornalistas.

Amaior preocupaçãodo Sindi-catoé emcoibir aexistênciade jor-nais apócrifos de campanha - semjornalista responsável -, por seremveículosilegais. Apresença do jor-nalista mesmo em jornais de cam-panha faz-se para o Sindicato ne-cessária, a fimde que profissionaispossam ser responsabilizados pordenúncias infundadase tenham es-ses veículos o compromisso ex-presso com a ética e o seu públicoeleitor.

DesembargadorTadeu Costa,presidente doTRE, lê ofíciodo Sindicato,em reuniãocom opresidenteMário MessagiJúnior

No Acre, só no mês dejulho, o juiz Adair Longuini,que é responsável pelapropaganda eleitoral, multouquatro jornaisde Rio Branco,quatro partidos políticos, umcandidato a prefeito, umdeputado federal e umsenador da República.Todasasmultas somadas chegaram aaproximadamente R$ 220 mil.

A maior parte das denúnci-as partiu do promotor eleito-ral Álvaro Luiz AraújoPereira. Ele denunciou osjornaisAGazeta, ATribunae O Rio Branco, que recebe-ram multas de 20 mil UFIRs,além do jornal Página 20, quepor ter reincidido em crimeeleitoral, ganhou uma multade 40 mil UFIRs.

Imprensa émultada no

Acre

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Um grupo de jornalis-tas e estudantes de jorna-lismo de Santa Catarinalançou em 18 de julho, oMovimento de Jornalistasem Defesa dos Excluídos.Chamado “Outras Vozes”,o movimento tem realiza-do reuniões com o objeti-vo de discutir problemassociais e o papel do jorna-lista frente à realidade.

“Nós queremos deba-ter e conquistar colegaspa ra se posi ci onem naquestão dos excluídos”,afi rmou a jornalista San-

Jornalistas catarinenseslançam movimento

pelos excluídos

outras vozes

dra Werle, integrante doMovimento, que confir-mou terem comparecidoao lançamento do “OutrasVozes”, em um bar deFl or i anópol is, ma is de100 pessoas. Na agendade debates estão definidasvisitas às escolas de co-municação e reuniões so-b re t emas especí f icos,como o do Movi mentoSem-Terra, para que estetambém apareça na mídiapor suas ações positivas enão somente em razão demortes e invasões.

Anote no se u cade rninho!

Na falta de espaço,a gente cria.Por tempos melhores,a gente sonha.Pela justiça social,a gente luta.

No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, o reconhecimento do Sindicato dos Engenheiros do Paranáa todos os jornalistas que, com seu ofício, semeiam o pensamento crítico e constroem transformação.

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18

liberdade de imprensa

Liberdade de imprensa. Seja por

costume ou não, o tema geralmente

aparece na própria imprensa pela

ótica da censura. Nos lembramos do

papel da imprensa na Ditadura,

dos Lusíadas e das receitas, que

denunciaram a tesoura,

o medo da informação.

Nestas páginas sobre liberdade de

imprensa, a proposta do Extra-Pauta

foi mostrar fotografias que foram

publicadas em jornais e que, de um

modo ou outro, revelam o repórter

livre para focar a notícia, ou a cena

que suscita uma pergunta.

O que é liberdade?

Foram os próprios repórteres que

escolheram as fotografias, seja pelas

estórias que elas contém ou pela

qualidade das mesmas.

Kraw PenasKraw Penas não tem dúvidas.Um dos momentos mais emocio-nantes que teve nos últimos anosfoi a retirada do acampamentosem-terra da Praça NossaSenhora do Salete, diante doPalácio Iguaçu, em novembro.Kraw foi um dos primeirosjornalistasa chegar no local,ainda de madrugada. Afotografiaque escolheu é deste conflito.Umradialista carregado pelaPolícia, desacordado.A fotografia foi publicada naFolha do Paraná.

Júlio CovelloFoi em Bruxelas. Umapasseata de curdos em

1988, denunciando autilização do gás sarin por

Sadam Hussein, quevinha dizimando as

populaçõescurdas noIraque. É a liberdade doprotesto de imigrantes,

fazendo ecoar para omundo uma informação,

ao mesmo tempo que umaproposta de ação.

Afotografia foi publicadaem um jornal alternativo.

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liberdade de imprensa

Antonio Augusto JúniorFoi nesse ano, uma matéria para a Tribunasobre o presídio feminino. Matériacorajosa e sensível, que mostrava o relacio-namento entre as mulheres homossexuais ecomo viam a sexualidade, a família, ofuturo. “Lá as homossexuais e as nãohomossexuais têm respeito”, disse AntonioAugusto Júnior. É como se o preconceito,detrás das grades, não entrasse.Afotografia foi publicada na Tribuna doParaná.

Jonas OliveiraEssa fotografia existe porque Jonas foi livre para decidir e acreditar na notícia. Desceuo Anhangava com os bombeiros, a procura de uma pista de um montanhista desapare-

cido. Sem a certeza de que o montanhista estaria vivo ou morto, ou o encontraria,Jonas desceu um terreno de difícil acesso, sujou-se de barro e até discutiu com a

repórter, que queria uma pauta mais leve.A fotografia foi publicada no Jornal do Estado.

Ricardo AlmeidaUm aidético, em fase terminal, nomeio do corredor do setor decerceragem, de uma delegacia depolícia, porque os presos não oqueriammais na cela. Publicadacom destaque no jornal, a fotogra-fia gerou problemasao delegadode polícia e a remoção do preso aoErasto Gaertner.Apesar da foto terdenunciado e interferido numasituação real, ela, segundo Ricardo,o faz passar mal. “É uma sensaçãode raiva de ter de fotografar isso,disso existir”.A fotografia foi publicada noJornal do Estado.

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Na segunda quinzena de setembro, a ItaipuBinacional assina contrato com o ConsórcioCeitaipu, liderado pela empresa Alston e forma-do ainda pela Asea Brow Boveri, Siemens e Voith,para a instalação de duas novas unidadesgeradoras, que aumentarão a capacidadeinstalada da usina de 12.600 megawatts (MW)para 14.000 MW. O valor do contrato, objeto deconcorrência internacional, é de US$ 184milhões 601 mil.

Vencedor de um processo de licitação interna-cional, o Consórcio Ceitaipu tem prazo, acontar do dia 10 de julho, de cerca de 36 mesespara instalar as duas unidades, uma em 50 hertz(Hz), que será instalada na margem paraguaiada barragem da usina, e outra em 60 Hz, namargem brasileira.

“Agora, com o término do processo licitatório ea aquisição dessas unidades geradoras, Itaipuagregará ao setor elétrico brasileiro e paraguaioum considerável volume de energia, numaimportante contribuição ao processo de desen-volvimento dos dois países”, afirmou o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Euclides Scalco.

Custo mais baixoA concorrência aberta por Itaipu estabeleceu

um teto máximo de US$ 190 milhões para aexecução de todos os trabalhos de instalaçãodessas máquinas. O consórcio vencedor épraticamente o mesmo que instalou as atuais 18unidades, que custaram na época (décadas de80 e 90) cerca de US$ 150 milhões cada uma,ou 60% a mais do que o custo estimado paracada uma dessas duas novas unidades.

Com a instalação das máquinas, finalmenteItaipu concretiza seu projeto original, que previaa instalação de 20 unidades. A binacional éresponsável hoje por 25% de toda a energiaelétrica consumida no Brasil e no ano passadobateu seu próprio recorde mundial de produçãode energia, com a marca de 90 bilhões dequilowatts-hora. Energia suficiente para atendero Estado de São Paulo durante todo um ano.

Testes e instalaçãoConforme o contrato, o Consórcio Ceitaipu,

antes de instalar as duas novas unidades, terá deexecutar o projeto e os testes de fábrica. Seráainda responsável pelo transporte, armazena-gem, montagem eletromecânica, obras civis,ensaios para colocação em serviço ecomissionamento (testes de produção).

Apesar dagrand ios idade dahidrelét r ica de TrêsGargantas, em cons tru-ção na China, I taipucont inuará sendo , pormu ito s anos, a maiorh id relét r ica do mundono it em mais importan-te de uma usina des tet ipo: produção deenerg ia. Antes mesmode poder contar commais duas unidadesgeradoras, I ta ipu che -gou à marca de 90bi lhões de qu ilowatt s -hora (kWh ) no anopassado, enquanto aprev isão para TrêsGargantas é de produ-zi r 84 b ilhões de KWh/ano com suas 26 má-qu inas de 680 MWcada - 20 MW a me-nos do que cada umadas 18 unidades gera-do ras de I ta ipu podeproduzir - 700 MW.

Esse recorde só se rámant ido por que anatureza favoreceI t aipu. A vazão do R ioParaná é mais es táveldo que a do R io Yang-tse, onde Trê s Gargan-tas está sendocon stru ída. Além dis so,as águas do Rio Paranásão regu ladas pelasdezenas de us inas queex istem ac ima deI taipu.

Em três anos, Itaipu terámais duas máquinas

Mesmodepois de TrêsGargantas,Itaipu será amaior emprodução

informe publicitário

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Omês de julho foi tristepara a imprensa brasileira, com o falecimento de

Barbosa Lima Sobrinho e AloysioBiondi. Osdois jornalistas tinhamem comum a defesa da liberdadede expressão e a utilização da in-formação a serviço de um Brasilmelhor.Amboseramde esquerda,nacionalistase batiamduro contrao programa de privatização do go-verno FHC. Mas, defendiam asmesmas idéias sob óticas diferen-tes. Barbosa Lima Sobrinho escre-via coma experiência de quemviue viveua história. Biondi exibia umpoder mágico de decifrar ao brasi-leirocomumo complexo mundo daeconomia.

Alexandre José Barbosa LimaSobrinho faleceu em 16 de julho,aos103anos,vítimadefalênciamúl-tipla dos órgãos. Um dos mais im-portantes jornalistas do país nesteséculo, nasceu emRecife, em22 dejaneiro de1897.Oprimeiro empre-go foino AProvíncia, deRecife, em1915. Em1921, transferiu-se parao RiodeJaneiro,ondepassoua tra-balhar noJornal do Brasil, como re-dator das notícias do Senado. Em1924, seria promovido a redator-chefe do JB,quando começou aes-crever artigosde fundo. “Não haviabem essa categoria de editor, mashaviaacategoriado jornalistadear-tigo de fundo (...). Naquele tempo ojornalista chegava e sentava-se àmesa para escrever. Nem se usavamáquinaainda, escrevia-seà mão oque seria publicado no dia seguin-te”, lembrouBarbosa Lima, emen-trevistaaoJornaldaABI,publicadaemjunho de 1996.

É nosanos20 que revela-se umnacionalista, publicandoartigosemdefesa do petróleo no Brasil. Em23, lança o livro “O problema daImprensa”: um clássico entre asobras sobre jornalismo escritasnopaís (disponível na biblioteca doSindicato) Em1926, assumiu pelaprimeira veza presidência da ABI-

liberdade de imprensa

O legado de Barbosa Limae Aloysio Biondi

Associação Brasileira de Impren-sa, cargo que retornaria por maisduas vezes: em 1931 e 1974.

Apartir dadécadade30,Barbo-sa Lima concorreu a cargos públi-cos, comêxito: elegeu-sedeputadofederal por Pernambuco em 1935.Em 1945 tornou-se governador dePernambuco pelo PSD ( PartidoSocial Democrático),comapoiodoscomunistas. Em 1947, quando dadecretaçãodailegalidadedoscomu-nistas,BarbosaLima teveumatodecoragem: determinouque a políciaconsertasseasmáquinasdojornaldoPCemRecife, empasteladosemseuconsentimento. O mandato comogovernador terminouem1951. Em58, elegeu-se deputado federal porPernambuco,peloPSB(PartidoSo-cialistaBrasileiro).

A aposentadoria viria em 67,compulsóriapelos70 anos, na con-

dição de procurador da cidade doRio de Janeiro. Contrário ao golpemilitar, em1973BarbosaLima lan-çou-se vice na chapa de UlissesGuimarães, no que foi aanticandidatura à Presidência daRepública.Em1984,participouati-vamente da campanha pelas Dire-tas Já. Em 92, Barbosa Lima foiconvidado por oito partidospolíti-cos a encabeçar o pedido deimpeachment de Fernando Collor.Nos últimos anos, em artigos, en-

trevistas e nos eventos da ABI,Barbosa Lima Sobrinho batia durocontraogoverno FHC.Eraopositorprincipalmente dasprivatizações,lembrando sempre que “o desen-volvimento à custa do capital es-trangeiro está longe de consolidara independência de umpaís”.

Economiapara todos

“Compre você também umaempresa pública, um banco, umarodovia, umporto. O governo ven-de baratíssimo. Ou pode doar”. Otítulo enorme do primeiro capítulodo livro “O Brasil Privatizado”,lançado por Aloysio Biondi anopassado, revelaqual era sua princi-pal qualidade como jornalista.Biondi dizia ascoisasde economia

de formadireta, semtentar agradarempresáriose políticos.

Biondi começou sua carreiracomo jornalistana Folhade S.Pau-lo em56, ocupando o cargo de edi-tor-executivo do caderno de Eco-nomia.Foi, depois, secretário de re-dação da Folha e da Gazeta Mer-cantil. E diretor de redação do Jor-nal do Comércio, do Rio de Janei-ro, e do Diário Comércio e Indús-tria, de São Paulo. Foi editor deeconomia da revistasVeja eVisão.

NaVisão marcouhistória elaboran-do sozinhoo “quemé quemnaeco-nomia”: um marco do jornalismoeconômico no país. NaVeja entroupara a história como o primeiroeditor de mercado de capitais nopaís, funçãodepoisexercidano jor-nal Correio daManhã.Ganhoudoisprêmios Esso de Jornalismo Eco-nômico: em1967, na revistaVisão,e em 1970, na revista Veja.

Sua irritação nos últimos anosera comoslimites impostosao jor-nalismode informação, comaondaneoliberal. Biondi sentiu isso nobolso. AFolha de S. Paulo restrin-giu sua presença no jornal a umacoluna semanal, pagando a elecomo se fosse um jornalistainiciante. Isso obrigou Biondi asobreviver, por anos, na base de“frilas” para empresas, fundaçõese sindicatos.Ano passado, trocouaFolha pelo Diário Popular, de SãoPaulo. E para escrever uma sériede livrosàEditoraFundaçãoPerseuAbramo.“OBrasil Privatizado” foilançado emvárias capitaisdo país,o que o tinha deixado feliz, como apermanência no mercado editorialde projetososquaiscolaborava: asrevistas “Bundas” e “Caros Ami-gos”.

Contra as privatizações e mui-ta coisa mais no governo FHC,Biondi não poupava críticas à im-prensa. Dizia que a notícia, nasmatériasde economia, estava sem-pre nasúltimasseis linhas. Há doisanos, esteve emCuritiba para umapalestra sobre o Dia Mundial daLiberdade de Imprensa. Foi quan-do disse: “Eu acho que a gente de-veria estar comemorando hoje, noBrasil, o dia da manipulação daimprensa. O que a gente viu nosúltimos anosfoi uma manipulaçãototal e muito bem feita porque ojornalista passoua usar o conheci-mento dele que era para informar,para desinformar”. Aloysio Biondimorreuem21 de julho, aos63 anosvítima de complicaçõescardíacas.

Barbosa Lima eAloysio Biondi:

opositores dofenômeno do“pensamento

único” quepredomina na

imprensa brasileira

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Extra Pauta - Como o senhortornou-se professor da UFPR?

João Féder - Já tinha o cursona Universidade Católica e eu eera professor lá. Quando fiz con-curso para a Federal, tirei 10 emtodas as notas, menos em títulos.Mas não poderia ser, se no pri-meiro curso fui professor?

EP - Onde o senhor começousua carreira de jornalista?

João Féder - Comecei comoradial ista na ext inta RádioGuairacá, em fins dos anos 50.Em jornal comecei em O Estadodo Paraná, que funcionava na RuaVicente Machado, onde foi fun-dado. Ele era do Aristides Mehrye do Fernando Camargo. O che-fe-de redação era o Freitas (JoãoDedeus Freitas Netto). O diretorera o Aristides e o Fernando nãoera diretor de nada. Então, resol-veram criar outro jornal para eleser diretor. Me escolheram por-que eu era o melhor da redação,mas não me disseram “você vaicriar aTribuna do Paraná”. E sim,“você vai criar um vespertino”. Onome do jornal foi eu que esco-lhi. Eu fundei a Tribuna doParaná, em 56.

EP - A Tribuna sempre teveeste formato popular?

João Féder - O FernandoCamargo me falou: “planeje sol-tar um vespertino, um jornal paracircular às cinco horas da tarde”.Tudo bem, comecei a trabalhar.

EP- O jornal nasceu com acor vermelha?

João Féder - Sim, porque tí-nhamos duas opções: o azul e overmelho. A Última Hora usavao azul. Para não ficar igual fomosbotar o vermelho. Fizemos umaequipe pequeníssima, aproveitan-do a estrutura de o Estado. Cha-mei o pessoal e disse: “A máqui-na é a mesma, a tinta é a mesma eo papel é o mesmo. Só que paranós, da Tribuna, é mais importan-te um gato morto na PraçaTiradentes que um avião que cai

O conselheiro da imprensa

no Japão”. O que quis dizer comisso ? Que teria de ser um jornalde interesse da cidade. Nós lan-çamos o jornal, realmente, às cin-co horas da tarde. Um dia, ante-cipamos para às três horas. E elepassou a vender muito mais. Foipara meio-dia e passou a vendermais. Então, foi para manhã e to-mou conta da cidade.

EP - A Tribuna sempre deudestaque ao noticiário policiale de futebol?

João Féder - Sim. E títulosbem abertos, fotografias amplase cor. Esse era o planejamento dojornal. O jornal foi lançado no dia

19 de outubro (no ano de 1956),no aniversário de FernandoCamargo, que era dono e secretá-rio.

EP - Sua experiência com aTribuna foi até quando?

João Féder - Até o dia em queo Paulo Pimentel comprou os jor-nais. Daí, passei a dirigir a em-presa. Eu conheci o PauloPimentel por acaso. Um dia eleme chamou no gabinete da Secre-taria da Agricultura. -“Um pesso-al me ofereceu o equipamento doO Dia e o equipamento está numgalpão perto do Palácio do Batel.Você quer dar uma olhada lá?”.

Eu fui, voltei e disse: “Sucata,aquilo não vale nada. Você quercomprar um jornal ? Por que nãocompra O Estado do Paraná ? Euacho que eles vendem”. Porquedisse que venderiam ? Porque umdia estava conversando com oFernando Camargo sobre o pro-blema. Os dois (Mehry eCamargo) tinham 50% juntos,mas teve uma época que o LuizAlberto Dalcanale começou acomprar ações de O Estado doParaná. Chegou a comprar 48%.Daí o Fernando disse: “Eu nãotenho dúvidas entre eu o Mehry,que jamais haverá uma briga. Oproblema é na hora que um mor-rer, os nossos filhos”. Então, euachava que poderiam vender ojornal e falei para o Paulo. Daí,marquei um encontro do PauloPimentel com os dois, um segun-do encontro, terceiro e, finalmen-te, na casa do Luiz FernandoDalcanale, que estabeleceu quin-ze condições para a venda. Paulofechou a compra no almoço e dis-se para mim: “Olha, eu não en-tendo nada e você vai tocar issoaí para mim”. E passei a dirigiros dois jornais até 76.

EP - O senhor deixou a dire-ção do jornal quando tornou-seconselheiro do Tribunal de Con-tas?

João Féder - Não, fui nomea-do e continuei, porque poderiaacumular. Daí, em 76, o Geiselbaixou uma lei em que juizes nãopoderiam acumular função, a nãoser professor de escola superior.E o impedimento de conselheirodo TC é igual do juiz. Continueisendo conselheiro e professor deJornalismo.

EP - Como foi dirigir um jor-nal na época da Ditadura ?Houve problemas em O Estadodo Paraná?

João Féder - Não poucos. Dia13 de dezembro de 1968, estouna minha sala com a televisão li-gada, quando se anuncia o Ato

entrevista

J oão Féderteve umareviravolta na suavida aos 70 anos.Aposentado porforça de lei comoconselheiro doTribunal de Contase professor daUniversidadeFederal do Paraná,onde lecionava acadeira de Ética,ele decidiu retornarao jornalismodiário. Voltou ao OEstado do Paraná,onde hoje ocupauma sala na ala dadiretoria do jornal epara o qual vemdando suacontribuição comojornalista,publicando sempreuma entrevista aosdomingos. Ao ExtraPauta, Féder falousobre a criação daTribuna do Paranáe sua trajetóriaprofissional, comodas relações nemsempre éticas entreestado e imprensa.

João Féder

Féder foi intermediário na compra de O Estadodo Paraná por Paulo Pimentel

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Institucional nº 5. Meia hora de-pois entra o major na minha sala:“Sou o major da 5ª Região Mili-tar e queria ver seu jornal”. Cha-mei o rapaz lá e mandei trazer asprovas. Ele olhou e riscou umasduas matérias. Cheguei para o ra-paz e disse: “corta isso, cortaisso”. E o jornal saiu com doisvazios pequenos. No dia seguin-te, o major chegou na minha sala:“Só queria dizer ao senhor quenão pode sair espaço em branco,porque dá impressão ao públicoque tem censura”. Isso aconteceuem jornais no Brasil inteiro, tan-to que o Estado de São Paulo pas-sou a publicar onde estava cen-surado “Os Lusíadas”, deCamões. E o Jornal daTarde, comreceitas de tortas. Nós, em respei-to ao leitor, procuramos preen-cher com alguma notícia de me-nor importância, mas que fossenotícia. Além disso, tivemos umproblema seríssimo, quando ochamado “governo revolucioná-rio” indicou para o governo o en-tão deputado Haroldo LeonPerez. Quando ele assumiu, real-mente passou a atacar, a tiranizar.A televisão tinha um programa:O Show de Jornal, que apresen-tado pelo J.J e o Jamur Júnior eredigido pelo Adherbal Fortes eRenato Shaitza, ironizava o LeonPeres. Eu lembro que o secretá-rio de Fazenda dele chamavaLineu Trippel. E o Jamur diziaassim: “Lineu, cadê o meu ?”. OLeon Peres mandou a polícia noCanal 4, para impedir o jornal etentar prender o Paulo Pimentel,o Jamur, os redatores e os locuto-res. Foi um episódio desagradá-vel.

EP - Como foi sua nomeaçãoao Tribunal de Contas?

João Féder - Eu fui nomeadosem ter pedido. Um dia o PauloPimentel me chamou na casa delee disse que iria me nomear para oTribunal de Contas. Nunca pas-sou pela minha idéia, porque euera jornalista e estava satisfeito.Eu nunca tinha exercido nenhumcargo público e não pretendia,queria ser jornalista e estava sa-tisfeito onde estava. Me nomeouem dezembro de 66.

EP - O senhor deixou o Tribu-nal de Contas reclamando dacorrupção. Essa não é também

uma questão de cidadania a sertratada: a corrupção entre go-vernos e empresas de comunica-ção?

João Féder - Evidente. Se cadajornal colocasse um jornalista emcima dos atos do governo, nós te-ríamos denúncias diárias. Semdúvida nenhuma, que a corrupçãonão acaba. Infelizmente, se podereduzir a corrupção a termos to-leráveis pela sociedade: digamos10%. Isso a sociedade tolera, por-que a corrupção tem um custo e éa sociedade quem paga.

EP - É impossível terminarcom a corrupção?

João Féder - É impossível por-que a própria sociedade que co-labora com isso. Você está indopara a praia a 120, o guarda pára.Você prefere pagar a multa oudarvintão para o guarda ? A maioriaprefere molhar a mão do guarda.É a sociedade quem paga e isso

estimula a corrupção, se bem quea maior parte da corrupção estejadentro dos governos.

EP - Em relação aos jornais,isso é sentido também?

João Féder - Também, porquenossos jornais são independen-tes mas não muito. E, falandosinceramente agora, a partir doprimeiro governo Ney Bragacriou-se no Paraná o vício dogoverno transferir parte de ver-bas aos jornais, rádios e televi-são. Eu fiz, há alguns anos, aná-lise da prestação de contas dogoverno e fui informado que ogoverno pagava para todas as rá-dios do Paraná. Todas ! Poderiaser que ganhassem pouco, mastodas ganhavam dinheiro do go-verno. Ou seja: a sociedade dei-xa de ser informada.

EP - Isso ocorreu em todos osgovernos desde Ney Braga?

João Féder - Isso começou com

o Ney Braga no primeiro governoe, um pouco mais, um pouco me-nos, todos vieram fazendo. Por-que, depois que começa é difícilde cortar.É ummal quedepoisquecomeça, é complicadochegar paraos jornais, ou rádio ou televisão edizer “olha, a partir de agora nãotem mais dinheiro”.

EP - Faltaria determinaçãodos governantes para cortar comisso?

João Féder - Enfrentar a para-da e arcar com as conseqüências,que não é fácil.

EP - Haveria receio de oposi-ção maior?

João Féder - Oposição violen-ta e desgaste político, inevitavel-mente. A mídia, hoje, é efetiva-mente o quarto poder do Brasilinteiro.

EP - A comunicação ganhounesses últimos 30 anos novasformas. Houve o domínio da te-levisão e, agora, o surgimentoda internet. Nesse período hou-ve um aumento dos problemasde ética?

João Féder - Nós estamosainda em fase experimental.Criamos a televisão e não sabe-mos como usá-la apropriada-mente. Isso no mundo inteiro.Na internet isso se amplia deuma maneira fabulosa, aindaque a internet seja um órgãoelitista ainda. A internet estásendo um problema para a éti-ca, a liberdade de imprensa etudo. Nossa constituição de 88,felizmente, proíbe qualquercensura. Então, se faz o que qui-ser no jornal, no rádio, na tele-visão e na internet. Agora res-ponde pelo que faz judicialmen-te. O sistema é correto.

EP - Na sua opinião, o quefaltaria hoje ao Jornalismo?

João Féder - Jornal ismoinvestigativo. Essa é a grande la-cuna dos jornais, principalmentedo Paraná.

EP - Essa ausência deve-se àsimplicações político-financei-ras dos jornais?

João Féder - Isso tem um cus-to. É preciso ter alguém que faça,bem pago e que corra riscos. Porexemplo: se fizer uma matériainvestigativa com o tráfico é ris-co de vida. Além do mais: não háquem possa competir com o po-

der econômico dos traficantes.Hoje é o grande poder econômi-co do país, se não for do mundo.Sou favorável a liberação da dro-ga, à legal ização. Tem quedescriminalizar. A minha idéia éliberar e vender na farmácia, me-diante consulta. Em vez de com-prar de traficante, escondido nomorro, na boate, vai na farmácia,mediante consulta e pede: “euquero tanto de maconha, tantodisso aqui e isso aqui”.

EP - Vamos comentar sobre adisciplina de ética. O que mu-dou na ética no período entre asua primeira aula, nos anos 60,e última aula, em 2000?

João Féder - A ética está sen-do pouco a pouco esquecida. Aimprensa no passado era muitomais ética, principalmente numaquestão que vai acabar se chocan-do com o principio da liberdadede imprensa: a privacidade. O Jor-nalismo tem avançado pelatecnologia e pelo esforço dos seusprofissionais e isso tem incomo-dado muita gente.

EP - Essa questão de privaci-dade é freqüente nas editoriasde TV e lazer, mas existe tam-bém em editorias como a políti-ca?

João Féder - O político só de-fende a privacidade quando é pre-judicial a ele, porque o políticovive da notícia, vive da mídia esabe disso. São poucos aquelesque não sabem explorar isso.Hoje, se você observar, a maioriados políticos vem dos programasde rádio matinais. Se não criaremum impedimento para isso, as as-sembléias e câmaras serão assem-bléias e câmaras de radialistas. Éum atrás do outro.

EP - Nas editorias de Políticaos jornalistas estão observandomais a ética que no passado?

João Féder - Eu acho que sim,mas até erroneamente. A Supre-ma Corte dos Estados Unidos dizque a liberdade de imprensa exis-te para que os jornais possam cri-ticar o governo e vigiá-lo emnome da sociedade. E a nossaimprensa, evidente, não faz isso.A ética, aí, é o inverso. Quer di-zer: os jornais têm que fazer maiso que estão fazendo, mais oposi-ção aos governos federal, estadu-al e municipal.

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Féder: “nossos jornais são independentes, mas não muito”

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Jornalista da assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça desde 87, Telma Regina

Coimbra Serur recebeu em 3 dejulho uma comunicação desagra-dável de seu chefe, AntonioClaret de Rezende. Ela teria depassar no Departamento de Pes-soal, a fim de saber a que novoórgão da justiça passaria a servir.Era o início de um novo pesade-lo para Telma, que em 16 de ju-nho obteve julgamento favorávelpelos desembargadores do Tribu-nal, do mandado de segurança queimpetrou contra o TJ, em razãode uma repreensão semelhante,que perdurou de 95 a 97.

Nas duas repreensões, Telmafoi afastada das atividades de jor-nalista para realizar expediente deoito horaseatender balcão naVarade Infância e Juventude, no setorde infratores, localizada no Capãoda Imbuia. Desta vez, da comuni-cação de Claret de Rezende à pu-blicação da transferência, decorre-ram-se 17 dias, em que Telma es-teve noTribunal só batendo o car-tão-ponto e procurando saber asrazões do atual afastamento. Emvão. Em 25 de julho, um dia apósa data da sua apresentação naVarade Infância e Juventude, elaprotocolouumpedido de informa-ções na secretaria-geral doTribu-

Jornalista é afastada da função no TJnal, até o momento sem resposta.Descontente em travar uma novaluta com a Justiça para atuar naprofissão que escolheu, Telmacaiu em depressão e saiu de licen-ça médica. “Estou há ummêscomlicença médica. Eu não consigomais pensar na idéia de ficar doisanos fora da atividade. Isso mecustou muito. Quando fui tiradapor dois anos do mercado de tra-balho, eu fiquei por fora das novi-dades do Jornalismo, isso semcontar as humilhações que tive”,afirma. O que a incomoda não étrabalhar longe da sede do TJ, masemoutra atividade que não de jor-nalista. “Eu posso fazer estatísti-cas, pesquisas e reportagens sobremenores infratores, mas não que-ro trabalhar commovimentação deprocessose registros de queixas”,reivindica.

Motivação políticaTelma não tem dúvida: seus

dois afastamentos foram por mo-tivação política. Em 95, ela per-tencia á diretoria do Sindijus-Sindicato dos Servidores do Po-der Judiciário do Estado doParaná- e era a responsável pelojornal do sindicato. Foi afastadada assessoria do TJ pelo entãopresidente, o desembargadorCláudio Nunes do Nascimento,

descontente com as críticas dojornal sindical. Telma reassumiuseu lugar na assessoria em maiode 97, por determinação do su-cessor de Nunes do Nascimen-to, o desembargador HenriqueChesneau Lenz César.

Quanto a atual repreensão,embora não tenha sidocomunicada pelo TJ, Telma diz

estar relacionada à greve da cate-goria, por quinze dias, emabril, aqual aderiu. Seu nome aparecenuma lista de quatro funcionári-os que não fizeram expedienteentre os dias 3 e 11 de abril, ela-borada por Antonio Claret deRezende, em resposta a solicita-ção de Gilda Maria Nascimento

de Macedo, diretora de Gabineteda Presidência do TJ. Esta comu-nicação foi datada em 11 de abril,portanto emmeio a greve dosser-vidores. Pela greve, Telma tevepor dois meses seguidos o des-conto de um terço do seu salário.

Desvio de funçãoPara transferir Telma, o TJ

tem se valido de um artifício: ofato dela não ser registrada comojornalista, mas como técnica ju-diciária, condição emque ficaramtodos os funcionários que tinhamsido contratados em regime CLT.Não há quadro para jornalistas noTribunal, mas de redatores. Nes-te quadro, das cinco vagas queexistem, apenas duas foram ocu-padas, pelas jornalistas Rita Ma-ria de Jesus e Maria LuizaGualberto.

Como ocorreu à época da re-preensão anterior, o Sindicato dosJornalistas manifestou-se sobre ofato. Em 3 de agosto enviou cor-respondência ao desem-bargadorSidney Dittrich Zappa, em quelembra que Telma Regina Serurdesempenha há 14 anos a funçãode jornalista no Tribunal, comjornada de trabalho de cinco ho-ras. Essa correspondência não re-cebeu, até o momento, respostado presidente do Tribunal.

Entrevista à Rede Globo,sim. À Gazeta do Povo e Rá-dio CBN, não. O superinten-dente em exercício da PolíciaF eder al , Luiz Ber tr andMelzer, não forneceu qual-quer informação a esses doisveículos de comunicação so-bre a prisão de Altair Munizde Carvalho, bancário apo-sentado e fraudador do INSS,preso em flagrante quandotentava aplicar um golpe empessoas interessadas em re-querer aposentadoria.

Superintendente da PF dá preferência à Globo

abuso patronal

imprensa no paraná

A notí cia da pr isão foid i vul gada na Rád i o CBNpela manhã, como destaqueda repór ter Melissa Bergon-si. Durante o resto da ma-nhã , no e nt ant o , e l a nãoconsegui u qual que r i nfo r-mação oficial da Polícia Fe-deral. Em contato por tele-fone com Mel zer, Mel issaouvi u do de l egado que oprocesso estaria sob sigilo,nas mãos da delegada AnaZelinda Buffara. No mesmodia, contudo, Melzer apare-

ceu no TJ Paraná SegundaEdição, às 19 horas, dandoentrevista à TV Paranaense,cuj a rep o r t agem foi mai sadiante: mostrou a imagemdo flagrante, gravada comuma microcâmera.

À repórter Ronise Vilella,da Gazeta do Povo, Melzerfoi claro. Revelou que nãopoder ia passar detalhes daprisão ao jornal, porque te-ria exclusividade com a TVParanaense até às 19 horas.E como Gazeta do Povo e

TV Paranaense per t encemao mesmo grupo empresari-al, teria dito à repórter umafrase curiosa: “Se quer in-formação, pergunte à Dul-cinéia”, em referência à re-pór ter Dulcinéia Novaes, daTV P ar anaense . “ Ho uvedesrespei to. Ele estava cor-t ando i nfor mações d e umcaso importante e que esta-va sendo veiculado. Não en-tendo qual o procedimentode ocultar a informação queé de interesse público”, dis-

se Ronise.Sobre o caso, o chefe-

de-reportagem da TV Para-naense, Carlyle Ávila, afir-mou que desconhece qual-quer contrato de exclusivi-dade de entrevistas com ai mp r ensa . Mel z e r ne gout amb ém o o co r r i do : “ E usemp r e t r a t ei a i mpr ensacom a melhor l isura e boavontade. E entendo que umaatitude como essa é anti-ét i-ca. A Polícia Federal nãotrabalha dessa forma”.

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A Sanepar inaugurou estemês a Barragem do Iraí,localizada entre osmunicípios de Pinhais,Piraquara e Quatro Barras.A barragem custou cercade 27 milhões de reais,recursos do Programa deSaneamento Ambiental -Prosam, e terá acapacidade de armazenar52,5 bilhões de litros deágua em uma área de14,6 quilômetrosquadrados.

Antes mesmo de estartotalmente cheia, abarragem, a maior doEstado para abastecimentopúblico, já cumpriu suasduas principais funções.Ajudou a evitar as cheiasdo Rio Iraí na região dePinhais e contribuiu, nesteúltimo período deestiagem, para regularizara vazão dos Rios Iraí eIguaçu que abastecemparte da Grande Curitiba.Esta é a primeira etapa doprojeto de ampliação do

informe publicitário

BARRAGEM DO IRAÍ É INAUGURADA

O governo do Estado,através da Sanepar,autor izou o início daspr imeiras obras deesgoto que fazem partedo Projeto deSaneamento Ambientaldo Paraná - Paranásan.Com um invest imentototal izando 125milhões de reais, estasobras vão ampliar oatendimento com oserviço deesgotamento sanitár ionas bacias dos RiosBar igüi e Padilha, naGrande Cur it iba. Serãoexecutadas 1.000quilômetros de redescoletoras de esgoto,

SANEPAR INICIA OBRAS DE ESGOTO DO PARANÁSANimplantadas 51 milnovas l igaçõesdomici l iares econstruídas 3 estaçõesde tratamento.

Cerca de 500 milpessoas serãobenef iciadas logo apósa conclusão desteempreendimento. Noentanto as estações deesgoto foramdimensionadas paraacompanhar ocrescimentopopulacional da Regiãoe terão a capacidade deatender 1,2 milhões depessoas.

As obras deesgotamento sanitár io

do Paranásan vão elevaros índices deatendimento dapopulação da GrandeCur it iba para 80% decoleta com 100% detratamento, além decontr ibuir para despoluiralguns r ios que estãocomprometidos com olançamento de esgotosdomést icos. Ospr incipais bairrosbenef iciados nestapr imeira etapa de obrassão Campo Comprido,parte de SantaFelic idade, São Brás,Fazendinha, Portão,Pinheirinho, CIC, Bair roNovo, Sít io Cercado,

Capão Raso e regiãocentral de AlmiranteTamandaré.

Paranásan

O Paranásan é o maiorPrograma deinvest imentos daSanepar. São 392milhões de dólaresdest inados àimplantação eampliação de sistemasde esgotamentosanitár io, defornecimento de água eem um projeto dedest inação f inal deresíduos de agrotóxicos.Os recursos serão

aplicados na RegiãoMetropol i tana deCur it iba, Litoral doEstado. As pr imeirasobras para ampliaçãodo sistema deabastecimento de águajá começaram ecompreendem redes dedistr ibuição,reservatór ios e a maiorestação do Estado, ado Iraí , que terácapacidade de tratar4.200 l i t ros porsegundo, suf icientespara atender cerca de2 milhões de pessoas.Uma garant ia deabastecimento para ospróximos 10 anos.

sistema de abastecimentode Curitiba e RegiãoMetropolitana - ComplexoIraí - que prevê ainda aconstrução de um sistemaprodutor - ETA Iraí - eoutras obrascomplementares comoreservatórios e redes dedistribuição de água.

Barco a vela

A Sanepar, a SecretariaEstadual de Esportes eTurismo e a FederaçãoParanaense de Velaassinaram um Protocolo deIntenção visando aimplantação, na área dabarragem, de uma escola de

Vela. Os ventos constantesna região do lago sãofavoráveis à prática doesporte da vela náutica.Para os praticantes desteesporte, o projeto dará umgrande impulso à vela doParaná. Segundo eles, hojeexistem dificuldades para oseu desenvolvimento, porcausa, principalmente, danecessidade dedeslocamento dosvelejadores de Curitibapara o Litoral do Paraná.

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Um basta à acei taçãoacrítica deestrangeirismosna língua

portuguesa. Esse é o fundamentodo projeto de lei nº 1676/99, deautoria do deputado federal AldoRebelo (PCdoB-SP), aprovadopela Comissão de Educação e Cul-tura da Câmara dosDeputados. Setornar-se lei, palavras não incor-poradas ao vocabulário pela Aca-demia Brasileira de Letras- enti-dade responsável pela inclusão eo aportuguesamento de vocábulosestrangeiros no país -, serão con-sideradas lesivas ao patrimôniocultural brasileiro.

Rebelo propõe que a línguaportuguesa seja obrigatória “notrabalho, nas relações jurídicas,na expressão oral , escr ita,audiovisual e eletrônica de todosos documentos e eventos públi-cos”. E que “deverão ser escri-tos ou falados em português osmeios de comunicação, a publi-

Projeto defende Língua Portuguesa

cidade, as embalagens e toda equalquer comunicação dentro doterritório nacional”.

Na mira do deputado está,portanto, a imprensa, que nos úl-timos anos consagrou termoscomo playoff, para jogos finaisem sistema de disputa direta, eteen para designar jovens e ado-lescentes. É este tipo de substi-tuição, provocada por modismoe, por vezes, apelo comercial,

que Rebelo querevitar. “O proje-to não fere aconst i tuição enão tem nada dexenófobo. Quemquiser publicarum jornal total-mente em espa-nhol ou em in-glês poderá fazê-lo”, diz o depu-tado.

ApoioNo Paraná, o projeto de Aldo

Rebelo recebeu apoio do jorna-lista aposentado João DedeusFreitas Neto, ex-diretor da Im-prensa Oficial e que tem defen-dido a língua portuguesa em ar-tigos e entrevistas. Há cerca dequinze anos, Freitas Neto publi-cou um artigo na Gazeta do Povocom o título “Modismo na lin-guagem é indigência cultural”.

“O problema não é adotar termosestrangeiros, mas o quanto o usoinfluência na formação da lín-gua”, diz. O jornalista lembra daeliminação da preposição em ter-mos da língua portuguesa. “Nin-guém mais diz que o refrigeran-te é sabor de limão, mas saborlimão. O Departamento de Pes-soal passou a ser DepartamentoPessoal”.

Para que o projeto tenha efi-cácia, se transformado em lei, opapel de fiscalização caberá aoministério e secretarias de edu-cação. Esses órgãos seriam res-ponsáveis pela aplicação de no-tificações e multas. Embora su-gira no projeto multas entre1.300 e 13 mil UFIRs, Rebelodeixa a definição dos valorespara o Poder Executivo, quandotiver de regulamentar o projeto.Falta pouco. Se aprovado pelaComissão de Justiça da Câmara,torna-se lei.

Teen no FunTeen é hoje uma das

expressõesestrangeirasqueaparecemcomgrafianormal,semo itálico ouaspasparadesignar termo estrangeiro, noFun ( “diversão” emportugu-ês): o único caderno comtítulo eminglês nos jornaisdiáriosde Curitiba.

“Apalavra teen é de usocorrentee está agregada aovocabulário dosjovens”,dizDanielle SoaresBrito, editorado caderno. Elaconfessaquetem pensado sobre o uso deestrangeirismosno caderno eoptadopor palavrasemportuguês, quandopossível.Daniellediz que considerateen sua terceira opçãoparajovemouadolescente. “Comona Gazeta temosde dar trêsinformaçõesnanotícia-suspensório, título e gravata-euacabo sempre usando teen,quandoa palavraadolescentenãocabe no título”, revela.

debate

ação sindical

O Sindicato dos Jornalistasganhou seu Núcleo de Jornalis-mo Solidário. A criação do Nú-cleo, uma das indicações do 4ºCongresso Estadual de Jornalis-tas, realizado ano passado emGuarapuava, é sonho antigo dealguns profissionais, preocupa-dos em que os jornalistas assu-mam um papel efetivo de cida-dania na sociedade e participemde ações sociais na condição devoluntários.

O Núcleo é aberto a todos osassociados. A idéia é que o Sin-dicato seja uma central de açõessolidárias, trabalhando anual-mente com uma campanha espe-cífica. Essa campanha poderá serde arrecadação ou de doações de

Sindicato lançaNúcleo de Jornalismo

Solidárioprodutos a uma entidade, comode mobilização da categoria emtorno de um tema. Outro aspec-to, é fazer com que jornais- in-cluindo nisso o Extra Pauta- pau-tem matérias que envolvam te-mas de característica social.

O Núcleo buscará, também,conscientizar profissionais e enti-dades envolvidos com Jornalismopara a importância deseremvolun-táriosdeumaentidadesocial ouco-munidade. Nasreuniões pela cria-ção do Núcleoparticipamosjorna-listasElsonFaxina eThaysPoletto,da Pastoral da Criança; LeniseAubrift Klenk, da Gazeta do Povo;Lilian Tavares, da Sanepar, eFernando Alves, da Secretaria deEstado da Segurança.

Plebiscito da Dívida ExternaO Sindicato dos Jornalistas

apoiou a realização do PlebiscitoNacional da Dívida Externa”, queaconteceu no país entre 2 e 7 deagosto e foi organizado pela Con-ferência Nacional dos Bispos doBrasil, Conselho Nacional deIgrejas Cristãs, Central Única dosTrabalhadores, Central do Movi-mentos Populares, União Nacio-nal dos Estudantes, MovimentoSem-Terra e Movimento de Pe-quenos Agricultores.

O Plebiscito foi lançado noParaná em 28 de julho, com aspresenças do bispo auxiliar deCuritiba Dom Ladislau Biernaskie do economista Reinaldo Gon-çalves. A intenção dos orga-nizadores é fazer uma reflexãosobre os custos sociais que o paísarca com a dívida, bem como for-çar o governo a informar quantodeve e quais são os maiores cre-dores do país.

As perguntas feitas no Plebis-

cito foram: O governo brasilei-ro deve manter o atual acordocom o Fundo Monetário Interna-cional? O Brasil deve continuarpagando a dívida externa semrealizar uma auditoria públicadesta dívida, como previa aConstituição de 1988 ? Os gover-nos federal, estaduais e munici-pais devem continuar usandogrande parte do orçamento públi-co para pagar a dívida interna aosespeculadores ?

O economistaReinaldo Gonçalves,primeiro à esquerda,

e o bispo LadislauBiernaski, ao centro,

defenderam oPlebiscito em

entrevista coletiva nasede do Sindicato

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Marcelo Lima

Em que medida as relaçõesde poder numa redação dejornal interferemna produ-

ção da notícia e do material que édivulgado todos os dias nos veí-culosde comunicação? Esta é umadas perguntas que o historiadornorte-americano Robert Darntontenta responder em O Beijo deLamourette – mídia, cultura eRevolução (Companhia das Le-tras, 320 páginas). Como em ou-tros livros em que discute a Re-volução Francesa e novasaborda-gens históricas para assuntos jábastante explorados, Darnton dá,neste trabalho, grande importânciaao jornalismo como fonte de pes-quisa. Emtoda a sua obra, o histo-riador entende a comunicaçãocomo fator decisivo nosmovimen-tos sociais. As notícias e outras in-formações têm o poder de revelarconteúdos, mas também osanseios, os desejos e sobretudo asrelações de poder de uma deter-minada sociedade.

Apesar de terem sido escritospara revistasacadêmicase jornaisno final da década de 80 — algunssaíram no suplemento literário doThe New YorkTimes —, esses16ensaios conseguem manter umacerta unidade temática. Todos ostextosacabamchegando a ummes-mo ponto, que é discutir asmetodologiasutilizadaspela histó-ria nos últimos 20, 30 anos, e quetêmcomo ponto de partida asrela-ções perigosas da comunicação.Para Darnton, livre do positivismoe do evolucionismo, os fatos dopassado e suasrepresentaçõesope-ram simultaneamente no presente,de maneira sutil. Eles devem serestudadosnãoa partir de teorias rí-gidas, maspor meio denovasabor-

O que os jornais andam publicando?O historiador Robert Darnton diz que os críticos deveriam prestar mais atenção nas relações de poder existentes na produção da notícia

dagens. A históriaprecisa manter umaboa vizinhança comoutras disciplinas,como a literatura, ojornalismo,aantropo-logia.

Em seu artigo“Jornalismo: todano-tíciaquecouber agen-te publica”, ele reto-ma uma discussão ra-zoavelmente antiga,mas com vários ele-mentos novos: as re-lações de poder naprodução das infor-maçõesjornalísticasecomo elassão utiliza-das como fontes depesquisa. Trata-se deumaidéia sobre aqualo autor gasta algumaslinhas já no prefácio,e que não lhe ocorreuao acaso. Tendo pre-paradoumartigo parao The New York Ti-mes sobre o bi-cente-nário da RevoluçãoFrancesa em 1989,viuasuaprimeira ver-são recusada pelo editor, que ale-gouser complexa demaisaté mes-mo para o público mais qualifica-do do jornal. Ex-repórter e ex-cor-respondente internacional do Ti-mes,Darntonfezuma reflexãoagu-da sobre a prática dos jornalistas,tirando daí algumasconclusõesso-bre o uso da comunicação comofonte de pesquisa histórica.

Para ele, não se deve partir dotexto jornalístico como se tivesseum valor imanente, independentedas questões externas que envol-vem sua produção. O historiadordefende que o universo de uma re-dação de jornal esconde e revela

relaçõesde poder que estão forte-mente presentes na maneira comque os veículos funcionam e asmensagens são produzidas. Deacordo com Darnton, jornalistanão escreve para um leitor imagi-nário, imaterial, que tenha um re-pertório limitado, sendo tratadocomo uminterlocutor des-qualifi-cado. Seu texto se direciona a ou-tros jornalistas. “O profissio-nalismo”, escreve Darnton, “é umcomponente importante da repor-tagem: as matérias firmam ostatus, e os jornalistas escrevempara causar impressão em seuspa-res.”

Em sua análise,Darnton observa as li-mitações do discursojornalístico, tanto doponto de vista de quemproduz como na pers-pectiva do leitor. Con-forme defende o histo-riador, sempre que es-creve uma notícia, orepórter temna cabeçaum modelo de texto jápronto, relacionado àcultura oral ou a outrasnarrativas. Arealidadedeve caber no formatode reportagem defini-do de antemão. Asper-sonagens, que transi-tam entre o bem e omal, reproduzem osvelhos chavões. “Evi-dentemente, seria ab-surdo sugerir que asfantasias dos jornalis-tas são assombradaspor mitos primitivoscomo os imaginadospor Jung e Lévi-Strauss, mas a redaçãode notícias é fortemen-te influenciada por es-

tereótipos e concepções préviassobre o que deve ser ‘a matéria’.Sem categorias preestabelecidasdo que constitui a ‘notícia’, é im-possível classificar a experiência”,escreve.

Ao refletir sobre a não publi-cação de seu texto, Darnton tinhaem mente um grafito quase trivialque viu na sala de imprensa deuma delegacia de Nova Iorque,nos tempos de repórter: “Todanotícia que couber, a gente publi-ca”. Com duplo sentido, a frasequer dizer ao mesmo tempo quesó o espaço físico limita a publi-cação e que a condição é que as

LIVRARIA DO CHAIN - EDITORAFone: (0..41) 264-3484 - Fax:(0..41) 263-1693

Rua General Carneiro, 415 - Curitiba - Pr - Cep 80060-150

biblioteca da comunicação

matérias jornalísticasdevamcabernumformato cultural predetermi-nado, estabelecido pela tradição epor regras“objetivas” da teoria dacomunicação. Para Darnton, a for-ma utilizada pelo jornalismo é tãoalheia aos leitoresque provoca umdistanciamento da vida real daspessoasemrelação àshistóriasquesão publicadas no jornal. Segun-do ele, escrever uma matéria paraumleitor de repertório baixo sim-plesmente distorce a realidade, jáque a pessoa que se imagina nãoexiste.

Apenasimaginandoooutro lado,continuaDarnton,o jornalistanuncatem uma dimensão real de seuinterlocutor. “Mesmo os jornalistasconhecidosnãorecebemmaisdoqueuma ou duas cartas por semana deseus leitores, e pouquíssimos jorna-listas são realmente conhecidos. Opúblicoraramentelêonomedequemescreve a matéria, e não tem comosaber queSmithtiroudeJonesaáreadaPrefeitura”,afirma.Paraohistori-ador,osteóricosdacomunicaçãopre-ocupam-se principalmente com amensagem, esquecendo a maneiracomo trabalham os jornalistas: “Ocontextodo trabalhomodelao con-teúdo da notícia, e as matérias tam-bém adquirem forma sob a influên-ciadetécnicasherdadasdecontarhis-tórias.Essesdoiselementosna reda-çãodanotíciapodemparecercontra-ditórios,masestão juntosno ‘treina-mento’deumrepórter, quandoeleémais vulnerável e maleável. À me-dida que passa por essa fase de for-mação, ele sefamiliarizacomanotí-cia, tanto como umamercadoriaqueéproduzidanasaladeredaçãoquan-tocomo umamaneiradever o mun-do”,define.

Marcelo Limaé jornalista

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helvética

Criar umjornal próprio, tendo como diferencial nãoenvolver-se com política

partidária, apostando na qualida-de do jornalismo para ganhar lei-tores. Foi com estes objetivosqueos jornalistas Ari Ignácio de LimaeVilmar Bordignon, associadosaoadministrador de empresas JúlioCésar Leonardi, idealizaramo Jor-nal do Povo em Coronel Vivida,empreendimento que completaseuprimeiro aniversário neste mêsde setembro.

Com periodicidade quinzenale tiragem de 2.000 exemplares, otabloíde de doze páginas tem, se-gundo Ari Ignácio, conquistado osleitoresexatamente por abandonaro que é prática comum em muitosmeios impressos, sobretudo dointerior: a relação direta com ospoderespolíticose a defesa intran-sigente de uma ou outra facçãopolítica. “Demorou seis mesespara que a população percebesseque o jornal não é de um grupopolítico e, por isso, houve adesãoemassinaturas”, explica Ari. Hoje

O Jornal do Povo, de Coronel Vividao Jornal do Povo possui quinhen-tas assinaturas, de leitores dosmunicípios de Candói, Cho-pinzinho, São João, Itapejara doOeste e Mangueirinha. São essasassinaturas que vêm garantido apermanência e a periodicidade dojornal.

O Jornal do Povo tem noticia-do os acontecimentos de CoronelVividae região, comdestaque paramatérias especiais - algo que se-gundo Ari foi abandonado pelosdemais jornaisda região- e asduaspáginasqueabordamo trabalho deentidades sociais. Matérias sobrepolítica são publicadas com neu-tralidade. Outro destaque é a ên-fase em agricultura e agro-negóci-os, em respeito às característicaseconômicas da região.

Uma característica do empre-endimento é a forma como o le-vamAri, responsável pela editoriae redação, e Vilmar, que é o editorde fotografias. Os dois não têmdedicação exclusiva ao jornal, querepresenta para Ari “uma alterna-tiva para continuar atuando em

Jornalismo, se no futuro algo nãoder certo no atual emprego”. Arireside em Pato Branco- cidadeonde o Jornal do Povo é impresso-, e diariamente apresenta e pro-duz o Telejornal do Sudoeste, daTV Sudoeste de Pato Branco, afi-liada a Rede TV. Vilmar tem umestúdio de fotografia em CoronelVivida. Para eles, o Jornal doPovo não é apenas um negócio defuturo, masexercício de cidadaniae de jornalismo que segue seu cur-so, sem alardes.

própria iniciativa

O jornalista José AparecidoFiori enfatiza que há algo em co-mum entre o bar El Toro, a sededa Igreja Universal no bairro daBoa Vista e o Autódromo de Pi-nhais.Todosestão na mira daAs-sociação de Defesa do Direito aoSilêncio - ADDS, entidade nãogovernamental daqual Fiori é umdosfundadorese espécie de rela-çõespúblicas informal

Criada há trêsanos, a Associ-ação luta pelo cumprimento daLei Municipal 8583, que é espe-cífica sobrepoluição sonora.Pos-sui cercade30 associados, queemcomum têm o problema com osdecibéisproduzidospor vizinhos.No caso de Fiori, seu arqui-ini-migo era o bar Parada Obrigató-ria, que incomodou seusono portrêsanos.Para tirar o bar do local- estava no Centro, na rua Conse-lheiro Laurindo -, ele chegoua ira programasde rádio e televisão.Jornalista da assessoria de Im-

Um jornalistacontra o barulho

prensada FederaçãodasIndústri-asdo Paraná, apósuma passagemde 14 anospela Gazeta do Povo,Fiori conseguiu que o ParadaObrigatória fosse para outro pon-to. “Se não fosse jornalista nãoteria resolvido isso. Euusei meuconhecimento sobre a profissãopara denunciar e exigir meus di-reitos”, diz.

A essa vitória de Fiori, so-mam-se outras como a proibiçãodo apito do trem à noite, em 13bairros de Curitiba. Fiori consi-deraessadecisãodapelo juiz JoãoKuster Pupi fruto de umaconscientização sobre osdireitosdos cidadãosante a poluição so-nora, maior apóso surgimento daADDS.. “Ninguém é RobinsonCrusoé, isolado em uma ilha. Eas ONGs tem uma força grande,trabalhando emtermosde cidada-nia eviabilizandocomoutraspes-soas que façam valer seus direi-tos”, diz.

Julio Cesar Leonardi,Ari Ignácio de Lima e

Vilmar Bordignon:jornal independente

Div

ulga

ção

José AparecidoFiori: sono

restabelecidoapós protesto

Emerson Balthazar

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A chuva atrapalhou, masnão conseguiu estragar afesta que a Volvo e o Sin-

dicato dos Jornalistas preparampara comemorar o Dia Mundial daLiberdade de Imprensa — 10 desetembro. O TorneioVolvo de Im-prensa reuniu 18 equipes mascu-linas e 2 femininas na AssociaçãoViking, dos funcionários da em-presa, no dia 2 de setembro.

Com os campos encharcados,a competição foi disputada emumginásio de futsal. O tempo daspar-tidas foi reduzido de 20 para 15minutos, e, a partir dasquartas-de-final, para 10 minutos. Com me-nos tempo e espaço, os jogos fo-ram extremamente disputados.

A exemplo do ano passado, osjornalistas foram espectadores, nomáximo, coadjuvantes. O Lancefoi campeão no masculino tendoapenas um jornalista na equipe, o

torneio volvo de imprensa

Disputa no salão, Lance campeãoPré-classificatória

Gazeta do Povo 2x1 Diário da TardeO Estado do Paraná 3x2 Prefeitura

Oitavas-de-finalO Estado do Paraná* 2x2 Volvo

Indústria e Comércio 0xW Jornal do EstadoRádio Clube 0x0 Extra-Pauta*Camisa 1/Ag. Rural 0x1 Lance

Gazeta do Povo* 2x2 TransaméricaFolha do Paraná 2x3 Bandeirantes

Sec. de Estado 2x1 CNTTV Paranaense 4x0 Folha de Londrina

Quartas-de-finalO Estado do Paraná 1x1 Jornal do Estado*

Extra-Pauta 0x1 LanceGazeta do Povo 1x3 BandeirantesSec. de Estado 3x2 TV Paranaense

SemifinalJornal do Estado 0x4 Lance

Bandeirantes 1x0 Sec. EstadoFinal

Lance* 0x0 Bandeirantes*vitória nos pênaltis

FemininoTV Exclusiva 3x2 TV Iguaçu

OS RESULTADOS

repór ter-fotográfico DênisFerreira Neto, que ficouboa par-te do tempo no banco de reservas.O Sindicato promete, entretanto,radicalizar para o próximo ano,

permitindo a participação de ape-nas jornalistas.

Os campeões foram a equipedo Lance, no masculino, e da TVExclusiva, no Feminino.

A equipe do jornal Lance: campeãem final contra a TV Bandeirantes

Diário popular

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Encerram-se em 29 de setembro as inscrições ao IIPrêmio Inepar de Jornalis-

mo, aberto a jornalistas de todo opaís. Promoção do Sindicato e daFundação Inepar, o Prêmio temcomo temas “Telecomunicação eEnergia” e “Direitos Humanos”

A principal característica doPrêmio é seu incentivo a formaçãoprofissional dos jornalistasparanaenses. Somente jornalistasresidentes no Paraná podem parti-cipar com trabalhossobre “Direi-tos Humanos”, nas categorias demelhor matéria para TV e meioimpresso. O vencedor de cada ca-tegoria recebe R$ 1,5 mil em di-nheiro. O autor da melhor matériareceberá R$ 7 mil, em forma de

Inscrições encerram-seem 29 de setembro

incentivo a formação, podendo in-vestir em cursos, viagens, materi-ais didáticos, ou mesmo no paga-mento de uma bolsa de estudo.

Alémde valorizar reportagenssobre “Direitos Humanos”, oInepar premiaráasmelhores repor-tagens sobre Telecomunicação eEnergia. A essa categoria podemconcorrer reportagensde todopaís,sendo que o valor da premiação éde R$ 5 mil, ao primeiro colocado.

Para profissionaisEm ambas as categorias só po-

demser inscritos jornalistasprofis-sionais e cujas reportagens tenhamsido publicadas entre os dias 1º deoutubro do ano passado e 29 de se-tembro deste ano.

prêmio inepar

No caso das reportagens parameio impresso, cada trabalho deveser encaminhado como recorteori-ginal dapublicação, acompanhadodecincocópias, onde sepossa iden-tificar onome doveículo, data e lo-cal da publicação. No caso das re-portagensparaTV,devemser enca-minhadascinco fitasVHS comiden-tificação completa, acompanhadasdadeclaraçãoda chefia-de-redaçãooudareportagemda emissora, con-firmandodata, horárioeprograma.

As fichas de inscrações encon-tram-se disponíveisna sede do Sin-dicato,RuaJoséLoureiro,211.Maisinformaçõespodemserobtidasatra-vésdo fone224-9296,ounapáginado Sindicato na internet:sindijorpr.org.br.

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Estão abertas até 30 de setembro as inscriçõespara oPrêmio Esso de Jornalis-

mo, que é a mais tradicionalpremiação para a imprensa no paíse que completa 45 anos de exis-tência. Neste ano, a novidade é acategoria para a melhor primeirapágina e o fato dos trabalhos deFotografia, pela primeira vez, se-rem julgados via internet por umacomissão de 45 jurados.

Ovalor total dapremiação atin-ge a R$75 mil. Além do PrêmioEsso de Jornalismo ( R$ 20 mil),estarão em disputa os prêmios deReportagem, Fotografia, PrimeiraPágina, Informação Econômica,Informação Científica/ Tecno-ló-gica/ Ecológica, Criação Gráfica/Jornal, Criação Gráfica/Revista eInterior, além de cinco prêmiosregionais.

Podem concorrer trabalhoses-critos em língua portuguesa e pu-blicados entre outubro de 1999 e30 de setembro de 2000. Para con-correr, o candidato deve remeterseiscópias do trabalho para o Prê-mio Esso de Jornalismo-AvenidaPresidente Wilson, 118/ sala 607,Rio de Janeiro, CEP 20030-020.Mais informações pelo fone (21)277-2000.

Inscrições aoPrêmio Esso

Acontece em Curitiba, de 31de outubro a 4 de novembro, oCongresso Internacional de Éti-ca e Cidadania / II Encontro Bra-sileiro de Direito e Psicanálise,que oferecerá conferências e cur-sos de extensão universitária. Oevento ocorrerá no Canal da Mú-sica e Ópera de Arame e é aber-to também a jornalistas.

Uma dos temas debatidosserá “A comunicação na era dainformação”, tendo como confe-rencista o jornalista IgnacioRamonet, do Le Monde Diplo-matique.

Mais informações podem serobtidas pelo fone 244-7901.

Congresso sobreÉtica e Cidadania

na pauta

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rádio corredor

E mer so n Cast r oF i r mo ( fo t o ) nãor et o rno u à Gazet ad o P ovo , apó s ot é r mi no da suagest ão no S i nd ica -t o . Desl i gou-se d aempr esa pa r a cur sa rmest r ado d e Hi st ó -r i a , na Uni ve rsi d a -d e F edera l , t end ocomo t ese a h i st ó -r ia do S i nd ica to .P e l a manhã , E mer -son co nti nua co moassesso r d a F eder a -ção das I nd úst r i a sdo P ar aná.

* *

S í l vi o Rauth F i l ho fo il ib e rado p el o Jo r na l d oE stado . Req ui si t ad o pe l oS ind ica to , co nfo rmep r evê a Co nvenção Co l e -t i va d e Tr ab a l ho emvi go r , dá exp ed i ent eago r a no S i ndi cat o , nop e r í o do da t a r de , o mes-mo q ue cump r i a no j o r -na l .

* *

Adr i ane We r ne r assu-mi u a d ir eção deJ ona l i smo da TV I nde-p end ênc i a . A emi sso r a

ganhou t amb ém um novor epó r t e r : Rodr i go Le i te ,que pe l a manhã cont i nuana Rád i o CBN.

* *

Rica r do Mede i ro s de i -xou o J o r na l do E st adopara se r ed i t o r do j o rna lpopula r da edi t or a Gaze -t a do P ovo. P a r a seul uga r , como ed i t o r deCi dades, o J E cont r at ouJ osé Fer nando , que pe r -manece na Sec r e t a r ia deComuni cação da P r e fe i -t ur a de Cur i t iba .

* *

Out r a bai xa do J Efo i Luc i ano P a tsch.A E d i to r i a deE co no mi a p assou aser conduzi da po rAd ir Nasse r J úni o r.

* *

Na Gaze t a doP ovo , houve mu-dança na ed i t o r i ado Cult ur a G.P aul o Camargo fo ipa r a o s E stado sUnido s, r ea l iza rmest r ad o vo l t ado ac i nema na Uni ve r -si dade d e Mi ami .

Com i sso , o ed i t o r docad e r no passa a se r deJ osé Car l o s F e r nand es.

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J oão Be lt r ão d e i xou ache f ia -de -redação da TVCur i t ib a - Band e i rant es,pa r a assumi r vaga naBand em S ão P aul o . S uavaga em Cur i t i ba fo iocupada por Car l os Del -gado , que e r a o che fe -de -r epo r tagem. Par a a che -f ia -de -repo r tagem fo icont ra t ado E dson Si l va .

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P aul o Br i gue t dei xou aF ol ha do Par aná , ondeedi t ava a p r i me i r a p ági nado j o r na l . A sa í d a , se -gund o Br i gue t , fo i mo t i -vad a po r di ve rgênci a si nt er nas co m a d i r eção daemp resa .

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Outr o s do i sj o r na l i st a s quede ixa r am o J Efor am Adri anoRar t tmann eDani e l a Neves.Ad ri ano p assoua ded ica r -seexc l usi vament eao Cori t i ba .Dani e la foi par ao no vo j or na lda Gaze ta .

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Rossane S e t t ie S andr aNavarr o estãopa r a l á de fe l i -zes. O pr ograma“ No va I dade” ,que r eal i zar amquando er amacadêmi cas d aTui u t i , ve nceua ca tegor i a p r oj e to s doI nt e rcom 2000 .

* *

J o hhny Basso e P ed r oAr lant inaugura r am, emsoc iedade com o ar qui t e -t o Paul o Regi na to , o“ The Tub e” , Rua J oãoNegr ão, 54 . A pro po st ado l uga r segue a d o CaféCuraçao, do pr óp r i oJ ohnny, a l i ando b ar àp i st a de d ança .

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Di ck Vi ga r i st a é a abanda d o car t unist aS i mon Tayl o r , que come-ça a faze r o s c i r cui t o s deba r es em Cur i t i b a . Nor epe r t ó r i o : rock ´n rol l damel ho r q ual i dad e .

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Baseado na p ági na dehumor d e O E st ado deS ão P aulo , O Est ad o do

P ar aná j á lançou a sua .Ár ea d e Ri sco começou ac i r cul a r em se t embr o ,sob co o rd enação deMar co J aco bsen.

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“ Tr i l has do Cami nho deS ant iago” (foto), é aexpo si ção fo tográ f ica de

J osi na de Mel l o, mar cadap a ra o ab r i r d i a 9 deo ut ub r o , no Museu daI mage m e d o S om. E l amost r a as pa i sagens quecompõ em o Cami nho ,t i r ad as d e quando est evep e rco r rend o os 700 qui -l ô met r o s do t r a je t o ,ent r e o ut ub r o e novem-b r o do ano passado .

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Marcos S co tt i e Márc i oRod r i gues l ança r am oj or na l “ Tr i l ha da Mat a” ,q ue é uma seqüênc i ao usad a à p ági na de t ur i s-mo eco l ó gi co que r eal i -zam na Gaze t a do P ovo .S em ap o i o governamen-t a l , o s do i s buscamvi ab i l iza r o j o rna l comp a t r o cí ni o s, sendo que ai nt enção é ed i t á -l o comp er i odi c i dade b i mest r al et i r a gem d e 1 5 mi l e xem-p la r es.

Divulgação

Josina de Mello

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tabela de salários

SALÁRIOS DE INGRESSORepórter, redator, revisor, ilustrador, diagramador,repórter fotográfico, repórter cinematográficoEditorPauteiroEditor chefeChefe de setorChefe de reportagem

Estes são os menores salários que poderão ser pagos nas redações; Emjulho o menor salário pago nas redações foi de R$ 973,23.Os valores da tabela são para jornada de trabalho de 5 horas.O piso salarial da categoria é definido em Acordo Coletivo de Trabalho,Convenção Coletiva e/ou Dissídio Coletivo.

FREE LANCERedaçãoLauda de 20 linhas (1.440 caracteres)Mais de duas fontes:Edição por páginaTablóideStandardDiagramação por páginaTablóideStandartRevista(*) Tablita / Ofício / A4Revisão(*) Lauda (1.440 caracteres)(*) Tablóide(*) Tablita(*) StandardIlustração(*) Cor(*) P&BReportagem fotográfica - ARFOCReportagem EditorialSaída cor ou P&B até 3 horasSaída cor ou P&B até 5 horasSaída cor ou P&B até 8 horasAdicional por foto solicitadaFoto de arquivo para uso editorialReportagem Comercial/InstitucionalSaída cor ou P&B até 3 horasSaída cor ou P&B até 5 horasSaída cor ou P&B até 8 horasAdicional por fotoReportagem CinematográficaEquipamento e estrutura funcionalfornecida pelo contratante(*) Saída até 3 horas(*) Saída até 5 horas(*) Saída até 8 horasAdicional por horaFoto de arquivo para uso em:Anúncio de jornaisAnúncio de Revista e TVCapa de Disco e CalendárioOutdoorCartazes, Folhetos e ComisetasAudiovisual até 50 unidadesAudiovisual acima de 50 unidadesDiária em reportagem que inclui viagemReportagem aérea internacional(*) Hora técnicaObservações importantes:A produção (filme, laboratório, hospedagem, transporte, seguro de vida,credenciamento, etc.) é por conta do contratante; Na republicação, serãocobrados 100% do valor da tabela;A foto editorial não pode ter utilização comercial.(*) Novidades na tabela em caráter experimental.Sugestões deverão ser encaminhadas ao Sindicato através do fax (041)224-9296 ou Correio Eletrônico: [email protected]

1031,621341,101341,101547,431547,431547,43

55,4850% a mais

71,7886,01

35,8948,9726,7618,26

14,4730,2222,8363,10

85,6157,07

130,52244,72326,3124,62

195,78

259,61461,90615,7048,97

71,47114,14187,6228,53

424,00456,82587,35899,88293,67619,99

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conto Monsenhor Fast Grill (R.Monsenhor Celso, 270 - centro).Aberto no almoço de segunda asábado.

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convênios

OSindicatofirmouconvêniocomaOdontoGlobal.Apenasosjornalis-tassindicalizadoseemdiacomoSin-dicato poderão contratar o planoodontológico. Ataxadeadesão serádeR$1,50.Opreçoporsemestreseráde R$ 18, com direito a um depen-dente. O jornalista também poderáincluirumsegundodependentepagan-domaisR$6por semestre.Para isso,ojornalistaprecisairatéasededoSin-dicatoparapedirsuacarteirinha. Aopagaroplano,ojornalistarecebetam-

bém um manual de procedimentos,com os endereços de toda a redeconveniada,eumatabeladepreços.

A Odonto Global tem 8 clíni-cas, 4 laboratóriose 148 consultó-rios conveniados, espalhados porCuritiba,Araucária, Campo Largo,São José dos Pinhais, Pinhais ePiraquara. O convênio atende asáreas de Radiologia, Dentística,Odontopediatria, Endodontia,Periodontia, Prótese, Implan-todontia, Cirurgia e Ortodontia.

Ospreços são, emmédia, maisbaratos do que os estabelecidospela tabela da Comissão Nacionalde Convênios e Credenciamentos(CNCC). Além da vantagem dopreço maisbaixo, oSindicato tam-bémverificoua qualidade dosser-viços prestados. Empresas, associ-açõese sindicatosque mantêmcon-vênio coma Odonto Global elogi-aram o material e o atendimentodos profissionais da redeconveniada.

Plano Odontológico

Um restaurante e um museuno mesmo espaço. Essa éa idéia do Vintage Café,

inaugurado há cerca de doismesesemCuritiba.Orestaurante temáticofunciona junto com o Museu OsniBermudes, pioneiro da comunica-ção no Paraná.Umdosproprietári-os é Gilberto Gil Bermudes, filhode Osni.

O restaurante fica na Dr.Muricy, 1091, próximo aoLargo daOrdem, e funciona de terça a sába-do das18haté o último cliente. Nodomingo, o horário é das 11h às15h. Apresentando a carteira daFenaj, os jornalistas ganham 10%de desconto.

Restaurante temático

O acervo deOsni Bermudespode ser visto

no Vintage Café

Emerson Balthazar

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imagens

Entre o vídeo e a fotografia

N a década de 60havia uma intensaprodução de tele-

visão no Paraná e, qualHollywood, nas emissorashaviam repórteres-foto-gráf icos para divulgarimagens das estrelas e dosprogramas. Irany CarlosMagno descobriu a foto-graf ia dessa maneira e fezregistros de programashistóricos, como o deJúlio Rosemberg, o “Al-moço com as Estrelas”, o“Capitão Furacão” e a“Gurilândia”.

Na televisão, ele reve-lou, ainda, f ilmes paraJornalismo, como o pri-meiro telejornal a coresdo Paraná: o“Telemanchete MóveisCimo”, em 73. Repórter-cinematográfico da TVIguaçu desde 74, Irany dizpreferir a fotograf ia aimagem de vídeo, por sermais perene. “A fotografiapermite que a imagemtenha muitos usos, nãoacabe no dia em que ét irada. O fi lme, quando sepassa morre o trabalho”,diz. Em 89, tornou-serepórter- fotográf ico daFundação Cultural deCurit iba.

Entre eventos e espetá-culos e o dia-a-diaimprevisível do Jornalis-mo em TV, Irany divide seutempo com uma atividadeclassista: a presidência daARFOC- Associação dosRepórteres Fotográficos eCinematográf icos doParaná, função em quepermanecerá até a eleiçãona entidade, em outubro.Essencial para que ojornalista de imagem fossemais respei tado noParaná, a ARFOC teveconquistas com Irany,como o seu reconhecimen-to como entidade de uti li -dade pública, em 97, e ofato de se estabi lizar comoa segunda maior ARFOCdo país (menor apenas quea do Rio de Janeiro) com480 associados.

Irany Carlos Magno

A “mulher das garrafas” reza.Coroa e colar recicláveis

Arquivo pessoal

Helena Kolody conversa com Poty, acompanhados do sombra

Fotógrafo de lambe-lambe

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