extensão rural inicia transição...

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5 Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.1, n1, jan./mar.2000 “No ano de 1999, a extensão rural iniciou um processo de recuperação e valorização da profissão de agricultor”. A afirmação é do pre- sidente da Emater/RS, Lino De David, ao ava- liar as ações da empresa na atual gestão. Para ele, o agricultor tem sido marginalizado e es- quecido nas últimas décadas em função de uma concepção de desenvolvimento para a qual o que importa é o mercado. As ações da extensão rural, desde o ano passado, foram Extensão Rural inicia transição agroecológica voltadas para a construção de um novo mode- lo de desenvolvimento, que prevê o resgate da dignidade da profissão de agricultor e da atividade agropecuária no Rio Grande do Sul, além da inclusão de uma parcela desses agri- cultores que estavam sendo excluídos do pro- cesso produtivo. A mudança da matriz técnico-produtiva da agricultura gaúcha, saindo do padrão estabe- lecido pela da revolução verde para a busca As políticas do governo do Estado para o setor agropecuário partem da concep- ção de desenvolvimento baseada na sustentabilidade. Nesse contexto, desde 1999, a Emater/RS, como empresa responsável pelo serviço oficial de extensão rural, assumiu a estratégia de priorizar a agricultura familiar, mais descapitalizada, trabalhar pela produção de alimentos limpos e por um modelo tecnológico que agrida menos o meio ambiente. E para isso, busca utilizar metodologias partici- pativas, que permitam aos agricultores participação efetiva nas decisões do processo de desenvolvimento.

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5Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.1, n1, jan./mar.2000

“No ano de 1999, a extensão rural iniciouum processo de recuperação e valorização daprofissão de agricultor”. A afirmação é do pre-sidente da Emater/RS, Lino De David, ao ava-liar as ações da empresa na atual gestão. Paraele, o agricultor tem sido marginalizado e es-quecido nas últimas décadas em função deuma concepção de desenvolvimento para aqual o que importa é o mercado. As ações daextensão rural, desde o ano passado, foram

Extensão Rural inicia transição agroecológica

voltadas para a construção de um novo mode-lo de desenvolvimento, que prevê o resgateda dignidade da profissão de agricultor e daatividade agropecuária no Rio Grande do Sul,além da inclusão de uma parcela desses agri-cultores que estavam sendo excluídos do pro-cesso produtivo.

A mudança da matriz técnico-produtiva daagricultura gaúcha, saindo do padrão estabe-lecido pela da revolução verde para a busca

As políticas do governo do Estado para o setor agropecuário partem da concep-ção de desenvolvimento baseada na sustentabilidade. Nesse contexto, desde 1999,a Emater/RS, como empresa responsável pelo serviço oficial de extensão rural,assumiu a estratégia de priorizar a agricultura familiar, mais descapitalizada,trabalhar pela produção de alimentos limpos e por um modelo tecnológico que

agrida menos o meio ambiente. E para isso, busca utilizar metodologias partici-pativas, que permitam aos agricultores participação efetiva nas decisões do

processo de desenvolvimento.

6Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.1, n1, jan./mar.2000

Ao final do primeiro ano de implementa-ção da proposta de produção baseada na Agro-ecologia, as secretarias estaduais da Agricul-tura e Abastecimento e de Coordenação e Pla-nejamento, através da Emater/RS e do Pró-Guaíba, respectivamente, promoveram o I Se-

Sociedade civil e governo discutem Agroecologiaminário Estadual de Agroecologia. O eventoaconteceu de 14 a 16 de dezembro de 1999,em Porto Alegre. O seminário tinha como ob-jetivo levar à sociedade, em especial aos agri-cultores, o debate a respeito da produção, co-mercialização e consumo da produção ecoló-

de um desenvolvimento rural sustentável, éjustificada por De David como forma de rever-ter a degradação ambiental, melhorar a qua-lidade dos alimentos e diminuir a dependên-cia dos agricultores dos insumos químicosindustriais.

Os passos dados pela extensão rural rumoao novo modelo de desenvolvimento incluírammodificações internas. A Emater/RS redefiniumissão, objetivos, estratégias de ação, visão evalores, através de discussões dentro do pro-cesso denominado Estratégia Empresarial, queencerrou no início de 2000. Paralelamente aisso, iniciou a capacitação do quadro funcio-nal. Até o final deste ano, todos os extensio-nistas da empresa irão passar pelo Programade Formação Técnico-Social. O Programa in-clui o curso de Desenvolvimento Rural e Pla-nejamento Municipal, seminários, encontrose distribuição de material, além do curso deespecialização via Internet: Agricultura Fa-miliar e Desenvolvimento Rural, em convê-nio com a Universidade Federal Rural do Riode Janeiro (UFRRJ), do qual participam 43 ex-tensionistas. O curso é desenvolvido por mé-todos de educação a distância, com duraçãode um ano, e deverá ser ampliado, nos anosseguintes, para mais técnicos da empresa.Outras frentes de trabalho intensificadas fo-ram a assistência aos assentamentos de re-forma agrária e às comunidades indígenas.Estão sendo assistidos 80 assentamentos e23 comunidades indígenas.

No campo, a nova orientação da extensãorural começa a ser sentida. É o chamado perí-

odo de transição, que corresponde à passa-gem do modelo produtivista convencional paraestilos de produção mais evoluídos sob o pon-to de vista da conservação e manejo dos re-cursos naturais. Na avaliação do diretor téc-nico da Emater/RS, Francisco Caporal, hou-ve uma evolução positiva no desenvolvimentoda Agroecologia no Rio Grande do Sul. “Nóstivemos a implantação e o desenvolvimento detrabalhos em 90 municípios do Estado, comexperiências em andamento”, explica. Há maisde 30 feiras de produtos ecológicos no interi-or do Estado.

As políticas públicas do governo estadualestão sendo direcionadas para a produçãoagroecológica. Foi incluída uma linha de fi-nanciamento para projetos agroecológicos noPrograma para o Desenvolvimento Racional,Recuperação e Gerenciamento Ambiental daRegião Hidrográfica do Guaíba (Pró-Guaíba) eno RS Rural, antigo Pró-Rural 2000, e foi lan-çado o programa Manejo Ecológico do Solo.Deverá ser lançado, em breve, o Programa Pro-dução, Agroindustrialização e Comercializa-ção de Produtos Ecológicos. Os programas con-tam com crédito e assistência técnica na ela-boração e acompanhamento dos projetos.

O tema Agroecologia ficou colocado em po-sição de destaque nas assembléias do Orça-mento Participativo, dentro da prioridade nú-mero um que foi a agricultura. Na região deSanta Maria, por exemplo, Agroecologia é asegunda prioridade dentro da agricultura, vin-do após o crédito rural.

7Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.1, n1, jan./mar.2000

acesso à alimentação saudável.Sevilla Guzmán

“Os agricultores sabiam lera natureza. Hoje resumem suaatividade em aplicação de paco-tes tecnológicos”. A afirmação édo professor Eduardo SevillaGuzmán, diretor do Instituto deSociologia y Estudios Campesi-nos e professor da Universida-de de Córdoba, Espanha, queparticipou do seminário. Ele,que é doutor em Sociologia Ru-ral, lembrou que a agricultura

ecológica não se presta aos interesses dasmultinacionais do ramo agrícola, pois “aplicamodelos locais e não pode ser estandartizada.Ela é uma forma de encarar a crise social eecológica e restaurar o curso alterado da co-evolução social e ecológica”.

Para Guzmán, os países pobres levam umacerta vantagem em relação aos países ricosdo hemisfério norte: “para aqueles que nãose entregaram totalmente ao modelo agroquí-mico, é mais fácil acertar o caminho”. Ele res-salta que, enquanto no norte há uma grandesistematização do conhecimento, ao sul ain-da encontramos o conhecimento indígena ea sabedoria camponesa, que são transmiti-dos de geração a geração.

“A agricultura que se pratica usualmente,recorrendo a insumos químicos, não é maisbarata porque não contabiliza em seus cus-tos as perdas sociais e ambientais, prossegueGuzmán, e a adoção de métodos agroquími-cos implica no estabelecimento de vínculos co-merciais e ideológicos. No momento em queos povos do Sul optam pelo manejo ecológico,passam a encontrar uma maneira de evitar aexploração social e do meio ambiente, basea-da no conhecimento acumulado pelos povos”.

Experiências do RSA comprovação de que a Agroecologia é viá-

gica, principalmente em rela-ção aos problemas socioambi-entais existentes na região hi-drográfica do Rio Guaíba. Oevento reuniu aproximadamen-te 650 participantes, que co-nheceram as experiências naárea em andamento na Améri-ca Latina, no Brasil e no RioGrande do Sul.

Como palestrantes, participa-ram os pesquisadores EduardoSevilla Guzmán, da Universida-de de Córdoba, Espanha; MarioAhumada Arenas, coordenador do Movimentode Agricultura Ecológica Latino -Americana(MAELA), do Chile; Carlos Chiarulli, do Insti-tuto de Cultura Popular (Incupo), da Argenti-na; Nasser Youssef Nasr, do projeto Hortão SãoJosé, do Espírito Santo, além de uma série deoutros técnicos e representantes de entidadescom experiência nesta área. Foram enfocadasa teoria e a prática da Agroecologia, a preser-vação ambiental, as tecnologias de base ecoló-gica e a comercialização e o consumo de pro-dutos ecológicos.

Governo prepara programaO governo do Estado vai massificar a Agro-

ecologia no Rio Grande do Sul, disse o gover-nador Olívio Dutra, durante a abertura do se-minário. “A Agroecologia, na visão do nossogoverno, é fundamental para o desenvolvimen-to de uma agricultura sustentável. Queremosaumentar a produção e a renda no campo,abrindo este mercado promissor para os ali-mentos sem agrotóxicos. O desafio do próxi-mo século é produzir mais, preservando a vidae a natureza”, falou Dutra.

Segundo o Secretário da Agricultura, JoséHermeto Hoffmann, a massificação da Agroe-cologia otem por objetivo que todos os consu-midores tenham acesso aos alimentos lim-pos, evitando que apenas uma elite tenha

Eduardo Sevilla Guzmán

8Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.1, n1, jan./mar.2000

vel e está crescendo no Rio Grande do Sul foitrazida ao seminário pelas organizações go-vernamentais, não-governamentais e coope-rativas, através de relatos de algumas das prin-cipais experiências de produção de alimentoslimpos existentes no Estado. Representantesdo Centro Ecológico de Ipê, da Cooperativa deCitricultores do Vale do Caí (Ecocitrus), do Cen-tro de Tecnologias Alternativas e Populares(Cetap), da Emater/RS, da prefeitura de PortoAlegre, da Fundação Gaia, do Centro de Apoioao Pequeno Agricultor (CAPA) e da CooperativaCentral dos Assentados do RS (Coceargs) apre-sentaram sua trajetória e os resultados obti-dos na produção Agroecológica.

“Nossa atuação tem sido uma tentativa deresposta aos problemas causados pelo mode-lo de agricultura industrial”, disse LaércioMeireles, do Centro Ecológico. O centro exis-te desde 1985, criado a partir da mobilizaçãoda sociedade na busca de alternativas ao mo-delo de agricultura convencional. Hoje, sãoproduzidos cerca de 40 produtos ecológicosdiferentes, comercializados principalmente emfeiras, no Rio Grande do Sul e em outros es-tados. O Centro Ecológico esti-mula também a agroindustria-lização caseira de alimentos e oresgate da biodiversidade, atra-vés do resgate de sementes defeijão, milho e hortaliças queestavam sendo perdidas.

Já o Cetap, localizado na Fa-zenda Annoni, tem sua trajetó-ria ligada aos movimentos soci-ais e populares. Foi criado em1996 com objetivos semelhantesaos do Centro Ecológico. Ao longodesses anos, buscou construir alternativasmais apropriadas para a necessidade dos agri-cultores, tentando garantir sua máxima inde-pendência dos pacotes tecnológicos e da aqui-

sição de insumos da indústria. O manejo eco-lógico do solo foi uma das principais alternati-vas.

A Fundação Gaia, que existe desde 1987,está se retirando do assessoramento direto aosagricultores devido ao fim de um projeto como Partido Verde da Alemanha, que destinavarecursos à ONG. A estratégia de formação delideranças que a Fundação apresentou no se-minário é uma forma manter o trabalho deprodução agroecológica junto aos 160 agricul-tores familiares, indígenas e assentados liga-dos à fundação. A entidade atua em educaçãoambiental, biodiversidade e agriculturaregenerativa.

O CAPA surgiu para buscar alternativaspara a monocultura da soja na região de San-ta Cruz do Sul e hoje beneficia três mil famíli-as com suas ações, especialmente na área deorganização rural. Luiz Rogério Boemeker,agrônomo do Centro, explicou que existe mer-cado para os produtos ecológicos, mas o de-safio é a organização dos agricultores para abusca desses mercados, além da conversãototal dos agricultores para a Agroecologia, es-

pecialmente na região de produ-ção de fumo.

Já a experiência da extensãorural oficial em Agroecologia foirelatada pelo diretor técnico daEmater/RS, Francisco Caporal.Ele fez um histórico da atuação daEmater/RS e lembrou que, embo-ra a empresa tivesse suas açõesbaseadas num enfoque tecnológi-co, voltado para a agricultura con-vencional, vinha estimulando jun-to aos agricultores algumas prá-

ticas ligadas à Agroecologia, inclusive comexperiências significativas, que estão sen-do intensificadas como a nova orientação daEmater/RS.

Mario Ahumada Arenas

9Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.1, n1, jan./mar.2000

MaelaA Agroecologia pode ser a resposta aos pro-

blemas econômicos, sociais e ambientais cau-sados pela agricultura convencional. A afirma-ção foi feita no Seminário Estadual sobre Agro-ecologia pelo coordenador geral do Movimen-to de Agricultura Ecológica Latino-Americana(Maela), Mario Ahumada Arenas.

O Maela reúne ONGs, universidades e as-sociações de agricultores em toda a AméricaLatina desde 1989. O movimento surgiu parabuscar soluções aos problemas causados pelarevolução verde e tem três linhas de atuação:o estímulo à organização dos agricultores, a ca-pacitação de técnicos e agricultores e a difu-são da Agroecologia. Arenas disse que a produ-ção de alimentos limpos tem potencial de cres-cimento – uma vez que os consumidores que-rem esses produtos -, mas tem entraves ex-ternos, como a pressão das multinacionaispela venda dos produtos agroquímicos. Na Amé-rica Latina, ao mesmo tempo que a produçãode alimentos ecológicos cresce, mantêm-sepráticas de degradação ambiental, como asqueimadas, o uso de agrotóxicos, inclusive osproibidos empaíses do Pri-meiro Mundo,e o desmata-mento.

QualidadeO agrôno-

mo SebastiãoPinheiro, daUniversidadeFederal do RioGrande doSul, palestrouno evento sobre o valor ambiental dos alimen-tos agroecológicos, abordando a questão pelaqualidade dos alimentos. Pinheiro afirmou quequalidade é um conceito que acompanha o ní-

vel de cidadania da população, e que, no pro-cesso de globalização, os governos estão dei-xando de regular sobre as normas de qualida-de dos alimentos, deixando que o mercado,que o complexo agroindustrial e financeirofaça isso. Um exemplo é a questão dos trans-gênicos, que estão sendo liberados em váriospaíses por pressão do mercado.

O agrônomo criticou também a ação dasempresas públicas de pesquisa e universida-des, que estão atreladas a esses grupos. Dis-se que com os transgênicos, parte da popula-ção que pode pagar irá consumir alimentoslimpos, sem agrotóxicos e adubos químicos, eoutra parte,que não pode,irá consumiros produtosc o n v e n c i o -nais e trans-gênicos, dequalidade in-ferior.

Combateà fome“A horta

ecológica éum projeto de baixo custo que utiliza água,terra, adubo orgânico e solidariedade paracombater a fome”, afirmou o agrônomo e de-putado estadual do Espírito Santo, NasserYoussef Nasr, em palestra no seminário. Nasrfez um relato da experiência do Hortão SãoJosé, em Cachoeiro do Itapemirim, no sul doEspírito Santo.

A experiência de Cachoeiro do Itapemirimfoi iniciada em 1983, tornando-se referencialno mundo inteiro devido à alta geração de tec-nologia e produtividade, aliada ao respeito aomeio ambiente e ao resgate do plantio con-sorciado. A experiência foi levada para outrosestados devido à possibilidade de adaptar o

Sebastião Pinheiro�

Nasser Youssef Nasr

10Agroecol.e Desenv.Rur.Sustent.,Porto Alegre, v.1, n1, jan./mar.2000

* A reportagem foi produzida pelos jornalistas ÂngelaFelippi, Roberto Villar, Guta Teixeira, José Otávio

Ferlauto e Patrícia Gondin.

modelo à realidade de cada região e para oscentros urbanos. O projeto, chamado Hortãodas Crianças, produz alimentos para escolase creches da vizinhança. “Todos os municí-pios brasileiros possuem estrutura para im-plantar uma horta ecológica, pois a nossa re-alidade climática permite repetir a experiên-cia em qualquer lugar”, explicou Nasr.

“São os pequenos projetos com sucesso quevão resolver os grandes problemas do nossopaís”, afirmou Padre Sérgio Mariano, um dosrepresentantes do Hortão São José, durantesua participação na palestra. O Hortão SãoJosé ocupa 72 hectares de terras da Igreja eproduz alimentos para distribuição entre se-minários, asilos e população carente.

TransgênicosA população da Argentina desconhece os

riscos dos transgênicos porque estas informa-ções não são divulgadas no país que mais estáplantando sementes geneticamente modifica-das na América Latina. O alerta é do agrôno-mo Carlos Chiarulli, da cidade argentina deReconquista, responsável por projetosagroflorestais que valorizam a cultura indíge-na da Região do Chaco.

“Somente agora estão se iniciando cam-panhas de esclarecimento, principalmentedos políticos, sobre as conseqüências danosasque as lavouras transgênicas trazem à biodi-versidade”, ressaltou Chiarulli durante deba-te que ocorreu no seminário.

Carta AgroecológicaOs agricultores e técnicos do RS que partici-

param do seminário defenderam a adoção dosprincípios da Agroecologia nos programas de de-senvolvimento rural sustentável do Rio Gran-

de do Sul. A posição foi apresentada à socieda-de na Carta Agroecológica, produzida no finaldo evento, contendo várias recomendações.

Entre os pedidos dos participantes, estãoque as instituições de ensino incluam nos cur-rículos a Agroecologia como campo de estu-dos, e as entidades de pesquisa agropecuáriae financiadoras estabeleçam e apóiem linhasde pesquisa voltadas para a produção agroe-cológica. Também defende políticas públicaspor parte do governo estadual de estímulo aprodução, agroindustrialização e comerciali-zação de produtos agroecológicos, com linhasde crédito especiais, e um maior intercâmbiocom organizações não-governamentais e comagricultores e movimentos sociais nesse pro-cesso. Além dessas, orienta o Pró-Guaíba paraa ampliação da ação agroecológica para todasas microbacias existentes na região hidrográ-fica do Rio Guaíba.

Os participantes defenderam, também, queas entidades de assistência técnica e exten-são rural orientem suas ações pela participa-ção democrática do público assistido. Quantoao consumidor, foi pedida maior orientaçãodesse segmento na exigência de alimentosecológicos. A Carta Agroecológica pede que go-vernos estadual e municipais adquiram, pre-ferencialmente, produtos ecológicos paraatender o consumo alimentar em creches,escolas, hospitais, asilos e presídios.

Também no final do seminário, foi aprova-da moção de apoio à proposta do governo doEstado de tornar o RS uma zona livre de pro-dutos transgênicos e as medidas do governopara este fim. A moção se baseia no agrava-mento da dependência dos agricultores às em-presas transnacionais, nas evidências cien-tíficas recentes a respeito dos riscos ambien-tais e à saúde humana, na ameaça à segu-rança alimentar e na crescente pressão dosconsumidores por produtos limpos e livres detransgênicos.AAAAA