extensÃo popular- outra perspectiva de fazer e pensar a formaÇÃo universitÁria e o compromisso s

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EXTENSÃO POPULAR: OUTRA PERSPECTIVA DE FAZER E PENSAR A FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA E O COMPROMISSO SOCIAL ACADÊMICO Pedro José Santos Carneiro Cruz O contexto de desigualdades sociais e econômicas, opressão e alienação da cidadania percebido hoje em todo o mundo demonstra o quanto as propostas de organização política e educativa em voga na sociedade capitalista não vêm repercutindo na melhoria da qualidade de vida da maioria das pessoas, especialmente daqueles setores mais expostos às barbáries citadas. Como instituição social mantida graças a financiamento público, espera-se da Universidade contribuições efetivas para a superação daquele quadro. Todavia, em meio às tensões e disputas internas, fazer a Universidade se inserir nesta luta tem se revelado desafiador há muito tempo, haja vista co-existirem no campo acadêmico diferentes entendimentos sobre para quê produzir, sistematizar e difundir conhecimentos. Nessa direção, continuando a história de diversas iniciativas de diálogo universitário com as classes populares, algumas institucionais e a maioria subversivas, as práticas de Extensão Popular apresentam-se hoje como alternativa para a construção de uma nova hegemonia universitária, pautada pela ética humanizante e pela emancipação cidadã. A Extensão Popular constrói outra utilidade para o saber cientifico, colocando-o em relação horizontal com os saberes populares, engajando-o no mutirão de lutas das classes sociais mais desfavorecidas, gerando conhecimentos e caminhos para a superação dos problemas sociais e promoção da vida com realização de direitos e dignidade. Se olharmos atentamente para estes empreendimentos dialógicos, perceberemos existir neles uma teoria fortemente cristalizada em princípios éticos e cuidados metodológicos orientadores das suas ações: a Educação Popular (EP). Ao se inserir no campo da Extensão, a EP procura responder ao desafio de trazer uma nova perspectiva teórica e epistemológica para a universidade. Ademais, seus empreendimentos potencializam a formação de profissionais com postura crítica frente a realidade e com visão humanística. Dentre suas ações, essa extensão buscar uma racionalidade mais solidária, humanamente e ambientalmente amorosa, com a qual se pode ensaiar respostas fortes contra o movimento hegemônico de significação dos homens e mulheres enquanto valores de mercado, entes produtivos em favor de um sistema muito maior do que todos, inclusive do que a natureza. No atual contexto acadêmico, as realizações de Extensão Popular em todo o país trazem impactos para a pesquisa e a formação, demonstrando firmemente que existem perspectivas para a construção de novas relações e intencionalidades educativas na universidade. Universidade; Formação em saúde; Educação Popular

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Pedro José Santos Carneiro Cruz Universidade; Formação em saúde; Educação Popular

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EXTENSÃO POPULAR: OUTRA PERSPECTIVA DE FAZER E PENSAR A FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA E O COMPROMISSO SOCIAL ACADÊMICO Pedro José Santos Carneiro Cruz O contexto de desigualdades sociais e econômicas, opressão e alienação da cidadania percebido hoje em todo o mundo demonstra o quanto as propostas de organização política e educativa em voga na sociedade capitalista não vêm repercutindo na melhoria da qualidade de vida da maioria das pessoas, especialmente daqueles setores mais expostos às barbáries citadas. Como instituição social mantida graças a financiamento público, espera-se da Universidade contribuições efetivas para a superação daquele quadro. Todavia, em meio às tensões e disputas internas, fazer a Universidade se inserir nesta luta tem se revelado desafiador há muito tempo, haja vista co-existirem no campo acadêmico diferentes entendimentos sobre para quê produzir, sistematizar e difundir conhecimentos. Nessa direção, continuando a história de diversas iniciativas de diálogo universitário com as classes populares, algumas institucionais e a maioria subversivas, as práticas de Extensão Popular apresentam-se hoje como alternativa para a construção de uma nova hegemonia universitária, pautada pela ética humanizante e pela emancipação cidadã. A Extensão Popular constrói outra utilidade para o saber cientifico, colocando-o em relação horizontal com os saberes populares, engajando-o no mutirão de lutas das classes sociais mais desfavorecidas, gerando conhecimentos e caminhos para a superação dos problemas sociais e promoção da vida com realização de direitos e dignidade. Se olharmos atentamente para estes empreendimentos dialógicos, perceberemos existir neles uma teoria fortemente cristalizada em princípios éticos e cuidados metodológicos orientadores das suas ações: a Educação Popular (EP). Ao se inserir no campo da Extensão, a EP procura responder ao desafio de trazer uma nova perspectiva teórica e epistemológica para a universidade. Ademais, seus empreendimentos potencializam a formação de profissionais com postura crítica frente a realidade e com visão humanística. Dentre suas ações, essa extensão buscar uma racionalidade mais solidária, humanamente e ambientalmente amorosa, com a qual se pode ensaiar respostas fortes contra o movimento hegemônico de significação dos homens e mulheres enquanto valores de mercado, entes produtivos em favor de um sistema muito maior do que todos, inclusive do que a natureza. No atual contexto acadêmico, as realizações de Extensão Popular em todo o país trazem impactos para a pesquisa e a formação, demonstrando firmemente que existem perspectivas para a construção de novas relações e intencionalidades educativas na universidade. Universidade; Formação em saúde; Educação Popular