extra morro da caixa d'água

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Foto: Thiago Oliveira Morro da Caixa Morro da Caixa Morro da Caixa Morro da Caixa Morro da Caixa D D D D D ’água em foco ’água em foco ’água em foco ’água em foco ’água em foco Morro da Caixa Morro da Caixa Morro da Caixa Morro da Caixa Morro da Caixa D D D D D ’água em foco ’água em foco ’água em foco ’água em foco ’água em foco Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social da Unisul Tubarão | Ano 15 | Número 5 | Novembro de 2009 extra

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Page 1: Extra Morro da Caixa D'água

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Jornal-laboratório do Curso deComunicação Social da Unisul

Tubarão | Ano 15 | Número 5 | Novembro de 2009

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Page 2: Extra Morro da Caixa D'água

extraNovembro de 2009 2DIREITDIREITDIREITDIREITDIREITO PÚBLICOO PÚBLICOO PÚBLICOO PÚBLICOO PÚBLICO

Comunidade prioriza educaçãoA necessidade de levar melhoria

na qualidade de vida dosmoradores da comunidade doMorro da Caixa D'água, no bairroOficinas, de Tubarão, mobilizatodos os dias cidadãos da região,que transformam projetos sociais emrealidade. Na comunidade já existediversos projetos que têm melhoradoa vida de seus moradores. Entre elesestão o de dança, teatro, pinturaem tecido, desenho, capoeira eflauta.

Na Escola Municipal deEducação Básica Faustina da LuzPatrício, localizada no Morro daCaixa D'água, muitos desses projetossão desenvolvidos com seus alunos.O de teatro, por exemplo, já contacom 64 crianças. A professora dealfabetização da escola, Marlise deSouza Serafim, conta que os projetossociais têm ajudado no desempenhode seus alunos dentro da sala deaula. "É notável a melhoria nodesempenho das crianças queparticipam de projetos, tanto os feitosdentro da escola quanto os de fora.Eles vão para as aulas maiscomunicativos, criativos e interes-sados em aprender. A cada dia,também é possível perceber o quantocresce a facilidade deles emaprender", afirma a educadora.

A creche da comunidade, WaltDisney, também elabora projetoscom seus alunos, que são realizadosdentro da própria escola. Cada umdeles é criado com base na

Alissa Steileneditado por Laís Mari Rabelo

necessidade das crianças. Mêspassado, o Projeto Reciclagem foidesenvolvido para trabalhar com osalunos a separação dos lixos, umapreocupação grande dentro dacomunidade. Já este mês o assuntoé animais. "A cada mês criamosdiferentes projetos. Um estárelacionado com o outro. Nossoobjetivo é trabalhar com as criançasdesde pequenas, para que no futuroelas possam ter uma base", conta adiretora da creche, JaquelineSandrine Cardoso. A escola tambémorganiza oficinas com pais eprofessores, como a oficina dedesenvolvimento de um aquecedorsolar.

E os trabalhos não param poraí. A comunidade também conta como projeto "Contos para transformarhistórias", realizados por acadêmicosdo curso de pedagogia daUniversidade do Sul de SantaCatarina, Unisul. Ele trabalha comcrianças de sete a 10 anos de idade,e hoje conta com 17 participantes.Através de leituras de textos,realizações de teatros, apresentaçõesde danças, entre outras oficinas, oprojeto tem como meta fazer comque seus alunos criem o hábito daleitura, algo precário na educaçãodo Brasil, e o desenvolvimento dainterpretação de texto.

Porém, seu objetivo vai além deincentivar seus alunos a lerem. Como apoio do projeto, as crianças têmuma opção a mais de atividades forada escola. Um alívio também paraos pais dos alunos, que sabem queseus filhos, ao invés de estarem nas

ruas, estão participando da oficina.As crianças demonstram

entusiasmo em fazer parte do projeto"Contos para transformar histórias".Eles deixam clara a importância deirem às oficinas que os ensinam aler. Toda segunda-feira à tarde AlanTomé, de 15 anos, que frequenta hojea 5º série do ensino fundamental,participa com ânimo do projeto."Depois que entrei no 'Contos paratransformar histórias' passei a ler bemmelhor na escola e minhas notasmelhoraram. Minha mãe acha muitobom eu estar participando e sempre

me incentiva a ir", conta.Wasley Sebastião Manoel, de 10

anos, aluno da 3º série do ensinofundamental, também falaentusiasmado do projeto. "Gosto detudo lá. De ler, dançar rap e deapresentar teatro, como a doChapeuzinho Vermelho", afirma."Participar das oficinas vai fazer euter um futuro bem melhor", completao garoto com um sorriso no rosto.

Já os adultos da comunidadecontam com projetos direcionadosà alfabetização. De acordo com aaposentada Virginia da Silva

Oliveira, coordenadora da CapelaNossa Senhora Aparecida, emoradora da comunidade,professores do próprio bairroOficinas dão aulas de alfabetizaçãodesde o ano passado. "Existem váriosprojetos dentro da nossacomunidade. Uns são feitos pelospróprios moradores, outros contamcom o apoio de alunos da Unisul efuncionários da prefeitura. Todos elessão muito importantes para nósmoradores. É através deles queconseguimos melhorar cada vezmais nossa vida", enfatiza.

Foto: Alissa Steilen

Drogas geram violência, dizem moradoresThiago Machado de Oliveiraeditado por Laís Mari Rabelo

O Morro da Caixa D'água, nobairro Oficinas, é uma dascomunidades que apresenta maisproblemas em Tubarão. Além desofrer com a falta de verba daprefeitura para melhorar ainfraestrutura da localidade, osmoradores reclamam de outroproblema: a falta de segurança. Alocalidade é conhecida como umadas mais perigosas do município, emuito disso acontece por causa dosfurtos, cometidos, na maioria dasvezes, por usuários químicos quetrocam as mercadorias por drogas,e do próprio tráfico em si.

O desempregado R.T. foi umadas vítimas da violência no morro.Morador da região há seis anos, elejá teve a sua casa arrombada duasvezes. "Na primeira vez, levaram orádio e a televisão, e, na segunda,furtaram o videogame do meu filho",disse o ex-carpinteiro, que por medo,

pediu para não ser identificado.Ele explicou que várias casas são

furtadas por usuários de drogas,normalmente jovens, que agem assimpara manter o vício. "São meninosde 17, 18 anos, mas eu já vi até de12 anos, que conhecem a rotina dosmoradores da região e aproveitampara invadir as casas quando nãotem ninguém. Eles levam qualquercoisa que possa ser trocada pordrogas", completou R.T.

G.M., de 20 anos, é um dessesjovens. Usuário de crack há doisanos, ele afirma ter arrombado váriascasas, não só no Morro da CaixaD'água, mas em todo o bairroOficinas, e em outros bairros deTubarão. "É lógico que se eu pudesseeu não roubava, mas é o único jeitoque eu tenho para conseguircomprar drogas. Eu sei que eu possomorrer a qualquer momento, mas avontade de conseguir a pedra é tãogrande que eu nem penso muitonisso", afirma o jovem.

Ele já foi preso duas vezes, mas

diz que isso não o impediu decontinuar com os crimes. "Mepegaram duas vezes, apanheimuito, mas não demorou muitopara me soltarem, e, na rua, é oúnico jeito que eu tenho de viver",conta G.M.

Como a comunidade não émuito grande, a maioria dosmoradores se conhece, e, quandoalguém rouba uma casa, já sabemquem foi, mas por medo, não fazemnada. O comércio no morro seresume a um mercadinho e algunsbares, e, por isso, rondas policiaissão raras. A aposentada GessiMenegaz, de 67 anos, reclama quedesocuparam o posto policial quehavia na localidade, e, desde então,ficou muito mais perigoso andarpelo morro, principalmente durantea noite.

"É só escurecer que já se podever meninos fumando no meio darua, e nem adianta chamar apolícia, pois ela não vem", reclamaGessi.Rondas policiais acontecem com pouca frequência no morroRondas policiais acontecem com pouca frequência no morroRondas policiais acontecem com pouca frequência no morroRondas policiais acontecem com pouca frequência no morroRondas policiais acontecem com pouca frequência no morro

PPPPProjetos sociais são desenvolvidos pelos alunos da Escola Municipal Frojetos sociais são desenvolvidos pelos alunos da Escola Municipal Frojetos sociais são desenvolvidos pelos alunos da Escola Municipal Frojetos sociais são desenvolvidos pelos alunos da Escola Municipal Frojetos sociais são desenvolvidos pelos alunos da Escola Municipal Faustina da Laustina da Laustina da Laustina da Laustina da Luz Puz Puz Puz Puz Patrícioatrícioatrícioatrícioatrício

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extraNovembro de 2009 3DIREITDIREITDIREITDIREITDIREITO PÚBLICOO PÚBLICOO PÚBLICOO PÚBLICOO PÚBLICO

Ioton Netoeditado por Samira Pereira

Problemas no sistema viário,falta de transporte coletivo,saneamento básico precário,ausência de áreas de lazer, pessoasvivendo em zona de risco, tráficode drogas, conflitos ambientais esociais.

Assim é a realidade de quemvive no Morro da Caixa D’água,em Tubarão. No início a ideia eraperceber apenas os problemas narede de esgoto, mas, caminhandopela comunidade, percebe-se que,na verdade, o "Morro da Caixa"possui diversos problemas. Alocalidade como um todo está coma estrutura precária, além disso, nacomunidade, outros fatoresnegativos são visíveis.

"Nós vivemos em outro mundo,aqui existe uma cidade que poucostubaronenses conhecem", relataM.A., que não quis ser identifi-cada. Cada dia que passa, umnovo desafio é lançado para osmoradores do morro. A comu-nidade está com problemas sériosna estruturação para uma boaqualidade de vida, outrosproblemas fazem parte do dia-a-dia da população, as ruas semcalçamento, violência, assaltos etráfico de drogas.

Ao questionar um dosmoradores sobre as dificuldadesencontradas no morro, elerespondeu, sem receios, todas. "Aquinós temos problemas em diversossentidos, falta tudo, não somoslembrados pelas autori-dades

Estrutura do Morro da Caixa é precária

Aguardando a coleta seletiva

municipais", conta J.H.C. “Nossomorro é discriminado, as pessoasdizem que não gostam de subiraqui porque é perigoso, violento,mas aqui existem muitas pessoasboas", completa.

Os moradores explicam quediversos projetos já foram feitospara melhorar a estrutura dobairro, mas nada saiu do papel.Recentemente, um grupo deestudantes do curso de arquiteturada Unisul fez um levantamentodos principais pontos que devemser mudados no bairro.

Os problemas vão desde apavimentação nas ruas, que nãohá, passando pela falta desaneamento básico, até conflitoscom meio ambiente e economia",explica o futuro arquiteto Rodrigoda Silveira.

A ideia dos estudantes é levaro projeto desenvolvido para asautoridades municipais econseguir recursos financeirospara execução. Os estudantesobservaram que grande parte dasruas no morro não tempavimentação, algumas casasnão possuem sistema de esgoto.

De acordo com a Constituiçãobrasileira, é direito de todocidadão ter água encanada esaneamento básico. Mas, isso nãoestá presente em algumasresidências na comunidade.Faltam locais para lazer,iluminação pública, sistema viárioque seja bom para ciclistas,pedestres e motoristas. Em algunslocais do bairro não há coletaseletiva de lixo suficiente para

todos os moradores. São fatoresindispensáveis para obter uma boaqualidade de vida.

Esses problemas foramapontados pelos moradores dacomunidade. Outro fatoragravante é o medo que eles têmde falar dessas questões, tememas represálias, sejam elas dospróprios moradores ou atémesmo de autoridades domunicípio.

Por falta de instrução, muitosnão sabem que na verdade asreclamações e reivindicações sãodireitos que todo brasileiro tem, oupelo menos, deveria ter.

Os estudantes que desenvol-veram a avaliação e elaboraçãodo projeto na comunidade afirmamque existe um descaso por parte dopoder público municipal.

"É uma situação muito diferenteda que nós vivemos. A gentepresenciou situações chocantes,ouviu depoimentos que realmentefizeram com que nós parássemose refletíssemos. São problemas quegrande parte da população nãosabe que existe em Tubarão", relataRodrigo.

"Existe uma omissão dogoverno municipal frente à essarealidade. Com isso podemos verquais são as prioridades dosgovernos. Enquanto problemas depouca importância são resolvidosno centro, questões básicas desaúde, saneamento básico eeducação, que garantem àspessoas uma moradia digna, sãodeixados em segundo plano", dizemos membros da equipe.

Saneamento básico e conservação das ruas estão entre os problemas apontados pelos moradoresSaneamento básico e conservação das ruas estão entre os problemas apontados pelos moradoresSaneamento básico e conservação das ruas estão entre os problemas apontados pelos moradoresSaneamento básico e conservação das ruas estão entre os problemas apontados pelos moradoresSaneamento básico e conservação das ruas estão entre os problemas apontados pelos moradores

Foto: Thiago Oliveira

Nos dias atuais é necessárioque haja uma preocupação como destino do lixo que produzimos.Com a questão do aquecimentoglobal e a discussão do futuro doplaneta, não há mais como nãoter o mínimo de responsabilidadeecológica.

Pelo que se pode perceber, amaioria dos moradores do Morroda Caixa D'água possui essanoção. Não existe o processo decoleta seletiva naquela comuni-dade. A população do local tem avontade de tomar atitudes paraajudar a melhorar a situação dolixo, mas as autoridades respon-sáveis não fazem nada para queisso aconteça.

Léia Querino, 37 anos,trabalha numa padaria dacomunidade, um dos poucosestabelecimentos comerciais de lá.Ela comenta que colaboraria coma coleta seletiva, caso existisse nomorro. "Eu acho super importanteseparar o lixo. Não sou daqui doMorro da Caixa, moro nacomunidade vizinha. O centrocomunitário de lá fez umacampanha e hoje todo mundosepara o lixo. Toda segunda-feiraà tarde a prefeitura passa pararecolher".

Segundo Virgínia da Silva,coordenadora da Capela NossaSenhora Aparecida, o único tipode coleta além da que a prefeiturarealiza é o de catadores de mate-riais que moram na comunidade."O seu Zeca e o seu Joãozinho sãomuito conhecidos aqui no morro.Todo mundo acaba juntandogarrafas pet, latinhas e papelãopara dar pra eles".

Seu José Gonçalves da Cruz,o seu Zeca, tem 71 anos e catalixo reciclável há aproximadamente

cinco anos. Aposentado, ganhan-do apenas a pensão do INSS, elesentiu a necessidade de ter umaoutra fonte de renda. "Eu soudivorciado e moro sozinho há unssete anos. O dinheiro da minhaaposentadoria é só pra mim, mastem todas as despesas de casa,então é pouco. Na comunidadetodo mundo me conhece e separao lixo em casa pra me dar". Elevende o material para umaempresa da cidade de SãoMartinho que, de 15 em 15 dias,passa na casa de Zeca pararecolher. Essa fonte extra garantede 100 a 150 reais por mês.

Quem colabora com a coletaseletiva no Morro da Caixa D'águasão as duas instituições de ensinoda comunidade. A Escola Munici-pal de Educação Básica Faustinada Luz Patrício separa o lixo. Háquatro anos as crianças e osfuncionários são conscientizadosdessa importância. De duas a trêsvezes ao mês a escola vende parauma empresa e o dinheiro érevertido para as despesas dainstituição. "Os pais das criançasjuntam garrafinhas e latinhas emcasa e mandam para a escola. Ébom para todo mundo: para ospais, para as crianças, para aescola e, claro, para a natureza",comenta satisfeita Marlise de SouzaLopes, professora.

A Creche Walt Disney tem váriosprojetos para conscientizar ascrianças quanto à importância dacoleta seletiva. Um deles é o ProjetoAquecedor Solar. Ele funcionacomo uma oficina entre as criançase os pais em que são confeccio-nados aquecedores solar comgarrafas pet. “Já estamos colhendoesses resultados", diz JaquelineCardoso, diretora da creche.

O líder comunitário do Morroda Caixa foi contatado, mas nãoconcedeu entrevista.

Luiza Droeseeditado por Alexandre Frazão

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ensino da comunidadeensino da comunidadeensino da comunidadeensino da comunidadeensino da comunidadecolaboram com a reciclagemcolaboram com a reciclagemcolaboram com a reciclagemcolaboram com a reciclagemcolaboram com a reciclagem

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Foto: Luiza Droese

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extraNovembro de 2009 4SAÚDE E COMÉRCIOSAÚDE E COMÉRCIOSAÚDE E COMÉRCIOSAÚDE E COMÉRCIOSAÚDE E COMÉRCIO

O Posto de Saúde Clínica Dr.Arnaldo Bittencourt, popularmenteconhecido como clínica do Becker,situada no bairro Oficinas, é o localpara onde recorrem os moradoresda comunicade do Morro da CaixaD’água quando necessitam deatendimentos médicos-odontológicos. O método adotadona realização de atendimentos fazparte do Programa da Saúde daFamília (PSF), que conta com 15profissionais da área da saúde. Sãoao todo, um médico, um enfermeiro,um dentista, um auxiliarodontológico, dois técnicos deenfermagem e nove agentescomunitários.

A moradora Maria Madalena S.Correa, 62, diz que procurou auxíliomédico no posto cinco vezes atéhoje. "É uma benção", fala, satisfeita.Ela conta que não teve muitasdoenças ao longo da vida. "A únicadoença que tenho é a hipertensão.Tomo anti-hiperten-sivos", esclarece.

O paciente Rogério de Oliveira,47, quando perguntado sobre asaúde, comenta: "costumo fazerexames de rotina. Isso ajuda muito.Não tenho nenhuma doença quetrato atualmente". Ele procuraatendimento médico só quando ossintomas aparecem. "Não procurode imediato não. Às vezes sinto algo,mas não vou ao médico. Vou aoposto quando vejo que estou tendo

Clínica do Becker é grande aliada dacomunidade no combate às doenças

problemas", admite.Oliveira frisa que obtém uma

saúde sadia praticando esporte, sealimentando bem, dormindo osuficiente e até trabalhando."Trabalho com carreta, então carregoe descarrego materiais, de qualquerforma é um exercício físico", conta,sorridente. Quanto ao esporte, eleacrescenta: "gosto de jogar futebolde vez em quando". Para ele, oatendimento do Posto de Saúde ébom. "Sempre sou bem atendido, jáconheço o pessoal daqui", diz.

A médica Taisa Fantini Schaeferpresta serviço para o PSF no posto erevela que são atendidos maispacientes com casos de hipertensão,curiosamente, em número maiorentre jovens do que em adultos. "Onúmero de jovens com esse distúrbiotem aumentado pelo estilo de vidaadotado por eles", conta. "Trato,bastante, também, de pessoas quetêm doenças relacionadas aotrabalho (DORT), diabéticos e quesofrem de distúrbios psíquicos comodepressão, bipolaridade e até casosde psicopatia", completa.

Taisa diz que os casos menostratados são os de pessoas comdoenças urológicas masculinas,como o câncer de próstata."Procuramos fazer oencaminhamento ao especialistaquando aparecem esses casos",conta. "Atendemos, geralmente, pordia, de 25 a 30 pessoas. No mês onúmero chega a 500 ou até 800pacientes", comenta.

O atendimento odontológico doPSF é realizado pelo dentista JoséAntônio M. Sobrinho. Ele revela quetrata de várias patologias no seuconsultório. "Frequentemente eu tratopacientes com gengivite, periodontite,porém, os maiores casos são de cáriedentária", conta. "Faço limpeza bucale também reforço a profilaxia, quesão os métodos preventivos. Atendoem média 12 pacientes ao dia",comenta.

Sobre a profilaxia, Sobrinho fala

que atende alunos de escolas deensino fundamental. "Atendemospacientes da faixa etária desde onascimento até os 14 anos.Realizamos palestras quandopossível para reforçar a prevenção etambém fazemos fluoretação(aplicação de flúor) com os alunosda 1ª a 4ª série", explica.

Sobrinho, quando indagadosobre raridade de alguma doençaque encontra no trabalho, afirmacategoricamente: "câncer de boca.

D a n i e l G h e d i ne d i t a d o p o r Vi v i a n S i p r i a n o

Proximidade do posto de saúde com a localidade do Morro da Caixa D’água facilita atendimentoProximidade do posto de saúde com a localidade do Morro da Caixa D’água facilita atendimentoProximidade do posto de saúde com a localidade do Morro da Caixa D’água facilita atendimentoProximidade do posto de saúde com a localidade do Morro da Caixa D’água facilita atendimentoProximidade do posto de saúde com a localidade do Morro da Caixa D’água facilita atendimento

Dona Léia Querino, de 37anos, é uma das poucas pessoasque trabalha dentro de umcomércio na comunidade Morroda Caixa d'Água. Uma daspoucas porque o panifício emercearia da família é um dosdois estabelecimentos comerciaisdentro da comunidade. "Aquitrabalhamos em família, e é bemdifíci l chamar alguém pratrabalhar com a gente, só quandoé muito necessário".

Apesar de reconhecer que acomunidade tem graves proble-mas sociais, ela diz que o local é

Panifício Sotero: presente noMorro da Caixa D’água há 25 anos

O câncer é raro porque é causado,principalmente, pelo cigarro enaquelas pessoas que tempredisposição genética e não sãotodas que fumam ou têmhereditariedade para o câncer".

Os profissionais do PSF atendemno Posto de Saúde todos os dias dasemana, exceto sábados edomingos. Na parte da manhã ostrabalhos começam às 7 horas e vãoaté ao meio-dia e à tarde, das 13 às16 horas.

Foto: Daniel Ghedin

bem tranquilo e todos se respeitam."Nunca fomos assaltados",acrescenta.

Dona Virgínia da Silva Oliveiraé aposentada e percebe asdificuldades que os moradoresencontram na hora de conseguirum emprego. "Muitas mães nãopodem trabalhar porque nãoconseguem vaga na creche paradeixar seus filhos, a juventudetambém tem que ir procuraremprego fora daqui, onde temmais oportunidade", lamenta.

As atividades que as pessoasda comunidade realizam paragerar renda são diversificadas. Amaioria desloca-se para outrosbairros em busca de trabalho.

É o caso de Gislaine Pereira,de 23 anos, solteira, que trabalhacomo vendedora no centro deTubarão. O dia de Gislainecomeça cedo. Ela acorda porvolta das 7 horas e caminha atéo centro para trabalhar. "Quandochove eu vou de ônibus ou pegocarona com meu vizinho, masgosto mesmo é de ir a pé. É longe,dá uns 40 minutos de caminhada.É bom porque dá pique para odia todo", relata, animada.

No intervalo do almoço elanão volta para a casa, onde moracom os pais desde que nasceu.O tempo é curto para fazer olongo trajeto. A loja onde trabalhatem cozinha para que os

funcionários possam fazer asrefeições. "Eu levo comida de casae almoço lá, daí volto só às 6horas".

Mas a jornada de Gislaine nãopara quando ela chega em casa.Ela confecciona bijuterias e vende,para incrementar o orçamento."Essa daqui foi eu que fiz, não élinda?", mostra na orelha o brincogrande e colorido, que ela própriafez. Todo esforço e luta dela temum objetivo maior: a faculdade,que pretende começar no ano quevem. "Antes eu tenho que medecidir, mas vai ser na áreaadministrativa".

Gislaine diz que não sente faltade comércio em sua comunidade.

"Acho que não precisa ter loja,vídeo-locadora, nem nada, poistudo que a gente precisa é sódescer o morro e já estamos nocentro de Oficinas, que tem tudoque se quer".

Mas há quem discorde. Aprima de Gislaine, Ana CarolinaCaeres, de 16 anos, sente falta deatividades na comunidade doMorro da Caixa D'água. "Gostariaque tivesse mais cursos, porquetudo é muito longe, para tudo temque ir para o centro, e como formade renda as meninas fazem unha.É o que eu vou querer fazer senão puder cursar faculdade.Quero ser dona de salão",enfatiza.

J a n a í n a M e n g u eeditado por Vivian Sipriano