corpos d'água no brasil

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Panorama do Enquadramento dos Corpos dgua do

BRASIL

Panorama da Qualidade das guas Subterrneas no

BRASIL

CADERNOS DE RECURSOS HDRICOS 5

Repblica Federativa do Brasil Luiz Incio Lula da SilvaPresidente

Ministrio do Meio Ambiente MMA Marina SilvaMinistra

Agncia Nacional de guas ANA Diretoria Colegiada Jos Machado Diretor-Presidente Benedito Braga Oscar Cordeiro Netto Bruno Pagnoccheschi Dalvino Troccoli Franca Superintendncia de Planejamento de Recursos Hdricos Joo Gilberto Lotufo Conejo Superintendncia de Outorga e Fiscalizao Francisco Lopes Viana Superintendncia de Fiscalizao (at Maro-2006) Gisela Damm Forattini Superintendncia de gua e Solos (at Maro-2006) Antnio Flix Domingues

Agncia Nacional de guas Ministrio do Meio Ambiente

CADERNOS DE RECURSOS HDRICOS 5

Panorama do Enquadramento dos Corpos dgua do

BRASILMarcelo Pires da Costa Coordenao Executiva Anna Paola Michelano Bubel Gustavo Antnio Carneiro Viviane dos Santos Brando Paulo Breno de Moraes Silveira Cristianny Villela Teixeira Gisler

Panorama da Qualidade das guas Subterrneas no

BRASILJos Luiz Gomes Zoby Coordenao Executiva Fernando Roberto de Oliveira

EQUIPE TCNICA Joo Gilberto Lotufo Conejo Coordenao Geral Superintendente de Planejamento de Recursos Hdricos

Superintendncia de Planejamento de Recursos Hdricos Braslia-DF Maio-2007

2007 Todos os direitos reservados pela Agncia Nacional de guas (ANA). Os textos contidos nesta publicao, desde que no usados para fins comerciais, podero ser reproduzidos, armazenados ou transmitidos. As imagens no podem ser reproduzidas, transmitidas ou utilizadas sem expressa autorizao dos detentores dos respectivos direitos autorais. Agncia Nacional de guas (ANA) Setor Policial Sul, rea 5, Quadra 3, Blocos B, L e M CEP 70610-200, Braslia-DF PABX: 2109-5400 Endereo eletrnico: http://www.ana.gov.br

Equipe editorial:Panorama do Enquadramento dos Corpos Dgua do Brasil Superviso editorial: Marcelo Pires da Costa Elaborao dos originais: Superintendncia de Planejamento de Recursos Hdricos Reviso dos originais: Superintendncia de Planejamento de Recursos Hdricos Panorama da Qualidade das guas Subterrneas no Brasil Superviso editorial: Jos Luiz Gomes Zoby Elaborao dos originais: Superintendncia de Planejamento de Recursos Hdricos Reviso dos originais: Superintendncia de Planejamento de Recursos Hdricos Produo:TDA Desenho; Arte LTDA. www.tdabrasil.com.br Projeto grfico, editorao e arte-final: Joo Campello Capa: Marcos Rebouas e Joo Campello Editorao eletrnica dos originais: Paulo Albuquerque Mapas temticos: Thiago Rodrigues Fotos: Acervo TDA e Acervo ANA Reviso: Roberta Gomes

Catalogao na fonte CDOC BibliotecaP195p Panorama do enquadramento dos corpos dgua do Brasil, e, Panorama da qualidade das guas subterrneas no Brasil. / coordenao geral, Joo Gilberto Lotufo Conejo ; coordenao executiva, Marcelo Pires da Costa, Jos Luiz Gomes Zoby. Braslia : ANA, 2007. 124 p. : il. (Caderno de Recursos Hdricos, 5) ISBN: 978-85-89629-29-4 1. Recursos Hdricos. 2. Enquadramentos dos Corpos dgua. 3. Qualidade das guas Subterrneas. I. Agncia Nacional de guas (Brasil). II. Superintendncia de Planejamento de Recursos Hdricos. III. Conejo, Joo Gilberto Lotufo. IV. Costa, Marcelo Pires da. V. Zoby, Jos Luiz Gomes. VI. Ttulo. VII. Ttulo: Panorama da qualidade das guas subterrneas no Brasil. VIII. Srie. CDU 556.01 (81)

SUMRIOPREFCIO PANORAMA DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DGUA DO BRASIL APRESENTAO 1 INTRODUO 2 METODOLOGIA 3 HISTRICO DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DGUA NO BRASIL 4 ASPECTOS CONCEITUAIS DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DGUA 5 ASPECTOS JURDICOS E INSTITUCIONAIS 6 ESTGIO DE IMPLEMENTAO DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DGUA 7 DIRETRIZES PARA AMPLIAO DOS ENQUADRAMENTOS DOS CORPOS DGUA 8 CONCLUSO 9 REFERNCIAS 7 9 13 15 17 19 23 31 37 43 51 53

PANORAMA DA QUALIDADE DAS GUAS SUBTERRNEAS NO BRASIL APRESENTAO 1 INTRODUO 2 METODOLOGIA 3 REDES DE MONITORAMENTO 4 CONDIES DE OCORRNCIA DA GUA SUBTERRNEA 5 TERRENOS SEDIMENTARES PRINCIPAIS SISTEMAS AQFEROS 6 TERRENOS CRISTALINOS 7 GUAS MINERAIS 8 FONTES DE CONTAMINAO 9 PROTEO DE AQFEROS 10 CONCLUSES E RECOMENDAES 11 REFERNCIAS

57 61 63 67 69 71 75 85 91 95 105 109 113

Acervo TDA

Rio So Francisco

PREFCIOO Brasil destaca-se no cenrio internacional dos recursos hdricos por suas aes pioneiras, modernas e concretas na gesto das guas. Com a incluso do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos na Constituio de 1988, a aprovao da Lei no 9.433 em 1997, estabelecendo a Poltica e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos e a criao da Agncia Nacional de guas (ANA) em 2000, a gua , definitivamente, incorporada agenda poltica brasileira. O sistema hdrico nacional, construdo para ser descentralizado, integrado e, principalmente, participativo, permite garantir a sustentabilidade do recurso gua para as geraes futuras. Os desafios oriundos de um cenrio de demandas crescentes e de preocupante degradao ambiental so grandes e devem ser enfrentados, mas temos plena conscincia de que a implantao do gerenciamento de recursos hdricos deve ser vista como um processo poltico gradual, progressivo, com sucessivas etapas de aperfeioamento, respeitando-se as peculiaridades de cada bacia ou regio brasileiras. Nesse contexto, o Plano Nacional de Recursos Hdricos - PNRH, recm editado, um dos instrumentos previstos na lei para subsidiar o funcionamento e a implementao do sistema nacional de gerenciamento de recursos hdricos. As dificuldades encontradas na obteno e cataloA ANA, em cumprimento de suas atribuies legais, vem participando ativamente da elaborao do PNRH, desde meados do ano de 2002, na confeco do Documento Base de Referncia DBR, aprovado pela Cmara Tcnica do PNRH, em 30 de novembro de 2003. Mais recentemente, a contribuio da Agncia, na construo do Plano Nacional de Recursos Hdricos - PNRH, Assim, com esta publicao, a ANA cumpre sua misso: ser a guardi dos rios e estimular a pesquisa e a capacitao de recursos humanos para a gesto dos recursos hdricos. Diretoria da ANA gao das informaes aqui contidas no impediu que se conseguisse uma adequada viso nacional sobre cada tema abordado. o caso deste Volume 5 que, assim como o Volume 1, trata do tema qualidade da gua, apresentando na Parte 1 PANORAMA DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DGUA DO BRASIL e na Parte 2 PANORAMA DA QUALIDADE DAS GUAS SUBTERRNEAS NO BRASIL. Os documentos originais desenvolvidos para o PNRH, em maio de 2005, sofreram algumas atualizaes para esta publicao. Alm da questo relativa qualidade da gua, tema objeto do Volume 1 da srie Cadernos de Recursos Hdricos, os demais temas inseridos dizem respeito questo quantitativa da gua, os principais usos e aplicao dos instrumentos de gesto da gua, previstos na Lei no 9.433/97. Tendo em vista a relevncia dos temas e produtos gerados nesse processo, a ANA decidiu incluir alguns temas para publicao na srie Cadernos de Recursos Hdricos, que tem por objetivo principal a divulgao da produo tcnica da instituio. ocorreu, principalmente, por meio da elaborao de documentos tcnicos temticos produzidos pelas superintendncias da ANA, sob superviso geral da Superintendncia de Planejamento de Recursos Hdricos - SPR.

Acervo TDA

Rio Paraguai

BRASILEQUIPE TCNICA Joo Gilberto Lotufo Conejo Coordenao Geral Superintendente de Planejamento de Recursos Hdricos Marcelo Pires da Costa Coordenao Executiva Anna Paola Michelano Bubel Gustavo Antnio Carneiro Viviane dos Santos Brando Paulo Breno de Moraes Silveira Cristianny Villela Teixeira Gisler

Panorama do Enquadramento dos Corpos Dgua do

Superintendncia de Planejamento de Recursos Hdricos Braslia-DF Maio-2007

Acervo TDA

SUMRIOAPRESENTAO 1 INTRODUO 2 METODOLOGIA 3 HISTRICO DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DGUA NO BRASIL 4 ASPECTOS CONCEITUAIS DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DGUA 5 ASPECTOS JURDICOS E INSTITUCIONAIS 6 ESTGIO DE IMPLEMENTAO DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DGUA 7 DIRETRIZES PARA AMPLIAO DOS ENQUADRAMENTOS DOS CORPOS DGUA 8 CONCLUSO 9 REFERNCIAS 13 15 17 19 23 31 37 43 51 53

Acervo TDA

Rio Vermelho

Agncia Nacional de guas ANA compete disciplinar, em carter normativo, a implementao, a operacionalizao, o controle e a avaliao dos instrumentos da Poltica Nacional de Recursos Hdricos. O presente trabalho tem como objetivo contribuirpara a implementao de um destes instrumentos, o enquadramentos dos corpos dgua. Este instrumento visa assegurar s guas qualidade compatvel com os usos mais exigentes a que forem destinadas e a diminuir os custos de combate poluio das guas, mediante aes preventivas permanentes (Art. 9o, lei no 9.433, de 1997).

de Gerenciamento de Recursos Hdricos e o Sistema Nacional de Meio Ambiente. Neste contexto, o estudo apresenta um diagnstico da implementao deste instrumento e das diretrizes para seu aprimoramento. Para a elaborao deste estudo, fez-se a uma reviso bibliogrfica sobre o tema, em conjunto com o levantamento de fontes secundrias. Foram consultados, entre outros, os Planos Estaduais de Recursos Hdricos, os Planos de Bacia e as informaes das secretarias de recursos hdricos e meio ambiente dos Estados. O Captulo 1 contm a Introduo, mostrando um ce-

As metas de qualidade da gua indicadas pelo enquadramento constituem a expresso dos objetivos pblicos para a gesto dos recursos hdricos. Deste modo, essas metas devem corresponder ao resultado final de um processo que leve em conta os fatores ambientais, sociais e econmicos. Alm de sua importncia no processo de controle da poluio das guas, o enquadramento tambm referncia para os demais instrumentos de gesto de recursos hdricos (outorga, cobrana, planos de bacia), assim como, para instrumentos de gesto ambiental (licenciamento, monitoramento), sendo, portanto, importante elo entre o Sistema Nacional

nrio sobre o enquadramento no Pas. O Captulo 2 descreve a Metodologia empregada no estudo. O Captulo 3 aponta um histrico sobre o enquadramento dos corpos dgua no Pas. O Captulo 4 contm um diagnstico do estgio atual de implementao do enquadramentos dos corpos dgua. O Captulo 5 contm um conjunto de diretrizes para a ampliao do enquadramento dos corpos dgua.

Acervo TDA

PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI L

Apresentao

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Acervo TDA

Rio Negro - AM

O enquadramento dos corpos dgua o estabelecimento do nvel de qualidade (classe) a ser alcanado ou mantido em um segmento de corpo dgua ao longo do tempo. O enquadramento busca assegurar s guas qualidade compatvel com os usos mais exigentes a que forem destinadas e a diminuir os custos de combate poluio das guas, mediante aes preventivas permanentes (Art. 9 , lei n 9.433, de 1997).o o

uso. A discusso e o estabelecimento desse pacto ocorrero dentro do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos SINGREH, estabelecido pela Lei das guas. O enquadramento referncia para os demais instrumentos de gesto de recursos hdricos (outorga, cobrana, planos de bacia) e instrumentos de gesto ambiental (licenciamento, monitoramento), sendo, portanto, um importante elo entre o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos e o Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA. Este documento tem o intuito de apresentar diagnstico do estgio atual da implementao do instrumento e indicar diretrizes para sua ampliao. Desse modo, a Agncia Nacional de guas ANA procura cumprir com sua misso relativa implementao, operacionalizao, ao controle e avaliao dos instrumentos da Poltica Nacional de Recursos Hdricos.

Mais que uma simples classificao, o enquadramento dos corpos dgua deve ser visto como um instrumento de planejamento, pois deve estar baseado no necessariamente no seu estado atual, mas nos nveis de qualidade que deveriam possuir ou ser mantidos nos corpos dgua para atender s necessidades estabelecidas pela comunidade. A classe do enquadramento de um corpo dgua deve ser definida em um pacto acordado pela sociedade, levando em conta as suas prioridades de

Foz do Iguau - PR

Acervo TDA

PAN O RAM A D A Q U ALI D AD E D AS G U AS SU BTERRN EAS N O BRASI L

1 INTRODUO

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Acervo TDA

Rio Miranda - MS

A fim de elaborar este estudo, realizou-se uma reviso bibliogrfica em conjunto com o levantamento de fontes secundrias. Foram consultados, entre outras fontes, os Planos Estaduais de Recursos Hdricos, os Relatrios das Redes de Monitoramento dos Estados, os Planos de Bacia e as informaes das secretarias de recursos hdricos e meio ambiente dos Estados.

Pantanal - MS

PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI L

2 METODOLOGIA

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Acervo TDA

Acervo TDA

O Brasil possui dispositivos legais referentes gua desde o perodo colonial, mas somente em 1934 o Cdigo de guas (MME, 1980) passou a ser a le17

Mesmo ao longo das dcadas seguintes, medida que o Pas passava a utilizar os recursos hdricos de forma mais intensa, no havia ainda uma poltica adequada, com exceo da poltica energtica, que era bastante estruturada e com marcante centralizao nas decises. Em 1955, o Estado de So Paulo regulamentou o primeiro sistema de classificao dos corpos dgua do Pas, e enquadrou alguns rios por meio do Decreto Estadual no 24.806. O primeiro sistema de enquadramento dos corpos dgua na esfera federal foi a Portaria no 013, de 15 de janeiro de 1976, do Ministrio do Interior (BRASIL, 1976)3 que enquadrava as guas doces em classes, conforme os usos preponderantes a que as guas se destinam.

gislao especfica para os recursos hdricos. Com relao questo da qualidade da gua, o Cdigo de guas dispe que ... a ningum lcito conspurcar ou contaminar as guas que no consome, com prejuzo de terceiros . Este mesmo Cdigo define, ainda, que: os trabalhos para a salubridade das guas sejam realizados custa dos infratores que, alm da responsabilidade criminal, se houver, tambm respondem pelas conseqentes perdas e danos, e por multas impostas pelos regulamentos administrativos (MME, 1980)17. O Cdigo de guas estabeleceu uma poltica bastante avanada para a poca. No entanto, sua regulamentao se limitou aos aspectos referentes ao desenvolvimento do setor eltrico, deixando praticamente de lado os usos mltiplos e a proteo da qualidade das guas (GRANZIERA, 2001) .12

Ao longo da dcada de 1970, iniciaram-se as discusses sobre a gesto descentralizada das guas, e em 1978 foram criados Comits de Estudos Integrados de Bacias Hidrogrficas para diversos rios brasileiros, principalmente na Regio Sudeste.

Acervo TDA

PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI L

3 HISTRICO DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DGUA NO BRASIL

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20C AD ERN O S D E REC U RSO S H D RI C O SAcervo TDA

Rio Aquidauana - MS

Estes comits eram compostos apenas por integrantes do Poder Pblico, no possuam poder deliberativo, contudo realizaram diversos estudos para o conhecimento das bacias, sendo fato importante na descentralizao da gesto dos recursos hdricos. Entre os estudos, destacam-se os de enquadramento dos corpos dgua das bacias do rio Paranapanema, em 1980, e do rio Paraba do Sul, em 1981, conforme as classes estabelecidas pela Portaria no 013 do Ministrio do Interior.

do Territrio Nacional,.distribudas em nove classes, segundo os usos preponderantes a que as guas se destinam. Em 1989, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis IBAMA realizou o enquadramento dos corpos dgua de domnio da Unio na Bacia do Rio So Francisco, segundo as classes da Resoluo CONAMA no 20, de 1986 (IBAMA, 1989)13. Ao longo dos anos 1980 e 1990, alguns Estados rea-

Aps a edio da Portaria n 013 do Ministrio do Ino

lizaram os enquadramentos de seus corpos dgua principais ou de algumas bacias selecionadas: Paraba (1988), Paran (entre 1989 e 1991), Rio Grande do Sul (entre 1994 e 1998), Minas Gerais (entre 1994 e 1998), Bahia (1995 e 1998) e Mato Grosso do Sul (1997). Em 1988, a Constituio Federal concedeu atribuio Unio para instituir o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos. Em 1991, o Estado de So Paulo instituiu sua Poltica Estadual de Recursos Hdricos, por meio da Lei no 7.663, de 30 de dezembro de 1991 (SO PAULO, 1991)21, a qual representou um marco no campo normativo dos re-

terior, em 1976, alguns Estados tambm realizaram o enquadramento de seus corpos dgua: So Paulo (1977), Alagoas (1978), Santa Catarina (1979), Rio Grande do Norte (1984). Na dcada de 1980, com a instituio da Poltica Nacional de Meio Ambiente, o Pas passou a contar com um arcabouo legal para o tratamento das questes ambientais, o que colaborou tambm para impulsionar a formulao de novas normas relativas gesto das guas. Em 1986, foi publicada a Resoluo n 20 do Cono

cursos hdricos, j que se antecipou lei federal que seria estabelecida seis anos depois. Em 8 de janeiro de 1997, regulamentando os aspectos previstos na Constituio Federal, foi sancionada

selho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 1986)6 que substituiu a Portaria n 013, de 1976, do Ministo

rio do Interior. Esta resoluo estabeleceu uma nova classificao para as guas doces, salobras e salinas

21a Lei no 9.433 que instituiu a Poltica Nacional de Recursos Hdricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos (BRASIL, 1997) .4

Poltica Nacional de Recursos Hdricos. Vale ressaltar que o enquadramento, tambm, referncia para o Sistema Nacional de Meio Ambiente, pois representa, entre outros, padres de qualidade da gua para as aes de licenciamento e de monitoramento ambiental. Em 2000, a Resoluo CNRH no 12 estabeleceu os procedimentos para o enquadramento dos cursos dgua em classes de qualidade, definindo as competncias para elaborao e aprovao da proposta de enquadramento e as etapas a serem observadas (CNRH, 2000). Em 2005, a Resoluo CONAMA no 357 (CONAMA, 2005)7 substituiu a Resoluo CONAMA no 20, de 1986. Esta resoluo define a classificao das guas doces, salobras e salinas em funo dos usos preponderantes (sistema de classes de qualidade) atuais e futuros. A resoluo apresenta aspectos conceituais novos em relao Resoluo

A Lei no 9.433 representa o marco fundamental no processo de mudana do ambiente institucional regulador dos recursos hdricos no Brasil, o que levou criao do Conselho Nacional de Recursos Hdricos CNRH em 1998, e da ANA, em 2000. O Conselho Nacional de Recursos Hdricos tem, entre outras atribuies, a funo de arbitrar, em ltima instncia administrativa, os conflitos existentes e estabelecer as diretrizes complementares para implementao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos. A ANA tem a funo bsica de disciplinar, em carter normativo, a implementao, a operacionalizao, o controle e a avaliao dos instrumentos da Poltica Nacional de Recursos Hdricos. A partir da Lei Federal n 9.433, de 1997, o enquao

CONAMA no 20, de 1986, os quais sero abordadas no tpico 4.

dramento passou a ser um dos instrumentos da

Acervo TDA

PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI L

Acervo TDA

Rio Cuiab - MT

Como mencionado anteriormente, o enquadramento pretende estabelecer o nvel de qualidade (classe) a ser alcanado ou mantido em um segmento de corpo dgua, ao longo do tempo. Portanto, o enquadramento um instrumento de planejamento para garantir a qualidade de um segmento do corpo dgua correspondente classe de uso em que este foi enquadrado. O enquadramento pode ser considerado como um pacto social se a definio dos anseios da comunidade, muitas vezes conflitantes, for expresso em metas de qualidade de gua. At a criao do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos, o enquadramento dos corpos hdricos de uma bacia era estabelecido pelos rgos pblicos com pequena, e muitas vezes ausente, participao da sociedade. Hoje, com o advento da Lei no 9.433, de 1997, que instituiu a Poltica Nacional de Recursos Hdricos, o processo de enquadramento participativo. O enquadramento deve ser elaborado considerando as classes estabelecidas pela Resoluo CONAMA n 357, de 17 de maro de 2005, que divide emo

Segundo Granziera (2001)12, o enquadramento dos corpos dgua possui um sentido de proteo, no da gua propriamente, mas da sade pblica, pois evidente a preocupao em segregar a gua que pode ser utilizada para, por exemplo, irrigar hortalias que so consumidas cruas ou aquelas que servem para abastecimento pblico. Alm disso, nota-se uma preocupao com o fator econmico, em relao aos custos de tratamento da gua para abastecimento pblico, que so maiores nas classes de pior qualidade. Outro aspecto relevante, o enquadramento representa, indiretamente, um mecanismo de controle do uso e de ocupao do solo, j que restringe a implantao de empreendimentos cujos usos no consigam manter a qualidade de gua na classe em que o corpo dgua fora enquadrado. Nesse aspecto, a questo das competncia relevante, pois, segundo a Constituio Federal, cabe ao Municpio estabelecer, mediante lei municipal, as condies de ocupao do solo por meio de seu plano diretor e da Lei de Zoneamento. Portanto, o enquadramento apresenta grande importncia no processo de gesto, estando intimamente ligado ao planejamento do uso do solo e ao zoneamento ambiental.

13 classes de qualidade as guas doces, salobras e salinas do Territrio Nacional. Veja Tabela 1.

Acervo TDA

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4 ASPECTOS CONCEITUAIS DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DGUA

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24C AD ERN O S D E REC U RSO S H D RI C O SAcervo TDA

Tabela 1. Classes e respectivos usos da gua conforme a Resoluo CONAMA no 357, de 2005CLASSES ESPECIAL USOS - abastecimento para consumo humano, com desinfeco; - preservao do equilbrio natural das comunidades aquticas; - preservao dos ambientes aquticos em unidades de conservao de proteo integral - abastecimento para consumo humano, aps tratamento simplificado; - proteo das comunidades aquticas; - recreao de contato primrio, tais como natao, esqui aqutico e mergulho, conforme Resoluo CONAMA n. 274, de 2000; - irrigao de hortalias que so consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoo de pelcula; e - proteo das comunidades aquticas em Terras Indgenas. - abastecimento para consumo humano, aps tratamento convencional; - proteo das comunidades aquticas; - recreao de contato primrio, tais como natao, esqui aqutico e mergulho, conforme Resoluo CONAMA n. 274, de 2000; - irrigao de hortalias, plantas frutferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o pblico possa vir a ter contato direto; e - aqicultura e atividade de pesca - abastecimento para consumo humano, aps tratamento convencional ou avanado; - irrigao de culturas arbreas, cerealferas e forrageiras; - pesca amadora; - recreao de contato secundrio; e - dessedentao de animais - navegao; - harmonia paisagstica. - preservao dos ambientes aquticos em unidades de conservao de proteo integral; e - preservao do equilbrio natural das comunidades aquticas. - recreao de contato primrio, conforme Resoluo CONAMA n. 274, de 2000; - proteo das comunidades aquticas; e - aqicultura e atividade de pesca. - pesca amadora; - recreao de contato secundrio. - navegao; - harmonia paisagstica. - preservao dos ambientes aquticos em unidades de conservao de proteo integral; e, - preservao do equilbrio natural das comunidades aquticas. - recreao de contato primrio, conforme Resoluo CONAMA n. 274, de 2000; - proteo das comunidades aquticas; - aqicultura e atividade de pesca; - abastecimento para consumo humano aps tratamento convencional ou avanado; e - irrigao de hortalias que so consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoo de pelcula, e irrigao de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o pblico possa vir a ter contato direto. - pesca amadora; - recreao de contato secundrio. - navegao; - harmonia paisagstica.

1

GUAS DOCES

2

3

4 ESPECIAL 1 2 3 ESPECIAL

GUAS SALINAS

GUAS SALOBRAS

1

2 3

25Alm disso, o enquadramento permite uma melhor adequao de custos de controle da poluio, pois possibilita que os nveis de controle de poluentes exigidos estejam de acordo com os usos que se pretende dar ao corpo dgua nos seus diferentes trechos. Segundo Porto (2002)20, o enquadramento de corpos dgua um instrumento de planejamento e, como tal, tem as seguintes caractersticas: Representa a viso global da bacia, pois para se tomar a deciso de quais so os usos prioritrios em cada trecho de rio necessrio olhar o todo, em uma viso de macro-escala. Representa a viso futura da bacia e, portanto, so metas de qualidade a serem alcanados no mdio e longo prazo. Faz parte do plano de bacia como garantia de integrao entre os aspectos quantitativos e qualitativos do uso da gua. Mais que uma simples classificao, o enquadramento dos corpos dgua um importante instrumento de planejamento ambiental. A classe do enquadramento a ser alcanada no futuro, para um corpo dgua, dever ser definida em um pacto construdo pela sociedade, levando em conta as prioridades de uso da gua. A discusso e o estabelecimento desse pacto devem ocorrer dentro do SINGREH estabelecido pela Lei n 9.433,o

de 1997. A aprovao final do enquadramento acontece no mbito dos Conselhos Estaduais de Recursos Hdricos (CERHs) ou do CNRH, conforme o domnio do curso dgua (estadual ou federal, respectivamente). As metas de qualidade da gua indicadas pelo enquadramento constituem a expresso dos objetivos pblicos para a gesto dos recursos hdricos. Desse modo, essas metas devem corresponder ao resultado final de um processo que leve em conta os fatores ambientais, sociais e econmicos. Segundo Porto (2002)20, uma das principais vantagens em utilizar metas de qualidade da gua como instrumento de gesto est em colocar o foco da gesto da qualidade da gua sobre os problemas especficos a serem resolvidos na bacia, tanto no que se refere aos impactos causados pela poluio, quanto nos usos que possam vir a ser planejados. Assim, estabelece uma viso de conjunto dos problemas da bacia e no uma viso individualizada que leve a solues apenas locais. A importncia do enquadramento reforada por sua relao com os demais instrumentos da Poltica Nacional de Recursos Hdricos. Alm da estreita relao com os planos de recursos hdricos, o enquadramento tem influncia sobre a outorga e a cobrana pelo uso dos recursos hdricos. O enquadramento tambm um instrumento de convergncia entre as Polticas de Meio Ambiente e de

Acervo TDA

PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI L

26C AD ERN O S D E REC U RSO S H D RI C O SAcervo TDA

Recursos Hdricos, pois tem repercusso operacional sobre os rgos do SISNAMA e SINGREH, e sua normatizao compete ao CONAMA e ao CNRH, bem como aos conselhos ambientais e de recursos hdricos em mbito estadual. A relao do enquadramento com a outorga foi estabelecida pela Lei n 9.433, de 1997 que estao

Dessa forma, a publicao da Resoluo CONAMA no 357, de 2005, representou importante avano em termos tcnicos e institucionais para a gesto da qualidade das guas. Entre estes avanos, destacam-se: A criao de novas classes para guas salinas e salobras. A incluso de novos parmetros de qualidade de guas, e a reviso dos parmetros da Resoluo CONAMA no 20, de 1986, utilizando como referncia os mais recentes estudos nacionais e internacionais. A definio em que devem ser selecionados parmetros prioritrios para o enquadramento

belece que toda outorga (Art. 13) ... dever respeitar a classe em que o corpo de gua estiver enquadrado.... Portanto, as anlises de pedidos de outorga, seja de captao de gua ou de lanamento de efluentes, devero considerar as condies de qualidade estabelecidas pela classe de enquadramento. A relao entre o enquadramento e a cobrana pelo uso de recursos hdricos se estabelece de duas formas. Indiretamente, quando sero cobrados os usos sujeitos a outorga, que deve considerar as classes de enquadramento. E quando, valores arrecadados com a cobrana sero aplicados em programas e obras definidos no plano da bacia. Diretamente, as classes de enquadramento podem ser consideradas na frmula de cobrana pelo lanamento de efluentes. A aprovao do enquadramento de um corpo de gua no deve ser vista como ao finalstica, mas deve ser considerada como passo na aplicao desse instrumento. Com relao aos parmetros prioritrios, Enderlein et al. (1997)10 mencionam que quanto mais simples for a definio das metas de qualidade, mais eficiente ser este instrumento, sendo essencial manter o foco do problema em um nmero pequeno de variveis de qualidade da gua, o que auxilia na adoo de solues com maior eficincia econmica. A definio do conceito de progressividade para o alcance das metas de enquadramento. As metas de qualidade da gua devero ser atingidas em regime de vazo de referncia, excetuados os casos em que a determinao hidrolgica dessa vazo no seja possvel (ex: reservatrios).

27Nesse contexto, a Resoluo CONAMA no 357, de 2005, estabelece que ... o conjunto de parmetros selecionado para subsidiar a proposta de enquadramento do corpo de gua dever ser representativo dos impactos ocorrentes e dos usos pretendidos e ... com base nos parmetros selecionados, dar-se-o as aes prioritrias de preveno, controle e recuperao da qualidade da gua na bacia, em consonncia com as metas progressivas estabelecidas pelo respectivo Comit da bacia em seu Plano de Recursos Hdricos, ou no programa para efetivao do enquadramento. A questo da progressividade das metas de enquadramento merece um destaque especial entre as alteraes presente na Resoluo CONAMA n 357,o

Barth (2002)2 menciona que o enquadramento pode ser visto como uma meta a ser alcanada, ao longo do tempo, mediante um conjunto de medidas necessrias, entre as quais, por exemplo, esto os programas de investimentos em tratamento de esgotos. Portanto, caso o corpo de gua enquadrado j apresente as condies de qualidade mnimas exigidas para a sua classe, as aes de gesto devero respeitar e garantir a manuteno dessas condies. Por outro lado, se as condies de qualidade estiverem aqum do limites estabelecidos para a classe em que o corpo hdrico foi enquadrado, ressalvados os parmetros que no atendam aos limites devido s condies naturais, devero ser buscados investimentos e aes de natureza regulatria, necessrios ao alcance da meta final de qualidade da gua desejada. Nesse caso, ainda, podero ser estipuladas metas intermedirias progressivas, de carter obrigatrio, atreladas a prazos e adequao de instrumentos de gesto ambiental e de recursos hdricos. Um dos principais problemas que existiam, relativos a Resoluo CONAMA no 20, de 1986, que a aplicao deste instrumento ocorreu como se o corpo dgua estivesse na condio da classe em

de 2005. Isso significa que, entre as aes necessrias para a efetivao do enquadramento, devero ser selecionadas aquelas de maior interesse, considerando a viabilidade tcnica e econmica para sua implementao. Estas medidas devero ser escalonadas em metas intermedirias progressivas, em que cada conjunto de medidas esteja relacionado com a reduo de carga poluente e a conseqente melhoria da qualidade da gua.

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PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI L

28C AD ERN O S D E REC U RSO S H D RI C O S

que foi enquadrado. Este fato gerou situaes em que uma estao de tratamento de esgotos no podia ser licenciada, apesar da evidente melhoria que proporcionaria aos corpos dgua, porque os efluentes, segundo a legislao, no poderiam conferir ao corpo receptor caractersticas em desacordo com o enquadramento do mesmo. Barth (2002) sugeriu a adoo do conceito de enqua2

Nesse aspecto, a Resoluo CONAMA no 357, de 2005, representou um avano em relao a Resoluo CONAMA no 20, de 1986, ao considerar que o enquadramento expressa metas finais a serem alcanadas, podendo ser fixadas metas progressivas intermedirias, obrigatrias, para a sua efetivao (Figura 1). Portanto, as metas de qualidade apresentadas no enquadramento devem ser vistas como meta final, as quais, juntamente com as metas intermedirias, devem ser negociadas em cada bacia. Em algumas, por existncia de recursos para reverso dos passivos ambientais, ou pelo fato dos mesmos serem de menor magnitude, o prazo para o alcance da meta final pode ser mais curto que em bacias que no possuem estas condies. Segundo Furukawa; Lavrador (2005)11, estas metas progressivas devem ser definidas pelo rgo competente para a respectiva bacia hidrogrfica e para aqueles casos em que a condio de qualidade dos corpos dgua esteja em desacordo com os usos preponderantes pretendidos, excetuados os parmetros que excedam aos limites, devido s condies naturais. Essas metas vm ao encontro das necessidades do setor de saneamento, uma

dramento como uma meta a ser alcanada ao longo do tempo, e no como efetivao imediata. Nesse sentido, Von Sperling; Chernicharo (2002) , re23

ferindo-se Resoluo CONAMA no 20, de 1986, mencionam que uma das dificuldades da aplicao do enquadramento no Brasil era o fato de que no havia planejamento progressivo para o atendimento aos objetivos de qualidade da gua, o que exigia nveis de tratamento imediatos adequados ao objetivo de qualidade de longo termo, sem que o setor tivesse condies de investimento. Segundo os autores, h, nesta situao, implicaes legais, pois o no reconhecimento da necessidade de planejamento progressivo impede, muitas vezes, a aprovao de licenciamentos ambientais para obras que comeariam a contribuir, desde j, para a melhoria da qualidade da gua.

qualidade atual

metas intermedirias progressivas

Concentrao do Poluente

meta final

t2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019

Figura 1 Metas progressivas de qualidade da gua

29PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI LAcervo TDA

vez que possibilitaro a implantao das Estaes de Tratamento de Esgotos em etapas, desde que aprovadas pelos Comits de Bacia, e compatveis com os demais usos da gua. Segundo Porto (2002) , as metas do enquadramento20

qualidade da gua vem sendo feita no Pas ao longo das ltimas dcadas. Segundo Costa (2005) 9, a gesto da qualidade da gua no Brasil encontra-se em um momento de mudana de paradigma, em que um sistema, baseado principalmente nos instrumentos de comando-controle, passar a coexistir com um sistema descentralizado, com foco em instrumentos econmicos e de planejamento. O enquadramento dos corpos dgua representa um papel central no novo contexto de gesto da qualidade da gua do Pas, por se tratar de um instrumento de planejamento que possui interfaces com os demais aspectos da gesto dos recursos hdricos.

no devem ser encaradas de forma definitiva, sendo comum rever tais objetivos, tanto para lado mais restritivo, em virtude do aparecimento de novas tecnologias que permitem redues maiores dos nveis de poluio, como para o lado menos restritivo, em razo de no existirem recursos suficientes ou os prazos e expectativas estarem superestimados. A progressividade das metas de enquadramento, com seu carter dinmico, deve auxiliar na aplicao do enquadramento, que altamente influenciado pela vontade da sociedade e pelas limitaes econmicas, tcnicas e institucionais inerentes ao sistema. Desse modo, a implementao da gesto de qualidade da gua no Pas, nos prximos anos, ser um processo que exigir um grande esforo em termos institucionais, tcnicos e de participao social. Este processo envolve uma mudana de paradigma em relao ao modo como a gesto da

Sem dvida, esta mudana exigir uma adaptao dos rgos gestores de qualidade da gua, j que cada bacia ter autonomia, por meio dos comits, para eleger suas metas e parmetros prioritrios de qualidade da gua. Obviamente, os instrumentos de comando-controle sempre existiro, pois faz parte das atribuies dos rgos ambientais fiscalizar as atividades poluidoras. No entanto, fica claro que apenas estas aes so insuficientes para reverter o quadro de poluio que afeta vrias bacias.

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Rio Aquidauana - MS

Para que o estabelecimento das metas do enquadramento ocorra de forma equilibrada, com expectativas de que sejam realizveis e factveis, devem haver os seguintes requisitos (PERRY; VANDERKLEIN, 1996) :19

uma organizao setorial, com predomnio do setor eltrico na definio dos usos dos recursos hdricos. No entanto, avanos significativos tm ocorrido nos ltimos anos, com vrias experincias de participao pblica e de gesto descentralizada.

Embasamento de carter institucional e legal, com mecanismos e instrumentos que permitam a realizao das aes necessrias para alcanar as metas. Embasamento de carter poltico, que reforce o carter participativo da deciso sobre a aptido da bacia hidrogrfica e, portanto, sobre os usos pretendidos no mdio e longo prazo. Embasamento de carter tcnico, que permita avaliar as condies atuais de qualidade da gua e o potencial de atendimento aos usos pretendidos, tanto no que se refere recuperao de reas poludas, quanto nos casos em que a preocupao como autorizar novos usos e ao mesmo tempo conservar o recurso hdrico. Com relao ao embasamento de carter institucional, fundamental criar um ambiente adequado para o gerenciamento dos recursos hdricos. Ao contrrio de pases com longa tradio nesta rea, o Brasil tinha, at a dcada passada, Compete ANA e aos rgos estaduais gestores dos recursos hdricos disciplinar, em carter normativo, a implementao, a operacionalizao, o controle e a avaliao dos instrumentos das Polticas Nacional e Estadual, respectivamente, de Recursos Hdricos, alm de elaborar estudos. A eles tambm cabe propor ao CNRH e aos CERHs os incentivos, at financeiros, para a conservao qualitativa e quantitativa dos recursos hdricos. No mbito estadual existem ainda os rgos ambientais, responsveis pelas aes de licenciamento e fiscalizao. Existem vrios rgos que possuem atribuies relativas ao enquadramento dos corpos dgua. Em mbito nacional, o CNRH tem a atribuio de aprovar o enquadramento dos corpos dgua em consonncia com as diretrizes do CONAMA, de acordo com a classificao estabelecida na legislao ambiental. Nos Estados, os Conselhos Estaduais de Recursos Hdricos devem aprovar os enquadramentos dos rios estaduais.

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PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI L

5 ASPECTOS JURDICOS E INSTITUCIONAIS

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32C AD ERN O S D E REC U RSO S H D RI C O S

O Comit de Bacia Hidrogrfica o responsvel pela aprovao da proposta de enquadramento dos corpos de gua em classes de uso, elaborada pela Agncia de Bacia, para posterior encaminhamento ao respectivo Conselho de Recursos Hdricos Nacional ou Estadual, de acordo com o domnio dos corpos de gua. O enquadramento deve ser elaborado considerando as classes estabelecidas pela Resoluo CONAMA n 357, de 2005, que divide em 13 classes deo

O rgo de maior hierarquia na estrutura do Sistema Nacional de Recursos Hdricos o CNRH, responsvel pelas grandes decises a serem tomadas na gesto do setor. Compete ao CNRH estabelecer diretrizes complementares para implementar a Poltica Nacional de Recursos Hdricos e aplicar seus instrumentos (Lei no 9.433, de 1997). Em mbito nacional, o CNRH aprova o enquadramento dos corpos de gua em consonncia com as diretrizes do CONAMA, de acordo com a classificao estabelecida na legislao ambiental (Decreto no 2.612, de 1998), acompanha a execuo do Plano Nacional de Recursos Hdricos e determina as providncias necessrias ao cumprimento de suas metas.

qualidade as guas doces, salobras e salinas do Territrio Nacional. Os procedimentos para o enquadramento dos cursos dgua em classes de qualidade, definindo as competncias para elaborao e aprovao da proposta, e as etapas a serem observadas, so estabelecidos pela Resoluo CNRH n 12, de 19 de julhoo

A Secretaria de Recursos Hdricos - SRH do Ministrio do Meio Ambiente o rgo coordenador e supervisor da poltica de recursos hdricos. Cabe SRH, como Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hdricos, apoiar o Conselho no estabelecimento de diretrizes complementares para implementao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos e aplicao de seus instrumentos, e instruir os expedientes provenientes dos Conselhos Estaduais de Recursos Hdricos e dos Comits de Bacia Hidrogrfica (Decreto no 2.612, de 1998).

de 2000 (CNRH, 2000). O artigo 10 da Lei n 9.433 determina que as claso

ses de corpos de gua sero estabelecidas pela legislao ambiental. Portanto, sua implementao exige a articulao entre o SINGREH e o SISNAMA. O CONAMA um colegiado que compe a estrutura do Ministrio do Meio Ambiente MMA, o rgo de maior hierarquia na estrutura do SISNAMA e a instncia responsvel por normas, critrios e padres relativos ao controle e manuteno da qualidade do meio ambiente, com vistas ao uso racional de recursos ambientais, principalmente, os hdricos (Portaria n 326, de 15 de dezembro de 1994).o

Compete ANA disciplinar, em carter normativo, a implementao, a operacionalizao, o controle e a avaliao dos instrumentos da Poltica Nacional de Recursos Hdricos, entre os quais se inclui o enquadramento dos corpos dgua, e propor ao CNRH incentivos, at financeiros, conservao qualitativa e quantitativa de recursos hdricos (Lei no 9.984, de 2000).

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33PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI LAcervo TDA

No mbito de bacia hidrogrfica, reconhecem-se os Comits de Bacia Hidrogrfica e as Agncias da gua como instncias atuantes na gesto das guas. O Comit um foro democrtico responsvel pelas decises a serem tomadas na bacia e a Agncia reconhecida como brao executivo do Comit. Os Comits e suas Agncias de gua procuram solucionar conflitos de usos da gua na bacia e dependem da poltica formulada pelo CNRH ou CERH e pelos rgos federais e estaduais gestores de recursos hdricos e de meio ambiente. Compem os Comits representantes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, dos municpios, dos usurios e das entidades civis de recursos hdricos com atuao comprovada na bacia. A representao dos poderes executivos da Unio, Estados, Distrito Federal e municpios limitada metade do total de membros. Compete s Agncias de gua, no mbito de sua rea de atuao, propor aos respectivos Comits de Bacia Hidrogrfica o enquadramento dos corpos de gua nas classes de uso, para encaminhamento ao Conselho Nacional ou Conselho Estadual ou do Distrito Federal de Recursos Hdricos, de acordo com o domnio do corpo dgua a ser enquadrado. Consrcios e associaes inter-

municipais de bacias hidrogrficas podero receber delegao dos Conselhos, por prazo determinado, para exercer funes de competncia das Agncias de gua, enquanto esta no estiver constituda. Os rgos estaduais gestores de recursos hdricos e de controle ambiental, municpios, usurios e sociedade civil tm direito a voz e voto no Comit de Bacia Hidrogrfica, nas decises referentes aos recursos hdricos na bacia. Os rgos estaduais de meio ambiente e de recursos hdricos recebem diretrizes do CNRH ou CERH e tm como competncias o controle, o monitoramento e a fiscalizao dos corpos de gua, alm da elaborao de estudos. A seguir, ser apresentado na Tabela 2, um diagnstico dos aspectos institucionais e legais dos normativos das unidades da federao pertinentes ao enquadramento. A partir dos dados observados na tabela acima, observa-se que das 27 unidades da federao, 17 tratam do enquadramento como um instrumento da Poltica Estadual de Recursos

34C AD ERN O S D E REC U RSO S H D RI C O S

Tabela 2 Diagnstico dos aspectos institucionais e legais do enquadramento nos EstadosUNIDADE DA FEDERAO O ENQUADRAMENTO INSTRUMENTO DA PERH A PROPOSTA DE ENQUADRAMENTO DEVE CONSTAR DO PLANO DE RECURSOS HDRICOS X O ENQUADRAMENTO CRITRIO PARA A OUTORGA E A COBRANA X (ambos) X (outorga) X X X(ambos) X(ambos) X (cobrana) Sistema Integrado de Gesto de Recursos Hdricos, especificamente, o Comit Estadual de Recursos Hdricos (rgo de assessoramento tcnico do CONERH) Agncia de bacia ou rgo gestor recursos hdricos X X(ambos) X (cobrana) X X X X X X X X(ambos) X (cobrana) Unidades executivas descentralizadas ou Superintendncia de Desenvolvimento de Recursos Hdricos e Saneamento Ambiental - SUDERHSA Secretaria de Cincia, Tecnologia e Meio Ambiente Agncia de bacia Agncia de bacia X(ambos) X (cobrana) X(ambos) Agncia de bacia Agncia de bacia ou Conselho de Poltica Ambiental - COPAM Agncia de bacia ou rgo gestor recursos hdricos Agncia de bacia rgo gestor de recursos hdricos ou agncia de bacia RGO RESPONSVEL PELA ELABORAO DA PROPOSTA DE ENQUADRAMENTO AO COMIT DE BACIA Agncia de bacia ou rgo ambiental estadual Agncia de bacia Secretaria de Estado de Meio Ambiente ou Agncias de bacia Instituto de Proteo Ambiental da Amaznia - IPAAM

ACRE ALAGOAS AMAP AMAZONAS BAHIA

X X X X

CEAR

X

X (cobrana)

DISTRITO FEDERAL ESPRITO SANTO GOIS MARANHO MATO GROSSO MATO GROSSO DO SUL MINAS GERAIS PAR PARABA

X X

PARAN

X

X

X(ambos)

PERNAMBUCO PIAU RIO DE JANEIRO RIO GRANDE DO NORTE RIO GRANDE DO SUL RONDNIA RORAIMA SANTA CATARINA SO PAULO SERGIPE TOCANTINS X X X X X

X X X

X (cobrana) X(ambos) X(ambos) X (cobrana) X (cobrana) X (outorga)

Agncia de regio hidrogrfica Agncia de bacia ou rgo gestor recursos hdricos

X X

X (cobrana) X (cobrana) X (outorga)

Comit de Bacia Agncia de bacia Agncia de bacia Agncia de bacia

X

X (outorga)

35PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI LAcervo TDA

Hdricos. Em 14 unidades da federao, fica explicito que o enquadramento far parte do Plano de Recursos Hdricos. Cabe s Agncias de Bacia, em 16 unidades da federao, a elaborao da proposta de enquadramento, o que dificulta a sua execuo uma vez que na maioria das bacias hidrogrficas as agncias ainda no foram implementadas. Somente em 5 unidades da federao existe a possibilidade de rgo gestor de recursos hdricos elaborar a proposta de enquadramento.

Na maioria dos estados a aprovao da proposta de enquadramento e seu encaminhamento para aprovao do Conselho Estadual de Recursos Hdricos ou rgo similar cabe ao Comit de Bacia Hidrogrfica ou organizao similar. importante ressaltar que em 7 estados o enquadramento dos corpos dgua no considerado um instrumento da Poltica de Recursos Hdricos, embora a outorga e a cobrana devam ser subsidiadas pelo enquadramento.

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Pantanal - MS

No Brasil, a implementao do enquadramento apresenta uma situao bastante diversa entre as Unidades da Federao. Com relao aos corpos dgua de domnio estadual, atualmente apenas 10 das 27 Unidades da Federao (Alagoas, Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraba, Paran, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e So Paulo) possuem instrumentos legais que enquadram total ou parcialmente seus corpos dgua. Alm dos citados, o Estado de Pernambuco enquadrou seus principais corpos dgua em 1986, com base na Portaria Interministerial no 13, de 1976, por meio de Decretos. Com a mudana da Legislao Ambiental, esses Decretos perderam sua validade. No Estado do Rio de Janeiro, o Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras estabeleceu, na dcada de 1970, uma sistemtica de classificao dos corpos de gua diferente da norma federal. Este sistema estabelece nove classes de usos benficos: abastecimento pblico; recreao; esttico; conservao de flora e fauna marinhas; conservao

de flora e fauna de gua doce; atividades agropastoris; abastecimento industrial, at mesmo gerao de energia; navegao e diluio de despejos. Os principais corpos de gua do Estado foram enquadrados pela FEEMA segundo este sistema, contudo observou-se que esses enquadramentos no serviram como instrumento de presso para que os padres fossem atingidos, no tendo sido acompanhado de planos de implementao (MMA, 1999)16. A situao atual do enquadramento dos corpos de gua ser apresentada na Tabela 3 e nas Figuras 2 e 3. Com relao aos corpos dgua federais, na dcada de 1980 foram desenvolvidos estudos dos principais mananciais hdricos brasileiros para fornecer elementos aos futuros trabalhos de planejamento da utilizao integrada destes recursos. A realizao desses estudos resultou na implementao dos Comits Executivos de Bacias Hidrogrficas e na definio de Projetos Gerenciais. Na poca, foram instalados, dentre outros, os comits das

Barragem do Xing - rio So Francisco

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PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI L

6 ESTGIO DE IMPLEMENTAO DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DGUA

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38

C AD ERN O S D E REC U RSO S H D RI C O S

Tabela 3 - Situao atual do enquadramento dos corpos dgua nos estadosRGO QUE ENQUADROU NORMATIVO RIOS ENQUADRADOS

ESTADO

NORMATIVO QUE EMBASA O ENQUADRAMENTO

ALAGOAS

Portaria Interministerial 13/76

Secretaria de Planejamento do Estado de Alagoas

Decreto n 3.766, de 30/10/1978

Principais rios, dentre eles: rio Camaragibe; rio Coruripe; rio Jiqui; rio Manguaba; rio Mirim ou Meirim; rio Perucaba; rio Piau; rio Pratagy; rio So Miguel; rio Satuba.

BAHIA

CONAMA 20/86

Conselho Estadual de Meio Ambiente - CEPRAM

Resoluo n 1.101, de 22/09/1995; Resoluo n 1.102, de 22/09/1995; Resoluo n 1.117, de 31/10/1995; Resoluo n 1.152, de 15/10/1995; Resoluo n, de 1998 (rio do leste)

rio Joanes e sub-bacia Hidrogrfica do rio Ipitanga; rio do Suba; rio Jacupe; Baa de Todos os Santos; rio do Leste (rios Cachoeira, Almada e Una).

MATO GROSSO DO SUL Conselho de Controle Ambiental do Estado - CECA

CONAMA 20/86

Deliberao CECA/MS n003, de 1997

Sub-bacia do rio Miranda; Sub-Bacia do rio Taquari; Sub-Bacia do rio Apa; Sub-Bacia do rio Correntes; Sub-Bacia do rio Negro; Sub-Bacia do rio Nabileque; Crrego Imbiruu e seus afluentes (sub-Bacia do rio Pardo).

MINAS GERAIS

CONAMA 20/86

Conselho Estadual de Poltica Ambiental - COPAM

Deliberao Normativa n 05, de 22/12/1994; Deliberao Normativa n 09, de 19/04/1994; Deliberao Normativa n 14, de 28/12/1995; Deliberao Normativa n 16, de 24/09/1996; Deliberao Normativa n 20, de 24/06/1997; Deliberao Normativa n 28, de 9/12/1998; Deliberao Normativa n 31, de 18/12/1998; Deliberao Normativa n 33, de 18/12/1998.

Corrego Ming (rio das Velhas); rio Piracicaba; rio Paraopeba; rio Parabuna; rio das Velhas; rio Par; rio Verde.

PARABA

CONAMA 20/86

Conselho de Proteo Ambiental do Estado da Paraba COPAM.

Deliberaes COPAM, de 1988, pelas Diretrizes 204, 205, 206, 207, 208, 209 e 210.

rio Piranhas; rio Paraba; rio Mamanguape; rio Curimata; Rios do Litoral e Zona da Mata; rio Jacu; rio Trairi.

Continua...

Continuao

PARAN

CONAMA 20/86

Superintendncia de Desenvolvimento de Recursos Hdricos e Saneamento Ambiental - SUREHMA

Portaria n005, de 06/09/1989; Portaria n003, de 21/03/1991; Portaria n004, de 21/03/1991; Portaria n005, de 19/09/1991; Portaria n006, de 19/09/1991; Portaria n007, de 19/09/1991; Portaria n008, de 19/09/1991; Portaria n009, de 19/09/1991; Portaria n010, de 19/09/1991; Portaria n011, de 19/09/1991; Portaria n012, de 19/09/1991; Portaria n013, de 15/10/1991; Portaria n016, de 31/10/1991; Portaria n017, de 01/11/1991; Portaria n019, de 12/05/1992; Portaria n020, de 12/05/1992.

Bacia Litornea; rio Tibagi; rio Pirap; rio Itarar; rio das Cinzas; Paranapanema; Paran; rio Ribeira; rio Piquiri; rio Iva; rio Igua.

RIO GRANDE DO NORTE Decreto n 9.100, de 22/10/1984

Portaria Interministerial 13/76

Instituto de Desenvolvimento Econ. e Meio Ambiente IDEMA Governo do Estado do Rio Grande do Norte

Principais cursos e reservatrios dgua

RIO GRANDE DO SUL

CONAMA 20/86

Secretaria da Sade e Meio Ambiente - SSMA Conselho de Recursos Hdricos - CRH

Portaria SSMA n 07/95; Portaria SSMA n. 02/98; Resoluo CRH n 15/05

Parte sul do esturio da Laguna dos Patos; rio Gravata; rio Santa Maria.

SANTA CATARINA

Portaria Interministerial 13/76

Secretaria do Planejamento e Coordenao Geral

Portaria n 024, de 19/09/1979

Principais rios, dentre eles: rio Cachoeira; rio Caveiras; rio Cubato; rio da Velha; rio Ditinho; rio do Mata Fome; rio do Meio; rio do Tigre; rio dos Queimados; rio Garcia; rio Itiriba; rio Lajeado Grande; rio Lajeado So Jos; rio Maruim; rio Massiambu; rio Pira; rio Suruvi; rio Tavares.

SO PAULO

Portaria Interministerial 13/76

Governo do Estado de So Paulo; Conselho de Recursos Hdricos.

Decreto N 10.755, de 22/11/1977; Deliberao CRH n 03, de 25/11/1993

Principais rios, dentre eles: rio Paranapanema; Baixada Santista; Billings; Guarapiranga; Litoral Norte e Sul; rio Tiet; rio Aguapei; rio do Peixe; rio Grande; rio Mogi Guau; rio Paraba do Sul; rio Pardo; rio Piracicaba; rio Ribeira de Iguape; rio Santo Anastcio; rio So Jos dos Dourados; rio Sapucai-Mirim; rio Turvo. PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI L

39

40C AD ERN O S D E REC U RSO S H D RI C O S

RN PB AL

BA

MG

MS SP PR

LegislaoResoluo CONAMA n 20/86 Portaria Min. Interior n 13/76 No enquadradoRS

SC

Figura 2 Bacias que possuem os corpos dgua estaduais enquadrados e a legislao utilizada

So Francisco

Paraba do Sul Paranapanema

LegislaoResoluo CONAMA n 20/86 Portaria Min. Interior n 13/76 No enquadrado

Figura 3 Bacias que possuem os corpos dgua federais enquadrados e a legislao utilizada

41bacias dos rios Paraba do Sul, Paranapanema, Guaba, So Francisco, Jari, Iguau, Jaguari/Piracicaba, Paranaba, Ribeira do Iguape e Pardo/Mogi. Alguns destes Projetos Gerenciais apresentaram propostas de enquadramento feitas com base nos usos preponderantes da gua, nas alternativas de tratamento de esgoto e na existncia de programas de investimentos. Assim, foram enquadrados os rios federais das bacias do Paranapanema, Paraba do Sul e So Francisco. Posteriormente, em 1989, os corpos dgua da Bacia do Rio So Francisco foram enquadrados pelo IBAMA, segundo as normas estabelecidas pela Resoluo CONAMA no 20, de 1986 (IBAMA, 1989)13. As demais bacias, Paranapanema e Paraba do Sul, necessitam de atualizao de seus enquadramentos, pois os mesmos foram feitos segundo a Portaria do Ministrio do Interior no 13, de 1976, anterior Resoluo CONAMA no 20, de 1986 (Figura 3) (ANA, 2005)1.PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI L

Bonito - MS

Acervo TDA

Acervo TDA

Conforme o diagnstico apresentado, fica evidente que, apesar do enquadramento dos corpos dgua existir no Brasil h trinta anos, ainda muito pequena a implementao deste instrumento. A gesto da qualidade da gua no Pas, nas ltimas dcadas, tem sido caracterizada pelos mecanismos de comando-controle, com foco nos padres de emisso, fiscalizao e aplicao de penalidades. No entanto, o novo arcabouo legal estabelecido pela Poltica Nacional de Recursos Hdricos estabelece a necessidade de uma abordagem mais ampla, baseada, principalmente, em aes de planejamento (enquadramento, planos de bacia) e instrumentos econmicos (COSTA, 2005) .9

institucional que drenam a discusso, mas principalmente porque sua dimenso mais importante a de planejamento, atividade freqentemente relegada a um segundo plano pela necessidade imperiosa das intervenes emergenciais. Lanna (1995)14, analisando o processo de enquadramento dos corpos dgua no Brasil, menciona que, devido s conseqncias econmicas, sociais e ecolgicas deste instrumento, necessrio que este resulte de um processo de planejamento da bacia, de modo a compatibilizar a oferta com as demandas dos recursos hdricos e dos demais recursos ambientais, cujo uso afete a qualidade das guas. No entanto, segundo o autor, no Brasil, os enquadramentos desenvolvem-se carentes de fundamentao objetiva, por no terem o respaldo de um plano de bacia. A Figura 4 apresenta as dificuldades para ampliao dos enquadramentos, conforme estudo realizado pela Secretaria de Recursos Hdricos (SRH/ MMA, 1999)22. Os principais problemas para realizao dos enquadramentos, segundo os Estados, so: falta de capacidade tcnica, metodologia e aes de gesto.

At o estabelecimento da Poltica Nacional de Recursos Hdricos, a competncia para realizar os enquadramentos pertencia Administrao Pblica, sendo, geralmente, feita de forma tecnocrtica e com pouca participao da sociedade. Segundo Pagnoccheschi (2000) , aes de enqua18

dramento dos corpos dgua podem tardar para se efetivar na maioria das bacias brasileiras, no apenas porque h questes mais pungentes de natureza

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PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI L

7 DIRETRIZES PARA AMPLIAO DOS ENQUADRAMENTOS DOS CORPOS DGUA

43

44C AD ERN O S D E REC U RSO S H D RI C O S

falta de capacidade tcnica 32% falta de coordenao das aes 5%

falta de recursos 11% falta de metodologia 26% falta de aes de gesto 26%

Figura 4 Problemas enfrentados pelos Estados para a implementao e aplicao do enquadramento (Fonte: SRH/MMA, 1999).

Segundo SRH/MMA (1999), uma srie de medidas deveriam ser tomadas para sanar estas dificuldades, dentre elas, destacam-se: 1) A reviso da Resoluo CONAMA n 20, de 1986;o

O trabalho de ampliao do enquadramento exige o estabelecimento de prioridades que devem considerar, entre outros aspectos, a hierarquia de usos e suas necessidades de qualidade, assim como existncia de conflitos (MACIEL JR., 2000)15. Com relao metodologia de enquadramento, sugere-se a reviso da Resoluo CNRH no 12 de 19 de julho de 2002, que estabelece os procedimentos para o enquadramento. Esta resoluo, em seu art.2o,dispe que as agncias de gua, no mbito de sua rea de atuao, proporo aos respectivos Comits de Bacia Hidrogrfica o enquadramento de corpos de gua em classes segundo os usos preponderantes, com base nas respectivas legislaes de recursos hdricos e ambiental e segundo os procedimentos dispostos nesta Resoluo. Para as bacias que no possuem Agncias de gua, a Resoluo estabelece em seu art 3o , que ...as propostas podero ser elaboradas pelos consrcios ou associaes intermunicipais de bacias hidrogrficas, com a participao dos rgos gestores de recursos hdricos em conjunto com os rgos de meio ambiente. No entanto, desde a edio da referida Resoluo,

2) A criao de fundos e mecanismos de apoio tcnico e financeiro s atividades de enquadramento; 3) O apoio formao de comits; 4) A criao de Agncias de Bacia; 5) A ampliao da rede de monitoramento de qualidade de gua. Deve-se ressaltar que o enquadramento um processo que envolve um diagnstico da bacia para determinar os usos atuais e futuros associados vocao e as caractersticas scio-econmico-culturais da regio, alm de estudos hidrolgicos envolvendo a quantidade e a qualidade da gua. Portanto, essencial que as propostas de enquadramento, quando possvel, estejam includas na elaborao dos Planos de Bacia.

45o fato de a grande maioria dos Comits de Bacia ainda no possurem Agncias de gua fez que poucos enquadramentos fossem realizados. Nesse contexto, a Resoluo CNRH no 12, de 2000, precisa ser revisada, de modo a permitir que outros atores do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos realizem os enquadramentos. A reviso da Resoluo CNRH n 12, de 2000, pero

A aplicao do enquadramento dos corpos dgua depende, ainda, de amplo aperfeioamento institucional, por meio da integrao dos diversos agentes envolvidos em rgos de meio ambiente, e recursos hdricos e da sua integrao com os rgos municipais. Segundo Furukawa; Lavrador (2005)11, a efetiva implementao do enquadramento depender de forte articulao do setor de saneamento junto aos Comits de Bacia, para a elaborao dos Programas de Efetivao de Enquadramento.

mitiria atuar em trs cenrios distintos: 1) o cenrio ideal, em que a Agncia de gua elabora proposta de enquadramento; o Comit da Bacia escolhe a melhor alternativa e a encaminha ao Conselho Nacional ou Estadual, para aprovao. A condio ideal que o enquadramento tem de ser feito juntamente com a elaborao do Plano da Bacia; 2) na ausncia de Agncia de gua, o rgo gestor de recursos hdricos, em conjunto com o rgo de meio ambiente, elabora proposta de enquadramento, sob superviso do Comit de Bacia, o qual escolhe a alternativa e a encaminha ao Conselho Nacional ou Estadual, para aprovao; 3) na ausncia de Comit de Bacia, o rgo gestor de recursos hdricos, em conjunto com o rgo de meio ambiente, elabora proposta de enquadramento e a encaminha ao Conselho Nacional ou Estadual, para aprovao, ouvidos os usurios e as comunidades interessadas, em ateno ao disposto no Art. 1o. , VI, da Lei no 9.433, de 1997.

Portanto, pelo fato da questo do saneamento ser o fator principal na gesto de qualidade das guas no Pas, a elaborao dos enquadramentos e sua efetivao devero ser devidamente articuladas com os planos de investimento das empresas de saneamento. Nesse aspecto, a Lei no 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento bsico determina que (Art. 44) ...o licenciamento ambiental de unidades de tratamento de esgotos sanitrios e de efluentes gerados nos processos de tratamento de gua considerar etapas de eficincia, a fim de alcanar progressivamente os padres estabelecidos pela legislao ambiental, em funo da capacidade de pagamento dos usurios. O mesmo artigo determina que ( 2o) a autoridade ambiental competente estabelecer metas progressivas para que a qualidade dos efluentes de unidades de tratamento de esgotos sanitrios atenda aos padres das classes dos corpos

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46C AD ERN O S D E REC U RSO S H D RI C O SAcervo TDA

hdricos em que forem lanados, a partir dos nveis presentes de tratamento e considerando a capacidade de pagamento das populaes e usurios envolvidos (BRASIL, 2007)5. No estabelecimento de metas progressivas deve ser considerado que os programas de recuperao da qualidade da gua so freqentemente de longo prazo. Portanto, o atendimento s expectativas dos usurios fundamental para que o processo tenha continuidade e sustentabilidade.

submetidos a esses efeitos provocados pelos usurios de montante. A definio das aes necessrias e os prazos para o alcance dessas metas intermedirias, e final de qualidade da gua, devero compor um Programa de efetivao do enquadramento, aprovado pelo respectivo Comit, o qual dever ser observado pelos rgos gestores de recursos hdricos e do meio ambiente, e que deve fazer, tambm, parte do plano de bacia. Esse Programa dever, minimamente, considerar as

Portanto, entre os desafios, para que as aes do enquadramento e do plano da bacia sejam efetivamente implementadas, fundamental que haja uma explcita incorporao, no seu processo decisrio, das principais condicionantes econmico-financeiras e poltico-institucionais, no curto, no mdio e no longo prazo. Segundo Porto (2002) , os custos financeiros a se20

seguintes etapas: Reconhecimento dos usos existentes no corpo dgua: os usos de recursos hdricos que efetivamente ocorrem na bacia, irregulares ou no, devem ser identificados para que seja avaliada sua compatibilidade com a classe em que o corpo de gua foi enquadramento. Esse reconhecimento faz-se necessrio para a definio de um conjunto de parmetros de monitoramento representativos dos usos da bacia, a ser utilizado como base para as aes prioritrias de controle e recuperao da qualidade das guas. Levantamento da condio de qualidade do corpo dgua: observado o conjunto de parmetros definido na etapa anterior, adicionado de outros parmetros indicadores de eventuais usos futuros possveis para a classe de enquadramento, devero ser planejadas aes de monitoramento da qualidade da gua, para identificar a condio de qualidade do respectivo corpo hdrico, considerada a variao sazonal natural da sua qualidade e a representatividade das amostras.

rem enfrentados em um programa amplo de gesto da qualidade da gua so muito significativos e dependentes dos objetivos de qualidade que se deseja alcanar, havendo no Pas uma necessidade de planejamento e de otimizao dos investimentos para a correta priorizao das aes e definio de metas realizveis. A gesto da qualidade da gua necessria para assegurar, em uma bacia hidrogrfica j ocupada ou em processo de ocupao, a manuteno da garantia de qualidade adequada para todos os usos previstos nos corpos dgua da bacia. Parte-se do reconhecimento de que todos os usos antrpicos da gua levam a algum tipo de efeito residual, e que usurios de jusante sero sempre

47 Identificao dos parmetros prioritrios de qualidade da gua: uma vez identificada a condio de qualidade da gua, devem ser avaliados, dentre os parmetros que no atendem s condies mnimas exigidas para a classe de enquadramento, aqueles prioritrios para efeitos de melhoria da qualidade, com vistas adequao das guas aos usos atuais e futuros pretendidos, ressalvados os parmetros onde o no atendimento devido a condies naturais. Identificao das medidas ou aes necessrias melhoria da qualidade das guas: de posse das informaes obtidas nas etapas anteriores, devero ser identificadas quais medidas so necessrias para se conseguir a melhoria da qualidade da gua do respectivo corpo hdrico, os respectivos custos e benefcios scio-econmicos e ambientais e os prazos decorrentes. Estabelecimento de metas intermedirias progressivas de melhoria da qualidade da gua: dentre as possveis medidas corretivas vislumbradas na etapa anterior, devero ser selecionadas as medidas de interesse, considerando at mesmo a viabilidade tcnica e econmica para sua implementao. Essas medidas devero ser escalonadas em metas intermedirias progressivas, em que cada conjunto de medidas estar relacionado com a melhoria progressiva da qualidade da gua, em termos de reduo de carga poluente e das condies remanescentes no corpo de gua. Ou seja, para cada meta Com base nessas diretrizes para efetivao do enquadramento, os rgos gestores de recursos hdricos e os rgos ambientais competentes podero, de forma mais adequada, monitorar, controlar e fiscalizar as condies dos corpos de gua, para avaliar se as metas do enquadramento esto sendo cumpridas. Elaborao do programa de efetivao do enquadramento: finalmente, dever ser elaborado o Programa de efetivao do enquadramento, a ser aprovado pelo respectivo Comit, onde estaro contempladas as metas intermedirias progressivas de qualidade da gua, associadas a um cronograma de medidas e aes necessrias. O programa dever apresentar o custo das aes, assim como as possveis fontes de financiamento. intermediria, devero ser estabelecidos os nveis desejados para cada parmetro de qualidade da gua, em um valor interposto entre a condio atual e a meta final estabelecida pela prpria classe de enquadramento. Vale ressaltar que as metas de qualidade da gua devero ser atingidas em regime de vazo de referncia, excetuados os casos onde a determinao hidrolgica dessa vazo no seja possvel, para os quais devero ser elaborados estudos especficos sobre a disperso e assimilao de poluentes no meio hdrico. Em corpos de gua intermitentes ou com regime de vazo que apresente diferena sazonal significativa, as metas estabelecidas podero variar ao longo do ano.PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI LAcervo TDA

48C AD ERN O S D E REC U RSO S H D RI C O S

A seqncia de etapas a serem cumpridas para o enquadramento de corpos de gua pode ser vista na Figura 5. Na figura sero apresentadas as vrias situaes desde a inexistncia de Comits at a existncia de Agncias de Bacia, com os passos a serem cumpridos.

dos corpos dgua. Esta moo recomenda tambm aos rgos estaduais integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos que ...implementem aes correspondentes visando o enquadramento dos corpos dgua. O Plano Nacional de Recursos Hdricos (MMA,

Nesse contexto, destacam-se a metas relativas ao enquadramento estabelecidas pela 1 Conferncia Nacional de Meio Ambiente: Fomentar as iniciativas de classificao e de enquadramento dos corpos dgua a partir do estabelecimento de metas de qualidade de gua, visando recuperao e proteo dos mananciais no mbito dos comits de bacias hidrogrficas, cujos resultados sero periodicamente acompanhados e avaliados por meio de monitoramento. Levantar a situao atual dos cursos dgua principais e de seus afluentes e elaborar propostas de enquadramento de todos os cursos dgua at 2008, levando em considerao as peculiaridades dos rios intermitentes. Para alcanar esta meta de enquadrar todos os cursos dgua do Pas, um programa bastante amplo, contemplando as aes indicadas neste documento, dever ser implementado. Nesse sentido a Moo n 67, de junho de 2005, doo

2006) estabeleceu o subprograma Planos de recursos hdricos e enquadramento de corpos dgua em classes de uso que tem como objetivos promover a elaborao de planos de recursos hdricos em bacias de domnio federal e apoiar metodologicamente os Estados em bacias de rios de seus domnios, incorporando o enquadramento como meta a ser atingida. O rgo executor a Agncia Nacional de guas e a SRH/MMA responsvel pela articulao dos Planos Estaduais e dos Planos de Bacia com o Plano Nacional de Recursos Hdricos. Atualmente, os programas do PNRH esto em fase de detalhamento. Em 2006, por solicitao da Agncia Nacional de guas, foi includa no Plano Plurianual do Governo Federal (2007-2010) a ao Enquadramento dos corpos dgua que tem como meta a elaborao de propostas de enquadramento, o apoio e a capacitao dos rgos gestores estaduais, Comits de Bacia, Conselhos Estaduais de Recursos Hdricos e o Conselho Nacional de Recursos Hdricos no processo de elaborao e anlise, e aprovao das propostas de enquadramento. Portanto, pelas informaes apresentadas, observa-se que a necessidade de ampliao do enquadramento dos corpos dgua reconhecida em diferentes instncias, e aes mais efetivas para sua implementao devem ocorrer nos prximos anos.

Conselho Nacional de Meio Ambiente, recomendou ao Ministrio do Meio Ambiente que ... implemente um programa nacional, com dotao financeira prpria, para o enquadramento de corpos dgua que inclua, entre outras, aes de atualizao normativa, capacitao de recursos humanos e enquadramento

Rio So Francisco - divisa BAPE

Acervo TDA

incio do processo de enquadramento

existe Comit?N

S

existe Agncia de gua ou Entidade Delegatria?N

rgo gestor executa estudos que permitam o diagnstico dos usos existentes na bacia hidrogrfica

S

existe Plano de Bacia?N

N

Agncia executa estudos que permitam o diagnstico dos usos existentes na bacia hidrogrfica existe Plano de Bacia? rgo gestor executa estudos que permitam o diagnstico dos usos existentes na bacia hidrogrfica

rgo gestor elabora proposta de enquadramento (de referncia), em conformidade com os usos preponderantes existentes, e encaminha ao respectivo Conselho

S

S

Conselho aprova o enquadramento, por meio de Resoluo

Agncia elabora propostas de enquadramento (de referncia ou prospectivas) em conformidade com o Plano

Agncia elabora proposta de enquadramento (de referncia) em conformidade com os usos preponderantes existentes

rgo gestor elabora propostas de enquadramento (de referncia ou prospectivas) em conformidade com o Plano, sob superviso do Comit

rgo gestor elabora proposta de enquadramento (de referncia) em conformidade com os usos preponderantes existentes, sob superviso do Comit

aprovao concluda?

N

1*corpo hdrico enquadrado na Classe aprovada

Comit seleciona proposta de enquadramento e encaminha ao respectivo Conselho

Comit seleciona proposta de enquadramento e encaminha ao respectivo Conselho Conselho aprova o enquadramento, por meio de Resoluo

SLEGENDA aprovao concluda?N

Conselho aprova o enquadramento, por meio de Resoluo

aprovao concluda?N

1*

1*S

1*at que se aprove o enquadramento, o corpo hdrico considerado Classe 2 (guas doces) ou Classe 1 (guas salinas e salobras) corpo hdrico enquadrado na Classe aprovada

Incio Chave de comando Sim / No Aes Cenrios finais

Figura 5 Seqncia de etapas a serem cumpridas para o enquadramento de corpos de gua.

corpo hdrico enquadrado na Classe aprovada

S

PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI L

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Acervo TDA

Rio So Francisco

Apesar do instrumento de enquadramento de corpos de gua existir no Brasil desde 1976 na esfera federal, ainda muito pequena a implementao deste instrumento, tanto nos corpos dgua federais como nos estaduais. Mesmo entre as bacias enquadradas, vrias necessitam de atualizao, pois foram enquadradas segundo sistemas de classificao substitudos pela legislao mais recente. Os motivos desta situao so, principalmente, o desconhecimento sobre este instrumento, as dificuldades metodolgicas para sua aplicao e a prioridade de aplicao de outros instrumentos de gesto, em detrimento dos instrumentos de planejamento. O estabelecimento das classes de enquadramento no Pas tem sido feito tradicionalmente de uma forma tecnocrtica e pouco participativa. No entanto, as demandas do Sistema de Gesto de Recursos Hdricos implementado no Pas indicam a necessidade de mudana destes procedimentos.

qualidade da gua do Pas, por se tratar de um instrumento de planejamento que possui interfaces com os demais aspectos da gesto dos recursos hdricos e a gesto ambiental. A deciso sobre o enquadramento dos corpos de gua de carter local, ou seja, deve ser tomada no mbito do SINGREH da Bacia Hidrogrfica. A razo para isso que o enquadramento precisa representar a expectativa da comunidade sobre a qualidade da gua e, alm disso, definir o nvel de investimento necessrio para que o objetivo de qualidade da gua cumprido. A comunidade precisa estar ciente de que objetivos de qualidade de muita excelncia requerem pesados investimentos financeiros. Para ampliao e efetivao dos enquadramentos, um conjunto de aes deve ser realizado, principalmente com relao capacitao tcnica e aperfeioamento das legislaes. Estas aes devero ser articuladas ao longo dos pr-

O enquadramento dos corpos dgua representa um papel central no novo contexto de gesto da

ximos anos para que ocorra uma efetiva implementao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos.

Pantanal - MT

Avervo TDA

PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI L

8 CONCLUSO

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Acervo TDA

Projeto de irrigao - rio Pianc - PB

1.

Agncia Nacional de guas / ANA. Panorama do Enquadramento dos Corpos dgua. Estudo Tcnico de Apoio ao Plano Nacional de Recursos Hdricos. Disponvel em: . Acesso em: 19 de jun. de 2005. Agncia Nacional de guas. Braslia. 2005. 8.

Resolues no 357, de 17 de maro de 2005. Lex: Disponvel em: . Acesso em: 26 de jan. de 2007. CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HDRICOS / CNRH (2000). Estabelece procedimento para o enquadramento de corpos de gua em classes segundo os usos preponderantes. Resoluo no12, de 19 de julho de 2000. Lex: Disponvel em: . Acesso em: 27 de jan. de 2004. 9. COSTA, M.P. 2005. A regulao dos recursos hdricos e a gesto da qualidade da gua: o caso da Bacia do Rio So Francisco. Tese de Doutorado. Instituto de Biocincias. Universidade de So Paulo. 10. ENDERLEIN, U.S.; ENDERLEIN, R.E.; WILLIA-

2.

BARTH, F.T. Aspectos Institucionais do Gerenciamento de Recursos Hdricos. In: guas doces do Brasil: capital ecolgico, uso e conservao. 2 ed. So Paulo: Escrituras Editora.a

p. 565-600, 2002. 3. BRASIL (1976). Portaria do Ministrio do Interior n 13, de 15 de janeiro de 1976. Estabelece a classificao dos corpos dgua superficiais com os respectivos padres de qualidade e de emisso de efluentes. Braslia. 4. BRASIL. Lei n 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Poltica Nacional de Recursos Hdricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos. Braslia. 1997. 11. FURUKAWA, P. M. S.; LAVRADOR, J. O impacto 5. BRASIL. 2007. Lei n 11.445, de 5 de janeiroo

MS, W.P. Water Quality Requirements. In: Helmer, R., Hespanhol, I., eds., Water Pollution Control. E&FN Spon. Londres, Inglaterra. 1997.

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de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento bsico. Braslia. 2007. 6. CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE / CONAMA (1986). Dispe sobre a classificao das guas doces, salobras e salinas do Territrio Nacional. Resolues no 20, de 18 de junho de 1986. Lex: Disponvel em: . Acesso em: 27 de janeiro de 2004. Reviso atualizada: Disponvel em: . 7. CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE / CONAMA (2005). Dispe sobre a classificao dos corpos de gua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condies e padres de lanamento de efluentes, e d outras providncias.

disciplina jurdica de guas doces. Atlas. So Paulo. 245 p. 13. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVVEIS / IBAMA (1989). Enquadra os cursos dgua federais da bacia hidrogrfica do rio So Francisco. Portaria no 715, de 20 de setembro de 1989. Lex: Comit Executivo de Estudos Integrados da Bacia Hidrogrfica do Rio So Francisco - CEEIVASF. Projeto Gerencial 002/80 Enquadramento dos Rios Federais da Bacia Hidrogrfica do So Francisco. Braslia: IBAMA, p. 53-57. 1989.

PAN O RAM A D O EN Q U AD RAM EN TO D O S C O RPO S D G U A D O BRASI L

9 REFERNCIAS

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54C AD ERN O S D E REC U RSO S H D RI C O S

14. LANNA, A.E.L. Gerenciamento de Bacia Hidrogrfica: Aspectos Conceituais e Metodolgicos. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis. Braslia. 171 p., 1995. 15. MACIEL Jr., P. Zoneamento das guas. Um instrumento de gesto dos recursos hdricos. Instituto Mineiro de Gesto das guas. Belo Horizonte. 2000. 16. MMA. 1999. Enquadramento dos corpos de gua em classes experincias brasileiras. Secretaria de Recursos Hdricos. Ministrio do Meio Ambiente. Braslia. 1999. 17. MME. Cdigo de guas, vol. I. Ministrio das Minas e Energia, Braslia. 457 p., 1980. 18. PAGNOCCHESCHI, B. A. Poltica Nacional de Recursos Hdricos no Cenrio da Integrao das Polticas Pblicas. In: MUOZ, H.R. (Coord.). Interfaces da Gesto de Recursos Hdricos: Desafios da Lei das guas de 1997. 2a edio. Secretaria de Recursos Hdricos, Braslia. 422 p., 2000. 19. PERRY, J.; VANDERKLEIN, E. Water Quality: Management of a Natural Resource. Blackwell Science. Cambridge. 1996. 20. PORTO, M.F.A. (2002). Sistemas de gesto da qualidade das guas: uma proposta para o caso brasileiro. Tese de Livre Docncia. Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. 21. SO PAULO. Lei no 7.663 de 30 de dezembro de 1991. Estabelece Normas de Orientao Poltca Estadual de Recursos Hdricos bem como ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hdricos. So Paulo. 1991. 22. SRH/MMA (1999). Enquadramento de corpos de gua em classes experincias brasileiras. Secretaria de Recursos Hdricos, Ministrio do Meio Ambiente, Braslia.

23. VON SPERLING, M; CHERNICHARO, C.A.L. Urban wastewater treatment technologies and the implementation of discharge standards in developing countries. Urban Water. Vol. 4, no 1, pp 105-114. 2002.

Pantanal - MT

Acervo TDA

Acervo TDA

Serra da Bodoquena - MS

BRASILEQUIPE TCNICA Joo Gilberto Lotufo Conejo Coordenao Geral Superintendente de Planejamento de Recursos Hdricos Jos Luiz Gomes Zoby Coordenao Executiva Fernando Roberto de Oliveira

Panorama da Qualidade das guas Subterrneas no

Superintendncia de Planejamento de Recursos Hdricos Braslia-DF 2007

Acervo ANA

Chapada dos Veadeiros - GO

SUMRIOAPRESENTAO 1 INTRODUO 2 METODOLOGIA 3 REDES DE MONITORAMENTO 4 CONDIES DE OCORRNCIA DA GUA SUBTERRNEA 5 TERRENOS SEDIMENTARES PRINCIPAIS SISTEMAS AQFEROS 6 TERRENOS CRISTALINOS 7 GUAS MINERAIS 8 FONTES DE CONTAMINAO 9 PROTEO DE AQFEROS 10 CONCLUSES E RECOMENDAES 11 REFERNCIAS 61 63 67 69 71 75 85 91 95 105 109 113

Acervo TDA

Serra de Maracaju - MS

A Agncia Nacional de guas - ANA, conforme as atribuies conferidas pela sua lei de criao, tem a responsabilidade de elaborar Planos de Recursos Hdricos para subsidiar a aplicao de recursos financeiros da Unio em obras e servios de regularizao de cursos dgua, de alocao e distribuio de gua e de controle da poluio hdrica. Neste contexto, cabe Superintendncia de Planejamento de Recursos Hdricos elaborar e manter atualizados o diagnstico de oferta e demanda, em quantidade e qualidade, dos recursos hdricos do Pas.

da federao possuem redes de monitoramento, e a maioria daquelas existentes teve sua operao iniciada recentemente. Neste contexto, este estudo apresenta um diagnstico da qualidade das guas subterrneas dos principais sistemas aqferos brasileiros e discute as principais fontes de contaminao, a vulnerabilidade e a proteo do recurso hdrico subterrneo. Para a elaborao do estudo, procedeu- se a ampla reviso bibliogrfica e ao levantamento de fontes secundrias. O Captulo 1 apresenta um cenrio do uso da gua sub-

O presente trabalho tem como objetivo contribuir para uma viso mais abrangente, em escala nacional, do estgio de conhecimento da qualidade das guas subterrneas, fornecendo uma viso da sua importncia e dos desafios existentes para a sociedade na gesto dos recursos hdricos. A informao sobre a qualidade da gua subterrnea ainda esparsa ou mesmo inexistente em vrias bacias. So raros os estudos em escala regional que sistematizem os dados disponveis. Poucas unidades

terrnea no Brasil. O Captulo 2 aponta a metodologia empregada no estudo. O Captulo 3 mostra as redes de monitoramento de qualidade das guas subterrneas existentes. O Captulo 4 ressalta as condies de ocorrncia da gua subterrnea no Pas. Os Captulos 5 e 6 abordam a qualidade das guas, respectivamente, dos terrenos sedimentares e cristalinos. O Captulo 7 trata das guas minerais. Os Captulos 8 e 9 discutem as questes ligadas s fontes de contaminao e proteo dos aqferos, respectivamente. Por fim, as concluses e recomendaes esto no Captulo 10.

Poo APP4 Bateria do INCRA

Acervo ANA

PAN O RAM A D A Q U ALI D AD E D AS G U AS SU BTERRN EAS N O BRASI L

Apresentao

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Acervo TDA

Chapada dos Guimares - MT

Estima-se que existam no Pas pelo menos 400.000 poos (ZOBY; MATOS, 2002)140. A gua subterrnea intensamente explotada no Brasil. A gua de poos e fontes vem sendo utilizada para diversos fins, como o abastecimento humano, a irrigao, indstria e o lazer. No Brasil, 15,6 % dos domiclios utilizam, exclusivamente, gua subterrnea, 77,8 % usam rede de abastecimento de gua e 6,6 % usam outras formas de abastecimento (IBGE, 2002a) . importante destacar que, entre os do73

subterrneas (SILVA et al., 1998)127. No Maranho, mais de 70% das cidades usam gua de poos, e no Estado do Piau este percentual supera 80%. No Tocantins, cerca de 70% das sedes municipais usam, exclusivamente, gua subterrnea. A gua subterrnea participa do abastecimento de comunidades rurais do semi-rido nordestino e da populao urbana de diversas capitais do Pas, como Manaus, Belm, Fortaleza, Recife, Natal e Macei. amplamente utilizada na irrigao em Mossor, no Rio Grande do Norte, no Oeste da Bahia e na regio de Irec (BA). Na Regio Metropolitana de So Paulo, a gua subterrnea utilizada em hospitais, indstrias e hotis. Estima-se um nmero prximo de 11.000 poos em operao (MARTINS NETTO et al., 2004)83. Na Regio Metropolitana de Recife, estima-se a existncia de 4.000 poos, abastecendo cerca de 60% da populao (COSTA, 2000)46. A gua subterrnea ainda responsvel pelo turismo associado s guas termais, em cidades como Caldas Novas, em Gois, Arax, So Loureno e Poos de Caldas, em Minas Gerais. A gua mineral,

miclios que possuem rede de abastecimento de gua, uma parte significativa da populao usa gua subterrnea. Embora o uso do manancial subterrneo seja complementar ao superficial em muitas regies, em outras reas do Pas, a gua subterrnea representa o principal manancial hdrico. Ela desempenha importante papel no desenvolvimento socioeconmico nacional. Para exemplificar, no Estado de So Paulo, dos 645 municpios, 462 (71,6%) so abastecidos total ou parcialmente com guas subterrneas, sendo que 308 (47,7%) so totalmente abastecidos por este recurso hdrico. No Estado, cerca de 5.500.000 pessoas so abastecidas diariamente por guas

Poos jorrantes Violeto - Aqferos Serra Grande e Cabeas, Vale do Gurguia PI

Acervo ANA

PAN O RAM A D A Q U ALI D AD E D AS G U AS SU BTERRN EAS N O BRASI L

1 INTRODUO

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64C AD ERN O S D E REC U RSO S H D RI C O SAcervo TDA

Serra da Bodoquena - MS

atualmente, amplamente usada pelas populaes dos centros urbanos pela sua imagem de garantia de qualidade. Estes so alguns exemplos da importante participao da gua subterrnea nos diversos usos. Fatores importantes desencadeadores do aumento do uso das guas subterrneas foram a crescente oferta de energia eltrica e a poluio das fontes hdricas de superfcie (LEAL,1999) . Alm disso,77

perfurao de poos tubulares e das atividades antrpicas, que acabam contaminando os aqferos, a questo da qualidade da gua subterrnea vem se tornando cada vez mais importante para o gerenciamento do recurso hdrico no Pas. O Brasil ainda apresenta uma deficincia sria no conhecimento do potencial hdrico de seus aqferos, do seu estgio de explotao e da qualidade das suas guas. Os estudos regionais so poucos e encontram-se defasados. A maior parte dos estudos de qualidade da gua subterrnea publicados recentemente est voltada caracterizao de reas contaminadas. A questo da vulnerabilidade e proteo dos aq-

as condies climticas e geolgicas do Pas permitiram a formao de sistemas aqferos, alguns deles de extenso regional, com potencial para suprir gua em quantidade e qualidade necessrias s mais diversas atividades. A disponibilidade hdrica subterrnea e a produtividade de poos so, geralmente, os principais fatores determinantes na explotao dos aqferos. Em funo do crescimento descontrolado da

feros ainda um tema pouco explorado e que necessita ser incorporado gesto das guas subterrneas e ao planejamento do uso e ocupao territoriais.

65Este estudo apresenta um panorama das redes de monitoramento da qualidade da gua do Pas, as condies de ocorrncia da gua subterrnea, a qualidade das guas nos terrenos sedimentares e cristalinos, as guas minerais, as fontes de contaminao dos aqferos e a questo da sua proteo.PAN O RAM A D A Q U ALI D AD E D AS G U AS SU BTERRN EAS N O BRASI L

Poo APP1 Bateria do INCRA

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Macio do Urucum - MS

O Brasil no possui uma rede nacional de monitoramento de guas subterrneas. Por isso, existe uma grande carncia de informao a respeito da qualidade das guas, especialmente de abrangncia regional. As fontes de informao mais importantes sobre o tema tm, em geral, carter pontual e correspondem aos trabalhos desenvolvidos nas universidades e alguns so elaborados pelas secretarias estaduais de recursos hdricos. Neste quadro, de forma geral, observa-se uma maior deficincia de informaes sobre aqferos e qualidade de guas subterrneas nas bacias sedimentares do Amazonas e do Parnaba.

O estudo concentrou-se no levantamento e sistematizao dos trabalhos disponveis sobre o assunto. Como referncia, para avaliar a qualidade da gua subterrnea, foram considerados os limites de potabilidade apresentados pela Portaria no 518, de 2004, do Ministrio da Sade (Brasil, 2004)22. A classificao qumica das guas em relao aos ons maiores corresponde quela do diagrama de Piper.

Poo Pousada do Nei - Aqufero Cabeas

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2 METODOLOGIA

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O Pas no possui uma rede de monitoramento nacional de qualidade das guas. As guas subterrneas, de acordo com a Constituio Federal de 1988, so de domnio estadual. Nesse sentido, alguns Estados realizam o monitoramento da qualidade do recurso hdrico subterrneo. So Paulo possui uma rede, que foi criada em 1990 e atualmente conta com 162 poos (Figura 1). A ampliao da rede de 147 para 162 pontos ocorreu em 2003, quando foi iniciado o monitoramento da Regio Metropolitana de So Paulo, em funo do aumento do uso deste recurso hdrico para suprir o dficit de gua superficial da regio, do potencial de poluio do aqferos e do conhecimento de casos de reas contaminadas. Os parmetros analisados foram tambm ampliados de 33 para 40, de forma a incluir compostos orgnicos. A amostragem tem freqncia semestral (CETESB, 2004a)39.

Recentemente, foram instaladas quatro redes de qualidade das guas subterrneas. Foi iniciado o monitoramento semestral no sistema aqfero Jandara, na regio de Barana (RN) (CASTRO et al., 2004)32. Uma rede telemtrica, que analisa a condutividade eltrica das guas, foi instalada na Regio Metropolitana do Recife (COSTA; COSTA FILHO, 2004)48. No Estado de Minas Gerais, em rea que compreende as bacias dos rios Verde Grande, Riacho, Jequita e Pacu, foi instalada, em 2004, uma rede piloto de monitoramento da qualidade da gua. A coleta de a